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GESTÃO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL EM MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE I A LUZ DO CADSUAS/MDSA 2015: um estudo do Estado do Rio Grande do Norte Suzaneide Ferreira da Silva 1 Ádilla Jacionária Albano da Silva 2 Jéssica Ellen de Souza Silva 3 Karla Cristina da Silva Félix 4 Júlia Andrade da Silva 5 RESUMO A abordagem acerca da gestão da assistência social em 139 municípios de pequeno porte I, no RN, compreende um estudo dos dados contidos no Sistema de Informação da Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI), unidade responsável pela gestão da informação, monitoramento e avaliação do MDSA. A pesquisa documental revelou que esses entes federados possuem em sua estrutura o básico a gestão do SUAS, que os trabalhadores tem vínculos precarizados, que os serviços de convivência e fortalecimento de vinculo ocorrem em sua maioria nos CRAS e que as equipes de gestão não atende aos preceitos da NOB-SUAS RH. Palavras-chave: Gestão SUAS; Sistema de informação; Capacidade instalada. ABSTRACT The approach on the management of social assistance in 139 small municipalities I, in the RN, comprises a study of the data contained in the Information System of the Information Evaluation and Management Secretariat (SAGI), a unit responsible for information management, monitoring and Evaluation of the MDSA. The documentary research revealed that these federated entities have in their structure the basic management of SUAS, that workers have precarious links, that the services of coexistence and strengthening of the link occur mostly in CRAS and that the management teams do not meet the The precepts of NOB-HIS RH. Keywords: SUAS Management; Information system; Capacity installed 1 Docente da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN, Dra. em Ciências Sociais, líder do Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Políticas Públicas. Coordenadora do Projeto de Pesquisa: Gestão da rede socioassistencial, condições de trabalho e perfil das equipes de referencia nos município do Estado do Rio Grande do Norte capacitados no Programa CAPACITASUAS UERN 2014. E-mail. [email protected] 2 Discente do Curso de Serviço Social - Bolsista PIBIC UERN -EDITAL N° 008/2014- DP/PROPEG/UERN e membro do projeto de pesquisa. 3 Assistente social, colaboradora e membro do projeto de pesquisa 4 Discente do Curso de Serviço Social e membro do projeto de pesquisa 5 Discente do Curso de Serviço Social e membro do projeto de pesquisa

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GESTÃO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL EM MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE I A LUZ

DO CADSUAS/MDSA 2015: um estudo do Estado do Rio Grande do Norte

Suzaneide Ferreira da Silva1 Ádilla Jacionária Albano da Silva2

Jéssica Ellen de Souza Silva3 Karla Cristina da Silva Félix4

Júlia Andrade da Silva5

RESUMO A abordagem acerca da gestão da assistência social em 139 municípios de pequeno porte I, no RN, compreende um estudo dos dados contidos no Sistema de Informação da Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI), unidade responsável pela gestão da informação, monitoramento e avaliação do MDSA. A pesquisa documental revelou que esses entes federados possuem em sua estrutura o básico a gestão do SUAS, que os trabalhadores tem vínculos precarizados, que os serviços de convivência e fortalecimento de vinculo ocorrem em sua maioria nos CRAS e que as equipes de gestão não atende aos preceitos da NOB-SUAS RH.

Palavras-chave: Gestão SUAS; Sistema de informação; Capacidade instalada.

ABSTRACT The approach on the management of social assistance in 139 small municipalities I, in the RN, comprises a study of the data contained in the Information System of the Information Evaluation and Management Secretariat (SAGI), a unit responsible for information management, monitoring and Evaluation of the MDSA. The documentary research revealed that these federated entities have in their structure the basic management of SUAS, that workers have precarious links, that the services of coexistence and strengthening of the link occur mostly in CRAS and that the management teams do not meet the The precepts of NOB-HIS RH. Keywords: SUAS Management; Information system; Capacity installed

1 Docente da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN, Dra. em Ciências Sociais,

líder do Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Políticas Públicas. Coordenadora do Projeto de Pesquisa: Gestão da rede socioassistencial, condições de trabalho e perfil das equipes de referencia nos município do Estado do Rio Grande do Norte capacitados no Programa CAPACITASUAS UERN 2014. E-mail. [email protected] 2

