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GESTÃO DE DESASTRES

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Guia de Gestão de Desastres da Defesa Civil de SC/Brasil.

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  • GESTO DE DESASTRES

  • 3DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    Gesto de Desastres

  • GESTO DE DESASTRES

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    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    SUMRIO

    Gesto de Desastres .........................................................................................................................................7

    a. Introduo .....................................................................................................................................................9

    b. O que um Desastre ....................................................................................................................................9

    c. Gesto Integrada de desastres ...................................................................................................................10

    d. Desastres como situaes crticas .............................................................................................................10

    e. Princpios da gesto dos desastres ............................................................................................................10

    f. Os eixos alinhadores da gesto dos desastres ...........................................................................................12

    EIXO 1 SOCORRO

    1.1 Sistema Comando de Operaes SCO..................................................................................................16

    1.2 Alerta e alarme para a comunidade ..........................................................................................................26

    1.3 Informar constantemente sobre o evento .................................................................................................29

    1.4 Acolher e socorrer a populao vulnervel ...............................................................................................37

    EIXO 2 ASSISTNCIA HUMANITRIA E LOGSTICA DE DESASTRE

    2.1 Logstica ....................................................................................................................................................57

    2.2 Demandas de logstica ..............................................................................................................................60

    2.3 Padres de oramento ..............................................................................................................................61

    2.4 Documentos necessrios para aquisio .................................................................................................62

    2.5 Adquirindo por Dispensa de Licitao DL ..............................................................................................63

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    2.6 Aquisio direta .........................................................................................................................................64

    2.7 Exemplos de itens de assistncia .............................................................................................................65

    2.8 Aes do grupo de gesto municipal .......................................................................................................71

    2.9 Campanhas de doao .............................................................................................................................74

    EIXO 3 RESTABELECIMENTO E REABILITAO DE CENRIOS ATINGIDOS

    3.1 Reabilitao e Restabelecimento ..............................................................................................................79

    3.2 Destinao do resduo slido de desastre ................................................................................................82

    3.3 Relatrio de vistorias e laudos especiais ..................................................................................................84

    3.4 Planos de trabalho ....................................................................................................................................88

    3.5 Detalhamento das aes de Defesa Civil..................................................................................................92

    3.6 Aes de Resposta ...................................................................................................................................98

    a. Plano de Trabalho de Resposta - Socorro e Assistncia (anexo I) .........................................98

    b. Plano de Trabalho de Restabelecimento e Reabilitao (anexo ll) .........................................99

    c. Plano de Trabalho de Recuperao (anexo lll) ........................................................................99

    Anexo l ...........................................................................................................................................................103

    Anexo ll ..........................................................................................................................................................107

    Anexo lll .........................................................................................................................................................111

    Referncias Bibliogrficas .............................................................................................................................115

    Ficha Catalogrfica .......................................................................................................................................117

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    GESTO DE DESASTRES

    O mundo encontra-se em plena modificao. Movimentos sociais, revolues

    tecnolgicas, substituio de ideologias polticas e, principalmente, as transformaes

    ambientais e geogrficas.

    Porm, como caracterstica intrnseca do ser humano frente a toda essa realidade, o

    homem exercita seu dom de adaptao, necessrio para permitir sua sobrevivncia.

    Sobreviver e viver de forma segura, principalmente quando o assunto : desastre

    natural.

    Prevenir , por certo, a ao mais coerente e eficaz de ser realizada. O estudo das

    reas de risco, o projeto e execuo de obras protetivas, a preparao da comunidade

    vulnervel para a modificao de sua percepo quanto ao risco que a cerca, todas

    essas aes so necessrias para garantirmos a proteo de nossas famlias.

    Porm, o meio ambiente bem mais rpido do que nossas atividades preventivas.

    Registramos anualmente eventos inditos e inesperados, como ndices de chuvas

    acima da mdia ou muito abaixo, movimentos de solo, avano da gua do mar, ventos

    severos, e so esses apenas exemplos de eventos adversos que podem trazer a

    destruio em questo de poucos minutos.

    Por esses motivos que devemos estar sempre preparados. Tcnicas, processos,

    equipes e agncias integradas so alguns exemplos do que precisamos para poder

    responder a casos de desastres.

    Nesse manual, voc leitor, encontrar informaes valiosas que complementam a

    oficina de capacitao.

    Conceitos de resposta a desastre, integrao de equipes, sistema de comando de

    operaes, aquisies e compras emergenciais de itens de Assistncia Humanitria,

    tratamento do resduo slido, so alguns exemplos dos assuntos que voc ir encontrar.

    Desejamos uma excelente leitura, e principalmente, muita disposio e esprito

    empreendedor para estimular as pessoas e colocar todos os ensinamentos em prtica.

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    GESTO DE DESASTRES

    UMA AO INTERSETORIAL

    a. INTRODUO Os desastres representam um motivo de crescente preocupao mundial, pois a

    vulnerabilidade exacerbada pela evoluo da urbanizao sem planejamento, o

    subdesenvolvimento, a degradao do meio ambiente, as mudanas climticas, a

    concorrncia pelos recursos escassos e o impacto de epidemias, pressagiam um

    futuro de ameaa crescente para a economia mundial, para a populao do planeta

    e para o desenvolvimento sustentvel.

    De acordo com a Estratgia Internacional para a Reduo de Desastres (UN/ISDR,

    2009, p.27), a expresso reduo de desastres concentra-se no conceito e na

    prtica de: reduzir o risco de desastres mediante esforos sistemticos dirigidos

    anlise e gesto dos fatores causadores dos desastres, o que inclui a reduo

    do grau de exposio s ameaas (perigos), a diminuio da vulnerabilidade das

    populaes e suas propriedades, uma gesto prudente dos solos e do meio ambiente

    e o melhoramento da preparao diante dos eventos adversos.

    b. O QUE UM DESASTRE?Uma sria interrupo no funcionamento de uma comunidade

    ou sociedade, com impactos sobre pessoas, bens, economia

    e meio ambiente que excede a capacidade dos afetados para

    lidar com situao mediante o uso de seus prprios recursos.

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    c. GESTO INTEGRADA DE DESASTRESA boa administrao da resposta a desastres no apenas a extenso de bons procedimentos de emergncia

    no dia-a-dia. mais do que simplesmente mobilizar recursos, instalaes e pessoal adicionais, pois os

    desastres criam problemas peculiares, raramente enfrentados cotidianamente.

    d. DESASTRES COMO SITUAES CRTICASSo aquelas cujas caractersticas de risco exigem das agncias envolvidas, alm de uma interveno

    imediata de profissionais treinados com equipamentos adequados, uma postura organizacional no rotineira

    para a coordenao e o gerenciamento integrados das aes de resposta.

    e. PRINCPIOS DA GESTO DOS DESASTRESQuatro so os itens que compem os princpios a serem seguidos para a gesto de uma Crise (desastre);

    Se durante a gesto de um desastre, o coordenador e seu staff conseguirem cumprir os princpios, as aes

    tero o reconhecimento e o envolvimento de todos os participantes e as expectativas sero supridas, pois

    as necessidades sero respeitadas e cumpridas. Desta forma, as crticas encontraro pouca sustentao.

    1 - A ferramenta de gesto de desastre deve ser compartilhada num ambiente prprio, desenhado

    ou mesmo improvisado, para comportar a administrao de uma crise;

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    2 - Aes e decises so multidisciplinares e multisetoriais;

    3 - O necessrio e suficiente, para o mximo de pessoas, deve estar contido

    no mnimo espao de tempo possvel;

    4 - As aes devem suprir prioritariamente as necessidades tcnicas e sociais

    com a participao do ente poltico que est envolvido na soluo da crise.

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    f. OS EIXOS ALINHADORES DA GESTO DOS DESASTRES

    Eixo 1- Socorro;

    Eixo 2 - Assistncia humanitria e Logstica para Desastres; e

    Eixo 3 - Restabelecimento e Reabilitao.

    So esses 3 elementos que constituem os eixos da ao de Resposta aos Desastres.

    Seguindo cada fase e respeitando os momentos de progresso do evento e as instituies

    vocacionadas para as operaes, o gestor do desastre estar em condio favorvel de

    alcanar o sucesso na gesto da crise instalada.

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    EIXO 1SOCORRO

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    SOCORROAs aes de controle de sinistros e socorro s populaes em risco ocorrem

    com mais intensidade nas reas prximas ao local mais impactado pelo

    evento adverso. Elas se dividem em: aes de atendimento e combate a

    sinistros (conter os efeitos do evento adverso, isolar as reas de riscos

    intensificados ou reas crticas, atuao direta sobre o evento, segurana da

    rea sinistrada, controle de trnsito, etc) e aes de socorro s populaes

    afetadas (busca e salvamento, primeiros socorros, atendimento pr-

    hospitalar, atendimento mdico cirrgico de urgncia, etc).

    Para que as aes de socorro atendam s expectativas da populao afetada

    por desastres, preciso que efetivamente todas tenham planejamento,

    organizao, direo e controle. Faz-se necessria, portanto, a gesto de

    todas as aes que envolvem a resposta ao desastre, ou seja, a gesto de

    desastre ou a gesto da resposta ao desastre.

    A expresso gesto de desastres , por vezes, tambm utilizada como

    gesto de emergncias ou gesto de crise. A gesto de desastres foi

    recentemente conceituada pela Estratgia Internacional para a Reduo de

    Desastres das Naes Unidas, UNISDR (2009, p.18) como:

    Na fase do socorro que so desencadeadas as principais aes integradas do Plano de Contingncia do municpio.

    A organizao e a gesto dos recursos e responsabilidades para abordar todos os

    aspectos das emergncias, especialmente a preparao, a resposta e os passos iniciais

    da reabilitao (reconstruo).

    Vale destacar ainda que uma crise ou emergncia uma condio de perigo/ameaa que

    requer a tomada de aes urgentes. Uma ao eficaz de emergncia pode evitar que um evento

    cresa at o ponto de converter-se em um desastre. A gesto de emergncias inclui planos e

    arranjos institucionais para comprometer e guiar os esforos do governo, das organizaes

    no governamentais, das entidades voluntrias e dos rgos privados de forma coordenada e

    integral para responder a todas as necessidades relacionadas a uma emergncia.

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    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    Em toda emergncia, faz-se necessrio o uso de ferramentas de gesto

    que facilitem o processo de planejamento, organizao, direo e controle

    das aes necessrias num cenrio afetado por desastres.

