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  • 1

    Categorias para Anlise do Clima Organizacional em Universidades

    Gerson Rizzatti, Dr.1

    Gerson Rizzatti Junior, Doutorando2

    RESUMO

    Este artigo apresenta um conjunto de categorias e seus respectivos componentes para analisar o clima organizacional em universidades. Considerando que os estudos sobre clima organizacional em universidades so raros, principalmente nas brasileiras, supe-se que a essas categorias, com seus componentes seja fundamental para se obter feedback da instituio e do seu ambiente de trabalho. Podem tambm constituir um acervo de informaes estratgicas para as instituies universitrias. Estas informaes serviro, para desenvolver anlises comparativas entre instituies similares e averiguar as diferenas existentes entre as organizaes pesquisadas. Acredita-se ainda que as categorias e os componentes para analise do clima em universidades sero relevantes no sentido de ampliar o desenvolvimento cientfico na rea da administrao pblica, principalmente no mbito das universidades. Do ponto de vista prtico, espera-se que as categorias de anlise do clima organizacional, com seus componentes sirvam de referncia aos dirigentes das instituies universitrias para identificar pontos fortes e fracos no mbito das universidades.

    Palavras-chave: clima organizacional, universidade

    1.Introduo

    1 Professor da Universidade Federal de Santa Catarina. [email protected]

    2 Professor do Instituto de Ensino Superior da Grande Florianpolis. [email protected]

  • 2

    Nos dias atuais, as universidades esto sendo questionadas pela falta de uma

    poltica interna e externa adequada aos interesses sociais. Com a indefinio desta

    poltica, muitas vezes originam-se trabalhos de baixa qualidade, pela falta de

    preparo das pessoas para gerenci-las. imprescindvel, portanto, que se habilitem

    pessoas voltadas para o estudo do clima organizacional, de forma a identificar estes

    pontos fracos. Uma dessas habilidades capacitar pessoas para que identifiquem

    componentes e seus respectivos indicadores por categoria para anlise do clima em

    universidades.

    A questo do clima organizacional no responsabilidade de um s indivduo

    ou de um nico departamento, mas, sim, de todos, e deve orientar a maneira de

    pensar e agir de toda a instituio. Desta forma, todos devem participar dela,

    desenvolver esforos na direo dos objetivos institucionais, na busca da melhoria

    do clima organizacional.

    O estudo do clima facilita aos gestores identificar os objetivos com maior

    segurana e auxiliar na tomada de deciso para a melhoria do ambiente

    universitrio. Quando se tem o instrumento adequado, isto traz contribuies

    importantes s universidades, principalmente na identificao de pontos fortes e

    fracos da instituio, facilitando, assim, a implementao das mudanas necessrias

    para a melhoria do trabalho e para a satisfao dos seus servidores, mas para isso

    necessrio ter indicadores, componentes e as categorias adequadas, para fazer o

    estudo do clima em universidades.

    2. Clima Organizacional

  • 3

    As organizaes respondem a princpios gerais, destacando-se a orientao

    para metas definidas, atravs do trabalho de pessoas utilizando-se de mtodos e

    tcnicas. So constitudas de recursos humanos, materiais, financeiros e

    tecnolgicos e dependem do trabalho humano para sua sobrevivncia, crescimento

    e desenvolvimento. Seus recursos humanos respondem, tambm, pela interao e

    interdependncia das demais variveis que compem a organizao (processos,

    estrutura, tecnologia e ambiente). Neste sentido, o homem seu componente

    principal e indispensvel e, por sua vez, procura atender s expectativas da

    organizao em troca da possibilidade da satisfao de seus desejos de realizao

    profissional.

    Existem vrios tipos de organizaes, de direito pblico ou privado, atuando

    em diferentes setores e ramos de atividades, cada uma com suas especificidades.

    Em todas elas, no entanto, a principal preocupao de seus dirigentes relaciona-se

    com a melhoria na qualidade dos servios prestados.

    Neste contexto, as organizaes voltadas prestao de servios vm

    buscando atingir este objetivo atravs da implantao de Programas de Qualidade,

    cuja operacionalizao requer um conhecimento prvio do clima organizacional

    nelas predominante. Sua anlise, atravs do estudo das percepes e/ou das

    aspiraes dos seus recursos humanos, possibilita um diagnstico adequado da

    organizao, sobretudo pelo seu valor pragmtico na adoo de novas estratgias

    administrativas

    Segundo Souza (1982), pesquisas sobre o clima organizacional so

    imprescindveis para os dirigentes detectarem possveis anomalias no mbito da

    organizao, gerando informaes para anlises de causas e efeitos.

