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GESTÃO E CONTROLE DE QUALIDADE NOS PROCEDIMENTOS REFERENTES A REVESTIMENTO ARGAMASSADO ANTONIO CARLOS DE BRITO Belo Horizonte JANEIRO 2016 Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Engenharia Departamento de Engenharia de Materiais e Construção

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GESTÃO E CONTROLE DE QUALIDADE NOS PROCEDIMENTOS

REFERENTES A REVESTIMENTO ARGAMASSADO

ANTONIO CARLOS DE BRITO

Belo Horizonte

JANEIRO – 2016

Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Engenharia

Departamento de Engenharia de Materiais e Construção

Curso de Especialização em Construção Civil

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Brito, Antonio Carlos de.

B862g Gestão e controle de qualidade nos procedimentos referentes a

revestimento argamassado [manuscrito] / Antonio Carlos de Brito. – 2016.

44 f., enc.: il.

Orientador: White José dos Santos.

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Construção

Civil da Escola de Engenharia da UFMG.

Anexos: f. 37-44.

Bibliografia: f.33-36.

1. Construção civil. 2. Materiais de construção - Custos. 3. Argamassa.

4. Revestimentos. I. Santos, White José dos. II. Universidade Federal de

Minas Gerais. Escola de Engenharia. III. Título.

CDU: 691

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GESTÃO E CONTROLE DE QUALIDADE NOS PROCEDIMENTOS

REFERENTES A REVESTIMENTO ARGAMASSADO

ANTONIO CARLOS DE BRITO

ORIENTADOR: Prof. White José dos Santos

Belo Horizonte

JANEIRO – 2016

Trabalho apresentado à Escola de

Engenharia UFMG como requisito

ao Curso de Especialização em

Construção Civil.

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ANTONIO CARLOS DE BRITO

GESTÃO E CONTROLE DE QUALIDADE NOS PROCEDIMENTOS

REFERENTES A REVESTIMENTO ARGAMASSADO

Data da aprovação: _____ de ________________de __________

__________________________________________

White José dos Santos

BELO HORIZONTE

JANEIRO - 2016

Trabalho apresentado à Escola de

Engenharia UFMG como requisito

ao Curso de Especialização em

Construção Civil.

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AGRADECIMENTOS

Primeiro a vida, por todas boas oportunidades, vivências e experiências

que tive até a presente data.

Ao Grande Arquiteto do Universo, pela vida, força e vontade de vencer,

pela determinação e sabedoria para manter o foco, e a ter me ajudado a

subir mais um degrau da minha caminhada.

A minha família pelo incentivo e por acreditar que eu era capaz de mais

esse desafio.

Aos amigos que fiz durante o curso.

Aos professores que conheci e me oportunizaram alargar meus

conhecimentos.

Ao meu professor Orientador White José dos Santos, pela liberdade e

confiança durante a construção deste trabalho.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11

2. OBJETIVOS ............................................................................................................... 12

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 13

3.1. Definição e histórico do uso de Argamassas de revestimento........................... 13

3.2. Estrutura dos Revestimentos argamassados ...................................................... 14

3.3. Propriedades das argamassas de revestimento .................................................. 18

3.4. Características dos componentes da argamassa ................................................ 22

3.5. Classificação das argamassas ............................................................................ 24

3.5.1. Geral ...................................................................................................................... 24

3.5.2. Quanto à dosagem ................................................................................................ 24

3.5.3. Quanto à consistência .......................................................................................... 24

3.5.4. Quanto ao tipo de aglomerante ............................................................................ 25

3.5.5. Quanto à plasticidade ........................................................................................... 25

3.5.6. Quanto ao número de elementos ativos ............................................................... 26

3.5.7. Quanto ao fornecimento ou preparo ................................................................... 26

3.6. Custo .................................................................................................................... 27

3.7. Projeto ................................................................................................................. 27

3.8. Dosagem .............................................................................................................. 28

3.9. Gestão da Qualidade ........................................................................................... 29

3.10. Resíduos de Construção Civil ............................................................................. 29

4. METODOLOGIA DO TRABALHO .......................................................................... 31

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 32

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 33

7. ANEXO ....................................................................................................................... 36

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Lista de Tabelas

TABELA 1: ESPESSURA PARA REVESTIMENTO..................................18

TABELA 2: PROPRIEDADES DA ARGAMASSA ....................................19

TABELA 3: TABELA DE REQUISITOS.....................................................20

TABELA 4: TABELA DE PLASTICIDADE...............................................26

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Lista de Figuras

FIGURA 1: COMPOSIÇÃO DE PAREDE.........................................14

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Lista de Siglas

ABCP - Associação Brasileira de Cimento Portland

ABNT - Associação Brasileira de Norma Técnica

IT – Instrução de Trabalho

NBR - Norma Brasileira

TCPO – Tabelas de Composições de Preços para Orçamento

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RESUMO

A argamassa é um dos materiais mais utilizados na construção civil. O

trabalho apresentado tem como objetivo organizar conceitos básicos à

execução de revestimentos de argamassa. Percebemos que a utilização

adequada da argamassa na construção civil é essencial para prevenir as

diversas patologias. Com o passar dos anos, as argamassas foram evoluindo.

Novas técnicas e materiais foram incorporados na confecção da argamassa

para os mais variados fins e aplicações. Desta forma, constata-se que o

conhecimento prévio e o planejamento vão interferir diretamente na logística

e custo da obra.