    O Sistema de Comando em Operaes (SCO), portanto, uma ferramenta

    gerencial, com caractersticas sistmicas, para planejar, organizar, dirigir

    e controlar as aes de resposta, fornecendo um meio de articular os

    esforos de agncias individuais quando elas atuam com o objetivo comum

    de estabilizar uma situao crtica e proteger vidas, propriedades e o meio

    ambiente.

    Fora Tarefa CBMSC: Atendimento em bairro da cidade de Blumenau-SC.

    A Defesa Civil Nacional adotou o Sistema de Comando em Operaes (SCO) como ferramenta padro de resposta a desastres.

  • GESTO DE DESASTRES

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    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    1.1 SISTEMA DE COMANDO EM OPERAES

    O SCO pode ser conceituado como um modelo gerencial ou uma metodologia

    de trabalho que serve para facilitar e melhorar o comando, o controle e a

    coordenao das aes de resposta em situaes emergenciais ou planejadas

    de qualquer natureza ou tamanho.

    O SCO permite que seus usurios adotem uma estrutura organizacional

    integrada para enfrentar as demandas e complexidades de uma situao

    crtica, sem prejuzo de suas competncias e limites jurisdicionais.

    Utilizando as melhores prticas de administrao, o SCO ajuda a garantir:

    Maior segurana para as equipes de resposta e demais envolvidos na

    situao crtica;

    O alcance de objetivos e prioridades previamente estabelecidas; e

    O uso eficiente e eficaz dos recursos (humanos, materiais, financeiros,

    tecnolgicos e de informao) disponveis.

    PRINCPIOS E CARACTERSTICAS BSICAS DO SCO Princpios do Sistema de Comando em Operaes

    A administrao de desastres , por natureza, complexa e dinmica. Desde

    sua origem, o SCO representou a consolidao de modernos princpios

    administrativos, que continuam relevantes at nossos dias. De acordo com

    Gomes Jr. (2006, p.48), o SCO deve basear seu emprego em 3 princpios

    fundamentais: a concepo sistmica, contingencial e para todos os riscos e

    situaes.

  • GESTO DE DESASTRES

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    Concepo sistmica

    Contrapondo o paradigma reducionista caracterizado pelo planejamento

    prvio e especfi co para diferentes cenrios de risco, o SCO prope o

    uso do pensamento sistmico ao abordar a complexidade das operaes

    de resposta aos desastres (emergncias e situaes crticas). Assim, o

    planejamento e as aes de resposta ao desastre tendem a ser realizados

    a partir de um entendimento integral da realidade por meio de fl uxos

    sucessivos de aes (planejamento, organizao, direo e controle) em

    vez de apenas por meio de aes lineares de causa e efeito.

    Essa abordagem sistmica , segundo Daft (2005, p.40), uma extenso

    da perspectiva humanstica que descreve as organizaes como sistemas

    abertos caracterizados pela entropia, sinergia e interdependncia de

    subsistemas .

    PROCESSAMENTO

    REALIMENTAO

    IMPORTAO DE ENERGIA

    RECURSOSHumanos

    FinanceirosInformao

    Tecnolgicos

    DESEMPENHOAlcance das metas

    EficinciaEficcia

    PLANEJAMENTOSeleciona metas

    DIREOMotiva, influencia

    CONTROLEMonitora,

    corrige

    ORGANIZAOAtribui

    responsabilidades

    EXPORTAODE ENERGIA

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    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    Concepo contingencial

    De acordo com a concepo contingencial, a estrutura organizacional de resposta aos desastres deve

    ser capaz de adaptar-se ao ambiente (se expandindo ou diminuindo) de acordo com cada situao. Essa

    abordagem contingencial , segundo Daft (2005, p.41), uma extenso da perspectiva humanstica em que

    a resoluo bem-sucedida dos problemas organizacionais depende da identifi cao das variveis de cada

    situao .

    Tal modelo garantido mediante o emprego de estruturas administrativas modulares e fl exveis de comando

    e comunicao que fazem com que a estrutura se adapte de acordo com os objetivos estratgicos de cada

    situao crtica.

    PLANEJAMENTO ADAPTATIVO

    PLANEJAMENTO PARA A CONTINGNCIA - FUTURO

    AMBIENTE DE RISCO ELEVADO,DINMICO, INCERTO, COMPLEXO

    ANTECIPAR EVENTOS FUTUROSE IDENTIFICAR AES ADEQUADAS

    DO MODELO REATIVOAO MODELO PR-ATIVO

    Concepo para todos os riscos e operaes

    Esse princpio indica que o modelo tem carter universal, ou seja, deve ser utilizvel como ferramenta gerencial

    para planejar, organizar, dirigir e controlar situaes crticas de qualquer natureza, independentemente de

    sua causa, tamanho, confi gurao, localizao ou complexidade.

  • GESTO DE DESASTRES

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    CARACTERSTICAS BSICAS:Quanto padronizao de condutas:

    Emprego de terminologia comum O SCO recomenda o uso de

    terminologia comum para facilitar a comunicao entre as pessoas e as

    organizaes envolvidas na operao. O uso de cdigos e expresses

    peculiares a uma determinada atividade ou organizao deve ser evitado

    a fim de no dar margem a interpretaes inadequadas ou falta de

    compreenso da mensagem.

    Uso de formulrios padronizados O SCO recomenda o emprego de

    formulrios pr-estabelecidos com vistas padronizao do registro de

    informaes e recursos, a consolidao do plano de ao e a documentao

    de tudo que foi realizado durante a operao. O formato dos formulrios,

    alm do seu fluxo previamente determinado, estabelece os canais de

    comunicao vertical e horizontal do SCO, consolidando a cadeia e unidade

    de comando.

    Quanto ao comando das operaes:

    Estabelecimento e transferncia formal de comando O SCO recomenda enfaticamente que entre os

    primeiros que chegam na cena da emergncia algum assuma formalmente o comando da operao. A

    partir da, as demais funes vo sendo implementadas de acordo com a necessidade e a disponibilidade

    de pessoal.

    Cadeia e unidade de comando A cadeia de comando uma linha ininterrupta de autoridade que liga

    as pessoas dentro do SCO. Essa linha representa o caminho por onde fluem as ordens, orientaes e

    informaes entre os diferentes nveis organizacionais.

    Comando nico ou unificado O termo comando nico usado quando apenas uma pessoa, representando

    sua organizao, assume formalmente o comando da operao como um todo, sendo o responsvel pelo

    gerenciamento de todas as atividades relativas situao crtica. O uso desse modelo ocorre quando apenas

    uma organizao conduz as aes de resposta ou quando a organizao a principal responsvel pela

    resposta e as outras organizaes atuam apenas apoiando e colaborando com suas aes.

    O termo comando unificado usado numa abordagem mais cooperativa, na qual representantes das

    organizaes envolvidas na resposta a situao crtica atuam em conjunto, a partir do estabelecimento

    de objetivos e prioridades comuns. O uso desse modelo ocorre quando mais de uma organizao tem

    participao destacada na operao como um todo.

  • GESTO DE DESASTRES

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    QUANTO ESTRUTURA DE PLANEJAMENTO E ORGANIZAO DAS OPERAESOrganizao modular e flexvel O SCO utiliza uma estrutura organizacional padronizada, porm flexvel,

    na sua implantao. Assim, apenas as funes realmente necessrias para o alcance dos objetivos

    comuns do comando so ativadas. No incio da operao a funo comando estabelecida e a partir da,

    as demais funes vo sendo implementadas de acordo com a necessidade e a disponibilidade de pessoal.

    Administrao por objetivos Como modelo administrativo a APO estabelece objetivos (resultados) a

    serem alcanados por determinadas pessoas ou grupos de pessoas, num determinado perodo de tempo e

    acompanha o desempenho (controle) procedendo s correes necessrias.

    O principal apelo da APO est em converter prioridades e objetivos comuns em metas especficas

    para cada indivduo dentro do sistema. Cada integrante da estrutura, desde o comando at o lder de

    um recurso nico, precisa de objetivos claramente definidos. Esses objetivos devem estabelecer que

    desempenho se espera que ele apresente, que contribuio se espera que sua equipe ou unidade apresente,

    e que contribuio se espera que o comando e todas as demais funes estabelecidas na estrutura do SCO

    devem oferecer em conjunto para que elas atinjam os objetivos e prioridades comuns.

    De forma geral, o estabelecimento dos objetivos da operao so

    estabelecidos de acordo com as seguintes prioridades:

    a. Salvar vidas;

    b. Estabilizar a situao;

    c. Preservar bens e propriedades.

    Uso de planos de ao O SCO consolida a APO atravs de um plano de ao (PA) elaborado pelo

    comando da operao. O PA fornece s pessoas e organizaes envolvidas uma ideia geral da situao,

    dos recursos disponveis e, especialmente, dos objetivos e prioridades a alcanar num determinado perodo

    operacional, otimizando os esforos e gerando sinergia. Inicialmente, o PA pode ser apenas verbal, mas

    medida em que a operao se desenvolve (e sua complexidade aumenta) ele acaba se tornando mais formal

    e exigindo o preenchimento de formulrios padronizados (plano escrito).

  • GESTO DE DESASTRES

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    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    O QUE SO OS PLANOS?O plano apenas o documento que registra o planejamento (situao futura desejada).

    No plano devem ser previstas as responsabilidades de cada pessoa, grupo ou

    organizao, as prioridades e as medidas iniciais a serem tomadas e a forma como os

    recursos sero empregados.

    Adequada amplitude de controle A amplitude de controle se refere ao nmero ideal

    de pessoas que um superior pode supervisionar pessoalmente, de maneira eficiente

    e eficaz. A amplitude de controle influenciada por vrios fatores, tais como: o tipo

    da emergncia ou situao crtica, a natureza das tarefas, os riscos e fatores de

    segurana exigidos, a distncia entre as pessoas e os recursos, etc. O SCO recomenda

    que o nmero de pessoas ou recursos sob a responsabilidade de um determinado

    coordenador, encarregado ou lder, seja compatvel com a sua capacidade gerencial,

    logo, no deve ser inferior a 3, nem superior a 7.

    Regionais de Defesa Civil: Profissionais da SDC sendo treinados nas tcnicas de SCO, 2012.

