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I BRUNO KENZO DE FREITAS HASSEGAWA GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE MÉDIO PORTE: ELABORAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE ANÁLISE AMBIENTAL E OPERACIONAL COM BASE NA NBR ISO 14001: 2004 Orientador: Dr. José Francisco do Prado Filho OURO PRETO 2007 Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Recursos Hídricos da Universidade Federal de Ouro Preto, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Ambiental.

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I

BRUNO KENZO DE FREITAS HASSEGAWA

GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE

TRATAMENTO DE ÁGUA DE MÉDIO PORTE:

ELABORAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE ANÁLISE

AMBIENTAL E OPERACIONAL COM BASE NA NBR ISO

14001: 2004

Orientador: Dr. José Francisco do Prado Filho

OURO PRETO

2007

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos da Universidade Federal de Ouro Preto, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Ambiental.

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Catalogação: [email protected]

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IV

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais e irmãos, cujo apoio e

amizade me dão a força necessária para superar

os diversos obstáculos impostos pela vida.

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V

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais pelo incentivo e apoio constantes.

Ao meu orientador Prof. José Francisco do Prado Filho pelo seu apoio, extensa

paciência e por se dispor a me ouvir nos momentos em que precisava de alguém para

me escutar.

A Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) pelo financiamento deste trabalho

através da concessão de bolsa de estudos.

A todos os professores do curso de pós-graduação em Engenharia Ambiental da UFOP

pela boa convivência diária.

Ao pessoal do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAES) de Ponte Nova -

MG. Incluindo Cristiano Caria que é o diretor da empresa, Gandy que é o gerente da

ETA e a todos os operadores da ETA: Rodrigo, Ted, Paulinho, Filomeno, João,

Alessandro e Pereira.

Ao diretor Wagner Melillo do Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de

Itabirito - MG, ao Laércio e Rogério, respectivamente, gerente da ETA e gerente de

qualidade da ETA e também a todos os operadores.

Aos colegas do curso de mestrado pela amizade e incontáveis horas de conversa fiada.

A Liana que, com muita presteza, corrigiu o inglês do “abstract” deste trabalho.

Ao Fred que através das nossas conversas sobre o tema de saneamento apresentou

diversas informações que acabei utilizando na formulação do projeto deste trabalho.

Ao Maurão, pelos altos papos em meio às inúmeras idas e vindas nos finais-de-semana

de Ouro Preto à Ponte Nova e vice-versa.

A todas as pessoas que cruzaram a minha vida neste período de mestrado e que

contribuíram para o meu crescimento profissional e emocional.

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VI

RESUMO

HASSEGAWA, Bruno Kenzo de Freitas. GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE MÉDIO PORTE: ELABORAÇÃO DE UM INSTRUMENTO PARA ANÁLISE AMBIENTAL E OPERACIONAL COM BASE NA NBR ISO 14001:2004. OURO PRETO: UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO, 2007. NÚMERO DE PÁGINAS: 441.

O funcionamento das estações de tratamento de água (ETA) pode ser comparado ao de verdadeiras indústrias, pois, como em qualquer processo de fabricação, também se utiliza de matéria-prima que é a água bruta e insumos visando transformá-la num produto final de qualidade que é a água tratada. Nesse processo são gerados resíduos que são o lodo de decantador e a água de lavagem de filtros, cujos estudos de caracterização sobre suas composições físico-químicas, realizados por diversos autores, apresentaram resultados com altas concentrações de metais como alumínio, cádmio, chumbo e cromo, dentre outros.

Observando esses aspectos, o presente trabalho buscou desenvolver uma metodologia, com base na NBR ISO 14001:2004 e em referências bibliográficas sobre o tratamento de água, para identificar quais características das etapas do tratamento de água podem causar danos ao meio ambiente e verificar se os sistemas de gestão adotados em duas empresas de saneamento de Minas Gerais, com estações de tratamento de água (ETA) de médio porte, permitem o controle dessas características no processo buscando-se evitar impactos ambientais.

O modelo de análise ambiental elaborado no presente estudo foi testado em duas ETAs de médio porte, em que se acompanharam as rotinas operacionais e gerenciais de cada uma delas. Em ambos os casos, o modelo de análise ambiental proposto demonstrou-se útil na coleta de informações e detecção de irregularidades operacionais que podem resultar em problemas ambientais importantes.

Os resultados da pesquisa indicaram que os atuais sistemas de gestão das duas empresas avaliadas ainda não estão preparados para lidar com assuntos de cunho ambiental. Dentre as várias causas que podem explicar isso se destacam a falta de uma política ambiental estabelecendo o compromisso com o meio ambiente, ausência de funcionários devidamente treinados e conscientizados, falta de documentação de procedimentos relacionados à etapas do tratamento de água com características ambientais significativas e falta de investimentos na modernização e ampliação das ETAs.

Palavras-Chave: ISO 14001; tratamento de água; sistema de gestão ambiental (SGA);

impactos ambientais; estação de tratamento de água (ETA).

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VII

ABSTRACT

HASSEGAWA, Bruno Kenzo de Freitas. ENVIRONMENTAL MANAGEMENT IN WATER TREATMENT PLANTS OF MEDIUM SCALE: ELABORATION OF ENVIRONMENTAL AND OPERATIONAL ANALYSIS TOOL WITH BASED IN NBR ISO 14001:2004. OURO PRETO: FEDERAL UNIVERSITY OF OURO PRETO, 2007. NUMBER OF PAGES: 441.

The water treatment systems operation can be compared to real industries because as well as in any a process production, it is also used of raw material that is the rude water and inputs seeking to transform it in a final product that is the treated water. In that process there are also produced residues which are decanter sludge and backwash water filters whose characterization studies on their physiochemical compositions, accomplished by several autors, presented results with high concentrations of metals as aluminium, cadmium, lead and chrome, among others.

Observing those aspects, the present work looked for to develop a methodology, with based in NBR ISO14001:2004 and in bibliographical references on the water treatment, to identify the characteristics of the stages of water treatment that can cause damages to the environment and to verify if the administration systems adopted in two companies of sanitation of Minas Gerais, with water treatmente plants (WTP) of medium scale, allow the control of those characteristics of whole the process being looked for to avoids environmental impacts.

The model of the environmental analysis elaborated in the present study was tested in two medium WTPs, in which operational and managerial routines were attended in each one of them. In both cases, the model of environmental evaluation proposed demonstrated to be useful in the collection of information and detection of operational irregularities that can result in important environmental problems.

The results of the research indicate that the current management systems of the public companies of water supply are still not prepared to work with environmental subjects. Among the several causes that can explain that is the lack of environmental politics establishing its commitment with the environment, absence of employees properly trained, a reduced number of documentation of procedures related to the stages of the treatment with significant environmental characteristics and absence of investments in the modernization and enlargement of WTPs.

Key-Words: ISO 14001, water treatment, environmental management system (EMS),

environmental impacts; water treatment plants (WTP).

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VIII

LISTA DE TABELAS

Tabela 1– Instrumentos de Gestão Ambiental. ............................................................. 8

Tabela 2– Grupo de normas da família ISO 14000. .................................................... 22

Tabela 3– Lista dos principais programas de rotulagem ambiental no mundo............. 25

Tabela 4- Exemplos de Aspectos e Impactos Ambientais. .......................................... 51

Tabela 5– Exemplo de associação entre atividade, aspecto e impacto ambiental......... 53

Tabela 6– Quadro sobre a distribuição da água no mundo. ......................................... 59

Tabela 7– Estimativa dos custos das alternativas para redução de mortalidade infantil

em 2000. Nota- Mortalidade de 0-4 anos em 2000: 3521 casos. .................................. 70

Tabela 8- Número de municípios com serviços de abastecimento de água segundo as

grandes regiões do Brasil. ........................................................................................... 73

Tabela 9– Total de domicílios e economias abastecidas e respectivas distribuições

percentuais segundo estratos populacionais até o ano de 2000..................................... 74

Tabela 10– Entidade prestadora do serviço de abastecimento de água e existência de

cobrança pelo serviço segundo os distritos-sede dos municípios de Minas Gerais. Nota:

Um mesmo distrito pode apresentar mais de um tipo de constituição jurídica das

entidades prestadoras de serviço de abastecimento de água. ........................................ 81

Tabela 11– Forma de captação e existência de tratamento da água distribuída, segundo

os distritos-sede dos municípios de Minas Gerais........................................................ 95

Tabela 12– Limites recomendados para a concentração do íon fluoreto (mg/L) de

acordo com a temperatura do ar. ............................................................................... 103

Tabela 13– Compostos utilizados na fluoretação das águas para consumo humano. . 103

Tabela 14– Composição química do LETA. Retirado de Santos et al (2000). ........... 107

Tabela 15- Comparação entre os valores máximos estabelecidos por lei e os

encontrados em estudos de caracterização LETAs. *Segundo a resolução CONAMA n0

357/05 em seu artigo 28, parágrafo 2o: “Para os parâmetros não incluídos nas metas

obrigatórias, os padrões de qualidade a serem obedecidos são os que constam na classe

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IX

na qual o corpo receptor estiver enquadrado.”. Assim o valor da concentração de

alumínio utilizada é referente a águas de classe II consideradas um tipo mais comum no

Brasil. ....................................................................................................................... 110

Tabela 16– Estudos de caracterização físico-química da água de lavagem de filtro.

Menezes et al (2005) realizou sete amostragens nas datas que vão de 30/05/04 até

02/12/04. Scalize & Di Bernardo realizaram três amostragens. ND – não detectado na

amostra analisada...................................................................................................... 114

Tabela 17- Lista de produtos químicos utilizados no tratamento da água para

abastecimento. Classe 2.3- gases tóxicos, 4.2- substâncias sujeitas à combustão

espontânea, 5.1- substâncias oxidantes, 6.1- substâncias tóxicas, 8- substâncias

corrosivas. *Soluções de hipoclorito com mais de 5% de cloro livre. ........................ 121

Tabela 18– Dimensões das câmaras dos floculadores hidráulicos. ............................ 160

Tabela 19– Características granulométricas do material filtrante dos filtros rápidos.

*Atualmente não se utiliza mais o antracito no filtro. ................................................ 164

Tabela 20 - Plano de amostragem para análise de água do manancial. ...................... 171

Tabela 21 - Plano de amostragem da saída de água do tratamento no DMAES de Ponte

Nova. Data: 14/06/07................................................................................................ 171

Tabela 22- Plano de amostragem da água na saída do sistema de distribuição. Data:

14/06/07. .................................................................................................................. 171

Tabela 23– Média Mensal da Vazão de Água Bruta na ETA do DMAES................. 173

Tabela 24– Média Mensal do Parâmetro Turbidez (NTU) de Água Bruta na ETA do

DMAES.................................................................................................................... 174

Tabela 25– Média Mensal do pH da Água Bruta na ETA do DMAES...................... 175

Tabela 26– Média Mensal da Alcalinidade de Água Bruta na ETA do DMAES. ...... 176

Tabela 27– Média de Consumo Diário de Coagulante na ETA do DMAES.............. 177

Tabela 28– Média de Consumo Diário de Alcalinizante na ETA do DMAES........... 178

Tabela 29– Média de Consumo Diário de Desinfectante na ETA do DMAES. ......... 179

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X

Tabela 30– Média de Consumo Diário de Fluorsilicato na ETA do DMAES............ 181

Tabela 31- Plano de Amostragem da Água do SAAE de Itabirito. Data: 14/06/07. ... 193

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XI

LISTA DE FIGURAS

Figura 1– Gráfico sobre a motivação para investimentos ambientais em valores

percentuais. Foram compilados os resultados de três diferentes pesquisas. .................. 15

Figura 2– Ciclo do PDCA, segundo a NBR ISO14001............................................... 29

Figura 3– Ranking dos países com maiores números de certificações ISO 14001 até

dezembro de 2005....................................................................................................... 44

Figura 4– Mapa global e as áreas sob stress hídrico. O Indicador de Stress Hídrico varia

de <0,3 (baixo stress, cor cinza) até >1 (alto stress, cor vermelha)............................... 60

Figura 5- Consumo de água em km3 em países desenvolvidos (developed countries),

países em desenvolvimento (developing countries) e no mundo (world) de acordo com

os vários cenários de simulação: negócios como habitual (business as usual), crise da

água (water crisis) e cenário de uso sustentável da água (sustainable water scenario). 64

Figura 6- Produção de cereais em milhões de toneladas em países desenvolvidos

(developed countries), países em desenvolvimento (developing countries) e no mundo

(world) de acordo com os vários cenários de simulação: negócios como habitual

(business as usual), crise da água (water crisis) e cenário de uso sustentável da água

(sustainable water scenario). ...................................................................................... 64

Figura 7- Gráficos sobre a distribuição de pessoas por continente que não tem acessos a

uma fonte de água melhorada (com qualidade adequada ao consumo humano) e ao

saneamento básico até o ano de 2004. ......................................................................... 68

Figura 8– Água distribuída, em m3 per capita, segundo as grandes regiões do Brasil.

Retirado da “Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000” realizada pelo IBGE.... 74

Figura 9– Percentual dos domicílios urbanos atendidos por rede geral de abastecimento

de água, segundo municípios e bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais no ano

de 2000....................................................................................................................... 77

Figura 10– Formas de captação, segundo municípios e bacias hidrográficas do estado

de Minas Gerais no ano de 2000. ................................................................................ 78

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XII

Figura 11– Entidades prestadoras de serviços de abastecimento de água, segundo

municípios e bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais no ano de 2000. ............ 82

Figura 12– Fluxograma típico da tecnologia de filtração direta em linha. ................... 91

Figura 13– Fluxograma típico da tecnologia de filtração direta. ................................. 91

Figura 14– Fluxograma típico da tecnologia de tratamento convencional. .................. 91

Figura 15– Tecnologia de tratamento de água quimicamente coagulada com uso da

filtração rápida............................................................................................................ 92

Figura 16– Proporção de água tratada distribuída por dia, por tipo de tratamento

utilizado, segundo as grandes regiões. Retirado da “Pesquisa Nacional de Saneamento

Básico 2000” realizada pelo IBGE.............................................................................. 93

Figura 17– Proporção de volume diário de água tratada e distribuída, por tipo de

tratamento, segundo os estratos populacionais dos municípios. Retirado da “Pesquisa

Nacional de Saneamento Básico 2000” realizada pelo IBGE....................................... 94

Figura 18– Tipo de tratamento de água, segundo municípios e bacia hidrográficas do

estado de Minas Gerais. .............................................................................................. 96

Figura 19– Classificação de unidades filtrantes. ....................................................... 101

Figura 20- Seqüência de etapas do LAIA. A) Identificação de Etapas do Tratamento de

água, de Procedimentos e seus Aspectos e Impactos Ambientais. B) Análise. C)

Significância............................................................................................................. 134

Figura 21 – Exemplo de aplicação para a etapa A da metodologia de LAIA............. 135

Figura 22– Fluxograma geral de operação do tratamento convencional da água com

identificação de entradas e saídas do sistema. Adaptado de Richter & Netto (1995). . 137

Figura 23– Fluxograma do processo de tratamento do DMAES. .............................. 158

Figura 24– Vazão de Água Bruta na ETA do DMAES............................................. 173

Figura 25– Turbidez (NTU) de Água Bruta na ETA do DMAES. ............................ 175

Figura 26– pH da Água Bruta na ETA do DMAES. ................................................. 176

Figura 27– Alcalinidade da Água Bruta na ETA do DMAES. .................................. 176

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XIII

Figura 28– Consumo de Coagulante na Água Bruta na ETA do DMAES................. 178

Figura 29– Consumo de Alcalinizante na ETA do DMAES. .................................... 179

Figura 30– Consumo de Desinfectante na ETA do DMAES..................................... 180

Figura 31– Consumo de Fluorsilicato na ETA do DMAES. ..................................... 181

Figura 32- Fluxograma do processo de tratamento na ETA do SAAE. ..................... 185

Figura 33– Fluxograma do processo de tratamento de água do DMAES. As caixas com

linhas pontilhadas representam os diversos procedimentos associados a cada etapa do

tratamento................................................................................................................. 197

Figura 34– Entrada da água bruta (antigo aerador desativado). Data: 04/05/05......... 198

Figura 35– Escada de acesso a entrada de água bruta. Data: 04/05/05. ..................... 199

Figura 36– Caminhão tanque utilizado no transporte de sulfato de alumínio líquido.

Data: 20/03/06. ......................................................................................................... 203

Figura 37– Reservatório de sulfato de alumínio líquido. Notar a ausência de estrutura

para contenção de vazamentos. Data: 04/05/05. ........................................................ 203

Figura 38– Calha Parshall e dosador de orifício de nível constante para aplicação de

coagulante. Data: 04/05/05........................................................................................ 204

Figura 39– Séries de floculadores Cox. As setas vermelhas indicam a falta de grades de

proteção para a série de floculadores da esquerda da foto. Data: 04/05/05. ................ 206

Figura 40– Vazamentos detectados na parte inferior das câmaras dos floculadores. As

setas vermelhas indicam os vazamentos. Data: 06/05/05. .......................................... 206

Figura 41– Descida do operador pela escada a fim de se executar limpeza manual do

decantador. Data: 07/05/05. ...................................................................................... 208

Figura 42– Operador executando limpeza das paredes do decantador com o uso de

mangueira. Data: 14/05/05. ....................................................................................... 209

Figura 43– Operador em meio ao lodo do decantador. Data: 07/05/05. .................... 209

Figura 44– Despejo de lodo nas águas do rio Piranga. Data: 07/05/05...................... 210

Figura 45- Vazamento de água por rachadura do decantador. Data: 05/05/05........... 211

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XIV

Figura 46– Lavagem de filtro. Data: 05/05/05.......................................................... 214

Figura 47– Armário onde são estocados os reagentes com prazo de validade vencidos.

Data: 06/05/05. ......................................................................................................... 223

Figura 48– Fluxograma do processo de tratamento de água do SAAE. As caixas de

bordas pontilhadas representam os procedimentos associados a cada etapa do

tratamento................................................................................................................. 225

Figura 49– Operador descendo a escada para participar da limpeza do decantador.

Data: 21/07/05. ......................................................................................................... 231

Figura 50– Operador executando a limpeza manual do lodo de decantador com a

utilização de rodos de madeira. Data: 21/07/05. ........................................................ 231

Figura 51– Avaliação visual dos efeitos do lançamento do lodo de decantador sobre

córrego da Carioca, em Itabirito (MG), próximo a ETA. Na foto A observa-se trecho a

montante do ponto de lançamento, já na foto B observa-se o trecho a jusante do ponto

de lançamento. Data: 21/07/05.................................................................................. 233

Figura 52– Descida de operador por meio da utilização das aberturas da cortina

distribuidora do decantador. Data: 21/07/05. ............................................................. 234

Figura 53– Operador executando a lavagem da cortina distribuidora do decantador. Um

dos pés está apoiado sobre mureta do canal de água floculada e sem nenhum anteparo

de segurança para protegê-lo no caso de uma possível queda. Data: 21/07/05 ........... 235

Figura 54– Galeria dos filtros. Data: 21/07/05.......................................................... 237

Figura 55– Tanques de armazenamento de hipoclorito de sódio no pátio externo da

ETA. Notar a falta de uma bacia de contenção de vazamentos. Data: 22/07/05. ........ 240

Figura 56- Gráfico sobre o Diagnóstico do Nível de Atendimento a NBR ISO

14001:2004 do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAES) de Ponte Nova.

Itens: A) Política Ambiental, B) Identificação de Aspectos e Impactos Ambientais, C)

Identificação de Requisitos Requisitos Legais, D) Objetivos, metas e programa(s), E)

Recursos, funções, responsabilidades e autoridades, F) Competência, treinamento e

conscientização, G) Comunicação, H) Documentação, I) Controle de documentos, J)

Controle Operacional, K) Preparação para resposta à emergências, L) Monitoramento e

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XV

medição, M) Avaliação de atendimento à requisitos legais, N) Não-conformidade, ação

corretiva e ação preventiva, O) Controle de registros, P) Auditoria interna, Q) Análise

pela administração. ................................................................................................... 243

Figura 57- Gráfico de Qualidade Gerencial e Operacional no DMAES. Itens: A) Plano

Diretor de Recursos Hídricos do Município, B) Conservação de Mananciais, C) Dados

Hidrológicos, D) Saúde e Segurança Ocupacional, E) Programas de Educação

Ambiental para os Consumidores, F) Entrada de Água Bruta, G) Mistura Rápida, H)

Mistura Lenta, I) Decantação, J) Filtração, K) Correção de pH, L) Fluoretação, M)

Desinfecção, N) Saída de Água Tratada, O) Produtos Químicos Utilizados no

Tratamento, P) Laboratório de Análises Físico-Químicas e Microbiológicas, Q)

Controle de Perdas Físicas Operacionais e por Vazamentos. ..................................... 253

Figura 58– Exemplo de exposição desnecessária ao risco onde se observa um dos

funcionários sobre a calha de coleta de água decantada e logo abaixo dele, observa-se

outro funcionário realizando o arraste do lodo químico sem vestimentas adequadas para

a sua proteção. Data: 07/05/05. ................................................................................. 262

Figura 59– Aplicação de alcalinizante (cano do lado esquerdo) no mesmo ponto onde

se aplica o desinfectante (cano do lado direito da foto). Data: 03/05/05..................... 264

Figura 60– Canal por onde escoa a água de vazamentos nas galerias e das rachaduras

de floculadores e decantadores. Data: 06/05/05......................................................... 272

Figura 61– Despejo da água de lavagem de filtro pelo canal de esgoto..................... 272

Figura 62– Gráfico de colunas demonstrando o nível de atendimento à NBR ISO

14001:2004 pelo SAAE. . Itens: A) Política Ambiental, B) Identificação de Aspectos e

Impactos Ambientais, C) Identificação de Requisitos Legais, D) Objetivos, metas e

programa(s), E) Recursos, funções, responsabilidades e autoridades, F) Competência,

treinamento e conscientização, G) Comunicação, H) Documentação, I) Controle de

documentos, J) Controle Operacional, K) Preparação para resposta à emergências, L)

Monitoramento e medição, M) Avaliação de atendimento à requisitos legais, N) Não-

conformidade, ação corretiva e ação preventiva, O) Controle de registros, P) Auditoria

interna, Q) Análise pela administração...................................................................... 274

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XVI

Figura 63– Gráfico sobre Qualidade Gerencial e Operacional do SAAE. . Itens: A)

Plano Diretor de Recursos Hídricos do Município, B) Conservação de Mananciais, C)

Dados Hidrológicos, D) Saúde e Segurança Ocupacional, E) Programas de Educação

Ambiental para os Consumidores, F) Entrada de Água Bruta, G) Mistura Rápida, H)

Mistura Lenta, I) Decantação, J) Filtração, K) Correção de pH, L) Fluoretação, M)

Desinfecção, N) Saída de Água Tratada, O) Produtos Químicos Utilizados no

Tratamento, P) Laboratório de Análises Físico-Químicas e Microbiológicas, Q)

Controle de Perdas Físicas Operacionais e por Vazamentos. ..................................... 283

Figura 64– Vazamento de óleo da bomba utilizada para succionar água da câmara de

floculador. As setas indicam a película de óleo formada sobre a água. Data: 14/03/06.

................................................................................................................................. 289

Figura 65– Funcionário lavando a parede do decantador sem equipamento de proteção

para evitar queda. Data: 21/07/05.............................................................................. 291

Figura 66– Detalhe da bota utilizada na limpeza do decantador, onde se observa que o

comprimento do cano é insuficiente para impedir o contato do operador com o lodo

químico. Data: 21/07/05............................................................................................ 291

Figura 67– (A) Sacas de cal armazenadas sobre estrado de madeira ao lado de arquivo

morto. (B) Sacas de alumínio dispostas atrás da cal hidratada. Data: 22/07/05. ......... 297

Figura 68– Sacas de fluorsilicato de sódio sobre estrado de madeira localizadas ao lado

de arquivo “morto”. Data: 22/07/05. ......................................................................... 298

Figura 69- Gráfico comparativo entre DMAES e SAAE no atendimento a NBR ISO

14001:2004. Itens: A) Política Ambiental, B) Identificação de Aspectos e Impactos

Ambientais, C) Identificação de Requisitos Legais, D) Objetivos, metas e programa(s),

E) Recursos, funções, responsabilidades e autoridades, F) Competência, treinamento e

conscientização, G) Comunicação, H) Documentação, I) Controle de documentos, J)

Controle Operacional, K) Preparação para resposta à emergências, L) Monitoramento e

medição, M) Avaliação de atendimento à requisitos legais, N) Não-conformidade, ação

corretiva e ação preventiva, O) Controle de registros, P) Auditoria interna, Q) Análise

pela administração. ................................................................................................... 303

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XVII

Figura 70- Gráfico comparativo entre DMAES e SAAE no atendimento aos requisitos

da parte II do checklist. Itens: A) Plano Diretor de Recursos Hídricos do Município, B)

Conservação de Mananciais, C) Dados Hidrológicos, D) Saúde e Segurança

Ocupacional, E) Programas de Educação Ambiental para os Consumidores, F) Entrada

de Água Bruta, G) Mistura Rápida, H) Mistura Lenta, I) Decantação, J) Filtração, K)

Correção de pH, L) Fluoretação, M) Desinfecção, N) Saída de Água Tratada, O)

Produtos Químicos Utilizados no Tratamento, P) Laboratório de Análises Físico-

Químicas e Microbiológicas, Q) Controle de Perdas Físicas Operacionais e por

Vazamentos. ............................................................................................................. 307

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XVIII

LISTA DE SIGLAS

ABCON – Associação Brasileira de Concessionários Privados dos Serviços de Águas e

Esgotos

ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABIQUIM – Associação Brasileira de Indústrias Químicas

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABS – American Bureau of Shipping

ACV – Análise do Ciclo de Vida

ADA – Avaliação do Desempenho Ambiental

ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres

BNH – Banco Nacional de Habitação

BS - British Standard

BVQI – Bureau Veritas Quality International

CESB – Companhia Estadual de Saneamento Básico

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho

CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica

CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente

CONMETRO – Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial

COPAM – Conselho de Política Ambiental

COPASA – Companhia de Saneamento de Minas Gerais

CORSAN – Companhia Riograndense de Saneamento

DMAES – Departamento Municipal de Água e Esgoto

DNV – Det Norske Veritas

EMAS – Plano de Ecogestão e Auditoria

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XIX

EMBASA – Empresa Baiana de Águas de Abastecimento

EPC – Equipamento de Proteção Coletiva

EPI – Equipamento de Proteção Individual

ETA – Estação de Tratamento de Água

ETE – Estação de Tratamento de Esgoto

FCAV – Fundação Carlos Alberto Vanzolini

FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

FISPQ – Ficha de Informação sobre Segurança de Produtos Químicos

FJP – Fundação João Pinheiro

FUNASA – Fundação Nacional de Saúde

GAE – Gestão Ambiental Empresarial

GAIA – Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais

GANA – Grupo de Apoio à Normalização Ambiental

CEI – Centro de Estatísticas e Informações

DDT – Dicloro-Difenil-Tricloroetano

GEO – Global Environmental Outlook

GIWA – Global International Waters Assessment

IAAOETA – Instrumento para Análise Ambiental e Operacional de Estações de

Tratamento de Água

IAF – International Acreditation Forum

IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICC – Instrumento de Comando e Controle

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

IE – Instrumento Econômico

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XX

IEC – International Electrotecnical Comission

IEF – Instituto Estadual de Florestas

IFPRI – International Food Policy Research Institute

IGS – Inovação da Gestão em Saneamento

INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

INSS – Instituto Nacional do Seguro Social

IPEM – Instituto de Pesos e Medidas

ISO – International Organization for Standartization

LAIA – Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais

LETA – Lodo de Estação de Tratamento de Água

MS – Ministério da Saúde

NBR – Norma Brasileira

OCC – Organismo de Certificação Acreditado

OIC – Organismo de Inspeção Acreditado

ONG – Organização Não-Governamental

ONU – Organização das Nações Unidas

OTC – Organismo de Treinamento Credenciado

OPP – Organismo Provedor de Ensaio de Proficiência Credenciado

PDCA – Plan, Do, Check and Act

PMSS – Programa de Modernização do Setor de Saneamento

PNCDA – Programa Nacional de Combate ao Desperdício da Água

PNQS – Prêmio Nacional de Qualidade em Saneamento

PNSB – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

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XXI

PPA – Política Pública Ambiental

PVC – Policloreto de Vinila

RDH – Relatório do Desenvolvimento Humano

SAAE – Sistema Autônomo de Água e Esgoto

SABESP – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

SAGE – Strategic Advisory Group of the Environment

SANED – Companhia de Saneamento de Diadema

SANEPAR – Companhia de Saneamento do Paraná

SC – Subcomitê

SG – Sistema de Gerenciamento

SETAC – Society of Environmental Toxicology and Chemistry

SGA – Sistema de Gestão Ambiental

SGQ – Sistema de Gestão de Qualidade

SINMETRO – Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente

SNS – Sistema Nacional de Saneamento

SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento

SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação

TAM - Trialometanos

TC – Technical Committee

UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância

WG – Working Group

WHO – World Health Organization

WRI – World Resource Institute

WWIUMA – Worldwatch Institute

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XXII

SUMÁRIO

RESUMO ..................................................................................................................VI

ABSTRACT ............................................................................................................ VII

LISTA DE TABELAS ...........................................................................................VIII

LISTA DE FIGURAS ...............................................................................................XI

LISTA DE SIGLAS ............................................................................................XVIII

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

2. OBJETIVOS ........................................................................................................... 6

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 7

3.1. Gestão Ambiental............................................................................................... 7

3.1.1. Conceitos e Instrumentos de Gestão Ambiental ........................................... 7

3.1.2. A ISO 14000 ............................................................................................. 18

3.1.3. O Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) ................... 49

3.2. Saneamento da Água........................................................................................ 56

3.2.1. Distribuição e Qualidade da Água ............................................................. 56

3.2.2. Águas de Abastecimento e Saúde Pública.................................................. 67

3.2.3. Cobertura de Serviços de Água no Brasil................................................... 71

3.2.4. Cobertura de Serviços de Água em Minas Gerais ...................................... 76

3.4. Estação de Tratamento de Água (ETA) ............................................................ 89

3.4.1. Tipos de Tratamento de Água.................................................................... 89

3.4.2. Etapas do Tratamento de Água de Ciclo Completo .................................... 96

3.4.3. Problemas Ambientais em ETAs ............................................................. 106

3.4.4. Gerenciamento Ambiental em ETAs ....................................................... 125

4. METODOLOGIA............................................................................................... 130

4.1. Instrumento para Análise Ambiental e Operacional de ETAs com Base na NBR

ISO14001:2004..................................................................................................... 130

4.1.1. Pré-Questionário para Caracterização de ETAs........................................ 133

4.1.2. Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) ..................... 134

4.1.3. Lista para Verificação (Checklist) Ambiental de ETAs............................ 142

4.2. Aplicação do IAAOETA................................................................................ 145

4.2.1. Entrevistas............................................................................................... 146

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XXIII

4.2.2. Vistorias.................................................................................................. 146

4.2.3. Consulta a documentos e registros ........................................................... 147

4.3. ETAs Selecionadas ........................................................................................ 148

4.3.1. ETA do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAES) de Ponte

Nova – MG....................................................................................................... 149

4.3.2. ETA do Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Itabirito – MG150

4.4. Período de Coleta de Dados ........................................................................... 151

4.5. Análise dos Resultados do IAAOETA............................................................ 151

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................... 153

5.1.Resultados Obtidos com a Aplicação do Pré-Questionário para Caracterização das

ETAs .................................................................................................................... 154

5.1.1. ETA do DMAES de Ponte Nova (MG).................................................... 154

5.1.2. ETA do SAAE de Itabirito (MG)............................................................. 182

5.2. Resultados do Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais.................. 194

5.2.1. ETA do DMAES de Ponte Nova ............................................................. 195

5.2.2. ETA do SAAE de Itabirito (MG)............................................................. 223

5.3.Resultados da Lista de Verificação (Checklist) Ambiental de ETAs ................ 242

5.3.1. ETA do DMAES de Ponte Nova (MG).................................................... 242

5.3.2. ETA do SAAE de Itabirito ...................................................................... 273

5.3.3. Comparação dos resultados obtidos com a utilização do checklist no

DMAES e no SAAE ......................................................................................... 301

5.4 . Análise Sobre a Aplicabilidade do IAAOETA............................................... 310

5.4.1. Análise Geral .......................................................................................... 310

5.4.2. Análise do Pré-Questionário para Caracterização de ETAs ...................... 311

5.4.3. Análise do LAIA..................................................................................... 312

5.4.4. Análise da Lista de Verificação (Checklist) Ambiental de ETAs.............. 314

5.4.5. Conclusão Sobre a Aplicabilidade do IAAOETA .................................... 315

6. CONCLUSÃO..................................................................................................... 316

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 319

APÊNDICE A - PRÉ-QUESTIONÁRIO PARA CARACTERIZAÇÃO DE ETA

................................................................................................................................. 333

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XXIV

APÊNDICE B – PLANILHA PARA LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E

IMPACTOS AMBIENTAIS................................................................................... 353

APÊNDICE C – LISTA PARA VERIFICAÇÃO (CHECKLIST) AMBIENTAL DE

ETAS ....................................................................................................................... 354

APÊNDICE D – RESULTADOS DO LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E

IMPACTOS AMBIENTAIS (DMAES) ................................................................. 388

APÊNDICE E – RESULTADOS DO LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E

IMPACTOS AMBIENTAIS (SAAE)..................................................................... 397

APENDICE F – RESULTADOS DO CHECKLIST (DMAES) ............................. 404

APENDICE G – RESULTADOS DO CHECKLIST (SAAE) ................................ 411

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1

1. INTRODUÇÃO

A World Health Organization (WHO) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância

(UNICEF) promoveram em 2006 o estudo intitulado “Meeting the MDG Drinking

Water and Sanitation Target: the Urban and Rural Challenge of the Decade” que avalia

vários índices a respeito da cobertura populacional pelos serviços de saneamento. Até

2004, os dados da pesquisa indicavam que cerca de 1,1 bilhões de pessoas no mundo

estavam sem acesso à quantidade mínima de água potável necessária para uma

sobrevivência saudável e 2,6 bilhões de pessoas, cerca de 40% da população mundial,

viviam sem condições adequadas de saneamento básico como, por exemplo, serviços de

água tratada e esgoto.

No estudo “Progress for Children” de 2006, patrocinado pela UNICEF, estima-se que

fatores como a má qualidade da água, falta de água para uso na higiene pessoal (Ex:

banho, descarga de sanitários...) e a falta de acesso a serviços de saneamento (Ex:

tratamento de água e esgoto, coleta de lixo...) contribuem, juntos, com 88% das mortes

de crianças, com menos de cinco anos de idade, relacionadas com doenças cujo

principal sintoma é a diarréia, o que corresponde a 1,5 milhões de indivíduos.

Ainda referindo-se aos dados do estudo “Progress for Children”, dos 120 milhões de

crianças nascidas, em média, por ano no mundo inteiro, a metade vive em famílias sem

acesso à serviços de saneamento básico e um quinto vive em locais sem acesso à fontes

de água potável o que se constitui num grave risco à vida dessas crianças.

Portanto, como se vê através dos números das pesquisas citadas anteriormente, a

qualidade da água utilizada para consumo humano tem uma grande influência sobre a

saúde das pessoas. Caso não possua características físicas, químicas e microbiológicas

adequadas pode ocasionar em surtos de doenças e sérias epidemias. Os riscos a saúde

que são associados à água, podem ser de curto prazo, quando resultam da poluição

hídrica causada por elementos microbiológicos ou químicos, e de médio e longo prazo

quando resultam do consumo regular, durante meses ou anos, de água contaminada com

produtos químicos, como certos metais pesados ou pesticidas que se acumulam no

organismo dos indivíduos resultando tardiamente na manifestação de sérias doenças.

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2

Atualmente, devido à intensa utilização de mananciais de água para a dispersão e

diluição de poluentes (Ex: despejo de esgoto, lançamento de efluentes industriais…), no

transporte hidroviário e na geração de energia hidroelétrica, dentre vários outros usos,

tornam a qualidade da água natural da maioria dos rios e lagos no mundo inadequada

para consumo humano. Assim, o tratamento da água bruta para abastecimento público

assume um papel importantíssimo para bilhões de pessoas em todo o mundo através da

garantia de segurança no consumo de seu produto final que é a água potável.

As tecnologias de tratamento da água são dependentes da qualidade da água bruta do

manancial escolhido para a captação no sistema de abastecimento. Di Bernardo (2002)

classifica as tecnologias de tratamento em cinco tipos: tratamento em ciclo completo,

floto-filtração, filtração direta ascendente, filtração direta descendente e dupla filtração.

O primeiro tipo, tratamento em ciclo completo ou convencional, como também é

conhecido, é um dos mais utilizados e por ser também o mais indicado para águas

brutas de baixa qualidade, que é o caso de grande parte dos mananciais situados

próximos às grandes cidades.

Cordeiro & Campos (1999) fazem uma interessante analogia entre os processos de

tratamento de água e os industriais. Segundo os autores, os sistemas de tratamento de

água podem ser chamados de “indústrias da água”, pois assim como numa atividade

industrial, a potabilização da água transforma uma água bruta (matéria-prima) em um

produto final que é a água tratada, utilizando para isso os produtos químicos e energia

elétrica (insumos). Neste processo, geram-se ainda resíduos que são a água de lavagem

de filtros e o lodo de decantadores.

Cabe-se ressaltar um importante fato que diz respeito à disposição destes resíduos que,

na grande maioria das Estações de Tratamento de Água (ETA), é feita através de seu

lançamento in natura nos corpos d’água sem que seja feito qualquer tipo de tratamento

prévio. Parsekian (1998) numa avaliação feita em 11 ETAs do estado de São Paulo,

detectou que apenas uma tratava adequadamente o lodo químico utilizando um leito de

secagem, as outras dez ETAs lançavam este resíduo em corpos d’água.

Outros estudos sobre a caracterização físico-química dos lodos de decantadores

(BARROSO, 2002; BARROSO & CORDEIRO apud DI BERNARDO, 2002; SOUZA,

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3

2004) e das águas de lavagem de filtros (MENEZES et al, 2005; SCALIZE & DI

BERNARDO, 2000) indicam que vários dos seus parâmetros químicos estão acima de

valores limites pré-estabelecidos na atual legislação que regula o enquadramento de

corpos d’água e o lançamento de efluentes nos mesmos. Segundo os estudos, o lodo

químico excede os valores de diversos metais que podem ser tóxicos a biota aquática

dos mananciais como o alumínio, chumbo e cádmio, dentre outros. Já a água de

lavagem de filtro apresenta altos valores de alumínio cujos sintomas por intoxicação em

humanos, manifestam-se principalmente no sistema nervoso.

A partir dessas observações, define-se o seguinte problema: “O sistema de

gerenciamento de uma ETA apresenta características administrativas e operacionais

suficientemente adequadas para o atendimento de questões relacionadas ao meio

ambiente?”.

Para responder a esta pergunta, procurou-se desenvolver um método de avaliação que

permitisse identificar, durante as rotinas gerenciais e operacionais, características do

processo de tratamento de água que pudessem afetar negativamente o meio ambiente e,

além disso, verificar quais as medidas de controle que a empresa pode dispor para

corrigir ou mitigar possíveis impactos ambientais.

Esta metodologia desenvolvida foi chamada de Instrumento de Análise Ambiental e

Operacional para ETAs com base na NBR ISO 14001:2004 (IAAOETA) e foi dividida

em três partes:

o Elaboração de um Pré-Questionário para Caracterização de ETAs, cujo objetivo

é determinar o fluxo operacional dentro de uma ETA, identificando estrutura de

responsabilidades no local, sistema de documentação e registros, procedimentos

realizados e unidades do sistema de tratamento de água relacionados a ETA.

o Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) relacionado às

ETAs, que é uma recomendação na norma NBR ISO 14001:2004 no sentido de

identificar quais as características do processo que possuem interfaces positivas

ou negativas com questões relacionadas ao meio ambiente.

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4

o Elaboração de Lista para Verificação (Checklist) Ambiental, dividida em duas

partes: Nível de Atendimento à NBR ISO 14001:2004 e Desempenho Gerencial

e Operacional. Na primeira parte, verifica-se qual o grau de atendimento das

práticas gerenciais e operacionais aos requisitos da NBR ISO 14001:2004, uma

norma internacionalmente reconhecida que contém várias diretrizes importantes

para a implantação de Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) capazes de

controlar e tratar características ambientais negativas do processo de produção

da empresa. Na segunda parte, elabora-se um sistema para avaliar o desempenho

gerencial e operacional de ETAs de ciclo completo, objetivando verificar quais

características do processo necessitam ser otimizadas ou corrigidas a fim de que

se obtenham informações para melhorar o desempenho da ETA e assim evitar

desperdícios, minimizar resíduos e controlar riscos ambientais e de saúde e

segurança ocupacional.

Para testar o instrumento proposto realizou-se a sua aplicação em duas ETAs de ciclo

completo de médio porte localizadas no Estado de Minas Gerais:a ETA do

Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAES) de Ponte Nova, na Bacia do Rio

Doce e a ETA do Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Itabirito, na Bacia

do Rio das Velhas.

Considera-se que através dos resultados dos dois estudos de caso, foi possível traçar

perfis detalhados sobre o comportamento das empresas avaliadas em relação ao meio

ambiente. As informações obtidas com a aplicação do Instrumento para Análise

Ambiental de ETAs apresentam descrições do fluxo operacional do tratamento de água,

assim como as deficiências gerenciais e operacionais encontradas a partir dos critérios

estabelecidos por este trabalho.

Assim, concluiu-se que o instrumento elaborado demonstrou-se bastante eficaz em

cumprir a finalidade a qual se propõe que é a análise do nível de atendimento das

empresas de saneamento às questões ambientais relacionadas às suas atividades.

A estrutura deste trabalho é composta de oito capítulos e sete apêndices.

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5

No segundo capítulo são apresentados os objetivos geral e específicos deste trabalho.

No terceiro capítulo é feita uma revisão bibliográfica sobre a atual situação ambiental

no Brasil e no mundo, história de surgimento da NBR ISO 14001 e suas aplicações em

casos reais, a cobertura dos serviços de saneamento, os sistemas de tratamento de água

no Brasil, os resíduos deste tratamento e o impacto ambiental causado por eles.

No quarto capítulo realiza-se a apresentação da metodologia do Instrumento de Análise

Ambiental para ETAs e de seus três componentes: Pré-Questionário para Caracterização

de ETAs, Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) e a Lista de

Verificação (“checklist”) Ambiental e do Desempenho Gerencial e Operacional de

ETAs.

No quinto capítulo é realizada a apresentação e discussão dos resultados obtidos nos

dois estudos de caso realizados.

O sexto capítulo trata das principais conclusões encontradas neste trabalho.

No sétimo capítulo são apresentadas as referências bibliográficas.

No apêndice A encontra-se o Pré-Questionário para Caracterização de ETAs.

No apêndice B, encontra-se o modelo de planilha para realização de Levantamento de

Aspectos e Impactos Ambientais segundo o que recomenda a NBR ISO 14001:2004.

No apêndice C, encontra-se a Lista de Verificação (Checklist) Ambiental e do

Desempenho Gerencial e Operacional de ETAs.

Nos apêndices D e E, listam-se respectivamente, os resultados do LAIA nos estudos de

caso realizados no DMAES e SAAE.

Finalmente, nos apêndices F e G, são listados, respectivamente, os resultados dos

checklists dos dois estudos de caso realizados no DMAES e SAAE.

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6

2. OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho foi a elaboração e aplicação de um instrumento que

possibilite realizar uma análise ambiental e operacional dos sistemas de gerenciamento

aplicados a estações de tratamento de água de ciclo completo de pequeno e médio

portes.

Tendo como base a NBR ISO14001:2004 e diversas fontes bibliográficas sobre o

processo de tratamento convencional da água, buscou-se traçar como objetivos

específicos os seguintes itens:

• elaboração de pré-questionário para caracterização dos processos e atividades de

ETAs de médio porte (segundo deliberação normativa COPAM 74/04)

• aplicação de método, conforme recomendações da NBR ISO14001:2004, para

levantamento de aspectos e impactos ambientais associados ao tratamento da

água;

• elaboração de uma lista de verificação (checklist) para a avaliação do

desempenho operacional e ambiental das estações de tratamento de água;

• realização de dois estudos de casos por meio da aplicação do instrumento de

análise ambiental e operacional de ETAs visando analisar a aplicabilidade do

instrumento elaborado;

• analisar o desempenho gerencial ambiental e operacional das duas ETAs

estudadas.

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7

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Gestão Ambiental

3.1.1. Conceitos e Instrumentos de Gestão Ambiental

Diversas transformações significativas que têm ocorrido no meio ambiente natural ao

longo das últimas décadas vêm pressionando governos e empresas a considerarem, com

empenho e comprometimento cada vez maiores, o impacto causado à natureza pelas

atividades antrópicas. Como exemplos dessas transformações podem-se citar a escassez

de recursos naturais em algumas regiões do planeta, problemas de saúde humanos

causados pelos altos índices de poluição, crescimento demográfico acelerado, altas

taxas de desmatamento, alterações climáticas (Ex: efeito estufa, inversão térmica),

grandes acidentes ambientais (Ex: derramamento de petróleo do Exxon Valdez,

vazamento de gás na indústria química de Bhopal na Índia), salinização de solos,

extinção de espécies animais e vegetais, dentre outras. Também ao longo desse período,

tornou-se cada vez mais necessária a implantação de práticas governamentais e

empresariais que diminuíssem ou controlassem estes impactos negativos sobre o meio

ambiente.

Desenvolvida a partir da década de 1970, a Gestão Ambiental visa atingir o objetivo de

tornar sustentáveis as atividades de uma empresa ou governo a partir da adoção de um

conjunto de medidas e procedimentos bem definidos que cobrem desde a fase de

concepção de projeto até a eliminação efetiva dos impactos ambientais gerados pelo

empreendimento depois de implantado e durante todo o período do seu funcionamento.

Além disso, a gestão ambiental deve contribuir também para a melhoria contínua das

condições ambientais, de segurança e saúde ocupacional de todos os seus colaboradores

e para um relacionamento sadio com os diversos segmentos da sociedade (VALLE,

2002).

Gestão ambiental para Barbieri (2006) é um conjunto de diretrizes e de atividades

administrativas e operacionais, tais como planejamento, direção, controle, alocação de

recursos e outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio

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8

ambiente, quer reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações

humanas, quer evitando que elas surjam.

A evolução da gestão ambiental é dividida, segundo Moreira (2001), em três fases:

alienação, gestão ambiental passiva e gestão ambiental proativa. A primeira fase é

referente ao período anterior a 1970, em que ocorreu intensa fase de crescimento

industrial, mas com uma legislação ambiental ainda incipiente. A segunda fase é

marcada pela conferência de Estocolmo, promovida pela ONU em 1972 e a crise do

petróleo, e abrange as décadas de 1970 e 1980. Nesse período, houve grande

desenvolvimento da legislação ambiental e iniciativas das empresas com métodos de

controle da poluição no final de linha. A terceira e atual fase, iniciou-se a partir da

década de 1990 e é marcada pela Conferência Rio-92, realização de vários acordos

internacionais como a Carta de Roterdã e o Protocolo de Kyoto, realização de ações

preventivas para evitar a poluição durante o processo de produção (Método middle-of-

pipe) e criação das normas empresariais para combate à poluição (Ex: BS 7750, série

ISO 14000, Responsible Care).

Em relação a origem de cada um dos instrumentos de gestão ambiental atualmente

utilizados, Barbieri (2006) os classifica em: Políticas Públicas Ambientais e Gestão

Ambiental Empresarial.

Tabela 1– Instrumentos de Gestão Ambiental.

Instrumentos de Política Pública Ambiental

Gênero Espécies

Comando

e Controle

o Padrão de Emissão.

o Padrão de Qualidade Ambiental.

o Padrão de Desempenho Ambiental.

o Padrões Tecnológicos.

o Proibições e restrições sobre produção, comercialização e uso

de produtos e processos.

o Licenciamento Ambiental.

o Zoneamento Ambiental.

o Estudo Prévio de Impacto Ambiental.

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9

Tabela 1 (Continuação) – Instrumentos de Gestão Ambiental.

Econômico

o Tributação sobre Poluição.

o Tributação sobre o Uso de Recursos Naturais.

o Incentivos Fiscais para Reduzir Emissões e Conservar

Recursos.

o Financiamentos em Condições Especiais.

o Criação e Sustentação de Mercados de Produtos

Ambientalmente Saudáveis.

o Permissões Negociáveis.

o Sistema de Depósito-Retorno.

o Poder de Compra do Estado.

Outros

o Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

o Educação Ambiental.

o Criação de Unidades de Conservação.

o Informações ao Público sobre Meio Ambiente.

Instrumentos de Gestão Ambiental Empresarial

o Códigos de Conduta Empresarial.

o Sistema de Gestão Ambiental (SGA).

o Sério ISO 14000.

o Auditoria Ambiental.

o Avaliação de Desempenho Ambiental de Produto ou Processo.

o Análise de Ciclo de Vida de Produtos.

Fonte: Modificado de Barbieri (2006)

Como se observa no quadro acima, os instrumentos de Política Pública Ambiental, além

de ter a origem de suas ações advindas da administração pública, têm um caráter

obrigatório traduzido na forma de regulamentos legais impostos às empresas. Já, os

instrumentos de Gestão Ambiental Empresarial têm um caráter voluntário, uma vez que

a adoção dos mesmos não é obrigatória. A seguir, cada um dos tipos de Instrumentos de

Gestão Ambiental é discutido mais detalhadamente.

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10

A) Instrumentos de Política Pública Ambiental

A Política Pública Ambiental (PPA) é um conjunto de objetivos, diretrizes e

instrumentos de ação de que o Poder Público dispõe para produzir efeitos desejáveis

sobre o meio ambiente. Dentre os principais instrumentos de PPA estão os de Comando

e Controle e os Econômicos (BARBIERI, 2006).

Os Instrumentos de Comando e Controle (ICC) se caracterizam por uma regulação

direta, objetivando alcançar as ações que degradam o meio ambiente através da

limitação ou condicionamento do uso de bens, da realização de atividades e o exercício

de liberdades individuais em benefício da sociedade como um todo. São exemplos

característicos de ICC as normas legais que visam a estabelecer padrões ou níveis de

concentrações máximos aceitáveis de poluentes.

Os Instrumentos Econômicos (IE) realizam uma regulação indireta em que procuram

influenciar o comportamento das pessoas e das organizações em relação ao meio

ambiente, utilizando medidas que representem benefícios ou custos adicionais para elas.

Os exemplos mais típicos de IEs são as taxas de coleta de esgoto que se baseiam no

princípio do poluidor-pagador em que a cobrança do tributo visa internalizar os custos

ambientais produzidos pelos particulares. Outro bom exemplo de IE é a cobrança pelo

uso d’água que inclusive já foi implementada na Bacia do Paraíba do Sul.

Dentre os dois tipos de instrumentos de PPA citados, os que predominam no Brasil são

os ICCs que atualmente são representados por uma grande diversidade de leis

desenvolvidas para o controle ambiental dos diversos setores produtivos do país. Duas

dessas leis se tornaram importantes marcos regulatórios que foram utilizados para o

desenvolvimento da gestão ambiental pública no país. O primeiro deles é a Política

Nacional de Meio Ambiente instituída pela lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981 e o

artigo no 225 da constituição federal de 1988 que estabelecem as diretrizes para a gestão

do meio ambiente no país através da divulgação de conceitos, definição da estrutura do

Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), punições por danos causados ao

meio ambiente, dentre outras coisas. Outros regulamentos importantes são:

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11

o Resolução CONAMA no 001, de 23 de janeiro de 1986 que define os critérios

para se identificar as situações onde há a necessidade da realização da Avaliação

de Impacto Ambiental (AIA) e como ela deve ser feita para a obtenção da

licença ambiental de empreendimentos poluidores e degradadores do meio

ambiente;

o Resolução CONAMA no 020, de 18 de junho de 1986 que posteriormente foi

substituída pela CONAMA no 357, de 17 de março de 2005 que dispõe sobre a

classificação dos corpos d’água de acordo com os seus usos preponderantes e

padrões para o lançamento de efluentes;

o Lei no 9.433, de 08 de janeiro de 1997, também conhecida como a Lei das

Águas, é responsável pelo estabelecimento da Política Nacional de Recursos

Hídricos que define a estrutura de gerenciamento para este recurso e institui

importantes princípios como a adoção da bacia hidrográfica como unidade de

planejamento, usos múltiplos da água, reconhecimento do valor econômico da

água, gestão descentralizada e participativa, e por último, em caso de escassez

de recursos hídricos, o seu uso preferencial será para o abastecimento humano e

a dessedentação de animais;

o Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, Lei de Crimes Ambientais, que dispõe

sobre sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades

lesivas ao meio ambiente;

o Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000 que institui o Sistema Nacional de

Unidades de Conservação da Natureza (SNUC).

Ainda que a legislação ambiental brasileira seja bastante desenvolvida e atualizada em

relação às diversas questões ambientais locais, regionais e mundiais, a sua aplicação

vem enfrentando problemas principalmente por duas razões principais que são a

escassez de recursos financeiros e humanos nos órgãos públicos de fiscalização

ambiental, e a fraca integração inter e intragovernamental dos diversos órgãos

ambientais com órgãos de outros setores que não raramente rejeitam interferências

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ambientais com a justificativa de que elas restringiriam o sucesso dos planos a serem

implementados (MOTTA, 1996).

Conseqüentemente a opção por IEs tem sido abordada como uma ferramenta

complementar aos tradicionais ICCs anteriormente comentados ou mesmo como uma

alternativa aos ICCs. Teoricamente, ao fornecerem incentivos ao controle da poluição

ou de outros danos ambientais, os IEs permitem que o custo social de controle

ambiental seja menor e podem ainda fornecer aos cofres do governo local a receita de

que tanto necessitam. No entanto, os custos administrativos associados aos IEs podem

ser mais elevados. As exigências de monitoramento e outras atividades de fiscalização

continuam, como no caso do ICC, podendo haver a necessidade de esforços adicionais

de administração face às mudanças institucionais e de projeto que surgem da aplicação

dos IEs (MOTTA et al, 1996).

Dentre os IEs mais conhecidos, Barbieri (2006) destaca:

o Tributação sobre emissões (emission taxes and charges) encargos cobrados

sobre a descarga dos poluentes, geralmente calculados com base nas

características dos poluentes e nas quantidades emitidas.

o Tributação sobre a utilização de serviços públicos de coleta e tratamento de

efluentes (user taxes and charges).

o Tributação que incide sobre preços de produtos que geram poluição ao serem

utilizados em processos produtivos ou pelo consumidor final, como as taxas

cobradas sobre derivados de petróleo, carvão, baterias, pneus, produtos que

contém Cloro Flúor Carbonetos (CFCs).

o Tributação baseada em alíquotas diferenciadas (taxes differentiation) sobre

produtos, gravando os produtos de acordo com seu grau de impacto ambiental,

com o objetivo de induzir a produção e o consumo dos produtos mais benéficos

ao meio ambiente.

Outros tipos de IEs, citados pelo autor, e que não são tributos, são os sistemas de

depósito-retorno e permissões de emissões negociáveis. O primeiro IE citado funciona

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através de um depósito na aquisição de determinados produtos, cujos resíduos (ex:

embalagens de agrotóxicos, cascos de refrigerantes) ao serem devolvidos nos pontos de

venda servem como desconto na compra de outra unidade do mesmo produto. Este

desconto é na verdade o depósito que foi feito anteriormente pelo consumidor e que está

retornando a ele por não ter lançado os resíduos no meio ambiente e sim levado a um

local para onde o resíduo será reciclado ou corretamente destinado. O segundo tipo de

IE é derivado de um mercado de permissões negociáveis que funciona através da

compra e venda de certificados de emissões onde o detentor destes documentos tem o

direito de poluir até a soma da quantidade de seus títulos e poderão vender seus títulos

extras, nos casos em que poluir menos do que ele tem direito. Os títulos disponíveis são

dependentes dos níveis totais de poluição fixados por cada governo. Um exemplo típico

deste IE é o Protocolo de Kyoto que após o estabelecimento de um nível máximo de

produção de gases estufa, permitiu a criação de permissões de emissão e a negociação

entre as empresas envolvidas.

Mendes & Motta (1997) citam como principais vantagens dos IEs a geração de receita

fiscal e tarifária pela cobrança de taxas, tarifas ou certificados; o uso de tecnologias

menos intensivas em bens e serviços ambientais que seriam estimuladas pela redução da

despesa fiscal obtida em virtude da redução da carga poluente ou da taxa de extração;

evitam os dispêndios, muito comuns nos ICCs, em pendências judiciais para aplicação

de penalidades; sistema de taxação progressiva ou de alocação inicial de certificados

pode ser efetivado segundo critérios distributivos em que a capacidade de pagamento de

cada agente econômico seja considerada.

B) Instrumentos de Gestão Ambiental Empresarial

A Gestão Ambiental Empresarial (GAE) consiste basicamente na inserção de variáveis

ambientais nos processos administrativos das empresas, onde o objetivo principal é

promover a melhoria do desempenho ambiental, tornando as atividades das empresas

ambientalmente sustentáveis.

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Dentre as possíveis abordagens para a GAE, Barbieri (2006) cita três possibilidades:

controle da poluição, prevenção da poluição e estratégica. A primeira abordagem é

caracterizada por uma postura reativa da empresa em relação aos assuntos de meio

ambiente que implementa práticas internas a fim de cumprir o que é estabelecido pela

legislação ambiental aplicável às atividades desenvolvidas pela organização. Já a

prevenção da poluição, frequentemente envolve a remodelagem de processos de

produção a fim de otimizar o uso de energia e de insumos, diminuindo a geração de

resíduos na fonte e minimizando assim os gastos com tratamento destes resíduos. O

último tipo de abordagem para a GAE é a estratégica que representa hoje o que há de

mais moderno em gestão ambiental e visa através das ações ambientais de controle e

prevenção da poluição a obtenção de uma posição vantajosa do seu atual negócio em

relação aos dos concorrentes.

No Brasil, como conseqüência do desenvolvimento da legislação de meio ambiente, a

GAE se desenvolveu basicamente sob uma postura reativa, característica da abordagem

de controle da poluição, onde as empresas desenvolveram práticas em suas linhas de

produção voltadas para o atendimento de padrões legais. Apesar disso, com a

globalização de mercados e o aumento da concorrência nos mais diversos setores

comerciais, as empresas têm gradativamente alterado essa postura reativa para uma

proativa embasada numa visão estratégica onde o meio ambiente deixa de ser apenas

mais um encargo, para se tornar uma oportunidade de negócio através da melhoria da

imagem das empresas e da otimização das linhas de produção ao diminuir custos com

gastos em insumos e tratamento de resíduos.

Oliveira (2005) realizou uma análise do comportamento do setor empresarial brasileiro

identificando, através da compilação de vários estudos realizados, as principais

motivações para o investimento em ações ambientais. Em todos os casos, o atendimento

a requisitos legais foi o fator considerado de maior influência, segundo a opinião dos

administradores das diversas empresas avaliadas, o que confirma a informação do

parágrafo anterior. Já a partir do segundo lugar pode-se observar que as principais

motivações das empresas em investir no setor de meio ambiente são de ordem

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estratégica o que confirma um início de mudança de postura das empresas em relação às

questões ambientais.

Fonte: Oliveira (2005).

Figura 1– Gráfico sobre a motivação para investimentos ambientais em valores percentuais. Foram

compilados os resultados de três diferentes pesquisas.

Outro trabalho que reflete a evolução da questão ambiental nas empresas do Brasil foi

realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que mede o

Investimento em Controle Ambiental das Indústrias no Brasil no período de 1997-2002

(IBGE, 2007). Segundo a pesquisa, a quantia de dinheiro investido no controle

ambiental passou de R$2,2 bilhões, em 1997, para R$4,1 bilhões em 2002,

representando um crescimento de 83,9%. Em 1997, apenas 3.823 empresas investiram

em controle ambiental, número que subiu para 6.691 em 2002 – um aumento de 75,0%.

Em 1997, havia uma alta concentração dos investimentos em controle ambiental nos

setores de alimentos e bebidas; já em 2002 a maior concentração passou para as

divisões de fabricação de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis

nucleares e produção de álcool.

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Um outro dado interessante revelado pela pesquisa é que as 3.823 empresas que

investiram em controle ambiental no período pesquisado, em 1997 representavam

34,1% do valor de transformação industrial no país. Em 2002, essa participação subiu

para 48,1%, o que indiretamente revela que o investimento em controle ambiental é

realizado principalmente pelas grandes organizações provavelmente devido ao maior

capital disponível para investimentos deste tipo, além da maior dimensão de

distribuição dos seus negócios que atingem frequentemente mercados europeus, cujos

consumidores apresentam elevado nível de conscientização ambiental nas tomadas de

decisão a respeito do produto a ser consumido.

Dentre os instrumentos de GAE mais utilizados, Barbieri (2006) cita como principais os

códigos de conduta (Ex: Responsible Care), normas da família ISO 14000, análise do

ciclo de vida de produtos e serviços, avaliação do desempenho ambiental, auditorias

ambientais e sistemas de gestão ambiental.

Os Códigos de Conduta são medidas de auto-regulação representadas por iniciativas

tomadas pelas empresas ou por setores da indústria para empreender e disseminar

práticas ambientais que promovam uma maior responsabilidade das empresas quanto às

questões ambientais, mediante a adoção de padrões, monitorações, metas de redução da

poluição e assim por diante. Num sentido mais amplo, pode-se dizer que é uma das

diversas maneiras de equilibrar as forças de mercado e distribuir de maneira mais justa,

em termos monetários, os danos que a sociedade está suportando como efeito da

modificação da qualidade do meio ambiente (SANCHES, 2000).

As normas da família ISO 14000, tiveram sua formulação iniciada após a Conferência

Mundial sobre Meio Ambiente Rio-92. São normas voltadas para uniformizar as

diversas ações da GAE e atuam nas áreas de sistemas de gestão ambiental, rotulagem

ambiental, análise do ciclo de vida, avaliação de desempenho ambiental de empresas e

auditoria ambiental. Nos próximos capítulos desta revisão, as normas ISO 14000 serão

abordadas de maneira mais detalhada.

A Análise do Ciclo de Vida (ACV) é uma técnica para avaliação dos aspectos

ambientais e dos impactos potenciais associados a um produto, compreendendo etapas

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que vão desde a retirada da natureza das matérias-primas elementares que entram no

sistema produtivo até a disposição do produto final. Dentre as principais utilizações para

a ACV estão a identificação de partes do processo que são passíveis de melhorias,

seleção de diferentes materiais para compor um produto (Ex: garrafa de plástico ou de

vidro), avaliação do custo ambiental na fabricação de determinados produtos

(CHEHEBE, 1998).

A Avaliação do Desempenho Ambiental (ADA) consiste na definição de indicadores

ambientais para que seja efetuada a medição, análise e avaliação do cumprimento de

metas e objetivos ambientais pré-estabelecidos em programas de gestão ambiental pelas

empresas. Os indicadores de desempenho ambiental devem ser específicos para

determinada área e podem incluir, por exemplo, quantidade de efluentes ou emissões

atmosféricas por unidade de produto ou por peso da embalagem. Atualmente a ADA

nas empresas é orientada pela norma ISO 14031 que estabelece os critérios para a

elaboração de indicadores ambientais e formas de fazer a medição do desempenho

ambiental (VALLE, 2002).

A Auditoria Ambiental é um instrumento utilizado pelas empresas para auxiliá-las a

controlar o atendimento a políticas, práticas, procedimentos e requisitos estabelecidos

com o objetivo de evitar a degradação ambiental. Dentre os principais tipos de auditoria

citam-se a de conformidade legal, de desempenho ambiental, de sistema de gestão

ambiental, de certificação, de descomissionamento, de responsabilidade (due

dilligence), de sítios e pontual (LA ROVERE, 2001).

Dentre os tipos citados anteriormente, a realização periódica da auditoria de

conformidade legal é estabelecida como obrigatória por leis em diversos estados e

municípios: Rio de Janeiro – Lei no 1.898, de 26/11/91; Minas Gerais - Lei no 10.627, de

16/01/92; Espírito Santo - Lei no 4.802, de 02/08/93; Santos (SP) - Lei no 790, de

05/11/91; São Sebastião (SP) - Lei no 848, de 10/04/92; Vitória (ES) - Lei no 3.968, de

15/09/93.

O Sistema de Gestão Ambiental (SGA), segundo Barbieri (2006), é um conjunto de

atividades administrativas e operacionais inter-relacionadas para abordar problemas

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ambientais atuais ou evitar o seu surgimento. A realização de ações pontuais, episódicas

ou isoladas não configura um SGA que requer a formulação de diretrizes, definição de

objetivos, coordenação de atividades e avaliação dos resultados. Um SGA pode ser

elaborado pela própria empresa ou através da utilização de modelos genéricos propostos

por entidades nacionais ou internacionais ou pela adoção de normas. Dentre os

principais modelos estão o SGA proposto pela International Chamber of Commerce

(ICC), o Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria (Emas), a norma BSI 7750 e, a

mais famosa mundialmente, ISO 14001 que traça as diretrizes para implantação de um

SGA e que é adotada por vários países.

Nos próximos itens desta revisão bibliográfica, a ISO 14001 será discutida em maiores

detalhes como o surgimento, processo de elaboração, princípios e requisitos contidos

nesta norma, estatísticas sobre a adoção desta norma e os benefícios em implantá-la

numa empresa.

3.1.2. A ISO 14000

A) Histórico e Estrutura da Série ISO 14000

A International Organization for Standartization (ISO) é uma organização não

governamental mundial que congrega institutos de normalização de 157 países. Ela foi

fundada em 1947 e possui sede em Genebra na Suíça. O seu principal objetivo é a

proposição de normas que representem o consenso dos diferentes países para

homogeneizar métodos, medidas, materiais e seu uso, em todos os domínios de

atividades, exceto no campo eletro-eletrônico cuja responsabilidade é da International

Electrotecnical Comission (IEC) (MOREIRA, 2001).

O trabalho de desenvolvimento da série ISO 14000 teve início no ano de 1991 com a

criação do Strategic Advisory Group on the Environment (SAGE), sendo que as

primeiras normas (ISO14001, 14004, 14010, 14011 e 14012) foram publicadas somente

a partir de 1996. Antes disso, muitas organizações já vinham implementando sistemas

de gestão ambiental baseados em alguns documentos base como a BS 7750 criado pela

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British Standard Institution (BSI) em 1992 e a regulamentação voluntária do Plano de

Ecogestão e Auditoria (EMAS) da Comunidade Européia (HARRINGTON, 2001;

BARBIERI, 2006).

Em 1993, o SAGE recomendou a criação do Technical Committee 207 (TC 207) que foi

subdividido em seis subcomitês internacionais, responsáveis pela elaboração das

respectivas normas citadas:

• SC 1 – coordenado pelo British Standards Institution do Reino Unido é

responsável pela elaboração das normas relativas a Sistemas de Gestão

Ambiental: ISO14001 e ISO14004.

• SC 2 – coordenado pelo Nederlands Normalisatie- Instituut dos Países Baixos é

responsável pelos grupos de trabalho que elaboram as normas de Auditoria

Ambiental: ISO19011 e ISO14015.

• SC 3 – coordenação realizada pelo Standards Australia International sediado na

Austrália e é responsável pelas normas referentes à Rotulagem Ambiental:

ISO14020, ISO14021, ISO14022, ISO14023, ISO14024 e ISO14025.

• SC 4 – o American National Standards Institute, localizado nos EUA, é

responsável pela elaboração das normas sobre Avaliação de Desempenho

Ambiental: ISO14031 e ISO TR 14032.

• SC 5 – este subcomitê técnico é coordenado pela Association Française de

Normalisation localizada na França e é responsável pela elaboração das normas

ambientais sobre Avaliação do Ciclo de Vida: ISO14040, ISO14041, ISO14042

e ISO14043.

• SC 6 – é coordenado pelo Norges Standardiserings-forbund da Noruega e se

responsabiliza pela elaboração das normas de apoio que apresentam os Termos e

Definições necessários ao entendimento do restante das outras normas da série:

ISO14050 e ISO GUIA 64.

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20

Cada um dos subcomitês é subdividido em Grupos de Trabalho (Working Groups –

WG). A cada um é dado um tema específico para que seja trabalhado e o seu resultado

componha as normas de cada área. A seguir, estabelecem-se as relações entre os grupos

de trabalho e seus subcomitês.

o SC 1 – Sistemas de Gestão Ambiental

o WG 1 (Reino Unido) – Especificações.

o WG 2 (Canadá) - Guia

o SC 2 – Auditoria Ambiental e Investigações relacionadas

o WG 1 (Canadá) – Princípios Gerais

o WG 2 (Estados Unidos) – Processamento de Auditoria

o WG 3 (Reino Unido) – Critérios de Qualificação.

o WG 4 (Canadá) – Avaliação de Lugares.

o SC 3 – Rotulagem Ambiental

o WG 1 (Suécia) – Rótulos Baseados em Múltiplos Critérios.

o WG 2 (Canadá) – Autodeclaração.

o WG 3 (Estados Unidos) – Princípios e Diretrizes

o SC 4 – Avaliação do Desempenho Ambiental

o WG 1 (Estados Unidos) – Avaliação do Desempenho de SGA

o WG 2 (Noruega) – Avaliação de Sistemas Operacionais

o SC 5 – Avaliação do Ciclo de Vida

o WG 1 (Estados Unidos) – Princípios Gerais e Procedimentos

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o WG 2 (Alemanha) – Análise de Inventário Geral

o WG 3 (Japão) – Análise de Inventário Específico

o WG 4 (Suécia) – Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida

o WG 5 (França) – Interpretação

o SC 6 – Termos e Definições (O SC 6 já é o próprio grupo de trabalho)

Elaborados o TC 207, os seus subcomitês e seus respectivos grupos de trabalho, o

processo de emissão das normas segue um conjunto padrão de etapas até chegar à

versão final que é a própria norma (MOREIRA, 2001).

o Preliminary Work Item (WI) – Estágio preliminar onde se realiza a análise do

tema.

o New Work Item Proposal (NP) – O tema é proposto e votado quanto à sua

aceitação para ser objeto de uma norma internacional.

o Working Draft (WD) – Primeira minuta de trabalho a ser submetida à votação do

comitê responsável pelo tema.

o Committee Draft (CD) – Minuta que obteve a aprovação do comitê responsável.

o Draft of International Standard (DIS) – Minuta que já pode ser considerada um

projeto de norma internacional com possibilidade de ser aplicada

experimentalmente e ser objeto inclusive de certificação.

o Final Draft of International Standard (FDIS) – Minuta final, aprovada pelo

comitê responsável e sujeita a pequenas alterações.

o International Standard (IS) – Versão final, aprovada e publicada pela ISO.

Em 1994, ao notar o potencial de impacto das questões ambientais sobre o comércio

externo do país, setores expressivos da economia brasileira se uniram à ABNT para

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participar do processo de elaboração das normas da série ISO 14000. Para realização

desse objetivo, cria-se o GANA – Grupo de Apoio à Normalização Ambiental.

A partir de 1996, as primeiras normas da série ISO 14000 começam a ser publicadas em

âmbito mundial. As duas primeiras normas ISO 14001 e 14004 foram posteriormente

revisadas e republicadas em 2004. As outras três normas publicadas em 1996 (ISO

14010, 14011 e 14012) foram substituídas pela ISO 19011 no ano de 2002, cujos

requisitos se aplicam tanto a gestão ambiental quanto a de qualidade, com o objetivo de

integrar ambas as áreas.

Na tabela 2, é feita uma coletânea das normas da série ISO 14000 que estão em uso

atualmente. Elas são separadas em grupos de acordo com a área temática de cada uma.

Tabela 2– Grupo de normas da família ISO 14000.

GRUPO DE NORMAS NÚMERO DA

NORMA TÍTULO DA NORMA

ISO 14001:2004 Sistema de Gestão Ambiental – Especificação

e Diretrizes para Uso

ISO 14004:2005

Sistema de Gestão Ambiental – Diretrizes

Gerais sobre Princípios, Sistemas e Técnicas de

Apoio

Sistemas de Gestão

Ambiental (SC1)

ISO 14063:2006 Gestão Ambiental: Comunicação Ambiental –

Diretrizes e Exemplos

ISO 14015:2001 Gestão Ambiental – Avaliação Ambiental de

Locais e Organizações Auditoria Ambiental

(SC2) ISO 19011:2002

Diretrizes para Auditorias de Sistemas de

Gestão da Qualidade e/ou Ambiental (substitui

as normas ISO 14010, 14011 e 14012)

ISO 14020:2000 Rótulos e Declarações Ambientais – Princípios

Gerais

ISO 14021:1999

Rótulos e Declarações Ambientais –

Reivindicações de Autodeclarações Ambientais

– Rotulagem Ambiental do Tipo II

ISO 14024:1999

Rótulos e Declarações Ambientais –

Rotulagem Ambiental do Tipo I Princípios e

Procedimentos

Rotulagem Ambiental

(SC3)

ISO 14025:2000 Rótulos e Declarações Ambientais –

Declarações Ambientais do Tipo III.

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23

Tabela 2 (Continuação)– Grupo de normas da família ISO 14000.

ISO 14031:1999 Gestão Ambiental – Diretrizes para Avaliação

do Desempenho Ambiental Avaliação do

Desempenho Ambiental

(SC4) ISO/TR 14032:1999 Gestão Ambiental – Exemplos de Avaliação do

Desempenho Ambiental

ISO 14040:2006 – Gestão Ambiental: Avaliação de Ciclo de

Vida - Princípios e Estrutura

ISO 14041:1998

Gestão Ambiental: Avaliação do Ciclo de Vida

– Objetivos e Escopo, Definições e Análise de

Inventários

ISO 14042:2000 Gestão Ambiental: Avaliação de Ciclo de Vida

– Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida

ISO 14043:2000 Gestão Ambiental: Avaliação do Ciclo de Vida

– Interpretação

ISO 14044:2006 Gestão Ambiental: Avaliação de Ciclo de Vida

– Requisitos e Diretrizes

ISO/TR 14047:2003 Gestão Ambiental: Avaliação de Ciclo de Vida

– Exemplos de Aplicação da Norma ISO14042.

Avaliação do Ciclo de

Vida (SC5)

ISO/TR 14049:2000 Gestão Ambiental: Avaliação de Ciclo de Vida

– Exemplos de Aplicação da Norma ISO14041

Termos e Definições

(SC6) ISO 14050:2002 Gestão Ambiental: Vocabulário

Guia ISO 64 Guia para Inclusão de Aspectos e Impactos

Ambientais em Normas de Produtos Aspectos Ambientais em

Normas de Produtos ISO/TR 14062:2002

Integração de Aspectos Ambientais no

Desenvolvimento de Produtos

Fonte: Valle (2002), Barbieri (2006)

As normas ISO 14000 são de uso voluntário e não prevêem a imposição de limites

próprios para a medição da poluição, padronização de produtos, níveis de desempenho,

etc. São concebidas como um sistema orientado para aprimorar o desempenho das

organizações por intermédio da melhoria contínua de sua gestão ambiental, sem a

pretensão de impor índices e valores mínimos (VALLE, 2002).

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Cada grupo de normas foi elaborado por determinado comitê. As normas desenvolvidas

podem ser divididas entre as que são próprias para empresas (SC1, SC2 e SC4) e as que

são para voltadas para produtos e processos (SC3, SC5 e Aspectos Ambientais em

Normas de Produtos). No caso das normas relacionadas a Aspectos Ambientais em

Normas e Produtos, estava previsto que estas seriam elaboradas por um SC7, entretanto,

este subcomitê foi desativado devido a uma falta de consenso sobre o assunto e pelas

inúmeras interfaces que ele deveria manter com os demais subcomitês técnicos. Um

grupo de trabalho (WG), vinculado diretamente ao presidente do TC 207, está

incumbido dos aspectos ambientais em normas e produtos (BARBIERI, 2006).

O primeiro subcomitê (SC1) trata sobre SGA e possui duas normas publicadas. A ISO

14001 é a única norma da série ISO 14000 que apresenta um processo de certificação já

estabelecido. Esta norma apresenta diretrizes que exigem basicamente: a implantação de

um SGA que atenda aos requisitos da ISO 14001, cumprimento da legislação ambiental

aplicável a organização e o compromisso com a melhoria contínua do seu desempenho

ambiental. É interessante observar que essa primeira norma não estabelece níveis de

desempenho ambiental (Ex: limites de emissão de poluentes atmosféricos, concentração

de efluentes...), em outras palavras, pode-se dizer que a ISO 14001 define os elementos-

chave que constroem um SGA sem definir com precisão o modo como devem ser

organizados ou implementados, permitindo assim que cada organização estabeleça seu

SGA de acordo com as próprias necessidades. Já a ISO 14004 tem um caráter

informativo que complementa a ISO 14001 ao esclarecer termos desta norma e se

utilizar de exemplos para implementação de cada requisito da 14001 na empresa

(HARRINGTON, 2001).

As normas sobre auditoria ambiental (SC2) e avaliação do desempenho ambiental (SC4)

são dois tipos de instrumentos de gestão ambiental que permitem avaliar o status da

atuação ambiental da organização e identificar as áreas ou funções que necessitam de

melhorias. A Auditoria Ambiental é uma avaliação periódica para verificar o

funcionamento do SGA baseado na ISO 14001 e assegura a base da credibilidade a todo

o processo de certificação ambiental. Já a Avaliação do Desempenho Ambiental, propõe

critérios para a criação de indicadores ambientais, medição, análise e determinação do

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desempenho ambiental da empresa o que permite confrontar os resultados com o que foi

estabelecido previamente nos objetivos e metas do SGA estabelecido (BARBIERI,

2006; VALLE, 2002).

A Rotulagem Ambiental já é um processo praticado em vários países, entretanto,

apresentam diversas formas de abordagem e de objetivos. Atualmente no mundo

existem mais de vinte programas de selos (BVQI, 2004), sendo os principais

apresentados abaixo:

Tabela 3– Lista dos principais programas de rotulagem ambiental no mundo.

PAÍS NOME DO PROGRAMA DATA DE

CRIAÇÃO

Alemanha Blue Angel 1977

Canadá Environmental Choice 1988

Japão Eco Mark 1989

Países Nórdicos White Swan 1989

Suécia Good Environmental Choice 1990

Nova Zelândia Environmental Choice 1991

Áustria Austrian Eco-Label 1991

Austrália Environmental Choice 1991

França NF – Environment 1992

União Européia European Flower (Eco-

Label) 1992

Fonte: BVQI (2004).

A fim de harmonizar esses programas nacionais, foram incluídas normas de rotulagem

ambiental (SC3) na série ISO 14000 que têm validade internacional. Os selos ou rótulos

ambientais visam informar os consumidores ou usuários sobre as características

benéficas ao meio ambiente presentes em produto ou serviço específico, como por

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exemplo, biodegradabilidade, retornabilidade, uso de material reciclado, eficiência

energética, entre outras características.

Segundo Barbieri (2006), os rótulos ambientais podem ser divididos em:

o Tipo I: criados por entidades independentes ou de terceira parte. São aplicáveis

aos produtos que apresentem certos padrões ambientais desejáveis na sua

categoria. A norma que trata deste tipo de rótulo é a ISO 14024 que estabelece

critérios para a criação de programas voluntários de terceira parte que indicam a

preferência por determinado produto devido suas características menos

poluentes. Ex: Anjo Azul.

o Tipo II: este tipo de rótulo é conhecido como auto-declaração que é feita sem

uma certificação independente o que costuma ser bastante contestado tendo em

vista que quem faz essa declaração é a própria empresa que fabrica o produto. A

norma que regula esse tipo de rótulo é a ISO 14021 que estabelece que as auto-

declarações devem ser verificáveis, referir-se a aspectos relevantes do produto,

específicas e claras em relação às qualidades ambientais do produto. Ex:

produtos fabricados com madeira reflorestada, biodegradáveis.

o Tipo III: regulado pela ISO 14025, esse tipo de rótulo traz informações sobre

dados ambientais de produtos, quantificados de acordo com um conjunto de

parâmetros previamente selecionados e baseados na avaliação do ciclo de vida.

Os atributos ambientais medidos no produto devem permitir compará-lo a outros

produtos semelhantes facilitando a escolha do consumidor. Ex: selo do Procel

que mede o consumo de energia de eletrodomésticos.

A Análise do Ciclo de Vida de Produtos (ACV) é uma técnica para a avaliação dos

aspectos ambientais e dos impactos potenciais associados a um produto,

compreendendo etapas que vão desde a retirada da natureza das matérias-primas

elementares que entram no sistema produtivo à disposição final do produto

(CHEHEBE, 1998). Esta ferramenta foi desenvolvida na década de 60 incentivada pela

crise do petróleo que gerou um grande aumento no preço do barril desse combustível e

acabou fazendo com que as empresas re-avaliassem a eficiência energética dos seus

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processos através de estudos baseados na ACV. Entretanto, os diversos estudos que

surgiram a partir dessa época não apresentavam critérios padronizados o que impedia a

confiabilidade nos resultados obtidos, assim iniciou-se a busca pela padronização da

ACV. A primeira entidade a tentar normalizar os estudos de ACV foi a Society of

Environmental Toxicology and Chemistry (SETAC), cujas publicações e seminários

serviram de base para a ISO elaborar as próprias normas sobre ACV.

As normas da série ISO 14040 são voltadas para definir como devem ser realizadas

cada uma das etapas da ACV (definição do objetivo e escopo, realização e análise de

inventário, avaliação do impacto ambiental e interpretação dos resultados), a

documentação dos resultados dos estudos e a sua forma de divulgação. Com a

elaboração desse balanço material e energético é possível determinar quantitativamente

os efeitos da fabricação do produto sobre o ar, a água e o solo. Entre os benefícios

alcançados com a aplicação dessas normas estão a redução de poluentes, melhor

controle de riscos ambientais e o desenvolvimento de produtos menos nocivos ao meio

ambiente (VALLE, 2002).