Palavras-chave: Argamassa, produção, logística, consumo e custo

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1. INTRODUÇÃO

Na atualidade se torna cada vez mais crescente a preocupação com as

questões ambientais, exigindo assim, mudanças no pensar os processos de

gestão e controle de qualidade industrial. Mas especificamente ao que se

refere a necessidade de desenvolver no âmbito da construção civil, novas

práticas que demandam condições melhores nos processos produtivos,

reduzindo custos e otimizando a produtividade.

Desta forma, o presente trabalho traz um estudo qualitativo de uma das

etapas do processo de industrialização da construção civil, considerando a

utilização da argamassa cimentícia como uma das etapas principais do

processo.

A qualidade das argamassas na construção tem uma importância muito

significativa quanto à sua salubridade, conforto, durabilidade e aspecto visual.

A argamassa é uma pedra artificial que resulta da mistura homogênea

de um agente ligante com uma carga de agregados e água.

Mais recentemente, a preocupação com a qualidade total dos produtos,

em geral, incluindo-se os diversos materiais de construção contribuindo para a

melhoria dos bens que são colocados à disposição dos consumidores e, como

contraponto, as legislações tornaram-se mais rigorosas.

Essa pesquisa de trabalho não atende a um manual para intervenções,

mas através dele é possível conhecer melhor um material básico – a

argamassa- presente na maioria das construções.

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2. OBJETIVOS

O presente trabalho tem como objetivo analisar os fatores que possam

interferir na qualidade do revestimento de argamassa, identificar os processos

de produção do revestimento de argamassa e contribuir através de estudos

bibliográficos voltados para a escolha de processos mais eficazes de produção

de revestimento de argamassa.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Definição e histórico do uso de Argamassas de revestimento

No transcorrer da história o homem desenvolve sua forma e técnica de

construção. A forma sistemática e suas preocupações faz-se com que busque-

se alternativas e saberes que atendam suas necessidades, abandonando a

forma nômade de viver.

Na medida em que surgem as cidades e seus problemas, as técnicas de

construção vão tornando-se complexas, demandando dos construtores novos

saberes. No entanto alguns materiais resistem a esses novos saberes e

tecnologia, permanecendo seu uso, como no caso a areia como agregado na

confecção de argamassas, conforme afirma Zanetti (2015, p.93).

Existem várias definições de argamassas. Segundo Sabbatini (1986,

p.74) “a argamassa é constituída essencialmente de materiais inertes de baixa

granulometria (agregados miúdos) e de uma pasta com propriedade

aglomerante, composta por minerais e água (materiais ativos), podendo ser

composto, ainda, por produtos especiais, denominados aditivos”. De acordo

com NBR 13281, é a “mistura homogênea de agregado(s) miúdo(s),

aglomerante(s) inorgânico(s) e água, contendo ou não aditivos, com

propriedades de aderência e endurecimento, podendo ser dosada em obra ou

em instalação própria (argamassa industrializada).”

Na construção civil, o revestimento é a camada externa que cobre a

alvenaria para dar-lhe acabamento e aspecto visual agradável. Segundo a

NBR 7200, argamassa é a mistura de aglomerantes, agregados e água,

possuindo capacidade de endurecimento e aderência.

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3.2. Estrutura dos Revestimentos argamassados

O revestimento tradicional de argamassa se compõe de três camadas,

segundo Carasek (2007):

Chapisco – camada inicial para aumenta a aderência ao substrato.

Emboço – camada intermediária que ajuda a cobrir as

irregularidades do substrato.

Reboco – camada final do acabamento.

A Figura 1 ilustra essa composição a partir do quadro da ABCP.

FIGURA 1: COMPOSIÇÃO DE PAREDE

Fonte: ABCP, 2002

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A numeração a apresentada na Figura 1, segundo manual da ABCP

pode ser descrita como:

1 – Base ou Substrato: a superfície que irá receber o chapisco, seja ela de

concreto ou de alvenaria, deve estar devidamente curada, limpa, uniforme e

livre de desagregações. Também deve ser previamente umedecida.

2 – Chapisco: é a etapa de preparo da base com o objetivo de torná-la mais

rugosa e homogênea à absorção de água. O chapisco facilita a ancoragem do

emboço. Por isso, requer uma argamassa de alta resistência mecânica. Há três

tipos de chapisco mais usuais:

2.1 – Convencional: consiste no lançamento vigoroso de uma

argamassa fluida sobre a base com uma colher de pedreiro. A textura

final é rugosa, aderente e resistente. Pode ser aplicado por projeção em

fachadas.

2.2 – Industrializado: usualmente aplicado sobre a estrutura de

concreto, esse tipo de chapisco é feito com argamassa industrializada. É

aplicado com desempenadeira dentada.

2.3 – Rolado: usa argamassa fluida obtida pela mistura de cimento e

areia, com adição de água e aditivo. Pode ser aplicado tanto na estrutura

como na alvenaria, com rolo para textura acrílica. É mais comumente

aplicado em revestimentos internos.

3 – Emboço: para desempenho adequado, é fundamental que a tela seja

completamente recoberta com o impermeabilizante.

3.1 – Reforço: o uso de telas metálicas é indicado para estruturar

camadas de revestimento espessas, encontro de pilar com alvenaria

e/ou atenuar o aparecimento de fissuras provenientes de

movimentações. Esses reforços geralmente são aplicados numa posição

intermediária da espessura do emboço. A camada final de argamassa

deve proporcionar cobrimento mínimo da tela.