Discente do Curso de Serviço Social - Bolsista PIBIC – UERN -EDITAL N° 008/2014-DP/PROPEG/UERN e membro do projeto de pesquisa. 3 Assistente social, colaboradora e membro do projeto de pesquisa

4 Discente do Curso de Serviço Social e membro do projeto de pesquisa

5 Discente do Curso de Serviço Social e membro do projeto de pesquisa

1 INTRODUÇÃO

Discutir a política de assistência social a partir do foco da gestão pública

municipal, nos municípios de pequeno porte I, compreende um momento impar, pois é fruto

de um processo investigativo realizado através do projeto de pesquisa “Gestão da rede

socioassistencial, condições de trabalho e perfil das equipes de referencia nos municípios

do Estado do Rio Grande do Norte capacitados no Programa CAPACITASUAS UERN

2014”1, ainda em andamento, haja vista ser uma pesquisa com previsão para dois anos.

Sendo assim, optamos por abordar neste o processo de gestão, a estrutura e o perfil dos

trabalhadores conforme as informações contidas no Sistema de Informação da Secretaria de

Avaliação e Gestão da Informação (SAGI), unidade responsável pela gestão da informação,

monitoramento e avaliação do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA).

Destacam-se nesse cenário, a Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS) e a

Secretaria Extraordinária de Superação da Extrema Pobreza (SESEP).

Atualmente o Presidente do Brasil, Michel Temer, ao assumir a presidência em

substituição a presidente Dilma Rousseff, em virtude do impeachment, em 2016, promove

reforma administrativa, extinguindo ou reagrupando ministérios, redesenhando o arranjo

institucional, dentre estes a integração do Ministério do Desenvolvimento Agrário ao

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome para formar o Ministério do

Desenvolvimento Social e Agrário, segundo a Lei nº. 13.341, de 29/09/216, inciso V, Diário

Oficial da União (DOU), nº. 189, de 30 de setembro de 2016. Muito embora tenham ocorrido

essas mudanças, optamos por trabalhar com os dados contidos no sistema em 2015, visto

que no ano seguinte seria um período de eleição municipal e, consequentemente, os dados

sofreriam mudanças, principalmente gestores e demais equipe de trabalhadores da

assistência social.

Os municípios pequenos ou de pequeno porte I para o SUAS, a partir de dados

do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), possuem número de até 20.000

habitantes, que devem possuir no mínimo um CRAS por até 2.500 famílias referenciadas,

onde cada CRAS deveria atender até 500 famílias ano, enquanto requisito básico de gestão,

conforme as áreas de vulnerabilidade social, no espaço urbano e rural, para gerenciar e

executar ações de proteção básica, no qual devem através deste equipamento desenvolver

ações socioassistenciais, prestando serviços e executando ações no âmbito da Proteção

Social Básica (NOB-SUAS, 2011; PNAS, 2005).

O Estado do Estado do Rio Grande do Norte é composto por 167 municípios,

destes 03 com 100.000 habitantes ou mais; 05 com população entre 50.001 a 100.000 hab.;

20 com número de habitantes entre 20.001 a 50.000 caracterizados como pequeno porte II;

139 são de pequeno porte I com população abaixo de 20.000 hab., sendo este último objeto

de estudo.

Metodologicamente adotamos a revisão de literatura e a pesquisa documental,

na qual compilamos os dados contidos no Sistema de Informação da Secretaria de

Avaliação e Gestão da Informação (SAGI), os quais retratam a situação atual destes entes

federados, acerca das Unidades Públicas da Rede de Proteção – CADSUAS; recursos

humanos conforme as informações do SUAS ambiente de gestão – MDSA – SUASVISOR –

Relatórios e informações para a gestão; estrutura do SUAS e Gestão SUAS com base no

Censo SUAS 2015. A partir desse processo analisamos as informações a partir de

agrupamentos, encontrando convergência e divergências que podem ser oriundas de

equívocos ou ausência de dados no sistema.

Nesse contexto, iniciamos as discussões a partir de algumas considerações

acerca da gestão da assistência social, conforme veremos a seguir.

