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GESTÃO AMBIENTAL: UMA ANÁLISE DOS BENEFÍCIOS
SOCIAIS E AMBIENTAIS GERADOS À EMPRESA- UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA GAMA S.A. DE
TANGARÁ DA SERRA - MT
Área temática: Gestão Ambiental e Sustentabilidade
NUBBIA OLIVEIRA
THIAGO MALDONADO
ANA PAULA CRUZ
ANDREIA NASCIMENTO
Resumo: Esta pesquisa teve como objetivo geral analisar os benefícios no âmbito social e ambiental que uma
empresa industrial no ramo alimentício pode adquirir ao ser certificada com as normas ambientais ISO (International
Organization for Stardar-dization). Dentre os objetivos específicos buscou identificar os ganhos e dificuldades
encontradas na indústria frigorífica denominada com nome fictício Gama S.A de Tangará da Serra - MT em obter
melhorias com um Sistema de Gestão Integrado (SGI), e as ações ambientais e sociais praticadas pela mesma. Este
estudo justifica-se em demostrar as empresas do ramo que ao obter as certificações ambientais pode aumentar a
competitividade, e o investimento em sustentabilidade pode reduzir custos e gerar bons resultados. A metodologia
aplicada no estudo foi o método descritivo com abordagem qualitativa; os procedimentos técnicos adotados foram
pesquisa bibliográfica e estudo de caso. Para à coleta dos dados foi utilizada a técnica de observação in loco no
âmbito da empresa e aplicado um questionário com perguntas objetivas e descritivas aos dois coordenadores do SGI,
responsáveis pelo setor ambiental. O resultado obtido foi satisfatório quanto ao problema proposto, à empresa tem
investido com êxito em sua Gestão Ambiental e com isso tem alcançado bons resultados ambientais, social e mesmo
econômico.
Palavras-chaves:
ISSN 1984-9354
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
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1. INTRODUÇÃO
Com a crescente globalização das culturas econômicas, as entidades empresariais passaram a
priorizar o desenvolvimento sustentável, visto como um meio de ampliar sua participação no mercado
de ações. O que antes era considerado como apenas um diferencial de competividade passou a ser um
pré-requisito para o sucesso e sobrevivência das organizações.
As questões ambientais passaram a serem discutidas com mais intensidade no meio empresarial
a partir da década de 90 com o surgimento de movimentos ambientalistas. Diante as mudanças no
cenário econômico mundial e as exigências impostas pelo governo, investidores e principalmente pelos
consumidores, as empresas buscam através da implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA)
e da obtenção das certificações, como a ISO 14000, se tornarem sustentáveis incorporando à sua
política corporativa práticas ambientais (BEN, 2005; FERREIRA, 2006).
De acordo com Alberton e Costa Junior (2007) as certificações ambientais podem ser
consideradas como uma estratégica que as organizações empresariais utilizam para demonstrar um
desempenho socioambiental capaz de atender à legislação vigente, prevenir impactos ao meio
ambiente, fortalecer a imagem institucional junto à comunidade, reduzir custos referentes aos riscos de
multas e penalidades, e consequentemente, aumentar sua competitividade nos mercados internos e
externos. Porém é importante que as empresas estejam atentas quanto à implantação desse sistema de
gestão, o qual pode ocasionar não só benefícios, mas também custos e despesas elevados quando não
gerenciado com eficácia.
Para que haja um controle desses custos e despesas surge nesse contexto à contabilidade
ambiental, que fornece métodos e relatórios auxiliares no controle do patrimônio ambiental. Esses
relatórios são úteis para que o gestor possa visualizar os riscos e tomar decisões eficientes. A
contabilidade além de retratar a real situação financeiro-econômica da entidade, contribui para
evidenciar os eventos que ocorrem relacionados à empresa e o meio ambiente. A integração entre essas
duas áreas para a obtenção do desenvolvimento sustentável é ainda um fator crítico muito discutido
nas organizações (BEN, 2005).
Baseado em tais considerações, o trabalho tem como objetivo geral analisar os benefícios
sociais e ambientais gerados a empresa do setor frigorífico denominada Gama S.A de Tangará da
Serra/MT ao obter certificações ambientais, para isso pretende-se identificar as práticas ambientais e
sociais realizadas pela empresa e os ganhos e dificuldades encontrada pela mesma em obter melhorias
com um Sistema de Gestão Integrado (SGI). E justifica-se em apresentar as empresas do ramo que ao
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obter as certificações ambientais podem aumentar a competitividade, e o investimento em
sustentabilidade pode reduzir custos e gerar bons resultados.
