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ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL – ESAB CURSO DE MBA EXECUTIVO EMPRESARIAL EM GESTÃO DE LOGÍSTICA EMPRESARIAL EDSON RENATO PRIEBERNOW LETTNIN GESTÃO DE CUSTOS LOGÍSTICOS COM ÊNFASE NO CÁLCULO DO QUILÔMETRO RODADO VILA VELHA - ES 2011

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ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL – ESAB

CURSO DE MBA EXECUTIVO EMPRESARIAL EM GESTÃO DE

LOGÍSTICA EMPRESARIAL

EDSON RENATO PRIEBERNOW LETTNIN

GESTÃO DE CUSTOS LOGÍSTICOS COM ÊNFASE NO CÁLCULO D O

QUILÔMETRO RODADO

VILA VELHA - ES

2011

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EDSON RENATO PRIEBERNOW LETTNIN

GESTÃO DE CUSTOS LOGÍSTICOS COM ÊNFASE NO CÁLCULO D O

QUILÔMETRO RODADO

Monografia apresentada ao Curso de MBA Executivo Empresarial em Gestão de Logística Empresarial da Escola Superior Aberta do Brasil como requisito para obtenção do título de Especialista em Logística Empresarial, sob orientação da Prof. Ms Janaina Costa Binda.

VILA VELHA - ES

2011

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EDSON RENATO PRIEBERNOW LETTNIN

GESTÃO DE CUSTOS LOGÍSTICOS COM ÊNFASE NO CÁLCULO D O

QUILÔMETRO RODADO

Monografia aprovada em de 2011.

Banca Examinadora

VILA VELHA - ES

2011

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família e a todos profissionais que atuam no ramo da

Logística, em especial aos caminhoneiros que participam com dedicação da atividade

de transporte rodoviário, superando as dificuldades do setor.

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RESUMO

Palavras-chave: Logística. Custos. Quilômetro.

O maior custo na logística pertence ao transporte, sendo um tema que gera dúvidas na metodologia a ser utilizada. O setor logístico está em expansão em empresas que buscam qualidade no atendimento à seus clientes, seja na prestação de serviços ou satisfação direta aos consumidores. Na busca por essa qualidade são necessários investimentos em processos e equipamentos que geram custos adicionais representativos na avaliação final. Para demonstrar o custo do transporte, realizou-se uma avaliação das metodologias de gestão de custos logísticos com enfoque no custo do quilômetro rodado e aplicado o método dos custos desagregados na empresa Costa Sul Transporte e Logística Ltda. Utilizou-se como referência o veículo de transporte rodoviário da empresa, sendo identificados os custos diretos e indiretos inerentes à atividade, realizado um levantamento dos valores dos componentes necessários para a conservação e utilização do veículo e por meio de um software, realizado uma planilha demonstrativa do custo do quilômetro rodado. Isso possibilita à empresa uma análise completa da atividade, pois ao prestar um serviço, tem condições de presumir seu lucro real, além da identificação dos insumos pertencentes ao custo final.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Composição Percentual de Cargas no Brasil – 2000 .................................... 14

Figura 2: Custo do quilômetro rodado ........................................................................... 45

Figura 3: Custo fixo mensal ........................................................................................... 46

Figura 4: Custo variável por quilômetro rodado ............................................................ 47

Figura 5: Custo indireto mensal ..................................................................................... 48

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Cálculo do custo fixo mensal do veículo ....................................................... 32

Tabela 2: Preço dos itens que compõem os custos variáveis ....................................... 37

Tabela 3: Cálculo do custo variável por quilômetro rodado .......................................... 38

Tabela 4: Cálculo do custo indireto por quilômetro rodado ........................................... 42

Tabela 5: Custo total do quilômetro rodado .................................................................. 43

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 9

CAPÍTULO 1 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................. 13

1.1 SISTEMA DE TRANSPORTE ................................................................................. 13

1.2 MODALIDADES DE TRANSPORTE .......................................................................13

1.2.1 Transferência ...................................................................................................... 14

1.2.2 Distribuição ......................................................................................................... 15

1.3 GESTÃO EMPRESARIAL .................................................................................... 15

1.4 GESTÃO DE FROTAS ............................................................................................ 16

1.5 GESTÃO DE CUSTOS ............................................................................................ 17

1.5.1 Gestão de custos logísticos ............................................................................... 19

1.5.2 Metodologias de gestão de custos .................................................................... 20

1.5.2.1 Método do Comprimento Virtual......................................................................... 21

1.5.2.2 Método do HDM-Q............................................................................................. 21

1.5.2.3 Custos Desagregados........................................................................................ 22

1.5.2.3.1 Custos diretos e indiretos................................................................................ 23

1.5.2.3.2 Custo fixo e custo variável............................................................................... 23

1.6 CUSTOS DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO........................................................... 25

1.6.1 Custos diretos ..................................................................................................... 25

1.6.1.1 Custos variáveis................................................................................................. 26

1.6.1.2 Custos fixos........................................................................................................ 27

1.6.2 Custos indiretos .................................................................................................. 30

CAPÍTULO 2 ANÁLISE E DESCRIÇÃO DOS DADOS ................................................. 31

2.1 CUSTOS DIRETOS.................................................................................................. 31

2.1.1 Custos fixos ......................................................................................................... 31

2.1.1.1 Demonstração dos cálculos do custo fixo mensal do veículo............................ 32

2.1.1.1.1 Cálculo do custo de capital.............................................................................. 32

2.1.1.1.2 Cálculo dos itens 2 a 4.................................................................................... 35

2.1.2 Custos variáveis .................................................................................................. 36

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2.1.2.1 Cálculo do custo variável.................................................................................... 37

2.1.2.1.1 Demonstração dos cálculos presentes na figura 4.......................................... 39

2.2 CUSTOS INDIRETOS.............................................................................................. 41

2.2.1 Demonstração dos cálculos presentes na figura 5.......................................... 42

2.2.1.1 Item 1 – Pró-labore............................................................................................. 42

2.3 CUSTO DO QUILÔMETRO RODADO..................................................................... 43

2.4 DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS................................................................. 44

2.4.1 Custo total do quilômetro rodado ...................................................................... 44

2.4.1.1 Custo fixo mensal............................................................................................... 45

2.4.1.2 Custo variável ................................................................................................... 46

2.4.1.3 Custo indireto..................................................................................................... 47

CONCLUSÃO ................................................................................................................ 49

REFERÊNCIAS.............................................................................................................. 51

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INTRODUÇÃO

A gestão de custos está presente nas empresas que buscam os melhores resultados

em sua atividade, sendo indispensável para tomada de decisão, controle das operações

e apuração do lucro. Neste contexto, estão empresas de transporte rodoviário que

atuam no setor logístico e geralmente não possuem um controle de custos apurado que

possibilite determinar com precisão o lucro do serviço prestado.

Em consequência a esse fato, o referente trabalho expõe a importância da gestão de

custos utilizando-se de metodologias para o cálculo do custo do quilômetro rodado dos

veículos da Empresa Costa Sul Transporte e Logística Ltda.

PROBLEMA

Qual a metodologia adequada para o cálculo do custo do quilômetro rodado dos

veículos da empresa Costa Sul Transporte e Logística?

JUSTIFICATIVA

O mercado de transporte rodoviário exige uma série de ações e uma delas é a gestão

dos custos operacionais. Mais importante do que implantar um sistema de apropriação

de custos operacionais é a capacidade do gestor lidar com os números ou relatórios

gerados pela metodologia de custeio implantada na empresa.

