gimeno sacristÁn a educação obrigatória uma escolaridade igual para sujeitos diferentes em uma...

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  • 5 A educaoobrigatria:umaescolaridadeigualparasujeitosdiferentesemumaescolacomum

    Umavezquetenhamsidoexplicitadososgrandesobjetivose asfunes geraisdaeducaoobrigatria,elevadacategoriadedireitosocialuniversal,resta-nosagoracomentaros grandeslemasquedevemserenfrentadosparatornarefetivoessedireitoe osproblemaspor eledesencadeados.Uma longatradiode p'Znsamen-toedeprticasacumularam-separaresponderaoqueseesperadessaetapaeducativa,algoque,acreditamos,possa~5~resumidoemdois

    grandesdesafios:1)omo abordara e~~r.~

  • 72 JOS GIMENO SACRISTN

    currculocomum),na paisagemsocialdassociedadesmodernas,acoIhendosujeitosmuitodiferentes,pareceumacontradioou umaIm-possibilidade.No obstante,o direitobsicodessessujeitos educa-o,em condiesa que Walzer(1993)denominaigualdade sImples(umensinacom contedose finscomuns),obrigaa aceitaro desafiodetornarumprojetovlidoparatodoscoma realidadeda diversidadecompatvelna escolaridadeobrigatria.Como comentamosem cap-tulosanteriores,a escola,durantea etapada escolaridadeobrigatria,deveserintegradorade todos,ou, casocontrrio,trairqc!ireitouni-

    versal educao.Corn.()alcanar~.su~=EEliuersalizao~f~TIY1;'res-peitandoo prindpioda igua7dadesimples,dridoacolhidadiversida-

    dedeestudaritese,intlusive

  • A EDUCAO OBRIGATRIA: SEU SENTIDO EOUCATIVO E SOCIAL 73

    A NATURALIDADE DAS DIFERENAS

    Primeiramente:lodosos homensdeveroserencaminhadosaosmesmosfinsdadncia,costumesesantidade.

    Emsegundolugar:todososhomens,sejaqualforadiferenaqueapresentememsuasqualidades.tmumanicaeigualnaturezahuma-nadotadadosmesmosrgos.

    Terceiro:a expressadadiversidadedequalidadesnosenoex-cessooudefeitodah

  • 74 JOS GIMENO SACRISTN

    alcanandoeperdendoaolongodenossavidamudamsoevidnciasvividaspor cadaum;nconstnciatorealcomoumacertaestabilida-dedoeuao longodesseprocesso,Somosnicos.porquesomosC1vari~ados" internamente,porquesomos uma combinaoirrepetfveldecondiese qualidadesdiversas,no de todaestticas,o quenostor-na tambmdiferentesemrelaoa nsmesmosao longodo tempoesegundoas circunstnciasem mudanasque nos afetam.Nas con-diessociaise culturaisda ps-modernidade,essacomplexidadeeinstabilidadede cada pessoaso acentuadasconsideravelmente,dianteda variedadede relaesque estabelecemosem contextosmutantes.

    Em um segundoplano,a variedademanifesta-setambmcomomultiplicidadeentreos Indivduos.O sujeito,sendo constitudoporconstruesa partirdos contatoscom os demais,ao seremos inter-cmbioscom estesto variados,do lugara vidas interioresmuitodiversas.Dizia Montaigne(dtado por Todorov,1999,p,203) que ohomemno maisdo queremendoe mistura,o mundono senovariedadee dessemelhana,e a qualidademaisuniversal a diversi-dade;ento,diferimosde ns mesmose dos demais,Uma e outravariaoconstituema rique~ada espciehumana. umfatoempricocomprovveldesdeo sensocomum,antesde que fosseargL\menta-do cientificamentedo pontode vistabiolgico,psicolgico,sodal ecultural.Cada um constrium radicalsingular,e essa uma condi-o provocadapela interaodas peculiaridadespessoais,a singu-laridadedo contextono qual cadaum vivee o usoque fazemosde

    f nossaspossibilidadese as reaespessoaisdiantedo ambientequenos dado.

    O serhumano,cerlamente,lomouconscinciamuitocedodava-riabilidadeda aoda naturezahumana,ao mesmotempoqueapre-ciavaessamesmacondioemoutrosseres,esentiua necessidadedesimplificaressadisperso"impondo",porsuavez,regularidades,cate-goriasou tipologiasparaentendera variedadedo serhumano.Dessa.forma,ser-Iheiamaisfcilcompreendera complexidadedo diversoe.anteciparo comportamentodosdemais,facilitando-seo tratocomeleseacomodandosuasrespostasparaosoutros;"seseidequecategoriass,mecomportocontigoe esperode ti que ajasna direoquecreioqueestejaassociadaessacategoria".Assim.esperamosdos ntelgen-

  • A EDUCAO OBRIGATRIA: SEU SENTIDO EOUCATIVO E SOCIAL 75

    tesqueresolvamproblemascomfacilidade,edos"lentas"I esperamos"lentido".Essaoperaodesimplificaoqueo pensamentocomumrealizatambm feitapelopensamentocientfico,ao classificarfenmenose espciesdeseresvivossegundocategorias,coma pretensode encontrarumaordemqueexpliqueasmanifestaesinfinitascomasquaisascoisase osfenmenosnossoapresentados.Arlstteles,aotrataro temada naturezatica,diziaque:

    ."deve-seaceitarque,emtodacoisaconf(nuae divisvelhumexcesso,um defeitoe um termomdio,e Issoemsuarelaomtuaou em relaoa n6s;porexemplo,naeducaoffsica,namedicina,naarquitetura,na navegao.e emqualquertipode ao,tantoclentrfica como nocient!flca(...), mas,em tudo,o termomdiorelativoa ns o melhor,porqueissoo quea aoe a razoordenam(...) conseqentemente,necessrioquea virtudeticasejareferentea determinadosmeiose que

    sejaummododeserintermedirio.(ticaNicom6queaeticaEudemia,\ ~p.437-438)

    1 Assim,entrea ira~i1idade e a indolnciaesta mansido,entrea malciae a simplicidade esta prudncia,ou entrea prodigalidadeea tacanhiceesta liberdade,ele.O quecontnuoe mutante objetodecategorizaesparaentend-Iae orden-Ia.

    Na escola,como na vida exteriora ela,existea heterogeneida-de e a diferena o normal.Se variedadeintra-individuale interin-dividualso normaise so manifestaesda riquezados sereshu-manos,deveramosestaracos~umadosa viver com ela e a desen-volvernosnessarealidade.Assim o fazemosna vida social, na fa-mlia, e em qualquercampoda vida, expressandonossaparticular

    '-l dossincrasae aceitandoa dos demais.Por que no poderramosfaz-Iona escola?A educaonas instituiesscolares,como lvida em qualqueroutro campo,enfrenta(melhor:deveriaenfren-tar) naturalmente'a diversidadeentreos sujeitos,entreos grupossociaise comsujeitosemmudi:!nano tempo.Quantomaispessoasentraremno sistemaeducativoe quanto mais tempopermanece-remnele,maior variedadehaverem seu mago.As prticasedu~cativas- sejamasda {aroIlia,asdasescolasou asdequalqueroutroagente- enfrentama diversidadecomo um dado da realidade.Di~antede talfato,cabemduasatitudesbsicas:toler-Iaorganizando-

  • 76 JOS Gr~IENOSACI1ISTN

    o, ou tentarsubmet-Ioa um padro que anule a variedade.Navida social,governadapor procedimentosdemocrticos,a diversi-

    '\ dadesocial,de opinies,quantoa modelosde vida, etc. aborda-) . da com a prticada tolerncia,da aceitaode normascomparti-

    lhadasqueobrigamos indivduosa algumasrenncias,respeitandoespaospara a expressoe cultivodas individualidadessingulares.A escola,cujaextruturaoanterior aceitaodo m.odelodemo-crtico,elegeuo caminhoda submissodo diferente norma ho-mogeneizadora.