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4 – Reboco: também chamado de massa fina, é a camada final que torna a

textura da parede mais lisa para receber pintura. Pode ser substituído pela

aplicação de massa corrida. O reboco usa argamassa de areia e cal com

granulometria mais fina que a do emboço. É aplicado com desempenadeira

em movimentos circulares.

5 - Revestimento final: após a cura da argamassa, o que leva de maneira

geral cerca de 28 dias, a superfície estará pronta para receber o revestimento

final, como pintura. No caso de placas cerâmicas e pastilhas, o reboco não é

aplicado.

Atualmente, existem argamassas pré-misturadas que permitem a diminuição

do número de camadas. A execução do revestimento pode ser simplificada

pelo uso da argamassa industrializada.

O revestimento de argamassa pode ser entendido como a proteção de

uma superfície porosa com uma ou mais camadas superposta, com espessura

normalmente uniforme, resultando em uma superfície apta a receber de

maneira adequada uma decoração final.

Segundo Carasek (2007), as principais funções de um revestimento são:

proteger a alvenaria e a estrutura contra a ação do intemperismo, no caso

de revestimentos externos;

integrar o sistema de vedação dos edifícios contribuindo com diversas

funções, tais como: isolamento térmico (30%), isolamento acústico (50%),

estanqueidade à água (70% a 100%), segurança ao fogo e resistência ao

desgaste e abalos superficiais;

regularizar a superfície dos elementos de vedação e servir como base para

acabamentos decorativos, contribuindo para estética da edificação.

De acordo com a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP,

2002) em seu manual de revestimentos, os revestimentos representam uma

parcela significativa do custo da construção de edifícios. Segundo a revista

Construção Mercado (2003), tais custos representam cerca de 10 a 30% do

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total da construção, dependendo do tipo de edificação e do seu padrão. Os

revestimentos de argamassa, muitas vezes, podem representar a maior fração

dos custos citados.

O revestimento de argamassa tem uma importância como elemento

isolante uma vez que ao possuir espessura entre 30 a 40% da espessura da

parede, pode ser responsável por 50% do isolamento acústico, 30% do

isolamento térmico e contribui em 100% pela estanqueidade de uma vedação

de alvenaria comum.

A NBR 13749: 2013 prescreve que o revestimento de argamassa deve

representar textura uniforme, sem imperfeições, tais como: cavidades,

fissuras, manchas e eflorescência, devendo ser prevista na especificação de

projeto a aceitação ou rejeição, conforme níveis de tolerâncias admitidas.

Na construção civil, o revestimento é a camada externa que cobre a

alvenaria para dar-lhe acabamento e aspecto visual agradável. (BAUER,

1995)

Revestimento são todos os procedimentos utilizados de materiais de

proteção e de acabamento. (CARASEK, 2007)

Sabbatim e Barras (1990) observam que a produção dos revestimentos

não ocorre baseada num projeto específico, sendo detectados problemas e

falhas apenas durante a execução dos serviços. É necessária atenção aos três

pilares para um bom revestimento: competências da mão de obra, qualidade

dos produtos e estética do trabalho realizado. O revestimento de argamassa é

constituído por diversas camadas com características e funções específicas.

A ABNT NBR 7200 (1998) especifica que as bases de revestimentos

devem atender às exigências de planeza, prumo e nivelamento fixados nas

normas de alvenaria e estrutura de concreto.

Yazigi (2006) recomenda quanto ao preparo de base, realizando a

remoção de sujeira ou outros que possam prejudicar a execução e aplicação

do revestimento. A NBR 13749 (ABNT, 1996) estabelece as seguintes

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espessuras para revestimento interno e externo de paredes e tetos, conforme

Tabela 1:

TABELA 1: Espessura para revestimento.

Revestimento Espessura (mm)

Parede interna 5 ≤ e ≤ 20

Parede externa 20 ≤ e ≤ 30

Teto interno e externo e ≤ 20

FONTE: ABCP, 2002

A argamassa é um dos materiais mais importantes nas construções

feitas com pedra, bloco de concreto e bloco cerâmico, pois a mesma tem a

função de unir e juntar as diferentes unidades desses materiais entre si. Sua

função é o revestimento, proporcionando proteção aos vários elementos

construtivos. A qualidade da argamassa ocupa grande parcela de colaboração

na durabilidade das edificações.

3.3. Propriedades das argamassas de revestimento

Na atualidade, a argamassa é genericamente considerada uma pedra

artificial, pelo fato de, após o processo de endurecimento apresentar

características de certo modo similares às rochas, assim como desempenhar

algumas de suas funções. Entretanto, este é um conceito recente pelas novas

pesquisas e investimentos ao tratar o produto, apresentando elevada

flexibilidade, proporcionando vantagens estruturais ao sistema construtivo e

por apresentar resiliência de forma a suportar adequadamente os esforços sem

se romper (MACIEL, 1998).

Elenca-se as condições que devem ser atendidas por uma boa

argamassa:

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Compacidade – quanto mais compacta, mais densa e mais resistente à

argamassa.

Impermeabilidade – argamassa impermeável impede a penetração de

água, um dos mais danosos agentes de degradação.

Aderência – caso isto ocorra, não haverá boa união entre as diversas

unidades por ela coladas.

Constância de volume – é necessário que o calcário seja submetido a

um processo de queima total, e que o óxido sofra extinção completa.