  • 4

    Estudos sobre condies de trabalho so igualmente importantes para

    minimizar conflitos entre os indivduos e as organizaes, pois atravs do

    conhecimento das aspiraes, desejos e necessidades dos funcionrios podero ser

    adotadas medidas adequadas para o alcance dos objetivos institucionais e, ao

    mesmo tempo, atender s expectativas individuais.

    O clima organizacional considerado por alguns autores um conjunto de

    caractersticas que descrevem uma organizao, enquanto outros referem-se a ele

    como um conjunto de valores ou atitudes que afetam o relacionamento das pessoas.

    No entender de Souza (1978), trata-se de um fenmeno resultante dos elementos da

    cultura.

    A partir de tais pressupostos, o clima organizacional passou a ser

    considerado uma varivel potencialmente importante, a ser estudada por todos

    aqueles que buscam explicaes objetivando uma maior qualidade em

    organizaes, seja com o intuito de propiciar a melhoria contnua do desempenho e

    uma maior satisfao no trabalho, seja visando identificao de caractersticas

    passveis de aprimoramento constante.

    O termo clima organizacional refere-se, especificamente, s propriedades

    motivacionais do ambiente organizacional, ou seja, queles aspectos que levam

    provocao de diferentes espcies de motivao. Representa, portanto, uma soma

    das expectativas geradas em uma situao e um fenmeno de grupo, resultante e

    caracterstico de uma coletividade. um conceito que engloba tanto os fatos

    humanos e materiais, como os abstratos, resultantes do convvio humano

    institucional.

  • 5

    No obstante exista certa similaridade e convergncia entre as vrias

    definies de clima que tm sido propostas ao longo da literatura especializada,

    vrias so as abordagens e modelos empregados na sua avaliao em situaes

    organizacionais, todas elas elencando um conjunto de categorias e componentes. .

    O pesquisador dispe, assim, de duas alternativas bsicas para realizar seu

    estudo. Na primeira, ele adota um conjunto especfico de fatores j conhecidos e

    consagrados na literatura, enquanto na outra ele elabora seu prprio modelo ou

    seja, define um conjunto de categorias, componentes e seus respectivos indicadores

    para investigao.

    3. Categorias para Analise de Clima Organizacional em Universidades

    No quadro abaixo so apresentadas um conjunto de categorias com seus

    respectivos componentes que servem de base para analise do clima organizacional

    em universidades:

    CATEGORIAS COMPONENTES

    Imagem e Avaliao Institucional - satisfao dos usurios

    - percepo figurativa da organizao

    - sentimento de identidade

    - percepo dos objetivos organizacionais

    - prestgio perante a comunidade

    - valorizao profissional dos servidores

    Desenvolvimento de Recursos - condies de progresso funcional

  • 6

    Humanos, Benefcios e Incentivos - reconhecimento proporcionado

    - justia predominante

    - comprometimento/interesse pelo trabalho

    - qualidade dos benefcios

    Organizao e Ambiente de

    Trabalho

    - adequao da estrutura

    - clareza organizacional

    - apoio logstico

    - terceirizao

    - justia predominante

    - comprometimento e interesse pelo trabalho

    - utilizao do tempo

    Relacionamento Interpessoal - relacionamento individual e grupal

    - cooperao entre os segmentos

    - considerao humana

    Sucesso Poltico-Administrativa e

    Comportamento das Chefias

    - sucesso administrativa

    - credibilidade das chefias

    - competncia e qualificao das chefias

    - delegao de competncias

    - clareza das chefias

    - nfase na participao

    - considerao humana

    Satisfao Pessoal - satisfao no trabalho

    - jornada de trabalho

    - prestgio junto instituio

  • 7

    - reconhecimento proporcionado

    Fonte: Adaptado de Rizzatti (1995)

    As categorias e seus respectivos componentes foram levantados e

    sistematizados com base nos fatores utilizados por Rizzatti (1995) em sua

    dissertao de mestrado Analise de fatores significativos do clima organizacional da

    Universidade Federal de Santa Catarina: contribuio para implantao do programa

    de qualidade.

    Dando continuidade a este estudo, sero apresentados de forma detalhada

    na seqncia cada uma das categorias e seus respectivos componentes listados

    acima para anlise do clima em universidades.

