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1 GESTÃO ESTRATÉGICA DO CONHECIMENTO EM PRODUÇÃO: USO DA TECNOLOGIA DE RFID (RADIO-FREQUENCY IDENTIFICATION) PARA CONTROLE DE EQUIPAMENTOS ATIVOS EM AMBIENTES INDUSTRIAIS Cláudio Roberto Magalhães Pessoa (Universidade Fumec) - [email protected] George Leal Jamil (Universidade Fumec) - [email protected] Danilo Marcus Ribeiro Gonçalves (Universidade Fumec) - [email protected] Roberto Oliveira de Souza (Universidade Fumec) - [email protected] Frequent technological upgrade demands and high availability of infrastructure resources motivates companies to invest and adopt in technologies without planning, in a reactive way. This work aims to observe general orientations provided by strategic alignment and knowledge management to structure technological implementation in industrial environments. Focusing a multiple case study, held in industries to evaluate the proposition of knowledge management in a production environment, it was analyzed the RFID – Radio-Frequency identification – technology introduction and application, as a basic resource with increasing offer and popularity among practitioners. In its development, this multiple case study analyses how these technologies were applied in intuitive, non-planned way in industrial plants, not allowing to their users to obtain the best results for strategic knowledge management and alignment. These two constructs, reviewed in the literature approached are used to research how better strategic results could be obtained, if the industrial and production designers had both the strategic alignment and knowledge management theoretical basis consideration for their initial technological planning. Keywords: RFID, knowledge management, process management, production engineering. As constantes demandas por modernização de parques tecnológicos empresariais e a alta disponibilidade de recursos tecnológicos provoca as empresas a investirem de maneira reativa e não planejada em tecnologias. Neste trabalho, busca-se observar a orientação do alinhamento estratégico e a perspectiva da gestão do conhecimento com o objetivo de estruturar a implantação de tecnologias no escopo da produção industrial. Como foco objetivo para estudo de múltiplos casos, destinados a verificar a proposta da gestão do conhecimento em ambiente de produção, estuda-se a introdução e aplicação da tecnologia RFID – Radio-Frequency identification, que tem popularidade e oferta mercadológica crescente em casos de gestão de manutenção e operação de equipamentos ativos industriais. No seu desenvolvimento, este estudo de múltiplos casos avalia como a inserção de tais tecnologias se dá de forma intempestiva, intuitiva, não permitindo aos seus usuários a obtenção dos melhores resultados de gestão estratégica do conhecimento e para o alinhamento às estratégias da empresa. Estes dois construtos, revisados no referencial teórico são utilizados na análise para a avaliação de como os projetistas das soluções industriais conseguiriam obter resultados de maior alinhamento estratégico e para a gestão do conhecimento caso considerassem a base de teórica em seus projetos iniciais de aplicação da tecnologia. Palavras-chave: RFID, gestão do conhecimento, gestão de processos, engenharia de produção. 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil 2092

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GESTÃO ESTRATÉGICA DO CONHECIMENTO EM PRODUÇÃO: USO DA TECNOLOGIA DE RFID (RADIO-FREQUENCY IDENTIFICATION) PARA CONTROLE DE EQUIPAMENTOS ATIVOS EM AMBIENTES INDUSTRIAIS

Cláudio Roberto Magalhães Pessoa (Universidade Fumec) - [email protected] Leal Jamil (Universidade Fumec) - [email protected] Marcus Ribeiro Gonçalves (Universidade Fumec) - [email protected] Oliveira de Souza (Universidade Fumec) - [email protected]

Frequent technological upgrade demands and high availability of infrastructure resources motivates companies to invest and adopt in technologies without planning, in a reactive way. This work aims to observe general orientations provided by strategic alignment and knowledge management to structure technological implementation in industrial environments. Focusing a multiple case study, held in industries to evaluate the proposition of knowledge management in a production environment, it was analyzed the RFID –Radio-Frequency identification – technology introduction and application, as a basic resource with increasing offer and popularity among practitioners. In its development, this multiple case study analyses how these technologies were applied in intuitive, non-planned way in industrial plants, not allowing to their users to obtain the best results for strategic knowledge management and alignment. These two constructs, reviewed in the literature approached are used to research how better strategic results could be obtained, if the industrial and production designers had both the strategic alignment and knowledge management theoretical basis consideration for their initial technological planning.

Keywords: RFID, knowledge management, process management, production engineering.

As constantes demandas por modernização de parques tecnológicos empresariais e a alta disponibilidade de recursos tecnológicos provoca as empresas a investirem de maneira reativa e não planejada em tecnologias. Neste trabalho, busca-se observar a orientação do alinhamento estratégico e a perspectiva da gestão do conhecimento com o objetivo de estruturar a implantação de tecnologias no escopo da produção industrial. Como foco objetivo para estudo de múltiplos casos, destinados a verificar a proposta da gestão do conhecimento em ambiente de produção, estuda-se a introdução e aplicação da tecnologia RFID – Radio-Frequency identification, que tem popularidade e oferta mercadológica crescente em casos de gestão de manutenção e operação de equipamentos ativos industriais. No seu desenvolvimento, este estudo de múltiplos casos avalia como a inserção de tais tecnologias se dá de forma intempestiva, intuitiva, não permitindo aos seus usuários a obtenção dos melhores resultados de gestão estratégica do conhecimento e para o alinhamento às estratégias da empresa. Estes dois construtos, revisados no referencial teórico são utilizados na análise para a avaliação de como os projetistas das soluções industriais conseguiriam obter resultados de maior alinhamento estratégico e para a gestão do conhecimento caso considerassem a base de teórica em seus projetos iniciais de aplicação da tecnologia.

Palavras-chave: RFID, gestão do conhecimento, gestão de processos, engenharia de produção.

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INTRODUÇÃOA disponibilidade momentânea de recursos financeiros, processos de aquisições por reação a demandas de mercado, busca incessante de melhores patamares de produtividade em setores como construção civil, mineração e navegação, entre vários outros fatores, fazem com que as empresas brasileiras montem parques tecnológicos complexos com precárias condições de planejamento, potencialmente desconexos em termos de gestão. Por outro lado, verifica-se o avanço das tecnologias de informação e comunicação, gerando perspectivas para que empresas controlem seus ativos de maneira mais eficaz, obtendo com isso gestão de custos aprimorada e levando a melhores resultados operacionais. Segundo Azevedo (2001) “o controle de ativos (Asset Management) se estrutura no conceito mais antigo da economia industrial capitalista que é o ROI (return on investment)”. Para o autor é necessário que as empresas invistam em um método de controle de ativos, pois pesquisas apontam que a maioria delas está presa na “manutenção pela manutenção e para manutenção”, não utilizando a gestão de ativos como ferramenta de decisão. Este fato gera a dificuldade de ter-se uma linguagem comum entre a produção e gestão, potencializando assim uma falha de controle que, futuramente, poderá ser vital para o negócio da organização.