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Desse modo, a mensuração do custo do quilômetro rodado pelo veículo de transporte

rodoviário da empresa possibilita a avaliação do valor do frete oferecido pelo mercado,

bem como auxilia na análise para a aquisição de insumos com valores mais acessíveis.

Assim, o estudo é condizente com as necessidades da empresa, pois possibilita a

análise financeira de sua atividade, evidenciando os prováveis riscos financeiros e

auxiliando em futuras tomadas de decisões.

OBJETIVO GERAL

Analisar as metodologias de gestão de custos logísticos com enfoque no cálculo do

custo do quilômetro rodado dos veículos da empresa.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Descrever gestão de custos logísticos;

b) Listar as metodologias para cálculo de quilometragem;

c) Indicar a metodologia cálculo de quilometragem mais adequada para a Empresa

objeto de estudo.

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METODOLOGIAS

Tipo de Pesquisa

Conforme Vianna (2001), a pesquisa será aplicada, pois proporcionará conhecimentos

para aplicação prática dirigidos à solução dos problemas específicos.

Será realizada uma pesquisa bibliográfica para descrever a gestão de custos com

enfoque na identificação das diversas metodologias existentes para o cálculo do custo

do quilômetro rodado dos veículos da empresa.

Também será utilizada a pesquisa documental com abordagem quantitativa, pois

envolve dados numéricos que serão trabalhados e tem como finalidade a mensuração e

ou comparação das informações.

Coleta de Dados

Os dados serão coletados nos relatórios, tabelas, notas fiscais da empresa e

levantamento dos preços dos insumos nas concessionárias dos veículos de transporte,

caracterizando uma análise documental.

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Análise dos Dados

Os dados serão tabulados em software Excell e serão apresentados em forma de

tabelas e gráficos, possibilitando a identificação dos principais insumos que compõem o

custo do quilômetro rodado dos veículos da empresa.

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CAPÍTULO 1 REVISÃO DA LITERATURA

1.1 SISTEMA DE TRANSPORTE

O transporte é o meio de suprimento e abastecimento de bens e insumos que as

regiões necessitam, como também permite a exportação de seus produtos,

desempenhando um papel importante no desenvolvimento econômico do país.

Segundo Alvarenga e Novaes (2000), o sistema de transporte refere-se a todo conjunto

de trabalhos, facilidades e recursos que compõem a capacidade de movimentação na

economia. Esta capacidade implica o movimento de cargas e de pessoas, tornando-se

importantíssimo no sistema de logística em razão dos impactos que produz nos custos,

no nível de serviço e nas demais variáveis que compõem o sistema.

1.2 MODALIDADES DE TRANSPORTE

Segundo Valente, Passaglia e Novaes (1997), a maior parte da movimentação de

cargas é realizada por cinco modos básicos de transporte: rodoviário, ferroviário,

dutoviário, aquaviário e aeroviário. Esses meios de transporte normalmente são

coordenados por agentes de transporte (pessoas que agenciam as cargas),

transportadoras ou associações de transportadores.

A figura 1 demonstra a participação dos modos de transporte na movimentação de

cargas no Brasil, evidenciando a alta representatividade do sistema rodoviário.

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Figura1: Composição Percentual das Cargas no Brasil - 2000 Fonte: GEIPOT (2000)

Conforme Valente, Passaglia e Novaes (1997), o modo rodoviário é o mais expressivo

meio de transporte de cargas do Brasil e atinge praticamente todos os pontos do

território nacional. Com a implantação da indústria automobilística na década de 50 e a

pavimentação das principais rodovias, o sistema expandiu-se de tal forma que hoje

domina amplamente o transporte de mercadorias do país.

Como o trabalho refere-se ao transporte rodoviário de cargas, foi abordada somente

essa modalidade, sendo que existem dois tipos de transporte de produtos: a

transferência e a distribuição ou entrega.

1.2.1 Transferência

Para Alvarenga e Novaes (2000), a transferência corresponde ao deslocamento de

produtos entre um único ponto de origem e um único ponto de destino da rede logística.

Normalmente os carregamentos são plenos, ou seja, o veículo transporta uma carga

completa entre dois pontos.

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Quando a intensidade de fluxos comporta esse tipo de transporte, há vantagens em

adotá-lo, como mencionado a seguir:

a) Utilização de veículos maiores, de custo unitário mais baixo;

b) Melhor uniformidade da carga, levando a um melhor arranjo da mesma; e

c) A velocidade comercial entre a origem e o destino é maior (ALVARENGA;

NOVAES, 2000).

1.2.2 Distribuição

Conforme Alvarenga e Novaes (2000, p. 86), “distribuição é o deslocamento de

produtos a partir de um único ponto da rede (armazém, centro de distribuição),

destinada a diversos clientes e executada numa única viagem ou roteiro”. Há roteiros

de entregas regionais, servindo cidades de certa região, bem como os roteiros urbanos,

em que o veículo visita uma determinada parte de uma cidade (bairro, associação de

bairros, etc.) (ALVARENGA; NOVAES, 2000)

O processo de coleta de mercadorias é inverso ao da entrega, ou seja, a partir de dois

ou mais pontos de origem são apanhados os produtos, que vão para um depósito ou

armazém para transferência e/ou distribuição. (ALVARENGA: NOVAES, 2000)

1.3 GESTÃO EMPRESARIAL

A gestão empresarial baseia-se nos conjuntos de ações e procedimentos

administrativos que tem como objetivo o cumprimento das metas da organização.

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Conforme Costa (2007, p.55),:

gestão é a forma de acrescentar novos elementos de reflexão e ação sistemática e continuada, conduzida e suportada pelos administradores da organização, a fim de avaliar a situação, elaborar projetos, acompanhar e gerenciar.

Desse modo a gestão possui como referência as funções da Administração, que são o

Planejamento, Controle, Organização, Coordenação e Liderança. No âmbito

empresarial a função que se relaciona com o assunto em questão é o Controle, pois

acompanha, compara e toma decisões para a correção dos problemas.

Para a logística, a gestão do transporte está relacionada com o controle, pois é um dos

pontos estratégicos que devem ser considerados para a eficácia da empresa.

1.4 GESTÃO DE FROTAS

O termo gestão de frotas representa a atividade de reger, administrar ou gerenciar um

conjunto de veículos pertencentes a uma mesma empresa. Esta tarefa tem uma

abrangência que envolve o dimensionamento, especificações de equipamentos,

roteirização, custos, manutenção e renovação de veículos. (SEST SENAT, 2008)

Segundo Bertaglia (2003), a gestão de frotas é um componente importante no processo

de administração dos transportes, já que a movimentação de carga tem um peso

significativo na formação de custos logísticos e na qualidade do serviço, uma vez que é

atividade final da cadeia de abastecimento e reflete a imagem da empresa aos clientes.

O mercado de prestação de serviços no transporte está em ascensão, o que causa um

crescimento no número de empresas, ocasionando a transformação do proprietário

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autônomo do veículo de transporte em empresas familiares sem o conhecimento dos

conceitos administrativos para a gestão de sua frota.

Sendo assim, a gestão de custos é um dos conceitos mais importantes que as

empresas, independente de seu porte, devem aplicar em sua metodologia de trabalho.

1.5 GESTÃO DE CUSTOS

Segundo Ludícibus (1998, p.113), a palavra custos na linguagem comercial significa

“quanto foi gasto para adquirir certo bem, objeto, propriedade ou serviço. A noção de

custo, portanto, está ligada à consideração que se dá em troca de um bem recebido.”