    As razespelasquaisumamanifestao- a variedadeea variabi-lidade- da vidae daspessoaspassaa serumproblemaresidem,pri-meiro, em que a variedadelutacom a tendnciado pensamentodeclassificara dispersoqueo mundonosofereceparaentend-Iome-lhor;segundo,namentalidadeenosusosdasinstituiesescolaresquereclamamdas individualidadesa submissoa algumasnormas,a umcurrculoe a uma ordem.No realistapensarque uma instituiocomoa escolarsejacapazde assumirradicalmentea diversidadeemsuatotalidade;porrazeseconmicasderecursos,detempoedetraba-lho dos professoresno possveluma escolapara as individuali-dadese para todas elasao mesmotempo.Isso exigemodelosdeeducaotutorialpara todos, impossveisde serempraticadosnascondiesda escolarizaomassva.Como articulara necessidadeinevitvelcom a possibilidadede respeitare fomentara diversidadepossvel?

    Porquea singularidadeno s umarealidadedada dos indiv-duos,mastambmseressaltacomoumvalorimportantenassocieda-desdemocrticasliberaise tolerantesque reconhecemos direitosqueprotegemeproporcionamespaos individualidade.Realidadeincon-testvele o objetivoeducativopara a filosofialiberalso claramenteexpressosnopensamentodeumdostericosdaliberdade,John StuartMill (1970),quesugeria:

    A naturezahumanano umamquinaqueseconstrisegundoummodeloe estdispostaa fazerexatamenteo trabalhoquelhesejaprescrito,e simumarvorequenecessilacrescere desenvolver-seporlodososlados,segundoastendnciasdesuasforasinteriores,quefa-zemdelaumacoisaviva.(p.130)

  • A EDUCAO OBRIGATRIA: SEU SENTIDO EDUCATIVO E SoCIAL 77

    No vestindouniformementetudo o que individualnos sereshumanosquesefazdelesum nobree formosoobjetode contempla60,e sim cultivandoe fazendoressaltar,dentrodos limitesimpostospelosdireilose interessesdos demais.(p.l341

    l Se a educaotema vercom a capacitaopara o exercciodaliberdadeeda autonomia,a escoladeverespeitara singularidadeindi-viduale foment-Ia,semdiscriminaes,paratodos.A educaodevepreocupar-seem estlmulardiferenciaesqueno implicamdesigual-dadesentreos estudantes;devetornarcompatvelo currfculocomume a escolaigualparatodos,coma possibilidadede adquiriridentida-dessingulares,oquesignificapriorizara liberdadedossujeitosnaapren-dizagem.

    A educaotem ideaise desempenhafunesmuitasvezesdecartercontraditrio,porpretenderprovocara diferenciaoindividu-alizadoraao mesmotempoem quevisa socializaohomogeneiza-dora,quecompartilhatraosdepensamento,decomportamentoedesentimentocomoutros.A educao,soba filosofiaIlustrada,universa-listapretendequesecompartilhemdeterminadostraos,qualidadesefrutosculturais.Ou seja,tenta-secriarcomunid'ldesemtornode hbitos,de valorese de significadoscompartilhadosque ex.igemalgumasemelhananasformasdepensar,de compartilharregrasealgunsva-lorese de respeitaralgumasnormasde conduta.O que no significa seguircaminhoscoercitivose propormodelosunfvocosde cultu-ra que devam ser assimilados.Essa tensoentresocializaoemtornode um projetoe respeito' idiossincrasiado sujeitoestabeleceuma das contradiesque deve ser resolvidacom equilbriossem-pre instveis.

    precisoestabelecerem outradimensoa diversidadeentreeemsujeitosescolarizados.Alm derepresentara riquezada singula-ridadeda "biodlversidade"humanae cultural,faztambmalusodesigualdade,na medidaemque existemsingularidadesde sujeitosou de gruposque Ihes permitemalcanarobjetivoseducativosdeforma desigual. A diferena no s6 uma manifestaodo serirrepetvel,que cada um, mas tambmque, em muitoscasos,poderchegara ser,de termaisou menospossibilidadesde sere departicipardos benssociais,econmicose culturais.O diferente,em

  • 78 Jos~GIMENO SACRISTN

    condiesde igualdade, tolervele, s vezes,desejvel;a desi-gualdadel!evesercorrigidase admitimosa universalidadedo direito educao.Consideramosque no sejamtolerveisas diferen-as que implicam desigualdadesentre indiv[duosou entregruposhumanos.S as diferenase as prticasque as protegem,que nodeslgualamou toleram a desigualdade,podem ser admitidasnaescolaridadeobrigatria (Gimeno, 1995). s vezes, a diversidadedeverser considerada;em outras, corrigidae, em muitos casos,deveriaserestimulada.I

    A DIVERSIDADE SE TRANSfORMA EM PROBLEMA:O GOSTO PELA NORMA OU PELO RENDIMENTO ESCOLAR

    A originalidade a nJcacoisacujautilidadenopodesercompreendida pelos seres vulgares. (Stuart Mil!, 1970,p.12B)

    Na escola, diHcilsersingularem algoou por algosemreceberpressesparadeixardes-Ia,soba "ameaa"deser classificadocomoatlpico,rebelde,retardado... e, com menosprobabilidade,comog-nio.No seressadificuldadeumadascausasdesuavulgaridadee darejeioqueproduzemmuitosestudantes?Na escola,noseadmitemgrausmuitodistintosde alcancenosobjetivoscomuns,exislemmeca-nismosqueestimulama graduaode resultadosindividuaisquepre-miame castigamo afastamentoda norma.As linhasentreas quaisprecsomovimentar-se,manifestar-see existirno permitemmuitodesviodo que se consideranormal.A funodisciplinadorada qualfalamosemoutromomento,acimade tudo,normalizadora. A expe-rinciahistricadeu contundentesexemplosdo uso da repressodocorpoedo espritonasinstituiesescolares,nosinternatos,ete.NossaIntenoaqui chamara atenosobreoutrasformasde cartermais"tcnico"paralevara termoa normalizaono-represssora,mas,dequalquerforma,excludente.

    O funcionamentodominanteda escola,de seu currculoe dosmlodospedaggicosestconfigurado,geralmente,maisparaorgani-zara desigualdadeentreosalunosdo queparacorrigi-Iaou paracon-vivercoma diversidadede capacidades,de n(veisderitmosde traba-

  • A EDUCAO OBRIGATRIA: SEU SENTIDO EDUCATIVO E SOCIAL 19

    lho, de motivaesdos sujeitos,ete.O mecanismode normalizaoque defineo xito (paraos que se Incluemna norma)e a excluso(paraos que ficam forada norma)se viu reforadono momentoemquea escolaridadetornou-serealmenteobrigatriaparatodos.Quan-do a escolarizaouniversalno real,a exclusodosquenosupe-

    ram a norma no necessria,pois os candidatos exdusonemsequercomparecemsescolas.Quandoa freqentam,maspermane-

    cemnelaspor poucotempoe asabandonam,acontecea mesmacaisa.Masquandoa obrigatorledadetorna-seefetiva,aparecea Idiadetr9.r;JJ:i~9..~~~lgrcomo marcainterna,tornando-seuma espciedeatipicidadeque se transformaem umaformade exclusoque afeta,agora,os quepermanecemdentrodasescolas.Fracassarserexclufdo por uma via de carterbem maistcnico:a do "rotuladd',queimplicano superara normaque defineo que e no aceitvel.Implicanega~aossujeitosfracassadosasbenessesdaescolaridadeporoutrasvias,culpando-ospor nodar desi o que lhes exigido,atopontodealgunsconsideraremqueseriamelhorparaelesafast-Iasdosistema(assimnohaveriaexcludos,nemagentesquedevemexcluir).A escolalegitima,pelaviada apreciaodo mritopessoaldosalunos,as diferenase desigualdadesentreindivduoS;'tr~nsformando-asemumescalonamentodosrendimentosescolares.Assim,legitima-secomoinstituioqueofereceoportunidadesparatodos,aindaquenoofe-reaa lodos a mesmacoisa. A idia de fracassoescolartemuma hist-ria muitocurta,pouco maisde meiosculo(Isambert-Jamati, 1992);

    a mesmaquea da escolarizaouniversalreal,j queo "baixorendi-mentoescolar" inerentea ela (OCDE, 1998).