Observa-se, para este fim, a afirmação no mercado da tecnologia RFID (Radio Frequency identificator). Segundo Sayeed et al. (2011) RFID “é uma das tecnologias modernas mais atrativas que permite identificar um objeto, ou pessoa, sem fio, utilizando ondas eletromagnéticas”. Segundo os autores a tecnologia RFID pode identificar objetos automaticamente, com um mínimo de intervenção humana, sendo que consideram ainda que os sistemas de RFID tornaram-se comuns em empresas de logística, indústrias e controle de fluxos de material. Para Hessel et al. (2009) o alto grau e dinamismo no processo de aquisição de informações, “sem impor grandes barreiras à entrada de dados”,dá ao RFID uma grande oportunidade de mercado, especialmente em aplicações voltadas ao atendimento de necessidades específicas dos processos de manufatura industriais.

Diante do atual estágio de difusão da tecnologia RFID, a pesquisa aqui apresentada tem como objetivo analisar a implantação de sistemas nela baseados para controle de ativos (equipamentos de parque industrial), como um processo de gestão do conhecimento. Um sistema automatizado permitiria, nesta forma de interpretá-lo, a avaliação de grandezas ligadas ao controle de ativos monitorando indicadores e variáveis como desempenho, custos, tempos de uso e outros parâmetros e fatores relevantes para o planejamento de produção industrial, possibilitando a gestão do conhecimento aplicado. Como exemplo dos conhecimentos a serem geridos com a aplicação de tecnologia RFID elencam-se o gerenciamento de custos, desempenho produtivo, segurança patrimonial, entre outros. Diante deste cenário, a questão proposta para a pesquisa é: Como é possível adotar a tecnologia RFID em ambiente industrial para possibilitar a gestão estratégica do conhecimento aplicada ao controle de ativos?

Como metodologia será utilizada a revisão bibliográfica, com a finalidade de proposição de base teórica sobre alinhamento estratégico e gestão do conhecimento, construtos escolhidos para discutir a aplicação da tecnologia em estudo. Posteriormente relata-se um estudo de múltiplos casos onde se avaliou a possibilidade de uma gestão estratégica do conhecimento baseada na proposta de sistema automatizado com esta tecnologia. Dentre os construtos estudados apresentam-se: fundamentos teóricos da tecnologia RFID, gestão do conhecimento e alinhamento estratégico (este último com o intuito de permitir a apreciação

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da aplicação do conhecimento gerido para a estratégia empresarial). Os estudos de múltiplos casos ocorreram em empresas do estado de Minas Gerais que se propõem a fazer controle de seus ativos com base na tecnologia RFID de alta intensidade de fluxos informacionais.

EMBASAMENTO TEÓRICONeste tópico serão desenvolvidos os fundamentos teóricos dos construtos de base do estudo: a tecnologia RFID, em termos de sua aplicação e constituição de sistemas de gestão de ativos, gestão do conhecimento e alinhamento estratégico.

RFID - (radio-frequency identification)Um Breve HistóricoSegundo Hessel et al. (2009) a tecnologia de identificação eletrônica surgiu por volta de1930 quando o exército e a marinha norte-americana enfrentaram o desafio de identificar adequadamente alvos no solo, mar ou ar. O laboratório de pesquisas navais, liderado por Sir Alexander Watson-Watt, desenvolveu o sistema de identificação de amigo ou inimigo (IFF – Identification Friend-or-Foe). Neste sistema os componentes mais importantes eram um interrogador e um transponder. A estação base emitia um sinal de radar e o transponder, após receber este sinal, o refletia de volta, fazendo que a antena do radar recebesse um retorno mais forte do que de outra forma teria.

Ainda segundo os autores, por volta de 1970, foram fabricados os primeiros sistemas comerciais de RFID, utilizados na ocasião em empresas para proteção de inventários, tais como vestuários em lojas de departamento e livros em bibliotecas. Estes sistemas também eram conhecidos como sistemas com etiquetas de 1 bit. Não precisavam de baterias e eram afixados nos artigos e simplesmente disparavam um alarme quando aproximavam de um sensor (leitor), que ficavam geralmente na porta de saída. Até então as etiquetas utilizavam frequências baixas (LF – Low Frequency - 125 Khz), até que as empresas, de forma irregular, resolveram aumentar as frequências para 13,5 Mhz (HF – High Frequency). Nos anos 80, passaram a utilizar as frequências consideradas ultra altas (UHF – Ultra High Frequency), o que já possibilitou às etiquetas serem usadas para leituras dinâmicas a 10 metros de distância. No final dos anos 90, as etiquetas passaram a oferecer uma combinação de maior alcance, velocidade e preços atrativos, tornando-se assim candidatas ao uso para cadeias de abastecimento, “incluindo o rastreamento de paletas e caixas, controle de inventário e gerenciamento de armazéns e de logística” (HESSEL et al, 2009, pg. 12). A tecnologia ganhou força no mercado em grandes empresas, como Wal-Mart, que exigiu que alguns de seus fornecedores passassem a entregar seus produtos com a etiqueta inteligente para suas operações elementares de estoque e suprimento.

Visão inicial de aplicação da TecnologiaA tecnologia RFID, tem chamado a atenção de vários pesquisadores pela praticidade de sua aplicação nas empresas, principalmente no controle de logística e gestão de ativos.

Segundo Santana (2005), RFID é um sistema de identificação por rádio frequência, masque diferentemente do sistema de código de barras, cujos códigos gráficos são lidos por um feixe de luz, a tecnologia de RFID utiliza ondas de rádio para transmissão das informações.

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Segundo a autora, o que motivou o investimento em tecnologia que utiliza as ondas de rádio foi a necessidade de capturar informações de produtos que estivessem em movimento. Juntou-se a isso a necessidade de identificação em ambientes insalubres. “Esse produto pode ser rastreado por ondas de radiofrequência utilizando uma resistência de metal ou carbono como antena” (Bernardo, 2004, p.3). Para o autor uma das maiores vantagens do RFID é permitir a utilização desta tecnologia em ambientes hostis.

Segundo Hessel et al. (2009), basicamente o funcionamento da tecnologia de RFIDconsiste em três componentes: etiqueta, leitor e antenas. O leitor normalmente estará ligado a um computador central, ou outro dispositivo, que possua inteligência para processar os dados coletados pela etiqueta.

O sistema possui o seguinte funcionamento: um aparelho com função de leitura envia, por meio de uma antena, sinais de radiofrequência em busca de objetos a serem identificados. No momento em que um objeto é atingido pela radiação, ocorre o acoplamento entre ele e a antena, o que possibilita que os dados armazenados no objeto sejam recebidos pelo leitor. Este trata a informação recebida e envia ao computador. O acoplamento na maioria dos sistemas de RFID é eletromagnético (backscatter) ou indutivo (HESSEL et al. 2009, pg. 14)

A escolha se dará segundo a necessidade da aplicação, custo, velocidade e alcance de leitura. Na FIG. 1 podemos ver o esquema de funcionamento do sistema RFID.

Figura 1: Esquema de funcionamento da Tecnologia de RFID. Fonte: Pinheiro (2004)

Para melhor elucidar o funcionamento da tecnologia faz-se necessário o estudo dos componentes separadamente.

