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O trabalho consiste em um breve estudo sobre os crimes contra a honra: Calúnia, Difamação e Injúria. Destaca ainda os seguintes temas relacionados: retratação, exceção da verdade, pedido de explicações, causas de aumento de pena, e ação penal. Noções do Título I da Parte Especial do Código Penal – Crimes contra Honra – 2014. Gisele Alves e Valéria Araújo

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O trabalho consiste em um breve estudo sobre os crimes

contra a honra: Calúnia, Difamação e Injúria. Destaca

ainda os seguintes temas relacionados: retratação,

exceção da verdade, pedido de explicações, causas de aumento

de pena, e ação penal.

Noções do Título I da Parte Especial do Código Penal – Crimes contra Honra – 2014.

Gisele Alves e Valéria Araújo

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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CRIMES CONTRA A HONRA (ART. 138,139 E 140 CP)

Além do direito à vida e à integridade física e psíquica, o homem não pode ser ferido em sua honra, pois o patrimônio moral de uma pessoa também é digno de proteção penal como prevê o Art. 5° em seu inciso X: “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.

►DEFINIÇÃO: Delitos que ofendem a honra pessoal de alguém.

►SÃO CRIMES CONTRA A HONRA: 1) Calúnia (Art. 138 CP)

2) Difamação (Art. 139 CP)

3) Injúria (Art. 140 CP)

►BEM JURÍDICO TUTELADO (Objeto jurídico/ bem abstrato): Bem imaterial relativo à personalidade humana = Honra.

►São crimes julgados através de AÇÃO PENAL PRIVADA (só o ofendido pode iniciar as ações contra crimes de calúnia, injúria e difamação); ► São crimes passíveis de renúncia e perdão do ofendido ►NATUREZA JURÍDICA: São CRIMES FORMAIS – Agente tem a vontade (dolo) de ofender a honra alheia, no entanto para haver a consumação destes crimes é preciso que ocorra o resultado, ou seja, é necessário que haja dano à reputação da vítima.

► A ação de cada um dos crimes contra honra (caluniar, difamar e injuriar) pressupõe que a ofensa se dê contra a vontade do ofendido. Se houver consentimento haverá causa de atipicidade, ou seja, não haverá os crimes em si. Os crimes contra a honra precisam do dissentimento da vítima para que possam existir. CUIDADO! O Consentimento posterior ao crime, revelado pela não propositura da Ação Penal Privada não tem a mesma natureza da inexistência de crime por ofensa consentida; sendo uma causa extintiva da punibilidade manifestada pela decadência (Art. 107, Inc. IV CP).

NÃO CONFUNDIR! ►Não há crime contra a honra! ►Há crime contra a honra, mas não há

punibilidade, pois haverá a decadência do direito.

ASPECTOS

GERAIS

DOS

CRIMES

CONTRA A

HONRA:

Ofensa consentida ≠ Ofensa consentida pela não proposição de Ação

Penal Privada após crime contra a honra

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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OBSERVAÇÃO: ► DEFINIÇÃO: - Segundo Magalhães Noronha, “Honra é o complexo ou conjunto de condições da pessoa que lhe conferem consideração social e estima própria”. ► CLASSIFICAÇÃO: - A doutrina classifica a honra sob diversos aspectos: 1.1 - HONRA OBJETIVA: Diz respeito à opinião de terceiros sobre os atributos físicos, intelectuais e morais de uma pessoa. É o respeito que o individuo goza no meio social. È ferida pelo crime de calúnia (imputar a alguém um fato criminoso havendo conhecimento por parte de terceiros e sem que haja verdade em tal imputação) e pelo crime de difamação (neste caso o fato imputado não é criminoso, mas é danoso à reputação sendo falso ou não). 1.2 - HONRA SUBJETIVA: Diz respeito à opinião que a pessoa tem de si mesma, ou seja, ao seu amor próprio. Não importa aqui a opinião de terceiros. É ferida pelo crime de injúria (Pessoa atribui qualidade negativa a alguém e a vítima toma conhecimento). 2.1 - HONRA DIGNIDADE: Diz respeito aos aspectos morais do individuo como honestidade, lealdade, etc. Diz respeito à conduta moral como um todo. 2.2 - HONRA DECORO: Diz respeito a aspectos desvinculados da moral do individuo como inteligência, beleza, sagacidade, etc. 3.1 - HONRA COMUM: Todos os homens possuem 3.2 - HONRA PROFISSIONAL: Diz respeito a determinado grupo profissional ou social Ex: Fere-se a honra profissional quando um médico é chamado de açougueiro.

1) DE ACORDO COM O EMISSOR DA OPINIÃO SOBRE OS ATRIBUTOS FÍSICOS,

INTELECTUAIS E MORAIS DE ALGUÉM a honra pode ser:

2) DE ACORDO COM OS ASPECTOS DO INDIVIDUO a honra pode ser:

3) DE ACORDO COM SEUS DETENTORES a honra pode ser:

HONRA

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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OS CRIMES CONTRA A HONRA E A LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL ► A previsão dos crimes contra a honra não se exaure no Código Penal; eles também aparecem - cometidos em condições especiais - em outras leis penais (legislação penal extravagante). - Primeiro é preciso analisar se a ofensa à honra se enquadra em algum crime previsto nas leis especiais; só depois se tenta enquadrar a ofensa nos crimes previstos no Código Penal.

►Há a previsão de crimes contra honra nas seguintes leis extravagantes:

» Código Eleitoral (Lei n° 4.737/65 – Arts. 324,325 e 326): Calúnia, difamação e injúria praticadas contra alguém na propaganda eleitoral ou visando a fins de propaganda.

» Lei de Segurança Nacional: Calúnia ou difamação por motivação política contra Presidente da República, Presidente do Senado, da Câmara dos deputados e do STF.

» Código Militar.

- Este crime tutela a honra objetiva, ou seja, a reputação, a boa fama do indivíduo no meio social. - Caluniar significa imputar falsamente fato definido como crime. No crime de calúnia o agente atribui a alguém a responsabilidade pela prática de um crime que não ocorreu ou que não foi por ele cometido.

-A calúnia é um CRIME DE AÇÃO LIVRE, ou seja, pode ser praticado através de gestos ou de palavras (escrita ou oral).

CUIDADO! - Se a calúnia é realizada através de meios de informação (serviço de radiodifusão, jornais, etc.) ela será crime previsto na Lei de Imprensa. - Se a calúnia é lançada em propaganda eleitoral será crime previsto no Cód. Eleitoral.

I) CALÚNIA INEQUÍVOCA OU EXPLÍCITA: Agente afirma explicitamente a falsa imputação.

Ex: João afirma que Pedro é o sujeito que a polícia procura pela prática de vários estupros II) CALÚNIA EQUÍVOCA OU IMPLÍCITA: Ofensa não é direta. Ela é subentendida do conteúdo da assertiva.

III) CALÚNIA REFLEXA: Agente imputa o crime a uma pessoa acusando outra.

1) CALÚNIA (ART. 138 CP)

►ESPÉCIES DE

CALÚNIA:

CRIME DE

CALÚNIA

Art. 138 – Caput

CP

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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Ex: João afirma que Pedro, promotor de justiça, deixou de denunciar um indiciado porque foi por ele subornado. Neste caso o indiciado também foi ofendido

ELEMENTOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS DO CRIME DE CALÚNIA

» Imputação do fato qualificado como crime +

» Falsidade na imputação

►Para haver crime de calúnia, a lei exige expressamente que o fato atribuído à vítima seja definido como crime.

Tal fato criminoso por sua vez deve ser DETERMINADO, isto é, o fato criminoso deve ser um caso concreto. Não é necessário apontar detalhes do crime como dia e hora do mesmo, mas, por outro lado, a imputação não pode ser vaga. A calúnia não se configura na simples afirmação: “fulano é um ladrão”. É preciso apontar circunstâncias capazes de identificar o fato criminoso.

Ex: Há crime de calúnia = Se João afirma falsamente que Pedro matou Paulo porque este não lhe pagou uma dívida de grande vulto. Não há crime de calúnia = Se João disser simplesmente que Pedro é um assassino. Neste caso haverá crime de injúria, pois se trata apenas de qualificação negativa do ofendido.

Solução: Como a disposição legal exige que para haver calúnia o fato imputado tem que ser definido como crime, se houver imputação de contravenção penal o crime não será de calúnia e sim de difamação. Solução: Como a disposição legal exige que para haver calúnia o fato imputado tem que ser definido como crime, se houver imputação de fato atípico o crime também não será de calúnia; poderá ser crime de difamação ou de injúria dependendo do fato. Ex: João afirma falsamente que Pedro, por imprudência, danificou o patrimônio público. Aqui há o crime de dano (Art. 163 CP), no entanto não há forma culposa para este tipo penal, configurando fato atípico.

Solução: (JURISPRUDÊNCIA STJ) Atos de improbidade administrativa (lei 8.429/92 Art.10, §3°, Inc. VII e XII) possuem natureza extrapenal e por isso não servem para configurar calúnia. Portanto, se houver imputação de fato que constitua ato de improbidade administrativa o crime não será de calúnia; poderá ser crime de difamação ou de injúria dependendo do fato.

1) IMPUTAÇÃO DO FATO QUALIFICADO COMO CRIME

►ELEMENTOS

OBJETIVOS DO CRIME

DE CALÚNIA:

SITUAÇÃO 1: Existindo imputação de contravenção penal:

SITUAÇÃO 2: Existindo imputação de fato atípico:

SITUAÇÃO 3: Existindo imputação de fato que constitua ato de improbidade administrativa:

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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► Este elemento está contido no termo “falsamente”. Desta forma, para haver calúnia não basta a imputação de fato definido como crime; exige-se que o fato imputado seja falso na própria ocorrência ou em relação à sua autoria - o ofensor precisa ter consciência desta falsidade. Ainda que não seja necessária a certeza da falsidade da imputação (dolo eventual), pois a dúvida sobre a falsidade ou veracidade do fato não afasta a configuração do crime de calúnia, o dolo do agente tem que abranger o elemento normativo “falsamente”, ou seja, ao imputar a alguém a prática de fato definido como crime o ofensor deve ter ciência de sua falsidade.

