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15ª Turma do Curso de Especialização em Gerenciamento Ambiental Relatório Gerenciamento de Resíduos e Tratamento de Água no Município de Rio Claro, Estado de São Paulo Disciplina: Tratamento de Efluentes Docente: Prof. Dr. José Marcos Borges Grÿschek Felipe Trevisan Ortiz

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Trabalho para disciplina Gerenciamento de Resíduos

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15ª Turma do Curso de Especialização em Gerenciamento Ambiental

Relatório

Gerenciamento de Resíduos e Tratamentode Água no Município de Rio Claro,

Estado de São Paulo

Disciplina: Tratamento de EfluentesDocente: Prof. Dr. José Marcos Borges Grÿschek

Felipe Trevisan OrtizFernando LuisBalanMariana Figueiredo de OliveiraPaulo Renato Matos LopesRafael Alexandre Costa FerreiraRoberta MarottiMartelletti Grillo

Piracicaba-SP, Maio de 2013

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15ª Turma do Curso de Especialização em Gerenciamento Ambiental

1. INTRODUÇÃO

1.1. Caracterização do município (Rio Claro, SP)

A cidade escolhida para avaliação do gerenciamento de resíduos sólidos e tratamento de efluentes foi Rio Claro, município paulista localizado a 40 km de Piracicaba com aproximadamente 190.000 habitantes (IBGE, 2013).Situado no centro do Estado de São Paulo, o município de Rio Claro está inserido na Média Depressão Paulista localizado a 22° 25’ de latitude sul e 47° 34’ de longitude oeste.

Figura 1.Localização de Rio Claro, município paulista cujos serviços de tratamento e disposição de efluentes líquidos e sólidos foram avaliados.

A sub-bacia do Rio Corumbataí, na qual está localizado Rio Claro (SP), situa-se na Depressão Periférica Paulista, uma unidade morfológica importante no Estado de São Paulo. Apresenta características morfológicas típicas: comportamento interplanáltico, suavemente ondulado, com altitude oscilando entre 550 m a 650 m ao nível das várzeas estreitas e descontínuas de 600 m a 650 m, correspondentes aos interflúvios tabuliformes (SILVA, 1999).

[A cidade] ocupou, primeiramente, o interflúvio disposto entre o rio Corumbataí e seu afluente pela margem esquerda, o Ribeirão Claro. (...)Nele há pequenos desníveis propiciados pelas vertentes do córrego Lavapés, afluente da margem direita do Ribeirão Claro, no leste da cidade, e do córrego da Servidão, que passa pelo centro de Rio Claro e se dirige para oeste, onde deságua no rio Corumbataí. (TAVARES, 2008)

A história da ocupação do município de Rio Claro é caracterizadapor um período de crescimento agrícola e de cultivo de café, que ocasionou um crescimento

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populacional significativo; tal crescimento possibilitou o desenvolvimento econômico e a diversificação das atividades econômicas desenvolvidas no local.

Castro (2000) destacou o crescimento horizontal do espaço urbano de Rio Claro, o que até 1949 contava com uma área de 3.984.000m² e que após cinqüenta anos expandiu atingiu 20.238.000m². A paisagem urbana rio-clarense vai então passando por transformações ao longo destes anos, como o estabelecimento do espaço reservado às empresas, a tendência a verticalização na área central e a diminuição das áreas verdes.

No processo de crescimento/desenvolvimento, Rio Claro apresenta os mesmos problemas da maioria das cidades brasileiras. Não há um plano diretor norteando a expansão do tecido urbano ou quando há (como no caso de Rio Claro) sua implementação sofre inúmeras interferências. Surgem loteamentos sem infra-estrutura que às vezes são irregulares, concorrendo para a ocupação de áreas no entorno da cidade (...). (ANTONIO FILHO, 2003)

1.2. Gerenciamento de resíduos sólidos e tratamento de efluentes no município de Rio Claro, SP

1.2.1. Histórico e situação atual

Abaixo, está apresentado um resumo dos principais eventos relacionados à distribuição de água e tratamento de efluentes em Rio Claro nos últimos 115 anos:

1899 – Início do serviço de abastecimento de água canalizada em Rio Claro, com distribuição para toda a cidade;

1901 – Proposta na Câmara Municipal a organização de uma Empresa de Águas e Esgotos de Rio Claro;

1930 – Rescisão do contrato com a Empresa de Águas e Esgotos de Rio Claro. A responsabilidade por esses serviços passou para a Prefeitura Municipal, que instituiu taxas de serviço e consumo. Neste ano, estavam ligados à rede de água 3.300 domicílios e 1.700 na rede de esgotos,mas o contínuo crescimento da cidadetornou o abastecimento de água insuficiente, por isso em...

1936 – Prefeito Humberto Cartolano canalizou as águas do manancial da Vila Cristina(vazão de 12 litros/segundo)para abastecimento dos bairros Cidade Nova e Vila Alemã;

1949 – Início da operação da Estação de Tratamento de Água (ETA) I de Rio Claro;

1969 –Leinº 1.144, de 05 de dezembro de 1969, é assinada pelo prefeito Álvaro Perin e cria o Departamento Autônomo de Água e Esgoto de Rio Claro (DAAE), entidade autárquica e independente;

1982 – Implementação da ETA II de Rio Claro;

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1992 – Inauguração da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Ajapi;

1998 – Inauguração da Central de Reservação e Distribuição de Água Tratada;

1999 – Inauguração da ETE do Jardim das Palmeiras;

2001 – Inauguração da ETE do Jardim das Flores;

2007 – a empresa Foz do Brasil assume os serviços de tratamento de esgoto doméstico ao firmar uma Parceria-Público-Privada com a Prefeitura Municipal. Os serviços de tratamento e distribuição de água continuaram a cargo do DAAE;

2010 – Início da operação da ETE do Jardim Condutta.

Já o resumo dos principais eventos relacionados ao gerenciamento de resíduos sólidos no município Rio Claro-SP nos últimos 31 anos está descrito abaixo:

1982 – Início do serviço de coleta de resíduos sólidos em Rio Claro. Instalação de um lixão numa voçoroca localizada no Jardim Inocoop. O solo não foi impermeabilizado e os resíduos eram ali depositados sem tratamento ou separação;

1986 – Interdição do lixão do Jardim Inocoop e criação do Aterro de Rio Claro junto à Rodovia Fausto Santomauro.Durante seis anos este aterro funcionou em condições não ideais, quando em...

