geração sustentável - edição 28 - rio + 20

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Edição com matéria de capa sobre a RIo + 20

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Page 1: Geração Sustentável - Edição 28 - Rio + 20
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Revista

segunda-feira, 7 de maio de 2012 15:02:11

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

04 Editorial

05 Mundo Digital

06 Sustentando

50 Vitrine Sustentável

36 Gestão Sustentável

34 Gestão Estratégica

40 Ser Sustentável

Ano 6 • edição 28

A reciclagem é o destino final mais adequado para esta revista.Lembre-se: o seu papel é importante para o planeta!

Colu

nas

Mat

éria

s

10 Entrevista Humberto Cabral

14 Capa Economia verde para um novo modelo de desenvolvimento

22 Caderno Especial Soja tem gestão ambiental personalizada

30 Tecnologia e Sustentabilidade Energia solar: um sonho de consumo

36 Visão Sustentável Software de gestão corporativa promove autossustentabilidade para empresas

42 Responsabilidade Social Corporativa Responsabilidade empresarial com futuro

46 Desenvolvimento Local A sustentabilidade como profissão

Anu

ncia

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e Pa

rcer

ias

14Capa

3

02 Unimed

13 Senac

21 AmbientalExpo

22 a 26 Preserva Ambiental 27 EBS

29 Consult

35 GBC

41 Civitas

45 FAC

48 Ethos

49 DFD

51 ONG Brasil

52 Reciclação

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Editorial

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Diretor Executivo Pedro Salanek Filho ([email protected]) • Diretora Admi-nistrativa e Relações Corporativas Giovanna de Paula ([email protected]) • Projeto Gráfico e Direção de Arte Marcelo Winck ([email protected]) • Conselho Editorial Pedro Salanek Filho, Antenor Demeterco Neto, Ivan de Melo Dutra e Lenis-se Isabel Buss • Colaboraram nesta edição Jornalistas: Bruna Robassa e Letícia Ferreira (re-

[email protected]) • Revisora Alessandra Domingues • Assinaturas [email protected] • Fale conosco [email protected] • Impressão Gráfica Capital • ISSN nº 1984-9699 • Tiragem da edição: 10.000 exemplares • 28ª Edição • maio/junho • Ano 6 • 2012

A impressão da revista é realizada dentro do conceito de desenvolvimento limpo. O sistema de revelação das chapas é feito com recirculação e tratamento de efluentes. A revista é produzida com papel certificado. O resíduo das tintas da impressora é retirado em pano industrial lavável, que é tratado por uma lavanderia especializada. As latas de tintas vazias e as aparas de papel são encaminhadas para a reciclagem. Em todas as etapas de produção existe uma preocupação com os resíduos gerados.

Revista Geração Sustentável Publicada pela PSG Editora Ltda. CNPJ nº 08.290.966/0001-12 - Rua Bortolo Gusso, 577 - Curitiba - PR - Brasil - CEP: 81.110-200 - Fone: (41) 3346-4541 / Fax: (41) 3092-5141

www.geracaosustentavel.com.br

A revista Geração Sustentável é uma publicação bi-mestral independente e não se responsabiliza pelas opiniões emitidas em artigos ou colunas assinadas por entender que estes materiais são de responsabilidade de seus autores. A utilização, reprodução, apropriação, armazenamento de banco de dados, sob qualquer forma ou meio, dos textos, fotos e outras criações intelectuais da revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL são terminantemen-te proibidos sem autorização escrita dos titulares dos direitos autorais, exceto para fins didáticos.

As matérias destacadas com o selo "Parceria Geração Susten-tável" referem-se à conteúdos elaborados em parceria com empresas ou instituições que possuem projetos socioam-bientais. Tanto a divulgação dos projetos quanto a distribui-ção dos exemplares são efetuadas de forma conjunta, pela revista e pela empresa mencionada

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Rio+20|Mais uma vez, organizações nacionais e internacionais estão se mobilizando para um evento internacional de debates

sobre questões ligadas à sustentabilidade: a conferência da ONU Rio+20, que acontece no Rio de Janeiro, no mês de junho.Temas relacionados ao meio ambiente, à emissão de poluentes, aos desequilíbrios ambientais e às injustiças sociais são apenas alguns dos fatores que entram na pauta das discussões. Será que teremos algum avanço dessa vez?

É disso que tratamos nesta edição em nossa matéria de capa: Economia verde para um novo modelo de desenvolvi-mento. Um ponto crucial na questão da sustentabilidade é que, hoje, o tema faz parte do dia a dia das corporações e dos consumidores, considerando que, até a década de 1990, o tema estava mais limitado às organizações do terceiro setor e às instituições governamentais. Dessa forma, os fatores de produção e consumo definitivamente fazem parte do conceito e co-meça a surgir uma grande barreira para os avanços socioambientais, uma barreira, talvez, intransponível. O atual modelo de produção e consumo tem, de um lado, os grandes produtores desejando, cada vez mais, expandir seu negócio com aumento de produção e, do outro, o consumidor que tem os seus anseios de adquirir produtos e serviços que satisfaçam suas neces-sidades. Geralmente, esses agentes (produtores e consumidores) têm uma visão limitada do processo, acreditando até que sua forma de produção ou de consumo não afeta "tanto assim" os fatores socioambientais. Podem até mesmo acreditar que há agentes bem mais impactantes no processo. Assim, nesses cenários sem identificação muito clara dos responsáveis ou de políticas públicas e da iniciativa privada, continuamos o debate sem muitas novidades. Salienta-se que o atual modelo de produção e consumo é incompatível com o conceito de sustentabilidade: ou repensamos a forma de produzir e consumir ou mudamos o conceito de sustentabilidade e afirmamos que está tudo sob controle. Em se tratando da Rio+20, vale a pena participar de um evento dessa magnitude? As possíveis soluções, ou melhor, as possíveis proposições trarão resultados práticos? Nossa sociedade precisa de ações concretas, pois o "papo" conceitual de salvar o planeta já caiu por terra.

Além desse assunto, oferecemos ao leitor um caderno especial com uma matéria sobre a soja, principal cultura agrícola brasileira, e outros conteúdos importantes, como o projeto de energia solar desenvolvido pela empresa Solbravo S/A. Na editoria Visão Sustentável, trazemos o software da Interact que monitora ações de sustentabilidade corporativa.

Boa Leitura!Pedro Salanek Filho

Um novo evento para debater problemas antigos

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Revista Digital

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Sustentando

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Sacolas de plástico se transformam em botas impermeáveisAs mal afamadas sacolas plásticas de supermercado, proibidas em alguns estados brasileiros, têm continuidade com estilo nas mãos da designer chilena Camila Labra (http://botasdacca.blogspot.com.br). E Camila não faz segredo do processo: fundindo as sacolas com calor, ela obtém um material mais espesso e resistente, que conserva as propriedades do plástico usado nas sacolas, o polipropileno: impermeabilidade, flexibilidade, leveza e atoxidade. Esse material pode ser decorado de várias formas, dando infinitas possibilidades de padronagens para as botas Dacca. Elas são forradas com tela de piquê acolchoado, o que as torna mais confortáveis porque suporta a transpiração. As peças são feitas por encomenda no blog de Camila e custam em média 45 dólares.