Solução: Haverá erro de tipo; o fato será atípico ante a ausência de dolo ►O objeto da imputação falsa pode recair sobre:

A) O FATO » Fato criminoso atribuído à vítima não ocorreu. (foi dito que a pessoa cometeu um crime que não aconteceu).

Ex: Mesmo sabendo que sua afirmação é falsa, Pedro imputa a João o assassinato de Maria. Na verdade tal assassinato não ocorreu. Maria morreu de causas naturais.

B) A AUTORIA DO FATO CRIMINOSO » Apesar do fato criminoso ter sido verdadeiro a imputação da autoria feita à vítima é falsa. (foi dito que a pessoa cometeu um crime que na verdade foi cometido por um terceiro). Ex: Mesmo sabendo que sua afirmação é falsa, Pedro imputa a João o assassinato de Maria. Ela realmente foi assassinada, mas não por João. O criminoso é outra pessoa. CUIDADO 1 ► Pode haver calúnia quando o imputado não é totalmente inocente: Ex: Pedro imputa a João o estupro de Maria. João não é totalmente inocente porque furtou Maria, mas é vítima de calúnia porque não a estuprou.

CUIDADO 2 ► Não há calúnia se: 1) A imputação é de simples circunstância que agravam o fato.

2) FALSIDADE NA IMPUTAÇÃO

SITUAÇÃO: Se ofensor crê na veracidade de sua imputação (Art. 20 CP).

SITUAÇÃO 1: Ofensor imputa à ofendido crime diferente daquele que foi cometido por este.

SITUAÇÃO 2: Ofensor imputa à ofendido crime doloso quando este cometeu crime culposo

SITUAÇÃO 3: Ofensor imputa crime à ofendido sabendo que este o cometeu em virtude de

Legítima defesa.

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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Ex: João efetuou apenas um furto (forma simples do crime) mas Pedro diz que o crime foi cometido com fraude (forma qualificada simples). 2) A imputação apresenta equívoco técnico-jurídico

OBSERVAÇÃO:

- “Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.” - Trata-se de um subtipo do crime de calúnia previsto no caput do art. 138. Os verbos “propalar” e “divulgar” exprimem a conduta de levar ao conhecimento de outrem a calúnia de que tenha tomado conhecimento. “Propalar” é o relato verbal da calúnia; “divulgar” tem acepção mais abrangente e significa relatar a calúnia por qualquer meio.

►ELEMENTO SUBJETIVO: - É o dolo direto. Para que este subtipo do crime se concretize é preciso que o agente tenha ciência da falsidade do fato imputado (a dúvida afasta a configuração do crime em questão). Não é admitido o dolo eventual, pois a lei faz expressamente referência à expressão “sabendo falsa” que se refere ao dolo direto. ► CONSUMAÇÃO: - Se dá com a divulgação da calúnia ainda que para apenas uma pessoa. Não é necessário que um número indeterminado de pessoas tenha ciência do fato, porém, se for crime cometido na presença de várias pessoas ou por meio que facilite a divulgação da calúnia haverá a incidência de uma causa especial de aumento de pena (Art. 141 Inc. III CP). ► TENTATIVA: - Se o crime foi praticado por meio verbal é inadmissível.

- É o DOLO DE DANO consistente na vontade e consciência de caluniar alguém, atribuindo-lhe falsamente a prática de fato definido como crime de que o sabe inocente. Exige-se que o caluniador tenha consciência da falsidade da imputação - O dolo pode ser direto ou eventual no crime de calúnia do Caput do Art. 138. Será eventual quando o agente, na dúvida, assumir o risco de fazer a imputação falsa.

CUIDADO!

CRIME DE CALÚNIA CRIME DE PROPALAÇÃO OU

►ELEMENTO

SUBJETIVO DO

CRIME DE

CALÚNIA:

PROPALAÇÃO OU

DIVULGAÇÃO DA

CALÚNIA

Art. 138 § 1° CP

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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(Art. 138 Caput – CP) DIVULGAÇÃO DE CALÚNIA (Art. 138 § 1° - CP)

►Caluniador tem que ter consciência da falsidade da imputação.

► Propalador ou divulgador tem que ter consciência da falsidade da imputação.

► O dolo pode ser direto (caluniador tem certeza da falsidade) ou eventual (caluniador não tem certeza da falsidade, mas assume o risco de fazer a imputação falsa

► O dolo só pode ser direto (propalador ou divulgador tem certeza da falsidade imputada e “espalha” a calúnia praticada por um terceiro).

OBSERVAÇÃO: ► Segundo parte da doutrina, nos crimes contra a honra além do dolo deve estar presente um especial fim de agir consubstanciado no animus injuriandi vel diffamandi que é o ânimo de denegrir, ofender a honra do individuo. ►Não basta que o agente profira a calúnia, é necessário que ele tenha tido a intenção de ferir a honra da vítima. Desta forma, objetivamente, os fatos atribuídos à vítima até podem causar ofensa, mas subjetivamente, dependendo das circunstâncias que envolvem o ato, não haverá crime. Há certas situações (como por exemplo, a falta de seriedade no emprego da ofensa) que afastam a configuração do crime, pois na ação do agente não há o animus injuriandi vel diffamandi, ► HIPÓTESES NAS QUAIS NÃO HÁ O ANIMUS INJURIANDI VEL DIFFAMANDI: - Agente tem o ânimo de caçoar. Ainda que tenha havido a ofensa não era esta a intenção. Não haverá crime contra a honra desde que os limites toleráveis não sejam excedidos. - Neste caso a intenção do agente é narrar ou relatar um fato. Não haverá crime se a testemunha ou a vítima, no estrito cumprimento do dever jurídico, narram fatos pertinentes à causa, atribuindo crime a outrem uma vez que processar estas pessoas por crime contra a honra inviabilizaria a persecução penal. POSIÇÃO DO STJ ► Não pratica crime contra a honra: 1) A testemunha judicial que simplesmente narra o que sabe por ciência própria ou por ouvir dizer, tendo a obrigação de dizer a verdade - A não ser que seja visível sua intenção de caluniar, difamar ou injuriar. 2) O indivíduo que se limita a comunicar o fato criminoso à Polícia fornecendo uma lista de possíveis suspeitos. POSIÇÃO DO STF ► Se testemunha conceder depoimento falso ela responderá pelo crime de falso testemunho e não por crime contra a honra.

SITUAÇÃO 1: Quando há ANIMUS JOCANDI

SITUAÇÃO 2: Quando há ANIMUS NARRANDI

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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- Neste caso a intenção do agente é se defender em processo ou defender alguém na mesma circunstância. IMUNIDADE JUDICIÁRIA (ART 142 INC. I CP e ESTATUTO DA OAB): Não é punível a ofensa feita na discussão da causa pela parte ou por seu advogado. POSIÇÃO DO STJ E DO STF ► A imunidade judiciária e cabível apenas em casos de injúria e difamação, portanto, se o agente pratica tais ações ante a presença da intenção de defesa não haverá tais crimes. Consequentemente estas cortes entendem que não cabe imunidade judiciária em caso de calúnia. Se esta ação ocorrer o agente será punido pelo crime respectivo. CUIDADO! Ainda que STJ e STF entendam que a imunidade judiciária não incide sobre o crime de calúnia, há entendimento doutrinário que se posiciona de forma contrária defendendo que o advogado ao imputar a outrem fato definido como crime no exercício de sua atividade profissional e na defesa de seu constituinte não responderá por este crime uma vez que seu objetivo é defender os direitos de seu cliente e não acusar quem quer que seja. A ofensa que configuraria o crime de calúnia é na verdade um fato atípico. - Agente não quer ofender, quer apenas corrigir erros daquele que se encontra sob sua autoridade, guarda ou vigilância ainda que acabe se excedendo nos termos. CUIDADO! Esta circunstância afasta os crimes de difamação e injúria. Não afasta o crime de calúnia. - Nesta hipótese o agente tem o ânimo de aconselhar, informar alguém acerca dos atributos de determinada pessoa mediante solicitação de terceiro ou por livre iniciativa. Ex: Carta de referência emitida por ex-empregador para contratação de empregado, ante a solicitação da empresa contratante. CUIDADO! O ânimo de aconselhar não pode servir de dissimulação à calúnia, injúria ou difamação. Se há excesso no modo ou conteúdo da informação, ou desnecessária falta de reserva, deixando manifesta a má intenção de denegrir a honra ou ferir a dignidade da pessoa a cujo respeito se presta a informação, não pode o agente invocar o animus consulendi para eximir-se do crime. DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA ► Não há crime contra a honra, se o discurso que origina a calúnia, injúria ou difamação é motivado por um estado de justa indignação. Ainda que veementes, as expressões pronunciadas em momento de exaltação emocional ou proferidas no calor de uma discussão não configuram crime contra a honra.

SITUAÇÃO 3: Quando há ANIMUS DEFENDI

SITUAÇÃO 4: Quando há ANIMUS CORRIGENDI VEL DISCIPLINANDI

SITUAÇÃO 5: Quando há ANIMUS CONSULENDI

SITUAÇÃO 6: Quando há EXALTAÇÃO EMOCIONAL OU DISCUSSÃO

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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SUJEITOS DO CRIME DE CALÚNIA

- O crime de calúnia é um CRIME COMUM, ou seja, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo.

Caluniador não é apenas o autor da calúnia, mas também quem a propala ou divulga.

- Há divergência doutrinária. CORRENTE 1► Inimputáveis podem ser sujeitos passivos do crime de calúnia.

Argumento 1 : Doentes mentais e menores de 18 anos têm honra objetiva (respeito que o individuo goza no meio social); esta não é afetada pela incapacidade penal e precisa ser protegida. Apenas a honra subjetiva (sentimento da própria dignidade) está condicionada à inimputabilidade. Esta corrente entende que os incapazes, apesar de inimputáveis podem ser expostos à aversão pública e seria arbitrário deixar impune o agente da ofensa como se a inimputabilidade fosse uma culpa que se tivesse de expiar com a perda da tutela penal. Argumento 2 - Damásio de Jesus / Fernando Capez: Crime é fato típico e ilícito independentemente da culpabilidade do agente. Doentes mentais e menores de 18 anos podem praticar crimes ainda que não sejam culpáveis, por esta razão podem ser caluniados.