1992 – Realização de benfeitorias e adoção de práticas mais adequadas transformam o aterro num “aterro controlado” com: cobertura das células com camadas de terra, compactação mecânica, instalação de queimadores de gás, intercepção de efluentes líquidos.Esta situação de aterro controlado funcionou até início de 1997;

1997 – Início da operação do segundo aterro de Rio Claro, este enquadrado como “aterro sanitário” pela CETESB;

2001 – Início do funcionamento do aterro industrial para lixo seco - Classe II de Rio Claro. Localizado ao sul do aterro sanitário, sua contrução deveu-se a uma parceria estabelecida entre a Prefeitura Municipal e 13 empresas industriais filiadas à CIESP e à FIESP.

2. ÁGUA DE ABASTECIMENTO

2.1. Captação e tratamento de água potável e destinação do lodo correspondente

Segundo o IBGE 98,99% dos domicílios urbanos estavam ligados à rede geral de abastecimento de água em 2010. (FONTE: SEADE, 2013)

Dois corpos d’água abastecem a cidade por meio de duas estações de captação; umadelas, situada na Floresta Estadual Navarro de Andrade, aproveita as águas do Ribeirão Claro para abastecer a Estação de Tratamento de Água (ETA) I, em operação desde 1949. As águas do rio Corumbataí passaram a ser utilizadas a partir de 1982,

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quando se deu a implementação da ETA II.Como o rio oferece maior vazão, há mais segurança no fornecimento.

A ETA I (José Maria Pedroso) localiza-se na parte central da cidade, Bairro Cidade Nova. Possui capacidade nominal de tratamento da ordem de 350 litros/segundo, com tratamento convencional: Coagulação e floculação, decantação, filtração, desinfecção e fluoretação.

A segunda denominada de ETA II se localiza no Km 8 da Estrada Municipal Rio Claro/ Ajapí, construída em 1982, com capacidade nominal de 500 litros/segundo, pode, no futuro, alcançar uma produção de 750 litros/segundo com a execução de obras, também sendo utilizado o processo de tratamento convencional. O sistema foi construído em alvenaria de tijolos comuns, onde a base de concreto foi executada com uma inclinação de 2% para garantir o escoamento da água. Em cima do piso tem-se uma camada de Brita 02 com altura de 10 cm. Em cima da brita tem-se a manta geotêxtil (bidim).

No caso da ETA I a captação de águas acontece diretamente do Ribeirão Claro e a ETA II capta suas águas no Rio Corumbataí, conforme Resolução CONAMA n.º 20 são considerados como rios classe II. A produção diária das ETAs corresponde à: ETA I são 25.000 m³/dia, e na ETA II 35.000 m³/dia.

O controle de qualidade de água tratada é feito baseando-se na Portaria n°518/04, com análises realizadas por laboratório próprio e também um sistema de contra prova pelo Instituto Adolfo Lutz. Também são realizadas análises periódicas de metais pesados na água bruta e tratada, pela Universidade de São Paulo campus São Carlos nos laboratórios AcquaLab e Bioagki. Além disso, os mananciais são monitorados periodicamente pela Uiversidade Estadual Paulista campus Rio Claro sobre os níveis de toxicidade.

A visita técnica as ETAs de Rio Claro não foi permitida pelo órgão responsável em função da realização de obras de reforma e manutenção de alguns tanques, alegando risco de segurança para os visitantes. Desta forma, as informações foram retiradas do material de apoio fornecido e também por conversas com funcionários do DAAE.

O processo de tratamento convencional utilizado nas ETAs I e II e consiste nas seguintes fases: Um tratamento convencional é composto das seguintes etapas:1) Coagulação e Floculação, na qual as impurezas presentes na água são agrupadas pela ação do coagulante, em partículas maiores (flocos) que possam ser removidas pelo processo de decantação. Os reagentes utilizados são denominados de coagulantes, que neste caso é o o cloreto férrico. Na coagulação ocorre o fenômeno de agrupamento das impurezas presentes na água e , na floculação, a produção efetiva de flocos; 2) Na Decantação os flocos formados são separados da água pela ação da gravidade em tanques de formato retangular. Os decantadores são limpos a cada dois ou três meses o que gera um acúmulo muito grande de lodo, sendo que descartado em lagoas, onde seu volume é reduzido para facilitar sua disposição final em aterros no terreno da própria ETA; 3) Para filtração, a água decantada é encaminhada às unidades filtrantes onde é efetuado o processo. Um filtro é constituído de um meio poroso granular de areia de uma camada instalado sobre um sistema de drenagem, capaz de reter e remover as

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impurezas ainda presentes na água; 4) Para efetuar a Desinfecção de águas de abastecimento utiliza-se cloro, cuja finalidade é a destruição de microrganismos patogênicos que possam transmitir doenças através das mesmas; 5) A fluoretação da água de é efetuada através de compostos à base de fluor. A aplicação destes compostos na contribui para a redução da incidência de cárie dentária em até 60% se as crianças ingerirem desde o seu nascimento quantidades adequadas de ion fluoreto. Nas unidades de tratamento o fluossilicato de sódio e o ácido fluossilicico, com dosagem média de ion fluoreto é de 0,8 mg /l (miligramas por litro).

3. EFLUENTE URBANO

3.1. Captação, tratamento e destinação dos esgotos urbanos e lodos correspondentes

O município de Rio Claro possui uma rede de esgoto com extensão de 700 km. Desde 2007 os serviços de esgotamento sanitário são de responsabilidade da empresa Foz do Brasil, que possui contrato até 2036. Este contrato prevê um investimento de 180 milhões de reais no sistema de tratamento de esgoto do município. Segundo a empresa, a carga orgânica média recebida nas ETEs é de 252.929 Kg DBO/mês, sendo que a carga orgânica do efluente lançado após o tratamento é de 18.073 Kg DBO/mês (eficiência de 92,9% na redução da DBO).

O Relatório da Qualidade das Águas Superficiais no Estado de São Paulo de 2011 listou Rio Claro entre os municípios que necessitavam ampliar seus sistemas de tratamento por mostrarem sinais de degradação decorrente dos despejos de esgotos domésticos (CETESB, 2012a, p.243). Foram feitas melhorias no serviço de esgotamento sanitário, que ficam evidentes ao se comparar os dados de 2011 com o Relatório da Qualidade das Águas Superficiais no Estado de São Paulo de 2012 (CETESB, 2013) (Tabela 1).