Por último temos as normas ISO 14050, que é a responsável pelos termos e definições

utilizados nas normas da série ISO 14000 e a ISO/TR 14062, e a Guia ISO 64 que se

destina a alertar sobre aspectos relacionados ao meio ambiente (Ex: economia de

energia e matérias-primas, cuidados com transporte e distribuição e a destinação de

embalagens, dentre outras coisas) que devem ser considerados quando se especifica e

projeta um produto.

B) A ISO 14001 e o PDCA

De todas as normas citadas anteriormente, a ISO 14001 é a mais difundida, pois

estabelece diretrizes gerais para implementação de Sistemas de Gestão Ambiental em

empresas e é auditável, o que consequentemente permite a emissão de certificados de

conformidade por uma terceira parte independente que são os organismos certificadores

(Ex: BVQI, ABS, DNV...) credenciados no Brasil pelo INMETRO.

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Um SGA baseado na ISO 14001 desenvolve-se em relação aos aspectos ambientais

significativos que são elementos das atividades, produtos ou serviços de uma

organização que podem interagir com o meio ambiente apresentando um impacto

ambiental significativo. Realiza-se então um planejamento adequado para controlar,

corrigir ou minimizar esses impactos ambientais. A partir deste ponto, são implantadas

modificações nas práticas operacionais administrativas a fim de se melhorar o

desempenho ambiental e todos os resultados destas mudanças são registrados para que

sejam, posteriormente, verificados e analisados quanto à eficiência do que foi

implementado, podendo ou não se modificar o que foi planejado de forma a se atender

os objetivos estabelecidos.

Segundo Ferreira (2005), os pilares de um SGA baseado na ISO 14001 são:

o Prevenção no lugar da correção;

o Planejamento de todas as atividades, produtos e processos;

o Estabelecimento de critérios;

o Coordenação e integração entre as partes (subsistemas);

o Monitoração contínua;

o Melhoria contínua.

Essa norma possui como estrutura básica, o ciclo do PDCA (Plan, Do, Check, Act) que

envolve as fases de Planejamento, Implementação, Verificação e Correção e

proporciona à empresa a melhoria contínua do seu desempenho ambiental. A

metodologia de PDCA foi criada na década de 1930 para uso na área de qualidade. Ela

permite a elaboração de planos de trabalho para qualquer área problema de modo

contínuo, tornando-se assim um método básico para alcançar permanentemente novos

padrões de desempenho (BARBIERI, 2006).

A figura 2 representa o ciclo do PDCA e as cinco etapas necessárias para a implantação

e manutenção de um SGA eficaz: (i) elaboração de uma política ambiental e

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estruturação da equipe de meio ambiente da empresa, (ii) desenvolvimento de um plano

para a implementação do SGA, (iii) implementação e operação do SGA, (iv)

monitoramento e ações corretivas e (v) análise crítica pela alta administração da

empresa.

Figura 2– Ciclo do PDCA, segundo a NBR ISO14001.

Moreira (2001) resume as partes do PDCA da seguinte maneira:

o Planejamento, que inclui o estabelecimento de metas e a definição de como

alcançá-las;

o Execução ou Implementação, que inclui o treinamento necessário, a execução do

processo e a coleta de dados;

o Verificação, que pressupõe a comparação dos resultados obtidos com as metas

estabelecidas;

o Ação Corretiva, que visa a eliminar a causa dos problemas identificados.

O processo de melhoria contínua, segundo Caffin (apud MESQUITA &

ALLIPRANDINI, 2003, p.21-22), apresenta diversos níveis de desenvolvimento:

Política de Meio

Ambiente

Planejamento

Implementação

e Operação Verificação e

Ação Corretiva

MELHORIA CONTÍNUA

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o Nível 1 (melhoria contínua natural): a organização não tem nenhuma das

habilidades essenciais e nenhum dos comportamentos-chave está presente. Mas

pode ter alguma atividade de melhoria, como a solução de um problema que

ocorre ao acaso.

o Nível 2 (melhoria contínua formal): há mecanismos capacitadores alocados e

evidência de que alguns aspectos dos comportamentos-chave estão começando a

ser desempenhados conscientemente. Características comuns deste nível são:

solução sistemática do problema, treinamento no uso de ferramentas simples de

melhoria contínua e introdução de veículos apropriados para estimular o

envolvimento.

o Nível 3 (melhoria contínua dirigida para a meta): a organização está segura de

suas habilidades e os comportamentos que as suportam se tornam norma. A

solução de problema é direcionada para ajudar a empresa a atingir suas metas e

objetivos, havendo monitoramento e sistemas de medição eficientes.

o Nível 4 (melhoria contínua autônoma): a melhoria contínua é amplamente

autodirigida, com indivíduos e grupos fomentando atividades a qualquer

momento que uma oportunidade aparece.

o Nível 5 (capacidade estratégica em melhoria contínua): a organização tem todo

o conjunto de habilidades e todos os comportamentos que as reforçam tornam-se

rotinas engrenadas.

No caso específico da NBR ISO 14001:2004, o conjunto de requisitos exigidos para a

implementação de um SGA conduz as empresas aos níveis 3 à 5 de melhoria contínua,

pois a norma exige da administração uma visão estratégica sobre o meio ambiente, em

que o conjunto de ações para resolver os problemas ambientais deve possuir um caráter

sistemático, ou seja, ser realizadas a partir de um planejamento, com a definição de uma

estrutura para a sua execução (Ex: recursos, treinamento...), verificação da

conformidade com o que foi planejado (Ex: auditoria) e análise da efetividade das ações

e identificação de falhas que ocorreram no planejamento ou na execução. Além disso, a

postura exigida da empresa é que ela seja proativa no sentido de não somente esperar as

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oportunidades de melhoria aparecerem, mas indo atrás delas através de mecanismos de

identificação de aspectos e impactos, além do estímulo na participação de todos os

funcionários do SGA na resolução de problemas o que é gerado a partir dos

treinamentos e conscientizações a respeito da importância da ISO 14001 não só para a

empresa, mas também para todos os funcionários.

C) Requisitos Normativos da NBR ISO 14001:2004

Com a finalidade de se demonstrar o conteúdo da NBR ISO 14001:2004, esta parte faz

uma listagem de todos os requisitos desta norma ambiental e discute resumidamente o

conteúdo de cada um. Assim, procura-se facilitar a compreensão de duas partes da

metodologia desenvolvidas por este trabalho que são o Levantamento de Aspectos e

Impactos Ambientais (LAIA) e o Checklist Ambiental.

Seguem os requisitos da norma, cuja numeração foi mantida como no documento

original NBR ISO 14001:2004 da ABNT:

Item 4.1 - Requisitos Gerais

A norma ISO14001 neste requisito determina que o Sistema de Gestão Ambiental

(SGA) deve ser implantado segundo a filosofia do PDCA ( “Plan, Do, Check, Act”)

visando sua melhoria contínua. Além disso, exige que o escopo (abrangência do

sistema, seus limites e atores envolvidos) do SGA seja definido e documentado.

Item 4.2 - Política Ambiental

A Política Ambiental de uma empresa irá definir os compromissos ambientais da

mesma e oferece uma base sobre a qual a organização irá planejar seus objetivos e suas

metas.

A norma exige que a política:

• seja apropriada à natureza da atividade, escala e impactos ambientais de suas

atividades, produtos e serviços. Em termos práticos, isto significa que ao ler a

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política qualquer pessoa seja capaz de identificar qual o tipo de empreendimento

e quais os impactos ambientais são gerados por ele;

• inclua explicitamente em seu texto o comprometimento com a melhoria contínua

e a prevenção da poluição;

• inclua comprometimento em atender requisitos legais e outras normas

pertinentes relacionados aos aspectos ambientais da atividade;

• forneça uma estrutura para o estabelecimento e análise dos objetivos e metas

ambientais. Nas empresas geralmente isto é feito através das reuniões de análise

crítica;

• seja documentada, implementada e mantida;

• seja divulgada a todos que trabalhem na organização ou que atuem em seu nome

(ex: serviços terceirizados);

• esteja disponível para o público em geral (ex: internet, divulgação em jornais,

rádio e televisão).

Item 4.3 - Planejamento

Consiste na primeira etapa para a implantação do SGA. Nesta fase é realizado um

diagnóstico do estado do atual sistema de gestão vigente e identificadas as necessidades

do mesmo para atingir um patamar compatível ao preconizado pela NBR ISO 14001:

2004. Geralmente é feita simultaneamente com a elaboração da política ambiental.

Sub-Item 4.3.1 - Aspectos Ambientais

Dentro do escopo definido para o SGA da organização, deve existir procedimento

documentado para a identificação de aspectos e impactos ambientais derivados das

atividades, produtos e serviços da mesma. Além disso, deve ser elaborado um filtro

de significância para separar os aspectos ambientais em significativos (aqueles que

devem ser controlados ou corrigidos pelo plano de SGA) e não significativos (os que

podem ser desprezados).

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Sub-Item 4.3.2 - Requisitos legais e outros

Este item estabelece que deva existir procedimento para a identificação de requisitos

legais aplicáveis aos seus aspectos ambientais. Também deve ser determinado como

esses requisitos legais se aplicam aos seus aspectos ambientais.

Sub-Item 4.3.3 - Objetivos, metas e programa(s)

Os objetivos e metas ambientais devem ser estabelecidos pela alta administração da

organização. A sua formulação deve ser baseada nos aspectos ambientais

significativos, nos requisitos legais pertinentes e na sua mensurabilidade (cada meta

deve possuir indicadores de desempenho para verificar o seu cumprimento).

Além disso, a organização deverá considerar suas opções tecnológicas, requisitos

financeiros, operacionais, comerciais e a visão das partes interessadas. Isto significa

dizer que a organização deve considerar antes de estabelecer seus objetivos e metas

ambientais se ela tem a capacidade de alcançá-los.

A norma recomenda que seja criado dentro da empresa programa específico para

atingir os objetivos e metas ambientais. No seu conteúdo devem constar

obrigatoriamente:

• distribuição de responsabilidades para cumprimento dos objetivos e metas

estabelecidos em cada função e nível pertinente da organização;

• os meios (recursos financeiros, tecnologias a serem adquiridas, mudanças de

procedimentos, contratação de consultores...) e o prazo (tempo) no qual estes

devem ser atingidos.

Item 4.4 - Implementação e operação

Concluída a etapa de planejamento passa-se à implementação do SGA na empresa.

Nesta fase procede-se à destinação de recursos e atribuição de responsabilidades para

funcionamento do SGA, treinamento de recursos humanos, procedimentos de

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comunicação interna e externa, documentação do sistema, elaboração de procedimentos

de controle operacional e preparação para resposta a emergências ambientais.

Sub-Item 4.4.1 - Recursos, funções, responsabilidades e autoridades

Este requisito exige que a empresa assegure recursos financeiros e humanos, além

de infra-estrutura organizacional para a manutenção e a evolução do SGA.

As funções, responsabilidades e autoridades deverão ser definidas, documentadas e

divulgadas a todos os setores da empresa com a finalidade de estabelecer uma gestão

ambiental eficaz. A elaboração e divulgação de um organograma de estrutura e

responsabilidade satisfazem este item.

A alta administração deve indicar representante(s) da administração o(s) qual(is)

deverá(ão) ter a função, responsabilidade e autoridade para assegurar(em), junto ao

quadro de funcionários, que os requisitos da norma estão sendo atendidos e também

para comunicar à própria alta administração sobre o desempenho do SGA.

Sub-Item 4.4.2 - Competência, treinamento e conscientização

A organização deve se assegurar que qualquer pessoa que realiza, para ela (ex:

prestadores de serviço) ou em seu nome (ex: terceirizados), tarefas com potencial

impacto ambiental significativo, seja competente com base em formação apropriada,

treinamento ou experiência, devendo reter os registros comprobatórios.

As necessidades de treinamento, associadas a atividades cujos aspectos ambientais

sejam significativos, deverão ser identificadas e providências para atendimento

dessas necessidades deverão ser tomadas (ex: prover treinamento especializado). Os

registros de treinamento deverão ser retidos.

Devem existir procedimentos para que pessoas que trabalhem para a empresa ou em

seu nome estejam conscientes:

• da importância de estar em conformidade com a política ambiental e com os

requisitos do SGA;

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35

• dos aspectos e impactos ambientais significativos associados ao seu trabalho

e dos benefícios decorrentes da melhoria do seu desempenho pessoal;

• de suas funções e responsabilidades dentro do SGA;

• das potenciais conseqüências da inobservância de procedimentos

especificados.

Sub-Item 4.4.3 - Comunicação

Com relação aos seus aspectos ambientais e ao SGA a empresa deve estabelecer

procedimentos para:

• a comunicação interna entre vários níveis e funções da empresa;

• recebimento, documentação e resposta à comunicações pertinentes oriundas

de partes interessadas externas.

Também deve ser decidido se haverá comunicação externa sobre seus aspectos

ambientais significativos, devendo essa decisão ser documentada.

Sub-Item 4.4.4 - Documentação

A documentação do SGA deverá incluir:

• política, objetivos e metas ambientais;

• descrição do escopo do SGA;

• descrição dos principais elementos do SGA e sua interação e referência aos

documentos associados;

• documentos, incluindo registros, que sejam requeridos pela norma;

• documentos, incluindo registros, determinados pela organização como sendo

necessários para o funcionamento do PDCA e controle eficaz dos processos

associados aos seus aspectos ambientais significativos.

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36

Sub-Item 4.4.5 - Controle de documentos

Em relação ao controle de documentos, a organização deverá estabelecer

procedimentos para:

• aprovar documentos quanto à sua adequação antes do uso;

• analisar e atualizar os documentos;

• assegurar que as alterações e a atual situação da revisão esteja devidamente

identificada;

• assegurar que as versões relevantes dos documentos aplicáveis estejam

disponíveis em seu ponto de uso;

• assegurar que os documentos permaneçam legíveis e prontamente

identificáveis;

• assegurar que documentos de origem externa (ex: outorgas, licenciamentos...)

determinados como necessários para planejamento e operação do SGA

estejam identificados e sua distribuição seja controlada;

• prevenir a utilização não intencional de documentos obsoletos e utilizar

identificação adequada nestes, caso sejam retidos.

Sub-Item 4.4.6 - Controle operacional

Todas as operações que estejam associadas com os aspectos ambientais

significativos (identificados na etapa de planejamento) deverão ser realizadas sob

condições especificadas através de:

• estabelecimento, implementação e manutenção de procedimentos

documentados para controlar situações onde sua ausência possa acarretar

desvios em relação à política, objetivos e metas ambientais;

• determinação de critérios operacionais nos procedimentos;

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• estabelecimento, implementação e manutenção de procedimentos associados

aos aspectos ambientais significativos identificados de produtos e serviços

utilizados pela organização e a comunicação de procedimentos e requisitos

pertinentes a fornecedores, incluindo-se prestadores de serviço.

Sub-Item 4.4.7 - Preparação e resposta à emergências

A organização deve estabelecer um plano de atendimento à emergências decorrentes

de acidentes que possam causar impacto(s) ambiental(is). Devem ser criados

procedimentos para identificação de riscos potenciais, resposta à emergências e

prevenção ou mitigação dos impactos ambientais.

A empresa deverá testar periodicamente esses procedimentos (ex: através de

simulações) e analisar e revisar os mesmos com base nos resultados das simulações.

Item 4.5 - Verificação

Devem ser elaboradas formas de avaliar e monitorar se o planejamento e a

implementação do SGA estão funcionando de acordo com o desejado pela norma. Para

isto, a produção e controle adequado dos registros de processos e atividades torna-se um

item essencial para o sucesso da etapa de verificação.

Sub-Item 4.5.1 - Monitoramento e medição

Devem ser estabelecidos, implementados e mantidos procedimentos para

monitoramento e medição das características principais de operações que possam ter

um impacto ambiental significativo. Os procedimentos incluem a documentação de

informações para monitorar o desempenho, controles operacionais pertinentes e a

conformidade com objetivos e metas ambientais propostos.

Equipamentos de monitoramento e medição calibrados ou verificados devem ser

utilizados e mantidos, e os registros associados aos mesmos devem ser retidos em

local de fácil acesso.

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Sub Item 4.5.2 - Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros

4.5.2.1 - Coerentemente com seu compromisso a atendimento aos requisitos

legais (feito na política ambiental) devem ser elaborados procedimentos para

verificar o atendimento aos mesmos. Os registros dos resultados deverão ser

retidos.

4.5.2.2 - O atendimento a outros requisitos subscritos pela organização

também deverá ser avaliado assim como exigido no item 4.5.2.1. Os registros

dos resultados também deverão ser retidos.

Sub-Item 4.5.3 - Não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva

Devem ser elaborados procedimentos para tratar as não-conformidades reais e

potenciais, e para executar ações corretivas ou preventivas. Assim. Devem ser

definidos requisitos para:

• identificar e corrigir não-conformidades e executar ações para mitigar os

impactos ambientais;

• investigar não-conformidades, investigar suas causas e executar ações para

evitar a sua repetição;

• avaliar a necessidade de ação para prevenir não-conformidade e implementar

ações para evitar sua ocorrência;

• registrar os resultados das ações corretivas e preventivas executadas;

• analisar a eficácia das ações corretivas e preventivas executadas.

Recomenda-se que as ações sejam adequadas à magnitude dos problemas e aos

impactos ambientais encontrados.

Deve-se assegurar que sejam feitas as mudanças necessárias (decorrentes das

correções ou ações preventivas) na documentação do SGA.

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Sub-Item 4.5.4 - Controle de registros

A organização deverá manter os registros necessários para avaliar a conformidade

com os requisitos do seu SGA e da NBR ISO 14001:2004.

Devem ser estabelecidos, implementados e mantidos procedimentos para a

identificação, armazenamento, proteção e recuperação, retenção e descarte de

registros.

Os registros devem permanecer legíveis, identificáveis e rastreáveis.

Sub-Item 4.5.5 - Auditoria interna

As auditorias internas devem ser periodicamente realizadas para:

• determinar se o SGA está funcionando conforme o planejado e se sua

implementação foi adequada e está sendo mantida;

• fornecer informações à alta administração.

Deverá ser estabelecido, implementado e mantido um programa de auditoria interna

levando-se em conta importância ambiental das operações e resultados de auditorias

anteriores.

Nos procedimentos de auditoria deverão ser tratadas as responsabilidades para

planejamento e condução de auditorias, relato dos resultados e do registro das

informações obtidas. Além disso, devem ser determinados critérios, freqüência, escopo

e métodos utilizados.

As auditorias e os auditores devem assegurar a objetividade e imparcialidade do

processo.

Item 4.6 - Análise pela administração

Baseada nos resultados das etapas da verificação (ex: resultados das auditorias internas)

a alta administração deverá analisar periodicamente o SGA implantado. Oportunidades

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40

de melhoria e alterações no SGA devem ser consideradas e as decisões tomadas

registradas e mantidas.

A norma exige que as entradas para análises pela administração incluam:

• resultados das auditorias internas e das avaliações do atendimento aos

requisitos legais e outros subscritos pela organização;

• comunicação(ões) proveniente(s) de partes interessadas externas, incluindo

reclamações;

• o desempenho ambiental da organização;

• extensão na qual foram atendidos objetivos e metas;

• situação das ações corretiva e preventivas;

• ações de acompanhamento das análises anteriores;

• mudanças de circunstâncias, incluindo desenvolvimento em requisitos legais

e outros relacionados aos aspectos ambientais;

• recomendações para melhoria.

As saídas pela análise da administração devem incluir quaisquer decisões e ações

relacionadas à possíveis mudanças na política ambiental, nos objetivos e metas e em

outros elementos do SGA, consistentes com a melhoria contínua.

D) Estrutura para Certificação de Empresas na ISO 14001:2004

A certificação pode ser definida como um conjunto de atividades desenvolvidas por um

organismo independente da relação comercial com o objetivo de atestar publicamente,

por escrito, que determinado produto, processo ou serviço está em conformidade com os

requisitos especificados. Estes requisitos podem ser: nacionais, estrangeiros ou

internacionais (ABNT, 2007).

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41

As atividades de certificação podem envolver: análise de documentação,

auditorias/inspeções na organização, coleta e ensaios de produtos, no mercado e/ou na

fábrica, com o objetivo de avaliar a conformidade e sua manutenção.

No Brasil, o processo de certificação faz parte do Sistema Nacional de Metrologia,

Normalização e Qualidade Industrial (SINMETRO) que é constituído por entidades

públicas e privadas que exercem atividades relacionadas com metrologia, normalização,

qualidade industrial e certificação de conformidade (INMETRO, 2007a).

O SINMETRO foi instituído pela lei no 5966 de 11 de dezembro de 1973 para criar uma

infra-estrutura de serviços tecnológicos capaz de avaliar e certificar a qualidade de

produtos, processos e serviços por meio de organismos de certificação, rede de

laboratórios de ensaio e de calibração, organismos de treinamento, organismos de

ensaios de proficiência e organismos de inspeção, todos acreditados pelo Instituto

Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO).

Dentre as organizações que compõem o SINMETRO, as seguintes podem ser

relacionadas como principais:

o Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

(CONMETRO) e seus Comitês Técnicos

o INMETRO.

o Organismos de Certificação Acreditados, (Sistemas da Qualidade, Sistemas de

Gestão Ambiental, Produtos e Pessoal) – OCC.

o Organismos de Inspeção Credenciados – OIC.

o Organismos de Treinamento Credenciados – OTC.

o Organismo Provedor de Ensaio de Proficiência Credenciado – OPP.

o Laboratórios Credenciados – Calibrações e Ensaios – RBC/RBLE.

o Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.

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42

o Institutos Estaduais de Pesos e Medidas – IPEM.

o Redes Metrológicas Estaduais.

No caso específico da certificação em ISO 14001 no Brasil, três organismos, já citados

acima, fazem parte deste processo:

o ABNT: é o órgão que representa a ISO no Brasil. Participa de vários comitês

responsáveis por elaborar as diversas normas ISO.

o INMETRO: possui acordo com o International Acreditation Forum (IAF) para

acreditação de OCCs no Brasil. A acreditação é um processo que avalia aspectos

legais, financeiros e técnicos da empresa solicitante (OCC) e realiza auditorias

nesta empresa e auditorias-avaliação-testemunha nas empresas clientes do

solicitante.

o OCC: são supervisionados pelo INMETRO e responsáveis por certificar as

empresas que implantam SGA baseados na ISO 14001. No Brasil, existem

atualmente 21 OCCs: Bureau Veritas Quality Evaluation (BVQI), Det Norske

Veritas (DNV), American Bureau of Shipping (ABS), Fundação Carlos Alberto

Vanzolini (FCAV), dentre outros (INMETRO, 2007b).

O processo de certificação de uma empresa na ISO 14001 inicia-se com a escolha de um

OCC, seguido da prestação de informações pela empresa para que a OCC faça um

orçamento do serviço e seja assinado um contrato entre as partes. Feito isto, a empresa

solicitante envia o manual do seu SGA e qualquer outra documentação necessária ao

OCC para que sua equipe de técnicos planeje a auditoria que irá indicar se o SGA

implantado pela empresa está em conformidade ou não com a ISO 14001. Concluída a

etapa de avaliação com a aprovação da empresa na auditoria, os auditores a

recomendam para certificação. O OCC analisa a recomendação que, sendo aprovada,

resulta na emissão do certificado ISO 14001 que é válido por três anos e pode ser

renovado após um processo de re-certificação (MOREIRA, 2001).

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43

E) Motivação e Benefícios Advindos da Implantação da ISO 14001

Para dar uma estimativa do sucesso da ISO 14001, a ISO publica anualmente o relatório

“ISO Survey” o qual é elaborado a partir do fornecimento de dados provenientes de

organismos de acreditação e certificação espalhados por todo o mundo. O objetivo desta

publicação é traçar um panorama sobre quais países são certificados nas diversas

normas produzidas pela ISO, qual o número de empresas certificadas em cada um e qual

o crescimento de um ano para o outro no número de certificações.

Em sua última e até então mais recente edição do ano de 2005, o relatório revela os

seguintes números em relação a ISO 14.001:

o Existiam até o final de 2005, 111.162 empresas certificadas em todo o mundo.

o Essas empresas estão espalhadas por 138 diferentes países.

o O Japão possui o maior número de certificações: 23.466.

o O Brasil possui 2.061 empresas certificadas e é líder absoluto nesta área na

América Latina (possui 70% do total de certificações)..

O ranking dos dez países com maior número de certificações em ISO 14001 é descrito

pelo gráfico a seguir.

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44

3682

4940

4955

5061

6055

7080

8620

12683

23466

0 5000 10000 15000 20000 25000

Suécia

Alemanha

República da Coréia

EUA

Reino Unido

Itália

Espanha

China

Japão

Fonte: “Iso Survey 2005”.

Figura 3– Ranking dos países com maiores números de certificações ISO 14001 até dezembro de 2005.

Segundo Nakamura et al (2001) o Japão é líder mundial no número de certificações ISO

14001 devido à um histórico de acidentes ambientais com grandes reflexos sobre a

saúde da sua população como foi o caso do envenenamento por mercúrio na Baía de

Minamata e altos índices de asma devido ao alto grau de poluição atmosférica de

cidades como Kawasaki e Yokkaichi. Além disso, outro fator que segundo os autores

influencia a adoção desta norma ambiental pelas empresas japonesas é a baixa riqueza

de recursos naturais do país o que gera um custo mais alto na aquisição de matérias-

primas e, portanto, torna-se necessário que a produção industrial seja a mais otimizada o

possível com o mínimo de desperdício a fim de se manter competitiva no mercado, um

dos principais benefícios adquiridos por empresas que tem SGA baseado na ISO 14001.

A China ainda que bem distante do líder Japão, apresenta-se com grande crescimento

anual no número de certificações o que a levou a ocupar a segunda posição neste

ranking. Zeng et al (2005) afirma que o país tem experimentado grande crescimento

econômico desde a reforma e abertura política em 1978, entretanto, o rápido

desenvolvimento causou intensa degradação ambiental tornando a China um dos países

com maiores índices de poluição do mundo inteiro. O mesmo autor realizou um

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45

trabalho com o objetivo de identificar as razões que levaram as empresas chinesas a

adotarem a ISO 14001. Dentre todas, as cinco principais foram: decisão da alta

administração das empresas, conscientização de gerentes das empresas, benefícios da

ISO 14001, requisitos legais, coerção legal. É importante notar que os três primeiros

apresentam um caráter voluntário e os dois últimos fazem já fazem parte do esforço do

governo chinês em estruturar um sistema de leis ambientais capazes de servir como base

para diminuição dos problemas ambientais no país.

Delmas (2002) faz uma análise da distribuição das certificações ISO 14001 em todo o

mundo. Até dezembro de 1999, 52% das certificações se localizavam na Europa

Ocidental e 36% em países da Ásia. Naquela época as companhias americanas

contabilizavam apenas 4,5% do total de certificações o que, comparado a

representatividade dos Estados Unidos no comércio mundial, é muito pouco. Segundo o

próprio autor, essa disparidade de resultados se devia a falta de incentivo nas políticas

governamentais dos Estados Unidos, enquanto que na Europa Ocidental havia um

grande encorajamento para que as empresas de lá adotassem o conjunto de normas

voluntárias para o meio ambiente. Dentre as principais medidas de incentivo na Europa

encontram-se o fornecimento de suporte técnico para implantação de SGA nas empresas

e divulgação da boa imagem das empresas certificadas em ISO 14001 fazendo com que

empresas não certificadas também buscassem a certificação.

Além do incentivo governamental e da redução de desperdícios nos processos, vários

outros fatores podem explicar a popularidade e a aceitação das normas ISO 14000 em

todo o mundo. Harrington (2001) apresenta as seguintes vantagens obtidas pelas

empresas através da certificação ambiental:

o Acesso ao Mercado. Normas de Gestão Ambiental como a ISO 14001 são para

empresas de muitos países, pré-condições para a realização de negócios. Vários

são os casos de processos por acidentes ambientais em todo o mundo. Uma

empresa certificada pela ISO 14001 é vista pelas suas contrapartes nos negócios

como uma parceira confiável e que apresenta um baixo risco de envolvimento

em acidentes ambientais e conseqüentes gastos com reparação de danos.

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o Gestão da Conformidade. Um dos requisitos da ISO 14001 é que a empresa

certificada cumpra todos os regulamentos legais pertinentes as suas atividades.

Assim, o SGA garante o cumprimento de forma sistemática de toda a legislação

ambiental aplicável.

o Incentivos Reguladores. Muitos órgãos públicos de fiscalização ambiental

buscam oferecer incentivos para que as empresas se certifiquem em ISO 14001.

Esses incentivos podem ser na forma de inspeções menos freqüentes, atenuação

de multas, menos rigor na exigência de relatórios.

o Redução da Responsabilidade e do Risco. Incidentes custam caro. Um SGA

eficaz garante uma forma de identificar sistematicamente o risco e a

responsabilidade ambiental.

o Melhor Acesso ao Seguro. As seguradoras reconhecem que a implementação de

um SGA eficaz é um sinal do devido empenho e comprometimento para o bom

desempenho ambiental.Isso pode facilitar a aquisição do seguro e também de

diminuir seu custo.

o Melhor Acesso ao Capital de Baixo Custo. Investidores e Credores reconhecem

a implantação de SGA como uma característica relevante para a liberação de

acesso ao capital para as empresas. Muitos investidores realizam a investigação

do desempenho ambiental da empresas antes de investir nelas e vários bancos

exigem pré-requisitos ambientais para liberarem pedidos de empréstimo.

o Melhoria na Eficiência do Processo. O comprometimento com a prevenção a

poluição é requisito obrigatório da Política Ambiental de um SGA certificado.

Assim, de forma a se cumprir objetivos e metas estabelecidos, torna-se

necessária a reavaliação de processos e tecnologias a fim de se reduzir

desperdícios e minimizar resíduos.

o Melhoria no Desempenho Ambiental. A reavaliação dos objetivos e metas e o

princípio da melhoria contínua promovem dentre várias conseqüências a

melhoria do desempenho ambiental da empresa.

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o Redução de Custos / Aumento da Receita. O comprometimento com a

prevenção à poluição geralmente resultam na diminuição de gastos com energia

e água, além da redução na geração de resíduos o que gera menor gasto com seu

tratamento e/ou disposição. Com essa economia gerada, as empresas se tornam

mais competitivas.

o Melhoria na Relação com Fornecedores. Existe um grande benefício advindo do

cumprimento de certas metas de política ambiental pelos fornecedores. Várias

empresas impõem restrições ambientais nos termos e condições de seus

contratos para reduzir o próprio risco e responsabilidade.

o Melhoria nas Relações com Outros Detentores de Interesses. A ISO 14001

preconiza em um de seus requisitos a comunicação externa de seu SGA, tanto no

recebimento quanto na resposta de reclamações ou exigências ambientais. Nos

dias atuais é muito importante a manutenção de uma boa relação com as

comunidades no entorno em que as empresas operam, assim como com grupos

ambientalistas, acadêmicos e de pesquisas. Esses grupos podem exercer forte

influência sobre a preferência do consumidor final do produto fabricado pela

empresa.

o Melhoria na Imagem Pública. Esse item é sem dúvida alguma, um dos maiores

benefícios proporcionados pela certificação ISO 14001. A imagem positiva é um

benefício adquirido que representa um grande diferencial em mercados

consumidores de países de primeiro mundo onde existe uma maior

conscientização sobre a importância de produtos ”ambientalmente corretos”.

Segundo levantamento feito por Raines (2002), em 131 empresas certificadas pela ISO

14001 espalhadas por 15 países diferentes, os principais benefícios advindos do

processo de implementação do SGA nas empresas são a economia no consumo de água,

energia-elétrica e matéria-prima, além do aumento do grau de conscientização dos

funcionários em relação ao desempenho ambiental das empresas. Dentre os três

principais motivos que levaram as empresas a optarem pela implementação da ISO

14001 estão o desejo de demonstrar uma liderança ambiental e manter boas relações de

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vizinhança com a comunidade no entorno da empresa, a economia gerada pela redução

dos desperdícios e a melhora de imagem da empresa no mercado consumidor.

Em uma pesquisa feita na região industrial de Chubu (Japão), onde se concentram cerca

de 20% do total de certificações ISO 14001 japonesas, Mohammed (2000) realizou um

levantamento em 61 empresas sobre as causas da motivação e os benefícios advindos da

implementação da ISO 14001 nas empresas. Dentre as principais motivações, em ordem

de importância segundo a pesquisa, estão o desenvolvimento e inserção de variáveis

ambientais dentro do processo produtivo da empresa (Ex: práticas de produção mais

limpas), aumentar a conscientização dos funcionários sobre a questão ambiental,

melhorar a imagem da empresa frente aos consumidores e implantação de um SGA

dentro da empresa. Dentre os principais benefícios destacam-se as diminuições no

consumo de papel nos escritórios, uso de materiais quimicamente tóxicos, consumo de

energia e de combustíveis.

Gavronski (2003), numa pesquisa realizada em 63 indústrias no Brasil procurou

identificar as principais motivações e vantagens da certificação ISO 14001. Dentre as

principais motivações, encontram-se a garantia do cumprimento de toda a legislação

ambiental pertinente às atividades da empresa e o incentivo realizados pela alta

administração das próprias empresas que tinham interesses comerciais futuros voltados

para a exportação de seus produtos. Os benefícios identificados na maioria das empresas

foram a redução de desperdícios (Ex: água, energia, matéria-prima...), redução na

geração de resíduos e também de acidentes ambientais.

Segundo Silva & Medeiros (2004), em pesquisa realizada com empresas brasileiras, um

dos principais obstáculos para a implantação de um SGA baseado na ISO 14001 e sua

certificação é o alto custo envolvido neste processo. Esta resistência ao investimento em

SGAs corrobora uma visão que ainda é muito arraigada no empresariado brasileiro que

é a argumentação de que o investimento em SGA aumenta os custos de produção da

empresa, consequentemente, diminuindo a sua competitividade.

O grande problema envolvido nessa perspectiva é a confusão entre custos para

atendimento a requisitos legais e os investimentos em programas ambientais cujo

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retorno financeiro muitas vezes é bem maior do que o seu custo de investimento.

Medidas voltadas para reduções da poluição na fonte, do consumo de água e energia e

controle do riscos de acidentes ambientais, oferecem grandes economias para as

empresas.

Mais do que simplesmente benefícios financeiros, o SGA baseado na ISO 14001

proporciona uma mudança da cultura organizacional da empresa o que influi em todas

as suas áreas. A sistematização de procedimentos facilita o controle e o

supervisionamento da rotina operacional, assim como permite análise de falhas

decorrentes do planejamento feito. A conscientização de funcionários, mais que

somente informá-los sobre a importância de preservar a natureza demonstra aos mesmos

como o desempenho deles pode afetar negativamente as questões ambientais o que cria

nessas pessoas um maior senso de responsabilidade em relação às suas tarefas. A

identificação de aspectos e impactos ambientais demonstra quais as características do

processo produtivo das empresas podem interagir negativamente com o meio ambiente

e com isso, a administração pode tomar medidas para controlar estes riscos e evitar

acidentes cujos custos envolvidos na reparação dos seus danos, geralmente, envolvem

grandes quantias de dinheiro.

Portanto, como pode se observar, a preocupação das empresas com a questão ambiental

é essencial na sua sobrevivência em um mercado econômico sujeito às constantes

mudanças. Ganhos advindos da economia com insumos e ações de caráter preventivo

podem garantir às empresas uma boa relação com as suas comunidades vizinhas e

órgãos públicos de fiscalização ambiental, assim como estabelecer um grande

diferencial em relação à concorrência frente a um mercado consumidor cada vez mais

exigente.

3.1.3. O Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA)

A NBR ISO 14004:2005 recomenda que antes da implantação de um SGA, seja

realizada uma análise ambiental inicial que compreenda quatro áreas-chave:

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50

o identificação de aspectos e impactos ambientais;

o identificação de requisitos legais aplicáveis;

o exame das práticas e procedimentos ambientais existentes;

o avaliação de situações emergenciais e acidentes anteriores.

Os resultados desta análise podem ser utilizados para auxiliar a empresa no

estabelecimento do escopo do seu SGA, no desenvolvimento ou melhoria da sua

política ambiental, no estabelecimento de seus objetivos e metas ambientais e na

determinação da eficácia de sua abordagem, para manutenção da conformidade com os

requisitos legais aplicáveis e outros requisitos subscritos pela organização.

A análise ambiental tem o papel de informar e conscientizar a empresa em relação à sua

influência sobre o meio ambiente, possibilitando um melhor entendimento sobre esta

interface o que é essencial no planejamento e na execução de medidas que visem a

controlar, reduzir ou corrigir impactos ambientais negativos advindos da atividade

desenvolvida.

Nesse contexto, a identificação ou levantamento de aspectos e impactos ambientais é

um item obrigatório para qualquer empresa que queira um SGA baseado na ISO 14001,

pois os resultados desta análise irão servir de base para o estabelecimento dos objetivos

e metas ambientais que por sua vez, irão ditar quais as modificações deverão ser feitas

no atual sistema de gestão a fim de que ele atinja a conformidade ambiental de acordo

com o que preconiza a norma.

A NBR ISO 14001:2004 recomenda que a organização identifique os aspectos e

impactos ambientais dentro do escopo de seu SGA, levando em consideração as

entradas (Ex: energia, matérias-primas, água...) e saídas (Ex: produto, efluentes

líquidos, emissões atmosféricas...) associadas às suas atividades, produtos e serviços

relevantes presentes, passados, planejados ou de novos desenvolvimentos, ou associadas

a atividades, produtos e serviços novos ou modificados. A norma ainda recomenda que

esse processo considere condições normais e anormais, condições de parada e partida,

assim como situações de emergência razoavelmente previsíveis.

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51

Na discussão do processo de LAIA, é importante que sejam esclarecidos dois conceitos

estabelecidos pela norma NBR ISO 14001:2004 sobre aspecto e impacto ambiental.

Segundo a própria norma, aspecto ambiental é o “elemento das atividades ou produtos

ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente” e o impacto

ambiental é “qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte,

no todo ou em parte, dos aspectos ambientais da organização”.

Moreira (2001) na tentativa de elucidar os conceitos estabelecidos pela NBR ISO

14001:2004 afirma que os aspectos são fatores que causam desequilíbrio ambiental e os

impactos são o próprio desequilíbrio, portanto, a relação entre os dois termos seria de

causa-efeito.

O aspecto ambiental é algo inerente à atividade, produto ou serviço como, por exemplo:

poeiras, resíduos, emissões gasosas, efluentes líquidos, consumo de energia e recursos

naturais, etc.

Já o impacto ambiental é uma alteração no meio ambiente (Ex: solo, ar, água, biota...)

causada pela interação deste com o aspecto ambiental. Como exemplos citam-se:

alterações na qualidade do ar, da água, disponibilidade de recursos naturais e etc.

Tabela 4- Exemplos de Aspectos e Impactos Ambientais.

Aspectos Ambientais (Causas) Impactos Ambientais (Efeitos)

Geração e disposição de resíduos Contaminação do solo

Alteração da paisagem

Emissões de poluentes atmosféricos Alteração da qualidade do ar

Danos à saúde da comunidade

Lançamento de efluentes líquidos Alteração da qualidade da água

Consumo de água/energia Comprometimento da disponibilidade do recurso

Fonte: Moreira (2001).

Elucidados esses conceitos de aspecto e impacto ambiental, pode-se então discutir o

processo de LAIA que segundo a NBR 14004:2005 é composta por quatro etapas: (a)

seleção de uma atividade, um produto ou serviço; (b) identificação do maior número de

aspectos ambientais associados a atividade, ao produto ou serviço selecionado; (c)

identificação do maior número de impactos ambientais associados a cada aspecto

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identificado; e (d) a avaliação da importância ou significância de cada impacto

identificado.

A etapa (a) depende da experiência profissional do avaliador na atividade analisada e

consiste na determinação do fluxo de produção de uma determinada fábrica ou empresa

prestadora de serviços, além da identificação das entradas e saídas do sistema que não

necessariamente precisam ser quantificadas.

Já as etapas (b) e (c), além da experiência profissional do avaliador, exigem

conhecimentos em ecologia e meio ambiente em geral, para que se possam determinar

os elementos que constituem a interface entre a empresa e o meio ambiente. Como

forma de auxílio, a NBR 14004:2005 cita alguns tipos de aspectos ambientais que

podem ser incluídos no LAIA: emissões para o ar; lançamento na água; lançamento no

solo; uso de matérias-primas e recursos naturais; questões ambientais locais; uso de

energia; resíduos, dentre outros. Já para os impactos ambientais, a norma não cita

exemplos, mas indica que a partir dos aspectos ambientais identificados devam ser

reconhecidos os impactos positivos e negativos; potenciais e reais; e as partes do meio

ambiente que podem ser afetadas o que, como já dito anteriormente, depende da

capacidade de percepção do avaliador que, por sua vez, é intimamente ligada à sua

experiência no ramo.

A etapa (d) é a última etapa do processo de LAIA que consiste na determinação do grau

de significância dos aspectos ambientais identificados. É importante observar que esta é

uma parte crucial no planejamento de um SGA, pois é a partir dos seus resultados que

irão ser determinados os objetivos e metas ambientais. A NBR ISO 14001:2004 em seu

sub-item 4.3.1 na letra b determina que a organização deve elaborar procedimento para

“determinar os aspectos que tenham ou possam ter impactos significativos sobre o meio

ambiente”.

Segundo a própria NBR 14004:2005, a significância é um conceito relativo que não

pode ser definido em termos absolutos. A avaliação da significância envolve a aplicação

de análise técnica e do julgamento através de critérios específicos elaborados pela

própria organização. A mesma norma sugere que no estabelecimento destes critérios, a

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53

organização considere: fatores ambientais (Ex: escala, severidade, duração do impacto,

freqüência...); requisitos legais aplicáveis e preocupações das partes interessadas (Ex:

comunidades no entorno do empreendimento, ONGs). Barbieri (2006) cita ainda que

devam ser considerados critérios comerciais como: dificuldade de alteração do impacto;

custo para alteração e efeitos na imagem pública da empresa.

Tabela 5– Exemplo de associação entre atividade, aspecto e impacto ambiental.

Serviço: Transporte e Distribuição de Bens e Produtos

Atividade Aspectos Impactos Reais e Potenciais

Consumo de combustível Esgotamento de combustíveis

fósseis não-renováveis

Emissão de óxidos de

nitrogênio (NOX)

Poluição do ar/Aquecimento

Global e Mudança Climática Operação da Frota

Geração de ruído Desconforto e inconvenientes para

os residentes da área

Emissão de óxidos de

nitrogênio (NOX)

Poluição do ar/Aquecimento

Global e Mudança Climática

Manutenção

Rotineira da Frota

(incluindo trocas de

óleo)

Geração de resíduos de

óleo Poluição do solo

Fonte: NBR ISO 14004:2005.

Moreira (2001) em sua proposta de um modelo geral para implantação de SGAs cita os

diversos enfoques que devem ser realizados na identificação de aspectos e impactos

ambientais:

o Análise da situação operacional - este parâmetro indica se o aspecto ambiental é

derivado de uma situação que faz parte da rotina operacional (normal); de uma

situação fora do funcionamento normal, porém, que pode ser prevista, como

paradas para manutenção preventiva e partida e parada de um equipamento

(anormal); e situações indesejáveis, mas que podem acontecer, como um

derramamento de óleo, vazamento de gás e etc (risco).

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o Responsabilidade pela geração do aspecto - indica se o aspecto é gerado pela

própria empresa (direto) ou por serviços contratados de terceiros (indiretos).

o Natureza do impacto - distingue os aspectos que causam impactos benéficos ao

meio ambiente (benéfico) e os que causam danos ao meio ambiente (adverso).

o Relevância - é uma característica do aspecto ambiental que pode ser medido por

uma conjuntura de fatores como o grau de abrangência ou extensão do dano; o

grau de gravidade em relação a capacidade do meio ambiente em suportar ou

reverter os efeitos do dano; a freqüência em que ocorre o dano; e a probabilidade

de ocorrer os danos.

o Filtros de significância - são fatores que caracterizam um aspecto ambiental

como significativo dentro de um SGA. Como exemplos citam-se as situações em

que as características do aspecto estiverem associados a requisitos legais e

normas técnicas e onde também existirem partes interessadas envolvidas como

ONGs, comunidades locais afetadas pela poluição da empresa ou órgãos

ambientais, dentre outros.

Carvalho (apud HENKELS; 2002, p. 43-48) cita outros critérios:

o Escala - refere-se ao tamanho da área atingida pelo impacto. Outros termos

similares são a abrangência, extensão e alcance. O critério de escala pode ser

dividido em três categorias: isolada (mudança restrita aos limites da própria

organização), limitada (a mudança expande-se para fora dos limites da

organização, porém limita-se a uma região vizinha) e ampla (a mudança alastra-

se para áreas desconhecidas como, por exemplo, rios, mares, lençóis

subterrâneos...).

o Severidade – refere-se ao tamanho do dano que o impacto causa ao meio

ambiente, não considerando apenas a área atingida, mas sim a gravidade do

dano. Pode ser dividida em: baixa (quando não compromete a vida, embora

cause danos físicos reversíveis; ou não interage com a legislação ou

preocupações ambientais globais), média (causa destruição reversível da biota

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ou causa danos irreversíveis ao meio físico sem afetar o ser humano; não

interage com a legislação mas pode interagir com preocupações ambientais

globais) ou alta (mudança ambiental causa alteração irreversível na biota ou

causa danos ao ser humano; interage com legislação).

o Probabilidade ou freqüência – refere-se à quantidade de vezes que o impacto

ocorre ao longo de um período considerado. É dividido em: baixa (bastante

improvável ou esporádica), média (improvável ou ocasional; registros de

ocorrência ocasional) ou alta (provável ou freqüente; registro de ocorrência

constante).

Portanto, como se observa, existem diversos critérios ambientais que podem ser

utilizados pela empresa na determinação da significância de cada aspecto ambiental,

porém, a determinação de quais e quantos destes critérios irão ser utilizados no LAIA é

algo que fica sob responsabilidade da própria empresa. A norma ISO 14004:2005

somente recomenda diretrizes para a realização deste procedimento, não determinando

exatamente como isto deve ser feito, pois se assim o fizesse, não respeitaria as

particularidades de cada empresa e assim, a ISO 14001:2004 apresentaria problemas

para se adaptar a qualquer organização que é uma das suas principais propostas.

Além da própria identificação dos aspectos e impactos ambientais, observa-se que o

LAIA possui um outro papel que é a sensibilização dos funcionários envolvidos em

processos que apresentaram aspectos ambientais significativos. Isto é extremamente

importante na implantação de um SGA, cuja norma ISO 14001:2004 considera que os

trabalhadores devam estar conscientes de suas funções e responsabilidades no controle

de aspectos ambientais derivados da empresa.

Henkels (2002) em trabalho sobre desenvolvimento de método para identificação de

aspectos e impactos ambientais, também percebeu que os resultados desta ferramenta

influem na sensibilização dos gestores das companhias estudadas. Além disso, auxiliam

no planejamento e tomada de decisões do campo ambiental da empresa, pois,

demonstram os pontos que são prioritários e que precisam ser solucionados.

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56

Leripio (2001), em sua tese de doutorado, também corrobora com o que foi dito.

Através da criação de uma metodologia denominada de Gerenciamento de Aspectos e

Impactos Ambientais (GAIA) ele verificou que existe uma grande importância da

percepção dos funcionários sobre o desempenho ambiental das empresas. As empresas

que possuíam um sistema de identificação de aspectos e impactos ambientais

apresentavam melhores desempenhos no atendimento ao GAIA, enquanto que as que

não possuíam sistema elaborado para esse fim, apresentaram baixo nível de atendimento

ao GAIA onde o autor percebe que não há uma sistemática determinada para a

resolução de conflitos ambientais.

Harrington (2001) alega que antes da competência do funcionário em realizar

adequadamente tarefas cujos efeitos podem ser danosos ao meio ambiente, deve existir

nessas pessoas a conscientização a respeito da interface entre empresa e meio ambiente.

Um funcionário só apresentará um desempenho ambiental satisfatório a partir do

momento em que compreender o seu próprio papel dentro do SGA e a contribuição que

deve ser dada para que se alcancem os objetivos e metas ambientais estabelecidos.

Portanto, os resultados do LAIA são referências essenciais para a implantação de um

SGA baseado na ISO 14001:2004, pois além de servir como base para o

estabelecimento dos objetivos e metas, informam e conscientizam os funcionários sobre

como as atividades desenvolvidas por eles influenciam nas questões ambientais locais,

regionais e globais o que pode ser um facilitador no envolvimento destas pessoas no

funcionamento do SGA.

3.2. Saneamento da Água

3.2.1. Distribuição e Qualidade da Água

A água ocupa aproximadamente 75% da superfície da Terra e é o constituinte

inorgânico mais abundante na matéria viva, integrando aproximadamente dois terços do

corpo humano e atingindo até 98% em certos animais aquáticos, legumes, frutas e

verduras. Constitui-se também no solvente universal da maioria das substâncias

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modificando-as e se modificando em função destas. Diversas características das águas

naturais advêm dessa capacidade de dissolução, diferenciando-as pelas características

do solo da bacia hidrográfica que, por sua vez, imprimirão muitas das suas

características. Aliada à capacidade de dissolução, a água atua como meio de transporte

– em escoamento superficial e subterrâneo – permitindo que as características de um

mesmo curso d’água alterem-se no temporal e espacialmente. Por fim, as características

das águas naturais influenciam o metabolismo dos organismos aquáticos e são também

influenciadas por ele, conferindo estreita interação entre esses seres vivos e o meio

ambiente (LIBÂNIO, 2005).

Diferentemente de outros seres vivos, a relação do ser humano com a água vai muito

além da simples dependência fisiológica, ultrapassando esse conceito e se constituindo

num importante elemento da base de sustentação sobre a qual a sociedade humana

cresceu, prosperou e se desenvolveu.

A água possui um importante papel como fator de consumo nas atividades humanas. No

Brasil, consome-se em média, 246 m3/habitante/ano, considerando todos os usos da

água, inclusive para a agricultura e indústria. Como fator de produção de bens, a larga

utilização na indústria e notadamente na agricultura mostra a importância desse recurso

natural (BASSOI & GUAZELLI, 2004).

Em todo o mundo, a agricultura consome cerca de 69% da água captada, sendo 23%

utilizados na indústria e os 8% restantes destinados ao consumo doméstico. Em termos

globais pode se considerar a água como abundante, no entanto, quase sempre ela é má

distribuída na superfície da Terra. Mesmo no Brasil, que é o país com a maior

disponibilidade hídrica do planeta, com cerca de 13,8% do deflúvio mundial (5.744

km3/ano), essa situação não é diferente, visto que 68,5% dos recursos hídricos estão

localizados na região Norte, na qual habitam cerca de 7% da população brasileira; 6%

estão na região Sudeste, com quase 43% da população e pouco mais de 3% estão na

região Nordeste, na qual habitam 29% da população.

Agravando o problema da distribuição geográfica da água soma-se a questão da

distribuição da água nos seus estados físicos (sólido, líquido e gasoso). O volume total

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de água na Terra é de aproximadamente 1,4 bilhões de km3, dos quais apenas 2,5%, ou

cerca de 35 milhões de km3, correspondem a água doce. A maior parte da água doce se

apresenta em forma de gelo ou neve permanente, armazenada na Antártida e na

Groenlândia, ou em aqüíferos de águas subterrâneas profundas. As principais fontes de

água para uso humano são lagos, rios, a umidade do solo e bacias de águas subterrâneas

relativamente pouco profundas. A parte aproveitável dessas fontes é de apenas 200 mil

km3 de água – menos de 1% de toda a água doce e somente 0,01% de toda a água da

Terra. Grande parte dessa água disponível está localizada longe de populações humanas,

dificultando ainda mais sua utilização (PNUMA, 2002).

A reposição da água depende da evaporação da superfície dos oceanos.

Aproximadamente 505 mil km3, ou uma camada de 1,4 metro de espessura, evaporam

dos oceanos a cada ano. Outros 72 mil km3 evaporam da terra. Cerca de 80% do total de

precipitações, o equivalente a 458 mil km3/ano, cai sobre os oceanos, e os 119 mil

km3/ano restantes, sobre a terra. A diferença entre a precipitação sobre as superfícies de

terra e a evaporação dessas superfícies (119 mil km3 menos 72 mil km3 por ano)

corresponde a escoamentos e reposição de águas subterrâneas – aproximadamente 47

mil km3 por ano.

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Tabela 6– Quadro sobre a distribuição da água no mundo.

Fonte: “Global Environmental Outlook 3” realizado pelo PNUMA.

Segundo estimativas, por volta de 2025, mais de 3 bilhões de pessoas poderão viver em

países sujeitos a pressão sobre os recursos hídricos — e 14 países vão passar de uma

situação de pressão sobre os recursos hídricos para uma de escassez efetiva. Países

densamente povoados, como a China e a Índia, integrarão o clube mundial dos

ameaçados por falta de água. Essas estimativas sobre o futuro trazem a tona grandes

preocupações relacionadas a qualidade de vida, saúde e segurança das pessoas que

vivem em vários países, pois se atualmente não se consegue atender as demandas

básicas da maioria da população, o que se dirá daqui há alguns anos quando a

população, segundo projeções demográficas, for ainda maior (PNUD, 2006).

Em seu estudo intitulado “Watersheds of the World” (Bacias Hidrográficas do Mundo)

o World Resource Institute (WRI) faz uma análise de diversos parâmetros (Ex: uso da

terra, biodiversidade local, densidade populacional, cobertura florestal e etc.) em 154

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bacias hidrográficas espalhadas pelo mundo. Dentre as várias informações relevantes

geradas pelo estudo, um dos resultados mais interessantes é o mapa global sobre

escassez hídrica nas diversas regiões do globo terrestre.

No mapa abaixo, várias regiões são classificadas segundo a sua disponibilidade hídrica,

sendo que para isso foi criado o indicador de stress hídrico cuja função é medir a

proporção entre a demanda de água em relação à quantidade disponível para uso

humano. A água disponível para o uso humano é a quantidade da produção da bacia

hidrográfica menos o uso estimado da demanda do meio ambiente local (a água

necessária para que os ecossistemas permaneçam íntegros). Bacias hidrográficas com

indicador de stress hídrico acima de 0,4 são consideradas, da perspectiva ambiental,

como áreas sobre stress ambiental. Bacias com indicadores de stress hídrico maiores

que 0,8 (áreas laranjas ou vermelhas no mapa) são consideradas como altamente

estressadas.

Fonte: Estudo estudo “Watersheds of the World”, WRI (2006).

Figura 4– Mapa global e as áreas sob stress hídrico. O Indicador de Stress Hídrico varia de <0,3 (baixo

stress, cor cinza) até >1 (alto stress, cor vermelha).

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61

Neste estudo são identificados três exemplos reais onde as grandes explorações das

bacias hidrográficas geram sérios problemas não só ao ecossistema local, mas também

para as pessoas que vivem ali e dependem dos serviços ambientais providos pelas

bacias. A primeira delas é a Bacia de Murray-Darling na Austrália, a segunda é a Bacia

de Huang He na China e a terceira é a Bacia do Rio Laranja no Sudeste do continente

Africano.

Tanto a Bacia Murray-Darling quanto a Huang He tem indicador de stress hídrico maior

que 1, enquanto que a Bacia do Rio Laranja tem indicador de stress entre 0,8 e 0,9. A

Bacia do Rio Huang He é considerada um caso extremo de escassez de água para

atendimento ao uso humano e do ecossistema. Esse rio esteve próximo de alcançar o

nível completo de exploração dos seus recursos hídricos, sendo que a duração dos

períodos de baixa vazão aumentaram de quarenta dias no começo de 1990 para duzentos

dias em 1997. Isto causa sérios problemas aos mais de 100 milhões de habitantes

daquela bacia, pois o cultivo de plantações é prejudicado e espécies aquáticas com suas

perda de habitat têm suas populações diminuídas.

No estudo “Challenges to International Waters – Regional Assesment in a Global

Perspective” (Desafios para as Águas Internacionais – Avaliações Regionais em uma

Perspectiva Global) da associação Global International Water Assesment (GIWA) faz

uma avaliação sobre o estado das águas em várias regiões do mundo.

Os numerosos problemas detectados em relação à questão da água são agrupados em

quatro grandes grupos:

o Escassez de água doce: a causa desse problema é atribuída principalmente ao

setor agrícola, devido ao uso de águas subterrâneas para a irrigação de culturas,

desmatamento, drenagem de terras úmidas para implantação de lavouras e

práticas inadequadas de uso da terra para cultivo. Agravando esse problema, a

salinização das águas tem se tornado bastante freqüente nas regiões com

escassez de águas, devido à diminuição do fluxo dos rios e as práticas

inapropriadas de irrigação que deterioram a qualidade da água e a torna de baixa

qualidade.

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o Poluição d’água: no estudo são considerados vários impactos sobre as águas. (i)

Sólidos suspensos, (ii) Eutrofização, (iii) Poluição química, (iv) Resíduos

sólidos, (v) Derrames de óleos, (vi) Radionuclídeos e (vii) Poluição térmica.

o Pesca excessiva e outras ameaças à sobrevivência de recursos aquáticos: esse

problema é considerado mais grave nas regiões asiáticas onde o consumo do

pescado é mais tradicional. Como práticas mais inadequadas da pesca predatória

citam-se o uso de explosivos, biocidas e pesca com uso de arraste de rede.

o Modificação de habitats: causa a redução da biodiversidade e alteração na

estrutura das comunidades aquáticas. Ela é causada principalmente pelas

modificações geradas pela mudança no uso do solo (desmatamento de florestas

para uso agrícola), práticas agrícolas inadequadas, construção de barragens para

geração de energia elétrica, uso da água para irrigação e outras práticas que

alterem o fluxo e/ou a quantidade de água em rios, lagos ou aqüíferos. Outra

grande causa para o problema citado neste item é a introdução de espécies

exóticas o que em muitos casos muda a estrutura das comunidades nativas da

região.

Em uma segunda parte desse estudo, a GIWA enumera as principais causas desses

problemas. A primeira delas é o crescimento demográfico que gera um aumento no

consumo de água para abastecimento público e de pescado. Para atender a demanda de

uma população maior, consequentemente ocorre uma pressão sobre o setor agrícola,

como segundo problema, que gera mais desmatamento para implantação de culturas e

uso de água na irrigação. Como terceiro problema cita-se as falhas de mercado, devido

ao fato das empresas se eximirem de práticas ambientais corretas afim de não aumentar

o preço do produto tornando-o competitivo. Outro problema citado como falha de

mercado é a falta de cobrança pelo uso da água que acaba sendo usada

indiscriminadamente e desperdiçada. A quarta causa citada é a falta de conscientização

pública a respeito dos problemas relacionados ao uso e gestão das águas. Por último,

alega-se problemas relacionados à formulação de políticas públicas que lidem

adequadamente com a prevenção e solução dos impasses relacionados a administração

dos recursos hídricos.

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Outra publicação que faz uma avaliação global dos problemas relacionados a água é a

Environmental Global Outlook 3 (GEO3) do PNUMA. Assim como o parecer da

GIWA, considera-se as atividades de irrigação para agricultura como a grande

responsável pelo consumo dos recursos hídricos. A estimativa aproximada é de que

70% da água potável consumida no mundo seja utilizada na produção agrícola.

O International Food Policy Research Institute (IFPRI) em seu estudo World Water and

Food to 2025: Dealing with Scarcity, avalia através de modelos econométricos a

capacidade da humanidade em atender a crescente demanda por alimentos. Isto é feito

através do relacionamento entre a produção agrícola e a disponibilidade de água,

permitindo que se façam várias projeções até o ano de 2025.

O modelo utilizado no estudo foi denominado IMPACT-WATER e faz correlação entre

variáveis ambientais, hídricas e de produção de alimento. Utilizam-se dados sobre a

produção agrícola, preços dos produtos, crescimento populacional, taxas de impostos e

realiza-se uma correlação com dados relacionados à disponibilidade de água na bacia

hidrográfica, demanda de água pela irrigação, dentre outros. Feito isso, procura-se

predizer o efeito de políticas agrícolas, investimentos em pesquisa para aumento da

produtividade de culturas, taxas de impostos e crescimento populacional sobre a

demanda de alimentos e segurança alimentar.

Para avaliar o cenário mundial da relação disponibilidade de água versus a produção de

alimentos, são simuladas três situações diferentes: uma primeira em que se mantém as

atuais políticas de incentivo agrícola e conservação de bacias hidrográficas (“Business

as Usual”), uma segunda em que ocorreria a diminuição dos incentivos para produção

agrícola e produção de água nas bacias hidrográficas (“Water Crisis”) e uma terceira e

última situação onde ocorreria um aumento na política de incentivos a produtividade

agrícola e conservação de água (“Sustainable Water Scenario”).

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Fonte: “World Water and Food to 2025: Dealing with Scarcity” (IFPRI).

Figura 5- Consumo de água em km3 em países desenvolvidos (developed countries), países em

desenvolvimento (developing countries) e no mundo (world) de acordo com os vários cenários de

simulação: negócios como habitual (business as usual), crise da água (water crisis) e cenário de uso

sustentável da água (sustainable water scenario).

Fonte: “World Water and Food to 2025: Dealing with Scarcity” (IFPRI).

Figura 6- Produção de cereais em milhões de toneladas em países desenvolvidos (developed countries),

países em desenvolvimento (developing countries) e no mundo (world) de acordo com os vários cenários

de simulação: negócios como habitual (business as usual), crise da água (water crisis) e cenário de uso

sustentável da água (sustainable water scenario).

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Dentre os três cenários apresentados, o uso sustentável da água (Sustainable Water

Scenario) apresenta grandes vantagens em relação aos demais como se pode observar

em ambos os gráficos. A produção agrícola mundial é bem semelhante tanto na

projeção do cenário atual (Business as Usual) quanto na projeção de uso sustentável da

água, porém, o consumo de água é consideravelmente menor, em torno de 20% menos.

Essa economia pode resultar em grandes benefícios, especialmente em países em

desenvolvimento que tem a atividade agrícola como base de sua economia.

Investimentos do governo em pesquisa agrícola, mudanças tecnológicas, reformas na

gestão de recursos hídricos (ex: aumento do preço cobrado no uso da água),

desenvolvimento de políticas de investimento em infra-estrutura rural (ex: transporte,

portos, armazéns...) são alguns dos fatores que podem levar o cenário real progredir em

direção ao cenário de uso sustentável da água (Sustainable Water Scenario).

Além deste problema da demanda de água para a produção de alimentos, este precioso

recurso natural tem sido alvo de diversos conflitos e tensões entre países de todo o

mundo através de sucessivos anos. Para se ter idéia do potencial gerador de conflito que

tem a escassez da água, 145 países situam-se em bacias hidrográficas partilhadas,

englobando mais de 90% da população mundial.

WWIUMA (2005) afirma que as disputas por recursos hídricos datam desde a revolução

Neolítica, entre 8.000 e 6.000 A.C. quando a humanidade começou a cultivar alimentos.

Ainda segundo o autor, a nossa própria língua reflete essas raízes antigas, aonde a

palavra “rivalidade” vem do Latim rivallis que significa “aquele que usa o mesmo rio

que outrem”.

O alto número de rios compartilhados combinados com os problemas de escassez

hídrica de populações cada vez maiores têm sido responsáveis pela ocorrência de

diversos conflitos ao longo da história e tem potencial para se tornar o principal

incentivador destes problemas. Um bom exemplo disso foram os conflitos entre Israel e

Síria em 1951-1953 e 1964-1966 cujo estopim foi o projeto sírio que previa o desvio do

Rio Jordão e que acabou culminando na guerra de 1967 entre os dois países.

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66

Outros tipos de conflitos hídricos são os que ocorrem internamente dentro de um

mesmo país e acabam levando a confrontos entre usuários a montante e a jusante de um

rio. Um bom exemplo é a disputa em 1991 do Rio Cauvery, na Índia, surgindo da

alocação de água entre o estado a jusante de Tamil Nadu, que vinha utilizando a água

para irrigação, e o estado a montante de Karnataka, que desejava incrementar a

agricultura irrigada. As partes não aceitaram adjudicação judicial da disputa, levando à

violência e mortes ao longo do rio. Outro exemplo ocorreu na província chinesa de

Shandong, onde milhares de agricultores entraram em choque com a polícia em julho de

2000, devido ao projeto do governo de desviar a água de irrigação da agricultura para as

cidades e indústrias (WWIUMA; 2005).

Um terceiro tipo de conflito pode ser causado pela má prestação de serviços públicos de

abastecimento de água. O exemplo mais típico é o caso das manifestações em

Cochabamba, terceira maior cidade da Bolívia, no ano de 2000 que há muito tempo

vinha sofrendo escassez de água e um fornecimento insuficiente e irregular. Na

expectativa de melhoria dos serviços e ampliação das ligações domiciliares, o Governo

da Bolívia assinou, em setembro de 1999, um contrato de concessão de 40 anos com um

consórcio internacional privado. Em janeiro de 2000, a tarifa sofreu um aumento

drástico; alguns domicílios tiveram que pagar uma parcela significativa de renda

familiar mensal para seu abastecimento. Os consumidores, sentindo que estavam

simplesmente pagando mais para o mesmo serviço ruim, reagiram com greves, bloqueio

de ruas e outras formas de manifestação que paralisaram a cidade durante quatro dias,

sendo que a ordem só foi restabelecida depois que o governo cancelou a concessão e

devolveu a gestão do abastecimento de água para a prefeitura municipal.

Hendrix & Glaser (2005) realizaram uma pesquisa correlacionando variáveis climáticas

(Ex: médias anuais de precipitação, umidade e temperatura) e ambientais (ex:

desertificação e degradação de solos) com a ocorrência de conflitos civis na África Sub-

Saariana. O resultado das análises estatísticas demonstraram forte correlação entre os

conflitos civis e as más condições climáticas e ambientais. Climas mais temperados

nesta região, favorecem a cultura agrícola local que é extremamente dependente do

regime anual de chuvas e diminuem a probabilidade da ocorrência de conflitos. Nos

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anos em que se observou uma baixa média de precipitação anual, foi verificado, no ano

posterior, um aumento na probabilidade de conflitos na região.

Portanto, como se pôde observar, a água apresenta um papel chave para o futuro da

humanidade cuja população cresce em ritmo acelerado. Muitas medidas têm sido

tomadas para resolver os problemas ligados à escassez e qualidade dos recursos

hídricos, entretanto, a resolução destas questões tem ocorrido em um ritmo lento que

não é suficiente para atender a demanda social.

3.2.2. Águas de Abastecimento e Saúde Pública

Segundo dados do “Relatório do Desenvolvimento Humano 2006” (RDH2006)

elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) cerca de

2,6 bilhões de pessoas, metade da população do mundo em desenvolvimento, não têm

acesso a serviços de saneamento básico. Dessa quantidade, cerca de 1,1 bilhões de

pessoas não têm disponível o limite mínimo de água diário que é de 20 litros por pessoa,

utilizando em média cerca de 5 litros por pessoa diariamente.

Enquanto um habitante de Moçambique usa, em média, menos de 10 litros de água por

dia, um europeu consome entre 200 e 300, e um norte-americano, 575 (em Phoenix, no

Arizona, o volume ultrapassa 1 mil). No Reino Unido, um cidadão médio usa mais de

50 litros de água por dia dando a descarga — mais de dez vezes o volume disponível

para as pessoas que não têm acesso a uma fonte de água potável na maior parte da zona

rural da África Subsaariana. Um norte-americano usa mais água em um banho de cinco

minutos do que um morador de favela de país em desenvolvimento usa num dia

inteiro”, compara o relatório RDH2006.

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Fonte: “Relatório do Desenvolvimento Humano 2006” do PNUD.

Figura 7- Gráficos sobre a distribuição de pessoas por continente que não tem acessos a uma fonte de

água melhorada (com qualidade adequada ao consumo humano) e ao saneamento básico até o ano de

2004.

Os efeitos destes problemas, conseqüentemente, recaem mais sobre os que têm menor

renda. Sobretudo por falta de água potável e saneamento, são registrados anualmente 5

bilhões de casos de diarréia nos países em desenvolvimento. Anualmente, essa doença

tira a vida de cerca de 1,8 milhões de crianças menores de 5 anos ou 4.900 por dia o que

corresponde a uma criança morta a cada 19 segundos. É a segunda principal causa de

morte na infância, só atrás de infecções respiratórias. Ainda que possa ser evitada com

medidas simples, a diarréia mata mais do que tuberculose e malária, seis vezes mais que

os conflitos armados e, entre as crianças, cinco vezes mais que a Aids.

A falta de água e esgoto tem impacto em uma área vital do desenvolvimento humano, a

educação — um dos pilares do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Infecções

parasitárias transmitidas pela água ou pelas más condições de saneamento atrasam a

aprendizagem de 150 milhões de crianças, um contingente superior à população do

Japão. Uma saúde débil reduz o potencial cognitivo e acaba por, indiretamente,

prejudicar a conjuntura educacional, acarretando a falta de atenção e abandono escolar

prematuro. Em razão dessas doenças, são registradas 443 milhões de faltas escolares por

ano, informa o PNUD.

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Portanto, como se observa, a existência ou não de água potável e de saneamento básico

pode promover ou, pelo contrário, impedir o desenvolvimento humano. São fatores

determinantes do que as pessoas podem ou não fazer, ou daquilo em que podem vir a se

tornar, em suma, para as suas capacidades de realização. O acesso à água não constitui

somente um direito humano fundamental e um importante indicador do progresso dos

povos. Também constitui a base para outros direitos humanos e é condição necessária

para que se atinjam metas de desenvolvimento humano mais exigentes.

Ludwig et al (1999) num estudo sobre a ocorrência de parasitoses na população de

Assis, São Paulo, estabeleceu a correlação entre as condições de saneamento básico,

expressas pelo número de ligações de água e esgoto e a freqüência de parasitoses. Como

resultado os autores observaram que houve uma queda na freqüência de parasitoses

coincidindo com o aumento do número de ligações de água e esgoto.

Martins et al (2002) também fizeram correlações entre saneamento e saúde pública. No

estudo, suas estimativas de valores per capita indicaram que gastos da ordem de U$2,26

em saneamento básico corresponderam à redução de investimentos de U$2,63 per

capita na prevenção de Doenças Infecciosas Intestinais e Helmintíases. Subtraindo-se

do valor economizado na prevenção de doenças o valor investido no saneamento,

chega-se à um saldo positivo de U$0,37 por habitante. Numa população de 100.000

habitantes, esse saldo economizado por ano teria o valor de U$ 37.000,00.

Mendonça & Motta (2005) desenvolveram modelo econométrico para estimar o gasto

necessário para a diminuição da mortalidade infantil. Dentre as variáveis avaliadas

analisou-se as relacionadas aos serviços de saneamento (água tratada e coleta de esgoto)

e educação (analfabetismo da população feminina) que têm em comum o caráter

preventivo, e também analisaram-se medidas corretivas ligadas a gastos com saúde e

leitos hospitalares para as internações.

Com o modelo estimado foi possível então calcular a contribuição de cada um desses

serviços na redução da mortalidade infantil em número de mortes evitadas ante um

cenário de aumento de acesso a esses serviços. Também foi estimado o custo

econômico desse aumento de acesso que, dividido pelo número de mortes evitadas,

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resultou numa dimensão do custo médio de morte evitada para cada serviço. Dessa

forma, analisou-se o custo-efetividade dos serviços de saneamento ante outros serviços

analisados no modelo.

Tabela 7– Estimativa dos custos das alternativas para redução de mortalidade infantil em 2000. Nota- Mortalidade de 0-4 anos em 2000: 3521 casos.

Fonte: Mendonça & Motta (2005)

Uma variação marginal equivalente a estender os serviços de esgotamento sanitário a

mais 1% da população reduziria em 216 o número de mortes pelas doenças analisadas

pelo modelo. Já o mesmo incremento marginal nos serviços de água reduziria em 108 os

casos de morte. Da mesma forma, a redução de 1% no analfabetismo em mulheres

maiores de 15 anos diminuiria em 162 o total de óbitos. Quando se trata de acesso a

serviços de saúde, o aumento de 1% nos gastos com saúde evitaria 415 mortes,

enquanto o aumento de 1% do número de leitos salvaria outras 27 vidas.

Dentre os custos médios por morte evitada, o valor mais baixo é de R$ 63 mil e seria

obtido com a redução do analfabetismo das mães com mais de 15 anos. Próximo a esse

resultado estariam os gastos hospitalares de oferta de mais leitos, que somaram R$ 72,4

mil. Os valores mais altos seriam os R$ 282 mil em gastos totais em saúde. Em seguida

estariam os serviços de saneamento, com R$ 241 mil na coleta de esgoto e R$ 168 mil

em tratamento de água.

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71

Os resultados indicam que, somando os custos de melhoria por vida salva dos dois

serviços de saneamento, haveria um montante de R$ 409 mil e somando esses mesmos

custos para os serviços de saúde o valor seria de R$ 354 mil. Pode-se admitir, então, que

a ação conjunta de cada par de serviço, saneamento e saúde, respectivamente, seria

suficiente para salvar duas vidas. Se assim for, para a mesma redução de mortalidade,

encontra-se apenas uma diferença de 15% maior para o saneamento.

Considerando que o acesso aos serviços de saneamento são medidas preventivas que,

além das externalidades positivas ao meio ambiente aqui não contabilizadas, evitam os

riscos e desconfortos das doenças, os resultados sugerem que as ações preventivas de

saneamento, em particular no tratamento da água, seriam mais justificáveis

economicamente para a contínua redução da mortalidade infantil do que os gastos

corretivos nos serviços de saúde.

3.2.3. Cobertura de Serviços de Água no Brasil

No Brasil, segundo a Pesquisa Nacional de Domicílios (2005) realizada pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos 152.013.993 moradores nas áreas

urbanas cerca de 91,94% eram atendidos com rede de água tratada, 54,27% com rede de

esgoto e 22,95% com fossa séptica. Já nas áreas rurais, dos 31.592.479 moradores,

26,75% eram atendidos com rede de água, 61,69% tinham acesso a uma fonte de água

segura para consumo, 4,08% tinham rede de esgoto e 14,35% utilizavam fossa séptica.

No meio urbano, observa-se uma boa taxa de cobertura com rede de água (91,94%) o

que não necessariamente implica na boa qualidade da água fornecida, já no meio rural

esse tipo de serviço possui um nível de atendimento menor até mesmo devido ao custo

de se implantar uma rede de distribuição em locais com pequena densidade

populacional o que geraria um pequeno custo benefício.

O grande problema observado tanto no meio urbano quanto no meio rural é relativo a

cobertura por esgoto que ainda apresenta níveis muito baixos em torno de 77,23% (rede

de esgoto + fossa séptica) no meio urbano e 18,43% (rede de esgoto + fossa séptica) no

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72

meio rural. Essa questão ainda é preocupante no país e a falta de coleta pela rede ou de

fossa séptica, piora as condições de higiene dos locais próximos aos domicílios gerando

focos de animais e insetos transmissores de parasitoses ou ainda contaminando a água

utilizada para consumo o que causa diversas doenças de veiculação hídrica que atingem

principalmente crianças com idade inferior aos 5 anos.

Outro fator considerado determinante na cobertura por serviços de saneamento é a renda

mensal familiar onde se observa uma relação diretamente proporcional entre renda e

acesso aos serviços de saneamento, ou seja, quanto maior a renda, maior o acesso. Para

se ter uma idéia dessa diferença, nos domicílios onde a renda é de até 1 salário mínimo,

a cobertura de água atendia a 85,16% das pessoas dessa classe, enquanto que nos

domicílios cuja renda era superior a 20 salário mínimos a cobertura chegava a 96,43%

das pessoas dessa categoria. Entretanto, é na cobertura por serviços de esgoto (coleta de

rede + fossa séptica) que essa diferença entre pobres e ricos aumenta significativamente.

Nos domicílios com renda até 1 salário mínimo a cobertura é de 54,53%, já nos

domicílios com renda superior a 20 salários mínimos a cobertura é de 96,23%.

Em outro trabalho do IBGE, a “Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000”

(PNSB), observa-se uma boa cobertura dos municípios com serviços de água tratada.

Em 1989, existiam no Brasil 4.425 municípios sendo que 95,9% recebiam água tratada,

já no ano de 2000, o número de municípios aumentou para 5.507 e ainda assim, a

porcentagem de cobertura também aumentou para 97,9%. Neste levantamento, foi

avaliada apenas a presença ou ausência do serviço de água tratada, mas nenhum

parâmetro sobre a qualidade.

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73

Tabela 8- Número de municípios com serviços de abastecimento de água segundo as grandes regiões do Brasil.

Fonte: Pesquisa Nacional do Saneamento Básico. IBGE (2002).

A abrangência do abastecimento de água também varia com o tamanho populacional

dos municípios. Os menores municípios apresentam maior deficiência nos serviços, e

apenas 46% dos domicílios situados em municípios com até 20 000 habitantes contam

com abastecimento de água por rede geral. Em contrapartida, nos municípios com mais

de 300 000 habitantes é superada a marca de 75% de economias residenciais

abastecidas.

Em todas as regiões, o mesmo comportamento em relação ao porte populacional pode

ser verificado: as proporções de domicílios abastecidos aumentam quanto mais

populosos forem os municípios. Os municípios de maior porte populacional são aqueles

situados nas regiões com maior desenvolvimento socioeconômico onde as demandas da

população são mais freqüentes e, conseqüentemente, com maiores investimentos

público e privado no setor.

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74

Tabela 9– Total de domicílios e economias abastecidas e respectivas distribuições percentuais segundo

estratos populacionais até o ano de 2000.

Fonte: Pesquisa Nacional do Saneamento Básico. IBGE (2002).

Uma das formas de se avaliar a eficiência do atendimento à população é examinar o

volume diário per capita da água distribuída por rede geral. No ano de 2000 foram

distribuídos diariamente, no conjunto do País, 0,26 m3 (ou 260 litros) por pessoa, média

que variou bastante entre as regiões. Na Região Sudeste o volume distribuído alcançou

os 0,36 m3 per capita, enquanto no Nordeste ele não chegou à metade desta marca,

apresentando uma média de 0,17 m3 per capita (IBGE; 2002).

Fonte: Pesquisa Nacional do Saneamento Básico. IBGE (2002).

Figura 8– Água distribuída, em m3 per capita, segundo as grandes regiões do Brasil. Retirado da

“Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000” realizada pelo IBGE.

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75

O “Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto 2005” elaborado pelo Sistema Nacional

de Informações sobre Saneamento (SNIS) constata que no período de 2002 a 2005

houve um crescimento significativo dos números relativos aos sistemas de

abastecimento de água e de esgotamento sanitário. Três informações, segundo o estudo,

comprovam este crescimento: a quantidade de ligações ativas, a extensão da rede e o

volume de água produzido.

No período 2002-2005, a quantidade de ligações ativas de água aumentou em 12,1% e a

extensão de rede de água em 12,8%. Considerando a evolução, ano a ano, verificaram-

se os seguintes resultados:

o Quantidade de ligações ativas de água: em 2002 - 28,9 milhões; em 2003 – 30,0

milhões (crescimento de 3,8%); em 2004 – 31,1 milhões (crescimento de 3,6%);

e em 2005 – 32,4 milhões (crescimento de 4,2%); resultando em uma taxa média

de crescimento anual de 3,9% para o período 2002-2005;

o Extensão da rede de água: em 2002 – 362,8 mil quilômetros; em 2003 – 375,1

mil quilômetros (crescimento de 3,4%); em 2004 – 394,2 mil quilômetros

(crescimento de 5,1%); e em 2005 – 409,2 mil quilômetros (crescimento de

3,8%); resultando em uma taxa média de crescimento anual de 4,1% para o

período 2002-2005;

Uma análise similar, agora para o volume de água produzido, mostrou que nos últimos

quatro anos a produção de água dos prestadores na amostra SNIS apresentou

incremento de 8,9%. Esse incremento foi inferior ao da quantidade de ligações de água.

Ainda assim, o consumo médio per capita de água para a amostra SNIS, em 2005, foi

de 145,7 l/hab.dia, maior que o mesmo consumo em 2002, igual a 142,6 l/hab.dia. Um

dos fatores que pode explicar esta situação, segundo os autores, é a queda no índice

médio de perdas de água que reduziu de 40,6% em 2002 para 39,0% em 2005.

Em relação ao volume de água produzido observam-se os seguintes resultados: em 2002

- 12,3 bilhões de m3 de água; em 2003 - 12,6 bilhões de m3 de água (acréscimo de

2,4%); em 2004 - 12,8 bilhões de m3 de água (acréscimo de 1,6%) e em 2005 - 13,4

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76

bilhões de m3 de água (acréscimo de 4,7%); resultando em uma taxa média de

crescimento anual de 2,9% para o período 2002-2005.

3.2.4. Cobertura de Serviços de Água em Minas Gerais

O Centro de Estatísticas e Informações (CEI) da Fundação João Pinheiro (FJP) realizou

um trabalho de detalhamento de informações sobre a situação do saneamento básico nos

853 municípios de Minas Gerais no ano 2000 baseando-se na Pesquisa Nacional de

Saneamento Básico (PNSB) realizada pelo IBGE e que se constitui em uma das mais

completas pesquisas sobre saneamento nas cidades mineiras.

No tema relacionado ao abastecimento de água foram avaliados os seguintes itens: o

nível de cobertura urbana, a entidade prestadora do serviço, a existência ou não de

cobrança de tarifa, forma de captação, existência de tratamento, controle de qualidade

na captação, controle de qualidade do tratamento, controle de qualidade na distribuição,

existência de racionamento com sua freqüência e motivos, existência de micro e

macromedição e existência de investimentos em melhorias ou ampliação.

A cobertura urbana dos serviços de abastecimento de água, através do número de

ligações à rede geral, alcançou 96,6% dos domicílios permanentes localizados em

cidades e vilas mineiras, sendo que 92,8% possuíam canalização interna no domicílio.

Os percentuais de atendimento são também elevados na maioria dos municípios

mineiros. Os números apontam que em 821 dos 853 municípios, 80% ou mais dos

domicílios urbanos estavam ligados à rede geral de abastecimento de água. Percentuais

iguais ou superiores a 95% ocorreram em 621 cidades, enquanto em apenas oito

municípios os indicadores eram inferiores a 50%. Entre os que apresentavam os mais

baixos percentuais de domicílios abastecidos de água proveniente de rede geral a maior

parte está localizada na região de planejamento Rio Doce.