Embalagens menos poluentesNeste ano, a Tetra Pak está substituindo as tampinhas de plástico de suas embalagens por tampinhas feitas de polietileno verde, o Pead: polietileno de alta densidade, produzido pelo etanol da cana-de-açúcar. O material é mais caro, mas a empresa garante que isso não aumentará os preços finais dos produtos. O Pead é atóxico, impermeável e resiste a altas temperaturas, à tensão, compressão e tração. O material pode também ser usado em outros tipos de embalagens, como frascos para xampu, caixotes para carregar refrigerantes, caixinhas de sorvete, tubulação para gás e água e mesmo telefonia. Feito com etanol de cana, ele se torna produto de matéria-prima renovável.

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Sustentando

Papel que pode ser impresso várias vezes é desenvolvido em TaiwanO novo formato de papel - i2R ou thermo paper - que está sendo desenvolvido por pesquisadores taiwaneses, pode ter a impressão apagada e refeita até 250 vezes. A diferença é que ele é impresso com calor e não por tinta eletrônica. Ainda não se sabe quanto calor será necessário para as várias impressões, mas Taiwan já afirmou que, em dois anos, ele estará disponível para o consumidor. Como nada é perfeito, não informou se, para fabricar o i2R, serão necessários mais recursos do que para outros tipos de papel. Não água, e madeira, mas talvez energia, pois a impressora térmica é semelhante a faxes e o novo papel é uma lâmina plástica coberta com cristal líquido. Portanto, ainda é necessário verificar quais vantagens e desvantagens o produto oferece para o meio ambiente. Para o consumidor, estima-se que será caro: cerca de dois dólares por folha.

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Arquiteto japonês constrói prédios com papel recicladoSabe aqueles tubos grossos de papelão usados por desenhistas para guardar os rolos de papel de seus trabalhos? Nas mãos do arquiteto japonês Shigeru Ban eles se transformaram em material de construção civil. Utilizando-os para exposições temporárias para substituir madeira, Ban, que estará na conferência Rio+20, em junho, descobriu que poderia deixá-los mais fortes, resistentes até à água e ao fogo, e utilizá-los para construir imóveis. É uma alternativa ao concreto (que pode ser destruído com facilidade por catástrofes ambientais e acidentes) e usa material reciclado, o que faz dele uma opção sustentável. O dono da ideia garante que seus prédios podem durar para sempre. Ban é também o inventor das casas provisórias para desabrigados, feitas com contêineres, que ajudaram milhares de vítimas do tsunâmi que arrasou parte do Japão, em março de 2011.

Bueiros peneiram o lixo jogado nas ruas de São PauloAlgumas subprefeituras da cidade de São Paulo estão instalando os chamados bueiros inteligentes. Com um filtro - o Ecco Filtro -, eles seguram o lixo, impedindo que se misture à água. Além disso, por meio de um dispositivo controlado por um software, o filtro avisa quando a quantidade de lixo peneirada chega a 80% de sua capacidade, que é de 300 litros. Assim, uma equipe de limpeza é acionada, o que agiliza o trabalho, já que os locais em situação mais crítica podem ser liberados prioritariamente. O objetivo é diminuir as enchentes que acontecem também por causa do lixo que se acumula em bueiros, bocas de lobo, córregos e riachos. O sistema, desenvolvido pela empresa Ecco Sustentável, a princípio, é mais caro que o usado atualmente, mas deve facilitar a vida dos paulistanos quando chove. Além disso, deve possibilitar o recolhimento do lixo de até 250 bueiros, enquanto, no sistema vigente, são 40 bueiros por dia.

Sustentando

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 7

Instituto luta contra o consumismo infantilO consumismo é um dos vilões da sustentabilidade e, quanto antes se aprende a consumir de forma consciente, melhor para todos. Pensando nisso, o Observatório de Mídia da Universidade Federal do Espírito Santo, em parceria com o Instituto Alana, faz monitoramentos da publicidade dirigida a crianças. O último, divulgado em março, pelo blog Projeto Criança e Consumo, um dos braços do Instituto Alana, foi feito nas vésperas do Natal do ano passado, entre os dias 10 e 24 de dezembro. Entretanto, a pesquisa também é feita próximo a outras datas comemorativas relevantes para o comércio. No último Natal, entre os canais abertos, a rede Globo foi a campeã de inserções de comerciais dirigidos às crianças (38%). Entre os canais infantis, pagos ou abertos, o Cartoon Network foi o "vencedor" (26%) e, dado importante, o canal Rá Tim Bum não veiculou nenhuma publicidade comercial dirigida às crianças. Os produtos mais anunciados foram, naturalmente, brinquedos, e o preço dos itens variou entre R$ 51 a R$ 200. A empresa que mais veiculou anúncios naqueles dias foi a Hasbro, fabricante de hits como Meu Pequeno Pônei e Transformers 3, que fez cerca de 6.560 inserções publicitárias entre 10 e 24 de dezembro de 2011: 14,3% dos comerciais dirigidos a crianças nos 15 canais monitorados.

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Luminária e estante ganham prêmios de design ecológico fora de sérieUma luminária e uma estante foram os destaques de um dos maiores prêmios de design ecológico do mundo, o Green Furniture Award (ou Prêmio Mobília Verde), que premia produtos de design sustentável fora de série. Este ano, o designer alemão Jan Lampei ganhou o primeiro lugar com a luminária Jar Lamp, feita com potes de vidro de geleia. O outro produto ganhador, com o segundo lugar, é a estante A-Board, desenvolvida por Tomás Schön, designer que atualmente vive na Itália. Consiste simplesmente em uma tábua chata, de madeira reaproveitada, com uma fita unindo as prateleiras. Puxando a fita, graças ao corte a laser, a tábua curva-se ligeiramente para fora e aparecem as prateleiras que tocam a parede, como degraus. Não é necessário o uso de parafusos ou cola, somente da fita que pode ser feita de tecido ou plástico reciclado.O Green Furniture Award faz parte da premiação da Feira de Móveis de Estocolmo, na Suécia, cuja edição de 2012 aconteceu em fevereiro.

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Projeto Bloomtrigger para salvar a Amazônia Ajudar a proteger as florestas tropicais, como a Amazônia, pode ser mais simples, mais barato e até mais divertido do que se imagina. O projeto Bloomtrigger (www.bloomtrigger.com), trazido para o Brasil pelo inglês James Sutton, tem o objetivo de proteger contra o desmatamento não apenas a Amazônia, mas outras áreas de florestas tropicais como a da Indonésia. No Brasil, o projeto está sendo desenvolvido a partir de Curitiba, no Paraná e, no Reino Unido, o piloto já está em funcionamento. A meta é cobrir um milhão de hectares. Com um criativo modelo on-line de arrecadação, o projeto repassa o dinheiro para iniciativas que trabalham para evitar o desmatamento e promover a economia sustentável, como iniciativas agroflorestais, de reflorestamento e ecoturismo. Tudo em parceria com organizações e comunidades locais para garantir o sucesso de cada projeto em longo prazo. Para pessoas físicas, é uma forma única e econômica de se unir ao combate ao desmatamento e ao aquecimento global a partir de 1,00 libra (aproximadamente 2,60 reais). Para empresas, é uma oportunidade de não apenas melhorar a imagem, mas contribuir com a educação ambiental. E para crianças é uma maneira de se sentirem responsáveis pela proteção do "seu próprio" pedaço de floresta, desenvolvendo uma consciência que será útil também ao futuro da sustentabilidade. Cinco escolas primárias de Londres já participam com a meta de arrecadar cinco mil libras e "plantar" dez mil blooms (bloom poderia ser traduzido como "muda virtual") que ajudarão a proteger 50 hectares da Amazônia na região de Manu, no Peru.