    Essa funo normalizadora maisprpria, pois, da perversoseietivae hierarquizadorada escolado que do espfritointegradorque deveorientara escolaridadeobrigatria.Pareceque a univer-salidadeda educaoparaos sujeitosdiferentesterminana enlrada90 recinto escolar,para, uma vez dentro dele, os sujeitosseremhierarquizados,expedindoum certificadocom a desigualdadenasada,o qued lugar exclusodosescolarizados.Esseproblemato graveque se transformano mais em uma disfuncionalidadedas instituiesescolares(o altofracassoqueproduzemobstaculizaseuprprio projetoe sua dinmica),massimem um problemaso-cial que delatao fracassoda escolaobrlgat6ria para dar acolhida

  • 80 JOS GIMENO SACRlsrMJ

    emseuseio a toda diversidadeda populaoescolar.No o fra-cassoda educao,maso da forma de prov-Iaa uma populaomuitoheterogneado pontode vistapsicolgico,sociale cultural.umaironiacruelquedepoisde passarvriashoraspor dia, duranteumadezenade anos, se possadizer ao sujeitoque ali permaneceque estexcludoe que um fracassado.Isso,como dizia com iro-nia o personagemde Mafa/do, "no sepode fazera um diente".

    A diferenanegativaem relao norma um obstculoqueperturbao funcionamento"normal"da escolae a dinmicado de-.senvoJvmenlodo currculoe , tambm,uma dificuldadesentidapor muitosprofessores.O currculo regulado,geralmente,de for-ma a permitir a flexibilidadee sua interpretaono momentodeelaborartextose materiaisparaos estudantesou quandoos profes-soreselaboramseusplanosde aula e os desenvolvem.Essaflexibi-lidade, todavia, fica praticamenteanulada no ltimo passode seudesenvolvimento:quandoasaprendizagensseqenciadasso idn-

    Iticasparaos estudantes,que so submelidosa tarefasidnticase aalgumasmesmasexignciasde rilmo e de lempopararealizaodotrabalho.Boa parte dessa esclerosedo contedo~normaexigfveldeve-se adoo de materiaispadronizados,homogneospara to-dos os estudantes,que do lugar,por suavez,a pautaspouco varioadasde desenvolvimentodo ensino.O contedohomogeneizadoepropostocomo norma fechadaidnticapara todoslimita as possibilidadesde singularidadepessoal.Os "pequenosdesvios"dos in-divrduosem relao a essasnormas so assumidos,geralmente,como naturais(algunsso qualificadoscomo melhores,outrospio-res, sempre que ultrapassam os mfnimos exigidos), mas umdistanciamentodestacadoserqualificadode fracassoe podersermotivode repetiode ano e atde abandonode escola.

    A escolae seucurrrcuJo,quedevemseroportunidadesparatodos,passamcomdemasiadafacilidadeaserestruturasdedificuldadesgra-duadas,quelodosdevero superaremummesmoritmoe comames-ma ajuda,de sorteque, em cadaum dos escalesestabelecidosnagraduao,medimosossujeitosparaversesoaptosou no,osdistin-guimose dizemosa muitosdelesqueso diferentesdos demais.Porseremoportunidadede aprendizagemna escolaridadeobrigatria,oscontedosculturaistransformam-se em escadahierarquizadorae

  • A EDUCAO OBRIGATRIA: SEU SENTIDO EDUCATIVO E SOCIAL 81

    exdudentedosqueascendemdevagar.detm-seno caminho.ou,sim-plesmente,recusama "escada".porquenolhesatraisubirpor ela,ou porque desconhecempara onde conduz e nao vem motivosparaascenderpor ela. Os professoresdo ensinomdioestoacos-tumados variedadee dsparidadede situaesindividuaisemrelao norma ideal; para os que trabalhamno ensino mdio,essa"diversidadede nveis"costumachocar-secoma culturapro-fissionalaperfeioadano bachl11erato*I ,.'fIas-$?Iecionadorae pr-

    pria para a hierarquizao. :.\ivr.).,(..1)Ao prolongar-sea escolaridadeobrigatriaalemdaetapado ensi-

    no fundamental,todosesses.mecanismosparahierarquizarprovocammaisconflitos.A presenadejovensqueno (azempartede qualquereliteentraem choquecom a mentalidadeelitistaque historicamentecaracterizouo ensinomdio.O elitismomanifestadonasconcepesdos professor~s,no currculodessenvel,na imagemsocialsobreodestinoquetinhamosbacharis,etc.As qualidadesaceitasda univer-salidadeda educao(primeiro,da escolafundamental)coexistiramdurantesculoscoma polftic,com a mentalidadee com a prticaseletivase hierarquizadorasdo EnsinoMdio (Caron,1996).

    A expansodo EnsinoMdio ocorrecomoumaexignciasocial,masacontecesobumaorientaocurricularepedaggicaquea trans-formana portade entradaparao EnsinoSuperior(Durkhem,1982;Viriao. 1982).Sua prpriaexpansoquantitativae as necessidadessociaisquevocobrindolevama entend-Iacomoprolongamentoda

    formaogeral.Masseuespritooriginal- deserumaeducaorestri-J

    ta- perdurasimbolicamentenamentalidadedecertossetoressociaisedosprofessores.Um nomemaisadequadoparaessenvelteriasidoodeensinopr-uniuersltrioou mdio(maisapropriadamenteinterme .dirio), emvez de denomin-Iasecundrio (naE.,panha),quedcon-tinuidadeao fundamental.A idiadequequalqueradolescentepossaserbeneficiadopelo EnsinoMdio,continuandosua formaogeral,no assumidacompletamenteemnossocontexto- almdasregula-mentaeslegais-, apesarde teNe estabelecidoj naspropqstasda

    . !ns!ituioLivredeEnsino.Essaresistnciaexplicadaportersidoum~lr.,~__ ....,;,,:"..,..,~t""''-~'-:''' 41-.~

    "N.de.1.Nosistemaeducacionalespanhol.bachUleratoumamodalidadedeensinodenvelm~dlo. poslerioraoEnsinoMdioecompreendedoIsanos.

  • 82 JOS GrMENO SACmSTN

    estilode educaosemrelaocom a preparaogeral,prvia for-maoutilitria,oUseja.que lenhapreservadoseucarteracadmicodeorigem:exercera reflex.o,o juizo,a razo,ele.(Durkheim,1982,p.392). tambm a resistnciado elilismo social em desaparecer(Baudelote Establet,1990).