À medida que as atividades empresariais tornaram-se complexas seus gestores

prescindiam de informações disponíveis e precisas para subsidiarem o processo

decisório. A contabilidade, fonte fiel do registro dos fatos contábeis, não espelhava a

dinâmica dos acontecimentos tanto econômicos quanto financeiros. Assim o gestor

necessitava de dados estruturados de forma a lhe fornecer informações precisas sobre

os resultados da atividade e dos projetos da organização.

Segundo Martins (2003) a Contabilidade de Custos surge como uma forma de

solucionar os problemas e avaliar os investimentos e os resultados proporcionados

pelos projetos, relacionados às empresas industriais.

Entretanto com o avanço e a multiplicidade de negócios em todas as vertentes

econômicas, como na prestação de serviços, na área bancária, em seguros, hospitais e

em transportes onde não há estoque para se mensurar o lucro da atividade, assume a

contabilidade de custo um papel relevante no processo decisório, onde se avalia a

receita auferida com os custos incorridos. (MARTINS, 2003)

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No âmbito organizacional as empresas necessitam um controle de suas atividades

financeiras para projetar o seu futuro e demonstrar a seus proprietários a situação em

que se encontra no contexto global. Desse modo, podem tomar as decisões que são

necessárias para o crescimento da empresa. Esse controle deve ser exercido pelo

administrador financeiro da organização.

Conforme Masakazu (2001), o administrador financeiro tem as seguintes funções:

a) Análise, planejamento e controle financeiro;

b) Tomadas de decisões de investimentos; e

c) Tomadas de decisões de financiamentos.

Através desses procedimentos é possível o administrador financeiro decidir sobre o

melhor método de gerenciar os recursos da organização, pois a área de finanças é

fundamental para o alcance dos objetivos econômicos da empresa, que é a

maximização de seu valor de mercado em longo prazo.

Segundo Gitman (2004, p. 04), finanças são:

a arte e a ciência de administrar os recursos financeiros de uma organização, preocupando-se com os processos, os mercados e os instrumentos necessários para a movimentação de dinheiro entre indivíduos, empresas ou órgãos governamentais.

Para isso necessita informações para avaliar o destino do investimento e de que modo

será esse processo. Dentre algumas informações, estão os custos que compõem a

atividade da organização

Em todas as organizações o controle dos custos deve ser realizado para projetar os

lucros, pois está diretamente relacionado com a execução da atividade.

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Conforme Alvarenga e Novaes (2000), os custos constituem a soma dos insumos, ou

seja, todos os recursos necessários para a execução de uma atividade, como por

exemplo, a mão-de-obra, energia, peças, manutenção, equipamentos, instalações fixas,

etc. Estes insumos devem ser avaliados monetariamente para compor o custo total.

Dependendo do método, da sua composição e de outros fatores, podem-se definir

diversos tipos de custo, cujos conceitos são importantes para a solução de problemas

logísticos.

1.5.1 Gestão de custos logísticos

Os custos logísticos estão relacionados a todas atividades de uma empresa, ou seja,

fazem parte do custo final do produto, por esse motivo existe a constante busca pela

excelência na prestação dos serviços de maneira a atender eficientemente os clientes.

Desse modo, conforme Castiglione (2008), a logística agrega valor aos produtos e bens

de uma empresa, utilizando para isso a redução do prazo de entrega, a disponibilidade

de produtos, cumprimento do horário determinado e facilidade de colocação de

pedidos.

Para atender os clientes em todos estes itens a logística possui quatro elementos que

compõe os custos logísticos, descritos a seguir. (CASTIGLIONE, 2008).

a) Custos com processamento de pedidos: a apuração dos custos com

processamento de pedidos é realizada com base na atividade de ressuprimento

e venda, ou seja, na compra de matéria-prima e nos pedidos dos clientes, sendo

também importante para o feedback pelo serviço prestado ao consumidor;

b) Custos com armazenagem: o armazém cumpre a função de fornecimento de

matéria-prima ao fabricante e serve de elo entre o fabricante e o consumidor,

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pois em alguns casos, não se conhece o consumo exato de um produto em

determinado período. Esse período e a quantidade de produtos armazenados em

conjunto com seu acondicionamento e movimentação geram à empresa um

custo adicional que deve ser mensurado para compor o custo total logístico.

c) Custos com estocagem: os custos de estocagem estão relacionados ao nível de

consumo de matéria-prima para o produto final, ocorrendo uma oscilação

proporcional ao nível de segurança mínima, até um valor máximo de estoque,

podendo prejudicar o capital de giro da empresa.

d) Custos com transporte: o transporte é responsável por grande parte dos custos

logísticos, sendo que as organizações podem possuir sua frota própria ou

terceirizar o serviço de modo a atender as exigências dos clientes. No Brasil o

transporte cargas é realizado, em sua grande maioria, pelo modal rodoviário, em

decorrência da quantidade de rodovias existentes. Para mensurar os custos

deste modal, existem diversas metodologias, como mencionadas na sequência.

1.5.2 Metodologias de gestão de custos

Atualmente o mercado determina o preço, exigindo que as empresas previnam e

controlem os seus custos em busca de maior competitividade. Desta forma, é

indispensável desenvolver um sistema eficaz de orçamento, para que a empresa possa

obter o máximo rendimento dos recursos empregados e o equilíbrio de suas finanças.

È através do sistema de orçamento que o gestor irá fixar e definir as metas a atingir.

Portanto, é imprescindível que se faça uma boa previsão dos custos de operação dos

veículos, utilizando métodos de cálculo do custo do quilômetro rodado.

Valente, Passaglia e Novaes (1997) mencionam que os métodos mais utilizados são os

seguintes:

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1.5.2.1 Método do Comprimento Virtual

Este método utiliza resultados de testes de fábrica e levantamentos realizados no Brasil

e exterior, utilizando fórmulas mecanísticas e empíricas da literatura técnica, que

permite o cálculo para cada tipo de veículo, com base em rodovias com condições

ideais de tráfego, comprimento virtual, características condicionantes de uma rodovia e

fatores virtuais (VALENTE; PASSAGLIA; NOVAES, 1997).

Para Valente, Passaglia e Novaes (1997) o método do comprimento virtual é

consagrado, mas sua utilização é destinada para cálculos de projetos de rodovias, pois

foi elaborado tendo como base veículos que não estão mais em circulação ou com

tecnologias ultrapassadas, o que ocasiona imprecisão nos cálculos.

Como pode-se observar, sua utilização está voltada para órgãos rodoviários e não para

empresas de transporte que necessitam constante atualização nos métodos de

cálculos.

1.5.2.2 Método do HDM-Q

O modelo HDM-Q (Highway Design and Maintenance Standards Model) foi

desenvolvido pelo Banco Mundial em diversos países, entre eles o Brasil com a

finalidade de determinar os custos operacionais dos veículos. Este método diferencia-

se do método do Comprimento Virtual porque os custos operacionais são determinados

utilizando como referência as condições reais das rodovias e não as condições ideais

estipuladas para a realização dos cálculos. (ALVARENGA: NOVAES, 2000)

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Para determinar as condições reais é necessária a realização de um levantamento das

características físicas e geométricas das rodovias, o que dificulta a apuração dos

custos, pois o Brasil possui uma topografia diversificada nas regiões onde o transporte

está presente. A exemplo do método do comprimento virtual, o modelo HDM-Q também

tem sua aplicação direcionada para órgãos rodoviários, pois necessita de dados e

características das rodovias para determinar o cálculo. (ALVARENGA: NOVAES, 2000)

1.5.2.3 Custos Desagregados

Diferentemente dos métodos descritos anteriormente, o método dos custos

desagregados baseia-se em parâmetros médios de consumo, tendo como base a

apropriação de cada componente do custo, que podem ser a depreciação, combustível,

pneus, manutenção, etc.. A aplicação do método dos custos desagregados utiliza

alguns conceitos financeiros, como custos diretos e indiretos, sendo amplamente

utilizado para determinar o custo do quilômetro rodado de veículos de transporte.