Por uma internet mais limpa O Greenpeace lança uma campanha para que Microsoft, Amazon e Apple – três das maiores proprietárias de datacenters no mundo – tomem a mesma decisão que, diz a organização, o Facebook tomou em 2011, e abandonem o carvão e a energia nuclear da sua matriz energia. Segundo a organização, para que a internet continue funcionando, são lançados na atmosfera, diariamente, toneladas de poluentes prejudiciais à saúde humana e que agravam o aquecimento global. A campanha divulga ainda que o Facebook tomou essa decisão por pressão dos usuários. "Os gigantescos datacenters que armazenam e enviam fotos, e-mails, músicas e vídeos online que desfrutamos e compartilhamos todos os dias são, atualmente, um dos principais responsáveis pelo aumento da demanda mundial de energia elétrica", diz a chamada para a campanha no site do Greenpeace, onde qualquer pessoa pode enviar (http://www.greenpeace.org/brasil/limpenossanuvem) uma mensagem para os CEOs daquelas empresas, pedindo que utilizem energias limpas em suas nuvens.

Sustentando

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Humberto de Ramos Cabral é Engenheiro Florestal e Especialista em Gestão Industrial de Tecnologia da Ma-deira. Em 1988 fundou a Embafort que é uma empresa especializada no desenvolvimento de embalagens industriais de madeira. Cabral atua como conselheiro do IBQP (Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtivi-dade) e da SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem). Sempre atuando com espírito empreendedor e inovador, Cabral tem se destacado no cenário nacional e internacional por desenvolver produtos que res-peitam os fatores socioambientais. Sua empresa já recebeu mais de 30 reconhecimentos por atuar de forma sustentável. Além das embalagens industriais de madeira, Cabral vem desenvolvendo, desde 2008, um novo projeto voltado para a construção de casas ecológicas em Wood Frame e teve este projeto aprovado pela FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), em 2010. No fechamento dessa entrevista ainda nos comunicou que, em parceria com o TECPAR (Instituto de Tecnologia do Paraná), terá também a certificação ISO 50.001 – Energia, sendo provavelmente a primeira empresa do setor a receber essa certificação no Brasil. Nesta edição, Humberto Cabral falou com exclusividade para a revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL.

Entrevista

Humberto CabralDiretor da Embafort

Embalando um mundo

melhor

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feita a embalagem dentro da empresa, o resultado foi tão positivo que os nossos projetos se tornaram padrão no Brasil e no exterior.A maior resistência sempre era sobre o tipo de madeira, pois todos queriam madeiras nobres como Peroba, Ce-dro, Pinheiro ou, em último caso, Madeira de Lei. Essa sempre foi nossa recusa, pois a visão daquele fogo queima no meu cérebro até hoje.O interessante foi reeducar as pessoas, explicando que a madeira de reflorestamento como Pinus e Eucalipto, mesmo com suas restrições, são vistos como ativos renováveis e, ao utilizarmos essas espécies, estamos protegendo as nossas florestas nativas.

A sua empresa produz embalagens industriais de ma-deira desenvolvidas com base em outras embalagens. Quais são seus principais clientes (setores) no Brasil e no exterior? Quais são as tendências desse segmento de embalagens?A Visão da Empresa desde a sua fundação é “Reciclar o Presente e Preservar o Futuro”, não é só reciclar em-balagens, mas também conceitos, pessoas, empresas etc. No ápice da reciclagem, chegávamos a receber quase 30 carretas por dia de material das montadoras e de outros clientes. O que desenvolvemos foi uma in-tegração do nosso Soft de Engenharia e Projetos com nosso Soft de ERP. Ao desmancharmos uma embala-gem, alimentávamos com as bitolas disponíveis e o Soft de engenharia adaptava o projeto às bitolas dis-poníveis. Isso é tão inovador que até hoje somente nós possuímos esse soft de integração e adaptação entre esses dois sistemas, nessas metodologias chegamos a preservar 300 árvores adultas por dia. Esse projeto fez com que a London Business School nos considerasse Benchmarking Mundial na gestão ambiental no nosso setor. A Indústria Automotiva e de Veículos Pesados e sua rede de fornecedores são o nosso carro chefe. Nos-sas embalagens, por meio através dos nossos clientes, chegam a mais de 100 países nos cinco continentes.Vejo o futuro da embalagem como promissor, pois a grande tendência é que as indústrias sejam “Global Players”, como são as montadoras, elas produzem onde é mais viável economicamente e isso tem que ser transportado para todos os outros países. Para se ter ideia, embalamos peças ao equivalente de 50 mil veículos por ano.

A sua empresa desenvolve algum processo de monito-ramento ou rastreabilidade das embalagens produzi-das? É possível controlar quantas vezes uma embala-gem foi reutilizada?A Embafort foi a primeira empresa do seu setor no Brasil a ter ISO 9.001, em 1998. Em 2004, fomos, para nossa surpresa, a primeira do setor no mundo a ter ISO 14.001 e, no ano seguinte, certificamos a OHSAS 18.001 e agora iremos certificar a ISO 50.001, que é gestão de energia.

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O seu projeto de negócio é considerado referência em inovação e sustentabilidade tanto em nível nacional como internacional. Como surgiu a ideia?Com 23 anos fui estagiar como estudante de Engenha-ria Florestal no antigo Projeto Jari, em plena Selva Ama-zônica, entre o Amapá e o Pará. Naquela época, a partir de Belém, levava um dia de barco para chegar até lá. Era o ano de 1979, e a minha função era acompanhar as equipes de inventário Florestal pela selva, com o obje-tivo de prospectar o potencial de utilização das árvores e dos biomas. Tive a oportunidade de ver muitas mara-vilhas, como a floresta majestosa, onde provavelmente nenhum ser humano jamais tinha pisado, vi também uma onça preta que me encarou do outro lado de um pequeno córrego. Conheci cachoeiras fantásticas... Fi-cávamos semanas em plena selva, eu, que já era apai-xonado pela natureza, encantei-me ainda mais. Mas um lugar em especial me encantou, ao qual retor-nei quatro meses depois, caminhei pelas brumas da manhã no meio da mata e senti um grande mal-estar. Ao caminhar mais alguns metros, saí da mata e vi que tudo aquilo que tanto tinha amado fora derrubado pelos tratores D8. Apenas alguns metros da mata o ar estava seco, sofrido e doentio, uma área de uns cinco km2 estava sendo queimada, as labaredas alcançavam mais de 30 metros de altura, o barulho era ensurdece-dor. Naquele momento, jurei que tudo o que fizesse na minha vida seria para proteger a natureza, mesmo sendo uma pessoa sem posse alguma, tinha me apo-derado do que NÃO QUERIA. Sofri uma catarse, ou seja, a partir daquele dia sabia o que me dava sentido na vida, agora era saber como fazer isso ser realmente im-pactante para a natureza.