EtiquetasPara autores como Prado, Pereira & Politano (2006) e Hessel & Azambuja (2009) a etiqueta consiste basicamente de um circuito integrado (CI, ou chip) que é responsável pelo armazenamento da informação e uma antena que será responsável pela transmissão dos dados. A memória do chip pode ser (a) Read only (RO) utilizada para um único número serial, o que a torna à prova de adulteração; (b) uma gravação/várias leituras (Write once / read many – WORM) que possui capacidade de gravar dados apenas uma vez, permitindo a gravação dos dados após a fabricação, o que reduz o preço de produção significativamente e (c) (Read Write – RW) que é a mais flexível, porém a mais vulnerável uma vez que permite a gravação. Estas memórias podem variar de 16 bits a várias centenas de Kilobits, sendo isso definido pela aplicação.

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Segundo Hessel & Azambuja (2009), uma etiqueta para funcionar deverá apresentar ossistemas a seguir: Interface com o ambiente, relógio de referência, modulação e demodulação dos sinais analógicos e digitais, operações básicas das etiquetas, algoritmo de sincronização, codificador e decodificador. Para estes autores, as etiquetas são classificadas segundo três critérios: Fonte de energia, frequência e funcionalidade.

Segundo o Rfidjournal (2012), podem-se classificar as etiquetas, segundo sua fonte deenergia em passivas, semipassivas e ativas, sendo:

Etiquetas passivas – caracterizam por não possuírem baterias internas. Portanto precisam estar na presença de um campo eletromagnético do leitor pois é este que alimenta de energia as etiquetas.

Etiquetas semipassivas – São híbridas entre as etiquetas passivas e ativas. Elas possuem uma bateria de baixo custo que alimentam os circuitos elétricos internos porém não possuem um transmissor.

Etiquetas ativas – Possuem bateria interna que fornecem a energia para a comunicação e um transmissor. Por consequência podem melhorar o alcance entre a etiqueta e o leitor.

Consolidando informações expostas em Radio-Electronics (2012), em relação à frequência,as etiquetas são classificadas da seguinte forma:

• Baixa frequência (LF) – 135 Khz ou menos;• Alta Frequência (HF) – 6,78 Mhz, 13,5 Mhz, 27,125 Mhz e 40, 680 Mhz;• Ultra Alta Frequência (UHF) – 433,920 Mhz, 869 Mhz e 915 Mhz;• Micro-Ondas – 2,45 Ghz, 5,8 Ghz e 24,125 Ghz.

Segundo Antonio & Franklin (2003) a definição de qual a antena que atendera melhor, estádiretamente relacionada à frequência a ser irradiada assim como a largura de banda necessária. Sendo assim, definindo qual a frequência a ser utilizada pode-se calcular o seu comprimento de onda (λ), de acordo com a Fórmula 1:

(1)onde:

λ = comprimento de ondac = velocidade da luzf = frequência a ser irradiada

Conforme Projetos Tecnológicos (2013), a antena ideal para se utilizar seria com o mesmo tamanho do comprimento de onda a ser irradiado (FIG. 2), para que não haja perda do sinal, sendo este um fato difícil de realizar em casos cuja frequência seja mais baixa (conforme a Fórmula 1 onde se observa que quanto mais baixa a frequência maior o comprimento de onda) podendo nestes casos o uso de antenas com o tamanho proporcional a frações do comprimento de onda (1/4, por exemplo).

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Figura 2: Relação onda x Antena, Fonte: Projetos Tecnológicos (2013).

A largura de banda define a capacidade de taxa de dados a serem transmitidos podendo ou não ser limitada pela impedância de entrada da antena, direção do diagrama de radiação, largura do feixe, diminuição da diretividade, aumento dos níveis de lóbulos laterais, etc.

A frequência definirá a taxa de dados que serão transmitidas (quanto menor a frequência,menor a taxa de transmissão), e o tamanho da antena (quanto maior a frequência, menor a antena). Outras variáveis que devem ser consideradas são as condições ambientais e o objeto ao qual se fixará a etiqueta, conforme demonstrado no quadro a seguir.

Quadro 1: Características e aplicações das Etiquetas em relação as frequências mais conhecidas. Fonte: Hessel & Azambuja (2009, p. 119)

Faixa de Frequência

Banda Alcance entre o leitor e a etiqueta

Vantagens Desvantagens Aplicação

LF 125 Khz134 Khz

Menos de 0,5 metro

Boa operação próxima a metais

e água

Curto alcance de leitura

Rastreamento de animais, controle de acessos, imobilização de veículos, autenticação de produtos, identificação de ítens, bagagens em linhas aéreas, smart cards e bibliotecas

HF 13,56 Mhz

Menos de 1 metro

Baixo custo, boa interação e boa qualidade de transmissão

Necessita de potência

elevada nos leitores

Identificação de itens, bagagens em linhas aéreas, smart cards e bibliotecas

UHF 860 Mhz960 Mhz

Até 9 metros Baixo custo, etiquetas com

tamanho reduzido

Não opera bem próximo

a metais e líquidos

Controle de fornecimento logístico

Micro-Ondas

2, 45 Ghz

5,8 Ghz

Acima de 10 metros

Velocidade de transmissão de

dados

Não opera bem próximo

a metais e líquidos,

maior custo

Controle de fornecimento logístico, pedágio eletrônico

Já em relação à funcionalidade, Prado, Pereira & Politano (2006) mostram que

Considerando combinações das diferentes características apresentadas pelas etiquetas como o tipo de memória, a fonte de energia e capacidade de processamento, o AutoID labs, classifica as etiqueta em uma hierarquia com cinco classes. Etiquetas das Classes 0 e 1, permitem

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apenas a leitura de seus dados. Etiquetas da Classe II apresentam funcionalidades adicionais. Etiquetas da Classe III possuem fonte de energia própria e suportam leituras a grandes distâncias. Etiquetas da Classe IV apresentam autonomia para iniciar suas comunicações. E asetiquetas da Classe V apresentam todas as funcionalidades das classes anteriores. (Prado, Pereira & Politano, 2006, p. 2)

LeitoresSegundo Ohkubo, Suzuki & Kinoshita (2003) e Ayre (2012), os leitores em um sistema deRFID tem a função de enviar um sinal para as etiquetas, de coletar as informações de resposta e reenviá-las para os equipamentos que farão o processamento das mesmas, geralmente um computador. Estas conexões podem ser serial (RS232), USB (Universal Serial Bus), Ethernet, interface sem fio como Wi-Fi (Wireless Fidelity) ou Bluetooth. Para Hessel & Azambuja (2009), os leitores devem criar e amplificar sinais de radiofrequência e envia-los através de uma antena, receber as respostas das etiquetas, amplificar e demodular o sinal, organizar os dados e armazená-los durante algum tempo até que os envie ao computador.

Segundo Bernardo (2004), o leitor emite frequências dispersas em vários sentidos noespaço que terão alcances diferentes dependendo da frequência utilizada pelo sistema. Segundo o autor “o leitor opera pela emissão de um campo eletromagnético, a fonte que alimenta o transponder, que, por sua vez responde ao leitor com o conteúdo de sua memória”. Segundo Prado, Pereira & Politano (2006), os leitores podem ser móveis (de mão, ou acoplados a aparelhos como PDAs - Personal Digital Assistant) ou fixos. Ainda segundo os autores, o sinal emitido pelos leitores, “chamados sinais de interrogação”, formam uma zona onde as etiquetas podem ser lidas sem a necessidade de visada direta com os leitores.