Tais resultados beneficiam a sociedade, pois além de contribuir com a qualidade do meio
ambiente, as empresas melhoram seus produtos tornando-os sustentáveis. Para a classe contábil é
relevante, pois a crescente utilização da contabilidade ambiental no meio empresarial contribui para o
aperfeiçoamento dos contadores, os quais são solicitados para auxiliar as empresas no planejamento
sustentável e colaboram com informações para que essas entidades possam ser rentáveis sem
prejudicar a natureza e a sociedade (SANTOS et al., 2012).
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Responsabilidades Social e Ambiental na Empresa
O desenvolvimento do sistema capitalista associado ao advento da revolução industrial
contribuiu para o aceleramento dos desequilíbrios ambientais vividos atualmente, através do mau
gerenciamento dos recursos naturais, além de poluição dos rios, desmatamento e contaminação do ar.
Embora a preocupação com o meio ambiente seja decorrente de outras décadas, só ganhou repercussão
a partir do século XX. A primeira Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente foi realizado em
Estocolmo em 1972, o que significou o primeiro passo na conscientização das organizações sobre os
problemas ecológicos (FERREIRA, 2006).
Segundo Dalmoro, Venturini e Pereira (2008), com a criação da Comissão Mundial sobre o
meio ambiente e desenvolvimento (CMMAD), em 1983 pela Organização das Nações Unidas (ONU)
rapidamente a ideia de preservar o meio ambiente foi difundida, principalmente após a formulação do
Relatório Nosso Futuro Comum, um documento responsável pelas primeiras conceituações oficiais,
formais e sistematizadas sobre o Desenvolvimento Sustentável.
Tinoco e Kraemer (2004) conceituam Desenvolvimento Sustentável como a utilização dos
recursos naturais de necessidade atual para permitir boa qualidade de vida, porém sem
comprometermos a utilização desses recursos pelas gerações futuras. Para Valentim, Coelho e Soares
(2005), o desenvolvimento econômico está diretamente ligado ao meio ambiente, pois só é inteligente
a utilização dos bens naturais para a obtenção do desenvolvimento quando esses são geridos com
responsabilidade.
Na busca pelo desenvolvimento sustentável Braga (2010) descreve três critérios fundamentais
da responsabilidade social e ambiental que devem ser obedecidos, sendo eles:
Quadro 1: Pilares da responsabilidade social e ambiental Capital Social: emprego e renda para gerar cidadania por meio de uma cadeia produtiva, agregativa e includente
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que permite o crescimento econômico local.
Retorno econômico: que beneficie todos os stakeholders, principalmente investimentos em ciência e tecnologia
que permita produzir mais com menor quantidade de matéria-prima que reduza a quantidade de resíduos.
Respeito ao meio ambiente: gestão ambiental na entidade a impedir o maior número possível de impactos
negativos para a sociedade e o meio ambiente.
Fonte: Santos et al. (2012).
Santos et al. (2012) afirma que esses três critérios são pontos norteadores para o início de uma
empresa que tenha consciência socioambiental passando a visualizar isso como investimento e não
como um gasto, sendo assim, a organização terá condições de desenvolver uma boa gestão ambiental e
consequentemente obterá retornos para si e para a sociedade como um todo.
A forte degradação ambiental e as exigências dos consumidores por produtos de qualidade
feitos com tecnologias limpas e ecologicamente corretas levaram as empresas a desenvolver medidas
em torno do desenvolvimento industrial sustentável e agregar em sua política objetivos referentes à
responsabilidade social e ambiental. Neste contexto, Valentim, Coelho e Soares (2005) defendem a
ideia que as questões ambientais deveriam ser incorporadas como variáveis que influenciam a tomada
de decisão, o que auxiliaria as empresas a manter uma postura responsável perante a sociedade. Como
efeitos de seus esforços empresas experientes identificam resultados econômicos e estratégicos que
derivam do investimento na área ambiental, todavia é importante ressaltar que esses resultados são
visíveis em longo prazo até a organização atingir o conceito de excelência ambiental e trazendo com
isso a vantagem competitiva.