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77

Fonte: Fundação João Pinheiro (2007)’

Figura 9– Percentual dos domicílios urbanos atendidos por rede geral de abastecimento de água, segundo

municípios e bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais no ano de 2000.

Em relação à captação da água, no estado de Minas Gerais, predominam as fontes de

águas superficiais e os poços profundos, sendo comum em um município haver mais de

uma forma de captação. De fato, 346 cidades informaram esse tipo de situação,

enquanto que 341 têm abastecimento exclusivo por águas superficiais e 155 por poços

profundos. Esses últimos sobressaem na bacia do Rio São Francisco, onde em muitos

municípios é a única forma de captação, havendo grande número deles também nas

bacias do Rio Doce e Rio Pardo. A captação de água através das águas superficiais é

essencial em grande parte da bacia dos rios Jequitinhonha, Mucuri, São Mateus e parte

da Bacia do Rio Doce, de onde provém a totalidade das águas distribuídas na maioria

dos municípios nelas localizados.

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78

Fonte: Fundação João Pinheiro (2007).

Figura 10– Formas de captação, segundo municípios e bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais no

ano de 2000.

Quanto ao controle de qualidade na captação das águas, ele é inexistente em 115

cidades que captam água superficial e em 121 com água de poço profundo e/ou raso. No

grupo de cidades que controlam a qualidade das águas captadas superficialmente, as

análises tendem a ser feitas com periodicidade diária ou semanal, enquanto no grupo

abastecido por águas de poço predomina um controle mais esporádico, sendo freqüentes

análises semestrais ou mesmo anuais.

Em termos do tratamento da água são poucos os distritos-sede que declararam não

distribuir água tratada, apenas 152 cidades. A grande maioria tem tratamento de tipo

convencional, o que significa que a água bruta passa por tratamento completo em

estação de tratamento de água (ETA): 649 cidades. Entre as sedes que declararam ter

água tratada 26 utilizam mais de um tipo de tratamento. Existe, ainda, um rigoroso

controle de qualidade desse processo, com os municípios declarando a existência de

análises feitas quase que diariamente (405 cidades) ou semanalmente (169 cidades).

Duzentos e nove (209) municípios declararam realizar controle de qualidade em todas

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79

as freqüências estabelecidas na pesquisa (diária, semanal, quinzenal, mensal, semestral

e anual).

São poucos os municípios que reportaram problemas de racionamento de água, ligados

quase que exclusivamente à seca e estiagem. Foram notificados casos esporádicos em

todas as bacias hidrográficas do Estado, com maior concentração nas bacias do Rio

Pardo, Rio Jequitinhonha, e nos municípios da bacia do Rio São Francisco localizados

mais ao norte do Estado. São as áreas que historicamente apresentam sérios problemas

de seca, integrantes das regiões de planejamento Norte de Minas e

Jequitinhonha/Mucuri.

Em relação aos instrumentos de medição, é elevado no Estado o percentual de ligações

hidrometradas. Em 516 cidades esses percentuais são iguais ou superiores a 90%. Em

outras, no entanto, eles são bem menos expressivos: em 219 não chegam a 20%, sendo

que deste número, 210 municípios não apresentam qualquer tipo de hidrometração.

Observa-se que os mais baixos percentuais estão em grande número de cidades das

regiões de planejamento Norte de Minas e Mata, e em áreas localizadas das regiões Sul

de Minas e Central. É interessante notar que a presença da COPASA condiciona os

elevados percentuais de ligações hidrometradas em cidades das regiões

Jequitinhonha/Mucuri e Rio Doce, além das regiões Centro-Oeste de Minas, Triângulo,

Alto Paranaíba e Noroeste de Minas (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2007).

3.3. Companhias de Abastecimento de Água

3.3.1. Modelos de Gestão

Segundo Parsekian (1998), as companhias de abastecimento público de água podem ter

diversas constituições jurídicas, como segue abaixo.

o O Departamento é uma instituição que depende da prefeitura, pois não tem

autonomia financeira. As receitas entram para o caixa único do tesouro

municipal e os servidores são regidos pelo regime jurídico único sendo

contratados por concurso público. Não é permitida a apropriação de custos do

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80

sistema e nem a avaliação se o serviço é auto-sustentável pelas tarifas. O

departamento não é ágil administrativamente.

o A Autarquia possui maior autonomia administrativa e financeira em relação aos

Departamentos. Os servidores são regidos pelo regime jurídico único. Este tipo

de instituição garante maior controle externo sobre o balanço financeiro.

o A Empresa de Economia Mista exige resultado financeiro positivo como

empresa privada e permite efetivo controle sobre o desempenho econômico-

financeiro. Seus servidores são regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho

(CLT), mas são admitidos por concurso público, sendo que os encargos sociais

são maiores do que sobre as autarquias.

Dos tipos de constituições jurídicas citadas, duas são mais comuns em se tratando de

companhias de abastecimento de água que são a autarquia e a empresa de economia

mista, sendo que esta última pode ser constituída também, desde que em porção

minoritária, por capital privado diferentemente da autarquia que deve ser composta

exclusivamente por capital público.

Um outro modelo de gestão de companhias de abastecimento de água é o das empresas

privadas, cuja participação no setor de saneamento ainda é pouco efetiva, porém

percebe-se que sua participação tende a aumentar gradualmente devido a Parceria

Público-Privada que tem sido estimulada pelo atual governo e regulamentada pela lei no

11.709 de 30 de dezembro de 2004 (MELLO, 2005).

Em relação aos números sobre a participação das entidades prestadoras de serviço

segundo a sua constituição jurídica, a principal e mais completa fonte de dados a

respeito é a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) realizada em 2000 pelo

IBGE.

No Brasil, dos 8.656 distritos avaliados na PNSB do IBGE a respeito da constituição

jurídica das entidades prestadoras de serviços de abastecimento de água, 3.166 estão sob

administração direta do poder público; 923 sob autarquias; 4.717 sob empresas com

participação majoritária do poder público também conhecidas como economias mistas;

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496 sob empresas privadas; e 1.070 sobre outro tipo de administração. Uma observação

a ser feita a respeito das informações citadas anteriormente é que um mesmo distrito

pode apresentar mais de um tipo de constituição jurídica das entidades prestadoras de

serviço de abastecimento de água, daí o porquê da soma dos valores ser maior que o

total de 8.656 distritos avaliados.

No estado de Minas Gerais (MG), a distribuição das companhias de abastecimento de

água segundo a sua constituição jurídica se assemelha à do Brasil, onde se observa um

predomínio das economias mistas, seguidas pelas administrações diretas do poder

público, autarquias e empresas privadas. Na quadro abaixo, é apresentada a distribuição

encontrada em MG.

Tabela 10– Entidade prestadora do serviço de abastecimento de água e existência de cobrança pelo

serviço segundo os distritos-sede dos municípios de Minas Gerais. Nota: Um mesmo distrito pode

apresentar mais de um tipo de constituição jurídica das entidades prestadoras de serviço de abastecimento

de água.

ENTIDADE PRESTADORA DO SERVIÇO COBRANÇA PELO SERVIÇO

PREFEITURA DISTRITO-SEDE COPA-

SA Autar-quia

Adm. direta

PARTI-CULAR

Sim Não Sem declaração

Total de distritos 503 87 350 9 706 132 15

Fonte: Fundação João Pinheiro (2007).

O grande responsável pela distribuição da água é o governo estadual através da

Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), que esteve presente em 503

cidades. As prefeituras, através de administração direta ou de autarquias, atuavam em

437, muitas delas atendidas também pela COPASA. São ao todo 95 os municípios que

apresentam atendimento misto, por vezes com a presença simultânea da COPASA, de

entidade municipal e de empresa particular. A atuação da COPASA é disseminada por

todo o território mineiro, marcando presença em todas as regiões de planejamento, em

algumas de forma mais acentuada. Pode-se destacar a região Jequitinhonha/Mucuri,

uma vez que na maioria dos municípios é a única responsável pela distribuição de água.

Em vários municípios divide essa responsabilidade com as prefeituras, como acontece

nas regiões Norte de Minas e Noroeste de Minas. A administração direta municipal é a

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única prestadora dos serviços de distribuição de água em grande número de cidades das

regiões de planejamento Mata, Central e Sul de Minas.

Além dos distritos-sede, onde estão localizadas as cidades, há em Minas Gerais outros

715 distritos, dos quais 669 declararam contar com a prestação de serviços de

abastecimento de água. A COPASA atuava em 105 destes distritos, sendo que desta

quantia 23 estão localizados na região metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

No mapa abaixo é apresentada a distribuição das entidades prestadoras de serviços de

abastecimento de água em MG. A distribuição é diferente da apresentada no quadro de

distritos citada anteriormente, pois é relativa aos municípios onde cada um pode conter

mais de um distrito. Dos 853 municípios mineiros, 342 têm serviços de abastecimento

de água administrados pela prefeitura (40%) através da administração direta ou pela

autarquia, 413 têm serviços realizados pela COPASA (48,5%), 3 têm serviços

realizados por empresa privada (0,3%) e 95 são servidos por mais de uma empresa

(11,2%).

Fonte: Fundação João Pinheiro (2007)

Figura 11– Entidades prestadoras de serviços de abastecimento de água, segundo municípios e bacias

hidrográficas do estado de Minas Gerais no ano de 2000.

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83

O predomínio da COPASA em relação às prefeituras na prestação de serviços de água, é

um reflexo do favorecimento desta companhia pelo Plano Nacional de Saneamento

(Planasa) instituído na década de 70 e que tinha a finalidade de aumentar a cobertura

dos serviços de saneamento em todo o país. O Planasa utilizava recursos do Fundo de

Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) que por sua vez, era administrado pelo Banco

Nacional de Habitação (BNH). Juntos estes três órgão formavam o Sistema Nacional de

Saneamento (SNS) que foi responsável por grande crescimento do setor de saneamento.

Com o Planasa, foram criadas as Companhias Estaduais de Saneamento Básico

(CESBs), dentre as quais encontra-se a COPASA, em cada um dos estados da

federação. Até 1985, apenas estas empresas públicas podiam obter financiamentos junto

ao BNH para instalação de sistemas de água e esgoto em regime de monopólio, sendo

responsáveis pela construção, operação e manutenção das operações. Somando-se à este

benefício exclusivo, as CESBs se valeram do comportamento favorável da economia, da

abrangência do sistema montado, do volume de recursos destinados ao setor, da prática

de subsídios cruzados no interior das companhias estaduais e dos empréstimos a taxas

de juros subsidiadas o que permitiu sua efetiva expansão por todo o país (ARRETCHE,

2007).

Nem todos os municípios aderiram ao Planasa. Alguns se mantiveram efetivamente

autônomos, operando com empresas municipais, isto é, com o controle acionário do

município e a administração municipal responsabilizando-se integralmente pelo serviço

através de um órgão da administração direta ou de uma entidade autônoma que durante

a vigência do Planasa, foram discriminados através da falta de acesso aos recursos

financeiros do FGTS.

Outros municípios mantiveram uma autonomia parcial, mantendo-se conveniados a um

órgão do Ministério da Saúde, a atual Fundação Nacional de Saúde (FUNASA).

Operam de acordo com o modelo de saneamento implantado pelo Serviço Especial de

Saúde Pública, criado há mais de 40 anos. Os serviços são operados por uma autarquia

municipal, com autonomia administrativa técnica e financeira, porém administrados

com marcante influência da FUNASA, cujas funções abrangem desde administração até

a assistência técnica.

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84

As primeiras concessões dos serviços de água e esgoto a operadores privados surgiram

antes da promulgação da Lei de Concessões no 8.987 de 13 de fevereiro de 1995. Em

São Carlos (SP), o primeiro contrato de concessão de água a uma companhia privada foi

firmado em 1994 (MARINHO, 2006). Atualmente, segundo a Associação Brasileira de

Concessionários Privados dos Serviços de Águas e Esgotos (ABCON), o Brasil possui

65 concessões privadas de serviços de água e esgoto em operação, que atendem a

7.000.000 de habitantes nas regiões de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato

Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Paraná, Pará e Amazonas

(ABCON, 2007).

Dentre as leis que regulam a concessão para prestação de serviços em abastecimento de

água estão o artigo no 175 da Constituição Federal de 1988 e a lei no 8987 de 13 de

fevereiro de 1995.

Na constituição federal brasileira é instituído que cabe ao Poder Público a prestação de

serviços públicos por meio da sua administração direta ou pelo regime de concessão. Já

a lei no 8987 regulamenta o regime de concessão onde é determinado que:

o o processo deverá ocorrer por licitação que será vencido pela empresa que

apresentar a menor tarifa de prestação de serviço, maior oferta pela outorga da

concessão e melhor proposta técnica;

o o serviço prestado deverá ser adequado às necessidades dos usuários;

o haverá fiscalização por parte do Poder Público sobre a qualidade do serviço

prestado;

o o contrato de concessão deve estabelecer o período das concessões, os encargos,

as condições para intervenção do poder público na prestação do serviço e as que

invalidam o contrato.

Recentemente, foi aprovada a Lei Nacional de Saneamento no 11.445 de 05 de fevereiro

de 2007 que se constitui em um importante marco regulatório para o setor através do

estabelecimento de diretrizes para o seu desenvolvimento. Dentre os principais

destaques está a regulamentação de diretrizes para prestação de serviços de saneamento,

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85

regulação da prestação regionalizada, normas para elaboração de planos de prestação de

serviços de saneamento básico, instruções para cobranças dos serviços prestados através

das tarifas, a alocação de recursos federais no setor, dentre outras coisas.

Outros regulamentos legais relativos à prestação de serviço público no abastecimento de

água são listados a seguir:

o Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990 - Dispõe sobre o Fundo de Garantia do

Tempo de Serviço (FGTS). Em seu art. 9o, § 2o define que os recursos do FGTS

deverão ser aplicados em habitação, saneamento básico e infra-estrutura urbana.

o Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993 - Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da

Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da

Administração Pública e dá outras providências.

o Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997 – Institui a Política Nacional de Recursos

Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Em

seu art. 12, inciso I, estabelece que estão sujeitos a outorga pelo Poder Público

os direitos de usos de recursos hídricos com derivação ou captação de parcela da

água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive

abastecimento público, ou insumo de processo produtivo.

o Portaria no 518, de 25 de março de 2004 – Estabelece os procedimentos e

responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para

consumo humano e seu padrão de potabilidade.

o Lei no 11.107, de 6 de abril de 2005 – Dispõe sobre normas gerais de

contratação de consórcios públicos. São estabelecidas regras para elaboração de

contratos que visem a concessão de serviços públicos, dentre eles o

abastecimento de água, à empresas públicas ou de direito privado.

Uma última questão a ser discutida nesta parte, refere-se à comparação do nível de

desempenho dos diferentes modelos organizacionais utilizados em empresas de

saneamento. Heller et al (2006), em um trabalho inédito, faz a comparação entre os três

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86

modelos de gestão: autarquias, economias mistas (representada pela COPASA) e

departamentos das prefeituras.

Foram avaliados 600 dos 853 municípios do estado de Minas Gerais, avaliando-se os

seguintes itens: cobertura por água, cobertura por esgoto, volume dos reservatórios por

ligação domiciliar, número de funcionários na operação e manutenção por ligação de

água, número de funcionários na administração por ligação de água, despesa de energia

elétrica por economia de água, volume de água micromedido por volume tratado.

Constatou-se que as autarquias oferecem o maior nível de atendimento de água tratada

para a população. Sendo que a economia mista (COPASA) apresentou níveis

semelhantes ao das autarquias. Já as prefeituras, apresentaram o menor nível de

atendimento dos três tipos.

Os municípios atendidos pela COPASA, caracterizaram-se pela maior hidrometração,

menor alocação de pessoal nas atividades operacionais e maior alocação nas atividades

administrativas. Por contraste, as famílias que vivem nos municípios sob administração

da COPASA têm maior parte da sua renda comprometida, devido às tarifas cobradas

pelos serviços. No item consumo de energia a COPASA foi mais eficiente que os

demais modelos de gestão avaliados.

Em linhas gerais o trabalho conclui que as autarquias e a COPASA prestam um serviço

mais universalizado caracterizado pelo amplo nível de atendimento no abastecimento de

água tratada para a população. A COPASA, em consonância com o seu caráter de

empresa parcialmente privada, apresenta os melhores níveis de eficiência no uso da

energia elétrica, menor quantidade de pessoal contratado para execução dos serviços e

maiores tarifas. Os departamentos de prefeitura apresentam os piores níveis de

desempenho dos três modelos avaliados.

3.3.2. Sistemas de Qualidade em Companhias de Abastecimento de Água

Em face aos atuais problemas de degradação dos recursos hídricos e maiores exigências

relativas à qualidade da água tratada e ao aumento do nível de cobertura dos serviços,

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87

muitas das empresas de saneamento têm optado por adequar seus atuais sistemas aos

diversos modelos desenvolvidos em empresas privadas com o objetivo de aumentar a

sua eficiência operacional, diminuir custos e aumentar a receita a fim de reformar,

ampliar e modernizar os sistemas de tratamento.

A qualidade se tornou, nos últimos anos, o grande diferencial das organizações que

buscam manter-se competitivas. Para avaliar seu sistema de gestão e alavancar a

excelência em seus produtos e serviços, empresas de saneamento estão, cada vez mais,

aplicando critérios que visam à organização como um todo. O setor de saneamento

brasileiro vem passando por substanciais modificações em suas estruturas funcionais e

operacionais. A evolução tecnológica, a globalização e principalmente a privatização

levaram o setor a repensar sua forma de condução gerencial (FERREIRA, 2002).

Reflexos dessa mudança de paradigma no gerenciamento de companhias de

abastecimento de água podem ser exemplificados pela iniciativa da Associação

Brasileira em Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) na promoção do Prêmio

Nacional de Qualidade em Saneamento (PNQS) e por diversos casos de companhias

que estão optando pela implantação de sistemas de gestão de qualidade (SGQ) baseados

na ISO 9002.

A ABES através do seu Comitê Nacional de Qualidade instituiu o PNQS com a

finalidade de estimular práticas de gestão compatíveis com tendências internacionais,

reconhecendo as organizações que se destacam e promovendo eventos de capacitação

gerencial para as organizações envolvidas com o setor de saneamento ambiental no país.

A concorrência ao PNQS é dividida em três categorias (I,II e III) com as pontuações

respectivas de 250, 500 e 750 pontos. O nível I seria para empresas que tenham

implantado um SGQ recentemente, o II para empresas com SGQs de nível intermediário

e o III para as que possuem um sistema de gestão avançado. Além destas três, existe

uma quarta categoria que é a de Inovação da Gestão em Saneamento (IGS) que avalia

uma prática de gestão específica introduzida em determinada empresa e que se destaque

servindo como exemplo para as demais empresas do setor de saneamento (PNQS,

2007).

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88

O PNQS se constitui hoje num importante instrumento de benchmarking para o setor de

saneamento, onde as empresas vencedoras nas diversas categorias servem como bom

exemplo para as demais companhias. Assim, através de diversos seminários realizados

por todo o país e divulgação dos estudos de caso, ocorre a permuta de informações entre

as diversas empresas que compõem o setor de saneamento o que contribui para a

evolução geral da qualidade nos serviços prestados a população.

Outra solução adotada pelas empresas de saneamento têm sido a adoção de sistemas de

SGQs baseados na ISO 9002. Loenert (2003) analisou os benefícios advindos da

implantação de um SGQ, verificando que o investimento em qualidade traz várias

vantagens para as empresas do setor de saneamento, principalmente com a redução nos

custos de produção, melhor utilização dos recursos disponíveis, redução dos re-

trabalhos, maior envolvimento dos empregados em relação a qualidade, com redução do

percentual de erros e principalmente atendendo as necessidades dos clientes.

O mesmo autor indica os principais fatores responsáveis por este aumento de

desempenho: padronização de processos, realização de auditorias internas, ações

corretivas e preventivas e análise crítica como base para melhoria contínua do sistema.

Brevilieri & Cunha (2006) descrevem o processo de implantação do SGQ na

Companhia de Saneamento de Diadema (SANED). As principais atividades realizadas

foram o mapeamento dos processos através da identificação dos fluxos de entrada e

saída e de fatores que intervém neste balanço; disponibilização de recursos; critérios e

métodos para assegurar a eficácia dos processos; monitoramento, mensuração e análise

dos resultados; e promoção da qualidade contínua.

Dentre os principais benefícios advindos da implementação do SGQ, os autores citam a

promoção de uma filosofia de trabalho voltada para a gestão por resultados onde os

indicadores de qualidade são divulgados mensalmente dentro da empresa. Outro

benefício é a conscientização de cada um dos funcionários a respeito da sua própria

influência na qualidade dos serviços prestados e como eles podem melhorar o nível de

satisfação dos clientes.

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Apesar desses exemplos, a realidade do setor de saneamento no Brasil ainda apresenta

grande déficit na área de gestão da qualidade, o que pode ser explicado pela própria

história das empresas de saneamento que trabalham sob um regime de concessão que

exige a aplicação de tarifas mínimas na cobrança pelos serviços. Consequentemente, os

recursos financeiros são escassos, para a maioria das empresas do setor, o que

impossibilita o investimento na melhoria do sistema e na sua adequação às novas

exigências do mercado consumidor moderno.

Um outro fator que pode explicar isso é a ausência de critérios específicos referentes a

qualidade na legislação que determina o modo como serão realizadas as concessões de

serviços, predominando os requisitos de menor tarifação e valor de oferta pela outorga.

Além disso, os contratos para os serviços de saneamento são longos, variando entre 20 a

30 anos o que de certa forma gera um imobilismo das empresas de saneamento que

acabam não sendo estimuladas pela concorrência que é um elemento catalisador para a

melhora dos serviços prestados.

Parsekian (1998) em avaliação feita em onze ETAs do estado de São Paulo retrata bem

a situação descrita anteriormente. Em seu trabalho, detectou que o sistema de

gerenciamento adotado é voltado unicamente a fim de se organizar operações e

processos que produzam água com qualidade que atenda à legislação. No entanto, a

autora destaca a importância da existência de um programa de gerenciamento que vise

não só produzir água de qualidade do ponto de vista sanitário, mas que organize a

produção com menor custo possível através do aumento da eficiência dos processos e

controle riscos ambientais e ergonômicos derivados das atividades desenvolvidas nas

ETAs.

3.4. Estação de Tratamento de Água (ETA)

3.4.1. Tipos de Tratamento de Água

Diferentemente de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) que se utiliza de

processos biológicos para tratar o afluente, uma ETA vale-se de métodos de purificação

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baseados em princípios físico-químicos e que podem assumir diversas conformações

das mais simples até as mais complexas dependendo, principalmente, da qualidade da

água bruta a ser tratada. O conjunto de operações e processos adotados para purificar a

água para consumo humano deverá apresentar valores relacionados à eficiência na

purificação da água e de baixo custo de implantação e manutenção do tratamento.

Richter & Netto (1991) afirmam que para uma ETA ter um desempenho considerado

satisfatório, ela deverá apresentar eficiência na potabilização da água, custo módico no

seu projeto, operação econômica, ser simples e de fácil operação, apresentar facilidade

de reparos e reposição de partes, e ser capaz de atender ao aumento da demanda de água

decorrente do crescimento populacional urbano.

Montgomery (apud Libânio, 2005, p. 99) considera que a definição da tecnologia a ser

empregada no tratamento de água deve-se pautar nas seguintes premissas:

características da água bruta; custos de implantação, manutenção e operação; manuseio

e confiabilidade dos equipamentos; flexibilidade operacional; localização geográfica e

características da comunidade; disposição final do lodo.

A resolução CONAMA no 357, de 17 de março de 2005 separa os tratamentos de água

em três tipos: simplificado, convencional e avançado. O primeiro é baseado na

clarificação através do processo de filtração e, quando necessárias, a utilização de

desinfecção e correção de pH. O segundo método utiliza a coagulação e floculação,

seguida de decantação, filtração, desinfecção e correção de pH. O terceiro e último,

baseia-se em técnicas de remoção e/ou inativação de constituintes refratários aos

processos convencionais de tratamento, os quais podem conferir a água características

relacionadas a cor, odor, sabor, atividade tóxica ou patogênica. Exemplos destes tipos

de tecnologias avançadas no tratamento de água são a micro e ultrafiltração, osmose

reversa, eletrodiálise reversa, eletrodeionização, e POA (processos oxidativos

avançados), dentre outras.

Libânio (2005) divide as tecnologias de tratamento de água entre as que utilizam ou não

a coagulação química. Neste segundo caso, inevitavelmente ocorre o processo de

filtração lenta com ou sem unidades de pré-tratamento. Com o emprego da coagulação

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91

química, as tecnologias de tratamento passam a apresentar, associadas a filtração rápida,

variantes básicas dependentes da unidade de decantação precedendo a de filtração.

Quando não há unidade de sedimentação, o processo é denominado de filtração direta

que se subdivide em filtração direta em linha (ausência de floculação) e filtração direta

(com floculação).

Fonte: Libânio (2005).

Figura 12– Fluxograma típico da tecnologia de filtração direta em linha.

Fonte: Libânio (2005)

Figura 13– Fluxograma típico da tecnologia de filtração direta.

Nos casos em que ocorre a unidade de sedimentação o tratamento é denominado

convencional ou de ciclo completo.

Fonte: Libânio (2005)

Figura 14– Fluxograma típico da tecnologia de tratamento convencional.

Outra classificação que divide as tecnologias de tratamento de água é proposta por Di

Bernardo et al (2002). No fluxograma abaixo os autores consideram somente os

tratamentos de água que envolvem a coagulação química, sem pré-tratamento.

Coagulação

Filtração de escoamento: - Ascendente - Descendente

Desinfecção Correção de

pH Fluoretação

Coagulação Filtração de escoamento:

- Ascendente - Descendente

Desinfecção Correção de

pH Fluoretação

Floculação

Decantação

Flotação

Coagulação

Filtração de escoamento: - Ascendente - Descendente

Desinfecção Correção de

pH Floculação

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Fonte: Di Bernardo et al (2002).

Figura 15– Tecnologia de tratamento de água quimicamente coagulada com uso da filtração rápida.

Ainda que não descritas na figura 15, fazem parte de cada um dos fluxos de tratamento

a desinfecção, fluoretação e correção de pH. À seguir são descritas resumidamente cada

uma das tecnologias de tratamento:

o Tratamento em ciclo completo – geralmente a água é coagulada com sais de

alumínio ou ferro e posteriormente sofre agitação lenta até que os flocos

adquiram massa específica suficiente para que sejam removidos por

sedimentação nos decantadores ou por flotação nos flotadores. A água

clarificada pelos decantadores ou flotadores é finalmente filtrada por unidades

de escoamento descendente, contendo materiais granulares (Ex: cascalho, areia e

antracito).

o Floto-filtração – a água coagulada é direcionada para câmaras de flotação que

liberam pequenas bolhas responsáveis por provocar a ascensão dos flocos que

irão se agregar na superfície do tanque e serão recolhidos por uma canaleta

lateral. A água clarificada é então direcionada para a filtração.

o Filtração direta descendente – a água coagulada é levada diretamente a um filtro

de fluxo descendente.

Qualidade da água do manancial

Coagulação química

Floculação Filtração direta

ascendente

Filtração rápida descendente

Filtração rápida

descendente

Tratamento em ciclo completo

Filtração direta

ascendente

Dupla filtração

Floculação

Flotação Filtração rápida

descendente

Floto-filtração

Floculação

Filtração rápida descendente

Filtração direta

descendente

Decantação ou flotação

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o Filtração direta ascendente – a água bruta coagulada é introduzida na parte

inferior da unidade filtrante que deve possuir fundo e sistema de drenagem

apropriados, camada de pedregulho adequada e meio filtrante constituído

unicamente de areia.

o Dupla filtração – neste sistema, associam-se as filtrações ascendente e

descendente. Nos dois filtros é utilizado meio filtrante constituído unicamente de

areia, com a diferença de que a areia no filtro ascendente possui grãos maiores

do que quando se utiliza somente filtração ascendente.

Em uma comparação sobre os métodos de tratamento utilizados em todas as cidades do

Brasil que recebem água tratada, a PNSB do IBGE constatou que a grande maioria

representada pela proporção de 75% utiliza o tratamento do tipo convencional ou de

ciclo completo que inclui as etapas de coagulação, floculação, sedimentação, filtração

para a clarificação da água, seguida de correção de pH, desinfecção e em alguns casos,

fluoretação. Vale observar que esse tipo de tratamento é utilizado para águas de baixa

qualidade, onde a simples desinfecção ou um tratamento simples (desinfecção +

filtração) não são suficientes.

Fonte: Pesquisa Nacional do Saneamento Básico. IBGE (2000).

Figura 16– Proporção de água tratada distribuída por dia, por tipo de tratamento utilizado, segundo as

grandes regiões. Retirado da “Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000” realizada pelo IBGE.

Outra medida interessante é a proporção de volume de água tratada, por tipo de

tratamento, segundo o tamanho populacional dos municípios, onde se observa uma clara

correlação. Na PNSB do IBGE, observa-se que quanto maior a população, maior a

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proporção de volume diário de água tratada pelo método convencional. Os municípios

com mais de 300.000 habitantes tratam de forma convencional 85,7% do volume de

água distribuído. Já as localidades com menos de 20.000 habitantes tratam 52,6% do

volume de água de forma convencional, o que reflete uma melhor qualidade de água.

Grandes municípios, além de uma maior concentração industrial cujos efluentes

degradam a qualidade das águas, apresentam uma grande pressão sobre os recursos

hídricos locais através de uma maior quantidade de despejo de esgoto sanitário nos

mananciais.

Fonte: Pesquisa Nacional do Saneamento Básico. IBGE (2000).

Figura 17– Proporção de volume diário de água tratada e distribuída, por tipo de tratamento, segundo os

estratos populacionais dos municípios. Retirado da “Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000”

realizada pelo IBGE.

Conseqüentemente com a diminuição da qualidade da água, ocorre um aumento nos

custos de tratamento da água. O gasto com produtos químicos, segundo o “Diagnóstico

dos Serviços de Água e Esgoto 2005” do SNIS, representa entre 3% e 4% do total da

receita de despesas de uma companhia de abastecimento de água. Próximo das despesas

com pessoal (39%) e energia elétrica (19%), as despesas com produtos químicos podem

parecer pequenas, entretanto isso não deixa de ser um ônus importante principalmente

se observarmos o crescimento deste tipo de gasto. Em reportagem do Jornal da Folha de

São Paulo de 25/07/2004, noticiou-se que os gastos com produtos químicos

praticamente dobrou no período de 1998-2003 em alguns sistemas que abastecem a

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Grande São Paulo. O sistema Guarapiranga teve um aumento de 133% com esse tipo de

gasto, no Alto Tietê de 20% e no Cantareira de 27%.

De acordo com dados da PNSB do ano 2000 compilados pela Fundação João Pinheiro,

no estado de Minas Gerais, pode-se observar que em termos de tratamento da água os

distritos-sede que declararam não distribuir água tratada representam 152 cidades

(17,8%). A grande maioria tem tratamento de tipo convencional, o que significa que a

água bruta passa por tratamento completo em estação de tratamento de água (ETA): 649

cidades (76%).

Tabela 11– Forma de captação e existência de tratamento da água distribuída, segundo os distritos-sede

dos municípios de Minas Gerais.

FORMA DE CAPTAÇÃO DA ÁGUA TRATAMENTO DA ÁGUA TIPO DE TRATAMENTO DISTRITO

-SEDE Poço profun-do

Poço raso

Superfi-cial

Aduto-ra de água bruta

Aduto-ra de água tratada

Simples desinfec-ção

Conven-cional

Não-conven-cional

NÃO TEM

No de Distritos 379 31 661 163 108 51 649 30 152

Fonte: Fundação João Pinheiro (2007).

A grande maioria dos distritos capta a água para consumo de fontes superficiais que,

devido a sua maior exposição a fontes de poluição, pode explicar o alto número de

cidades que adotam o tratamento de água de ciclo completo.

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Fonte: Fundação João Pinheiro (2007).

Figura 18– Tipo de tratamento de água, segundo municípios e bacia hidrográficas do estado de Minas

Gerais.

A simples desinfecção é realizada em apenas 28 municípios (3,2%) de MG. Este é um

reflexo da baixa disponibilidade de fontes de água com um nível suficiente de qualidade

que dispense tratamentos mais complexos. O tratamento não convencional é realizado

por 23 municípios (2,6%) e em outros 26 municípios (3%) existe mais de um tipo de

tratamento o que pode ser explicado por variações sazonais na qualidade da água bruta.

3.4.2. Etapas do Tratamento de Água de Ciclo Completo

A) Mistura Rápida

O processo de mistura rápida tem a finalidade de promover a dispersão do coagulante à

água bruta. Essa dispersão deve ser a mais homogênea, ou seja, uma distribuição

equânime e uniforme do coagulante a água, e a mais rápida possível. Assim, realiza-se o

processo de coagulação química da água que consiste em reduzir as forças físicas e

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químicas que tendem a manter separadas as partículas em suspensão (RICHTER &

NETTO, 1995).

Basicamente, existem dois tipos de métodos utilizados para a realização do processo de

mistura rápida: mecanizados ou hidráulicos. Os sistemas mecanizados podem ser os

agitadores do tipo turbina ou hélices, nos quais a água bruta aflui à câmara de mistura e

o coagulante é disperso por meio das bombas dosadoras. Alternativamente aos

agitadores mecanizados, a mistura rápida pode ser feita também com o emprego de

malhas difusoras que se constituem em tubos de PVC perfurados, com orifícios

contrários ao fluxo e dispostos transversalmente no canal ou tubulação de água bruta.

Os sistemas hidráulicos são os mais populares no Brasil e utilizam a própria energia

hidráulica para realizar a mistura do coagulante a água bruta. Dentre os principais

modelos desta categoria estão: vertedores de seção retangular, vertedores triangulares e,

principalmente, medidores Parshall (LIBÂNIO, 2005).

Como principais fatores intervenientes no processo de coagulação, citam-se: tipo de

coagulante; alcalinidade e pH; natureza e distribuição dos tamanhos das partículas;

concentração da solução de coagulante e temperatura da água; tempo de detenção e

gradiente de velocidade da mistura rápida (LIBÂNIO, 2005).

Dentre os principais produtos utilizados como coagulante estão: cloreto férrico (FeCl3),

sulfato ferroso clorado (FeCl3xFe2(SO4)3), sulfato férrico (Fe2(SO4)3), hidroxicloreto de

alumínio (Aln(OH)mCl3n-m) e sulfato de alumínio (Al2(SO4)3) (VIANNA, 1994).

Pavanelli (2001) estudou a eficiência de quatro diferentes coagulantes: sulfato de

alumínio, cloreto férrico, hidroxicloreto de alumínio e sulfato férrico. Através dos

diagramas de coagulação elaborados para cada tipo de coagulante, o autor concluiu que

o cloreto férrico apresentou melhor desempenho em valores menores de pH (5,90-6,71),

o sulfato férrico foi o mais econômico (custo 2,7 vezes menor que o custo do coagulante

mais caro) e hidroxicloreto de alumínio atua numa grande faixa de pH. É interessante

observar que o sulfato de alumínio é o produto cujo preço por tonelada é o mais barato

(US$68,84/tonelada), entretanto, o seu rendimento equivale ao custo de US$4,80 por

metro cúbico de água tratada com turbidez remanescente menor que 5 UT, enquanto

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que nas mesmas condições, o rendimento do sulfato férrico líquido é de US$2,35.

Assim, conclui-se que o sulfato de alumínio apesar de mais barato, segundo o estudo,

não é o mais econômico.

B) Floculação

Após a coagulação é necessária a agitação relativamente lenta, com o objetivo de

proporcionar encontros entre as partículas menores para formar agregados maiores ou

flocos. Nas ETAs, a floculação corresponde à etapa em que são fornecidas condições

para facilitar o contato e a agregação de partículas previamente desestabilizadas por

coagulação química, visando à formação de flocos com tamanho e massa específica que

favoreçam a sua remoção por sedimentação, flotação ou filtração direta. A eficiência da

unidade de floculação depende do desempenho da unidade de mistura rápida, da

geometria do equipamento de floculação e da qualidade da água bruta. O desempenho

das unidades de mistura rápida e de floculação influi na qualidade de água clarificada

produzida na ETA e, consequentemente, na duração da carreira de filtração (DI

BERNARDO et al, 2002).

Libânio (2005) cita três fatores preponderantes para o sucesso da floculação: tempo de

detenção, escalonamento dos gradientes de velocidade nas câmaras e geometria das

câmaras.

O primeiro fator é determinado pelo período de tempo que a água coagulada leva para

atravessar a série de câmaras de floculação e sua influência é correlacionada à

geometria das câmaras.

O segundo fator indica que o gradiente de velocidade da água floculada deve ir

diminuindo ao longo das câmaras. No início da floculação, são necessários os

gradientes de velocidade mais elevados para aumentar as chances de contato e

agregação das partículas pequenas previamente desestabilizadas por coagulação

química. À medida que os flocos são formados, o gradiente de velocidade deve ser

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reduzido, atenuando a ruptura dos mesmos sem, contudo, impedir seu crescimento

decorrente da agregação com outros flocos.

O terceiro e último fator interveniente é a geometria das câmaras. Para unidades de

floculação com tempos de detenção mais curtos observa-se que as câmaras de base

quadrada apresentam desempenho inferior quando comparadas às de base circular,

devido a maior possibilidade de zonas mortas. Contudo, para tempos de detenção mais

longos, a forma das câmaras não interfere significativamente na eficiência da floculação

e o desempenho da unidade será governado pelo número de câmaras e disposição das

passagens.

Os diversos tipos de unidades de floculação são distinguidos pela forma de transferir

energia à massa líquida, mecânica ou hidráulica, para que possa ocorrer o choque entre

as partículas desestabilizadas e a conseqüente formação de flocos (LIBÂNIO, 2005).

As unidades de floculação mecanizadas distinguem-se basicamente pelo eixo que pode

ser vertical ou horizontal, por meio do qual as paletas, turbinas ou hélices estão

conectadas aos conjuntos motor-redutor.

Já as unidades hidráulicas são divididas em escoamento helicoidal (Ex: unidades

Alabama), vertical (Ex: chicanas verticais ou tipo Cox) e horizontal (Ex: chicanas

horizontais).

C) Decantação

A decantação propicia a clarificação do meio líquido através da separação das fases

sólida e líquida da água floculada. Os flocos formados durante a etapa de mistura lenta

adquirem uma massa específica superior à da água o que favorece o seu movimento

descendente em direção ao fundo dos decantadores e impede sua passagem para os

filtros. Outro sistema de separação sólido-líquido, bem menos difundido que a

decantação no Brasil, é a flotação que se caracteriza pela ascensão das partículas

suspensas ou floculadas através da aderência de microbolhas de ar as mesmas,

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tornando-as de menor massa específica que o meio onde se encontram (DI

BERNARDO et al, 2002).

Netto et al (1987) diz que existem critérios variados para a classificação dos

decantadores. Do ponto de vista prático, os mais importantes são em função do

escoamento da água e aqueles de acordo com as condições de funcionamento.

Em função do escoamento da água, os decantadores podem ser classificados em

horizontais ou verticais. No primeiro caso, a água entra por uma extremidade e se move

longitudinalmente até sair pela outra extremidade. No segundo caso, a água floculada é

dirigida para a parte inferior e posteriormente eleva-se em movimento ascendente até a

superfície dos tanques que possuem uma profundidade relativamente grande.

Os critérios relacionados ao tipo de funcionamento, dividem as unidades de decantação

em decantadores do tipo clássico (Também chamados de convencionais, recebem a

água floculada e processam somente a sua sedimentação.), decantadores com contato de

sólidos (Unidades mecanizadas que promovem simultaneamente a agitação, a

floculação e a decantação.) e decantadores com escoamento laminar (Tubulares ou de

placa, impedem a resuspensão de flocos com má formação ou devido à uma velocidade

ascensional elevada dentro do decantador. Esses modelos apresentam alta eficiência.).

A limpeza dos decantadores pode ser realizada através de mecanismos manuais como

descargas de fundo, limpeza periódica executada pelos operadores ou através de

sistemas mecânicos de remoção de lodo como os raspadores de fundo (LIBÂNIO,

2005).

D) Filtração

A filtração consiste na remoção de partículas suspensas e coloidais e de

microorganismos presentes na água que escoa através de meio granular. Em geral, a

filtração é o processo final de remoção de impurezas realizado em uma ETA e, portanto,

principal responsável pela produção de água com qualidade condizente com o padrão de

potabilidade (DI BERNARDO et al, 2002).

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101

Segundo Libânio (2005), a literatura técnica sobre clarificação de águas de

abastecimento ainda não dispõe de uma classificação abrangente a respeito das diversas

unidades filtrantes. Então, o próprio autor sugere um sistema de classificação baseado

em algumas premissas como a taxa de filtração e o sentido de escoamento da água pelo

filtro.

Fonte: Libânio (2005).

Figura 19– Classificação de unidades filtrantes.

Os pré-filtros ou filtros dinâmicos surgiram como forma de pré-tratamento objetivando

minimizar o aporte de sólidos mais usualmente às unidades de filtração lenta que

também são chamados de filtros ingleses. Estes podem ter um escoamento descendente

ou ascendente de água pelo seu meio filtrante e são utilizados na purificação de águas

com baixa cor verdadeira, turbidez e concentração de algas, operando com taxas de 2 a

6 m3/m2.dia. Já os filtros rápidos são utilizados em ETAs que operam em locais com

grande demanda de água e geralmente estão associadas ao tratamento de ciclo completo,

podendo ser subdivididos em filtros rápidos de pressão e de gravidade. No primeiro

caso, o meio filtrante e o sistema de drenagem são acondicionados em cilindros

fechados de eixo vertical ou horizontal e operam em taxas que vão de 120 a

180m3/m2.dia para águas turvas ou coloridas. No segundo caso, a filtração é precedida

Pré filtração em pedregulho

Lenta Escoamento ascendente

Escoamento descendente

FILTRAÇÃO

Rápida

Gravidade

Dois estágios

Pressão Escoamento ascendente

Escoamento descendente

Escoamento descendente

Precedida de floculação e decantação convencionais

Simultânea com microfloculação e microdecantação

Escoamento ascendente

Precedida de floculação e decantação convencionais

Simultânea com microfloculação e microdecantação

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de floculação e decantação da água coagulada e podem chegar a uma taxa de filtração

de 360 m3/m2.dia (LIBÂNIO, 2005).

Os filtros rápidos descendentes são os mais utilizados em todo o mundo (LIBÂNIO,

2005) e são constituídos basicamente pelo meio filtrante (Ex: areia, areia e antracito),

camada suporte e fundo dos filtros (fundos falsos com bocais, sistema de canalizações

perfuradas e blocos Leopold). O controle operacional dos filtros é realizado através do

nível de água e da vazão. O controle de nível informa a gradativa perda de carga do

meio filtrante e o de vazão permite controlar a entrada de água decantada e a saída de

água filtrada de forma a uniformizar a vazão em todos os filtros ativos (NETTO et al,

1987).

A lavagem dos filtros é realizada pelo fluxo reverso de água tratada, vinda de um

reservatório da ETA específico para essa atividade, e em alguns casos, a injeção de ar

com o objetivo de aumentar a fluidização do meio filtrante e consequentemente,

melhorar a eficiência do processo de lavagem (RICHTER & NETTO, 1995).

E) Fluoretação

A fluoretação consiste na etapa do tratamento na qual se objetiva conferir, para algumas

águas elevar, determinada concentração de fluoreto (F-) à água tratada por meio da

aplicação de compostos de flúor. Ela geralmente ocorre no final do tratamento,

simultânea à desinfecção na câmara de contato e em ponto distinto ao da aplicação de

alcalinizante com o objetivo de evitar a formação do fluoreto de cálcio (CaF2) que

reduziria a concentração final de fluoreto na água tratada (LIBÂNIO, 2005).

Segundo Netto et al (1987) a descoberta da fluorose dentária por Frederick McKay em

1916 foi muito importante no desenvolvimento do processo de fluoretação. Essa doença

que é caracterizada pela presença de manchas escuras no esmalte dos dentes e é causada

pelo excesso de flúor na água utilizada para consumo, serviu para que McKay e outros

pesquisadores percebessem que crianças com problemas de fluorose apresentavam

menor quantidade de cáries.

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103

Após essa descoberta, diversos estudos comprovaram a correlação positiva entre a

concentração de flúor e a diminuição da incidência de cáries, sendo que o processo de

fluoretação passou a ser amplamente utilizado em todo o mundo (NUNES et al, 2004).

Em toda a cidade que possua uma ETA, a fluoretação é obrigatória e determinada pela

lei no 6.050 de 24 de maio de 1974. Outra lei que diz respeito a fluoretação é a portaria

do Ministério da Saúde n.° 635/Bsb de 1975 que determina normas e padrões a serem

seguidos na adoção do método. O quadro a seguir possui os valores recomendados para

teor de flúor na água tratada é retirado da portaria citada.

Tabela 12– Limites recomendados para a concentração do íon fluoreto (mg/L) de acordo com a

temperatura do ar.

Fonte: Portaria do Ministério da Saúde n° 635/Bsb de 1975.

A seguir, são apresentados os principais compostos químicos utilizados na fluoretação

em ETAs do Brasil.

Tabela 13– Compostos utilizados na fluoretação das águas para consumo humano.

Fonte: Portaria do Ministério da Saúde n.° 635/Bsb de 1975.

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104

Libânio (2005) diz que qualquer composto solúvel de flúor que, em solução aquosa,

libere íon fluoreto é passível de ser aplicado na fluoretação de água para consumo.

Entretanto, assim como outros produtos químicos utilizados na potabilização, outros

fatores hão de balizar essa definição:

o O composto deve apresentar solubilidade e grau de pureza adequados que

permitam seu emprego confiável na rotina operacional das ETAs, assegurando a

concentração final de fluoreto estabelecida.

o Na dissociação, o cátion liberado junto com o fluoreto não deve apresentar

toxicidade ou característica indesejável às águas.

o O composto deve apresentar custo acessível – incluindo disponibilidade na

região para minimizar os custos de transporte - continuidade de fornecimento

pelo fabricante, facilidade de armazenamento e manuseio.

F) Desinfecção

A desinfecção tem por finalidade a destruição ou inativação de microorganismos

patogênicos presentes na água, tais como bactérias, protozoários, vírus e vermes. A

necessidade deste processo é devido ao fato de não se poder assegurar a remoção total

dos microorganismos pelos processos físico-químicos, usualmente utilizados no

tratamento da água (RICHTER & NETTO, 1995).

Segundo Libânio (2005), a desinfecção pode ser realizada basicamente por dois grupos

de agentes desinfetantes: químicos e físicos. Os primeiros constituem elementos ou

compostos com potencial de oxidação, incluindo o cloro e seus compostos, dióxido de

cloro e ozônio, como os mais extensivamente empregados em tratamento de água. Além

destes, peróxido de hidrogênio, ácido acético, bromo, iodo, permanganato de potássio e

cloreto de bromo constituem outros agentes químicos. Os agentes físicos, por sua vez,

apresentam ação referenciada à energia de radiação, destacando-se a radiação UV, a

radiação gama, radiação solar e, em nível domiciliar, a fervura.

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105

Os principais fatores que influem na eficiência da desinfecção, e consequentemente, no

tipo de desinfecção a ser adotado são: a espécie e concentração do organismo a ser

destruído; espécie e concentração do desinfetante; tempo de contato; características

físicas e químicas da água; grau de dispersão do desinfetante na água (NETTO et al,

1987).

G) Correção de pH

A correção de pH no tratamento da água tem a função de diminuir a sua corrosividade e

agressividade que pode gerar problemas de ordem sanitária, organoléptica ou

econômica. Os primeiros problemas decorrem da possibilidade de contaminação da

água pela dissolução de metais prejudiciais à saúde humana, quando presentes na água

de consumo em teores acima dos limites estabelecidos pelos padrões de potabilidade.

Esses metais são principalmente o chumbo, o cádmio e o cobre, quando empregados na

confecção de tubos , e também em materiais de juntas e soldas de tubulações, em

materiais metálicos usados em revestimento de tubos e em metais sanitários feitos de

latão amarelo, a exemplo de torneiras e registros (LIBÂNIO, 2005).

Um dos principais fatores que pode contribuir para a característica de corrosividade e

agressividade é a acidez da água natural que favorece a dissolução de gás carbônico,

ácidos diluídos e cloretos, dentre outros elementos, com grande poder de corrosão. Um

segundo fator que contribui para a ocorrência dessa característica indesejável é a

coagulação química da água que tende a diminuir o pH da água e favorecer o processo

de corrosão metálica (NETTO et al, 1987).

Segundo Vianna (1994), os principais produtos utilizados na correção de pH para

controle da agressão e corrosividade são: cal hidratada (Ca(OH)2), cal virgem (CaO),

carbonato de sódio (Na2CO3) e polifosfatos de sódio ((NaPO3)n).

Uma segunda função da correção de pH está relacionada ao processo de coagulação

química que apresenta melhor desempenho sob determinadas faixas de pH que variam

dependendo do coagulante utilizado. Dependendo das características de pH da água

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106

bruta, haverá a necessidade da aplicação de um alcalinizante (Ex: cal hidratada, cal

virgem, carbonato de sódio.) ou de um acidificante (Ex: ácido clorídrico, ácido

sulfúrico.) ou de nenhum dos dois no caso em que o pH natural da água for adequado

para que ocorra uma coagulação eficiente (NETTO et al, 1987).

3.4.3. Problemas Ambientais em ETAs

Segundo Cordeiro & Campos (1999), os sistemas de tratamento de água podem ser

comparados a verdadeiras indústrias, pois as ETAs no processo de potabilização da

água transformam uma matéria-prima, a água bruta, em um produto final, a água

tratada. Para isso utiliza insumos, produtos químicos e energia elétrica, e como resíduos

geram-se, principalmente, o lodo de decantador e a água de lavagem de filtros.

De uma forma geral, os resíduos gerados em ETAs podem ser divididos em quatro

grandes categorias (DOE, 1990):

(A) Despejos gerados durante processos de tratamento de água visando à remoção de

cor e turbidez. Em geral, os despejos produzidos englobam os despejos gerados nos

decantadores (ou eventualmente nos flotadores com ar dissolvido) e as água de lavagem

dos filtros.

(B) Despejos gerados durante processos de abrandamento.

(C) Despejos gerados em processos de tratamento avançado visando à redução de

compostos orgânicos presentes na água bruta, tais como carvão ativado granular

saturado, ar proveniente de processos de arraste com ar, etc...

(D) Despejos gerados durante processos visando à redução de compostos inorgânicos

presentes na água bruta, tais como processos de membrana (osmose reversa,

ultrafiltração, nanofiltração,etc.).

Das quatro categorias, a que é mais importante do ponto de vista das ETAs de pequeno

porte, a A é a mais importante e de maior relevância em termos ambientais. As

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107

categorias B, C e D dificilmente ocorrem em pequenas e médias ETAs, sendo mais

comum em grandes ETAs onde existe uma menor qualidade da água devido ao grande

lançamento de esgoto e de efluentes industriais das cidades grandes o que exige

tratamentos mais avançados para se potabilizar a água.

A) Lodo de Decantador

Dentre os resíduos gerados em uma ETA, o lodo de estação de tratamento de água

(LETA) tem atenção especial por parte de pesquisadores da área de saneamento

(BARROSO, 2002; BARROSO & CORDEIRO apud DI BERNARDO et al, 2002;

CORDEIRO & CAMPOS, 1999; PORTELLA, 2003; SOUZA, 2004) devido ao grande

volume gerado e por suas características tóxicas derivadas dos altos teores de metais

(Ex: alumínio, cádmio, chumbo, cromo, zinco...) presentes em sua composição que, por

sua vez, são influenciadas pela qualidade da água bruta captada e pelos reagentes

aplicados no processo de tratamento.

Santos et al (2000) realizaram em seu trabalho a caracterização físico-química do LETA

da ETA de São Leopoldo no Rio Grande do Sul. Segundo os autores, este resíduo é

composto basicamente por materiais que compõem a argila, areias, siltes, cálcio, ferro,

além de compostos originados da aplicação de produtos químicos na água bruta.

Tabela 14– Composição química do LETA. Retirado de Santos et al (2000).

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108

Sob o ponto de vista ambiental, um assunto que deve ser alvo de preocupação dos

gestores de uma ETA é a correta forma de disposição final do lodo que, no Brasil,

comumente tem sido feita por meio do simples lançamento, sem nenhum tratamento

prévio, em corpos d’água próximos a própria ETA que o gerou.

Em levantamento realizado por PARSEKIAN (1998), em ETAs do estado de São Paulo,

a pesquisadora verificou que dentre onze unidades estudadas, somente uma realizava o

tratamento e a disposição adequada do LETA (feita por meio de leitos de secagem e

disposição em aterro sanitário do lodo seco) enquanto as outras dez lançavam os

resíduos finais gerados no processo em cursos d’água. A postura das companhias de

água nestes casos, revelada pela pesquisa em questão, mostra-se, no mínimo

contraditória, tendo em vista que grande parte de seus representantes atribui a culpa pela

crescente degradação da qualidade dos recursos hídricos aos lançamentos de resíduos

resultantes de atividades industriais e agrícolas.

Os lançamentos do LETA em cursos d’água sem o devido tratamento podem gerar

impactos ambientais específicos cuja significância e magnitude irão depender das

características físico-químicas e microbiológicas do próprio lodo e das características

hidráulicas e do poder autodepurativo do corpo receptor. Inicialmente, de maneira geral,

aparecem as alterações estéticas na água, decorrentes da abrupta elevação da cor e

turbidez podendo, com isso, afetar vários usos do recurso hídrico, tais como a recreação

e a irrigação. Adicionalmente, a redução da penetração de luz na massa de água do rio

pode resultar numa diminuição da atividade fotossintética e conseqüentemente da

concentração de oxigênio dissolvido, além de interferir no assoreamento e no aumento

das concentrações de alumínio, ferro e outros metais nas águas naturais (LIBÂNIO,

2005).

Outros pesquisadores também alertam sobre os potenciais efeitos no ecossistema

hídrico devido aos despejos de LETA em cursos d’água. Os estudos sobre os impactos

ambientais causados pelo lançamento do LETA ainda são poucos, entretanto, devido a

presença de metais na sua composição química e pelos já conhecidos efeitos a longo

prazo causados pela bioacumulação e biomagnificação dos metais em seres vivos,

considera-se que é importante assumir uma postura de precaução em relação a freqüente

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prática, observada em grande parte das ETAs, de disposição deste resíduo em corpos

d’água.

Barbosa et al (2000) em uma avaliação utilizando Daphnia similis detectou quadros de

toxicidade crônica observada por efeitos na reprodução (diminuição do número de

descendentes). Neste trabalho, os autores realizaram ensaios de toxicidade com dois

tipos de LETA, um derivado da coagulação com cloreto férrico e outro com uso de

sulfato de alumínio. Em ambos os tipos observou-se acentuada toxicidade crônica com

baixa produção de descendentes na reprodução, já a toxicidade aguda foi observada

somente com a utilização de cloreto férrico.

Kaggwa et al (2001) analisou o efeito do lançamento do LETA em locais de terras

úmidas às margens do Lago Vitória localizado no pântano de Gaba em Uganda na

África. As freqüentes descargas no local demonstraram uma nítida alteração na

qualidade físico-química da água e também no crescimento e produtividade de plantas.

Cyperus papyrus, uma macrófita nitidamente dominante no pântano de Gaba, sob a

presença do LETA apresentou uma produtividade de biomassa igual a 5,1g/m2.d o que é

bem abaixo do seu valor em condições sem o LETA no ambiente (13-14 g/m2.d) e levou

quase ao seu desaparecimento no Lago Vitória.

Segundo a NBR 10004 (2004), dentre os diversos tipos de resíduos sólidos incluem-se

“(...) os lodos provenientes de sistema de tratamento de água (...)” reforçando ainda

mais o argumento da necessidade do gerenciamento ambiental adequado dos LETAs

que, para tanto, deve ser feito mediante cuidadoso planejamento e observação das

disposições legais pertinentes. Porém, Souza (2004) destaca não existir na legislação

brasileira regulamentação específica para o controle e fiscalização da disposição e

tratamento final dos resíduos oriundos de ETAs.

Diversos estudos sobre caracterização físico-química do LETA (BARROSO &

CORDEIRO apud DI BERNARDO et al, 2002; BARROSO, 2002; SOUZA, 2004)

demonstram que vários dos seus parâmetros excedem os limites legais para padrões de

efluentes estabelecidos na resolução CONAMA no 357/05 e por isso a sua disposição

não deve ser feita em cursos d’água devido ao seu potencial tóxico.

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110

Tabela 15 - Comparação entre os valores máximos estabelecidos por lei e os encontrados em estudos de

caracterização LETAs. *Segundo a resolução CONAMA n0 357/05 em seu artigo 28, parágrafo 2o: “Para

os parâmetros não incluídos nas metas obrigatórias, os padrões de qualidade a serem obedecidos são os

que constam na classe na qual o corpo receptor estiver enquadrado.”. Assim o valor da concentração de

alumínio utilizada é referente a águas de classe II consideradas um tipo mais comum no Brasil.

BARROSO & CORDEIRO (apud DI BERNARDO et al, 2002)

Parâmetros CONAMA no 357/2005 ETA São

Carlos ETA Rio Claro

ETA Araraquara

BARROSO (2002)

SOUZA (2004)

*Al (mg/L)* 0,1 11.100,0 30,0 2,16 553,0 --- Zn (mg/L) 5,0 4,25 48,5 0,1 48,64 0,019 Pb (mg/L) 0,5 1,6 1,06 --- 10,0 1,476 Cd (mg/L) 0,2 0,02 0,27 --- --- --- Ni (mg/L) 2,0 1,8 1,16 --- 15,0 0,009 Fe (mg/L) 15,0 5.000,0 4200,0 214,0 69998,5 31,492 Mn (mg/L) 1,0 --- --- --- 883,0 --- Cu (mg/L) 1,0 2,06 0,91 1,7 32,0 --- Cr (mg/L) 0,5 1,58 0,86 0,19 19,0 0,132

Nos casos em que se comprove a disposição do LETA no corpo hídrico, pode-se aplicar

a Lei de Crimes Ambientais no9605/98 que, em seu artigo 54, considera crime “Causar

poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos

à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição

significativa da flora(...)” e no seu inciso V diz que se o crime “(...) ocorrer por

lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias

oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos(...)”.

Segundo a lei de crimes ambientais, a pena de reclusão do responsável pelo delito pode

variar de um a cinco anos.

Nas situações onde além de ocorrer a disposição inadequada, também se comprovar que

houve o prejuízo da biota aquática dos cursos pelo lançamento de LETA, podem ser

aplicadas:

(a) o primeiro parágrafo do artigo no 34 da resolução CONAMA no 357/05 que diz que

“O efluente não deverá causar ou possuir potencial para causar efeitos tóxicos aos

organismos aquáticos no corpo receptor, de acordo com os critérios de toxicidade

estabelecidos pelo órgão ambiental competente.” e;

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111

(b) o artigo 33 da lei 9605/98 que diz que é crime: “Provocar, pela emissão de efluentes

ou carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes

em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras: Pena - detenção,

de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente.”.

Assim, sugere-se que a disposição de LETAs em corpos d’água é uma prática

inadequada do ponto de vista legal e que dever ser reavaliada pelas companhias de

abastecimento no Brasil que não cuidam adequadamente deste resíduo. Os principais

métodos de tratamento para este tipo de resíduo, envolvem o seu adensamento e a sua

desidratação para diminuir o seu volume que em sua grande maioria é composto por

água, apresentando um teor que varia em torno de 0,1 a 2% do volume total. O

adensamento envolve a adição de polímeros ao LETA a fim de se obter um lodo mais

concentrado para que seja feita a sua desidratação que poderá ser feita por métodos

mecânicos como a filtração a vácuo, filtros prensa e centrifugação, ou por métodos não-

mecânicos como lagoas e leitos de secagem (LIBÂNIO, 2005).

Várias alternativas ao tratamento do LETA e sua disposição em aterros sanitários têm

sido apresentadas por diversos autores.

Teixeira et al (2005) sugerem a aplicação do lodo em solos degradados como forma de

recuperar áreas onde ocorreram atividades de minerações, pois elevam os teores de K,

Ca, Mg e o valor de pH do solo favorecendo ao crescimento de plantas nos locais.

Já Titshall & Hughes (2005) dizem que apesar da disposição do LETA em solos ser

uma alternativa potencialmente viável, esta deve ser feita com cautela avaliando-se

primeiramente as características físico-químicas do solo natural e do LETA, uma vez

que o aumento de elementos químicos como, por exemplo, o Mn podem causar

problemas no crescimento de plantas.

Hoppen et al (2006) propõem a incorporação do lodo em matriz de concreto como

forma de disposição deste resíduo. O LETA oriundo da ETA de Passaúna localizada na

área metropolitana de Curitiba foi incorporado em frações correspondentes a 4% e 8%

numa mistura com concreto. Os testes de resistência do concreto incorporado com lodo

indicaram uma possível utilização como concreto não-estrutural, adequado para

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112

construção de contrapisos, blocos e placas de vedação, peças decorativas em concreto,

tampas de concreto para coberturas de fossas e caixas de passagem, pedestais para apoio

de equipamentos, calçadas e pavimentos residenciais, concreto compactado com rolo,

dentre outras.

Teixeira et al (2006) estudou a incorporação de LETAs de dois tipos, um em que o

floculante é a base de alumínio e outro que é a base de ferro, em massa cerâmica para a

fabricação de tijolos. Em ambos os casos ele observou piora na qualidade das

propriedades tecnológicas dos tijolos, que entretanto, ainda assim atingiram o mínimo

exigido para a fabricação dos tijolos através de uma modificação numa das etapas que é

o aumento na temperatura de queima. Assim, os autores concluíram que a partir da

caracterização das propriedades física e químicas do LETA combinadas a um ajuste na

temperatura da queima da massa cerâmica, é possível realizar a incorporação do lodo na

fabricação de tijolos.

Por fim, cita-se o estudo de Freitas et al (2005) onde através do desenvolvimento de um

método para regeneração de coagulantes do lodo através de um processo de acidificação

avaliou a viabilidade econômica do reuso no tratamento de efluentes em um reator

UASB. Segundo os autores, foi verificado que considerando as reduções de custos

decorrentes da diminuição de lodo a ser tratado e disposto, o custo de produção do

coagulante regenerado é muito próximo ao custo do coagulante comercial. Portanto,

concluiu-se que atualmente essa tecnologia deve ser considerada como uma alternativa

potencialmente viável dos pontos de vista técnico e econômico para o tratamento e

reaproveitamento de lodo de ETAs.

B) Água de Lavagem de Filtro

Outro resíduo que merece grande atenção, do ponto de vista ambiental, é a geração da

água de lavagem de filtros cujos aspectos negativos, assim como o LETA, estão

relacionados a sua disposição em corpos d’água. Considera que são dois os problemas

advindos dessa prática, o primeiro é relacionado ao desperdício deste grande volume de

água que pode corresponder a até 5% do volume de água tratada (DI BERNARDO et al,

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113

2002) e o segundo problema relaciona-se a constituição físico-química deste efluente

que pode caracterizá-lo como impróprio para ser disposto em mananciais (MENEZES et

al, 2005; SCALIZE & DI BERNARDO, 2000).

Richter & Netto (1991), Parsekian (1998), Di Bernardo et al (2002) e Libânio (2005)

alegam que os principais fatores que influenciam uma maior freqüência de lavagem dos

filtros são:

o ETAs operando acima da sua capacidade estabelecida em projeto o que muitas

vezes favorecem à chegada de uma água decantada de má qualidade aos filtros o

que gera diminuição na sua carreira de filtração e a necessidade de maior

número de lavagens;

o a falta de uma rotina operacional adequada que acaba ocasionando um maior

número de lavagens dos filtros por falta de um procedimento padronizado que

estabeleça os tempos de carreira de filtração e os controles adequados de nível e

vazão dos filtros, assim como os critérios para lavagem dos filtros;

o lavagens ineficazes dos filtros onde algumas deficiências como tempo de

lavagem curto ou expansão insuficiente do meio filtrante, permitem a formação

uma película que agrega os grãos de areia através da própria compressão

causada pela perda de carga do filtro o que permite a formação de fendas e

gretas por onde passa a água decantada. Isto gera uma menor qualidade do

efluente filtrado o que faz com que os operadores, lavem mais vezes os filtros.

Ainda que menos tóxica que o LETA, a água de lavagem de filtro deve apresentar

cuidados na sua disposição. Segundo estudos de caracterização deste efluente

(MENEZES et al, 2005; SCALIZE & DI BERNARDO, 2000), os seus teores de

alumínio possuem valores bem acima do que estabelece a atual legislação que regula o

lançamento de efluentes em corpos d’água, a resolução CONAMA no 357/2005.

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Tabela 16– Estudos de caracterização físico-química da água de lavagem de filtro. Menezes et al (2005)

realizou sete amostragens nas datas que vão de 30/05/04 até 02/12/04. Scalize & Di Bernardo realizaram

três amostragens. ND – não detectado na amostra analisada.

Parâmetro *Al

(mg/L)

Cd

(mg/L)

Pb

(mg/L)

Cu

(mg/L)

Fe

(mg/L)

Mn

(mg/L)

Ni

(mg/L)

Zn

(mg/L)

Res. CONAMA no

357/2005 0,1 0,2 0,5 1,0 15,0 1,0 2,0 5,0

Menezes et al (2005)

30/05/04 8,03 ND ND ND 4,1 0,04 ND 0,023

30/06/04 2,81 ND ND ND 0,9 0,02 ND 0,009

30/07/04 14,31 ND ND 0,011 6,8 0,073 ND 0,043

30/08/04 14,41 ND ND ND 2,9 0,061 ND 0,096

30/09/04 2,8 <0,004 <0,01 <0,1 1,67 <0,05 ND <0,1

09/11/04 20,8 ND ND ND 9,0 0,038 ND 0,012

02/12/04 33,72 ND ND ND 0,95 0,057 ND 0,008

Scalize & Di Bernardo (2000)

Amostra 1 2,6 --x-- --x-- 0,16 4,62 0,08 0,12 1,84

Amostra 2 3,8 --x-- --x-- 0,02 21,12 0,30 ND 0,92

Amostra 3 4,4 --x-- --x-- 0,02 30,12 0,34 ND 0,72

*Segundo a resolução CONAMA n0 357/05 em seu artigo 28, parágrafo 2o: “Para os parâmetros não

incluídos nas metas obrigatórias, os padrões de qualidade a serem obedecidos são os que constam na

classe na qual o corpo receptor estiver enquadrado.”. Assim o valor da concentração de alumínio utilizada

é referente a águas de classe II consideradas um tipo mais comum no Brasil.

Flaten (2001) numa revisão sobre pesquisas procura relacionar a concentração de

alumínio no corpo humano com a ocorrência do Mal de Alzheimer indica que 9 de 13

estudos estabeleceram uma correlação estatisticamente significante entre os teores de

alumínio no cérebro e o surgimento dessa doença.

Considerando-se os teores de alumínio da água de lavagem de filtro a prática freqüente

de disposição em mananciais deve ser revista pelas companhias de abastecimento. Uma

das opções para isso é o tratamento deste efluente e posterior reutilização no próprio

circuito de tratamento da água do tipo ciclo completo. A reciclagem deste efluente pode

gerar grande economia para as empresas uma vez que esta água que antes era

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115

desperdiçada, antes, teve de ser aduzida gerando gasto de energia elétrica e também

recebeu produtos químicos.

Entretanto, segundo Di Bernardo et al (2002), o processo de recirculação do

sobrenadante pode comprometer o funcionamento da ETA ou prejudicar a qualidade da

água final, pela presença de sólidos suspensos totais ou microorganismos indesejáveis

como cistos de Giárdia e Cryptosporidium, de metais como manganês e ferro, de

carbono orgânico total, de precursores de trialometanos e substâncias que conferem

sabor e odor a água.

Assim, a água de lavagem de filtro deve ter seus parâmetros físicos, químicos e

microbiológicos caracterizados a fim de se estruturar o melhor tipo de tratamento para o

reaproveitamento deste efluente, sem que ocorra prejuízo à qualidade do produto final

que é a água tratada.

C) Qualidade da Água Tratada

Além dos resíduos gerados na ETA, um fator que merece bastante destaque é

relacionado à falhas de operação ou monitoramento das etapas de tratamento da água o

que segundo diversos estudos podem alterar a qualidade final da água tratada causando

sérios danos à saúde pública.

Os efeitos prováveis decorrentes de um sistema de abastecimento de água são

geralmente positivos, por se constituir num serviço que assegura melhoria e bem-estar

da população. O benefício oferecido pelo tratamento de água, por exemplo, é

indiscutível, pois transforma, após a remoção de contaminantes, água inadequada para o

consumo humano em um produto que esteja em acordo com padrões de potabilidade.

No entanto, o tratamento implica na utilização de substâncias químicas que quando mal

administradas podem afetar a saúde daqueles que a utilizam (SOARES et al, 2002).

Um dos problemas mais comuns é a formação de trialometanos (TAM) na desinfecção

da água tratada. O cloro é o agente mais usado, pois, em qualquer dos seus diversos

compostos, destrói ou inativa os organismos causadores de enfermidades, sendo que

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116

esta ação se dá à temperatura ambiente e em tempo relativamente curto. Sua aplicação é

simples exigindo equipamentos de baixo custo. A determinação de sua concentração na

água é fácil, sendo relativamente seguro ao homem nas dosagens normalmente adotadas

para desinfecção da água. Fornece uma quantidade remanescente que protege a água de

posteriores contaminações.

Os riscos relacionados ao processo de cloração da água estão associados muito mais aos

seus subprodutos do que com os agentes utilizados. Existe, normalmente, um grande

número de compostos orgânicos na água bruta que podem reagir com o cloro livre

levando à formação de diversos subprodutos, entre eles os denominados TAM.

Processos alternativos de desinfecção da água, que evitam a formação dos TAM, são

aqueles que não utilizam cloro livre, tais como: cloraminas (cloro combinado), dióxido

de cloro, ozonização e radiação ultravioleta. Entretanto, estes podem levar a formação

de outros subprodutos, conforme o teor de matéria orgânica presente na água, sendo que

seus efeitos sobre a saúde humana ainda não foram completamente avaliados

(TOMINAGA & MIDIO, 1999).

Cantor et al (1978), Infante-Rivard et al (2001) e Tokmak et al (2004) realizaram

estudos epidemiológicos cujos resultados sugerem, apesar de não provar, que esses

subprodutos possam aumentar a incidência de certos tipos de câncer na população

humana. No primeiro estudo, um dos primeiros relacionados aos sub-produtos da

desinfecção, os autores indicam que há uma forte correlação entre altos níveis de TAM

e a ocorrência de câncer de bexiga. No segundo e terceiro estudos, os autores avaliam

estatisticamente a correlação entre cânceres e os níveis de TAM. Ainda que os

resultados, em ambos os estudos, demonstrassem apenas uma pequena correlação, os

autores consideram que o risco de câncer associado aos TAMs deve ser objeto de

preocupação por parte de autoridades de saúde pública e gestores de companhias de

abastecimento.

A fluoretação é outro processo, cujas falhas no controle do teor de fluoreto na água

tratada podem causar problemas de saúde como a fluorose dentária. A adição controlada

de flúor na água para abastecimento traz efeitos benéficos principalmente para as

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117

crianças pois favorece a prevenção da formação de cáries dentárias. Estatísticas em,

incluindo as efetuadas em cidades brasileiras, têm comprovado uma eficiência de

redução de 50 a 70% da incidência de cáries (NETTO et al, 1987).

Maia et al (2003) em estudo de avaliação sobre o controle operacional exercido sobre o

processo de fluoretação em Niterói-RJ, fez a análise do teor de fluoreto na água tratada

durante um ano onde ela detectou que 96% das amostras encontravam-se fora dos

padrões estabelecidos pelo padrão de potabilidade, embora os responsáveis pela ETA

afirmassem que havia um controle rigoroso do processo de fluoretação. Os resultados

indicam que o teor de flúor na água tratada apresentou uma grande variação indo de

0,03 ppm até 1,49 ppm.

Paiano et al (2001) avaliou a concentração de flúor na água tratada de Joinville-SC no

período de 1994 a 1999 onde ele constatou que o processo de fluoretação apresentou

problemas de qualidade que se traduziram pela irregularidade no padrão adequado de

teores com tendências a subdosagens. Como sugestão os autores indicaram a introdução

de processos de fluoretação automática a fim de se manter o teor ótimo de flúor entre

0,7-1,0 ppm.

Como último problema decorrente de ineficiências do processo de tratamento de água,

cita-se a presença de altos teores de alumínio na água tratada. Dentre os possíveis

fatores que influenciam isto, podem estar a má coagulação e floculação da água bruta,

baixo tempo de detenção no decantador o que diminui a sedimentabilidade e favorece o

arraste de flocos para os filtros, baixa freqüência de limpeza de decantadores

convencionais, lavagem ineficiente dos filtros.

Parsekian & Cordeiro (2003) indicam que as atuais práticas de lavagem do decantador

em períodos que podem variar a até alguns meses, acarretam num acúmulo de

impurezas no lodo o que pode provocar a solubilização de metais, os quais podem ser

incorporados na água decantada. Outro fator que os autores indicam como causa da

contaminação da água tratada é o não atendimento de produtos químicos às

especificações técnicas exigidas por órgãos normalizadores. Segundo os autores isso

pode gerar a necessidade de emprego de maior quantidade de produtos químicos no

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118

processo consequentemente, gerando maior quantidade de resíduos nos decantadores e

filtros e maiores possibilidades de contaminação da água tratada por contaminantes

presentes em produtos químicos com baixo grau de pureza.

O alumínio em concentrações elevadas é um potente neurotóxico capaz de se acumular

no cérebro causando diversos danos nos seus tecidos. Uma das doenças correlacionadas

ao excesso de alumínio na água é o mal de Alzheimer que apesar de ainda não ter um

vínculo bioquímico ainda esclarecido com o citado metal, existem estudos

epidemiológicos indicando que a correlação entre estes dois fatores é estatisticamente

significativa (Flaten, 2001).

Freitas et al (2001) em estudo sobre o teor de alumínio na água tratada servida nos

municípios cariocas de Duque de Caxias e São Gonçalo, detectou que 100% das

amostras de água coletadas na rede dos dois municípios apresentaram concentrações de

alumínio acima do permitido pelo padrão de potabilidade da época (Portaria do

Ministério da Saúde no 36/1990). Os autores destacam que essa irregularidade poderia

favorecer a um aumento nos casos de mal de Alzheimer na região. Na discussão do

trabalho, ainda foi salientado que na época, os valores limites de alumínio permitidos

pela legislação brasileira eram dez vezes maiores que os valores da legislação dos

Estados Unidos.

D) Saúde e Segurança Ocupacional

A operação de uma Estação de Tratamento de Água ainda que aparentemente possa

parecer uma atividade inofensiva deve ser objeto de preocupação por parte dos gestores

uma vez que, frequentemente, o operador que trabalha nestes locais é designado para

exercer diversas funções que o expõem ao contato com substâncias químicas (Ex:

análises laboratoriais, preparação de produtos para dosagem na água), organismos

patogênicos (Ex: limpeza de decantador, análises microbiológicas), problemas

ergonômicos (ex: carregamento de sacas de produtos químicos) e de organização do

trabalho (Ex: turnos noturnos). Ainda que todas essas exposições efetivamente não

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ocorram, existe sempre a possibilidade de que esses riscos ambientais se concretizem e

acabem por causar danos a saúde dos operadores.

Segundo Colacioppo (2004) risco ambiental pode ser definido como o possível agente

de doenças ocupacionais que podem ser encontrados em uma dada atividade ou local de

trabalho. Os riscos ambientais podem ser divididos em:

o Químicos – substâncias químicas na forma de sólidos, líquidos, gases, vapores,

poeiras, fumos, névoas e fumaças;

o Físicos – radiações ionizantes ou não, ruído, vibrações, temperaturas extremas,

pressão atmosférica anormal, iluminação;

o Biológicos – micro e macro organismos patogênicos;

o Outras situações – interação física e psíquica entre tarefa e trabalhador

(ergonomia, organização do trabalhador).

A primeira categoria de risco ambiental que é relacionada a produtos químicos, ocorre

com bastante freqüência em pequenas e médias ETAS onde é comum o preparo de

coagulantes, alcalinizantes e desinfetantes, dentre outros, para a dosagem na água a ser

tratada. A observação a ser feita neste ponto é que boa parte destes produtos apresentam

periculosidade aos seres humanos e devem ser manuseados após um treinamento

adequado, fornecimento de Equipamento de Proteção Individual (EPI), elaboração de

procedimentos com critérios definidos para a preparação dos produtos e medidas para

atendimento à emergências.

Em um levantamento feito sobre produtos químicos mais utilizados no tratamento de

água de ciclo completo (DI BERNARDO et al, 2002) realizou-se uma identificação

para constatar quais destas substâncias apresentavam algum grau de periculosidade. O

critério utilizado para esta classificação foi a presença ou não da substância no Manual

para Atendimento de Emergências com Produtos Perigosos (ABIQUIM, 2002). Dentre

os 29 produtos listados, 17 deles são considerados perigosos e pertencem a diversas

classes/subclasses de risco o que deve determinar uma maior cautela tanto no seu

transporte, quanto armazenagem e manuseio.

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Na listagem abaixo, não foram considerados os produtos químicos utilizados nas

análises laboratoriais, entretanto, estes também devem ser objeto de cuidado no

planejamento da rotina operacional de uma ETA. Muitos dos produtos químicos de

laboratório podem não causar intoxicações imediatas, porém, a longo prazo devido a

uma contínua exposição pode ocorrer o acúmulo de determinados elementos químicos

não naturais ao organismo gerando assim quadros de intoxicações crônicas, cujos

efeitos, muitas vezes, dependendo da avaliação médica, podem até não ser associados às

atividades laboratoriais.

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Tabela 17- Lista de produtos químicos utilizados no tratamento da água para abastecimento. Classe 2.3-

gases tóxicos, 4.2- substâncias sujeitas à combustão espontânea, 5.1- substâncias oxidantes, 6.1-

substâncias tóxicas, 8- substâncias corrosivas. *Soluções de hipoclorito com mais de 5% de cloro livre.

Produto (Fórmula Química) É perigoso? Classe / Subclasse de risco

No da ONU

Função no tratamento da água para abastecimento

Ac. Clorídrico Comercial (HCl) Sim 8 1789 Acidificante

Ac. Fluorsílicico (H2SiF6xH2O) Sim 8 1778 Fluoretação

Ac. Peracético (C2H4O3.) Não --- --- Desinfetante

Ac. Sulfúrico (H2SO4) Sim 8 1830 Acidificante

Cal Hidratada (Ca(OH2)) Não --- --- Alcalinizante

Cal Virgem (CaO) Sim 8 1910 Alcalinizante

Carbonato de Sódio (Na2CO3) Não --- --- Alcalinizante

Carvão Ativado (C) Sim 4.2 1362 Adsorção de

compostos orgânicos

Cloreto Férrico (FeCl3) Não --- --- Coagulação

Cloro Líquido ou Gasoso (Cl2) Sim 2.3 1017 Desinfetante

Dióxido de Cloro (ClO2) Não --- --- Desinfetante

Fluoreto de Cálcio (CaF2) Não --- --- Fluoretação

Fluoreto de Sódio (NaF) Sim 6.1 1690 Fluoretação

Fluorsilicato de Sódio (Na2SiF6) Sim 6.1 2674 Fluoretação

Hipoclorito de Cálcio, Hidratado (CaO(Cl)2)

Sim 5.1 2880 Desinfetante

Hipoclorito de Cálcio com cloro livre entre 10 e 39% (CaO(Cl)2)

Sim 5.1 2208 Desinfetante

Hipoclorito de Cálcio, Seco com cloro livre acima de 39%

(CaO(Cl)2) Sim 5.1 1748 Desinfetante

*Hipoclorito de Sódio (NaClO) Sim 8 1791 Desinfetante

Ozônio (O3) Não --- --- Desinfetante

Peróxido de Hidrogênio, com entre 20 e 60% de peróxido de hidrogênio (H2O2)

Sim 5.1 2014 Desinfetante

Permanganato de Potássio (KmnO4

.) Sim 5.1 1490 Desinfetante

Polímero Natural (mandioca, batata, milho...)

Não --- --- Auxiliar de coagulação/ floculação

Polímero Sintético Não --- --- Auxiliar de coagulação/ floculação

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Tabela 17 (Continuação)- Lista de produtos químicos utilizados no tratamento da água para

abastecimento. Classe 2.3- gases tóxicos, 4.2- substâncias sujeitas à combustão espontânea, 5.1-

substâncias oxidantes, 6.1- substâncias tóxicas, 8- substâncias corrosivas. *Soluções de hipoclorito com

mais de 5% de cloro livre.

Soda Cáustica, Sólida (NaOH) Sim 8 1823 Alcalinizante

Soda Cáustica, Solução (NaOH) Sim 8 1824 Alcalinizante

Sulfato de Alumínio, Solução (Al2(SO4)3)

Sim 8 1760 Coagulante

Sulfato de Cobre (CuSO4x5H2O) Não --- --- Algicida

Sulfato Férrico (Fe2(SO4)3) Não --- --- Coagulante

Sulfato Ferroso Clorado Líquido (FeCl3xFe2(SO4))

Não --- --- Coagulante

Fonte: Di Bernardo et al (2002); ABIQUIM (2002)

Além dos riscos químicos em um laboratório de uma ETA, devem também ser

considerados os riscos biológicos advindos das análises microbiológicas, cuja utilização

de meios de culturas pode favorecer não só ao crescimento dos coliformes como

também aos dos organismos patogênicos que combinados com práticas inadequadas

(Ex: não utilização de EPIs, falta de higiene no local de análise) de proteção podem

causar doenças infecciosas nos laboratoristas.

Parsekian (1998) analisou 11 ETAs onde verificou que todas possuíam grande parte dos

equipamentos necessários para a preparação de produtos químicos e realização de

análises laboratoriais, entretanto, os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) como

chuveiro e lava-olhos foram observados em somente uma ETA. Além disso, não foi

verificado nenhum sistema de registros de acidentes no trabalho e nem fornecimento de

treinamento adequado para a realização de práticas seguras em atividades que envolvam

riscos à segurança dos operadores.