Hessel & Azambuja (2009), classificam os leitores em portáteis, fixos ou embarcados(embutidos). Os portáteis apresentam maiores mobilidades e flexibilidade de uso. Pode-se trazer o leitor próximo ao objeto e coletar todas as informações necessárias. Geralmente os leitores são equipados com visores de LCD (Liquid Cristal Display), que permitem a leitura dos dados obtidos no momento da captura. Os leitores fixos são utilizados em locais específicos como esteiras automáticas, portas, etc. A maioria permite ligar até 4 antenas aumentando com isso a áreas de cobertura. Já os leitores embutidos são montados “em uma placa de circuito impresso de outros equipamentos ou módulos acoplados fisicamente a outros equipamentos de maneira interna (ex. GPS)”. Para escolha de qual leitor utilizar será necessário avaliar a aplicação do sistema, a frequência utilizada, potência das antenas, número de antenas, configuração dos softwares e protocolos.

AntenasA antena em um sistema de RFID emite o sinal que ativará as etiquetas e realizará a escrita ou leitura de dados nas mesmas. São fabricadas em diversos tamanhos e formatos que dependerão do tipo de aplicação e frequência utilizadas pelo sistema Santana (2005). Segundo Hessel & Azambuja (2009), a distância entre as antenas e os leitores poderávariar muito de acordo com o tipo de cabo e interferências no ambiente, que afetarãodiretamente no comprimento do cabo. A uma distância menor que dois metros o sistema estará livre de maiores problemas, sendo que distâncias maiores deverão ser testadas para evitar possíveis problemas. Segundo os autores, alguns leitores utilizam uma antena para

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transmitir e outra para receber os sinais das etiquetas. Neste caso, a direção de movimento das etiquetas pelos campos dos leitores torna-se importante. “As antenas de leitura linear oferecem um alcance maior do que as antenas de leitura circular”. Com isso a antena linear é mais utilizada em casos em que a orientação de um item etiquetado seja sempre a mesma.

MiddlewareComo em qualquer ambiente tecnológico, para que a implantação de um sistema de RFID em uma organização seja considerada bem sucedida, é importante alinhar a tecnologia ao negócio da mesma (Pessoa, 2009). Neste contexto é importante que, com relação ao processamento pelo sistema RFID, ao fazer a leitura dos dados utilizando os leitores de RFID, filtrem-se aqueles que sejam pertinentes e que agreguem valor ao negócio. Com esta finalidade, como afirma Ayre (2012), torna-se necessário o uso de um middleware que terá esta função no sistema.

Segundo RNP (2006)Middleware é o neologismo criado para designar camadas de software que não constituem diretamente aplicações, mas que facilitam o uso de ambientes ricos em tecnologia da informação. A camada de middlewareconcentra serviços como identificação, autenticação, autorização, diretórios, certificados digitais e outras ferramentas para segurança.Aplicações tradicionais implementam vários destes serviços, tratados de forma independente por cada uma delas. As aplicações modernas, no entanto, delegam e centralizam estes serviços na camada de middleware. Ou seja, o middleware serve como elemento que aglutina e dá coerência a um conjunto de aplicações e ambientes. RNP (2006)

Segundo Machado, Vaz & Sacramento (2009), no caso do RFID a plataforma demiddleware tem por objetivo desacoplar das aplicações toda complexidade de interação com a infraestrutura e filtrar e dar semântica aos dados coletados pelos equipamentos. Ainda segundo os autores pode-se implementar o middleware de duas formas. Na primeira opção, o middleware é instalado em um servidor à parte, que fica localizado entre os leitores e a aplicação conforme mostrado na FIG. 3. Neste modelo o middleware coleta, filtra, agrega e agrupa os dados obtidos de vários leitores. Assim a aplicação enviaria somente uma requisição ao middleware e recebe a resposta já processada para agregar valor ao negócio da organização.

Figura 3: Middleware RFID em servidor a parte. Fonte: Adaptado de Machado, Vaz & Sacramento (2009)

Na segunda opção, o middleware será instalado nos leitores de RFID, uma vez que, segundo os autores, “este poderá rodar em qualquer dispositivo computacional que atenda

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Aplicação

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os requisitos mínimos para sua instalação e execução”, conforme mostrado da FIG. 4. Este modelo da ao sistema flexibilidade de coletar os dados diretamente nos leitores. Por outro lado, os filtros só podem ser aplicados aos dados pelo próprio leitor, o que pode impedir de operacionalizar com qualquer sistema e adequar às necessidades do negócio.

Figura 4: Middleware RFID no leitor. Fonte: Adaptado de Machado, Vaz e Sacramento (2009)

Alinhamento EstratégicoA tecnologia nos dias de hoje avança de forma significativa, permitindo que as empresas deem passos maiores na busca por melhores resultados. Porém implementar a tecnologia adequada ao negócio pode se tornar um grande desafio para os gestores das organizações. A partir do desenvolvimento apresentado em Pessoa (2009) pode-se conceituaralinhamento estratégico como sendo o esforço e orientação geral das disciplinas táticas empresariais no sentido previsto pela estratégia adotada pela organização. Assim pensando, uma ação alinhada à estratégia encontra nesta última toda a fundamentação para o seu desenvolvimento e correlação com os demais esforços empresariais, interagindo com o processo de gestão do conhecimento empresarial, como será analisado neste estudo.

A falta de alinhamento estratégico é apontada por autores como Brodbeck (2006), Moraes & Lana (2006), Pietro & Carvalho (2006), Silva & Magalhães (2006) e Pessoa (2009), como a principal causa de investimentos inadequados nas empresas. Segundo Davenport (2000), um terço dos gastos com tecnologia foi feito de forma errônea seja porque foi feita uma utilização inadequada das tecnologias ou até mesmo por simples falta de uso.

Para Souza (2008), caso a empresa invista em tecnologia com a TI alinhada a gestão daorganização, consequentemente terá critérios e parâmetros que permitirão saber o seu estágio atual e planejar melhor todos os investimentos da empresa.

Porém este não é um problema somente dos gestores da área de TI. Pessoa (2009) mostraque em 100% dos casos analisados em sua pesquisa, os presidentes e diretores das organizações consideram que a TI é vital para sua empresa. Porém, também em 100% dos casos, os gestores de TI não participam do planejamento estratégico da empresa.

Ademais, Roberts (2008) já mostra que os gestores de TI, geralmente, começam os seus projetos considerando apenas o seu setor, simplesmente ignorando todos os demais setores da empresa. Com isso, como o presidente, ou os diretores das empresas, não participaram deste planejamento, não consideram que estes investimentos da área sejam prioridade para sua área de negócio. Considerando assim, como demonstrado em Kieling (2005), que a área de TI só gera custos para empresa.

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AplicaçãoMid.

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Esta pesquisa tem por objetivo alinhar o uso da tecnologia de RFID com a gestão das empresas no momento que apresentará um modelo de gestão de conhecimento aplicado ao negócio das mesmas.