Tabela 1.Dados do saneamento básico de Rio Claro - SP nos anos de 2011 e 2012

Ano 2011(CETESB, 2012a)

2012(CETESB, 2013)

PopulaçãoTotal:187.637 Total:188.977Urbana: 183.071 Urbana: 184.379

Coleta 99% 99%Tratamento 30% 55%Eficiência 91,60% 96,30%

Carga poluidora(kg DBO/dia)

Potencial: 9886 Potencial: 9956Efetiva:7195 Efetiva:4737

ICTEM 4,2 6,22(Fontes: CETESB, 2012; CETESB, 2013)

O ICTEM – Índice de Coleta e Tratamento de Esgoto da População Urbana de Município, tem valor 10 e é formado por cinco elementos de um sistema público de

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tratamento de esgoto: a) coleta; b) existência e eficiência do sistema de tratamento do esgoto coletado; c) efetiva remoção da carga orgânica em relação à carga potencial; d) destinação adequada de lodos e resíduos gerados no tratamento; e) o não desenquadramento da classe do corpo receptor pelo efluente tratado e lançamento direto e indireto de esgostos não tratados. São atribuídas ponderações diferenciadas a estes elementos de acordo com sua importância relativa:

ICTEM= 0,015C + 0,015T + 0,065E + D + Q , onde:

C = % da população urbana atendida por rede de coleta de esgotos;T = % da população urbana com esgoto tratado;N = % de remoção da carga orgânica pelas ETEs; E = Eficiência global de remoção de carga orgânica estabelecida por:

(0,01C*0,01T*0,01N)*100;D = zero se a destinação de lodos e resíduos de tratamento for inadequada e 0,2

se for adequada;Q = zero se o efluente desenquadrar a classe do corpo receptor ou existir

lançamento direto ou indireto de esgotos não tratados; 0,3 se o efluente não desenquadrar a classe do corpo receptor.

Os valores para Rio Claro são: C = 99%; T = 55%; N = 96,3%; E = 52,4; D = 02; Q = 0,3. Aplicando-se a fórmula do ICTEM o valor obtido é 6,22. Dentre os parâmetros considerados para o cálculo deste índice, a Eficiência global de remoção de carga orgânica (E) é o que possui maior influência (65% do valor), e sua determinação leva em consideração C, T e N. Como em Rio Claro C = 99%, T = 55% e N = 96,3%, fica evidente que o fator que limita o valor de E, e consequentemente o valor do ICTEM, é a porcentagem de tratamento (T).

A ETE do Jardim Condutta, que atende 65 mil pessoas, começou a operar no final de 2010, atingindo sua eficiência máxima durante 2011; com essa nova ETE a quantidade de esgoto tratado passou de 30% em 2011 para 55% em 2012. Para continuar melhorando o sistema, deve-se aumentar o total de esgoto tratado, o que pode ser conseguido com a construção de mais ETEs.

Atualmente, o sistema de tratamento de esgoto de Rio Claro é composto por três ETEs dentro da cidade (Jardim das Flores, Jardim das Palmeiras e Jardim Condutta) e cinco ETEs nos distritos vizinhos: Ajapi, Batovi, Ferraz, Assistência Alta e Assistência Baixa. Segue na Tabela 2 os dados referentes ao processo de tratamento de esgoto em cada uma das ETEs, em seguida a descrição detalhada do sistema de tratamento da ETE do Jardim Condutta, única ETE em que foi possível receber o grupo para uma visita técnica.

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Tabela 2. Estações de tratamento de esgoto de Rio Claro, seus respectivos sistemas de tratamento, capacidade de tratamento e eficência na remoção de carga orgânica do efluente. Rio Claro, abril de 2013.

ETE Sistema de tratamentoCapacidade de

tratamento (L/s)

Eficiência de remoção de

matéria orgânica

DistritoAjapi

Lagoas australianas seguidas de lagoas de maturação

17 92%

DistritoBatovi

Rede Compacta e tanque de aeração

- -

DistritoFerraz

Reator UASB - -

Distrito Assistência Alta

Fossa filtro - -

Distrito Assistência Baixa

Fossa filtro - -

Jardimdas Flores

Reatores de lodos ativados, simplificador e desinfecção

132 -

Jardimdas Palmeiras

Reatores anaeróbios compartimentados associados, tanques de aeração seguidos de

sedimentadores

25 93%

JardimCondutta

Gradeamento, Reatores UASB, Tanques de aeração, decantadores

e desinfecção288 96%

Obs: Com exceção dos dados da ETE – Jardim Condutta, todos os outros foram retirados do site do DAAE, que não informava muitas das capacidade de tratamento e eficiências de remoção de matéria orgânica. A Foz do Brasil informou que muitos dos sistemas de tratamento já foram atualizados, e as capacidades e eficiências melhoradas, mas também não disponibilizou as informações.

3.2. Visita técnica – Estação de Tratamento de Esgoto do Jardim Condutta

A Figura 2 mostra a sequência de eventos no processo de tratamento adotado na ETE - Jardim Condutta.

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Figura 2. Esquema do sistema de tratamento de esgoto na ETE – Jardim Condutta. Rio Claro, abril de 2013.

O esgoto que chega à ETE passa por grades grossas mecanizadas que removem partículas com 25 mm ou maiores (Figura 3, A), após o que é bombeado por uma Estação Elevatória de Esgoto até o tanque onde passará por um gradeamento fino (remoção de partículas com 3 mm ou maiores) (Figura 3, B e C).

Figura 3.A) Grades grossa mecanizadas da ETE – Jardim Condutta, separam partículas com 25 mm ou mais. B) Grade fina, separa partículas de 3 mm e maiores. C) Detalhe do tipo de material retido na grade fina. Rio Claro, abril de 2013.

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Depois dos gradeamentos o efluente tem seu pH medido (Figura 4) e corrigido pela adição de hidróxido de cálcio(Figura 5, A) para as estapas seguintes (valor mínimo de pH = 8,2).

Figura 4. A) Medidor de pH da ETE – Jardim Condutta; é o aparelho posicionado entre os dois homens de branco. B) e C) Detalhes dos visores do medidor de pH. Rio Claro, abril de 2013.

Figura 5. A) Adição de hidróxido de cálcio para correção do pH do efluente. B) Medidor de vazão ultrassônico instalado na ETE - Jardim Condutta. Rio Claro, abril de 2013.

Figura 6. A) Desarenador retirando areia do efluente que teve pH corrigido. B) A areia retirada é acondicionada em caçambas. Rio Claro, abril de 2013.

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A vazão de efluente é medida (Figura 5, B) quando há passagem para os tanques onde ocorre desarenação (Figura 6) e retirada de gorduras e óleos. Após estas etapas físicas de remoção de resíduos, o efluente é distribuído em módulos UASB (Reatores Anaeróbios de Fluxo Ascendente) (Figura 7, A) em que se iniciao tratamento biológico do esgoto por meio da degradação da matéria orgânica por bactérias anaeróbias. Nesta etapa do tratamento há grande produção de gás metano, os reatores UASB são lacrados com selos hídricos (Figura 7, B) que impedem a liberação na atmosfera do gás, que é queimado (Figura 7, C).