Um outro fator que pode ser considerado problemático do ponto de vista da saúde e

segurança nas ETAs é o baixo grau de instrução dos operadores. Utilizando-se ainda

dos dados de Parsekian (1998), verifica-se que a grande maioria dos funcionários

envolvidos nas análises de rotina da qualidade da água (Ex: pH, turbidez, cor) e no

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123

controle das dosagens de produtos químicos na água, apresentam escolaridades que

podem ser consideradas insuficientes para o exercício da função. De todos os

funcionários das onze ETAs avaliadas 4% possuíam terceiro grau completo, 20%

tinham nível técnico, 16% com segundo grau completo, 29% o primeiro grau completo

e os 31% restantes tinham primeiro grau incompleto.

Somados os dois últimos valores, pode-se dizer que pelo menos 60% dos operadores

das ETAs visitadas pela pesquisadora, apresentavam um grau de instrução que poderia

dificultar a conscientização destes funcionários quanto aos riscos à saúde da população

abastecida advindos de seu mau desempenho operacional e também no treinamento

destes operadores em normas de saúde e segurança específicas para atividades em

ETAs.

A limpeza manual do decantador também é uma atividade que pode trazer riscos a

saúde e segurança dos operadores.

Um primeiro fator de risco seria a própria constituição físico-química do LETA que

pode apresentar altos teores de metais como alumínio, cádmio e chumbo, dentre outros,

que quando em altas concentrações no organismo humano podem causar sérias doenças

(BARROSO & CORDEIRO apud DI BERNARDO et al, 2002; BARROSO, 2002;

SOUZA, 2004).

O segundo fator de risco pode ser a possibilidade de contaminação dos operadores por

microorganismos patogênicos que podem estar presentes no LETA. Almeida et al

(1994), em trabalho de levantamento soroepidemiológico para detecção de leptospirose

em trabalhadores do setor de saneamento ambiental do município de Pelotas no Rio

Grande do Sul detectou que 16,7% dos trabalhadores envolvidos no serviço de águas

apresentou soropositividade contra 16,2% do serviço de esgotos, 13,6% da coleta de

lixo, 11,4% dos trabalhadores que atuam na limpeza de bueiros e galerias e 7,6% dos

que atuam na limpeza pública (coleta de lixo e limpeza de ruas). Ainda que os outros

serviços apresentem aparentemente condições sanitárias piores, os serviços de água

apresentaram a maior taxa de soropositividade (16,2%) dos cinco serviços avaliados,

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124

portanto, deve-se considerar que o risco biológico em uma ETA não deve ser

descartado.

O terceiro e último fator de risco a ser citado nesta atividade de limpeza de decantadores

é a possibilidade de quedas (PARSEKIAN, 1998) na descida e subida de escadas de

acesso ao fundo do decantador. É recomendado para a prevenção de acidentes com

quedas a utilização de cintos de segurança e escadas do tipo marinheiro (possuem uma

espécie de gaiola acoplada à escada por onde o operador passa internamente).

Uma última categoria de risco relacionada à rotina operacional de ETAs é a forma de

organização dos trabalhos. Atualmente, é muito comum que as ETAs trabalhem acima

da suas capacidades de projeto. Parsekian (1998) detectou que oito das onze ETAs

avaliadas trabalhavam acima da vazão máxima estabelecida pelo projeto o que acaba

gerando uma necessidade de funcionamento contínuo da ETA através de turnos diurnos

e noturnos em seis ou até sete dias por semana.

Segundo Barbosa Filho (2001), o trabalho em turnos pode resultar em efeitos biológicos

gerados pelo descompasso entre os esforços impostos e as respostas do organismo

associadas a estes. A desarmonia entre ritmos e periodicidades naturais e turnos de

trabalho podem gerar problemas diversos, sendo os mais comuns aqueles relacionados

ao baixo desempenho no trabalho, horários de sono e alimentação alterados.

O primeiro fator que o autor cita é uma conseqüência muito freqüente da diminuição da

capacidade de vigilância e concentração dos trabalhadores na execução de suas tarefas,

o que no caso específico das ETAs, pode ser considerado muito grave pois aumenta a

probabilidade de erros na dosagem de produtos químicos na água e no monitoramento

de sua qualidade.

O segundo fator pode inclusive ser uma causa do baixo desempenho no trabalho. Muitas

vezes, os trabalhadores são forçados a trabalhar em horários que contrastam com seu

ritmo biológico de sono o que pode causar alterações no humor, insônia nos períodos de

descanso e sono nos horários de trabalho o que pode prejudicar o desempenho dos

trabalhadores e aumenta a probabilidade de erros e acidentes.

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125

O terceiro fator é uma conseqüência das alterações de horários de sono impostos pelos

turnos causando perturbações no apetite o que pode resultar em dores, disfunções do

aparelho digestivo e doenças gastrointestinais como úlceras estomacais ou duodenais.

Um quarto e último fator que o autor cita é a exclusão social dos trabalhadores que

trabalham em horários que a sociedade descansa e folgam em horários que a sociedade

está ativa. Numa tentativa de reverter essa exclusão, muitos trabalhadores recorrem a

estimulantes para que possam diminuir sua necessidade de descanso e utilizar o tempo

economizado para se socializar durante seus períodos de descanso. Como resultado

direto, tem-se um elevado número de casos de dependência de álcool, fumo, cafeína e

drogas.

3.4.4. Gerenciamento Ambiental em ETAs

O gerenciamento ambiental ainda pode ser considerado um fator secundário dentro das

empresas de saneamento. Em consulta feita ao sítio eletrônico do Instituto Nacional de

Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), verificaram-se apenas

três empresas de saneamento certificadas pela NBR ISO 14001:2004: a Empresa Baiana

de Águas e Abastecimento (Embasa), Companhia Riograndense de Saneamento

(Corsan) e Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR) (INMETRO, 2007a).

Vale observar aqui que não necessariamente uma empresa deve ser certificada na ISO

14001 para que ela pratique a gestão ambiental, entretanto, a adoção dessa norma é

considerada por muitos autores (BARIBIERI, 2006; HARRINGTON, 2001;

MOREIRA, 2001) como uma importante referência para que a empresa incorpore

práticas ambientais sistemáticas que envolvam o diagnóstico dos problemas ambientais

gerados pela sua atividade, planejamento e implementação de medidas para corrigir ou

mitigar os problemas ambientais, monitoramento e análise dos resultados das medidas

implementadas, e revisão crítica do sistema de gestão ambiental (SGA) implantado.

Pode-se dizer que a grande vantagem da implementação de um SGA é a mudança na

cultura organizacional da empresa, onde todos os funcionários são estimulados a sugerir

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126

melhorias no processo de produção através de processos de treinamento e

conscientização a respeito da importância do meio ambiente para a empresa e a vida

dessas pessoas (RAINES, 2002; MOHAMMED, 2000, GAVRONSKI, 2003).

Ainda assim, a atual realidade das empresas de saneamento, como se observou nos

dados do INMETRO a respeito da certificação ambiental no Brasil está bem distante da

questão ambiental. Considera-se que um dos fatores determinantes para esse cenário é o

sistema de concessões para serviços públicos que apresenta dois problemas já citados

anteriormente como causas do déficit de qualidade na prestação de serviços de

saneamento: a tarifa de cobrança e a não especificação de requisitos ambientais para a

outorga dos serviços.

A primeira causa é relativa aos regimes tarifários adotados que na maioria das vezes,

obedecem ao critério do preço mínimo que acaba gerando uma receita que cobre

somente despesas básicas relativas à administração e operação dos sistemas de

tratamento de água como folha de pagamento, compra de produtos químicos, consumo

de energia elétrica, dentre outros. Consequentemente, a receita dessas empresas é

insuficiente para que haja investimento em melhorias na prestação dos serviços como,

por exemplo, treinamento dos funcionários, programas de educação para evitar o

desperdício no consumo de água pelos cidadãos, reformas e modernização do sistema

de tratamento de água.

A segunda causa diz respeito aos contratos de concessão firmados entre as empresas de

saneamento e o poder público que focam seus critérios nas questões tarifárias e de

pagamento da outorga, mas deixam a desejar na definição de critérios relativos à

expansão da cobertura, melhoria da qualidade dos serviços de saneamento e questões de

cunho ambiental (MARINHO, 2006).

Assim, a grande maioria das empresas de saneamento possui sistemas de gerenciamento

unicamente voltados para organizar operações e processos que produzam água com

qualidade adequada ao padrão de potabilidade (PARSEKIAN, 1998). As melhorias, os

investimentos em inovações tecnológicas e formação de recursos humanos, e a

ampliação dos sistemas de água e esgoto tão essenciais para a evolução da qualidade do

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127

serviço prestado são frequentemente deixadas num segundo plano, seja pelas razões

expostas anteriormente ou pela dependência dessas empresas em relação aos recursos

financeiros vindos do governo federal. Dentro desse cenário, o que resta às empresas

deste setor é uma postura gerencial reativa, isto é, que vise somente gastos necessários

ao atendimento da legislação específica.

Na tentativa de incentivar melhorias no setor de saneamento, o governo federal tem se

esforçado através da criação de programas como o Programa Nacional de Modernização

do Setor de Saneamento (PMSS) e o Plano Nacional de Combate ao Desperdício de

Água (PNCDA) que dentre os seus diversos enfoques, tratam de assuntos relativos a

diminuição de perdas nos sistemas de abastecimento de água que são bastante

interessantes tanto do ponto de vista econômico, quanto do ponto de vista ambiental.

O PMSS foi concebido em 1993 e tem com pauta principal o apoio técnico para o

desenvolvimento de mudanças nos órgãos e entidades do setor saneamento no país,

especialmente os prestadores de serviços, tendo como propósito melhorar a qualidade e

o nível de eficiência e eficácia de suas ações o que resulta em menores perdas de água,

economia de energia elétrica, utilização de produtos químicos e maior preparação da

mão-de-obra das companhias. Dentre os beneficiados estão os municípios e os

prestadores de serviço públicos que podem receber recursos e assistência técnica para

realização de melhorias no sistema de abastecimento de água e esgoto. Um ponto

importante a ser destacado é que esse programa beneficia tanto as companhias

municipais quanto as estaduais, diferentemente do Planasa que só fornecia recursos às

estaduais (PMSS, 2007).

Com um enfoque mais direcionado para as questões ambientais, o PNCDA foi criado

em 1997 e tem por objetivo geral promover o uso racional da água de abastecimento

público nas cidades brasileiras, em benefício da saúde pública, do saneamento

ambiental e da eficiência dos serviços, propiciando a melhor produtividade dos ativos

existentes e a postergação de parte dos investimentos para a ampliação dos sistemas.

Tem por objetivos específicos definir e implementar um conjunto de ações e

instrumentos tecnológicos, normativos, econômicos e institucionais, concorrentes para

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128

uma efetiva economia dos volumes de água demandados para consumo nas áreas

urbanas.

Periodicamente o PNCDA abre chamada para que grupos de pesquisa desenvolvam

trabalhos acerca de diversos temas relacionados ao desperdício de água. Dentre os

vários resultados deste trabalho encontram-se diretrizes para a elaboração de

indicadores de perda de água e planos de combate ao desperdício, programas de

educação para consumidores, redução de perdas e tratamento de lodo em ETA, dentre

outros (PNCDA, 2007).

Um dos documentos publicados pelo PNDCA, o documento técnico de apoio (DTA)

C2, faz uma reunião de estudos de caso sobre estratégias de combate ao desperdício de

água. Dentre os diversos exemplos, cita-se o da Companhia de Saneamento Básico de

São Paulo (SABESP), elaborou um programa de combate ao desperdício que

trabalhando em duas frentes:

o perdas físicas, considerando as águas que efetivamente não chegam ao

consumidor, em função de vazamentos nos ramais prediais e no sistema público

de abastecimento;

o perdas não físicas, decorrentes de erros de medição nos hidrômetros, fraudes,

ligações clandestinas e falhas do sistema de cadastramento da Companhia.

Nestes casos, de alguma forma a água é consumida, mas não é medida,

acarretando perda de faturamento.

A implementação das ações programadas permitiu à SABESP obter os seguintes

resultados: ampliação de receita; melhoria do desempenho operacional; melhor

utilização da infra-estrutura existente e eventual postergação de novos investimentos;

melhoria da imagem da empresa junto aos clientes; ampliação dos benefícios do uso dos

recursos hídricos.

Considera-se que o exemplo citado da SABESP, representa a mudança de atitude que as

empresas do setor de saneamento vêm tomando. Há um estreito vínculo entre as perdas

no sistema de abastecimento de água e a qualidade da operação da companhia de

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129

saneamento, ou seja, quanto mais elevado for o padrão dos serviços prestados menores

serão os índices de perdas. No seu sentido mais amplo, a busca da redução dos índices

de perdas passa necessariamente pela melhoria da eficiência operacional trazendo

benefícios econômicos e ambientais.

Na área acadêmica, os trabalhos também têm sofrido várias alterações representadas

pelas mudanças de enfoque sobre os assuntos pesquisados. Tradicionalmente, os temas

relacionados à área de saneamento eram predominantemente sobre tecnologias de

tratamento de água e estudos epidemiológicos. Frente à crescente degradação dos

recursos hídricos e à alterações na legislação ambiental, as pesquisas também tem

enfocado os problemas ambientais gerados pelo tratamento de água:

o Caracterização, tratamento e reutilização de lodo de decantadores (BARROSO,

2002; BARROSO & CORDEIRO apud DI BERNARDO et al, 2002;

CORDEIRO & CAMPOS, 1999; FREITAS et al, 2005; HOPPEN et al, 2006;

PORTELLA, 2003; TEIXEIRA et al, 2006; SOUZA, 2004);

o Caracterização e recirculação da água de lavagem de filtros (DI BERNARDO et

al, 2002; MENEZES et al, 2005; SCALIZE & DI BERNARDO, 2000);

Com exceção de Cordeiro (2003) que fala sobre o potencial de aplicação dos conceitos

da ISO 14001 na minimização de efeitos negativos do tratamento de água, praticamente

não existem trabalhos sobre o assunto de gerenciamento ambiental em ETAs. As

pesquisas atuais estão focadas principalmente em problemas ambientais localizados

como o LETA e a água de lavagem de filtros, mas praticamente não tratam de uma

abordagem sistemática em relação a resolução de questões ambientais, até mesmo

porque esse tipo de abordagem ainda é raro em empresas de saneamento.

Por isso acredita-se que a metodologia proposta pelo presente trabalho pode ser útil na

sensibilização de gestores de ETAs sobre o tratamento sistemático das questões

ambientais auxiliando-os a identificar os problemas e analisá-los, facilitando a adoção

de medidas mitigadoras ou corretivas para se evitar os impactos ambientais decorrentes

das diversas atividades da ETA.

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130

4. METODOLOGIA

4.1. Instrumento para Análise Ambiental e Operacional de ETAs com Base na

NBR ISO14001:2004

Tendo em vista que uma ETA de ciclo completo apresenta algumas características (Ex:

produção de lodo de decantador, geração de água de lavagem de filtro, manuseio de

produtos químicos por operadores...) que podem causar prejuízo ao meio ambiente, o

presente trabalho visou elaborar uma metodologia que verificasse se o Sistema de

Gerenciamento (SG) adotado por uma companhia de abastecimento público de água

estaria preparado para controlar os possíveis efeitos ambientais decorrentes das

atividades de sua ETA. O método proposto para tal fim, convencionou-se chamar de

Instrumento de Análise Ambiental e Operacional de ETAs (IAAOETA).

Esta ferramenta apresenta diretrizes para que se possa analisar o planejamento das

atividades e a rotina operacional das ETAs de ciclo completo, possibilitando que se

identifique os pontos fortes e os falhos dos SG adotados pelas companhias de

abastecimento.

A principal função deste instrumento de análise ambiental é o de informar e

conscientizar as empresas de saneamento analisadas sobre a sua influência em relação à

questões ambientais, possibilitando um melhor entendimento sobre a interface entre

tratamento de água e meio ambiente o que se considera um fator essencial no

planejamento e execução de medidas que controlam, reduzam ou corrijam impactos

ambientais advindos da operação de uma ETA.

Assim, procurou-se avaliar como cada ETA trata de assuntos ambientais por meio de

duas abordagens complementares. Uma na qual se verificam quais são as ações

diretamente relacionadas aos assuntos de cunho ambiental que são tomadas para

corrigir, controlar ou mitigar possíveis impactos ambientais (Ex: políticas ambientais,

programas de gerenciamento de resíduos, reciclagem de resíduos...), e outra, onde se

verificam os aspectos operacionais que podem influenciar como ações indiretas na

ocorrência de impactos ambientais (Ex: falhas operacionais que causem problemas na

qualidade da água tratada, lançamento de resíduos em corpos d’água...).

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131

Como base para o desenvolvimento da abordagem que trata das ações ligadas

diretamente à gestão de problemas ambientais, utilizou-se a NBR ISO14001:2004 que é

a norma brasileira da ISO voltada para a implantação de sistemas de gestão ambiental e

é uma referência mundial na área de gestão ambiental empresarial. Complementarmente

à esta norma, utilizou-se também a NBR ISO14004:2005 que serve como apoio para a

primeira norma citada, através da disponibilização de informações que esclarecem

certos termos que parecem vagos ou são de difícil entendimento na ISO 14001 e

acabam por auxiliar na sua correta interpretação e como suporte para a implementação

de SGAs.

Já para a abordagem ligada às ações que podem influenciar indiretamente no

surgimento de problemas ambientais, adotou-se literatura técnica que é referência para o

planejamento e operação de estações de tratamento de água (CRAWFORD & CLINE,

1990; DOE, 1990; DI BERNARDO, 1993; DI BERNARDO et al, 2002; LIBANIO,

2005; NETTO et al; RICHTER & NETTO, 1995; VIANNA, 1994) e que oferece

parâmetros ideais para que se possa avaliar o estado de funcionamento das ETAs.

Assim, através da utilização destas duas abordagens consideradas complementares,

procurou-se elaborar o IAAOETA numa seqüência que permitisse, respectivamente, a

descrição do fluxo operacional de tratamento da água com a identificação dos elementos

de entrada e saída desse sistema operacional, um levantamento sobre como os diversos

elementos do sistema poderiam interagir com o meio ambiente e uma verificação das

áreas administrativa e operacional, afim de se verificar qual o nível de gestão ambiental

incorporado no atual SG e as características operacionais que podem contribuir

indiretamente para a ocorrência de impactos ambientais.

Com base na seqüência descrita anteriormente, procurou-se então dividir o IAAOETA

em três partes: 1) Pré-Questionário para Caracterização de ETAs, 2) Levantamento de

Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) asssociados às atividades da ETA e 3) Lista de

Verificação (Checklist) Ambiental de ETAs.

O Pré-Questionário para Caracterização de ETAs é a primeira parte do IAAOETA e tem

por objetivo auxiliar na descrição do fluxo operacional do sistema de tratamento de

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132

água e identificar os elementos que influenciam o seu desempenho. Aborda cada uma

das etapas do tratamento de água de ciclo completo através da avaliação das dimensões

físicas das estruturas utilizadas (Ex: calha parshall, decantador, filtro...), identificação

dos modelos utilizados (Ex: floculador de chicanas verticais ou horizontais, floculador

hidráulico ou mecanizado...) e dos procedimentos relacionados (Ex: preparação de

produtos químicos para dosagem, regulação da dosagem, análises de qualidade da água

tratada...). Além disso, também são avaliados o nível de formação dos funcionários

envolvidos com as atividades da ETA, cursos e treinamento realizados, sistema de

documentação de procedimentos e registros e fatores referentes à aquisição de produtos

químicos para o tratamento da água.

A segunda parte do IAAOETA é o Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais

(LAIA) que é um método baseado em um requisito da NBR ISO14001:2004 que

recomenda a identificação dos aspectos e impactos ambientais de uma empresa a fim de

se realizar uma análise ambiental com vistas à implantação de um SGA.

A identificação dos aspectos ambientais foi realizada a partir de uma pesquisa prévia de

literatura técnica e acadêmica sobre o tratamento de água e também através dos

resultados do Pré-Questionário que descrevem o fluxo operacional do sistema de

tratamento de água (etapas e procedimentos relacionados) e as entradas (insumos) e

saídas (produtos e resíduos).

Como última etapa do IAAOETA, elaborou-se a Lista de Verificação Ambiental que

consiste em um conjunto de perguntas com respostas fechadas. Este método foi dividido

em outras duas partes denominadas Diagnóstico do Nível de Atendimento à NBR

ISO14001:2004 e Qualidade Gerencial e Operacional. A primeira parte mede em quanto

o atual SG da ETA atende aos requisitos estabelecidos pela NBR ISO14001:2004 e a

segunda parte, realiza uma avaliação a fim de identificar características dos

procedimentos operacionais e das ações administrativas que têm uma influência indireta

sobre o meio ambiente.

Nos sub-itens a seguir são dados maiores detalhes sobre a elaboração de cada uma das

partes do IAAOETA.

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133

4.1.1. Pré-Questionário para Caracterização de ETAs

O Pré-Questionário para Caracterização de ETAs (Apêndice A) é um método que tem a

função de obter informações básicas sobre o processo de tratamento de água de ciclo

completo. Trata-se de um conjunto de perguntas que permite respostas discursivas e é

dividido em dois itens principais: gerencial e operacional.

No item gerencial, as perguntas são direcionadas a fim de se obter informações sobre o

tipo de administração da companhia de saneamento, a estrutura e responsabilidades

adotada dentro do seu SG, a escolaridade dos funcionários envolvidos no tratamento da

água, a organização do sistema de documentação, o modo como se realiza a contratação

de prestadores de serviços e fornecedores.

Já no item operacional, procurou-se elaborar questões para o levantamento de

informações sobre como é feito o controle de qualidade da água bruta e informações

sobre as unidades de tratamento da ETA (Ex: dimensões físicas, tipo de unidade,

produtos químicos utilizados no tratamento, como são os procedimentos de preparo e

dosagem das soluções de produtos químicos na água, o controle de qualidade da água

tratada, procedimentos no laboratório, etc).

Como base para a utilização deste método, foi utilizada literatura especializada no

tratamento de água (DI BERNARDO, 1993; DI BERNARDO et al, 2002; LIBANIO,

2005; NETTO et al, 1987; PARSEKIAN, 1998; PUPPI, 1973; RICHTER & NETTO,

1995; VIANNA, 1994).

Com a geração de resultados que descrevem o fluxo operacional do tratamento da água,

assim como os elementos de entrada (Ex: insumos utilizados) e saída (Ex: resíduos) do

sistema e procedimentos relacionados (Ex: preparação de produtos químicos para

dosagem na água) a cada etapa do tratamento de água, o Pré-Questionário desempenha

a função, dentro do IAAOETA, de fornecer subsídios para a elaboração e aplicação do

LAIA nos locais de estudo.

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134

4.1.2. Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA)

O Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) é um dos principais

procedimentos necessários para a implantação de sistemas de gestão ambiental, segundo

os moldes propostos pela NBR ISO14001:2004.

Esta análise permite verificar a atual situação de uma ETA em relação às questões

ambientais através da identificação de quais elementos dos diversos processos do

tratamento de água podem influenciar negativamente sobre o meio ambiente. A

abrangência deste levantamento inclui aspectos associados à condições normais de

operação (Ex: geração de lodo de decantador) e condições anormais (Ex: risco de

acidentes de operadores no manuseio de produtos químicos), incluindo situações de

risco, emergência e de acidentes.

Os critérios adotados para este levantamento, assim como os métodos para a

determinação da significância dos aspectos, são baseados nas orientações para uso da

NBR ISO 14001:2004, nas técnicas de apoio da NBR ISO 14004:2005 e em trabalhos

que propuseram modelos para identificação de aspectos e impactos ambientais

(HENKELS, 2002; LUZ, 2006; MOREIRA, 2001; SANTOS & BONONI, 2003).

Como teste piloto para aplicação da metodologia de LAIA deste estudo, selecionou-se

duas ETAs de ciclo completo de médio porte no estado de MG e elaborou-se uma

seqüência de etapas (A, B e C) para execução deste teste (Figura 20).

Figura 20- Seqüência de etapas do LAIA. A) Identificação de Etapas do Tratamento de água, de

Procedimentos e seus Aspectos e Impactos Ambientais. B) Análise. C) Significância.

Procedimento Aspecto Ambiental

Impacto Ambiental Análise Significância

A B C

Etapa do tratamento de água

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135

Na primeira parte (Etapa A, Figura 20) procurou-se realizar a caracterização do

processo de potabilização da água em cada uma das ETAs escolhidas, afim de se

determinar a seqüência das etapas de tratamento e os procedimentos realizados em cada

uma destas etapas. A partir disso, através de uma análise baseada na percepção pessoal

e em critérios pré-estabelecidos (Ex: toxicidade do produto ou resíduo, potencial de

dano ao meio ambiente, consumo de recursos naturais, questões relacionadas a saúde e

segurança ocupacional, referências bibliográficas, recomendações da NBR

ISO14004:2005 e etc.) identificam-se os aspectos e impactos ambientais relacionados

aos procedimentos de cada etapa (Exemplo na figura 21).

Figura 21 – Exemplo de aplicação para a etapa A da metodologia de LAIA.

Como se observa no exemplo anterior (Figura 21), neste trabalho os aspectos do

tratamento de água que ofereciam risco de danos à saúde dos operadores da ETA

também foram considerados como impactos ambientais. Essa opção se justifica pelo

fato de que o ser humano também compõe o meio ambiente e também pela observação

de que a inclusão dos riscos ocupacionais nas análises seria um fator que enriqueceria

os resultados deste trabalho, uma vez que esse tipo de problema ocorre com muita

freqüência dentro das ETAs de ciclo completo.

Na seqüência (Etapa B, Figura 20), cada um dos aspectos ambientais identificados é

analisado através da utilização de critérios específicos (Ex: severidade, probabilidade de

ocorrência, situação operacional...) voltados a determinar o grau de importância dos

seus impactos sobre o meio ambiente.

Finalmente, após a caracterização de cada aspecto ambiental realiza-se a análise de

significância (Etapa C, Figura 20) que determina se um aspecto ambiental do tratamento

de água é considerado desprezível ou significativo. Essa etapa é executada com a

utilização de filtros (Ex: parte interessada, legislação aplicável.) e de um sistema de

Etapa

Fluoretação

Procedimento

Preparo da solução

de flúor para

dosagem na água

Aspecto Ambiental

Risco de acidente do

operador no manuseio

dos produtos químicos

Impacto Ambiental

Risco de danos à

saúde do operador

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136

pontuação que indica o grau de importância de cada aspecto ambiental. A partir dos

resultados desta última etapa é possível então, identificar quais as partes do processo de

tratamento de água que merecem maior atenção numa implantação de um SG voltado ao

atendimento eficaz de questões ambientais.

Durante a realização do LAIA nos locais de estudo, os resultados foram anotados em

uma planilha que foi descrita no apêndice B deste trabalho. Nos sub-itens a seguir são

explicadas, em seqüência e de maneira mais detalhada, cada uma das etapas do LAIA.

A. Identificação de Etapas do Tratamento de Água, de Procedimentos e seus

Aspectos e Impactos Ambientais.

Como etapa inicial para realização do LAIA são utilizados os resultados da Tabela 7 do

Pré-Questionário (Apêndice A) que lista todas as etapas do tratamento de água e os

procedimentos relacionados a cada um destes.

Preenchida essa tabela, elaborou-se um fluxograma sobre o processo de tratamento de

água a fim de se permitir uma melhor visualização do fluxo de produção da água tratada

e dos elementos que influenciam suas diversas etapas. Logo abaixo, foi sugerido um

fluxograma geral para o processo de tratamento de água que posteriormente foi

modificado de acordo com as particularidades de cada local estudado por este trabalho.

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137

Figura 22– Fluxograma geral de operação do tratamento convencional da água com identificação de

entradas e saídas do sistema. Adaptado de Richter & Netto (1995).

No próximo passo, transferiram-se as diversas informações da tabela 7 (Apêndice A) e

do fluxograma para a planilha de LAIA (Apêndice B) onde se realizou a associação dos

aspectos e impactos ambientais aos procedimentos operacionais identificados (Ex:

Etapa – Decantação. –> Aspecto – Lançamento de lodo de decantador sem tratamento

prévio em manancial. –> Impacto – Contaminação da biota aquática por metais).

Como base para identificação dos aspectos e impactos ambientais utilizou-se literatura

específica sobre este assunto na área de tratamento de água (BARBOSA et al, 2002;

BARROSO, 2002; CORDEIRO & CAMPOS, 1999; DOE, 1990; LIBÂNIO, 2005;

MAIA et al, 2003; MENEZES et al, 2005; PARSEKIAN, 1998; SCALIZE & DI

BERNARDO, 2000; SOARES et al, 2002; SOUZA, 2004; TOMINAGA & MIDIO,

1999) e também através da observação da rotina operacional e dos seus elementos que

apresentavam potencial para causar impactos ambientais.

Coagulante

Mistura Rápida

Floculação Decantação

Filtração

Cloro

Cloro e Flúor

Auxiliares de coagulação

Carvão ativado

Resíduos de análise

laboratorial

Lodo de decantador

Resíduos de análise

laboratorial

Água de lavagem de

filtro

Água Potável

Água Bruta

Água de tanques de preparação de soluções químicas

Vazamentos em tubulações e comportas

Energia Elétrica

Alcalinizante

Riscos ocupacionais no preparo de

produtos químicos e descarte de

embalagens vazias.

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138

B. Análise dos Aspectos e Impactos Ambientais de uma ETA

A análise dos aspectos e impactos ambientais identificados na etapa A do LAIA é feita

mediante a escolha de alguns parâmetros que visam caracterizar os aspectos ambientais

e diminuir os efeitos da subjetividade advindos do julgamento pessoal do profissional

que aplica esta metodologia.

Assim, o estabelecimento de critérios para análise de aspectos e impactos ambientais foi

feito por meio de pesquisa bibliográfica (HENKELS, 2002; LUZ, 2006; MOREIRA,

2001) e também visando atender as recomendações da NBR ISO 14004:2005 que indica

a consideração do impacto, a probabilidade e freqüência de ocorrência e a severidade.

No caso específico dos critérios de severidade e freqüência/probabilidade, adotou-se o

sistema de pontuação sugerido por Luz (2006).

À seguir descreve-se cada um dos critérios escolhidos para a análise. Entre parênteses,

ao lado de cada critério, encontra-se a abreviatura utilizada na planilha de LAIA.

• Situação Operacional

o Regime Normal (no)- relativos à rotina operacional. Exemplo: geração de

resíduos nos tanques de preparação de produtos químicos.

o Regime Anormal (a)- associados a operações não rotineiras (reforma de

instalações, parada de processos, alterações em rotinas por motivo

específico). Exemplo: vazamento de óleo na sala de bombas.

o Risco (r)- associados a situações de risco (acidentes, incêndio, colapso de

estruturas, equipamentos ou instalações, falha operacional, manifestações da

natureza, etc.) inerentes a atividade, que possam causar impactos ambientais.

Exemplo: geração de resíduos químicos devido a rompimento em tanque de

caminhão.

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139

• Incidência

o Direta (d)- o aspecto está associado a atividade executada sob o controle da

empresa. Exemplo: geração de lodo de decantador.

o Indireta (i)- o aspecto está associado a atividade de fornecedores,

prestadores de serviços e clientes, fora do ambiente de responsabilidade da

empresa ou mesmo por clientes, mas sobre os quais a empresa pode exercer

influência. Exemplo: 1) emissão de gases de um caminhão de fornecedor

transportando produto para a empresa. 2) vazamento de produto químico

durante o transporte pelo fornecedor da empresa.

• Classe

o Benéfica (b)- conseqüência benéfica do impacto ambiental sobre o meio

ambiente. Exemplo: utilização do lodo de decantador de ETA como insumo

na fabricação de concreto para construção civil.

o Adversa (ad)- conseqüência adversa do impacto ambiental sobre o meio

ambiente. Exemplo: lançamento do lodo de decantador em corpos d’água.

• Temporalidade

o Passada (p)- impacto ambiental identificado no presente, porém decorrente

de atividade desenvolvida no passado. Exemplo: armazenamento de insumos

químicos vencidos.

o Atual (a)- impacto ambiental decorrente de atividade atual. Exemplo:

possibilidade acidente no manuseio de produtos químicos.

o Futura (f)- impacto ambiental previsto, decorrente de alterações nas

atividades a serem implementadas no futuro. Exemplo: geração de resíduos

de construção civil em obra de ampliação da ETA.

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140

• Severidade

o Baixa (b)- impacto de magnitude desprezível/restrito ao local de ocorrência.

Pontuação: 1.

o Média (m)- impacto de magnitude considerável. Pontuação: 2.

o Alta (a)- impacto de grande magnitude e de grande extensão que vai além

dos limites da empresa. Pontuação: 3.

• Freqüência/Probabilidade

o Baixa (b)- aspecto pouco freqüente. Pontuação: 1. Exemplo: troca de leitos

filtrantes.

o Média (m)- aspecto freqüente. Pontuação: 2. Exemplo: limpeza manual de

decantador.

o Alta (a)- aspecto muito freqüente. Pontuação: 3. Exemplo: lavagem diária de

filtros.

C. Significância dos Aspectos e Impactos Ambientais de uma ETA

A NBR ISO14004:2005 diz em seu texto que a “significância” é um conceito relativo e

que não pode ser definida em termos absolutos. Ainda segundo a norma, a avaliação da

significância envolve a aplicação tanto de análise técnica quanto de julgamento por

parte da empresa e também no estabelecimento de alguns critérios como os ambientais

(Ex: severidade, freqüência...), os requisitos legais aplicáveis e as preocupações de

partes interessadas.

Seguindo essa recomendação, a análise de significância para aspectos e impactos

ambientais de ETAs é feita quanto aos seguintes critérios:

• Lei- quando incidir sobre o aspecto e impacto ambiental algum regulamento de lei

federal, estadual ou municipal, algum condicionante de licenças ambientais ou

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141

acordo com autoridades / órgãos ambientais, confirma-se na coluna correspondente

e indica na coluna “comentários” a legislação ambiental aplicável (Ex: requisitos

legais de licenciamento ambiental, normas técnicas e outros).

• Partes interessadas (P.I.)- quando houver associado ao aspecto e impacto

ambiental, reclamação registrada ou conhecida de partes interessadas, marca-se um

“s” na coluna “P.I”, e detalha-se essa reclamação na coluna “comentários”.

• Importância (I)- obtida a partir da soma da severidade com a

freqüência/probabilidade. Quando a importância (i) do impacto for igual ou superior

a 5, marca-se um “S” na coluna “I” indicando que ele é significativo.

Considerando-se na análise da significância, o fator “importância” dos aspectos e

impactos ambientais, procurou-se avaliá-lo segundo sistema de pontuação adaptado de

Luz (2006):

• Importância (i= 2, 3 ou 4)- impacto considerado não significativo. Exceção será

feita para os aspectos/impactos que tenham legislação pertinente e/ou partes

interessadas, devendo ser considerado como impacto significativo.

• Importância (i= 4 e severidade= 3)- para situações de risco com alta severidade

(Valor igual a 3) e baixa freqüência (Valor igual a 1), descreve-se na coluna

“comentários” o termo “impacto de alta severidade”.

• Importância (i= 5 ou 6)- impacto considerado significativo. Os aspectos ambientais

da ETA que forem avaliados sob esse grau de importância, segundo a NBR

ISO14001:2004, devem ter seus efeitos ambientais negativos controlados, corrigidos

ou mitigados através de sua inclusão num programa de objetivos e metas do SGA da

empresa.

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142

4.1.3. Lista para Verificação (Checklist) Ambiental de ETAs

A elaboração do checklist foi feita de acordo com modelo sugerido por La Rovere

(2001), sendo o formulário estruturado em respostas do tipo “Sim” (S) indicativas do

cumprimento daquele quesito, “Não” (N) indicando uma inadequação ou não

cumprimento e “Não se Aplica” (NA) em casos que o quesito não for pertinente à ETA

em processo de avaliação. As questões elaboradas se encontram no apêndice C e são

divididas em duas partes: Diagnóstico do Nível de Atendimento à NBR ISO14001:2004

(97 questões) e Qualidade Gerencial e Operacional (299 questões).

Uma vez respondidas todas as questões de cada item (ex: Política Ambiental,

Comunicação...) estabelecido no checklist, será necessário atribuir uma nota que

represente o nível de atendimento da ETA àquele item. O método de ponderação para

o presente trabalho foi a escala sugerida por MOREIRA (2001) para a verificação do

nível de atendimento de um empreendimento à NBR ISO 14001:2004. A seguir é

apresentada a escala sugerida pela autora:

• 10%- não atende à nenhum dos requisitos estabelecidos naquele item ou se atende

algum ele não é suficiente para atingir um nível mínimo de desempenho. O valor de

10% foi utilizado em substituição ao 0%, com o objetivo de se evitar o

constrangimento das empresas avaliadas.

• 25%- o item é atendido de maneira precária e insuficiente. Somente alguns dos seus

requisitos são atendidos, entretanto não são o suficiente para satisfazer à todas as

exigências do item.

• 50%- atendimento em nível razoável. Os requisitos mais importantes são atendidos,

entretanto isso não ocorre de forma sistemática, ou seja, as ações não foram tomadas

a partir de algo pré-estabelecido (ex: procedimento padrão), mas por uma iniciativa

ou discernimento pessoal do ocupante do cargo.

• 75%- atendimento ao item, porém a documentação é insuficiente (ausente,

incompleta ou de difícil acesso) ou algum item de menor importância não foi

atendido o que, no entanto, não compromete o desempenho naquele item.

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143

• 100%- atendimento pleno ao item. Os procedimentos já estão formalizados

(documentados e executados corretamente) com geração de registros associados.

O checklist para verificação ambiental de ETAs foi dividido em duas partes:

Diagnóstico do Nível de Atendimento à NBR ISO14001:2004 (Parte I) e a Qualidade

Gerencial e Operacional (Parte II).

I. Diagnóstico do Nível de Atendimento à NBR ISO14001:2004

Nesta parte, o objetivo é avaliar o nível em que a ETA, e setores da empresa

relacionadas à ela, atendem aos requisitos exigidos pela NBR ISO 14001:2004. Isso

permite a avaliação do grau de gestão aplicado nas ETAs em relação aos assuntos de

cunho ambiental. Para cada item da norma foram elaboradas questões específicas que

são chamadas aqui de requisitos, a fim de se verificar a conformidade do planejamento e

das práticas gerenciais com o que é idealizado na norma. Assim, procura-se avaliar

quais as ações diretamente relacionadas a gestão ambiental já são utilizadas na prática

do SG das ETAs avaliadas. Abaixo seguem os itens, na mesma seqüência dos requisitos

da NBR ISO 14001:2004, que estão contidos na primeira parte do checklist (Apêndice

C).

A) Política Ambiental

B) Identificação de Aspectos e Impactos Ambientais

C) Identificação de Requisitos Legais

D) Objetivos, metas e programa(s)

E) Recursos, funções, responsabilidades e autoridades

F) Competência, treinamento e conscientização

G) Comunicação

H) Documentação

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144

I) Controle de documentos

J) Controle Operacional

K) Preparação para resposta à emergências

L) Monitoramento e medição

M) Avaliação de atendimento à requisitos legais

N) Não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva

O) Controle de registros

P) Auditoria interna

Q) Análise pela administração

II. Qualidade Gerencial e Operacional

Nesta segunda parte do checklist, o objetivo é determinar o nível de controle gerencial e

operacional sobre os processos de tratamento da água e atividades relacionadas aos

mesmos. Além disso, deseja-se também verificar o nível de preocupação dos gerentes

da ETA na elaboração e execução de políticas que contribuam para a conservação da

disponibilidade hídrica e qualidade das águas bruta e tratada.

Os temas escolhidos para compor esta seção, assim como o conteúdo das questões

foram baseados em diversas literaturas especializadas no tratamento da água

(CRAWFORD & CLINE, 1990; DOE, 1990; DI BERNARDO, 1993; DI BERNARDO

et al, 2002; LIBANIO, 2005; NETTO et al, 1987; PARSEKIAN, 1998; PUPPI, 1973;

RICHTER & NETTO, 1995; VIANNA, 1994). A seguir são listados os itens a serem

verificados (Apêndice C).

A) Plano Diretor de Recursos Hídricos do Município

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145

B) Conservação de Mananciais

C) Dados Hidrológicos

D) Saúde e Segurança Ocupacional

E) Programas de Educação Ambiental para os Consumidores

F) Entrada de Água Bruta

G) Mistura Rápida

H) Mistura Lenta

I) Decantação

J) Filtração

K) Correção de pH

L) Fluoretação

M) Desinfecção

N) Saída de Água Tratada

O) Produtos Químicos Utilizados no Tratamento

P) Laboratório de Análises Físico-Químicas e Microbiológicas

Q) Controle de Perdas Físicas Operacionais e por Vazamentos

4.2. Aplicação do IAAOETA

A aplicação do instrumento elaborado para essa pesquisa foi realizada através de visitas

às ETAs em datas e horários pré-definidos com a direção geral das empresas de

abastecimento de água selecionadas. A duração destas visitas variava de acordo com a

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146

disponibilidade dos supervisores e funcionários dos locais para o fornecimento de

informações necessárias para a realização da análise ambiental proposta pelo trabalho.

Os três principais métodos utilizados para a aplicação do IAAOETA foram as

entrevistas com funcionários (Ex: gerentes, operadores) que se relacionavam

diretamente às atividades da ETA, as vistorias durante o período diurno das rotinas

administrativa e operacional das ETAs e a consulta à documentos e registros das

atividades desenvolvidas nesses locais.

4.2.1. Entrevistas

As entrevistas foram realizadas com funcionários ligados às atividades de administração

e planejamento (Ex: diretor geral, gerentes, supervisores) do sistema de tratamento de

água e também com os operadores nos seus turnos de trabalho.

O conteúdo das entrevistas foi conduzido pela seqüência de perguntas elaboradas para

aplicação do IAAOETA. O Pré-Questionário para Caracterização de ETAs, por

exemplo, foi aplicado nas entrevistas com diretores e supervisores em horários

marcados exclusivamente para responder às perguntas. Já o LAIA e o Checklist

Ambiental foram aplicados ao decorrer do período de visitas através de entrevistas com

diretores e supervisores e também com os funcionários ligados diretamente à operação

da ETA.

4.2.2. Vistorias

As vistorias foram realizadas nas dependências das ETAs durante as rotinas

administrativa e operacional do período matutino e vespertino e consistiram no

acompanhamento do trabalho de supervisores e operadores durante o período da visita.

Através do processo de observação, procurou-se evidenciar a coerência das respostas

dadas durante as entrevistas com a realização das atividades na prática. Assim, pode-se

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147

avaliar o grau de implementação dos diversos procedimentos através da avaliação de

suas execuções.

Outra função das vistorias foi a de evitar interferências na rotina de trabalho dos

funcionários das ETAs, uma vez que as informações por esse método eram obtidas pela

observação dos funcionários durante a execução do próprio trabalho o que é diferente

das entrevistas, onde se exige que as pessoas entrevistadas interrompam seus serviços

para responder às perguntas.

As evidências do processo de vistoria foram armazenadas sob a forma de anotações nas

planilhas do IAAOETA relacionadas às práticas observadas e também através do uso de

fotografias realizadas sob o consentimento dos funcionários. Em algumas situações,

visando preservar a identidade dos funcionários, modificaram-se as partes do seus

corpos (Ex: rosto, cabelo, marcas, acessórios...) por meio da utilização de software de

manipulação de imagens (GIMP©, cuja licença de uso é Open Source, isto é, de uso

gratuito).

4.2.3. Consulta a documentos e registros

Outra forma de obtenção de dados durante as visitas nas ETAs estudadas foram as

consultas a documentos e registros utilizados no SG de cada local.

Dentre os principais documentos e registros analisados encontram-se os registros de

qualidade físico-química e microbiológica das águas bruta e tratada; procedimentos

operacionais padrão para realização de análises laboratoriais; editais para licitação de

aquisição de produtos químicos; fichas de segurança de produtos químicos; cartas de

comunicação interna; outorgas para captação d’água; desenhos técnicos sobre a

estrutura e medidas das ETAs; dentre outros vários.

Essas consultas só eram realizadas mediante autorização e disponibilização deste

material pelo supervisor ou funcionário responsável pelo arquivamento e organização

da documentação.

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148

4.3. ETAs Selecionadas

Para a seleção das ETAs que seriam submetidas ao Instrumento de Análise Ambiental e

Operacional desenvolvido neste trabalho, optou-se pela adoção de alguns critérios que

fixassem determinadas características dos locais de estudo afim de se permitir a

validação do IAAOETA

O primeiro critério estabeleceu que as ETAs deveriam ser de ciclo completo, ou seja,

constituída pelas fases de coagulação química, mistura lenta, decantação, filtração,

desinfecção, fluoretação e correção de pH. Essa especificação é baseada na premissa

que de todos os tipos de tratamento de água atualmente utilizados, o de ciclo completo é

o que apresenta aspectos ambientais de maior relevância ambiental como, por exemplo,

a geração do lodo de decantador e da água de lavagem de filtro. Portanto, a elaboração e

aplicação de uma análise ambiental seria mais justificável nesses tipos de ETA.

Já o segundo critério, definiu que as ETAs de ciclo completo deveriam apresentar um

porte médio, com vazão de água tratada entre 100 e 500 L/s. Estes valores foram

baseados na deliberação normativa COPAM no 074, 09 de setembro de 2004 onde se

estabelecem critérios para definir o porte de ETAs: até 100 L/s são consideradas de

pequeno porte, entre 100 e 500 L/s são de médio porte e a partir de 500 L/s são de

grande porte.

Como terceiro e último critério, definiu-se que as ETAs a serem escolhidas deveriam

localizar-se próximas a cidade de Ouro Preto a fim de facilitar o deslocamento para a

coleta de dados.

Com base nesses critérios, escolheu-se duas ETAs próximas a região de Ouro Preto nas

cidades de Ponte Nova e Itabirito. Nos próximos sub-itens elas são caracterizadas em

maiores detalhes.

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149

4.3.1. ETA do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAES) de Ponte

Nova – MG

O DMAES foi criado através da Lei Federal no 699, de 30 de dezembro de 1966. Esta

empresa é uma autarquia municipal com personalidade jurídica própria e dispõe de

autonomia administrativa e financeira, dentro dos limites estabelecidos pela lei citada.

Localiza-se na cidade de Ponte Nova, na região da Zona da Mata no estado de Minas

Gerais. A população urbana desta cidade gira em torno dos 57.000 habitantes. Cerca de

96% desta população é atendida com água tratada e outros 91% são atendidos com o

serviço de coleta de esgotos.

A captação da água bruta para o tratamento é realizada em um único ponto do Rio

Piranga (Lat. 20025’11’’S e Long. 42054’36’’W) pertencente à Bacia do Rio Doce cuja

área de drenagem é de aproximadamente 83.400 km2.

A ETA do DMAES é do tipo convencional e o tratamento da água bruta compreende as

seguintes etapas: mistura rápida hidráulica (calha parshall), floculação hidráulica em

câmaras (tipo Cox), decantação (decantador clássico), filtração (filtros rápidos de areia),

fluoretação, correção de pH por cal hidratada e desinfecção por cloração.

Além das etapas de tratamento da água, a ETA é constituída pela casa de química (áreas

de armazenamento e preparação de insumos químicos, laboratórios físico-químico e

microbiológico) e sala de máquinas utilizadas para alimentar o reservatório elevado de

água de lavagem de filtro e movimentação de comportas na operação de decantadores e

filtros.

Originalmente, a ETA foi projetada para operar com uma vazão inicial de 64 L/s para

atender uma população de 27.600 habitantes (no ano de 1965) e vazão final de 140 L/s

para atender 60.000 habitantes (em 1985). Apesar de atualmente, a ETA atender uma

população menor que a final de projeto (57.000 habitantes), trabalha-se com vazões

mínimas de 130 L/s e vazões máximas de 260 L/s.

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150

A produção média de água tratada é de 16.848m3/dia (base de cálculo utilizada foi a

vazão média da ETA de 195 L/s). O quadro de funcionários da ETA trabalha em regime

de escalas de 12 horas, funcionando 24h/dia, inclusive nos fins-de-semanas e feriados.

4.3.2. ETA do Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Itabirito – MG

O SAAE de Itabirito (MG) é uma autarquia municipal mantida com recursos próprios,

criada pela Lei no 1.016, de julho de 1978. Em 04 de agosto de 1983 firmou um

convênio com a Fundação Nacional de Saúde para que esta assumisse a sua

administração e desse suporte tecnológico à autarquia.

Localizado na cidade de Itabirito em Minas Gerais, o SAAE atende com o

abastecimento de água potável a aproximadamente 98% da população de 41.500

habitantes.

A captação da água bruta é realizada em dois pontos distintos: Barragem do Córrego

Seco (Lat.20015’22,1’’S e Long.42050’41,5’’W) e do Córrego do Bação (Lat.

20019’10’’S e Long.45050’37,9’’). Ambas as captações se localizam na região da Bacia

do Rio das Velhas, com uma área de drenagem igual a 29.173 km2.

A ETA do SAAE é do tipo convencional. O processo de tratamento de água nesta ETA

compreende as seguintes etapas: mistura rápida hidráulica (calha parshall), correção de

pH (etapa só é realizada quando o pH da água bruta encontra-se muito baixo),

floculador (tipo Cox), decantação clássica, filtração (filtro rápido descendente),

desinfecção por cloração e fluoretação.

As áreas anexas ao processo de tratamento na ETA são: Casa de Química (área de

armazenamento, preparo de insumos químicos e laboratórios de análises físico-químicas

e microbiológicas) e reservatório de água para lavagem dos filtros.

A vazão final de projeto da ETA é de 50 L/s, entretanto, devido a atual demanda

trabalha-se com uma vazão média de 93L/s, trabalhando-se frequentemente com vazões

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151

máximas superiores a 100 L/s (médio porte), o que resulta numa média de

8.000m3/diários de água tratada servidas a população.

4.4. Período de Coleta de Dados

As coletas de dados para aplicação do IAAOETA ocorreram na seguintes datas:

• DMAES de Ponte Nova - Pré-Questionário (02/05/05 a 07/05/05), LAIA (27/05/05)

e Checklist (14/03/06 a 16/03/06).

• SAAE de Itabirito - Pré-Questionário (21/07/05 e 22/07/05), LAIA (13/02/06 a

16/02/06) e Checklist (13/02/06 a 16/02/06).

As escolhas das datas de visita aos locais de estudo foram feitas após contato prévio

com os supervisores das duas ETAs. Os critério utilizados para acordo entre as partes

foram a disponibilidade de tempo para realização das entrevistas e a realização de

procedimentos que deveriam ser verificados pelas vistorias (ex: limpeza de decantador,

preparação de produtos químicos...).

4.5. Análise dos Resultados do IAAOETA

A análise dos resultados foi feita de acordo com a seqüência de divisão feita na

elaboração do IAAOETA. Primeiro foram descritos os resultados do Pré-Questionário,

seguidos pelos resultados do LAIA e do Checklist Ambiental.

Na parte do Pré-Questionário para Caracterização de ETAs, os resultados obtidos foram

descritos na mesma seqüência de itens adotada para a metodologia. Realizou-se uma

descrição detalhada sobre como é realizado o processo de tratamento da água, indicando

os procedimentos realizados em cada etapa, os produtos químicos utilizados e sua forma

de preparo, o material para análises de qualidade da água realizadas no laboratório, as

dimensões dos componentes de cada etapa do tratamento (Ex: decantadores, filtros,

floculadores, dosadores, reservatórios, tanques de preparação de produtos químicos...),

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152

entre outras características. No final, fez-se uma compilação dos dados disponíveis

sobre qualidade de água bruta e consumo de produtos químicos a fim de se ter uma

visão geral do monitoramento exercido sobre esses fatores.

Para o LAIA, fez-se uma descrição de todos os aspectos ambientais identificados por

etapa do tratamento de água em cada uma das ETAs avaliadas. Durante a discussão

desses resultados procurou-se enfatizar aqueles aspectos ambientais que foram

considerados significativos (I= 5 ou 6) ou de alta severidade (I= 4 e S= 3). No contexto

da discussão foram inseridas diversas fotos que serviram como evidências sobre as

observações feitas durante o processo de vistoria realizado para a aplicação do LAIA.

Os resultados do checklist foram descritos na mesma seqüência em que se encontram os

itens deste método. A discussão baseou-se no nível de atendimento que cada item

apresentou durante a avaliação das ETAs e nos fatores que influenciaram esse

desempenho. Primeiramente discutiu-se separadamente os resultados de cada uma das

ETAs, posteriormente, realizou-se uma comparação entre as ETAs das duas empresas

de saneamento onde se destacou as principais semelhanças e diferenças administrativas

e operacionais.

Finalmente, na última parte realizou-se uma discussão sobre a aplicabilidade do

IAAOETA através da experiência com os dois estudos piloto feitos nas ETAs do

DMAES e do SAAE. Discutiram-se as vantagens e desvantagens do instrumento

elaborado e o seu potencial de uso por administradores e supervisores de empresas de

saneamento na implantação de SG voltados ao atendimento de questões ambientais.

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153

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na primeira parte dessa seção da dissertação são listados os resultados do pré-

questionário que teve por objetivo realizar a caracterização detalhada de todos os

processos de tratamento da água em cada uma das ETAs estudadas.

A segunda parte apresenta resultados referentes ao procedimento de avaliação de

aspectos e impactos ambientais do processo de tratamento de água, sendo destacadas as

características que tiveram maior significância sob o ponto de vista ambiental e que

devem ser objetos de preocupação dos gerentes de ETAs.

A terceira parte apresenta os resultados referentes ao checklist ambiental desenvolvido

para avaliar o nível de gestão ambiental aplicado aos processos de tratamento de água

em cada ETA e verifica quais as diretrizes exigidas pela NBR ISO14001:2004 que são

atendidas pelo sistema de gestão adotado em cada um dos locais estudados. Além disso,

ainda neste checklist são verificados, também, os procedimentos relativos ao controle

operacional das diversas etapas do tratamento de água.

Em uma primeira visão geral, a respeito dos vários resultados obtidos neste trabalho,

verificou-se que a questão ambiental em ambas as ETAs ainda não é tratada de forma

suficientemente adequada, apesar de se perceber nos entrevistados envolvidos nas

atividades gerenciais certo grau de conscientização a respeito desse assunto.

No que se refere à qualidade da água servida à população, as duas empresas

demonstraram estar dentro dos padrões exigidos por lei. Entretanto isto não significa

que os processos operacionais funcionam eficientemente. Através dos resultados deste

trabalho foi possível observar várias oportunidades para melhorias e otimização dos

processos envolvidos no tratamento de água. Com isso podem-se gerar ganhos através

da redução de gastos e também pela mitigação de impactos ambientais causados

evitando-se assim que, no futuro, ocorram divergências entre as companhias de

abastecimento de água e órgãos públicos de fiscalização ambiental bem como com

organizações não governamentais protetoras do meio ambiente.

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154

5.1.Resultados Obtidos com a Aplicação do Pré-Questionário para Caracterização

das ETAs

5.1.1. ETA do DMAES de Ponte Nova (MG).

A) Gerencial

Funções, Responsabilidades e Treinamento

O DMAES de Ponte Nova possui 124 empregados distribuídos nas suas diferentes

divisões. Atualmente, trabalham na seção de tratamento 12 funcionários distribuídos nas

seguintes funções:

• 01 responsável técnico pelo sistema (chefe de seção)

• 01 auxiliar administrativo

• 07 operadores (um destes executa a função de laboratorista nas análises

microbiológicas. As análises físico-químicas são realizadas por todos os

operadores)

• 01 auxiliar de serviços gerais

• 02 vigias

O grau de escolaridade máximo, com exceção do chefe da seção de tratamento que

possui nível técnico em Saneamento, é de segundo grau. A maioria apresenta apenas

primeiro grau e poucos apresentam grau de formação adequado para exercer as atuais

funções. Dos sete operadores, dois possuem segundo grau completo, outros dois o

primeiro grau completo e os outros três, o primeiro grau incompleto. O processo de

aprendizagem dos ofícios do cargo de operador da ETA é feito pela transmissão de

conhecimento prático dos funcionários mais experientes para os mais novos.

Durante o período de visita, não foi evidenciado programa de treinamento na empresa.

Foram observados alguns registros de treinamentos na área de saúde e segurança no

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155

trabalho, entretanto, não existe um procedimento sistemático para diagnosticar as

necessidades de treinamentos visando suprir estas demandas.

Documentação

Foram observados durante o período de visita na ETA, apenas dois dentre os quatro

níveis de documentação (manual do sistema de gestão, procedimentos operacionais,

instruções de trabalho e registros) comuns em Sistemas de Gestão de Qualidade,

Ambiental e Saúde e Segurança Ocupacional.

O primeiro nível de documentação observado na ETA foram as instruções de trabalho

que se encontram exclusivamente dentro dos laboratórios físico-químico e

microbiológico, informando sobre a operação de aparelhos de análise, preparação de

algumas soluções, cálculo da dosagem de sulfato de alumínio líquido e execução de

análises (jartest, cloro residual...).

O segundo nível de documentação observado foram os registros citados a seguir:

• Registros de análise da qualidade (pH, turbidez e vazão) da água bruta,

decantada, filtrada e tratada (nesta última, analisa-se também cloro residual)

• Registros de recebimento de produtos químicos

• Registros de comunicação interna (cartas de solicitação de produtos, circulares

afixadas em paredes, cartas de comunicação com alta administração)

• Registros de consumo de produtos químicos

• Registros de ocorrência de turno de funcionamento e operação da ETA (paradas

na captação, lavagem de filtro, mudanças de regime...)

• Registros de coletas de amostras e análises microbiológicas

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156

• Registros de controle de baldes de cloro vazios a fim de se evitar a sua utilização

para acondicionamento de alimentos ou de outros elementos que em contato com

as pessoas podem causar danos a saúde.

Contratação de Fornecedores e Prestadores de Serviço

Os serviços e produtos adquiridos para o funcionamento da ETA são contratados pela

alta administração do DMAES e pela Comissão Permanente de Licitação composta por

funcionários da própria autarquia.

Alguns tipos de serviços, como por exemplo, atividades de consultoria, podem ser

contratados diretamente com o prestador de serviço sem a abertura de licitação. Já as

compras de produtos químicos utilizados no tratamento da água são realizadas por meio

de editais de licitação. A forma como é contratado o serviço depende do valor do

mesmo.

Os critérios exigidos pelo DMAES de Ponte Nova em relação aos seus fornecedores de

produtos químicos são listados abaixo (observados nos editais de licitação):

• Aquisição pelo Menor Preço

• Especificação de Produto

o Nome de Produto

o Quantidade a ser adquirida

o Teor de Pureza

• Situação Legal da Empresa

o Certidão Negativa de Débito (CND) do INSS

o Certificado de Regularidade do FGTS (CRF)

o Certidão Negativa do Débito dos Tributos Municipais

o Comprovante de Situação Regular no CNPJ

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157

• Transporte

o Prazo de Entrega

o Condições Adequadas de Transporte (porém, não especifica quais são

essas condições adequadas) e cumprimento de normas legais da Agência

Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)

• Exigências Especiais

o Cumprimento da Legislação do IEF, IBAMA e outros Órgãos

Ambientais por parte da empresa contratada

o Cumprimento de normas de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho

por parte da empresa contratada

Em relação aos serviços realizados por terceiros na ETA, não foram evidenciados

regulamentos internos que ditem a conduta dos mesmos (procedimentos de segurança,

meio ambiente, regras internas do DMAES). Também não se evidenciou quaisquer

procedimentos voltados para a inspeção de serviços de prestadores que atuem na ETA

do DMAES.

B) Operacional

O processo de tratamento na ETA do DMAES de Ponte Nova é do tipo convencional e

compreende as seguintes etapas: mistura rápida hidráulica, floculação hidráulica,

decantação clássica, filtração rápida, desinfecção por cloração, fluoretação e correção de

pH por cal hidratada (Figura 23).

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158

Figura 23– Fluxograma do processo de tratamento do DMAES.

A ETA do DMAES foi projetada para uma vazão inicial de 64 L/s e final de 140 L/s,

entretanto, hoje opera com vazões mínimas de 130 L/s e máximas de até 260 L/s. As

instalações, além dos tanques de tratamento, são constituídas por casa de química, sala

de máquinas com bombas para alimentar reservatório elevado de água de lavagem de

filtros, vestiários e banheiros.

A produção média de água tratada é de 505.440m3/mês (Base de cálculo utilizada foi a

vazão média da ETA de 195 L/s e o tempo de funcionamento que é de 24hs/dia).

A captação da água bruta para o tratamento é realizada em um único ponto do Rio

Piranga (Lat. 20025’11’’S e Long. 42054’36’’W) pertencente à Bacia do Rio Doce. A

área de captação fica dentro da cidade, sem proteção ao acesso de pessoas e animais em

local a jusante de pontos de lançamento de esgoto de um bairro e de uma fábrica de

gaiolas.

Mistura Rápida

É realizada através de uma calha Parshall de 9’’ (W=23cm) que cumpre também a

função de medidor de vazão.

Entrada de Água Bruta

Mistura Rápida

Desinfecção

Filtração

Decantação Mistura Lenta

Correção de pH

Fluoretação

Laboratório Físico-Químico e Microbiológico

Saída da Água Tratada

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159

A dosagem de coagulante (sulfato de alumínio líquido à 3,5% tipo F-666) é feita logo

após a garganta da calha por um dosador de orifício do tipo nível constante instalado na

própria calha.

O sulfato de alumínio líquido é armazenado próximo aos decantadores em um

reservatório cilíndrico apoiado sobre estrutura metálica. Sua capacidade de

armazenamento é de 25 m3, sendo armazenado no máximo até a marca de 20 m3. O

coagulante é transportado por gravidade através de uma tubulação de PVC até o

dosador.

A medição da vazão é feita com o uso de uma régua fornecida pelo fabricante que mede

a altura do nível d’água (cm) em um ponto antes da garganta da calha. Posteriormente,

compara-se a medida obtida com uma segunda régua fixada na parede externa da calha

de onde se obtém o valor correspondente em vazão (L/s).

Em estudo realizado na ETA do DMAES por Bastos et al (2000, p.28) com vazões

mínimas de 138 L/s e máximas de 208 L/s, o ressalto hidráulico foi classificado como

salto ondulado com gradientes de velocidade (no local de aplicação do coagulante) da

ordem de 700 à 800 s-1, aceitáveis para uma mistura rápida adequada.

Mistura Lenta

A floculação realizada é do tipo hidráulica através de duas séries operadas em paralelo,

com sete câmaras cada.

A primeira série era originalmente do tipo Alabama, onde a passagem de água de uma

câmara para a outra ocorria através de bocais de ferro fundido com formato em curva,

com 60 cm de diâmetro, dispostos no fundo das câmaras em lados alternados. Após um

trabalho de reformulação ela foi modificada para floculadores do tipo Cox (quadrados

alternados em níveis superiores e inferiores nas sucessivas passagens de uma câmara

para a outra).

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160

A segunda série foi construída em paralelo à primeira série e também é do tipo Cox.

Devido ao aumento da demanda de água tratada e à sobrecarga da primeira série, esta

segunda série foi construída para complementar o processo de floculação na ETA.

Seguem abaixo as dimensões das câmaras:

Tabela 18– Dimensões das câmaras dos floculadores hidráulicos.

Câmaras 1 2 3 4 5 6 7

Série 1 (Comp.x

Larg.x Prof.)

metros

2,63 x

2,5 x

4,0

2,96 x

2,5 x

4,0

2,93 x

2,5 x

4,0

2,92 x

2,5 x

4,0

2,94 x

2,5 x

4,0

2.94 x

2,5 x

4,0

3,58 x

2,5 x

4,0

Série 2 (Comp.x

Larg.x Prof.)

metros

2,63 x

2,5 x

4,0

2,96 x

2,5 x

4,0

2,93 x

2,5 x

4,0

2,92 x

2,5 x

4,0

2,94 x

2,5 x

4,0

2.94 x

2,5 x

4,0

3,58 x

2,5 x

4,0

Fonte: Bastos et al (2000)

Para cada série, existem canais de acesso da água proveniente da mistura rápida, com

diferentes dimensões.

O canal de acesso para a série 1 é na verdade uma antiga câmara desta, mas que não

realiza a função de mistura lenta uma vez que a água da calha parshall é lançada de

cima para baixo sobre esta câmara causando grande turbulência. Possui as seguintes

dimensões: 3,0 m de comp. X 2,50 m. de largura X 4,0 m de profundidade.

Já o canal de acesso para a série 2 apresenta as seguintes medidas: 2,95m (comp.) x 0,43

m (larg.) X 1,15 m (prof.). Este canal recebe água do canal de acesso da série 1.

A água floculada da série de chicanas passa através da última câmara da série Alabama

antes de atingir o canal de água floculada para o decantador.

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161

Canal de Água Floculada

O canal encontra-se antes dos decantadores e recebe a água floculada das duas séries de

floculadores que se encontram perpendicularmente a este. Seu fundo é inclinado, sendo

que sua profundidade diminui à medida que se afasta da região de entrada da água

floculada.

Apresenta quatro comportas ao longo do seu comprimento, sendo duas comportas

alimentando cada decantador. As dimensões das comportas são: 0,28m x 0,25m.

O canal de água floculada possui as seguintes dimensões: 17,68 m (comp.) x 0,53 m

(larg.) x 2,6 m (prof. inicial) x 1,6 m (prof. final).

Decantação

Existem dois decantadores operados em paralelo. São do tipo clássico (retangular) de

fluxo horizontal. A seguir, listam-se as dimensões de cada um:

• Decantador 1: 23,0m (comp.) x 9,3 m (larg.) x 3,58m (altura)

• Decantador 2: 23,0m (comp.) x 9,1 m (larg.) x 3,58m (altura)

Na zona de entrada de cada decantador encontram-se cortinas distribuidoras de

alvenaria, cada uma com 60 orifícios de dimensões de 0,1m x 0,15m, com o objetivo de

distribuir o fluxo do canal de água floculada o mais uniformemente possível na entrada

do decantador.

Na zona de saída do decantador a água decantada é recolhida por uma calha de coleta

sendo, a seguir, distribuída entre quatro filtros. Esta calha é contínua entre os dois

decantadores, assim, mesmo na lavagem de um dos decantadores, é possível utilizar

qualquer um dos 4 filtros disponíveis.

O piso do decantador é inclinado, convergindo para uma calha de coleta central do lodo

que termina num poço de esgotamento localizado na zona de saída do decantador.

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162

A limpeza do decantador é manual, sendo realizada a cada três meses aproximadamente,

ou quando se observa que o decantador apresenta resuspensão de grande quantidade de

flocos ou colmatação muito rápida dos filtros. O lodo gerado é descartado diretamente

no leito do rio através da rede de esgoto.

A seguir, descrevem-se os passos utilizados para a limpeza do decantador na ETA do

DMAES de Ponte Nova:

• Esvaziamento do decantador

o Vazão trabalhada na ETA: 100 L/s

o Fecham-se as duas comportas do canal de água floculada que abastecem

o decantador.

o Abre-se a o poço de esgotamento do decantador (tempo aproximado de

esvaziamento de 30-45 min.)

o A saída do esgoto da ETA deve ser monitorada, pois existe risco de

transbordamento do efluente. Caso perceba-se que a água pode

transbordar, deve-se fechar a comporta do poço de esgotamento do

decantador até que o nível d’água na saída do esgoto seja regularizada.

• Lavagem inicial

o Liga-se para funcionário do setor de captação para que seja ativado mais

um conjunto de moto-bomba.

o Vazão trabalhada: 200-260 L/s

o Abrem-se as comportas de água floculada para o decantador a ser limpo.

Nota-se a movimentação da massa de lodo escoando pelo poço de

esgotamento. Quando se observar que essa movimentação cessa, devem-

se fechar comportas de água floculada e dar início à lavagem manual.

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163

• Lavagem manual

o Coloca-se escada apoiada na calha de coleta de água decantada e

próxima ao corrimão para a descida do operador.

o A raspagem do lodo é feita com rodos de metal. O lodo é direcionado

para a canaleta de fundo em direção ao poço de esgotamento do

decantador.

o A remoção do lodo incrustado nas paredes é feita com a utilização de

uma mangueira com pressão suficiente para retirar as incrustações.

o A limpeza feita atrás da cortina distribuidora do decantador é realizada

com a passagem de um dos operadores por um vão entre a cortina e o

piso do decantador. Este remove o lodo em direção à saída, enquanto

outro operador do outro lado da cortina direciona este lodo para a

canaleta de escoamento.

o No final da limpeza, fecham-se as comportas do poço de esgotamento do

decantador e do canal de água floculada.

• Reativação do decantador

o O decantador mantém-se fechado durante todo o dia para evitar uma

diminuição do fluxo d’ água no outro decantador e na taxa de filtração

dos filtros ativos.

o No período da noite, o decantador é novamente cheio com água do canal

de água floculada, desde que seja constatado que o reservatório de água

tratada apresente um bom nível.

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164

Filtração

Existem quatro filtros rápidos originalmente de dupla camada (areia e antracito), mas

que hoje funcionam como simples camada de apenas areia, fluxo descendente e de taxa

constante dispostos em paralelo.

Segundo descrição realizada por Bastos et al (2000), os filtros possuem as seguintes

dimensões:

• Filtro 1: 5,5m x 4,5m; 24,75 m2 (área)

• Filtro 2: 5,6m x 4,5m; 25,20 m2 (área)

• Filtro 3: 5,5m x 4,5m; 24,75 m2 (área)

• Filtro 4: 5,5m x 4,5m; 24,75 m2 (área)

Ainda no mesmo trabalho, também foram identificadas as características do meio

filtrante dispostas na tabela 19.

Tabela 19– Características granulométricas do material filtrante dos filtros rápidos. *Atualmente não se

utiliza mais o antracito no filtro.

Material Altura (cm) Granulometria (mm) Pedregulho (camada

suporte) 8,58 50,8 - 25,4

Pedregulho 16,94 25,5 - 12,7 Pedregulho 16,94 12,8 - 6,35 Pedregulho 16,94 6,36 - 3,36 Areia Grossa 16,94 3,37 - 1,68 Areia Fina 101,62 0,9 - 0,45 *Antracito 33,87 1,0 - 0,9

Fonte: Bastos et al (2000).

O sistema de drenagem de água filtrada é composto por um fundo falso com bocais.

A ETA opera sempre com o revezamento dos filtros, ou seja, quando um par de filtros

está em funcionamento, o outro par fica inativo aguardando sua lavagem. Quando o par

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165

em funcionamento apresenta baixa qualidade de água filtrada (turbidez maior ou igual a

01 UT) ele é posto fora de operação e o outro par é colocado em funcionamento.

A carreira dos filtros, após análise dos relatórios diários, gira em torno de 7-8 horas,

porém este valor é bem variável dependendo da qualidade da água bruta que chega na

ETA. Segundo os operadores da ETA, o indicador utilizado para se determinar a hora

de lavagem do filtro é a análise de turbidez da água filtrada. Quando a turbidez atinge

valores superiores à 1,0 NTU, o filtro é posto fora de operação ou lavado.

A lavagem é realizada com a utilização de água a contracorrente no sentido ascensional

vinda do reservatório elevado da ETA.

A seguir descreve-se o procedimento para a lavagem dos filtros da ETA:

• Indicador utilizado

o Nível de turbidez da água filtrada maior ou igual à 1,0 NTU indica a

necessidade de lavagem do filtro.

• Início da lavagem

o Da mesa de operação, o operador fecha a comporta do canal de água

decantada que alimenta o respectivo filtro e abre a comporta de

esgotamento da água de lavagem.

o Após observar declínio do nível de água sobre o leito filtrante, o

operador, fecha a comporta que alimenta o canal de água filtrada e abre a

comporta de água do reservatório para o respectivo filtro, iniciando a

lavagem.

• Lavagem superficial

o Enquanto ocorre a lavagem a contracorrente, o operador realiza lavagem

das paredes do filtro com uma mangueira retirando flocos e

sobrenadantes.

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166

o Deve ser observado o relógio que indica o nível de água no reservatório

de forma à evitar entrada de ar na rede devido ao esvaziamento do

reservatório da ETA.

• Final da lavagem

o Quando se observa que o ponteiro do relógio indicador de nível do

reservatório chega próximo ao nível mínimo, fecha-se a comporta do

reservatório para o respectivo filtro, encerrando a lavagem

contracorrente.

o Após, fecha-se a comporta de esgotamento da água de lavagem e abrem-

se as comportas do canal de água decantada para o filtro e de

alimentação do canal de água filtrada.

Fluoretação

O produto utilizado na fluoretação é o fluorsilicato de sódio (Na2SiF6) com pureza na

ordem de 98,5% sendo armazenado na casa de química sobre estrado de madeira em

sacas plásticas de 50 kg.

A dosagem é feita via úmida por gravidade através da utilização de saturador de

formato tronco-cônico (200 L aproximadamente, calculados até a altura do tubo de

coleta da solução). A aplicação da solução é feita no canal de água filtrada sem um

controle preciso da quantidade dosada (abertura e fechamento de torneira sem

graduação).

Utiliza-se diariamente, 15kg de fluorsilicato de sódio que são despejados no saturador.

Este é abastecido constantemente com água para formação de solução que é coletada

através de tubos perfurados direcionando-a para seu ponto de aplicação no canal de

água filtrada.

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167

Durante bom tempo não foi feito o controle da quantidade de flúor na água produzida

pela ETA devido à falta de reagentes para utilização do fluorímetro. A avaliação de

relatórios diários da qualidade da água revela que o controle de flúor na água não é

realizado pelo menos desde o ano de 2003 (último ano dos registros avaliados). A partir

do começo de outubro de 2005 o controle voltou a ser feito. O teor de íon fluoreto na

água tratada é medido através do método visual de alizarina onde o resultado esperado

deve se encontrar na faixa de 0,6-0,8 mg/L.

Desinfecção

A desinfecção é realizada com a utilização de hipoclorito de cálcio (CaOCl2) com teor

de cloro ativo igual a 65%. Este produto é armazenado em baldes plásticos de 45 kg

dispostos diretamente sobre o chão, ao lado dos sacos de fluorsilicato de sódio.

A dosagem é feita via úmida por gravidade e aplicada na entrada da câmara de contato

(dimensões: 2,96m de larg. X 3,92 m de comp. X 2,21 m de alt.).

O preparo da dosagem é feito em um dos dois tanques de dissolução (forma cilíndrica)

com agitação mecânica e com as seguintes dimensões: 0,8 m (raio) x 1,0 m (altura).

Volume: 2,01 m3 ou 2.010 L.

A quantidade utilizada em cada preparo é de 25 kg hipoclorito de cálcio para cada

tanque. O produto é misturado à água sofrendo mistura mecânica até se observar que a

solução está homogênea. Abre-se o registro do tanque e a solução de cloro vai por

gravidade para um reservatório com capacidade para 1.000 L e ligação direta para a

câmara de contato.

A dosagem é feita sem um controle preciso através da regulagem manual de torneiras. O

método utilizado é a cloração simples com controle feito através da análise de cloro

residual da água tratada que deve estar entre 1,0 e 2,0 ppm.

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168

Os resíduos do tanque de cloro, que hoje são produzidos em quantidades bem menores

devido à troca do produto (maior pureza), são despejados diretamente na rede de

esgotamento da ETA junto aos resíduos de cal.

Correção de pH

Utiliza-se cal hidratada (Ca (OH)2) para realizar a correção de pH da água filtrada. Este

produto é armazenado em sacas de papel (20kg cada) empilhadas umas sobre as outras,

dispostas diretamente sobre o chão em uma sala separada dos demais produtos

químicos.

A dosagem é feita via úmida e a solução alcalinizante escoa por gravidade até o ponto

de aplicação na câmara de contato, junto ao cloro. O controle da dosagem é impreciso e

feito através da regulagem de torneiras. O monitoramento é realizado através da

medição do pH da água tratada que deve estar entre 7,3 e 7,8.

O preparo da dosagem é feito em um tanque cilíndrico de agitação mecânica, com as

seguintes dimensões: 0,95m de (raio) x 0,85m (altura). Volume: 2,41m3 ou 2.410L.

Para cada preparo, são misturados 60kg (três sacas) de cal na água do tanque de

dissolução que possui agitação mecânica constante e é de onde a solução escoa

diretamente, através de tubulação, para o ponto de aplicação na câmara de contato.

Os resíduos do tanque de cal são eliminados via canaleta diretamente na rede de esgoto

da ETA.

Casa de Química- Área de Armazenamento de Produtos Químicos

Existem duas salas para armazenamento de produtos químicos na ETA do DMAES de

Ponte Nova. Uma delas localiza-se de frente para a área de preparação e armazena sacos

de 50 kg de fluorsilicato de sódio sobre estrado de madeira e baldes plásticos de

hipoclorito de cálcio empilhados dois à dois diretamente sobre o pavimento.

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169

A outra sala é utilizada para armazenar cal hidratada em sacas de papel com peso igual à

20 kg cada, dispostas em pilhas de 13 a 18 unidades apoiadas diretamente sobre o

pavimento.

O sulfato de alumínio líquido é armazenado em área externa à casa de química próximo

aos decantadores. O reservatório de sulfato possui formato cilíndrico (volume: 25m3) e

é apoiado sobre uma estrutura metálica. O local é desprotegido contra intempéries

climáticas (chuva, sol...) e não apresenta uma bacia de contenção para conter eventuais

vazamentos do produto.

Casa de Química- Área de Preparação de Produtos Químicos

A área de preparação das soluções químicas utilizadas no tratamento encontra-se em

piso cujo nível é aproximadamente 0,5 m superior ao piso onde são armazenados os

produtos químicos.

Localizam-se nesta área um tanque de dissolução da cal hidratada e outros dois tanques

para a dissolução do hipoclorito de cálcio, sendo todos os três de agitação mecânica. O

saturador utilizado para a preparação da solução de flúor encontra-se próximo ao canal

de água filtrada em piso de mesmo nível do da área de armazenagem.

Casa de Química- Laboratório Físico-Químico

As análises físico-químicas são executadas pelos próprios operadores da ETA. A seguir,

são descritos os principais parâmetros avaliados, o ponto de coleta da água e o período

de execução das análises:

• pH: águas bruta, filtrada e tratada. Período: 1 hora.

• Turbidez: águas bruta, decantada, filtrada e tratada. Período: 1 hora.

• Cloro residual: água tratada. Período: 1 hora

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170

• Jartest: água bruta. Período: quando ocorre grandes variações na turbidez ou à

critério próprio dos operadores.

Os equipamentos utilizados nas análises físico-químicas são listados a seguir: 1

pHmetro, 2 turbidimêtros (um deles em manutenção), 2 colorímetros, 2 medidores de

cloro residual, 1 medidor de oxigênio consumido e 1 jartest.

Casa de Química- Laboratório Microbiológico

As análises microbiológicas são realizadas por um dos operadores que possui a função

exclusiva de laboratorista e tem nível médio de formação escolar.

Os principais parâmetros avaliados, o ponto de coleta da água e o período de execução

das análises são listados a seguir:

• Coliformes Totais (Avaliada a presença ou ausência. Feita análise na: água bruta

– 2 vezes p/ semana; filtrada – 2 vezes p/semana; tratada na saída da ETA – 1

vez p/ dia e na ponta de rede – 1 vez p/ semana em 7 residências.)

• Coliformes Fecais (Avaliada a presença ou ausência. Feita análise na: água bruta

– 2 vezes p/ semana; filtrada – 2 vezes p/semana; tratada na saída da ETA – 1

vez p/ dia e na ponta de rede – 1 vez p/ semana em 7 residências.)

Para a realização dos ensaios microbiológicos utiliza-se a técnica dos tubos múltiplos.

À seguir, listam-se os principais equipamentos do laboratório microbiológico: 1

geladeira utilizada para conservar meios de cultura prontos, 1 bloco digestor para

realização de testes de DQO, 1 chapa de aquecimento elétrico, 1 balança de precisão, 1

microscópio, 1 contador de colônias, 1 capela, 1 bico de Bunsen, 1 estufa de secagem de

vidrarias, 1 estufa de incubação, 1 banho-maria, 1 barrilete de água deionizada, 1

autoclave, 1 destilador e 1 deionizador.

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171

Plano de Amostragem da Água

À seguir é descrito o plano de amostragem da água do DMAES de Ponte Nova,

conforme o modelo fornecido pelo técnico de laboratório da ETA em 14/06/07.

Tabela 20 - Plano de amostragem para análise de água do manancial.

Manancial Ponte

Parâmetros Frequência Nova

Distritos

Cianobactérias(1) mensal 0 --

Demais parâmetros(2) semestral 0 0

Tabela 21 - Plano de amostragem da saída de água do tratamento no DMAES de Ponte Nova. Data:

14/06/07.

Saída do tratamento

Parâmetros Frequência Ponte Nova Distritos

Cor 24 0 Turbidez Diária 24 0 pH a cada uma hora 24 0 Cloro Residual Livre (considerando 24 horas 24 1

Fluoreto de funcionamento da

ETA) 12 0

Coliformes totais Semanal 5 0

Cianotoxinas Mensal 0 --

Trialometanos Trimestral 0 --

* Demais parâmetros Semestral 1 1

* Segundo informações prestadas pelo técnico de laboratório da ETA do DMAES, as análises completas

(freqüência semestral) voltaram a ser realizadas a partir de setembro de 2006, modificação ocorrida após

o último período de coleta de dados no local (14/03/06 à 16/03/06).

Tabela 22- Plano de amostragem da água na saída do sistema de distribuição. Data: 14/06/07.

Sistema de distribuição

Parâmetros Frequência Ponte Nova Distritos

Cor 70 10 Turbidez 70 10 pH

Mensal 70 10

Fluoreto 70 10

Cloro residual livre Mensal 70 10

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172

Tabela 22 (continuação)– Plano de amostragem da água na saído do sistema de distribuição. Data:

14/06/07.