Conforme afirmam Tinoco e Kraemer (2004) a responsabilidade social abrange o bem estar da
população em geral e os elementos que proporcionam este bem está relacionado com a manutenção de
condições saudáveis de trabalho, treinamento e lazer para os funcionários, contenção ou eliminação
dos níveis de resíduos tóxicos, entre outros fatores. Tanto a responsabilidade social quanto da
responsabilidade ambiental demorou de serem reconhecidos pelas empresas devido alguns fatores
como: Altos custos, inexistência de legislação ambiental ou rigor nas já existentes, os movimentos não
eram fortes e coesos e os consumidores não exigiam produtos ecologicamente corretos (MARTINS;
RIBEIRO, 1995apud TINOCO; KRAEMER, 2004).
2.2 Gestão Ambiental
As empresas devem estar cientes que a Gestão Ambiental é o fator determinante para sua
continuidade e sobrevivência (SILVA, 2003). O conceito de Gestão Ambiental pode ser definido
segundo Tinoco e Kraemer (2004) como o sistema que inclui a estrutura organizacional, atividades de
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planejamento, responsabilidades, praticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver,
implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental. Com isso a empresa pode
minimizar ou eliminar os efeitos negativos provocados ao meio ambiente por suas atividades.
O principal objetivo da Gestão Ambiental deve ser de proporcionar a entidade benefícios que
superem, anulem ou minimize os custos das degradações causados pelas demais atividades da empresa
e pelas áreas produtivas. Os benefícios são percebidos pela sociedade de modo geral, enquanto para a
empresa esses efeitos se materializam através da economia nos custos de degradação e o resultado
obtido pela confrontação desses custos com as economias obtidas são consideradas de receitas do meio
ambiente (FERREIRA, 2006).
North (1992, apud TINOCO e KRAEMER, 2004) evidencia os benefícios obtidos através da
implantação de uma gestão ambiental eficiente, conforme quadro abaixo:
Quadro 2: Benefícios da Gestão Ambiental Benefícios econômicos:
Economia de custos
1. Redução de consumo de agua, energia e outros insumos;
2. Reciclagem, venda e aproveitamento de resíduos e diminuição de efluentes;
3. Redução de multas e penalidades por poluição.
Incremento de receita
1. Aumento de contribuição marginal de “produtos verdes”, que podem ser vendidos a preços mais altos;
2. Aumento de participação no mercado, devido à inovação dos produtos e a menor concorrência;
3. Linhas de novos produtos para novos mercados;
4. Aumento da demanda por produtos que contribuam para a diminuição da poluição;
Benefícios estratégicos:
1. Melhoria da imagem institucional;
2. Renovação da carteira de produtos;
3. Aumento da produtividade;
4. Alto comprometimento do pessoal;
5. Melhorias nas relações de trabalho;
6. Melhoria da criatividade para novos desafios;
7. Melhoria das relações com os órgãos governamentais, comunidade e grupos ambientalistas;
8. Acesso assegurado ao mercado externo;
9. Melhor adequação aos padrões ambientais;
Fonte: North (1992) apud Tinoco e Kraemer (2004)
Uma maneira usual de iniciar uma gestão eficiente voltada para o meio ambiente tem sido a
implantação de Sistema de Gestão Ambiental (SGA) com vistas à certificação segundo as normas
internacionais ISO 14000, especialmente a ISO 14001 (FARIA, 2000).
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Um SGA se constitui de um conjunto de procedimentos sistematizados que são desenvolvidos
para que as questões ambientais sejam integradas à administração global de um empreendimento,
propiciando melhores resultados a empresa (BRAGA, 2005 apud SANTOS JUNIOR; OSLAVE,
2014). Savi (2008) corrobora ao afirmar que empresas que possuem SGAs tendem a apresentar maiores
chances de conquistar mercados onde as questões ambientais são relevantes.