(ALVARENGA: NOVAES, 2000)

Desse modo serão abordados a seguir os conceitos pertencentes a esse método, que

será utilizado neste trabalho.

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1.5.2.3.1 Custos diretos e indiretos

Os custos fazem parte do processo produtivo, para Alvarenga e Novaes (2000), a

indústria ou empresa de serviços apresenta certos tipos de insumos diretamente

alocados às atividades produtivas. Há, por outro lado, certas despesas que estão

relacionadas à empresa no seu todo, sendo comuns a diversos setores produtivos.

Para Martins (2003, p.48), “os custos diretos são diretamente apropriados aos produtos,

bastando haver uma medida de consumo (quilogramas de materiais consumidos,

embalagens utilizadas, horas de mão-de-obra utilizadas e até quantidade consumida)”.

Segundo Perez, Oliveira e Costa (2003, p.25), “os custos indiretos não são

perfeitamente identificados nos produtos ou serviços, não podendo ser apropriados de

forma direta para as atividades específicas, ordens de serviço ou produto”.

Valente, Passaglia e Novaes (1997) citam como exemplo os custos com os motoristas,

o combustível gasto, o custo de capital dos caminhões, como itens diretamente

alocáveis à produção do setor logístico. Já os setores de contabilidade, de vendas e de

recursos humanos são relacionados com a empresa no seu todo. As despesas geradas

pelo primeiro tipo de insumo são denominadas de custos diretos; as do segundo tipo

formam os custos indiretos.

1.5.2.3.2 Custo fixo e custo variável

Os custos fixos e variáveis compõem os custos diretos, já que estão diretamente

relacionados à produção ou prestação de serviço.

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Para Masakazu (2001), o custo fixo é aquele que se mantém constante todos os

meses, não varia conforme a produção e o custo variável é alterado proporcionalmente

conforme a produção.

Martins (2003, p.50), afirma que “a classificação de custos fixos e variáveis leva em

consideração a unidade de tempo, o valor total de custos com um item nessa unidade

de tempo e o volume da atividade”.

Segundo Alvarenga e Novaes (2000), os custos se relacionam com diversas variáveis

operacionais, mas normalmente uma se destaca em relação às outras. Por exemplo, o

custo do transporte rodoviário de carga se relaciona fortemente com a distância

percorrida (quanto mais longe, mais caro será o transporte) e com o tempo de viagem

(quanto mais demorada a viagem, maior o custo). Assim, as despesas com combustível

estão fortemente correlacionadas com a distância; o salário do motorista, por sua vez,

está relacionado ao tempo.

No caso do transporte rodoviário de carga, a quilometragem percorrida, ou seja, a

distância, explica mais os custos do que o tempo de viagem. Além disso, o tempo de

viagem e a distância percorrida estão fortemente correlacionados entre si, pois, quando

a distância é longa o tempo também é longo e vice-versa. Por isso, podemos tomar a

distância percorrida como variável básica de referência.

Uma vez escolhida a variável que melhor explique as variações de custo, os custos

diretos poderão ser classificadas em dois grupos. Existem aquelas que praticamente

não dependem da distância percorrida. Essas formam os custos fixos. As que variam

diretamente conforme a distância é denominada de custos variáveis.

Como o tema do trabalho é sobre o transporte rodoviário de cargas, a seguir serão

mencionados os custos relacionados ao assunto.

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1.6 CUSTOS DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO

A análise dos custos é importante em qualquer organização, assim como no transporte

rodoviário, pois está sujeita a despesas previsíveis e não previsíveis em decorrência do

meio a que está submetida.

Segundo Alvarenga e Novaes (2000) os custos do transporte rodoviário de cargas são

denominados diretos e indiretos.

1.6.1 Custos diretos

Os custos diretos são aqueles que se relacionam diretamente com a função produtiva,

no caso, o transporte de mercadorias. (ALVARENGA: NOVAES, 2000). São eles:

a) Depreciação do veículo;

b) Remuneração do capital;

c) Salário e gratificação de motoristas e ajudantes;

d) Cobertura de risco (seguro ou auto-seguro);

e) Combustível;

f) Lubrificação;

g) Pneus; e

h) Licenciamento (ALVARENGA: NOVAES, 2000)

Os custos diretos podem ser divididos em custos variáveis e fixos.

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1.6.1.1 Custos variáveis

Conforme Alvarenga e Novaes (2000, p. 04), “os custos variáveis são aqueles que

variam de acordo com a distância percorrida pelo veículo, medida através da

quilometragem registrada no odômetro, instrumento localizado no painel do veículo”.

Os custos variáveis são os seguintes:

a) Combustível;

b) Lubrificação;

c) Manutenção; e

d) Pneus. (VALENTE; PASSAGLIA; NOVAES, 1997)

Prosseguindo com a idéia de Valente, Passaglia e Novaes (1997) é possível definir o

custo de cada item mencionado, sendo necessário para isso, seguir alguns

procedimentos descritos na sequência.

Para se determinar o custo de combustível, divide-se a quilometragem percorrida pelo

total consumido, obtendo-se assim a média de quilômetros por litro. Como exemplo, ao

percorrer 500 km com um consumo de 250 litros de combustível, obtém-se a média de

2 Km/l. Se o preço do combustível for de R$ 2,00, o custo do quilômetro rodado para o

consumo de combustível será de R$ 1,00.

O custo de lubrificação deve ser calculado tomando-se as despesas correspondentes a

uma operação de lubrificação: mão-de-obra, graxa, óleo lubrificante, filtros, etc., e

dividindo o total em reais pela quilometragem média entre lubrificações sucessivas.

(VALENTE; PASSAGLIA; NOVAES, 1997)

A manutenção do veículo se processa de forma variada ao longo de um período de

tempo. Algumas despesas só vão ocorrer mais tarde, quando o veículo já rodou

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bastante, é o caso, por exemplo, da retífica do motor. Será necessário, portanto,

mensurar a durabilidade dos componentes junto aos fornecedores, que pode ser

expressa em quilômetros rodados. Com os valores das peças e da mão-de-obra para o

serviço, calcula-se o custo da manutenção com base na quilometragem mensurada

anteriormente.

No caso dos pneus, é necessário fazer um levantamento da duração média de um pneu

correspondente a sua posição de rodagem, em quilômetros, levantando também a

quilometragem útil adicional que se consegue com uma recapagem. Somam-se, então,

o preço do pneu com o valor da recapagem, e divide-se pela soma da quilometragem,

obtendo-se, assim, o custo unitário correspondente.

1.6.1.2 Custos fixos

De acordo com Valente, Passaglia e Novaes (1997), os custos fixos são:

a) Depreciação;

b) Remuneração de capital;

c) Cobertura de risco;

d) Sistemas de rastreamento;

e) Impostos do veículo; e

f) Despesas administrativas.

Para obter-se a remuneração de capital, deve-se entender o que é custo de capital.

