gestao da capacidade e da demanda no varejo um estudo realizado em uma empresa supermercadista de...
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE - UNI-BH
KILDER CHARLES SILVA MENDES
GESTÃO DA CAPACIDADE E DA DEMANDA NO VAREJO: Um estudo realizado em uma empresa supermercadista de Belo
Horizonte.
Belo Horizonte
2009
Kilder Charles Silva Mendes
GESTÃO DA CAPACIDADE E DA DEMANDA NO VAREJO: Um estudo realizado em uma empresa supermercadista de Belo
Horizonte.
Monografia apresentada ao Centro Universitário de Belo Horizonte como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Administração.
Orientador: Professor Antônio José
Belo Horizonte
2009
KILDER CHARLES SILVA MENDES
GESTÃO DA CAPACIDADE DE DA DEMANDA NO VAREJO:
Um estudo realizado em uma empresa supermercadista de
Belo Horizonte
Monografia apresentada ao Centro Universitário de Belo Horizonte, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração.
Monografia defendida e aprovada em: 06 de Junho de 2009.
Banca examinadora:
_____________________________________________________________
Prof. Antônio José Ferreira de Araújo.
______________________________________________________________
Prof. Cláudio José Faleiros
______________________________________________________________
Prof. Ulisses Procópio Pascoal Torres
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu pai José António, o maior
Administrador que conheço, a minha mãe Marlene, pelo
incentivo, a minha esposa Viviane, uma das pessoas mais
importantes da minha vida, meus irmãos pelo apoio e
compreensão.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus porque Dele, por Ele e para Ele são todas as
coisas e a todos que de alguma maneira contribuíram, direta ou
indiretamente, para a realização deste trabalho. Em especial:
Meu professor e orientador Antônio José, pela confiança
depositada e pela dedicação. Com certeza um grande mestre e
exemplo de docente.
Aos professores: Andrea Maria Baroneza, Gernot Roque Muller
e Adriana Venuto pelo incentivo em desenvolver este trabalho
e por despertar em mim habilidades de um pesquisador.
A minha esposa Viviane, que muito me ajudou e auxiliou na
concretização deste trabalho.
Aos meus pais, pelo incentivo apoio e compreensão nos
momentos de ausência.
A todas as pessoas que colaboraram por meio de entrevistas
que contribuíram diretamente para a elaboração deste trabalho
Finalmente, aos meus grandes amigos Alex, Ana Paula,
Jhonatam, Flávio, Marcus, Thiago Ramos, Sivanil e Marília que
serão sempre lembrados.
RESUMO
Esta pesquisa tem como foco de estudo as estratégias adotadas por um
supermercado para administrar a sua capacidade em função da demanda que é,
muitas vezes, influenciada por eventos sazonais, tendo como objetivo geral,
identificar qual a estratégia adotada pelo Supermercado Alfa LTDA para dimensionar
a capacidade de atendimento nos caixas nos momentos em que ocorrem flutuações
da demanda. Foi realizada na cidade de Belo Horizonte onde se analisou a prática e
ação do supermercado no sentido de identificar a sua capacidade de atendimento,
aplicando-se um estudo de caráter descritivo, com o levantamento dos dados
primários obtidos por meio de entrevistas realizadas com um gerente geral e um
gerente de linha de frente da loja pesquisada. Os resultados obtidos neste estudo,
de um modo geral, evidenciam que as estratégias adotadas pelo Supermercado Alfa
LTDA são bem próximas das estratégias sugeridas na literatura. Alguns mecanismos
apresentam uma linha bastante tênue entre a teoria e as ações da empresa.
Conclui-se, com base nos resultados apresentados, que as estratégias do
supermercado estão voltadas principalmente para decisões em que o horizonte de
tempo é pequeno, pois se concentra na alocação de pessoas entre setores e horas
extras com base nos dias da semana e, em menor escala, as decisões envolvendo a
programação de turnos de trabalho em que o horizonte de tempo é médio.
Palavras chave: estratégia; supermercado; capacidade; demanda; sazonalidade.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 8
1.1. Tema e Problema ....................................................................................... 10
1.2. Objetivos .................................................................................................... 11
1.3. Justificativa ................................................................................................. 11
1.4. Estrutura do Trabalho ................................................................................. 12
2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS .................................................................... 13
2.1. Gestão da capacidade ................................................................................ 13
2.2. Gestão da demanda ................................................................................... 21
2.3. Previsão de demanda ................................................................................. 25
2.4. Sazonalidade .............................................................................................. 27
2.5. Gerenciamento de filas e fluxos ................................................................. 29
2.6. O varejo ...................................................................................................... 31
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................... 35
3.1. Delineamento da pesquisa ......................................................................... 35
3.2. Métodos e instrumentos de coleta de dados .............................................. 35
3.3. Técnicas de análise dos dados .................................................................. 36
3.4. Limitações da pesquisa .............................................................................. 36
4. A PESQUISA TEÓRICO-EMPÍRICA EM ADMINISTRAÇÃO .................... 37
4.1. Contexto organizacional em estudo ........................................................... 37
4.2. Apresentação, discussão e análise dos dados ........................................... 38
5. CONSIDERAÇÕES E CONCLUSÕES FINAIS.......................................... 61
5.1. Resultados.................................................................................................. 61
5.2. Recomendações ......................................................................................... 64
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 65
APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA .................................................... 67
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1. INTRODUÇÃO
A criação de objetos e utensílios para serem utilizados no dia a dia é uma
atividade que existe a milhares de anos. Assim, quando o homem transformava um
objeto em outro ele executava uma tarefa de produção. Inicialmente a produção era
realizada somente com o intuito de garantir a sobrevivência de um grupo pequeno
de pessoas, geralmente uma família. Não havia nenhum tipo de moeda naquela
época, nem tampouco existia o escambo. A inexistência de necessidade de produtos
fez com que o homem criasse apenas os utensílios que iria precisar.
Com o passar do tempo, o homem desenvolveu novas técnicas e se
tornou cada vez mais habilidoso na produção de novos objetos. Com o
desenvolvimento destas técnicas, o homem começou a trocar objetos por outros.
Estas relações de troca de produtos levaram o homem às primeiras relações de
comercialização. Com isso, o homem foi se organizando aos poucos e formando
pequenos grupos de ajudantes que o auxiliavam na produção de pequenas
quantidades para a comercialização. Entretanto, este modo de produção foi
rapidamente sucumbido com o surgimento da Revolução Industrial.
Com a Revolução Industrial os indivíduos passaram a se concentrar nas
fábricas. O aperfeiçoamento das máquinas e das técnicas produtivas foi o aspecto
que contribuiu para o desenvolvimento do conceito de produção organizada. Diante
disso, a produção passa a ter maior enfoque nas fábricas.
A partir daí, diversos estudos foram realizados para o desenvolvimento da
Ciência da Administração. Um dos principais estudiosos foi Frederick W. Taylor que
desenvolveu os princípios da Administração Científica. Com os trabalhos realizados
por ele surge o conceito de produtividade, que se resume na busca constante por
melhores métodos de trabalho e processos de produção.
Em seguida, os trabalhos de Henry Ford revolucionaram os processos
produtivos até então existentes. Ele desenvolveu o sistema de produção em massa
com a criação da linha de montagem que permitia a fabricação de veículos em
grande escala. Com os estudos realizados por Ford surgem os conceitos de
engenharia industrial e padronização.
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Com o desenvolvimento dos sistemas de produção surge o conceito de
administração da produção. A administração da produção preocupa-se com os
materiais necessários para a fabricação dos produtos garantindo que todos os
recursos necessários para a produção estejam sempre disponíveis.
Atualmente, a administração da produção é considerada por parte da
maioria das empresas como uma das atividades mais importantes para o sucesso
da organização. Isto se deve ao fato de que todas as organizações produzem algo,
sejam bens tangíveis (produtos) ou intangíveis (serviços). Esta atividade é
valorizada pelas empresas, pois oferece o potencial aumento de receitas por meio
da produção eficiente de bens e da prestação de serviços e conseqüentemente na
redução de custo.
Para desenvolver meios eficientes de produção torna-se necessário
estabelecer um sistema de planejamento e controle da produção e este
planejamento deve estar de acordo com os objetivos da empresa. O sistema de
planejamento e controle da produção implica em várias decisões como as de
estrutura relacionada com a capacidade, que pode ser o desenvolvimento de
políticas de adequação da capacidade em função da demanda no longo prazo, e as
decisões de infraestrutura como a de programação e controle da produção que
envolve o gerenciamento da demanda.
A gestão da capacidade representa um grande desafio para as empresas,
principalmente as empresas cuja demanda é caracterizada por elevados índices de
sazonalidade. O grande desafio situa-se no fato de que não há possibilidade de
estocar a capacidade ociosa para utilizá-la nos momentos em que ocorre a sua
escassez devido à demanda elevada. Tanto o excesso quanto a escassez de
capacidade não são aproveitados pela empresa prestadora de serviços, desta
forma, esta capacidade é perdida.
Diante disso, é importante identificar e definir a capacidade adequada, de
modo que, não haja excessos ou escassez. O excesso de capacidade gera a
ociosidade e, conseqüentemente, a perda do custo de oportunidade, pois este
recurso excedente poderia ser aplicado em outra operação. Além disso, leva a
empresa a adotar políticas inadequadas como, por exemplo, a redução nos preços
de alguns produtos para atrair consumidores. Por outro lado, a escassez de
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capacidade gera insatisfações nos clientes por causa da ausência de recursos para
atendê-los, abrindo espaço para os concorrentes e gerando dois grandes problemas.
O primeiro refere-se aos clientes mal atendidos e o segundo aos clientes não
atendidos.
A questão é que, a característica intangível do serviço faz com que o
atendimento seja o fator principal para determinar a qualidade. Gentil e Andrade
(2007, p.7) complementam: “um mal atendimento arruina e deteriora a percepção de
qualidade não só de um, mais de todos os clientes no momento da execursão”.
1.1. Tema e Problema
Nos dias de hoje, para as empresas se tornarem competitivas, é
impressindível a constante busca pela diferenciação em relação aos concorrentes. A
presença de recursos tecnológicos, informacionais e financeiros não representam
mais o fator chave para o sucesso organizacional. O que garante a sobrevivência
neste ambiente é a qualidade dos produtos ou dos serviços prestados.
Com isso, torna-se indispensável a procura por elevados padrões de
qualidade com o objetivo de manter-se e diferenciar-se por meio da valorização do
cliente. O diferencial surge a partir de uma gestão adequada de recursos e estes
devem estar disponíveis aos clientes sem escassez, situação que gera insatisfação
do cliente, e sem excessos, elemento que configura perdas para a empresa.
Desta forma, a empresa deve conhecer os aspectos limitadores da sua
capacidade e definir meios para ajustá-la à sua demanda. Diante disso, este estudo
propõe identificar: qual é a estratégia adotada pelo Supermercado Alfa LTDA para
dimensionar a capacidade de atendimento nos caixas nos momentos em que
ocorrem flutuações da demanda?
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1.2. Objetivos
Geral
Esta pesquisa tem como objetivo geral analisar as estratégias adotadas
pelo Supermercado Alfa LTDA para dimensionar a capacidade de atendimento dos
caixas em função da sua demanda, caracterizada como sazonal.
Específicos
• Levantar aspectos teóricos sobre gestão da capacidade, gestão da
demanda e sobre gerenciamento de filas e fluxos;
• Identificar as ações feitas pelo Supermercado Alfa LTDA para administrar
a sua capacidade e influenciar a demanda de modo que sejam evitados a
formação de filas nos caixas;
• Avaliar quais mecanismos apropriados para evitar o excesso de
capacidade e escassez de demanda e manter o seu nível de serviço
elevado;
• Analisar a influência da sazonalidade na capacidade de atendimento dos
caixas no supermercado.
1.3. Justificativa
Diversos tipos de trabalhos têm sido publicados demonstrando os
impactos que o serviço logístico tem sobre a satisfação do cliente e,
concomitantemente, o perfil dos consumidores demonstrando que eles têm se
tornado cada vez mais exigentes. Destarte, o conhecimento da demanda e a gestão
da capacidade possibilita resultados extremamente positivos, pois, a partir do
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conhecimento de tais variáveis é que o gestor pode definir estratégias para que o
nível de serviço seja superior ao de seus concorrentes.
Assim, este estudo visa levantar os princípios teóricos capazes de
identificar os aspectos limitadores da sua capacidade e os que influenciam a
demanda, bem como identificar, por meio da teoria, mecanismos suficientes que
possibilitem a máxima utilização dos recursos e o atendimento pleno da sua
demanda.
Esta pesquisa visa contribuir também para crescimento de outras
empresas do ramo supermercadista fornecendo subsídios para o desenvolvimento
de práticas de gestão cada vez mais assertivas no que diz respeito à gestão de
capacidade e de demanda e, além disso, oferecer sugestões para lidar com a
sazonalidade a partir do uso de técnicas de previsão de demanda.
1.4. Estrutura do Trabalho
Este trabalho encontra-se dividido da seguinte forma: na seção 2 são
encontrados os fundamentos teóricos, ou seja, toda a pesquisa bibliográfica, as
quais foram estudadas, considerando os principais autores da área. Na seção 3 são
apresentados os procedimentos metodológicos utilizados para o delineamento da
pesquisa, dos métodos e dos instrumentos de coleta de dados, bem como a
definição das técnicas de análise de dados e as limitações da pesquisa. Na seção 4
é apresentado o contexto da empresa pesquisada com uma breve descrição do
ambiente e do mercado no qual está inserida. Na 5ª e última seção serão
apresentadas as considerações e as conclusões finais contemplando os resultados
da pesquisa bem como as recomendações para a empresa e sugestões para futuras
pesquisas.
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2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS
2.1. Gestão da capacidade
A função de uma unidade produtiva é atender a sua demanda, ou seja,
possuir capacidade para atendê-la de forma rápida e eficiente. Assim sendo, o
gestor de operações deve garantir que exista capacidade suficiente para atender a
demanda. “A capacidade de uma unidade de operações define seu potencial de
atividades produtivas.” (CORRÊA H.; CORRÊA C. 2006, p. 425).
Diante disso, Corrêa H.; Corrêa C. (2006, p. 426) definem capacidade
como “o volume máximo potencial de atividade de agregação de valor que pode ser
atingida por uma unidade produtiva sob condições normais de operação”. A
terminação “sob condições normais de operação” refere-se a não alteração da
capacidade. Deste modo, a capacidade deve ser vista como uma possibilidade e
não como uma imposição, ou seja, o volume de entradas e de saídas em um
determinado momento, não apresenta necessariamente a capacidade de um
sistema produtivo. A diferença entre o potencial produtivo e o que de fato é
produzido representa um indicador da capacidade produtiva.