Argumento 3 – Cezar Bitencourt / Mirabete: Para estes autores crime é fato típico, ilícito e culpável; a culpabilidade é requisito para que haja o crime. Doentes mentais e menores de 18 anos não têm culpabilidade e, portanto, não podem cometer crimes. No entanto estes autores entendem que estas pessoas podem praticar fatos definidos como crime, ou seja, condutas que encontram receptividade em alguma moldura proibitiva da lei penal que abstratamente são definidas como crime, mas concretamente não se configuram pela ausência de capacidade penal. A calúnia é definida como a imputação falsa de fato definido como crime e não como a imputação falsa de prática de crime; neste sentido é possível que o menor ou o doente mental que possua algum entendimento seja vítima do crime de calúnia. CORRENTE 2 – DOUTRINA CLÁSSICA► Inimputáveis não podem ser sujeitos passivos do crime de calúnia. Argumento: Crime é fato típico, ilícito e culpável, portanto a culpabilidade é requisito para que haja um crime, se ela está excluída, aquele não existe. Os doentes mentais e os menores de 18 anos são inimputáveis logo não são culpáveis e logo não cometem crimes. Se não praticam crimes não podem ser sujeitos passivos de calúnia, pois esta é a atribuição de fato definido como crime. Imputação de crime a um irresponsável deve ser considerada difamação.

► SUJEITO ATIVO:

► SUJEITOS PASSIVOS:

1) INIMPUTÁVEIS - DOENTES MENTAIS E MENORES DE 18 ANOS

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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- Há divergência doutrinária.

CORRENTE 1- TRADICIONAL► Pessoa jurídica não pode ser sujeito passivo de crime de calúnia.

Argumento: Corrente fiel ao brocardo romano “societas delinquere non potest”, isto é, as pessoas jurídicas não cometem crimes. A afirmação se dá porque para os adeptos deste pensamento as pessoas jurídicas não possuem consciência, vontade (uma vez que somente o homem é capaz de exercer atividade dirigida pela vontade até um fim), potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. Também há o entendimento que elas não podem cometer delitos porque não possuem capacidade de pena - segundo o principio da personalidade da pena esta recairá sobre o autor do delito e não sobre todos os membros da corporação. CORRENTE 2- CORRENTE DOS REALISTAS► Se opõe à corrente tradicional. Para sues adeptos as pessoas jurídicas são uma realidade e têm vontade e capacidade de deliberação devendo-se então reconhecer a capacidade criminal. É a corrente adotada pela CF de 1988 que dispôs em seu Art. 225 § 3° que “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”. A Constituição também estabeleceu em seu Art. 173 § 5° que “a lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-se às punições compatíveis com a sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular”. Por isso a corrente dos realistas entende que pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de crime. ATENÇÃO! O princípio “societas delinquere non potest” não é absoluto. Há crimes que somente poderão ser praticados por pessoas físicas (Ex. Homicídio) e outros que por suas características são cometidos quase que exclusivamente por pessoas jurídicas e, sobretudo no exclusivo interesse delas; são os crimes praticados mediante fraude, delitos ecológicos etc. Em face do Art. 225 § 3° e do Art. 173 § 5° da CF passou-se a admitir a responsabilidade penal das pessoas jurídicas nos crimes contra a ordem econômica e financeira, economia popular e meio ambiente. CUIDADO! Há apenas a previsão. Conclusão 1 – Crimes ambientais: Pessoa Jurídica pode ser sujeito ativo deste tipo de crime por isso pode figurar como vítima de calúnia ao ser-lhe imputada falsamente a prática de crimes ambientais. (A regulamentação da responsabilidade das pessoas jurídicas nos crimes ambientais adveio com a lei n° 9.605/98 em seus arts. 3° e 21 a 24). Conclusão 2 – Crimes contra a ordem econômica e financeira e conta a economia popular: Como ainda não há regulamentação específica não é possível responsabilizar penalmente a pessoa jurídica pela sua prática e por isso ela não pode figurar como vítima de calúnia ao ser-lhe imputada falsamente a prática de crimes contra a ordem econômica e financeira e conta a economia popular. CORRENTE MAJORITÁRIA► A despeito do que a Constituição estabelece nos Arts. 173, § 5° e 225 § 3°, por ora prevalece o entendimento que pessoas jurídicas não praticam delitos e, portanto não podem ser caluniadas.

2) PESSOAS JURÍDICAS

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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EXCEÇÃO! Crimes ambientais – Posição STJ: Em julgamento inédito este Tribunal acolheu a tese de que a pessoa jurídica pode ser penalizada penalmente por prática de crime ambiental desde que haja a imputação simultânea do ente moral da pessoa física que atua em seu nome ou em seu benefício e, portanto, na hipótese da ocorrência deste crime, a pessoa jurídica pode ser sujeito passivo do crime de calúnia. POSIÇÃO DOUTRINÁRIA► Os desonrados podem ser vítimas de crime de calúnia uma vez que a honra é um bem incorporado à personalidade humana sendo certo que nunca poderá haver a sua supressão total. Ex: Afirmar que determinado político que um dia foi corrupto ainda continua a utilizar-se de seu cargo para solicitar vantagens indevidas caracteriza o crime de calúnia já que sua honra subsiste apesar de já ter sido “manchada” no passado pela constante prática de ilícitos. - O § 2° do Art. 138 diz que “é punível a calúnia contra os mortos” - O morto não é sujeito passivo de delito, não sendo possível falar em lesão de interesse seu. As vítimas da calúnia serão o cônjuge, o ascendente, o descendente ou o irmão do falecido, pois o que existirá no caso de “calúnia conta o morto” será a ofensa a direito dos parentes do morto e à própria sociedade. Por analogia ao Art. 31 do Cód. de Processo Penal somente as pessoas citadas acima poderão promover ação penal. Na antiga LEI DE IMPRENSA (hoje revogada) – Calúnia contra os mortos: O art. 24 da Lei nº 5.250/67 estabelecia que era punível a calúnia, difamação e injúria contra a memória dos mortos.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA NO CRIME DE CALÚNIA

- Acontece quando a falsa imputação torna-se conhecida por algum terceiro que não é a vítima.

- É necessário haver publicidade, ou seja, basta que uma pessoa tome conhecimento da calúnia. Apenas deste modo a honra (reputação) da vítima será atingida.

OBS 1: Se houver consentimento do ofendido inexiste o crime. OBS 2: O consentimento do representante legal é irrelevante.

- Para apurar a tentativa é preciso ter em mente que o crime de calúnia é um crime formal ou de simples atividade, ou seja, o resultado jurídico previsto no tipo ocorre em concomitância com o desenrolar da conduta. » Calúnia verbal: É realizada em um único ato. Trata-se de um crime unissubsistente (aquele cuja conduta coincide com o ato) e por isso não

3) DESONRADOS

4) CALÚNIA CONTRA OS MORTOS (Art. 138 § 2°)

► CONSUMAÇÃO:

►TENTATIVA:

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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admite tentativa. Ou a imputação é proferida e o fato é consumado ou nada se diz e não há conduta relevante. »Calúnia escrita: Admite tentativa, pois é um crime plurissubsistente (crime composto de vários atos, que integram a conduta, ou seja, existem fases que podem ser separadas, fracionando-se o crime).

FORMAS DO CRIME DE CALÚNIA

- A forma simples do crime de calúnia está prevista no caput do Art. 138 do Cód. Penal - “Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime. Pena – Detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.”

CUIDADO! Art. 138 § 1º é subtipo do crime de calúnia – “Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa imputação, a propala ou divulga.”

- As causas de aumento de pena no caso crime de calúnia estão previstas no caput e no § único do Art. 141 do Cód. Penal. (artigo aplicável aos crimes contra a honra em geral).

►Aumenta-se de 1/3 a pena se o crime de calúnia (ou qualquer outro crime conta a honra) for cometido:

A) Contra » Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro

» Funcionário público em razão de suas funções » Pessoa maior de 60 anos ou portadora de deficiência

B) Na presença de várias pessoas ou por meio que facilite a divulgação da calúnia

► Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.

EXCEÇÃO DA VERDADE – “EXCEPTIO VERITAS” NO CRIME DE CALÚNIA (Art. 138 § 3° CP)

- Como já visto, a calúnia é a imputação falsa de um crime. O objetivo da imputação falsa pode cair sobre o fato – quando este, atribuído à vítima não ocorreu – e sobre a autoria do fato criminoso – quando este é verdadeiro sendo falsa a imputação da autoria. A falsidade de imputação é sempre presumida e a ofensa à honra só deixa de existir se ficar provada a veracidade do crime atribuído ao ofendido. Em função disso a Lei Penal admite que o agente (suj. ativo) prove que a ofensa é verdadeira afastando desta forma o crime. É a chamada “exceção da verdade” (Art. 138 § 3° CP) que se realiza por um procedimento especial (Art. 523 CPP).