O conceito de custo de capital é normalmente associado ao retorno que determinado

investimento deve proporcionar, sendo a taxa de retorno que uma empresa precisa

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obter sobre seus investimentos para manter inalterado o valor de mercado de suas

ações.

Para Gitman (2004, p.402), “custo de capital é a taxa de retorno que uma empresa deve

conseguir nos projetos em que investe para manter o valor de mercado de suas ações.

Reflete ainda o custo futuro médio de fundos no longo prazo”. Representa assim a

expectativa de retorno do capital investido em um determinado projeto e está associado

ao risco econômico e ao risco financeiro do empreendimento.

Gropelli e Nikbakht (1998) mencionam que custo de capital é a taxa de retorno que uma

empresa deve proporcionar aos investidores de forma que estes venham a investir nas

ações dessa empresa ou que venham adquirir outros papéis, pois o custo de capital é

uma referência a ser coberta pela empresa a fim de mantê-la permanentemente

lucrativa.

Conforme Alvarenga e Novaes (2000), quando a empresa realiza um investimento em

equipamentos ou outro bem qualquer é necessário calcular um custo mensal

equivalente ao capital investido. Isso porque o valor total do investimento não pode ser

apropriado de uma só vez no mês em que foi realizada a operação de compra. O

correto é estimar a vida útil do bem e calcular a parcela de custo do capital a ser

alocado a cada período unitário de tempo, o mês, por exemplo. Para isso devem-se

considerar os custos financeiros incorridos.

Segundo Valente, Passaglia e Novaes (1997), a equação a seguir demonstra a

depreciação e a remuneração do capital investido em um único cálculo.

C = (I – R) . FRC + R . j

Onde:

C : Custo de capital;

I : Investimento para adquirir um veículo novo;

R : Valor residual do veículo;

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FRC : Fator de Recuperação do Capital

j : Taxa de oportunidade, em porcentagem, dividida por cem.

Esse valor é então somado aos demais custos operacionais, de forma a se chegar ao

custo total.

O valor residual (R) é o valor de revenda do veículo após um período (n), pois nada é

jogado fora, se um veículo deixou de ser útil para a empresa, ele poderá ser adquirido

por outra pessoa ou organização, passando a servir a outro dono.

O Fator de Recuperação de Capital (FRC), segundo Valente, Passaglia e Novaes

(1997),, é dado por:

FRC = j . (1+j)n

(1+j)n -1

Com relação ao salário e obrigações com o motorista, deve-se acrescentar sobre os

valores básicos os encargos sociais, tais como: férias, décimo terceiro, fundo de

garantia, etc.

Para a cobertura de risco, a forma mais comum é o seguro do veículo e da carga. No

caso do seguro do veículo e do sistema de rastreamento, a empresa paga um prêmio

anual às companhias, cujos valores devem ser então ser divididos por doze para se

obter o custo mensal. No seguro da carga, existem empresas que prestam esse serviço

de acordo com a avaliação do produto a ser transportado, e o seu custo é pago pela

transportadora.

Para compor o custo do transporte rodoviário de carga, o uso de uma planilha facilita o

cálculo e a atualização dos valores resultantes, bem como auxilia a avaliação do valor

oferecido pelo mercado para a prestação do serviço de transporte.

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1.6.2 Custos indiretos

Para Alvarenga e Novaes (2000), existem outras despesas que não se relacionam

diretamente com a produção/operação. Por exemplo, a contabilidade da empresa, o

setor de pessoal, a administração de maneira geral (diretoria, vendas, finanças,

cobrança, etc.). Os custos dessas atividades são denominados custos indiretos e

variam de empresa para empresa em função do tamanho, da estrutura empresarial, etc.

No caso abordado os custos indiretos da atividade de transporte são compostos pelo

pró-labore, contas telefônicas, encargos sociais, férias, salários dos motoristas e

contabilidade, já que não existem gastos com aluguel e despesas decorrentes da

administração de uma empresa maior.

Para a elaboração da planilha de cálculos, realizou-se um levantamento dos preços dos

insumos dos veículos (pneus, lubrificação, peças de reposição, manutenção, etc.) e as

despesas administrativas, demonstrados a seguir.

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CAPÍTULO 2 ANÁLISE E DESCRIÇÃO DOS DADOS

O valor do quilômetro rodado é composto por custos diretos e indiretos. Para a

realização dos cálculos, elaborou-se uma planilha dos custos, tendo como exemplo os

veículos da empresa, os quais foram a referência para obtenção dos valores dos

insumos. Salientamos que a metodologia utilizada para esse cálculo pode ser

empregada para outros veículos, observando as particularidades de cada caso. Para

elaboração da planilha, utilizou-se como referência apenas um veículo, sendo que os

custos indiretos foram rateados entre os veículos pertencentes a empresa.

2.1 CUSTOS DIRETOS

Conforme descrito no item 1.6.1, os custos diretos estão relacionados diretamente à

atividade produtiva, que no caso abordado é o transporte e são compostos por fixos e

variáveis.

2.1.1 Custos fixos

Os custos fixos abrangem o custo de capital, IPVA, licenciamento, seguro obrigatório,

seguro do veículo, INSS do motorista e sistema de rastreamento do veículo. Esses

dados foram obtidos por meio de uma pesquisa documental na empresa. A figura a

seguir demonstra a apuração dos custos fixos para o veículo, objeto do presente

estudo, com ocorrência mensal. Na sequência são descritos os procedimentos e os

conceitos adotados para essa apuração, possibilitando o entendimento do processo.

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Tabela 1: Cálculo do custo fixo mensal do veículo.

Custo fixo mensal a b c=a*b

Item Descrição Período (meses) Valor do

Coeficiente Custo mensal

insumo R$ R$

1 Custo Capital 60 450.000,00 0,01273984 5.732,93

2 IPVA,licenc.e seg.obrig. 12 2.748,07 0,08333333 229,01

3 Reserva p/seguro 12 12.800,04 0,08333333 1.066,67

4 Rastreamento 12 2.436,00 0,08333333 203,00

Total custo fixo mensal 7.231,61

Quilometragem média mensal: 11.294

Custo fixo R$/Km: 0,6403

Fonte: Costa Sul Transporte e Logística Ltda. Nota: Elaborado pelo autor.

2.1.1.1 Demonstração dos cálculos do custo fixo mensal do veículo

Visando uma demonstração didática dos cálculos realizados, a seguir discrimina-se a

maneira como foram tratados os dados para a obtenção do custo mensal.

2.1.1.1.1 Cálculo do custo de capital

Segundo Valente, Passaglia e Novaes (1997), custo de capital é o valor necessário

para recuperar o investimento, devido à depreciação e também para remunerá-lo

adequadamente no período definido, também denominado de custo de oportunidade.

Conforme descrito no item 1.6.1.2, o custo de capital é a taxa de retorno que uma

empresa precisa obter sobre seus investimentos para manter inalterado o valor de

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mercado de suas ações. Neste caso, em específico, para manter inalterado o

investimento realizado na aquisição do veículo.

A equação a seguir demonstra a depreciação e a remuneração do capital investido em

um único cálculo.

C = (I – R) x FRC + R x j

Onde:

C : Custo de capital;

I : Investimento para adquirir um veículo novo;

R : Valor residual do veículo após um período “n”;

FRC : Fator de Recuperação do Capital

j : Taxa de oportunidade, em porcentagem, dividida por cem.