Figueiredo (2004) enfatiza que “capacidade é o potencial produtivo de um
processo [...] e esta fica determinada pelos recursos que o sistema dispõe para
desempenhar as suas atividades”. No caso de um sistema de atendimento de caixas
a capacidade representa a quantidade de clientes que são processados em um
determinado tempo.
O gerenciamento da capacidade de forma eficiente mede o volume de
produção obtido ou número de saídas. Porém esta medida só é útil se a produção
for padronizada e repetitiva. Caso contrário, a capacidade deverá ser medida pelo
volume de recursos de entrada disponíveis como a quantidade de caixas existentes
em um supermercado, por exemplo. Em se tratando de casos em que há variações
na utilização da capacidade, a medida de capacidade será aproximada.
Para Corrêa H. e Corrêa C. (2006) as decisões sobre a capacidade não
são exclusivamente estratégicas que requerem planejamentos antecedentes.
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Existem decisões numa operação que requerem antecedência muito menor. Eles
ainda afirmam que devido à multiplicidade de decisões acerca da capacidade é
importante classificá-las levando-se em conta quanto tempo elas levam para tomar
algum efeito, o que é chamado de inércias decisórias. O quadro a seguir ilustra a
idéia:
Quadro 1 Níveis diferentes de decisões sobre capacidade produtiva
Inércia Horizonte Questões principais Nível
decisório Decisões típicas
Longa Meses / Anos
Que nível global de capacidade necessitaremos ao longo do horizonte? Que
padrão de decisões devemos adotar para alteração dos
níveis globais de capacidade?
Estratégico / direção
Novas operações; expansões de unidades; aquisições/alteração da tecnologia de processo.
Média Semanas / Meses
Devemos utilizar produção nivelada ou acompanhar a demanda com a produção?
Que composto de funcionários e de terceiros
usar para atender a flutuações de demanda?
Tático / média
gerência
Turnos de trabalho ao longo do horizonte;
terceirização de capacidade;
dimensionamento de pessoal; aquisição de
recursos de porte menor.
Pequena Horas / Dias / Meses
Que recursos alocar para que tarefas? Como acomodar flutuações de demanda no
curtíssimo prazo?
Operacional
Alocação de pessoal entre setores; horas extras;
alocação de pessoal no tempo; controle de entrada
e saída de fluxo por recurso.
Extraído de: Corrêa H.; Corrêa C. (2006).
Para definir a capacidade produtiva de uma unidade de operações é
necessário associar a variável capacidade de processamento com a dimensão
temporal. A capacidade de processamento pode ser caracterizada pelo volume, ou
quantidade de produção de um bem, ou pela quantidade de serviços prestados. A
dimensão tempo, por sua vez, caracteriza quanto tempo é necessário para produzir
uma quantidade x de bens. A relação entre estas duas variáveis possibilita a
definição de capacidade de processamento, como por exemplo: quantos clientes são
possíveis atender em uma hora com cinco caixas abertos?
É importante destacar que nem sempre a capacidade disponível
corresponde à capacidade real. Por exemplo, não adianta um supermercado possuir
muitos caixas (check outs) rápidos se não existirem trabalhadores para operá-los.
Desta forma, haverá divergências entre a capacidade nominal e capacidade real. A
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capacidade nominal não é igual às saídas que uma operação consegue gerar, pois
esta quantidade de saídas depende das duas medidas que refletem como a
operação de fato está fazendo uso do total de saídas (CORRÊA H.; CORRÊA C.,
2006, p. 428). Estes autores apresentam duas medidas de capacidade sendo elas a
utilização e a eficiência. Em relação à utilização afirmam que devido a paradas no
processo existem causas evitáveis e causas inevitáveis, ou seja, causas factíveis de
serem administradas e variáveis incontroláveis na operação.
A utilização é obtida por meio da seguinte fórmula:
Capacidade efetivamente disponível
Utilização = ----------------------------------------------
Capacidade total nominal
A eficiência refere-se ao período de disponibilidade em que o processo
está sendo utilizado, ou seja, quanta saída esta gerando enquanto está efetivamente
trabalhando. A eficiência é obtida a partir da fórmula abaixo:
Saídas demonstradas em capacidade efetivamente disponíveis Eficiência = --------------------------------------------------------------------------------------
Saídas padrão em capacidade efetivamente disponível
Cabe, portanto, lembrar que as saídas padrão se referem a quanta
capacidade de saídas o processo tem de gerar enquanto trabalha efetivamente, ou
seja, quanto é possível gerar com a capacidade de processamento. As saídas
demonstradas, por sua vez, representam a quantidade exata de saídas dados os
períodos de indisponibilidades. Resumidamente, as saídas demonstradas referem-
se ao que de fato foi processado enquanto as saídas padrão referem-se ao que
deveria ser processado, porém, não foi.
Apesar de todo este esforço de utilização de capacidade, sempre existem
aspectos que impactam na capacidade nominal de planejamento. Sabendo disto,
projetistas e planejadores em operações devem considerar que, no contexto
empresarial, para o planejamento, as capacidades nominais devem ser reduzidas
dos níveis de utilização e de eficiência conforme a seguinte formula:
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Capacidade para planejamento = Capacidade teórica total X Utilização X Eficiência
As decisões de capacidade podem ser tomadas em longo prazo,
entretanto, por mais que se tenham dados confiáveis para subsidiar as previsões,
quanto maior o período, maior a incerteza. Por isso, decisões acerca da capacidade
que envolve elevados períodos devem ser melhores avaliadas de modo que os
impactos de previsões sejam minimizados, pois “as decisões tomadas com base em
previsões de longo prazo são, em geral, as mais estratégicas e mais difíceis de
reverter.” (CORRÊA H.; CORRÊA C., 2006, p. 429). Segundo estes autores a
decisão de expansão de capacidade depende do tipo de operação. Assim,
operações caracterizadas pela utilização intensiva de mão-de-obra podem ter
pequenos incrementos graduais de capacidade à medida que surgirem
necessidades de ajustes.
Nos casos de aumento da capacidade, caracterizados por alterações
estruturais com maiores volumes de capital, a sugestão é que sejam feitos grandes
incrementos de modo que a ampliação de capacidade se dê ou aconteça em saltos.
Exemplo de salto de capacidade corresponde às plantas petroquímicas que não
possibilitam pequenos incrementos graduais por causa de suas características
tecnológicas e físicas.
Em contraste com esta teoria, operações caracterizadas por padrões
elevados de sazonalidade não são capazes de fazerem pequenos incrementos, pois
as oscilações impossibilitam o dimensionamento e a definição da quantidade ideal
de ajuste.
Outro aspecto importante apresentado por Corrêa H. e Corrêa C. (2006),
é que, quando ocorre o incremento de capacidade, a empresa pode se posicionar de
forma antecipada a demanda, seguir a demanda ou adotar uma política mista entre
as duas.
No caso da capacidade antecipar-se à demanda, haverá ociosidade de
recursos, uma vez que estes se encontram superdimensionados, ou seja, acima da
faixa de demanda. Deste modo, há mais gastos em ativos e custos unitários mais
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altos, porém, o nível de serviço é maior principalmente nos aspectos relacionados ao
tempo de atendimento.
A capacidade seguir a demanda, por sua vez, representa sérios riscos à
continuidade da empresa, pois, está operando sempre abaixo da demanda, ou seja,
só possui capacidade de atender aos clientes em um pequeno período, enquanto
que, na maioria das vezes, opera com escassez de recursos. Isto resulta em baixos
investimentos e perdas inatingíveis como a perda do não atendimento ao cliente. A
política mista possibilita um dimensionamento mais assertivo em relação ao
atendimento e o não atendimento, pois, as ausências e os excessos ocorrem em
curtos períodos de tempo.
Corrêa H. e Corrêa C. (2006) sugerem que, dado uma política estratégica
de capacidade produtiva, existem políticas que auxiliam no alcance dos objetivos
estratégicos em curto prazo. Eles apresentam ainda três estratégias táticas, sendo a
primeira de manter certo nível fixo de produção e de acomodar a flutuação sazonal
da demanda por meio da formação de estoques. A segunda estratégia refere-se ao
acompanhamento da demanda mês a mês com a produção, isto significa que, em
meses de baixa demanda, existe ociosidade na produção e conseqüentemente
custos mais elevados. De forma semelhante, em meses de demanda elevada, tem-
se maior aproveitamento da capacidade. A última estratégia refere-se ao
nivelamento em blocos que consiste em manter a produção em um patamar
equivalente à média de um período pré-definido.
É importante salientar que nas três estratégias táticas propostas por
Corrêa H. e Corrêa C. (2006) o conhecimento da demanda está relacionado com a
previsão de demanda e que, em muitos dos casos, não garante decisões assertivas
do ponto de vista real. Portanto, para que sejam tomadas as melhores decisões
táticas é importante considerar os custos das variações dos níveis de produção
(horas extras de funcionários, ociosidade, etc.) e os custos de manutenção de
estoques médios (custo de seguro, armazenagem, etc.).
No caso de prestação de serviços onde a impossibilidade de estoques é
uma característica do processo, o grande desafio enfrentado pelo gestor se resume
no cumprimento dos prazos de atendimento a partir da sua capacidade disponível
devido ao agravante de não poder contar com o estoque para conciliar com as
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variações de demanda e com as restrições de capacidade. “É impossível estocar os
serviços devido à sua simultaneidade entre sua produção e consumo.” (CORRÊA H.
E CORRÊA C. 2006, p. 436).
Da mesma forma que Figueiredo (2004), Corrêa H. e Corrêa C. (2006)
apresentam duas estratégias básicas, sendo a primeira delas, tentar influenciar a
demanda para ajustá-la à capacidade disponível, ou seja, deslocar a demanda para
os momentos de ociosidade da capacidade. A segunda estratégia baseia-se no
acompanhamento da demanda alterando a capacidade disponível e ajustando-a
diante das variações da demanda. Dentre as estratégias demonstradas, ambos os
autores apresentam uma série de mecanismos na qual a alteração de preços é
apresentada como um mecanismo bastante útil, desde que os consumidores
apresentem sensibilidade a preços mais baixos ou mais elevados. Entretanto, para
um supermercado, esta estratégia pouco se aplica devido à amplitude do seu mix de
produtos e por causa da forte concorrência, caracterizada pela busca por menores
preços.
Algumas alternativas são apresentadas por Corrêa H. e Corrêa C. (2006)
para alterar a capacidade no curto prazo. Destacam-se a programação de turnos de
trabalho considerando os momentos de oscilações da demanda, o uso de horas
extras e a concentração de esforços nas áreas mais críticas. Eles apresentam como
forma de maximizar a receita a participação da demanda com algumas alternativas
considerando que os clientes auxiliam na decisão de atendê-lo de maneira
diferenciada como, por exemplo, os caixas rápidos dos supermercados que se
destinam a atender clientes pela quantidade de itens que compõem a sua compra,
neste caso menos de dez itens. Outra forma de participação da demanda é a
escolha de menus em um serviço telefônico que direcionam clientes para diferentes
atendentes de acordo com a opção escolhida.
É importante lembrar que os clientes têm diferentes expectativas com
relação ao atendimento e estas poderão alterar de acordo com vários fatores.
Clientes que estão comprando maiores quantidades de produtos para o suprimento
mensal de sua família sabem que terão que passar mais tempo dentro do
supermercado. Este cliente, portanto, deve estar disposto a esperar mais para
passar com suas compras pelo caixa. Por outro lado, clientes que compram alguns
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poucos itens que necessitam possui expectativa de ser atendido em menor tempo.
Caso ele encontre filas enormes, pode até desistir de comprar, deixando suas
mercadorias de lado. Por isso, para atender a expectativa destes clientes é que os
supermercados estabeleceram os caixas rápidos com o objetivo de atender clientes
com menores volumes de compras. Entretanto, é importante adminsitrar tanto a
capacidade quanto observar a demanda de forma que os clientes sejam atendidos e
fiquem satisfeitos com o atendimento.
Figueiredo (2004) apresenta duas estratégias básicas para administrar a
capacidade em função da demanda. A primeira é a estratégia de “perseguir” a
demanda, ou seja, a capacidade é ajustada toda vez que há aumento ou redução da
demanda. Gentil e Andrade (2007) complementam dizendo que esta estratégia
requer gastos com contratação de mão-de-obra terceirizada, aluguel de
equipamentos ou assinatura de contratos desvantajosos para a empresa. A segunda
estratégia é a de fixar a capacidade em um nível suficiente para atender a demanda
máxima esperada. A escolha desta estratégia exige avaliação de quantos clientes
estão dispostos a pagar por este serviço e quanto significa a falta de capacidade e o
custo da ociosidade quando o nível de demanda é superior a capacidade fixada.
Ambas estratégias são apresentadas a seguir:
Gráfico 1 - Estratégias para gerir a capacidade. Fonte: http://www.centrodelogistica.com.br/new/fs-public.htm
Desta forma, tanto Figueiredo (2004) quanto Gentil e Andrade (2007)
informam que a estratégia de perseguir a demanda é mais apropriada para serviços
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onde a sazonalidade é acentuada ou a flutuação da demanda é intensa e
imprevisível. Uma outra estratégia é observada em Corrêa H. e Corrêa C. (2006) que
consiste em tentar influenciar a demanda para ajustá-la à capacidade disponível.
A literatura apresenta uma série de métodos que podem ser utilizados
para trabalhar a capacidade e Figueiredo (2004), na segunda parte do seu artigo,
apresenta alguns destes métodos que também podem ser utilizados em
supermercados para dimensionar a capacidade ao nível de demanda adequado.
Citam-se entre eles: o investimento em tecnologia para economizar tempo (os
códigos de barras) e o aumento do quadro de funcionários e/ou emprego de mão-
de-obra em tempo parcial. Isto acontce nos casos em que já se tem uma previsão da
demanda em um determinado período. Assim, a empresa mantém um quadro
estável durante um período de demanda normal e contrata mão-de-obra terceirizada
no momento de pico da demanda. Este é um exemplo de acompanhamento da
demanda. Outro método é utilizar empregados multifuncionais, ou seja, empregados
que realizam diversas funções. Por exemplo, em um supermercado, quando a
demanda é alta nos caixas, uma alternativa é utilizar os repositores para assumir
posto nos caixas. É importante que este repositor possua conhecimentos e
habilidades para executar tal função e que esteja treinado para isso. Este talvez seja
o método mais econômico e viável para ajustar a capacidade e acompanhar a
demanda. Algumas empresas aumentam seus horários de atendiemento ao público
e passam a funcionar durante 24 horas por dia tentando aumentar a sua
capacidade.