►FORMA SIMPLES:

►FORMA

MAJORADA OU

MAJORANTE DO

CRIME DE CALÚNIA:

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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► CONCEITO DE EXCEÇÃO DA VERDADE OU PROVA DA VERDADE: - Possibilidade que o agente ativo tem de provar que a imputação que ele faz à vítima é verdadeira, afastando assim o crime de calúnia. Provada a veracidade do fato criminoso imputado não há que se falar na configuração do crime, pois não haverá o elemento normativo “falsamente”. O fato será atípico. OBS. 1: A faculdade de provar a veracidade do fato imputado pelo suj. ativo da calúnia não é absoluta uma vez que o Cod. Penal não se filiou ao sistema ilimitado. O sistema adotado por ele é o misto e este estabelece de modo taxativo as hipóteses em que a exceção da verdade é admissível ou não. Assim, a lei penal tipifica separadamente os crimes de calúnia e difamação e posteriormente admite a exceção da verdade como regra geral para os crimes de calúnia e como exceção para o crime de difamação. OBS. 2: Em regra é admissível a prerrogativa da exceção da verdade nos crimes de calúnia, mas há casos em que esta prova da verdade não é admitida. ►CASOS EM QUE A EXCEÇÃO DA VERDADE NÃO É ADMITIDA (casos em que agente ativo não pode provar que a imputação que ele fez à vítima é verdadeira – Art. 138 §3°, I. II e III CP ): - Sabemos que o Estado outorga ao particular o direito de ação em determinados crimes. A idéia é evitar que o escândalo do processo provoque no ofendido um mal maior que a impunidade do criminoso caso não haja ação. Se a lei deixa a cargo da vítima a propositura da ação seria contraditório permitir que o autor da calúnia viesse a juízo dar publicidade ao fato e ainda pretender prová-lo desrespeitando a vontade da vítima. Ex: João afirma que Pedro estuprou sua funcionária. João ao responder pelo crime de calúnia pretende provar que a imputação do crime de estupro é verdadeira, no entanto ele nada poderá fazer, pois cabe à vítima do estupro propor a competente ação penal privada contra Pedro e provar a existência do fato. A proibição de João se utilizar da Exceção da verdade cessa no momento em que Pedro (vítima do crime de calúnia) sofre condenação penal irrecorrível pelo crime a ele imputado, no caso, estupro. - Se o fato criminoso for imputado ao Presidente da República ou a chefe de governo estrangeiro a exceção da verdade também será inadmissível. Em virtude dos cargos que ocupam evita-se com tal vedação prejudicar o prestígio destas pessoas expondo-as ao vexame. Desta forma, ainda que o fato imputado a elas seja verdadeiro o caluniador não poderá provar a verdade. - A proibição da exceção da verdade neste caso funda-se na autoridade da coisa julgada. Deste modo, a sentença penal absolutória transitada em julgado jamais poderá ser revista, não sendo sequer cabível a revisão criminal, de maneira que, se o caluniado foi absolvido do crime a ele imputado por sentença irrecorrível, não poderá o sujeito ativo da calúnia violar a coisa julgada a pretexto de provar a veracidade do fato imputado.

SITUAÇÃO 1: Se o fato imputado for um crime passível de Ação Penal Privada e o

ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível (Art. 138 §3° Inc. I CP)

SITUAÇÃO2: Se o fato criminoso foi imputado a qualquer das pessoas

indicadas no art. 141 do CP (Art. 138 §3° Inc. II CP)

SITUAÇÃO 3: Se o fato imputado for um crime passível de Ação Penal Pública e o

ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível (Art. 138 §3° Inc. III CP)

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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CUIDADO! Damásio de Jesus ressalva que se ocorrer a extinção da punibilidade em relação ao crime imputado caberá a exceção da verdade uma vez que não houve apreciação do mérito (sujeito não foi absolvido). ►PRERROGATIVA DE FORO E COMPETÊNCIA NO CASO DE EXCEÇÃO DA VERDADE EM CRIME DE CALÚNIA (Art. 85 do Cód. de Processo Penal): - O Art. 85 do CPP prevê que “nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as pessoas que a CF sujeita à jurisdição do STF e dos Tribunais de Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando oposta e admitida a exceção da verdade”. Isto significa que a competência para julgar a exceção da verdade oposta contra querelante dotado de foro privilegiado será do Tribunal sob cuja jurisdição está o querelante (Salvo crime de difamação – não se aplica o Art. 85 a este tipo de crime). Ex: João afirma que o deputado federal Pedro Sá vem desde sua posse se apropriando de dinheiro público. Pedro Sá propõe ação penal privada contra João pelo crime de calúnia e este é processado na 1ª Vara Criminal do Foro Central da Capital. Se João opuser exceção da verdade contra Pedro Sá ela deverá ser julgada pelo STF (Art. 102, I, b CF) que é o tribunal competente para julgar os membros do Congresso Nacional. CUIDADO - ENTENDIMENTO STF E STJ - Ao tribunal referente ao foro privilegiado cabe apenas o julgamento e não o processamento da exceção da verdade. O juízo de admissibilidade e o processamento da Exceção serão realizados pelo juízo que recebe a Ação Penal – Juízo a quo (no exemplo 1ª Vara Criminal) e o seu julgamento será efetuado pelo Tribunal competente de acordo com a prerrogativa (no exemplo, STF). ► PROCESSAMENTO DA EXCEÇÃO DA VERDADE: - Por ocasião da defesa prévia o querelado (que é acusado de ter cometido o crime de calúnia) poderá apresentar a exceção da verdade; esta deve ser alegada nos autos principais juntamente com sua defesa (se a exceção não for oposta neste momento não se presumirão verdadeiros os fatos). Feita tal apresentação o querelante será notificado para dentro de dois dias oferecer sua resposta, podendo substituir as testemunhas arroladas na queixa. Cabe ao querelado o ônus da prova, ou seja, cabe a ele demonstrar a veracidade de sua imputação. Se a prova não for realizada, a exceção deverá ser rejeitada, prevalecendo a presunção da falsidade da calúnia. ►ATENÇÃO! EXCEÇÃO DA NOTORIEDADE DO FATO – (Art. 523 CPP): Consiste na oportunidade facultada ao réu de demonstrar que suas afirmações (imputações) são do domínio público. Se um fato imputado já era de domínio público, não há como atentar contra a honra objetiva de uma pessoa.

DISTINÇÕES ENVOLVENDO CALÚNIA

CALÚNIA ≠ DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA

» Há apenas a imputação falsa da prática de um fato definido como crime

» Agente não só atribui à vítima, falsamente, a prática de um delito como o leva ao conhecimento de autoridade causando a instauração de um inquérito policial ou de ação penal contra ela

» É crime contra a honra » É crime contra a administração da justiça

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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» Só existe quando ocorre imputação falsa de crime (apenas crime!)

» Pode referir-se a imputação falsa de crime ou contravenção

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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OBS1: Se os crimes de calúnia e denunciação caluniosa tiverem por base os mesmos fatos, a denunciação caluniosa absorve o crime de calúnia. OBS 2- DECISÃO STJ: As expressões contidas no requerimento para instauração do inquérito policial que sejam reputadas como caluniosas não constituem crime contra a honra pois não se pode pretender que ao noticiar um fato criminoso a vítima fira a honra de terceiro se não ultrapassa a sua narrativa ( Art. 5º §1º, a do CPP). Havendo imputação falsa o crime será, em tese, o de denunciação caluniosa cuja Ação Penal é Pública e não de calúnia cuja Ação Penal é Privada.

CALÚNIA ≠ FALSO TESTEMUNHO

» DECISÃO STJ: Quando uma testemunha, sob compromisso, narra fatos pertinentes à causa e atribui fato criminoso a alguém ela não comete crime algum; apenas age no estrito cumprimento do dever legal (Art. 23, III, CP). Se o depoimento é falso não haverá crime de calúnia e sim de falso testemunho.

CALÚNIA ≠ DIFAMAÇÃO

» Há a imputação falsa da prática de um fato definido como crime

» Há a imputação de fato que não é criminoso mas é ofensivo à reputação da vítima.

» Fato imputado deve ser falso » Fato imputado pode ser ou não falso.

CALÚNIA ≠ INJÚRIA

» Há a imputação falsa da prática de um fato definido como crime e com isso a honra objetiva da vítima é atingida.

» Há a atribuição de qualidade negativa e com isso a honra subjetiva da vítima é atingida.

» Crime se consuma quando terceiros tomam conhecimento da imputação falsa

» Crime se consuma quando a própria vítima toma conhecimento da imputação

- Este crime tutela a honra objetiva, ou seja, a reputação, a boa fama do indivíduo no meio social. - No crime de difamação o agente atribui a alguém fato ofensivo à sua reputação (que por sua vez é a opinião de terceiros no tocante aos atributos físicos, intelectuais e morais de alguém). -A difamação é um CRIME DE AÇÃO LIVRE, ou seja, pode ser praticado através de gestos ou de palavras (escrita ou oral).

2) DIFAMAÇÃO (ART. 139 CP)

CRIME DE

DIFAMAÇÃO

Art. 139 – Caput

CP

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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CUIDADO! - Se a difamação é realizada através de meios de informação (serviço de radiodifusão, jornais, etc.) ela será crime previsto na Lei de Imprensa (Art. 21).

ELEMENTOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS DO CRIME DE DIFAMAÇÃO

► Não importa para a configuração do crime de difamação que a imputação do fato seja falsa ou verdadeira. (ao contrário do crime de calúnia). Haverá crime se o fato for verdadeiro ou se for falso. Não há interesse social em averiguar se o fato imputado é verdadeiro ou não.

►O fato imputado não pode revestir-se de caráter criminoso (pois neste caso seria crime de calúnia e não de difamação). Para que ocorra o crime de difamação só é possível imputar a alguém uma contravenção (crime não!)

►O fato imputado deve ser CONCRETO E DETERMINADO.

Não é necessário apontar minúcias, mas, por outro lado, a imputação não pode ser vaga, pois desta forma a difamação não é configurada podendo ser enquadrada como injúria. A difamação não se configura na simples afirmação: “fulano é um traidor”. É preciso apontar circunstâncias capazes de identificar o fato determinado que motivou tal declaração.

Ex: Há crime de difamação = Se João divulga que Carlos traiu seu partido político ao filiar-se a partido oposicionista (há um fato concreto, determinado para João fazer tal afirmação). Não há crime de difamação = Se João divulgar simplesmente que Carlos é um traidor sem fazer menção a nenhum fato concreto demonstrando apenas a sua opinião. Neste caso haverá crime de injúria, pois se trata apenas de qualificação negativa do ofendido. OBS: Se houver dúvida entre injúria e difamação na hora de configurar o crime cometido deve-se aplicar o Princípio “In dubio pro reo” estabelecendo a solução no sentido de reconhecer a injúria que é menos severamente punida que a difamação.

►O fato ofensivo deve necessariamente chegar ao conhecimento de terceiros, pois o que a lei protege é a reputação do ofendido, ou seja, o valor que o indivíduo goza na sociedade.

OBSERVAÇÃO:

- O Cod. Penal não descreve o verbo propalar em crime de difamação como o faz na calúnia. Tal fato poderia levar à conclusão de que quem propala ou

►ELEMENTOS

OBJETIVOS DO

CRIME DE

DIFAMAÇÃO:

PROPALAÇÃO OU

DIVULGAÇÃO DA

DIFAMAÇÃO

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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divulga a difamação não comete crime nenhum já que não se admite analogia in malam partem em D. Penal. No entanto a doutrina entende que o propalador, na realidade, comete nova difamação, pois propalar ou divulgar uma difamação produz dano muito superior à simples imputação.