2 GESTÃO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL EM MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE I NO RN

A assistência social compreende uma política não contributiva que vem ao longo

dos anos sendo alvo de interesse por parte de pesquisadores que buscam compreender sua

efetivação para além do aspecto conceitual. No caso estamos pautando nossas discussões

no campo da gestão, independente da relação conjunta entre o poder público e a inciativa

privada e da tentativa incessante em atender às necessidades básicas da população em

situação de vulnerabilidade e risco social.

O Sistema Único de Assistência Social – SUAS, enquanto instrumento de

consolidação da Política Nacional de Assistência Social – PNAS, tem consagrado os eixos

estruturantes para o pacto federativo entre os três entes federados. Todavia, limitamos as

nossas análises para o poder local ou o executivo municipal. Dentre os eixos estruturantes

de gestão do sistema, destacamos os eixos de informação, monitoramento, avaliação e

sistematização de resultados, por ser este vinculado ao objeto de estudo (NOB-SUAS-

2005).

Para entender a relevância e a complexidade desse eixo estruturante, adotamos

como ferramenta de investigação as pesquisas de avaliação, ferramentas informacionais e

painéis de monitoramento da Secretaria do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate

à Fome – SAGI, que subsidia os técnicos e gestores trabalhadores da assistência social

para a tomada de decisão e aperfeiçoamento de suas atividades. Esta secretaria está

organizada em quatro departamentos que trabalham de forma integrada: o Departamento de

Avaliação, o Departamento de Monitoramento, o Departamento de Gestão da Informação e

o Departamento de Formação e Disseminação, os quais gerenciam o sistema permitindo à

sociedade obter informações que o governo produz na gestão das políticas públicas, como

gastos públicos, contratos, pagamentos, quantidade e valor de benefícios, serviços e

resultados de suas ações, em conformidade a Lei de Acesso à Informação (Lei nº

12.527/2011) que obriga os órgãos públicos a atender pedidos de informação de qualquer

cidadão.

Portanto, por ser a SAGI que organiza o acervo de dados do MDS e cria

ferramentas informacionais para técnicos, gestores e cidadãos possam filtrá-los e analisá-

los, além de garantir a publicização ou a consulta pública. Para esta análise optamos pelo

uso da ferramenta Sistema de Cadastro do SUAS, instituído pela Portaria nº 430, de 3 de

dezembro de 2008. Além das informações obtidas no âmbito do Censo SUAS2 que “têm por

objetivo proporcionar subsídios para a construção e manutenção de indicadores de

monitoramento e avaliação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), bem como de

sua gestão integrada”, como preceitua o Decreto n. 7.334/2010, em seu art.1º, parágrafo

único. Comportando as informações cadastrais de prefeituras, órgãos gestores, fundos e

conselhos de assistência social, rede socioassistencial e, as informações dos trabalhadores

do SUAS em todo o território nacional.

No processo de levantamento de documentos importantes para a pesquisa, nos

delimitamos no CADSUAS e CENSO SUAS por ser relevante, por ser complexo, por ser

confiável e acessível. A partir de então adotamos como fonte o sistema, priorizando o ano

de 2015, visto que em 2016 os municípios passariam por eleição municipal, os municípios

iriam preencher um novo censo que só seria publicado no ano seguinte, bem como ocorreria

mudança nas equipes de gestores e trabalhadores da assistência social, que

consequentemente inviabilizaria a pesquisa.

O ente federado estadual foi o Estado do Rio Grande do Norte, que é composto

por 167 municípios. Todavia, delimitamos para os municípios de pequeno porte I, num total

de 139, com população abaixo de 20.000 habitantes estão estruturados, para uma melhor

compreensão em quatro subgrupos conforme número de habitantes, sendo estes: 49 até

5.0003; 47 de 5.001 a 10.0004; 37 de 10.001 a 15.0005 e 06 (seis) de 15.001 a 20.0006. A

partir desta classificação iniciamos o processo de sistematização de dados e análise,

iniciando com a abordagem acerca das unidades públicas da rede de proteção – Cadastro

Único e a estrutura do SUAS, em ordem decrescente conforme o seu número de habitantes.

Para uma melhor visualização elaboramos um quadro com base nos dados da

SAGI/ CADSUAS -2015. Acerca das Unidades públicas da rede de proteção, abordando a

partir de sua classificação o número de equipamentos sociais e estrutura necessários a

efetivação da política em nível de município. No entanto, não estamos abordando a

capacidade instalada do ente, mas como estes através de suas secretarias estão

cadastrando seus equipamentos e os serviços socioassistenciais ofertados aos munícipios.