O investimento inicial (I) para a aquisição de um veículo zero quilômetro em maio de

2008, marca Scânia, modelo G420, incluindo as carretas denominadas Bitrem, foi de

R$ 450.000,00, segundo informações obtidas nos documentos da empresa.

O valor residual (R) é o valor de revenda do veículo após um período (n), pois se o

veículo deixou de ser útil para a empresa, ele poderá ser adquirido por outra pessoa ou

organização, passando a servir a outro dono. Neste caso corresponde a 76,89% do

investimento inicial (I) após o período “n” de 60 meses, conforme revistas

especializadas e concessionárias.

O fator de recuperação de capital (FRC) é dado por:

FRC = j x (1+j) n

(1+j)n -1

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Conforme Valente, Passaglia e Novaes (1997), o fator de recuperação de capital (FRC)

transforma um valor atual (I-R) em quantias iguais para “n” períodos (mensais), a uma

determinada taxa de juros. No caso em análise, transformará a diferença entre o

investimento inicial e o valor residual do veículo, após “n” meses, em parcelas mensais

que, somadas, deverão repor essa desvalorização.

A taxa de juros (j) aplicada para o cálculo foi de 12,55% a.a. (0,9901% a.m.) baseada

na Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), a qual é definida como custo básico dos

financiamentos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento ( BNDES ).

Desenvolvimento do cálculo:

C = (I – R) x FRC + R x j

FRC = j x (1+j) n

(1+j)n -1

R = 0,7689 x I

I – R = I x 0,2311

j = 0,009901

FRC = 0,009901 x (1+0,009901)60

(1 + 0,009901)60 – 1

FRC = 0,022184

C = (I x 0,2311 x 0,022184) + (0,7689 x I x 0,009901)

C = I x ((0,2311 x 0,022184) + (0,7689 x 0,009901))

C = I x 0,012740

I : Investimento inicial = R$ 450.000,00

Coeficiente = 0,012740

C : Custo de Capital = 450.000 x 0,012740

C = R$ 5.732,93

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2.1.1.1.2 Cálculo dos itens 2 a 4

O cálculo do custo mensal dos itens 2 a 4, é realizado da mesma forma, diferenciando-

se apenas no seu valor de insumo. Desse modo será demonstrado apenas o cálculo do

item 2, ou seja, o IPVA do veículo.

Período: 12 meses;

Valor do insumo (valor pago em 12 meses): R$ 2.748,07;

Coeficiente:

12 meses --- 2.748,07 R$ = 1 mês x 2.748,07

1 mês --- R$ 12 meses

R$ =0,08333333 x 2.748,07;

Coeficiente: 0,083333333;

Custo mensal do IPVA: 0,08333333 x 2.748,07= R$ 229,01.

O custo fixo total mensal corresponde à soma dos valores do custo de capital, IPVA,

reserva para seguro, INSS do motorista e sistema de rastreamento, ou seja,

R$ 7.231,61.

Para determinar o custo fixo mensal por quilômetro rodado, é necessário utilizar a

média mensal de quilômetros rodados, obtida por meio da quilometragem total do

período analisado.

Quilometragem total: 79.060 Km;

Período: 07 meses;

Quilometragem média mensal: 79.060 Km / 07 meses = 11.294 km;

Custo fixo mensal: R$ 7.231,61;

Custo fixo total R$/Km: 7.231,61/ 11.294 Km = R$ 0,6403.

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2.1.2 Custos variáveis

Os custos variáveis são aqueles que variam conforme a distância percorrida pelo

veículo e compreendem o desgaste de componentes de reposição e despesas

decorrentes da atividade de transporte, como por exemplo, combustível, imposto de

renda, pedágio e comissão do motorista. (VALENTE; PASSAGLIA; NOVAES, 1997)

Para o cálculo do preço dos itens de reposição do veículo, ou seja, as peças e

componentes que necessitam ser substituídos devido ao desgaste natural de

funcionamento é necessário a obtenção dos preços nas Concessionárias da marca

Scania

A tabela a seguir demonstra o preço de cada produto específico do caminhão marca

Scania, modelo G420, ano 2008.

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Tabela 2: Preço dos itens que compõem os custos variáveis.

Descrição Qtde Unidade Preço

Unitário Total

Óleo lubrificante 35 litros 9,63 337,17

Óleo transmissão 32 litros 12,04 385,28

Filtro óleo combustível 1 - 75,00 75,00

Filtro óleo lubrif./reparo 1 - 55,17 55,17

Filtro de ar 1 - 271,42 271,42

Filtro racor 1 - 63,31 63,31

Filtro óleo caixa 1 - 104,77 104,77

Correia 1 - 206,22 206,22

Pastilha de freio cav. D 1 eixo 140,00 140,00

Lona de freio cavalo T 2 eixo 147,08 294,16

Lona de freio carreta 4 eixo 97,00 388,00

Bateria 1 - 771,45 771,45

Fluído de freio 1 litros 16,37 16,37

Pacote reforma motor 1 - 11.893,98 11.893,98

Pneu dianteiro 2 - 1.106,67 2.213,33

Pneu tração 4 - 2.413,33 9.653,33

Pneu truck 4 - 2.156,67 8.626,67

Pneu carreta 16 - 1.986,67 31.786,67

Fonte: Concessionárias da marca Scania e Lojas de Auto Peças. Nota: Elaborado pelo autor.

2.1.2.1 Cálculo do custo variável

A tabela a seguir demonstra a apuração do custo variável, compreendendo os impostos

da empresa, combustível, pedágio, custos de manutenção e os componentes

especificados na tabela 2.

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Tabela 3: Cálculo do custo variável por quilômetro rodado.

Custo variável a b c d=a/b e=c*d

Item Descrição Quantidade Km Valor do

Coeficiente Custo

percorrida insumo R$ unitário

1 Impostos (mês) 1 11.294 1.168,00 0,00008854 0,10341774

2 Pedágio (mês) 1 11.294 333,00 0,00008854 0,02948468

3 Combustível (litros) 1 2,05 2,15 0,48780488 1,04878049

4 Manutenção 1 79.060 2.650,00 0,00001265 0,03351885

5 Óleo lubrificante (litros) 35 15.000 9,63 0,00233333 0,02247778

6 Óleo transmissão (litros) 32 120.000 12,04 0,00026667 0,00321067

7 Filtro óleo combustível 1 30.000 75,00 0,00003333 0,00249989

8 Filtro óleo lubrif./reparo 1 15.000 55,17 0,00006667 0,00367822

9 Filtro de ar 1 90.000 271,42 0,00001111 0,00301581

10 Filtro racor 1 15.000 63,31 0,00006667 0,00422044

11 Filtro óleo caixa 1 120.000 104,77 0,00000833 0,00087306

12 Correia 1 500.000 206,22 0,00000200 0,00041244

13 Pastilha de freio cav. D 1 200.000 140,00 0,00000500 0,00070000

14 Lona de freio cavalo T 2 200.000 147,08 0,00001000 0,00147080

15 Lona de freio carreta 4 250.000 97,00 0,00001600 0,00155200

16 Bateria 1 250.000 771,45 0,00000400 0,00308580

17 Fluído de freio (litros) 1 150.000 30,00 0,00000667 0,00020000

18 Pacote reforma motor 1 500.000 11.893,98 0,00000200 0,02378796

19 Pneu dianteiro 2 150.000 1.106,67 0,00001333 0,01475556

20 Pneu tração 4 350.000 2.413,33 0,00001143 0,02758095

21 Pneu truck 4 450.000 2.156,67 0,00000889 0,01917037

22 Pneu carreta 16 450.000 1.986,67 0,00003556 0,07063704

Custo variável R$/Km: 1,41853054

Fonte: Costa Sul Transporte e Logística, Concessionária Scania e Lojas de Auto Peças Nota: Elaborado pelo autor.