A partir da Tabela 2 é possível analisar as propriedades da argamassa

em seus estados fresco e endurecido, conforme ABCP (2002).

TABELA 2: Propriedades da Argamassa

Estado Fresco Estado Endurecido

Trabalhabilidade Aderência à base

Retenção de água Absorção de deformação

Aderência inicial / contato com a

Base / reologia

Permanência

Retração na secagem Ausência de fissuras

FONTE: ABCP, 2002

O desempenho de uma argamassa depende de suas características no

estado plástico (fresco) e no estado endurecido. Kazmierczak et al. (2007),

observaram que a distribuição de poros de argamassa endurecida é alterada

em função do tipo de substrato, assim como a resistência de aderência a tração

da argamassa.

De acordo com a ABCP (2002), a ABNT através de um conjunto de

ensaios normatizados, estabelece os requisitos necessários para cada

característica que deve ser controlada através de procedimentos normativos,

conforme tabela 3.

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TABELA 3: Tabela de Requisitos

Características Requisito Norma

Trabalhabilidade uma consistência padrão de

255±10 mm NBR 13276

Resistência à

compressão

deve ser especificada no

projeto NBR 13279

Resistência à aderência deve ser especificada no

projeto ASTM E518

Retenção de água

80% < normal < 90 %

NBR 3277 90% < ALTA

Grupo a < 8%

Teor de ar incorporado 8% < Grupo b < 18%

NBR 13278 Grupo c >18%

FONTE: ABCP, 2002

Segundo Carasek (2007), trabalhabilidade é a propriedade das

argamassas no estado fresco que determina a facilidade com que elas podem

ser misturadas, transportadas, aplicadas, consolidadas e acabadas em uma

condição homogênea. A trabalhabilidade é uma propriedade complexa,

resultante da conjunção de diversas outras propriedades, tais como:

consistência, plasticidade, retenção de água, coesão, exsudação, densidade de

massa e adesão inicial.

Ainda conforme Carasek (2007), a adesão inicial, também denominada

de “pegajosidade” é a capacidade de união inicial da argamassa no estado

fresco a uma base. Ela está diretamente relacionada com as características

reológicas da pasta aglomerante, especificamente a sua tensão superficial. A

redução da tensão superficial da pasta favorece a “molhagem” do substrato,

reduzindo o ângulo de contato entre as superfícies e implementação da

adesão. Esse fenômeno propicia um maior contato físico da pasta com os

grãos de agregado e também com sua base, melhorando, assim a adesão.

Segundo Maciel, Barros e Sebbatini (1998), retenção de água é a

capacidade que a argamassa apresenta de reter a água de amassamento contra

a sucção da base ou contra a evaporação. A retenção permite que as reações

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de endurecimento da argamassa se tornem mais gradativa, promovendo a

adequada hidratação do cimento e consequentemente ganho de resistência.

De acordo com Carasek (2007), a massa específica varia com o teor de

ar (principalmente se for incorporado por meio de aditivos) e com a massa

específica dos materiais constituintes da argamassa, mais trabalhável será a

longo prazo, reduzindo esforço em sua aplicação e resultando em maior

produtividade.

Maciel, Barros e Sabbatini (1998) afirmam que a aderência é uma

propriedade que o revestimento tem em manter-se fixo no substrato, através

de resistência às tensões normais e tangenciais que surgem na interface base-

revestimento. E resultante da resistência de aderência da argamassa. A

aderência depende das propriedades da argamassa no estado fresco, dos

procedimentos de execução do revestimento, da natureza e características da

base e da sua limpeza superficial. A resistência de aderência à tração do

revestimento pode ser medida através do ensaio de arranchamento por tração.

Pode-se dizer que a aderência depende da conjunção de três

propriedades da interface argamassa–substrato: a resistência de aderência à

tração, à resistência de aderência ao cisalhamento e a extensão de aderência

(que corresponde à razão entre a área de contato efetivo e a área total possível

de ser úmida), sendo estas propriedades da região de contato entre os dois

materiais (Carasek, 1996).

Segundo Carasek (2007) as deformações podem ser de grande ou

pequena amplitude. O revestimento só tem a responsabilidade de absorver as

deformações de pequena amplitude, provenientes de outros fatores, como

recalques estruturais, por exemplo.

Carasek (2007) afirma que a retração é resultado de um mecanismo

complexo, associado com a variação de volume da pasta aglomerante e

apresenta papel fundamental no desempenho das argamassas aplicadas,

especialmente quanto à estanqueidade e à durabilidade.

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De acordo com Maciel, Barros e Sabbatini (1998), durabilidade é uma

propriedade do período de uso do revestimento no estado endurecido e que

reflete o desempenho do revestimento frente às ações do meio externo ao

longo do tempo. Alguns fatores prejudicam a durabilidade dos revestimentos,

tais como: fissuração, espessura excessiva, cultura e proliferação de

microorganismos, qualidade das argamassas e a falta de manutenção.