Gestão do conhecimentoEm Jamil (2005) vê-se a proposição do seguinte modelo (FIG. 5) a ser considerado comobase analítica para a observação do processo de gestão do conhecimento, como pretendido nesta pesquisa:

Figura 5 – Modelo do processo de gestão de informação e do conhecimento. Fonte: Jamil (2005)

O modelo definido acima buscou sintetizar, a partir da proposição de referencial de literatura, integração sob os auspícios do campo teórico e exame prático em múltiplos casos, a gestão da informação e do conhecimento organizacional, detalhando-o em subprocessos e fatores intervenientes.

Os subprocessos avaliados na literatura e averiguados na pesquisa de campo foram:

• Obtenção: que compreende as funções e atividades de angariar, coletar e gerar informação e conhecimento. Dentre essas, incluem-se os trabalhos laboratoriais de geração de conhecimento tecnológico e pela aplicação de instrumentos computacionais, a coleta através de processos automáticos e a captação de recursos humanos através de seleção e admissão de pessoas.

• Retenção: considerado essencial para o registro permanente das informações e do conhecimento obtidos, objetivaria deter estes acervos para posterior recuperação com fins de disseminação e aplicação perceptível pela organização.

• Compartilhamento: avalia as formas de distribuição e pleno acesso destes acervos para os interessados, nos campos de ação organizacionais. Aqui a disponibilidade dos registros feitos através de sistemas computacionais, programas de treinamento e técnicas e ferramentas de distribuição foram relacionados.

• Monitoramento estratégico: subprocesso que se destina a perceber como a informação e o conhecimento gerados poderiam ser aplicados para finalidades

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estratégicas, como as tomadas de decisão e planejamento, ressaltando-as como funções empresariais críticas. É oportuno notar que a atuação no nível estratégico orienta, segundo também amparado na revisão de literatura, o que é feito para os níveis táticos e operacionais, permitindo compreender como a informação e o conhecimento poderiam ser aplicados para a gestão empresarial integrada.

• A aplicação dos recursos tecnológicos (ilustrada pelos pequenos sinais circulares com a letra “T” inserida), ressaltando oportunidades expressivas para a aplicação de tecnologias de informação e comunicação. No caso deste estudo torna-se oportuno afirmar que tais indicadores permitem, em pelo menos algumas situações, como será desenvolvido no exame dos casos, o uso de sistemas à base da tecnologia RFID tanto como elementos tecnológicos principais quanto de suporte.

O referido trabalho ainda avaliou dois fatores intervenientes:

• A cultura organizacional: como conjunto de características que descreve bases conceituais, comportamentais e sociais de todos os empreendimentos de um determinado setor empresarial.

• O ambiente organizacional: como especificação ou detalhamento ou ainda particularização de uma determinada cultura, onde um agente ou empresa daquele setor diferencia parcial ou significativamente da cultura geral do segmento, em situações que remodelam as condições culturais, tratando-se de um subconjunto desta.

No caso da presente pesquisa, deve-se ressaltar que os fatores intervenientes são apresentados como a cultura do setor industrial de produção intensiva, como o de mineração e, no caso do ambiente, os trabalhos especiais de condições hostis de produção, conferindo este contorno aos casos abordados pelo presente estudo.

Delimitação do referencial teóricoO referencial teórico aqui desenvolvido abordou os princípios dos sistemas e a base da tecnologia RFID, que são os de alvos da presente pesquisa. Além destes fundamentos, foram também discutidos os dois construtos da área de gestão pretendidos para o estudo, no sentido explicado a seguir.

O alinhamento estratégico foi inserido especialmente para a avaliação de como as decisões e ações da especificação e uso da tecnologia se aliariam ao planejamento e resultados estratégicos das organizações pesquisadas, averiguando que a RFID foi introduzida e torna-se base tecnológica para o posicionamento e execução estratégica.

A gestão do conhecimento para a compreensão do contexto-alvo da pesquisa, enunciando o que se pretende concluir em termos de processos de geração, retenção, compartilhamento, monitoramento estratégico e aplicação de tecnologia de informações e conhecimentos no ambiente das empresas, servindo para validar a aplicação da tecnologia RFID.

METODOLOGIASegundo Yin (2001), definir as questões da pesquisa é provavelmente o passo mais importante a ser considerado em um estudo. Desta forma, após estudar diferentes métodos de pesquisa, optou-se, neste trabalho por dividir a metodologia em 2 momentos distintos.

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No primeiro momento utilizou-se de uma revisão bibliográfica com a finalidade de proposição de base teórica sobre alinhamento estratégico e gestão do conhecimento, construtos escolhidos para discutir a aplicação da tecnologia em estudo.

Já em um segundo momento utilizou-se um estudo de múltiplos casos. O estudo de múltiplos casos utiliza uma abordagem qualitativa e argumentos dedutivos. Considera-se que a dedução é uma constatação de um fato que nos leva a obter conclusões sobre determinado fato (Cooper & Schindler, 2003).

Assim, Yin (2001) registra que “o estudo de caso consiste em uma estratégia de pesquisa baseada na investigação empírica de um fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto na vida real”.

O método do estudo de caso é normalmente utilizado para colher dados na área de estudos organizacionais. Segundo Yin (2001), utiliza-se o estudo de casos como estratégia de pesquisa quando é necessário um estudo organizacional e gerencial de mercado, na medida em que “essa forma de estudo contribui, de forma inigualável, para a compreensão que temos dos fenômenos individuais, organizacionais, sociais e políticos”.

Ainda de acordo com Yin (2001), trata-se de um estudo realizado de tal forma ou técnica, como as pesquisas históricas, sendo este mais completo, contando com duas técnicas adicionais: observação direta e série sistemática de entrevista (onde pode apresentargrandes indícios de estudo de casos pelo fato de conter questões do tipo “como” e “por que”).

Tal método é criticado por não ter a praticidade e rigor necessários para se configurar enquanto um método de investigação científica (críticas inerentes aos métodos qualitativos, conforme já exposto). Contudo, segundo Yin (2001) e Fachin (2001), estas questões podem estar presentes em outros métodos de investigação científica se o pesquisador não tiver treino ou as habilidades necessárias para realizar estudos de natureza científica. Com isso, não são inerentes ao Método do Estudo de Caso.

Para Tull (1976) citado por Bressan (2000, p.2) “o método de estudo de caso, muitas vezes, é colocado como sendo mais adequado para pesquisas exploratórias e particularmente úteis para a geração de hipóteses”, o que é o caso desta pesquisa.

Já de acordo com Stake (1995) com sua amplitude de análise, variando desde um indivíduo até a uma ou mais organizações, o estudo de caso pode ser único ou múltiplo, sendo que neste é realizado um estudo de cada caso e comparado obtendo um estudo total.

Yin (2001) ainda relata que a investigação de estudo de caso:

- enfrenta uma situação tecnicamente única em que haverá muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados, e, como resultado;

- baseia-se em várias fontes de evidências, com os dados precisando convergir em um formato de triângulo, e, como outro resultado;

- beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e a análise de dados.

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Segundo Schramm (1971), “a essência de um estudo de caso é tentar esclarecer uma decisão ou um conjunto de decisões: o motivo pelo qual foram tomadas, como foram implementadas e com quais resultados”.

Yin (2001) define que o método de estudos de múltiplos casos tem como objetivo:

- Capturar o esquema de referência e a definição da situação de um dado participante;

- Permitir um exame detalhado do processo organizacional;

- Esclarecer aqueles fatores particulares ao caso que podem levar a um maior entendimento da causalidade.