  • GESTO DE DESASTRES

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    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    QUANTO S INSTALAES, REAS DE ACESSO E RECURSOS OPERACIONAIS E LOGSTICOS

    Instalaes e reas padronizadas O SCO recomenda o uso

    padronizado de instalaes e reas de trabalho. As principais

    instalaes (espaos fsicos mveis ou fixos) so:

    a. Posto de comando;

    b. Base de apoio;

    c. Acampamento;

    d. Centro de informaes ao pblico;

    e. Helibases; e

    f. Helipontos.

    Acampamento da fora tarefa CBMSC: Simulado de Desastre, Lages-SC, 2012.

  • GESTO DE DESASTRES

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    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    AS PRINCIPAIS REAS SO:a. rea de espera (local onde os recursos operacionais so

    recepcionados, cadastrados e permanecem disponveis at seu

    emprego); e

    b. rea de concentrao de vtimas (local onde as vtimas so

    reunidas, triadas e recebem atendimento inicial at serem

    transportadas para estabelecimentos hospitalares).

    O SCO recomenda tambm a organizao da rea em diferentes zonas de

    trabalho (ZT), de acordo com o tipo de emergncia, a natureza das tarefas

    a serem realizadas e o risco presente no cenrio em questo.

    As ZT so divididas em:

    a. rea quente (local de maior risco, com acesso restrito, local onde houve os principais registros de

    dano do impacto do evento adverso);

    b. rea morna (local intermedirio, no totalmente seguro, com acesso e circulao igualmente

    restritos); e

    c. rea fria (local seguro, que abriga as instalaes e recursos que daro suporte operao).

    GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RECURSOS O SCO orienta que todos os recursos empregados na operao sejam gerenciados de forma integrada. Para

    isso, faz-se necessrio que todos os recursos (operacionais ou logsticos), assim que cheguem prximos

    cena da emergncia, sejam imediatamente encaminhados para uma rea de espera previamente definida,

    local onde esses recursos so recepcionados, cadastrados e permanecero disponveis at seu emprego de

    acordo com o plano de ao e sob controle do respectivo encarregado.

    Os recursos podem ser agrupados em 2 categorias:

    a. Recursos operacionais (so recursos em condies de pronto emprego operacional, como por

    exemplo, um helicptero com a sua tripulao, uma ambulncia com sua equipe de socorro); e

    b. Recursos logsticos (necessrios para dar suporte s operaes, por exemplo: alimentao,

    colches, travesseiros e cobertores, equipamentos de comunicao, etc).

  • GESTO DE DESASTRES

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    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    importante observar que um helicptero sem sua tripulao ou uma ambulncia sem sua equipe no so

    considerados como um recurso operacional.

    QUANTO AO GERENCIAMENTO DE INFORMAES E COMUNICAESGerenciamento integrado das comunicaes A capacidade de comunicao entre os diferentes atores

    do SCO fundamental para o sucesso de qualquer operao. Para tal, faz-se necessrio o desenvolvimento

    de um plano de comunicaes (que diz quem conversa com quem e como) que estabelecer diferentes

    redes de comunicao, de acordo com as necessidades da cada caso.

    Gerenciamento integrado de informaes e inteligncia O SCO recomenda que a coleta de informaes

    relativas situao crtica devam ser obtidas, analisadas e disseminadas de forma a favorecer uma

    administrao eficiente e eficaz do sistema. Dependendo da natureza, complexidade e magnitude do evento,

    ser necessrio coletar e analisar diferentes informaes, tais como: dados meteorolgicos, caractersticas

    geogrficas, informaes populacionais, dados socioeconmicos e culturais, explicaes sobre fenmenos

    naturais especficos, etc.

    QUANTO AO PROFISSIONALISMO DOS ENVOLVIDOSControle de pessoal Uma das grandes preocupaes do SCO o adequado controle do efetivo envolvido

    na operao. Saber exatamente quantas pessoas esto envolvidas, onde elas esto trabalhando e o que esto

    fazendo, representa um fator importante de segurana. Alm disso, um controle adequado da disponibilidade

    e emprego do pessoal envolvido na operao representa uma grande vantagem administrativa, sob a tica

    da eficincia e eficcia gerencial.

    Controle da mobilizao/desmobilizao O gerenciamento dos recursos (necessidade e alocao) deve

    ser realizado de forma eficiente e eficaz. A mobilizao de pessoal e equipamentos deve ser gerenciada

    adequadamente por uma autoridade competente.

    Assim, uma unidade de mobilizao e desmobilizao pode ser necessria nos eventos de maior repercusso

    (a unidade de mobilizao/desmobilizao ligada ao planejamento).

    Embora o SCO j tenha se consolidado como modelo padro para a administrao de desastres em vrios

    pases, ainda possvel encontrar alguma resistncia ao seu emprego ou mesmo um desconhecimento de

    suas vantagens como ferramenta de gesto.

  • GESTO DE DESASTRES

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    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    O simples fato de conhecer os princpios do SCO no garante seu adequado

    funcionamento.

    Reunio preparatria para evento, sala de gesto de crise: Defesa Civil de Blumenau - SC, 2011.

    fundamental que a organizao que ir servir-se do modelo

    utilize-o desde os primeiros minutos da situao crtica, de

    forma sistemtica, a partir de trs grandes etapas:

    a. Etapa de resposta imediata;

    b. Etapa de elaborao do plano de ao; e

    c. Etapa final de desmobilizao.

    A implantao do Sistema de Comando em Operaes e do Comando

    Unificado deve iniciar assim que se perceba a sua necessidade. De

    forma geral, as primeiras aes no local da emergncia so guiadas por

    procedimentos operacionais padronizados (POPs). Assim que mais

    informaes so obtidas, os procedimentos passam a ser guiados por

    planos de contingncias (caso eles existam, obviamente). Finalmente,

    quando o cenrio claramente estabelecido, planos de ao sucessivos so

    elaborados e implementados at a resoluo da situao crtica (Gomes

    Jnior, 2009, p.83).

  • GESTO DE DESASTRES

    26

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    1.2 ALERTA E ALARME PARA A COMUNIDADE

    Ocorre na fase de pr-impacto, e corresponde ao intervalo de tempo entre

    o prenncio do evento adverso e o desencadeamento do desastre. Sua

    durao varia de acordo com as caractersticas do desastre e a eficincia

    dos sistemas de previso.

    Uma vez que temos pouca possibilidade de modificar as caractersticas

    intrnsecas dos eventos adversos, o monitoramento, alerta e alarme

    so fundamentais para aumentar este espao de tempo visando:

    1. reduzir o fator surpresa;

    2. minimizar as vulnerabilidades das populaes em risco;

    3. reduzir danos e prejuzos;

    4. otimizar as aes de resposta aos desastres.

    Na situao de alerta, ou seja, de desastre previsvel a curto prazo, os

    elementos previstos no Plano de Contingncia so colocados em condies

    de emprego imediato. Pessoal de folga pode ser acionado, carros extras de

    socorro podem ser ativados ou geradores serem colocados em situao de

    pronto emprego, dependendo da situao.

    Na situao de alarme, ou de desastre iminente, o dispositivo de resposta

    evolui para uma situao de incio ordenado das operaes. Equipes

    podem se deslocar para as reas de risco e iniciar evacuaes, o fluxo

    de trnsito pode ser alterado ou abrigos serem ativados, de acordo com a

    natureza e a magnitude do evento adverso.

    Pessoal de folga pode ser acionado, carros extras de socorro podem ser ativados ou geradores serem colocados em situao de pronto emprego.

  • GESTO DE DESASTRES

    27

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    Sistemas de monitoramento e alerta para desastres, em linhas gerais, so

    instrumentos utilizados para acompanhar a evoluo de sinais perceptveis

    de que h a probabilidade de acontecer eventos adversos que podem resultar

    em danos comunidade.

    H uma tendncia em acreditar que os sistemas de monitoramento e alerta

    devem ser estabelecidos a partir de sofisticados instrumentos tecnolgicos que

    permitem informaes precisas sobre situaes causadoras de calamidades.

    Na realidade, sistemas de monitoramento e alerta devem ser a unio de

    todas as informaes disponveis ou desenvolvidas pelos interessados

    ou destinatrios, que vo propiciar a tomada de decises preventivas e de

    preparao, com o mximo de antecedncia possvel.

    O acompanhamento feito tanto pela observao humana quanto atravs de

    equipamentos sofisticados ou mais simples, considerando a meteorologia, o

    oceano, as variaes geolgicas, geofsicas, geomorfolgicas e geogrficas,

    o aumento populacional, a ocupao de encostas e reas de risco,

    intervenes humanas e tecnolgicas, enfim, tudo o que pode gerar risco ou

    prever ameaas.

    Cada cidade, dependendo de seu tamanho, populao, quantidade e qualidade de suas reas de risco,

    vai desenvolver seu sistema de monitoramento e alerta, baseado na sua possibilidade tecnolgica e na

    criatividade para atendimento de suas necessidades.

    Identificadas as suas possibilidades, o sistema municipal de defesa civil deve estabelecer junto com

    a populao as formas de monitoramento e os meios de comunicao dos alertas, de modo a manter

    permanente credibilidade e principalmente o desenvolvimento de aes preventivas e de preparao,

    descritas no plano de contingncia.

    Se as cidades mais populosas, com mais recursos oramentrios, tm as maiores possibilidades tecnolgicas,

    a grande extenso territorial ocupada e a alta concentrao populacional dispersa em muitas reas de risco

    podem desfavorecer uma comunicao eficiente dos alertas emitidos.

    J as cidades menores, se por um lado, pela escassez financeira no tm tanto acesso as caras tecnologias,

    por outro a proximidade da populao com o poder pblico local, a geografia propcia a uma comunicao

    rpida e prxima e o menor nmero de locais de risco, favorecem e muito o sucesso da emisso e

    entendimento dos alertas. Sem contar que o uso de solues criativas como o uso de sinos de igrejas,

    sistemas de comunicao de alto falantes disponveis em parquias e carros de som so muito eficientes

    nestas comunidades menores.

  • GESTO DE DESASTRES

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    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    As Redes Sociais so ferramentas importantes para divulgao de alertas e instrues preventivas. Muito

    acessadas pelas pessoas, principalmente pela juventude que permanece por vrias horas em contato,

    essas redes proporcionam importante elo de relacionamento entre a COMDEC e a comunidade. Com o

    cuidado de manter esses espaos sempre atualizados, para que no caiam em descrdito, o uso de redes

    sociais deve ser implementado em todas as cidades onde as Coordenadorias Municipais de Defesa Civil so

    verdadeiramente atuantes.