3.4. Características dos componentes da argamassa

É possível relacionar como componentes da argamassa o cimento, a cal

hidratada, a areia e a água de emassamento. Estes componentes possuem as

seguintes características:

Cimento – sugere para sua massa específica aparente os valores de

ordem de 1,50 kg/dm³ e 35 dm³ para um saco de 50 kg, o que equivale

a 1,43 kg/dm³. De acordo com ABCP (2002) “o cimento Portland

possui propriedade aglomerante desenvolvida pela reação de seus

constituintes com a água, sendo assim denominado aglomerante

hidráulico. A contribuição do cimento nas propriedades das

argamassas está voltada sobretudo para a resistência mecânica. Além

disso, o fato de ser composto por finas partículas contribui para a

retenção da água de mistura e para a plasticidade. Se, por um lado,

quanto maior a quantidade de cimento presente na mistura, maior é a

retração, por outro, maior também será a aderência à base.”

Cal hidratada – o aglomerante influi na argamassa pela sua natureza,

qualidade, resistência, idade e pureza. De acordo com ABCP (2002)

“em uma argamassa onde há apenas a presença de cal, sua função

principal é funcionar como aglomerante da mistura. Neste tipo de

argamassa, destacam-se as propriedades de trabalhabilidade e a

capacidade de absorver deformações. Entretanto, são reduzidas as suas

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propriedades de resistência mecânica e aderência. Em argamassas

mistas, de cal e cimento, devido a finura da cal há retenção de água em

volta de suas partículas e consequentemente maior retenção de água na

argamassa. Assim, a cal pode contribuir para uma melhor hidratação

do cimento, além de contribuir significativamente para a

trabalhabilidade e capacidade de absorver deformações.”

Areia – é necessário corrigir o volume correspondente ao traço da areia

úmida para manter a proporção, bem como reduzir a água de

emassamento. De acordo com ABCP (2002) “as areias utilizadas na

preparação de argamassas podem ser originárias de rios, cava e

britagem (areia de brita, areia artificial). O agregado miúdo ou areia é

um constituinte das argamassas de origem mineral, de forma

particulada, com diâmetros entre 0,06 e 2,0 mm. A granulometria do

agregado tem influência nas proporções de aglomerantes e água da

mistura. Desta forma, quando há deficiências na curva granulométrica

(isto é, a curva não é contínua) ou excesso e finos, ocorre maior

consumo de água de amassamento, reduzindo a resistência mecânica e

causando maior retração por secagem na argamassa.”

Água de emassamento – a água deve ser limpa, doce, isenta de sais

ferrosos e de materiais orgânicos. Isso para não alterar as propriedades

químicas dos aglomerantes.

O excesso de água aumenta a retração e a porosidade, com prejuízo da

impermeabilidade.

De acordo com a ABCP (2002) “a água confere continuidade à

mistura, permitindo a ocorrência das reações entre os diversos componentes,

sobretudo as do cimento. A água, embora seja o recurso diretamente utilizado

pelo pedreiro para regular a consistência da mistura, fazendo a sua adição até

a obtenção da trabalhabilidade desejada, deve ter o seu teor atendendo ao

traço pré-estabelecido, seja para argamassa dosada em obra ou na indústria.

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Considera-se a água potável como a melhor para elaboração de produtos à

base de cimento Portland. Não devem ser utilizada águas contaminadas ou

com excesso de sais solúveis. Em geral, a água que serve para o amassamento

da argamassa é a mesma utilizada para o concreto e deve seguir a NBR NM

137.”

3.5. Classificação das argamassas

3.5.1. Geral

As argamassas podem ser classificadas em função da dosagem, da

consistência, do tipo de aglomerante, da plasticidade, do número de elementos

ativos e do fornecimento ou preparo.

3.5.2. Quanto à dosagem

Conforme PETRUCCI (1998, p.359) afirma, classifica-se a argamassa

de acordo com à dosagem em:

Pobre: quando o volume de pasta aglomerante não é satisfatório para

preencher os vazios proporcionados pelos grãos do agregado;

Cheia: são aquelas em que os vazios acima referidos são preenchidos

exatamente pela pasta;

Rica ou gorda: quando há um excesso de pasta.

3.5.3. Quanto à consistência

Seca: quando apresenta pouca quantidade de água. Segundo

CASAREK (2010, p. 34) “a pasta aglomerante somente preenche os

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vazios entre os agregados, deixando-os ainda em contato. Existe o

atrito entre as partículas que resulta em uma áspera.”

Fluida: quando apresenta muita quantidade de água. Segundo

CASAREK (2010, p. 35) “as partículas de agregado estão imersas no

interior da pasta aglomerante, sem coesão interna e com tendência de

depositar-se por gravidade (segregação). Os grãos de areia não

oferecem nenhuma resistência ao deslizamento, mas a argamassa é tão

líquida que se espalha sobre a base, sem permitir a execução adequada

do trabalho.”

Plástica: quando apresenta quantidade normal de água. Segundo

CASAREK (2010, p. 34) “uma fina camada de pasta aglomerante

“molha” a superfície dos agregados, dando uma boa adesão entre eles

com uma estrutura pseudo-sólida.”

3.5.4. Quanto ao tipo de aglomerante

De acordo com CASAREK (2010, p.3) podemos classificar a argamassa

como:

Argamassa de cal

Argamassa de cimento

Argamassa de cimento e cal

Argamassa de gesso

Argamassa de cal e gesso

3.5.5. Quanto à plasticidade

Pobre: quando apresenta pouca quantidade de aglomerantes;

Rica: quando apresenta muita quantidade de aglomerantes;

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Média: quando apresenta quantidade normal de aglomerantes.

A partir da Tabela 4, pode-se perceber os parâmetros para classificar

argamassa em função da plasticidade.