Trialometanos Trimestral p/ PN - Anual p/

D 0 0

Coliformes totais Mensal 70 10

Demais parâmetros Semestral 0 0

Durante o período de coleta dos dados para a aplicação do IAAOETA (último dia de

visita: 16/03/06) foi informado que as análises semestrais não estavam sendo realizadas

desde 2001, mas somente as de rotina (ex: pH, turbidez...). Após a conclusão das

coletas, soube-se que estas análises voltaram a ser realizadas a partir de setembro de

2006.

Reservatório Elevado da ETA

O reservatório elevado da ETA possui formato de tronco de cone, com volume entre 90-

100 m3 e localiza-se ao lado da mesma. A água armazenada por ele é utilizada para a

lavagem dos filtros e também para o consumo normal da instalação (sanitários,

limpeza...).

C) Parâmetros Monitorados na ETA do DMAES de Ponte Nova

Foram considerados nesta análise os dados referentes à qualidade da água bruta e

consumo de produtos químicos utilizados no tratamento da água no período do mês de

janeiro de 2004 até agosto de 2006. Outros parâmetros também são monitorados como a

qualidade da água tratada (cloro residual, flúor, turbidez, coliformes totais e

termotolerantes...), entretanto, não foram considerados nesta análise, uma vez que um

dos objetivos do Pré-Questionário era verificar quais os parâmetros que a ETA

monitorava sobre qualidade de água bruta e sua influência sobre o consumo de produtos

químicos, assim como o seu grau de controle operacional.

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173

• Qualidade de Água Bruta

o Vazão

O período de análise dos dados de vazão vai de janeiro de 2004 até agosto de 2006. Na

tabela 20 são dispostas as médias mensais de vazão de água bruta e na Figura 24 é

colocado o gráfico que demonstra a variação de vazão.

Tabela 23– Média Mensal da Vazão de Água Bruta na ETA do DMAES.

Mês Vazão

(L/s) Mês

Vazão

(L/s) Mês

Vazão

(L/s) Mês

Vazão

(L/s)

Jan/04 197,5 Set/04 176,2 Mai/05 169,1 Jan/06 204,0

Fev/04 189,2 Out/04 179,3 Jun/05 165,5 Fev/06 206,9

Mar/04 189,4 Nov/04 181,4 Jul/05 192,9 Mar/06 207,9

Abr/04 180,6 Dez/04 181,5 Ago/05 200,1 Abr/06 194,9

Mai/04 180,5 Jan/05 177,4 Set/05 206,8 Mai/06 193,9

Jun/04 180,2 Fev/05 182,0 Out/05 208,9 Jun/06 185,6

Jul/04 172,5 Mar/05 183,9 Nov/05 202,3 Jul/06 188,2

Ago/04 176,9 Abr/05 172,3 Dez/05 202,4 Ago/06 189,7

Vazão( L/s)

155,0160,0165,0170,0175,0180,0185,0190,0195,0200,0205,0210,0215,0

jan/04

fev/04

mar/04

abr/04

mai/04

jun/04

jul/04

ago/04

set/04

out/04

nov/04

dez/04

jan/05

fev/05

mar/05

abr/05

mai/05

jun/05

jul/05

ago/05

set/05

out/05

nov/05

dez/05

jan/06

fev/06

mar/06

abr/06

mai/06

jun/06

jul/06

ago/06

L/s

Figura 24– Vazão de Água Bruta na ETA do DMAES.

O gráfico de vazão da água bruta revela maiores valores nas épocas quentes do ano que

começa aproximadamente no mês de setembro e vai até os meses de fevereiro e março.

Uma variação importante ocorre a partir de julho de 2005 onde se observa um aumento

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174

brusco que vai até os meses de abril e maio de 2006. Comparando a média de vazão do

período jul/2005-jun2006 com o período anterior jul/2004-jun/2005 observa-se uma

demanda crescente pela vazão de água bruta que, provavelmente, é reflexo de um maior

consumo de água pela população, ou a instalação de alguma indústria ou, mesmo,

problemas de perda na rede de distribuição, entretanto, a real razão não foi identificada.

o Turbidez

Os valores de turbidez, em forma de médias mensais, foram dispostos na tabela 21. A

variação mensal desse parâmetro é representado pelo gráfico da Figura 25.

Tabela 24– Média Mensal do Parâmetro Turbidez (NTU) de Água Bruta na ETA do DMAES.

Mês Turbidez

(NTU) Mês

Turbidez

(NTU) Mês

Turbidez

(NTU) Mês

Turbidez

(NTU)

Jan/04 302,1 Set/04 6,7 Mai/05 27,8 Jan/06 68,0

Fev/04 119,3 Out/04 19,5 Jun/05 15,9 Fev/06 88,7

Mar/04 123,5 Nov/04 47,4 Jul/05 10,6 Mar/06 162,6

Abr/04 97,4 Dez/04 179,2 Ago/05 12,6 Abr/06 22,7

Mai/04 21,1 Jan/05 144,7 Set/05 10,1 Mai/06 10,7

Jun/04 27,5 Fev/05 98,8 Out/05 21,4 Jun/06 7,5

Jul/04 18,6 Mar/05 137,5 Nov/05 104,6 Jul/06 6,8

Ago/04 7,5 Abr/05 24,6 Dez/05 240,2 Ago/06 7,1

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175

Turbidez (NTU)

0,0

40,0

80,0

120,0

160,0

200,0

240,0

280,0

320,0

jan/04

fev/04

mar/04

abr/04

mai/04

jun/04

jul/04

ago/04

set/04

out/04

nov/04

dez/04

jan/05

fev/05

mar/05

abr/05

mai/05

jun/05

jul/05

ago/05

set/05

out/05

nov/05

dez/05

jan/06

fev/06

mar/06

abr/06

mai/06

jun/06

jul/06

ago/06

NTU

Figura 25– Turbidez (NTU) de Água Bruta na ETA do DMAES.

Os picos do gráfico de turbidez refletem as épocas chuvosas na região (novembro à

março), uma vez que este parâmetro é influenciado em grande parte pelo escoamento

superficial de água das chuvas que, através do carreamento de material argiloso e de

substâncias húmicas, aumenta a turbidez das águas do corpo receptor.

o pH

As médias mensais sobre pH foram dispostas na tabela 22 e cobrem o período de janeiro

de 2004 até agosto de 2006. A representação gráfica da variação de turbidez ao longo

do período de análise é disposta na Figura 26.

Tabela 25– Média Mensal do pH da Água Bruta na ETA do DMAES.

Mês pH Mês pH Mês pH Mês pH

Jan/04 7,47 Set/04 7,51 Mai/05 7,49 Jan/06 7,12

Fev/04 7,49 Out/04 7,50 Jun/05 7,47 Fev/06 7,30

Mar/04 7,48 Nov/04 7,44 Jul/05 7,40 Mar/06 7,34

Abr/04 7,47 Dez/04 7,39 Ago/05 7,36 Abr/06 7,41

Mai/04 7,46 Jan/05 7,53 Set/05 7,29 Mai/06 7,48

Jun/04 7,37 Fev/05 7,59 Out/05 7,22 Jun/06 7,46

Jul/04 7,43 Mar/05 7,52 Nov/05 7,37 Jul/06 7,35

Ago/04 7,46 Abr/05 7,58 Dez/05 7,12 Ago/06 7,37

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176

pH

6,806,90

7,00

7,10

7,207,30

7,40

7,50

7,60

7,70

jan/04

fev/04

mar/04

abr/04

mai/04

jun/04

jul/04

ago/04

set/04

out/04

nov/04

dez/04

jan/05

fev/05

mar/05

abr/05

mai/05

jun/05

jul/05

ago/05

set/05

out/05

nov/05

dez/05

jan/06

fev/06

mar/06

abr/06

mai/06

jun/06

jul/06

ago/06

pH

Figura 26– pH da Água Bruta na ETA do DMAES.

O pH apresenta-se praticamente constante durante o ano inteiro com uma baixa variação

ficando entre 7,1-7,6. Entretanto, considera-se que estes resultados não são confiáveis

uma vez que se observou freqüentes inadequações no uso do pHmetro pelos operadores

sendo a principal delas, a não realização da primeira calibração do aparelho com

solução tampão.

o Alcalinidade

Os dados sobre alcalinidade englobam o período de janeiro a agosto de 2006 (tabela

23). O gráfico que demonstra a variação desse parâmetro encontra-se na Figura 27.

Tabela 26– Média Mensal da Alcalinidade de Água Bruta na ETA do DMAES.

jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 13,9 14,4 14,8 14,9 16,4 15,5 15,6 15,9

Alcalinidade (mg/L)

12,5

13,0

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

17,0

jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06

mg/L

Figura 27– Alcalinidade da Água Bruta na ETA do DMAES.

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177

A medição da alcalinidade da água bruta foi implantada recentemente na ETA do

DMAES (janeiro de 2006) por influência de consultoria contratada para avaliar o

desempenho operacional do tratamento de água. Assim, a prática dos métodos de

análise da alcalinidade não foram observadas por esta pesquisa.

• Consumo de Produtos Químicos

o Sulfato de Alumínio Líquido

Os dados sobre consumo de sulfato de alumínio líquido são dispostos na tabela 24 e a

variação no seu consumo, encontram-se, representada pelo gráfico, na Figura 28.

Tabela 27– Média de Consumo Diário de Coagulante na ETA do DMAES.

Mês Sulfato

(L/Dia) Mês

Sulfato

(L/Dia) Mês

Sulfato

(L/Dia) Mês

Sulfato

(L/Dia)

Jan/04 439,62 Set/04 166,09 Mai/05 201,74 Jan/06 300,70

Fev/04 327,53 Out/04 226,67 Jun/05 161,18 Fev/06 339,58

Mar/04 334,82 Nov/04 270,92 Jul/05 154,28 Mar/06 394,08

Abr/04 289,16 Dez/04 385,51 Ago/05 173,86 Abr/06 251,71

Mai/04 218,14 Jan/05 338,17 Set/05 186,06 Mai/06 225,72

Jun/04 223,84 Fev/05 311,49 Out/05 201,46 Jun/06 173,10

Jul/04 208,66 Mar/05 316,11 Nov/05 325,54 Jul/06 168,67

Ago/04 187,42 Abr/05 215,69 Dez/05 468,58 Ago/06 165,46

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178

Média de Consumo Diário de Sulfato de Alumínio Líquido

50,0100,0

150,0

200,0250,0

300,0350,0

400,0

450,0500,0

jan/04

fev/04

mar/04

abr/04

mai/04

jun/04

jul/04

ago/04

set/04

out/04

nov/04

dez/04

jan/05

fev/05

mar/05

abr/05

mai/05

jun/05

jul/05

ago/05

set/05

out/05

nov/05

dez/05

jan/06

fev/06

mar/06

abr/06

mai/06

jun/06

jul/06

ago/06

Litros/Dia

Figura 28– Consumo de Coagulante na Água Bruta na ETA do DMAES.

O consumo de coagulante é diretamente proporcional ao grau de turbidez da água.

Portanto, como se observa no gráfico, os picos de consumo ocorrem nos períodos

chuvosos (novembro à março) onde a turbidez sofre drástica elevação.

o Cal Hidratada

O consumo de alcalinizante na ETA do DMAES foi representado pela sua média

mensal baseada nos valores de seu uso diário (tabela 25). Na Figura 29, é apresentado o

gráfico que demonstra a variação desse consumo ao longo do período pesquisado que

vai de janeiro de 2004 até agosto de 2006.

Tabela 28– Média de Consumo Diário de Alcalinizante na ETA do DMAES.

Mês Cal

(kg/Dia) Mês

Cal

(kg/Dia) Mês

Cal

(kg/Dia) Mês

Cal

(kg/Dia)

Jan/04 55,48 Set/04 26,67 Mai/05 33,79 Jan/06 46,00

Fev/04 46,43 Out/04 35,48 Jun/05 29,60 Fev/06 47,69

Mar/04 34,84 Nov/04 40,00 Jul/05 27,33 Mar/06 50,32

Abr/04 44,00 Dez/04 52,90 Ago/05 32,67 Abr/06 35,33

Mai/04 38,71 Jan/05 53,79 Set/05 34,67 Mai/06 31,61

Jun/04 42,00 Fev/05 37,96 Out/05 39,35 Jun/06 33,10

Jul/04 40,65 Mar/05 42,33 Nov/05 41,03 Jul/06 30,67

Ago/04 35,06 Abr/05 38,83 Dez/05 63,23 Ago/06 33,04

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179

Média de Consumo Diário de Cal Hidratada

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

jan/04

fev/04

mar/04

abr/04

mai/04

jun/04

jul/04

ago/04

set/04

out/04

nov/04

dez/04

jan/05

fev/05

mar/05

abr/05

mai/05

jun/05

jul/05

ago/05

set/05

out/05

nov/05

dez/05

jan/06

fev/06

mar/06

abr/06

mai/06

jun/06

jul/06

ago/06

Kg/Dia

Figura 29– Consumo de Alcalinizante na ETA do DMAES.

O consumo de cal hidratada apresentou uma variação aparentemente regulada pelos

períodos de aumento de vazão de água bruta. A utilização da variação de pH da água

bruta para explicar essa variação do uso de cal não pode ser feita pelos motivos já

discutidos anteriormente que indicam uma não confiabilidade nos resultados de pH.

o Hipoclorito de Cálcio

Na tabela 26 é apresentada a média de consumo diário de hipoclorito de cálcio. A

Figura 30, representa graficamente a variação do consumo deste desinfectante ao longo

do período de dados pesquisado.

Tabela 29– Média de Consumo Diário de Desinfectante na ETA do DMAES.

Mês Cloro

(kg/Dia) Mês

Cloro

(kg/Dia) Mês

Cloro

(kg/Dia) Mês

Cloro

(kg/Dia)

Jan/04 141,29 Set/04 27,30 Mai/05 25,65 Jan/06 26,33

Fev/04 140,69 Out/04 25,74 Jun/05 32,50 Fev/06 26,35

Mar/04 84,10 Nov/04 27,73 Jul/05 25,00 Mar/06 31,94

Abr/04 25,87 Dez/04 29,68 Ago/05 25,65 Abr/06 25,17

Mai/04 26,68 Jan/05 27,90 Set/05 25,83 Mai/06 25,00

Jun/04 28,07 Fev/05 27,68 Out/05 30,32 Jun/06 25,00

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180

Tabela 29 (continuação)- Média de Consumo Diário de Desinfectante na ETA do DMAES.

Jul/04 28,45 Mar/05 28,06 Nov/05 27,76 Jul/06 25,00

Ago/04 26,13 Abr/05 25,00 Dez/05 28,23 Ago/06 25,00

Média de Consumo Diário de Cloro

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

140,0

160,0

jan/04

fev/04

mar/04

abr/04

mai/04

jun/04

jul/04

ago/04

set/04

out/04

nov/04

dez/04

jan/05

fev/05

mar/05

abr/05

mai/05

jun/05

jul/05

ago/05

set/05

out/05

nov/05

dez/05

jan/06

fev/06

mar/06

abr/06

mai/06

jun/06

jul/06

ago/06

Kg/Dia

Figura 30– Consumo de Desinfectante na ETA do DMAES.

O consumo diário de cloro apresenta uma grande queda a partir do final de fevereiro de

2004, devido a substituição do antigo desinfectante pelo hipoclorito de cálcio que,

segundo informações prestadas pelos funcionários da ETA, é mais eficaz. Além disso,

houve o estabelecimento de ordem do supervisor para que houvesse a preparação de

somente 25 kg de hipoclorito por dia. Uma observação a ser feita é que mesmo nos

meses quentes e chuvosos onde a vazão de água na ETA é maior e, pela lógica, deveria

influenciar o uso de hipoclorito, não se detecta variação na quantidade gasta do produto,

como foi observado para o coagulante e alcalinizante. Uma possível razão para isso, e

que é apenas uma hipótese, uma vez que não foi observada essa prática, é o registro de

valores de uso do hipoclorito abaixo do que realmente é consumido na rotina da estação.

Acredita-se que tal fato pode ocorrer devido ao temor dos operadores em receber

repreensão dos seus superiores. Apesar disso, na leitura de planilha dos resultados da

água tratada, observa-se índices de cloro residual e resultados de análises

microbiológicas dentro dos padrões de potabilidade.

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181

o Fluorsilicato de Sódio

Os dados sobre consumo de fluorsilicato de sódio são dispostos na tabela 27 e a sua

variação é representado pelo gráfico da Figura 31.

Tabela 30– Média de Consumo Diário de Fluorsilicato na ETA do DMAES.

Mês Flúor

(kg/Dia) Mês

Flúor

(kg/Dia) Mês

Flúor

(kg/Dia) Mês

Flúor

(kg/Dia)

Jan/04 14,35 Set/04 12,60 Mai/05 12,97 Jan/06 14,31

Fev/04 12,76 Out/04 11,03 Jun/05 13,46 Fev/06 12,50

Mar/04 11,10 Nov/04 5,83 Jul/05 13,67 Mar/06 15,00

Abr/04 11,30 Dez/04 13,71 Ago/05 13,27 Abr/06 14,33

Mai/04 9,62 Jan/05 13,97 Set/05 14,90 Mai/06 14,97

Jun/04 13,90 Fev/05 7,38 Out/05 15,00 Jun/06 15,00

Jul/04 12,40 Mar/05 0,94 Nov/05 14,55 Jul/06 15,00

Ago/04 11,52 Abr/05 13,69 Dez/05 15,00 Ago/06 14,68

Média de Consumo Diário de Flúor

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

jan/04

fev/04

mar/04

abr/04

mai/04

jun/04

jul/04

ago/04

set/04

out/04

nov/04

dez/04

jan/05

fev/05

mar/05

abr/05

mai/05

jun/05

jul/05

ago/05

set/05

out/05

nov/05

dez/05

jan/06

fev/06

mar/06

abr/06

mai/06

jun/06

jul/06

ago/06

Kg/Dia

Figura 31– Consumo de Fluorsilicato na ETA do DMAES.

O preparo da solução de flúor tem critérios que determinam a utilização de 15 kg/dia,

entretanto, nas planilhas observam-se valores registrados diferentes do que é

estabelecido. A partir do gráfico (Figura 30), observa-se que a regularização do uso de

fluorsilicato ocorreu somente a partir de abril de 2005. Antes desse período observam-se

variações irregulares no uso deste produto químico, cujas causas não foram descobertas

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182

pela pesquisa. Considera-se, porém, que o controle preciso da fluoretação é

extremamente importante no sentido de evitar danos a saúde, como a fluorose dentária,

na população abastecida, devido a sobredosagem do produto químico na água.

5.1.2. ETA do SAAE de Itabirito (MG)

A) Gerencial

Funções, Responsabilidade e Treinamento

Na ETA do SAAE de Itabirito, atuam 9 funcionários distribuídos nas seguintes funções:

o Supervisor de ETA

o Supervisor do Controle de Qualidade (Acumula a função de laboratorista nas

análises microbiológicas)

o Operadores/Oficial de Obras e Serviços (Cinco funcionários. Todos realizam

análises físico-químicas para controle de qualidade da água).

o Auxiliar de Serviços Gerais (02 funcionários, sendo um jardineiro e o outro

envasador de copos descartáveis de água tratada pelo SAAE, utilizados em

eventos promocionais).

Os funcionários da ETA apresentam um bom nível de escolaridade para desempenho de

suas funções. Ambos os supervisores cursam o nível superior em Tecnologia de Meio

Ambiente e Saneamento, sendo que o supervisor do controle de qualidade já possui

nível técnico em Química.

Os cinco operadores possuem segundo grau completo com exceção de um que está em

fase de conclusão do nível médio. Os auxiliares de serviços gerais apresentam primeiro

grau (jardineiro) e segundo grau (envasador de copos descartáveis).

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183

Durante as visitas não se evidenciou nenhum programa de treinamento pré-estabelecido

para os operadores que adquirem seus conhecimentos na prática dos serviços no dia-a-

dia e através da troca de experiências com os funcionários mais experientes.

Documentação

Semelhantemente ao DMAES de Ponte Nova, o SAAE de Itabirito também não

apresentou todos os níveis de documentação necessários a um sistema de gestão

ambiental.

Durante o período de visita à administração do SAAE foi informado que o atual sistema

de gestão estava sofrendo um reformulação geral. Para isso foi contratada consultoria

para sistematização das práticas administrativas, tendo como objetivo a padronização da

documentação existente, elaboração de manual do sistema e dos procedimentos,

sistemas de arquivamento de documentação, definição de estrutura e responsabilidade

dentro da empresa, dentre outras coisas. Segundo o atual diretor do SAAE, essas

modificações visam uma futura certificação na área de qualidade de sistemas de gestão.

Dentre os tipos de documentação disponíveis foram observadas instruções de trabalho

localizadas principalmente nos laboratórios de análises físico-químicas e

microbiológicas, descrevendo a operação de aparelhagem e material de laboratório,

metodologias de análise, operação de moto-bombas da captação, lavagem de filtros e

preparação de produtos químicos utilizados no tratamento, dentre outros.

Os registros observados nos arquivos foram referentes à qualidade da água bruta e

tratada (parâmetros físico-químicos e microbiológicos), controle de produtos químicos

utilizados no tratamento, documentos para comunicação interna (circulares, registro de

ocorrências de turno, recebimento de reclamações de clientes...), registros de alguns

procedimentos como lavagem de filtros e dos decantadores.

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184

Contratação de Fornecedores e Prestadores de Serviço

Os supervisores (Geral e de Qualidade) da ETA do SAAE não tem autonomia para

resolver assuntos nesta área, a não ser nos casos em que é necessária a contratação de

algum de serviço de baixo custo para algum reparo de urgência.

Na compra de produtos químicos e na contratação de grandes serviços, o

estabelecimento de critérios e o processo de negociação é realizado pela alta

administração (diretor geral) e pela Comissão de Compras e Licitações composta por

funcionários que trabalham no setor administrativo do SAAE.

Na grande maioria dos casos, tanto as compras, quanto os serviços contratados, são

realizados por meio de editais de licitação onde são incluídos os critérios para a

aquisição de produtos e serviços.

Dentre os editais observados (compra de produtos químicos e prestação de serviços)

foram observadas as seguintes exigências:

• Aquisição pelo Menor Preço

• Especificação de Produto (produtos químicos)

o Nome de Produto

o Quantidade a ser adquirida

o Teor de Pureza

• Descrição do tipo de serviço a ser executado e prazo de conclusão (prestação de

serviços)

• Situação Legal da Empresa

o Certidão Negativa de Débito (CND) do INSS

o Certificado de Regularidade do FGTS (CRF)

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185

o Certidão Negativa do Débito dos Tributos Municipais

o Comprovante de Situação Regular no CNPJ

• Transporte (produtos químicos)

o Prazo de Entrega

o Cumprimento de Normas da Agência Nacional de Transportes Terrestres

(ANTT) na execução do transporte

Assim como no DMAES de Ponte Nova, não se observou normas específicas para ditar

a conduta dos prestadores de serviço na execução das atividades e nem uma sistemática

para fiscalização do cumprimento das exigências feitas.

B) Operacional

A ETA do SAAE foi projetada para o tratamento completo da água captada

compreendendo as seguintes etapas: correção de pH com uso de cal hidratada, mistura

rápida hidráulica, floculação hidráulica, decantação clássica, filtração rápida,

desinfecção por cloração, fluoretação.

Figura 32- Fluxograma do processo de tratamento na ETA do SAAE.

Entrada de Água Bruta

Correção de pH Mistura Lenta

Decantação

Fluoretação Desinfecção Saída de Água

Tratada

Mistura Rápida

Laboratório Físico-Químico e Microbiológico

Filtração

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186

Complementarmente às unidades de tratamento, somam-se a casa de química (área para

armazenamento de produtos químicos, laboratórios de análises físico-químicas e

microbiológicas), moto-bombas para alimentação de reservatório elevado, cuja água é

utilizada na lavagem dos filtros.

Um fator considerado favorável ao tratamento da água é a boa qualidade da água bruta

captada. Nas épocas de estiagem das chuvas (maio a setembro), devido ao baixo nível

de turbidez, a água é tratada sem a utilização de coagulante e cal hidratada, utilizando-se

apenas filtração e aplicação de flúor e cloro.

A ETA de Itabirito foi projetada para uma vazão final de 50 L/s, entretanto, hoje

trabalha numa vazão bem superior que atinge picos de 120 L/s. A produção média diária

de água tratada é de 8.000 m3. O funcionamento da ETA é em regime de escalas de 08

horas, funcionando 24hs/dia, incluindo finais-de-semana e feriados.

A captação da água bruta é realizada em dois pontos distintos: Barragem do Córrego

Seco (Lat.20015’22,1’’S e Long.42050’41,5’’W) e do Córrego do Bação (Lat.

20019’10’’S e Long.45050’37,9’’), ambos localizados na Bacia do Rio das Velhas. As

áreas encontram-se dentro de propriedades privadas e, segundo informações prestadas

pelos funcionários da ETA, são protegidas do acesso por pessoas e animais.

Mistura Rápida e Correção de pH

A mistura rápida é realizada em uma Calha Parshall de 9’’ (W=23cm), cumprindo

também a função de medidor de vazão. Nesta mesma etapa, também é realizada a

correção de pH quando necessária.

A dosagem de sulfato de alumínio é realizada através de um dosador manual feito por

um tubo de PVC cuja alimentação é feita através de bombeamento da solução preparada

em um tanque de preparo de produtos químicos no andar inferior da ETA. A aplicação

do coagulante é realizada logo após a garganta da calha, no ponto de ressalto hidráulico

da água bruta.

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187

O sulfato de alumino utilizado é do tipo granular e é armazenado em sacas na casa de

química. Sua preparação é feita manualmente pelos operadores em tanques de

preparação de produtos químicos. O valor de referência para preparo da solução

alcalinizante é de 50kg de sulfato de alumínio para cada 1.000L de água.

A medição da vazão é feita com uma régua que mede a altura do nível d’água em ponto

pré-determinado antes da garganta da calha. Obtido o resultado em centímetros este é

comparado a uma tabela que apresenta valores associados de nível d’água na calha ao

seu respectivo valor de vazão em L/s.

A correção de pH também é feita quando se verifica baixos valores de pH que poderiam

atrapalhar o processo de coagulação. A dosagem é feita pelo mesmo sistema descrito

para o de coagulação da água, sendo o dosador também manual feito de PVC e

alimentado por um tanque de preparação de cal hidratada localizado no andar inferior da

ETA.

A aplicação do alcalinizante é realizada na Calha Parshall em um ponto anterior à

garganta, próximo ao medidor de vazão. O armazenamento da cal hidratada é feito pelo

estoque de sacas na casa de química e sua preparação é feita manualmente. O valor de

referência para preparo de alcalinizante é de 20 kg para 1.000L de água. A faixa de pH

desejado é de 6,6-7,0.

Durante a visita, estava sendo utilizado, em substituição a cal hidratada, produto

denominado comercialmente de Geocálcio que é o hidróxido de cálcio em suspensão,

dispensando o seu preparo prévio para aplicação na água a ser tratada. O

armazenamento era feito em tanque de PVC na parte externa da ETA e a dosagem

estava sendo feita com o uso de uma bomba peristáltica. O uso definitivo, em

substituição a cal hidratada, ainda estava sendo analisado, através dos resultados de

testes comparativos com a cal hidratada, quanto à eficiência e o custo econômico.

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188

Mistura Lenta

O processo de floculação da água coagulada é realizado através de processo hidráulico

através de 11 câmaras em série do tipo Cox.

A dimensão das câmaras, após observação das plantas de construção da ETA, são as

seguintes: 2,25m (comprimento), 2,00m (largura) e 3,80m (profundidade).

Decantação

O processo de decantação é realizado em dois decantadores clássicos (retangulares) de

fluxo horizontal operados em paralelo. Ambos apresentam as seguintes medidas:

22,00m (comprimento), 5,10m (largura) e 3,50m (profundidade).

Na zona de entrada do decantador a água é distribuída uniformemente através de uma

cortina distribuidora feita em madeira apresentando 45 orifícios circulares

(aproximadamente 15cm de diâmetro cada um). Na zona de saída a água decantada é

recolhida através de calhas coletoras que conduzem a água até os filtros.

O esgotamento da água no decantador é realizado através de uma adufa de fundo

localizada na parte central do decantador. Isso acontece uma vez por ano devido a

necessidade de lavagem do decantador que devido ao acúmulo de lodo no fundo fornece

uma má qualidade de água decantada o que por sua vez sobrecarrega os filtros.

A lavagem do decantador é realizada manualmente pelos próprios operadores da ETA.

O procedimento é feito obedecendo-se os seguintes passos:

o Esvaziamento do decantador

o Lavagem Manual com o uso de rodos de metal para arrastar o lodo e mangueiras

de água de alta pressão

o Reativação e enchimento do decantador

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189

Filtração

A ETA do SAAE de Itabirito trabalha com dois filtros rápidos de camada simples (7

camadas de areia e cascalho com granulometrias diferentes) e fluxo descendente.

As dimensões de ambos os filtros é de 4,10m (comprimento) x 4,40m (largura);

18,04m2 (área).

O sistema de drenagem do filtro é composto por fundo falso com bocais.

A operação dos filtros acontece simultaneamente. A lavagem dos mesmos é feita

alternadamente uma vez por dia, isto é, em um dia lava-se um dos filtros, no dia

seguinte lava-se o outro e assim por diante. Assim, o tempo de carreira de cada um dos

filtros gira em torno de 48 horas.

O controle de nível e vazão dos filtros não é feito de uma maneira sistemática, mas

através de simples observação. Segundo os operadores da ETA, a taxa ótima de filtração

ocorre quando o nível da água no filtro está abaixo ou na altura das calhas de coleta da

água de lavagem do mesmo. A medida que ocorre a perda da capacidade filtrante o

nível da água dentro do filtro vai aumentando. Quando a água está próxima de

transbordar do filtro é o momento de desativá-lo e de executar a sua lavagem.

A quantidade de água gasta na lavagem de cada um dos filtros é de 80m3 por vez. A

lavagem superficial é feita com água pressurizada por uma bomba. O tempo total de

lavagem dura em média 20 minutos.

Desinfecção

A desinfecção da água é feita através da utilização de hipoclorito de sódio (NaClO),

12% em solução. Este produto é armazenado em bombonas de plástico em um pátio

externo ao lado da ETA.

A dosagem é feita pela utilização de um dosador do tipo peristáltico cuja regulagem é

feita manualmente de acordo com a vazão de água bruta na calha parshall. Sua

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190

aplicação é pontual feita na saída da água dos filtros. O controle do valor da dosagem é

realizado através da análise de cloro residual da água tratada.

A câmara de desinfecção apresenta as seguintes medidas: 2,0m (largura) x 5,0m

(comprimento).

Fluoretação

O produto utilizado na fluoretação é o fluorsilicato de sódio (Na2SiF6) com pureza na

ordem de 98,5%. Na casa de química é armazenado sobre estrado de madeira em sacas

plásticas de 50 kg.

A dosagem é realizada através de via úmida por gravidade realizada em ponto na

entrada da câmara de contato. O armazenamento da solução preparada de flúor é feita

em um saturador em formato de cone com capacidade para até 200L de solução

preparada. O controle da dosagem de flúor na água é feita por uma torneira com uma

coluna graduada que informa o valor da dosagem mL/15s.

O preparo das soluções é feita por turno (3 turnos diários), com o despejo de 1,5kg de

fluorsilicato de sódio no saturador que é alimentado constantemente por água para a

dissolução do produto químico. O controle da dosagem é feito através da análise de

flúor na água tratada.

Casa de Química- Área de Armazenamento e Preparação de Produtos

Químicos

O local de armazenamento e preparação de produtos químicos é realizado na mesma

sala. As sacas de cal hidratada, sulfato de alumínio e de fluorsilicato de sódio são

estocadas sobre estrados de madeira próximos aos tanques de preparo.

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191

O hipoclorito de sódio em solução em bombonas e o Geocálcio (hidróxido de cálcio em

suspensão) contido em tanque de fibra de vidro de 1.000L são estocados na parte

externa da ETA.

Na parte de preparação de produtos químicos existem 04 tanques com motores para

agitação mecânica das soluções e também para bombeamento para a calha parshall que

fica na parte superior da ETA. Estes tanques são utilizados para o preparo de coagulante

e alcalinizante (cal hidratada). Ao lado dos tanques, no nível do chão existe canaleta de

escoamento para evitar que eventuais vazamentos de soluções dos tanques se espalhem

pela superfície do chão da sala de armazenamento e molhe as sacas de produtos

químicos.

Casa de Química- Laboratório Físico-Químico

As análises físico-químicas são executadas rotineiramente pelo próprio operador

responsável no turno. À seguir listam-se os seguintes parâmetros monitorados, o ponto

de coleta e o período para a execução da análise:

• pH: águas bruta, floculada, decantada, filtrada e tratada. Período: 2 horas.

• Cor: águas bruta, floculada, decantada, filtrada e tratada. Período: 2 horas.

• Turbidez: águas bruta, floculada, decantada, filtrada e tratada. Período: 2 horas.

• Alcalinidade: água bruta. Período: 1 vez por turno.

• CO2 dissolvido: água bruta, filtrada, tratada. Período: 1 vez por turno.

• Flúor: água tratada. Período: 2 horas.

• Cloro Residual: água tratada. Período: 2 horas.

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192

Os equipamentos utilizados nas análises são: 1 pHmetro, 1 turbidimêtro, 1

espectofotômetro (realiza diversas análises físico-químicas simultaneamente: cor,

turbidez, cloro, flúor) e 1 jartest.

Casa de Química- Laboratório Microbiológico

As análises microbiológicas, assim como as suas respectivas coletas, são realizadas pelo

supervisor do controle de qualidade de água da ETA.

À seguir listam-se os parâmetros avaliados, e o período de execução das análises:

• Bactérias Heterotróficas (número de Unidades Formadoras de Colônias – UFC).

Período: semanal.

• Coliformes Totais (Ausência-Presença). Período: semanal.

• Coliformes Termotolerantes (Ausência-Presença). Período: semanal.

Os ensaios microbiológicos são realizados através da técnica dos tubos múltiplos. Ao

todo são coletadas 60 amostras.

Os principais equipamentos presentes no laboratório microbiológico são: 1 contador de

colônias, 1 balança de precisão, 1 estufa de secagem, 1 geladeira para conservar meios

de cultura, 1 caixa térmica para coletas de amostras de água, 1 deionizador, 1 barrilete

de água destilada, 1 autoclave, 1 banho-maria, 1 capela e 1 estufa bacteriológica.

Plano de Amostragem da Água

À seguir, é descrito o plano de amostragem elaborado pelo supervisor de qualidade do

SAAE de Itabirito.

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193

Tabela 31- Plano de amostragem da água do SAAE de Itabirito. Data: 14/06/07.

SAÍDA DO SISTEMA DE TRATAMENTO

SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO

PARÂMETRO MANANCIAL Nº

AMOSTRAS FREQUÊNCIA

Nº AMOSTRAS

FREQUÊNCIA

COR NTU pH

1 2 HORAS 10 MENSAL

CRL

SUPERFICIAL

1 2 HORAS §3º - ART.

18 §3º - ART. 18

§3º - ART. 18 - Em todas as amostras coletadas para análises microbiológicas deve ser

efetuada, no momento da coleta, medição de cloro residual livre. FLUORETO SUPERFICIAL 1 2 HORAS 5 MENSAL

§1º - ART. 19 - Freqüência mensal no ponto de captação quando o número de cianobactérias não exceder 10.000 células/mL e semanal se >.

CIANOTOXINAS §5º - ART. 18

- Freqüência semanal na saída da ETA e na entrada de clínicas de hemodiálise, quando o número de cianobactérias exceder

20.000 células/mL. SUPERFICIAL 1 TRIMESTRAL 1 TRIMESTRAL

TRIHALOMETANO - As amostras devem ser coletadas, preferencialmente, em pontos de maior detenção da água no sistema de distribuição.

SUPERFICIAL 1 SEMESTRAL 1 SEMESTRAL DEMAIS

PARÂMETROS - Dispensada análise na rede de distribuição quando o parâmetro não for

detectado na saída do tratamento e/ou no manancial, à exceção de substâncias que potencialmente possam ser introduzidas no sistema ao longo da distribuição.

COLIF. TOTAIS SUPERFICIAL 2 SEMANAL 30 + 1 p/ cd 2000 Hab

MENSAL

ART. 19 ART. 10 - V

- Coletar amostras semestrais da água bruta, junto do ponto de captação, para análise de acordo com os parâmetros exigidos na legislação vigente de

classificação e enquadramento de águas superficiais avaliando a compatibilidade. - Os processos de tratamento deverão ser avaliados a cada três meses.

Segundo as informações prestadas pelo supervisor de qualidade da ETA do SAAE,

todos os parâmetros exigidos pela portaria no 518/2004 são analisados obedecendo os

critérios de número de amostras e freqüência.

Reservatório Elevado da ETA

O reservatório elevado da ETA do SAAE de Itabirito possui formato cilíndrico, com um

volume em torno de 80m3 localizado ao lado dos tanques de tratamento. A água

armazenada é utilizada na lavagem dos filtros e também para atender a demanda das

instalações da ETA, na limpeza, cozinha e sanitários.

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194

C) Parâmetros Monitorados na ETA do SAAE de Itabirito

Durante as duas visitas ao SAAE e através de contato por e-mail e telefone, foram

solicitados os dados sobre os parâmetros de qualidade da água bruta captada, entretanto,

esses não foram disponibilizados o que impediu que fosse feita a análise sobre a

qualidade da água bruta captada.

De maneira geral, considera-se que esse fator não prejudicou a execução dos trabalhos,

mas inviabiliza uma discussão sobre a correlação entre parâmetros de qualidade da água

bruta e consumo de produtos químicos o que pode ser de grande valia para os gestores

da ETA para o planejamento anual de compras destes insumos e avaliação da sua

eficiência.

Apesar disso, foi possível observar as sistemáticas de monitoramento através do

acompanhamento das análises laboratoriais, listagem dos parâmetros monitorados e a

forma como são armazenados os resultados. Estes procedimentos de monitoramento são

discutidos em maiores detalhes na parte do checklist do SAAE.

5.2. Resultados do Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais

Os resultados do LAIA são descritos do seguinte modo: construção do fluxograma de

tratamento de água na ETA relacionando a cada etapa os principais processos ou

atividades (procedimentos), identificação dos principais aspectos e impactos ambientais

relacionados a cada procedimento e avaliação do grau de importância ou significância

para o meio ambiente.

Relembrando que os valores de severidade (SEV) do impacto variam de 1 a 3 de acordo

com sua intensidade que somados aos valores de freqüência/probabilidade (F/P) que

também variam de 1 a 3, tem como resultado o valor de importância (I) que indica se o

aspecto ambiental é significativo (I= 5 ou 6), de alta severidade (I=4; SEV=3 e F/P=1)

ou não significativo (I=4 com SEV diferente de 3 ou I=3 ou 2).

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195

5.2.1. ETA do DMAES de Ponte Nova

O Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) na ETA do DMAES de

Ponte Nova foi realizado em um único dia, devido ao maior período (02/05/05 à

07/05/05) gasto na caracterização dos sistemas gerenciais e operacionais que permitiu a

antecipação da elaboração do fluxograma do processo de tratamento de água e a

montagem das planilhas.

Dentre as etapas avaliadas, as que possuem maior significância ou relevância, de acordo

com a metodologia de LAIA, foram a decantação, filtração, fluoretação e desinfecção.

A decantação, devido ao lançamento do lodo em corpos d’água naturais e também aos

riscos ocupacionais envolvidos na execução da limpeza, apresentou-se como a etapa

mais significativa do ponto de vista ambiental.

A filtração também apresentou um aspecto ambiental significativo que foi o consumo

de água na lavagem dos filtros. Observou-se que 3% do total de água produzida na

ETA, é utilizada para a lavagem dos filtros. Este volume não é recirculado para a linha

de tratamento da água sendo despejado no esgoto o que confere ao procedimento de

lavagem dos filtros características significativas, devendo, portanto, ocorrer a tomada de

medidas que minimizem esse desperdício ou reutilizem esta água residual.

A fluoretação e desinfecção tiveram aspectos ambientais significativos devido ao risco

de contaminação dos operadores na preparação de produtos químicos para aplicação na

água a ser tratada. Apesar de serem fornecidos equipamentos de proteção individual

(EPIs) para proteção dos operadores, observaram-se algumas falhas (ex: falta de

equipamentos de proteção coletiva – EPCs; uso incompleto de EPIs, ausência de fichas

de informação sobre segurança de produtos químicos – FISPQs, no local; falta de

procedimentos orientando a execução da preparação dos produtos e atendimentos de

primeiros socorros nos casos de intoxicação...) que podem colocar a segurança destes

trabalhadores em risco.

Os resultados do LAIA são apresentados e discutidos em detalhes nas próximas páginas.

As planilhas preenchidas durante a coleta de dados no DMAES são apresentadas no

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196

apêndice D. Na Figura 33, é apresentado fluxograma do processo de tratamento da água

no DMAES, onde se observam cada uma das etapas e dos seus procedimentos.

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197

Figura 33– Fluxograma do processo de tratamento de água do DMAES. As caixas com linhas

pontilhadas representam os diversos procedimentos associados a cada etapa do tratamento.

Entrada de Água Bruta

Mistura Rápida

Mistura Lenta

Decantação

Filtração

Fluoretação

Desinfecção

Correção pH

Saída de Água Tratada

Transporte rodoviário do coagulante

Abastecimento do reservatório

Armazenamento no reservatório

Regulagem da dosagem

Limpeza das câmaras

Funcionamento normal

Limpeza do decantador

Funcionamento Normal

Limpeza de sedimentos acumulados

Transporte rodoviário do fluorsilicato

Preparo da dosagem

Aplicação da dosagem

Transporte rodoviário do hipoclorito

Preparo da dosagem

Aplicação da dosagem

Transporte rodoviário da

cal

Preparo da dosagem

Aplicação da dosagem

Coleta de amostras

Análises de qualidade

Lavagem dos filtros

Funcionamento Normal

Coleta de amostras

Análises de qualidade

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198

Entrada de Água Bruta

a) Processo ou Atividade: Limpeza de sedimentos acumulados

• Aspecto Ambiental: Risco de queda do operador da escada de acesso ao

aerador (alta severidade).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 1; I= 4).

• Aspecto Ambiental: Contaminação do operador por microorganismos

patogênicos

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 1; I= 2).

Foi considerado como ponto inicial para a análise de aspectos e impactos ambientais,

antes mesmo da etapa de mistura rápida, o antigo aerador que já não desempenha mais

esta função e se optou por denominá-lo de entrada de água bruta (Figura 34).

Em relação a esta etapa, segundo informações prestadas pelos funcionários, é realizado

o procedimento de limpeza de sedimentos no piso superior do aerador. A periodicidade

para a execução deste procedimento não é pré-estabelecida e é feita de maneira casual.

Figura 34– Entrada da água bruta (antigo aerador desativado). Data: 04/05/05.

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199

Um dos problemas encontrados neste procedimento de limpeza é que apesar de não ser

feito com grande freqüência, oferece risco à saúde dos operadores através do risco de

queda na subida ou descida da escada de acesso ao piso superior do aerador. Esta se

apresenta em más condições para seu uso seguro, apresentando sinais de corrosão e

inclusive com degraus quebrados conforme mostra a foto da Figura 35.

Figura 35– Escada de acesso a entrada de água bruta. Data: 04/05/05.

Outro aspecto ambiental detectado foi o risco de contaminação dos operadores por

microorganismos patogênicos que podem estar na água bruta. Porém, este não foi

considerado significativo devido à informação que são utilizadas botas de borracha de

cano longo e vestimentas adequadas para a execução da limpeza. Além disso, a altura

da água no aerador é bem baixa o que elimina a possibilidade de contato da água bruta

com o operador que executa a limpeza.

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200

Mistura Rápida

a) Processo ou Atividade: Transporte rodoviário do coagulante (sulfato de alumínio

líquido)

• Aspecto Ambiental: Risco de derramamento do produto em caso de acidente

(alta severidade).

o Impacto Ambiental: Contaminação de solo e/ou corpo d’água (SEV=

3; F/P= 1; I= 4).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 1; I= 4).

b) Processo ou Atividade: Abastecimento do reservatório de coagulante

• Aspecto Ambiental: Risco de vazamento do produto durante o enchimento

do reservatório (alta severidade).

o Impacto Ambiental: Contaminação do solo e/ou corpo d’água (SEV=

3; F/P= 1; I= 4).

c) Processo ou Atividade: Armazenamento do produto

• Aspecto Ambiental: Risco de rompimento do reservatório e/ou da tubulação

de coagulante (aspecto significativo).

o Impacto Ambiental: Contaminação do solo (SEV= 3; F/P= 2; I= 5).

d) Processo ou Atividade: Regulagem da Dosagem

• Aspecto Ambiental: Geração de ruído (aspecto significativo)

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 3; I= 5).

• Aspecto Ambiental: Contato do sulfato com a epiderme do operador

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 3; I= 4).

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201

O transporte rodoviário de produtos químicos utilizados no tratamento de água (item a)

é, na grande maioria das companhias de abastecimento de água, objeto de descuido por

parte dos gestores que deixam o planejamento desta atividade a cargo exclusivo da

indústria química fornecedora do respectivo produto químico adquirido.

Acredita-se que essa negligência por parte dos responsáveis pela companhia de

abastecimento seja devido ao desconhecimento das conseqüências, que podem ser em

termos ambientais ou de responsabilidade civil, advindas de um acidente causado com

essas cargas de produtos químicos.

Em primeiro lugar, um dos fatores que deve ser observado é que boa parte dos produtos

químicos utilizados no tratamento da água são considerados como produtos perigosos

segundo a classificação do Livro Laranja da Organização das Nações Unidas (ONU). O

coagulante utilizado no tratamento do DMAES de Ponte Nova, o sulfato de alumínio

em solução, possui número da ONU 1760 e é classificado no grupo de risco 8 das

substâncias corrosivas. Segundo o Guia 154 do Manual para Atendimento de

Emergências com Produtos Perigosos – 2002, da Associação Brasileira de Química

(ABIQUIM), a inalação, ingestão ou contato com a pele com este produto pode causar

lesões graves e até a morte. Além disso, em casos de incêndio do veículo transportador,

o fogo pode produzir gases irritantes, corrosivos ou tóxicos e as águas residuais para

controle de incêndio podem ser corrosivas, tóxicas ou causar poluição.

Um outro fator que também deve ser observado é a responsabilidade civil da companhia

de abastecimento sobre a carga perigosa em caso de acidente. A Política Nacional de

Meio Ambiente (lei no 6.938/81) em seu artigo terceiro, inciso IV, qualifica como

poluidor a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável direta ou

indiretamente por atividade causadora de degradação ambiental. Observa-se então, que

apesar do acidente poder ser atribuído diretamente ao motorista ou empresa responsável

pelo transporte, nos casos em que estes não puderem arcar com os custos de indenização

pelo dano ambiental, os juízes podem responsabilizar a indústria química fornecedora

do produto ou a própria companhia de abastecimento de água que neste caso específico

era o destino da carga acidentada.

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202

Esse procedimento tem sido bastante comum em casos de reparação de danos

ambientais que, em muitas vezes, exigem gastos enormes em dinheiro. O detalhe é que

por muitas vezes, devido a incapacidade do responsável direto em arcar individualmente

com o custo da reparação, os responsáveis indiretos acabam sendo acionados também

(TEIXEIRA, 2004). Este princípio é conhecido no Direito como Responsabilidade

Solidária.

Por esses motivos, na avaliação de aspectos e impactos ambientais deste trabalho, o

transporte de qualquer produto químico utilizado no tratamento de água que seja

considerado perigoso, segundo classificação da ONU, será avaliado com valor de

severidade 3 ou muito severo. Devendo portanto, ser objeto de preocupação devido aos

risco de danos ambientais ou mesmo econômicos advindos de processos jurídicos em

casos de acidente com as cargas.

No item b, foi avaliado o procedimento de abastecimento do reservatório de sulfato de

alumínio que é executado pelo próprio motorista do caminhão tanque contendo o

produto. Segundo informações prestadas por este funcionário, existem normas

documentadas e treinamentos para a correta execução das atividades de transporte,

contenção de vazamentos em casos de acidentes e descarga dos produtos químicos

transportados.

Um detalhe importante é que na ocasião, nenhum funcionário da ETA acompanhava o

processo de descarga do produto, fator considerado imprescindível para o controle de

quaisquer não-conformidades (ex: execução incorreta do procedimento, vazamentos do

produto) executadas pelo motorista da empresa transportadora. Na Figura 36, a seguir, é

mostrado o caminhão utilizado para transporte de sulfato de alumínio líquido.

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203

Figura 36– Caminhão tanque utilizado no transporte de sulfato de alumínio líquido. Data: 20/03/06.

No item c, referente a armazenagem do produto foi considerado o risco de rompimento

e vazamentos do reservatório de sulfato como aspecto significativo, uma vez que não se

observou quaisquer estruturas como, por exemplo, uma bacia de contenção, para evitar

que eventuais vazamentos contaminem o solo ou prejudiquem a saúde de algum

operador que tente conter o produto químico vazante (Figura 37).

Figura 37– Reservatório de sulfato de alumínio líquido. Notar a ausência de estrutura para contenção de

vazamentos. Data: 04/05/05.

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204

O item d é relativo à regulagem da dosagem de coagulante na água bruta e apresentou,

segundo observação feita, aspectos ambientais relacionados ao ruído e riscos de lesões

causadas pelo contato do sulfato com a epiderme do operador. Dentre estes, o ruído foi

considerado um aspecto significativo por três motivos: magnificação do nível de ruído

devido a calha parshall se localizar dentro do prédio da ETA, freqüência de exposição

dos operadores ao ruído devido a necessidade de regulagem da dosagem do sulfato na

água e falta de uso de protetor auricular pelos operadores (Figura 38).

Figura 38– Calha Parshall e dosador de orifício de nível constante para aplicação de coagulante. Data:

04/05/05.

Mistura Lenta

a) Processo ou Atividade: Limpeza das câmaras

• Aspecto Ambiental: Despejo de lodo pelo esgoto (alta severidade)

o Impacto Ambiental: Contaminação de corpos d’água (SEV= 3; F/P=

1; I= 4).

b) Processo ou Atividade: Funcionamento normal

• Aspecto Ambiental: Risco de queda dos operadores dentro das câmaras

(aspecto significativo).

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205

o Impacto Ambiental: Riscos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 3; I= 6).

• Aspecto Ambiental: Vazamento de águas por rachaduras das câmaras

(aspecto significativo).

o Impacto Ambiental: Desperdício de recursos naturais (SEV= 3; F/P=

3; I= 6).

O procedimento de limpeza das câmaras dos floculadores, segundo informações dos

funcionários, não é feita com grande freqüência e nem existe uma periodicidade pré-

estabelecida. As câmaras não apresentam adufas para esgotamento da água, então a sua

limpeza é realizada pelo uso de bombas que esgotam o seu conteúdo e o despejam

através de uma saída para o sistema de esgoto da ETA.

Vários trabalhos (BARROSO, 2002; BARROSO & CORDEIRO apud DI

BERNARDO, 2002; SOUZA, 2004) têm discutido o lançamento de resíduos do

tratamento de água em corpos d’água alegando que os níveis de metais como de

alumínio, cádmio, cromo e zinco são bem superiores aos valores pré-estabelecidos para

o lançamento de efluentes segundo a resolução CONAMA n o 357 / 2005. Por isso,

assim como o lodo de decantador, o resíduo dos floculadores também deve ter uma

destinação adequada, afim de se minimizar quaisquer impactos ambientais advindos da

sua disposição inadequada.

Dois aspectos ambientais considerados como significativos, segundo a metodologia de

análise deste trabalho, foram o risco de queda dos operadores dentro das câmaras e o

vazamento de águas por rachaduras.

No primeiro caso, observou-se trânsito freqüente de operadores por entre as duas séries

de floculadores que não possuem proteção para evitar a queda dos trabalhadores dentro

das câmaras (Figura 39).

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206

Figura 39– Séries de floculadores Cox. As setas vermelhas indicam a falta de grades de proteção para a

série de floculadores da esquerda da foto. Data: 04/05/05.

No segundo caso, foram observadas diversas rachaduras nas paredes externas dos

floculadores pelas quais vazam água incessantemente (Figura 40). Toda essa água é

conduzida por um canal até o esgoto. Além de desperdício de um recurso natural

importante como a água, esses vazamentos representam um desperdício de energia

elétrica e de recursos financeiros, uma vez que a água bruta captada é bombeada até a

ETA.

Figura 40– Vazamentos detectados na parte inferior das câmaras dos floculadores. As setas vermelhas

indicam os vazamentos. Data: 06/05/05.

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Decantação

a) Processo ou Atividade: Limpeza do decantador

• Aspecto Ambiental: Risco de queda do operador no decantador, na

subida/descida da escada para raspagem manual do lodo (aspecto

significativo).

o Impacto Ambiental: Riscos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 2; I= 5).

• Aspecto Ambiental: Risco de contaminação do operador p/ patogênicos

(aspecto significativo).

o Impacto Ambiental: Riscos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 2; I= 5).

• Aspecto Ambiental: Peso dos rodos de limpeza

o Impacto Ambiental: Riscos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 2; I= 4).

• Aspecto Ambiental: Despejo do lodo em corpo d’água (aspecto

significativo).

o Impacto Ambiental: Contaminação de corpo d’água (SEV= 3; F/P=

2; I= 5).

• Aspecto Ambiental: Consumo d’água durante a lavagem (aspecto

significativo).

o Impacto Ambiental: Uso de recursos naturais (SEV= 3; F/P= 2; I= 5).

• Aspecto Ambiental: Risco de queda do operador no decantador durante a

lavagem das paredes (aspecto significativo).

o Impacto Ambiental: Riscos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 3; I= 6).

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208

b) Processo ou Atividade: Funcionamento normal

• Aspecto Ambiental: Vazamento d’água por rachaduras do decantador

(aspecto significativo).

o Impacto Ambiental: Desperdício dos recursos naturais (SEV= 3;

F/P= 3; I= 6).

O processo de limpeza dos decantadores foi acompanhado durante dois dias no DMAES

de Ponte Nova onde foi possível observar diversos aspectos ambientais importantes que

devem ser objeto de preocupação dos gerentes de uma ETA.

Dentre esses aspectos, três são relacionados a saúde e segurança dos operadores e foram

todos considerados significativos pela metodologia de LAIA: risco de queda do

operador durante a subida/descida da escada para lavagem do decantador ou na lavagem

das paredes do decantador e risco de contaminação dos operadores por

microorganismos patogênicos (Figuras 41,42 e 43 respectivamente).

Figura 41– Descida do operador pela escada a fim de se executar limpeza manual do decantador. Data:

07/05/05.

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Figura 42– Operador executando limpeza das paredes do decantador com o uso de mangueira. Data:

14/05/05.

Figura 43– Operador em meio ao lodo do decantador. Data: 07/05/05.

Nas Figuras 41e 42 observa-se o risco de queda do operador na descida da escada e na

lavagem das paredes do decantador. Durante a lavagem do decantador não se observou

nenhum procedimento pré-estabelecido ou equipamentos de segurança para a realização

da lavagem do decantador.

Na Figura 43 observa-se operador se deslocando no meio do lodo do decantador para a

execução da raspagem manual. Como se pode observar, o operador apresenta-se com

trajes inadequados para a atividade, uma vez que não se evita o contato do lodo, que

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além de vários metais, também pode oferecer o risco de contaminação por

microorganismos patogênicos como é sugerido por Almeida et al (1994) em pesquisa

sobre contaminação e em trabalhadores do setor de saneamento por leptospirose.

Da pesquisa de Almeida et al (1994), é importante observar que, apesar de ser um

serviço cujas condições de trabalho aparentem ser mais higiênicas do que a dos outros

setores (esgoto, limpeza pública e limpeza de bueiros e galerias), o tratamento de água

apresentou a maior proporção de trabalhadores infectados por leptospirose. Portanto, o

risco de contaminação do operador por patogênicos é um aspecto ambiental que deve

ser considerado em todas as etapas do tratamento que envolvam algum tipo de contato

com a água bruta.

Figura 44– Despejo de lodo nas águas do rio Piranga. Data: 07/05/05.

O despejo do lodo de decantador em corpos d’água (Figura 44) é considerado por

muitos autores (BARROSO, 2002; BARROSO & CORDEIRO apud DI BERNARDO,

2002; CORDEIRO & CAMPOS, 1999; PORTELLA, 2003; SOUZA, 2004) como um

dos aspectos ambientais mais relevantes no tratamento da água para abastecimento

público. Por meio da caracterização físico-química do lodo foi detectado que vários

parâmetros como alumínio, cádmio, cromo e zinco, possuíam concentrações muito

elevadas quando comparadas com os valores estabelecidos para lançamentos de

efluentes, segundo a resolução CONAMA n o 357 / 2005.

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211

Assim, o lançamento do lodo de decantador em corpos d’água é considerado

inadequado do ponto de vista legal, podendo causar impacto ambiental sobre a biota

aquática local. Apesar disso, não é observada uma postura adequada em relação a essa

questão, não só por parte do DMAES de Ponte Nova, mas também pela grande maioria

das empresas de saneamento no país. Evidenciando esse quadro de inadequação,

Parsekian (1998) em seu trabalho de avaliação do gerenciamento de onze ETAs

detectou que dez delas lançavam o lodo de decantador em corpos d’água e apenas uma

tratava adequadamente aquele resíduo pelo uso de leitos de secagem para posterior

disposição em aterro sanitário.

Assim, pode-se considerar que o lançamento de lodo de decantador em corpos d’água é

um problema de ordem conjuntural no setor de saneamento, todavia, isso não pode

servir de justificativa para que as ETAs continuem não tratando e dispondo

adequadamente este resíduo gerado pela sua atividade.

Figura 45- Vazamento de água por rachadura do decantador. Data: 05/05/05.

Um último aspecto considerado significativo em relação a etapa de decantação são os

vazamentos de água por rachaduras nas paredes destes tanques (Figura 45).

Essas perdas de água somadas aos outros vazamentos de outros locais da ETA, como as

que foram verificadas nos floculadores e galerias dos filtros geram um desperdício de

água que acaba retornando ao esgoto.

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Além de se considerar a própria questão ambiental do desperdício de água, deve-se

também avaliar a questão do custo energético envolvido nesse aspecto ambiental, uma

vez que a água perdida nos vazamentos faz parte de um volume total que foi bombeado

do manancial até a ETA e exigiu consumo de energia elétrica que por sua vez, faz parte

das despesas repassadas pela companhia de abastecimento ao consumidor através da

conta d’água.

Filtração

a) Processo ou Atividade: Lavagem do filtro

• Aspecto Ambiental: Consumo de água na lavagem dos filtros (aspecto

significativo).

o Impacto Ambiental: Esgotamento dos recursos naturais (SEV= 3;

F/P= 3; I= 6).

• Aspecto Ambiental: Despejo d’água de lavagem em corpo d’água (aspecto

significativo).

o Impacto Ambiental: Danos a biota aquática (SEV= 2; F/P= 3; I= 5).

• Aspecto Ambiental: Risco de queda do operador durante a lavagem

superficial do filtro (aspecto não significativo).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 3; I= 4).

b) Processo ou Atividade: Funcionamento normal

• Aspecto Ambiental: Geração de ruído do canal de água filtrada

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 2; I= 4).

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213

O processo de lavagem dos filtros na ETA (Figura 46) é considerado, neste trabalho, um

dos principais problemas ambientais envolvidos no processo de tratamento de água.

O consumo de água utilizado a cada lavagem dos filtros gira em torno de 90-100 m3 e o

número dessas lavagens esteve entre quatro e seis vezes por dia, de acordo com os

registros da atividade. Utilizando-se cinco como a média diária de lavagens de filtro na

ETA do DMAES, estima-se um gasto diário de água em torno de 450-500 m3.

Considerando-se que a produção média de produção de água tratada é de

505.440m3/mês, o uso mensal de água na lavagem do filtro de 15.000 m3, em média,

corresponde a 3% do total do volume de água que sai da ETA.

A partir das observações feitas sobre a operação dos filtros detectou-se um baixo tempo

de carreira destes variando numa faixa de 07-10 horas o que determina uma maior

freqüência de lavagens diárias dos filtros e consequentemente, pode explicar esse gasto

de água discutido no parágrafo anterior.

Vale ressaltar que a água utilizada na lavagem dos filtros provém do montante da água

tratada na ETA e que não ocorre reaproveitamento da mesma, sendo o seu destino final

o lançamento pelo sistema de esgoto sanitário. Além do grande desperdício de uma

água cuja qualidade é muito semelhante a da água bruta, exceto no que se diz respeito

ao teor de alumínio (MENEZES et al, 2005; SCALIZE & DI BERNARDO, 2000),

considera-se também que o despejo de água de lavagem de filtros se constitui em perda

econômica para a própria companhia de abastecimento, uma vez que a água utilizada na

lavagem é tratada da ETA cujos custos envolvem gastos com energia elétrica, produtos

químicos e folha de pagamento de funcionários que realizam o processo de tratamento.

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Figura 46– Lavagem de filtro. Data: 05/05/05.

Vários fatores podem ser atribuídos como causas para esse problema, destacando-se

duas nesta discussão. A primeira delas é a atual vazão de água tratada pela ETA, com

vazões mínimas de 130 L/s e vazões máximas de 260 L/s, gerando médias mensais que

variam de 170 L/s até 207 L/s de acordo com as análises dos registros de operação e que

por sua vez superam em muito a vazão máxima de projeto da ETA que é de 140 L/s.

Consequentemente, os tempos de detenção nos floculadores e decantadores diminuem

drasticamente o que pode ocasionar o arraste de flocos para os filtros que, por sua vez,

facilitam a colmatação dos meios filtrantes.

Uma segunda causa para o problema de baixo tempo de carreira dos filtros pode ser a

ineficiência do processo de lavagem dos filtros. Dois fatores são considerados

essenciais para uma retrolavagem eficiente. O primeiro é o grau de expansão do meio

filtrante que deve estar entre 10 e 20% e é dependente da velocidade de lavagem da

ordem de 0,5 a 0,6 m/min para filtros descendentes e 0,8 a 1,0 m/min para filtros

ascendentes (RICHTER & NETTO, 1995). O segundo fator importante é o tempo de

lavagem dos filtros que deve girar em torno de 10-15 min (LIBÂNIO, 2005) ou o

suficiente para gerar uma turbidez de água de lavagem menor que 10 NTU (BASTOS et

al, 2000). Na avaliação feita por esta pesquisa, detectou-se um tempo de lavagem

variável de 6-7 minutos, o que segundo a literatura especializada é considerado

insuficiente para uma lavagem eficiente.

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No ano de 2000, em trabalho realizado por Bastos et al (2000) sobre o desempenho da

ETA do DMAES de Ponte Nova, verificou-se velocidades reais de filtração bem

superiores às velocidades teóricas, o que segundo o autor, são decorrentes de problemas

de distribuição de vazões entre os decantadores e os filtros, além de indicar condições

diversas do estado de conservação dos leitos filtrantes. Assim, conclui-se que o tempo

de carreira dos meios filtrantes pode estar sendo influenciado principalmente pelo seu

mau estado de conservação que pode ser decorrente de uma lavagem ineficiente.

Fluoretação

a) Processo ou Atividade: Transporte rodoviário de fluorsilicato de sódio

• Aspecto Ambiental: Risco de derramamento do produto em caso de acidente

(alta severidade).

o Impacto Ambiental: Contaminação do solo e/ou água (SEV= 3; F/P=

1; I= 4).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 1; I= 4).

b) Processo ou Atividade: Preparação da dosagem

• Aspecto Ambiental: Carregamento manual de sacas (50kg).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 2; I= 4).

• Aspecto Ambiental: Geração de poeira química (aspecto significativo).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 2; I= 5).

• Aspecto Ambiental: Geração de resíduos (embalagens vazias).

o Impacto Ambiental: Contaminação do Solo (SEV= 1; F/P= 2; I= 3).

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c) Processo ou Atividade: Aplicação da dosagem

• Aspecto Ambiental: Risco de vazamento da solução do saturador

o Impacto Ambiental: Contaminação de solo e/ou água (SEV= 2;

F/P=1; I= 3).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 1; I= 3).

Assim como o sulfato de alumínio, o fluorsilicato de sódio (Na2SiF6) também não

possui qualquer tipo de participação dos gestores das ETAs em seu transporte

rodoviário. Este produto é considerado perigoso, possuindo número da ONU 2674 e

classe de risco 6.1 (substâncias tóxicas).

O aspecto significativo da etapa de fluoretação relaciona-se ao processo de preparação

da dosagem do Na2 Si F6, onde se observa o risco de contaminação dos operadores que

a manuseiam. Segundo o “Manual para Atendimento de Emergências com produtos

Perigosos” da ABIQUIM o Na2 Si F6 é tóxico a saúde humana e em casos de inalação,

ingestão ou contato com a pele podem causar lesões graves ou até a morte do indivíduo.

Ainda, segundo o manual da ABIQUIM, deve-se evitar qualquer tipo de contato do

produto com a pele e os efeitos do contato ou da inalação podem não ser imediatos.

O processo de preparação da solução de Na2SiF6 para dosagem na água foi

acompanhado por duas vezes na ETA do DMAES. Segundo informações prestadas

pelos operadores foi promovido um treinamento para utilização de EPIs, no entanto,

foram observadas algumas deficiências:

• Não utilização de vestimentas adequadas ao preparo de produtos químicos (ex:

blusas de manga curta, não utilização de botas).

• Retirada do respirador antes do término de preparo do produto.

• Os operadores afirmaram não saber e não foi observado procedimento que

instrua sobre as trocas de filtro dos respiradores.

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• Falta de limpeza das luvas utilizadas para manusear os produtos químicos.

Outras deficiências detectadas, dizem respeito a ausência dos Equipamentos de Proteção

Coletiva (EPC) como chuveiros e lava-olhos na área de preparação de produtos

químicos na ETA.

Além disso, não foram observadas também instruções de trabalho para preparo do

produto químico no local, além de Fichas de Informações sobre Segurança de Produtos

Químicos (FISPQ) e procedimento para atendimento de emergências.

Desinfecção

a) Processo ou Atividade: Transporte rodoviário

• Aspecto Ambiental: Risco de derramamento do produto em caso de acidente

(alta severidade).

o Impacto Ambiental: Contaminação de solo e/ou água (SEV= 3;

F/P=1; I= 4).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 1; I= 4).

b) Processo ou Atividade: Preparação da dosagem

• Aspecto Ambiental: Carregamento manual de baldes (45kg)

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 2; I= 4).

• Aspecto Ambiental: Geração de poeira química (aspecto significativo)

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 2; I= 5).

• Aspecto Ambiental: Geração de resíduos (embalagens vazias)

o Impacto Ambiental: Contaminação do solo (SEV= 1; F/P= 2; I= 3).

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• Aspecto Ambiental: Consumo de energia na mistura da solução

o Impacto Ambiental: Esgotamento de recursos naturais (SEV= 1;

F/P= 3; I= 4).

c) Processo ou Atividade: Aplicação da dosagem

• Aspecto Ambiental: Risco de vazamento da solução de cloro do reservatório

(aspecto significativo).

o Impacto Ambiental: Contaminação de solo e/ou água (SEV= 2; F/P=

3; I= 5).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 1; I= 4).

• Aspecto Ambiental: Geração de resíduos do tanque de aplicação

o Impacto Ambiental: Contaminação solo e/ou água (SEV= 2; F/P= 1;

I= 3).

O hipoclorito de cálcio (CaOCl2) com teor de cloro ativo igual a 65%, segundo manual

da ABIQUIM possui número da ONU 1748 e classe de risco 5.1 (substâncias

oxidantes). No caso de inalação, ingestão ou contato da substância ou do vapor na pele

ou nos olhos pode causar queimaduras, ferimentos graves e até mesmo a morte.

O procedimento de preparação da solução de hipoclorito de cálcio para utilização na

desinfecção apresenta as mesmas deficiências de segurança vistas no processo de

fluoretação.

Um fator positivo verificado na etapa de desinfecção foi a substituição do antigo

desinfectante de baixo teor de cloro ativo pelo hipolclorito de cálcio com teor mínimo

de cloro ativo igual a 65%. Esta mudança causou obviamente um melhora no

rendimento de produto, pois antigamente utilizava-se em torno de 140 kg de

desinfectante no preparo da dosagem diária. Atualmente, segundo informações

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prestadas pelo gerente da ETA, houve um ganho em economia para a ETA e uma

redução do esforço dos operadores no preparo da solução desinfectante que passaram a

utilizar apenas 25 kg diários CaOCl2.

Correção de pH

a) Processo ou Atividade: Transporte rodoviário de cal hidratada

• Aspecto Ambiental: Risco de derramamento do produto em caso de acidente

(não significativo).

o Impacto Ambiental: Contaminação de solo e/ou água (SEV= 1; F/P=

1; I= 2).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 1; I= 2).

b) Processo ou Atividade: Preparação da dosagem

• Aspecto Ambiental: Carregamento de sacas (20kg)

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 2; I= 4).

• Aspecto Ambiental: Geração de poeira química (aspecto significativo)

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 2; I= 5).

• Aspecto Ambiental: Geração de resíduos (embalagens vazias)

o Impacto Ambiental: Contaminação do solo (SEV= 1; F/P= 2; I= 3).

• Aspecto Ambiental: Consumo de energia na mistura da dosagem

o Impacto Ambiental: Esgotamento de recursos naturais (SEV= 1;

F/P= 3; I= 4).

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c) Processo ou Atividade: Aplicação da dosagem

• Aspecto Ambiental: Risco de vazamento da solução de cal do tanque de

mistura.

o Impacto Ambiental: Contaminação de solo e/ou água (SEV= 1; F/P=

3; I= 4).

• Aspecto Ambiental: Geração de resíduos de cal do tanque de mistura.

o Impacto Ambiental: Contaminação de solo e/ou água (SEV= 1; F/P=

3; I= 4).

A cal hidratada utilizada na correção de pH não é classificada como produto perigoso,

entretanto apresenta causticidade o que pode causar queimaduras ou irritações quando

em contato com a umidade da pele.

Mesmo quando realizada cuidadosamente, a manipulação de cal hidratada produz

levantamento de pó (poeira química) o que torna necessário o uso de EPIs como

respiradores, óculos e vestimentas adequadas para o manuseio seguro.

Na preparação do leite de cal para uso no tratamento da água foram observadas as

mesmas falhas observadas nos preparos dos outros produtos químicos (fluorsilicato de

sódio e hipoclorito de cálcio) o que influenciou no resultado da avaliação considerando

esta atividade como aspecto significativo devido ao risco a segurança da saúde dos

operadores.

Laboratório Físico-Químico e Microbiológico

a) Processo ou Atividade: Coleta de amostras p/ análise

• Aspecto Ambiental: Risco de contaminação por patogênicos

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o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 3; I= 4).

b) Processo ou Atividade: Análises de qualidade da água

• Aspecto Ambiental: Risco de contaminação por patogênicos (aspecto

significativo)

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 3; I= 5).

• Aspecto Ambiental: Descarte de material biológico

o Impacto Ambiental: Contaminação de solo e/ou água (SEV= 1; F/P=

1; I= 2).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 1; I= 2).

c) Processo ou Atividade: Armazenamento de reagentes

• Aspecto Ambiental: Risco de vazamento de reagentes químicos vencidos

(aspecto significativo).

o Impacto Ambiental: Contaminação de solo e/ou água (SEV= 3; F/P=

2; I= 5).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 2; I= 5)

O laboratório de análises físico-químicas e microbiológicas apresentou procedimentos

definidos para a execução das análises de rotina o que favorece a diminuição do risco a

segurança dos operadores envolvidos nas análises (itens a e b). Apesar disso, dois

problemas foram detectados.

O primeiro problema verificado foi a falta de alguns EPIs (Ex: máscara para o rosto,

avental, tocas para o cabelo) importantes para evitar que haja uma contaminação do

operador por algum microorganismo patogênico que possa estar crescendo no meio de

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cultura. Além disso, o EPI também é importante para que o próprio operador não

contamine a amostra microbiológica a ser analisada.

O segundo problema detectado foi a armazenagem dos produtos químicos com prazo de

validade vencido e que eram utilizados nas análises físico-químicas. Na vistoria feita no

armário onde é feito este armazenamento detectou-se vários produtos perigosos à saúde

humana como ácido sulfúrico que é extremamente corrosivo, solução de formol irritante

para pele, frascos não identificados o que impossibilita o correto atendimento de uma

pessoa que venha a se acidentar com o produto e solução de cianeto de potássio que é

extremamente venenosa.

Outras falhas identificadas nesse ambiente foram a falta de identificação do armário

como sendo um local de risco químico prevenindo assim a ocorrência de acidentes com

pessoas desavisadas e a própria inadequação do local para armazenamento destes

resíduos que em caso de vazamento podem facilmente contaminar o ambiente externo.

Ressalta-se aqui que apesar da armazenagem de produtos vencidos ter se tornado um

problema a mais a ser resolvido pela ETA, essa atitude de não lançar estes resíduos na

natureza, o que seria uma “solução” muito mais fácil, demonstra responsabilidade da

empresa e dos funcionários com o meio ambiente. Na Figura 47, a seguir, é apresentado

o armário com reagentes vencidos.

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223

Figura 47– Armário onde são estocados os reagentes com prazo de validade vencidos. Data: 06/05/05.

5.2.2. ETA do SAAE de Itabirito (MG)

O LAIA no SAAE foi realizado simultaneamente ao questionário de caracterização dos

sistemas gerencial e operacional de ETA.

Os resultados para o SAAE foram bem semelhantes ao do DMAES provavelmente

devido a semelhança no tipo de tratamento da água e nas etapas envolvidas. Do ponto

de vista ambiental, as etapas que foram mais significativas são: mistura rápida,

decantação, filtração e fluoretação.

O destaque dado aqui à mistura rápida é devido ao procedimento de preparação do

coagulante para dosagem na água o que exige a exposição dos operadores ao risco de

contaminação e danos à própria saúde. Assim como a coagulação, a fluoretação também

exige o preparo prévio de solução de flúor para dosagem na água a ser tratada, incidindo

nos mesmos riscos ocupacionais. Além disso, em ambas as etapas de tratamento citadas

anteriormente, não se observou a presença de EPCs, FISPQs no local e registros de

treinamento relacionados à segurança no manuseio de produtos químicos o que, num

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eventual acidente, podem ser decisivos no salvamento de vidas ou minimização dos

danos a saúde.

Outra etapa com grande significância em termos ambientais é a de decantação cujo

processo de lançamento do lodo em corpos d’água parece ser agravado pela baixa vazão

do córrego da Carioca o que dificulta a depuração e acentua, pelo menos visualmente, o

efeito deste resíduo sobre as características naturais do pequeno corpo receptor. Além

disso, foram observadas diversas questões relacionadas à segurança ocupacional na

execução do procedimento de lavagem do decantador que devem se tornar objeto de

preocupação dos gestores com a finalidade de se diminuir as possibilidades de

ocorrência de acidentes naquele ambiente de trabalho.

A filtração demonstrou funcionar eficientemente no tratamento de água do SAAE,

gerando um consumo relativamente baixo de água lavagem dos filtros (1% do total de

água produzida pela ETA). Entretanto, não há reaproveitamento da água residual deste

processo o que, em termos ambientais seria um grande ganho, pois aproximadamente

2.400m3 por mês são utilizados para a lavagem dos filtros. Assim o LAIA deste trabalho

caracterizou o procedimento de lavagem dos filtros como um aspecto ambiental

significativo.

A seguir, os resultados do LAIA do SAAE são discutidos em maiores detalhes. As

planilhas preenchidas durante a coleta de dados encontram-se no apêndice E. Na Figura

48, é apresentado o fluxograma indicando as etapas do tratamento de água no SAAE,

assim como os procedimentos relacionados a cada uma delas.

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225

Figura 48– Fluxograma do processo de tratamento de água do SAAE. As caixas de bordas pontilhadas

representam os procedimentos associados a cada etapa do tratamento.

Transporte rodoviário do coagulante

Abastecimento do reservatório

Armazenamento no reservatório

Regulagem da dosagem

Transporte rodoviário da

cal

Preparo da dosagem

Aplicação da dosagem

Mistura Rápida

Mistura Lenta

Decantação

Filtração

Fluoretação

Desinfecção

Correção pH

Saída de Água Tratada

Coleta de amostras

Análises de qualidade

Limpeza das câmaras

Funcionamento normal

Limpeza do decantador

Funcionamento Normal

Transporte rodoviário do fluorsilicato

Preparo da dosagem

Aplicação da dosagem

Transporte rodoviário do hipoclorito

Preparo da dosagem

Aplicação da dosagem

Lavagem dos filtros

Funcionamento Normal

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226

Mistura Rápida (Coagulação e Correção de pH)

a) Processo ou Atividade: Transporte rodoviário do coagulante

• Aspecto Ambiental: Risco de derramamento do produto em caso de acidente

(alta severidade).

o Impacto Ambiental: Contaminação do solo e/ou água (SEV= 3; F/P=

1; I= 4).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 1; I= 4).

b) Processo ou Atividade: Preparo do coagulante

• Aspecto Ambiental: Geração de poeira química (aspecto significativo).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde do operador (SEV= 3; F/P= 2; I=

5).

c) Processo ou Atividade: Regulagem da dosagem de coagulante

• Aspecto Ambiental: Geração de ruído.

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 3; I= 4).

• Aspecto Ambiental: Contato do coagulante com a epiderme do operador

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 3; I= 4).

d) Processo ou Atividade: Transporte de alcalinizante

• Aspecto Ambiental: Risco de derramamento do produto em caso de acidente.

o Impacto Ambiental: Contaminação do solo e/ou água (SEV= 1; F/P=

1; I= 2).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 1; I= 2).

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227

e) Processo ou Atividade: Preparo de alcalinizante

• Aspecto Ambiental: Carregamento manual de sacos

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 2; I= 4).

• Aspecto Ambiental: Geração de poeira química (aspecto significativo).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 2; I= 5).

• Aspecto Ambiental: Geração de resíduos (embalagens vazias)

o Impacto Ambiental: Contaminação do solo (SEV= 1; F/P= 2; I= 3)

• Aspecto Ambiental: Geração de resíduos do tanque de mistura.

o Impacto Ambiental: Contaminação do solo e/ou água (SEV= 1; F/P=

2; I= 3).

f) Processo ou Atividade: Regulagem da dosagem de alcalinizante

• Aspecto Ambiental: Vazamento de solução do reservatório.

o Impacto ambiental: Contaminação do solo e/ou água (SEV= 1; F/P=

3; I= 4).

O sulfato de alumínio sólido ainda não possui número da ONU regulamentado,

entretanto, através da leitura da Ficha de Informações de Segurança de Produtos

Químicos (FISPQ) foi possível verificar o grau de periculosidade deste produto.

Segundo os dados da FISPQ do produto, este pode ser tóxico a vida aquática quando em

grande quantidade e em relação a saúde do trabalhador pode causar alergias de pele,

irritações nos olhos e ser nocivo quando inalado.

Assim, nos itens a e b, a avaliação qualifica estes aspectos como de alta severidade e

significativo, respectivamente. No item a, relativo ao risco de acidente no transporte do

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228

produto, o SAAE não participa do planejamento da entrega do produto, deixando-o a

cargo da indústria química fornecedora o que, como já discutido anteriormente, em caso

de acidente com conseqüências de degradação ambiental, podem gerar obrigações ao

SAAE no custeamento dos reparos do dano, devido ao princípio de responsabilidade

solidária já discutida anteriormente em relação ao DMAES.

O item b, também deve ser objeto de atenção dos gestores no planejamento das

atividades operacionais da ETA. O preparo do sulfato granular deve ser precedido de

cuidados relacionados ao treinamento e fornecimento de EPIs para que os operadores

executem o procedimento com risco mínimo de contaminação pelo produto químico.

Ainda que, segundo os funcionários, este aspecto seja controlado adequadamente pelo

SAAE, a avaliação pela metodologia do LAIA classificou-o como significativo, uma

vez que oferece riscos de diferentes intensidades à saúde humana dependendo do grau

de exposição. Uma medida que poderia ser adotada, logicamente que após uma

avaliação de viabilidade econômica e também operacional, seria a substituição do

sulfato sólido pelo sulfato em solução que não exige preparo manual e diminui bastante

a exposição do operador ao produto.

O item e, referente ao preparo do alcalinizante, neste caso específico a cal hidratada,

também foi considerado significativo. O critério utilizado no julgamento também foi a

leitura da FISPQ que apesar de indicar que apesar do produto não ser tóxico a saúde

humana, pode causar irritação na pele em caso de contato com sua umidade e

friccionamento com as roupas e também causar irritação nas mucosas respiratórias

gerando desconforto ao trabalhador.

Caso as análises de viabilidade econômica e operacional do Geocálcio (hidróxido de

cálcio em suspensão) indiquem que existe vantagem em relação a cal hidratada e ocorra

a substituição na operação da ETA, haveria um ganho na questão de saúde e segurança

ocupacional, uma vez que o Geocálcio não exige preparação manual pois já vem pronto

para a aplicação. Com a conseqüente diminuição da exposição do trabalhador a este

risco, o procedimento de preparação de alcalinizante iria ser suprimido junto com o seu

aspecto ambiental.

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229

O último ponto a ser destacado nesta parte é a falta de instruções de segurança para o

correto manuseio e preparo dos produtos químicos. Não foi observada a presença de

FISPQs no local, cujas informações sobre primeiros socorros e avisos sobre precauções

a serem tomadas pelo operador, são essenciais na prevenção de acidentes.

Mistura Lenta

a) Processo ou Atividade: Limpeza das câmaras

• Aspecto Ambiental: Despejo de lodo pelo esgoto (alta severidade)

o Impacto Ambiental: Contaminação do solo e/ou água (SEV= 3; F/P=

1; I= 4).

O procedimento de limpeza das câmaras de floculação é realizado concomitantemente

ao processo de limpeza dos decantadores. Segundo informações prestadas pelos

funcionários, os resíduos acumulados nestes tanques são despejados in natura em

corpos d’água.

A princípio, não foi feita nenhuma análise físico-química para determinar a composição

química do lodo dos floculadores, entretanto, no momento da avaliação considerou-se o

despejo de lodo pela rede de esgoto como um aspecto de alta severidade. Essa medida

teve por objetivo alertar os gestores sobre uma possível inadequação neste

procedimento, pois, acredita-se que o lodo do floculador, assim como o do decantador,

pode vir a ter concentrações de metais superiores ao estabelecido pela legislação.