    A existnciadeumarupturaimportantenacontinuidadedeestilosenlreo ensinofundamentale o nvelmdioum fato,visvelemmui-tosaspectos(Glmeno, 1996).No se aceitaa possibilidadede quetodospossambeneficiar-seda culturaqueconstituao bachillerato.Se,pararealizaressapossibilidade,prope-sequese alteremos conte-dosdo currculo,enloosdefensoresde umatradiodigna(masnoparatodos)denunciaroo descensoda qualidadedo ensino.Parator-narcompatvelo prolongamentoda obrlgaloriedade,cujaconvenin-ciadifcilde negar,comadefesadaordemconhecldaevalorizadanocultural-pedaggico,soluoa que se recorreem algunssistemas,ereclamadapor muitosprofessores,a segregaodeviasparalelascomcontedosdiversificadosparaumamesmafaixadeidade,desortequeamaiorhomogeneidadedecadaviasatisfaaaspretensesda normaliza--o edahierarquizaoBc.admlcaesocial.Essasegregaoinevitvel?

    O espritodo ensinoobrigatriono resideemdizera cadaaluno...................._ .... ----.-.. .. ~

    o quevaleem rela-oSeXlgenciasnormativas,que,como elabora-esculturais,so semprearbitrrias,massimdeveriaenriquec-Iaa

    pa.rtiu:!.o.l)'{~14?m queseenconlraE!,jp.,qy.aJ.f?.!tl2.~!fu..O EnsinoMdio 'quesetransformaemobrigatriopassaa serumaeducaogerale assimdeveserentendido:vlidoparatodos.Masa realidadedequea educaosecundriaou mdiaa ante-salado EnsinoSuperiornopodefazercomquepercaseucarterpropeduticoacadmico,o quereclamaum currkuJo J:)eculiare um certonvelde exigncia.

    GRADUAR A ESCOLARIDADE OBRIGATRIA FACILITA OPROGRESSO ORDENADO, MAS REGULA UM RITMO PARAOS ESTUDANTES, QUE SO DIFERENTES ENTRE SI2

    A diferenae a desigualdadeso realidadescom as quais a escolaobrigatriadevecontar,massotambmalgocriadoporsuasprticasdeorganizao,A atenoradicalmenteindividualizadaimpossvele

  • A EnUCAO OBRIGATRIA: SEU SENTIDO EDUCATIVO E SOCIAL 83

    terde serdosadaconformeasdiferentesnecessidadesde alunosou

    gruposespecialmentenecessitados.A escolauniversalpossvelimplica\trataralunosemgrupos.As primeirasescolaseramgrandessalesqueacolhiammaisde

    meiacentenade estudantes.Na medidaem que a aflunciadestesaumentoue a faixade idadedos mesmosse ampliou,como conse-qnciada prolongaoda etapade escolaridadeobrigatria,a Insti-tuioescolartevede adotarfrmulasdetratamentodiferenciadoemrelaoaosalunos.Asnovasformasinslitucionalizadasdeabordaresse

    desafiotiveramapoiosfundamentais:a) o desenvolvimentoda psico-~[ogiaevolutivaediferencial,eb)a instauraodaracionalidadetayl~rjsta,nasorganizaesindustriaismodernasqueirradiaramseusesquemasa outrosmbitos,comoo escolar.A racionalidadeeficienteparaessemodeloorganizatlvobaseia-sena divisode processoscomplexosdetransformaoem aesparciaisencadeadasgradualmente,espe-cializandoos tratamentosa cargode espeCialistasrreinadosem cadauma das tarefas,disciplinas,cursos,etc.A Idiade graduarno eranovanaeducao,emboraa modernaorganizaoescolarquesecon-cretizaremum modelocompletoo ser,comoespecializaogradu~adado currfculo,parcelamentodo mesmoemespecialidades,divisoseqencialdesteao longoda escolaridadeeclassificaodosestudan~tesem "fases"paraa suaeducao.

    A E.s.!.cologia...9~tficafundamentoua importnciade consideraro queaconteceno interiordaquelequeaprende,oferecendo-nos,atra-vsde seuolhar,umavisocadavezmaisminuciosada diversidadepsicolgicaentreindivduose sobrea evoluodiacrnicadecadaumdeles.Para a compreensoda variaointerindividuale Inrra-indivi-dualestabelecida na compreensocientficado sujeitoseguiram~seastentativasde adaptarsistematicamenteo tratamentopedaggicodasdiferenasdetectadas.Primeiro,busca-seo,diagnstlco,depoisajust~-

    ,seo tratamento.Esseesquematemumalongahistriaeseprojet'c,'mprticasmultodiferentes:desdeo desenhode instruoquesepropeemalgumasorientaesdapsicologiasprojeesqueseextraemdoestudode estilosde aprendizagem,ou"ase.xperj~nciasde programasestruturadosdeacordocomcadaestudantenaeducaoespecial,etc.O movimentoparaessaracionalidadeapareceno princpiodo sculo,comClaparede,paida idiadeumaescolana medidada criana:

    '. ,..,--,,_ ....

  • 84 Jos~GIMENO SACIlISTN

    " ,odiretorde circoexplorar,emcadaumadesuasferas,a aptidoque renda mais;a maiscondizentecom a naturezado animal.Tirarpartidodasmosdo macaco,da trombado elefante,da aptidodo ca-chorropara a corrida,ete.,e no exercitara focano lrapzio,nemocavaloemsaltosperigosos.Sabe muitobemque agindoassimencaminha-separaum fracassoseguro.

    Os educadores- infelizmente,no podemosdizer "conhecedoresde crianas"- deveriamseguiro modelodessesconhecedoresde ani-mais (1920,p.18)

    ComoresultadodaconOunciaentrea perspectivadaracionalidadetay!oristada escolarizaoe do currculocom a visopsicolgicadacriana,o conceitode educando diversificado.em funoda etapaescolarpejaqualpassa,porsuaidadeesegundoaspossibilidadesque capazdedesenvolver,deacordocomascapacidadessingularesquepossuiem cadamomento.O alunosercompreendidoem funodealgumascoordenadasconceituaisqueo diferenciam(etambmo classificam)emetapas.cursosacadmicos.idadesmentaise de instruo,emadiantadose atrasados(emrelaoao cursotpicodo desenvolvimentoou dos ritmosde progressoprevistos),em normaise anormaisouempossuidoresde capacidadesespecficasqueos lransformamemseresclassificados.mais que apreciados por suas originalidadesirredutveisa tipologiasdealgumaespcie.

    A escolana medida da cria~a foi entendida.~m..pri.mgjLo-ll;!9~J,comoumainstffuio'apropriadaparo educando,comoalgumque diferentedos adultos,pois um ser que evolui. Essa ltimaidiaconduzao estabelecimentode umalinhade progressono desenvolvi-mentoque seruma categoriaessencialpara a percepoe o trata-mentoda infncia(commatizesimportantesseglmdoasescolaspsico-lgicas).O aluno deveser tratadode acordocom a diversidadedeestgiospelosquaispassano cursode seu desenvolvimentopara amaturidade,porqueemcadaum delesh possibilidadesdistintas.