Assim como Figueiredo (2004), Brito (2007) apresenta a técnica de
simulação de capacidade para definir viabilidade ou não de trabalhar com a
capacidade mais alta ou mais baixa. Esta técnica verifica basicamente as
possibilidades de um aumento e uma redução na capacidade de modo a tentar
garantir que se tenha um nível de capacidade ideal. A capacidade ideal é aquela
que, tanto em momentos de pico quanto em momentos de vale (ocilações da
demanda), exista uma estrutura suficiente para atendê-la. Deste modo, a avaliação
que é feita é se o custo da falta ou excesso de capacidade é maior ou menor do que
o custo de não atender a demanda. Apesar de oferecer um resultado próximo do
ideal, a simulação define como um sistema se comporta diante de determinadas
situações.
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Da mesma forma que Figueiredo (2004) apresenta alguns mecanismos
que podem ser utilizados para ajustar a capacidade, na segunda parte do seu artigo
ele apresenta uma série de mecanismos que podem ser utilizados para influenciar a
demanda, apesar da demanda ser uma variável impossível de ser controlada pelo
gerente de serviços. Preço é, talvez, o método mais utilizado, principalmente quando
os consumidores são sensíveis às suas alterações. Educar os clientes e informá-los
dos momentos de pico pode ser uma alternativa, ainda que pouco aceita.
2.2. Gestão da demanda
Durante muito tempo as empresas adotaram modelos estatísticos de
previsões de vendas. O objetivo destas previsões era de minimizar os produtos
estocados de modo que os produtos comprados fossem suficientes para atender a
demanda em um período pré-determinado. Nesta ocasião, os grandes estoques
deixaram de existir e abriram espaço para os pequenos estoques chamados de
estoques de segurança. O estoque de segurança é uma quantidade mínima
armazenada para atender variações da demanda. De fato, os estoques foram
reduzidos, porém, não atingiram o seu objetivo principal que consistia em reduzir
custos.
Se por um lado havia economia com estoques, por outro lado, os custos
logísticos cresciam exponencialmente. Deste modo, era preciso que os fornecedores
dispusessem de uma estrutura mais flexível para atender seus clientes em intervalos
de tempo menores. Esta flexibilidade exigia cada vez mais investimentos que
configuravam no aumento dos custos. Lopéz (2005) complementa afirmando que,
caso não sejam avaliados outros custos como o custo de transporte e de
movimentação, a estratégia de redução de estoques pode trazer alguns prejuízos na
gestão do fluxo de mercadorias. O fato de existir mais pedidos para atender a
demanda dos estoques dos clientes gera uma maior movimentação e,
conseqüentemente, aumento dos gastos com mão-de-obra, tecnologia, manutenção,
estoques e armazenagem, além de custos com entregas. O autor aponta uma série
de etapas a serem seguidas para nortear os gestores a respeito dos custos
logísticos sendo elas:
22
• Recebimento de pedidos eletrônicos ou manuais. No caso do manual
incorre em maiores custos, pois exige mão-de-obra para digitar e dar
entrada nos estoques.
• Processamento do pedido do cliente. Envolve o uso de mão-de-obra e
equipamentos de informação e softwares.
• Separação física das mercadorias. Os custos envolvidos são mão-de-
obra, encargos, equipamentos e sua manutenção.
• Expedição de produtos envolvendo a conferência da carga e emissão de
notas fiscais. Os custos envolvidos são mão-de-obra, informática e
sistema material de expediente e telecomunicação.
• Transporte. É a última etapa do atendimento de pedido sendo geralmente
terceirizado. Os custos são relacionados ao frete e ao carregamento.
O transporte é o mais oneroso dentre estes serviços por isso, quando
pensar na criação de estoques mínimos de segurança ou em redução dos níveis de
estocagem, é necessário se atentar para este fato. Porém, os gestores de
inventários, preocupando-se em manter baixos níveis de estoques, não se
preocupam com os demais custos envolvidos na cadeia de suprimentos, como os de
operação e transporte.
Lopéz (2005) conclui que esse grau de exigência não está contemplado
nas ferramentas implantadas e, no Brasil, se agrava mais, pois devido às ações de
governo, datas festivas e expectativas políticas a demanda real é bastante instável.
A forma de se proteger desta instabilidade ainda é o estoque de segurança e/ou a
busca de parceiros.
Julianelli (2006) contribui apresentando mecanismos de colaboração para
auxiliar no processo de planejamento da demanda. Segundo ele, o processo de
planejamento da demanda ocorre da seguinte forma: um conjunto de informações
constituídas por dados históricos e informações do mercado é processado através
de análise estatística dos dados históricos e da interpretação gerencial do mercado.
Com isto, é gerada uma previsão de demanda futura que norteará as decisões
estratégicas e operacionais. Apesar disso, existem alguns custos relacionados às
falhas no planejamento da demanda, como o custo de manter estoques excedentes
23
e/ou custo da falta de produtos. Julianelli (2006) afirma que o custo de excesso de
estoque está relacionado com os elevados investimentos em estoques e as perdas
por obsolescência e perecibilidade. Já o custo da falta de produtos relaciona-se com
a perda do nível de serviço diante da impossibilidade de atender o cliente, o que
gera um custo intangível.
O objetivo da colaboração dos parceiros do canal é a minimização de
custos para todos os envolvidos e, conseqüentemente, aumento dos lucros. Deste
modo, Julianelli (2006) destaca alguns motivadores para implementar programas de
planejamento colaborativo da demanda que são:
• Integração entre áreas funcionais: a colaboração entre os diversos
setores de uma empresa pode auxiliar no processo de planejamento da
demanda de modo que as decisões de atendimento da demanda sejam
tomadas em conjunto objetivando ganhos para a empresa como um todo.
• Integração entre empresas: além dos desafios apresentados
anteriormente, existem outros desafios ligados ao relacionamento entre
empresas de uma cadeia de suprimento, tais como “efeito chicote” e a
“marginalização dupla”.
No efeito chicote, por não haver uma visão da demanda real, cada elo da
cadeia gerencia da melhor forma possível os seus estoques mantendo-os em níveis
que assegurem o fornecimento ao cliente. Este problema leva ao excesso de
estoque em alguns momentos e ruptura de fornecimento em outros. Além disso,
existem os transtornos operacionais como a concentração de pedidos que leva a
ociosidade do sistema de distribuição e sobrecarga em outros.
O planejamento colaborativo entre empresas, com o compartilhamento de
vendas e gestão de estoques, pode minimizar as causas do efeito chicote uma vez
que a demanda real, o posicionamento e a quantidade de estoque proporcionam
melhorias na tomada de decisão sobre as formas de atendimento da demanda
dentro da cadeia de suprimentos.
A marginalização dupla ocorre quando o atacadista vende um lote de
produtos para um varejista e estipula o seu ganho, sua margem de lucro. Os
varejistas, por sua vez, definem sua margem de lucro e vendem para o consumidor
24
final. Como cada participante deste canal definiu a sua margem de lucro, ou seja, o
seu percentual de retorno criou-se uma espécie de dupla marginalização do lucro.
Este comportamento leva a uma disputa pela absorção de margem ao longo da
cadeia de suprimentos além da dificuldade de interação e troca de informações entre
empresas. Por isto, é importante que sejam realizados contratos de parcerias com
todos os participantes da cadeia produtiva.
Desta forma, Julianelli (2006) sintetiza e define o planejamento
colaborativo da demanda como as diferentes formas de cooperação
interdepartamental e entre empresas, por meio da troca de informações e de
mudanças estruturais tecnológicas e organizacionais para aumentar a eficiência no
processo relacionado ao atendimento da demanda. O objetivo das iniciativas de
colaboração no processo de planejamento da demanda é buscar maiores níveis de
assertividade nas decisões estratégicas e operacionais da empresa, pois, estas
decisões se baseiam nas informações melhores e mais confiáveis.
Ângelo; Siqueira; Fávero (2003) realizaram um trabalho de identificação
dos aspectos que determinam a demanda por pratos congelados. A pesquisa foi
realizada com o objetivo de identificar os fatores condicionantes da demanda, visto
que, a população brasileira quase que triplicou nos últimos tempos. Trabalhou-se
sob as variáveis: gosto, variedade e preço a fim de identificar qual delas
representava maior importância no momento do consumo.
A metodologia consistiu na utilização de modelos estatísticos para análise
de eventos dicotômicos aos quais os consumidores atribuíram a cada questão um
sim ou um não. Os resultados da pesquisa revelam que das três variáveis de análise
a que representou maior importância foi a variável gosto, seguida da variável
variedade. Por outro lado, a avaliação feita pelos consumidores em relação à
variável preço não se revelou significativa na explicação da demanda. A baixa
avaliação da variável preço revela que os consumidores consideram a comodidade
em detrimento do sacrifício monetário para a aquisição de tais produtos, ou seja, os
aspectos não-monetários parecem mais relevantes.
O fato dos consumidores considerarem gosto e variedade como principais
e não se revelar estatisticamente às alterações de preço indica que estes produtos
ainda estão limitados a classes com maior poder aquisitivo.
25
2.3. Previsão de demanda
A previsão de demanda, também conhecida como previsão de vendas, é
uma tarefa bastante utilizada nas empresas, pois possibilita a utilização eficiente dos
recursos de modo que os materiais necessários à produção estejam disponíveis no
tempo e na quantidade certa.
Slack (2002) afirma que, independente do grau de sofisticação do sistema
de previsão de uma empresa, é muito difícil utilizar dados históricos para prever o
futuro. Por isso, apesar da sua utilidade e importância elas devem ser elaboradas
cuidadosamente de maneira que não existam erros nas suas estimativas ou que
estes erros sejam pequenos o bastante para não interferir no processo de produção
e, conseqüentemente na capacidade de atendimento da demanda.
Do mesmo modo que o planejamento da capacidade é dividido em
horizontes de tempo compreendendo dias, meses e anos, Martins e Laugeni (2006)
destacam que as previsões podem ser de curto, médio e longo prazo. Contudo, cabe
destacar que quanto maior o período a ser previsto mais chances de falhas na
previsão por causa das oscilações do mercado.
Slack (2002) apresenta três requisitos para uma previsão de demanda. O
primeiro requisito é que a previsão deve ser expressa de forma útil para o
planejamento e controle da capacidade, ou seja, ela deve oferecer indicações da
demanda sobre a capacidade. O segundo requisito é que a previsão deve buscar o
maior nível de exatidão, pois existe uma lacuna entre decidir alterar a capacidade e
esta decisão surtir efeito. O último requisito é que a previsão deve oferecer uma
indicação da incerteza relativa.
Por isso, a decisão de trabalhar horas extras e recrutar pessoal se baseia
em níveis de demanda previstos levando consigo a custos desnecessários. Nos
supermercados, por exemplo, a demanda diária varia de acordo com as horas do
dia, por isso, o gerente do supermercado pode utilizar essa previsão para ajustar a
capacidade dos caixas durante o dia. Isto possibilita ao gerente saber quantas
26
pessoas reservas deverão ser alocadas em outros setores executando outras
atividades para atenderem nos caixas nos momentos em que a demanda subir.
Muitas empresas percebem a importância da previsão de demanda,
porém, por não saberem utilizá-la, muitas vezes associam-na como um aspecto
negativo ou como uma ferramenta pouco útil e imprecisa e que se transforma em
custo para estas empresas.
Aronzo (2009) destaca alguns custos que podem ocorrer quando se tem
uma baixa precisão na previsão de vendas. Para ele as empresas que necessitam
de uma programação de produção com antecedência, uma previsão com baixa
precisão pode se resumir em um planejamento equivocado em relação a real
necessidade da empresa ocorrendo com isso a dois tipos de custo sendo eles o
excesso de produtos em estoque decorrente da elevada produção e o custo da
perda de vendas decorrente da produção inferior aos níveis de demanda.
Além disso, por causa da globalização, muitas empresas compram
matérias-primas de fornecedores estrangeiros. Por isso, uma previsão equivocada
pode resultar em estoques elevados e/ou compras de emergência e o custo elevado
por causa de utilização de um transporte premium. Igualmente, nas empresas que
possuem uma rede de distribuição própria, a falta de uma boa previsão resulta em
uma má distribuição ao longo da rede e elevados custos com a transferência entre
as instalações.
Aronzo (2009) enfatiza que as previsões apresentam um papel
fundamental no planejamento da capacidade e na definição de estratégias para
atender à demanda. Por isso, para minimizar os riscos de uma má previsão, os
métodos estatísticos, que são utilizados no processo de previsão, não devem ser
utilizados sozinhos, ou seja, os seus resultados devem ser validados pelos
profissionais da área de vendas.
Diante disso, as participações da força de vendas ou das áreas
comerciais da empresa são de grande importância no processo de previsão, pois,
garantem maior precisão na definição da capacidade e na gestão da demanda.
Assim, a utilização de métodos estatísticos, quando combinados com a participação
27
das demais áreas comerciais, e, principalmente a área de vendas, resulta na
redução de custos desnecessários já citados anteriormente.
Os métodos estatísticos de previsão apresentam resultados baseados em
eventos passados e partem do pressuposto que estes eventos se repetirão no
futuro. Entretanto, por causa do dinamismo do mercado, as alterações no ambiente
em que se realizam as vendas sempre resultam em estimativas inadequadas. Por
isso que Aronzo (2009) destaca a importância da participação da área de vendas,
pois ela oferece informações que auxiliam na precisão da previsão de vendas como,
por exemplo, “a aquisição de produtos por parte de um novo cliente, alguma
promoção que será realizada”, entre outros fatores.
Este mesmo autor apresenta também quatro ações a serem tomadas
para maximizar o desempenho desta participação. A primeira delas é fazer com que
a equipe de vendas perceba que a sua participação resulta em benefícios para toda
a empresa. Neste caso, para garantir empenho da equipe comercial podem ser
estabelecidos programas de incentivo sobre a precisão da previsão. A segunda
delas refere-se ao desdobramento da confusão entre meta de vendas e previsão,
pois a participação da equipe de vendas pode comprometer a previsão visto que os
vendedores podem subestimá-la dando a impressão de que as metas foram
alcançadas. A terceira ação refere-se à ocupação da área de vendas no processo de
previsão que deve ser restrita somente à validação de uma previsão já realizada. A
última ação é que devem ser definidos grupos significativos de clientes de modo que
a carga de trabalho seja minimizada e para que os demais clientes sejam utilizados
os métodos estatísticos de modo que os seus impactos sejam menores sobre o
volume total.