Portanto, o lançamento deste resíduo em um corpo d’água pode ser considerada uma

ação de negligência, uma vez que não foi caracterizada a composição química deste

resíduo e nem foram avaliados os possíveis impactos ambientais decorrentes deste ato.

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230

Decantação

a) Processo ou Atividade: Limpeza do decantador

• Aspecto Ambiental: Risco de queda do operador no decantador na

subida/descida da escada para raspagem manual do lodo (aspecto

significativo).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 2; I= 5).

• Aspecto Ambiental: Risco de contaminação do operador p/ microorganismos

patogênicos (aspecto significativo).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 2; I= 5).

• Aspecto Ambiental: Peso dos rodos de limpeza (6 kg)

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 2; I= 4).

• Aspecto Ambiental: Despejo do lodo em corpo d’água (aspecto

significativo).

o Impacto Ambiental: Contaminação de corpos d’água (SEV= 3; F/P=

2; I= 5).

• Aspecto Ambiental: Consumo d’água durante a lavagem (aspecto

significativo).

o Impacto Ambiental: Uso de recursos naturais (SEV= 3; F/P= 2; I= 5).

• Aspecto Ambiental: Risco de queda do operador no decantador durante a

lavagem das paredes (aspecto significativo).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 2; I= 5).

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231

O item a, referiu-se a limpeza do decantador cuja avaliação por esta metodologia

identificou diversos aspectos ambientais significativos. Estes, se relacionaram

principalmente a questão de saúde e segurança ocupacional dos operadores e também

sobre o lançamento do lodo em corpo d’água. Nas Figuras 49 e 50, a seguir, são

apresentadas algumas particularidades observadas na limpeza do decantador.

Figura 49– Operador descendo a escada para participar da limpeza do decantador. Data: 21/07/05.

Figura 50– Operador executando a limpeza manual do lodo de decantador com a utilização de rodos de

madeira. Data: 21/07/05.

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232

A descida do operador pela escada (Figura 49) foi considerado o primeiro aspecto

ambiental significativo principalmente pela ausência de EPIs para evitar quedas. A

única medida realizada naquele momento para garantir a segurança do operador foi

amarrar a escada nas cercas da passarela que permite o trânsito entre os floculadores e

os decantadores.

Ainda sobre a questão de segurança dos trabalhadores, outro aspecto ambiental avaliado

como significativo foi o risco de contaminação dos operadores por patogênicos (Figura

50), pois a vestimenta dos operadores era inadequada para a execução do procedimento,

não evitando o contato do lodo com corpo dos operadores:

o As botas fornecidas possuíam comprimento insuficiente, sendo que a altura do

lodo no decantador superava a altura do cano da bota, assim os operadores

entravam facilmente em contato com o resíduo o que aumenta o risco de

contaminação por patogênicos.

o Não houve o fornecimento de luvas que junto com a utilização de blusas de

mangas curtas, aumentaram o grau de exposição ao lodo do decantador.

Ainda que possam parecer exageradas, essas preocupações devem ser levadas a sério no

planejamento da limpeza do decantador. Como já discutido anteriormente, na limpeza

do decantador do DMAES de Ponte Nova, esse procedimento apresenta sérios riscos de

contaminação por patogênicos, como por exemplo, a leptospirose. Assim, é necessário o

fornecimento de uma vestimenta adequada e fornecimento de EPIs para uma execução

segura desta atividade.

Fator considerado como o aspecto ambiental mais significativo de todo o processo de

tratamento de água, o lançamento de lodo de decantador no corpo d’água gera pelo

menos visualmente, um grande impacto ambiental devido a pequena vazão do córrego

da Carioca (Figura 51).

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233

Figura 51– Avaliação visual dos efeitos do lançamento do lodo de decantador sobre córrego da Carioca,

em Itabirito (MG), próximo a ETA. Na foto A observa-se trecho a montante do ponto de lançamento, já

na foto B observa-se o trecho a jusante do ponto de lançamento. Data: 21/07/05.

Não foram levantados dados sobre a constituição físico-química do lodo de decantador

do SAAE, entretanto, caso este siga a tendência de lodos caracterizados por diversos

estudos (BARROSO, 2002; BARROSO & CORDEIRO apud DI BERNARDO, 2002;

CORDEIRO & CAMPOS, 1999; PORTELLA, 2003; SOUZA, 2004) é bem provável

que vários dos seus parâmetros, como alumínio, cobre e zinco, estejam ultrapassando os

limites legais. Combinado com a baixa vazão do corpo receptor, o lançamento do lodo

na água pode ter resultados altamente prejudiciais a biota aquática local.

Desse modo, torna-se imperativo a tomada de um conjunto de medidas:

o Caracterização física, química e microbiológica do lodo.

o Quantificação do lodo gerado.

o Avaliação técnica sobre as alternativas para resolver essa questão (ex:

revegetação da área de mananciais melhorando assim a qualidade da água bruta

e sistemas de tratamento do lodo para sua posterior disposição).

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234

Outro item avaliado como significativo foi o procedimento de lavagem das paredes dos

decantadores, onde se observaram diversas irregularidades sendo em sua maioria

situações de exposição desnecessária ao risco de acidente (Figura 52).

Segundo respostas dadas pelos operadores sobre questionamentos feitos, não houve

nenhum treinamento ou conscientização sobre medidas de segurança para a correta

execução dos procedimentos. Além disso, não se observou uma fiscalização ativa no

sentido de alertar os operadores sobre comportamentos inadequados para aquela

situação (ex: retirada da blusa durante a lavagem, substituição do uso da escada por

apoio nas cortinas distribuidoras dos decantadores...) e também não foram fornecidos

EPIs como cintos de segurança para evitar a queda em caso de acidente (Figura 53).

Figura 52– Descida de operador por meio da utilização das aberturas da cortina distribuidora do

decantador. Data: 21/07/05.

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235

Figura 53– Operador executando a lavagem da cortina distribuidora do decantador. Um dos pés está

apoiado sobre mureta do canal de água floculada e sem nenhum anteparo de segurança para protegê-lo no

caso de uma possível queda. Data: 21/07/05

Filtração

a) Processo ou Atividade: Lavagem do filtro

• Aspecto Ambiental: Consumo de água na lavagem dos filtros (aspecto

significativo)

o Impacto Ambiental: Esgotamento dos recursos naturais (SEV= 2;

F/P= 3; I= 5).

• Aspecto Ambiental: Despejo d’água de lavagem em corpo d’água (aspecto

significativo).

o Impacto Ambiental: Danos à biota aquatica (SEV= 2; F/P= 3; I= 5).

• Aspecto Ambiental: Risco de queda do operador durante a lavagem

superficial do filtro.

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 3; I= 4).

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236

b) Processo ou Atividade: Funcionamento normal

• Aspecto Ambiental: Vazamento de água nas galerias (aspecto significativo)

o Impacto Ambiental: Esgotamento dos recursos naturais (SEV= 2;

F/P= 3; I= 5).

• Aspecto Ambiental: Geração de ruído do canal de água filtrada

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 2; I= 4).

A ETA do SAAE de Itabirito apresenta uma produção mensal de água tratada em torno

de 240.000 m3. O gasto mensal com lavagem de filtro é da ordem de 2.400m3 (80

m3/dia correspondentes a limpeza de um filtro) o que representa 1% do volume total de

água que sai da ETA.

Comparativamente, o uso de água para lavagem de filtro no SAAE de Itabirito é bem

menor do que no DMAES cujo valor de água destinada para esse fim, representa 3% do

total de água produzida. Ainda assim, o consumo de água na limpeza de filtro presente

no item a foi considerado como significativo, uma vez que esse volume de água residual

não é reutilizado no sistema sendo descartado através do esgoto.

É importante que seja feita a caracterização físico-química e microbiológica, além de

uma análise de viabilidade econômica, desse efluente a fim de se avaliar sobre a

possibilidade de recirculação da água no sistema de tratamento e também sobre a

conformidade do despejo dessa água de lavagem dos filtros em corpos d’água, uma vez

que alguns estudos de caracterização deste efluente (MENEZES et al, 2005; SCALIZE

& DI BERNARDO, 2000) indicam que os seus teores de alumínio estão acima dos

valores permitidos para lançamento de efluentes estabelecidos pela resolução

CONAMA no 357 de 17 de março de 2005.

Outro fator considerado como significativo foi a verificação de constantes vazamentos

nas galerias dos filtros (Figura 54) sendo um aspecto considerado como significativo no

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237

item b. Mesmo que pequenos, em uma estação que funciona 24 horas/dia e 365

dias/ano, o volume resultante que é perdido nesse período pode atingir valores

surpreendentes. Assim, essas deficiências devem ser corrigidas de modo a se obterem a

redução desses desperdícios o que gera benefícios ambientais e também econômicos.

Figura 54– Galeria dos filtros. Data: 21/07/05

Fluoretação

a) Processo ou Atividade: Transporte rodoviário

• Aspecto Ambiental: Risco de derramamento do produto em caso de acidente

(alta severidade).

o Impacto Ambiental: Contaminação do solo e/ou água (SEV= 3; F/P=

1; I= 4).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 1; I= 4).

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238

b) Processo ou Atividade: Preparação da dosagem

• Aspecto Ambiental: Carregamento manual de sacas (50kg).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 2; I= 4).

• Aspecto Ambiental: Geração de poeira química (aspecto significativo).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 2; I= 5).

• Aspecto Ambiental: Geração de resíduos (embalagens vazias).

o Impacto Ambiental: Contaminação do solo (SEV= 1; F/P= 2; I= 3).

c) Processo ou Atividade: Aplicação da dosagem

• Aspecto Ambiental: Risco de vazamento da solução do saturador

o Impacto Ambiental: Contaminação do solo e/ou água (SEV= 1; F/P=

2; I= 3).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 1; I= 3).

Como visto, o fluorsilicato de sódio (Na2SiF6) com teor de pureza mínimo de 98% e

possui número da ONU 2674, cuja classe de risco é 6.1 ou das substâncias tóxicas. A

inalação, ingestão ou contato com a pele pode causar lesões graves ou a morte.

No item a, o transporte deste produto foi considerado como aspecto de alta severidade

cujo risco de acidente é um fator não considerado pelos responsáveis da ETA no

planejamento da operação.

O item b, devido a toxicidade do produto, é considerado com aspecto significativo,

ainda que a exposição do trabalhador ao produto químico seja evitado pelo uso de EPIs.

Acredita-se que o preparo do produto deve ser uma preocupação constante dos

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239

responsáveis pela ETA, devendo ocorrer uma busca contínua no aperfeiçoamento da

execução do procedimento e de seus itens de segurança.

Alguns fatores foram considerados falhos na área de preparação de produtos químicos

não só da etapa de fluoretação, mas também na de correção do pH e coagulação:

o Ausência de FISPQ na área de preparo.

o Falta de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) tais como chuveiro e lava-

olhos.

o As entrevistas com funcionários permitiram observar não existir qualquer tipo

de treinamento ou de conscientização a respeito dos riscos inerentes ao preparo

dos produtos químicos.

Desinfecção

a) Processo ou Atividade: Transporte rodoviário

• Aspecto Ambiental: Risco de derramamento do produto em caso de acidente

(alta severidade).

o Impacto Ambiental: Contaminação do solo e/ou água (SEV= 3; F/P=

1; I= 4).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 1; I= 4).

b) Processo ou Atividade: Armazenamento do desinfectante

• Aspecto Ambiental: Risco de vazamento do produto (aspecto significativo).

o Impacto Ambiental: Contaminação do solo e/ou água (SEV= 2; F/P=

3; I= 5).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 3; I= 6).

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240

O hipoclorito de sódio (NaClO) com teor de 6% de cloro livre possui número da ONU

1791 que é designado para hipoclorito em soluções com teor de cloro livre superior a

5%. Esta substância pertence a classe de risco 8 ou de substâncias tóxicas e/ou

corrosivas não combustíveis e possui diversas advertências em relação aos possíveis

danos causados pelo seu manuseio inadequado. Segundo o conteúdo do Manual para

Atendimento a Emergências da ABIQUIM, referente a este produto, a inalação,

ingestão ou contato com a pelo pode causar lesões graves ou a morte.

Portanto, o item a, assim como nas situações anteriores onde os produtos também são

classificados como perigosos, também considerou o transporte deste produto como um

aspecto ambiental de alta severidade cujas conseqüências em caso de acidente, podem

responsabilizar não somente o transportador, mas também a indústria química

fornecedora e a própria companhia de abastecimento de água.

No item b, o risco de vazamento do produto é considerado como um aspecto

significativo devido a falta de uma bacia de contenção para conter eventuais vazamentos

do NaClO estocado no pátio externo da ETA (Figura 55). Ainda assim, o método

utilizado na desinfecção traz muitos benefícios pois dispensa o preparo da dosagem que

já vem pronta e minimiza o fator de exposição do operador ao produto químico o que

consequentemente, traz benefícios a saúde e segurança do mesmo.

Figura 55– Tanques de armazenamento de hipoclorito de sódio no pátio externo da ETA. Notar a falta de

uma bacia de contenção de vazamentos. Data: 22/07/05.

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241

Laboratório Físico-Químico e Microbiológico

a) Processo ou Atividade: Coleta de amostras

• Aspecto Ambiental: Risco de contaminação por patogênicos

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 3; I= 4).

b) Processo ou Atividade: Análises de qualidade da água

• Aspecto Ambiental: Risco de contaminação química ou por patogênicos

(manipulação).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 3; I= 4).

• Aspecto Ambiental: Descarte de material biológico

o Impacto Ambiental: Contaminação do solo e/ou água (SEV= 1; F/P=

1; I= 2).

o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 1; I= 2).

Os aspectos ambientais relacionados aos procedimentos do laboratório físico-químico e

microbiológico estão bem controlados na ETA. As análises físico-químicas

praticamente não oferecem risco algum ao operador que avalia os parâmetros de cor

aparente, turbidez, pH, residual de cloro, flúor e temperatura, através de métodos que

não exigem o uso de reagentes químicos (Espectofotômetro e pHmetro).

As análises microbiológicas são realizadas exclusivamente pelo gerente de qualidade da

ETA que inclusive é o responsável pela elaboração de procedimentos para análises da

qualidade da água e garantia da segurança dos operadores na execução das análises. O

mesmo possui formação técnica em química e segundo o que foi percebido durante as

entrevistas, possui bom conhecimento técnico para executar a sua atual função.

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242

5.3.Resultados da Lista de Verificação (Checklist) Ambiental de ETAs

5.3.1. ETA do DMAES de Ponte Nova (MG)

As planilhas contendo os resultados do checklist para o DMAES encontram-se no

apêndice F. À seguir são discutidos os resultados do Diagnóstico do Nível de

Atendimento à NBR ISO 14001:2004 e da Qualidade Gerencial e Operacional.

I- Diagnóstico do Nível de Atendimento à NBR ISO 14001:2004

A primeira parte do checklist que avalia o nível de defasagem do gerenciamento

ambiental da ETA em relação ao modelo NBR ISO 14001:2004, apresentou resultados

com baixo nível de atendimento aos requisitos dessa norma ambiental. Verifica-se por

meio da análise dos resultados que as questões ambientais ainda ocupam o segundo

plano em relação às prioridades da empresa.

O primeiro item que comprova isso é a falta de uma política ambiental que declare

publicamente o compromisso com as questões ambientais originárias das atividades de

tratamento de água sendo um fator que compromete as ações da empresa nessa área. A

política ambiental é como uma carta de intenções e pode ser considerada a bússola de

um SGA, pois contém diretrizes que servem para a definição e revisão de objetivos e

metas ambientais. Sem esse norteador, qualquer ação tomada em prol do meio ambiente

não passa de algo isolado e esporádico, resultante da percepção pessoal de alguém que

conseguiu visualizar um problema em um determinado momento.

Outro item considerado essencial é a identificação de aspectos e impactos ambientais, a

qual este trabalho tratou de realizar na ETA do DMAES. Alguns problemas ambientais

mais visíveis como desperdício de água por vazamentos na ETA ou descarte de água de

lavagem de filtros são facilmente percebidos pelos funcionários. No entanto, outros

fatores principalmente os ligados a questões de saúde e segurança ocupacional (Ex:

riscos de exposição dos trabalhadores a contaminação por produtos químicos, de

acidentes em procedimentos de lavagem de decantador) não foram detectados por eles.

Com a metodologia de LAIA vários problemas puderam ser evidenciados e a partir

disso poderão ser estabelecidas metas e objetivos para resolvê-los, além de estabelecer

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critérios operacionais mais rígidos a fim de se controlar estes riscos que anteriormente,

conforme se observam nos resultados deste checklist, muitas vezes passavam

despercebidos.

Na figura 56, a seguir, é apresentado um gráfico que resume o resultado da parte I do

checklist aplicado no DMAES de Ponte Nova.

Diagnóstico do Nível de Atendimento a NBR ISO 14001:2004 (DMAES)

0

10

20

30

40

5060

70

80

90

100

A B C D E F G H I J K L M N O P Q

Nível de Atendimento (%)

Figura 56- Gráfico sobre o Diagnóstico do Nível de Atendimento a NBR ISO 14001:2004 do

Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAES) de Ponte Nova. Itens: A) Política Ambiental, B)

Identificação de Aspectos e Impactos Ambientais, C) Identificação de Requisitos Requisitos Legais, D)

Objetivos, metas e programa(s), E) Recursos, funções, responsabilidades e autoridades, F) Competência,

treinamento e conscientização, G) Comunicação, H) Documentação, I) Controle de documentos, J)

Controle Operacional, K) Preparação para resposta à emergências, L) Monitoramento e medição, M)

Avaliação de atendimento à requisitos legais, N) Não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva, O)

Controle de registros, P) Auditoria interna, Q) Análise pela administração.

Um outro fator considerado muito importante nesta resenha inicial sobre os resultados

do nível de atendimento a NBR ISO 14001:2004 do checklist proposto neste trabalho é

a questão da documentação dos procedimentos realizados nas partes administrativas e

operacionais não só da ETA, mas também nas outras divisões da empresa. Muitas

pessoas têm a opinião de que a produção de documentos gera burocracia que, por sua

vez, diminui a agilidade no cotidiano do trabalho, entretanto, os benefícios advindos

dessa prática superam qualquer outra desvantagem alegada.

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Através da documentação de procedimentos é possível padronizar os critérios

operacionais utilizados por diferentes funcionários e verificar o cumprimento do que se

foi estabelecido. Na ETA, por exemplo, observou-se que a grande maioria dos

procedimentos operacionais, com exceção das análises laboratoriais, não possui um

documento que oriente a execução dos mesmos. Assim, não foram raras as situações em

que se observou diferentes operadores executando os mesmos procedimentos, mas

utilizando critérios operacionais distintos (Ex: lavagem de filtros e preparação de

produtos químicos).

Apesar disso, a empresa demonstra que procura mudar esse quadro e dentro do seu

plano plurianual de ações já reservou parte do orçamento para investimento na

contratação de consultoria especializada a fim de iniciar a implantação de um SGA e

discute questões voltadas à destinação adequada do lodo de decantador que foi

considerado pelo LAIA deste trabalho um aspecto ambiental significativo cuja correção

é muito importante que seja feita não só pela importância ambiental, mas também

devido a possível incidência de legislações como a CONAMA no 357/05.

A seguir é realizada uma análise mais detalhada de cada um dos itens avaliados pela

parte I do checklist deste trabalho.

A) Política Ambiental (Nível de Atendimento=25%)

A ETA do DMAES não possui uma política ambiental propriamente dita, mas já coloca

a questão ambiental como uma de suas prioridades de acordo com o plano plurianual

(PPA) de gestão da empresa, onde é proposto como objetivo a implantação de um

sistema de gestão ambiental (SGA), inclusive, com recursos financeiros já reservados

para esse fim. Assim, a avaliação do nível de atendimento foi feita em 25%, onde no seu

primeiro requisito se questiona sobre a existência de uma política ambiental ou se a

questão ambiental é colocada como prioridade no SG da empresa.

Entretanto, isso não é suficiente para atendimento satisfatório deste item do checklist,

embora já seja um passo importante. A existência de uma política ambiental onde se

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defina o comprometimento da empresa com o meio ambiente é um fator indispensável

na implantação e manutenção de um SGA baseado na NBR ISO 14001:2004.

B) Identificação de Aspectos e Impactos Ambientais (Nível de Atendimento=10%)

Não foi verificado nenhum procedimento interno de identificação de aspectos em

impactos ambientais na ETA. Alguns aspectos ambientais importantes, como perda de

água por vazamentos e descarte de água de lavagem dos filtros em corpos d’água, já são

prontamente discernidos pelos funcionários da ETA, entretanto a identificação é feita de

maneira não-sistemática ou seja, não é feita a partir de um procedimento documentado,

com geração de registros dos resultados dessas avaliações.

Em um SGA, a identificação de aspectos e impactos ambientais, sendo estes derivados

das suas atividades, produtos e serviços, deve ser realizada periodicamente e os

resultados devem ser separados, por meio de um filtro de significância (Ex: severidade

do aspecto, partes interessadas, leis...), em significativos e não-significativos.

C) Identificação de Requisitos Legais (Nível de Atendimento=10%)

A identificação de requisitos legais na NBR ISO 14001:2004 é feita a partir da relação

dos aspectos e impactos ambientais identificados com as normas legais vigentes. Como

não há um procedimento próprio da empresa para identificação dos seus aspectos e

impactos ambientais, logo, também não ocorre a identificação destes requisitos legais.

D) Objetivos, Metas e Programa(s) (Nível de Atendimento=10%)

Os objetivos e metas são estabelecidos e formulados a partir dos aspectos ambientais

considerados significativos. Assim como no item C, este item também não é atendido,

pois não existe procedimento para identificação de aspectos e impactos ambientais.

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E) Recursos, Funções, Responsabilidades e Autoridades (Nível de

Atendimento=25%)

Este item exige o investimento da empresa em recursos financeiros e humanos, além da

própria infra-estrutura organizacional para a implantação, manutenção e evolução

contínua do seu SGA.

O atendimento a este item foi considerado precário (25%), pois, até o momento da

entrevista, somente os recursos financeiros estavam garantidos para a implantação do

SGA. No que se refere ao investimento em recursos humanos e a atribuição de

responsabilidades para essa implantação, ainda não haviam sido tomadas as

providências necessárias.

F) Competência, Treinamento e Conscientização (Nível de Atendimento=25%)

A principal deficiência detectada neste item se relaciona à questão dos treinamentos dos

funcionários na execução de atividades com aspectos significativos, de acordo com a

metodologia de LAIA deste trabalho. O que se observou é que alguns treinamentos são

oferecidos (Ex: utilização de EPIs, atualização para operadores de ETA), entretanto, a

identificação destas necessidades é feita a partir de iniciativas isoladas de algumas

pessoas que tiveram a percepção dessa necessidade.

A NBR ISO 14001:2004, recomenda que o treinamento dentro de uma empresa deva ser

feito de maneira sistemática através da criação de um programa de treinamento

envolvendo responsáveis para isso, além de reserva de recursos financeiros,

procedimentos documentados, métodos de identificação da necessidade de treinamentos

e registros com os resultados destes treinamentos.

Como ponto positivo destaca-se a conscientização em relação aos principais aspectos

ambientais dos funcionários envolvidos com o processo de tratamento de água. Quando

questionados sobre os problemas ambientais da ETA, os funcionários apontaram a

questão da perda de água por lavagem de filtros e também por vazamentos nas galerias

da ETA como graves. Apesar disso, outros problemas cujas causas podem ser

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decorrentes de falhas operacionais, como a formação de trialometanos e fluorose

dentária originárias da dosagem incorreta de desinfectante e flúor, respectivamente,

demonstraram-se como desconhecidas pelos operadores.

G) Comunicação (Nível de Atendimento=25%)

O item de comunicação apresentaria um bom nível de atendimento no DMAES de

Ponte Nova caso fosse adaptado para tratamento de assuntos ambientais conforme

preconiza a NBR ISO 14001:2004.

Observaram-se procedimentos eficientes para recebimento, documentação e respostas às

comunicações internas (entre setores da empresa) e externas (empresa com clientes,

fornecedores e prestadores de serviço).

A empresa mantém um contrato com meios de comunicação local como jornais e rádios

para publicação de avisos de licitação, comunicados aos clientes e notícias informativas

sobre as ações da empresa na cidade como, por exemplo, reformas na rede de

distribuição e construção de reservatórios.

Apesar disso, como já foi dito, esse sistema não é adaptado para tratar de assuntos

ambientais conforme preconiza a NBR ISO 14001:2004 que determina que a empresa

deve decidir se haverá comunicação externa sobre seus aspectos ambientais

significativos e possuir procedimentos para a comunicação interna sobre assuntos de

cunho ambiental.

H) Documentação (Nível de Atendimento=10%)

O item documentação conforme preconiza a NBR ISO 14001:2004 não é atendido pela

empresa. Uma das principais razões é pelo próprio fato de ainda não ter sido implantado

o SGA na empresa, assim, requisitos como política, objetivos e metas ambientais

documentadas não puderam ainda ser atendidos.

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248

Um detalhe importante que foi observado durante a aplicação do instrumento na

unidade estudada foi a ausência de padronização no sistema de documentação da

empresa ou de um formato único de documentação além de um controle também

padronizado na geração, revisão e descarte de documentos.

Assim é importante que ocorra uma avaliação do atual sistema de documentação a fim

de se gerar uma sistematização e padronização dos documentos melhorando a eficiência

de comunicação entre os setores da empresa, além de prepará-la para futuras

certificações ISO em sistemas de qualidade, saúde e segurança ocupacional e meio

ambiente, como é a intenção da empresa para o futuro.

I) Controle de Documentos (Nível de Atendimento=25%)

O controle de documentos é outro item que apresentou um nível insuficiente de

atendimento a NBR ISO 14001:2004, devendo também ser revisto a fim de se obter

uma futura certificação pela referida norma.

O fato de não existir um sistema de documentação padronizado na ETA, conforme já foi

discutido no item H, influi diretamente no controle dos documentos. Segundo os

entrevistados, cada divisão da empresa possui sistemática própria no controle de

documentos. Apesar de se verificar que as práticas adotadas funcionam no cotidiano da

empresa, a padronização dos documentos é um fator essencial em um SGA, uma vez

que possibilita que o sistema seja auditado por terceiros, fator este indispensável nas

situações de certificação.

Além disso, verifica-se em muitos casos que as particulares formas de se gerarem

documentos dificultam o acesso ou localização dos mesmos por terceiros ou por pessoas

de outras divisões que não sejam da de origem daquele documento. Da forma como é

feita, cria-se um vínculo muito grande entre pessoas e documentos, o que não é

desejável, pois quando um funcionário falta ao trabalho ou se aposenta, leva consigo a

informação daquilo que deveria ser um documento.

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J) Controle Operacional (Nível de Atendimento=10%)

Segundo a NBR ISO 14001:2004, todas as operações que estejam associadas com os

aspectos ambientais significativos devem ser realizados sob condições específicas.

Entretanto, conforme já visto anteriormente no item B, não são identificados os aspectos

e impactos ambientais, assim o estabelecimento de um controle operacional de acordo

com o que preconiza a norma, não é possível.

K) Preparação para Resposta à Emergências (Nível de Atendimento=10%)

Vários riscos a saúde e segurança dos operadores foram identificados pela metodologia

de LAIA utilizada neste trabalho, todavia, esse é um item que não é atendido pelo

DMAES. Dentre os riscos mais comuns encontra-se a preparação de produtos químicos

(Ex: alcalinizante, desinfectante e flúor) para dosagem na água a ser tratada. Como já

discutido anteriormente, vários destes produtos são considerados perigosos pelo manual

de atendimento a emergências da ABIQUIM, além disso, a freqüência de exposição dos

operadores a estes produtos é praticamente diária o que aumenta ainda mais o risco de

aquisição de doenças de origem ocupacional.

Durante a avaliação não foi evidenciado nenhum tipo de procedimento relacionado ao

atendimento de emergências ou treinamento específico para essas situações.

Para atendimento a este item é necessário o desenvolvimento de um procedimento para

identificação de riscos ocupacionais, previsão de ações a serem tomadas em resposta a

emergências, simulações de situações de emergência e análises periódicas dos

procedimentos formulados.

L) Monitoramento e Medição (Nível de Atendimento=25%)

Vários requisitos importantes neste item não são atendidos, como por exemplo, o

monitoramento de algumas características de operações relacionadas a aspectos

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250

ambientais significativos que não é possível de ser feito, já que não foi feito um

levantamento prévio de aspectos e impactos ambientais (Item B).

Exemplos de características, de aspectos significativos, que poderiam ser monitoradas e

medidas seriam a quantidade e a composição química do lodo de decantador e águas de

lavagem de filtros que são frequentemente descartadas em corpos d’água.

Alguns quesitos como calibragem de equipamentos de monitoramento das águas bruta e

tratada (Ex: aparelhos de análise laboratorial) e retenção dos registros comprobatórios

desta calibragem, são atendidos na ETA. Na avaliação, considerou-se que este é um

procedimento que poderá ser estendido ao monitoramento e medição de características

de processos cujos aspectos e impactos ambientais sejam significativos, por isso, a

avaliação em 25%.

M) Avaliação de Atendimento à Requisitos Legais (Nível de Atendimento=10%)

Este item não é atendido, uma vez que a própria identificação de requisitos legais (Item

C) não é realizada.

N) Não-Conformidade, Ação Corretiva e Ação Preventiva (Nível de

Atendimento=10%)

Não foi observado um procedimento específico para tratar das não-conformidades

ambientais que ocorrerem durante a operação da ETA. O baixo nível de atendimento a

este item é devido a não identificação de aspectos e impactos ambientais (Item B) que,

consequentemente, afeta o estabelecimento de critérios operacionais específicos (Item J)

para o controle dos aspectos ambientais. Assim, como não há critérios operacionais

determinando quais os limites da conformidade, também não existem métodos para

identificar ou corrigir as não-conformidades ambientais.

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A norma NBR ISO 14001:2004 aconselha que o procedimento para controle de não-

conformidades deva identificar e corrigir não-conformidades; investigar os fatores que

originaram a não-conformidade; implementar ações preventivas; registrar o resultado

das ações corretivas e preventivas adotadas; analisar a eficácia das ações corretivas e

preventivas executadas.

O) Controle de Registros (Nível de Atendimento=10%)

Apesar de não existirem registros de cunho ambiental, observou-se que o sistema já

utilizado para controle da qualidade de água pode ser adaptado para o controle de

parâmetros operacionais cujos aspectos ambientais sejam significativos.

O item controle de registros exige que haja um procedimento para identificação,

armazenamento, proteção, recuperação, retenção e descarte de registros. Além disso, os

registros devem ser legíveis, identificáveis e rastreáveis.

Vale ressaltar aqui, que do mesmo modo que foi observado no item controle de

documentos (I), existem sistemáticas diferentes de controle de registros por setor da

empresa, o que gera certa dificuldade na recuperação do registro caso o responsável por

ele não esteja presente no momento e no local.

P) Auditoria Interna (Nível de Atendimento=10%)

Não foi evidenciado nenhum programa de auditoria interna na empresa que possa ser

adaptado para um SGA com base na NBR ISO 14001:2004. A administração da ETA

realiza o controle sobre as diversas divisões da empresa através da nomeação de

gerentes supervisores que, durante reuniões periódicas com o diretor geral, fornecem

informações sobre alguma necessidade ou anomalia que tenha ocorrido no seu setor.

A NBR ISO 14001:2004 aconselha que exista um programa de auditoria interna, cujo

pessoal envolvido possua funções independentes dos diversos setores da empresa, assim

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se permite uma auditoria independente e imparcial, livre da influência de vínculos

afetivos ou de hierarquia profissional.

Q) Análise pela Administração (Nível de Atendimento=25%)

A administração do DMAES em conjunto com gerente do setor de produção que inclui

a ETA realiza periodicamente a análise dos resultados da qualidade de água tratada,

assim como características orçamentárias envolvendo gastos com energia elétrica,

produtos químicos, funcionários e outros assuntos diversos.

Esse modelo de análise pela administração demonstra-se adequado para uma futura

adaptação aos requisitos de um SGA, porém, neste momento, várias das exigências

relativas a avaliação de resultados de auditorias internas, requisitos legais de operações

com aspectos ambientais e desempenho ambiental dentre outros assuntos, não são

analisadas. Isso ocorre devido a empresa não possuir um SGA implementado e também

pela percepção de que a questão ambiental ainda é vista de forma secundária em relação

a outras questões administrativas e operacionais. Tal fato pode ser compreendido tendo

em vista a necessidade urgente de investimentos em setores necessários à

operacionalização do sistema de tratamento de água (Ex: construção de reservatórios,

reforma da rede de distribuição, ampliação da capacidade da ETA, dentre outras.).

II- Qualidade Gerencial e Operacional

A ETA do DMAES de Ponte Nova, de um modo geral, apresentou um nível

considerado razoável no atendimento aos requisitos da parte II deste checklist (Figura

57).

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Qualidade Gerencial e Operacional (DMAES)

0102030405060

7080

90100

A B C D E F G H I J K L M N O P Q

Nível de Atendimento (%)

Figura 57- Gráfico de Qualidade Gerencial e Operacional no DMAES. Itens: A) Plano Diretor de

Recursos Hídricos do Município, B) Conservação de Mananciais, C) Dados Hidrológicos, D) Saúde e

Segurança Ocupacional, E) Programas de Educação Ambiental para os Consumidores, F) Entrada de

Água Bruta, G) Mistura Rápida, H) Mistura Lenta, I) Decantação, J) Filtração, K) Correção de pH, L)

Fluoretação, M) Desinfecção, N) Saída de Água Tratada, O) Produtos Químicos Utilizados no

Tratamento, P) Laboratório de Análises Físico-Químicas e Microbiológicas, Q) Controle de Perdas

Físicas Operacionais e por Vazamentos.

Vários aspectos positivos foram observados durantes as visitas feitas a empresa,

destacando-se o Programa de Conservação de Mananciais intitulado de Pró.Bacias e que

é realizado pelo Centro Brasileiro para Conservação da Natureza e Desenvolvimento

Sustentável (CBCN) localizado em Viçosa (MG), com o objetivo de recuperar as

regiões de nascentes da microbacia do rio Piranga e aumentar a produção hídrica a

qualidade da água bruta da bacia.

Em relação à questão operacional, verificou-se que mesmo trabalhando com vazões bem

acima das estipuladas no projeto, a ETA do DMAES consegue atender aos padrões de

monitoramento rotineiro (Ex: turbidez, cor, coliformes termotolerantes...) estabelecidos

pelo padrão de potabilidade da Portaria no 518/MS de 2004. Apesar disso, nesta mesma

verificação sobre o monitoramento da qualidade da água tratada constatou-se que vários

parâmetros de substâncias que possuem potencial de danos à saúde, não estão sendo

monitoradas desde o ano de 2001: inorgânicas (Ex: cádmio, mercúrio...), orgânicas (Ex:

tetracloreto de carbono), agrotóxicos (Ex: DDT), cianotoxinas e produtos secundários

da desinfecção (Ex: trialometanos). Assim, ainda que não tenha havido reclamações ou

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surtos epidêmicos na população, a empresa não pode garantir a segurança no consumo

da água tratada fornecida. Também, vale observar que várias dessas substâncias

prejudicam o organismo de forma “silenciosa” ou assintomática causando cânceres (ex:

trialometanos) ou se bioacumulando no fígado, rins e sistema nervoso (Ex: cádmio,

cobre, chumbo, mercúrio...) cujos sintomas se manifestam após algum tempo.

Após o período de coleta (último dia: 10/03/06) foi informado junto com a entrega do

plano de amostragem da água (14/06/07), que as análises semestrais estavam sendo

novamente realizadas. Entretanto, na discussão dos resultados sobre entrada da água

bruta (item F) e saída de água tratada (item N) do DMAES, desconsiderou-se esta

modificação devido ao fato dela ter sido feita após o período de aplicação do

IAAOETA.

O último fator a ser destacado nessa introdução dos resultados do DMAES, na parte II

do checklist deste trabalho, diz respeito à dois dos principais resíduos gerados no

processo de tratamento de água.

O primeiro é o lodo químico do decantador cuja disposição é realizada no rio Piranga o

que em termos ambientais pode causar diversos impactos ambientais na biota aquática

local. O gerenciamento deste resíduo envolve um conjunto de medidas a começar pela

caracterização físico-química e microbiológica, assim como a sua quantificação. A

partir dos resultados desta etapa, deve-se implantar um método de tratamento que seja

adequado para diminuir o seu volume por meio da desidratação e posterior disposição

do resíduo seco em aterro sanitário ou em local apropriado.

O segundo é a água de lavagem de filtro cujo volume descartado mensalmente no rio

Piranga, segundo estimativas deste trabalho, gira em torno de 3% do volume total de

água tratada. Considera-se que este volume, após uma avaliação de custo-benefício,

poderia ser reaproveitado na ETA através da sua recirculação. Além disso, estudos de

caracterização deste efluente (MENEZES et al, 2005; SCALIZE & DI BERNARDO,

2000) indicam que os seus índices de alumínio, geralmente estão acima do valor

permitido para descarga em águas de classe II segundo a resolução CONAMA no 357

de 17 de março de 2005 (No artigo 28, parágrafo 2o desta resolução é dito que: “Para os

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parâmetros não incluídos nas metas obrigatórias, os padrões de qualidade a serem

obedecidos são os que constam na classe na qual o corpo receptor estiver enquadrado.”.

Assim, o valor de alumínio utilizado é referente à água de classe II, consideradas o tipo

mais comum no Brasil).

A) Plano Diretor de Recursos Hídricos do Município (Nível de Atendimento=10%)

Em relação ao tratamento da água, a gestão dos recursos hídricos locais é extremamente

importante, no sentido de melhorar a qualidade de água bruta, aumentar a produção

hídrica dos mananciais e evitar a contaminação por agrotóxicos e efluentes industriais

de córregos diretamente ligados ao rio onde se realiza a captação de água para consumo

humano.

Este item procurou avaliar a atual situação do município em relação a gestão dos

recursos hídricos locais da cidade de Ponte Nova que se localiza na Bacia do Rio Doce,

especificamente na Microbacia do Rio Piranga que é um dos principais afluentes do rio

Doce.

Em ambos os casos já existem comitês de bacia formados para a discussão dos

principais problemas referentes a estas regiões, sendo que o comitê da microbacia do rio

Piranga possui uma formação mais recente, cujas atividades formais tiveram início no

ano de 2006.

Apesar do comitê de bacia já estar organizado, ainda não foi elaborado um plano diretor

para a bacia do rio Piranga cujo conteúdo envolva diagnóstico sobre características

físicas, biológicas, sócio-econômicas e de uso e ocupação do solo, além da identificação

dos usuários, conflitos pelo uso d’água e resolução destes.

Sendo assim, o nível de atendimento a este item foi avaliado em 10%.

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256

B) Conservação de Mananciais (Nível de Atendimento=50%)

Complementarmente ao plano diretor de recursos hídricos da microbacia do rio onde

ocorre captação, os programas de conservação de mananciais possuem um papel muito

importante na conservação e/ou melhoria da disponibilidade hídrica dos rios, além da

própria melhoria da qualidades físico, química e microbiológica da água bruta.

No período em que ocorreu a entrevista com a administração da ETA foi informado que

o programa de conservação de mananciais em Ponte Nova já estava sendo realizado,

ainda em fase inicial, pelo Centro Brasileiro para Conservação da Natureza e

Desenvolvimento Sustentável (CBCN) através do projeto Pró-Bacias cujos objetivos era

a recuperação de bacias de cabeceiras utilizadas como mananciais de abastecimento

para que elas pudessem produzir maior quantidade e qualidade de água durante o ano

inteiro.

O planejamento previsto, segundo informações prestadas pelo gerente da ETA, incluía

diagnóstico sócio-ambiental da região da bacia, além de cadastramento de nascentes,

identificação de fontes de poluição doméstica e industrial no manancial e a elaboração

de um plano de recuperação dos mananciais.

Assim, concluiu-se a avaliação em 50% uma vez que o requisito mais importante, que é

a existência do programa de conservação de mananciais, foi atendido. A avaliação plena

(100%) deste item B não foi possível porque as diretrizes do programa ainda não

haviam sido postas em prática (requisitos 18, 19, 20 e 21 da parte II do apêndice C) até

aquele momento.

C) Dados Hidrológicos (Nível de Atendimento=10%)

Na operação da ETA não é feito o monitoramento de dados hidrológicos da microbacia

como vazão, velocidade de escoamento, pluviosidade, temperatura, umidade do ar,

dentre outros. Manter uma base de dados histórica acerca dessas características pode ser

extremamente útil na previsão de problemas operacionais no tratamento da água como,

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257

por exemplo, correlações entre índices pluviométricos e de turbidez da água bruta,

aplicados a estimativas de consumo de produtos químicos.

D) Saúde e Segurança Ocupacional (Nível de Atendimento=50%)

Na avaliação deste item foram verificados vários requisitos importantes atendidos, o

que no entanto, não dispensa que sejam feitos comentários a respeito de alguns

problemas observados.

O DMAES de Ponte Nova possui contrato com serviço especializado em Medicina do

Trabalho para acompanhamento médico de seus funcionários, além de um procedimento

formalizado para a realização de exames admissionais, periódicos e demissionais. Já no

que se refere à questão da segurança, não foi observada a contratação de nenhum tipo de

serviço.

Segundo informações prestadas durante as entrevistas, iniciou-se um trabalho com uma

empresa especializada em segurança do trabalho a fim de se implementar práticas de

segurança básicas para o cotidiano no trabalho. O planejamento das atividades

relacionadas a este assunto envolvia a identificação de riscos ocupacionais, formulação

de procedimentos de segurança, treinamento dos funcionários do DMAES e a

supervisão periódica desta implantação por técnicos da empresa contratada. Entretanto,

não houve a continuidade da prestação de serviços por parte da empresa e não houve

implantação de boa parte dos procedimentos e treinamentos em segurança.

Um dos procedimentos implantados pela empresa foi o uso de EPIs (Ex: óculos de

proteção, máscara respiratória semi-facial com filtro, luvas) para a preparação de

produtos químicos para dosagem na água como fluorsilicato de sódio e hipoclorito de

cálcio. Durante as observações foram detectadas algumas irregularidades como a

ausência de um procedimento escrito orientando os operadores sobre o uso dos EPIs

(Ex: colocação, manutenção e reposição do equipamento) e operadores executando o

procedimento sem EPI (Ex: sem óculos). Do fato observado, atribuem-se duas possíveis

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258

causas: treinamento deficiente no uso dos EPIs e a não conscientização dos operadores

sobre os riscos do contato humano com os produtos químicos utilizados na ETA.

Além desse procedimento existem outros problemas que merecem a atenção em relação

a segurança dos trabalhadores e que foram identificados pelo LAIA deste trabalho

como, por exemplo, a lavagem de decantador, cujos riscos de contaminação dos

operadores por organismos patogênicos e de quedas na subida e descida dos decantador

são iminentes.

Felizmente, considera-se que a previsão sobre esse quadro apresenta boas perspectivas

uma vez que foi informado que a implantação de um sistema de segurança e saúde do

trabalhador é uma das diretrizes do plano plurianual de ações da empresa.

Finalmente, cabe aqui destacar a recente implantação de um sistema de ouvidoria pela

empresa que tem a função de receber comentários, sugestões, reclamações e denúncias

acerca de quaisquer assuntos que ocorram no cotidiano do trabalho incluindo as más

condições de trabalho, levando estas informações a alta administração do DMAES que

irá determinar a investigação das causas e a implantação de soluções.

E) Programas de Educação Ambiental para os Consumidores (Nível de

Atendimento=10%)

Em relação a programas de educação ambiental promovidos pela empresa, não foi

verificada nenhuma ação nesse sentido.

Durante o tempo de visita ao DMAES, a ampliação da capacidade da ETA foi um dos

assuntos mais citados durante as conversas, entretanto, também foi observado que

financeiramente essa ainda não é uma medida possível de ser tomada. Assim, acredita-

se que as ações de educação ambiental junto aos consumidores podem servir para a

redução de desperdícios no consumo da água e conservação dos mananciais de captação

podem ser alternativas bem interessantes a contribuir na solução desse problema.

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259

F) Entrada de Água Bruta (Nível de Atendimento=25%)

Este item avaliou o atendimento da ETA em relação ao controle da qualidade da água

bruta. Vários dos requisitos elaborados foram baseados em exigências da Portaria MS

no518, mais conhecida como padrão de potabilidade e cujo cumprimento é muito

importante para assegurar a segurança no consumo humano da água tratada.

Segundo o que foi observado, a ETA realiza um controle suficientemente adequado de

parâmetros (Ex: turbidez, cor, pH) para a realização da dosagem de produtos químicos,

apesar disso, verificou-se um grave problema na ocasião que foi a não realização das

análises semestrais, ou análises completas, de água bruta envolvendo diversos

parâmetros exigidos na Portaria MS no518 incluindo análises da presença de metais

pesados, agrotóxicos, cianobactérias, dentre outros.

Durante a ocasião, a razão alegada para a não realização foi o alto custo envolvido nas

análises que eram feitas por laboratórios, todavia, isso não pode servir como

justificativa uma vez que o não monitoramento dos parâmetros exigidos pelo padrão de

potabilidade oferece riscos a população abastecida, pois da maneira como é feita

atualmente, há apenas uma visão parcial baseada na ausência ou presença de coliformes

termotolerantes e em algumas características físico-químicas, da qualidade da água

tratada.

G) Mistura Rápida (Nível de Atendimento=50%)

Este item foi avaliado em 50% apresentando um atendimento razoável em relação ao

que foi estabelecido no checklist deste trabalho.

O primeiro requisito avaliado refere-se aos ensaios de coagulação ou testes de jarros

utilizados na determinação da dosagem de sulfato de alumínio na água tratada. Foi

verificada a instrução de trabalho com orientações básicas para a operação do aparelho

que executa este ensaio, sendo que não se observou o estabelecimento de critérios

específicos como a forma de coleta de água bruta para o teste, os tempos de mistura

aplicados e nem orientações para estabelecimento do pH ótimo no ensaio. Além disso,

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260

os resultados dos testes não são registrados pelos operadores em uma planilha (que

também não foi verificada) específica para este fim. Considera-se que o registro

histórico dos resultados dos Jartests é muito importante na verificação de variações

sazonais no consumo de coagulantes e também na avaliação da eficiência dos mesmos.

Outro requisito avaliado foi relativo à dosagem e aplicação dos coagulantes na água

bruta, sendo que foi verificado procedimento destinado à determinação da quantidade a

ser dosada desse produto, assim como critérios específicos orientando como e quando

isso deve ser feito. Um pequeno detalhe, mas considerado importante e que foi

observado nesta parte, refere-se a aplicação da dosagem do coagulante na garganta da

calha parshall que é feita de maneira pontual o que provavelmente não distribui de

maneira uniforme a dosagem de coagulante no volume de água a ser tratado. Essa

distribuição deve ser o mais homogênea possível evitando regiões da água super-

dosadas em detrimento de outras sub-dosadas (RICHTER & NETTO, 1995).

A última observação é relativa à utilização de polímeros auxiliares do processo de

coagulação da ETA. Segundo informações prestadas pelos funcionários, a escolha do

tipo de polímero, assim como os ensaios foram realizados pelo representante da

empresa fornecedora do produto. Considera-se que esse processo de identificação e

escolha do produto deveria ter sido feito pelo próprio pessoal do DMAES ou por uma

consultoria independente, uma vez que, existe sempre a possibilidade dos interesses

comerciais dos fornecedores em superarem a fidelidade dos resultados no que diz

respeito à adequação do produto ao tipo de água bruta que deve ser tratada.

H) Mistura Lenta (Nível de Atendimento=50%)

A mistura lenta é realizada em duas séries paralelas de floculadores hidráulicos do tipo

Cox sendo que uma delas foi inserida posteriormente a construção original da ETA que

contava com apenas uma série de floculadores. Essa modificação teve por objetivo o

atendimento ao aumento da demanda de água tratada que há algum tempo superou a

capacidade máxima de projeto da ETA.

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261

Estudos de hidráulica realizados por Bastos et al (2000) na ETA do DMAES de Ponte

Nova verificaram que os gradientes de velocidade são inadequados como resultado da

má distribuição das vazões entre as séries. Segundo os pesquisadores, os baixos

gradientes de velocidade eram insuficientes para promover os choques entre as

partículas coaguladas o que prejudicava o processo de floculação.

Apesar desse problema, que é um resultado da sobrecarga a que a ETA é submetida,

verificou-se que os requisitos deste item no checklist são atendidos em boa parte no que

se refere aos ensaios hidráulicos, realizados por Bastos et al (2000), para verificar a

eficiência dos floculadores e por isso a avaliação deste item foi de 50%.

I) Decantação (Nível de Atendimento=25%)

Neste item as principais observações a serem feitas se relacionam aos procedimentos de

lavagem do decantador e a disposição do seu lodo químico.

A limpeza do decantador é realizada por meio da remoção manual do lodo em

intervalos de 4 meses ou quando se observa que a turbidez da água decantada é bem

superior ao seu limite estabelecido que é de 10 NTU. Os principais problemas

detectados referem-se a falta de procedimento documentado para execução da limpeza e

do estabelecimento de critérios específicos que determinem a segurança dos operadores.

Várias foram as situações em que se observou riscos a saúde e segurança dos

funcionários envolvidos no processo de limpeza. O primeiro ponto a ser destacado é a

falta de vestimentas adequadas para proteger o operador do contato com o lodo químico

que apresenta em sua composição alto teor contaminantes de origem química e

microbiológica. Um segundo ponto é a falta de EPI para garantir o trânsito seguro dos

operadores na descida e subida da escada que leva ao fundo do decantador e na

execução da lavagem das paredes internas do decantador (Figura 58).

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262

Figura 58– Exemplo de exposição desnecessária ao risco onde se observa um dos funcionários sobre a

calha de coleta de água decantada e logo abaixo dele, observa-se outro funcionário realizando o arraste do

lodo químico sem vestimentas adequadas para a sua proteção. Data: 07/05/05.

No DMAES, a disposição do lodo químico do decantador é feita através do lançamento

in natura em local a jusante do ponto onde se realiza a captação no manancial. Esse

problema é considerado como aspecto ambiental mais grave deste estudo, pois embora

os seus impactos resultantes ainda não tenham sido totalmente esclarecidos os estudos

de caracterização de lodos (BARROSO, 2002; BARROSO & CORDEIRO apud DI

BERNARDO, 2002; CORDEIRO & CAMPOS, 1999; PORTELLA, 2003; SOUZA,

2004) fornecem fortes indícios sobre o seu potencial de degradação. Segundo esses

estudos vários parâmetros como alumínio, cádmio, cromo e zinco, possuíam

concentrações muito elevadas no lodo químico quando comparadas com os valores

máximos estabelecidos para lançamentos de efluentes, segundo a resolução CONAMA

no 357 / 2005.

É importante que seja elaborado procedimento para o gerenciamento deste resíduo,

considerando-se os seguintes passos: caracterização físico-química e quantificação do

lodo químico gerado, avaliação das alternativas de tratamento visando a redução do seu

volume e disposição do resíduo tratado em aterros sanitários.

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263

J) Filtração (Nível de Atendimento=50%)

A operação dos filtros é realizada apenas pelo controle do valor de turbidez da água

filtrada que não deve ser superior a 01 UNT.

As carreiras de filtração medidas apresentaram baixos valores o que poderia ser

atribuído a uma baixa qualidade da água decantada. Entretanto, de acordo com os

operadores, está em conformidade com o valor máximo estabelecido de 10 UNT. Outras

possíveis causas seriam problemas relacionados ao meio filtrante como proliferação de

algas ou a formação de bolas de lama que são aglomerados de partículas e grãos do

meio filtrante que não são rompidos durante a lavagem, e que com o tempo,

consolidam-se criando caminhos preferenciais no leito filtrante. De qualquer forma,

nestes casos a solução é a troca do leito filtrante.

Outro ponto avaliado foi a questão das lavagens de filtro onde se percebeu que apesar

de não haver um procedimento documentado orientando a execução, ela já é uma

atividade padronizada no local onde se observou que todos os operadores a executam

utilizando os mesmos critérios.

A última observação feita neste item refere-se à disposição das águas resultantes das

lavagens dos filtros diretamente no corpo d’água local. Apesar das características físico-

químicas destes resíduos não apresentarem grande potencial de dano ao meio ambiente,

considera-se esta prática um grande desperdício deste recurso natural tão importante que

é a água. Segundo as estimativas deste trabalho, considerando-se uma média de cinco

lavagens de filtro por dia, o volume de água descartado por esta atividade

corresponderia a 3% do total da água produzida pela ETA que é um volume

relativamente alto. Assim, as alternativas de recuperação e recirculação deste resíduo,

após uma avaliação do seu custo-benefício, devem ser consideradas nas ações de

melhorias para a ETA.

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264

K) Correção de pH (Nível de Atendimento=50%)

Este item no DMAES apresentou bom nível de atendimento aos requisitos do checklist.

Foram avaliados o processo de dosagem do alcalinizante e o método de análise utilizado

no monitoramento. Em ambos os casos os procedimentos se demonstraram adequados,

exceto por dois problemas.

O primeiro problema detectado foi a aplicação da dosagem na entrada da câmara de

contato junto a dosagem de desinfectante (Figura 59). Segundo Richter & Netto (1995),

a maior eficiência do processo de desinfecção depende de pHs mais baixos. Quanto

maior o pH maiores concentrações de cloro livre são necessárias para se atingir o

resultado desejado.

Considerando que a qualidade microbiológica da água tratada atende aos parâmetros

estabelecidos pelo padrão de potabilidade, provavelmente devem estar sendo aplicadas

dosagens de desinfectante acima do que poderia realmente ser dosado caso a correção

de pH ocorresse no local correto que é a saída da câmara de contato. A implantação

dessa medida, além de proporcionar economia com menor uso de hipoclorito de cálcio

também diminuiria a probabilidade de formação de trialometanos na água que apesar de

não estarem sendo monitorados podem estar com níveis acima do estabelecido pela

Portaria no 518/04 do Ministério da Saúde.

Figura 59– Aplicação de alcalinizante (cano do lado esquerdo) no mesmo ponto onde se aplica o

desinfectante (cano do lado direito da foto). Data: 03/05/05.

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265

O segundo problema detectado foi a falta de instrução de trabalho na preparação da

suspensão de alcalinizante que apesar de estar bem difundida e ser realizada de maneira

padronizada, numa das situações em que se acompanhou o preparo, observou-se o uso

de 40kg de cal ao invés dos 60kg especificados no procedimento. Esse problema não é

considerado tão grave uma vez que o controle da dosagem do alcalinizante é feita

através do pH da água tratada, portanto, apesar da solução preparada possuir menor

concentração basta um aumento na dosagem para que se obtenha o mesmo resultado.

Caso, a dosagem fosse feita através de um dosador de precisão com dosagens

relacionadas à vazão de água, o resultado do pH da água seria afetado pelo desvio

observado.

L) Fluoretação (Nível de Atendimento=50%)

O item fluoretação também apresentou nível razoável no atendimento aos requisitos do

checklist. Os processos avaliados foram o de dosagem e o método de análise utilizado

no monitoramento de flúor na água.

O controle da dosagem é feito através da verificação do teor de fluoreto na água tratada

que deve estar entre 0,6 e 0,8 mg/L o que está aquém do valor máximo permitido para

este íon na Portaria no518/04 do MS e, portanto, dentro dos valores legais.

O procedimento para preparação do flúor observado foi feito de maneira padronizada

por todos os operadores aplicando-se 15 kg de fluorsilicato de sódio em um cone

saturador com volume aproximado de 200L.

Um problema avaliado neste item foi referente ao método aplicado na determinação do

flúor. Durante a observação feita das análises pelos operadores verificou-se que ocorre a

aplicação direta do corante alizarina na amostra seguido de leitura no aparelho

colorimétrico.

De acordo com procedimento para determinação de flúor no estudo feito por Bastos et

al (2000) e Portaria no 635/Bsb de 26 de dezembro de 1975, deve ser feita a

quantificação do teor de interferentes que possam mascarar os resultados no método

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266

colorimétrico, devendo a amostra ser previamente destilada antes de receber a adição de

alizarina e quando isto for feito, deve-se deixar a amostra uma hora em repouso antes de

fazer a leitura do resultado no colorímetro para que a alizarina core adequadamente a

amostra.

M) Desinfecção (Nível de Atendimento=50%)

Este item apresentou atendimento considerado razoável em relação aos procedimentos

de dosagem e métodos de análise.

Em relação à dosagem, esta é feita por meio de cloração simples onde o controle é

exercido sobre o índice de cloro residual da água tratada que deve estar na faixa de 1-2

ppm. Este método atende bem ao tipo de água bruta que apresenta um baixo grau de

poluição tendo, portanto, uma baixa demanda de cloro. Caso a água fosse poluída, o

método de cloração simples seria ineficaz uma vez que o cloro residual seria

rapidamente consumido, sendo aconselhável neste caso a utilização de cloração ao

“break-point”.

Um problema detectado é o tempo de detenção na câmara de contato cujo valor segundo

funcionários estaria abaixo dos 30 minutos recomendados pela Portaria no 518/MS de

2004, o que no entanto, neste caso não impede que os valores de cloro residual e os

resultados das análises microbiológicas da água tratada estejam dentro dos padrões

exigidos por essa lei.

Em relação aos métodos de análise utilizados no controle da desinfecção o maior

problema foi encontrado no que diz respeito ao monitoramento de trialometanos na

água tratada que não atende a periodicidade mínima trimestral estipulada pela Portaria

no 518/MS de 2004. Os trialometanos são substâncias originárias da reação entre

componentes de matéria orgânica que ainda restaram na água filtrada e o desinfectante.

Sabe-se que a sua presença em altos níveis na água tratada aumenta o risco das pessoas

contraírem vários tipos de cânceres (KENNETH et al, 1978; TOKMAK et al, 2003).

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267

No que se refere às análises bacteriológicas e de cloro residual, a ETA do DMAES

cumpre o que recomenda a legislação.

N) Saída de Água Tratada (Nível de Atendimento=50%)

Este item tem os seus requisitos elaborados com base na Portaria no 518/MS de 2004

que determina critérios para a elaboração de planos de amostragens, parâmetros

monitorados e registros das informações sobre a qualidade da água tratada, além de

procedimentos ligados a comunicação externa e planos de ação para atender casos em

que ocorram não conformidades em relação à qualidade da água tratada fornecida a

população.

Um dos problemas mais graves encontrados neste item, durante o período de visita, é

referente ao monitoramento incompleto dos parâmetros exigidos pela Portaria no

518/MS de 2004. Dentre as características da água que não são monitoradas conforme

preconiza o padrão de potabilidade encontram-se várias substâncias químicas que

representam riscos a saúde como as: inorgânicas (Ex: cádmio, chumbo, cromo,

mercúrio...), orgânicas (Ex: benzeno, tetracloreto de carbono...), agrotóxicos (Ex: DDT,

pentaclorofenol...), cianotoxinas e produtos secundários da desinfecção (Ex:

trialometanos). A principal alegação utilizada para justificar a ausência destas análises

era o alto custo cobrado pelos laboratórios especializados. Entretanto, situações como

estas não podem ocorrer de forma alguma, pois, sem os resultados dessas análises

completas conforme indica o padrão de potabilidade, não é possível garantir a segurança

da água tratada para o consumo humano.

No requisito comunicação externa foi verificada a divulgação de informações ao

público sobre a qualidade da água tratada através de divulgação dos dados pela internet

e conta d’água, procedimentos relativos à comunicação de autoridades de saúde pública

e à população sobre problemas na qualidade da água tratada e sistemas para

recebimentos e análises de reclamações referentes a qualidade da água tratada. Dentre

as questões não verificadas nesse último requisito destacam-se duas.

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268

A primeira é a ausência de plano de ação documentado sobre os procedimentos para a

comunicação de órgãos públicos de saúde e à população sobre problemas na qualidade

da água fornecida. Ainda que a elaboração prévia deste plano de ação não seja exigida

pela Portaria no 518/MS de 2004, este trabalho considerou que a formalização de um

plano geral para atendimento a essas anormalidades com a definição e treinamento de

responsáveis pela sua execução, garantiria agilidade deste processo e minimizaria

quaisquer eventuais danos a saúde da população.

A segunda questão não verificada é a não produção de relatórios com informações

básicas sobre a qualidade da água do manancial de captação, estatísticas descritivas dos

parâmetros detectados na água e explicação do seu significado e efeitos sobre a saúde

humana, além da ocorrência de não conformidades relativas ao padrão de potabilidade e

as medidas providenciadas para solucioná-las.

O) Produtos Químicos Utilizados no Tratamento (Nível de Atendimento=50%)

Foram avaliados neste item requisitos relacionados à aquisição e controle de qualidade

de produtos químicos, além dos modos de armazenamento, preparação e procedimentos

de segurança e a disposição das embalagens vazias, sendo o nível de atendimento

considerado no geral como razoável ou em 50%.

No requisito aquisição e controle de produtos químicos foram avaliados os editais de

licitação elaborados, especificamente os que tratam do hipoclorito de cálcio e

fluorsilicato de sódio, e os laudos de controle de qualidade dos produtos adquiridos nas

compras.

No que se refere ao conteúdo dos editais não se observaram problemas em sua

formulação, exceto, em relação as exigências sobre questões ambientais e de transporte

que apresentaram uma redação sem especificações onde se dizia que o fornecedor

deveria cumprir toda a legislação ambiental e de transportes referentes a produção e

transporte do produto químico. Isso pode ser atribuído a ausência de um procedimento,

já detectado na parte I deste checklist, que é a identificação de requisitos legais de

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aspectos associados as atividades da ETA. O conhecimento em detalhes das exigências

das normas legais é muito importante para que a empresa acompanhe e estabeleça

critérios para a supervisão do desempenho ambiental de seus fornecedores.

Outra consideração a ser feita é relacionada ao controle de qualidade sobre os produtos

químicos adquiridos. Foi detectado que este procedimento é realizado pelo próprio

fornecedor, sendo um laudo enviado para o gerente da ETA a cada vez que uma carga é

entregue na estação. Considera-se recomendável que, além do laudo do fornecedor, a

própria empresa de saneamento possua um procedimento especificado (Ex: contratação

de laboratório de terceiros para avaliação da qualidade do produto químico, realização

do controle de qualidade pelos próprios técnicos da ETA) para esse fim, uma vez que

existem as possibilidades de sobreposição dos interesses comerciais ou de falhas nos

procedimentos dos fornecedores na determinação dos reais índices de qualidade do

produto.

Parsekian (2003) afirma que o emprego de produtos químicos impuros prejudica a

qualidade final da água tratada e podem interferir na qualidade e quantidade de rejeitos

gerados no processo de tratamento da água. O acúmulo de impurezas no lodo do

decantador pode provocar a solubilização de metais os quais podem ser incorporados na

água decantada dependendo do pH do decantador. Por essas razões o controle de

qualidade dos produtos químicos adquiridos e as análises completas da água tratada

(Item N) devem ser realizados conforme os padrões normativos e legais para que se

garanta o consumo seguro da água fornecida.

Em relação ao requisito armazenamento o único problema detectado foi relativo ao

armazenamento de cal que é disposto diretamente sobre a superfície do chão em pilhas

de 13 a 18 sacas. Vianna (1992) recomenda que as sacas devam ser estocadas sobre

estrados de madeira a fim de evitar a formação de umidade entre a última saca e o chão

com conseqüente empedramento do produto. Além disso, o mesmo autor sugere que a

altura máxima das pilhas seja de 14 sacas o que dá uma altura aproximada de 1,80m

garantindo assim a segurança e questões ergonômicas no carregamento destes volumes.

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270

O requisito preparação foi avaliado principalmente em relação ao layout do local onde

se preparam produtos químicos para dosagem na água. Observou-se alguns pequenos

problemas, mas que são importantes para garantir a segurança dos operadores assim

como um bom aspecto visual neste ambiente de trabalho. As recomendações em relação

a preparação são as mesmas feitas por Vianna (1992).

Um detalhe observado refere-se a preparação de cal junto a área de preparação de outros

produtos químicos. Mesmo quando realizada com muito cuidado, a manipulação da cal

hidratada produz, inevitavelmente, levantamento de pó que é capaz de irritar a pele e as

mucosas. Sendo recomendável a preparação deste produto numa sala separada com um

sistema de recolhimento deste pó o que inclusive contribui também para a limpeza das

instalações da casa de química como um todo.

Aliás, a questão da má ventilação na área de produtos químicos é um fator que deve ser

reavaliado no layout da casa de química da ETA do DMAES, pois como a preparação

de todos os produtos é realizada muito próxima uma das outras gera-se um odor irritante

que impede a permanência no local e provavelmente, a longo prazo, com o contínuo

trânsito de operadores naquela área estes podem desenvolver doenças de origem

respiratória.

Por fim, destacam-se alguns problemas relativos à segurança no manuseio de produtos

químicos que inclusive já foram discutidos em itens anteriores a este (Itens K, L e M),

sendo eles, as ausências de instruções de trabalho e FISPQs no local e também de um

plano de atendimento a emergências (Ex: intoxicações).

P) Laboratório de Análises Físico-Químicas e Microbiológicas (Nível de

Atendimento=50%)

O laboratório de análises físico-químicas e microbiológicas do DMAES realiza

basicamente análises de parâmetros ligados a rotina operacional diária da ETA como,

por exemplo, a determinação de fluoreto, cloro residual, turbidez, presença ou ausência

de coliformes termotolerantes, dentre outros.

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271

Em relação aos requisitos relativos a responsabilidades, treinamentos e controle

operacional foi observada uma boa organização feita pelo responsável do laboratório

com sistemáticas criadas para procedimentos das análises, registro dos resultados,

instruções de trabalho próximas ao local de sua execução.

O principal problema verificado no laboratório é a falta de procedimentos de segurança

como identificações de risco dos produtos químicos utilizados, plano de respostas a

acidentes em laboratório e disponibilização de EPIs (Ex: óculos de segurança, luvas,

aventais, máscaras...) e EPCs (lava-olhos, chuveiro, extintor de incêndio, caixas de

primeiros socorros...).

Outro problema detectado é a estocagem de resíduos laboratoriais constituídos

basicamente por reagentes vencidos sem a presença de um inventário de identificação

desses produtos e de seus potenciais riscos a saúde humana. Em um levantamento

preliminar verificou-se a presença de alguns produtos perigosos como ácido sulfúrico,

formol e cianeto de potássio, sendo que este último possui características letais ao ser

humano.

Q) Controle de Perdas Físicas Operacionais e por Vazamentos (Nível de

Atendimento=10%)

Este item procurou avaliar o controle sobre as perdas físicas derivadas da operação (Ex:

águas da limpeza do decantador e de lavagem dos filtros) e por vazamentos oriundos de

problemas de infra-estrutura (Figura 60).

No primeiro caso, relativo às perdas operacionais, não se observaram quaisquer planos

para reduzir ou reutilizar a perda de água nas lavagens de decantadores e filtros, sendo

os resíduos destes processos lançados diretamente sobre o próprio manancial de

captação da ETA, mas em ponto a jusante. Como já discutido anteriormente

principalmente em relação à perda do volume de água das lavagens de filtro (Figura 61),

o seu controle pode ser feito através de processo de recirculação deste resíduo o que se

constitui numa alternativa bem interessante que deve ser avaliada em relação a sua

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272

viabilidade econômica e também após caracterizações físicas, químicas e

microbiológicas deste efluente.

Já o segundo caso que é referente às perdas d’água por vazamentos derivados

principalmente de rachaduras observadas nos decantadores e floculadores ocorrem

principalmente pela falta de manutenção preventiva da estrutura física da ETA.

Segundo informações prestadas pelos funcionários não há registro de quando tenha

ocorrido alguma atividade para reforma desses problemas na ETA e nem foi detectado

planejamento destinado a solucioná-los.

Figura 60– Canal por onde escoa a água de vazamentos nas galerias e das rachaduras de floculadores e

decantadores. Data: 06/05/05.

Figura 61– Despejo da água de lavagem de filtro pelo canal de esgoto.

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273

5.3.2. ETA do SAAE de Itabirito

As planilhas contendo os resultados do checklist para o SAAE encontram-se no

apêndice G. À seguir são discutidos os resultados do Diagnóstico do Nível de

Atendimento à NBR ISO 14001:2004 e da Qualidade Gerencial e Operacional.

I- Diagnóstico do Nível de Atendimento à NBR ISO 14001:2004

O SAAE de Itabirito apresentou um baixo nível de atendimento à primeira parte do

checklist (Figura 62) que avalia o nível de defasagem do sistema de gestão vigente em

relação aos requisitos da norma NBR ISO 14001:2004. Os resultados indicam que a

questão ambiental ainda é um assunto secundário frente a outros. Segundo as

entrevistas, os objetivos principais da atual gestão são relacionados ao aumento da

receita da empresa onde ocorria um trabalho pró-ativo na reformulação das tarifas de

cobrança aos consumidores pela água fornecida, atendimento de comunidades distritais

do município de Itabirito, detecção de ligações clandestinas na rede, além de cortes de

outros custos, dentre outras coisas.

Quando questionados a respeito da preocupação com características do processo de

tratamento que poderiam influenciar negativamente o meio ambiente, foi informado que

não havia previsão em curto prazo para investimento nesta área e que a prioridade era

um trabalho de reestruturação na empresa com investimentos na modernização das

tecnologias utilizadas no tratamento da água, na ampliação da capacidade da ETA que

trabalhava com sobrecarga e no treinamento e qualificação dos funcionários.

Apesar disso, após a avaliação feita, considera-se que a empresa possui condições de

realizar a implantação de um SGA mesmo que este não seja nos moldes da NBR ISO

14001:2004. O LAIA deste trabalho aponta vários aspectos ambientais decorrentes do

processo de tratamento de água cuja correção ou controle podem ser perfeitamente

realizados concomitantemente aos outros trabalhos que estão em andamento na

empresa.

Itens como a política ambiental (Item A), a identificação de aspectos e impactos

ambientais (Item B, já realizado por este trabalho), o estabelecimento de objetivos e

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metas ambientais (Item D) e a definição de recursos, funções, responsabilidades e

autoridades (Item E) considerados essenciais na estruturação de um SGA não são

atendidos pela empresa o que compromete qualquer esforço no sentido de gerir questões

ambientais e reforça o que foi dito no primeiro parágrafo sobre questões de meio

ambiente ocuparem uma posição em segundo plano no planejamento das atividades

operacionais e administrativas.

É importante que ocorra uma discussão dentro da empresa sobre a necessidade de se

incluir a questão do meio ambiente no planejamento das atividades da atual gestão, uma

vez que alguns aspectos ambientais já apresentados como a descarga do lodo de

decantador em corpos d’água, tem sido discutido por vários trabalhos científicos em

relação ao seu potencial de danos o meio ambiente e a possibilidade de ser legalmente

irregular tendo em vista que vários dos seus parâmetros físico-químicos apresentam

concentrações superiores em relação ao máximo permitido por leis que regulam o

lançamento de efluentes em corpos d’água como a CONAMA no 357/05.

Nível de Atendimento à NBR ISO 14001:2004 (SAAE)

0102030405060

7080

90100

A B C D E F G H I J K L M N O P Q

Nível de Atendimento (%)

Figura 62– Gráfico de colunas demonstrando o nível de atendimento à NBR ISO 14001:2004 pelo

SAAE. . Itens: A) Política Ambiental, B) Identificação de Aspectos e Impactos Ambientais, C)

Identificação de Requisitos Legais, D) Objetivos, metas e programa(s), E) Recursos, funções,

responsabilidades e autoridades, F) Competência, treinamento e conscientização, G) Comunicação, H)

Documentação, I) Controle de documentos, J) Controle Operacional, K) Preparação para resposta à

emergências, L) Monitoramento e medição, M) Avaliação de atendimento à requisitos legais, N) Não-

conformidade, ação corretiva e ação preventiva, O) Controle de registros, P) Auditoria interna, Q) Análise

pela administração.

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275

A) Política Ambiental (Nível de Atendimento=10%)

O SAAE não tem uma política ambiental própria o que, como já comentado

anteriormente nos resultados do DMAES, compromete qualquer tipo de estruturação de

um SGA.

Sem a definição dos comprometimentos ambientais que são estabelecidos em uma

política ambiental, a empresa não terá uma base adequada para o desenvolvimento de

objetivos e metas que são muito importantes na melhoria contínua da gestão ambiental

preconizada pela NBR ISO 14001:2004.

B) Identificação de Aspectos e Impactos Ambientais (Nível de Atendimento=10%)

Outro item considerado também essencial para a implantação de um SGA baseado na

NBR ISO 14001:2004 e que também não foi verificado no SAAE é a identificação de

aspectos e impactos ambientais.

A ausência de uma metodologia específica para realização desse procedimento

compromete uma ação sistemática sobre as questões ambientais decorrentes da ação do

SAAE no município. Assim, não é possível estabelecer objetivos e metas ambientais,

pois não há um alvo de ação, que deveriam ser os aspectos ambientais considerados

significativos pela metodologia.

C) Identificação de Requisitos Legais (Nível de Atendimento=10%)

Uma vez que não é feita a identificação de aspectos e impactos ambientais (Item B),

consequentemente não é possível realizar, conforme preconiza a NBR ISO 14001:2004,

a identificação dos requisitos legais aplicáveis aos aspectos ambientais considerados

significativos.

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D) Objetivos, Metas e Programa(s) (Nível de Atendimento=10%)

Objetivos e metas ambientais também são um outro item que dependem do atendimento

ao item B, pois eles são estabelecidos visando corrigir, mitigar ou controlar os riscos e

impactos ambientais derivados de aspectos ambientais considerados significativos pelo

filtro de significância do procedimento de LAIA.

Um objetivo informado durante as entrevistas que trata de uma questão ligada ao

assunto de meio ambiente foi o planejamento de um seminário de educação ambiental

voltado para os cidadãos do município de Itabirito com a realização de palestras

educativas. Entretanto, verificou-se que essa é uma ação isolada derivada da percepção

pessoal do diretor da empresa, o que apesar de válida, não é o objetivo da norma NBR

ISO 14001:2004 que aconselha que o estabelecimento de objetivos e metas deve ser

resultado de uma sistemática de ações que envolvem a formulação de procedimentos

para identificação de problemas ambientais, a implementação de medidas corretivas ou

mitigadoras, o registro desses resultados, a definição de indicadores de desempenho e

análises destes, dentre outras coisas.

E) Recursos, Funções, Responsabilidades e Autoridades (Nível de

Atendimento=10%)

O SAAE possui uma sistemática própria para definir os recursos, funções,

responsabilidades e autoridades dentro do seu sistema de gestão atual, entretanto, não

existem atribuições especificamente voltadas para as questões ambientais, assim o nível

de atendimento a este item foi avaliado em 10%.

F) Competência, Treinamento e Conscientização (Nível de Atendimento=25%)

Durante a avaliação feita por este trabalho não foi evidenciado nenhum programa dentro

da empresa para identificação sistemática de necessidades de treinamento e provimento

das mesmas.

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277

Na ETA do SAAE, segundo informações coletada através das entrevistas, evidenciou-se

que boa parte dos treinamentos oferecidos aos operadores são fornecidos pelo próprio

gerente de qualidade do local que os instrui sobre os procedimentos para realização das

análises laboratoriais, prevenção de acidentes e manuseio de produtos químicos, dentre

outros. Entretanto, isso não é feito de maneira sistemática, mas sim através da

percepção pessoal daquele gerente ou pela própria exigência do trabalho no dia-a-dia.

Não se observou nenhuma medida no que diz respeito à execução de treinamentos e

conscientização em relação a questões ambientais relevantes na operação da ETA. Isso

é perfeitamente compreensível tendo em vista que a própria empresa não possui uma

política ambiental (Item A) que incentive isso.

G) Comunicação (Nível de Atendimento=25%)

O SAAE apresenta um sistema próprio para realização de comunicações internas e

externas, mas nada aplicado à questão ambiental. Segundo informações prestadas pelos

entrevistados a empresa passa atualmente por um processo de modificação nesse setor

através de um trabalho de uma consultoria especializada em sistemas de informação

objetivando realizar uma integração dos diversos setores (Ex: administração, produção,

distribuição) por meio da padronização e documentação de procedimentos, além do

treinamento de funcionários.

No que se refere a comunicação externa, a empresa e também a ETA possuem números

de telefones específicos para o recebimento de reclamações e sugestões relativos ao

fornecimento da água tratada. Em relação a assuntos de cunho ambiental, nenhum

procedimento específico foi observado.

H) Documentação (Nível de Atendimento=10%)

A documentação, conforme preconiza a NBR ISO 14001:2004, deve incluir política,

objetivos e metas ambientais, escopo do SGA, manual de SGA, registros associados a

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processos cujos aspectos ambientais sejam significativos, além de uma determinação

sistemática sobre quais informações devem ser registradas e documentadas.

Devido ao fato dos itens A, B e D não serem satisfeitos, também não foi possível

verificar o atendimento do presente item. Logicamente que o SAAE apresenta um

sistema de documentação próprio relativo à operacionalização do tratamento de água,

entretanto, como não trata de questões ambientais, não satisfaz o item H.

I) Controle de Documentos (Nível de Atendimento=25%)

O sistema de controle de documentos no SAAE não é padronizado, conforme as

observações feitas no setor de recursos humanos e na ETA, o que pode dificultar a

integração e agilidade de comunicação entre as partes.

No que foi observado, o controle que mais se aproxima ao determinado pela NBR ISO

14001:2004 foram documentos relativos ao preparo de produtos químicos para dosagem

no tratamento da água a ser distribuída. Estes são padronizados e possuem uma

formatação adequada contendo informações sobre quem o elaborou, a data em que isso

foi feito, o número da revisão e a data em que houve a revisão do conteúdo, número de

páginas, setor de origem, dentre outras coisas. Apesar disso, observou-se que vários

campos deste documento estavam em branco o que compromete saber se aquele

documento está em uso ou não.

Outro fator observado é que a elaboração do documento não possuía um procedimento

próprio que ditasse o modo como isso deveria ser feito. Verificou-se que aquele formato

de documentos foi elaborado pelo gerente de qualidade da ETA que teve a percepção

pessoal em identificar aquela necessidade, que apesar de válido, como já dito

anteriormente, não faz parte de uma sistemática conforme pede a NBR ISO

14001:2004.

A NBR ISO 14001:2004 sugere que o controle de documentos seja um sistema

padronizado formalizado que defina como devem ser elaborados, aproveitados,

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emitidos, controlados e revisados os procedimentos, bem como estabeleça mecanismos

de controle de cópias e remoção de versões obsoletas dos locais de uso.

J) Controle Operacional (Nível de Atendimento=50%)

O item relativo ao controle operacional na NBR ISO 14001:2004 apresentam requisitos

que determinam que todas as operações associadas a aspectos ambientais significativos

devem ser realizadas sob condições específicas, documentadas na forma de

procedimentos com estabelecimento de critérios operacionais, evitando assim situações

onde a ausência desses documentos pudesse acarretar desvio da política, objetivos e

metas ambientais.

Já foi verificado que o SAAE não atende aos itens A e D, contudo, após a aplicação do

LAIA verificou-se que vários dos aspectos ambientais detectados como lavagem de

filtros e preparação de produtos químicos, apresentavam procedimentos documentados

com critérios específicos já determinados, o que levou a avaliar o item J em 50%.

Evidenciou-se que com exceção da lavagem de decantador, os outros processos

relacionados com aspectos ambientais foram documentados, porém, isso não foi feita de

uma maneira sistemática. Seguindo a lógica da NBR ISO 14001:2004, o controle

operacional deveria ser resultante dos resultados da execução dos itens A, B, C e D, que

no caso do SAAE não são atendidos e, por isso, a avaliação deste item não foi maior.

K) Preparação para Resposta à Emergências (Nível de Atendimento=10%)

Durante o período de avaliação não foi evidenciado nenhum procedimento relativo a

identificação de potenciais situações de emergência e de acidentes que possam ter

impacto sobre o meio ambiente e/ou a saúde ocupacional dos operadores. Além disso

não foi verificado procedimentos que tratassem de respostas a situações de emergência.

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280

A aplicação do LAIA possibilitou identificar vários tipos de risco nas atividades de

operação da ETA. Dentre eles, destacam-se os riscos ocupacionais na preparação de

produtos químicos para dosagem no tratamento da água. Apesar de serem fornecidos

EPIs para a execução do procedimento, não se observou no local a presença de FISPQs

que apresentam várias informações sobre a periculosidade dos produtos e sobre os

procedimentos de primeiros socorros no caso de acidentes com os mesmos.

L) Monitoramento e Medição (Nível de Atendimento=25%)

O atendimento a este item foi comprometido pela ausência de um procedimento para a

identificação de aspectos e impactos ambientais (Item B), pois na NBR ISO 14001:2004

é recomendado que existam procedimentos para monitoramento e medição das

características principais das operações que possam ter um impacto ambiental

significativo.

De acordo com o LAIA, alguns exemplos de características que poderiam ser

monitoradas e medidas seriam a quantidade e a composição química do lodo de

decantador e das águas de lavagem de filtro.

Para outros equipamentos referentes ao monitoramento da qualidade de água tratada

(Ex: equipamentos de análises laboratoriais) foram verificados procedimentos para

calibragem dos aparelhos utilizados além do arquivamento dos registros. Estes

procedimentos, no caso de implantação de um SGA, podem ser reaproveitados para uso

no monitoramento e medição de aspectos significativos.

M) Avaliação de Atendimento à Requisitos Legais (Nível de Atendimento=10%)

Este item não apresentou nenhum requisito atendido uma vez que depende da realização

prévia do atendimento ao item C que como já foi visto, também não é atendido pela

empresa.

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281

N) Não-Conformidade, Ação Corretiva e Ação Preventiva (Nível de

Atendimento=10%)

Como não são estabelecidos objetivos e metas ambientais no sistema de gestão do

SAAE, conforme foi apresentado no item D deste trabalho, também não é possível

identificar não-conformidades ambientais que são definidas como desvios em relação ao

que é estabelecido por critérios operacionais específicos que por sua vez, também não

são determinados.