Além de garantir a existência de mecanismos de compartilhamento, afim de articular a rede

interinstitucional, seja através de “(...) sistema de comunicação formal e contínuo entre

estruturas e órgãos para viabilizar iniciativas, recursos, lideranças e processos de

acompanhamento e controle, com as câmaras intersetoriais e os conselhos de controle

social articulados (...)” (BRASIL,Caderno SUAS,2013,p.42).

A política de assistência social tem suas especificidades, precisa fazer

interlocução com outras políticas sociais, construir agendas comuns, formular legislações

aplicáveis e articuladas as normativas nacional, além de definir funções dos equipamentos e

demais serviços que compõem a rede socioassistencial7, de forma que os fluxos ocorram

adequadamente e com fluidez, conforme a tipificação é o de que “a eficácia das normas

depende de decisões, operações de gestão e de controle social, inclusive de custos e

resultados”8 (CADERNO 2, CapacitaSUAS, 2013).

De acordo com os registros contidos no sistema de cadastro do SUAS 9 ,

percebemos que os municípios mantem em suas estruturas de gestão municipal (secretaria

ou órgão similar), além de órgãos governamentais tipo: Conselho Municipal, Fundo

Municipal de Assistência Social e nas prefeitura municipais. Nos 139 municípios com

população até 20.000, que comporta todas as informações relativas essas estruturas,

portanto, na gestão SUAS, se apresenta da seguinte forma:

I - GESTÃO SUAS – UNIDADE PÚBLICA DA REDE DE PROTEÇÃO E SUA ESTRUTURA – CADSUAS – 2015

CLASSIFICAÇÃO

ESTRUTURA SUAS UNIDADE PÚBLICA DA REDE DE PROTEÇÃO

– CADSUAS

INSTRUMENTO ARTICULADOR

E FISCALIZADOR

GE

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S Até 5.000

MU

NIC

ÍPIO

S 49 49 49 04 00 29 01 49

5.001 a 10.000 47 47 47 04 00 26 03 47

10.001 a 15.000 37 37 37 13 00 05 12 37

15.001 a 20.000 06 06 06 02 00 04 03 06

Total 139 139 139 23 00 61 21 139

Ainda em relação à gestão SUAS, os municípios mantêm em sua estrutura

órgãos, equipamentos e mecanismos fiscalizadores de controle social considerados

essenciais a gestão do SUAS, ou seja, o mínimo exigido para alguns municípios. No caso

das Unidades Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo - Exceto CRAS (USCFV)

e Unidade de Acolhimento estes não existem em todos os municípios, sejam destinadas a

pessoas idosas, crianças e adolescentes ou família.

A partir dessas informações começa um processo de detalhamento que tem

revelado algumas distorções quando comparadas as informações do CADSUAS e do

CENSO SUAS - 2015. Há nesse cenário, a preocupação com o desenho da rede

socioassistencial, por se constituir num conjunto integrado de ações de iniciativa pública e

da sociedade, que ofertam e operam benefícios, serviços, programas e projetos, o que

supõe a articulação entre todas estas unidades de provisão de proteção social, sob a

hierarquia de básica e especial e ainda por níveis de complexidade (PNAS, 2005/NOB-

SUAS,2005).

É no campo dos serviços de convivência e fortalecimento de vínculos ofertado

no CRAS ou em centros de convivência que se encontra as maiores fragilidades, assim

como no de acolhimento. Os usuários podem chegar ao CRAS por demanda espontânea,

busca ativa, encaminhamento da rede socioassistencial ou encaminhamento das demais

políticas públicas. De acordo com a LOAS, artigo 15, que trata das competências dos

municípios, inciso III – executar os projetos de enfrentamento da pobreza, incluindo a

parceria com organizações da sociedade civil; (...); V – prestar os serviços assistenciais de

que trata o art. 23 desta lei; VI – cofinanciar o aprimoramento da gestão, os serviços, os

programas e os projetos de assistência social em âmbito local; VII – realizar o

monitoramento e a avaliação da política de assistência social em seu âmbito (LOAS, 2016,

p. 11).