Desta forma, a metodologia de estudo de múltiplos casos foi utilizada na pesquisa com o intuito de levantar informações a respeito dos benefícios obtidos com a aplicação da tecnologia de RFID nas empresas, para um maior conhecimento de mercado e suasdemandas. Para tal, o método de estudo de múltiplos casos se mostrou o mais adequado para a pesquisa, uma vez que possibilitará um entendimento da situação de cada empresa e seus respectivos mercados para colaborar com o restante da pesquisa.

ESTUDO DE MÚLTIPLOS CASOSNo estudo realizado foram entrevistadas 3 empresas conforme Quadro 2.

Quadro 2 – Empresas entrevistada para pesquisa. Fonte: autores – pesquisa de campo.

Empresa Ramo de Atividade Numero de Entrevistados

Cargo

1 Transporte de Cargas 1 Diretor2 Mineração 2 Gerente de TI3 Mineração 1 Especialista em

Logística

A coleta de dados nesta pesquisa foi através de um questionário semi-estruturado. Segundo Minayo (2004), o questionário semi-estruturado “possibilita ao entrevistado discorrer o tema proposto, sem respostas ou condições prefixadas pelo pesquisador”. Assim no questionário elaborado há espaço reservado a outras informações; tal espaço foi utilizado para observar informações implícitas das respostas dos entrevistados.

O objetivo deste questionário foi de levantar, junto aos responsáveis pelos departamentos interessados no projeto de RFID, as informações necessárias que permitam montar o modelo de gestão de conhecimento que auxiliará a empresa na melhoria dos seus processos.

A seguir as respostas obtidas durante as entrevistas:

Questão 1: Em quais áreas da empresa seria interessante a instalação de um sistema de controle e automação de processos utilizando a tecnologia de RFID?

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Quadro 3 – Respostas à questão 1 do questionário. Fonte: autores – pesquisa de campo.Empresa 1 Empresa 2 Empresa 3

Segundo o diretor da empresa, a tecnologia RFID teria uma grande aplicação na área de Gestão de Frota visando controle de equipamentos como macacos hidráulicos, lonas, cintas, catracas, kits de emergência e uso dos pneus.Na operação, ainda segundo o diretor, pode-se utilizar no controle de carregamentos e de cargas em geral.

Segundo entrevistado o sistema poderá ser utilizado no almoxarifado da empresa.

Para o gestor a utilização da tecnologia auxiliará em diversas áreas como controle de estoque, logística, emissão de Nota Fiscal, identificação de ferramentas/equipamentos ou pessoas e na segurança de equipamentos ou pessoas que estiverem dentro das minas.

Questão 2: Nessas mesmas áreas em questão, como é feito o controle hoje na empresa?

Quadro 4 – Respostas à questão 2 do questionário. Fonte: autores – pesquisa de campo.

Empresa 1 Empresa 2 Empresa 3Segundo o diretor da empresa, atualmente é realizado o controle dos equipamentos dafrota através de um check-listsemanal feito pelos motoristas. Os pneus são controlados por número de série e inspeções periódicas onde mede-se a pressão e a temperatura que, posteriormente, são lançadas em controles específicos via software.

Na operação a separação de cargas é feita manualmente colocando-as nos espaços específicos de cada destino.

Segundo o entrevistado o controle hoje é feito de forma manual.

Segundo o entrevistado, nos setores mencionados na questão 1, ainda não aplicam mecanismos de transmissão RFID. Existe um estudo recente no sentido da implantação em todo o processo de recebimento de materiais e atendimento aos usuários finais.

Questão 3: Quais tipos de dados coletados são relevantes no controle de cada uma dessas áreas?

Quadro 5 – Respostas à questão 3 do questionário. Fonte: autores – pesquisa de campo.

Empresa 1 Empresa 2 Empresa 3Segundo o diretor da empresa, na Gestão de Frota é importante saber se os veículos estão com seus devidos equipamentos. Outro fator importante é saber se os pneus dos respectivos

Segundo o entrevistado os dados seriam:

-Inventário; -Recebimento de mercadoria;-Localização da mercadoria;

Para o gestor, principalmente o monitoramento em tempo real das entradas e saídas do processo, seriam dados relevantes.

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veículos estão com pressão e temperatura corretos.

Na Operação, é importante saber se as mercadorias estão sendo enviadas para os destinos corretos.

-Processos de almoxarifado que se enquadrem no escopo.

Mas também citou dados como data/hora, tipo de material, pesagens, velocidade, posicionamento, dimensões, movimentações, dados da nota fiscal etc.

Questão 4: Uma vez de posse destes dados, como é feita a interpretação deles hoje?

Quadro 6 – Respostas à questão 4 do questionário. Fonte: autores – pesquisa de campo.

Empresa 1 Empresa 2 Empresa 3Segundo o diretor da empresa, na gestão de frota os dados coletados, referentes aos pneus, são lançados em planilhas próprias e posteriormente analisadas gerando medidas corretivas para eventuais problemas.

Nas demais áreas não cabem interpretações, uma vez que a coleta de dados é usada apenas para controle.

Segundo o gestor “os dados povoam o sistema de ERP (SAP) da empresa”

Segundo o gestor, toda a tratativa se dá de forma sistematizada e automática. A leitura e interpretação dos dados feita por interface entre módulos de comunicação e sistemas ERP/ MRP.

Questão 5: A informação tirada a partir desses dados é aproveitada para gerar conhecimentos para a empresa?

Quadro 7 – Respostas à questão 5 do questionário. Fonte: autores – pesquisa de campo.

Empresa 1 Empresa 2 Empresa 3Segundo o diretor da empresa, a partir das informações coletadas na gestão de frotas, são criadas tabelas de pressão para uso interno com o objetivo de aumentar a vida útil dos pneus.

Ainda segundo o gestor, não se aplica nos demais casos.

“Não entendi”! Segundo o gestor, a agilidade para coleta dos dados possibilita a interpretação e análise dos fluxos de forma integrada consequentemente um poder de reação e resposta mais curto baseando-se em dados confiáveis gerando aprendizado e amadurecimento do processo.

Questão 6: Você acredita que a implementação dessa tecnologia poderia agregar valor nas áreas da empresa em questão?

Quadro 8 – Respostas à questão 6 do questionário. Fonte: autores – pesquisa de campo.

Empresa 1 Empresa 2 Empresa 3Segundo o diretor da empresa, é possível agregar valores como a viabilização do controle de temperatura de pneus levando a uma melhor visualização da condução do veiculo e de como se encontra seu sistema de freios, diminuição do extravio de periféricos dos caminhões,

Segundo o gestor o processo automatizado reduz em muito o erro, trás agilidade aos processos e diminui os custos com mercadoria redundante e retrabalho.

Segundo o entrevistado, integralmente à toda cadeia de suprimentos.

Para ele o conceito de aprendizado com a situação atual gera massa crítica para o processo de melhoria contínua.

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com redução de custo com os mesmos, uma melhoria do controle da pressão acarretando no aumento da vida útil dos pneus e na diminuição da incidência de trocas de mercadoria e consequentes reclamações de clientes.