2.3 Certificações ISO (International Organization For Stardar-Dization)
A norma ISO 14000 é definida como uma série de normas e diretrizes que certifica se a empresa
possui um sistema de gestão ambiental, o qual contempla os procedimentos de controle ambiental, seu
registro e divulgação aos órgãos de controle ambiental, ao mercado e à sociedade. Serra (2008) classifica a
norma ISO 14000 como uma família a qual possui subdivisões, sendo um grupo de normas representado
por normas passíveis de avaliação em conformidade com as especificações para implantação e princípios
gerais conforme quadro abaixo:
Quadro 3: Quadro de normas passíveis de avaliação de conformidade Ambiental SIGLA TÍTULO
ISO 14001
Sistema de Gestão Ambiental (SGA) - Especificações para
Implantação e Guia
ISO 14040 Análise do Ciclo de Vida - Princípios Gerais
Fonte: Adaptado de Serra (2008)
E outro grupo formado por normas auxiliares representado pelos subgrupos de normas:
Diretrizes gerais e auditoria, Rotulagem ambiental, Avaliação de performance ambiental e ciclo de
vida:
Quadro 4: Normas auxiliares SIGLA TÍTULO
ISO 14004 Sistema de Gestão Ambiental (SGA) - Diretrizes Gerais
ISO 14010 Guias para Auditoria Ambiental - Diretrizes Gerais
ISO 14011 Diretrizes para Auditoria Ambiental e Procedimentos para Auditorias
ISO 14012 Diretrizes para Auditoria Ambiental - Critérios de Qualificação de Auditores
ISO 14020 Rotulagem Ambiental - Princípios Básicos
ISO 14022 Rotulagem Ambiental - Simbologia para Rótulos
ISO 14023 Rotulagem Ambiental - Testes e Metodologias de Verificação
ISO 14024 Rotulagem Ambiental – Tipo I – Programa de selo verde
ISO 14031 Avaliação da Performance Ambiental
ISO 14032 Avaliação da Performance Ambiental dos Sistemas de Operadores
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ISO 14041 Análise do Ciclo de Vida – Inventário
ISO 14042 Análise do Ciclo de Vida - Análise dos Impactos
ISO 14043 Análise do Ciclo de Vida - Migração dos Impactos
Fonte: Adaptado de Serra (2008)
Ben (2005) aponta que as empresas sofrem pressões de vários setores da economia para se
adequar as regulamentações ambientais. A evidência disso é que importadores de países com
conscientização ambiental mais rigorosa exigem que a empresa vendedora adote políticas ambientais
eficientes e justas, enquanto investidores procuram minimizar os riscos de investimentos, preferindo
muitas vezes direcionar suas atividades para empresas que não apresentem passivos ambientais.
Nesse contexto, Alberton e Costa Junior (2007) enfatizam que as certificações ambientais
oferecem base de diferenciação para o consumidor, possibilitando a necessidade de preservação de
mercados no longo prazo. Há que se considerar, que grande parte das empresas certificadas pela ISO
14001 já possui o certificado ISO 9000. Dessa forma, se ambos os sistemas estiverem integrados, é
possível que os benefícios da ISO 14001, se computados, possam ser mais líquidos, devido à redução
dos custos de implantação, certificação e manutenção do SGA.
A relação entre o desempenho empresarial e as questões ambientais pode ser vista em várias
situações. No mercado financeiro, por exemplo, a principal ferramenta de escolha de ações de
empresas com responsabilidade social e ambiental é o Dow Jones Sustainability Indexes, o qual se
constitui em um indicador desenvolvido para criar referências para os produtos financeiros baseados
no conceito de sustentabilidade, costuma influenciar nas decisões de investimentos nas empresas
negociadas na Bolsa de Valores de New York. No Brasil, a Bolsa de Valores Sociais da BOVESPA
(Bolsa de Valores do Estado de São Paulo) reúne organizações sociais carentes de recursos e
investidores dispostos a apoiar programas ambientais e culturais (TINOCO; KRAEMER, 2004; BEN,
2005).
2.4 A Contabilidade no Auxílio ao Controle Ambiental
Com a preocupação mundial em torno dos impactos ambientais gerados pelos países
economicamente desenvolvidos inúmeros ramos das ciências humanas, sociais e exatas têm
desenvolvido estudos que contribuem para a preservação do meio ambiente. (SILVA, 2003). Diante
destes fatos, a sociedade vê a necessidade de haver um novo estilo de desenvolvimento, o qual deve
combinar eficiência econômica com justiça social e prudência ecológica. Nesta perspectiva a
Contabilidade tem um papel fundamental, pois auxilia no incentivo às empresas quanto à implantação
de gestões ambientais que possam gerar dados apresentáveis contabilmente, nos balanços sociais, além
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de criar sistemas e métodos de mensuração dos elementos e de mostrar ao empresário as vantagens
dessas ações (KRAEMER, 2003).