Quais foram os principais desafios enfrentados no iní-cio da empresa? Foi necessário criar uma demanda por essas novas embalagens industriais?Depois do meu juramento, cheguei à conclusão de que faria diferença se fosse dono do meu nariz. Já nasci com essa vontade de ser empreendedor, assim ficava somente dois anos em cada empresa. Morei em vários estados do Brasil e nos Estados Unidos. Um ano após retornar ao Brasil, fui trabalhar em uma grande indús-tria de compensado e as sobras de produção e o mate-rial descartado sempre me encantaram, pois sabia que ali tinha potencial para fazer alguma coisa. Desenvolvi um projeto a fim de produzir embalagens com as so-bras e os resíduos, o qual apresentei para o meu antigo patrão que é um “senhor empreendedor”. Na época, porém, o foco dele era outro. Como acreditei no meu projeto, comecei a trabalhar sozinho, com sobras das serrarias de madeira de reflorestamento e as fábricas de compensado... Assim nasceu a Embafort, em 1988.A Equitel (Siemens), após dois anos de muita insis-tência, acreditou no meu projeto e começamos a de-senvolvê-lo e produzir as embalagens. A inovação foi fundamental, pois alteramos toda a maneira como era

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a maioria dos Passivos ambientais são ativos

econômicos, ou seja, o resíduo é matéria-

prima no lugar errado, basta saber utilizá-lo

para agregar valor

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O interessante é que todas essas certificações e esses prêmios (mais de 30) vieram em função do meu jura-mento, o qual consistia em preservar a natureza. Em seguida, fundei a Embafort, utilizando material recicla-do. Aprendi que não conseguiria preservar a natureza se não educasse as pessoas, por isso investimos muito em educação dos funcionários e em projetos sociais. Em 1994, com a mudança da moeda Cruzado para o Real, estávamos à beira de uma falência, assim aprendi que a empresa, para proteger a natureza, teria que ser socialmente justa, mas, em contrapartida gerar lucro, ou seja, até 1996 aprendi, na prática, o que hoje é tão falado “Triple Bottom Line”.Em função das certificações, desenvolvemos boa rastrea-bilidade. Um dos projetos que desenvolvemos foi a cria-ção de embalagens One Way, as quais foram utilizadas mais de 58 vezes e retornavam a cada cinco ciclos. A nos-sa empresa que a reestruturava e reenviava ao cliente.

O senhor sempre menciona em seus comentários a re-lação: passivo ambiental versus ativo econômico. Como funciona essa fórmula de sucesso?Na realidade, o que comento é que “a maioria dos Pas-sivos Ambientais são Ativos Econômicos”, ou seja, o “Resíduo é matéria-prima no lugar errado”, basta saber utilizá-lo para agregar valor. O que fizemos, e depois fo-mos copiados pelo mercado, foi transformar um “lixo” de embalagens de madeira em outras embalagens e, com isso, gerar recurso financeiro.Já trabalhamos com muitos tipos de materiais para re-ciclagem e o que percebo, no Brasil, é que transformar um resíduo em matéria-prima não gera riqueza. O que gera valor é pegar essa matéria-prima e agregar mais al-guns processos e produtos com um bom design, aliás, esse é um dos nossos segredos de sucesso.

Além de atuar com embalagens industriais, quais ou-tros produtos e sua empresa vem desenvolvendo? Estra-tegicamente, quais as novas oportunidades de negócio?Para poder inovar, precisamos saber quais são nos-sas expertises e competências para ver o que po-demos adicionar a elas. Dominamos os processos e suas interfases de Engenharia, Design, produção em Madeira e de logística, assim vimos que pode-ríamos desenvolver casas ecológicas também. Em 2008, apresentamos à FINEP (www.finep.gov.br) um projeto de Casas Ecológicas em Wood Frame, e o nosso projeto de Subvenção (não reembolsável) foi aprovado. Em 2010, aprovamos mais um proje-to de Subvenção da Finep das Casas Ecológicas em SIP (Structural Insulated Panel), que é um dos pro-cessos mais inovadores em sistema Construtivos no Mundo. Por ser autoportante, esse sistema dispen-sa vigas, pilares, lages, estrutura de telhado etc., e apesar de seu conforto térmico e acústico serem muito superiores ao sistema tradicional, pode ser utilizado para qualquer tipo de construção.

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

A sua empresa participará da Rio+20, apresentando um projeto voltado para a construção de casas ecoló-gicas com o desenvolvimento de paredes autoestrutu-rantes. Quais são os detalhes desse projeto? Conte-nos mais sobre esse novo desafio... Somos o único projeto paranaense a ser classificado pela Finep para apresentarmos no Venture Capital da Rio+20. Entre centenas de concorrentes, doze projetos de todo o Brasil foram aprovados. A Rio+20 é, sem dúvida, um dos eventos mais importantes da década em termos am-bientais e sociais, apresentaremos nosso projeto para investidores do mundo todo, colocaremos em exposi-ção as nossas Tecnologias Sustentáveis de Construção e de Embalagens. A nossa meta é ser uma montadora de moradias industrializadas, onde a casa sai pronta da fábrica, nos modelos que existem nos EUA e na Europa. Estamos construindo 15 unidades como projeto piloto e uma linha de estruturas de telhados para atender ao mercado. Em breve aceleraremos a produção. A nossa meta é produzir 35 casas/dia dentro de três anos.

Além de trabalhar com produtos sustentáveis, a cul-tura da sustentabilidade também deve ser difundida entre os diferentes públicos que a empresa se relacio-na, principalmente os colaboradores. Como ocorre esse processo de disseminação internamente? Ao andar pela Embafort, fica clara a nossa opção pela sustentabilidade, pois o processo não fica restrito à empresa. Trabalhamos para internalizar na vida dos nossos colaboradores que aplicam com seus familiares e nos seus lares os mesmos conceitos, apesar de ter-mos muitos projetos sociais junto à sociedade, a cultu-ra da sustentabilidade é a que tem maior desempenho na avaliação feita na empresa.

Que mensagem final gostaria de deixar para os leitores da revista Geração Sustentável?Em um congresso da AMPEI, escutei de um agente do Banco Mundial duas coisas que acredito muito: a) pri-meiro ele falou que os modelos de fazer negócios muda-ram radicalmente três vezes na história da humanidade e quem não estava preparado para isso faliu. A primeira mudança foi quando Ford introduziu a produção em série; a segunda foi a Informática. Sem esses dois mo-delos não seríamos o que somos; e o terceiro que está acontecendo agora é que os negócios precisam ser Eco-logicamente Corretos, Socialmente Justos e Economica-mente Viáveis, o famoso “Triple Bottom Line”, ou seja, devem gerar resultado ou não passam de uma simples ideia. Quem estiver fora desses padrões de exigência, estará fora do mercado; b) a segunda coisa que ele fa-lou e que concordo muito é que nós brasileiros somos muitos criativos, e isso é pura verdade, porém, sempre queremos redescobrir a roda e não desenvolver e inovar algo que está à nossa frente. Na minha concepção, ino-var é fazer algo simples, mas significativo e que atenda as novas premissas de fazer negócio.

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Entrevista

na minha concepção, inovar é fazer algo simples, mas significativo e que atenda as novas premissas de fazer negócio

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modelo econômico atual, de produção e consumos crescentes, além de ferir o meio ambiente e o ser humano, já não se sustenta. Ainda assim, muitos go-

vernos, empresários e economistas continuam apostando nele e incentivando-o, como se não houvesse outra forma de manter a população da Terra alimentada, segura e feliz, mesmo saben-do que a maior parte da população da Terra não está nem alimentada ou segura e muito menos feliz.

"A humanidade descobriu que é parte do problema que afeta a sua própria sobrevivên-cia na medida em que sistemas econômicos e políticos permitem tanto a perversa exploração do ambiente quanto de outros seres humanos", afirma o representante da sociedade civil da Co-missão Nacional Organizadora do governo bra-sileiro da Rio+20, o doutor em Engenharia Am-biental Rubens Harry Born. "A economia de uma civilização sustentável tem que estar a serviço da sociedade e em defesa da vida."