    3.1 Imagem e Avaliao Institucional

    A imagem de uma organizao relaciona-se com o prestgio que desfruta

    junto comunidade em que atua. Segundo Perrow (1961), uma organizao bem

    considerada pode atrair mais facilmente pessoas, exercer poder informal na

    comunidade e assegurar um nmero adequado de clientes, doadores ou

    investidores.

    A imagem pblica de uma organizao situa-se ao longo de um continuum

    favorvel-no favorvel, sendo a imagem predominantemente favorvel entendida

    como prestgio. O processo de estruturao mental da imagem resulta da

    combinao de um conjunto mais ou menos abrangente de percepes avaliativas

    sobre diferentes variveis que compem a organizao.

  • 8

    Meyer (1993) definiu avaliao como instrumento de gesto necessrio para

    se mensurar os esforos da organizao, sua qualidade, excelncia, utilidade e

    relevncia e destacou que a principal funo do processo de avaliao examinar

    a qualidade do produto ou servio. A avaliao produz informaes que contribuem

    para a tomada de deciso, elevando a produtividade e melhorando os produtos e o

    desempenho organizacional. No tocante s instituies de ensino superior, o autor

    salientou que a indefinio sobre o que se deve avaliar advm da inexistncia de

    uma prtica contnua de avaliao neste tipo de organizaes e sugere que, ao se

    realizar o processo de avaliao, sejam observadas suas reas funcionais:

    acadmica, pesquisa, extenso e administrao.

    Dressel (1985), por sua vez, entende por avaliao a coleta e interpretao de

    dados atravs de meios sistemticos e formais, bem como de informaes

    relevantes que sirvam de base para o julgamento racional em situaes de deciso.

    A avaliao busca o aperfeioamento dos sistemas internos da organizao e, neste

    caso, cabe detectar pontos fracos ou crticos que afetam a estrutura administrativa e

    acadmica da instituio. A avaliao entendida, assim, como um processo

    completo, cujo uso sistemtico e contnuo tem plenas condies de conduzir uma

    instituio melhoria da qualidade, assegurando uma imagem positiva perante a

    comunidade.

    3.2 Desenvolvimento de Recursos Humanos, Benefcios e Incentivos

    Desenvolvimento de recursos humanos refere-se ao conjunto de princpios,

    estratgias e tcnicas que tm como finalidade a atrao, a manuteno, a

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    satisfao, o treinamento e o desenvolvimento do ser humano na organizao. Sua

    finalidade bsica conduzir o empregado a treinamentos e reciclagens constantes e

    induzi-lo a ascender funcionalmente dentro da organizao, estimulando-o a assumir

    maiores responsabilidades e buscando combater a desatualizao do quadro de

    pessoal.

    No tocante aos benefcios, Aquino (1980) os define como um salrio indireto;

    um meio de a empresa suplementar a renda do trabalhador. O benefcio deve

    corresponder necessidade do empregado e s deve ser concedido quando a

    empresa tem condies de assegurar sua continuidade. Os benefcios podem ser

    classificados em legais e assistenciais, sendo os primeiros estabelecidos por lei

    (vale-transporte, alimentao e outros), enquanto os assistenciais so aqueles

    oferecidos pela empresa ou conquistados pelos servidores, normalmente com o

    objetivo de motivar as pessoas para o trabalho.

    Os incentivos, por sua vez, segundo Grillo (1987), so aes ou atitudes que

    atuam como estimulantes do ego do trabalhador, contribuindo para o aumento de

    sua motivao ou produtividade no trabalho. Os incentivos tm sua estrutura bsica

    centrada em padres motivacionais estabelecidos dentro da organizao, sendo

    concedidos, geralmente, visando objetivos especficos voltados elevao do nvel

    de desempenho do servidor.

    3.3 Organizao e Ambiente de Trabalho

    A idia de organizar fundamenta-se no fato de que o indivduo sozinho

    incapaz de satisfazer todas as suas necessidades bsicas. Uma idia bsica que

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    contempla o conceito de organizao a coordenao de esforos a servio da

    ajuda mtua, uma vez que organizao a coordenao planejada das atividades

    de uma srie de pessoas para a consecuo de algum propsito ou objetivo comum,

    explicitada atravs da diviso do trabalho e atravs de uma hierarquia de autoridade

    e responsabilidade.

    Bernard (apud CHIAVENATO, 1981) entende que a organizao um

    sistema de atividades com sentimentos coordenados de duas ou mais pessoas, ao

    passo que Haas e Drabek (apud CHIAVENATO, 1981) consideram uma organizao

    como sendo um sistema discernvel de interao relativamente permanente e

    complexa.