► A ação de propalar é punível mesmo quando se desconhece quem é o autor da difamação original sem que isso fira o Princípio da Reserva Legal ou da tipicidade, pois propalar difamação de alguém é igualmente difamar. Muitas vezes com mais eficiência e maior dimensão.

- É o DOLO DE DANO consistente na vontade e consciência de difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo a sua reputação. - O dolo pode ser direto ou eventual, uma vez que não importa que o fato imputado seja verdadeiro ou falso, pois mesmo que o agente tenha crença na veracidade da imputação o crime se configura.

OBSERVAÇÃO: ► Assim como no crime de calúnia o crime de difamação não se configura sem o animus injuriandi vel diffamandi. Desta forma não basta apenas o dolo; exige-se um fim especial de agir, consistente na vontade de ofender, denegrir a reputação do ofendido. STF - A tipicidade do crime contra a honra que é a difamação deve ser definida a partir do contexto em que foram veiculadas as expressões. ►HIPÓTESES NAS QUAIS NÃO HÁ O ANIMUS INJURIANDI VEL DIFFAMANDI (Não há a configuração do crime de difamação): 1) POSICIONAMENTO STF : Quando há uma simples crítica à atuação de agente público revelada fora das balizas próprias; 2) Quando o agente atua com Animus: » Jocandi » Narrandi

» Consulendi » Defendi » Corrigendi vel disciplinandi

3) JURISPRUDÊNCIA: Se as expressões são proferidas em razão de discussão ou exaltação emocional.

►ELEMENTO

SUBJETIVO DO

CRIME DE

DIFAMAÇÃO:

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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SUJEITOS DO CRIME DE DIFAMAÇÃO

- O crime de difamação é um CRIME COMUM, ou seja, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo. O propalador da difamação também é sujeito ativo do crime uma vez que realiza nova difamação muito embora o Cod. Penal não o diga expressamente.

► Menores e doentes mentais podem ser sujeitos passivos do crime de difamação uma vez que a honra é um bem inerente à personalidade humana. Nelson Hungria: Quando a ofensa disser respeito à honra subjetiva (sentimento da própria dignidade) a existência do crime deve ser condicionada à capacidade de perceber a ofensa por parte do sujeito passivo; no entanto quando disser respeito à honra objetiva (respeito que o individuo goza no meio social) o crime existirá sempre, independentemente da capacidade de entendimento do ofendido. Cezar Bitencourt: Discorda em parte de Hungria argumentando que os inimputáveis podem ser sujeitos passivos do crime de difamação desde que tenham capacidade suficiente para entender que estão sendo ofendidos em sua honra pessoal. - Há divergência entre doutrina e jurisprudência. CORRENTE 1 (Inclui Fernando Capez)► A pessoa jurídica possui reputação, de maneira que a divulgação de fatos desabonadores de seu conceito junto à sociedade pode acarretar –lhe dano irreparável, assim a pessoa jurídica pode ser sujeito passivo de difamação. CORRENTE 2►Apesar de possuir reputação a pessoa jurídica não pode ser sujeito passivo do crime de difamação uma vez que os crimes contra a honra estão contidos no Título I da Parte Especial do Cod. Penal que cuida dos “crimes contra a pessoa”, tendo, portanto, como vítima a pessoa humana. POSICIONAMENTO ATUAL► Cada vez mais se tem admitido a possibilidade de a pessoa jurídica ser sujeito passivo do crime de difamação.

POSIÇÃO DOUTRINÁRIA► Os desonrados podem ser vítimas de crime de difamação uma vez que a honra é um bem incorporado à personalidade humana sendo certo que nunca poderá haver a sua supressão total.

► SUJEITO ATIVO:

► SUJEITOS PASSIVOS:

1) INIMPUTÁVEIS - DOENTES MENTAIS E MENORES DE 18 ANOS

2) PESSOAS JURÍDICAS

3) DESONRADOS

4) DIFAMAÇÃO CONTRA OS MORTOS

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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- A lei penal não a prevê. O fato é atípico. Não cabe o emprego de analogia ou interpretação analógica com o § 2° do Art. 138 que trata do assunto em relação ao crime de calúnia. Quando o legislador quis tutelar a honra dos mortos ele o fez expressamente no crime de calúnia; a omissão desta previsão quanto aos demais crimes foi intencional. LEI DE IMPRENSA – Difamação conta a memória dos mortos: O art. 24 da Lei nº 5.250/67 dispõe que é punível a calúnia, difamação e injúria contra a memória dos mortos quando a imputação for realizada pela imprensa.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA NO CRIME DE DIFAMAÇÃO

- Acontece no momento em que terceiro que não o ofendido, toma ciência da afirmação que fere a reputação da vítima.

- Não há necessidade que várias pessoas saibam da imputação. » Difamação verbal: É realizada em um único ato. Trata-se de um crime unissubsistente (aquele cuja conduta coincide com o ato) e por isso não admite tentativa. Ou a imputação é proferida e o fato é consumado ou nada se diz e não há conduta relevante. »Difamação escrita: Admite tentativa, pois é um crime plurissubsistente (crime composto de vários atos, que integram a conduta, ou seja, existem fases que podem ser separadas, fracionando-se o crime). Ex: Determinada correspondência configura crime de difamação escrita por conta de seu conteúdo, mas alguém consegue interceptá-la antes que ela chegue ao seu destinatário.

FORMAS DO CRIME DE DIFAMAÇÃO

- A forma simples do crime de difamação está prevista no caput do Art. 139 do Cód. Penal - “Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação. Pena – Detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa.”

- As causas de aumento de pena no caso crime de difamação estão previstas no Art. 141 do Cód. Penal. (artigo aplicável aos crimes contra a honra em geral).

►Aumenta-se de 1/3 a pena se o crime de difamação (ou qualquer outro crime conta a honra) for cometido:

1) Contra

► CONSUMAÇÃO:

►TENTATIVA:

►FORMA SIMPLES:

►FORMA

MAJORADA OU

MAJORANTE DO

CRIME DE

DIFAMAÇÃO:

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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» Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro » Funcionário público em razão de suas funções » Pessoa maior de 60 anos ou portadora de deficiência

2) Na presença de várias pessoas ou por meio que facilite a divulgação da difamação

► Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.

EXCEÇÃO DA VERDADE – “EXCEPTIO VERITAS” NO CRIME DE DIFAMAÇÃO (Art. 139 § ÚNICO)

- Como já visto, na difamação é irrelevante que o fato imputado seja falso ou verdadeiro logo, em regra, não cabe a exceção da verdade, mas há casos excepcionais em que a lei admite a prova da verdade. A existência da exceção da verdade em crime de difamação, ao contrário do que acontece crime de calúnia, funciona como causa de exclusão da ilicitude e não como causa de exclusão de tipicidade. Na calúnia, a falsidade da imputação integra o crime, logo, se a imputação é verdadeira não haverá crime. Na difamação, ao contrário, não importa que o fato seja falso ou verdadeiro de modo que, provada a veracidade da imputação (quando esta prova permitida) ela funcionará como causa excludente de ilicitude. ► È admitida a exceção da verdade em crime de difamação: ATENÇÃO! Tal previsão não se aplica ao Presidente da República. CUIDADO! A imputação do fato que causa a difamação tem que se referir à vida funcional da pessoa. Ex: Admite-se a prova da verdade se alguém diz que um funcionário público exerce sua função diária embriagado. O mesmo não acontece se for dito que esta pessoa à noite (no âmbito de sua vida privada e não funcional) freqüenta casas de prostituição. CASO CONTROVERSO: Se funcionário público deixou o cargo é admitida a exceção da verdade? Solução – Divergência doutrinária. CORRENTE 1 ► A exceção da verdade não é admitida, pois a lei determina expressamente que o ofendido tem que ser funcionário público, portanto, ainda que a imputação difamatória seja relativa ao exercício das antigas funções da vítima, se elas atingiram a vítima depois de sua saída do cargo já não haverá a possibilidade de provar a verdade dos fatos. CORRENTE 2 ► A exceção da verdade é admitida » Se o ofendido deixar o cargo logo após a consumação do fato imputado. A exceção da verdade não é admitida » Se a ofensa relativa à função pública é preferida quando o ofendido já não se encontrava mais no cargo uma vez que há a ausência da qualidade do funcionário público, Desta forma, ainda que a imputação difamatória seja relativa ao exercício das antigas funções da vítima, se elas atingiram a vítima depois de sua saída do cargo já não haverá a possibilidade de provar a verdade por parte do agente ativo da difamação.

SITUAÇÃO : Quando a ofensa fere a reputação de funcionário público quando no exercício do cargo

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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►PRERROGATIVA DE FORO E COMPETÊNCIA NO CASO DE EXCEÇÃO DA VERDADE EM CRIME DE DIFAMAÇÃO. - O Art. 85 do CPP prevê que “nos processos por crime contra a honra em que forem querelantes as pessoas que a CF sujeita à jurisdição do STF e dos Tribunais de Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando oposta e admitida a exceção da verdade”. Isto significa que a competência para julgar a exceção da verdade oposta contra querelante dotado de foro privilegiado será do Tribunal sob cuja jurisdição está o querelante NO ENTANTO, ESTE ARTIGO NÃO SE APLICA AO CRIME DE DIFAMAÇÃO. ENTENDIMENTO STF - Exceção da verdade oposta contra querelante detento de foro privilegiado no caso de crime de difamação: Será processada e julgada pelo próprio juiz do processo de conhecimento.