Para ele, a noção da necessidade urgente de mudança para outro modelo não apenas eco-nômico, mas civilizatório, de sociedades sus-tentáveis, disseminou-se com a gravidade das crises climáticas e da perda de biodiversidade, e ganhou novos atores sociais que exigem de go-vernos e de empresas essa mudança. Segundo Born, que também é coordenador executivo do Instituto Vitae Civilis para o Desenvolvimento,

Capa

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Meio Ambiente e Paz - organização brasileira fundada em 1989 -, no Brasil houve avanços na legislação, como aprovação de leis sobre polí-tica nacional de recursos hídricos, de resíduos sólidos, unidades de conservação ambiental, crimes ambientais, acesso à informação, etc. "Mas esses avanços ainda não redundaram em mudanças estruturais nas políticas econômicas e em reversão da degradação socioambiental", diz. "Por isso, precisamos continuar a sensibi-lizar e mobilizar a sociedade para a efetivação dos compromissos globais e nacionais para a sustentabilidade."

Espera-se que um importante passo nesse sentido seja dado na Rio+20 - Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Susten-tável 2012, a ser realizada nos dias 20 a 22 de junho deste ano, cujo objetivo é desenvolver uma declaração política de renovação dos com-promissos internacionais em desenvolvimento sustentável assumidos na Rio-92 - Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvi-mento. "Além da transformação econômica, o desafio é buscar a transformação dos arranjos institucionais internacionais para que estes aju-dem países e cidadãos a encontrar meios para promoção da plataforma social e das condições ambientais necessárias para a vida digna de to-dos", diz Born.

A transição que o mundo precisa fazer para chegar a esse novo modelo econômico e civili-

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Economia

para um novo modelo de desenvolvimento

Ambientalistas, empresários e a sociedade se perguntam como minimizar o impacto socioambiental sem abrir mão da segurança financeira

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"economia verde não é, por exemplo, mero

aproveitamento de oportunidades para

atividades e negócios que ajudam a poluir menos”,

Rubens Harry Born, doutor em engenharia ambiental

e representante do governo brasileiro na Rio+20

zatório, na falta de outra definição mais exata, está sendo chamada de economia verde. Born afirma que ainda não há um consenso sobre um conceito do que seja economia verde e que essa expressão tem suscitado debates e interpreta-ções variadas, segundo as diversas abordagens e visões dos diferentes meios sociais (trabalha-dores, empresários, indígenas, governos, etc.).

Para ele, independentemente do nome dado à nova economia, ela deve atender às sete questões críticas que a ONU propõe na Rio+20 (ver box p.18): "E as atividades econômicas, de comunidades rurais até conglomerados indus-triais, devem atender a dois fundamentos: por um lado, contribuir para a efetivação de direitos sociais à educação, saúde, alimentação e habi-tação, consagrados na Declaração Universal de Direitos Humanos, elaborada pela ONU em 1948 e, por outro lado, respeitar os limites ambientais planetários e de cada ecossistema, ajudando a conservar e restaurar ecossistemas, respeitar a capacidade de suporte, proteger áreas frágeis".

O ambientalista conta que um dos temas da Rio+20 (assim chamada porque se completam 20 anos da Rio-92), é a economia verde para erradicação da pobreza e promoção do desen-volvimento sustentável: "Outro tema importante é a governança, ou seja, os mecanismos decisó-rios e institucionais, de transparência e acesso à informação na esfera global para a coordenação do desenvolvimento sustentável".

Pequenos ajustes • Born afirma que não se pode confundir economia verde com apenas a mitigação, pelo uso de tecnologias de controle da poluição ou outras medidas semelhantes, de impactos socioambientais. "Economia verde não é, por exemplo, mero aproveitamento de oportu-nidades para atividades e negócios que ajudam a poluir menos", diz. Para ele, essas ações são necessárias, mas não suficientes para se alcan-çar uma economia em favor da sustentabilidade e da sociedade, pois essa economia deve con-tar com marcos regulatórios estabelecidos pelo poder público e com parâmetros ambientais fun-dados no conhecimento científico e no princípio da precaução. Sempre considerando aspectos culturais e históricos de importância para as di-ferentes comunidades humanas.

O ambientalista diz que acreditar que essas iniciativas, que chama de pequenos ajustes, es-tão colocando o mundo no caminho da sustenta-bilidade é um equívoco que incentiva os modos atuais de produção e consumo. Ele exemplifica com a indústria veicular, associada ao segmen-to de combustíveis fósseis e renováveis, que se assentam na capacidade ilimitada (crescimento ilimitado) da produção e uso de veículos para o transporte individual. "Isso resulta somente em mais congestionamento nas cidades, mais óbi-tos e pessoas enfermas nas cidades pela polui-ção, além de exploração ampliada de petróleo (pré-sal) ou de terras férteis", diz. Assim, para

VERDEletícia Ferreira

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Born, as políticas públicas e programas que fa-vorecem tal produção e consumo, como a recen-te redução de impostos para veículos de baixa cilindrada como estratégia governamental para enfrentar a crise financeira, ou a aprovação da lei que altera o Código Florestal, colocam o país na contramão dos esforços necessários para li-dar com a redução de emissões de gases de efei-to estufa e proteção da biodiversidade.

Contudo, algumas corporações nacionais ou multinacionais se dedicam a essas ações e afirmam que estão fazendo sua parte. Empresas como a Volvo, fabricante de motores e veículos, e a Beraca, desenvolvedora de tecnologias, so-luções e matérias-primas para tratamento de águas, cosméticos, nutrição animal e indústria de alimentos e bebidas.

Para o coordenador de assuntos institucio-nais e governamentais da Volvo do Brasil, Ale-xandre Parker, todo passo no sentido de poupar o meio ambiente e as pessoas, é um passo na direção da economia verde: "Todos os empresá-rios podem desenvolver projetos sustentáveis, até porque há muitas linhas de crédito bastante atrativas, disponíveis nacional e internacional-mente, para projetos bem estruturados, respon-sáveis e profissionais".

A gerente comercial nacional da Beraca, Va-nessa Salazar, acredita que toda iniciativa, por mínima que seja, é importante. Ela afirma que a Beraca está comprometida, com base em critérios nacionais e internacionais de gestão ambiental, social e econômica, com a conservação da biodi-versidade, o respeito ao conhecimento tradicio-nal e uma repartição justa e equitativa dos bene-fícios ao longo de toda a cadeia produtiva.

Empresas sustentáveis • Alexandre Parker diz que, como todo o Grupo Volvo - que tem 20 fá-bricas e 190 pontos de venda no mundo todo -, a Volvo do Brasil, sediada em Curitiba, no Para-ná, é firmada em três pilares: qualidade, segu-rança e respeito ao meio ambiente, e está em constante desenvolvimento de ideias e projetos em todos os departamentos que visam a esses objetivos. "São projetos focados, profissionais e produtivos, pensados, projetados e conduzidos para, de alguma forma, contribuir com a econo-mia verde e o fairtrade (comércio justo)", diz.