2.4. Sazonalidade
A sazonalidade representa as oscilações da demanda por um
determinado produto ou serviço em função do ano, dos meses e até dos dias. “A
sazonalidade é um padrão de dados que se repete depois de um período de tempo”
(GAITHER; FRAZIER, 2001, p. 59).
28
Diversos produtos e serviços têm sazonalidade da demanda. Algumas
destas variações podem ser previsíveis ou imprevisíveis. Os supermercados, por
exemplo, apresentam demandas elevadas durante os períodos festivos e pré-férias
enquanto que, durante as férias, possuem baixa demanda. Na maioria dos casos as
variações da demanda ocorrem em períodos menores do que os já citados
anteriormente como em dias, semanas e meses. Assim torna-se importante realizar
estudos para se construir um bom sistema de previsão de modo que o planejamento
da capacidade seja mais eficiente e possa garantir a satisfação dos clientes. Slack
complementa:
O grau que uma operação terá que lidar com flutuações de demanda de prazo muito curto é determinado parcialmente pelo tempo que seus clientes estão dispostos a esperar por seus produtos ou serviços. (SLACK, 2002, 2 ed, p. 349).
Por isso, deve ser analisado o padrão de comportamento da demanda de
modo que sejam estabelecidas estratégias para garantir atendimento de tais
variações e manter o nível de serviço elevado.
Um aspecto importante para lidar com as sazonalidades no processo
logístico é apresentado em Saliby (2008) que afirma que devem ser analisadas as
influências dos componentes sazonais nos produtos e serviços de modo que os
recursos e oportunidades disponíveis sejam utilizados de forma eficiente. No texto
são destacados dois métodos básicos para lidar com a sazonalidade.
O primeiro é chamado de componente ativo que consiste em adicionar
valores de acordo com cada período sazonal. Este é representado através de um
valor fixo para cada trimestre que é somado ou subtraído ao valor tomado por base
das vendas de um período. A grande desvantagem deste método é que são poucas
as situações em que um efeito sazonal como parcela que subtrai ou soma
representa uma descrição apropriada.
O segundo é chamado de efeito multiplicativo que representa um
percentual a ser aplicado a cada período específico seja para aumentar ou reduzir
as vendas. Este método além de ser comum na maior parte das empresas é uma
boa maneira de mensurar o nível de vendas com a sazonalidade.
29
2.5. Gerenciamento de filas e fluxos
As filas representam características intrínsecas a muitas organizações e,
em muitos casos, gerenciá-las significa um enorme desafio para os gestores de
operações. Isto acontece devido ao fato de que a grande maioria destas
organizações está sujeita a algumas restrições de capacidade e de recursos. Assim,
o gerenciamento de filas e de fluxos é uma ferramenta essencial na determinação do
nível de serviço que uma unidade produtiva oferece. Deste modo, quanto melhor o
gerenciamento de filas, menor o tempo de espera dos clientes e maior o nível de
serviço.
Contudo, devido às variabilidades das filas, o gerenciamento e a definição
dos seus objetivos não são tão simples, pois existem várias perspectivas. Do ponto
de vista do retorno sobre o investimento, em que a preocupação se concentra na
máxima utilização dos recursos, e do ponto de vista do cliente, na qual a
preocupação se concentra no tempo de espera. Em ambas as situações existem
trade offs excludentes na qual a escolha de um dos objetivos resulta na exclusão de
outro. Por isso, estas perspectivas devem ser consideradas com as outras situações
para que ocorra um bom gerenciamento de filas.
Corrêa H. e Corrêa C. (2006) apresentam duas formas de configurar um
sistema de filas. A primeira é a utilização de um sistema de estágios múltiplos em
que o cliente precisa passar por vários estágios para receber o seu produto. A
segunda é a definição de um sistema de estágio único que existe apenas uma
estação de serviço atendendo os clientes e que pode ser organizado de três formas.
Na primeira os atendentes são posicionados paralelamente uns aos outros e os
clientes decidem qual caixa o atenderá, ou seja, é formada uma fila para cada
atendente. Na segunda é formada uma única fila para vários caixas de modo que os
clientes são atendidos em um único estágio. Na terceira são criados sistemas
diferenciados para atendimento, como são observados nos bancos e supermercados
os caixas exclusivos para atender determinados tipos de clientes.
A quantidade de estágios que o cliente precisa passar e o número de
serviços prestados em cada estágio impacta diretamente no comportamento do
consumidor, pois, dependendo da quantidade de estágios e do tempo gasto em
30
cada um, o cliente pode ficar insatisfeito. Por outro, lado a divisão do atendimento
em estágios pode alcançar maiores satisfações por que o cliente percebe que o
atendimento já começou dando a ele a percepção de evolução no processo. Outro
fator de percepção de diferença é o número de canais e as atribuições de cada um
de acordo com o número de caixas disponíveis e as especificações de cada um de
acordo com as características como a quantidade de itens (caixa rápido) e com as
necessidades ou limitações dos clientes (caixas prioritários). Devem ser analisados
os custos de se manter maiores ou menores canais de atendimento e,
conseqüentemente maiores ou menores níveis de serviço. As decisões gerenciais a
serem tomadas se baseiam em mais canais de atendimento e menor tempo gasto
pelo cliente ou na atribuição de cada canal, ou seja, se haverá ou não diferenciação
de atendimento. Aspectos como o processo decisório dos clientes interfere no modo
como as filas são formadas, pois a primeira dúvida do cliente é se entra ou não na
fila. A segunda decisão é se ele está disposto a permanecer na fila.
Uma forma de minimizar os custos da fila sem aumentar a capacidade é a
utilização da psicologia da fila. Este enfoque supõe que o importante em termos de
custo de espera, não é o tempo real que o cliente espera e sim o tempo de espera
percebido por este cliente (MAISTER apud CORRÊA H. e CORRÊA C, 2006).
Maister (apud CORRÊA H.; CORRÊA C, 2006) faz as seguintes
observações:
• A maioria dos clientes superestima o tempo de atendimento em mais de
vinte por cento.
• A espera pelo serviço de atendimento é percebida como maior do que o
tempo em processo.
• Quanto maior o valor dado pelo cliente maior a sua capacidade de
esperar.
• Esperas solitárias parecem mais longas do que em grupo.
31
A teoria das filas surgiu nas primeiras décadas do século XX com o
objetivo de equacionar questões operacionais. Trata-se de uma série de estudos
que geraram fórmulas desenvolvidas por um matemático chamado A. F. Erlang para
solucionar o problema que havia nas centrais telefônicas. Ele apresenta um artigo
em 1917 propondo um modelo na qual era capaz de determinar a probabilidade de
diferentes números de ligações aguardarem atendimento e o tempo médio de
espera quando o sistema estivesse em equilíbrio. (CORRÊA C.; CORRÊA C, 2006).
A formulação desta teoria possibilitou estimar probabilidades referentes
ao tempo médio de permanência no sistema, tamanho médio da fila, tempos de
utilização total da capacidade entre outros. As fórmulas da teoria de filas requerem
uma taxa de chegada, ou seja, número de clientes por unidade de tempo (minutos,
horas, dias, etc.) no sistema de filas. Elas também requerem uma taxa de
atendimento, ou seja, o número de clientes atendidos por unidade de tempo.
2.6. O varejo
Aspectos demográficos e as necessidades dos consumidores estão
mudando, os varejistas, por sua vez, estão buscando responder a estas mudanças.
Além disso, os consumidores estão cada vez mais exigentes do que antes e, por
isso, as lojas de varejo têm procurado novas formas para atendê-los.
Os varejistas oferecem alta variedade de produtos e se especializam
nesta variedade para torná-la conhecida pelos seus clientes. Assim, diante do atual
cenário caracterizado pela forte competitividade, os varejistas tentam se diferenciar
por meio de produtos e serviços que não podem ser facilmente copiados. Alguns
destes varejistas têm utilizado a criatividade para se manterem no mercado.
Levy (2000) apresentam três fatores críticos no ambiente do varejo, sendo
eles: (i) concorrência; (ii) dados demográficos dos consumidores, tendências e
estilos de vida, e (iii) necessidades, desejos e processo de tomada de decisão dos
consumidores.
32
De forma simplista pode se dizer que o varejo é um canal intermediário
entre quem produziu um determinado bem com que adquire este bem. É
caracterizado pela venda de produtos em quantidade menores.
“O varejo é um conjunto de atividades de negócios que adiciona valor a
produtos e a serviços vendidos a consumidores para seu uso pessoal e familiar”
(LEVY, 2000, p. 27). Kotler e Armstrong (1998) complementam afirmando que o
varejo engloba todas as atividades de venda de bens ou serviços diretamente aos
consumidores.
Para Levy (2000) os varejistas apresentam basicamente quatro espécies,
sendo elas as lojas de conveniência, os supermercados convencionais, as super
lojas e os supermercados de depósito. Assim sendo, a organização pesquisada atua
no segmento varejista como um supermercado que neste caso foi denominado
Supermercado Alfa LTDA. A definição de supermercado para Kotler e Armstrong
(1998, p. 298) é que eles são “grandes lojas de baixo custo, pequena margem de
lucro, elevado volume e auto-serviço que oferecem uma ampla variedade de
produtos alimentícios, produtos de limpeza e de uso doméstico”.
Os supermercados são caracterizados por vendas altamente sazonais.
Esta sazonalidade está relacionada a algum evento como a Páscoa, Dia das Mães,
Dia dos Pais, Natal, entre outros. É neste período que as vendas aumentam
exponencialmente, o fluxo de clientes também aumenta e os corredores ficam
cheios.
Dados publicados na Revista Gôndola (2009) revelam que alguns
supermercados americanos têm instalado câmeras voltadas exclusivamente para os
caixas com o intuito de certificar que os produtos são devidamente registrados. Além
desta funcionalidade, permite aos gestores avaliar a qualidade do atendimento
prestado com o objetivo de atrair e manter os consumidores por meio da sua
satisfação.
Hoje os supermercados mais modernos estão buscando cada vez mais
praticidade, eficiência e rapidez, pois entendem que a atividade de fazer compras no
supermercado faz parte da vida das pessoas. Assim, cada vez mais, os
33
supermercados modernos têm investido em tecnologia e serviços diferenciados
buscando atender às demandas dos seus clientes.
Destarte, para superar a concorrência e oferecer mais comodidade aos
consumidores, alguns supermercados estão utilizando o sistema de compras via
celular. Dados publicados na Revista Supermercado Moderno (2008) revelam que
uma rede catarinense é a primeira varejista a disponibilizar esta ferramenta ao
público ampliando o leque de serviços ao cliente. O objetivo vai além de ampliar as
vendas pelo novo canal, ou seja, o fator principal é usar a tecnologia da mobilidade
para facilitar as compras do cliente e reduzir gradativamente o fluxo de clientes na
loja.
O sistema de compras funciona por meio de um catálogo que é enviado
para as residências dos clientes. Neste catálogo, o consumidor encontra a
informação sobre a compra pelo celular, bem como o passo-a-passo de instalação
do aplicativo no aparelho e os processos de compra. Além disso, a rede capacitou a
equipe da central de televendas para dar suporte em caso de dúvidas. A
preocupação básica do canal é facilitar o processo de compra do cliente e,
principalmente, acompanhar a evolução tecnológica utilizando como estratégia de
marketing.
O processo de compras é bastante prático possibilitando ao cliente, além
da escolha da quantidade de um determinado produto, a escolha das características
dos produtos. Ao final das compras o cliente escolhe a forma de pagamento sendo
dinheiro, cheque ou cartão.
A utilização desta ferramenta nos supermercados atuais possibilita
ganhos para o cliente e para o varejista, pois existe uma redução do fluxo de clientes
nas lojas e, conseqüentemente ausência de filas nos caixas, e os clientes que
preferem realizar suas compras de modo presencial não terão que enfrentar longas
filas para pagar as suas compras.
Apesar de toda esta praticidade o desafio é fazer com que os clientes se
adaptem a este processo virtual, visto que a cultura brasileira ainda apresenta
barreiras a estes processos.
34
Um aspecto muito comum nos supermercados modernos é o crescente
aumento de clientes que pagam a suas compras com o cartão. Uma reportagem da
revista Supermercado Moderno (2008) revela que as mulheres representam 52%
contra 48% dos homens do total de cartões no país. A pesquisa revela ainda que os
supermercados são o canal em que esta forma de pagamento é mais usada.
Esta tendência tem se expandido muito nos últimos tempos e tem sido
bastante utilizada para reduzir o risco de inadimplência causado pelo uso de
cheques. Além disso, garante mais agilidade na hora do pagamento das compras.
Diante das pesquisas realizadas, pouco se sabe a respeito da criação do
conceito de supermercado, mas as análises apontam que ele começou a ser
utilizado no início do século XX. Contudo, pode se perceber que nas definições do
termo supermercado a palavra que o caracteriza é o auto-atendimento.
Dados publicados na Revista Gôndola (2008) informam que em Minas
Gerais o primeiro supermercado surgiu em 10 de janeiro de 1958 quando, até então,
operavam os armazéns ou mercearias. Os primeiros supermercados no início
possuíam roletas para controlar o fluxo de pessoas. Os armazéns eram
caracterizados por um balcão na qual os clientes solicitavam os produtos e os
atendentes os retiravam das prateleiras. Além disso, havia poucos produtos que
ficavam antes do balcão e eram de fácil acesso por parte dos clientes. As
mercearias caracterizavam-se pela existência de quantidades maiores de produtos
antes do balcão de atendimento. Tanto no armazém quanto na mercearia, havia
cadernetas nas quais eram anotadas as compras para, ao final do mês, serem
pagas pelos clientes.
Os armazéns dominaram as cidades do interior e principalmente as
cidades menores. As mercearias por sua vez dominaram a capital e as cidades
maiores do interior. Contudo, em um cenário de grandes mudanças nos costumes e
hábitos da população é que os supermercados ganham força. Aliados a isso, a
liberdade de se servir, colocar as mercadorias em um carrinho ou em uma cesta e
passar pelo caixa para, em seguida, pagar as suas contas foram aspectos que
impulsionam o formato de loja caracterizado pelo auto-serviço. Com a idéia de auto-
serviço a figura do balconista deixa de existir mudando completamente a relação
econômica.