A partir desses dados compreendemos que há um número reduzido de unidades

de serviços de convivência e de acolhimento, entendendo que a capacidade instalada ainda

está aquém, principalmente na segunda categoria, haja vista que o CRAS pode desenvolver

esse tipo de serviço. Todavia, temos a confirmação de que o espaço de efetivação da

assistência limita-se aos órgãos da estrutura governamental, o que ainda é insuficiente para

que possamos entender como se encontram os trabalhadores nesse cenário.

Assim sendo, conforme quadro abaixo percebe-se que a gestão SUAS

apresenta a seguinte constituição.

II- GESTÃO SUAS – ESTRUTURA SUAS EXCETO CRAS POR MUNICÍPIO – CADSUAS - 2015

CLASSIFICAÇÃO

ESTRUTURA SUAS EXCETO CRAS

DE

MU

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S Até 5.000

MU

NIC

ÍPIO

S 49 22 27 29 01 48 01

5.001 a 10.000 47 19 28 26 02 45 03

10.001 a 15.000 37 20 17 37 05 32 05

15.001 a 20.000 06 05 01 10 00 06 00

.

Outro aspecto a ser considerado é a articulação destes equipamentos é o

registro de trabalhadores da assistência social. No geral temos um total de 1.792

trabalhadores, sendo 289 do sexo masculino e 1.503 do sexo feminino. Existe ainda um

processo de predominância de mulheres.

Para um melhor entendimento sistematizamos o quadro abaixo.

III- GESTÃO SUAS – TRABALHADORES DA ASSISTENCIA SOCIAL – CADSUAS - 2015

CARACTERIZAÇÃO/ habitantes

MUNICÍPIO Nº DE

PROFISSIONAIS

SEXO

MASCULINO FEMININO

Até 5.000 49 521 81 440

5001 a 10.000 47 570 89 481

10.001 A 15.OOO 37 562 92 470

15.001 A 20.000 06 139 27 112

Total 139 1.792 289 1.503

A partir desses dados elaboramos um quadro mais complexo em que

percebemos em alguns municípios apresentam duplicidade de registro de profissionais em

mais de um equipamento, que há profissionais de ensino médio assumindo a coordenação

dos equipamentos ou da secretaria, que há equipamentos de proteção básica e de proteção

especial, que não aparece vinculado a um equipamento em específico ou está cadastrado

em dois equipamentos ao mesmo tempo, com funções diferentes. Tal assertiva remete a

outra discussão que é a ausência de equipes de referências completas, assim como está

servindo para mascarar a ausência de trabalhadores do tipo educador social e de apoio

técnico.

IV- GESTÃO SUAS – TRABALHADORES DA ASSISTENCIA SOCIAL –

CADSUAS - 2015

CARACTERIZAÇÃO/ habitantes N

º D

E

PR

OF

ISS

ION

AIS

PROFISSÃO

AS

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RIO

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OR

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O

Até 5.000 521 102 59 75 134 33 118

5001 a 10.000 570 124 59 82 128 37 140

10.001 A 15.OOO 562 117 58 83 131 35 138

15.001 A 20.000 139 15 6 7 47 14 50

Total 1.792 358 182 247 440 119 446

Os dados acima descritos possibilitam entender que temos 139 CRAS, porém

temos 358 assistentes sociais, embora este não seja uma divisão equânime entre os

equipamentos, assim como é a mesma lógica para os demais profissionais, ou seja, 182

pedagogos; 247 psicólogos e 440 trabalhadores de ensino superior. Ao compararmos esses

mesmos números com as funções e com a precarização do vinculo empregatício, resultando

na visibilidade da precarização dos vínculos e das condições de trabalho, visto que as

funções não estão de acordo com a NOB-SUAS RH, os contratos são temporários, portanto,

atualmente deve haver em média uma mudança de mais de 70% dos trabalhadores.

As equipes de acordo com a NOB-SUAS RH dependem do nível de proteção

social, do tipo de serviço (básica ou especial, de média ou alta complexidade). No caso

desta particularidade, municípios de pequeno porte I, o CRAS com número de Até 2.500

famílias referenciadas, deverá ter dois técnicos de nível superior, sendo um profissional

assistente social e outro preferencialmente psicólogo. Além de dois técnicos de nível médio.