TABELA 4: Tabela de plasticidade

Plasticidade

% mínima de finos da argamassa

Sem aditivo

plastificante

Com aditivo

plastificante

Pobre (áspera, magra) < 15 < 10

Média (plástica) 15 a 25 10 a 20

Rica (gorda) > 25 > 20

FONTE: CASAREK, 2010

3.5.6. Quanto ao número de elementos ativos

Simples: quando apresenta um elemento ativo; só um aglomerante;

Composta: quando apresenta mais de um elemento ativo

3.5.7. Quanto ao fornecimento ou preparo

A NBR 13529 (ABNT, 2013) classifica as argamassas quanto às

condições de fornecimento e preparo da seguinte maneira:

Argamassa dosada em central: argamassa simples ou mista, cujos

materiais são medidos em massa em central;

Argamassa dosada em obra: argamassa simples ou mista, cujos

materiais são medidos em massa ou em volume na própria obra.

Argamassa dosada industrializada: produto industrializado de dosagem

controlada, com aglomerante de origem mineral, agregado miúdo e

aditivos e adições, sendo adicionado pelo usuário apenas a quantidade de

água recomendada;

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Mistura semipronta para argamassa: mistura fornecida ensacada ou a

granel, sendo adicionado na obra aglomerantes, água e aditivos.

3.6. Custo

O manual de revestimento da ABCP (2002) destaca o custo como

uma das variáveis mais importantes na decisão do tipo de argamassa a ser

utilizado, determinando o custo total como a soma dos fatores, entendendo

custos indiretos e ocultos, como perdas, desperdícios e pouca

produtividade. O TCPO (PINI, 2012) define custo como gasto envolvido

na produção:

INSUMOS - mão de obra, materiais e equipamentos.

INFRAESTRUTURA - canteiro, administração, mobilização e

desmobilização.

3.7. Projeto

A NBR 7200 (ABNT, 1998) aponta que o projeto para execução de

revestimento em argamassa deve especificar, pelo menos: os tipos de

argamassa e respectivos parâmetros para definição dos traços; número de

camadas; espessura de cada camada; acabamento superficial; e tipo de

revestimento decorativo. Aponta também que as etapas sejam definidas a

partir das especificações do projeto e de verificações preliminares. Na

realização de projetos são utilizadas fichas de verificações conforme figura 2.

A NBR 7200 (ABNT, 1998) estabelece que na elaboração das

especificações do projeto para execução do sistema de revestimento da

argamassa devem constar:

A - Tipos de argamassa e respectivos parâmetros para definição do

traço;

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B – Números de camadas;

C – Espessura das camadas;

D – Acabamento superficial;

E – Tipo de revestimento decorativo

Na engenharia a construção é a execução de um projeto previamente

elaborado. É a execução de todas as etapas do projeto da fundação ao

acabamento, consistindo em construir o que consta em projeto, respeitando as

técnicas construtivas e as normas técnicas vigentes. A avaliação do

andamento do projeto pode ser realizada por Fichas de Verificação de

Serviços (ANEXO I).

3.8. Dosagem

A NBR 7200 (ABNT, 1998) define como traço a expressão da

produção entre constituintes da argamassa, referida ao aglomerado principal.

Afirma ainda que o traço deve ser definido pelo projetista ou pelo construtor,

atendendo às especificações do projeto e obedecendo às condições do serviço,

como tipo de argamassa, número de camadas e espessura das camadas.

SANTOS (2014) constatou que dosar uma argamassa é estudar e

estabelecer, de acordo com o uso e formas de aplicação, o traço ou proporções

dos materiais constituintes da mistura. Essas proporções podem ser expressas

em massa ou volume. Uma metodologia de dosagem de argamassas eficiente

é aquela que visa minimizar os erros provenientes de um traço inadequado e

produz uma argamassa de maior qualidade e durabilidade, e deve se basear

em conceitos e propriedades técnico-científicas adequadas e bem

fundamentas.

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3.9. Gestão da Qualidade

As organizações cada vez mais tem buscado diferencial competitivo

que é vital para sobrevivência e sucesso das mesmas. A missão de qualquer

empresa que busca vantagem competitiva está em fazer mais e melhor do que

a concorrência. Segundo Maranhão e Macieira (2010) as empresas que

operam nos pontos ótimos dos seus processos, muito provavelmente terão os

melhores resultados, produzindo mais e melhor do que qualquer concorrente

nas mesmas condições.

Em resposta à busca pela qualidade e produtividade, desenvolveu-se

um modelo de IT (Instrução de Trabalho), usado como ferramenta de

aplicação aos procedimentos de qualidade. A finalidade de gerar a IT, é

implantar um modelo que responda aos resultados medidos e esperados.

A partir do modelo de IT a seguir pode-se perceber que a utilização

dentro de uma organização é primordial para um bom desempenho das

atividades e um padrão técnico, pois a partir da descrição detalhada da

execução da atividade mantem-se e unifica-se o conhecimento de tal

processo, o que gera mais segurança, facilita o mapeamento e a análise da

tarefa por pessoas que desconhecem o processo. Padronizar atividades reduz

os trabalhos e aumenta a eficiência.

A execução de revestimento de teto e parede em argamassa as quais

visam a padronização dentro de organizações garantindo a qualidade e

eficiência podem ser visualizadas em Instruções de Trabalhos desenvolvidas

nas Organizações (ANEXO II).