Figura 7. A) Reatores UASB da ETE - Jardim Condutta. B) Detalhe de um selo hídrico dos reatores UASB. C) O círculo vermelho marca a posição do queimador de metano. Rio Claro, abril de 2013.

Dos reatores UASB o efluente é levado para um Reator anóxico (Figura 8, A), etapa que visa promover a desnitrificação; não há entrada de oxigênio e há maior geração de lodo. Nesta passagem há filtração e separação do gás sulfídrico (Figura 8, B). Do Reator anóxico o efluente segue para o tanque de aeração (Figura 8, C), onde degradação da matéria orgânica tem continuidade, mas sendo feita por bactérias aeróbias. Para que isso ocorra há gasto de energia elétrica para injetar ar no tanque.

Figura 8. A) Reator anóxico, etapa de desnitrificação. B) Módulo de tratamento de gás (MTG) filtra e separa do efluente o gás sulfídrico na pasagem dos reatores UASB para os reatores anóxicos. C) Tanques de aeração, etapa com bactérias aeróbias degradando a matéria orgânica do efluente. Rio Claro, abril de 2013.

Depois de passar pelos tanques de aeração, o efluente segue para os decantadores (Figura 9, A) para retirada do lodo, para isso os decantadores possuem lamelas que facilitam a decantação do lodo (Figura 9, B).

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Figura 9. A) Decantador da ETE - Jardim Condutta. B) Detalhe das lamelas no fundo do decantador, que facilitam a decantação do lodo. Rio Claro, abril de 2013.

Parte do lodo retirado é reinjetado nos tanques de aeração (sistema de lodos ativados), o restante é centrifugado (Figura 10, A) com auxílio de polímeros (Figura 10, B) e enviado para a empresa Estre, na unidade localizada em Paulínia, onde o tratamento e disposição final são realizados nos Centros de Gerenciamento de Resíduos (CGR’s).

Figura 10. A) Centrífugas da ETE - Jardim Condutta. B) Sala de preparo do polímero que acelera a centrifugação do lodo. Rio Claro, abril de 2013.

Após a retirada do lodo, o efluente é desinfectado com o uso de lâmpadas UV. Esta técnica não é comumente utilizada em países tropicais por haver acúmulo de algas nas lâmpadas, exigindo manutenção frequente e diminuindo a vida úitl do material, no entanto, o sistema funciona na ETE - Jardim Condutta pois a vazão é muito grande (vazão média: 160 litros/s e vazão máxima: 288 litros/s) e não ocorre acúmulo.

Após a desinfecção o efluente é lançado no Ribeirão Claro (Figura 11, A).O canal que liga o decantador e o corpo d`água possui degraus (Figura 11, B e C) com a função de agitar o efluente, incorporando oxigênio.

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Figura 11. A) Lançamento de efluente tratado no Ribeirão Claro. B) e C) Detalhe dos degraus do canal, que agitam o efluente para incorporação de oxigênio antes do lançamento. Rio Claro, abril de 2013.

Além do sistema de tratamento de esgoto, a ETE - Jardim Condutta se destaca no sistema de esgotamento sanitário da Foz do Brasil em Rio Claro por ser a central de monitoramento e controle de todas as outras ETEs do município, os técnicos conseguem monitorar e corrigir ações à partir de um sistema eletrônico ali instalado (Figura 12, A). A ETE - Jardim Condutta também conta com laboratórios onde são feitas as análises de qualidade do efluente tratado de todas as ETEs de Rio Claro (Figura 12, B).

Figura 12. A) Sistema de monitoramento e controle das ETEs de Rio Claro. Amostras do efluente após cada etapa do tratamento conduzido na ETE - Jardim Condutta. Rio Claro, abril de 2013.

Segundo a Foz do Brasil,3.067.497 Kg DBO/ano deixaram de ser lançados no Ribeirão Claro após o início da operação da ETE - Jardim Condutta, que trata 10.273.002 m³ de esgotos por ano.

3.2.1. Análise e plano de ações

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Todos os equipamentos da etapa física de tratamento, grades mecanizadas grossas e finas e desarenadores, apresentaram bom funcionamento. Ambos os sistemas de gradeamento são mecanizados e, a princípio, se limpam automaticamente. No entanto, segundo a pessoa que nos recebeu, algumas vezes é necessário destacar um funcionário para fazer a limpeza das grades grossas (Figura 3, A), pois sua efetividade vai diminui quando uma grande quantidade de cabelos fica retida. Esse problema não decorre de limitações na estrutura da ETE, mas interfere no rendimento do tratamento; uma maneira de melhorar a situação seria com campanhas públicas que alertassem a população dos problemas causados pelo descarte de cabelos nos ralos.

Todo o sistema de medição de vazão e medição e correção de pH é eletrônico e há também uma central de monitoramento e controle de todos os processos de todas as ETEs de Rio Claro na ETE Condutta. Essa infraestrutura reduz a chance de haver falhas humanas nos procedimentos, mas também permite a intervenção dos técnicos no processo em momentos necessários. Fora a manutenção destes equipamentos, a equipe não tem sugestões de melhora nesta área.

O tratamento anaeróbio realizado pelos reatores UASB possui como principais vantagens a baixa produção de lodo, baixo consumo de energia, tolerância a elevadas cargas orgânicas. Há geração de biogás no processo, sua queima garante que haja emissão de gás carbônico e vapor de água ao invés de metano, e ainda produz energia que é aproveitada na ETE. Não temos sugestões para esta etapa também.

Em geral, o tratamento anaeróbio não é suficiente para remoção pretendida da carga orgânica, sendo necessário um pós-tratamento, o que ocorre na ETE – Jardim Condutta. Nos tanques de aeração ocorre o tratamento aeróbio, que tem como principal vantagem a eficiência no tratamento, e como desvantagens a grande produção de lodo e o elevado consumo de energia. A utilização de lodos ativados aumenta ainda mais a eficiência do processo. A ETE possui geradores que garantem o funcionamento dos tanques de aeração mesmo se faltar energia na rede elétrica. Como a maior parte do tratamento ocorre anaerobiamente, a ETE – Jardim Condutta consome pouca energia e produz pouco lodo, não havendo sugestões para esta etapa também.

Os decantadores também estava funcionando bem, e alguns ainda estavam sendo construídos (Figura 9, B), o que indica que a ETE ainda terá sua capacidade de tratamento aumentada. Depois dessa fase o efluente passa pela desinfecção, que na ETE – Jardim Condutta é feita com lâmpadas UV (que não gera organoclorados), o que é possível devido a grande vazão de efluente tratado como explicado anteriromente. O efluente é agitado no canal de lançamento, o que aumenta a quantidade de oxigênio dissolvido antes de chegar ao Ribeirão Claro.