35
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1. Delineamento da pesquisa
Esta pesquisa pode ser classificada quanto aos fins e quanto aos meios
conforme o proposto por Vergara (2003). Quanto aos fins, classifica-se como
descritiva, pois pretende expor as estratégias adotadas pelo Supermercado Alfa
LTDA para gerir a sua capacidade em função da demanda. “As pesquisas
descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de
determinada população ou fenômeno” (GIL, 2002, p. 42).
Quanto aos meios para a consecução da pesquisa, utilizou-se de
pesquisas bibliográficas e “estudos sistematizados em materiais publicado em livros,
revistas e materiais eletrônicos” relacionados ao tema (VERGARA 2003, p. 48). Foi
utilizado também, a fim de obter maior profundidade e detalhamento, um estudo de
caso em um supermercado localizado no hipercentro de Belo Horizonte. Além disso,
alguns aspectos da pesquisa de campo foram evidenciados neste trabalho, pois
tratou-se de uma “investigação empírica realizada no local onde ocorreu o
fenômeno” (VERGARA, 2003, p. 47), ou seja, refere-se ao local onde foram
evidenciados os aspectos influentes na demanda bem como as características
limitadoras da capacidade.
Em relação ao tipo de análise é classificada como qualitativa pelo fato de
exigir menor abrangência, porém maior profundidade sobre as estratégias do
Supermercado Alfa LTDA para gerir a sua capacidade em função da demanda.
3.2. Métodos e instrumentos de coleta de dados
Foram utilizados dados primários coletados a partir de entrevistas semi-
estruturadas obtendo-se informações importantes por parte dos entrevistados e suas
considerações sobre o estudo em questão. Deste modo, pretendeu-se, por meio de
uma conversação guiada, obter informações detalhadas que foram utilizadas em
36
uma análise mais profunda, possibilitando a realização de conclusões e de
considerações.
“A população representa um conjunto de elementos (empresas, produtos, pessoas, por exemplo) que possuem as características que serão objeto de estudo. A população amostral ou amostra é uma parte da população escolhida segundo algum critério de representatividade”. (VERGARA, 2003, p. 51)
Assim sendo, a população desta pesquisa é composta por duas pessoas.
Entretanto, apesar de não apresentar fundamentação matemática ou estatística, a
amostra selecionada foi caracterizada como intencional. Isto se deve ao fato da
população da pesquisa ser pequena. As questões relacionadas ao problema
estudado referem-se a questões de cunho estratégico, ou seja, parte do pressuposto
que os gerentes possuam conhecimentos relacionados à estratégia da empresa. A
amostragem intencional consistiu em selecionar um grupo representativo da
população a ser estudada. Assim, foram pesquisados um gerente geral e um
gerente de frente de caixa de modo que as informações foram coletadas, tabuladas
e analisadas. O gerente de frente de caixa é também chamado de encarregado de
frente de caixa. Ele é responsável pela coordenação das atividades dos caixas.
3.3. Técnicas de análise dos dados
Os dados coletados através das entrevistas foram tratados por meio de
uma técnica chamada de análise de conteúdo.
3.4. Limitações da pesquisa
Nesta seção, são delineadas algumas limitações deste trabalho e da
pesquisa.
37
Primeira delas supõe que a aplicação da metodologia escolhida no setor
varejista acarreta em um obstáculo para a utilização da mesma em outros setores da
economia.
A segunda se refere ao tipo de dado coletado na pesquisa, ou seja, os
dados coletados na empresa pesquisada retratam o ponto de vista dos gerentes e
estes apresentam um viés próprio que influencia as suas decisões em termos de
capacidade e demanda. Assim sendo, a percepção sobre o atendimento nos caixas
sob o ponto de vista do cliente não foi contemplada neste trabalho.
Finalmente, a delimitação da pesquisa impossibilita a avaliação dos
impactos causados pela utilização de funcionários se outros setores, ou seja, a
pesquisa não considerou os demais setores da empresa pesquisada para identificar
se existem gargalos durante o tempo em que estes funcionários estão auxiliando na
frente de caixa do supermercado.
4. A PESQUISA TEÓRICO-EMPÍRICA EM ADMINISTRAÇÃO
4.1. Contexto organizacional em estudo
Para elaboração deste projeto definiu-se como unidade de observação
uma das lojas de uma grande rede de supermercados localizada no hipercentro de
Belo Horizonte no Estado de Minas Gerais. Entretanto, por questões éticas ficou
definido como Supermercado Alfa LTDA, pois, não foram autorizadas, por parte da
sua direção, a divulgação e a apresentação do seu nome comercial e fantasia.
Outrossim, a unidade de observação definida atua no mercado como sendo uma
empresa varejista que atende principalmente no segmento de varejo de alimentos.
38
4.2. Apresentação, discussão e análise dos dados
Transcrição das entrevistas
A seguir é apresentada uma breve descrição dos entrevistados.
O entrevistado 1 tem quarenta e três anos, seu grau de instrução é o
ensino médio completo, possui um cargo de gerente de loja. Ele trabalha na
empresa desde novembro de 2006. O gerente de um supermercado é responsável
pela manutenção e coordenação das atividades do supermercado, de modo que os
objetivos sejam alcançados.
O entrevistado 2 tem vinte e nove anos, seu grau de instrução é o ensino
médio completo, possui um cargo de gerente de linha de frente. Ele trabalha na
empresa desde novembro de 2001. O gerente de linha de frente é responsável pelo
alinhamento das estratégias definidas pela diretoria e pelo gerente de
supermercado. As suas ações estão diretamente relacionadas com a frente de
caixa.
A loja pesquisada possui um total de dez caixas e está aberta ao público
de segunda a sexta de sete às vinte e uma horas, sábado de sete às vinte horas e
domingo de sete às quatorze horas. Cabe, portanto enfatizar que a capacidade
instalada é de dez check outs (caixas) e, devido à limitação de tamanho da loja, não
é possível realizar investimentos para possibilitar um aumento do número de caixas.
Destes dez caixas instalados na loja, cinco são destinados às compras
com maior número de itens a chamada “compra mensal”. Um caixa, destes cinco, é
dedicado para idosos, gestantes e demais pessoas portadoras de necessidades
especiais. Dos outros que restaram, quatro são reservados para compras até dez
itens, neste caso denominado “caixa rápido ou caixa de dez volumes”. Ainda com
relação aos cinco caixas designados para compras com maior volume de compra, os
chamados “caixas de compras mensais”, além de receberem compras sem
restrições de volume, oferecem aos clientes a possibilidade de pagarem suas contas
de água, luz, telefone, cartão de crédito etc. Mesmo havendo distinção de
quantidade de itens, os caixas que recebem o maior número de produtos também
39
estão habilitados a receber quantidades menores, ou seja, não há limitação de
quantidade nestes caixas.
As entrevistas realizadas estão apresentadas a seguir. Para maior
entendimento foi apresentado a pergunta, a resposta do entrevistado 1 (E1), do
entrevistado 2 (E2) e as considerações a respeito da questão.
1. Qual é o tempo médio de atendimento nos caixas?
E1
“Quando é compra mensal, que é grande, ele gasta em torno de 11 ou 12
minutos para retirar as mercadorias do carrinho, passar pelo caixa, pagar e ir
embora. O cliente fica uns 15 minutos na fila e gasta 11 para passar. Quando vai
pagar a conta ele gasta mais tempo. Geralmente, o tempo médio para o recebimento
de uma conta está entre 3 e 5 minutos. Os clientes que fazem compras mensais
fazem suas compras no sábado, mas mesmo assim não são muitos. Estes clientes
de compra mensal correspondem apenas a 10%, as outras compras e os outros dias
da semana são de pequenos volumes, o que nós chamamos de sacolinha. Quando
são poucos itens, o cliente espera cerca de 10 minutos na fila para ser atendido e
gasta, mais ou menos, 5 ou 6 minutos para passar pelo caixa.”
E2
“Sempre procuro observar e marcar o tempo médio dos clientes nas filas
para ver se o questionamento deles corresponde com o que eu observo”.
“O normal dos clientes ficarem na fila é de 15 a 20 minutos, a não ser que
ele está comprando uma compra de vários itens, aquela compra mensal, que
dificilmente acontece nesta loja, neste caso ele pode passar dos 20 minutos, mas é
raro, ou então quando um caixa está fechado. No caixa rápido o cliente fica de 3 a 4
minutos. Quando a compra do cliente é média, por exemplo, ele leva 8 minutos para
finalizá-la e ir embora.”
O objetivo desta pergunta consistiu em avaliar a capacidade de
atendimento dos caixas em relação ao tempo que os clientes eram atendidos. Além
disso, permitir identificar o tempo gasto pelo cliente para finalizar a sua compra.
40
As respostas dos dois entrevistados demonstram que os clientes com um
volume maior de itens, gastam mais tempo para serem atendidos, geralmente ficam
na fila por 15 minutos. Por sua vez os clientes com poucos produtos são atendidos
mais rapidamente e gastam aproximadamente 4 minutos para passar as compras e
sair do caixa. Apesar das divergências na resposta do entrevistado 1 com o
entrevistado 2 na afirmação que o cliente fica “em torno de 11 a 12 minutos” (E1) e
“o normal dos clientes na fila é de 15 a 20 minutos” (E2), percebe-se que o tempo
gasto pelo cliente está entre 11 e 20 minutos.
Nos caixas rápidos é possível notar que o tempo mínimo informado pelo
E1 para o cliente passar pelo caixa é de 5 minutos e o tempo máximo informado
pelo E2 é de 8 minutos. Contudo, percebe-se que o tempo de atendimento a um
cliente nos caixas rápidos está em torno de 5 a 8 minutos. Esta resposta possibilitou
a definição da capacidade de atendimento dos caixas.
Quando o E2 informa sobre o questionamento dos clientes com relação
ao tempo de espera nas filas nota-se que há indícios de existem clientes que
costumam reclamar com relação à demora no atendimento.
Tanto E1 quanto E2 são equivalentes ao afirmar que o volume de vendas
da loja pesquisada está concentrado principalmente em compras com menor
volume. Isto devido ao fato de que a localização da loja estar situada em uma região
central e muitos clientes costumam fazer compras praticamente semanais, porém
com volume pequeno.
2. Na frente de caixa existem quantos turnos de trabalho?
E1
“Tem 2 turnos distribuídos em horários diferentes. Um turno pela manhã e
outro a tarde”.
E2
“Tem o turno da abertura, que faz a abertura da loja às seis e cinquenta
da manhã. Às sete e vinte, nós colocamos uma outra quantidade de funcionários
para poder suprir o movimento das sete. Às nove da manhã colocamos mais uma
41
bateria de operador. Meio dia e às treze horas é o final. Então, são vários turnos,
porque se colocarmos todos os funcionários em um horário só, por exemplo, se tiver
só dois turnos, não tem como fazer o revezamento depois na hora do almoço, na
hora do lanche e na hora de ir embora. Então tem-se sempre que intercalar porque
tem períodos em que o movimento é maior e outros em que o movimento é mais
fraco”.
O objetivo desta questão consistiu em identificar possíveis formas de
adequação da capacidade de atendimento em função do tempo disponível de
atendimento. Assim, percebeu-se que existe uma forma empírica de
dimensionamento de capacidade, pois esta não se baseou em aspectos teóricos,
mas em práticas do dia a dia e na percepção do gerente da frente de caixa que
conhece os horários de maior movimento. Por isso ele distribuiu nestes dois turnos,
manhã e tarde, os horários de abertura dos caixas com base na chegada e no
aumento do fluxo de clientes na loja.
Contudo, cabe destacar que o fluxo de clientes na loja é altamente
influenciado pelos horários em que os clientes estão a caminho do trabalho, na hora
de almoço e no momento que vão embora. Além disso, o embasamento que norteia
a decisão do gerente da frente de caixa a adotar a medida de abrir caixas em
momentos diferentes é a de que se todos os funcionários abrirem os caixas ao
mesmo tempo fica difícil realizar um sistema de revezamento entre eles de modo a
compatibilizar o horário de almoço, intervalo e saídas.
A programação de turnos de trabalho considerando os momentos de
oscilações da demanda conforme o apresentado por Figueiredo (2004) é uma
estratégia de acompanhamento da demanda, ou seja, o gerente sabe que, em
determinado horário, o fluxo de clientes na loja vai aumentar e, pensando nisso,
realiza aumentos gradativos de capacidade com a abertura de caixas nos momentos
que a demanda aumenta.
Na parte final da resposta, o entrevistado 2 reconhece a importância de
abrir os caixas em momentos diferentes, pois existem momentos que a demanda é
baixa.
42
3. Existem quantos funcionários para operar os caixas?
E1
“Vinte e dois. Em média onze para cada turno”.
E2
“São vinte e dois operadores. Por sinal, está sobrando operador de caixa
no momento. Até então a diretoria não resolveu mudar ainda. Às vezes, ter um
operador sobrando é até bom porque existem as folgas semanais e o atendimento
aos domingos. Devido às folgas de segunda a quinta-feira, sempre fica faltando um
operador, então eles estão sempre suprindo o quadro.”
O objetivo desta pergunta consistiu em identificar se todos os check outs
eram utilizados nos momentos de maior demanda, dada a capacidade de 10 caixas.
Os resultados evidenciam que existem dois funcionários além da sua capacidade
disponível. Assim, a estratégia utilizada pelo gerente consiste em utilizar estes dois
funcionários para cobrir as folgas de outros funcionários.
4. Quais são os horários de maior movimento em um dia?
E1
“Tem um pico de manhã quando abre a loja, de nove às onze, na hora do
almoço e à tarde, de dezesseis às vinte horas”.
E2
“Tem os horários de pico, por exemplo, de sete da manhã até às sete e
quarenta mais ou menos tem um movimento muito grande dos trabalhadores das
lojas aqui por perto que, geralmente abrem às oito horas da manhã. Eles chegam
por volta das sete horas e compram o seu café da manhã”.
“Às dez horas começa de novo um fluxo e vai até às onze. Meio dia o
fluxo de clientes é maior, quando várias pessoas estão voltando das aulas ou em
horário de intervalo para almoço. Esse período de onze e meia, meio dia até uma
hora da tarde a loja fica cheia. Das dezessete até às vinte horas, o movimento
43
novamente é grande na loja, porque há muitas pessoas saindo do trabalho e indo
embora para as suas casas”.
O objetivo desta questão era de analisar se os horários de abertura dos
caixas estavam sendo realizados de acordo com o aumento de clientes na loja.
Assim, pode se perceber que existe uma linha tênue da estratégia de abertura de
caixas em momentos que há um aumento no fluxo de clientes com a política de
acompanhamento da demanda proposto por Figueiredo (2004) e a de seguir a
demanda, proposto por Corrêa H. e Corrêa C. (2006).