A Resolução no 17/2011, do Conselho Nacional de Assistência Social, ampliou o elenco das

categorias profissionais que podem compor a equipe de referência dos serviços de proteção

social básica, assim como reconheceu as categorias de profissionais de nível superior para

atender as funções de gestão do SUAS, o que abre possibilidades de adequação no campo

da gestão a outros profissionais, dos quais destacam-se: Gestão do Sistema Municipal de

Assistência Social, Coordenação da Proteção Social Básica, Coordenação da Proteção

Social Especial, Planejamento e Orçamento, Gerenciamento do Fundo Municipal de

Assistência Social, Gerenciamento dos Sistemas de Informação, Monitoramento e Controle

da Execução dos Serviços, Programas, Projetos e Benefícios, Monitoramento e Controle da

Rede Socioassistencial, Gestão do Trabalho, Apoio às Instâncias de deliberação

(FERREIRA, 2011, P. 20).

V- GESTÃO SUAS – TRABALHADORES DA ASSISTENCIA SOCIAL POR

CARGO E VÍNCULO– CADSUAS - 2015

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Até 5.000 49 521 164 64 61 101 24 62 45 91 224 120 36 50

5001 a 10.000 47 570 192 68 53 105 57 59 36 173 259 88 15 35

10.001 A 15.OOO

37 562 194 58 55 128 40 49 38 89 314 88 65 6

15.001 A 20.000

06 139 19 11 8 45 0 27 29 21 67 21 0 30

Total 139 1.792 569 201 177 379 121 197 148 374 864 317 116 121

Sem dúvidas, muitas são as reflexões que podem gerar a partir do sistema de

informação, por isso, compreendemos que este é apenas um viés para a análise a partir de

um sistema que embora de grande relevância, ainda apresenta falhas em virtude dos

equívocos de preenchimento por parte do profissional responsável pela inserção de dados,

sendo esta uma hipótese, visto que pode ser também fruto da ausência de relatórios ou

informações imprecisas, fato este sem comprovação em virtude das limitações do uso da

metodologia adotada.

3 CONCLUSÃO

Em resultado deste estudo, compreendemos o quanto o Sistema de Informação

da Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI), é uma ferramenta eficaz,

eficiente e efetiva no qual ela se propõe. Por outro lado, a gestão SUAS, a partir da

realidade dos 139 municípios de pequeno porte I no RN, percebemos a importância da

capacitação do técnico que alimenta o sistema. A unidade responsável pela gestão da

informação, monitoramento e avaliação da secretaria municipal de assistência social, além

de está em consonância com as diretrizes do MDSA, requer atenção e compromisso

profissional e ético de quem insere esses dados.

A pesquisa documental revelou que possuem uma capacidade institucional

fragilizada, tem em sua estrutura o mínimo exigido pelo MDAS para a gestão do SUAS,

entretanto, os trabalhadores tem vínculos precarizados, ocasionando uma constante

rotatividade de profissionais, consequência da ausência de concurso e programas de

permanência dos trabalhadores, reiniciando o processo de proximidade a realidade posta

pelos usuários da assistências social, adequando demandas e ao mesmo tempo, ofertando

serviços sem a devida qualidade, visto que os serviços de convivência e fortalecimento de

vinculo ocorrem em sua maioria nos CRAS, tendo poucas unidades de convivência e de

acolhimento.

A população, portanto, fica sem muitas opções para a garantia desse tipo de

serviço, por outro lado, as equipes não atendem aos preceitos da NOB-SUAS RH, em

relação à questão gestão, limitando-se a garantir o mínimo de profissionais de referência

para os CRAS e CREAS, ficando a gestão sem o devido cuidado, pois a gestão do sistema

municipal de assistência social, as práticas político-administrativas de planejamento e

orçamento, gerenciamento do fundo municipal de assistência social, gerenciamento dos

sistemas de informação, monitoramento e controle da execução dos serviços, programas,

projetos e benefícios, monitoramento e controle da rede socioassistencial, gestão do

trabalho ficam a mercê do gestor local, podendo ou não ser efetivados, salvo o apoio às

instâncias de deliberação, os cargos de coordenação da Proteção Social Básica,

Coordenação da Proteção Social Especial.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei orgânica da Assistência Social (LOAS). 3. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2016.