“Quanto mais próximo e rápido a obtenção da informação maior o poder de ação preventiva.”

ANÁLISESSerá praticada aqui a análise dos resultados obtidos a partir dos dois construtos observados: o alinhamento estratégico e a gestão do conhecimento, considerando-se como foco a aplicação da tecnologia RFID. A seguinte avaliação tomou por base cada um dos construtos discutidos, para o estudo das realidades encontradas nos casos empresariais de aplicação da tecnologia.

Primeiramente, sob a perspectiva do alinhamento estratégico:

Como apresentado no referencial teórico sobre alinhamento estratégico, tomando por base o que foi demonstrado em Pessoa (2009), é notório nas respostas obtidas pelo questionário que todos os entrevistados estão cientes que a adoção da tecnologia de RFID contribuirá de forma significativa para a empresa. Na resposta à questão dois fica claro que existem controles fracos – manuais e improvisados - para automação do sistema produtivo. Tais controles acrescentam, portanto, um ponto de falha perigoso, o erro advindo de intervenção humana. Este é um problema que por si só já justificaria a adoção da tecnologia de coleta de dados para mitigar possíveis erros. Porém, com exceção da empresa 2, cujo gestor foi mais direto na sua aplicação, os demais ainda sentem uma dificuldade de apontar onde a empresa obteria melhor retorno. O ponto de partida para tomada de decisão é o negócio da organização. Somente o modelo de negócio poderá fazer com que os gestores tomem a decisão correta do local para aplicação da tecnologia na busca de um melhor retorno ao negócio, podendo ser nos processos e até mesmo financeiro.

No caso das respostas dadas à questão 5 do questionário, percebe-se outro aspecto importante citado em Pessoa (2009): apesar dos gestores estarem cientes da importância da adoção da tecnologia e, eles mesmos, citarem em suas repostas que obteriam agilidade maior nos processos, ainda assim se encontram desfocados das estratégias de negócio da empresa. Com exceção da empresa 1, cujo diretor respondeu ao quesito já pensando em um modelo voltado à gestão do conhecimento, os demais demonstraram certo desconhecimento do negócio ao não saberem como aplicarem os resultados que obtém hoje e obterão após a implementação da tecnologia. É mister salientar que sem um planejamento estratégico prévio para utilização dos dados obtidos com o uso da tecnologia, estes se tornam inúteis e até mesmos perdulários, pois serão apenas dados sem função nenhuma dentro da organização.

Por último, outro aspecto importante para análise é o fato citado por Roberts (2008), onde ficou claro que os gestores, mesmo enxergando que poderiam aplicar a tecnologia em vários departamentos da organização, apontam para o setor de seu controle como o primeiro que deveria utilizá-la. Isso demonstra mais uma vez que a escolha se faz não por um pensamento estratégico do negócio, mas por dar, talvez, uma segurança maior na condução dos processos, sendo que estes já são de conhecimento dos mesmos.

Sob a perspectiva da Gestão do Conhecimento:

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Para a seguinte análise foi aplicado o modelo exposto anteriormente, na Fig. 6, a partir de Jamil (2005). Por ser fundamentado no modelo ali apresentado, as obras conceituais apresentadas encontram-se aqui citadas e referenciadas, sendo que foram discutidas no texto original, sem que haja necessidade da repetição do detalhado desenvolvimento teórico já feito naquele texto.A explicitação geral de conhecimento

Do que foi avaliado na pesquisa de campo, observa-se nitidamente que a aplicação da tecnologia RFID presta-se, inicialmente, à definição de processos operacionais, que muitas vezes ainda se encontram baseados em conhecimentos tácitos, intuitivos e fundamentados nos hábitos e experiências subjetivas dos trabalhadores dos setores imediatamente relacionados à operação (Porter, 1986; Nonaka e Takeuchi, 1995). Esta estruturação de processo pode ser inicialmente compreendida como explicitação do conhecimento, onde um processo torna-se documentado, definido e, por consequência, atinge outro patamar de gerenciamento, permitindo o implemento de recursos de automação, informatização e melhor oportunidade de repasse e integração sistêmica, como processos organizacionais. O conhecimento operacional, entretanto, enfrenta determinadas questões culturais, muitas vezes não sendo avaliados e quantificados de forma relevante, mesmo que considerados críticos para a agregação de valor prevista para uma determinada instalação industrial ou mesmo de serviços.

Noutra vertente, que permite afirmar a explicitação do conhecimento como fato avaliado, as declarações de entrevistados remetem também à perspectiva de resultados imediatos da aplicação da tecnologia RFID para a melhor gestão de órgãos que são passíveis de ganhos no aprimoramento da gestão tática, como almoxarifados e setores de “chão de fábrica” que se dedicam a gerir a operação.

Deve ser ressaltado, portanto, neste aspecto inicial da análise dos resultados, que a explicitação de conhecimento evidencia maior possibilidade de controle operacional e da gestão tática da operação, como encontrado nas entrevistas, reforçando o que é citado por autores pesquisados do escopo de gestão de processos aplicado à obtenção de ganhos de desempenho e de estruturação nas tarefas de linha de frente organizacionais.

Obtenção e registro / retenção do conhecimentoO conhecimento disseminado ao longo da operação, desestruturado e muitas vezes sem a sequência ou atendimento a padrões, tem potencial de ser codificado e registrado devidamente, ainda no aspecto da explicitação afirmada no item anterior, perfazendo o que é preconizado pelos subprocessos de obtenção e registro definidos no modelo de processo de gestão de conhecimento. Dados informalmente coletados são revisados, validados e inscritos em elementos formais como o sistema de informações de padrão ERP ou mesmo planilhas eletrônicas. Em ambos os casos, há também o potencial de codificação e estruturação dos próprios fluxos informacionais, o que adicionalmente configura conhecimento de processos de gestão.

Nos dois aspectos, tem-se a definição, portanto, de conhecimentos gerados sobre a operação, gestão de frotas, logística geral (estoques, suprimento, demandas, etc.) e gestão contábil, bem como de sua integração como processos gerenciais isolados e integrados. A gestão do conhecimento operacional e tático oferece, ainda, a possibilidade de desenvolvimento de sistemas de decisão estratégica, quando se observa a afirmação de

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entrevistados sobre a melhor estruturação de percepções de demanda e suprimentos, gerando a oportunidade de otimizar a logística empresarial.

Valorização Tornam-se nítidas as afirmações de ser determinado tipo de estruturação de processo potencialmente ampliadora de “vida útil” de estoques de pneus ou ainda “diminuir o tempo de resposta” nos complexos procedimentos da contabilidade do setor mineral. A valorização percebida confirma os dois aspectos do modelo: de permitir a quantificação de eventos associados ao conhecimento e também de quantificar a ocorrência ou posse (fruto da geração e da retenção) do conhecimento em si.