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2.1.2.1.1 Demonstração dos cálculos presentes na tabela 3

Os cálculos dos custos unitários referentes aos impostos, pedágio, combustível e

manutenção, itens 1 a 4, foram realizados com base na pesquisa documental realizada

na empresa.

a) Item 1 – Impostos da empresa

Quantidade: 1 (uma unidade);

Quilometragem média mensal: 11.294 Km;

Valor do insumo (média mensal paga de impostos): R$ 1.168,00;

Coeficiente:

11.294 Km --- 1.168,00 R$ = 1 Km x 1.168,00

1 Km --- R$ 11.294 Km

R$ = 0,00008854 x 1,168,00;

Coeficiente: 0,00008854;

Valor unitário do quilômetro rodado: 0,00008854 x 1.168,00 = R$ 0,10341774.

A empresa está isenta do pagamento dos tributos PIS, COFINS, CSSL e ICMS, por ser

caracterizada como microempresa submetida ao regime do Simples Federal (Lei

9.317/96) e a partir de 01/07/2007, do Simples Nacional (LC 123/2007).

b) Item 2 – Pedágio

Quantidade: 1 (uma unidade);

Quilometragem média mensal: 11.294 Km;

Valor do insumo (média mensal paga de pedágio): R$ 333,00;

Coeficiente: 1 / 11.294 Km= 0,00008854;

Valor unitário do quilômetro rodado: 0,00008854 x 333,00 = R$ 0,02948468.

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c) Item 3 – Combustível

O cálculo do custo unitário do combustível foi realizado por meio da quilometragem

média percorrida com um litro de óleo Diesel, obtida pela quilometragem total no ano de

2008 (79.060 Km), a quantidade de combustível utilizado (38.599 litros), e o valor do

combustível (1 litro: R$ 2,15).

Preço: R$ 2,15;

Quantidade: 1litro de combustível;

Quilometragem média percorrida com um litro de combustível: 79.060 Km / 38.599 litros

= 2,05 Km/l;

Valor do insumo (valor de um litro de combustível): R$ 2,15;

Coeficiente: 1 / 2,05 Km= 0,48780488;

Valor unitário do quilômetro rodado: 0,48780488 x 2,15 = R$ 1,04878049.

d) Item 4 – Manutenção

O custo de manutenção foi realizado sobre 79.060 quilômetros percorridos, por meio da

soma dos valores gastos em lubrificação, substituição de periféricos (peças diversas),

acessórios, lavagem, borracharia e mão de obra das revisões periódicas que compõem

a garantia do veículo, totalizando o valor de R$ 2.650,00.

Quantidade: 1 (uma unidade);

Quilometragem percorrida: 79.060 Km;

Valor do insumo (valor gasto durante 79.060 Km): R$ 2.650,00;

Coeficiente: 1 / 79.060 Km= 0,00001265;

Valor unitário do quilômetro rodado: 0,00001265 x 2.650,00 = R$ 0,03351885.

e) Itens 5 a 22 - Componentes que sofrem desgaste natural

O cálculo do custo unitário dos itens 5 a 22 é realizado da mesma forma, diferenciando-

se apenas na sua quantidade, quilometragem percorrida e seu valor médio. Desse

modo será demonstrado apenas o cálculo do item 5, ou seja, o óleo lubrificante.

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Quantidade: 35 litros;

Quilometragem percorrida: 15.000 Km;

Valor do insumo (valor de um litro): R$ 9,63;

Coeficiente:

15.000 Km --- 35 L L = 35 L x 1 Km

1 Km --- L 15.000 Km

L = 0,00233333 x 1

Coeficiente: 0,00233333;

Valor unitário do quilômetro rodado: 0,00233333 x 9,63 = R$ 0,02247778.

2.2 CUSTOS INDIRETOS

Os custos indiretos são aqueles que não estão diretamente relacionados à atividade de

transportar, pois referem-se a área administrativa da empresa. (VALENTE;

PASSAGLIA; NOVAES, 1997)

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Tabela 4: Cálculo do custo indireto por quilômetro rodado.

Custo indireto mensal a b c=a*b

Item Descrição Período (meses) Valor do

Coeficiente Custo mensal

insumo R$ R$

1 Pró-labore 12 4.800,00 0,08333333 400,00

2 Salário motorista 12 16.250,00 0,08333333 1.354,16

3 Encargos sociais 12 3.282,21 0,08333333 273,51

4 Férias 12 412,50 0,08333333 34,37

5 Telefone 12 510,00 0,08333333 42,50

6 Contabilidade 12 1.500,00 0,08333333 125,00

Total custo indireto mensal 2.229,56 Quilometragem média mensal: 11.294 Custo indireto R$/Km: 0,1974

Fonte: Costa Sul Transporte e Logística Ltda. Nota: Elaborado pelo autor.

2.2.1 Demonstração dos cálculos presentes na tabela 4.

O cálculo do custo mensal dos itens 1 a 6, é realizado da mesma forma, diferenciando-

se apenas no seu valor de insumo. Desse modo será demonstrado apenas o cálculo do

item 1, ou seja, o pró-labore.

2.2.1.1 Ítem 1 – Pró-labore

Valor do insumo (valor pago em 12 meses): R$ 4.800,00;

Coeficiente:

12 meses --- 4.800,00 R$ = 1 mês x 4.800,00

1 mês --- R$ 12 meses

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R$ =0,08333333 x 4.800,00;

Coeficiente: 0,08333333;

Custo mensal do Pró-labore: 0,08333333 x 4.800,00= R$ 400,00.

2.3 CUSTO DO QUILÔMETRO RODADO

O valor total do quilômetro rodado é a somatória do custo fixo total, do custo variável

total e dos custos indiretos, conforme tabela a seguir:

Tabela 5: Custo total do quilômetro rodado.

Custo do Quilômetro Rodado R$/Km:

Custo fixo 0,6403

Custo variável 1,3668

Custo indireto 0,1974

Custo total (fixo + variável + indireto) 2,20

Fonte: elaborado pelo autor.

Os cálculos realizados determinaram que o custo do quilômetro rodado, incluindo os

custos fixos, variáveis e indiretos, é de R$ 2,20. Esse valor determina o ponto de

equilíbrio entre os custos e o lucro que a prestação de serviço deve proporcionar, sendo

que o excedente a R$ 2,20 por quilômetro rodado será considerado como lucro da

atividade. Como exemplo, podemos citar a viagem abaixo:

Distância do percurso: 3.800 Km;

Valor pago pelo transporte: R$ 11.000,00;

Relação R$/Km rodado: 11.000 / 3.800= 2,89;

Custo do quilômetro rodado: R$ 2,20;

Lucro por quilômetro rodado: 2,89 – 2,20= 0,69;

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Lucro da viagem: R$ 0,69 x 3.800 Km= R$ 2.622,00.

2.4 DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS

Após a demonstração dos conceitos básicos que nortearam este trabalho e da análise

detalhada dos custos que compõem o processo de transportes rodoviários de cargas,

pode-se afirmar que o controle de custos é uma ferramenta que possibilita à empresa a

otimização dos resultados de suas atividades, além de maior agilidade e segurança nas

tomadas de decisões.