_______. CapacitaSuas. SUAS: Configurando os Eixos de Mudança / Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Instituto de Estudos Especiais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Brasília: MDS, 2008.

_______. CapacitaSuas. Desafios da Gestão do SUAS nos Municípios e Estados / Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Instituto de Estudos Especiais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 1 ed. Brasília: MDS, 2008, 120 p

_______. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Registro de Atendimentos CRAS, CREAS e Centro POP. Brasília. Disponível em:

http://www.mds.gov.br/falemds/perguntas-frequentes/assistencia-social/vigilancia-social/vigilancia-de-riscos-e-vulnerabilidades/registro-de-atendimentos-cras-e-creas>. Acesso em: 10 jul. 2015.

_______. Portaria Nº- 430, de 3 de Dezembro de 2008. Brasília, 2008.

_______. Portaria CNAS nº 15, de 17 de dezembro de 2010. Brasília, 2010, 11 p.

_______. Resolução CIT n° 20, de 13 de dezembro de 2013. Brasília, 2013, 07 p.

_______. Resolução CNAS n° 33, de 12 de dezembro de 2012. Brasília, 2013, 41 p.

_______. Resolução CNAS n° 145, de 15 de outubro de 2004. Brasília, 2004, 67p.

_______. Resolução CNAS nº 130, de 15 de julho de 2005. , que aprovou a NOBSUAS 2005 foi revogada pela Resolução CNAS nº33/2012 que aprova a NOB/SUAS 2012 em 03 de janeiro de 2013.

_______. Resolução nº 269, de 13 de dezembro de 2006. Brasília, 2006.

FERREIRA, Stela da Silva. NOB-RH Anotada e Comentada. Brasília, DF: MDS, 2011. 144 p.

PIMENTEL, Alessandra. O método da análise documental: seu uso numa pesquisa historiográfica. Cadernos de Pesquisa, n. 114, p. 170-195/ 2001.

SÁ-SILVA, Jackson Ronie; ALMEIDA, Cristóvão Domingos; GUINDANI, de Joel Felipe. Pesquisa documental: pistas teóricas e metodológicas. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais. Ano I - Número I - Julho de 2009.

1 Vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Políticas Públicas, linha de pesquisa, área de

concentração do mestrado Serviço Social e Direitos Sociais, Linha de pesquisa do mestrado - Serviço Social, questão social e políticas públicas, da FASSO/UERN.

2 O Censo SUAS de 2011 é composto por oito questionários: Questionário Centro de Referência de

Assistência Social (CRAS): identificação, estrutura física, caracterização dos serviços ofertados, gestão do território, articulação e recursos humanos; Questionário do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS): identificação, estrutura física, caracterização dos serviços ofertados, gestão, articulação e recursos humanos; Questionário Conselhos Estadual e Municipal de Assistência Social e Conselho de Assistência Social do Distrito federal (CAS/DF): identificação; lei de criação, regimento interno e legislações; orçamento e infraestrutura; secretaria executiva; dinâmica de funcionamento; com posição do conselho e conselheiros; Questionário da Gestão Estadual: identificação; estrutura administrativa; gestão SUAS; regionalização; serviços socioassistenciais; benefícios socioassistenciais; gestão financeira; gestão do trabalho; apoio técnico e financeiro aos municípios; monitoramento, avaliação e vigilância social; apoio ao exercício da participação e do controle social; Questionário da Gestão Municipal: identificação; estrutura administrativa; gestão SUAS; gestão financeira; gestão do trabalho; gestão de serviços, programas e projetos; gestão de benefícios; ações de inclusão produtiva; Questionário da Rede Socioassistencial Privada: identificação, caracterização; funcionamento; caracterização dos serviços/atividades ofertados pela entidade, público alvo/situações atendidas; recursos humanos e financiamento da entidade e parcerias com órgãos públicos; Questionário Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centros POP): identificação; estrutura física, serviços ofertados; gestão; articulação e recursos humanos.