EXCEÇÃO DA VERDADE – “EXCEPTIO VERITAS” NO CRIME DE DIFAMAÇÃO - LEI DE IMPRENSA

- A LEI DE IMPRENSA em seu Art. 21 § 1º ampliou as hipóteses em que é admitida a exceção da verdade em caso de crime de difamação. ►Também é admitida a exceção da verdade no caso de crime de difamação: Resumindo:

►Cabe exceção da verdade em caso de crime de difamação – 3 casos:

I) Quando a ofensa fere a reputação de funcionário público quando no exercício do cargo (Art. 139 §U CP)

II ) Se o crime é cometido contra órgão ou entidade que exerça funções de autoridade pública (Lei de imprensa Art. 21 § 1º) III) Se o ofendido permite a prova (Lei de imprensa Art. 21 § 1º)

- Este crime tutela a honra subjetiva que é constituída pelo sentimento próprio de cada pessoa acerca de seus tributos morais (chamados honra-dignidade), intelectuais e físicos (chamados de honra-decoro). No crime de injúria a honra objetiva (valor que a pessoa goza na sociedade) também pode ser ferida, mas tal ofensa é indiferente para a configuração do crime. - Injuriar significa manifestar por qualquer meio um conceito de pensamento que seja um ultraje contra alguém (atribuição de defeitos).

SITUAÇÃO 1 : Se o crime é cometido contra órgão ou entidade que exerça funções

de autoridade pública

SITUAÇÃO 2 : Se o ofendido permite a prova.

3) INJÚRIA (ART. 140 CP)

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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- A injúria é um CRIME DE AÇÃO LIVRE, ou seja, todos os meios hábeis à manifestação do pensamento podem servir à injúria: palavra oral ou escrita, a pintura, o gesto etc. Até mesmo por omissão é possível cometer injúria. Ex. 1: Não estender a mão para um cumprimento (injúria por omissão) Ex. 2: Despejar lixo na porta da casa da vítima Ex. 3: Afixar papel com ofensas na porta da loja da vítima Ex. 4: Atirar bebida no rosto da vítima. I) INJÚRIA IMEDIADA: É proferida pelo próprio agente.

II) INJÚRIA MEDIATA: O agente se vale de outro meio para executá-la (usa p. ex. uma criança).

III) INJÚRIA DIRETA: A injúria se refere ao próprio indivíduo. IV) INJÚRIA OBLÍQUA: A injúria atinge alguém estimado pelo ofendido Ex: Seu irmão é um ladrão! V) INJÚRIA INDIRETA OU REFLEXA: Acontece quando ao se ofender alguém também se atinge a honra de terceira pessoa. VI) INJÚRIA EQUÍVOCA: Acontece quando a injúria é feita por meio de expressões ambíguas

VII) INJÚRIA EXPLÍCITA: Acontece quando a injúria é feita por meio de expressões eu não suscitam dúvidas

* A injúria também pode ser implícita, irônica, interrogativa, reticente, simbólica, truncada.

OBSERVAÇÃO: ► Muitas vezes a injúria pode configurar desacato (Art. 331 CP) ou ultraje a culto (que é “escarnecer de alguém publicamente por motivo de crença ou função religiosa” - Art. 208 CP), pois estes crimes também consistem em violação à dignidade ou decoro pessoal; no entanto, existem diferenças importantes:

INJÚRIA ≠ DESACATO

» É crime contra a honra. » É crime contra a administração da justiça.

INJÚRIA ≠ ULTRAJE A CULTO

» È crime contra a honra » É crime contra o sentimento religioso

CRIME DE

INJÚRIA

Art. 140 – Caput

CP

►ESPÉCIES DE

INJÚRIA:

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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CUIDADO! Se há ofensa pública contra alguém por motivo de crença ou função religiosa o crime será de ultraje a culto e não de injúria.

ELEMENTOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS DO CRIME DE INJÚRIA

►Ao contrário do crime de difamação, o crime de injúria não se configura na imputação de fato concreto, determinado, mas sim, na atribuição de qualidades negativas ou de defeitos. A injúria é uma opinião pessoal do agente sobre o sujeito passivo, desacompanhada de qualquer dado concreto. São os insultos, os xingamentos (ladrão, vagabundo, estúpido, caloteiro, incompetente, etc.) IMPORTANTE! Ainda que a qualidade negativa seja verdadeira isso não retira o cunho injurioso da manifestação. ►CUIDADO! A injúria também pode constituir na imputação de fatos desabonadores desde que essa imputação seja vaga, imprecisa. A injúria pode conferir fatos, mas estes têm que ser genéricos. Ex: João diz que Pedro é caloteiro = injúria Se João diz que Pedro é caloteiro porque não pagou determinada quantia devida a terceiro = difamação. ► A injúria não diz respeito a fato definido como crime. O valor ofensivo da injúria deve ser aferido de acordo com o tempo, o lugar, e as circunstâncias em que é proferida. Até mesmo o sexo do ofendido deve ser levado em consideração; desta forma às vezes uma expressão que era usada em determinada época e que constituía elogio, pode passar a ser considerada injuriosa nos dias de hoje.

- É o DOLO DE DANO consistente na vontade e consciência de injuriar alguém, atribuindo-lhe qualidade negativa.

OBSERVAÇÃO: ► Segundo ENTENDIMENTO MAJORITÁRIO DA DOUTRINA nos crimes de injúria além do dolo é necessário um fim especial de agir, de ofender a honra subjetiva do ofendido que é o animus injuriandi.

►ELEMENTOS

OBJETIVOS DO

CRIME DE

INJÚRIA:

►ELEMENTO

SUBJETIVO DO

CRIME DE

INJÚRIA:

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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►HIPÓTESES NAS QUAIS NÃO HÁ O ANIMUS INJURIANDI (Não há a configuração do crime de injúria): 1) Quando o agente atua com Animus: » Jocandi » Narrandi

» Consulendi » Defendi » Corrigendi vel disciplinandi

2) JURISPRUDÊNCIA: Se as expressões são proferidas em razão de discussão ou exaltação emocional.

SUJEITOS DO CRIME DE INJÚRIA

- O crime de difamação é um CRIME COMUM, ou seja, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo.

- Em regra, qualquer pessoa pode ser sujeito passivo de criem de injúria, desde que tenha capacidade de discernimento do conteúdo da expressão ou atitude ultrajante. O consentimento do ofendido exclui o crime, exceto nos caso de ofensa concomitante a um bem de que aquele não tinha disponibilidade. ► Como visto, a injúria constitui ofensa à honra subjetiva (sentimento da própria dignidade) e conforme estudado, quando a ofensa disser respeito a este tipo de honra a existência do crime deve ser condicionada à capacidade de o sujeito ativo perceber a injúria. Assim, doentes mentais podem ser injuriados, desde que haja alguma capacidade de compreender a expressão ofensiva. De igual modo os menores também podem ser injuriados dependendo da capacidade de entendimento a ofensa. ►DOUTRINA - CORRENTE MAJORITÁRIA - Pessoa jurídica não possui honra subjetiva, de modo que a ofensa contra ela poderá constituir ofensa contra os seus representantes legais. ► O morto não pode ser injuriado por ausência de expressa disposição legal; mas nada impede que se injurie pessoa viva, denegrindo a memória dos mortos.

► SUJEITO ATIVO:

► SUJEITOS PASSIVOS:

1) INIMPUTÁVEIS - DOENTES MENTAIS E MENORES DE 18 ANOS

2) PESSOAS JURÍDICAS

3) MEMÓRIA DOS MORTOS

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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Não cabe o emprego de analogia ou interpretação analógica com o § 2° do Art. 138 que trata do assunto em relação ao crime de calúnia. Quando o legislador quis tutelar a honra dos mortos ele o fez expressamente no crime de calúnia; a omissão desta previsão quanto aos demais crimes foi intencional.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA NO CRIME DE INJÚRIA

- O crime de injúria é um delito formal, isto é, o crime se consuma quando o sujeito passivo toma ciência da imputação ofensiva, independentemente de sentir-se ou não atingido em sua honra subjetiva, sendo suficiente que o ato seja revestido de idoneidade ofensiva. - Neste aspecto o crime de injúria difere do de calúnia e do de difamação já que sua consumação não precisa que terceiros tomem conhecimento da ofensa. - A injúria não precisa ser proferida na presença do ofendido; basta que chegue ao seu conhecimento por intermédio de 3º, correspondência ou qualquer outro meio. » Injúria verbal: É realizada em um único ato. Trata-se de um crime unissubsistente (aquele cuja conduta coincide com o ato) e por isso não admite tentativa. Ou a injúria é proferida e o fato é consumado ou nada se diz e não há conduta relevante. » Injúria escrita: Admite tentativa, pois é um crime plurissubsistente (crime composto de vários atos, que integram a conduta, ou seja, existem fases que podem ser separadas, fracionando-se o crime).

FORMAS DO CRIME DE INJÚRIA

- A forma simples do crime de injúria está prevista no caput do Art. 140 do Cód. Penal - “Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro. Pena – Detenção, de 1 a 6 meses, ou multa.”

► CONSUMAÇÃO:

►TENTATIVA:

►FORMA SIMPLES:

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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- As causas de aumento de pena no caso crime de injúria estão previstas no Art. 141 do Cód. Penal. (artigo aplicável aos crimes contra a honra em geral).

► Aumenta-se de 1/3 a pena se o crime de injúria (ou qualquer outro crime conta a honra) for cometido:

1) Contra » Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro

» Funcionário público em razão de suas funções » Pessoa maior de 60 anos ou portadora de deficiência

2) Na presença de várias pessoas ou por meio que facilite a divulgação da injúria

► Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.

EXCEÇÃO DA VERDADE – “EXCEPTIO VERITAS” NO CRIME DE INJÚRIA

► A exceção da verdade é inadmissível no crime de injúria. Primeiro porque não interessa ao Direito comprovar a veracidade das opiniões pessoais que consistam em ultrajes contra alguém, ou seja, não importa verificar se realmente fulano é “trapaceiro”, “incompetente” ou “bêbado” (ao contrário p. ex. do crime de calúnia onde há a imputação de um crime e interesse da justiça em investigar se tal caso é verdadeiro ou não). Em segundo lugar, a falsidade das ofensas não é importante para a configuração do crime de injúria.