O) Controle de Registros (Nível de Atendimento=10%)

A NBR ISO 14001 sugere que o controle de registros deverá ser feito por meio de

estabelecimento de procedimentos para identificação, proteção, armazenamento,

proteção, recuperação e descarte de registros que servem como evidências da

conformidade com os requisitos estabelecidos nos objetivos e metas (Item D) e demais

itens da norma NBR ISO 14001:2004.

Observou-se sistemática relacionada ao controle de registros dos parâmetros físico-

químicos das águas brutas, decantada, filtrada e tratada que segue o conjunto de

procedimentos citados no parágrafo acima sendo executado da mesma forma por todos

os operadores. Todavia, isso não é regra pra todas as atividades da ETA e nos casos

relacionados a aspectos ambientais significativos (Ex: descarte de lodo após lavagem do

decantador), que é o que exige a norma NBR ISO 14001:2004, não foram observados

registros e nem seus sistemas de controle.

P) Auditoria Interna (Nível de Atendimento=10%)

Este é mais um item que não é atendido pelo SAAE. De forma semelhante ao DMAES,

são nomeados supervisores em cada um dos setores da empresa que periodicamente se

reúnem com o diretor geral e o mantém informado sobre questões operacionais e

problemas ocorridos.

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282

A NBR ISO 14001:2004 aconselha que exista um programa de auditoria interna na

empresa para determinar se o SGA funciona, conforme foi o planejado e se os objetivos

e metas (Item D) estão sendo atendidos. O pessoal envolvido na auditoria deve

assegurar a objetividade e imparcialidade do processo, por isso, na implementação de

SGA é recomendável que os auditores sejam independentes de qualquer setor da

empresa.

Ainda que existam os supervisores em cada um dos setores, o processo realizado por

eles não pode ser caracterizado como uma auditoria uma vez que não há um

procedimento formal para que isso seja feito e nem há um sistema de documentação

(Item H e I) e de registros (Item O) que possa servir de evidências nas auditorias.

Q) Análise pela Administração (Nível de Atendimento=25%)

A análise pela administração, conforme preconiza a NBR ISO 14001, envolve várias

atividades como a revisão dos resultados de auditorias internas, de comunicações de

origem externa, desempenho ambiental e outras coisas mais.

No caso do SAAE, não ocorrem análises relativas a questões ambientais mesmo porque,

como já foi descrito antes, não há um sistema voltado especificamente para tratar desses

assuntos. Apesar disso, o atual modelo de análise feita das questões operacionais e

administrativas que envolvem o processo de tratamento da água pode ser perfeitamente

adaptado para tratar de assuntos voltados também para o meio ambiente. Assim, o nível

de atendimento considerado por esta avaliação é de 25%.

II- Qualidade Gerencial e Operacional

De uma forma geral, os resultados obtidos pelo SAAE na avaliação feita pelo checklist

podem ser considerados bons. Apesar da área ambiental ainda não ser uma prioridade

na empresa, a parte operacional apresentou uma boa estrutura no que diz respeito a

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procedimentos e monitoramento da qualidade da água bruta e tratada sendo realizados

de acordo com o que exige a Portaria no 518/MS de 2004 (Figura 63).

Qualidade Gerencial e Operacional (SAAE)

0102030405060

7080

90100

A B C D E F G H I J K L M N O P Q

Nível de Atendimento (%)

Figura 63– Gráfico sobre Qualidade Gerencial e Operacional do SAAE. . Itens: A) Plano Diretor de

Recursos Hídricos do Município, B) Conservação de Mananciais, C) Dados Hidrológicos, D) Saúde e

Segurança Ocupacional, E) Programas de Educação Ambiental para os Consumidores, F) Entrada de

Água Bruta, G) Mistura Rápida, H) Mistura Lenta, I) Decantação, J) Filtração, K) Correção de pH, L)

Fluoretação, M) Desinfecção, N) Saída de Água Tratada, O) Produtos Químicos Utilizados no

Tratamento, P) Laboratório de Análises Físico-Químicas e Microbiológicas, Q) Controle de Perdas

Físicas Operacionais e por Vazamentos.

Os principais problemas detectados pela avaliação deste trabalho na ETA do SAAE

foram o despejo do lodo químico do decantador e das águas de lavagens de filtros em

corpo d’água de baixa vazão próxima a ETA. De acordo com estudos de caracterização

de ambos os resíduos, o seu lançamento em mananciais não é permitido pois vários dos

parâmetros físico-químicos do lodo de decantador (BARROSO, 2002; BARROSO &

CORDEIRO apud DI BERNARDO, 2002; SOUZA, 2004) e o teor de alumínio no caso

da água de lavagem de filtro (MENEZES et al, 2005; SCALIZE & DI BERNARDO,

2000) superam os valores máximos estabelecidos na parte de lançamento de efluentes

da resolução CONAMA no 357, de 17 de março de 2005.

Os últimos destaques, antes que sejam feitas discussões mais detalhadas de cada item,

são em relação a ausência de instruções de segurança no local de preparo de produtos

químicos e de FISPQs. Além disso, um problema foi detectado na área de

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armazenamento dos produtos devido a presença de um arquivo “morto” de documentos

próximo aos produtos químicos o que, dada a inflamabilidade do papel, em caso de

incêndio pode fazer com que produtos como o fluorsilicato de sódio liberem gases

tóxicos pondo em risco a saúde das pessoas expostas.

A) Plano Diretor de Recursos Hídricos do Município (Nível de Atendimento=10%)

Durante a visita ao SAAE não foi verificado nenhum plano diretor ou iniciativa a

respeito da gestão de recursos hídricos na microbacia do Rio Itabirito, onde se localizam

as captações nos córregos Seco e do Bação. Acredita-se que a falta de preocupação da

administração com este item seja devido a boa qualidade da água bruta que no período

de seca permite o tratamento da água sem a utilização de produtos químicos como

coagulantes e alcalinizantes, sendo necessária apenas as etapas de filtração, desinfecção

e fluoretação da água.

Apesar da região de drenagem da microbacia se localizar dentro da bacia hidrográfica

do rio das Velhas, cujo plano diretor já foi elaborado, considera-se que a existência de

um plano diretor local, assim como a formação de um comitê de bacia também local

seja importante, a fim de que se realize um diagnóstico e planejamento voltado às

necessidades e realidades locais. Mesmo que ainda não ocorram problemas dentro da

região da microbacia, a elaboração dos diagnósticos dos meios físico, biótico e

antrópico, além da identificação dos usuários da água poderiam ser extremamente úteis

para que se previnam conflitos futuros em casos de escassez da água ou diminuição de

sua qualidade.

B) Conservação de Mananciais (Nível de Atendimento=25%)

Este item também apresentou um baixo nível de atendimento, cuja causa provável, seria

a mesma alegada no item A desta parte II do checklist (a boa qualidade da água bruta

captada). Segundo informações prestadas, ambos os córregos localizam-se dentro de

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propriedades particulares de terceiros, cuja vegetação local apresenta-se bem preservada

e possui uma boa disponibilidade hídrica durante todo o ano.

Ainda assim, considera-se que a empresa devesse implantar um programa para

identificação das nascentes e cadastramento de pontos de descarga de poluentes ao

longo dos vários cursos d’água interligados na microbacia a fim de que se tenha um

maior número de informações para a elaboração de uma política voltada para a

conservação da boa quantidade e qualidade da água nesses mananciais.

C) Dados Hidrológicos (Nível de Atendimento=10%)

Segundo informações prestadas durante as entrevistas, a ETA do SAAE não monitora

variáveis hidrológicas como, por exemplo, a pluviosidade e a vazão dos mananciais

onde ocorre a captação. O conjunto de bases históricas destes e de outros dados

hidrológicos permitem que, através de estudos, seja possível a previsão de períodos em

que ocorre a alteração da qualidade da água bruta (Ex: índices pluviométricos X

turbidez da água bruta), possibilitando o planejamento do uso dos produtos químicos

utilizados no tratamento, além da previsão da ocorrência de problemas operacionais

(Ex: proliferação de algas nas épocas de seca cuja vazão dos mananciais é baixa).

D) Saúde e Segurança Ocupacional (Nível de Atendimento=50%)

No que diz respeito à questão da saúde e segurança ocupacional não foi observado

nenhum programa adequadamente estruturado dentro da empresa. Segundo informações

obtidas a partir de entrevistas com os funcionários, a implantação deste programa estava

a cargo de uma consultoria contratada, mas cujas ações teriam início em data ainda não

determinada para o ano de 2006.

As medidas observadas relativas ao item saúde e segurança não são tomadas de forma

sistemática, mas a partir de iniciativas de alguns funcionários ligados a parte

administrativa e de supervisão operacional. Dentre as medidas tomadas estão o

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fornecimento de EPIs para a preparação de produtos químicos utilizados no tratamento

da água e serviço médico para os casos em que ocorram acidentes durante o trabalho.

Considera-se que para o atendimento deste item deva haver um programa elaborado e

aprovado pela alta administração da empresa que determine a identificação de riscos

ocupacionais, estruturação de uma Comissão Interna de Prevenção a Acidentes (CIPA),

recursos financeiros destinados ao programa, treinamento de funcionários envolvidos

em atividades, cujo risco ocupacional seja considerado significativo, e sistemas de

registros sobre acidentes e doenças ocupacionais ocorridas no ambiente de trabalho.

E) Programas de Educação Ambiental para os Consumidores (Nível de

Atendimento=50%)

Durante o período de visita ao SAAE foi detectado nível de atendimento razoável

relativo ao uso de educação ambiental voltada para os consumidores.

A iniciativa pela implantação de práticas relacionadas a educação ambiental, segundo o

que se observou, partiu da percepção pessoal do diretor que numa ação conjunta com a

prefeitura da cidade realizou o planejamento de uma conferência sobre saneamento e

meio ambiente cujo objetivo era de discutir através de palestras diversas questões

relacionadas abastecimento de água, coleta seletiva, limpeza urbana e educação,

ambiental, dentre outros diversos assuntos. A finalidade dessa conferência era provocar

a sensibilização dos cidadãos sobre os benefícios advindos do consumo responsável da

água e da importância da preservação ambiental.

Apesar disso, na época, ainda não havia sido implantado um programa de educação

ambiental documentado e aprovado pela administração, com estabelecimento de

objetivos e metas, estrutura de responsabilidades formadas e avaliadores de desempenho

sobre a efetividade das ações o que resultou na avaliação de 50% no atendimento a este

item.

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F) Entrada de Água Bruta (Nível de Atendimento=100%)

Este item avaliou o controle feito pela ETA em relação a qualidade da água bruta

captada. Vários dos requisitos avaliados neste item foram retirados da Portaria no

518/MS de 2004 e são referentes as amostragens e os parâmetros monitorados na água

bruta dos mananciais de captação. O SAAE apresentou um ótimo nível de atendimento

a este item sendo avaliado em 100%.

Dentre as observações a serem feitas uma se relaciona ao monitoramento de

cianobactérias que é feita sob freqüência trimestral. Segundo a Portaria no 518/MS de

2004, no seu artigo 19, parágrafo 1o: “O monitoramento de cianobactérias na água do

manancial, no ponto de captação, deve obedecer freqüência mensal, quando o número

de cianobactérias não exceder 10.000 células/mL (ou 1mm3/L de biovolume), e

semanal, quando o número de cianobactérias exceder este valor”. Assim, observando-se

a legislação a frequência mínima deveria ser mensal e não trimestral como é feito.

Entretanto, essa dilatação na freqüência de amostragem de cianobactérias é feita sob

anuência do órgão público responsável por esta fiscalização devido à consideração de

que a água bruta apresenta boa qualidade. Vale observar que essa modificação é válida e

permitida pelo artigo 30 da Portaria no 518/MS de 2004.

A segunda observação refere-se à ausência de uma análise de dados históricos a respeito

dos dados monitorados da água bruta. Considera-se que esse tipo de estudo poderia

gerar várias informações sobre as variações da qualidade da água bruta ao longo do

tempo o que correlacionado com fatores climáticos ou intervenções antrópicas

realizadas na microbacia, seria muito útil como base de dados para a formulação do

plano diretor local de recursos hídricos e projetos de conservação de mananciais.

Ainda assim, considera-se que o não atendimento a esse requisito não influencie o

ótimo desempenho observado no controle da água bruta que apresentou total

conformidade legal e uma boa sistemática envolvida resultando no ótimo nível de

desempenho.

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288

G) Mistura Rápida (Nível de Atendimento=75%)

A avaliação feita sobre o item mistura rápida envolveu os ensaios de coagulação,

determinação da dosagem de coagulante e sua aplicação na água e procedimentos de

operação relacionados a esta etapa, apresentaram um bom desempenho. Os requisitos

sobre auxiliares de coagulação não se aplicam à ETA do SAAE, uma vez que este tipo

de produto não é empregado.

Para a realização dos ensaios de coagulação foi observada instrução de trabalho

específica, contendo informações sobre a operação do aparelho e execução dos testes,

além de critérios informando quando devem ser executados os testes (Ex: variações

bruscas de turbidez). O único problema observado em relação a esses testes foi a falta

de um sistema de registro para arquivar os seus resultados. Considera-se que um banco

de dados históricos a respeito dos resultados dos testes de jarros poderia ser muito útil

em análises a respeito de variações sazonais da qualidade da água e sua influência sobre

consumo de coagulantes permitindo assim que sejam feitas estimativas mais precisas

para as aquisições de produtos químicos.

A determinação da dosagem de coagulante é baseada nos resultados obtidos para

turbidez da água decantada e filtrada, além dos resultados dos testes de jarros o que já é

suficiente para avaliar a eficiência do processo. Um detalhe que foi observado aqui,

assim como ocorreu no DMAES de Ponte Nova, é relativo a aplicação da dosagem de

coagulante na calha parshall que é feita de maneira pontual o que pode causar

problemas na distribuição da dosagem de coagulante no volume de água a ser tratado.

Como apresentado anteriormente, Richter & Netto (1995) aconselham que a dosagem

deve ser feita de maneira difusa permitindo assim uma distribuição mais homogênea de

coagulante na água evitando assim que regiões da água sejam super-dosadas e outras

sub-dosadas.

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289

H) Mistura Lenta (Nível de Atendimento=25%)

O desempenho dos floculadores da ETA do SAAE são nitidamente influenciados pela

sobrecarga de vazão de água a ser tratada. Não foram raras as situações em que se

observou a água coagulada transbordando das câmaras.

O fator que de certa forma compensa esse problema é a boa qualidade da água bruta nos

períodos de seca durante o ano, época em que não são utilizados coagulantes e nem

alcalinizantes no tratamento. Nesta situação, as câmaras dos floculadores servem

somente como passagem para a água bruta.

Uma das medidas utilizadas para evitar esse o problema do transbordamento que ocorre,

principalmente na primeira câmara, foi a utilização de uma bomba coletora de água.

Porém, observou-se que com isso eliminava-se um problema e criava-se outro que foi o

vazamento de óleo da máquina para dentro da primeira câmara de floculação (Figura

64).

Figura 64– Vazamento de óleo da bomba utilizada para succionar água da câmara de floculador. As setas

indicam a película de óleo formada sobre a água. Data: 14/03/06.

I) Decantação (Nível de Atendimento=25%)

Assim, como na mistura lenta, o processo de decantação parece ser afetado pela

sobrecarga de vazão da água recebida pela ETA onde se observa o freqüente

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290

afogamento da cortina distribuidora do decantador. Nos períodos de seca, esse fator

pode ser amenizado pela boa qualidade da água bruta, onde o decantador serve apenas

como passagem para os filtros e o tratamento da água ocorre apenas com a utilização da

filtração, desinfecção e fluoretação.

As principais características que foram observadas neste processo referem-se aos

requisitos sobre lavagem do decantador e tratamento e disposição do lodo químico

gerado.

O primeiro problema observado foi a falta de normas de segurança que visassem a

identificação dos riscos, equipamentos de proteção a serem utilizados e procedimentos

para atendimento à emergências.

Na prática da lavagem de decantador observaram-se várias situações de risco para os

operadores, principalmente em relação à possibilidade de queda das pessoas que se

ocupavam em lavar as paredes dos decantadores com mangueiras, tendo em vista que

não utilizavam nenhum EPI para prevenir esse tipo de acidente (Figura 65). Outra

questão que merece destaque é a falta de vestimenta adequada para a realização do

trabalho em que é necessário evitar o contato com lodo dado o potencial de

contaminação por organismos patogênicos que possam estar em seu meio. Destaca-se

ainda a falta de acompanhamento médico dos operadores que participaram do processo

de lavagem, uma vez que considera-se necessário monitorar possíveis danos a saúde

devido ao contato com o lodo (Figura 66).

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291

Figura 65– Funcionário lavando a parede do decantador sem equipamento de proteção para evitar queda.

Data: 21/07/05.

Figura 66– Detalhe da bota utilizada na limpeza do decantador, onde se observa que o comprimento do

cano é insuficiente para impedir o contato do operador com o lodo químico. Data: 21/07/05.

O segundo problema verificado neste processo refere-se a disposição do lodo químico

em corpos d’água. Já foi comentado anteriormente neste trabalho sobre o potencial do

lodo na contaminação química do meio ambiente devido aos seus altos valores de

metais como alumínio, cádmio e chumbo, dentre outros. Sendo assim o seu despejo em

corpos d’água pode ser altamente prejudicial a biota aquática devido a possibilidade de

bioacumulação e biomagnificação dos metais.

Frederico L. M. Ribeiro em sua dissertação de mestrado trabalhou com a caracterização

do lodo de decantador da ETA do SAAE e encontrou resultados que reforçam o

argumento sobre o potencial tóxico deste resíduo. Metais como Al, Fe, Ti, Mn, Cr e Cd,

segundo as análises do autor apresentaram teores consideráveis (Ex: Al = 153.356

mg/kg; Fe = 109.442 mg/kg; Ti = 3.678 mg/kg; Mn = 1.190 mg/kg; Cr = 505 mg/kg e

Cd = 7,47 mg/kg. Valores referentes a coleta realizada em julho/2005). Segundo o

próprio autor, os teores de Fe e Mn são devido as próprias características da água bruta

captada, já os valores de Al são devido a utilização do sulfato de alumínio que se

precipita nos decantadores como hidróxido de alumínio. No caso dos elementos Ti, Cd e

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292

Cr a sua origem no resíduo é atribuída ao fato deles estarem presentes como impurezas

do sulfato de alumínio o qual é considerado um subproduto da fabricação de TiO2.

J) Filtração (Nível de Atendimento=50%)

O processo de filtração apresentou um nível de atendimento aos requisitos considerado

razoável. Neste item, foram avaliadas as atividades relacionadas à operação e lavagem

dos filtros e o destino dado à água de lavagem de filtro.

Não foram observados grandes problemas relacionados à operação dos filtros mesmo

apesar de não ter sido observado um procedimento documentado a respeito deste

processo. A eficiência dos mesmos é medida através do monitoramento da turbidez da

água filtrada, sendo a carreira de filtração de cada um dos filtros igual a 24 horas.

Segundo informações recebidas durante as entrevistas, o único problema relacionado a

operação dos filtros diz respeito a qualidade da água filtrada de um filtro recém-lavado

na sua primeira hora de funcionamento onde a turbidez alcança níveis acima de 01 UT

na faixa de 02 a 03 UT.

Libânio (2005) descreve caso semelhante a este visto em ETAs dos EUA e Canadá.

Nestes locais, é comum na rotina operacional o descarte da água filtrada nos primeiros

90 minutos após a lavagem do filtro, sendo esta prática denominada filter to waste.

Segundo o autor citado, este procedimento não é muito adotado no Brasil devido à

lógica de que a eventual queda na qualidade da água filtrada seria compensada pela

manutenção desta no restante da bateria e pela própria desinfecção. Além disso, ainda

há um significativo número de ETAs no Brasil que trabalham com sobrecarga e com um

baixo volume de reservação, o que significa que a adoção de um procedimento como o

filter to waste causaria problemas no abastecimento da população. Nos EUA, a adoção

dessa prática operacional ocorreu como conseqüência de surtos de Cryptosporidium e

Giárdia, sabidamente mais resistentes à desinfecção com cloro.

O último detalhe observado foi a questão do descarte da água de lavagem dos filtros.

Estima-se que aproximadamente 2.400 m3, ou, 1% da água tratada na ETA do SAAE,

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293

seja utilizado neste processo e considera-se que a avaliação de alternativas para reuso

deste efluente poderia trazer ganhos não só ambientais pela eliminação do desperdício,

como também financeiros.

K) Correção de pH (Nível de Atendimento=75%)

Este item apresentou um bom nível de atendimento aos requisitos sendo avaliado em

75%. O detalhe negativo neste item foi a falta de instrução de trabalho e da FISPQ no

local de preparo dos alcalinizantes.

Ainda que o procedimento esteja bem divulgado entre os operadores, o preparo do

alcalinizante envolve certos cuidados. A FISPQ da cal hidratada adverte sobre a

possibilidade de irritações na pele e mucosas respiratórias.

Caso o resultado dos testes de Geocálcio (Nome comercial do Hidróxido de Cálcio em

Suspensão) sejam positivos, a implementação do seu uso pode gerar ganhos relativos a

saúde e segurança dos operadores, uma vez que o produto já vem pronto e não necessita

de preparo para dosagem na água.

L) Fluoretação (Nível de Atendimento=75%)

O item fluoretação obteve um bom nível de desempenho, uma vez que se observaram

procedimentos adequados voltados ao estabelecimento da dosagem ideal cujo valor

final na água tratada deve resultar em valores em torno de 0,8 mg/L, determinação do

teor natural de flúor na água bruta, métodos de análises descritos em instruções de

trabalho e sistema de registros dos resultados.

A única observação a ser feita neste item refere-se ao preparo da solução de fluorsilicato

de sódio, tendo em vista não possuir instruções de trabalho no local de preparação.

Como já dito anteriormente, o fluorsilicato de sódio é um produto perigoso e o

procedimento para preparo da sua solução foi identificado pelo LAIA como um aspecto

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294

ambiental significativo com riscos a saúde dos operadores. Assim, ainda que seja um

procedimento já divulgado entre todos que trabalham na ETA, é importante que ele seja

afixado no local de preparo junto a FISPQ para conscientizar e lembrar sempre os

operadores sobre os riscos envolvidos nesta etapa.

M) Desinfecção (Nível de Atendimento=75%)

O processo de desinfecção apresenta um bom nível de controle atendendo a todos os

requisitos estabelecidos neste item do checklist.

A aplicação da dosagem é realizada mediante o uso de dosador peristáltico com

procedimento específico para operação e níveis de cloro residual desejáveis para a água

tratada. O ponto de dosagem ocorre na entrada da câmara de contato onde o tempo de

detenção obedece ao mínimo estabelecido de 30 minutos pela Portaria no 518/MS de

2004.

Os únicos requisitos não atendidos são relativos a manutenção do dosador. Considera-se

que nos casos em que é utilizado um dosador de precisão, é importante que a

verificação periódica seja em relação a manutenções ou aferições. Durante a avaliação

não foi detectado nenhum procedimento para determinar a periodicidade das

manutenções e aferições do dosador peristáltico. Ainda assim, esse não é um fator

determinante a ponto de atrapalhar o desempenho do processo de desinfecção, uma vez

que o controle sobre a dosagem também é realizada através da análise de cloro residual

da água tratada.

Em relação aos métodos de análise não se observou problemas, sendo que todos os

requisitos desta parte foram atendidos pela ETA. Os aparelhos envolvidos nas análises

são periodicamente calibrados, os resultados são registrados, o desempenho da

desinfecção apresenta desempenho satisfatório através das análises microbiológicas da

água tratada, ocorre o monitoramento de trialometanos e a periodicidade trimestral de

suas análises obedecem a Portaria no 518/MS de 2004.

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295

N) Saída de Água Tratada (Nível de Atendimento=75%)

Neste item foram avaliados o controle de qualidade da água tratada e os procedimentos

de comunicação externa relativos às informações prestadas aos consumidores e planos

de ação na correção de anomalias ocorridas no processo de tratamento da água. A

grande maioria dos requisitos deste item foi baseada nas exigências da Portaria no

518/MS de 2004.

O SAAE apresenta um sistema de controle considerado adequado às exigências do atual

padrão de potabilidade. Todos os parâmetros exigidos pela legislação são monitorados

nas freqüências estabelecidas pela mesma. São elaborados relatórios mensais com os

resultados das análises e no caso de amostras cujos resultados estiveram em desacordo

com a legislação, estas são informadas ao órgão de vigilância responsável.

Em relação aos requisitos de comunicação externa, o SAAE cumpre as exigências

relativas à informação de consumidores sobre dados da qualidade da água tratada,

disponibilidade (Ex: conta d’água, internet e jornais informativos) e qualidade da água

do manancial de captação, descrição dos parâmetros encontrados na água e a ocorrência

de não conformidades detectadas nas análises da água, assim como as providências

tomadas para corrigir o problema.

O problema detectado neste item refere-se à não elaboração prévia do plano de ação

para informação da população sobre anomalias no sistema de tratamento de água e de

medida para corrigir essas não-conformidades. Ainda que a Portaria no 518/MS de 2004

não determine a obrigatoriedade sobre uma elaboração prévia, este trabalho considerou

que esse tipo de ação é muito importante em situações de emergência onde a pré-

existência de um plano que defina as medidas a serem tomadas e as pessoas

responsáveis por executá-las, é crucial na agilidade da resolução dos problemas o que

consequentemente, minimiza possíveis danos causados a saúde da população.

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296

O) Produtos Químicos Utilizados no Tratamento (Nível de Atendimento=50%)

O nível de atendimento neste item foi considerado razoável pela avaliação feita através

do checklist deste trabalho. Os requisitos avaliados foram os procedimentos para a

aquisição e controle de qualidade dos produtos, armazenamento na ETA, segurança no

preparo das dosagens e disposição das embalagens.

A verificação dos editais de licitação revelou que não são especificadas exigências

ambientais na compra dos produtos e que os principais critérios utilizados são as

características químicas do produto e o menor preço. O presente trabalho considera que

o estabelecimento de critérios ambientais (Ex: exigir comprovante de licenciamento

ambiental do fornecedor) na aquisição de produtos é muito importante, no sentido de

controlar os riscos envolvidos relativos ao transporte destes produtos uma vez que a

maioria deles está presente na lista de produtos perigosos do Manual para Atendimento

a Emergências da ABIQUIM. Teixeira (2004) afirma que nos casos de reparação de

danos causados por acidentes com produtos perigosos, quando o responsável direto não

puder assumir a responsabilidade integralmente, esta será dividida entre os outros

envolvidos que são o fornecedor e o destinatário, neste caso a companhia de

abastecimento.

Outro detalhe observado é relativo ao controle de qualidade dos produtos químicos

adquiridos. No SAAE, a cada entrega de uma carga de produtos químicos, o supervisor

da ETA recebe um laudo sobre a qualidade do produto recebido. Os requisitos deste

trabalho consideram que o controle de qualidade deva ser realizado por pessoal

independente, evitando assim que fatores como interesses comerciais dos fornecedores

ou eventuais falhas nos procedimentos de análise influenciem os resultados sobre a

qualidade do produto que irá ser utilizado no tratamento da água.

Em relação aos requisitos de armazenamento, dois problemas observados são causados

pelo armazenamento de um arquivo “morto” junto a área destinada ao armazenamento

de produtos químicos.

O primeiro problema é referente ao consumo de espaço da área de armazenamento o

que obrigou aos operadores realizar uma disposição inadequada para a movimentação

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de cargas no local. Um exemplo claro disso, foi a disposição das sacas de sulfato de

alumínio em local de difícil acesso atrás de uma pilha de sacas de cal hidratada (Figura

67).

Figura 67– (A) Sacas de cal armazenadas sobre estrado de madeira ao lado de arquivo morto. (B) Sacas

de alumínio dispostas atrás da cal hidratada. Data: 22/07/05.

O segundo problema observado é a própria inadequação do armazenamento de arquivo

“morto” nesta área próxima a sacas de fluorsilicato de sódio (Figura 68). Em consulta

ao Manual para Atendimento a Emergências da ABIQUIM verificou-se dentre as

recomendações referentes ao fluorsilicato de sódio uma advertência escrita do seguinte

modo: “Material não combustível. O produto em si não queima, mas pode se decompor

quando aquecido liberando gases corrosivos e/ou tóxicos.”. Portanto, dada a

inflamabilidade do papel, considera-se que essa área impõe riscos a saúde dos

operadores.

A B

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298

Figura 68– Sacas de fluorsilicato de sódio sobre estrado de madeira localizadas ao lado de arquivo

“morto”. Data: 22/07/05.

Nos requisitos referentes a preparação de produtos e procedimentos de segurança, as

observações a serem feitas referem-se ao preparo de produtos químicos sem a presença

no local de instruções de trabalho, FISPQs e procedimentos para atendimento a

emergências.

Ainda que o procedimento de preparo esteja devidamente divulgado entre os

operadores, a sua presença no local é importante na prevenção de desvios do

procedimento estabelecido e também para sempre lembra-los sobre o risco da atividade.

Além disso, a elaboração de procedimento para atendimento a acidentes com produtos

químicos também é muito importante no sentido de garantir a agilidade na tomada de

medidas para minimizar os danos a saúde das vítimas.

P) Laboratório de Análises Físico-Químicas e Microbiológicas (Nível de

Atendimento=75%)

A avaliação feita no laboratório do SAAE apresentou um bom nível de atendimento aos

requisitos deste checklist. No local são feitas as análises de parâmetros considerados

rotineiros como o cloro residual, turbidez, cor, temperatura, alcalinidade, fluoreto,

bactérias heterotróficas, termotolerantes, dentre outros.

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299

A observação da rotina operacional revelou um bom controle feito nas análises,

entretanto, em relação à questão de segurança laboratorial não foram observados

procedimentos importantes como: identificação de riscos, normas de conduta, planos

para atendimento a acidentes e EPCs.

Ainda que as atuais análises não ofereçam grandes riscos à saúde dos operadores, foi

considerado no checklist que deva existir um procedimento já formulado para situações

em que sejam introduzidas novas análises com maiores potenciais de danos. Considera-

se que a implantação de normas de conduta e segurança é um fator muito importante

para que se garanta a qualidade dos resultados das análises e a boa saúde dos

operadores. Durante a verificação, por exemplo, um fator observado algumas vezes foi a

circulação de funcionários que se alimentavam pela área de análises físico-químicas que

fica ao lado da cozinha.

Em relação aos resíduos laboratoriais não foi identificado nenhum tipo de estocagem

uma vez que os atuais métodos de análises rotineiras no SAAE utilizam aparelho

espectofotômetro sendo que a utilização de reagentes é mínima.

Q) Controle de Perdas Físicas Operacionais e por Vazamentos (Nível de

Atendimento=50%)

As perdas físicas operacionais foram observadas no descarte da água de lavagem de

filtro e descarte do lodo químico de decantador. Já as perdas por vazamentos detectadas

foram observadas através das galerias dos filtros.

O atendimento a este item foi considerado razoável uma vez que durante as entrevistas

houve a informação sobre o planejamento para ampliação da capacidade de tratamento

da ETA onde seriam aumentados os números de floculadores e os decantadores seriam

modificados para trabalhar com decantação de alta taxa, além disso eram previstas a

reformas nas galerias e adaptações na área de estocagem e preparação de produtos

químicos para dosagem.

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300

O tratamento do lodo de decantador, segundo informações prestadas, é uma das

diretrizes presentes no planejamento da atual gestão, entretanto, ainda eram aguardados

os resultados de uma dissertação de mestrado do programa de pós-graduação em

engenharia ambiental da Universidade Federal de Ouro Preto, onde seria demonstrado

um diagnóstico sobre a composição físico-química e quantidade gerada por ano, o que

iria permitir a execução das medidas cabíveis para solucionar o problema.

Em relação à recirculação da água de lavagem de filtro, não foi observado planejamento

destinado para esta finalidade. Do ponto de vista econômico, pode se considerar que

essa não seria uma medida urgente, uma vez que os filtros apresentam carreiras de

filtração com boa duração e o consumo de água de lavagem na ETA pode ser

considerado mínimo. Entretanto, segundo estudos de caracterização (MENEZES et al,

2005; SCALIZE & DI BERNARDO, 2000) os índices de alumínio deste efluente são

acima do valor permitido para descarga em de águas de classe II segundo a resolução

CONAMA no 357 de 17 de março de 2005. Assim, é importante que o tratamento ou

recirculação desse efluente seja considerado no atual planejamento da administração.

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301

5.3.3. Comparação dos resultados obtidos com a utilização do checklist no DMAES

e no SAAE

I- Nível de Atendimento a NBR ISO 14001:2004

Em relação à primeira parte do checklist que trata do nível de atendimento a NBR ISO

14001:2004, ambas as empresas apresentaram um fraco desempenho, o que é

compreensível tendo em vista que as questões ambientais na grande maioria das

empresas do setor de tratamento de água ainda são consideradas fatores secundários

frente a outras prioridades.

Numa consulta feita, sobre a lista de empresas de saneamento certificadas pela NBR

ISO 14001:2004, ao sítio da internet (<http://www.inmetro.gov.br/gestao14001/>) do

Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) no

dia 08 de janeiro de 2007, foram encontradas apenas três empresas certificadas:

Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), Companhia Riograndense de

Saneamento (Corsan) e Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR).

Dados desse tipo refletem, à primeira vista, um grave problema no setor de saneamento

do Brasil que é a falta de investimentos na melhoria da prestação de serviços. Diversas

causas poderiam ser atribuídas a fim de se explicar isso, entretanto, considera-se que um

fator é determinante nessa questão: os contratos de concessão firmados entre o poder

público e as concessionárias de serviço público em saneamento.

Segundo Marinho (2006), os contratos de concessão, na sua grande maioria, estão mais

preocupados em garantir uma taxa mínima de retorno que assegure o equilíbrio

econômico-financeiro do que em definir metas de expansão compatíveis com a

universalização e melhoria dos serviços. Além disso, os regimes tarifários adotados não

se preocupam com a criação de incentivos à eficiência produtiva e tecnológica e o

repasse dos ganhos de produtividade para os usuários.

Somando-se a isso, ainda existe a carência de investimentos por parte dos governos

federal e estadual no setor de saneamento. Devido a anos de negligência em relação a

esse setor, existe atualmente uma necessidade muito grande de se contratar um maior

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302

número de profissionais especializados, prover treinamento adequado aos funcionários

existentes para o exercer de sua funções, atualizar as tecnologias de tratamento de água

e realizar ampliações nas ETAs e redes de distribuição.

Entretanto, ainda que essas carências sejam graves e urgentes, elas não devem ser

sempre utilizadas como justificativa para que as questões ambientais sejam resolvidas

num outro momento. É necessário que haja um esforço conjunto de gestores e

funcionários da empresa de tratamento de água, além da própria administração pública,

para que problemas ambientais, como os que foram considerados significativos por este

trabalho, sejam concomitantemente resolvidos com outros considerados de maior

importância, evitando assim que o ônus da negligência ambiental não reste como mais

uma dívida a ser paga pela sociedade civil.

No que se refere aos resultados mais importantes observados nesta parte I do checklist,

o primeiro a ser discutido é a ausência de uma política ambiental elaborada,

documentada e divulgada não só aos funcionários da empresa como também a toda a

comunidade atendida pelo serviço de tratamento de água. Já foi dito anteriormente e

reforça-se, portanto, que a política ambiental possui um papel fundamental na

estruturação de um SGA, pois ela traduz o compromisso da empresa com o meio

ambiente e estabelece uma base para que sejam definidos objetivos e metas a serem

cumpridas.

Ambas, as empresas estudadas não apresentaram políticas ambientais (Item A) o que é

um fator limitador em qualquer tipo de ação na área de meio ambiente, pois, como não

há um comprometimento da empresa como um todo, a detecção e resolução de

problemas de origem ambiental ficam apenas na dependência da percepção pessoal de

algum funcionário ou dirigente e, mesmo que isso ocorra, a resolução do problema se

torna de difícil execução uma vez que não existe uma sistemática assegurada para tal

(Ex: recursos financeiros, infra-estrutura, pessoal qualificado e treinado.). Apesar disso,

o DMAES de Ponte Nova já coloca como uma diretriz no seu plano plurianual de ações

a implementação de um SGA, inclusive com uma reserva orçamentária para sua

realização o que já é um importante passo na mudança da situação da empresa frente à

questão ambiental.

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303

Na figura 69, logo abaixo, é representada graficamente uma comparação entre os

resultados do diagnóstico sobre o nível de atendimento a NBR ISO14001:2004

realizados no DMAES e SAAE.

Nível de Atendimento a NBR ISO 14001:2004

0102030405060

7080

90100

A B C D E F G H I J K L M N O P Q

Nível de Atendimento (%)

DMAES

SAAE

Figura 69- Gráfico comparativo entre DMAES e SAAE no atendimento a NBR ISO 14001:2004. Itens:

A) Política Ambiental, B) Identificação de Aspectos e Impactos Ambientais, C) Identificação de

Requisitos Legais, D) Objetivos, metas e programa(s), E) Recursos, funções, responsabilidades e

autoridades, F) Competência, treinamento e conscientização, G) Comunicação, H) Documentação, I)

Controle de documentos, J) Controle Operacional, K) Preparação para resposta à emergências, L)

Monitoramento e medição, M) Avaliação de atendimento à requisitos legais, N) Não-conformidade, ação

corretiva e ação preventiva, O) Controle de registros, P) Auditoria interna, Q) Análise pela administração.

Um segundo item considerado essencial e que também não foi atendido por nenhuma

das duas empresas foi a identificação de aspectos e impactos ambientais (Item B) das

atividades e serviços que ocorrem na ETA. Esta é uma das primeiras etapas realizadas

para um efetivo planejamento para implantação de um SGA, pois é através deste

procedimento que se detectam quais os aspectos ambientais significativos sobre os quais

serão estabelecidos os objetivos e metas (Item D). Na avaliação feita pelo checklist se

verificou que nenhuma das duas empresas possuía tal procedimento em seu sistema de

gestão. Apesar de se observar a conscientização por parte dos funcionários sobre alguns

problemas ambientais, isso não é o suficiente para que a questão seja tratada de uma

forma sistemática e eficiente.

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304

No item que trata dos requisitos relacionados a recursos, funções, responsabilidades e

autoridades (Item E) o DMAES de Ponte Nova apresentou certa vantagem em relação

ao SAAE de Itabirito, sendo o fator preponderante para isso a reserva de recursos do

orçamento para implantação de SGA. Assim, o DMAES atende a um requisito daquele

item em contraposição ao SAAE que, segundo informações fornecidas, não apresenta

orçamento destinado a assuntos relacionados ao meio ambiente.

O item F trata da competência, treinamento e conscientização na empresa, onde foram

verificados requisitos basicamente ligados a programas de treinamento de funcionários

e conscientização dos mesmos sobre a importância em se atingir a conformidade

ambiental. No caso das duas empresas avaliadas, não foi evidenciado nenhum programa

que identificasse as necessidades de treinamento dos funcionários e as suprisse.

O controle de documentos (item I) também recebeu uma baixa avaliação em ambas as

empresas devido a basicamente aos mesmos problemas que são a falta de padronização

e de sistemáticas adequadas neste controle. O primeiro problema refere-se às diferenças

observadas nos sistemas de controle dos documentos de cada setor, diferindo na questão

de formatação e também da estrutura dos documentos (Ex: dados referentes ao setor de

origem, numeração dos documentos, responsáveis pela elaboração e revisão...) o que

apesar de não atrapalhar o andamento atual da companhia, não é adequado para o caso

da implantação de um SGA onde a padronização é exigida de forma a facilitar o

processo de comunicação interna da empresa e permitir a execução de auditorias de

terceira parte. O segundo problema, referente a sistemáticas de controle dos documentos

é devido ao fato de não ter se observado critérios estabelecidos, em forma de

documentos, sobre quais informações deveriam ser registradas, por quem, como e onde

deveriam ser armazenadas.

No controle operacional (Item J) houve um destaque do SAAE em relação ao DMAES

devido a verificação de que no primeiro, várias operações relacionadas a aspectos

ambientais considerados significativos (Ex: lavagem de filtros, preparação de produtos

químicos) pelo LAIA, possuíam procedimentos documentados com critérios

especificados. Entretanto, não foi observada uma sistemática em relação a isso ou seja,

não houve uma identificação prévia de aspectos e impactos ambientais para que

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305

houvesse a elaboração dos procedimentos relacionados a eles. Assim, a avaliação do

SAAE foi feita em 50%, enquanto o DMAES foi avaliado em 10%.

Itens como o K, M, N, O e P acabaram tendo baixos níveis de atendimento

principalmente devido ao também não atendimento de itens considerados como base

num SGA e que já foram discutidos anteriormente como a política ambiental (Item A),

identificação de aspectos e impactos ambientais (Item B),identificação de requisitos

legais (C), estabelecimento de objetivos e metas (Item D) e recursos, funções,

responsabilidades e autoridades definidas (Item E). Na verdade, todos os itens são

importantes para a implantação e o funcionamento de um SGA, no entanto, os itens (A,

B, C, D e E) citados acima são prioritários para que se possa atender efetivamente a

todo o resto.

A partir de uma visão geral dos resultados obtidos para o DMAES e SAAE na parte I

deste checklist pode-se afirmar que em ambos os casos, a questão ambiental ainda não é

vista como prioridade na gestão. Dentre os possíveis fatores que podem explicar essa

situação estão a limitação da receita orçamentária combinadas com as necessidades de

gastos na reforma e atualização dos sistemas de captação, tratamento de água e

distribuição, além de investimentos no treinamento dos funcionários envolvidos no

tratamento de água. Assim, acredita-se que um dos fatores preponderantes para a

melhora na gestão ambiental das empresas de saneamento é o investimento na qualidade

gerencial e operacional (parte II do checklist) cujos principais benefícios pode ser a

otimização do sistema de tratamento da água o que resultaria numa sobra da receita

financeira das empresas que por sua vez, poderia ser investida em um SGA.

II- Qualidade Gerencial e Operacional

Os resultados relativos ao atendimento da parte II do checklist deste trabalho, revelam

uma nítida vantagem do SAAE de Itabirito em relação ao DMAES de Ponte Nova,

principalmente nos requisitos relativos ao desempenho operacional.

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306

Um dos principais fatores que influenciaram a melhor performance do SAAE nesta

avaliação, foi a sistemática adotada no monitoramento das águas bruta (Item F) e tratada

(Item N) onde se observou total adequação às exigências da Portaria no 518/MS de 2004

que estabelece o padrão de potabilidade da água para consumo humano.

No caso do DMAES, durante o período de visita desta pesquisa, foram detectadas falhas

graves no monitoramento da qualidade da água que determinaram o baixo desempenho

da empresa na avaliação feita por este trabalho. A principal delas é o monitoramento

incompleto de parâmetros exigidos pela Portaria no 518/MS de 2004 em que se

observou a falta de controle sobre o teor de várias substâncias químicas que representam

riscos a saúde humana (Ex: metais pesados, agrotóxicos, cianotoxinas e trialometanos).

Ainda que não tenham ocorridos reclamações ou surtos de doenças, a avaliação feita por

este trabalho considera que não é possível assegurar a qualidade da água fornecida,

mesmo que parâmetros de rotina (Ex: turbidez, cloro residual, ausência ou presença de

coliformes termotolerantes) estejam em conformidade com a legislação, sendo

necessária a realização de todas as análises nas freqüências determinadas pela referida

lei. Em pontos a montante da captação ocorrem o lançamento de esgotos de um bairro

residencial, de efluentes de uma fábrica de gaiolas e a extração de areia no rio o que

aumenta a probabilidade de contaminação da água bruta captada e reforça o argumento

de que as análises rotineiras não são suficientes para garantir totalmente a segurança no

consumo de água fornecida pelo DMAES.

Nos itens K, L e M, que tratam respectivamente da correção de pH, fluoretação e

desinfecção, também observou-se melhor desempenho do SAAE. As principais falhas

que comprometeram a avaliação do DMAES em cada um desses itens foram:

o a dosagem de alcalinizante (Item K) no mesmo ponto onde se realiza a

desinfecção (entrada da câmara de contato) onde se considera que a elevação de

pH pode influenciar na eficiência da inativação microbiológica do desinfectante

na câmara de contato,

o a análise do teor de fluoretos (Item L) na água tratada, executada pelos

operadores, que não segue especificações normativas, em que se foi observado

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307

que não é realizada a destilação prévia para eliminação de interferentes na água

tratada e nem é aguardado o período de uma hora para leitura de cor após a

adição de alizarina,

o A falta de monitoramento de trialometanos na água tratada (Item M). Os efeitos

destes produtos da desinfecção na água podem trazer diversos malefícios a

saúde humana, incluindo cânceres.

Na figura 70, é apresentada a comparação gráfica entre os resultados obtidos pelo

DMAES e SAAE pela aplicação do item II, do checklist, sobre qualidade gerencial e

operacional.

Qualidade Gerencial e Operacional

010

2030

405060708090100

A B C D E F G H I J K L M N O P Q

Nível de Atendimento (%)

DMAES

SAAE

Figura 70- Gráfico comparativo entre DMAES e SAAE no atendimento aos requisitos da parte II do

checklist. Itens: A) Plano Diretor de Recursos Hídricos do Município, B) Conservação de Mananciais, C)

Dados Hidrológicos, D) Saúde e Segurança Ocupacional, E) Programas de Educação Ambiental para os

Consumidores, F) Entrada de Água Bruta, G) Mistura Rápida, H) Mistura Lenta, I) Decantação, J)

Filtração, K) Correção de pH, L) Fluoretação, M) Desinfecção, N) Saída de Água Tratada, O) Produtos

Químicos Utilizados no Tratamento, P) Laboratório de Análises Físico-Químicas e Microbiológicas, Q)

Controle de Perdas Físicas Operacionais e por Vazamentos.

Um outro fator que, segundo este estudo, destaca o melhor desempenho do SAAE, em

relação ao DMAES, é o item Q em que se observa que na primeira empresa existem

medidas mais consistentes no combate a perdas físicas operacionais e por vazamentos,

através de projetos de reforma na infra-estrutura e ampliação da capacidade de vazão da

ETA. Há também nesta ETA a realização de estudo para caracterização físico-química

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308

do lodo químico de decantador com vistas a implantação de um sistema de tratamento

do resíduo. Considera-se que o DMAES apresenta sérios problemas neste item,

principalmente pela observação de muitos vazamentos em vários tanques de tratamento,

além de existir um canal por onde escoa constantemente água das galerias da ETA o que

sugere a necessidade de medidas urgentes para reforma das estruturas.

No item J, relativo à filtração, um problema comum avaliado diz respeito à disposição

da água de lavagem de filtro em corpos d’água próximos a ETA. Em ambas as empresas

não foi detectada nenhuma medida para caracterização deste efluente a fim de se avaliar

a adequação deste procedimento em termos legais. Como já apresentado em discussões

anteriores, diversos trabalhos científicos de caracterização físico-química (MENEZES

et al, 2005; SCALIZE & DI BERNARDO, 2000), apontam teores de alumínio acima do

permitido pela resolução CONAMA 357/2005.

A questão da saúde e segurança ocupacional (Item D) também é outro fator que deve ser

objeto de preocupação em ambas as empresas já que neste trabalho, nenhuma delas

apresentou programas para essa área. Várias foram as situações em que se observou a

exposição de operadores ao risco de acidentes, a falta de procedimentos de segurança e

normas de conduta, ausência de planos para atendimento a casos de emergências e a não

identificação dos riscos que possam trazer danos a saúde dos operadores em cada

atividade.

O item B apresentou vantagem do DMAES em relação ao SAAE no que diz respeito ao

programa de conservação de mananciais que inclusive está sendo implantado e são

aguardados os resultados do diagnóstico da microbacia a fim de se ter uma base de

dados visando a elaborar medidas de recuperação e conservação de nascentes. No caso

do SAAE, a falta de investimento neste tipo de programa é, de certa forma,

compreensível dada a boa qualidade da água captada durante o ano inteiro. Entretanto, o

fato da captação da ETA se localizar em propriedade particular de terceiros pode vir a

ser uma preocupação no futuro caso o proprietário da terra venha a implementar no

local alguma atividade econômica com potencial poluidor (Ex: criação de bovinos,

suinocultura, cultivo agrícolas...).

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309

Por último, destaca-se o item O onde se observou algumas deficiências semelhantes nas

duas empresas. A primeira delas é relativa a falta de instruções de trabalho no local de

preparo de produtos químicos que além de descrever o modo de preparação, inclua

também procedimentos de segurança como a lista de EPIs obrigatórios para a realização

da tarefa e medidas preventivas e corretivas para situações de acidente.

A partir dessa análise geral comparando os dados resultantes das avaliações feitas nas

duas empresas, foi possível concluir que o desempenho gerencial e operacional pode ser

influenciado, mas não totalmente determinado pela sobrecarga de vazão nas ETAs.

Portanto, a justificativa de que o adiamento na resolução de problemas ambientais seria

devido ao fato de existirem questões mais emergenciais como as sobrecargas de vazão

pode não ser tão importante.

Ainda que no SAAE, a qualidade de água bruta seja melhor que no DMAES, acredita-se

que os fatores que realmente determinaram seu melhor desempenho neste item II do

checklist, foram o seu monitoramento da qualidade da água (F e N) e o controle de

vazamentos (Q).

Por último, um fator que pode ser considerado determinante na diferença dos

desempenhos, neste item II do checklist, são as captações de recursos financeiros de

origem externa. Durante as conversas com os gerentes das duas ETAs, observou-se que

no SAAE vários recursos de órgãos públicos federais estavam sendo obtidos como por

exemplo, a verba da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) para ampliação da ETA e

também o financiamento do Ministérios das Cidades, através do Programa de

Modernização para o Setor de Saneamento (PMSS) para investimento na modernização

da tecnologia do sistema de tratamento da empresa, enquanto que no DMAES, não foi

verificada nenhuma captação de verbas desse tipo.

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310

5.4 . Análise Sobre a Aplicabilidade do IAAOETA

5.4.1. Análise Geral

O objetivo desta parte da discussão é fazer uma análise sobre a aplicabilidade do

IAAOETA, ou seja, discutir as vantagens e as desvantagens percebidas durante a

utilização deste instrumento e assim, apontar quais das suas características devem ser

alteradas para permitir um melhor desempenho na análise ambiental e operacional de

ETAs de ciclo completo.

Em termos gerais, concluiu-se que o IAAOETA teve uma boa aplicabilidade e resultou

na identificação de diversas oportunidades de melhorias e em falhas nos sistemas

administrativo e produtivo das ETAs.

O destaque positivo, do uso do IAAOETA, foi a identificação de problemas ambientais,

tais como a geração de lodo de decantador, da água de lavagem de filtro e de riscos a

saúde e segurança de operadores no manuseio de produtos químicos e na execução de

atividades que até então não eram detectadas pelos funcionários como atividades de

risco. Considera-se que a demonstração destes problemas por meio do IAAOETA,

acabou sendo eficaz na sensibilização dos supervisores e operadores durante a

avaliação. Tendo em vista que os mesmos demonstraram interesse em discutir os

resultados do trabalho, buscando soluções para os problemas identificados.

Como destaque negativo, cita-se a dificuldade de obtenção, e também ausência, de

vários documentos e registros relacionados a procedimentos administrativos e

operacionais da ETA. Com isso, algumas das verificações realizadas pelo checklist

ficaram dependentes exclusivamente da prestação de informações por funcionários que

as detinham.

Apesar de muitas pessoas considerarem que a documentação e registro de atividades

pode ser um elemento que favorece a burocracia, a criação de um sistema de

documentação padronizado permite aos gerentes um maior controle sobre as atividades

administrativas e operacionais desenvolvidas dentro das empresas e a realização de

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311

auditorias de terceira parte, visando certificações ou comprovação de conformidade

legal.

Além disso, relacionando ao caso das autarquias municipais estudadas, considera-se que

um sistema de documentação padronizado seria muito importante também como um

histórico das ações desenvolvidas nestas empresas que, por sua vez, seria muito útil para

manter uma linha de administração, mesmo apesar das constantes trocas de diretores

que são indicados pelos prefeitos eleitos, e assim, aumentar o grau de profissionalização

dentro destas instituições.

5.4.2. Análise do Pré-Questionário para Caracterização de ETAs

O Pré-Questionário foi uma das partes do IAAOETA que cumpriu a sua função de

caracterizar o fluxo operacional do processo de tratamento de água. Por meio da sua

utilização foi possível identificar a seqüência das etapas do tratamento, produtos

químicos utilizados em cada uma delas, a descrição da infra-estrutura física da ETA e os

procedimentos relacionados a cada uma das atividades desenvolvidas naquele local.

Entretanto, três pontos relativos a esta parte do IAAOETA apresentaram dificuldades

durante o processo de rastreamento de informações: a formação e o treinamento de

funcionários, o monitoramento da qualidade da água bruta e as características da infra-

estrutura física da ETA.

As informações sobre o grau de formação e qualificação dos funcionários envolvidos

nas atividades da ETA, não estavam organizadas nos setores de recursos humanos das

empresas tendo sido obtidas por meio de entrevistas com cada um dos funcionários das

ETAs.

Com relação às informações sobre a qualidade da água bruta (parâmetros da tabela 4 no

Apêndice A), verificou-se que tais dados não estavam disponíveis na totalidade exigida

pelo trabalho (ETA do DMAES). Nesta, apenas a vazão, pH e turbidez estavam sendo

monitorados. Já na ETA do SAAE esses dados não foram disponibilizados o que

impossibilitou a análise da qualidade da água bruta captada pelo SAAE.

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312

Outro ponto que dificultou a aquisição das informações foi a falta de dados atualizados

a respeito da infra-estrutura física das ETAs (Ex: tipos de floculadores, espessura das

camadas de leitos filtrantes, dimensões de calha parshall...). No caso específico do

DMAES, algumas informações contidas nas plantas eram obsoletas como, por exemplo,

o tipo de floculador utilizado que, segundo o desenho das plantas era identificado como

Alabama, mas que após conversas com os operadores e supervisores, detectou-se que o

mesmo era do tipo Cox. Outro exemplo, observado no DMAES foi sobre as dimensões

da calha parshall. Segundo a planta, esta era de 1,5’ com largura de garganta (W) igual a

45,7 cm, entretanto, após medição no local detectou-se que a medida W era de 23 cm

indicando que a calha parshal era de 9’’. Na ETA do SAAE, em virtude de um projeto

de ampliação da capacidade nominal de tratamento da água, as informações sobre as

dimensões das diversas etapas (Ex: mistura rápida, floculação, decantação, filtração...)

estavam atualizadas.

5.4.3. Análise do LAIA

O LAIA utilizado neste estudo (Apêndice D) foi adaptado para utilização em ETAs, a

partir de bibliografia pré-existente (HENKELS, 2002; LUZ, 2006; MOREIRA, 2001;

SANTOS & BONONI, 2003) e de recomendações das NBR ISO14001:2004 e NBR

ISO14004:2005.

A utilização de uma metodologia como a do LAIA apresenta grandes vantagens, uma

vez que desde o lançamento da NBR ISO14001:1996, ela tem sido aperfeiçoada e

testada, seja através de pesquisas acadêmicas ou do seu uso em empresas certificadas

pela NBR ISO14001:2004.

Ainda assim, considera-se que o LAIA utilizado neste trabalho apresentou limitação

também comum a outros métodos de avaliação de impacto ambiental, que é a

subjetividade intrínseca nos métodos de determinação da significância ou relevância

ambiental.

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313

No caso específico deste estudo, um impacto ambiental foi considerado significante

quando a sua importância possuía valor igual a 5 ou 6. Por sua vez, o valor da

importância era obtido através da soma de outros dois critérios: a severidade (valor

igual a 1, 2 ou 3) e a freqüência/probabilidade (valor igual a 1, 2 ou 3). Nestes, o valor

1, 2 ou 3 é baseado em descrições elaboradas por Henkels (2002) e Luz (2006) que

ainda que determinem alguns critérios, não conseguem eliminar toda a parcela de

subjetividade deste método de pontuação.

Como exemplo do que foi dito no parágrafo anterior, à seguir listam-se as três

alternativas para pontuação da severidade, segundo Luz (2006):

• Baixa (b)- impacto de magnitude desprezível/restrito ao local de ocorrência.

Pontuação: 1.

• Média (m)- impacto de magnitude considerável. Pontuação: 2.

• Alta (a)- impacto de grande magnitude e de grande extensão que vai além dos

limites da empresa. Pontuação: 3.

Observando principalmente a descrição das alternativas para severidade, média e alta,

pode-se dizer que a fronteira que separa as duas categorias é muito pequena ou

indetectável, ficando a cargo do profissional que aplica o LAIA a definição destes

limites. Assim o método de significância é sujeito a subjetividade baseada na avaliação

pessoal de cada pesquisador, onde um determinado impacto pode ter duas avaliações

diferentes dependendo do perfil e experiência profissional de quem executa o LAIA.

Outro fator, além da determinação de significância, que pode estar sujeito a

subjetividade é a identificação dos aspectos ambientais que está intimamente ligada a

percepção pessoal do pesquisador que executa o LAIA. No caso específico desta

pesquisa, os critérios adotados para essa identificação foram: as referências

bibliográficas sobre o tratamento de água que indicaram como principais aspectos deste

processo a geração do lodo de decantador e da água de lavagem de filtro, riscos

ocupacionais (Ex: manuseio de produtos químicos, riscos de queda, riscos de infecção

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314

por microorganismos patogênicos, utilização de EPIs, etc.) e aspectos ligados ao

consumo de recursos naturais.

Uma alternativa para minimizar a subjetividade da avaliação seria a utilização de um

processo conhecido na avaliação de impactos ambientais como Brainstorming, no qual

profissionais de diferentes áreas (Biológicas, Exatas e Humanas) utilizam o mesmo

método e posteriormente, discutem os resultados obtidos por cada uma das pessoas

envolvidas na avaliação e compilam esses dados num único relatório.

Por fim, denota-se que, apesar de apresentar algumas deficiências, a aplicabilidade do

LAIA foi considerada boa, principalmente pela praticidade de uso e auxílio do sistema

de pontuação na determinação da significância dos aspectos ambientais.

5.4.4. Análise da Lista de Verificação (Checklist) Ambiental de ETAs

O checklist ambiental desta pesquisa foi elaborado com base em diversas referências

bibliográficas sobre tratamento de água e sobre sistemas de gestão ambientais como já

citado na parte de metodologia deste trabalho. Essa variedade de literaturas permitiu que

esta última parte do IAAOETA, avaliasse tanto o gerenciamento ambiental, quanto o

operacional. Com isso, foi possível identificar diversas características do SG da ETA

que são passíveis de melhorias, além de alguns pontos considerados falhos na operação

do tratamento de água.

De um modo geral, chegou-se à conclusão de que o checklist apresentou uma boa

aplicabilidade, principalmente pela detecção de algumas falhas operacionais

consideradas importantes como o monitoramento incompleto da água tratada no

DMAES e questões de ordem ambiental como o despejo do lodo de decantador sem

tratamento prévio em rios e os riscos ocupacionais envolvendo, principalmente, o

manuseio de produtos químicos pelos operadores.

Um outro fator que se considera como uma vantagem da utilização deste checklist é

relativo ao formato das suas questões que permitiram somente respostas fechadas (“sim,

não ou não se aplica”), o que gerou uma boa dinâmica nas entrevistas. A característica

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315

pouco flexível das questões objetivas que permitiam respostas de apenas um tipo, foi

complementada pelo espaço de “observações”, ao lado de cada resposta, sendo

importante para anotação de informações complementares ao conteúdo das perguntas do

checklist (Apêndice C).

Ainda em relação ao formato do checklist, outro ponto favorável diz respeito à escala

adotada (“nível de atendimento”). Através de um método simples, ainda que sujeito a

uma parcela de subjetividade da percepção pessoal do pesquisador, permitiu-se uma

rápida avaliação de cada item (Ex: Política Ambiental, Mistura Lenta, Monitoramento e

Medição...) e a comparação entre os resultados dos dois estudos de caso desta pesquisa.

A partir desse enfoque, considera-se que a parte de “diagnóstico do nível de

atendimento à NBR ISO14001:2004” deste checklist, apresentou duas grandes funções.

A primeira é relativa à conscientização dos gestores das empresas de saneamento

estudadas sobre o baixo desempenho ambiental dos atuais SG adotados e da

necessidade de alterá-los. A segunda, e não menos importante, é a de servir como um

guia de diretrizes para implantação de práticas de um sistema de gestão ambiental

dentro das ETAs.

5.4.5. Conclusão Sobre a Aplicabilidade do IAAOETA

Considera-se que a grande vantagem da utilização deste instrumento é a demonstração

de falhas nas diversas atividades rotineiras realizadas na ETA através do uso de critérios

de metodologia o que gera a sensibilização não somente dos gestores como também do

corpo de funcionários que operam as ETAs.

Observadas as características específicas de cada ETA e realizando-se as adaptações

necessárias para o uso do IAAOETA, acredita-se que este pode contribuir em muito

para a análise do atual SG e facilitar o planejamento de um programa de medidas

voltadas para o atendimento de demandas ambientais relacionadas às características do

processo de tratamento de água de ciclo completo.

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316

6. CONCLUSÃO

De um modo geral, os resultados deste trabalho indicaram que ambas as ETAs avaliadas

pelo instrumento elaborado, não apresentam sistemas de gerenciamento suficientemente

adequados para controlar as características ambientalmente negativas dos processos de

tratamento da água.

Considera-se que seja necessária a implantação de práticas de gestão ambiental nas duas

empresas, não necessariamente nos moldes preconizados pela NBR ISO 14001:2004,

mas com uma organização mínima capaz de atender as demandas ambientais

relacionadas às suas atividades. Dentre as possíveis medidas a serem tomadas nesse

sentido, citam-se: formulação de uma política ambiental devidamente documentada e

aprovada pela diretoria das empresas, utilização dos resultados do LAIA para a

formulação de objetivos e metas ambientais, destinação de recursos financeiros para

implementação das providências para atingir os objetivos e metas, criação de estrutura

de responsabilidades dentro da empresa voltada para o atendimento dos objetivos e

metas, treinamento e conscientização de funcionários, documentação de procedimentos

e geração de registros associados aos aspectos ambientais significativos identificados no

LAIA.

A metodologia desenvolvida para o trabalho é considerada adequada para atender aos

objetivos estabelecidos, pois facilita o processo de coleta de informações nas ETAs. No

entanto, é um modelo que se limita ao tratamento de água em estações de pequeno e

médio portes. Assim, torna-se importante um diagnóstico prévio com o uso do pré-

questionário para caracterização de ETAs para que se façam as adaptações necessárias

no LAIA e checklist afim de se aplicar este instrumento em ETAs que, por exemplo,

utilizem etapas de tratamento mecanizadas (Ex: mistura rápida com agitador mecânico,

floculação mecanizada).

No que se refere ao pré-questionário, este se mostrou eficiente na determinação do fluxo

operacional das ETAs e direcionou o processo de coleta de informações sobre a rotina

operacional e administrativa das estações.

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317

Em relação ao LAIA, também foram verificadas diversas vantagens na sua utilização,

entretanto, o mesmo possui uma limitação no que diz respeito à pessoa que vai aplicá-lo

na ETA, uma vez que se considera que é importante um conhecimento ad hoc do

entrevistador para a determinação dos aspectos e impactos ambientais do processo de

tratamento da água. Portanto, o responsável pela aplicação do LAIA na empresa deverá

possuir formação específica na área de meio ambiente e tratamento de água ou ser

qualificado através de cursos para realizar tal levantamento.

Um dos critérios adotados para esta avaliação e que demonstrou ser adequado, foi

relativo a inclusão dos riscos e problemas ligados a saúde e segurança ocupacional,

apesar da NBR ISO14001:2004 não explicitá-los. Tais aspectos, foram identificados em

várias situações durante o acompanhamento da rotina operacional e administrativa de

ambas as ETAs. Os resultados nesse campo demonstraram a necessidade da

implantação de programas de saúde e segurança em ambas as empresas, a fim de se

garantir a integridade física dos funcionários envolvidos em atividades de risco.

O uso do checklist construído demonstrou ser de bastante utilidade na obtenção dos

dados, pois o formato de perguntas com opções fechadas (sim, não ou não se aplica),

garantiu o dinamismo da entrevista e evitou que o entrevistado desviasse suas respostas

às questões.

Por outro lado, o checklist elaborado possui um conteúdo pouco flexível, exigindo

alterações caso alguma etapa do tratamento de água seja diferente (Ex: Floculação

mecanizada, decantação de alta taxa, filtro lento...). Nessas situações, tornam-se

necessárias modificações do conteúdo das perguntas para que se proceda a avaliação.

Um fator que dificultou a avaliação pelo checklist foi a escassez de documentos sobre

os procedimentos operacionais das ETAs. Durante várias vezes, para se verificar um

determinado requisito da lista elaborada, a única base de informação disponível era a

resposta dos próprios funcionários, uma vez que não havia procedimentos, instruções de

trabalho e registros associados. Esse foi um dos fatores considerados mais

problemáticos relacionados ao desempenho das ETAs, pois, muitas das informações

referentes aos procedimentos operacionais e administrativos estão intimamente ligadas a

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318

funcionários e não a documentos. Isso, na prática, significa que para se ter acesso a

muitas das informações, era necessário obtê-las diretamente do funcionário que as

detinha. Nas situações em que não se encontrava o responsável presente no local, não

era possível obter a informação desejada.

Por isso, acredita-se que uma medida importante a ser adotada em todas as áreas das

empresas de abastecimento de água avaliadas seria a criação de um sistema padronizado

para documentos e registros. A execução dessa tarefa depende da identificação do fluxo

operacional e administrativo de todas as ações realizadas na ETA. A grande vantagem

advinda disso é a possibilidade de se realizar auditorias na empresa que são processos

cuja eficiência depende intimamente do grau de documentação do sistema de

gerenciamento, já que é através dos registros que se pode evidenciar não-conformidades

em relação ao que foi planejado e estabelecido pela administração.

A partir dos resultados obtidos e das conclusões acima, observa-se que a metodologia

para diagnóstico ambiental de ETAs de médio porte, pode ser uma ferramenta útil para

sistemas administrativos que não possuem nenhuma prática ambiental, permitindo que

seus gestores possam realizar a identificação dos problemas ambientais relacionados e a

partir disto, elaborar de um conjunto de medidas para controlá-los ou corrigí-los.

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319

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Belo Horizonte: IEA Editora., 1994. 114 p.

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332

YANG, Chun-Yuh; CHANG, Chih-Ching; TSAI, Shang-Shyue; CHIU, Hui-Fen.

Calcium and magnesium in drinking water and risk of death from acute myocardial

infarction in Taiwan. Environmental Research. 101, p. 407-411. 2006.

WORLD RESOURCE INSTITUTE – WRI. Watersheds of the World. Disponível em:

<http://www.iucn.org/themes/wani/eatlas/html/download.html>. Acesso em: 14 de nov.

2006.

WORLDWATCH INSTITUTE – WWIUMA. Estado do Mundo 2005. Apresentação

Carlos Lopes. Tradução Henry Mallett e Célia Mallett. Salvador, 326p. 2005.

Disponível em: <http://www.wwiuma.org.br/estado_do_mundo.html>. Acesso em: 17

ago. 2006.

WORLD HEALTH FOUNDATION – WHO e UNICEF. Meeting the MDG Drinking-

Water and Sanitation Target: The Urban and Rural Challenge of the Decade.

Disponível em:

<http://www.who.int/water_sanitation_health/monitoring/jmp2006/en/index.html>.

Acesso em 03 jan. 2007.

ZENG, S. X.; TAM, C.M.; TAM, Vivian W. Y.; DENG, Z. M. Towards

Implementation of ISO 14001 Environmental Management Systems in Selected

Industries in China. Journal of Cleaner Production. No 13(2005), p. 645-656, 2005.

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333

APÊNDICE A - PRÉ-QUESTIONÁRIO PARA CARACTERIZAÇÃO DE ETA

1. GERENCIAL

Dados Gerais

a) Nome da Empresa:

b) Endereço:

c) Cidade/Estado:

d) Técnico Responsável

• Administração Geral:

• Operação da ETA:

e) Tipo de Administração do Sistema (Pública, Economia Mista, Privada):

f) Período da Concessão:

Estrutura e Responsabilidade

a) Número de Funcionários:

b) Possui organograma administrativo? Caso positivo, anexar cópia.

c) Possui organograma de funções e responsabilidades? Caso positivo, anexar cópia.

d) Listar funções, número de funcionários/função e grau de escolaridade na tabela 1.

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334

Documentação

a) Existe manual do sistema ou um documento mestre? Caso positivo, anexar cópia.

b) Quais os níveis de documentação (manual do sistema, procedimentos, instruções

de trabalho e registros)?

c) Os procedimentos operacionais são documentados?

d) Instruções de trabalho são documentadas?

e) Existem documentos relativos à exigências de órgãos ambientais? Quais?

f) Quais os tipos de registro existentes?

g) Caso não exista um sistema de documentos, levantar o que estiver disponível e

listar a seguir.

1.4. Contratação de Prestadores de Serviços

a) A ETA realiza a contratação de prestadores de serviço?

b) Para quais atividades?

c) Existe uma política definida com critérios para a contratação de serviços? Caso

positivo, listar os requisitos.

d) Existe algum tipo de exigência para a atuação dos prestadores de serviço na área

da ETA (regulamentos internos de conduta, procedimentos de segurança...)? Caso

positivo, listar as exigências.

e) É realizada a inspeção do serviço executado pelos prestadores de serviço? Quem

é o responsável por este trabalho?

f) Preencher a tabela 2 sobre prestadores de serviço.

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335

1.5. Contratação de Fornecedores

a) Existe uma política de compras na ETA?

b) Quais os critérios utilizados na compra dos produtos?

c) Preencher tabela 3 sobre fornecedores.

d) É feito algum tipo de exigência em relação aos fornecedores (licenciamento, selo

ambiental, localização...)?

f) Existe algum controle ou exigência sobre o transporte dos produtos do fornecedor

até a ETA? Caso positivo, descrever.

g) Qual o controle feito no recebimento de produtos? Descrever.

h) Na compra de produtos químicos é feita alguma exigência especial (plano de

atendimento à emergências, normas de segurança para transporte...)? Caso positivo,

listar.

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336

2. OPERACIONAL

2.1. Dados Prévios

2.1.1. Manancial

a) Qual o tipo de manancial (rio, lago, represa, subterrâneo)?

b) Qual o nome do manancial?

c) Qual a classe do manancial (segundo resolução CONAMA no 357/2005)?

d) Em qual bacia se localiza a captação?

e) Qual a área da bacia?

f) Existem dados históricos das características hidrológicas da área (precipitação,

vazão)? Caso exista, anexar cópia.

g) Como estes dados são utilizados?

2.1.2. Captação

a) Qual o tipo de captação realizada (subterrâneo, superficial ou artificial)? Listar

número de captações.

b) Qual a localização dos pontos de captação (coordenadas geográficas)?

c) A área de captação é cercada ou possui algum tipo de proteção?

d) A área de captação é de fácil acesso para animais ou pessoas?

e) Existe lançamento de esgoto antes da captação?

f) A ETA possui outorga de água para a captação?

g) Qual a vazão outorgada (l/s)?

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337

2.1.3. Características da Água Bruta

a) Listar dados sobre qualidade da água bruta captada na tabela 4.

b) Qual o período de caracterização completa da água bruta?

c) Quais os parâmetros analisados rotineiramente sobre a qualidade da água bruta

(cor, turbidez, pH e etc.)?

d) Qual o período das análises de rotina?

2.2. Dados Gerais

a) Qual o tipo de tratamento da ETA?

b) Quais as unidades de tratamento que compõem a ETA (listar):

c) Qual a vazão nominal de água tratada referenciada pelo projeto (m3/dia)?

• Vazão inicial:

• Vazão final:

d) Qual a vazão de água tratada diariamente (média de m3/dia)?

e) Existe plano de expansão do sistema de abastecimento? Caso positivo, ocorrerá

ampliação ou descentralização?

f) Vazão mínima (m3/dia):

g) Vazão máxima (m3/dia):

h) Vazão média diária (m3/dia):

i) População urbana atual (no hab.):

j) Número de habitantes servidos pelo sistema de abastecimento:

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338

k) Volume de água tratada / mês (m3):

l) Estimativa de perda (m3) na ETA:

m) A ETA opera em quantos turnos? De quantas horas cada?

n) A ETA opera nos fins-de-semana? Quais os responsáveis que trabalham nestes

períodos?

o) Como é feito o acompanhamento da qualidade da água ao longo do processo de

tratamento? Quais os pontos de coleta?

2.3. Unidades de Tratamento da ETA

2.3.1. Unidade de Mistura Rápida

a) Qual o tipo da unidade de mistura rápida (mecânica ou hidráulica)?

b) Quais as sua dimensões?

c) Gradiente de velocidade (s-1):

d) Tempo de mistura (s):

e) Produtos químicos aplicados e respectivas dosagens (mg/l):

2.3.2. Floculador

a) A floculação é mecânica ou hidráulica?

b) Qual o tipo de floculador?

c) Número de câmaras:

d) Dimensões (comprimento x largura.x altura):

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339

e) Área:

f) Volume:

g) Gradiente de velocidade (s-1):

h) Tempo de detenção (min.):

2.3.3. Canal de água floculada

a) Dimensões (comprimento x largura.x altura):

b) Número de comportas e suas dimensões:

c) Velocidade de escoamento no canal (m/s):

2.3.4. Decantador

a) Qual o tipo de decantador?

b) Tipo de escoamento:

c) Número de decantadores:

d) Forma geométrica:

e) Dimensões (comprimento x largura.x altura):

f) Área (m2):

g) Volume (m3):

h) Tempo de detenção (min.):

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340

i) Taxa de escoamento superficial (m3/m2.dia)

j) Possui dispositivos para entrada de água floculada (cortinas distribuidoras)?

k) Sistema de coleta de água decantada (dimensões e vazão em l/s/m):

l) Estimativa da quantidade de lodo gerado (kg):

m) Freqüência de limpeza do decantador:

n) Como é feita a limpeza (manual ou mecanizada)?

2.3.5. Filtro

a) Tipo de filtro:

b) Direção do fluxo:

c) Os filtros são simples ou duplos?

d) Número de filtros:

e) Dimensões (comprimento x largura x altura):

f) Área:

g) Altura do leito filtrante:

h) Altura da camada suporte:

i) Altura do fundo falso:

j) Taxa de filtração (m3/m2.dia):

k) Composição do meio filtrante:

l) Composição da camada suporte

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341

m) Tipo do fundo de filtro (fundo falso com bocais, canalizações perfuradas ou

blocos leopold):

n) Tempo de carreira (horas):

o) Como é feito o controle do filtro (controle de nível e vazão)?

p) Freqüência de lavagem do filtro (horas):

q) Quantidade de água utilizada na lavagem (m3):

r) Tempo de lavagem (min.):

s) Como é feita a lavagem do filtro?

t) Velocidade ascensional (m/min.):

v) Vazão da água de lavagem (l/s):

x) Como é feita a lavagem superficial?

2.3.6. Desinfecção

a) Qual o produto utilizado na desinfecção?

b) Dosagem utilizada (mg/l):

c) Tipo de dosador:

d) Como é feita a mistura do desinfectante na água filtrada (difusor)?

e) Existe câmara de contato para desinfecção?

f) Quais suas dimensões?

g) Qual o tempo de contato?

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342

2.3.7. Fluoretação

a) Qual o produto utilizado na fluoretação?

b) Dosagem utilizada (mg/l):

c) Tipo de dosador:

2.3.8. Correção de pH

a) Qual produto utilizado?

b) Dosagem utilizada (mg/l):

c) Tipo de dosador:

2.4. Unidades Auxiliares da ETA

2.4.1. Casa de Química (Área de armazenamento, preparo de produtos

químicos e laboratório de análise de qualidade da água)

• Insumos

a) Inventário de insumos utilizados no tratamento de água (tabela 5).

b) É realizado controle de qualidade dos produtos químicos comprados? Como?

• Armazenamento

a) Onde é feita o armazenamento dos produtos químicos?

b) Descrever a distribuição dos produtos na área de estoque:

c) É realizado o controle de estoque? Como?

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343

d) As datas de entrega de produtos químicos são fixadas mediante previsões

baseadas no controle de estoque?

• Preparação das dosagens de produtos químicos

_Coagulante

a) Tipo de coagulante (produto):

b) Dosagens utilizadas (mg/l):

c) Como é realizada o preparo da dosagem para coagulação?

d) A dosagem é feita via úmida ou seca?

e) Descrever o sistema de dosagem utilizado.

_Auxiliar de Coagulação

a) Utiliza-se auxiliar de coagulação?

b) Qual produto utilizado?

c) Dosagens utilizadas (mg/l):

d) Como é realizada o preparo da dosagem?

e) Descrever o sistema de dosagem utilizado.

_Alcalinizante

a) Tipo de alcalinizante (produto utilizado):

b) Dosagens utilizadas (mg/l):

c) Como é feito o preparo da dosagem para correção de pH?

d) A dosagem é feita via úmida ou seca?

e) Descrever o sistema de dosagem utilizado.

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344

_Desinfectante

a) Tipo de desinfectante (produto utilizado):

b) Dosagens utilizadas (mg/l):

c) Como é feito o preparo da dosagem para desinfecção?

d) A dosagem é feita via úmida ou seca?

a) Descrever o sistema de dosagem utilizado.

_Flúor

a) Produto utilizado:

b) Dosagens utilizadas (mg/l):

c) Como é feito o preparo da dosagem para fluoretação?

d) A dosagem é feita via úmida ou seca?

e) Descrever o sistema de dosagem utilizado.

• Laboratório Físico-Químico

a) Quem é o responsável pelo laboratório? Qual a sua qualificação?

b) Inventário do material utilizado no laboratório físico-químico (tabela 6)

c) Listar as análises feitas rotineiramente e a sua freqüência:

d) Parâmetros avaliados (listar):

• Laboratório Microbiológico

a) Quem é o responsável pelo laboratório? Qual a sua qualificação?

b) Inventário do material utilizado no laboratório microbiológico (tabela 6)

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345

c) Listar as análises feitas rotineiramente e a sua freqüência:

d) Parâmetros avaliados (listar):

• Plano de Amostragem

a) A ETA possui elaborado o plano para amostragem da água? Caso positivo,

anexar cópia.

b) A amostragem (parâmetros, número de amostras e freqüência) definida está de

acordo com os requisitos da Portaria no 518/2004?

2.4.2. Reservatório de água para lavagem de filtros

a) Forma Geométrica:

b) Dimensões:

c) Volume (m3):

d) Altura (m):

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346

Tab

ela 1 – Listagem de funções e grau

s de escolaridad

e dos funcionários da ETA

Função

N o Func./Função

Escolaridad

e/Qualificação

Data da

últim

a

qualificação/atualização

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347

Tab

ela 2 – Con

tratação de Prestad

ores de Serviço

Empresa

No de funcion

ários para

execução do serviço

Atividad

e executad

a Período de execução

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348

Tab

ela 3- Relação de em

presas fornecedoras.

Empresa

Local de Origem

Produ

to

Exigências sob

re Fornecedores

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349

Tab

ela 4 – Dad

os sob

re qualidad

e da água bruta cap

tada.

Ano

: Jan.

Fev.

Mar.

Abr.

Mai.

Jun.

Jul.

Ago.

Set.

Out.

Nov.

Dez.

Vazão (l/s)

Turbidez (uT

)

Cor Aparente (uC)

Oxigênio Con

sumido (m

g/l)

pH

Alcalinidad

e Total (mg/l C

aCO

3)

Ferro Total (mg/l F

e)

Man

ganês (m

g/l M

n)

Algas (UPA/m

l)

No Coliformes Fecais (N

o /100m

l)

Tem

peratura (oC)

Con

dutividad

e (O

hm/cm)

*

*

* Espaços em branco para inserção de parâmetros adicionais. Adaptada de Parsekian (1998).

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350

Tab

ela 5 – Inventário de in

sumos utilizados no tratam

ento da água

Produto

Fórmula

Química

Pureza

(%)

Dosagem

média

(mg/l)

Pon

to de

Aplicação

Con

sumo Médio

Diário (kg)

Con

sumo Médio

Mensal (kg)

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351

Tab

ela 6- Inventário de material d

e laboratório de an

álises físico-químicas e m

icrobiológicas.

Reagente

Quan

tidad

e

(nº frascos/volume)

Equipa

men

to p/

análise

Quan

tida

de

(unidad

es)

Vidraria

Quan

tida

de

(unida

des)

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352

Tabela 7- Levantamento de Procedimentos

Setor / Etapa Procedimento Descrição

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353

APÊNDIC

E B – PLANIL

HA PARA LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIE

NTAIS

LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIE

NTAIS

DATA:

Unidad

e:

Área e Setor:

Processo ou

Atividad

e:

IDENTIFIC

AÇÃO

ANÁLISE

SIG

NIFIC

.

SEV

F/P

I IT

EM

ASP

ECTO

SUB

ITEM

IMPACTO

SIT.

INC.

CL.

TMP

A

B

A+B LEI

P.I

I≥5

COMENTÁRIO

S

SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; T

MP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIG

NIFIC

-

Significância; L

EI- Legislação; PI- Partes interessadas. Adaptada de LUZ (2006).

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354

APÊNDIC

E C – LISTA PARA VERIFIC

AÇÃO (CHECKLIST) AMBIE

NTAL DE ETAS

I- DIA

GNÓSTIC

O DO NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO À NBR ISO 140

01:2004

S N

NA

OBS

A) Política Ambien

tal

1- A ETA possui uma política ambiental ou se verifica que a questão ambiental é colocada como uma das

prioridades na gestão da ETA (Ex: entrevistas com gerentes, registros de reuniões, organograma

administrativo, receita das despesas anuais, programas de cunho ambiental...)?

2- Através da leitura da política ambiental é possível identificar o tipo de atividade da empresa

(tratamento de água) e os principais impactos ambientais provenientes das atividades, produtos e/ou

serviços?

3- Existe um comprometimento interno com a melhoria contínua e com a prevenção da poluição?

4- A política orienta para a total conformidade legal?

5- Os objetivos e metas ambientais foram estabelecidos na redação da política?