A contabilidade é considerada uma das ciências mais antigas, Santos et.al (2001) a conceitua
como um sistema de informações com finalidade de auxiliar o gerenciamento das entidades para que
estas possam garantir sua continuidade. Também defini Contabilidade Ambiental como o estudo do
patrimônio ambiental (bens, direitos e obrigações ambientais) das entidades, a qual tem como objetivo
fornecer aos seus usuários, internos e externos, informações sobre os eventos ambientais que causam
modificações na situação patrimonial, bem como realizar sua identificação, mensuração e
evidenciação.
Kraemer (2003) evidencia os benefícios que a contabilidade ambiental proporciona a indústria
e a sociedade da seguinte forma:
Quadro 5: Benefícios da contabilidade ambiental Benefícios potenciais à indústria:
Identifica, estima, aloca, administra e reduz os
custos, particularmente os tipos ambientais de
custos.
Controla o uso e os fluxos da energia e dos
materiais.
Dá informação mais exata e detalhada para
suportar o estabelecimento e a participação em
programas voluntários, custos efetivos para
melhorar o desempenho ambiental.
Informação mais exata e mais detalhada para a
medida e o relatório de desempenho ambiental,
assim melhorando a imagem de companhia com os
stakeholders, tais como clientes, comunidades
locais, empregados, governo e fornecedores.
Benefícios potenciais à sociedade:
Permite o uso mais eficiente de recursos naturais,
incluindo a energia e a água.
Reduz os custos externos relacionados à poluição
da indústria, tal como os custos da monitoração
ambiental.
Fornece informações para a tomada de decisão,
melhorando a política pública.
Fornece a informação ambiental industrial do
desempenho que pode ser usada no contexto mais
extenso das avaliações do desempenho e de
condições ambientais nas economias e em regiões
geográficas.
Fonte: Adaptado de Kraemer (2003)
Para Tinoco (2011) o controle de eventos ambientais através das ferramentas contábeis
(Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício, Fluxo de Caixa, etc.) é considerado
relevante para a tomada de decisão do empresário frente a possíveis ameaças que podem impactar a
saúde financeiro-econômica da entidade.
3 METODOLOGIA
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Visando responder aos objetivos propostos, esta pesquisa tem caráter de natureza descritiva.
Para Andrade (2010) a pesquisa descritiva atenta-se em observar fatos, registra-los, analisa-los,
classifica-los e interpreta-los, sem interferência do pesquisador na realidade dos mesmos. Esse estudo
contempla a descrição e analise dos benefícios econômicos, sociais e ambientais gerados a uma
empresa do setor frigorífico de Tangará da Serra/MT ao obter certificações ambientais. Por
impedimento por parte da administração geral em divulgar a verdadeira razão social, a empresa
estudada foi chamada de Gama S.A.
Quanto aos procedimentos foram adotados os métodos de pesquisa bibliográfica, com consulta
em livros, revistas, artigos científicos, dissertações e variadas publicações referentes a temática, como
bases de dados digitais entre outros; e o método de estudo de caso, o qual foi realizado em uma das
unidades do frigorifico Gama S.A. localizada em Tangará da serra/ MT. Quanto a abordagem do
problema foi utilizado o método qualitativo, ou seja, foram considerados as informações em
profundidade com a finalidade de averiguar as práticas ambientais e sociais realizadas pela empresa e
os ganhos e dificuldades encontrada pela mesma em obter melhorias com um Sistema de Gestão
Integrado (SGI).
A caracterização da pesquisa como qualitativa se baseia nas considerações de Beuren et.al.
(2004) onde relata que a pesquisa qualitativa concebe analises mais profundas ao fenômeno estudado e
visa destacar características não observadas através do estudo quantitativo. Para a coleta dos dados foi
utilizada a técnica de observação in loco no âmbito da empresa estudada e a aplicação de um
questionários com 16 perguntas, sendo 06 objetivas e 10 descritivas destinadas aos dois coordenadores
do SGI, os quais são responsáveis pelo setor ambiental. O questionário foi respondido via e-mail, o
mesmo encontra-se em Anexo (1). Após sua aplicação foi feita a análise e interpretação dos dados.
Uma das principais fontes de pesquisa utilizada para a elaboração deste estudo foi a tese de
doutorado do autor Jurandir Savi apresentada na Universidade Estadual Paulista de São Paulo em
2008. Nesta pesquisa o autor realizou um estudo teórico sobre os benefícios advindos das certificações
ambientais sob os critérios econômicos, social e ambiental.