    A escolana medIda da criana foi entendida,elTl.,segu,t:l,1oh:!9M.de modoa levarem consideraoos nveisdesiguaisde intelignciageral,assimcomo a variedadedas aptidesespecficasde cadaum.Tudo isso,geralmente,soba hiptesede queascategoriasdesujeitossoperdurveis.As aptides,paraClaparede(1920,p.7).eramdisposiesnaturaisa seremconduzidasde certamaneira,a compreender

  • A EDUCAO OBRIGATRIA: SEU SENTIDO EDUCATIVO E SOCIAL 85

    ou sentircom prefernciaalgumascoisasa outras,a empreenderal~gunstrabalhosou outros.Cada um temsua natunzzae deveriasertratadodeacordocomela.O desenvolvimentoposteriorda psicologiaedapedagogiadiferenciaistentariaevidenciaraspectosquedistinguemalgunsindivduosde outrosemqualidadee grau:detecodefatoresda intelignciageral, traos diferenciaisde personalidade.estiloscognitivosdiversificados...comocategoriasemquesebaseiamtrata~mentoseducativosadaptados peculiaridadede cadaum.O sistema

    ..Q,t:l,,l?iN,~L!T.!~t~fIl..Ji.c1~,p~i~9m~t~,coma utilizaoda curvanor~mal cabea,foide importnciacapitalparadefinirnormasestatsti-casnaspopulaese seusdesviosindividuaisem numerosasqualida.desda psique.

    Titone(1966,p.208),emumdostratadosdidticosdignodemen. o no pensamentodidticosistematizado,afirmavaquea$ol~ll~a_diferenruti.reclamauma pedagogiae uma didticadiferenciadas.O

    medirou simplesmenteo diagnosticarou o avaliar- basede todaaidiadapedagogiadiferencialcientfica- sodifceisdesemanterempurasprticasdeconhecimentodosestudantes,sema utilizaoparaoutrosfins.Na pretensodeconhecero estudantenohnadaperver-so,o importantea utilidadedadaaosdiagnsticos.

    .A_Y:'ri~QiI,idage.(diversJdpl~)evo.luvae,i),'dife,t:enc;ia.,Qquantita-

    tivu?.glJa!lt~.tiva,das~~i9!:~entreos sujeitosso os eixosc'nt,issobreosquaisfoi construidoo edifcioterico-prticodo sistemaesco-lar modernoque hojeconhecemos,comsuasformasde organizaointerna,seumodode organizaro currculoe osmtodospedaggicos.A mentalidadepedaggicadosprofessoresbaseia-senessesdoiseixosfundamentalmente.Multasse imaginam"especialistas"de umareaou disciplinado currculocujadocnciadevaserdirigidaa gruposdealunoso maishomogeneizadospossveis(querseagrupemsegundoaidade,a capacidadeou o nvelde rendimento).A diversidadenaturalda qual falamos,A singularidadede cadaindivduo,seroentendidase se reagirdiantedelasdo ponto de visla de sua classificaoemcategorias,a singularidadesertoleradaapenasna medidaem queno ultrapasseos limitesde variaoque no distoramo trabalho"normalizado"comcadacategoriaclassificada.

    Todac~~s';!~C2.~2temdoisefeitossobrea percepoe o manejonasescofSoa heterogeneldadede estudantes.Por umlado,ao distri

  • 86 JOSE GIMENO S"CRISTN

    bulremcategoriasou nveisos indivduos,umaparteda diversidadeou variabilidadenaturalabsorvidaou normalizadapor mecanismosqueequivalema colocarcadaum na categoriaque lhe corresponda.Se a variedadenatural no esgotaas categoriasde classificao,outraparteda variabilidadepermaneceremformade "rudo",queafetartoda a engrenagemescolare as prticasdocentes,ou seja,diferenairredutvel continuarexistindo.Da amplitudeda normadependera absoro- maior OU menor- variabilidadeconsidera-da como normal.

    A escolagraduada(queclassificaos estudantesdurantetodaa",..: .l.-~_.":~

    escolaridade)hoje modelouniversaldeorganizao.Esta,semrefle-tir em sua dinmicaum pensamentocientficoconcreto. a frmulaque,de maneirageral,concretizaa seqnciado desenvolvimentoor-denadoe normalizadoda educao.Acreditarque a cadaestgiodaevoluodo sujeitoou quea cadanvelde competnciaexigveldevacorresponderuma localizaoparticularno sistemaeducativo umaderivaodo fatode pretenderumaescolasobmedida.Os professoresp.arecemterperdidoa capacidadeprofissionalde trabalharcoma'diversidade,se estano for reduzidaa algum tl'po"d'C1assifiadestudantes.A graduao umadasprimeirasrespostaspara''ordenar''a complexidadeprovocadapelavariedadeevolutiva,graasao esta-belecimentodeumuniversomanipuJveldecategoriasdentrodasquaisosestudantesficamclassificados.A diversidade,nessecaso,nometada educao,masrealidadeque h de governarcom procedimentosque lornamvivel uma forma ele entenderti orgollizai\odo traba-lho escolarnumainstituiocoletiva.A essnciada graduao,afir-mavaRufinoBlanco no inciodo sculoXX (citadopor Vifiao, 1990.p. 83), eraa classificaodas crianaspelo critrioda idade,geral-mente.lendo-se utilizado tambmoutros critriosmais refinados,como a idade mental,a idade de ensino e certascapacidadesounfveisno rendimentoprvio.A hiptesede correspondnciaa umestadode maturaodeterminadono processoevolutivo sustentaessafrmulasimplificadorada heterog~neidade,ainda que no ca-rentede problemas.

    O modelode graduaomaiscomumbaseia~seno perodoanode uida-anode escola,que corresponde transmissode partesdocurrfculo.Essemodelode "graduaopor idade".convertendoo grau

  • A EDUCAAo OBRIGATRIA; SEU SENTIDO EOUCAT/VO E SOCIAL 87

    em unidade curricular, impelido por um objetivo: a busca dahomogeneidadedos estudantesato limitedo governvel para me~lhorarascondiesdo trabalhopedaggico,agrupandoosalunosporcompetnciase nveisde ensinocujodesenvolvimentoconsiderado,.dealgumaforma,ligado evoluodaidade.O crescimentodapopu-laoemgrandesncleosurbanospossibilitariaa realizaocompletado modelo.3

    A diversidade inevitvelem uma escolaridadeprolongada euniverSllizada,queerainterceptadagraasgraduao,levavaconsigoarespedivadeterminaode nveisde exignciaparacadagrau,o quedavalugaraoestabelecimentodenfveisde"excelncia"estipuladoscomonormaisparaosestudantes.Graduaodotempodaescolarizao(paraclassificarossujeitos),desenvolvimentodocurrculo(tambmgraduadoeespecializado)e progressodo sujeitopormeiodasaquisiesquerealiza(progressoda i'lprendizagem)sotrsprocessosdiacrnicos,aosquaisseconsideracomo se ocorressemde forma cadenciada,ainda quecorrespondendoadiferentesrealidadesqueseconfundem,tanloemnos~sasmentescomona prtica.Considerara existnciadeumalinhaidealunindoostrsprocessosimplicaesquecerasvariaesindividuaisemre-laoa qualquerlinhadeprogresso,que tnexis!ente.

    A graduao,como inevitvelrequerimentodecompetnciase co-nhecimentosquedevamseradquiridosemcadagrau,deulugara outrotipodediversidade:o desvioindividualemrelao normapelas desi-guaisrespostase acomodaodosalunosseqnciade graus.A es-colaridLlcle,no ficareslruturadaemumaordenaolineardeperodosquecorrespondemaumaseqnciadeparlesdo currculo,o queesta-belecea ordemda aprendizagem, construfdacomo uma idiadeprogressolineara quesetendera vercomonaturale universal;portanto,exigvela todos.Acompanharoslimitesdesseeixode idade,deconhecimentoexigrvele de ritmode desenvolvimentodefinea nor-malidade.Aquelesquesarremda padronizaonormativa,aquelesquenoseguiremo ritmoe a seqGncia,caemna "anormalidade",sejaemsuareanegativa(os "atrasados",05"manter",os fracassa-dos,os reprovados),sejaemsua reapositiva(os "adiantados",ossuperdotados",os notveise destacados).Quantomaiorfor a frag~mentaodo eixode progresso,maismarcosaparecero paraesta-belecercontrolesde passagem(sejamestesexplcitosou implcitos)

  • 88 Jos~ GIMENO SACruSTN

    e maisocasiesteremosde toparcoma diversidaderebelde norm",construda.O sistemaescolarea mentalidadepedaggicaprofissional,frutoda socializaoquegera,criam,assim,o rtulode sujeitosdife-rentesque,no ensinoconcebidocomodireitouniversal,setraduzem,paradoxalmente,na sinalizaode desigualdades.