3 Coronel João Pessoa, Ouro Branco, Almino Afonso, Serrinha dos Pintos, Lajes Pintadas, São José

do Seridó, Messias Targino, Rodolfo Fernandes, Senador Georgino Avelino, São Bento do Trairi, Olho-d'Água do Borges, Riacho de Santana, Paraná, São Francisco do Oeste, Frutuoso Gomes, Venha-Ver, Barcelona, Tibau, Lucrécia, Major Sales, Jundiá, Paraú, Pilões, Ruy Barbosa, Caiçara do Rio do Vento, São Fernando, Riacho da Cruz, Severiano Melo, Pedra Grande, Triunfo Potiguar, Água Nova, Rafael Godeiro, Vila Flor, Passagem, Fernando Pedroza, Francisco Dantas, São Bento do

Norte, Lagoa de Velhos, João Dias, Santana do Seridó, Jardim de Angicos, Galinhos, Pedra Preta, Taboleiro Grande, Timbaúba dos Batistas, Bodó, Ipueira, Monte das Gameleiras, Viçosa.

4 Boa Saúde (Januário Cicco), Serra Caiada (Presidente Juscelino), Campo Grande (Augusto

Severo), São Miguel do Gostoso, Pureza, Florânia, Baía Formosa, Jaçanã, Martins, Marcelino Vieira, São Rafael, Lagoa Salgada, Cruzeta, Serra Negra do Norte, Carnaúba dos Dantas, Riachuelo, Portalegre, Lagoa de Pedras, Itajá, Antônio Martins, Doutor Severiano, Pedro Avelino, Jandaíra, Lagoa d'Anta, Porto do Mangue, Caiçara do Norte, Serrinha, São Vicente, São João do Sabugi, São Pedro, Senador Elói de Souza, Equador, José da Penha, Felipe Guerra, Itaú, Serra de São Bento, Tenente Laurentino Cruz, Encanto, Coronel Ezequiel, Várzea, Bento Fernandes, Sítio Novo, Santa Maria, Janduís, Japi, Parazinho, Rafael Fernandes.

5 Guamaré, Pendências, Pedro Velho, Jardim de Piranhas, Upanema, Arês, Alto do Rodrigues,

Alexandria, Tibau do Sul, Ielmo Marinho, Santana do Matos, Governador Dix-Sept Rosado, São José do Campestre, Passa-e-Fica, Patu, Brejinho, Jardim do Seridó, Taipu, Vera Cruz, Maxaranguape, Angicos, Serra do Mel, Montanhas, Acari, Cerro Corá, Lajes, São Tomé, Afonso Bezerra, Campo Redondo, Rio do Fogo, Umarizal, Tenente Ananias, Espírito Santo, Carnaubais, Grossos, Bom Jesus, Luís Gomes,).

6 Jucurutu, São Paulo do Potengi, Tangará, Lagoa Nova, Ipanguaçu e Poço Branco .

7 Rede Socioassistencial: Cras: Centro de Referência de Assistência Social, Creas: Centro de

Referência Especializado de Assis. Social, Creas Regional, Centro POP: Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua, Unidade de Acolhimento: Abrigos, Casa-lares, Casas de passagem, entre outros, Centro de Convivência, Centro-Dia e Similares.

8BRASIL. Conselho Nacional de Assistência Social. Tipificação Nacional de Serviços

Socioassistenciais (Resolução nº 109, de 11 de novembro de 2009). Brasília, MDS: 2009

9 O CADSUAS compreende o Cadastro referente a rede socioassistencial (CRAS, CREAS e Unidade

de Acolhimento); Cadastro dos órgãos governamentais e Cadastro de trabalhadores do SUAS – referente aos recursos humanos do SUAS. Instrução Operacional e a Portaria nº 430, de 03 de dezembro de 2008 estão disponíveis no site do MDS: http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/redesuas/cadsuas.

10 Gestão municipal (secretaria ou órgão similar) - Órgãos Governamentais: Conselho: Conselho

Municipal, Estadual e DF de Assistência Social e CAS/DF, Fundo: Fundo Municipal, Estadual e DF de Assistência Social, Governo Estadual: Governos Estaduais e DF, Prefeitura: Prefeituras Municipais, Órgão Gestor: Secretaria Municipal, Estadual e DF de Assistência Social, Outras: Cadastro de outros entes como Autarquias, Câmaras e Assembleias.

11 Unidade Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo - Exceto CRAS (USCFV).