4 DISCUSSÕES E RESULTADOS
4.1 Caracterização da Empresa Gama S.A
A empresa Gama S.A é um grupo de grande influência no mercado interno e externo no ramo
alimentício e possui várias filiais pelo Brasil. Considerada uma das companhias brasileiras de
alimentos mais internacionalizadas e diversificadas, seus produtos estão presentes em mais de 140
países. Atualmente a organização possui 15 filiais industriais e 3 confinamentos bovinos implantados
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pelo país, em Mato Grosso está localizada três dessas filiais, nas cidades de Paranatinga, Nova
Xavantina e em Tangará da Serra. A unidade de Tangara da Serra deu início de suas atividades sob
comando do grupo Gama S.A em 2003.
Segundo informações divulgadas na website da empresa, em 2010, o Grupo foi eleito a
“Melhor Empresa do Agronegócio” e “Melhor Empresa de Carnes” pela Revista Exame e a “Melhor
Empresa em Sustentabilidade Financeira”, pela Revista Isto É Dinheiro. Em 2011, foi apontada como
a quinta Empresa Brasileira mais internacionalizada no Ranking das Transnacionais Brasileiras da
Fundação Don Cabral. Em 2012, foi indicada pela Forest Footprint Disclosure (FFD) como a
companhia que mais avançou na gestão da pegada florestal entre as empresas do setor de alimentos em
todo o mundo. Em 2012, o Grupo investiu R$ 41,1 milhões em programas e ações focados na
prevenção, manutenção ou compensação ambiental, levando em consideração a materialidade de
diversos aspectos ambientais, por conta da natureza de impacto de seu negócio.
4.2 Análise dos resultados
A empresa tem como produto principal a carne bovina, seguida de um mix de subprodutos,
como: farinha de osso, farinha de carne, sebo e bombonas de tripas, esses produtos são fabricados com
os sobras bovinas, ou seja tudo que não serve para comercializar para o mercado externo e interno. O
produto que mais gera faturamento é a carne bovina vendida para o mercado externo, correspondendo
aproximadamente 70%, os 30% fica dividido entre o mercado interno de carne e subprodutos. Seus
principais países clientes exigem as certificações ambientais, a cada trimestre a empresa é visitada por
órgãos fiscalizadores desses países para verificar se a empresa está de acordo com o processo de
produção exigido.
Considerando as questões de responsabilidade socioambiental um requisito para o sucesso da
organização, a mesma tem elaborado projetos voltados à área ambiental e social como estratégias
corporativas. Segundo informações obtidas nos questionários a unidade de Tangará da Serra - MT é
uma das filiais que possui mais certificações ambientais, em 2011 para melhor gerir os elementos
naturais e identificar os impactos ambientais causados pela empresa foi criado o SGI, o qual é formado
por cinco representantes, sendo dois do setor ambiental, um do setor de RH, um do setor de saúde e
segurança do trabalho e um departamento de controle de qualidade dos produtos.
Questionados sobre quais certificações a empresa adquiriu após a implantação do SGI, os
coordenadores responderam que as 4 normas certificadoras (SA 8.000, ISO 14.001, OSHAS 18.001 e
ISO 22.000) tiveram início de processo de implantação em 2010, porém só em 2011 que a empresa as
conquistou. A Gama S.A está certificada atualmente por cinco normas sendo elas:
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Quadro 6 – Normas certificadoras do SGI NORMA ISO
Responsabilidade Social SA 8.000
Meio Ambiente ISO 14.001
Saúde e Segurança do Trabalho OSHAS 18.001
Segurança e Qualidade do Produto ISO 22.000
Cadeia de Custódia RAS – Rede de Agricultura Sustentável RAS e Rainforest Alliance
Fonte: dados da pesquisa (2013)
A implementação de um sistema de gestão de Responsabilidade Social SA 8000 sugere uma
reflexão sobre os objetivos, políticas e modelos em vigor, e deve ser utilizada como indutor de
melhoria da organização e do seu desempenho. A certificação deste sistema de gestão de
responsabilidade social, de acordo com o referencial SA 8000 surge como uma forma das entidades
demonstrarem aos seus clientes, parceiros e comunidade em geral, que atuam no mercado de forma
sustentável, valorizando a sua dimensão social, respeitando a sociedade que a constitui e a integridade
de cada um, promovendo valores sociais e não apenas econômicos (RAMOS, 2014). A unidade de
Tangará da Serra/MT tem se comprometido a cumprir os oitos requisitos centrados desta certificação:
Trabalho Infantil;
Trabalho Forçado;
Segurança e Saúde no Trabalho;
Discriminação;
Práticas Disciplinares;
Liberdade de Associação e Direito à Negociação Coletiva;
Horário de Trabalho;
Salário.