    Conceitoscomo os de ano acadmico, cursos (grupode discipli-nasou reaspor ano) e aprovao de ano, junto comos de disciplina(ou tpicoconcretoquedeveserdesenvolvidoem um dado momen-to),programao linear, horrio fragmentado paratarefasde curtadurao,daropassagemaoutrascategoriascomfortesimplicaesparaos sujeitos:adiantamento,atraso,xito ou fracasso escolar,normalida-de e anormaldade,criandoumar~dede conceitosque governl\maescolarizaoe as mentalidadesdaquelesquedelaparticipam,comoos pais,os estudantese osprofGssores.O fracassoOll mesmol "exce-lncia"acadmicasopurasderivaesdo funcionamentodasescolas(Perrenoud,1996).A fllosofiaqueexaltea oportunidadede quetodosprogridam,ou a queversesobreo valordo indivduo,sualiberdadeesuaautonomiasevemanuladasou muitolimitadas.

    Algumasatividadesacadmicasou tarefastambmnormalizadas(quantoa seucontedo,temporequeridoparaseudesenvolvimento,com meioshomogneospararealiz-Iase idnticonvelde exignciaparatodos]foramestabelecendoum modo,papT9t,1iz,adode trabalhodosprofessores(Gimeno,1988l.A diversidadede prticaspdggr:casqueacumulaa experinciahistricadosprofessores perdidadi-antede toda essahomogeneidadepretendida,Essaperdaserumadascausasdaf~lt.agey'~(iedCldede ','ambientesdeaprend\zageJTl:'nosquaissepoderiaveracolhidaa diversidadedeestudantes.Q.p.E..olessorfiapresoem,relao..possibilidaede.fle)sjpilizarsuaprtica;emuitoda sabedoriaqueos sereshumanospossuem"p~itlesivrver.seemsituaesde complexidadena vidacotidianafoi perdidapelosprofes-sores.

    As reaesa essastendnciasdominantesforamde dois tipos:1)incrementarainda maisa regulaoestabelecida,classificandocommaisprecisoe diagnosticandoos sujeitosmaisexaustivamenteparalocalizlosna posioque "Ihescorresponde";2) dando "marchaar" e tornandomaisflexveisasclassificaesnaspautasda organiza-oescolar,reagrupandoemciclosmaislongoso tempodeescolarizao

  • A EDUCAO OBRIGATRIA: SEU SENTIDO EOUCATIVO E SOCIAL 89

    (ciclosdevriassries,emvezdo prototpicosrie-ano),diversificandoo tratamentopedaggicodentrode agrupamentosflexveise aumen~tandoaSopesparacadaestudante,deformaquesepossaexpressarnelasa diversidade(Santos,1993).Essesegundogrupode solues,almde enfrentara mentalidadee os usosestabelecidos,requerumaorganizao escolar mais complexa, exige uma reconversodaprofissionalizaodocentee maisdispendiosoquantoaosmeiosma-teriaise pessoaisrequeridos.

    . Flexibilizaragraduaoequalqueroutrotipodeclassificaoemumsistemafeitoapartirdapretensocontrrianoserfcil,mascondioparaacomodar-sea umadiversidadequenopodesertotalmenteanula~du classificandoos eslud"ntesem categorias.Qualquerpretensodehomogeneidadeapoiadanaclassificaodesujeitossingularesportantosmotivos~ uma impossibilidade,alm de rejeitilvelquando supehierarquizaodaqualsederivealgumestigmaparaospiorclassificados.

    No se deveapelars experinciasda escolasemgraus ou deprogressocontinuado,na qual os estudantespassamde sriesou n-veisa outrosconformeo ritmoindividualdo progressopessoal.paracompreender as dificuldades de implantao desses modelosdesreguladoresda ordem constituda.BastareGqrqLf.Ul"'8~J.Qlalinopernciade efeitospedaggicosda idia de ciclo em educo

    fun~~mentaI a Esp~n~..(gL!.e:.~J:~m~.s.i.ri~I.!!~c~~?_:Sr9.,,~r~.~i.~f?)ao longo dos ltimos quase trinta anos, alm da distribuiodocurrculo prescritopela Administrao.A idia de ciclo combateataylorizaodo currculoe do tempoescolar,refreiaos efeitosper-niciososda tendncia especializaodosprofessores,daacolhidaa rit-mosdiferentesdeaprendizagemesobramoportunidadesparaqueproliferemoscontrolesseletivosa partirdosquaissoestabeJecidasashierar-quins.

    Essesproblemasocorrememtodoosistemaeducativo,desdeaesco-lu infantilata universidade,masseusignificadomuitodiferente,Inde-pendentede quese tratede um nvelobrigatrioou no,No casodaobrigatoriedade,necessitamosde mecanismosde tolernciadiantedosdesnveisinevitveisdianteda normaestabelecidanalinhadeprogressodocurrculo,Se progredirdominarumcontedomultoespecfico,igualparatodos,comumnveldeaproveitamentomultobemdefinido,ento,nosestudantes,seroproduzidosgrausdeacomodaomultodesiguais,

  • 90 JosGIMENO SACRISTN

    pois tmdiferentescapacidades,gostose nveisde motivao.Se onvelescolarno qual issoseproduztemumatradioseletiva(casodobachillerato,por exemplo),a normaserutilizadacomessepropsito:sepoderescolheraquelesque "passam"e aquelesquenopoderofaz-Ia.Esses..mecanjsmos.reguJadoresdadiversificaode estudantesprovocadapela org'lnizaocurriculare escolarso explcitos,masagem,sobrewi,o,porquepassarama fazerparteda mental)da9,edosprofessores4que os vivenciarampor muitofernpo. ..

    FORMAS DE ABORDAR A COMPLEXIDADEPROVOCADA PELA DIVERSIDADE

    Os professoresno podempermanecerno papeldesimplesvigilantesde todosessesprocessosreguladosde classificaoe de normalizaoparaseremjufzesdos "bons"e dos "maus"estudantes.Deverocolo-car em prtica solues capazes de abrandar essa dinmicahierarquizadorae excludente.O princpioquedizqueumapedagogiaque trataigualas desiguaisproduzdesigualdadee fracassoescolarecontinua valendo para que se busque estratgiaspedaggicasdiversificadas(Perrenoud,1995e 1996),a fimdequea diferenciaono introduzamaisdesigualdade.Diversificarna escolaobrigatria,quetema metaessencialda desigualdade,supe,emprimeirolugar,introduzirfrmulasde compensaoem cadasalade aula, em cadaescolaou foradela.Depois;-miao mesmotempo,temsentidofavore-cera singularidadeindividual,a visoda aprendizagem- comoumaconstruoem cadasujeito- guiadapor umaavall~o contnuadecarterformativo,seguindoa idiadeque,naflexibilidade,somelhoracomodadasos sujeitosdiferentes.Nos casosextremos,um currculoestritamentecomumparatodoseemtodososseuscomponentespodeseruma propostainvivel.Nos casos-limite,serprecisoestabelecerop~s ou currculosparaas necessidadesparticularesde estudantescomatrasosmuitosignificativos,mas,na medidado possfvel, difcilqueessaprticano resulteem umrlulodesujeitosisoladosdosde-mais.A segregaodeveserevitadacomumapedagogiaque tratedasdiferenasaproveitandoa flexibilidadequepermiteodesenvolvimentodo currculo.Como indicaa Figura5.1,h diferenlesopes.Defender