    O alerta a iminncia da probabilidade de desastre. A partir do mapa de risco se pode saber quais so

    os nveis crticos que antecedem o desastre e, a partir deles, decidir quais as formas mais eficientes de

    alerta. Alguns exemplos de instrumentos de alerta so: mensagens de celular, e-mail ou mdias sociais,

    comunicados em meio de comunicao, carros de som ou mesmo o telefone convencional. O alerta deixa

    todos de prontido, as equipes relacionadas no plano de contingncia e a comunidade em risco.

    No momento em que a ameaa ultrapassa o nvel crtico e o risco comea a se tornar um desastre o

    momento do alarme. o momento em que se coloca o plano de contingncia em ao. Os mtodos de

    alarme so os mesmos do alerta. Mas nunca se deve confiar em apenas um instrumento de alerta e alarme,

    pois qualquer um deles pode falhar.

    A diferena entre alerta e alarme fica ento estabelecida da seguinte forma: o alerta uma condio prxima

    da ocorrncia do desastre, a preparao; o alarme o

    desastre acontecendo, j a resposta.

    O alerta o elemento principal, a partir do qual se estabelece um sistema de

    monitoramento eficaz, um veculo para dinamizar a informao e faz-la chegar a

    todos os locais. Uma comunidade, que conhece o risco e interpreta a informao

    dada pelo alerta, possui a capacidade de responder. Este ltimo fator fundamental.

    No se pode dar o alerta se a comunidade no est preparada, pois isso apenas vai

    gerar desordem.

    O certo que no h como conceber uma COMPDEC, por mais simples que seja, que

    no tenha um mapa com os riscos e ameaas da cidade, um plano de contingncias

    e que no possua um sistema de alerta com os recursos e possibilidades disponveis

    na comunidade.

  • GESTO DE DESASTRES

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    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    1.3 INFORMAR CONSTANTEMENTE SOBRE O EVENTO

    A eficcia da gesto do risco e da gesto dos desastres depende cada vez

    mais da participao inteligente de todos os atores envolvidos no processo.

    A esse respeito, torna-se indispensvel promover a troca de informaes

    e o fcil acesso aos meios de comunicao, posto que sem informao

    no possvel investigar, planificar e monitorar as ameaas e avaliar riscos,

    nem responder adequadamente a um desastre (UN/ISDR, 2004, p. 214).

    Processos de comunicao de risco so fundamentais ao funcionamento

    e aperfeioamento de sistemas de alerta antecipados que so essenciais

    para salvar vidas diante de um desastre.

    Na ocorrncia de um desastre, a mdia um ator da comunicao, pois

    parte de uma determinada cultura e possui uma motivao, alm do bvio

    interesse pblico e a obrigao social de informar. A compreenso do

    cenrio e do meio no qual est inserida primordial na disseminao das

    informaes corretas.

    A consultora internacional da Estratgia Internacional para Reduo de

    Riscos de Desastres (EIRD/ONU) na Argentina, Gloria Bratschi, alerta para

    a diferena entre comunicar e informar:

    Confunde-se INFORMAO com COMUNICAO. Se usam ambos

    os termos como sinnimos, pode-se supor que as pessoas foram

    comunicadas sobre algum tema em particular, quando realmente o que

    possuem a informao, dados. Na realidade, toda mensagem contm

    informao. Mas comunicao somente quando, ao ser percebido,

    CORRETAMENTE COMPREENDIDO, h retroalimentao. Assim,

    cada pessoa expressar essa compreenso em conduta, atitude,

    resposta e produtividade.

  • GESTO DE DESASTRES

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    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    Hoje, o grande desafio ter os meios de comunicao como aliados

    no repasse das informaes sobre desastres antes mesmo de eles

    acontecerem, resultando na minimizao dos riscos e garantindo a

    participao da sociedade de forma preventiva.

    Planejamento e gesto devem existir nos rgos de gerenciamento da

    crise, incluindo os ncleos de comunicao, tanto da parte da imprensa

    quanto da assessoria governamental.

    A contribuio da mdia no processo de reduo de risco de desastres

    , comprovadamente, essencial. Da mesma forma, a participao da

    imprensa durante e aps a ocorrncia de uma tragdia torna-se primordial

    na emisso de alertas, recomendaes e repasse de informaes.

    Por meio da informao, a populao capaz de formar uma opinio e,

    a partir da, partir para a ao. Villalobos garante que os jornalistas tm

    participao fundamental na gesto dos riscos, pois possuem credibilidade

    das pessoas e so capazes de interpretar e facilitar a compreenso dos

    fatos transformados em notcias. Ela garante que a mdia pode contribuir

    na preveno de riscos, mesmo que no seja um tema to atrativo, como a

    resposta ao desastre.

    Os veculos de comunicao podem atuar nos nveis municipal, regional,

    estadual, nacional ou internacional. Cada veculo de comunicao possui

    um perfil e estilo prprios de contato com o pblico, dividindo as notcias,

    basicamente, em dois tipos: hardnews e softnews. A primeira refere-se

    notcia no minuto e aos eventos que so reportados imediatamente.

    Softnews possuem informao de segundo plano ou histrias de interesse

    mais social, com personagens reais.

    importante reconhecer as diferenas dentro da mdia (impressa x televisiva,

    rdio x televiso, nacional x internacional) e considerar suas caractersticas

    distintas, seus potenciais e necessidades (CATE, 1994).

    Para compreendermos este trabalho da imprensa, devemos respeitar

    a caracterstica noticiosa e a linha editorial de cada meio, a exemplo do

    rdio, da televiso, do jornal impresso e dos portais de notcias, e mais

    recentemente as mdias sociais.

    Os jornalistas tm participao fundamental na gesto dos riscos, pois possuem credibilidade das pessoas e so capazes de interpretar e facilitar a compreenso dos fatos transformados em notcias.

  • GESTO DE DESASTRES

    31

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    Entretanto, a cobertura de desastres e de riscos tem pecado pelo fato

    de no incorporar um planejamento adequado, pela ausncia prvia de

    informaes qualificadas sobre as suas causas e consequncias, e pelo

    sensacionalismo que costuma caracterizar a mdia em momentos de crise.

    O planejamento para a cobertura de um desastre implica,

    obrigatoriamente, em resposta s seguintes questes:

    1. o que realmente aconteceu?

    2. como aconteceu?

    3. por que aconteceu?

    4. quais so os pblicos atingidos e em que proporo?

    5. quais as sadas para superar o problema?

    A superficialidade evidenciada pela mdia na resposta a estas questes acaba contribuindo para que a

    cobertura de desastres e riscos incorpore uma srie de lacunas e vulnerabilidades, de que resultam,

    obrigatoriamente, informaes equivocadas, conceitos imprecisos, utilizao de fontes sem credibilidade e,

    sobretudo, o que deveria ser evitado a todo custo: uma comunicao difusa com os pblicos envolvidos e

    com a opinio pblica de maneira geral. Pouco ou mal-informada, a populao toma medidas inadequadas

    e coloca em risco a sua sade e, em casos dramticos, a prpria vida.

    Assim sendo, o planejamento para a cobertura de riscos e desastres deve, obrigatoriamente, incluir a

    identificao de fontes investidas de legitimidade tcnico-cientfica e poltico-social, de modo a evitar que

    a utilizao de porta-vozes no credenciados tumultue o processo de comunicao e de esclarecimento.

    Quando a imprensa lana mo de fontes no confiveis e amplifica as suas falas, cria no apenas embaraos

    para o entendimento correto do fato ou tema e de suas solues por parte do pblico, mas pode desencadear

    resistncia atuao das pessoas legitimamente constitudas para encaminhar a superao da crise.

    Interesses comerciais e polticos podem sobrepor-se ao interesse pblico e que, se no identificados

    previamente, podero conduzir a cobertura para o terreno perigoso da manipulao.

  • GESTO DE DESASTRES

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    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    No caso especfico das epidemias ou de situaes de riscos associadas sade, no se pode ignorar a

    relao estreita entre a reao das pessoas atingidas e a sua percepo geral sobre a sade. Isso significa

    que culturas especficas determinam formas de conduta, ou seja, concebem de maneira muito particular as

    noes de sade e doena.

    Nas culturas ocidentais, na latina em especial, h uma interferncia significativa do olhar religioso e mstico,

    sobre as razes pelas quais adoecemos e inclusive sobre as alternativas para vencer as doenas. Esse

    fato tem impedido muitas vezes que aes adequadas, sugeridas pelos especialistas e indicadas pelas

    autoridades competentes, possam ser implementadas de imediato ou a qualquer tempo.

    O brasileiro, em particular o que se insere nos segmentos menos favorecidos, acredita em solues

    mgicas, em curas milagrosas, e costuma dar ouvido ou ateno a pessoas mal-intencionadas ou que no

    esto capacitadas para propor solues adequadas. Em momentos de crise, ele se torna vulnervel ao

    charlatanismo que ganha corpo tambm pela falta de vigilncia da mdia que, descuidada, repercute suas

    propostas danosas sade da populao.

    A elaborao de mensagens ou contedos como estratgia para informar as pessoas em emergncias

    provocadas por desastres ou riscos deve prever as diferenas reais entre pblicos que tm nveis

    sociolingusticos, econmicos ou instrucionais distintos, de tal modo que ser necessrio adapt-los a esta

    pluralidade de conhecimentos ou de acesso s informaes.

    Para segmentos da populao mais esclarecidos ou de maior poder aquisitivo, o uso das novas tecnologias,

    em particular a Web, pode ser fundamental, visto que, particularmente, os mais jovens tm estreita relao

    com a internet. As prprias redes sociais potencializadas pela Web (Twitter, Orkut, etc.) e espaos de

    disseminao de contedos ou materiais, como o YouTube, so alternativas viveis e que podem ser eficazes

    no processo de esclarecimento ou mobilizao. A utilizao da mdia tradicional no impressa, como a TV

    aberta e o rdio, pode ser fundamental para acelerar a disseminao de informaes relevantes junto a

    pblicos que exibem baixa escolaridade.

    As estratgias a serem definidas para a cobertura de desastres e riscos no podem descartar a existncia

    dessa complexidade e precisam ser desenhadas para dar conta de demandas e expectativas mltiplas, sob

    pena de excluir parcelas importantes das populaes atingidas.

  • GESTO DE DESASTRES

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    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    ANTES DO DESASTRETodo o trabalho de comunicao que antecede a ocorrncia de um desastre

    considerado estratgico, uma vez que permite o repasse de informaes

    com foco na minimizao dos riscos. A imprensa, nesta fase, ser pautada

    nas questes relativas preveno e preparao de desastres. O principal

    desafio criar a conscincia e a promoo de uma cultura de preveno.