A equipe destaca que a ETE – Jardim Condutta é a mais nova e melhor equipada ETE de Rio Claro, de modo que se os equipamentos estiverem funcionando corretamente não há sugestões a fazer quanto a melhoria de maquinário ou processos, nos restou apenas indicar a campanha pública para que a população pare de descartar cabelos na rede de esgoto.

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4. RESÍDUOS SÓLIDOS

4.1. Captação e destinação do lixo urbano e condições em que isso ocorre conforme a nova legislação de resíduos sólidos

4.1.1. Importância do tema e legislação

A Constituição Federal de 1988 em seu Art. 225 preceitua que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para os presentes e futuras gerações.

Em seu Art. 175, a Constituição dispõe que “incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou sob o regime de concessão ou permissão, sempre mediante licitação, a prestação de serviços públicos”, entre eles, a limpeza pública urbana, de competência Municipal, que engloba disposição final dos resíduos sólidos.

A adequada disposição final e o tratamento dos resíduos sólidos urbanos objetivam proporcionar melhorias à saúde pública, ao paisagismo urbano, ao trafego aéreo, além de promover a preservação ambiental.

4.1.2. Visão geral

A gestão dos resíduos sólidos está sob a responsabilidade da Secretaria de Desenvolvimento, Planejamento e Meio Ambiente (SEPLADEMA), através da antiga Diretoria de Análise Ambiental, atualmente subdividida nos Departamento de Planejamento Ambiental e no Departamento de Resíduos Sólidos. A Prefeitura Municipal de Rio Claro tem se pautado por claras linhas de ação, visando a sanear o multifacetado conflito gerado pelos diversos tipos de resíduos. Basicamente os empreendimentos têm três princípios: recuperar, reciclar, dar destino adequado aos restos.

Deste modo, foi realizada uma pesquisa documental e o estudo de caso, em que os dados foram obtidos por meio de observação direta e entrevistas realizadas junto a diretora do Departamento de Resíduos Sólidos da SEPLADEMA, Regina Ferreira Silva.

Em 2011, foi realizado o processo licitatório nº 005/2011 que culminou com a celebração dos contratos com as empresas SUSTENTARE e AMBIENTELIX, cujo objeto foi à concessão da execução de serviços de limpeza pública urbana, consistente em: coleta, carga, transporte e descarga de resíduos sólidos domiciliar, comercial e hospitalar, resíduos provenientes das atividades de varrição de vias e logradouros públicos, capina, roçada, mutirões e serviços especiais de limpeza de igarapés/córregos.

Estes serviços abrangem toda a área urbana do município de Rio Claro etodos os resíduos são depositados no aterro municipalapós coleta, atendendo as modalidades operacionais:

a) Coleta regular;

b) Coleta de resíduos industriais, classe II e III;

c) Estação de transbordo de resíduos da saúde;

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d) Estação de transbordo de pneus;

d) Serviços de limpeza de igarapés/córregos; e

e) Programa de educação ambiental.

4.2. Visita técnica – Aterro Sanitário

O aterro municipal atende toda a área urbana de Rio Claro e está situado às margens da Rodovia Fastosantomauro (SP-127), mais precisamente no km 3 (Figuras 13).

Este aterro possui uma área de 44.242,16 m² e, segundo a diretora do Departamento de Resíduos Sólidos da SEPLADEMA, Regina Ferreira Silva, este local ainda suporta a carga de resíduos diária por mais 6 anos. Ademais, a Prefeitura Municipal já se adiantou em adquirir 16 alqueires no entorno da área para futuras expansões do aterro que comportará o lixo urbano de Rio Claro por aproximadamente mais 30 anos (Figuras 14 e 15).

Figura 13. Localização doaterro sanitário de Rio Claro-SP. Fonte: Bortolin, 2009.

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Figura 14. Visão geral do aterro sanitário. Rio Claro, maio de 2013.

Figura 155. Infra-estrutura do aterro sanitário.Rio Claro, maio de 2013.

4.2.1.1. Responsabilidade empresarial – aterro e coleta

Realizada uma concorrência pública da Prefeitura de Rio Claro em 2011, a empresa “SUSTENTARE Serviços Ambientais S/A” (antiga Qualix) firmou um contrato de cinco anos para realizar a operação do aterro e executar um conjunto de serviços e obras civis. No mesmo editalnº 127/2011 – concorrência nº 05/2011, a empresa “AMBIENTELIX Serviços Ambientais Ltda” ganhou para coleta e transporte de resíduos sólidos domiciliares e comerciais (lote 01).

Já o lote 02, que envolve a coleta, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos dos serviços de saúde, teve como vencedora a “STMB Engenharia Ambiental Ltda”, sediada em Hortolândia.

Neste contexto, a SUSTENTARE é atualmente responsável pela manutenção e operação do aterro. Ainda, há dois servidores públicos que atuam como fiscais na portaria do aterro que são ligados a Prefeitura Municipal junto à SEPLADEMA(Figura 16).

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Figura 166. Entrada e fiscalização na portaria do aterro sanitário.Rio Claro, maio de 2013.

4.2.1.2. Destino e tratamento dos resíduos sólidos - Aterro

O aterro sanitário recebe atualmente 160 toneladas de lixo doméstico por dia, o que corresponde a 4.800 mil toneladas por mês. Além disso, incluem-se mais 400 toneladas de resíduos industriais por mês. Neste sentido, a população urbana do município de Rio Claro gera aproximadamente 0,87 kg de lixo doméstico diário por habitante.

Os resíduos sólidos doméstico e comercial são acondicionados em valas autorizadas e de acordo com exigências da CETESB (Figura 17). Além disso, o aterro recebe resíduos industriais de Classes II e III, os quais são dispostos em uma vala destinada exclusivamente para estes compostos (Figura 18).

Figura 17. Vala da frente de trabalho para resíduos doméstico e comercial.Rio Claro, maio de 2013.

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Figura 188. Vala para destino de resíduos industriais – Classes II e III.Rio Claro, maio de 2013.

Em relação aos materiais descartados pelos serviços de saúde, o aterro possui um depósito separado apenas para disposição destes resíduos com potencial infectante(Figura 19). No entanto, não há qualquer tratamento e todo o material érecolhido pela empresa STMB que realiza o tratamento adequado em Hortolândia-SP e disposição final em Paulínia-SP.

Figura 199. Ponto de transbordo para resíduos de serviços da saúde.Rio Claro, maio de 2013.