A OHSAS 18001 foi desenvolvida com compatibilidade com a ISO 9001 e a ISO 14001, para
ajudar a organização a cumprir com suas obrigações de saúde e segurança de um modo eficiente. A
implantação da OHSAS 18001 retrata a preocupação da empresa com a integridade física de seus
colaboradores e parceiros. A empresa Gama S.A utiliza-se de um painel de metas e objetivos para
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controlar seus resultados. A partir da aplicação desta norma a empresa conseguiu diminuir os acidentes
quase pela metade, causados pelo esforço repetitivo e o mau uso dos equipamentos de segurança.
A Norma Internacional ISO 22.000 especifica os requisitos para um sistema de segurança de
alimentos onde uma organização na cadeia produtiva de alimentos precisa demonstrar sua habilidade
em controlar os perigos a segurança de alimentos a fim de garantir que o alimento está seguro até o
momento do consumo humano. Para conseguir conquistar esta certificação a empresa teve que adotar
medidas especificas de controle de seus produtos, conscientizar seus funcionários quanto a
higienização no manuseio do produto, além de se adequar as exigências da norma, ou seja modificando
ações no processo produtivo.
A norma Cadeia de Custódia RAS – Rede de Agricultura Sustentável foi adquirida em 2013
sendo a unidade de Tangará da Serra/MT o primeiro frigorífico em nível mundial a receber essa
certificação, de acordo com os coordenadores da área ambiental da empresa esta norma dá o direito do
uso do selo Rainforest Alliance Certified nos produtos certificados e que a mesma é uma certificação
socioambiental para estimular melhorias ambientais, sociais e econômicas tanto para o setor florestal
como agropecuário. Para conseguir esta certificação a empresa em questão teve que se adequar as
normas e procedimentos requeridos pela Secretaria da RAS situada em San José, Costa Rica. Em
parceria com seus fornecedores, que tiveram que obter a certificação, a empresa faz monitoramento e
rastreamento constante dos produtos vivos nas fazendas.
Com base na observação no âmbito da empresa e nos dados do questionário, constatou-se os
principais aspectos ambientais tratados pela empresa como relevantes, os quais são: Efluentes
sanitários, Efluentes de processos produtivos, Emissões atmosféricas, Resíduos sólidos perigosos e
Resíduos sólidos não perigosos entre outros. Para todos são desenvolvidos programas de controle,
monitoramento e gerenciamento especificados. Uma das ações de prevenção realizada pela entidade é
o tratamento de resíduos. A unidade possui uma Central de Resíduos onde são acondicionados todos os
tipos de resíduos gerados na indústria, seja ele reciclável ou não, além de contar com a separação dos
resíduos através da coleta seletiva.
Depois de separados e armazenados na central os mesmos são encaminhados para a sua
destinação final ou reciclagem por empresas devidamente licenciados pelos órgãos ambientais
competentes, segundo os coordenadores da área nenhum resíduo sai do frigorífico sem que a empresa
responsável pela coleta e destinação final dos resíduos possua o licenciamento ambiental. Além dessas
medidas a Gama S.A utiliza- se de uma Estação de Tratamento de Efluentes, para tratamento e
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reaproveitamento de efluentes líquidos, tendo como exemplo a água utilizada no processo produtivo. A
água reaproveitada é utilizada na limpeza da indústria e na jardinagem.
Sobre quais relatórios a empresa utiliza para evidenciar o consumo de seus recursos os
coordenadores afirmaram que dentre os métodos de controle, é feito o uso de planilhas de
monitoramento, com as quais é feito a checagem do gerenciamento descrito para cada aspecto
ambiental. Elas são usadas diariamente e fechadas ao final do mês e repassadas às informações para a
planilha de Indicadores Ambientais da unidade. Esses indicadores são avaliados de acordo com a
periodicidade descrita nos programas. Para o consumo de água, a empresa trabalha com metas que
auxiliam na redução do consumo de água. Essas planilhas de monitoramento são expressas em forma
de relatório e discutidas em reunião com os representantes do SGI.