Cabe ressaltar que a política de acompanhamento da demanda consiste
em dimensionar a capacidade de acordo com a demanda, ou seja, se a demanda
altera, são realizados ajustes de capacidade para adequar-se a necessidade de
mais ou de menos recursos. Diante disso, percebe se ainda que empiricamente
existe aplicação dos métodos científicos na política de atendimento aos clientes.
5. Dos horários de maior movimento citados, quais são os mais críticos? O
que é feito nestes horários para atender os clientes?
E1
“É o período da tarde porque geralmente tem muitas pessoas saindo do
serviço que passam aqui para comprar alguma coisa e ir embora para casa”.
E2
“É o horário da tarde, das dezessete às vinte horas. Porque coincide com
o horário de pessoas que estão saindo do trabalho e que, normalmente, é um
público mais exigente. Tem horas que eles ficam muito nervosos e são mais
exigentes com a rapidez no atendimento. Esse horário é um horário mais crítico e a
maioria dos clientes estão nervosos”.
O objetivo desta pergunta consistiu em descobrir se a distribuição dos
funcionários nos caixas, nos momentos críticos, estava de acordo com a
necessidade de caixas abertos. Além disso, identificar também os momentos mais
críticos de capacidade em relação à demanda. Assim, percebe-se que no horário de
44
dezessete às vinte horas o movimento é maior por causa do deslocamento dos
clientes do seu trabalho para a as suas casas.
Na resposta do E2 ficam evidentes que os clientes que exigem maior
agilidade no atendimento quando fazem as compras são os clientes que saem do
trabalho em direção as suas casa. Por isso eles insistem em atendê-lo com mais
rapidez porque querem chegar em casa rápido.
6. Quais são os dias e os meses de maior movimento?
E1
“Os dias são sexta e sábado. São os dias que têm um maior fluxo de
clientes. Os meses são dezembro e o mês da Páscoa”.
E2
“Dos dias da semana, a sexta-feira e o sábado. Mas a sexta-feira é o dia
que fica mais cheio porque no sábado existe um número menor de pessoas que
trabalha e não tem aula nos colégios e escolas da região. A sexta-feira geralmente é
o dia que o volume de compras é maior porque os clientes compram o suficiente
para o fim de semana e muitos deles só retornarão na segunda-feira.”
“Eu estou na loja a doze meses e neste período eu observei que, além do
Natal, o mês da Páscoa, seguido do mês de maio, são os de maior movimento”.
O objetivo desta pergunta era identificar os dias e os meses mais
afetados pela sazonalidade. Conhecendo estes aspectos haveria mais facilidade na
análise das práticas adotadas pelo Supermercado Alfa LTDA e, além disso,
estabelecer padrões que possibilite atender a demanda sem excessos nem
escassez.
45
7. O que é feito em meses que se espera um aumento do movimento?
E1
“Na frente de caixa eu peço ao gerente da loja que antecipe os dias de
descanso das pessoas, olhando as escalas de folga dos funcionários e fazendo uma
programação antecipada”.
E2
“Na verdade agente costuma não dar férias para ninguém nesses meses
porque precisamos de todos na loja”.
O objetivo desta pergunta consistia em identificar se é feito um
planejamento para os meses que haverá um aumento da demanda. Além disso,
buscou-se também identificar as ações da empresa no sentido de antecipar a
demanda conforme o proposto por Corrêa H. e Corrêa C. (2006) de modo a
identificar se são realizados incrementos de capacidade para atender a demanda.
Com relação a este aspecto, percebeu-se que a única medida tomada pelo gerente
da frente de caixa é com relação às férias dos funcionários para as quais ele sugere
que não sejam programadas para os meses em que haverá um aumento da
demanda. Contudo, não existe um planejamento antecipado do gerente com relação
aos meses que se espera o aumento de clientes. De modo geral, pode se dizer que
a loja pesquisada não adota uma estratégia de se posicionar de forma antecipada à
demanda e a sua política está mais voltada para o acompanhamento da demanda
do que para a sua antecipação.
8. Existe algum funcionário de outro setor treinado para operar os caixas
em horários de maior movimento?
E1
“De outro setor não tem porque não pode. Tem o pessoal da frente de
caixa que sabe operá-lo. Na frente de caixa tem os auxiliares de linha de frente, os
funcionários da Central de Processamento de Dados (CPD) e o encarregado. Todos
46
eles sabem operar o caixa se precisar. Os tesoureiros também operam. Os dias que
estão mais apertados eu os utilizo”.
“Às vezes agente utiliza os funcionários de outros setores para ajudar.
Mas mesmo assim eles não operam caixa, só ajudam a embalar. Como a rede tem
muitas lojas, às vezes, costumamos pedir aos amigos para nos ajudar emprestando
algum funcionário”.
E2
“São utilizados repositores só no caso de embalar compras para agilizar o
cliente por que o operador sente um pouco de dificuldade de passar a compra e
ajudar a embalar. Colocamos um repositor para poder embalar e agilizar o
atendimento do cliente. A loja não oferece um embalador, apenas algumas lojas têm
em seu quadro embaladores. Aqui, como não tem, muitas vezes improvisamos. Não
colocamos sempre para não deixar o cliente mal acostumado”.
“Para operar os caixas e atender uma insuficiência de operador nós
temos dois auxiliares de linha de frente, um encarregado de linha de frente, dois
funcionários do CPD e um da tesouraria. Na tesouraria eu prefiro não utilizar os dois
funcionários que temos e procuro sempre deixar um, a não ser em último caso. Na
verdade eu acabo utilizando todos os recursos que tenho para atender os clientes,
às vezes até eu mesmo. Ao todo são disponíveis para ser aproveitados sete
pessoas, mas eu acabo usando apenas seis”.
O objetivo desta questão consistiu em verificar se são utilizados
funcionários de outros setores que, conforme o proposto por Figueiredo (2004), são
chamados de equipes multifuncionais. As equipes multifuncionais são constituídas
de pessoas qualificadas para atuarem em diversos setores de uma empresa. Assim,
diante da análise dos dados percebe-se que são utilizados funcionários de outros
setores que são os repositores que auxiliam no processo de atendimento ao cliente
garantindo mais agilidade no tempo de atendimento. Cabe destacar que a loja
pesquisada não oferece embalador, somente algumas lojas da rede dispõem deste
serviço. Sendo assim, a loja pesquisada possui sete pessoas dos departamentos
relacionados com a frente de caixa que são utilizadas no caso de aumento da
demanda. Porém, utiliza seis pessoas, pois opta por deixar pelo menos um
funcionário na tesouraria.
47
9. O que é feito quando o movimento na loja aumenta e as filas ficam
grandes?
E1
“Nesse horário eu sempre peço ao gerente da frente de caixa ou ao de
linha de frente para que não liberem ninguém para tomar café ou para fazer um
lanche sem ter outra pessoa para fazer o revezamento e ficar no lugar dela para o
caixa não ficar fechado porque se o caixa ficar fechado o cliente realmente reclama
com a gente”.
“Geralmente, utilizamos primeiro todo o pessoal da linha de frente. Depois
pedimos aos encarregados dos departamentos da loja alguns repositores
emprestados para auxiliar, pois não temos embaladores aqui nesta loja, mas em
algumas lojas da rede nós temos”.
E2
“Se o movimento inicial na loja está parado eu não deixo os meus
operadores sentados no caixa esperando o cliente. A maioria eu retiro para cuidar
de um preço na loja, precificar um produto, ou até mesmo repor um produto que é de
rápido giro, ou organizar um check stand que está próximo deles e se caso chegar
um cliente eles sentam automaticamente e vão atender o cliente. Então eu não deixo
os operadores sentados no caixa para evitar que eles fiquem conversando um com o
outro. Por isso, eu retiro para dar suporte na loja. Quando o movimento aumenta, eu
abro mais alguns caixas pra atender os clientes.”
“Quando o movimento aumenta e não há caixas disponíveis, como já
aconteceu várias vezes aqui, e eu estou com todos os caixas abertos, o movimento
está grande e as filas estão enormes, o que eu costumo fazer é retirar os repositores
das seções, peço que eles parem o abastecimento e venham para a frente de caixa
e embalem as compras. Se tem algum caixa que ainda está sem um repositor para
embalar eu utilizo funcionários de outros setores como frios, mercearia ou hortifruti
para ajudar a fluir a fila e para os clientes passarem mais rápido as mercadorias,
embalarem e saírem para esvaziar a loja. Neste caso, no máximo, em uns dez
minutos isso se resolve.”
48
“Na verdade eu utilizo os repositores porque muitas das vezes o operador
não consegue registrar a mercadoria e embalar, porque às vezes pega uma compra
de produtos pesados, como arroz. A maioria dos operadores de caixa é meninas e
não conseguem embalar com agilidade um pacote de cinco quilos, por exemplo, que
é pesado. Por isso eu trago o repositor para embalar e colocar nos carrinhos. Assim,
flui mais rápido o atendimento”.
“Nós trabalhamos o máximo possível para não deixar os clientes muito
tempo na fila, nós utilizamos todos os recursos que temos. Se falta um caixa e se
aumenta o fluxo de clientes, o que normalmente acontece principalmente no horário
de almoço e de dezoito às vinte horas, nós utilizamos os auxiliares de linha de
frente. Se as filas estiverem grandes ainda, utilizamos o encarregado. Se continuar,
a gente pega os funcionários do CPD e da tesouraria até diminuir”.
“Normalmente os funcionários que agente promove para o CPD, para a
tesouraria e para a frente de caixas são pessoas que já trabalharam no caixa. Então
quando surge uma necessidade grande, reaproveitamos eles de novo para poder
não deixar o cliente ficar sem atendimento”.
“É como eu coloquei. Nas horas críticas na linha de frente, eu uso o CPD,
eu uso o auxiliar de linha de frente, uso o encarregado e às vezes até mesmo o
auxiliar de tesouraria, que conhece também o sistema, eu uso para suprir e não
deixar o cliente sem o atendimento porque se ele chegou na loja ele não quer saber
quem é que vai atendê-lo, se é o operador de caixa, se é o auxiliar de serviços
gerais, se é o gerente que vai passar suas compras no check out. Ele quer ser
atendido no caixa”.
O objetivo desta pergunta foi de identificar as formas que a empresa lida
com a sazonalidade, ou seja, as medidas adotadas quando o número de clientes
aumenta instantaneamente. Além disso, consistiu em identificar quais as estratégias,
a curto prazo, eram realizadas para dimensionar a capacidade em função de um
aumento inesperado da demanda. Os resultados demonstram que o gerente utiliza
os funcionários de outros setores para embalar as compras do cliente para
possibilitar mais agilidade no atendimento nos caixas e minimizar o tempo de
permanência dos clientes nas filas. A utilização destes funcionários reforça mais
uma vez a utilização de equipes multifuncionais.
49
Além disso, percebe-se a colaboração entre os setores, pois o operador
de caixa, quando o movimento é baixo, pode auxiliar em outras atividades do
supermercado como precificar, repor mercadorias de giro e organizar os produtos
que estão localizados próximos aos caixas sendo estas tarefas dos repositores. Esta
sinergia possibilita ganhos para toda a loja, pois, tanto o repositor quanto o operador
de caixa desenvolvem tarefas diferentes e se sentem mais motivados. Observou-se
também, que a empresa adota uma política de promoção de funcionários
diferenciada porque os funcionários das áreas que prestam suporte às atividades
dos caixas como auxiliar de linha de frente, tesouraria, CPD e encarregado de linha
de frente são funcionários que já possuem experiência em operar os caixas.
Está estratégia de retirada de funcionários de outros setores é uma
estratégia de perseguir a demanda, pois o gerente de caixa quando percebe que as
filas são longas ele movimenta recursos dos departamentos relacionados com a
frente de caixa e solicita funcionários de outros setores.
10. Os clientes que passam muito tempo na fila dos caixas costumam
reclamar no serviço de atendimento ao cliente?
E1
“Questionam, mais são poucos, e geralmente de clientes mais velhos, os
mais idosos. Eu até brinco com eles dizendo que se aqui está tendo fila é porque
está vendendo barato. Onde tem “muvuca” tem preço! Acho que o “povão” adora
isso!”
“Reclamação que a gente tem aqui por semana, considerando que entra
uma média de uns seis mil clientes por dia, são cerca de 15 clientes que reclamam
por semana. Isso por que, a maioria dos clientes não volta, são poucos os que
voltam, são pessoas que passam, compram e vão embora porque estão no trajeto
de volta para casa. O meu ticket médio está em torno de dezenove, vinte reais”.
O ticket médio é o valor médio gasto por clientes expressos em emissão
de cupons fiscais.
50
E2
“Tem todo o tipo de cliente. Tem aquele que reclama. Cliente é o
seguinte, quando um reclama vem aquele tanto reclamando também. De início eles
ficam meio tímidos para reclamar, mas quando um começa os outros querem
reclamar também e aí todo mundo começa a falar em um mesmo problema e é mais
difícil de se contornar”.
“Algumas vezes a reclamação dos clientes é por escrito com endereço
telefone, CEP, tudo, mas a maioria das vezes a reclamação é verbal. Eles reclamam
e ainda saem xingando dizendo que nunca mais voltam. Mas como o comércio em
geral está assim, nos horários de pico tem mesmo aquelas filas, na maioria das
vezes eles acabam voltando porque vão ao concorrente e a situação não é diferente,
é a mesma. Então eles acabam voltando, mas se acontecer de novo, vão reclamar
com você”.
O objetivo desta pergunta consistiu em analisar o nível de serviço
oferecido pelo Supermercado Alfa LTDA, na percepção dos seus clientes.
Analisando as respostas acima percebemos que o número de reclamações dos
clientes, em média dois ao dia, é pequeno, considerando o fluxo diário de seis mil
clientes por dia. Na resposta do E1 quando diz “Eu até brinco com eles dizendo que
se aqui está tendo fila é porque está vendendo barato. Onde tem “muvuca” tem
preço! Acho que o “povão” adora isso!” e do E2 quando diz “Mas como o comércio
em geral está assim, nos horários de pico tem mesmo aquelas filas, na maioria das
vezes eles acabam voltando porque vão ao concorrente e a situação não é diferente,
é a mesma”, percebe-se que a visão da empresa não está voltada para os aspectos
da qualidade no atendimento aos clientes por meio de um nível elevado de serviço.
Assim, existe uma visão de que os concorrentes também agem de modo
semelhante, porém pode-se dizer que este seria um aspecto que poderia garantir
diferencial competitivo no Supermercado Alfa LTDA em relação aos seus
concorrentes.