  • A EDUCAO OBRIGATRIA: SEU S!:NnOO EOUCATIVO E SOCIAL 91

    Curriculocomumflex(vel

    Educaoniveladora

    ~~s.unifrmizadornsDesenvolvimentocurrlculare

    aprendizagemheterogneos

    Educaoniveladora

    ~et&~ago~~ Desenvolvimento- : ,Ivergenes .; currlcular

    EducaodesigU~T . E~ucaodiferente e aprendizagemcompedagogias compedagogias homogneos

    divergentes uniformlzadoras

    Currculodiferenciado

    Figura 5.1 - Diversificara pedagogiaou lornaro currrculodiferente? it

    umcurrculocomumnosignificainexoravelmenteprovocarumape-dagogiaquehomogeneize,mascomotalefeitoacontece,tambmpodedar-sea partir de um currculodiferenciado.A dimensobipolardocurrkulocomumou do diferenciado,pO'l'umlado,ea dimensopeda-ggicacomos plosda homogeneidadee da divergncia(quantoaodesenvolvimentodo curr(culoe suaaprendizagem),por outro,podemcruzar-se,resultandosituaesprticasdistintas.Deve-seindagarso-breaspossibilidadesde uma'prticaquediversifique,masquemante-nhaa19ualdadedo currculocomum.

    Um ensino estritamenteindividualizado,tal como o pensavaDottrens(1949),por meiode fichasou guiase planosdetrabalhoelaboradosparaalunosdeterminados,apenasumrecursoe umaestra-tgiavivelparasituaespontuaise paraestudantescomnecessida~des muitoespecficas(sejapor sua excepcionalidadepor dficitsdeaprendizagem,sejapelo fato de tercapacidadessuperioress dosdemais,que tambmdevemserlevadasemcontapor umapedago-gia para a diversidade).O ensinoauto-administradosegundoo ritomo de aprendizagemde cada um (contedosproporcionadospormeiode computador,por exemplo) um recursotil,masno umasoluogeralpara o problema.Acreditamosque sejamaisprtico,ainda que se tratede Idiase de princpiosgerais,caminharpelaseguintevia:

  • 92 JOS GIMENO SACRISTN

    1) Debatere alcanarconsensossobreo que deve ser comumL..----paratodos,distinguindo-osdaquiloque,aindaquesendovalioso,nodevafazerpartenecessariamentede umcurrculocomum.Essaopera-oafelatantoo planodedecisesdepolticageralcomoa programa-orealizadapelasescolase quloque o professorfazem cadamo-mentoemsalade aula.Noscontedose objetivosquedevamserco-muns,as estratgiaspara difere!J.fjartmde serencaminhadasparaquetodosalcancemo domniodo "bsico"emumgrauaceitvel,parao qual,necessariamente,deverserempregadomaistempoe recursosparaalgunsestudantesdoqueparaoutros.No casodecontedosno-comuns(podendoincluir-seaqui as atividadesextra-escolares,mat-riasopcionais,partesdeumamatriade estudo,leituras,ete.),poss-veleconvenienteestimulara diversificaonamedidadaspossibilida-des.Essecurrculocomum,formuladoe desenvolvidode maneirafle-xveldevedar contado pluralismosociale cultural,admitindoasdife-renasentreculturassemrenunciar universalidadede muitascarac-tersticasculturaise de certosobjetivosbsicos.

    2) A diversidadedossujeitosdeveserrespondidacomadiversifi-caoda pedagogia.As tarefasacadmicasdefinemmodosde traba-lfre de j5render,permitemutilizardiversosmeios(sairou no foradas salasde aula), criamambientesde aprendizagemparticulareseconstroemmodelosde comportamentodiantedosquaisas individua-lidadesse adaptammelhorou pior (Gimeno,1988).Uma pedagogiaparaa diversidadeno podeserapoiadana homogeneidadede for-masdetrabalharqueexijamde todoso mesmo.Umensinodiversooudivergente positivopara todos,como afirmaPerrenoud(1996,p.29), quandoas atividadese as interaesque se estabelecemfazemcomquecadaestudanteseencontreemcondiesdidticaspropciasparaele,ou seja,quesemprepossaobteralgumproveitodo quefaa,sejaqualfor o nvelde competnciado qualparta.Diversificarritmos~~.!:!9izagem, proporatividadesvariadas,trabalharemJ9JJJQ....deprojetos~_de.Q.1!~q.o?spossibilidadesde cadaum, implantarqualquertrnil-ddaque.amplie.a.~':~Qriii~)deTdeprogresso"estabelecidadeformargida difcilquandodisped"cLido'sp'-detempo.5

    3) Escolaseprofessoresdevemviabilizaro livreprogressodosmaiscapazesnaturalmente,alimentandoos interessesdo estudante,abrin-do-lhescaminhos e proporclonando-lhesrecursos:O professor,ainda

  • A EDUCAO OBRIGATRIA: SEU SENTIDO EOUCATIVO E SOCIAL 93

    que sejaconscienteda diversidade.inevitavelmente,deve trabalharcom um '~alu.!!~mdio"duranteboa partede seutempo,o que nodeverepercutirno emprobrecimentodos 4lmelhores"e na desatenodos "lentos". precisodistribuiros recursosdocentes,em geral,e adedicaodecadaprofessor,emparticular,emfunodaspossibilida-desou necessidadesde cadaestudante,provendo-sede instrumentospar? ~trabalhoindependentee criandoclimasde cooperaodentreestudafiles,"enlreoutrasmedidas.Quererensinara todos

  • 94 JOSE GIMENO SAcIllsrAN

    /- .ACESCOLA EBbIGA.E COMPREENsnjkcoMo

    -------" -----,,~'"-... '-0 .... , .. - . ". ---"

    RESPOSTA AS DESIGUALDADES E AS DIFERENAS

    A diversidadee asdesigualdadesentreestudantessoaspectosquesemanifestamem cadaescolae em cadasalade aula.So desafiose

    fontededificuldadesparaa organizaodasescolas,parao desenvol-vimentodo currculoeparaosmtodospedaggicos.O problematemumamanifestaoprviasuaconsideraonessesplanos:a existnciadeescolasdiferentesentresi, porqueacolhemestudantesdesiguaise diferentes.Essadessimetria produzidaespontaneamentepelo fatodeasescolasestaremlocalizadasemcontextossociaisdiferen1es,o quef.1zcomquea populaoescolarquefreqentacadaescolatenhacon-diespeculiares.As desigualdadesquesubjazem distribuiogeo-grficada populaose traduzemem desigualdadesentreescolaslo-calizadasemdiferenteszonas:ruraisou urbanas,situadasemsubrbiosouemreasresidenciais,localizadasemzonasdediferentenveisdedesenvolvimento,etc.Uma escolapblicaem um subrbiode umagrandecidadeacolheestudantesmuitodiferentesdaquelesde outrocontextomaisfavorecido:essasdesigualdadessociaisdo lugara ou-trassimtricasnasescolas.Essa umaevidnciadecomo,partIndodaeducao,nose podecombaterasdesigualdadessociais.Poucopo~demosfazera partirda prticaeducativa,almde terconscinciacrtica dessasrealidadese estabelecerpolticase prticaseducativascom-pensat6ria~que possamservirde paliativo- m'snHimedjai.....:-sdesiguldadesexternass escolas.