As respostas imediatas que atestam o valor percebido seriam indicadas para dúvidas como: “Esta solução permite reduzir efetivamente o custo? Por qual fator?” ou ainda “Qual o impacto quantitativo do aumento da vida útil de um item do estoque para o faturamento de origem operacional?”. Desta forma, confirmam-se as múltiplas oportunidades e necessidades de gestão quantitativa do conhecimento. Entretanto, percebe-se aqui, como afirmado no desenvolvimento do modelo de análise, portanto corroborando outra evidência esperada, as dificuldades da proposição de métricas necessárias para a gestão quantitativa específica, gerando oportunidade tanto para a aplicação de modelos que relacionem o conhecimento desenvolvido, gerado e retido ao aumento de ganhos financeiros e contábeis, gerando uma possível amostragem quantitativa no formato monetário, como ensejado e debatido por autores como Edvinsson & Malone (1998) e Joia (2001).

Disseminação e monitoramento estratégicoObservam-se, na pesquisa de campo, sinais evidentes da necessidade de realizar o fluxo de informações e do conhecimento retido nas empresas, em virtude da aplicação de tecnologia RFID. Esta disseminação ou compartilhamento do conhecimento ocorre através dos próprios sistemas de informação, da proposição de treinamentos imediatos e da normatização dos trabalhos – o que atesta novamente o treinamento, que pode até mesmo ser considerado compulsório, por se tratar de determinação operacional, mas confirma o compartilhamento necessário.

Neste aspecto, retorna-se ao modelo para avaliar que, em termos do conhecimento gerado que tem perspectiva estratégica, a definição de processos, estruturação de tarefas e mecanismos de redução de custos, já debatidas nesta demonstração e análise de resultados, evidencia oportunidades estratégicas de melhor oferta de serviços e produtos, de elaboração de posicionamentos estratégicos devotados à liderança de custos ou mesmo de diferenciação (Porter, 1986). Noutra vertente, a explicitação dos conhecimentos – retratadaespecificamente pelos subprocessos de geração e retenção - permite novas gestões estratégicas de terceirização, estruturação de sistemas fabris e gestão de pessoas (na composição de equipes e na distribuição de tarefas entre elas), entre várias alternativas estratégicas possíveis.

Avaliação de fatores intervenientesFinalmente, a presença de fatores intervenientes – cultura e ambiente organizacionais – foi percebida nas avaliações feitas, diante de evidências como pressão para a obtenção de

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resultados operacionais, construção de processos com interferências do ambiente competitivo (por exemplo, na reprodução de práticas adotadas pelos líderes de mercado), e na definição de cargos e estruturas organizacionais, entre outros aspectos. Estes fatores foram apresentados no modelo analítico como elementos componentes de aspectos culturais de setores, sendo, portanto, avaliados como tal nos levantamentos feitos.

A elaboração ou adaptação de particularidades a partir destas definições gerais, naquilo que o modelo analítico identificou como “ambientes organizacionais”, adequando do geral para implantações de processos ou estruturas específicas, também foi percebido quanto às especificidades de cada empresa entrevistada. A retenção do conhecimento através dos métodos de codificação e fluxos de dados lançados de maneira estruturada é uma evidência a ser assim considerada, dado que possibilita que decisões específicas da empresa em si sejam mais bem avaliadas, quanto à gestão dos estoques de materiais em geral.

O estudo realizado, apoiado nos dois construtos definidos teoricamente e integrados na observação analítica apresentada nesta seção, permite enunciar as seguintes conclusões, recomendações de aplicação prática e propostas de novos estudos a serem pesquisados em decorrência deste.

CONCLUSÕES Percebe-se grande desafio de planejamento por parte das organizações em atender à aplicação das novas tecnologias, que emergem de forma muito rápida no mercado, em sintonia com suas demandas estratégicas. Tal fato ainda apresenta um complicador adicional quando se observa que há ainda grande imprecisão na prática estratégica –formulação e execução – por parte de empresas em geral. Desta forma, é possível afirmar a situação imperfeita onde se implantam tecnologias de informação, automação e comunicação apenas pela sua potencialidade aparente (como uma hipotética redução de custos operacionais ou ganhos subliminares de produtividade) ou pela atualização de plantas industriais e fluxos de processo de serviços.

No presente estudo, encontrou-se tal evidência no estudo de múltiplos casos elaborado com empresas que aplicaram a tecnologia RFID. Diante da pouca estruturação de suas estratégias, percebem-se ganhos com a aplicação tecnológica, mas há ainda expressiva indefinição de alinhamento estratégico – uma vez que a estratégia é, predominantemente, intuitiva, não formalizada – e de baixa percepção dos ganhos na gestão do conhecimento operacional e tático, em decorrência. Foi percebido, em geral, o comportamento reativo na aplicação da tecnologia RFID, ou seja, de sua implantação para resposta às demandas de mercado ou mesmo de competitividade com outros concorrentes do setor, sem que houvesse um rigoroso projeto de uso e disseminação da mesma, alinhado ao planejamento estratégico empresarial e com determinação dos ganhos na gestão do conhecimento.

Adicionalmente, os conhecimentos gerados, retidos, potencialmente dissemináveis e de aplicação estratégica pelas empresas não são assim percebidos, embora seja possível determinar que várias das tarefas, tomadas como de atuação isolada na atualidade, são possivelmente integradas como um processo de gestão de conhecimento que atenda, ainda que minimamente, o modelo tomado por base no referencial teórico. Assim sendo, afirma-se que ocorre o processo de gestão do conhecimento, contudo de forma intuitiva, imprecisa e espontânea, sem a proposta fundamental de estarem integrados sob um método de processo ordenado ou ainda alinhados à estratégia empresarial.

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Como recomendações deste estudo, deixa-se aos empreendedores, a recomendação fundamental de, primeiramente, considerar sua estratégia estruturando-a num planejamento mínimo, formalizado. Tal fato permitiria o apoio necessário para que seja proposto e ocorra o alinhamento estratégico, gerado pela base de um processo contínuo de planejamento e coordenação para que as táticas empresariais sejam propostas tendo-o por base. Posteriormente, o planejamento tecnológico, exemplificado aqui pela plataforma RFID, que se estabelece como padrão de mercado indispensável à automação de qualquer porte na atualidade, seja fundamentado na estratégia empresarial e tenha, como uma importante contribuição para seus estudos, análises e proposições a gestão do conhecimento. Assim sendo, ao se pensar o planejamento da proposta tecnológica, analisa-la também sob a ótica da gestão do conhecimento, por exemplo através dos subprocessos aqui definidos, certamente haverá aprimoramento na avaliação de suas respostas às necessidades empresariais. Lembra-se que o estudo aqui proposto buscou, justamente, avaliar a gestão estratégica do conhecimento, tanto no escopo de compreender o processo como estratégico, quanto de avaliar o conhecimento que, gerido, seria aplicado na formulação e execução estratégicas.

Para os pesquisadores, como fontes para novos estudos, recomenda-se ampliar o número de casos, em busca de tipicidades mais frequentes e métodos que permitam lidar com eventuais problemas culturais na formulação e execução estratégica; do questionamento constante às repercussões da gestão do conhecimento em ambiente empresarial, em especial nos ambientes industriais e também das definições de aplicação tecnológica não apenas como estratégia reativa, mas em formulações estratégicas mais complexas, como as de construção de alternativas de modelos de negócios mais competitivos, como os que são ligados ao outsourcing de plataformas fabris, técnicas de produção e projeto mais complexas e montagem de arranjos empresariais flexíveis e dinâmicos que utilizem da base de automação como forma de se apresentar de maneira diferenciada ao mercado.

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