    Os ambientes das organizaes so fatores cruciais para compreender o que

    se passa nelas e com elas. A organizao deve portanto, segundo Hall (1984), dar

    condies de trabalho para seus empregados, esperando como retorno maior

    eficincia nos servios executados.

    Schein (1982) definiu como condies organizacionais internas fundamentais

    para o desenvolvimento do trabalho: a) a capacidade de assimilar e comunicar

    informaes de modo confivel e vlido; b) a flexibilidade interna e a criatividade

    para efetuar as mudanas que so impostas pela informao obtida; c) a integrao

    dos inmeros objetivos da organizao e o compromisso com os mesmos,

    implicando a disposio para mudanas, quando necessrio; d) um clima interno de

    apoio e de ausncia de ameaas; e e) a capacidade de replanejar continuamente a

    estrutura da organizao para que ela seja coerente com seus objetivos e tarefas.

    Este fator relaciona-se, assim, com o ambiente fsico de trabalho, envolvendo,

    dentre outros, a utilizao do tempo, a terceirizao de servios, a disponibilidade de

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    mveis e equipamentos e as condies de limpeza, iluminao, ventilao e

    temperatura.

    3.4 Relacionamento Interpessoal

    O relacionamento interpessoal refere-se a uma interao ou relao entre

    duas pessoas ou sistemas de qualquer natureza, de modo que a atividade de cada

    uma esteja, em parte, determinada pela atividade da outra. Existe uma influncia

    recproca e cada pessoa evoca uma resposta fsica ou mental nas outras. Desta

    forma, o relacionamento se constitui numa reciprocidade, por vezes inflluenciadora,

    que permite compreender os sujeitos da interao no exerccio de seus papis.

    Os conflitos interpessoais so, normalmente, gerados pelas diferenas

    existentes entre os diversos membros na execuo de suas tarefas. Originam-se em

    funo das discordncias individuais a respeito de problemas essenciais da

    instituio ou em conseqncia de antagonismos pessoais, a exemplo das

    diferenas de carter pessoal e emocional, decorrentes das relaes de

    interdependncia dos indivduos no trabalho.

    As inmeras interdependncias inerentes s organizaes tornam os conflitos

    interpessoais inevitveis, sendo quase impossvel a criao de organizaes isentas

    de conflitos entre indivduos (WALTON, 1972).

    Segundo Schein (1982), a maioria dos administradores tm pouca habilidade

    na dinmica de grupos, o que se revela atravs de reunies e relaes intergrupais

    mal administradas, comits improdutivos, bem como de conflitos e opresses nas

    foras-tarefa e equipes de projeto. Os indivduos, no entanto, tm que se organizar

  • 12

    em grupos para fazer uso mais eficiente de suas habilidades e capacidades,

    chegando at mesmo a exercer influncia uns sobres os outros. Uma nfase

    demasiada sobre o grupo pode, no entanto, apagar a contribuio do indivduo

    autnomo e perturbar o desenvolvimento de identidade de grupo.

    Gibson (1981) enfatizou, finalmente, que os grupos parecem possuir um

    fechamento sobre si mesmos ou sobre certa comunidade de atitudes,

    comportamentos e desempenhos. Este fechamento sobre si mesmo conhecido

    como coeso, ou seja, um grupo coeso possui indivduos que tm alguma fora de

    atrao entre si. Neste sentido, entende-se que sempre existe uma relao de poder

    implcita no fato de se trabalhar em um grupo, especialmente por se tratar de

    ambientes organizacionais.

    3.5 Sucesso Poltico-Administrativa e Comportamento das Chefias

    A sucesso poltico-administrativa refere-se ao processo eleitoral para

    escolha de reitores e outros dirigentes, na busca da democratizao interna,

    enquanto o comportamento das chefias diz respeito a aspectos como credibilidade,

    delegao, competncia, qualificao, entre outros.

    A necessidade de autogoverno na instituio universitria sempre se fez

    presente no iderio que presidiu seu surgimento e desenvolvimento. Desde sua

    origem, sempre se perseguiu a liberdade para conduzir os assuntos ligados

    formulao e transmisso do saber.

    O processo eleitoral para a escolha de reitores e outros dirigentes tem sido o

    carro-chefe da busca da democratizao interna. No entanto, mesmo mobilizando

  • 13

    parcela significativa dos trs segmentos que as compem, no se obteve um

    aperfeioamento relevante das organizaes universitrias (OLIVEIRA, 1990).