"Porém, entenda-se bem", adverte, "com re-sultados em médio e longo prazo". Ele conta, por exemplo, que o departamento de Engenharia de Produto, pelo qual ingressou na Volvo, em 1986, já na década de 1980 praticava a lista negra dos

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A transição para um novo modelo econômico, na falta

de uma definição mais exata, está sendo chamada de

economia verde. Ainda não há um consenso sobre um

conceito do que seja economia verde, mas essa expressão tem suscitado debates e

interpretações variadas com diversas abordagens e visões nos diferentes meios sociais

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produtos, indo além da demanda legal, ou seja, não apenas não utilizando materiais proibidos legalmente, mas reconhecidamente prejudi-ciais. "Não há um dia em que eu não trabalhe com um dos nossos pilares ligados à sustenta-bilidade", afirma.

Já Vanessa Salazar acredita que, para uma empresa crescer de modo sustentável precisa apoiar-se no tripé da sustentabilidade, ou seja, com aproveitamento inteligente de recursos naturais e buscando desenvolvimentos social e econômico. E que um produto, para ser con-siderado sustentável, tem que ser desenvolvido preservando os recursos naturais e as pessoas envolvidas na exploração desses recursos: "Em seu processo produtivo, a Beraca trabalha em parceria com cerca de 1.500 pessoas, distribu-ídas em núcleos comunitários. Entre as ações, está o auxílio na organização da coleta de fru-

tos da floresta, por meio de treinamentos so-bre o manejo sustentável de matérias-primas, e a ampliação das oportunidades de inserção no mercado", conta. "Dessa forma, exportamos óleos vegetais, manteigas, extratos, resinas e ar-gila com a certeza de que estamos respeitando o meio ambiente e proporcionando uma fonte de renda para várias famílias brasileiras".

Vanessa destaca algumas iniciativas que julga positivas, do governo brasileiro na área de atuação da Beraca, como a assinatura do Protocolo de Nagoya que estabelece bases para um regime eficaz e que torna possível o acesso e a repartição dos benefícios provenientes da biodiversidade, bem como dos conhecimentos tradicionais a ela associados: "É um importante passo para garantir a preservação e a conserva-ção da biodiversidade no mundo, além de um instrumento contra a biopirataria".

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"não há um dia em que eu não trabalhe

com um dos nossos pilares ligados à

sustentabilidade”, Alexandre Parker,

coordenador de assuntos institucionais e governamentais da Volvo

do Brasil

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Ela lembra ainda o CGEN (Conselho de Ges-tão do Patrimônio Genético), criado com o in-tuito de regulamentar a utilização de recursos genéticos. "O Brasil, berço da maior biodiversi-dade do mundo, precisa ser o mais preocupado em preservar suas riquezas e estimular a econo-mia verde", afirma Vanessa. "Comparado a ou-tros países do mundo, ainda temos uma atuação tímida nesse sentido, mas, acreditamos, a ini-ciativa privada e a sociedade podem realmente fazer diferença e assumir a liderança desse mo-vimento".

A Beraca, com sete fábricas no território nacional, e presente em 41 países por meio de 33 distribuidores, localizados nas Américas, Europa, Ásia e Oceania - e ainda um escritório comercial em Paris, é signatária do Pacto Glo-bal da ONU, para o setor privado, defende dez princípios universais, derivados da Declaração Universal de Direitos Humanos, da Declaração da Organização Internacional do Trabalho sobre

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7 Questões Críticas da rio+20• EMPREGOAção econômica e políticas sociais para criar traba-lho remunerado são fundamentais para a coesão e estabilidade sociais. "Empregos verdes" são vagas na agricultura, indústria, serviços e administração que contribuem para a preservação ou restauração da qualidade do meio ambiente.

• ENERGIAO Secretário-Geral das Nações Unidas Ban Ki-moon está liderando a iniciativa Energia Sustentável para Todos para garantir o acesso universal a serviços energéticos modernos, melhorar a eficiência e au-mentar o uso de fontes renováveis.

• CIDADESPermitir que as pessoas avancem social e economica-mente está entre as melhores coisas nas cidades e os desafios enfrentados podem ser superados de forma que possam continuar a prosperar e crescer, melho-rando a utilização dos recursos e reduzindo a polui-ção e pobreza.

• ALIMENTAÇÃOUma mudança profunda no sistema alimentar e na agricultura mundial é necessária se quisermos ali-

mentar os atuais 925 milhões de famintos e os 2 bi-lhões de pessoas esperadas até 2050.

• ÁGUAEscassez e má qualidade de água impactam negati-vamente a segurança alimentar, subsistência e opor-tunidades educacionais para as famílias pobres em todo o mundo. Até 2050, uma em cada quatro pes-soas provavelmente viverá em um país afetado por escassez crônica ou recorrente de água potável.

• OCEANOSNossa água da chuva, água potável, tempo, clima, litorais, grande parte da nossa alimentação, e até mesmo o oxigênio do ar que respiramos são, em úl-tima análise, todos fornecidos e regulados pelo mar. A gestão cuidadosa deste recurso global essencial é uma característica chave de um futuro sustentável.

• DESASTRESCom um ritmo acelerado de desastres naturais, acar-retando uma perda maior de vidas e propriedades, e um maior grau de concentração de assentamentos humanos, um futuro inteligente significa planejar com antecedência e ficar alerta.

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Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho, da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e De-senvolvimento e da Convenção das Nações Uni-das contra a Corrupção.

Nos sites de ambas as empresas, Volvo do Brasil (www.volvodobrasil.com.br) e Beraca (www.beraca.com.br), é possível conhecer em detalhes cada projeto ligado à sustentabilidade e ao comércio justo.

Pessoas sustentáveis • Além de iniciativas cor-porativas e empresariais, surgem cada vez mais iniciativas da sociedade na busca pela preserva-ção dos recursos do planeta e da vida humana. Instituições, ONGs e indivíduos que trabalham e até dedicam suas vidas a esses valores. Pessoas como o diretor de cinema diretor israelense Mi-cha Peled, que acaba de lançar o último filme da sua Trilogia da Globalização, que mostram, com eloquência, os efeitos negativos das ações de grandes corporações nas vidas de pessoas.

"O que eu posso fazer a esse respeito?" Questionando-se dessa forma diante do que

acredita serem os maus efeitos colaterais da globalização, Peled produziu os documentários Store Wars: when Wal-Mart comes to town (sem versão em português), China Blue e Amargas Sementes. Este foi exibido no Brasil no festival internacional de documentários "é tudo verda-de", que aconteceu no Rio de Janeiro e em São Paulo no final de março. Através dos olhos de uma adolescente que sonha se tornar jornalis-ta - Manjusha Amberwar -, Amargas Sementes desvenda uma epidemia de suicídios entre pro-dutores familiares de algodão - mais 250 mil mortes - que, ao serem obrigados a utilizar se-mentes transgênicas produzidas pela Monsanto, perdem suas colheitas e terras, entram em de-sespero e cometem suicídio, deixando famílias inteiras para trás. Manjusha é uma das órfãs da epidemia.

Peled diz que o objetivo desses filmes é cha-mar a atenção para o poder das grandes corpo-rações sobre as vidas e que a única forma de parar as consequências ruins desse poder é as pessoas se informarem e se organizarem.

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"o Brasil, berço da maior biodiversidade

do mundo, precisa ser o mais preocupado em

preservar suas riquezas e estimular a economia verde”, Vanessa Salazar,

gerente comercial nacional da Beraca

A Rio+20, que será realizada nos dias 20 a 22 de junho, tem como objetivo desenvolver uma declaração política de renovação dos compromissos internacionais em desenvolvimento sustentável assumidos na Eco-92

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"não adianta mostrar às pessoas somente o que eles devem ser contra, mas do que podem ser a favor”, Micha Peled, diretor de cinema

Apesar de se declarar um cineasta e não um ativista, as escolhas de Peled têm sido bem par-ticulares. Seus primeiros trabalhos como docu-mentarista abordam questões ligadas às origens do diretor, que nasceu e viveu uma parte da vida em Israel, e a trilogia, que levou doze anos para ser concluída, levanta questões de fairtrade. "Eu não teria devotado doze anos da minha vida a fazer filmes sobre algo com o qual não me im-portasse", afirma. "É aí que entra o ativista: faço os filmes e mostro essas questões a pessoas do mundo todo."