Existe também o acondicionamento de pneus em área reservada dentro do aterro(Figura 20). E, como este resíduo inclui-se no procedimento de logística reversa em acordo com a legislação, a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP) realiza a coleta periódica para destino final do material. O descarte destes pneus dentro do aterro é realizado por estabelecimentos comerciais do município devidamente cadastrados e é controlado pela fiscalização dos servidores públicos na entrada do aterro.

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Figura 20. Ponto de transbordo para pneus.Rio Claro, maio de 2013.

É importante destacar que o aterro não recebe grandes volumes de entulho oriundos da construção civil. Estes resíduos são destinados a aterros particulares específicos e/ou cooperativas de “caçambeiros” que posteriormente comercializam este material. Também, não se receberesíduos Classe I dentro do aterro sanitário.

4.2.1.3. Condições e caracterização do tratamento dos resíduos sólidos

O aterro sanitário compreende-se de diversas valas para acondicionamento dos resíduos. Todas estas valas possuem manta impermeabilizante que evita a percolação do chorume no solo e, consequentemente, ocasionando a contaminação de águas subterrâneas (Figura 21).

Figura 21. Presença de manta impermeabilizante nas valas.Rio Claro, maio de 2013.

O biogás gerado pela decomposição de todo o material é captado por uma rede coletora interligada. Este gás, geralmente metano (CH4), não deve ser liberado diretamente na atmosfera em função, principalmente, de prejuízo no efeito estufa. Assim, deve se realiza a queima adequada dos gases gerados. Todavia, foi observado que no aterro não existe método de controle da produção do biogás e relatou-se também coleta e queima inadequadas (Figura 21).

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Figura 21. Queima inadequada do biogás gerado. Rio Claro, maio de 2013.

Outro importante parâmetro analisado foi o desvio e drenagem de águas que pluviais que podem danificar a estrutura física do aterro e contaminar águas superficiais próximas e o lençol freático. Notou-se a ineficiência no desvio das águas de chuva que culminam na geração de processos erosivos nos taludes do aterro. Na Figura 22, está demonstrado um processo em ravinamento encontrado que pode tornar-se um problema maior, caso não haja controle e manutenção dos taludes. Neste sentido, está sendo iniciado um programa de drenagem adequada das águas pluviais com a construção de escadas e canaletas.

Figura 22. Processos erosivos encontrados nos taludes do aterro em função da falta de drenagem e desvio de águas pluviais. Rio Claro, maio de 2013.

O chorume é um dos maiores poluentes orgânicos conhecidos e esta substância é potencialmente poluidora do solo e águas superficiais e subterrâneas. Consequentemente, seu manejo é um dos problemas mais importantes no projeto e operação de aterros sanitários. Atualmente, o aterro de Rio Claro dispõe apenas da captação do chorume e disposição em lagoas de contenção (Figura 23). Seu tratamento é realizado por uma empresa em Jundiaí-SP que recolhe o material das lagoas periodicamente. No entanto, está sendo implementada uma Estação de Tratamento de Chorume dentro do próprio aterro(Figura 24). Segundo a diretora do Departamento de Resíduos Sólidos da SEPLADEMA, Regina Ferreira Silva, já foram obtidas as Licenças

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Prévia e de Instalação, restando apenas a Licença de Operação para que a estação inicie suas atividades. O objetivo final no tratamento do chorume é conseguir um resultado eficiente que possibilite utilizar efluente tratado como água de reuso.

Figura 23. Lagoas de contenção de chorume. Rio Claro, maio de 2013.

Figura 24. Estação de Tratamento de Chorume. Rio Claro, maio de 2013.

4.2.1.4. Coleta municipal

Conforme o processo licitatório nº 005/2011, a empresa AMBIENTELIX estabeleceu-se como responsável pela coleta de lixo no município. Atualmente, a coleta compreende-se em 100% da área urbana de Rio Claro.

Entretanto, existe o descarte irresponsável de lixo por parte da população em áreas clandestinas. Visando o combate da criação destes “lixões” e uma maior eficiência na coleta, a Prefeitura Municipal está implementando os Ecopontos em diversas regiões da cidade para atendimento dos munícipes.

4.2.1.5. Coleta seletiva e reciclagem

Após receber os resíduos no aterro, não há qualquer processo de triagem com intuito de separar possíveis materiais recicláveis que irão para o lixo comum. Assim, a

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Prefeitura Municipal auxilia a gestão de uma cooperativa para a realização da coleta seletiva na cidade (Figura 25).

A coleta seletiva atende hoje apenas 30% da cidade, atingindo 100 toneladas mensais de material reciclável. Deste montante, a cooperativa responsável comercializa aproximadamente 70 toneladas, sendo as 30 toneladas restantes de rejeito destinadas ao aterro sanitário.

Figura 25. Cooperativa de coleta seletiva - reciclagem. Rio Claro, maio de 2013.

Neste contexto, os pontos clandestinos de descarte revelam um grande problema social presente no munícipio. Assim, a Prefeitura Municipal também abrangeu a temática dos recicláveis na criação dos Ecopontos com a meta de organizar o sistema de coleta seletiva, visando atender 70% da cidade.

Além disso, destaca-se o programa de educação ambiental implantado nas escolas municipais acerca da reciclagem. Os alunos são instruídos a conscientizar seus pais e trazer todo tipo de material reciclável à escola, separando em categorias como: metal, papel, plástico e vidro. Assim, o poder público em parceria com cooperativas de reciclagem coletam o volume arrecadado para comercialização e destino final. Este programa vem apresentando ótimos resultados, sendo arrecadado 480 kg de material reciclável em apenas 2 semanas somente na Escola Municipal Hamilton Prado.

4.2.1.6. Ecopontos

O município de Rio Claro possui apenas um aterro licenciado que foi visitado pela equipe. Assim, a logística de coleta deve ser direcionada para atender toda a cidade, destinando todo o lixo para este aterro. Porém, o descarte indiscriminado de materiais (recicláveis ou não) em pontos clandestinos pela população torna esta tarefa de difícil controle, além de gerar um problema ambiental e a poluição visual nestas áreas.

Deste modo, a Prefeitura Municipal lançou a criação de Ecopontos distribuídos em diferentes regiões da cidade com o propósito de evitar a criação destes pontos clandestinos e de melhorar a coleta dos resíduos (Figura 26). O gerenciamento dos Ecopontos está sob responsabilidade da empresa AMBIENTELIX.