    Atualmente, os veculos dedicam muito mais espao divulgao das

    tragdias do que s possibilidades de evit-las ou de lidar com elas.

    O primeiro passo assumir a responsabilidade da mdia e o compromisso

    efetivo com a reduo dos riscos de desastres. A partir disso, preciso que

    o assunto seja discutido e abordado, respeitando as caractersticas de cada

    meio de comunicao, bem como as vulnerabilidades sociais. Fazer chegar

    a informao de maneira correta e apropriada uma tarefa difcil, que em

    situaes de crise merece ateno redobrada para que as mensagens no

    gerem novos fatores de risco.

    A responsvel pelo setor de comunicao da Estratgia Internacional para

    Reduo de Desastres da Organizao das Naes Unidas (EIRD/ONU), no

    Panam, Margarita Villalobos, cita e diferencia os aspectos importantes da

    imprensa escrita, do rdio, da televiso, da internet e de outras formas de

    comunicao para o trabalho a ser realizado na preveno de desastres, da

    seguinte maneira:

    Imprensa escrita possvel detalhar e aprofundar muito mais o tratamento do tema. A palavra escrita tem

    vida til mais longa, embora tenha um valor documental permanente. O tratamento da informao preventiva

    poder proporcionar mensagens que influenciam o comportamento das pessoas.

    Rdio este meio de comunicao ouvido por milhes de pessoas, comunica-se com um pblico

    heterogneo composto pelos diversos degraus socioculturais da comunidade, de forma simultnea e

    instantnea. Mensagens preventivas podem ser transmitidas por meio de entrevistas, comentrios, crnicas

    e informes especiais. Falar por meio do rdio significa explicar, contar, dialogar com o receptor. Por isso, este

    tipo de comunicao deve ser coloquial.

  • GESTO DE DESASTRES

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    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    Televiso importante considerar a simultaneidade, instantaneidade e atualidade de informaes

    transmitidas por esta mdia. Para que a comunicao preventiva televisionada tenha xito, deve-se gerenciar

    corretamente os trs cdigos fundamentais da mensagem mediatizada: o icnico, o sonoro e o lingustico. A

    televiso, alm da mensagem falada, transmite imagens, que contextualizam o telespectador e possibilitam

    uma leitura mais completa dos fatos.

    Internet as vantagens desta mdia esto na capacidade de oferecer aos usurios exatamente a informao

    que necessitam, organizada de acordo com seus requerimentos, podendo ser de forma simultnea. Porm,

    apesar de ser uma mdia em expanso, ainda restrita ao nmero de usurios.

    Outros canais alternativos por meio de feiras, atividades, redes de

    comunicadores, empresas privadas, entre outros.

    A partir destas informaes podemos destacar que a imprensa

    antes do desastre precisa:

    1. Conhecer as vulnerabilidades sociais, discutir e mostrar os

    riscos e contribuir com sua minimizao, por meio do repasse de

    informaes confiveis, sobre o tema, para a populao.

    2. Ampliar a divulgao de temas que contribuam com o

    processo de reduo de risco e que despertem o interesse social

    sobre o assunto.

    3. Fiscalizar o trabalho das instituies responsveis pelo

    gerenciamento de desastres.

    4. Conhecer e organizar fontes para subsidiar a produo de

    informaes relativas aos desastres, em suas diferentes fases.

    5. Promover a discusso sobre o tema entre os comunicadores.

    6. Profissionalizar jornalistas para atuar em situaes de

    emergncia.

  • GESTO DE DESASTRES

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    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    DURANTE O DESASTRENesta fase, as instituies responsveis pelo gerenciamento do desastre trabalham com foco nas atividades

    de resposta ao evento adverso, ou seja, no socorro, assistncia s vtimas e reabilitao de cenrios.

    Todas as informaes precisam ser avaliadas antes de serem divulgadas. Cada palavra, dado, imagem,

    etc, quando repassados populao, criaro reaes e influenciaro o comportamento das pessoas.

    Uma informao incompleta ou divulgada em um momento imprprio pode provocar pnico desnecessrio

    na populao.

    Durante o desastre, portanto, a imprensa precisa:

    1. Divulgar as informaes de forma responsvel, priorizando sempre o bem-estar e a segurana

    da populao.

    2. Respeitar as determinaes das equipes que atuam no gerenciamento do desastre e

    contribuir com elas.

    3. Corrigir rumores falsos sobre a situao.

    4. Apurar e levar informaes at a populao que ajudem a minimizar os danos e prejuzos.

    5. Repassar orientaes corretas e de interesse pblico, com agilidade.

    6. Consultar fontes que enriqueam e acrescentem outros dados s informaes disponveis.

    7. Avaliar as informaes antes da divulgao.

    8. Agir de forma responsvel e comprometida com a reduo dos riscos.

    Ambiente reservado e planejado para atendimento da imprensa.

  • GESTO DE DESASTRES

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    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    DEPOIS DO DESASTREAps a fase crtica do desastre, quando os riscos diminuem e a populao est em segurana, inicia-se o

    perodo chamado de ps-desastre.

    Neste momento, apesar dos riscos no serem mais iminentes, surgem novas problemticas. O desastre

    provoca danos sociais e econmicos que podem durar semanas, meses e at anos, dependendo de sua

    magnitude. Problemas estruturais, como quedas de pontes, danificao de rodovias, falhas nos servios

    pblicos essenciais, perda de produes, desemprego, medo na populao, interferncias no convvio social

    das pessoas, entre tantos outros, fazem parte da realidade das comunidades que j passaram por uma

    situao de emergncia.

    Nesta fase ps-desastre, a comunicao continuar tendo papel fundamental, agora no processo de

    reabilitao dos cenrios, contribuindo com o restabelecimento da normalidade.

    Caber imprensa a transmisso de informaes para a sociedade sobre os danos e prejuzos ainda

    existentes e aes para a reabilitao. O evento adverso e suas consequncias no podem ser esquecidos.

    As atividades da comunicao social ps-desastre devem ser avaliadas e os erros corrigidos, contribuindo

    para que a percepo de novos riscos melhore nas comunidades.

    Depois do desastre, a imprensa pode:

    1. Contribuir para que o assunto no caia no esquecimento.

    2. Fomentar a divulgao de informaes para evitar que

    novas tragdias aconteam.

    3. Acompanhar o restabelecimento da normalidade junto s

    comunidades e divulgar informaes que favoream a retomada

    do cotidiano das vtimas.

    4. Participar da avaliao dos danos e prejuzos.

    5. Informar sobre as mudanas que o desastre provocou e

    colaborar com o processo de reconstruo.

  • GESTO DE DESASTRES

    37

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    1.4 ACOLHER E SOCORRER A POPULAO VULNERVEL

    As normas mnimas em matria de abrigo e planejamento dos locais de alojamento da populao so uma

    expresso prtica dos princpios e direitos enunciados na Carta Humanitria, inspirada na Declarao

    Universal dos Direitos Humanos. A carta se concentra nos requisitos fundamentais para manter a vida e a

    dignidade das pessoas afetadas por catstrofes ou conflitos, segundo o consignado no conjunto do direito

    internacional relativo aos direitos humanos, no direito humanitrio internacional e no direito relativo aos

    refugiados.

    sobre estes preceitos que as organizaes humanitrias oferecem os seus servios, comprometendo-se

    a atuar de acordo com os princpios de humanidade, neutralidade e imparcialidade, dentre outros definidos

    no Cdigo de Conduta do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho e das

    Organizaes No Governamentais (ONGs) de Assistncia Humanitria em situaes de desastre. A Carta

    Humanitria reafirma a importncia fundamental de trs princpios-chaves:

    a. O direito vida com dignidade;

    b. A distino entre combatentes e no combatentes;

    c. O princpio da no repulso.

    As normas mnimas dividem-se em duas grandes categorias:

    1. As relacionadas diretamente com os direitos das pessoas;

    2. As relacionadas com a atuao das organizaes que contribuem para que as pessoas

    usufruam desses direitos.

  • GESTO DE DESASTRES

    38

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    A IMPORTNCIA DOS ABRIGOS E DO PLANEJAMENTO DOS LOCAIS DE ALOJAMENTO EM SITUAES DE EMERGNCIAJuntamente com o abastecimento de gua, o saneamento, a nutrio e os cuidados

    mdicos, o abrigo um fator decisivo para a sobrevivncia na fase inicial de uma

    situao de emergncia. Faz-se necessrio para aumentar a resistncia s doenas

    e proporcionar proteo contra as condies ambientais, assim como para manter

    a dignidade humana e sustentar, tanto quanto possvel, a vida da famlia e da

    comunidade em circunstncias difceis.

    O objetivo das intervenes referentes aos abrigos e seleo e planejamento de

    locais de alojamento satisfazer as necessidades fsicas e sociais elementares

    das pessoas, das famlias e das comunidades, de modo a disporem de um espao

    protegido, seguro e confortvel para viver, incluindo no processo, tanto quanto

    possvel, a autossuficincia e a autogesto.

    As intervenes devem ser concebidas e realizadas de modo a que sejam reduzidos

    ao mnimo todos os efeitos negativos na comunidade acolhedora ou no meio

    ambiente. Trs tipos de situaes possveis indicam as necessidades bsicas das

    pessoas diretamente afetadas por um desastre no que toca a abrigo. Estes tipos de

    situao so determinados pelo tipo de desastre, o nmero de pessoas envolvidas,

    o contexto poltico e a capacidade da comunidade para enfrentar a situao.

    Preparao para Desastres: Simulao de abrigamento de emergncia na cidade de Itaja.

  • GESTO DE DESASTRES

    39

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    A. AS PESSOAS PERMANECEM NAS SUAS CASASNem sempre acontece que, em caso de desastre, as pessoas se desloquem das

    suas casas. Os membros de comunidades diretamente afetadas por um desastre

    natural quase sempre preferem permanecer nas suas casas ou nas proximidades,

    se isso for possvel. Mesmo que as casas tenham sido destrudas ou danificadas, a

    assistncia s pessoas onde elas se encontram muito mais sustentvel e ajuda

    a restabelecer a normalidade mais rapidamente do que a assistncia que as obriga

    a afastar-se em busca de um refgio temporrio. A ajuda canalizada para o local

    onde as pessoas vivem e se conhecem entre si ajuda-as a manter as estruturas

    sociais e permite que continuem a viver o mais normalmente possvel.