3.10. Resíduos de Construção Civil

A areia natural como principal agregado miúdo para produção de

argamassa, torna-se um problema para o meio ambiente à medida que sua

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obtenção ocorre através de dragagem em rios e escavações mecânicas em

solos residuais derivados de rochas.

Esses processos apresentam impactos ambientais significativos, com

danos muitas vezes irreversíveis. Uma das alternativas é o uso de pó de pedra

em substituição à areia natural na produção de argamassas, minimizando a

geração de resíduos e alcançando custos menores, e o principal, a redução aos

impactos ambientais.

O impacto ambiental provocado pela crescente geração de resíduos das

construções e a disposição inadequada, sugerem medidas de prevenção

propondo um modelo sustentável, com a redução de desperdício nas obras,

gerando menor custo e a não degradação do ambiente.

Desta maneira, o destino final consciente de resíduos sólidos gerados

pelo homem tem sido objeto de preocupação e pesquisas que apontam para

uma reflexão com foco em seu reaproveitamento para geração de materiais

alternativos.

Considerando que nas atividades de construção e reforma, é alto o índice

de perdas e ausência da reutilização e reciclagem e que são as principais

causas de geração de resíduos. Propõe-se que a construção civil deve estar

baseada em ações sustentadas na prevenção, redução de resíduos e na

capacitação de recursos humanos.

Através de mudanças de comportamento e um olhar voltado à prevenção

ambiental, com campanhas educativas, melhoria da condição de estoque,

regulação do transporte e melhoria de gestão, é conscientizar-se que a

reciclagem desses materiais na dinâmica da construção civil, não é apenas

uma postura que envolva a questão ambiental, mas também agrega custo

benefício ao produto final.

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4. METODOLOGIA DO TRABALHO

Na elaboração desta pesquisa, foi realizada inicialmente uma discussão

dos conceitos relacionados ao uso da argamassa, não somente da unidade

revestimento como também das necessidades que envolvem o seu entorno,

especialmente no que se refere à infraestrutura. Foram analisadas as

características dos tipos de argamassa no uso das construções em geral.

Foi também realizada uma revisão bibliográfica da história e

desenvolvimento da matéria prima, enfatizando os recursos utilizados.

Para o desenvolvimento desse trabalho-pesquisa foram adotados os

seguintes métodos de trabalho:

Pesquisa bibliográfica: Levantamento de dados e informações em

publicações científicas, artigos técnicos e revistas.

Pesquisa na internet: Coleta de informações tecnológicas em sites de

fabricantes de argamassa e artigos.

O intuito principal da pesquisa foi efetuar, por meio de leitura,

informações e experiências, organizando conceitos básicos relativos à

execução de revestimento de argamassa, um instrumento útil para a contínua

coleta e análise de informações sobre consumos e perdas de materiais e

componentes, buscando a melhoria da Construção Civil.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um projeto na Construção Civil envolve significativa quantidade de

processos até sua finalização. Apesar de serem muito utilizadas, as

argamassas são ainda caracterizadas por grande incidência de patologia,

desperdícios de matérias, tempo e mão de obra elevada, e alto custo de

produção.

Com o advento da tecnologia, saberes e equipamentos, o setor da

construção civil investe constantemente no aprimoramento de seus processos

com adoção de novas técnicas e novos materiais.

As indústrias de argamassa também têm investido na busca de melhores

produtos, como por exemplo, o fornecimento de argamassa específico para

cada tipo de uso.

Algumas construtoras ao fazerem a escolha da adoção de argamassa

industrializada, o faz com pouco critério e análises muitas vezes

simplificadas, não atende a eficiência nos diversos processos, que envolvem

desde o recebimento de materiais até a aplicação. Essa carência no critério e

análise pode ser justificada pela falta de informação.

Para que o revestimento de argamassa apresente bom desempenho,

qualidade e durabilidade são necessárias a observação na sua elaboração,

produção e aplicação.

Ao final deste trabalho, pode-se verificar o quanto é importante conhecer

os processos antes de realizar a escolha. Para a produção de argamassa de

revestimento é necessária a seleção criteriosa dos materiais a serem

empregados e a execução dos controles. Na sua aplicação, é necessário

cuidados com os elementos que compõe a estrutura do revestimento.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLANDE (ABCP). Guia

básico de utilização do cimento Portland, 7ª ed. São Paulo, 2002.

ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023: informação e

documentação – Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7200: Revestimento

de paredes e tetos em argamassa: materiais, preparo e manutenção. Rio de

Janeiro: ABNT, 1998.

ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13278: Argamassa

para assentamento de paredes e revestimento de paredes e tetos –

Determinação da densidade de massa e do teor de ar incorporado. Rio de

Janeiro: ABNT, 2005.

ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13281: Argamassa

para Assentamentos e Revestimento de paredes e tetos – Definição. Rio de

Janeiro: ABNT, 2005.

ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13529:

Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas: terminologia. Rio

de Janeiro, 2013

ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13749:

Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas: especificação.

Rio de Janeiro, 2013.

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34

BAUER, L. A. Falcão. Materiais de Construção. 5ª Edição. Rio de Janeiro:

Livros Técnicos e Científicos Editora, 2002.

BAUER, L. A.. Falcão. Materiais de Construção. 2 Volumes. 5ª Edição. São

Paulo: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1994.

CARASEK, H. Argamassas. In: Materiais de Construção Civil e Princípios

de Ciência e Engenharia de Materiais. Isaiá, G. C. (Organizador/Editor). 2ª

Edição. São Paulo: IBRACON, 2010.