Para uma análise geral do tema, os custos estão representados graficamente a seguir:

2.4.1 Custo total do quilômetro rodado

Conforme análise efetuada sobre os custos, demonstra-se graficamente o custo total do

quilômetro rodado, sendo assim, o custo fixo representa 26%, o custo variável 70% e o

custo indireto 4% do custo total.

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R$ 0,66 - 26%

R$ 1,72 - 70%

R$ 0,10 - 4%

R$ 2,20

0

0,5

1

1,5

2

2,5

Custo fixo Custo variável Custo indireto Custo total (f ixo +variável + indireto)

Figura 2:Custo do quilometro rodado

Fonte: Elaborado pelo autor.

2.4.1.1 Custo fixo mensal

A figura 3 representa a participação dos itens que compõe o custo fixo mensal.

Observa-se que o custo de capital é responsável pelo maior índice, com 79%, seguido

pela reserva para seguro com 15%.

O alto percentual do custo de capital e da reserva de seguro é atribuído ao valor do

veículo, por este ter sido adquirido em 2008 e possuir maior capacidade de carga.

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Rastreamento3%

Reserva p/seguro15%

IPVA,licenc.e seg.obrig.

3%

Custo Capital79%

Figura 3: Custo fico mensal

Fonte: Elaborado pelo autor.

2.4.1.2 Custo variável.

O custo variável é composto de diversos itens conforme demonstração na figura 4,

sendo que as maiores fatias estão representadas pelo combustível, com 77%, e os

pneus da carreta que atinge 5%.

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Pneu carreta5%

Pneu truck1%

Óleo lubrif icante2%

Óleo transmissão0%

Pneu tração2%

Impostos4%

Pedágio2%

Combustível77%

Manutenção2%

Figura 4: Custo variável por quilômetro rodado Fonte: Elaborado pelo autor.

2.4.1.3 Custo indireto

Os custos indiretos da empresa representam 4% do custo total do quilômetro rodado

pelo veículo da empresa, sendo que o salário do motorista representa 60% desses

custos conforme demonstrado no gráfico abaixo.

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Contabilidade6%

Telefone2%

Salário do motorista60%

Pró-labore18%

Férias2%

Encargos sociais12%

Figura 5: Custo indireto mensal Fonte: Elaborado pelo autor.

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CONCLUSÃO

Este trabalho foi realizado com o objetivo de identificar a metodologia adequada para

gestão de custos logísticos com enfoque no cálculo do custo do quilômetro rodado dos

veículos da empresa. A metodologia determinada foi o método dos custos

desagregados, que consiste em parâmetros médios de consumo, tendo como base a

apropriação de cada componente do custo, que podem ser a depreciação, combustível,

pneus, manutenção, etc. Com base neste método conceituou-se a gestão de custos

abrangendo os custos diretos e indiretos da atividade de transporte, efetuou-se um

levantamento dos preços dos insumos que compõem esses custos e, por meio dos

dados coletados, desenvolveu-se uma planilha que demonstrou o valor do quilômetro

rodado pelo mesmo.

Os custos diretos e indiretos mencionados no trabalho são integrantes da atividade de

transporte, sendo que a sua análise foi importante na definição dos processos utilizados

para sua identificação.

Os custos diretos são aqueles que estão diretamente alocáveis à atividade de

transporte, como o combustível; os custos indiretos são aqueles que não dependem da

atividade para existir, como por exemplo, o pró-labore do proprietário.

Para analisar os custos diretos, os mesmos foram divididos em variáveis e fixos. Os

custos variáveis são aqueles que mudam conforme a distância percorrida pelo veículo,

e representam 70% do custo total do quilômetro rodado. Os custos fixos são aqueles

que mensalmente permanecem constantes, pois independem do deslocamento do

veículo para existir. Esses dados podem ser verificados na figura 2.

Foi possível observar que o custo de capital representou 79% dos custos fixos em

consequência do elevado valor do veículo, pois o mesmo foi adquirido no ano de 2008,

elevando o custo mensal.

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Os custos indiretos são compostos pelo pró-labore, encargos sociais, contabilidade,

conta telefônica, férias e salário do motorista, pois não existem gastos com aluguel,

energia elétrica e despesas de uma empresa de maior porte, pois a mesma está

localizada na residência do proprietário e é caracterizada como microempresa.

Muitas empresas de transporte rodoviário mantêm o modelo tradicional de

gerenciamento familiar, tornando-as ultrapassadas e sem condições de competir no

mercado atual, o que pode ser evitado por meio de procedimentos gerenciais modernos

e profissionalizados, como a utilização deste método de cálculo do quilômetro rodado,

onde a empresa pode avaliar o frete oferecido pelo mercado e, desse modo, direcionar

sua atividade para regiões onde o retorno financeiro é mais favorável, além da

obtenção de insumos com preços acessíveis para a diminuição do custo do quilômetro

rodado.

Por este motivo a metodologia do cálculo dos custos desagregados é passível de ser

utilizada pelas empresas de transporte rodoviário, bem como para proprietários

autônomos de caminhões, pois possibilita o aprofundamento do conhecimento de todos

os elementos que compõem os custos do transporte, o monitoramento e o controle dos

mesmos, proporcionando uma visão real dos lucros, facilitando a tomada de decisões

que estarão baseadas em dados concretos e confiáveis.

Desta maneira poderão ser adotadas estratégias para a redução dos custos, seja na

busca de novos fornecedores, adoção de novas práticas na gestão dos resultados,

como controles e melhoria da frota.

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REFERÊNCIAS

ALVARENGA, Antonio Carlos; NOVAES, Antonio Galvão N.. Logística Aplicada: Suprimento e Distribuição Física. 3. ed. São Paulo: Edgard Blücher Ltda., 2000. BERTAGLIA, Paulo Roberto. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento . 1.ed. São Paulo: Saraiva, 2003 CASTIGLIONE, José Antonio de Mattos. Logística Operacional . 1.ed. São Paulo: Érica Ltda, 2008. COSTA, Elizier Arantes da. Gestão Estratégia . 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2007. DIAS, Paulo Roberto Vilela. Engenharia de Custos . 5.ed. Curitiba: Copiare Duplicadora, 2004. GITMAN, Lawrence J.. Princípios de Administração Financeira . 10. ed. São Paulo: Pearson, 2004. GROPELLI, A A ; NIKBAKTH, E. Administração Financeira . Sâo Paulo: Saraiva, 1998. LUDÍCIBUS, Sérigio de. Contabilidade Gerencial . 6.ed. São Paulo: Atlas, 1998. MARTINS, E. Contabilidade de Custos . 9.ed. Sâo Paulo: Atlas, 2003. MASAKAZU, Hoji. Administração Financeira : Uma Abordagem Prática, Matemática Financeira Aplicada, Estratégias Financeiras, Análise, Planejamento e Controle Financeiro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2001. PEREZ JR., José Hernandez; OLIVEIRA, Luís Martins de; COSTA Rogério Guedes. Gestão Estratégica de Custos . 3.ed. São Paulo: Atlas, 2003. SEST SENAT. Curso para Responsável Técnico de Empresa de Transporte Rodoviário de Carga.1.ed. Brasília: 2008. VIANNA, Ilca Oliveira de A. Metodologia do Trabalho Científico : Um enfoque didático da Produção Científica. 1. ed. São Paulo: E.P.U., 2001. VALENTE, Amir Mattar; PASSAGLIA, Eunice; NOVAES, Antônio Galvão. Gerenciamento de Transporte de Cargas . 1.ed. São Paulo: Pioneira, 1997.