Entretanto, ele ressalta uma questão impor-tante: para que as pessoas realmente mudem de comportamento não se pode somente lhes apontar o que está errado, é preciso apresentar alternativas: "Não adianta mostrar às pessoas somente o que eles devem ser contra, mas do que podem ser a favor."

Peled acredita que a melhor contribuição que pode dar é fazer filmes. Ele conta que rece-be muitos emails de pessoas que, tocadas pelos documentários, procuram informações para agir de forma mais justa e sustentável. O filme Chi-na Blue, que mostra as agruras da vida de duas adolescentes que trabalham como operárias em uma indústria de jeans que exporta para várias partes do mundo, é um bom exemplo. Ao ver como aqueles operários trabalham sob condi-ções insalubres e análogas ao trabalho escravo, as pessoas querem saber como podem comprar roupas feitas sob condições corretas de respeito ao trabalhador, à natureza e ao mercado.

Peled leva muito tempo para fazer um do-cumentário (levou quatro anos para terminar China Blue e três anos para Amargas Sementes) porque passa muito tempo observando, conver-sando com as pessoas e colhendo informações e provas. Ele verifica a veracidade de todas as in-formações e ouve os vários lados de cada ques-tão. Confirma fatos, consulta cientistas, recolhe relatórios e documentos.

Para ele, a natureza de uma grande corpora-ção é crescer continuamente e agregar valor às suas ações, garantindo sua lucratividade não apenas hoje, mas no futuro. Conversando com muitas pessoas ligadas a grandes corporações, empregados, diretores, etc., especialmente das indústrias que critica nos filmes, Peled ouve as mais variadas explicações de porque o que es-tão fazendo é uma coisa boa: "Em todas as in-dústrias, as pessoas, seres humanos como eu, podem ser muito boas, talvez melhores do que eu", diz Peled. "O que percebo é que a mente hu-mana não consegue viver muito tempo em dis-sonância cognitiva, ou seja, você não pode se olhar no espelho e sair para trabalhar todos os dias se sabe que a empresa para a qual você tra-balha está fazendo coisas terríveis. Então você acredita em outra coisa que o faça se sentir me-lhor. E acredita profundamente nisso, da mesma forma que eu acredito no oposto."

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soja é a estrela da agricultura brasilei-ra: segundo o Ministério da Agricultu-ra, é a cultura que mais cresceu nas últimas três décadas e corresponde a

49% da área plantada em grãos do país. O Brasil é o segundo maior produtor e exportador de soja do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. A soja é produzida em todo o Brasil, mas o principal estado produtor é o Mato Grosso, se-guido pelo Paraná e pelo Rio Grande do Sul. Os compradores da soja nacional são principalmen-te a China e a Holanda, seguidos de Japão e Mé-xico. Curiosamente, China e Japão são os países de onde a soja é originária.

Tanto interesse pelo grão se explica pelas suas diversas aplicações, especialmente aque-las voltadas à alimentação humana e animal de-vido à sua rica composição proteica. É utilizada, ainda, como matéria-prima para cosméticos, bio-

combustíveis, tintas e outros produtos.Uma commodity agrícola (mercadoria de baixo

valor agregado e comercializada globalmente em estado bruto) tão importante para o Brasil precisa de uma gestão ambiental e de sustentabilidade voltada especialmente para ela. Para o Ministério da Agricultura, o cultivo da soja deve ser orienta-do por um padrão ambientalmente responsável e com o uso de práticas de agricultura sustentável, entre elas, o sistema integração-lavoura-pecuária e a utilização da técnica do plantio direto. São técnicas que permitem o uso intensivo da terra com menor impacto ambiental, otimizando so-bremaneira o uso de seus recursos e reduzindo a pressão pela abertura de novas áreas.

A TNC Brasil (The Nature Conservancy, maior organização de conservação ambiental do mun-do, presente em mais de 30 países, que adota diferentes estratégias para preservar a natureza

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Soja tem gestão ambiental

personalizadaPrincipal cultura brasileira motiva boas práticas de

agricultura e outros mecanismos de controle socioambiental

CadernoESPECIAL

letícia Ferreira

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e a vida) realizou um amplo levantamento so-bre os mecanismos de produção sustentável do grão, em expansão no Brasil e no mundo. Esse levantamento culminou na publicação intitulada “Boas Práticas Agrícolas e Certificação Socio-ambiental – A Caminho da Sustentabilidade” (disponível gratuitamente em http://portugues.tnc.org/comunicacao-midia/publicacoes/index.htm), com o objetivo de "ilustrar os movimen-tos do setor agrícola rumo ao equilíbrio entre o desenvolvimento produtivo e a preservação dos ativos sociais e ambientais". Dessa maneira, a publicação vem "prover informações iniciais aos produtores, empresas e demais envolvidos nesta cadeia, sobre as particularidades da responsabi-lidade social e ambiental relacionada às commo-dities agrícolas, com destaque para a soja e seus subprodutos".

O resultado da pesquisa, feita em parceria

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com as empresas Cargill, Syngenta, Amaggi e Fia-gril, foi lançado na oficina Boas Práticas e Certi-ficação Socioambiental da Soja, organizada pela TNC e parceiros, no dia 29 de março deste ano, em Lucas do Rio Verde, Mato Grosso.

Entre os temas abordados pela publicação, os “Mecanismos Financeiros” merecem destaque, uma vez que descrevem algumas das principais condicionantes de sustentabilidade exigidas por instituições bancárias para o financiamento da cadeia produtiva. São programas de boas práticas agrícolas adotados por produtores, empresas, ór-gãos públicos e outras entidades, além de com-promissos, acordos e certificações socioambien-tais são também esclarecidos no documento.

Outro tema de destaque, o CAR, Cadastro Ambiental Rural, é um instrumento de gestão ambiental e territorial que visa à identificação georreferenciada das propriedades rurais, para uma precisa delimitação de suas APPs (Áreas de Preservação Permanente) e de suas RLs (Re-servas Legais), além dos remanescentes de ve-getação nativa localizadas no interior do imóvel. Esse cadastro, já exigido por alguns órgãos de controle e fiscalização ambiental, apresenta-se como uma ferramenta bastante importante de auxílio ao controle ambiental das propriedades, ao planejamento e à implementação de políticas públicas com base nos dados levantados, além de controlar a efetividade das operações de fis-calização, entre muitos outros benefícios socio-ambientais, tanto para proprietários de terras, como para trabalhadores e a sociedade em geral.

Na estrada da sustentabilidade • A coorde-nadora de conservação de terras privadas do Programa de Conservação da Mata Atlântica e Savanas Centrais da TNC, Giovana Baggio de Bruns, diz que as commodities agrícolas brasi-leiras estão começando a trilhar a estrada da sustentabilidade: "Comprovar que produtos agrícolas são produzidos de maneira sustentá-vel é uma ação que não pode mais ser ignorada pelos produtores, visto que os consumidores, os importadores e o mercado estão questionando isso cada vez mais".