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Atualmente, existem 3Ecopontos em operação e 3 já propostos para serem implementados. Estes locais atendem exclusivamente munícipes que podem destinar adequadamente:

- todo tipo de material reciclável;- movéis e eletrodomésticos (sofás, fogão, geladeira, etc.);- pequenos volumes de entulho (máximo de 1,0 m3 por habitante);- pneus (pequenas quantidades);- podas vegetais;- lâmpadas;entre outros materiais.

Figura 26. Ecoponto destinado aos munícipes. Rio Claro, maio de 2013.

4.2.2. Plano de ação sugerido

O aterro sanitário do município de Rio Claro enquadra-se como inadequado pelo IQR (Índice de Qualidade de Aterro de Resíduos), segundo o “Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares” em 2011 (CETESB, 2012b), permanecendo até o presente momento nesta situação.

Tais problemas são identificados como:

- ausência de captação de águas pluviais, consequentemente o não comprometimento com a água subterrânea e do entorno do aterro;

- ausência de monitoramento na medição da concentração e vazão dos gases gerados no aterro, e seu acompanhamento com laudo químico de emissões atmosféricas;

- sistema inadequado de armazenamento dos resíduos orgânicos;

- sistema de tratamento e disposição dos Resíduos Sólidos de Serviço de Saúde (RSSS) no aterro;

- baixo percentual de cobertura da coleta seletiva;

- insuficiência de Postos de Entrega Voluntária (PEV’s) no município;

- baixo aproveitamento dos resíduos coletados de forma seletiva;

- ausência de controle da SEPLADEMA sobre a coleta seletiva e comercialização de recicláveis por associações e cooperativas.

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4.2.2.1. Possíveis benefícios conquistados

Com implementação das recomendações sugeridas, espera-se que o gestor obtenha os seguintes resultados:

a) preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida;

b) condições para o desenvolvimento sócio-econômico;

c) identificação e correção tempestiva dos possíveis danos causados ao meio ambiente;

d) redução da quantidade de lixo encaminhado ao aterro;

e) melhoria nas parcerias realizadas entre a SEPLADEMA e as Associações de Catadores por meio de apoio logístico e assessoria técnica;

f) melhoria na estrutura das Associações e nas condições de negociação dos seus produtos com o mercado;

g) dinamização e autonomia de trabalho nas associações;

h) redução dos custos do programa; entre outros.

4.2.3. Atendimento às normas técnicas e ambientais vigentes e posse das devidas licenças ambientais

4.2.3.1. Comprometimento das águas superficiais e subterrâneas próximas ao aterro

A Resolução do Conama nº 357, de 17 de março de 2006, estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes nos corpos de água receptores. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da NBR nº 13896/97, fixa as condições mínimas exigíveis para projeto, implantação e operação de aterros de forma a proteger adequadamente as coleções hídricas superficiais e subterrâneas próximas, bem como os operadores destas instalações e populações vizinhas.

A Portaria MS nº 518/2004, estabelece as responsabilidades por parte de quem produz a água, no caso, os sistemas de abastecimento de água e de soluções alternativas, a quem cabe o exercício de "controle de qualidade da água".

A contaminação dos recursos hídricos no entorno do aterro pode ocorrer a partir do passivo ambiental relativo à ausência de recobrimento vegetal e de manutenção do sistema de drenagem de águas pluviais, que contribuem para o surgimento de erosão nos taludes e assoreamento das lagoas de chorume.

A aceleração do processo de saída dos efluentes das lagoas de chorume em virtude das águas pluviais e de solo arrastado pode comprometer o tratamento deste efluente. Ressalta-se que o solo é proveniente das erosões nos taludes do entorno formadas por deficiências no sistema de drenagem que provocam o assoreamento das lagoas, aumentando rapidamente seu nível. Neste sentido, o chorume é direcionado para os cursos d’água antes do tempo necessário para o devido tratamento, contribuindo para a poluição dos corpos hídricos nas proximidades do aterro e do lençol freático.

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Em relação à preservação dos recursos hídricos influenciados direta ou indiretamente pelo aterro, considerou-se oportuno recomendar:

• a recuperação dos taludes afetados pelas erosões e o seu imediato recobrimento vegetal;

• a recuperação, em caráter de urgência, do sistema de drenagem das águas pluviais ao redor das lagoas de chorume, a fim de evitar entrada das águas da chuva e o consequente assoreamento que compromete o tratamento dos efluentes e sua manutenção.

• a implantação do sistema de bombeamento do chorume para valas de infiltração, de forma que os efluentes não sejam lançados diretamente nos cursos d’água.

4.2.3.2. Sistema inadequado de tratamento e disposição final dos resíduos sólidos de serviço de saúde

Por meio da Lei nº 12.305/2010, o Governo Federal instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que em seu Art. 20, inciso I, dispõe que os geradores de resíduos sólidos dos serviços de saúde estão sujeitos à elaboração de plano de gerenciamento de resíduos sólidos.

As Resoluções do Conama nº 283/2001, 316/2002 e 358/2005, dispõem sobre o tratamento e a destinação final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências.

Por sua vez, a Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nºº 306/2004 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, que dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde no Capitulo IV, item 2, 2.1 e 4.1.

2. Compete aos serviços geradores de RSS: 2.1. A elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - PGRSS, obedecendo a critérios técnicos, legislação ambiental, normas de coleta e transporte dos serviços locais de limpeza urbana e outras orientações contidas nesse regulamento.4.1. O Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde é o documento que aponta e descrevem as ações relativas ao manejo dos resíduos sólidos, observadas suas características e riscos, no âmbito dos estabelecimentos, contemplando os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, bem como as ações de proteção à saúde pública e ao meio ambiente.”

Ainda, a ABNT, por meio das NBR nº 12235/1992, 12807/1993, 12808/1993, 12809/1993, 12810/1993, 10004/2004 e 10007/2004 normatiza o tratamento e a destinação final dos resíduos sólidos dos serviços de saúde.

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Seguindo o regramento legal, a Lei Orgânica, o Plano Diretor e o Código Ambiental Municipal, a prefeitura deveria ter elaborado o Plano de Gerenciamento dos Resíduos Sólidos, contendo as diretrizes para que os geradores dos resíduos sólidos do serviço de saúde elaborem os planos específicos a que estão sujeitos.

As visitas realizadas in loco, nos proporcionaram condições para constatar que o tratamento e a disposição final dos resíduos sólidos dos serviços de saúde no aterro controlado não estão sendo realizados de forma apropriada, pois, o descarte desses resíduos se dá por empresas terceirizadas, em municípios distantes, sem o devido acompanhamento por parte da SEPLADEMA.

Dessa forma, recomendamos à SEPLADEMA, que em seu plano de gestão integrada de resíduos sólidos, contemple as diretrizes para os geradores de resíduos que estão sujeitos a elaboração de plano especifico de gerenciamento, defina os meios a serem utilizados para o controle e a fiscalização no âmbito local da implementação e operacionalização, obedecendo aos critérios técnicos desses planos.