    B. AS PESSOAS DESLOCAM-SE E INSTALAM-SE EM COMUNIDADES ACOLHEDORAS OU ANFITRISDurante um conflito armado, e aps certos desastres naturais como grandes

    inundaes, comunidades inteiras podem ver-se obrigadas a abandonar os seus

    lares e a sua zona de residncia. Nessas situaes, as pessoas deslocadas podem

    permanecer na comunidade anfitri local, com outros parentes ou outras pessoas

    com quem partilham laos histricos, religiosos ou de outro tipo. A assistncia

    nestas situaes inclui ter em conta os direitos e as necessidades da populao

    afetada, bem como daqueles que sejam indiretamente afetados pela situao de

    desastre.

    C. AS PESSOAS DESLOCAM-SE E VIVEM EM GRUPOS (ABRIGOS EMERGENCIAIS)As povoaes temporrias para refugiados ou populaes deslocadas so necessrias quando, dadas as

    circunstncias do desastre natural, as pessoas tm de abandonar os seus lares e a sua regio e instalar-

    se noutros locais. Nestes casos, as populaes deslocadas vivem em grupos, por perodos de tempo

    indeterminados. A assistncia exige que se d resposta s necessidades tanto das pessoas instaladas em

    povoaes espontneas, como em locais de alojamento selecionados (abrigos emergenciais).

  • GESTO DE DESASTRES

    40

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    Importante: a experincia e a bibliografia produzida internacionalmente

    a respeito, sugere a que a participao das mulheres nos programas de

    abrigo e planejamento de locais de alojamento pode contribuir para que

    elas prprias e todos os membros da populao afetada tenham acesso

    equitativo e seguro aos abrigos, roupa, aos materiais de construo,

    ao equipamento de produo de alimentos e a outros viveres essenciais.

    As mulheres devem ser consultadas sobre uma srie de assuntos, como

    segurana e privacidade, fontes e meios de combustvel para cozinhar,

    e ainda sobre a maneira de obter um acesso equitativo aos abrigos e s

    pessoas. Ser necessria uma ateno especial para evitar e dar resposta

    a situaes envolvendo violncia baseada no gnero e explorao sexual.

    Por exemplo, o melhoramento do sistema de iluminao e das patrulhas de

    segurana pode ajudar a que a povoao construda de forma emergencial

    seja segura e acessvel para toda a populao, mas particularmente

    para os grupos que correm mais riscos de sofrer atos de violncia. Por

    isso importante fomentar a participao das mulheres na concepo

    e implementao dos programas de abrigo e planejamento de locais de

    alojamento sempre que isso seja possvel.

    Alguns dos maiores desafios do gestor de desastre so preparar, ativar,

    manter e desmobilizar abrigos emergenciais, e por esse motivo, traremos

    dados realtivos a administrao desses lugares.

  • GESTO DE DESASTRES

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    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    GERENCIAMENTO DE ABRIGOS

    Para melhor entender o funcionamento dos abrigos temporrios importante conhecer algumas definies:

    Abrigo: o local ou a instalao que proporciona hospedagem a pessoas necessitadas.

    Abrigo temporrio: organizado em uma instalao adaptada para esta finalidade, por um perodo

    determinado e/ou especfico.

    Afetado qualquer pessoa que tenha sido atingida ou prejudicada por um desastre.

    Desalojado pessoa que foi obrigada a abandonar temporria ou definitivamente sua habitao, em funo

    de evacuaes preventivas, destruio ou avaria grave decorrente do desastre e que no necessariamente

    carece de abrigo provido pelo Sistema. Ex.: casa de parentes, amigos, etc.

    Desabrigado pessoa cuja habitao foi afetada por dano ou ameaa de dano e que necessita de abrigo

    provido pelo Sistema. Ex.: no tem para onde ir.

    CLASSIFICAO DE ABRIGOS:

    a. Permanentes;

    b. Temporrios.

    - Fixo: edificaes pblicas e/ou privadas, adaptados para

    habitao temporria. Ex.: Ginsios, sales de festas, etc;

    - Mvel: constitudo por barracas de campanha, trailers, contineres

    modificados, instalados em reas destinadas emergencialmente

    como local de abrigamento. Ex.: campos de futebol, ptio de

    estacionamento, etc.

  • GESTO DE DESASTRES

    42

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    REQUISITOS PARA INSTALAODeve se levar em considerao:

    a. Estrutura adequada, habitvel, segura, privada e protegida de riscos variados;

    b. Meio de transio entre a situao emergencial e a acomodao em residncias a mdio e

    longo prazo;

    c. Adaptada cultura local, ao clima e as caractersticas da regio, com acesso aos

    servios bsicos e atendida pelo esforo intergrado dos diferentes rgos governamentais e no

    governamentais.

    Quando organizar

    1. Nos perodos de Normalidade;

    2. Nos perodos de Anormalidade.

    QUEM DEVE GERENCIAR UM ABRIGO OFICIAL DO MUNICPIO

    De acordo com a Lei n 12.435, de 2011, na Tipificao de Servios (Assistncia Social): o Servio de Proteo

    em Situao de Calamidades Pblicas e Emergncias integra a Proteo Especial de Alta Complexidade e

    este servio se d atravs de oferta de alojamento provisrio, atenes e provises materiais, conforme a

    necessidade detectada.

    Art. 22. - entende-se por benefcio eventual as provises suplementares e provisrias que integram

    organicamente as garantias do SUAS e so prestadas aos cidados e s famlias em virtude de nascimento,

    morte, situaes de vulnerabilidade temporria e de calamidade pblica.

  • GESTO DE DESASTRES

    43

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    INSTALAO DO ABRIGODeve-se anteriormente instalao realizar a vistoria e inventrio

    preliminares das condies do espao fsico;

    1. Identificar o tipo e as caractersticas da edificao

    2. Verificar a Infraestrutura

    3. Proceder a delimitao do espao fsico

    4. Estabelecer medidas de segurana

    5. Verificar a capacidade de acolhimento

    6. Estabelecer Indicadores mnimos

    Para o estabelecimento do abrigo, importante que as atribuies sejam

    bem divididas e organizadas. Neste sentido, h necessidade de estabelecer

    as atividades por equipe, quais sejam:

    1. Gestor do Abrigo

    a. Caractersticas relevantes:

    - Conhecer a realidade da comunidade com a qual ir atuar;

    - Ser organizado e pragmtico;

    - Ter liderana (centralizao x delegao de funes);

    - Ter capacidade de mediar conflitos (escuta, tolerncia, firmeza).

    b. Atribuies:

    - Planejar aes a serem desenvolvidas no abrigo;

    - Organizar e coordenar as equipes;

    - Estabelecer articulao com rgos do governo, instituies e imprensa;

    - Estar atualizado sobre todas as informaes referentes ao abrigo;

    - Tomar medidas para o retorno das famlias s suas vidas cotidianas.

  • GESTO DE DESASTRES

    44

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    2. Equipe de Operaes

    a. Atribuies:

    - Instalao do abrigo;

    - Recepo dos desabrigados;

    - Acautelamento de bens e animais de estimao;

    - Triagem de sade;

    - Triagem social;

    - Ateno psicossocial e de sade integrais e continuados.

    3. Equipe de Planejamento

    a. Atribuies (responsvel em planejar as atividades do abrigo a cada

    7 dias):

    - Atualizao diria da lista de abrigados;

    - Definir medidas para diminuir o tempo de abrigamento;

    - Elaborao da rotina do abrigo;

    - Confeco de relatrio;

    - Arquivamento e guarda de documentos.

  • GESTO DE DESASTRES

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    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    4. Equipe de Logstica

    a. Atribuies (responsvel em disponibilizar os recursos materiais):

    - Acomodao das famlias;

    - Entrega de Kits;

    - Requisio e recebimento de materiais;

    - Confeco e distribuio de alimentos;

    - Controle de entrada e sada de materiais e produtos.

    5. Equipe de Finanas

    a. Atribuies (responsvel por administrar os recursos financeiros,

    podendo ser feito pela gesto de uma secretaria municipal):

    - Administrar recursos financeiros disponveis, inclusive doaes.

    INDICADORES DE ASSISTNCIA HUMANITRIA INTERNACIONALAtendendo ao conceito de Assistncia Humanitria, o ideal fazer a

    gesto dos abrigos seguindo os indicadores mnimos estabelecidos pelo

    Projeto Esfera (www.sphereproject.org), o qual estabelece um conjunto de

    princpios e normas comuns ou universais mnimos e aplicveis a todos

    os setores bsicos da resposta humanitria: gua, abrigo, alimentao e

    sade.

  • GESTO DE DESASTRES

    46

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    QUANTO AO ACIONAMENTOPrimeiro contato, ainda na fase de alerta, com a equipe de gerenciamento

    do abrigo, para inform-la da possvel necessidade de mobilizar os

    recursos destinados para o mesmo e proceder a verificao do local que

    ser utilizado.

    MOBILIZAOConjunto de medidas, na fase de alarme, que visa reunir e concentrar,

    de forma ordenada, os recursos institucionais, humanos, econmicos e

    materiais para instalao do abrigo temporrio.

    Recursos Humanos /Recepo

    Pessoas responsveis por:

    - controle da entrada e sada

    de pessoas do abrigo;

    - cadastro;

    - acautelamento de bens;

    - disposio dos animais;

    - almoxarifado.

    Sade

    Mdicos;

    Enfermeiros;

    Dentistas;

    Nutricionistas.

    Vigilncia / Segurana

    Acautelamento de bens,

    disposio de animais e

    vigilncia no abrigo.

    Guarda municipal;

    Policiais militares;

    Voluntrios.

    Ateno psicossocial

    Assistentes sociais;

    Psiclogos;

    Agentes psicossociais.

  • GESTO DE DESASTRES

    47

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    Algumas atribuies so importantes e devem ser observadas para o

    estabelecimento e funcionamento do abrigo:

    Recepo dos desabrigados

    Primeira atividade a ser desenvolvida no abrigo.

    o momento no qual so realizados:

    - Disposio dos animais;

    - Acautelamento dos bens;

    - Disponibilidade de kits familiares (almoxarifado);

    - Disposio das famlias.

    Disposio dos animais

    - A anotao deve ser feita na lista de cadastro do respectivo

    dono (campo para observaes);

    - Deve-se estabelecer local apropriado para a

    guarda de animais;

    - Cabe gerncia do abrigo prover os alimentos;

    - Cabe aos donos dos animais cuidar destes.