    Produzem-seoutrosmuitoscasosde desigualdadepor meioda"especializao"de escolasem tiposde estudantesprovocadosporcausaseconmicase ideolgicas.As segregaesemrazodaraa,daetniaou da religioforame so freqentes.Um exemplomuitoade-quadoparaevidenciaras resistnciasideolgicasem mudaressasse-gregaesoferecidapelahistriada co~educao..Em nossatradioculturale escolar,sedmentou-sea prticasegregacionistade gneros,apoiadaemvaloresmoraise religiososemrelaoao sexo6,quedeixou umalongaseqelade incompreensosobrea igualdadee a dife-renaentresujeitosde gnerodiferente.Porsorte,hojeseadmilea co-educaocomo algo normale desejvel,mas a luta pela "mistura"socialnessesentido- um exemplode luta pela igualdade- contou

  • A EDUCAO OnRIGATRIA: SEU SENTIDO EDUCATtVO E SOClI\L 95

    com fortssimasresistnciasideolgicas.Muito podeserdito sobreaintegraoderaasemumamesmaescolaou sobreconfissesreligio-sas.A lutapor umaescolalaicaqueneutralizeas diferenasde credotemaindaum longocaminhoa percorrer.

    A diferenciaode tiposde estudantesentreasescolaspblicaseprivadasconstituiumdoscasosmaisuniversaise freqentesdesegre-gaode clientelase de desigualdaderealdianteda educao.En-quantoa populaoquefreqentaasescolasprivadaspertencea umaclassesocialmaisaltado queaquelaqueassistemsescolaspblicas,estamosdiantede um sistemaeducativoque, formalmente,parecenivelador,aindaquecontinuemantendoemseuseioimportantesde-sigualdades.A escolapblicaumaapostahistricaa favorda igual-dade,porquepossibilitao acesso educaoquelesque no tmrecursosprprios,e o ,almdisso,porqueneladeveterguaridatodaa diversidac;lede estudantes,pois um modelohistorlcamentemaisintegradordas diferenas.Se no se mantmos niveisd~qualidadeequiparadosaosdasescolasprivadas,seestarproduzindoumadesi-gualdadediantedo direitofundamental educao. precisotornarcompatfvela igualdadede todosdianteda educaocom o reco-nhecimentoda pluralidadede opese de modelosde escola,consideradoscomo necessriospara garantira expressodemocrticada liberdadedos pais de escolhero tipo de educaopara seusfilhos(Gimeno, 1998a).

    Osmodelosinstitucionaisdeescolaea liberdadeparacri-Iasedelesparticiparnopodemmenosprezaro direitoeducaoemcondiesdeigualdade.QueremosdizerquenecessriaumaescolanIca, igualparatodos,na qualnosepermitamcondiesdesiguaisquerepercutamemgrausdequalidadediferentes.Essaunlcfdadenocausadauniformida-detemidapelospartidriosdeevitaro predomniodeumaescolacomaintervenodo Estado(poispodeficaremboapartenasmaosdacomu-nidade).Tampoucocontrriaaopluralismoquedesejademocraciaple-na, nem obstculoparatole,rare atestimulardiferenasentresereshumanosou diversidadesdeorientaesmetodol6gicas.

    A frmulade organizaocomumenteadotadaparaa realizaodessa filosofia ..a.~,~a'!lad~..~sc:o.!~,P-'?lTI1?r.t::~.!1,~t~~",cuja principalcaracterstica a manutenode todos os estudantesjuntos, semsegreg-Iasporespecialidades,nempornveisdecapacidade,aosquais

  • . 96 JOS GiMENO SACRISTN

    se lecionaum currfculocomum,sejaqual forsuacondiosocial,degnero,decapacitao,decredoreligioso,ele,Constituiumdos moti-vosdepolmicamaisvivasno debalesobreaspolticaseducativas.Oprincpiode ompreensividaiefavprecea "mistura"social,razonaqual resideuma_oaas suasprincipaisvi~tudes:qud"tamb'mmotivoparaa rejeiode outrossetoressociaiscontrriosa essemodelo.Talprincpio respeitadosempreparao EnsinoFundamentalnossistemaseducalivos,masnouniversalno EnsinoMdIo,aindaqueestesejaobrigatrio.Quandoseaplicaa este,seoptapor faz-Iasoba frmulade umtroncocomumno currculo,semexcluirpartesdiferenciadas,Aeducaocompreensivaevitaqueosestudantesdeumamesmaidadesedividamem tiposde escolasde currculoe destinossociaisdiferen-tes(bachil/erato e formaoprofissional,por exemplo),atrasandoaescolhasobreo tipode ensinoquesev cursar,

    Notas

    I O lemadasdiferenasenlreculturasesuasimpllca~esparaaeducaoobrigal-riademasiadocomplexoparasertratadoneslereduzidotrabalho.

    2 Partedasidiasexposlasneste':apluloforamdesenvolvidas'emoulrolrabalho(Gimeno.1999b).

    3 NaEspanha,atadcadade60,comaconfiguraodeescolasdeEnsinoFunda. mentaldecertotamanho- oschamados"agrupamentosescolarescompletos"-,nosepdedispordecondiesparaquecadaanodeescolaridadecorrespondessea Umgrau,umasaladeaulae umprofessor.No bachUleralo,a frmulado anoligadoaalgumasexigenciascurrlcularesdeterminadasanterior.

    4 EsteproblemaafetaemcheioaexperienciaespanholadeampliaodaeSColarida-deobrigatriaatos16anos.O professoradodeensinomdioestavaacostumadoaosesquemasde organizaocUrriculardo bachillerato(caracteri;:adosporumanormalvidadecurricularmuitodefinida,centradanoscontedosdasclsslc;asdis-ciplinas)eao usoda normacurrlcularcomfinsselellvos.Noesqueamosqueobochilleralofoihistoricamentea anle-saladoensinosuperior.Agora,essesprofes-soreslmde ensinarestudantesquenoestoselecionadosentreos 12e os 16anosequeapresentamnfveis'muilodesiguaisquantospossibilidadesdeseguirumcUrrkulotonormalizado.O conl1itanoplanodoaulocanceiloprofissionalenodamarchadasaulasseproduzaoterdeadaplarospadresde"rendimentoqueseconsideravamideais"paraoulTosmaisdiversificados,notoacadmicos",pe.losquaispossampassarestudantesqueapresenlamcaractersticasmuitodislintasunsdosoutros,semquesejameKdufdosdoensinoobrigatrio.

  • A EDUCAO OBRIGATRIA: SEU SENTIDO EDUCATIVO E SOCIAL 97

    S surpreendentea foraquetevea "horado relgio"nohorrioescolar,quesetransformouemsucessodehoras.

    6 Emumtextobsico,muitodivulgadonaformaodosprofessoresespanhisdu,ranteasdcadasde50e 60 [SanchzBuchn,C. (1963),Curso de pedagogfa.Madrld,Publicaesda InstituioTeresiana,17D edio],eranosapresentadaadoutrinadePioXlsobreacoeducaocontidaemsuaendcllcaDivlnlll/fusMaglstrl.(" errneoe pernicioso educaocristo mtodochamadoco-educao...OCriadorordenouedispsaconvivnciaperfeitadossexossomentenaunidadedomatrimnioegradualmenleseparadanafammaenasociedade").A partirdesseditame,o te>