De acordo com Tinoco e Kraemer (2004) a implantação da Gestão Ambiental oferece a
possibilidade de ampliação de mercado através da criação de novos produtos, além de outros
benefícios econômicos para as empresas como: aumento da receita de vendas, redução de custos,
aumento da produtividade, eliminação de multas ambientais, melhora da imagem organizacional e
novas oportunidades de negócios. A empresa considera seu investimento feito na Gestão Ambiental
como vantajoso a longo prazo, e com a atuação do SGI operante na empresa serviu para melhorar
100% a imagem da empresa frente a sociedade e seus clientes. Quanto a seus produtos considerados
como “verdes” houve aumento de 80% na demanda. Quando perguntado sobre os incentivos fiscais, a
empresa diz não receber com exceção ao Desconto de 30% da Renovação da Licença de Operação/LO.
Com a Estação de Tratamento de Efluentes pode-se dizer que a empresa tem obtido ganhos
com a economia no consumo de água através do reaproveitamento. Na área social a empresa tem feito
investimento contínuo, principalmente em treinamento e qualificação na educação ambiental com seu
público interno (colaboradores) e externo (sociedade). A Gama S.A divulga as normas e políticas da
SGI aos seus colaborados com fim de conscientizá-lo ambientalmente. Os treinamentos são bem
planejados e eficientes os quais têm alcançado bons resultados. De acordo com um dos coordenadores
o comportamento das pessoas em relação às questões ambientais está mudando, principalmente pelas
divulgações na mídia sobre o que está acontecendo com o meio ambiente no mundo.
A empresa tem desenvolvido alguns projetos voltados ao meio ambiente sendo eles Programa
de Resíduos; Fornecedores; Programas de Redução de Consumo de água, Programa de Capacitação
dos colaboradores, Aspectos e Impactos e outros. E os voltados à sociedade são: atendimento a todos
os itens da SA8000, Atendimento as Gestantes, Campanha do Agasalho e Campanha do Alimento.
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Dentre as dificuldades observadas para a obtenção de melhorias ambientais foram à falta de
maior comprometimento de todos envolvidos no processo, pois há uma grande rotatividade de
funcionários na empresa, a Logística e os prestadores de serviço, principalmente para a coleta dos
resíduos. Pois segundo os coordenadores há grande dificuldade em encontrar empresas que trabalham
legalizadas quanto à parte ambiental. Por esse motivo a empresa acaba pagando valores altos para
realizar a destinação correta, geralmente porque as empresas são de outros estados, o que eleva ainda
mais o custo. Mas procura sempre dar preferência aos fornecedores de matérias-primas e serviços que
têm certificações.
5 CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos do questionário e na revisão bibliográfica estudada pode-se
chegar a algumas considerações, tais como: A empresa tem investido com êxito em seu SGI, com isso
tem alcançado bons resultados. Referente ao meio ambiente, tem adquirido certificações importantes
para manter-se competitiva no mercado interno e externo.
Os resultados do estudo demonstram que com a implantação do SGI e as devidas certificações
obtidas, a empresa tem criado uma imagem ambiental forte, conseguiu padronizar suas atividades
operacionais e com realização de treinamentos obteve um fortalecimento significativo quanto á
conscientização dos funcionários. Com o investimento feito na gestão ambientalaempresa tem
garantido ganhos em relação ao consumo de recursos e conquista de mercados. Fica evidente que além
de ser uma ótima ferramenta de gestão, o SGI contribui para o desenvolvimento sustentável.
Quanto ao social elabora projetos que auxilia a sociedade e que conscientiza seus colaboradores
e fornecedores quanto à responsabilidade ambiental, ressalta-se que estas duas esferas interligadas têm
levado a empresa obter benefícios econômicos. Outras empresas do ramo podem utilizar como
exemplo as estratégias ambientais e sociais da empresa Gama S.A para adquirir certificações ISO, e
com isso melhorar seus produtos, sua imagem frente aos consumidores e obter maior competitividade
no mercado.
Quanto ás limitações, um ponto a ser destacado é quanto à clareza das informações divulgadas
pela empresa, devido à empresa estudada ser uma filial, toda informação é consolidada com as de
outras filiais em conjunto com a matriz, o que dificulta quantificar os investimentos feitos pela mesma
na área ambiental e social. Por não ter a autorização aos documentos de controle da empresa a pesquisa
ficou limitada em expor melhor os benefícios econômicos adquiridos pela empresa. Como sugestão a
futuros trabalhos de pesquisas buscando outros enfoques, fica a oportunidade de efetuar trabalho
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comparativo entre empresas do ramo alimentício com relação a seus modelos de Sistema de Gestão
Ambiental.
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