ART 140 § 1º CP – PERDÃO JUDICIAL – PROVOCAÇÃO E RETORSÃO ►O § 1º do Art. 140 do Cod. Penal prevê 2 hipóteses de perdão judicial para o crime de injúria ( Haverá o crime mas o juiz pode deixar de aplicar a pena). HIPÓTESES DE PERDÃO JUDICIAL PARA CRIME DE INJÚRIA 1ª Hipótese » Provocação – Art. 140 § 1º Inc. I CP ► Acontece quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria. O provocador da causa à injúria que sofre. Diante da provocação é perfeitamente aceitável que o provocado se exalte emocionalmente e a revide injuriando o provocador. A injúria proferida é conseqüência da ira que se apodera do agente ante a provocação. Nestas circunstâncias o Direito leva em conta o seu estado psicológico e o isenta de pena apesar de ter praticado crime contra a honra. Frise-se que a provocação deve ser direta (face a face), realizada pessoalmente, sem intermediários.

►FORMA

MAJORADA OU

MAJORANTE DO

CRIME DE INJÚRIA:

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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Ex 1: Pedro provoca de forma reprovável João sem que sua provocação constitua crime. Com raiva, João injuria Pedro. João será contemplado pelo perdão judicial pelo crime de injúria e Pedro nada sofrerá, pois sua provocação não constituiu crime. Ex 2: Pedro acusa João de ter matado seu funcionário por vingança (imputa a João fato definido como crime que é crime de calúnia). João dominado pela raiva, xinga Pedro de ladrão e corrupto, ou seja, injuria Pedro. Ambos são processados criminalmente. João, apesar de ter cometido crime conta a honra – injúria – será beneficiado pelo perdão judicial, mas Pedro terá que responder pelo crime de calúnia cometido com sua provocação já que o perdão judicial não contempla tal tipo penal. CUIDADO! A provocação retorquida com a injúria deve se reprovável e injusta. Não se enquadra neste conceito o exercício regular do direito e o estrito cumprimento do dever legal desde que preenchidos os requisitos legais. OBS: A provocação retorquida com a injúria pode ser um crime (de calúnia, de difamação, ameaça, lesão corporal) ou qualquer conduta reprovável que não seja crime – A provocação só não pode ser uma injúria, pois neste caso haveria uma retorsão. 2ª Hipótese » Retorsão – Art. 140 § 1º Inc. II CP ► Acontece quando uma provocação que constitui uma injúria é rebatida com outra injúria. (diferente da provocação onde apenas o revide é uma injúria). Neste sentido a réplica deve ser imediata e para tal as partes devem estar necessariamente presentes. Em decorrência disso só se admite retorsão em caso de injúria verbal. ►No caso de retorsão, mais que a provocação reprovável, a proporcionalidade assume importância importante, não que se deva medir as ofensas, mas é inadmissível retorquir uma injúria comum com uma injúria qualificada. A desproporção e o abuso de tal situação podem constituir o excesso punível por serem incompatíveis com a finalidade do D. Penal. » Retorsão é caso de legítima defesa? Resposta: DOUTRINA – Retorsão não é legítima defesa. Para fazer esta afirmação basta considerar que o requisito da legítima defesa é a injusta agressão atual ou iminente. A retorsão, por sua vez é realizada contra uma injúria já proferida, ou seja, consumada. O que significa dizer, uma agressão passada, não havendo como aceitar a tese de que retorsão é legítima defesa. O que pode acontecer é a hipótese em que o individuo, para evitar a reiteração de injúrias, agride o injuriador, constituindo essa agressão como legítima defesa. » Retorsão é caso compensação de crimes? Resposta: Não é possível que os crimes recíprocos se compensem entre si como débitos recíprocos, por isso, o primeiro injuriador (que provocou a injuria por parte do provocado) não terá direito ao perdão judicial e responderá pelo crime contra a honra. Somente o sujeito que sofreu a injúria e a retrucou será contemplado com a causa extintiva da punibilidade.

FORMAS QUALIFICADAS DO CRIME DE INJÚRIA

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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► Injúria Real (Art. 140 § 2º CP) ► Injúria qualificada por preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem, ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência (Art. 140 § 3º CP )

► Caracteriza-se pelo emprego de violência ou vias de farto, que por sua natureza ou pelo meio empregado sejam considerados degradantes. »Vias de fato = Ofensa física que não produz lesão ou incomodo à saúde, nem tampouco deixa vestígios (Empurrões, puxão de cabelos etc.). »Violência = É a lesão corporal produzida na vítima com o fim de humilhar, ultrajar a sua honra. Quando há violência no emprego da injúria há concurso de crimes (injúria qualificada + lesão corporal), com aplicação cumulativa das penas. Embora o caso seja de concurso formal, a lei impõe na fixação da pena a regra do concurso material (Art. 70, § 2º CP) . A grave ameaça não configura a injúria real ante a ausência expressa de previsão legal. »Violência ou vias de fato aviltantes = Para haver a qualificadora de injúria real a lei exige que a violência ou as vias de fato sejam consideradas aviltantes (degradantes): a) Por sua natureza – Ex. Bofetada, apalpação de certas partes do corpo sem

fim libidinoso, levantar a saia de uma mulher, puxar barba ou cabelo etc.

b) Pelo meio empregado- Ex; bater em alguém com chicote, atirar excrementos ou outra imundície no ofendido, etc. »

► Bens jurídicos ofendidos pelo crime de injúria real (são 2): 1) A honra individual e 2) A integridade física do individuo

- O Cod. Penal,contudo, prima em proteger a honra já que a violência e as vias de fato são apenas meios de atingir a honra pessoal da vítima.

► A violência ou as vias de fato devem ser empregadas com o nítido propósito de injuriar (animus injuriandi), pois, ausente tal propósito, outro delito será configurado (lesão corporal, contravenção de vias de fato, crimes de perigo).

► INJÚRIA REAL

(Art. 140 § 2º CP)

OBJETOS

JURÍDICOS

TUTELADOS

ELEMENTO

SUBJETIVO

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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► Há legítima defesa: Quando a injúria real é praticada com finalidade de evitar outra injúria real atual ou iminente existindo os demais requisitos desta causa de exclusão de ilicitude.

►Não há legítima defesa: Se a injúria real já estiver consumada, pois não há agressão atual ou iminente a ser repelida.

► Cabe retorsão na injúria real, assim se a injúria real for praticada com a finalidade de revidar outra injúria real já consumada estaremos diante de uma hipótese permissiva de perdão judicial (Art. 140 § 1º. Inc. II CP), aplicável àquele que revidou a ofensa. No entanto é preciso ressaltar que ao contrário da injúria simples, a injúria real é um crime complexo, isto é, envolve mais de um tipo de conduta (injúria + vias de fato ou violência) de modo que o crime de lesão corporal deverá ser devidamente punido. Solução: O perdão judicial será cabível, pois as vias de fato são absorvidas pelo crime de injúria. Solução: As lesões corporais leves não são absorvidas pelo crime de injúria por isso os agentes (ofensor e ofendido) deverão responder pelas lesões de acordo com o Art. 129 § 5º, Inc. II do Cod. Penal (lesões corporais recíprocas), no entanto, aquele que revidou a ofensa será beneficiado com o perdão judicial no tocante à pena do crime de injúria (Art. 140 § 1º, II CP). Solução: O agente só será beneficiado com o perdão judicial no tocante à pena da injúria real, devendo responder pelo crime de lesões corporais graves.

INJÚRIA REAL E LEGÍTIMA DEFESA

INJÚRIA REAL E RETORSÃO

SITUAÇÃO 1: Se a injúria real retorquida for praticada mediante vias de fato

SITUAÇÃO 2: Se a injúria real retorquida for praticada mediante lesões corporais leves

SITUAÇÃO 3: Se a injúria real retorquida for praticada mediante lesões corporais graves

INJÚRIA REAL E PROVOCAÇÃO

SITUAÇÃO 1: Se a provocação é retorquida com uma injúria real praticada mediante vias de fato

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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Solução: As vias de fato serão absorvidas pelo crime de injúria real e, portanto, o agente da injúria será contemplado com o perdão judicial sem que tenha que responder pela contravenção penal de vias de fato. Solução: Se a provocação também constituiu lesão corporal leve, poderão ambos (provocador e provocado) responder nos moldes do Art. 129§ 5º, II, CP (lesões corporais recíprocas), mas o provocado será beneficiado com o perdão judicial no tocante à pena do crime de injúria (Art. 140, § 1, I, CP)º Solução: O agente só será beneficiado com o perdão judicial no tocante à pena da injúria real, devendo pelo c

►Está prevista no §3º do Art. 140. Foi inserida no Cód. Penal pelo Art. 2º da Lei 9.459/97 que impôs penas de reclusão de 1 a 3 anos e multa se a injúria for cometida mediante “ utilização de elementos referentes à cor, religião ou origem”. Mesmo antes desta inovação, a Lei 7.716/89 já previa crimes resultantes de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, os quais, no entanto, acabavam desclassificados como crime de injúria de menor gravidade. Equiparava-se racismo a um simples xingamento. Percebendo tal equívoco o legislador passou a tipificar a injúria preconceituosa que é aquela que envolve elementos discriminatórios cominando-lhe pena mais severa. Deste modo qualquer ofensa à dignidade ou decoro que envolva algum elemento discriminatório como p, ex. “preto”, “japa”, “turco” ou “judeu” configura crime de injúria qualificada. Importante dizer que ser “negro”, “baiano”, “judeu” ou “branco” não significa possuir uma qualidade negativa, por isso é preciso que exista algo na expressão usada que possa diminuir o conceito moral em que é tido ofendido, atingindo-lhe o decoro ou tirando-lhe a dignidade. ►Para a configuração da injúria qualificada por preconceito não basta que o agente profira as expressões com conteúdo discriminatório, não basta que ele tenha o dolo, é também necessário um especial fim de agir consistente na vontade de discriminar o ofendido em decorrência de sua cor, raça, religião, etc. Não basta chamar alguém de “negão” para que o crime se configure, pois nem sempre o emprego deste termo demonstra intenção discriminatória; muitas vezes é usado entre amigos, sem que haja a vontade de discriminar a pessoa da raça negra.