    Cadastro dos desabrigados

    Tem por objetivo informar o nmero total e direcionar

    o trabalho no abrigo.

    Deve, preferencialmente, ser realizado:

    - Em um nico momento;

    - No local do desastre ou na entrada do abrigo;

    - Em um espao delimitado.

  • GESTO DE DESASTRES

    48

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    Acautelamento dos bens

    Em local seguro, sob a responsabilidade de uma pessoa

    designada pela gerncia do abrigo.

    Preenchimento de formulrio apropriado em 3 vias;

    Prazo para devoluo dos bens at a sada do desabrigado;

    Disposio das Famlias

    O alojamento deve ser organizado por famlia.

    Situaes traumticas - perda de referncias, desamparo;

    Fundamental no romper a coeso familiar;

    Sensao de acomodao: conforto X prostrao;

    Acolhimento -> movimento.

    Almoxarifado

    Espao destinado distribuio dos materiais de uso dirio.

    Local especfico;

    Horrio de funcionamento;

    Pessoal responsvel;

    Ficha de controle de entrada e sada.

    Kit a ser disponibilizado por famlia:

    - uma escova de dentes por pessoa

    - uma pasta de dente por famlia

    - um sabonete por famlia

    - um sabo para lavar roupa por famlia

    Dica: materiais com pouca durabilidade devem ser repostos conforme a necessidade.

    Materiais descartveis, como fraldas, absorventes e lminas de barbear devem ser disponibilizados conforme a solicitao.

  • GESTO DE DESASTRES

    49

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    Triagem de Sade - Identificar agravos na populao afetada para elaborar aes preventivas

    Implica em estabelecer: Medidas de ateno sade, Visitas peridicas

    para o atendimento aos desabrigados, Vigilncia epidemiolgica para

    doenas infecciosas (controle de surtos).

    Procura: Viabilizar a resoluo de problemas como:

    - Remoo dos desabrigados;

    - Avaliao e tratamento;

    - Encaminhamento de casos suspeitos de doenas infecto-contagiosas e

    de doenas crnicas para acompanhamento.

    Triagem Social

    a entrevista familiar direcionada para o responsvel que melhor conhea

    as informaes sobre os integrantes da famlia.

    Objetivo:

    - Acolher os desabrigados;

    - Coletar dados para a anlise da situao familiar;

    - Realizar encaminhamentos necessrios;

    - Viabilizar o retorno s suas vidas cotidianas;

    - Iniciar as orientaes gerais quanto ao funcionamento do abrigo.

    A triagem social deve ser realizada:

    - Aps o acolhimento e a disposio das famlias;

    - Por agentes capacitados ou profissionais qualificados.

    Implica em fazer:

    - Categorizao dos desabrigados;

    -Articulao com outros rgos;

    -Informao sobre a temporalidade.

  • GESTO DE DESASTRES

    50

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    ATENO PSICOSSOCIAL

    Visa:

    - facilitao da identificao de problemas;

    - Ao acolhimento do sujeito;

    - implicao da comunidade no processo de elaborao das perdas e de reconstruo da vida;

    - identificao das reaes comuns aos desabrigados aps a experincia de uma situao

    traumtica.

    Deve levar em considerao: Gravidade das reaes; Caractersticas do evento; Perdas ocorridas;

    Personalidade do sujeito; Suporte oferecido.

    AS FAMLIAS PODEM SER CATEGORIZADAS COMO:

    1. Aquelas cuja residncia no apresenta danos que impossibilitem o retorno em curto prazo.

    2. Aquelas cuja residncia apresenta danos ou est sob risco, mas possuem redes de solidariedade

    que as apoiem.

    3. Aquelas cuja residncia est danificada ou destruda (sem chance de retorno em curto prazo) e

    no possuem rede de solidariedade.

    Para a convivncia harmoniosa entre as

    pessoas, as regras devem ser:

    Pr-formuladas, mas negociadas;

    Adequadas ao contexto sociocultural;

    Claras;

    Vlidas para todos;

    Afixadas em locais de fcil visibilidade;

    Baseadas nos direitos dos desabrigados.

    Sugestes para organizao e

    funcionamento do abrigo:

    - Estabelecimento de horrios;

    - Circulao de informaes;

    - Atualizao da lista de cadastrados;

    - Regulao do trnsito de pessoas;

    - Atividades de manuteno;

    - Assistncia religiosa;

    - Espao recreativo;

    - Alimentao.

  • GESTO DE DESASTRES

    51

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    COMUNICAOA circulao de informaes muito importante para o bom funcionamento

    do abrigo. Deve-se levar em considerao:

    Troca de informaes entre a equipe de gerenciamento e os desabrigados.

    Importncia de pessoas capacitadas para repassar as informaes.

    O repasse das informaes pode ser realizado:

    - Em grupo;

    - Individualmente;

    - Por escrito.

    ATUALIZAO DA LISTA DE CADASTRADOSLista gerada aps o cadastro que tem por objetivo controlar o quantitativo

    de desabrigados e os recursos disponibilizados.

    Deve ser atualizada constantemente por um responsvel.

    Possveis atualizaes:

    - Hospitalizao do desabrigado;

    - Falecimento do desabrigado;

    - Sada definitiva do abrigo;

    - Condio de desalojado.

  • GESTO DE DESASTRES

    52

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    A cada atualizao, a lista deve ser distribuda aos diversos setores:

    - Administrao;

    - Recepo;

    - Refeitrio;

    - Almoxarifado.

    REGULAO DO TRNSITO DE PESSOASRecomenda-se:

    A definio de um nico local de entrada e sada.

    Disponibilizar uma pessoa responsvel neste local.

    A entrada e a sada dos desabrigados sero livres, desde que respeitadas

    as regras.

    Que a entrada de pessoas que no estejam abrigadas deve ser evitada.

    Todas as pessoas que trabalham no abrigo devem ser identificadas por

    crachs ou uniformes.

    Assistncia Religiosa

    Pode servir como fonte de reestruturao emocional.

    Pode ser realizada desde que solicitada e previamente autorizada pela

    gerncia do abrigo.

    Deve-se destinar local apropriado para tais manifestaes.

    Espao Recreativo

    um espao preparado para estimular a criana a brincar, possibilitando o acesso a diferentes tipos de atividades ldicas.

    Tem por objetivo tornar a permanncia da criana menos traumatizante.

  • GESTO DE DESASTRES

    53

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    FASE DA DESMOBILIZAO DO ABRIGO um conjunto de atividades empreendidas pela gerncia do abrigo, com

    vistas retomada da rotina do local utilizado para instalao do abrigo

    temporrio, uma vez completadas as medidas de retorno e relocao das

    famlias na comunidade.

    O encerramento das atividades no abrigo est diretamente vinculado:

    - determinao da desativao pelas autoridades responsveis;

    - possibilidade de retorno das famlias s suas vidas cotidianas;

    - A aes da equipe de gerenciamento que possibilitem um processo de

    finalizao organizado.

    Para tanto preciso:

    Propiciar o retorno ao local de moradia;

    Facilitar o acolhimento das famlias em residncias de familiares,

    amigos, entre outras redes de solidariedade;

    Encaminhar as famlias a abrigos permanentes ou a residncias

    disponibilizadas pelo poder pblico;

    Vistoriar instalaes;

    Executar a limpeza das instalaes;

    Entregar as instalaes do abrigo s autoridades competentes;

    Realizar a reunio de encerramento;

    Preparar a entrega do relatrio final ao Coordenador de Defesa

    Civil e s autoridades competentes.

  • GESTO DE DESASTRES

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  • GESTO DE DESASTRES

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    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    EIXO 2ASSISTNCIA HUMANITRIA E LOGSTICA DE DESASTRE

  • GESTO DE DESASTRES

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    ASSISTNCIA HUMANITRIA E LOGSTICA DE DESASTRE

    Distribuio de Kits para enfrentamento da Estiagem: Oeste de SC em 2012.

    Nesse momento encerramos o eixo de socorro, passaremos principalmente

    para a LOGSTICA do desastre, quais as aes necessrias para manter

    todo o planejamento e estrutura das aes ps-impacto. A exemplo da

    manuteno de abrigos e as aquisies emergenciais.

  • GESTO DE DESASTRES

    57

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    2.1 LOGSTICA

    Logstica um ramo da gesto das atividades humanas, cuja misso est

    voltada para o planejamento da armazenagem, circulao (terra, ar e mar) e

    distribuio de todo tipo de produto.

    Porm, as alteraes climticas experimentadas pelo homem nos tempos

    modernos indicam que o mundo est em constante transformao, onde

    os desastres naturais sero cada vez mais frequentes, intensos e mortais;

    seja pela falta de planejamentos urbanos, ou pela prpria magnitude da

    ameaa natural.

    Diante deste cenrio, o homem est cada vez mais ciente da necessidade de

    estruturao de aes de resposta a essas situaes crticas. Logicamente

    os atos que visam reduo do risco de desastres iniciam-se ainda no

    universo pr-impacto e se prolongam no transcorrer da ocorrncia do

    evento adverso e nas atividades ps-desastre.

    Entretanto, as aes de resposta retratam a fragilidade do ser humano

    diante da fora da natureza, e ressaltam a necessidade cada vez maior de

    proteo da populao frente a essas adversidades.

    Por esse motivo, foram criados diversos mecanismos de atuao para

    a gesto dessas situaes crticas, desde a ferramenta para a sua

    administrao, conhecida como Sistema de Comando em Operaes, at

    a adoo da experincia desenvolvida pelo segmento empresarial na rea

    de logstica e cadeia de suprimentos, aplicando-a em aes no campo de

    auxlio humanitrio, com o atendimento das pessoas vulnerveis afetadas

    por desastres a partir desse momento, surge ento a logstica humanitria.

  • GESTO DE DESASTRES

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    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    OBJETIVOS Um dos objetivos mais importantes da logstica conseguir criar mecanismos

    para entregar os produtos ao destino final no tempo mais curto possvel,

    reduzindo os custos da entrega.

    Para isso, os especialistas em logstica estudam rotas de circulao, meios

    de transporte, locais de armazenagem (depsitos) entre outros fatores que

    influenciam nos custo e no tempo resposta.

    Para a Secretaria de Estado da Defesa Civil, a logstica tem por objetivo

    disponibilizar para as cidades afetadas por situaes de emergncia ou

    em estado de calamidade pblica, os itens de assistncia humanitria, no

    menor espao de tempo possvel, com qualidade de produtos, lembrando

    sempre da necessidade legal de se respeitar o regramento das aquisies,

    institudas pela lei 8.666/93.