KAZMIERCZAK, Claudio de Souza. BREZEZINSKI, Débora Elisiane.

COLLATO, Délcio. Influência do Substrato na Resistência de Aderência à

Tração e na Distribuição de Poros de uma argamassa. Rio Grande do Sul:

Estudos tecnológicos, 2007.

MACIEL, Luciana Leone. BARROS, Mércia M. S. Bottura. SABBATINI,

Fernando Henrique. Recomendações para execução de revestimentos de

argamassa para paredes de vedação internas e externas e tetos. São Paulo.

1998.

MARANHÃO, Mauriti; MACIEIRA, Maria Elisa Bastos. O Processo Nosso

de Cada Dia – Modelagem de Processos de Trabalho. Rio de Janeiro,

Qualitymark, 2ª Ed, 2010.

SANTOS, White José dos, D.Sc., Universidade Federal de Viçosa.

Desenvolvimento de metodologia de dosagem de argamassas de revestimento

e assentamento. Orientadora: Rita de Cássia Silva Sant’Anna Alvarenga.

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35

Coorientadores: Reginaldo Carneiro da Silva e Leonardo Gonçalves Pedroti,

2014.

THOMAZ, E . Trincas em Edifícios: causas, prevenção e recuperação. Editora

Pini. São Paulo, 1989.

YAZIGI, Walid. A técnica de edificar, Walid Yazigi. São Paulo: Pini 2006.

ZANETTI, J. J. Falhas dos processos de laboratório que comprometem a

avaliação dos resultados de resistência dos concretos. 51º Congresso

Brasileiro do Concreto. Curitiba: IBRACON, 2009.

ZANETTI, J. J. Tempo do Concreto de Utilização em estado fresco:

contestação do paradigma Brasileiro do Concreto. Bonito-MS: IBRACON,

2015.

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7. ANEXO

ANEXO I – Ficha de Verificação de Serviços

ANEXO II – Instruções de Trabalho para revestimentos argamassados

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ANEXO I – Ficha de Verificação de Serviços

IT-08(30/09/2014)

REVISÃO 03FOLHAS: 1PÁGINA: 1

LIMPEZA E CONDIÇÕES DA BASE Visual -

CONDIÇÕES DE NÍVEL, PRUMO E PLANEZA DA BASE E DE

ELEMENTOS COMO ADUELAS E CAIXINHAS INSTALAÇÕES

Trena/Esquadro/Pru

mo/Régua± 5 mm

ESPESSURA E POSIÇÃO DA TALISCATrena/Esquadro/Pru

mo/Régua± 5 mm

TELA DEPLOYER COLOCADA Visual -

APLICAÇÃO DO CHAPISCO Visual -

ACABAMENTO DO EMBOÇO Visual -

PLANEZA DA SUPERFÍCIERégua/Trena

metálica± 3 mm

ESQUADRO E PRUMO ENTRE SUPERFÍCIESTrena/Esquadro/Pru

mo/Régua± 5 mm

ARESTAS, PINGADEIRAS, JUNTAS, RISCOS E SULCOS Visual -

FACHADA

LIMPEZA E CONDIÇÕES DA BASE Visual -

EXECUÇÃO DO CHAPISCO Visual -

ESPESSURA DO EMBOÇO (TALISCAS) Trena metálica ± 5 mm

TELA DEPLOYER ENTRE ESTRUTURA E ALVENARIA Visual -

ALINHAMENTO DOS ARAMES Trena metálica ± 2 mm

AFASTAMENTO ENTRE OS ARAMES DE 1,50 M A 1,80 M Trena metálica ± 5 cm

APARÊNCIA DO EMBOÇO (FALHAS, SUPERFÍCIE LISA, ETC) Visual -

PLANEZA DA SUPERFÍCIERégua/Trena

metálica± 3 mm

LEGENDA: APROVADO = REPROVADO = X APROVADO APÓS AÇÃO DE CORREÇÃO = NÃO APLICÁVEL = NAOCORRÊNCIA DE NÃO-CONFORMIDADE E TRATAMENTO

DESCRIÇÃO DO PROBLEMA:

APROVADO COM RESSALVA =

SOLUÇÃO PROPOSTA:

RESP. PELA VERIFICAÇÃO: RESP. OBRA OU FISCALIZAÇÃO: DATA DA ABERTURA DA FVS: DATA DE FECHAMENTO DA FVS:

SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADAFICHA DE VERIFICAÇÃO DE SERVIÇOS

CROQUIS ANEXO:

VERIFICARMÉTODO DE

INSPEÇÃO

CDC:

LOCAL

TOLERÂNCIA

______/______/______ ______/______/______

1ª Serviços preliminares

ACABAMENTOS DE TETO E PAREDES EM ARGAMASSA

OBRA:

ETAPAS DE VERIFICAÇÃO

2ª Execução de emboço

interno

2ª Execução de emboço

em fachada

1ª Serviços preliminares

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ANEXO II - Instruções de Trabalho para revestimentos argamassados

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ANEXO II - Instruções de Trabalho para revestimentos argamassados

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ANEXO II - Instruções de Trabalho para revestimentos argamassados

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ANEXO II - Instruções de Trabalho para revestimentos argamassados

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ANEXO II - Instruções de Trabalho para revestimentos argamassados

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ANEXO II - Instruções de Trabalho para revestimentos argamassados

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ANEXO II - Instruções de Trabalho para revestimentos argamassados