    Com relao aos demais administradores universitrios, os critrios de

    seleo variam dependendo da carreira. As chefias de unidades administrativas

    (atividades-meio) so preenchidas atravs de convite dos reitores, enquanto os

    cargos nas unidades acadmicas e rgos colegiados so ocupados por docentes,

    eleitos por seus pares e/ou pela comunidade acadmica.

    Assim, a sucesso poltico-administrativa o mecanismo utilizado para

    designar as chefias, atravs do processo indicativo ou eletivo, observando normas

    especficas institudas na organizao (VAHL, 1991).

    O comportamento das chefias, por sua vez, uma varivel altamente

    complexa. Chefiar exprime a tarefa de tomar decises e incorpor-las em ordens e

    instrues gerais ou especficas.

    As atribuies das chefias compreendem, dentre outras, traar as linhas

    gerais da poltica administrativa; expedir as ordens, instrues e diretrizes

    necessrias; coordenar a organizao e autorizar seus pormenores; controlar a

    administrao financeira; nomear e demitir pessoal, especialmente os mais

    graduados; e superintender, estimular e controlar as operaes administrativas.

    Segundo Campos (1979), o desempenho de uma funo de chefia requer

    algumas qualidades especficas, tais como: cultura geral; noes sobre as funes

    essenciais da empresa; inteligncia; sade fsica e mental e qualidades morais;

    esprito pblico e respeito pela responsabilidade alheia; coragem e senso de

    determinao; deciso; habilidade educativa; cordialidade; capacidade para

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    diagnosticar situaes humanas, escolher corretamente os auxiliares e delegar

    competncia; e capacidade de cooperao.

    A personalidade de um chefe fator decisivo na maneira de conduzir a

    equipe de trabalho, pode caracterizar-se por diversos estilos: autocrtico,

    paternalista, burocrtico, defensivo e profissional, dentre outros. Tais estilos so

    circunstanciais, no havendo padro a ser seguido, pois cada chefe tem modo

    prprio de comandar, de acordo com sua personalidade ou conforme o ambiente de

    trabalho.

    Independentemente do estilo de liderana adotado, o ato de chefiar produz

    um impacto no subordinado, afetando seu comportamento e, conseqentemente,

    sua motivao para o trabalho. Diferentes estilos de liderana podero produzir

    reaes complexas e variadas, conduzindo a diferentes climas organizacionais

    (AQUINO, 1980).

    3.6 Satisfao Pessoal

    O conceito de satisfao pressupe a existncia de motivos, podendo ainda

    ser definido como necessidades, desejos ou impulsos no interior do indivduo

    (HERSEY; BLANCHARD, 1977).

    A satisfao dos empregados no desempenho de suas tarefas uma questo

    crucial, comumente levantada pelos administradores. Relaciona-se com o nvel de

    satisfao no trabalho, o reconhecimento pessoal e o prestgio desfrutado por

    trabalhar em determinada instituio, a integrao com os colegas e a motivao

    salarial.

  • 15

    Freqentemente, os gerentes questionam como se pode motivar os

    empregados a contriburem de forma mais efetiva para o atingimento das metas

    organizacionais; como a organizao pode atuar no sentido de compreender melhor

    e orientar o comportamento dos indivduos na direo desejada; ou por que se

    oferecem excelentes condies de trabalho e no se consegue perceber o pessoal

    motivado e satisfeito em relao ao trabalho que executa.

    A satisfao, no entanto, no depende apenas da recompensa realmente

    recebida, mas tambm da maneira como o indivduo julga que a organizao deveria

    recompens-lo por um dado nvel de desempenho.

    4. Consideraes Finais

    Com base nas categorias e componentes apresentados para o estudo do

    clima organizacional, bem como na avaliao de sua pertinncia em estudos de

    organizaes pblicas voltadas para o ensino, o presente estudo centrou suas

    anlises nas dimenses: Imagem e Avaliao Institucional; Desenvolvimento de

    Recursos Humanos, Benefcios e Incentivos; Organizao e Ambiente de Trabalho;

    Relacionamento Interpessoal; Sucesso Poltico-Administrativa e Comportamento

    das Chefias; e Satisfao Pessoal.

    As categorias de anlise e seus respectivos componentes, construdos de

    forma consistente e adequada, so plausveis de se tornar um instrumento

    importante para analisar o clima nas universidades. Um instrumento adequado,

    quando aplicado de forma correta, pode refletir a realidade da instituio nos seus

  • 16

    mais diversos aspectos, possibilitando a adoo de medidas consistentes e

    apropriadas para uma maior efetividade das aes das instituies universitrias.

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