SITUAÇÃO 2: Se a provocação é retorquida com uma injúria real praticada mediante lesão

corporal leve

SITUAÇÃO 3: Se a provocação é retorquida com uma injúria real praticada mediante lesão

corporal grave

► INJÚRIA

QUALIFICADA POR

PRECONCEITO DE

DE RAÇA, COR,

ETNIA, RELIGIÃO,

ORIGEM

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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► Em Outubro de 2003 através Art. 110 do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003) o §3º sofreu acréscimos tendo sido inseridas novas circunstâncias qualificadoras ao crime de injúria, quais sejam: a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. O tipo penal não faz qualquer referência à idade cronológica da pessoa ofendida mas como esta lei ao tipificar os crimes considerou como sendo idoso o individuo maior de 60 anos temos que esta é a idade a ser levada em consideração quando há incidência da qualificadora. ►Para a configuração da injúria qualificada por condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência não basta que o ofensor profira alguma palavra de conteúdo injurioso contra estas pessoas, a palavra injuriosa precisa estar ligada a condição de idoso ou de deficiente. Não haverá qualificadora se alguém disser que um cego é “ladrão”, mas ela existirá se ele for chamado de “zarolho horrível”.

► A doutrina critica o rigor da pena de Injúria qualificada por preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem, ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência (Art. 140 § 3º CP) que acaba por dar tratamento desproporcional aos bens jurídicos honra e vida, uma vez que a pena da injúria qualificada por preconceito é maior que a do homicídio culposo e igual à do auto-aborto e a do aborto consentido p. ex. Desta forma, matar um feto ou alguém culposamente e xingar alguém de “alemão safado” tem para o legislador o mesmo significado jurídico ensejando a mesma resposta penal e colocando as objetividades jurídicas, embora com valores diversos, em planos idênticos. A doutrina igualmente critica a previsão de Ação Penal Privada para o crime de injúria qualificada pelo preconceito (Art. 145 CP), uma vez que a relevância do bem jurídico protegido exigiria a obrigatoriedade da ação, devendo ser de iniciativa pública e não privada, pois esta implica a disposição do bem jurídico pela parte ofendida, o que no caso em tela não deveria ocorrer.

INJÚRIA QUALIFICADA POR PRECONCEITO

≠ CRIME DE RACISMO

► Na hipótese de a ofensa envolver verdadeira segregação racial o crime será de racismo e não de injúria racial. O crime de racismo está previsto na Lei nº 7.716/89. Ex: Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais.

Outra situação que pode trazer dúvida refere-se à ofensa dirigida a uma pessoa, mas que configura verdadeira apologia à segregação racial. Nesta hipótese haverá crime de preconceito. O art. 20 da lei que trata sobre tais crimes estabelece que é crime de preconceito “ praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional” ► Se uma injúria qualificada por preconceito é retorquida com outra injúria de mesmo teor esta retorsão não teria o condão de agir como causa geradora de perdão judicial uma vez que o preconceito manifestado não se reveste de simples injúria e, portanto, não poderia ser simplesmente superada por outra se tratando de uma violação muito mais séria à honra.

► INJÚRIA

QUALIFICADA POR

CONDIÇÃO DE

PESSOA IDOSA OU

PORTADORA DE

DEFICIÊNCIA

(Art. 140 §3º CP)

INJÚRIA QUALIFICADA POR PRECONCEITO E RETORSÃO

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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DAS DISPOSIÇÕES COMUNS AOS CRIMES CONTRA A HONRA – ART 141 A 145 CP

RETRATAÇÃO – CRIMES DE CALÚNIA E DIFAMAÇÃO (ART. 143 CP)

► O Art.143 do Código Penal prevê a possibilidade de o querelado, antes da sentença, retratar-se cabalmente da calúnia ou da difamação, ficando isento de pena. OBS: A lei exige que a retratação seja cabal, isto é, deve ser completa, irrestrita, de modo a abranger todas as imputações que configurem o crime de calunia ou difamação. - Retratar significa retirar o que disse, reconsiderar o que foi afirmado anteriormente. A retratação só é possível nos crimes de calúnia e difamação em que há imputação de fatos, interessando à vítima que o ofensor os declare inverídicos, de modo a reparar os prejuízos sofridos. Já na injúria, a retratação é incabível, tendo em vista que não importa à vítima que o ofensor desdiga as qualidades negativas até porque a reconsideração poderá importar em prejuízos morais muito maiores. ► A retratação é ato unilateral que independe de aceitação do ofendido e só é possível antes da sentença da 1ª instância, isto é, só pode ser realizada até a publicação da sentença, ► O art. 143 do CP emprega expressamente o vocábulo “querelado”, logo a retratação é incabível na Ação Pública condicionada à requisição ou representação (Art. 145 §U CP), já que nestas hipóteses há denúncia e não queixa. Tendo em vista tal informação não cabe retratação quando a injúria ou difamação é contra Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro e contra funcionário público em razão de suas funções. OBS: Cezar Roberto Bitencourt defende posicionamento diferente afastando a interpretação literal do Art. 143. Para este autor a retratação pode existir nos crimes de calúnia e difamação seja a ação de iniciativa privada seja de iniciativa pública condicionada à requisição ou representação do ofendido. PEDIDO DE EXPLICAÇÕES EM JUÍZO – CRIMES DE CALÚNIA, DIFAMAÇÃO E INJÚRIA (ART. 144 CP) - O art. 144 do Cod. Penal estabelece que “Se de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.” Este dispositivo fala do chamado “pedido de explicações”. ►Pedido de explicações: Trata-se de medida concedida àquele que se julga ofendido em sua honra de ir à Juízo e solicitar esclarecimentos do individuo acerca das situações, expressões ou frases equívocas que podem constituir eventual crime de calúnia, difamação ou injúria. Para que haja esta possibilidade deve haver a equivocidade, a dubiedade da ofensa. Esta possibilidade de esclarecimento permite que o ofensor torne claras as imputações. O pedido de explicações serve para aparelhar a ação penal principal por crime contra a honra.

►o pedido de explicações é cabível tanto na ação penal privada quanto na ação penal pública condicionada à representação.

CABIMENTO

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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Quanto à esta última, o MP não está legitimado a realizar a interpelação, incumbindo ao ofendido fazê-lo, já que compete a este autorizar a propositura da eventual ação penal.

► A lei não fixa prazo para pedir explicações, mas como a decadência do direito de queixa ou representação é de seis meses, o pedido deve ser formulado no decurso deste prazo.

►O pedido de explicações fixa a competência de eventual e futura propositura de ação penal por crime contra a honra, portanto a denúncia ou a queixa devem ser oferecidas perante o mesmo juiz criminal que recebeu o pedido de explicações. A interpelação judicial requerida contra o detentor de foro privilegiado (ex. Membro do Congresso) deve ser formulada no seu juízo privativo (no caso STF), pois o pedido de explicações constitui medida preparatória da ação penal por crime contra honra.

►Não há previsão na legislação penal sobre o rito do pedido de explicações em

juízo, por isso, foi adotado o procedimento das notificações ou interpelações judiciais (Arts. 867 e 873 CPC). O juiz que recebe o pedido de explicações determinará a notificação do requerido para que este compareça em juízo e forneça as explicações necessárias. O interpelado não é obrigado à comparecer na audiência. Com ou sem esclarecimentos o juiz determinará que os autos sejam entregues ao requerente o qual poderá dar início à ação penal ou requerer a instauração de inquérito policial. O juiz não pode fazer qualquer apreciação de mérito das explicações acaso prestadas. O pedido de explicação é preparatório e não excludente do oferecimento de queixa.

►Por ausência de previsão legal o pedido de explicações não interrompe nem suspende o prazo decadencial para o oferecimento da queixa crime ou representação.

AÇÃO PENAL – CRIMES DE CALÚNIA, DIFAMAÇÃO E INJÚRIA (ART. 145 CP) REGRA GERAL► A ação penal é de iniciativa privada nos três crimes contra a honra. Com ela evita-se que o escândalo do processo provoque no ofendido mal maior do que a impunidade do criminoso, decorrente da não propositura da ação. O ofendido ou seu representante legal poderão exercer o direito de queixa dentro do prazo de 6 meses contados do dia em que vieram a saber quem foi o autor do crime. O prazo é decadencial.

PRAZO PARA

PEDIR

EXPLICAÇÕES

COMPETÊNCIA

PROCEDIMENTO:

DECADÊNCIA

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

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EXCEÇÕES! I) INJÚRIA REAL: A) Se violência empregada resultam vias de fato► A ação penal é de iniciativa privada, pois vias de fato são absorvidas pelo crime de injúria.

B) Se da violência empregada resultam lesões corporais► A ação penal é pública incondicionada

CUIDADO! Pelo Art. 88 da lei nº 9.099/95 (Lei de Juizados Especiais) a lesão corporal leve passou a ser crime de ação penal pública condicionada à representação portanto se a lesão for grave a ação será pública incondicionada. Se for leve, a ação será pública condicionada à representação. II) SE OS DELITOS FOREM COMETIDOS CONTRA O PRESIDENTE DA REPÚBLICA OU CHEFE DE GOVERNO ESTRANGEIRO: ► A ação penal será pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça. III) SE OS DELITOS FOREM COMETIDOS CONTRA FUNCIONÁRIO PÚBLICO EM RAZÃO DE SUAS FUNÇÕES: ► A ação penal será pública condicionada á representação do ofendido. CUIDADO! Funcionário público é aquele conceituado no Art. 327 do Cod. Penal. Inclui-se neste rol, vereador, deputado estadual, governador, prefeito etc. Divergência na jurisprudência: Funcionário público aposentado CORRENTE 1: Crime envolvendo honra praticado contra quem não é mais funcionário público é processado mediante ação privada ainda que as ofensas se refiram ao exercício do cargo. CORRENTE 2: Pouco importa que no momento em que as ofensas foram imputadas o funcionário já se encontre aposentado. A ação penal continuará a ser pública condicionada.

ESTATUTO DO IDOSO ► A conduta consistente em desdenhar, humilhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo, constitui crime previsto no art. 69 § 1º do Estatuto do idoso ( lei º 10.741 /23003), sancionado com a pena de reclusão de 6 meses a 1 ano de multa. A ação de exibir ou veicular, por qualquer meio de comunicação, informação ou imagens depreciativas ou injuriosas à pessoa do idoso configura crime previsto no Art. 105 daquele estatuto.

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TÍTULO I – CAPÍTULO V – PARTE ESPECIAL

36

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