4.2.3.3. Sistema inadequado de armazenamento dos resíduos orgânicos na área de compostagem

A NBR nº 13591/96 da ABNT define os conceitos empregados exclusivamente na compostagem de resíduos sólidos domiciliares. Já a NBR nº 3896/97, itens 5.1 e 5.2,fixa as condições mínimas exigíveis para o projeto, implantação e operação de aterros de forma a proteger adequadamente as coleções hídricas superficiais e subterrâneas próximas, bem como os operadores destas instalações e populações vizinhas.

Contudo, na observação direta realizada durante visita ao aterro não vem sendo operacionalizado de forma adequada, haja vista:

ausência de sistema de drenagem de águas pluviais na área; e

ausência de conjunto de equipamentos destinados a promover e/ou auxiliar no tratamento desses resíduos.

Devido às condições inadequadas de armazenamento, os resíduos orgânicos estão sujeitos à ação das águas pluviais, correndo o risco de serem arrastados e lançados noscursos d’água, contribuindo para o agravamento dos índices de contaminação dos corpos hídricos nas proximidades.

4.2.3.4. Ausência de relatórios de monitoramento da medição da concentração e vazão dos gases gerados no aterro com o respectivo laudo químico das emissões atmosféricas da usina de gás

AABNT/NBR nº 13896/97, trata nos itens 5.3, 5.4 e 5.6, respectivamente, das emissões gasosas, segurança do aterro e relatório anual.

Durante os procedimentos de analise documental e verificação in loco junto à SEPLADEMA, constatamos a ausência dos relatórios de monitoramento da medição da concentração e vazão dos gases gerados no aterro e o respectivo laudo químico das emissões atmosféricas da usina de gás.

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A deficiência no gerenciamento e monitoramento das ações compromete a qualidade dos serviços prestados em função do desconhecimento dos índices de poluentes lançados no ar, impedindo a tomada de ações tempestivas para a correção ou mitigação dos possíveis problemas causados ao meio ambiente.

Desta forma, recomendamos à SEPLADEMA que: estabeleça metas de acompanhamento e monitoramento dos resultados das ações desenvolvidas pela empresa gestora SUSTENTARE; e produza a cada três meses um relatório contendo todos os dados de medição da concentração e vazão dos gases gerados com o respectivo laudo químico de emissões atmosféricas.

Com a implementação das recomendações esperamos conhecer os níveis de emissões de gases lançados na atmosfera, facilitando a identificação e correção tempestiva dos possíveis danos ocasionados ao meio ambiente pelas referidas emissões.

4.2.3.5. Coleta seletiva subdimensionada

O Decreto Federal nº 5.940, de 25/10/2006, instituiu a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da Administração Pública Federal Direta e Indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei Federal nº 12.305/2010, e regulamentada pelo Decreto nº 7.404/2010, consagrou como principio a visão sistêmica na gestão dos resíduos sólidos, considerando as variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública. Nesse contexto, a coleta seletiva é consagrada como principal e fundamental instrumento para o sucesso dessa política.

Ao realizar o diagnóstico da atual situação da coleta seletiva no município de Rio Claro, constatamos, por meio de entrevistas e questionários, que o percentual de cobertura da coleta seletiva é de apenas 30%. O serviço, que atualmente é realizado por três caminhões, percorrendo bairros da área central da cidade e de alguns mais próximos do centro.

Assim, consideramos oportuno recomendar as seguintes ações:

elaborar o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos seguindo os princípios descritos da Lei nº 12.305/10, regulamentado pelo Decreto nº 7.404/10, de maneira a tratar a coleta seletiva como um instrumento fundamental para o êxito da Política Nacional de Resíduos Sólidos;

conjugar as ações normativas, de planejamento e operacionais para reestruturar o sistema de coleta seletiva existente no município;

reestruturar as modalidades de coleta seletiva, porta-a-porta e Ecopontos, para a posterior ampliação dos serviços, definindo metas de crescimento e de qualidade na prestação;

promover campanhas de educação ambiental de forma mais eficaz e abrangente, incluindo, inclusive, as escolas locais;

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incentivar a criação e promover o desenvolvimento e fortalecimento das cooperativas, associações ou outras formas de associação dos catadores, qualificando-os profissionalmente;

4.2.3.6. Possíveis benefícios conquistados a partir das recomendações

Como benefícios das recomendações aqui apresentadas, esperamos que:

a) o plano de gestão integrada de resíduos sólidos elaborado pelo município não seja só mais um instrumento de planejamento exigido por lei, mas que realmente seja implementado de forma eficiente e eficaz, capaz de reduzir o volume de rejeitos enviados ao aterro, aumentando sua vida útil;

b) os serviços de coleta seletiva sejam ampliados de forma significativa, executado, preferencialmente, pelos catadores organizados;

c) as associações recebam incentivo para criação e apoio para seu desenvolvimento e fortalecimento; e

d) as campanhas educativas sejam capazes de alcançar toda a população.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Normatizações referentes ao tratamento e a destinação final dos resíduos dos serviços de saúde: NBR 10004/2004, NBR 10007/2004, NBR 12807/1993, NBR 12808/1993, NBR 12809/1993, NBR 12810/1993, NBR 12235/1992. Rio de Janeiro, 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Normatizações referentes ao Aterro de Resíduos não perigosos – Critérios para Projeto, Implantação e Operação: NBR nº13896/97. Rio de Janeiro, 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Normatizações referentes aos Termos Compostagem de Resíduos Sólidos domiciliares: NBR nº13591/96. Rio de Janeiro, 2004.

ANTONIO FILHO, F. D. Crescimento urbano e recursos hídricos: o caso de Rio Claro (SP). Revista Estudos Geográficos, Rio Claro, 15: 55-62. 2003. Disponível em: http://cecemca.rc.unesp.br/ojs/index.php/ estgeo/article/ view/290

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CASTRO, A. W. S. Clima urbano e saúde: as patologias do aparelho respiratório associadas aos tipos de tempo no inverno, em Rio Claro – 57 SP. Dissertação (Mestrado em Geografia). Rio Claro: IGCE – UNESP: [s.n.], 2000.

CETESB. Qualidade das Águas Superficiais no Estado de São Paulo 2011. 2012a.

CETESB. Inventário estadual de resíduos sólidos domiciliares 2011. 2012b.

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15ª Turma do Curso de Especialização em Gerenciamento Ambiental

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Gerenciamento de Resíduos e Tratamento de Água no Município de Rio Claro-SP 30