    A Logstica Humanitria

    Segundo BEAMON (2004), a logstica humanitria a funo que visa o

    fluxo de pessoas e materiais de forma adequada e em tempo oportuno

    na cadeia de assistncia, com o objetivo principal de atender de maneira

    correta o maior nmero de pessoas vtimas de desastres.

    De acordo com o entendimento formado pela Federao Internacional

    da Cruz Vermelha (2007) apud MEIRIN (2007), logstica humanitria so

    processos e sistemas envolvidos na mobilizao de pessoas, recursos e

    conhecimento para ajudar comunidades vulnerveis, afetadas por desastres

    naturais ou emergncias complexas. Ela busca a pronta resposta, visando

    atender o maior nmero de pessoas, evitar falta e desperdcio, organizar as

    diversas doaes que so recebidas nestes casos e, principalmente, atuar

    dentro de um oramento limitado.

  • GESTO DE DESASTRES

    59

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    Para Fabiano de Souza e Laureano Junior (2012), ao analisar os conceitos

    supramencionados, podemos concluir que logstica humanitria ou

    cadeia de suprimentos humanitria a forma de se trabalhar os conceitos

    empresariais de logstica, substituindo seu objetivo primordial de obteno

    de lucro, por uma causa mais humana, que busque minimizar o sofrimento

    alheio provocado por situaes adversas de pessoas que habitam lugares

    vulnerveis.

    Em resumo, a logstica humanitria envolve processos e sistemas capazes

    de mobilizar habilidades, conhecimentos, especialidades, recursos

    materiais e humanos com a finalidade de auxiliar as pessoas afetadas por

    desastres ou que vivem em reas de conflitos. Destina-se ao uso efetivo

    dos conceitos de logstica empresarial s causas de auxlio humanitrio,

    tendo por intuito levar s reas afetadas uma maior quantidade de itens de

    assistncia, num curto e adequado espao de tempo.

    O conceito de logstica humanitria, portanto, est diretamente

    relacionado com a necessidade de se prover, com itens de subsistncia

    e necessidades primrias, no menor tempo possvel, o abastecimento

    de uma determinada localidade atingida por desastre, utilizando-se de

    forma eficiente e eficaz os meios disponveis para tal operao.

  • GESTO DE DESASTRES

    60

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    2.2 DEMANDAS DE LOGSTICA

    Para atender aos municpios atingidos por eventos adversos, a Secretaria

    de Estado da Defesa Civil, atravs de sua Gerncia de Logstica, faz o

    levantamento das necessidades, com base nas informaes enviadas

    pelas solicitaes das Prefeituras Municipais.

    Aps anlise de informaes e identificao de demandas, os pedidos se

    transformam em solicitaes da Gerncia de Logstica.

    Importante observar que o atendimento do pedido municipal se dar atravs

    do fornecimento direto de bens, produtos ou servios. Esses itens sero

    adquiridos por sistema de Registro de Preo ou processo de Dispensa de

    Licitao (nesse caso em especfico, o municpio ter decretado situao

    anormal e essa situao dever obrigatoriamente ser homologada pelo

    Estado).

    GERNCIA DE LOGSTICA - DiRD

    A LGICA DA LOGSTICA

    Recebe a demandaautorizada pela Gernciade Operaes; Consulta fornecedores; Solicita aquisio; Acompanha e registra aentrega nas cidades ou Celog.

    CENTRO DE LOGSTICA REGIONAL - CELOG

    Recebe produto; Armazena; Dene rotas e modal; Envia aos municpios.

    SANTACATARINA

    CELOG

    Centros de Logstica Regional: quando for necessrio trocar o modal rodovirio para atender grandes regies atingidas (isoladas).

  • GESTO DE DESASTRES

    61

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    2.3 PADRO DE ORAMENTOS

    Uma vez gerada a demanda pelo municpio atingido pelo desastre, a

    Gerncia de Logstica ir providenciar a aquisio dos itens de assistncia

    necessrios para a comunidade, conforme solicitado e avaliado.

    No caso de itens catalogados pelo sistema e Registro de Preo, o pedido

    ser realizado repassando ao fornecedor o nome da cidade atingida, tipo e

    material e quantidade. Bem como sero informados a rota mais segura e o

    modal preferencial, restando empresa informar prazo de entrega. O prazo

    fundamental, pois a Gerncia de Logstica ir manter o monitoramento da

    ao e informar aos solicitantes.

    No caso de itens diversos dos Kits de assistncias mantidos pela SDC, o

    processo de Dispensa de Licitao ser iniciado, para aquisio e entrega

    de material.

    Importante observar que, esse segundo procedimento acaba sendo mais

    moroso, devido necessidade jurdica de seguir obrigatoriamente ritos

    legais, prazos e publicaes.

  • GESTO DE DESASTRES

    62

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    2.4 DOCUMENTOS NECESSRIOS PARA AQUISIO

    Ao receber os oramentos a Gerncia de Logstica ir analisar se os itens

    solicitados esto contemplados, e ainda solicitar da empresa vencedora

    documentos atualizados que comprovem sua regularidade fiscal, conforme

    prev a Lei Federal n 8.666/93.

    Os documentos exigidos so os que seguem:

    Certido Negativa de Dbito Federal;

    Certido Negativa de Dbito Estadual;

    Certido Negativa de Dbito Municipal;

    Certido Negativa de Dbito Trabalhista;

    Certido Negativa de Dbito com a Previdncia Social;

    Certificado de Regularidade com o FGTS;

    Contrato Social;

    Declarao de Menor.

  • GESTO DE DESASTRES

    63

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    2.5 ADQUIRINDO POR DISPENSA DE LICITAO

    Aps aferir toda a documentao da empresa que apresentou a proposta

    de menor preo, encaminha-se Gerncia de Licitaes e Compras para

    confeco da dispensa de licitao.

    Confeccionada e aprovada pelo Jurdico, a Dispensa de Licitao assinada

    pelo Secretrio de Estado da Defesa Civil, para assim ser publicada em

    Dirio Oficial do Estado e empenhada pelo setor financeiro.

    Aps estes trmites, comunica-se empresa vencedora para entregar o

    produto no local previsto, bem como ao Coordenador Regional de Defesa

    Civil. Ento o Coordenador Regional de Defesa Civil recebe, confere o

    produto e faz a distribuio, colhendo informao de cada cidado que

    recebe o kit, conforme modelo abaixo:

    FICHA DE CONTROLE DE ENTREGA DE MATERIAL PARA POPULAO ATINGIDA

    Nome: CPF / RG:

    Endereo: Fone:

    Quantidade Material

    Assinatura: Data Entrega:

    Feita a distribuio dos kits, o Coordenador Regional de Defesa Civil certifica manualmente

    a nota, junta os recibos de entrega de material e encaminha para a Gerncia de Logstica

    que a certifica no sistema financeiro SIGEF, e segue para pagamento dentro das datas pr-

    estabelecidas pela secretaria da fazenda estadual.

  • GESTO DE DESASTRES

    64

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    2.6 AQUISIO DIRETA

    Quando tratamos de desastre, o sistema de aquisio dos itens de

    assistncia deve ser o mais rpido possvel, respeitando as leis que

    regem este sistema para rgos pblicos no Brasil. Para isso, temos na

    Lei 8.666/93, no seu Art. 24, condies que dispensam a licitao, dando

    maior agilidade na contratao. Dentre algumas que beneficiam o trabalho

    da Defesa Civil Estadual, podemos destacar com o texto que segue:

    Lei 8.666/93 no seu Art. 24:

    IV ...nos casos de emergncia ou de calamidade pblica, quando

    caracterizada urgncia de atendimento de situao que possa ocasionar

    prejuzo ou comprometer a segurana de pessoas, obras, servios,

    equipamentos e outros bens, pblicos ou particulares, e somente para os

    bens necessrios ao atendimento da situao emergencial ou calamitosa e

    para as parcelas de obras e servios que possam ser concludas no prazo

    mximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados

    da ocorrncia da emergncia ou calamidade vedada a prorrogao dos

    respectivos contratos;

    Importante: Uma ressalva que a Dispensa de Licitao no deve ser a

    regra, mas a exceo, e para isso, cabe aos municpios estarem preparados

    e utilizarem a ferramenta Registro de Preos, pois dessa forma podero

    dar celeridade ao processo de aquisio e assistncia, uma vez que o valor

    j est registrado por 12 meses.

  • GESTO DE DESASTRES

    65

    DEFESA CIVIL - SANTA CATARINA

    2.7 EXEMPLO DE ITENS DE ASSISTNCIA

    Seguem para consulta dos municpios e sugesto, os itens de Assistncia

    Humanitria, reunidos por diversos Kits, utilizados pela SDC:

    ITEM ORDEM PRODUTO ESPECIFICAO

    1 1 GUA MINERAL

    gua Mineral em vasilhame tipo PET, translcido, com tampa, lacre e ala para transporte, com capacidade para 5 litros, acondicionada em fardos contendo 4 unidades cada, sendo os fardos reunidos de forma proporcional em paletes e protegidos por cobertura plstica ou cintas de fixao.Unidade: Vasilhame de 5 Litros. Dentro da validade.

    ITEM ORDEM PRODUTO ESPECIFICAO

    1 PO FATIADO

    Po de forma branco, em fatias com peso aproximado de 25 gramas cada, acondicionado em embalagem inicial de plstico atxico, resistente, devidamente lacrada, contendo 500 gramas, isento de gorduras trans, com no mnimo 1200 Cal. Dentro da validade. 4 unidades.

    2 BARRA DE CEREAIS

    Barra de cereal, para consumo imediato, com sabores variados, acondicionadas em caixas contendo 03 unidades de no mnimo 20 gr, cada. Unidade: Cx (03 unidades cada caixa 20 gr cada barra). Dentro da validade. 4 unidades.

    3SALSICHA

    TIPO VIENA

    Salsicha tipo Viena, acondicionada em latas de 250 gr cada.Unidade: latas (250 gr). Dentro da validade.

    2 4SARDINHA

    EM CONSERVA

    Sardinha em conserva, em leo comestvel, acondicionada em latas de 125 gr cada. Unidade: latas (125 gr). Dentro da validade. Lata com peso drenado de 0,30 ou 0,50 kg.

    5

    PSSEGO EM

    CALDA

    Pssego em calda, sem car