51
11. Os clientes geralmente demonstram satisfação ao serem atendidos nos
caixas?
E1
“A maioria demonstra satisfação ao passar pelo caixa”.
E2
“Sim, demonstram. Poucos, mas demonstram. Alguns chegam a dizer
para o operador, ou por quem está o atendendo, que é a sua obrigação mesmo
fazer isso. Então orientamos os funcionários para, se não tiverem uma resposta
agradável, não responderem e relevar, pois se ele responder, isto será contra ele
mesmo”.
O objetivo desta pergunta, assim como a pergunta anterior, era de
identificar a percepção do nível de serviço por parte dos clientes. Analisando as
respostas e confrontando com a questão anterior, percebe-se claramente que pela
resposta do E1, a maioria está satisfeita com o atendimento, enquanto na resposta
de E2 a grande maioria age de forma indiferente no atendimento, ou seja, não
demonstram satisfação e não demonstram insatisfação.
12. O que pode ser feito para reduzir a percepção do tempo de espera de um
cliente na fila?
E1
“O que eu costumo fazer é manter todos os caixas abertos para os
clientes não reclamarem e evitar questionamentos porque se tiver tudo aberto você
pode falar. Agora, se tiver algum caixa fechado, ele pergunta por que ele está
fechado. Além disso, colocamos apoio, por exemplo, os funcionários da linha de
frente ou o gerente da frente de caixa vai para a frente ajudar. Então, os clientes
vêem que os funcionários estão envolvidos e não reclamam. Então é isso que se
faz: põem-se o pessoal para ajudar a desenvolver a fila”.
Existem diversas maneiras de fazer com que o cliente distraia a sua
atenção enquanto espera na fila para fazer o pagamento. Atualmente, uma rede
supermercadista tem investido em tecnologia e instalado nas suas lojas
52
equipamentos de vídeo próximos aos caixas que permitem que os clientes assistam
a programação de televisão enquanto esperam. Além disso, esta tem sido uma
ferramenta bastante útil de marketing, pois durante os intervalos, são exibidos
anúncios dos produtos e serviços prestados pelo supermercado. Assim, o objetivo
desta pergunta consistiu em identificar se a loja pesquisada adota algum tipo de
método para distrair o cliente durante o tempo que ele espera na fila para ser
atendido.
A estratégia adotada pelo gestor da frente de caixa é demonstrar para os
clientes que todos os funcionários estão envolvidos para auxiliar na redução das filas
e do tempo de atendimento.
E2
“Se eu estou com todos os meus check outs na loja abertos e, de repente,
tiro um operador que está ajudando em outro setor, quando o movimento naquele
período estava baixo, se um cliente chegou eu não gosto de deixar que fique nem
dois nem três na fila. Se chegar um cliente para ser atendido eu peço o linha de
frente para chamar o operador para ele atendê-los. Se o cliente chegou na boca do
caixa ele já tem que ser atendido e ir embora logo, pois se ele ficar muito tempo ele
acaba reclamando, pode desistir da compra ou então ficar insatisfeito com a demora
e ir embora. Então, se tem operador, eu peço para poder agilizar o máximo que
puder e deixar o cliente ir embora. Nem que deixe um caixa para atender cada
cliente, mas prefiro liberá-los logo. Ele já pegou a mercadoria então deixe-o ir
embora logo, para que fique mais satisfeito e volte mais vezes”.
13. Existe algum planejamento do número de caixas abertos? Como é feito?
Com que critério?
E1
“A gente faz sempre. Na sexta-feira, no sábado e no horário de pico
programam-se sempre caixas abertos”.
53
E2
“Tem sim. De segunda a quarta-feira é mais tranqüilo. Então, quando eu
tenho um operador que tem horas a mais eu peço para ele compensar nos dias mais
tranqüilos e reaproveito-o nos dias em que o movimento fica mais intensificado,
suprindo este atendimento. Até mesmo nos casos que ele faz uma ou duas horas a
mais para atender o cliente, na semana seguinte, no dia mais tranqüilo, ele
compensa. A gente sempre usa este critério, faz uma hora a mais quando o
movimento é alto e esta hora é descontada quando o dia estiver mais tranqüilo.
Então, fazemos o planejamento neste sentido: nos dias mais intensos pedimos ao
pessoal para fazer uma hora ou duas horas extras, e, nos dias mais tranqüilos, os
liberamos mais cedo, compensando estas horas. Porque nem todo dia o movimento
é igual, há muita variação. Então, utilizamos sempre estes critérios para não deixar
de atender o cliente e não deixar o funcionário ocioso num horário em que o
movimento não está tão intenso”.
O objetivo desta pergunta primeiramente foi de identificar se é feito algum
tipo de planejamento para a definição dos caixas abertos. Em seguida, verificar
como esta definição era realizada e em que se baseava. Observa-se que existe um
planejamento empírico da demanda que se baseia no conhecimento do gerente de
linha de frente. Percebeu-se também que nos dias de baixa demanda os
funcionários que possuem sobra de horas ganham folga para compensar estas
horas e também com objetivo de ser utilizado nos dias que há um aumento da
demanda. Com relação aos critérios, pode ser percebido que este planejamento é
feito sempre com base na compensação de horas, ou seja, se o funcionário possui
horas extras ou não.
14. Os funcionários fazem horas extras? Existe algum sistema de banco de
horas?
E1
“Fazem, mais é muito difícil. Pedimos para não fazerem. De vez em
quando acontece, mas é praticamente zero”.
54
“Existe, mas o funcionário só pode fazer no máximo duas horas por dia.
Não é permitido ao funcionário passar destas horas na empresa”.
E2
“Tem o banco de horas que procuramos estar sempre controlando. Então,
todos os meses, através do sistema, sabemos quem está devendo, quem está com
horas a mais e quem está zerado. Como esta escala agora é uma escala trimestral,
pois o Ministério Público determinou, quem trabalhar aos domingos irá folgar sempre
no domingo durante três meses. Quem folga na terça-feira irá folgar sempre na
terça-feira durante três meses. Como é uma escala que envolve todos não tem
como definir igualmente, por exemplo, na minha loja aos domingos, seis caixas
seriam o suficientes para o atendimento, mas como é uma escala determinada pelo
Ministério Público, às vezes temos dez ou doze operadores. Como o movimento de
domingo é muito fraco, então, para os funcionários que têm muitas horas na casa ou
mesmo aqueles que não tenham horas eu dou compensação, pois não há
necessidade de eu trazer aqui doze operadores se seis operadores atentem o
movimento. Assim, eu dou folga para seis e trabalho com seis. Esses seis que eu
dei folga de domingo, a compensarão durante a semana de segunda a sexta”.
“Existe. Todo o mês quando é fechado o cartão de ponto pela assistente
da loja, do dia 31 até o dia 5, são somadas todas estas horas e lançadas em um
banco de horas do nosso sistema. Fazemos o acompanhando para verificar quem
está com muitas horas, dispensando-os mais cedo, e quem está devendo horas os
colocamos para fazer uma ou duas horas extras para suprir o atendimento.
Procuramos acompanhar sempre para que o funcionário não fique com muitas horas
extras ou fique devendo muitas horas para a empresa. Mas sempre procuramos
deixa-los devendo umas horas pra que quando precisar de compensa-las eles não
tenham resistência. Embora, quando eles são contratados esclarecemos todos os
procedimentos há gente que prefere deixa-los devendo um pouquinho para não ter
tanta despesa”.
O objetivo desta pergunta consistiu em identificar se a loja pesquisada
utiliza algum mecanismo de aumento da capacidade mediante o aumento dos
horários de trabalho dos funcionários na frente de caixa. Sendo assim, observa-se
que as decisões de fazerem os operadores de caixa trabalharem duas horas extras
55
são baseadas empiricamente, porém que são bem próximos dos modelos de
previsão, pois o gerente de frente de caixa conhece os horários de maior demanda
e, com isso, pode realizar ajustes de capacidade. Apesar de tais decisões
envolverem somente um horizonte de tempo muito curto, percebe-se que são
bastante úteis e que, diante das oscilações do mercado, não seria possível realizar
estas previsões em horizontes de tempo maiores.
15. Em épocas de maior movimento existe a contratação de funcionários
temporários ou terceirizados?
E1
“A empresa não contrata funcionários nestas épocas porque já é definido
um quadro fixo para todo o ano. A terceirização não é feita porque o quadro é só
com funcionários da empresa. Por exemplo, nós ficamos um certo período defasado
em relação à funcionários no período de janeiro a fevereiro em que a empresa parou
as contratações devido à crise. Como tinha alguns em experiência que realmente
não tinham condição de continuar, tivemos que reprová-los. Outros também não
estavam satisfeitos e quiseram sair. Passamos por um período bem crítico em
relação ao atendimento ao cliente e aos caixas, quando clientes ficaram um
pouquinho de tempo a mais aguardando”.
E2
“Já tem um quadro fixo para o ano todo da diretoria, independente das
datas sazonais que tem um fluxo maior de cliente e que a venda é maior.
Infelizmente eles não contratam, a gente é que tem que fazer o nosso planejamento
dentro da loja para suprir o movimento. O que normalmente acontece é que nestas
datas comemorativas colocamos os funcionários para fazer duas horas a mais para
eles conseguirmos atender os clientes. De repente, você não tem todos os caixas
funcionando, então colocamos um intermediário que fica até um pouquinho mais
tarde pra atender a todos”.
“Como não existe possibilidade de contratar pessoal nestes meses, se
está no quadro uma quantidade x de funcionários não existe possibilidade de
aumento, mesmo sabendo que vai aumentar o fluxo de clientes, a diretoria não
56
disponibiliza mais funcionários e também não tem mais check outs para novos
funcionários. Nós agimos dentro da loja. E o que podemos fazer é colocar os
repositores para embalar as compras e para o abastecimento. Como não temos
embalador, só os repositores já embalando as compras agilizam bastante e o fluxo
de clientes passa mais rápido pelos caixas”.
O objetivo desta pergunta era de verificar se a loja pesquisada costuma
contratar funcionários temporários ou terceirizados para atender ao aumento da
demanda em meses de grande volume de venda. Assim, o fato de manter um
quadro fixo de funcionários o ano todo impossibilita o nivelamento em blocos
apresentado por Corrêa H. e Corrêa C. (2006), que consiste em realizar aumentos
gradativos na capacidade de acordo com um patamar equivalente a medida de um
período pré definido.
16. As lojas da rede emprestam funcionários em épocas de maior
movimento?
E1
“É muito difícil de acontecer isso porque o movimento aumenta em todas
as lojas da rede, inclusive nos concorrentes”.
E2
“Quando o quadro é insuficiente a gente pede algumas lojas funcionários.
Mas geralmente, como a maioria das lojas também tem esse aumento, isso acaba
não acontecendo, a menos que uma determinada loja tenha um funcionário
sobrando, o que é muito difícil de acontecer. Em lojas que, em algumas épocas, o
movimento é pequeno pode acontecer de emprestar funcionários à lojas com maior
movimento de clientes”.
O objetivo desta pergunta consistiu basicamente em identificar se existe
alguma prática de colaboração entre a lojas que compõe a rede de supermercados.
Deste modo, conforme o proposto por Julianelli (2006) com relação ao planejamento
colaborativo da demanda na qual o objetivo é minimizar os custos para os
envolvidos. Percebe-se que existe, ainda que em menor escala, a colaboração das
57
lojas que compõem a rede de supermercados, pois, as lojas, com a demanda
estável, podem, em momentos de demanda elevada em outras lojas, emprestar
funcionários de modo a elevar os lucros da empresa e garantir atendimento da
demanda.
17. Como são planejadas as férias dos operadores?
E1
“As férias acontecem sempre em meses de menor movimento”.
E2
“São planejadas de acordo com os meses. Procuramos sempre intercalar
os operadores com o CPD, por exemplo, com a tesouraria, com os assistentes, por
que são setores muito ligados entre si. A linha de frente é muito ligada ao CPD,
tesouraria e assistente de loja. Então, se eu tiro dois operadores para tirar férias e
um na tesouraria, fica muito desfalcado o setor. Igualmente, se eu tiro dois na linha
de frente e não tiro ninguém em outros setores, o meu da tesouraria pode cobrir
férias do linha de frente e do operador. Agora, se eu tirar de dois setores ou mais, há
defasagem. Então, procuramos sempre na hora de programar as férias não coincidir
linha de frente, tesouraria, assistente de loja e CPD. Procuramos sempre evitar e, se
coincidir, tentamos ser o mínimo possível”.
O objetivo desta pergunta era de analisar quais são os critérios que
norteiam as decisões sobre o planejamento das férias. Observou-se que as escalas
de férias são definidas com base nos meses em que a demanda é menor,
geralmente nos meses de férias. Além disso, as férias dos operadores de caixa são
geralmente definidas em meses diferentes dos demais funcionários da frente de
caixa como o CPD, a tesouraria e o assistente de linha de frente.
58
18. Qual é a frequência de chegada de clientes na fila?
E1
“Em um caixa normal são uns quatro clientes. Nos dez volumes ficam uns
doze clientes em cada caixa, mas o atendimento é mais rápido, está em torno de 3
ou 4 minutos por cliente, porque são compras pequenas de poucos itens”.
E2
“Em horário de pico, num intervalo de 10 minutos, chegam cerca de 6
clientes por caixa”.
O objetivo desta pergunta consistiu em identificar o tempo médio de
permanência de acordo com teoria de filas apresentadas por Maister apud Corrêa H.
e Corrêa C. (2006). Assim, foi identificado o número de chegadas de cliente em uma
fila em um intervalo de dez minutos que, neste caso, o E1 afirma que nos caixas
normais “são cerca de quatro” clientes. Nos caixas rápidos chegam “em torno de 3
ou 4” pessoas. O E2 afirma que “em horários de pico, num intervalo de 10 minutos,
chegam cerca de 6 clientes no caixa”. Analisando esta questão com a questão 2 é
possível realizar um paralelo com a taxa de atendimento, ou seja, o número de
clientes atendidos por unidade de tempo.
Análise e reflexão dos dados
Com relação à análise das entrevistas é possível concluir que o
Supermercado Alfa LTDA realiza a programação de turnos de trabalho considerando
os momentos de oscilações da demanda, o uso de horas extras e a concentração de
esforços nas áreas mais críticas que são destacados por Corrêa H. e Corrêa C.
(2006) como alternativa para alterar a capacidade no curto prazo.