6- Existe uma estrutura para estabelecimento de novos objetivos e metas, assim como sua revisão

periódica (Ex: reuniões de análise crítica...)?

7- A política é documentada?

8- Ela foi comunicada a todos os funcionários (Ex: circulares internas, entrevistas com empregados...)?

9- Ela foi divulgada e se encontra disponível ao público (Ex: jornais, internet, contas d’água...)?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

B) Identificação de Aspectos e Im

pactos Ambientais

10- Existe procedimento estabelecido e implementado para a identificação de aspectos e impactos

ambientais das atividades, produtos e ou serviços da ETA?

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355

I- DIA

GNÓSTIC

O DO NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO À NBR ISO 140

01:2004

S N

NA

OBS

11- É aplicado algum método para determinar a significância ou relevância de determinado

aspecto/impacto ambiental (Ex: filtros de significância, legislação aplicável, normas internas...)?

12- Os resultados destes levantamentos de aspectos e impactos ambientais estão documentados?

13- Este procedimento é executado novamente nos casos em que ocorra modificações do processo (Ex:

mudanças nos produtos químicos utilizados no tratamento) ou implantação de novas tecnologias (Ex:

troca da floculação hidráulica pela mecanizada ou do decantador clássico pelo de alta taxa...)?

14- Os aspectos ambientais considerados significativos pela empresa, através da metodologia de

identificação de aspectos e impactos ambientais, são considerados no seu sistema de gestão (Verifique as

medidas aplicadas na correção ou mitigação dos impactos ambientais. Ex: registros de reuniões de análise

crítica, objetivos e metas estabelecidos...)?

15- Os funcionários têm discernimento sobre os principais aspectos e impactos ambientais do tratamento

de água (Verificação através de entrevistas)?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

C) Identificação de requisitos legais

16- Existe procedimento para a identificação de requisitos legais aplicáveis aos aspectos ambientais do

processo de tratamento de água (Ex: contratação de consultoria jurídica, consulta à banco de dados de

internet...)?

17- É feita a determinação de como os requisitos legais se aplicam aos seus aspectos ambientais (Ex: Lei

no XXX no seu parágrafo W inciso K determina que o lançamento de lodo de decantador em águas

superficiais só é permitido quando a vazão média do determinado curso d’água estiver acima de valor YZ

m3 /s)?

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356

I- DIA

GNÓSTIC

O DO NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO À NBR ISO 140

01:2004

S N

NA

OBS

18- Estes requisitos legais determinam condutas e procedimentos relacionados (Ex: valor máximo de

turbidez de água filtrada na ETA é o mesmo indicado na portaria no 518/MS de padrão de potabilidade)?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

D) Objetivos, m

etas e program

a(s)

19- Os objetivos e metas ambientais foram estabelecidos e documentados?

20- Eles são mensuráveis? Ou seja, é possível relacionar indicadores para sua quantificação (Ex:

quantidade de kg de lodo de decantador, turbidez de água de lavagem de filtro)?

21- Os objetivos e metas são voltados para a prevenção a poluição, atendimento a requisitos legais e a

melhoria contínua?

22- Os objetivos e metas estabelecidos são possíveis de serem alcançados tendo em vista suas opções

tecnológicas, requisitos financeiros (investimento), operacionais, comerciais e visões das partes

interessadas (Avaliar a viabilidade daquela meta estabelecida)?

23- Existe um programa na ETA para atingir estes objetivos e metas?

24- Este programa inclui a atribuição de responsabilidades em cada função e nível pertinentes aos

objetivos e metas estabelecidos?

25- Também inclui os meios (Ex: recursos financeiros disponibilizados, aquisição de tecnologias...) e o

prazo no qual os objetivos e metas serão atingidos?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

E) Recursos, funções, respon

sabilidad

es e autoridad

es

26- São assegurados recursos (Ex: recursos humanos, infra-estrutura adequada, recursos financeiros,

treinamento...) para estabelecimento e manutenção de uma gestão ambiental eficaz dentro da ETA?

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357

I- DIA

GNÓSTIC

O DO NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO À NBR ISO

140

01:2004

S N

NA

OBS

27- Foram definidas as funções e responsabilidades relativas à questão ambiental na ETA (Ex:

organograma listando funções e responsabilidades em relação à assuntos ambientais)?

28- Ela foi documentada?

29- Está disponibilizada e divulgada aos funcionários da ETA (ex: circulares, murais de recado...)?

30- Existe um representante específico da administração acompanhando o desempenho ambiental na

ETA?

31- Este faz relato à administração sobre o desempenho ambiental (Ex: relatórios) e sugestões de

melhoria?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

F) Com

petência, treinam

ento e con

scientização

32- As pessoas envolvidas em atividades relacionadas à administração e operação da ETA possuem

formação apropriada, treinamento ou experiência para a realização de suas tarefas?

33- Os registros que comprovam a formação, treinamento ou experiência das pessoas envolvidas na

administração e operação da ETA estão retidos?

34- As necessidades de treinamento são identificadas sistematicamente (Ex: procedimentos de avaliação

de currículos...)?

35- Identificadas as necessidades de treinamento, estas são providas?

36- Os registros desses treinamentos são retidos na ETA?

37- Existe procedimento para conscientizar os funcionários e prestadores de serviço quanto à importância

da política ambiental e do atendimento dos requisitos ambientais estabelecidos pela administração da

ETA (Verificar registros de treinamento, palestras...)?

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358

I- DIA

GNÓSTIC

O DO NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO À NBR ISO 140

01:2004

S N

NA

OBS

38- Os funcionários estão conscientizados quanto aos aspectos/impactos ambientais associados com seu

trabalho e dos benefícios ambientais provenientes da melhoria do seu desempenho pessoal (Realizar

entrevistas)?

39- Os funcionários estão conscientes de suas funções e responsabilidades a fim de se atingir a

conformidade com os requisitos ambientais estabelecidos (Realizar entrevistas)?

40- Os funcionários estão conscientes das conseqüências decorrentes da inobservância dos procedimentos

especificados (Realizar entrevistas)?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

G) Com

unicação

41- Existem procedimentos formalizados para comunicação interna sobre assuntos de cunho ambiental?

42- Existem procedimentos para recebimento (Ex: setor de recebimento de reclamações, e-mail ou

telefone específico), documentação e resposta à comunicações pertinentes oriundas de partes interessadas

externas (Ex: clientes, comunidades vizinhas, Organizações Não-Governamentais)?

43- A ETA faz divulgação ao público sobre seus aspectos ambientais (ex: internet, jornais, contas

d’água...)?

44- Esta sua decisão de divulgar ou não seus aspectos ambientais, é documentada?

45- No caso da ETA divulgar seus aspectos ambientais, existe(m) método(s) formalizado(s) para a

comunicação externa (Ex: procedimento padrão)?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

H) Documentação

46- Política, objetivos e metas ambientais estão documentados?

47- O escopo (limites) do sistema de gestão ambiental está documentado?

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359

I- DIA

GNÓSTIC

O DO NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO À NBR ISO 140

01:2004

S N

NA

OBS

48- Existe um manual do sistema descrevendo todos seus elementos e documentos associados?

49- É feita uma determinação sistemática sobre quais informações devem ser registradas e documentadas?

50- Registros associados à processos cujos aspectos ambientais tenham sido considerados significativos,

estão documentados?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

I) Con

trole de documentos

51- Os documentos são corretamente controlados? Verificar a identificação (Ex: setor de origem;

numeração; páginas numeradas; número da revisão; assinatura dos responsáveis pela elaboração; análise e

distribuição); armazenamento e proteção (Ex: conservação do documento, legibilidade, data); recuperação

(O documento está disponível e é de fácil acesso? É arquivado de maneira organizada?), retenção e

descarte (Ex: cópias controladas, identificação de documentos obsoletos...).

52- É feita a aprovação de documentos quanto à sua adequação antes do seu uso?

53- Existe procedimento para revisão periódica, atualização e reaprovação de documentos?

54- As alterações e número da revisão atual estão identificados nos documentos?

55- As versões relevantes de documentos aplicáveis estão disponíveis no ponto de uso (Ex: Instruções de

trabalho para preparação de produtos químicos, controle de dosagem...)?

56- Os documentos encontram-se legíveis e prontamente identificáveis?

57- Documentos de origem externa (Ex: exigências de órgãos ambientais, reclamações de terceiros...) são

identificados e controlados?

58- Documentos obsoletos estão identificados evitando uso não intencional?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

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360

I- DIA

GNÓSTIC

O DO NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO À NBR ISO

140

01:2004

S N

NA

OBS

J) Con

trole Operacion

al

59- Operações associadas à aspectos ambientais significativos (Ex: lavagem de decantador, lavagem de

filtro...) possuem procedimentos documentados afim de controlar situações onde sua ausência possa

acarretar desvios em relação à política, objetivos e metas ambientais?

60- É feita a determinação de critérios operacionais nos procedimentos (Ex: limites máximos e mínimos

de cloro residual após a cloração na saída da ETA...)?

61- Todos os operadores executam os procedimentos utilizando os mesmos critérios operacionais (Ex:

quantidade de produtos químicos utilizados na preparação das dosagens)?

62- Existem procedimentos elaborados para produtos e serviços utilizados pela ETA que estejam

associados com aspectos ambientais significativos?

63- É feita a comunicação destes procedimentos e requisitos aos fornecedores e prestadores de serviço?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

K) Prepa

ração e resposta à emergênc

ias

64- A ETA possui procedimento para a identificação de potenciais situações de emergência e potenciais

acidentes que possam ter impacto sobre o meio ambiente (Ex: avaliações de risco...)?

65- Este procedimento prevê as ações a serem tomadas como resposta a estas emergências (ex: programa

para atendimento a emergências...)?

66- É feita uma análise periódica e, quando necessário (Ex: após a ocorrência de acidentes reais), a

revisão dos procedimentos de preparação e resposta à emergências?

67- São feitas simulações para testar os procedimentos de resposta à acidentes e emergências(Verificar

registros de treinamento)?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

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361

I- DIA

GNÓSTIC

O DO NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO À NBR ISO 140

01:2004

S N

NA

OBS

L) Mon

itoram

ento e m

edição

68- As características principais (Ex: quantidade m3 de lodo gerado no decantador, quantidade m3 de água

de lavagem de filtro desperdiçada...), que possam causar impacto ambiental significativo, de suas

operações são monitoradas e medidas?

69- Informações sobre como monitorar o desempenho (Quais indicadores devem ser utilizados. Ex:

turbidez da água de lavagem de filtro...), os controles operacionais (ex: instruções de trabalho para medir

turbidez) e a conformidade com os objetivos e metas ambientais (Valores máximos e mínimos, do

determinado indicador, aceitáveis para alcançar a meta) estão documentados?

70- Os equipamentos de monitoramento e medição estão devidamente calibrados ou verificados?

71- Os registros de calibração dos aparelhos são mantidos?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

M) Avaliação do aten

dimen

to a req

uisitos legais e outros

72- Existe procedimento para avaliar periodicamente o atendimento aos requisitos legais aplicáveis?

73- Os registros dos resultados destas avaliações são mantidos?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

N) Não con

form

idad

e, ação corretiva e preventiva

74- Existem procedimentos para identificação e correção de não-conformidade(s) e execução de ações

para mitigação dos seus impactos ambientais?

75- Esses procedimentos definem requisitos para a investigação de não-conformidades, determinação de

suas causas e ações para evitar sua repetição?

76- São avaliadas as necessidades de ações para a prevenção de não-conformidades e implementadas

ações apropriadas para evitar sua ocorrência?

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362

I- DIA

GNÓSTIC

O DO NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO À NBR ISO 140

01:2004

S N

NA

OBS

77- Os resultados das ações corretivas e preventivas são registrados?

78- É feita uma análise da eficácia das ações corretivas e preventivas executadas?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

O) Con

trole de registros

79- Existe procedimento para a identificação, armazenamento, proteção, recuperação, retenção e descarte

de registros ambientais?

80- Os registros ambientais são legíveis, identificáveis e rastreáveis (permite determinar quando, pra quê,

de onde e por quem foi feito)?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

P) Aud

itoria in

tern

a

81- A ETA aplica auditorias ou inspeções internas periódicas com o objetivo de avaliar se o que foi

planejado foi implementado e mantido?

82- Os resultados das auditorias são registrados e mantidos?

83- Estas mesmas informações são fornecidas à alta administração?

84- As responsabilidades, requisitos para se planejar e conduzir as auditorias, para relatar os resultados e

manter os registros associados foram determinadas em procedimento?

85- Foi feita a determinação dos critérios de auditoria, escopo, freqüência e métodos?

86- Os auditores selecionados asseguram a objetividade e imparcialidade do processo de auditoria

(independência do processo)?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

Q) Aná

lise pela ad

ministração

87- A administração da ETA realiza análise periódica do seu sistema de gestão?

88- Os resultados das auditorias internas são avaliados?

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363

I- DIA

GNÓSTIC

O DO NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO À NBR ISO

140

01:2004

S N

NA

OBS

89- Resultados das avaliações do atendimento a requisitos legais são analisados?

90- Comunicações de origem externa, incluindo reclamações, são analisadas?

91- O desempenho ambiental é analisado?

92- Extensões na qual foram atendidos os objetivos e metas são analisadas?

93- As situações das ações corretivas e preventivas são analisadas?

94- As ações de acompanhamento das análises anteriores são analisadas?

95- Mudanças de circunstâncias, incluindo desenvolvimento em requisitos legais e outros relacionados a

aspectos ambientais são analisados?

96- As recomendações para melhorias são analisadas?

97- Os registros dos resultados das análises pela alta administração são mantidos?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

Page 388: GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE …‡ÃO... · GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE MÉDIO PORTE: ELABORAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE ANÁLISE

364

II- QUALID

ADE G

ERENCIA

L E O

PERACIO

NAL

S N

NA

OBS

A) Plano Diretor de Recursos Hídricos do Município

Plano diretor, responsabilidades e ações

1- O plano diretor da microbacia hidrográfica do rio, onde se realiza a captação, foi elaborado?

2- Houve o envolvimento da empresa de abastecimento de água em sua formulação?

3- O pessoal envolvido na elaboração do plano diretor é competente com base em formação apropriada,

treinamento ou experiência?

4- Foi feito diagnóstico sobre características físicas (clima, geomorfologia, hidrogeologia...) da região da

bacia de captação?

5- Foi feito diagnóstico sobre características biológicas (fauna, flora...) da região da bacia de captação?

6- Foi feito diagnóstico sobre características sócio-econômicas (nível escolaridade, renda per capita...) da

região da bacia de captação?

7- Verificou-se diagnóstico do uso e ocupação do solo na região da bacia de captação?

Conflitos pelo uso d’água e resoluções

8- Foi realizada a identificação dos usuários da água baseada nos seus usos múltiplos (ex: irrigação,

atividades industriais, geração de energia...)?

9- Os conflitos pelo uso d’água (ex: lançamentos efluentes industriais X uso da água para

abastecimento...) também foram identificados?

10- Existe plano de diretrizes para a tomada de ações para a resolução destes conflitos?

11- É feita, periodicamente, uma análise de acompanhamento da efetividade das ações tomadas?

12- O resultado dessa análise é registrada?

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365

II- QUALID

ADE G

ERENCIA

L E O

PERACIO

NAL

S N

NA

OBS

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

B) Con

servação de Man

anciais

Programa, responsabilidades e ações

13- A ETA possui um programa de conservação e/ou recuperação do(s) manancial(is) onde se realiza a

captação?

14- Este programa é documentado?

15- Possui a assinatura da administração da ETA?

16- Pessoal envolvido na elaboração do documento é competente com base em formação apropriada,

treinamento ou experiência?

17- A área do manancial, em que se realiza a captação, é protegida do uso e do acesso por pessoas e

animais domésticos?

18- As nascentes que abastecem o manancial de captação foram cadastradas (localização)?

19- Realizou-se diagnóstico sócio-ambiental (ex: condições da vegetação, atividades sócio-econômicas...)

da área no entorno das nascentes?

20- A qualidade das águas destas nascentes tem seus parâmetros (físicos, químicos e microbiológicos)

monitorados periodicamente?

21- Os resultados destas análises são registrados?

Poluição e monitoramento

22- É realizado lançamento de esgoto/efluente industrial antes do ponto de captação?

23- Foi realizado o cadastramento destes pontos de lançamento?

24- A ETA monitora ou exige monitoramento da qualidade dos efluentes lançados?

25- O procedimento para este monitoramento é sistematizado?

26- Os resultados deste monitoramento são registrados?

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366

II- QUALID

ADE G

ERENCIA

L E O

PERACIO

NAL

S

N

NA

OBS

27- Os parâmetros físico/químico/microbiológicos dos efluentes atendem a legislação em vigor?

28- A ETA fiscaliza o lançamento de resíduos sólidos no manancial de captação?

29- Existe procedimento sistematizado para realizar esta fiscalização?

30- Os resultados dessas fiscalizações são registrados?

31- São tomadas medidas para inibir (ex: programas de conscientização) ou punir (ex: multas) infratores?

Recuperação

32- Existe plano de ação(ões) para recuperação do manancial(is)?

33- Foram estabelecidos objetivos e metas?

34- Estes foram documentados?

35- As funções e responsabilidades para alcance das metas foram bem definidas?

36- Elas estão documentadas e comunicadas?

37- Os meios (ex: recursos financeiros e humanos, infra-estrutura...) necessários para alcançar as metas

foram disponibilizados?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

C) Dad

os H

idrológicos

38- A ETA monitora características hidrológicas (ex: vazão, velocidade de escoamento, pluviosidade...)

da região da bacia hidrográfica do seu manancial de captação?

39- O procedimento para o monitoramento é sistematizado?

40- Os dados hidrológicos são utilizados em estudos para a previsão de problemas operacionais no

tratamento de água (ex: correlações entre índices de pluviosidade e aumento da turbidez da água bruta,

diminuição da vazão em determinados meses do ano e florescimento de algas, eventuais secas...)?

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367

II- QUALID

ADE G

ERENCIA

L E O

PERACIO

NAL

S N

NA

OBS

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

D) Sa

úde e Segurança Ocu

pacional

41- A ETA faz contratações de serviços em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho?

42- Existe sistema de acompanhamento médico dos funcionários (Exames admissionais, periódicos e

demissionais)?

43- Foi feita a identificação de processos que apresentem potencial de risco à saúde e segurança dos

funcionários?

44- Existem mapeamentos de riscos, programas de informação e prevenção de riscos ocupacionais?

45- Há um sistema de registro e comunicação de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais?

46- Existe na ETA funcionamento regular da CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes?

47- Foram disponibilizados os meios (ex: infra-estrutura, recursos financeiros...) para funcionamento da

CIPA?

48- O pessoal envolvido na CIPA é competente com base em formação profissional, experiência ou

treinamento?

49- A ETA dispõe de sistema de fornecimento e treinamento para uso de EPIs (Equipamento de Proteção

Individual) e EPCs (Equipamentos de Proteção Coletiva)?

50- Há controle, manutenção e reposição destes equipamentos?

51- Os registros sobre o controle, manutenção e reposição são arquivados?

52- Existem meios que permitam que funcionários relatem condições de trabalho inadequadas

objetivando mitigar riscos (ex: ouvidoria)?

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368

II- QUALID

ADE G

ERENCIA

L E O

PERACIO

NAL

S N

NA

OBS

53- Foi realizado treinamento para funcionários sobre segurança na execução de suas atividades?

54- Os registros de treinamento são armazenados?

55- Existe algum projeto paisagístico para melhorar a aparência e o ambiente de trabalho?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

E) Program

as de Edu

cação Ambiental p

ara os Con

sumidores

56- A ETA realiza programas de conscientização ambiental (ex: campanhas para diminuição do consumo

de água e detecção de vazamentos nas moradias, não disposição de lixo em corpos d’água...) junto a

comunidade?

57- Estes programas foram documentados?

58- As pessoas envolvidas na elaboração e execução dos programas são competentes com base na

formação profissional, experiência ou treinamento?

59- São disponibilizados recursos (ex: financeiros, infra-estrutura...) para os programas?

60- Fez-se diagnóstico sócio-econômico da população-alvo?

61- Estabeleceu-se um planejamento com objetivos e metas para os programas?

62- O atendimento a estas metas é medido pelo uso de indicadores adequados (ex: horas-aula de educação

ambiental para os consumidores X média de consumo per capita em domicílio)?

63- Os resultados dessas medições são analisados em reuniões?

64- As análises e decisões tomadas, a respeito dos resultados das medições, são registradas?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

F) Entrada de Águ

a Bru

ta

65- A ETA realiza o controle de qualidade da água bruta captada?

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369

II- QUALID

ADE G

ERENCIA

L E O

PERACIO

NAL

S N

NA

OBS

66- Os parâmetros (ex: cor, turbidez, pH, alcalinidade, condutividade elétrica, oxigênio dissolvido...)

avaliados rotineiramente fornecem subsídios adequados para controle da dosagem de produtos químicos?

67- A freqüência de amostragem se mostra adequada para este tipo de monitoramento?

68- Existem dados sazonais sobre características da água bruta?

69- Estes dados são avaliados periodicamente a fim de se estabelecer planejamento adequado para o uso

de produtos químicos no tratamento (ex: escolha dos produtos químicos mais adequados para o

tratamento, projeções de demandas mensais, programação das entregas de cargas de produtos

químicos...)?

70- Os resultados destas avaliações são registrados?

71- São coletadas amostras semestrais da água bruta, junto do ponto de captação, para análise de acordo

com os parâmetros exigidos na legislação vigente (Res. CONAMA no 357 de 17 de março de 2005) de

classificação e enquadramento de águas superficiais?

72- Os resultados das análises são registrados?

73- È realizada uma avaliação da compatibilidade entre as características da água bruta e o tipo de

tratamento aplicado à mesma?

74- Realiza-se monitoramento mensal de cianobactérias?

75- Os resultados das análises são registrados?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

G) Mistura Ráp

ida

Ensaios de coagulação

76- São realizados testes de jarro para determinação da dosagem?

77- Existe instrução de trabalho orientando a execução deste tipo de ensaio?

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370

II- QUALID

ADE G

ERENCIA

L E O

PERACIO

NAL

S N

NA

OBS

78- Os critérios especificados, nesta instrução de trabalho, são bem definidos (ex: forma de coleta da água

bruta, volumes de água utilizados por jarro, tempos de mistura, gradiente de velocidade, determinação de

Ph ótimo, avaliação da turbidez remanescente...)?

79- Existe a determinação de critérios que orientam as situações (ex: variação brusca de turbidez da água

bruta, substituição de coagulantes) ou freqüência em que o teste de jarros deve ser executado?

80- Os resultados dos testes são registrados?

81- Existem planilhas elaboradas para registro dos resultados?

82- Os operadores responsáveis pela execução dos testes de jarro receberam devido treinamento para este

fim?

83- Os registros de treinamento são mantidos?

84- Foi elaborado diagrama de coagulação para estabelecimento das condições ótimas de uso do

coagulante?

85- Os resultados dos diagramas são mantidos?

Dosagem e aplicação

86- Existe procedimento documentado para o estabelecimento da dosagem de coagulante na água bruta?

87- Os critérios especificados permitem um controle satisfatório da dosagem (ex: utilização de fórmula

matemática na determinação da dosagem, freqüência de regulagem do dosador...)?

88- Na determinação da dosagem de coagulante aplicado na água, são considerados parâmetros de

temperatura, vazão, cor, turbidez, alcalinidade e pH?

89- O ponto de aplicação do coagulante é adequado (zona de transição do regime rápido para o regime

lento)?

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371

II- QUALID

ADE G

ERENCIA

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PERACIO

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NA

OBS

90- A aplicação do coagulante é difusa?

Operação e Manutenção

91- Foram realizados estudos para verificação dos valores reais dos gradientes de velocidade e do tempo

de mistura?

92- Os valores se encontram próximos aos valores ótimos determinados nos ensaios de coagulação?

93- É feita verificação periódica da precisão do dosador?

94- São realizadas manutenções para aferição do mesmo?

95- Os registros das aferições são mantidos?

Auxiliares de coagulação

96- São utilizados auxiliares de coagulação?

97- No caso da utilização dos auxiliares de coagulação, foi realizado antes uma investigação levando-se

em conta a qualidade da água bruta na escolha do polímero?

98- Os resultados dessa investigação foram registrados?

99- Foram realizados ensaios para determinação da eficiência e das dosagens ótimas?

100- Existe procedimento estabelecido para a determinação da dosagem na água?

101- Estas instruções encontram-se no local de aplicação?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

H) Mistura Lenta

Operação e manutenção

102- Foram realizados estudos para verificação dos valores reais dos gradientes de velocidade e do tempo

de mistura?

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372

II- QUALID

ADE G

ERENCIA

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PERACIO

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NA

OBS

103- Esses valores se encontram próximos aos valores ótimos determinados nos ensaios de floculação?

104- A floculação nas câmaras apresenta bom aspecto visual (flocos bem formados e com bom tamanho)?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

I) Decan

tação

Operação

105- Foram realizados estudos para determinar os reais valores de taxa de escoamento superficial e tempo

de detenção no decantador em operação?

106- Foram avaliadas as diferenças devido às mudanças de regime (dia e noite) e na troca de estações

(secas e chuvosas)?

107- Os valores encontrados da taxa de escoamento superficial e do tempo de detenção se aproximam dos

valores ótimos determinados nos ensaios de projeto?

108- Existe um monitoramento da qualidade da água decantada?

109- São avaliados parâmetros de turbidez e cor deste efluente?

110- Existem valores máximos pré-estabelecidos para os quais a qualidade da água decantada deve ser

mantida?

111- Estes valores são registrados e mantidos?

112- Numa avaliação visual, observa-se a ressuspensão de flocos e a chegada dos mesmos nos filtros?

Lavagem do decantador

113- É feita a remoção manual do lodo do decantador?

114- Existe procedimento documentado para a realização da lavagem do decantador?

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II- QUALID

ADE G

ERENCIA

L E O

PERACIO

NAL

S N

NA

OBS

115- Existe um critério pré-estabelecido para determinar quando se deve realizar a lavagem do decantador

(ex: tempo de funcionamento, turbidez da água decantada...)

116- Realiza-se a medição da quantidade de água gasta no esvaziamento do decantador e na lavagem com

mangueiras?

117- São observados critérios de segurança (ex: utilização de EPIs, normas de execução...) para a

realização da lavagem?

118- É fornecido treinamento em segurança para realização do procedimento (ex: utilização de EPIs)?

119- Os registros de treinamento são mantidos?

120- São fornecidos EPIs (ex: roupas apropriadas, botas, luvas...) para os operadores envolvidos?

121- É feita uma fiscalização para avaliar o cumprimento dos procedimentos de segurança?

122- Os resultados destas avaliações são registradas e mantidas?

123- É realizada uma análise crítica destes resultados e determinadas medidas para corrigir eventuais

falhas nos procedimentos?

124- Realiza-se acompanhamento médico dos operadores envolvidos na lavagem?

125- Os resultados deste acompanhamento são registrados e mantidos?

Tratamento e disposição do lodo

126- É feito algum tratamento do lodo antes da sua disposição?

127- Foram realizados estudos para a caracterização físico-química do lodo do decantador?

128- Foi feita a quantificação dos constituintes do lodo (ex: sólidos suspensos totais, hidróxidos metálicos

da coagulação, metais pesados...)?

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II- QUALID

ADE G

ERENCIA

L E O

PERACIO

NAL

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NA

OBS

129- São realizadas estimativas para quantificação do lodo produzido nos vários períodos do ano (ex:

mensal, trimestral, sazonal...)?

130- Foram feitos ensaios determinando condições ideais para adensamento, condicionamento e

desidratação do lodo?

131- Existem procedimentos documentados com critérios específicos orientando a execução das

atividades envolvidas no tratamento do lodo?

132- Depois de desidratado, o lodo é disposto em local ambientalmente adequado (ex: aterro sanitário)?

133- São utilizadas aplicações alternativas ao uso do lodo (ex: incorporação em matriz de concreto,

utilização em agricultura...)?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

J) Filtração

Operação

134- É realizado controle de nível e vazão em cada filtro?

135- Existe procedimento documentado com critérios específicos determinando as condições ideais de

operação dos filtros?

136- Existe sistemática para avaliar a eficiência da filtração (ex: análises de água filtrada)?

137- Os resultados da avaliação são registrados e mantidos?

138- As carreiras de filtração são medidas?

139- Nos casos de ocorrência de carreiras de filtração curtas ou com valores muito menores do que o

habitual, realiza-se investigação de suas causas (ex: proliferação de algas, má coagulação...)?

140- Foi realizada ou existe previsão de troca do meio filtrante?

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375

II- QUALID

ADE G

ERENCIA

L E O

PERACIO

NAL

S N

NA

OBS

141- Existe procedimento determinando condições específicas para a realização desta troca (ex:

contaminação por algas, período de tempo...)?

Lavagem do filtro

142- Existe procedimento documentado com critérios específicos orientando a lavagem do filtro?

143- São determinadas as condições sob as quais devem ser executadas a lavagem dos filtros (ex: turbidez

da água filtrada acima do permitido, período de tempo, vazão mínima...)?

144- Observa-se perda de material filtrante durante a lavagem?

145- Monitora-se a quantidade de água utilizada nas lavagens dos filtros (ex: m3 utilizados em cada

lavagem, ou por mês nas lavagens...)?

146- Os resultados são registrados e mantidos?

147- A qualidade da água filtrada, após cada lavagem, demonstra a eficiência do processo de limpeza (ex:

baixos níveis de turbidez em comparação quando com o filtro sujo, boa qualidade microbiológica...)?

Tratamento e disposição da água de lavagem dos filtros

148- É feita a recirculação da água de lavagem de filtro?

149- Foram realizados estudos de caracterização da água de lavagem de filtro?

150- Realizaram-se ensaios com a água de lavagem afim de se determinar os melhores processos para seu

tratamento (ex: sedimentação simples, flotação...) e dosagens de produtos químicos para remoção da

turbidez?

151- Os resultados dos ensaios estão registrados e mantidos?

152- Existe procedimento documentado com critérios específicos orientando a execução das atividades

envolvidas nos processos de tratamento?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

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376

II- QUALID

ADE G

ERENCIA

L E O

PERACIO

NAL

S N

NA

OBS

K) Correção de Ph

Dosagem

153- É feita a correção de pH no tratamento da água?

154- A variação de pH (baixa amplitude) da água bruta permite controle manual na correção do pH?

155- São utilizados critérios específicos na determinação da dosagem (ex: consideração de variáveis como

vazão, temperatura, alcalinidade...)?

156- Existe instrução de trabalho no local que oriente os operadores no controle da dosagem?

157- É estabelecido o pH desejado na saída do tratamento?

158- A aplicação da dosagem é realizada na saída da câmara de contato?

159- Os operadores estão conscientizados da importância de seu desempenho pessoal e das conseqüências

derivadas de erros na operação (ex: incrustrações nas tubulações de distribuição, diminuição da eficiência

de desinfecção do cloro residual devido a pH inadequado da água tratada...)?

Manutenção

160- É feita verificação periódica da precisão do dosador?

161- São realizadas manutenções para aferição do mesmo?

162- Os registros das aferições são mantidos?

Métodos de análise

163- A aparelhagem para análise de pH (medidor de pH) é periodicamente calibrada?

164- Os registros destas aferições são mantidos?

165- Os operadores receberam devido treinamento para execução desta análise?

166- Os registros de treinamento foram mantidos?

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377

II- QUALID

ADE G

ERENCIA

L E O

PERACIO

NAL

S N

NA

OBS

167- Instruções para a correta operação do aparelho e execução da análise estão presentes no local?

168- Os resultados das análises são mantidos?

169- A sistemática para armazenamento desses dados permite sua pronta recuperação?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

L) Fluoretação

Dosagem

170- É feita, periodicamente, a determinação do teor natural de íons fluoreto presentes na água bruta?

171- Em caso de resposta negativa, existe banco de dados sobre a variação de íons fluoreto que permitam

estimar a concentração atual dos mesmos na água bruta?

172- A dosagem é determinada por meio de critérios específicos (ex: fórmula associando variáveis como

temperatura, vazão, teor de íons fluoreto natural...)?

173- O controle operacional da dosagem de flúor na água está descrito na forma de instrução de trabalho

no local?

174- O preparo da dosagem é realizado mediante instrução de trabalho no local?

175- Os operadores estão conscientizados da importância de seu desempenho pessoal e das conseqüências

derivadas de erros na operação (ex: fluorose dentária causada por concentrações excessivas de fluoreto)?

Manutenção

176- É feita verificação periódica da precisão do dosador?

177- São realizadas manutenções para aferição do mesmo?

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378

II- QUALID

ADE G

ERENCIA

L E O

PERACIO

NAL

S N

NA

OBS

178- Os registros das aferições são mantidos?

Métodos de análise

179- É empregado algum método analítico (eletrométrico, fotométrico, visual de alizarina) para verificar a

concentração de íons fluoreto na água tratada?

180- Este método analítico está descrito mediante critérios específicos em procedimento documentado?

181- Os operadores receberam treinamento adequado para realização das análises para determinação de

íon fluoreto?

182- Os registros de treinamento são mantidos?

183- Os aparelhos envolvidos nestas análises são calibrados periodicamente?

184- Os registros de calibragem são mantidos?

185- É feita a determinação do teor dos interferentes que possam mascarar os resultados das análises?

186- São aplicados métodos para a eliminação destes interferentes (ex: tampão de citrato nos métodos

eletrométricos, destilação preliminar...)?

187- No caso específico do método visual de alizarina, a comparação das amostras é feita após uma hora

de repouso da mistura amostra-reagente de alizarina?

188- Os resultados das análises são mantidos?

189- A sistemática aplicada na documentação desses resultados permite sua pronta recuperação?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

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379

II- QUALID

ADE G

ERENCIA

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S N

NA

OBS

M) Desinfecção

Dosagem

190- Dispõe-se de dados sobre a demanda total de cloro da água a ser desinfectada?

191- Foram realizados estudos para determinar a eficiência de inativação microbiológica pelo agente

desinfectante utilizado?

192- Existem critérios específicos para a determinação da dosagem ótima de cloro na água (ex: cálculo

baseado em características de turbidez, concentração de coliformes, tempo de contato...)?

193- O preparo da dosagem é realizado mediante especificações de uma instrução de trabalho no local?

194- É feito o estabelecimento dos valores mínimo e máximo permitidos de cloro residual livre na saída

do tratamento?

195- A aplicação do cloro, na entrada da câmara de contato, é feita de maneira difusa?

196- O tempo de contato obedece aos valores de legislação (Portaria MS no. 518 recomenda tempo

mínimo de 30 minutos)?

197- O pH máximo obedece aos valores de legislação (Portaria MS no. 518 recomenda valor máximo

igual a 8)?

198- Os operadores estão conscientizados da importância de seu desempenho pessoal e das conseqüências

derivadas de erros na operação (ex: formação de trialometanos e risco de câncer, baixa concentração de

cloro e presença de organismos patogênicos na água distribuída)?

Manutenção

199- É feita verificação periódica da precisão do dosador?

200- São realizadas manutenções para aferição do mesmo?

201- Os registros das aferições são mantidos?

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380

II- QUALID

ADE G

ERENCIA

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PERACIO

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S N

NA

OBS

Métodos de análise

202- Os operadores receberam treinamento adequado para a realização dos métodos analíticos referente

ao processo de desinfecção?

203- Os registros de treinamento são mantidos?

204- Os aparelhos envolvidos nestas análises são calibrados periodicamente?

205- Os registros de calibragem são mantidos?

206- É feito o controle da desinfecção através de análises bacteriológicas?

207- A contagem de bactérias atende aos valores estabelecidos pela legislação (Portaria no. 518/MS

recomenda a ausência de coliformes totais na saída do tratamento)?

208- É realizado monitoramento de cloro residual na saída do tratamento?

209- A freqüência de amostragem atende ao período mínimo permitido pela legislação (Portaria MS no.

518 recomenda periodicidade mínima de 2 horas)?

210- O teor detectado atende ao valor mínimo permitidos pela legislação (Portaria no. 518/MS recomenda

valor mínimo igual a 0,2 mg/L)?

211- A formação de trialometanos é monitorada?

212- A freqüência de amostragem atende ao período mínimo permitido pela legislação (Portaria no.

518/MS recomenda periodicidade mínima trimestral)?

213- O teor detectado atende ao valor máximo permitido pela legislação (Portaria no. 518/MS recomenda

valor máximo igual a 0,1 mg/L)?

214- Os resultados das análises bacteriológicas, cloro residual e trialometanos são mantidos?

215- A sistemática aplicada na documentação desses resultados permite sua pronta recuperação?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

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381

II- QUALID

ADE G

ERENCIA

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NAL

S N

NA

OBS

N) Sa

ída de Águ

a Tratada

Controle de qualidade

216- É realizado controle de qualidade da água tratada na ETA?

217- Existe plano de amostragem para realização do controle de qualidade da água tratada?

218- São avaliados todos os parâmetros exigidos pela atual portaria (Portaria no. 518/MS) que estabelece

os padrões de potabilidade?

219- O número de amostras e as freqüências de amostragem atendem ao mínimo exigido pela atual

portaria que estabelece os padrões de potabilidade?

220- Este plano foi documentado?

221- Ele foi aprovado pela Secretária Municipal de Saúde?

222- São elaborados mensalmente relatórios sobre os resultados do controle de qualidade da água tratada?

223- Estes relatórios são entregues a Secretaria Municipal de Saúde?

224- Amostras cujos resultados estejam em desacordo com os limites estabelecidos por legislação são

notificadas à Secretaria Municipal de Saúde?

Comunicação externa

225- São fornecidas aos consumidores, informações sobre a qualidade da água tratada, mediante envio de

relatório ou por outros meios de comunicação (ex: internet, boletins, contas d’água...)?

226- Estes relatórios possuem informações básicas sobre: proteção disponibilidade e qualidade da água do

manancial de captação; estatística descritiva dos valores de parâmetros de qualidade detectados na água,

seu significado, origem e efeitos sobre a saúde; e a ocorrência de não conformidades com o padrão de

potabilidade e as medidas providenciadas?

227- Registros sobre as características da qualidade da água tratada estão atualizados?

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II- QUALID

ADE G

ERENCIA

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PERACIO

NAL

S N

NA

OBS

228- Estes registros estão disponibilizados para pronto acesso e consulta pública?

229- Existe procedimento documentado para comunicação imediata a autoridade de saúde pública e à

população sobre a detecção de anomalias operacionais no sistema ou não conformidades na qualidade da

água tratada?

230- Existe plano de ação, elaborado previamente, para corrigir essas não conformidades?

231- Foi definido responsável para a execução deste plano de ação?

232- Este é competente no assunto com base em formação profissional, experiência ou treinamento?

233- Existe mecanismo formalizado para recebimento e análise de queixas referentes às características da

água tratada?

234- Os resultados das análises e as decisões decorrentes das mesmas são registrados?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

O) Produtos Q

uímicos Utilizados no Tratamento

Aquisição e controle de qualidade

235- Existe procedimento documentado para realizar aquisição de produtos químicos utilizados no

tratamento (ex: coagulantes, alcalinizantes, desinfectantes...)?

236- Na compra de produtos químicos são feitas exigências ambientais (ex: licenças ambientais,

certificações ambientais, relatórios de controle ambiental...) em relação aos fornecedores?

237- As cópias de comprovantes do cumprimento das exigências ambientais são mantidas?

238- É realizado controle de qualidade dos produtos químicos recebidos?

239- Os laudos são elaborados por pessoal independente, ou seja, sem vínculo com a empresa fornecedora

do produto químico?

240- Os laudos de controle de qualidade são mantidos?

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383

II- QUALID

ADE G

ERENCIA

L E O

PERACIO

NAL

S N

NA

OBS

241- Na substituição de determinado produto químico por outro (ex: hipoclorito de sódio por hipoclorito

de cálcio) ou na troca de fornecedores, são realizados estudos (ex: testes de eficiência, determinação de

dosagem, grau de impureza do produto, caracterização de impurezas...) antes de sua aplicação no

tratamento?

Armazenamento

242- Os locais de armazenamento de produtos químicos apresentam layout adequado (ex: boa ventilação,

baixa umidade, localização próxima aos locais de preparo...) para este fim?

243- Os produtos químicos são armazenados de forma organizada (ex: alturas máximas para

empilhamento de sacas, produtos menor prazo de validade dispostos mais acessivelmente que os mais

novos, separação de produtos que possuam entre eles incompatibilidade química...)?

Preparação e procedimentos de segurança

244- As preparações de produtos químicos são realizadas mediante critérios específicos?

245- As instruções de trabalho para preparação de produtos químicos estão afixadas nos locais reservados

para a execução desta tarefa?

246- É registrada a quantidade de produto químico utilizada nas preparações?

247- Estes registros são mantidos?

248- São disponibilizados EPIs (ex: óculos de segurança, máscaras, luvas...) para manuseio dos produtos?

249- Fichas de Informações de Segurança sobre Produtos Químicos (FISPQ) utilizados no tratamento

estão disponibilizadas no local?

250- Existe plano para atendimentos à emergências com produtos químicos (ex: intoxicações,

derramamentos...)?

251- São realizadas simulações periódicas do plano de atendimento à emergências?

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II- QUALID

ADE G

ERENCIA

L E O

PERACIO

NAL

S N

NA

OBS

252- Os resultados das simulações são registrados?

Disposição

253- Existe procedimento para a disposição de embalagens vazias de produtos químicos?

254- É feito controle do destino final das embalagens a fim de se prevenir seu uso indevido (ex: utilização

de sacos de fluorsilicato de sódio para armazenar alimentos)?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

P) Lab

oratório de Análises Físico-Químicas e M

icrobiológicas

Responsabilidade e treinamento

255- Existe responsável técnico pela execução das análises em laboratório?

256- Este é competente com base em formação apropriada, experiência ou treinamento?

257- Os registros comprovantes de competência técnica do responsável pelo laboratório, são

armazenados?

258- Operadores também realizam análises laboratoriais?

259- Estes receberam treinamento adequado para manuseio de reagentes e aparelhagem?

260- Os registros de treinamento estão arquivados?

Controle operacional

261- Existem procedimentos operacionais documentados para a execução das análises?

262- Há instruções de trabalho nos locais onde são executadas as análises?

263- As aparelhagens relativas às análises laboratoriais (ex: medidor de pH, turbidimêtro, medidor de

cloro residual, colorímetro...) existem em duplicatas?

264- É realizada aferição periódica destes aparelhos?

265- O processo de aferição segue normas certificadas por órgãos de metrologia (ex: INMETRO)?

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II- QUALID

ADE G

ERENCIA

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NA

OBS

266- Os registros de aferição estão arquivados?

Produtos químicos utilizados e segurança laboratorial

267- Existe inventário dos produtos químicos utilizados nas análises?

268- Este é atualizado periodicamente?

269- No laboratório encontram-se Fichas de Informação sobre Segurança de Produtos Químicos (FISPQ)?

270- Foram identificados, através de procedimento específico, riscos ocupacionais do trabalho em

laboratório?

271- Há um plano de ações para controle destes riscos?

272- São disponibilizados Equipamentos de Proteção Individual (ex: óculos de segurança, luvas, aventais,

máscaras...) para trabalho no laboratório?

273- São disponibilizados Equipamentos de Proteção Coletiva (ex: lava-olhos, chuveiro, extintor de

incêndio, caixa de primeiros socorros...) para trabalho no laboratório?

274- Operadores envolvidos nas análises laboratoriais receberam treinamento de segurança em

laboratórios?

275- Os registros de treinamento foram mantidos?

276- Foi elaborado procedimento para atendimento à acidentes dos trabalhadores com produtos químicos?

277- São realizadas simulações periódicas do plano de atendimento à emergências?

278- Os resultados das simulações são registrados?

279- É realizado acompanhamento médico dos funcionários envolvidos nas análises visando a prevenção

de doenças ocupacionais?

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II- QUALID

ADE G

ERENCIA

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NAL

S N

NA

OBS

Resíduos laboratoriais

280- Existe inventário de resíduos?

281- Este é atualizado periodicamente?

282- Existe procedimento formalizado para a estocagem dos resíduos?

283- São observadas as classes de risco e incompatibilidades químicas para a realização do

armazenamento?

284- Os frascos contendo os rejeitos estão bem identificados (ex: nome do produto químico, fórmula

química, data de disposição...)?

285- É contratado serviço especializado para realização da disposição adequada destes rejeitos?

286- A empresa contratada possui licença ambiental para realização deste tipo de serviço?

287- Os recibos de entrega de resíduos à empresa contratada são arquivados?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

Q) Con

trole de Perdas Físicas O

peracionais e po

r Vazam

entos (quan

tidad

e perdida, in

fra-estrutura

tipo

racha

dur

as, reapr

oveitamen

to)

Perdas físicas operacionais

288- Observam-se perdas d’água devido a disposição inadequada do lodo de decantador e da água de

lavagem do filtro (ex: lançamentos em corpo d’água sem devido tratamento)?

289- Existe programa para controlar estas perdas físicas operacionais (ex: construção de unidades de

tratamento dos resíduos)?

290- Os recursos financeiros destinados ao controle das perdas físicas operacionais estão bem definidos

no orçamento planejado da empresa?

291- Foram estabelecidos objetivos e metas para realizar a correção ou mitigação das perdas?

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387

II- QUALID

ADE G

ERENCIA

L E O

PERACIO

NAL

S N

NA

OBS

292- Estabeleceram-se indicadores adequados para medir o desempenho (ex: m

3 de lodo tratado / m3 de

água tratada)?

293- O cumprimento dos objetivos e metas é avaliado nas reuniões de análise crítica?

Perdas físicas devido a vazamentos

294- Observa-se perdas d’água causadas por vazamentos devido a problemas da infra-estrutura (ex:

vazamentos em válvulas e comportas, rachaduras...)?

295- Existe programa de manutenção periódica formulado para combater a perda d’água devido aos

vazamentos nos tanques de tratamento?

296- Os recursos financeiros para execução deste programa estão bem definidos no orçamento planejado

da companhia?

297- Existem metas e objetivos estabelecidos no sentido de diminuir as perdas físicas por vazamento?

298- Foram estabelecidos indicadores adequados para medição do desempenho (ex: m

3 de água de

vazamentos / m3 de água tratada)?

299- O cumprimento dos objetivos e metas é avaliado nas reuniões de análise crítica?

NÍV

EL DE ATENDIM

ENTO:

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388

APÊNDIC

E D – RESULTADOS DO LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIE

NTAIS (DMAES)

LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIE

NTAIS

DATA: 27.05.05

Unidad

e: ETA/Ponte Nova

Área e Setor: Entrada de água bruta (antigo aerador já desativado)

Processo ou

Atividad

e: 1) Limpeza de sedimentos acumulados

IDENTIF

ICAÇÃO

ANÁLISE

SIGNIF

IC.

SEV

F/P

I IT

EM

ASP

ECTO

SUB

ITEM

IMPACTO

SIT.

INC.

CL.

TMP.

A

B

A+B

LEI

P.I

I≥5

COMENTÁRIO

S

1)

Queda da escada

de acesso

a Danos à saúde

humana

R

D

AD

A

3 1

4 ----

----

----

Alta Se

veridad

e

Contaminação

por patogênicos

(spray biológico)

a Danos à saúde

humana

R

D

AD

A

1 1

2 ----

----

----

Não significativo

SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; T

MP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIG

NIFIC

-

Significância; L

EI- Legislação; PI- Partes interessadas

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389

LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIE

NTAIS

DATA: 27.05.05

Unidad

e: ETA/Ponte Nova

Área e Setor: Mistura Rápida

Processo ou

Atividad

e: 1) Transporte rodoviário do coagulante 2) Abastecimento do reservatório de coagulante 3) Armazenamento do coagulante

4) Regulagem da dosagem

IDENTIF

ICAÇÃO

ANÁLISE

SIGNIF

IC.

SEV

F/P

I IT

EM

ASP

ECTO

SUB

ITEM

IMPACTO

SIT.

INC.

CL.

TMP.

A

B

A+B

LEI

P.I

I≥5

COMENTÁRIO

S

1)

Acidente c/

vazamento

a Contaminação solo

e/ou corpo d’água

R

I AD

A

3 1

4 ----

----

----

Alta Se

veridad

e

b Danos à saúde

humana

R

I AD

A

3 1

4 ----

----

----

Alta Se

veridad

e

2)

Vazamento no

abastecimento do

reservatório

a Contaminação do

solo

R

I AD

A

3 1

4 ----

----

----

Alta Se

veridad

e

3)

Rompimento do

reservatório e/ou

tubulação

a Contaminação do

solo

R

D

AD

A

3 2

5 ----

----

S

Aspecto Significativo

4)

Geração de ruído

a Danos à saúde

humana

NO

D

AD

A

2 3

5 ----

----

S

Aspecto Significativo

Contato do

sulfato c/ a

epiderme do

operador

a Danos à saúde

humana

R

D

AD

A

1 3

4 ----

----

----

Não Significativo

SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; T

MP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIG

NIFIC

-

Significância; L

EI- Legislação; PI- Partes interessadas

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390

LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIE

NTAIS

DATA: 27.05.05

Unidad

e: ETA/Ponte Nova

Área e Setor: Floculadores

Processo ou

Atividad

e: 1) Limpeza do floculador 2) Funcionamento Normal

IDENTIF

ICAÇÃO

ANÁLISE

SIGNIF

IC.

SEV

F/P

I IT

EM

ASP

ECTO

SUB

ITEM

IMPACTO

SIT.

INC.

CL.

TMP.

A

B

A+B

LEI

P.I

I≥5

COMENTÁRIO

S

1)

Despejo de lodo

pelo esgoto

a Contaminação solo

e/ou água

AN

D

AD

A

3 1

4 ----

----

----

Alta Se

veridad

e

2)

Queda de

operador dentro

das câmaras

a Danos à saúde

humana

R

D

AD

A

3 3

6 ----

----

S

Aspecto Significativo

Vazamentos

pelas rachaduras

das câmaras

b Esgotamento de

recursos naturais

NO

D

AD

A

3 3

6 ----

----

S

Aspecto Significativo

SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; T

MP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIG

NIFIC

-

Significância; L

EI- Legislação; PI- Partes interessadas

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391

LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIE

NTAIS

DATA: 27.05.05

Unidad

e: ETA/Ponte Nova

Área e Setor: Decantador

Processo ou

Atividad

e: 1) Limpeza do decantador 2) Funcionamento Normal

IDENTIF

ICAÇÃO

ANÁLISE

SIGNIF

IC.

SEV

F/P

I IT

EM

ASP

ECTO

SUB

ITEM

IMPACTO

SIT.

INC.

CL.

TMP.

A

B

A+B

LEI

P.I

I≥5

COMENTÁRIO

S

1)

Queda da escada

a Danos à saúde

humana

R

D

AD

A

3 2

5 ----

----

S

Aspecto Significativo

Contaminação p/

patogênicos

(spray biológico)

a Danos à saúde

humana

R

D

AD

A

3 2

5 ----

----

S

Aspecto Significativo

Peso dos rodos

de limpeza

a Danos à saúde

humana

NO

D

AD

A

2 2

4 ----

----

----

Não Significativo /

Peso: 7,0-7,5kg

Despejo do lodo

em corpo d’água

a Contaminação de

corpo d’água

NO

D

AD

A

3 2

5 ----

----

S

Aspecto Significativo

Consumo d’água

p/ escoamento do

lodo

a Esgotamento dos

recursos naturais

NO

D

AD

A

3 2

5 ----

----

S

Aspecto Significativo

Queda no

decantador

durante a

lavagem de

paredes

a Danos à saúde

humana

R

D

AD

A

3 2

5 ----

----

S

Aspecto Significativo

2)

Vazamentos

d’água p/

rachaduras

a Esgotamento dos

recursos naturais

NO

D

AD

A

3 3

6 ----

----

S

Aspecto Significativo

SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; T

MP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIG

NIFIC

-

Significância; L

EI- Legislação; PI- Partes interessadas

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392

LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIE

NTAIS

DATA: 27.05.05

Unidad

e: ETA/Ponte Nova

Área e Setor: Filtros Rápidos

Processo ou

Atividad

e: 1) Lavagem do Filtro 2)Funcionamento Normal

IDENTIF

ICAÇÃO

ANÁLISE

SIGNIF

IC.

SEV

F/P

I IT

EM

ASP

ECTO

SUB

ITEM

IMPACTO

SIT.

INC.

CL.

TMP.

A

B

A+B

LEI

P.I

I≥5

COMENTÁRIO

S

1)

Consumo de

água na lavagem

dos filtros

a Esgotamento dos

recursos naturais

NO

D

AD

A

3 3

6 ----

----

S

Aspecto Significativo

Despejo da água

de lavagem em

corpo d’água

a Danos à biota

aquática

NO

D

AD

A

2 3

5 ----

----

S

Aspecto Significativo

Queda do

operador no filtro

(lavagem

superficial)

a Danos à saúde

humana

R

D

AD

A

1 3

4 ----

----

S

Não Significativo

2)

Geração de ruído

do canal de água

filtrada

a Danos à saúde

humana

NO

D

AD

A

2 2

4 ----

----

----

Não Significativo

SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; T

MP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIG

NIFIC

-

Significância; L

EI- Legislação; PI- Partes interessadas

Page 417: GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE …‡ÃO... · GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE MÉDIO PORTE: ELABORAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE ANÁLISE

393

LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIE

NTAIS

DATA: 27.05.05

Unidad

e: ETA/Ponte Nova

Área e Setor: Fluoretação

Processo ou

Atividad

e: 1) Transporte rodoviário 2) Preparo da dosagem 3) Aplicação da dosagem

IDENTIF

ICAÇÃO

ANÁLISE

SIGNIF

IC.

SEV

F/P

I IT

EM

ASP

ECTO

SUB

ITEM

IMPACTO

SIT.

INC.

CL.

TMP.

A

B

A+B

LEI

P.I

I≥5

COMENTÁRIO

S

1)

Acidente c/

derramamento do

produto

a Contaminação solo

e/ou água

R

I AD

A

3 1

4 ----

----

----

Alta Se

veridad

e

b Danos à saúde

humana

R

I AD

A

3 1

4 ----

----

----

Alta Se

veridad

e

2)

Carregamento

manual de saca

a Danos à saúde

humana

NO

D

AD

A

2 2

4 ----

----

----

Não Significativo

Geração de

poeira química

a Danos à saúde

humana

NO

D

AD

A

3 2

5 ----

----

S

Aspecto Significativo

Geração de

resíduos

(embalagens

vazias)

a Contaminação solo

NO

D

AD

A

1 2

3 ----

----

----

Não Significativo

3)

Vazamento de

solução do

saturador

a Contaminação solo

e/ou água

R

D

AD

A

2 1

3 ----

----

----

Não Significativo

b Danos à saúde

humana

R

D

AD

A

2 1

3 ----

----

----

Não Significativo

SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; T

MP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIG

NIFIC

-

Significância; L

EI- Legislação; PI- Partes interessadas

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394

LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIE

NTAIS

DATA: 27.05.05

Unidad

e: ETA/Ponte Nova

Área e Setor: Desinfecção

Processo ou

Atividad

e: 1) Transporte rodoviário 2) Preparo da dosagem 3) Aplicação da dosagem

IDENTIF

ICAÇÃO

ANÁLISE

SIGNIF

IC.

SEV

F/P

I IT

EM

ASP

ECTO

SUB

ITEM

IMPACTO

SIT.

INC.

CL.

TMP.

A

B

A+B

LEI

P.I

I≥5

COMENTÁRIO

S

1)

Acidente c/

derramamento do

produto

a Contaminação solo

e/ou água

R

I AD

A

3 1

4 ----

----

----

Alta Se

veridad

e

b Danos à saúde

humana

R

I AD

A

3 1

4 ----

----

----

Alta Se

veridad

e

2)

Carregamento

manual de baldes

a Danos à saúde

humana

NO

D

AD

A

2 2

4 ----

----

----

Não Significativo

Geração de

poeira química

a Danos à saúde

humana

NO

D

AD

A

3 2

5 ----

----

S

Aspecto Significativo

Geração de

resíduos

(embalagens

vazias)

a Contaminação solo

NO

D

AD

A

1 2

3 ----

----

----

Não Significativo

Consumo de

energia

a Esgotamento dos

recursos naturais

NO

D

AD

A

1 3

4 ----

----

----

Não Significativo

3)

Vazamento de

solução do

reservatório

a Contaminação solo

e/ou água

R

D

AD

A

2 3

5 ----

----

S

Aspecto Significativo

b Danos à saúde

humana

R

D

AD

A

3 1

4 ----

----

----

Alta Se

veridad

e

Geração de

resíduos do

tanque de

aplicação

a Contaminação solo

e/ou água

NO

D

AD

A

2 1

3 ----

----

----

Não Significativo

SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; T

MP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIG

NIFIC

-

Significância; L

EI- Legislação; PI- Partes interessadas

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395

LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIE

NTAIS

DATA: 27.05.05

Unidad

e: ETA/Ponte Nova

Área e Setor: Correção de pH

Processo ou

Atividad

e: 1) Transporte rodoviário 2) Preparo da dosagem 3) Aplicação da dosagem

IDENTIF

ICAÇÃO

ANÁLISE

SIGNIF

IC.

SEV

F/P

I IT

EM

ASP

ECTO

SUB

ITEM

IMPACTO

SIT.

INC.

CL.

TMP.

A

B

A+B

LEI

P.I

I≥5

COMENTÁRIO

S

1)

Acidente c/

derramamento do

produto

a Contaminação solo

e/ou água

R

I AD

A

1 1

2 ----

----

----

Não Significativo

b Danos à saúde

humana

R

I AD

A

1 1

2 ----

----

----

Não Significativo

2)

Carregamento

manual de sacos

a Danos à saúde

humana

NO

D

AD

A

2 2

4 ----

----

----

Não Significativo

Geração de

poeira química

a Danos à saúde

humana

NO

D

AD

A

3 2

5 ----

----

S

Aspecto Significativo

Geração de

resíduos

(embalagens

vazias)

a Contaminação solo

NO

D

AD

A

1 2

3 ----

----

----

Não Significativo

Consumo de

energia

a Esgotamento dos

recursos naturais

NO

D

AD

A

1 3

4 ----

----

----

Não Significativo

3)

Vazamento de

solução do

reservatório

a Contaminação solo

e/ou água

R

D

AD

A

1 3

4 ----

----

----

Não Significativo

Geração de

resíduos do

tanque de

aplicação

a Contaminação solo

e/ou água

NO

D

AD

A

1 3

4 ----

----

----

Não Significativo

SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; T

MP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIG

NIFIC

-

Significância; L

EI- Legislação; PI- Partes interessadas.

Page 420: GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE …‡ÃO... · GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE MÉDIO PORTE: ELABORAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE ANÁLISE

396

LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIE

NTAIS

DATA: 27.05.05

Unidad

e: ETA/Ponte Nova

Área e Setor: Laboratórios Físico-Químico e Microbiológico

Processo ou

Atividad

e: 1) Coleta de amostras 2) Análises de qualidade da água 3) Armazenamento de reagentes

IDENTIF

ICAÇÃO

ANÁLISE

SIGNIF

IC.

SEV

F/P

I IT

EM

ASP

ECTO

SUB

ITEM

IMPACTO

SIT.

INC.

CL.

TMP.

A

B

A+B

LEI

P.I

I≥5

COMENTÁRIO

S

1)

Contaminação p/

patogênicos

a Danos à saúde

humana

R

D

AD

A

1 3

4 ----

----

----

Não Significativo

2)

Contaminação

química ou p/

patogênicos

(manipulação)

a Danos à saúde

humana

R

D

AD

A

2 3

5 ----

----

S

Aspecto

Significativo

Descarte material

biológico

a Contaminação solo

e/ou água

NO

D

AD

A

1 1

2 ----

----

----

Não Significativo

b Danos à saúde

humana

R

D

AD

A

1 1

2 ----

----

----

Não Significativo

3)

Armazenamento

de reagentes

vencidos

a Contaminação solo

e/ou água

R

D

AD

P

3 2

5 ----

----

S

Aspecto

Significativo

b Danos à saúde

humana

R

D

AD

P

3 2

5 ----

----

S

Aspecto

Significativo

SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; T

MP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIG

NIFIC

-

Significância; L

EI- Legislação; PI- Partes interessadas

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397

APÊNDIC

E E – RESU

LTADOS DO LEVANTAMENTO DE ASP

ECTOS E IMPACTOS AMBIE

NTAIS (SAAE)

LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIE

NTAIS

DATA: 15.02.06

Unidad

e: Saae/Itabirito

Área e Setor: Mistura Rápida (Coagulação e Correção de pH)

Processo ou

Atividad

e: 1) Transporte rodoviário do coagulante 2) Preparo do coagulante 3) Regulagem da dosagem 4) Transporte de alcalinizante 5)Preparo de

alcalinizante 6) Regulagem da dosagem

IDENTIF

ICAÇÃO

ANÁLISE

SIGNIF

IC.

SEV

F/P

I IT

EM

ASP

ECTO

SUB

ITEM

IMPACTO

SIT.

INC.

CL.

TMP.

A

B

A+B

LEI

P.I

I≥5

COMENTÁRIO

S

1)

Acidente c/

vazamento

a Contaminação solo

e/ou corpo d’água

R

I AD

A

3 1

4 ----

----

----

Alta Se

veridad

e

b Danos à saúde

humana

R

I AD

A

3 1

4 ----

----

----

Alta Se

veridad

e

2)

Geração de

poeira química

a Danos à saúde do

operador

N

D

AD

A

3 2

5 ----

----

S

Aspecto Significativo

3)

Geração de ruído

a Danos à saúde

humana

NO

D

AD

A

1 3

4 ----

----

S

Não Significativo

(parshall externa)

Contato do

sulfato c/ a

epiderme do

operador

a Danos à saúde

humana

R

D

AD

A

1 3

4 ----

----

----

Não Significativo

4)

Acidente c/

derramamento do

produto

a Contaminação solo

e/ou água

R

I AD

A

1 1

2 ----

----

----

Não Significativo

b Danos à saúde

humana

R

I AD

A

1 1

2 ----

----

----

Não Significativo

5)

Carregamento

manual de sacos

a Danos à saúde

humana

NO

D

AD

A

2 2

4 ----

----

----

Não Significativo

Geração de

poeira química

a Danos à saúde

humana

NO

D

AD

A

3 2

5 ----

----

S

Aspecto Significativo

Page 422: GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE …‡ÃO... · GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE MÉDIO PORTE: ELABORAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE ANÁLISE

398

Geração de

resíduos

(embalagens

vazias)

a Contaminação solo

NO

D

AD

A

1 2

3 ----

----

----

Não Significativo

Consumo de

energia

a Esgotamento dos

recursos naturais

NO

D

AD

A

1 3

4 ----

----

----

Não Significativo

Geração de

resíduos do

tanque de

mistura

a Contaminação solo

e/ou água

NO

D

AD

A

1 2

3 ----

----

----

Não Significativo

6)

Vazamento de

solução do

reservatório

a Contaminação solo

e/ou água

R

D

AD

A

1 3

4 ----

----

----

Não Significativo

SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; T

MP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIG

NIFIC

-

Significância; L

EI- Legislação; PI- Partes interessadas

LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIE

NTAIS

DATA: 15.02.06

Unidad

e: Saae/Itabirito

Área e Setor: Floculadores

Processo ou

Atividad

e: 1) Limpeza do floculador

IDENTIF

ICAÇÃO

ANÁLISE

SIGNIF

IC.

SEV

F/P

I IT

EM

ASP

ECTO

SUB

ITEM

IMPACTO

SIT.

INC.

CL.

TMP.

A

B

A+B

LEI

P.I

I≥5

COMENTÁRIO

S

1)

Despejo de lodo

pelo esgoto

a Contaminação solo

e/ou água

AN

D

AD

A

3 1

4 ----

----

----

Alta Se

veridad

e

SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; T

MP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIG

NIFIC

-

Significância; L

EI- Legislação; PI- Partes interessadas

Page 423: GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE …‡ÃO... · GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE MÉDIO PORTE: ELABORAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE ANÁLISE

399

LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIE

NTAIS

DATA: 15.02.06

Unidad

e: Saae/Itabirito

Área e Setor: Decantador

Processo ou

Atividad

e: 1) Limpeza do decantador

IDENTIF

ICAÇÃO

ANÁLISE

SIGNIF

IC.

SEV

F/P

I IT

EM

ASP

ECTO

SUB

ITEM

IMPACTO

SIT.

INC.

CL.

TMP.

A

B

A+B

LEI

P.I

I≥5

COMENTÁRIO

S

1)

Queda da escada

a Danos à saúde

humana

R

D

AD

A

3 2

5 ----

----

S

Aspecto Significativo

Contaminação p/

patogênicos

(spray biológico)

a Danos à saúde

humana

R

D

AD

A

3 2

5 ----

----

S

Aspecto Significativo

Peso dos rodos

de limpeza

a Danos à saúde

humana

NO

D

AD

A

2 2

4 ----

----

----

Não Significativo

Despejo do lodo

em corpo d’água

a Contaminação de

corpo d’água

NO

D

AD

A

3 2

5 ----

----

S

Aspecto Significativo

Consumo d’água

p/ escoamento do

lodo

a Esgotamento dos

recursos naturais

NO

D

AD

A

3 2

5 ----

----

S

Aspecto Significativo

Queda no

decantador

durante a

lavagem de

paredes

a Danos à saúde

humana

R

D

AD

A

3 2

5 ----

----

S

Aspecto Significativo

SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; T

MP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIG

NIFIC

-

Significância; L

EI- Legislação; PI- Partes interessadas

Page 424: GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE …‡ÃO... · GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE MÉDIO PORTE: ELABORAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE ANÁLISE

400

LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIE

NTAIS

DATA: 15.02.06

Unidad

e: Saae/Itabirito

Área e Setor: Filtros Rápidos

Processo ou

Atividad

e: 1) Lavagem do Filtro 2) Funcionamento Normal

IDENTIF

ICAÇÃO

ANÁLISE

SIGNIF

IC.

SEV

F/P

I IT

EM

ASP

ECTO

SUB

ITEM

IMPACTO

SIT.

INC.

CL.

TMP.

A

B

A+B

LEI

P.I

I≥5

COMENTÁRIO

S

1)

Consumo de

água na lavagem

dos filtros

a Esgotamento dos

recursos naturais

NO

D

AD

A

2 3

5 ----

----

S

Aspecto Significativo

Despejo da água

de lavagem em

corpo d’água

a Danos à biota

aquática

NO

D

AD

A

2 3

5 ----

----

S

Aspecto Significativo

Queda do

operador no filtro

(lavagem

superficial)

a Danos à saúde

humana

R

D

AD

A

1 3

4 ----

----

S

Não Significativo

2)

Vazamento de

água nas galerias

a Esgotamento dos

recursos naturais

NO

D

AD

A

2 3

5 ----

----

S

Aspecto Significativo

Geração de ruído

do canal de água

filtrada

a Danos à saúde

humana

NO

D

AD

A

2 2

4 ----

----

----

Não Significativo

SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; T

MP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIG

NIFIC

-

Significância; L

EI- Legislação; PI- Partes interessadas

Page 425: GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE …‡ÃO... · GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE MÉDIO PORTE: ELABORAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE ANÁLISE

401

LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIE

NTAIS

DATA: 15.02.06

Unidad

e: Saae/Itabirito

Área e Setor: Fluoretação

Processo ou

Atividad

e: 1) Transporte rodoviário 2) Preparo da dosagem 3) Aplicação da dosagem

IDENTIF

ICAÇÃO

ANÁLISE

SIGNIF

IC.

SEV

F/P

I IT

EM

ASP

ECTO

SUB

ITEM

IMPACTO

SIT.

INC.

CL.

TMP.

A

B

A+B

LEI

P.I

I≥5

COMENTÁRIO

S

1)

Acidente c/

derramamento do

produto

a Contaminação solo

e/ou água

R

I AD

A

3 1

4 ----

----

----

Alta Se

veridad

e

b Danos à saúde

humana

R

I AD

A

3 1

4 ----

----

----

Alta Se

veridad

e

2)

Carregamento

manual de saca

a Danos à saúde

humana

NO

D

AD

A

2 2

4 ----

----

----

Não Significativo

Geração de

poeira química

a Danos à saúde

humana

NO

D

AD

A

3 2

5 ----

----

S

Aspecto Significativo

Geração de

resíduos

(embalagens

vazias)

a Contaminação solo

NO

D

AD

A

1 2

3 ----

----

----

Não Significativo

3)

Vazamento de

solução do

saturador

a Contaminação solo

e/ou água

R

D

AD

A

1 2

3 ----

----

----

Não Significativo

b Danos à saúde

humana

R

D

AD

A

2 1

3 ----

----

----

Não Significativo

SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; T

MP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIG

NIFIC

-

Significância; L

EI- Legislação; PI- Partes interessadas

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402

LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIE

NTAIS

DATA: 15.02.06

Unidad

e: Saae/Itabirito

Área e Setor: Desinfecção

Processo ou

Atividad

e: 1) Transporte rodoviário 2) Armazenamento do desinfectante

IDENTIF

ICAÇÃO

ANÁLISE

SIGNIF

IC.

SEV

F/P

I IT

EM

ASP

ECTO

SUB

ITEM

IMPACTO

SIT.

INC.

CL.

TMP.

A

B

A+B

LEI

P.I

I≥5

COMENTÁRIO

S

1)

Acidente c/

derramamento do

produto

a Contaminação solo

e/ou água

R

I AD

A

3 1

4 ----

----

----

Alta Se

veridad

e

b Danos à saúde

humana

R

I AD

A

3 1

4 ----

----

----

Alta Se

veridad

e

2)

Vazamento de

solução do

reservatório

a Contaminação solo

e/ou água

R

D

AD

A

2 3

5 ----

----

S

Aspecto Significativo

b Danos à saúde

humana

R

D

AD

A

3 3

6 ----

----

S

Aspecto Significativo

SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; T

MP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIG

NIFIC

-

Significância; L

EI- Legislação; PI- Partes interessadas

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403

LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIE

NTAIS

DATA: 15.02.06

Unidad

e: Saae/Itabirito

Área e Setor: Laboratórios Físico-Químico e Microbiológico

Processo ou

Atividad

e: 1) Coleta de amostras 2) Análises de qualidade da água

IDENTIF

ICAÇÃO

ANÁLISE

SIGNIF

IC.

SEV

F/P

I IT

EM

ASP

ECTO

SUB

ITEM

IMPACTO

SIT

. IN

C.

CL.

TMP.

A

B

A+B

LEI

P.I

I≥5

COMENTÁRIO

S

1)

Contaminação p/

patogênicos

a Danos à saúde

humana

R

D

AD

A

1 3

4 ----

----

----

Não Significativo

2)

Contaminação

química ou p/

patogênicos

(manipulação)

a Danos à saúde

humana

R

D

AD

A

1 3

4 ----

----

----

Não Significativo

Descarte material

biológico

a Contaminação solo

e/ou água

NO

D

AD

A

1 1

2 ----

----

----

Não Significativo

b Danos à saúde

humana

R

D

AD

A

1 1

2 ----

----

----

Não Significativo

SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; T

MP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIG

NIFIC

-

Significância; L

EI- Legislação; PI- Partes interessadas

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404

APENDICE F – RESULTADOS DO CHECKLIST (DMAES)

EMPRESA: Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAES) de Ponte Nova – MG

Parte I – Diagnóstico do Nível de Atendimento à NBR ISO 14001:2004

NÚMERO S N NA NÚMERO S N NA

1 X 29 X

2 X 30 X

3 X 31 X

4 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 25%

5 X 32 X

6 X 33 X

7 X 34 X

8 X 35 X

9 X 36 X

NÍVEL DE ATENDIMENTO: 25% 37 X

10 X 38 X

11 X 39 X

12 X 40 X

13 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 25%

14 X 41 X

15 X 42 X

NÍVEL DE ATENDIMENTO: 10% 43 X

16 X 44 X

17 X 45 X

18 X NÍVEL DE ATENDIMENTO: 25%

NÍVEL DE ATENDIMENTO: 10% 46 X

19 X 47 X

20 X 48 X

21 X 49 X

22 X 50 X

23 X NÍVEL DE ATENDIMENTO: 10%

24 X 51 X

25 X 52 X

NÍVEL DE ATENDIMENTO: 10% 53 X

26 X 54 X

27 X 55 X

28 X 56 X

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405

NUMERO S N NA NUMERO S N NA

57 X 86 X

58 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 10%

NIVEL DE ATENDIMENTO: 25% 87 X

59 X 88 X

60 X 89 X

61 X 90 X

62 X 91 X

63 X 92 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 10% 93 X

64 X 94 X

65 X 95 X

66 X 96 X

67 X 97 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 10% NIVEL DE ATENDIMENTO: 25%

68 X

69 X

70 X

71 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 25%

72 X

73 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 10%

74 X

75 X

76 X

77 X

78 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 10%

79 X

80 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 10%

81 X

82 X

83 X

84 X

85 X

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406

Parte II – Qualidade Gerencial e Operacional

NUMERO S N NA NUMERO S N NA

1 X 33 X

2 X 34 X

3 X 35 X

4 X 36 X

5 X 37 X

6 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 50%

7 X 38 X

8 X 39 X

9 X 40 X

10 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 10%

11 X 41 X

12 X 42 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 10% 43 X

13 X 44 X

14 X 45 X

15 X 46 X

16 X 47 X

17 X 48 X

18 X 49 X

19 X 50 X

20 X 51 X

21 X 52 X

22 X 53 X

23 X 54 X

24 X 55 X

25 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 50%

26 X 56 X

27 57 X

28 X 58 X

29 X 59 X

30 X 60 X

31 X 61 X

32 X 62 X

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407

NUMERO S N NA NUMERO S N NA

NIVEL DE ATENDIMENTO: 10% 97 X

63 X 98 X

64 X 99 X

65 X 100 X

66 X 101 X

67 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 50%

68 X 102 X

69 X 103 X

70 X 104 X

71 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 50%

72 X 105 X

73 X 106 X

74 X 107 X

75 X 108 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 25% 109 X

76 X 110 X

77 X 111 X

78 X 112 X

79 X 113 X

80 X 114 X

81 X 115 X

82 X 116 X

83 X 117 X

84 X 118 X

85 X 119 X

86 X 120 X

87 X 121 X

88 X 122 X

89 X 123 X

90 X 124 X

91 X 125 X

92 X 126 X

93 X 127 X

94 X 128 X

95 X 129 X

96 X 130 X

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408

NUMERO S N NA NUMERO S N NA

131 X 164 X

132 X 165 X

133 X 166 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 25% 167 X

134 X 168 X

135 X 169 X

136 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 50%

137 X 170 X

138 X 171 X

139 X 172 X

140 X 173 X

141 X 174 X

142 X 175 X

143 X 176 X

144 X 177 X

145 X 178 X

146 X 179 X

147 X 180 X

148 X 181 X

149 X 182 X

150 X 183 X

151 X 184 X

152 X 185 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 50% 186 X

153 X 187 X

154 X 188 X

155 X 189 X

156 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 50%

157 X 190 X

158 X 191 X

159 X 192 X

160 X 193 X

161 X 194 X

162 X 195 X

163 X 196 X

197 X

Page 433: GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE …‡ÃO... · GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE MÉDIO PORTE: ELABORAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE ANÁLISE

409

NUMERO S N NA NUMERO S N NA

198 X 232 X

199 X 233 X

200 X 234 X

201 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 50%

202 X 235 X

203 X 236 X

204 X 237 X

205 X 238 X

206 X 239 X

207 X 240 X

208 X 241 X

209 X 242 X

210 X 243 X

211 X 244 X

212 X 245 X

213 X 246 X

214 X 247 X

215 X 248 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 50% 249 X

216 X 250 X

217 X 251 X

218 X 252 X

219 X 253 X

220 X 254 X

221 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 50%

222 X 255 X

223 X 256 X

224 X 257 X

225 X 258 X

226 X 259 X

227 X 260 X

228 X 261 X

229 X 262 X

230 X 263 X

231 X 264 X

Page 434: GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE …‡ÃO... · GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE MÉDIO PORTE: ELABORAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE ANÁLISE

410

NUMERO S N NA NUMERO S N NA

265 X 299 X

266 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 10%

267 X

268 X

269 X

270 X

271 X

272 X

273 X

274 X

275 X

276 X

277 X

278 X

279 X

280 X

281 X

282 X

283 X

284 X

285 X

286 X

287 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 50%

288 X

289 X

290 X

291 X

292 X

293 X

294 X

295 X

296 X

297 X

298 X

Page 435: GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE …‡ÃO... · GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE MÉDIO PORTE: ELABORAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE ANÁLISE

411

APENDICE G – RESULTADOS DO CHECKLIST (SAAE)

EMPRESA: Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Itabirito– MG

Parte I – Diagnóstico do Nível de Atendimento à NBR ISO 14001:2004

NÚMERO S N NA NÚMERO S N NA

1 X 29 X

2 X 30 X

3 X 31 X

4 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 10%

5 X 32 X

6 X 33 X

7 X 34 X

8 X 35 X

9 X 36 X

NÍVEL DE ATENDIMENTO: 10% 37 X

10 X 38 X

11 X 39 X

12 X 40 X

13 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 25%

14 X 41 X

15 X 42 X

NÍVEL DE ATENDIMENTO: 10% 43 X

16 X 44 X

17 X 45 X

18 X NÍVEL DE ATENDIMENTO: 25%

NÍVEL DE ATENDIMENTO: 10% 46 X

19 X 47 X

20 X 48 X

21 X 49 X

22 X 50 X

23 X NÍVEL DE ATENDIMENTO: 10%

24 X 51 X

25 X 52 X

NÍVEL DE ATENDIMENTO: 10% 53 X

26 X 54 X

27 X 55 X

28 X 56 X

Page 436: GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE …‡ÃO... · GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE MÉDIO PORTE: ELABORAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE ANÁLISE

412

NUMERO S N NA NUMERO S N NA

57 X 85 X

58 X 86 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 25% NIVEL DE ATENDIMENTO: 10%

59 X 87 X

60 X 88 X

61 X 89 X

62 X 90 X

63 X 91 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 50% 92 X

64 X 93 X

65 X 94 X

66 X 95 X

67 X 96 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 10% 97 X

68 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 25%

69 X

70 X

71 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 50%

72 X

73 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 10%

74 X

75 X

76 X

77 X

78 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 10%

79 X

80 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 10%

80 X

81 X

82 X

83 X

84 X

Page 437: GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE …‡ÃO... · GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE MÉDIO PORTE: ELABORAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE ANÁLISE

413

Parte II – Qualidade Gerencial e Operacional

NUMERO S N NA NUMERO S N NA

1 X 35 X

2 X 36 X

3 X 37 X

4 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 25%

5 X 38 X

6 X 39 X

7 X 40 X

8 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 10%

9 X 41 X

10 X 42 X

11 X 43 X

12 X 44 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 10% 45 X

13 X 46 X

14 X 47 X

15 X 48 X

16 X 49 X

17 X 50 X

18 X 51 X

19 X 52 X

20 X 53 X

21 X 54 X

22 X 55 X

23 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 50%

24 X 56 X

25 X 57 X

26 X 58 X

27 X 59 X

28 X 60 X

29 X 61 X

30 X 62 X

31 X 63 X

32 X 64 X

33 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 75%

34 X 65 X

Page 438: GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE …‡ÃO... · GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE MÉDIO PORTE: ELABORAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE ANÁLISE

414

NUMERO S N NA NUMERO S N NA

66 X 100 X

67 X 101 X

68 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 75%

69 X 102 X

70 X 103 X

71 X 104 X

72 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 25%

73 X 105 X

74 X 106 X

75 X 107 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 100% 108 X

76 X 109 X

77 X 110 X

78 X 111 X

79 X 112 X

80 X 113 X

81 X 114 X

82 X 115 X

83 X 116 X

84 X 117 X

85 X 118 X

86 X 119 X

87 X 120 X

88 X 121 X

89 X 122 X

90 X 123 X

91 X 124 X

92 X 125 X

93 X 126 X

94 X 127 X

95 X 128 X

96 X 129 X

97 X 130 X

98 X 131 X

99 X 132 X

Page 439: GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE …‡ÃO... · GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE MÉDIO PORTE: ELABORAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE ANÁLISE

415

NUMERO S N NA NUMERO S N NA

133 X 166 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 25% 167 X

134 X 168 X

135 X 169 X

136 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 75%

137 X 170 X

138 X 171 X

139 X 172 X

140 X 173 X

141 X 174 X

142 X 175 X

143 X 176 X

144 X 177 X

145 X 178 X

146 X 179 X

147 X 180 X

148 X 181 X

149 X 182 X

150 X 183 X

151 X 184 X

152 X 185 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 50% 186 X

153 X 187 X

154 X 188 X

155 X 189 X

156 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 75%

157 X 190 X

158 X 191 X

159 X 192 X

160 X 193 X

161 X 194 X

162 X 195 X

163 X 196 X

164 X 197 X

165 X 198 X

Page 440: GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE …‡ÃO... · GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE MÉDIO PORTE: ELABORAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE ANÁLISE

416

NUMERO S N NA NUMERO S N NA

199 X 233 X

200 X 234 X

201 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 75%

202 X 235 X

203 X 236 X

204 X 237 X

205 X 238 X

206 X 239 X

207 X 240 X

208 X 241 X

209 X 242 X

210 X 243 X

211 X 244 X

212 X 245 X

213 X 246 X

214 X 247 X

215 X 248 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 75% 249 X

216 X 250 X

217 X 251 X

218 X 252 X

219 X 253 X

220 X 254 X

221 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 50%

222 X 255 X

223 X 256 X

224 X 257 X

225 X 258 X

226 X 259 X

227 X 260 X

228 X 261 X

229 X 262 X

230 X 263 X

231 X 264 X

232 X 265 X

Page 441: GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE …‡ÃO... · GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE MÉDIO PORTE: ELABORAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE ANÁLISE

417

NUMERO S N NA NUMERO S N NA

266 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 25%

267 X

268 X

269 X

270 X

271 X

272 X

273 X

274 X

275 X

276 X

277 X

278 X

279 X

280 X

281 X

282 X

283 X

284 X

285 X

286 X

287 X

NIVEL DE ATENDIMENTO: 75%

288 X

289 X

290 X

291 X

292 X

293 X

294 X

295 X

296 X

297 X

298 X

299 X