A pesquisa evidenciou, com relação ao horizonte de tempo proposto por
Corrêa H. e Corrêa C. (2006) no Quadro 1, que os níveis de decisões sobre a
capacidade de atendimento dos caixas no Supermercado Alfa LTDA estão voltadas
principalmente para as decisões em que a inércia é pequena, pois se concentra na
59
alocação de pessoas entre setores e horas extras, com base nos dias da semana.
Percebeu-se, em menor escala, que as decisões envolvendo a programação de
turnos de trabalho, na qual a inércia é média, são medidas adotadas pela empresa
pesquisada para aumentar a sua capacidade. Além disso, estas questões estão
concentradas principalmente no nível operacional da empresa, poucas vezes estas
questões chegam até o nível tático.
Por outro lado notou-se que o Supermercado Alfa LTDA, por não utilizar o
método de antecipar-se à demanda, tem ganhos substanciais, pois a ociosidade da
capacidade é quase nula, uma vez que, os seus recursos não se encontram
superdimensionados, ou seja, não existe capacidade excedente. Entretanto, o
cuidado a ser tomado é com relação ao nível de serviço. Por isso, os funcionários
dos outros setores devem ser treinados e estar habilitados a executarem as tarefas
de embalar ou operar um caixa. Contudo foi visto que há um grande esforço por
parte dos gerentes da loja pesquisada na manutenção do nível de serviço, pois o
Supermercado Alfa LTDA utiliza a estratégia de perseguir a demanda,ainda que,
utilizando funcionários de outros setores.
Foi observado, a partir das análises das entrevistas, que não existe um
sistema de planejamento antecipado da demanda, pois a loja pesquisada baseia o
ajuste da sua capacidade em função da demanda do período, ou seja, o seu foco
está voltado principalmente para a solução imediata de um problema. Além disso,
por mais que sejam feitas previsões sobre a demanda, seria impossível atender toda
a demanda eficientemente, pois existe a limitação de capacidade de instalação de
mais caixas na loja pesquisada, ou seja, não existe possibilidade de aumentar a
quantidade de caixas na loja, visto que, isso implicaria em alterações estruturais com
maiores volumes de capital. Por isso, a medida que é adotada enfatiza
principalmente a solução de um problema no presente e não no futuro.
Contudo, cabe destacar que, a partir da avaliação sistemática dos dados,
pode se dizer que, apesar da impossibilidade de dimensionar a capacidade ideal
para atender a demanda, podem ser feitos pequenos ajustes graduais na
capacidade conforme a loja pesquisada faz. Com relação ao aumento da
capacidade, foi percebido que a loja pesquisada utiliza funcionários da frente de
caixa e algumas vezes funcionários de outros setores para agilizar no atendimento
60
aos clientes de modo a minimizar as filas e conseqüentemente a percepção de
espera por parte do cliente. Assim, é possível perceber que, quando os gerentes da
loja pesquisada utilizam estratégias de utilização de equipes multifuncionais,
conforme o proposto por Figueiredo (2004), ou seja, o uso de funcionários de outros
setores, eles estão voltados única e exclusivamente para os aspectos de curto prazo
que envolve, conforme Figueiredo (2004) e Corrêa H. e Corrêa C. (2006),
estratégias de perseguir a demanda. A utilização desta estratégia faz com que haja
eficiência na utilização de recursos, pois sempre que a demanda aumenta existe
capacidade suficiente para atendê-la. No entanto, a utilização de funcionários de
outros setores pode acarretar em gargalos em outras áreas da empresa. Assim, é
possível dizer que, até o ponto em que a utilização destes funcionários não cause
gargalo no processo, a utilização desta estratégia é recomendável. Assim, sempre
que a demanda aumenta e o fluxo de clientes aguardando o atendimento nos caixas
sobe, o Supermercado Alfa LTDA utiliza o método de acompanhamento da demanda
alterando a capacidade disponível.
Outro mecanismo observado nas entrevistas, a utilização de horas extras
é também uma estratégia que possibilita um aumento temporário de capacidade.
Portanto, a estratégia do Supermercado Alfa LTDA na utilização de horas extras
possibilita ganhos substanciais de capacidade de atendimento dos caixas. Por isso,
sempre que a demanda subir e as filas dos caixas estiverem cheias a adoção desta
medida torna-se apropriada, uma vez que, estas horas podem ser compensadas nos
dias em que a demanda for baixa. Observou-se também que a programação da
abertura de caixas em horários diferentes possibilita ao gerente maiores condições
de realizar revezamento dos funcionários. Além disso, possibilita melhor utilização
da sua capacidade, pois os recursos são alocados sempre com base na demanda.
Percebeu-se que o emprego de um sistema de código de barras é um
fator que contribui para a redução do tempo de atendimento dos clientes e aumento
da capacidade. Cabe destacar que os tempos médios identificados no
Supermercado Alfa LTDA são relativamente baixos principalmente devido ao uso
destas tecnologias.
Com relação ao sistema de filas, conforme o mencionado por Corrêa H. e
Corrêa C. (2006), verificou-se que a loja pesquisada apresenta um sistema de
61
estágio único na qual existe apenas uma estação de serviço atendendo aos clientes.
Observou-se também com relação a esta teoria, que os caixas são posicionados
paralelamente uns aos outros e os clientes decidem qual caixa o atenderá, ou seja,
é formada uma fila para cada caixa. Além disso, a loja pesquisada oferece quatro
caixas rápidos e um caixa dedicado a pessoas com necessidades especiais que
oferecem percepções diferentes dos clientes em relação à empresa, pois estes
foram definidos levando-se em conta as necessidades dos clientes. Igualmente, se
todos os caixas disponíveis da empresa fossem caixas destinados a compras
mensais ou compras de maiores volumes, os clientes que costumam comprar
poucos itens poderiam ficar insatisfeitos com o atendimento ou com o tempo de
espera e desistirem da compra. Por isso, a diferenciação dos caixas e a sua divisão
de acordo com as características do cliente e da compra são fatores que impactam
diretamente a percepção do consumidor, pois oferecem o maior nível de serviço.
Com relação à adoção de um sistema de previsão de demanda, a
pesquisa evidenciou que, apesar do conhecimento da demanda se fundamentar no
empirismo, não são necessários investimentos em softwares de previsão nem
tampouco desenvolver sistemas de previsão de demanda, conforme o proposto por
Aronzo (2009), Martins e Laugeni (2000), pois os gerentes, com base em
experiências de eventos passados, como Páscoa, Natal, etc., são capazes de
identificar, ainda que com pouca precisão, as oscilações da demanda. Contudo, os
gerentes do supermercado pesquisado utilizam a previsão de demanda baseada nas
horas do dia para definir a abertura dos caixas em turnos de trabalhos diferentes.
5. CONSIDERAÇÕES E CONCLUSÕES FINAIS
5.1. Resultados
Em relação aos objetivos propostos inicialmente, o trabalho apresenta as
seguintes conclusões.
O primeiro objetivo específico era levantar os aspectos teóricos sobre a
gestão da capacidade, gestão da demanda e sobre o gerenciamento de filas e
62
fluxos, este foi alcançado conforme o apresentado no capítulo 2. Pode se concluir
que o conhecimento de tais variáveis auxilia na definição de um modelo ideal de
ajuste entre a capacidade de atendimento dos caixas com a demanda, que muitas
vezes é sazonal. Além disso, devido à multiplicidade de decisões acerca da
capacidade é importante defini-las considerando o tempo que elas irão surtir efeito.
Nota-se também que o conhecimento destes fatores não é suficiente para
operacionalizar um modelo ideal de gestão da capacidade e da demanda. Assim, é
importante que se conheça os aspectos ligados à sazonalidade e à previsão de
demanda.
O segundo objetivo específico versou identificar as ações feitas pelo
Supermercado Alfa LTDA para administrar a sua capacidade e influenciar a
demanda de modo a evitar a formação de filas nos caixas, este foi alcançado
conforme o apresentado no capítulo 4. Esse objetivo enfatizou principalmente as
estratégias e as medidas adotadas para o atendimento pleno da demanda sem
excessos ou escassez. Assim sendo, o levantamento das ações feitas pelo
Supermercado Alfa LTDA demonstra que as suas ações estão baseadas nos
aspectos de curto prazo e que o foco no médio e longo prazo não são enfatizados
pela gerência da empresa porque tais decisões envolvem, na maioria das vezes,
altos investimentos no aumento da capacidade. Apesar do foco nas ações de curto
prazo, os mecanismos e os resultados verificados na análise dos dados demonstra
que suas estratégias estão bastante próximas das estratégias apresentadas pelos
principais estudiosos da área. Além disso, os resultados evidenciaram que com
relação à gestão da capacidade os mecanismos utilizados pelo Supermercado Alfa
LTDA são: programação de turnos de trabalho, utilização de hora extra e utilização
de equipes multifuncionais. Com relação à gestão da demanda, não foi observada a
utilização de nenhum mecanismo para influenciá-la de modo a fazer com ela seja
adaptada em relação as suas oscilações. Também com relação à previsão de
demanda, não é evidenciado o uso de nenhum mecanismo para a sua mensuração.
Com relação às estratégias de gestão de filas são utilizados o sistema de estágio
único, na qual os caixas atendem os clientes paralelamente, e o sistema de
diferenciação de atendimento, ou seja, compras com menores volumes e pessoas
portadoras de necessidades especiais.
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O terceiro objetivo específico consistiu em avaliar quais modelos seriam
mais apropriados para evitar o excesso de capacidade e a escassez de demanda e
manter o nível de serviço elevado, este foi alcançado ao passo que foram
levantados os aspectos teóricos sobre gestão de capacidade gestão da demanda,
previsão da demanda, gerenciamento de filas e sazonalidade e estes foram
confrontados com os resultados da analise dos dados. Assim, é possível concluir
que além das estratégias utilizadas pelo Supermercado Alfa LTDA recomenda-se
ainda: (i) aumento da capacidade via contratação de pelo menos dois embaladores,
sendo um no turno da manhã e outro no turno da tarde; (ii) investimento em
tecnologia com a disponibilização de equipamentos de áudio e vídeo na qual os
clientes que estiverem na fila possam se divertir enquanto esperam para serem
atendidos de modo que a espera pelo serviço atendimento dos caixas não seja um
aspecto negativo; (iii) investir em um sistema de compras via internet ou via celular
desenvolvendo promoções nos produtos divulgados no site durante os horários de
maior fluxo de clientes que, no caso da loja pesquisada, é de dezessete às vinte
horas.
O último objetivo específico buscou analisar a influência da sazonalidade
na capacidade de atendimento dos caixas no supermercado e este foi alcançado a
partir da análise dos resultados na qual remete que a sazonalidade implica em
aumento da demanda e muitas vezes esse aumento acontece em momentos
definidos. Por isso, se não for desenvolvido um planejamento eficiente da
capacidade considerando, sobretudo, a demanda e os aspectos que a influencia
como a Páscoa, o Natal, etc. Destarte, ficou evidente, a partir da análise dos dados,
que a sazonalidade afeta diretamente a capacidade de atendimento dos caixas.
Estes impactos fazem com que os gerentes do Supermercado Alfa LTDA retirem
funcionários de diversos setores para ajustar a capacidade de atendimento em
função de aumentos inesperados da demanda fazendo com que haja utilização
intensiva de empregado multifuncional. Além disso, faz com que a utilização de
horas extras cresça vertiginosamente. Cabe salientar que, a sazonalidade na loja
pesquisada acontece em horas, dias da semana e meses do ano. A pesquisa
evidenciou que os aspectos sazonais levam a empresa a movimentar recursos
constantemente para garantir atendimento da demanda.
64
5.2. Recomendações
Como sugestão para trabalhos futuros, tem-se a exploração de assuntos
que não estão no escopo desta pesquisa e que não foram abordados devido aos
seus limites, são eles:
• Estudo sobre a previsão de expansão da infraestrutura, quando o
ajuste da capacidade com a demanda não puder ser mais absorvido pelos
mecanismos utilizados atualmente pelo supermercado Alfa LTDA;
• Avaliação da qualidade e da velocidade de atendimento dos caixas sob
a perspectiva do cliente;
• Estudo sobre os impactos da utilização de funcionários de outros
setores na empresa como um todo;
• Estudo voltado principalmente para avaliação do tempo de espera dos
clientes na fila de um supermercado.
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REFERÊNCIAS
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APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA 1. Apresentação do trabalho ao entrevistado
− Objetivos do trabalho
− Motivos que levou a esta pesquisa
− Motivo da escolha da empresa
− Sigilo de informações
2. Informações sobre o entrevistado
− Qual é a sua idade?
− Qual é o seu grau de escolaridade?
− Qual é a sua experiencia profissional?
− Há quanto tempo trabalha na empresa?
3. Informações sobre a empresa
− Quantos caixas existem na loja?
− Quantos são específicos para compras até dez volumes?
− Quantos são exclusivos para pessoas portadoras de necessidades especiais?
− Qual é o tempo médio de atendimento nos caixas?
− Qual é o horário de atendimento ao publico?
− Na frente de caixa existem quantos turnos de trabalho?
− Existem quantos funcionários para operá-los?
− Quais são os horários de maior movimento?
− Quais são os dias de maior movimento?
− Quais são os meses de maior movimento?
− Existe algum funcionário de outro setor treinado para operar os caixas em
horários de maior movimento?
− Quando o movimento na loja aumenta e as filas são grandes o que é feito?
− O que é feito em meses que se espera um aumento do movimento?
− O que é feito quando a loja enche rapidamente e os caixas ficam cheios?
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− Os clientes que passam muito tempo na fila dos caixas costumam reclamar
no serviço de atendimento ao cliente?
− Os clientes geralmente demonstram satisfação ao serem atendidos nos
caixas?
− Na sua opinião o que pode ser feito para reduzir o tempo de espera de um
cliente na fila?
− Existe algum planejamento para a definição do número de caixas abertos em
um determinado dia? Se sim qual?
− Em dias de maior movimento este planejamento é feito da mesma forma ou é
feito de forma diferente? Se for diferente, qual é a forma de planejar nestes dias?
Porque nestes dias existe um planejamento diferente?
− Em épocas de maior movimento existe a contratação de funcionários
temporários ou terceirizados?
− Os funcionários fazem horas extras?
− Exite alguma forma de minizar o tamanho das filas nos momentos de pico?
− Existe alguma promoção que é feita nos horários de baixa demanda?
− Quanto a fila nos caixas é grande e não existem funcionários da linha de
caixa para operá-lo, são utilizados funcionários de outros setores?
− Exite alguma medida adotada quando há um aumento nas filas?
− Existe algum planejamento do número de caixas abertos? Como é feito? Com
base em quê?
− Qual é a frequência de chegada de clientes na fila?