Giovana afirma que, para o mercado, não basta ser sustentável, é preciso comprovar a sustentabi-lidade e esse é o papel das certificações socioam-bientais: maneiras de se ratificar, com esquemas

"a soja e outros setores da agropecuária nacional

acordaram para a questão da sustentabilidade como

algo importante para a sua competitividade e

visão de longo prazo, mas ainda estão em começo da

mudança”, Luis Fernando Guedes Pinto, técnico do

Imaflora

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auditáveis e isentos, que a empresa efetivamente faz aquilo que diz fazer. Ela conta que há países, como a Holanda, que se comprometeram, até 2015, a importar apenas soja certificada conforme rígidos critérios de sustentabilidade. "Se conside-rarmos que a Holanda é o segundo maior importa-dor da soja brasileira, um mercado bastante inte-ressante e sustentável está se abrindo e o Brasil pode se destacar como um exemplo positivo", afir-ma. A TNC já observa no país uma movimentação grande de empresas e produtores de soja e outras culturas, para se adequar à legislação ambiental e trabalhista como primeiro passo para futuras cer-tificações. Até porque a tendência, diz a coorde-nadora, é que os demais mercados consumidores, como a China, que ainda estão muito focados em garantir uma escala de abastecimento - devido à crescente demanda por alimentos - e outros paí-ses como Japão e México comecem a seguir o ca-minho do mercado europeu.

Segundo o Ministério da Agricultura, o merca-do brasileiro da soja tem a perspectiva de cres-cimento internacional de 35% até 2020. Giovana ressalta, entretanto, que isso não significa que outras culturas não irão crescer também. "O Bra-

sil ainda tem muita área para isso. O problema é que precisamos investir na recuperação de quase 140 milhões de hectares de pastagens degradadas (dado do prof. Aníbal Moraes da Universidade Federal do Paraná), tanto para fins agrícolas quanto para fins de restauração da ve-getação nativa", declara. A coordenadora afirma ainda que, ao contrário do que muitos querem dar a entender, diversas culturas agrícolas e ve-getação nativa podem coexistir, e o Brasil pode ser um modelo mundial de agricultura sustentá-vel, desde que os brasileiros se esqueçam dos modelos de desenvolvimento pautados na de-gradação: "Não é necessário desmatar. Novas técnicas existem, só precisamos usá-las".

Giovana lembra que, há alguns anos, o bra-sileiro nem imaginaria ver prateleiras de super-mercados forradas de produtos orgânicos certifi-cados. Hoje, até o papel para talões de cheque e contas de luz é feito a partir de florestas plantadas certificadas pelo FSC (Forest Stewardship Coun-cil), cujo braço no Brasil é Conselho Brasileiro de Manejo Florestal, e/ou pelo Cerflor (Certificação Florestal - padrão brasileiro ABNT/Inmetro). "Isso demonstra que o mercado interno brasileiro está se preocupando cada vez mais com uma origem sustentável dos produtos e, a meu ver, é só uma questão de tempo para chegarmos a níveis de conscientização como os da Alemanha, Holanda e outros países europeus", diz.

Nessa evolução, os organismos financeiros têm papel importante e podem ser molas propul-soras da melhoria socioambiental no campo. Ao exigirem o cumprimento de critérios ambientais e sociais na propriedade rural para a liberação de crédito, exercem uma pressão positiva e funda-mental que influencia na melhor gestão dos recur-sos naturais e dos trabalhadores em toda a cadeia produtiva. A adequação da propriedade rural tem um custo, e os subsídios para que o produtor rural faça a sua parte devem ser dados de maneira fa-cilitada, afinal, uma propriedade que administra bem seus recursos naturais e humanos, produz mais, melhor e por um período maior. E os pro-gramas de Boas Práticas Agrícolas e Certificações vêm para corroborar esse processo.

Giovana afirma que é também muito impor-tante que informações referentes à origem dos produtos agrícolas e à importância de se consu-mir com responsabilidade cheguem a todos, pois

Car - Cadastro ambiental ruralCAR - Cadastro Ambiental Rural, por Giovana Baggio de Bruns, coordenadora de conservação de terras privadas do Programa de Conservação da Mata Atlântica e Savanas Centrais da TNC"O Cadastro Ambiental Rural é uma ferramenta que vem sendo implementada em vários estados e a TNC foi uma das líderes na sua implementação no Mato Grosso e no Pará. Na medida do sucesso que o cadastramento alcança, outros estados estão se interessando pela sua implementação. O CAR é discutido den-tro do Novo Código Florestal e, se realmente for incluído como um instrumento essencial em Lei Federal, logo todos os estados brasileiros estarão implementando a ferramenta.O CAR, primeiramente, auxilia na adequação da propriedade rural em relação à legislação ambiental, principalmente no que se refere à alocação de Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal.Entretanto, a TNC estuda o desenvolvimento de outras ferra-mentas, não relacionadas ao CARGEO (que é o software que está por trás da ferramenta do CAR), para que o monitoramen-to da implantação de Boas Práticas Agrícolas seja possível.

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é o consumidor final que mais pode influenciar a melhoria socioambiental de toda a cadeia produ-tiva agrícola e industrial. Porém, até mesmo para produtores rurais, ainda falta conhecimento em questões ambientais, o que gera a maioria das controvérsias. "Por essa razão, a mídia de mas-sa tem papel primordial. Entretanto, é essencial também que a informação chegue de uma ma-neira mais pessoal e direta ao campo e é por isso que priorizamos eventos e publicações para pro-dutores rurais", diz.

Quanto ao Novo Código Florestal, ainda a ser sancionado pela presidente Dilma Rousseff, a TNC espera que as propriedades rurais sejam total-mente adequadas à Legislação Ambiental, princi-palmente no que se refere à Reserva Legal. "En-tretanto, ao dialogarmos com produtores de todo o Brasil, percebemos que a maioria está bastante consciente da importância das Áreas de Preserva-ção Permanente (matas ciliares) e sabe as conse-quências para os rios e mananciais do mau uso dessas áreas de proteção", afirma Giovana.

No caminho das boas práticas • Luis Fernan-do Guedes Pinto, do corpo técnico do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola), também vê a sustentabilidade agrícola como um processo lento que depende de vários passos e instrumentos que vão de crédito à forma de produzir e comercializar, e implica mudanças

em toda a cadeia produtiva. "A soja e outros se-tores da agropecuária nacional acordaram para a questão da sustentabilidade como algo impor-tante para a sua competitividade e visão de longo prazo, mas ainda estão em começo da mudança. Assim, ainda não temos como avaliar com exati-dão a escala da sustentabilidade do setor", diz.

Para ele, a certificação é um dos instrumen-tos que devem levar a soja e outros setores ao caminho das boas práticas e da gestão da pro-dução com conservação dos recursos naturais, e garantia de direitos e condições de trabalho dignas no campo: "Temos evidências de que isso tem ocorrido em setores como café, cacau e ma-nejo florestal, mas estamos no começo".

Segundo o Ministério da Agricultura, o

mercado brasileiro da soja tem a perspectiva

de crescimento internacional de 35%

até 2020

A TNC estuda o desenvolvimento de outras ferramentas

não relacionadas ao CAR para que o

monitoramento da implantação de Boas

Práticas Agrícolas seja possível

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Guedes Pinto lembra a Moratória da Soja, um pacto ambiental entre entidades representativas de produtores de soja no Brasil, ONGs e o Gover-no Federal prevendo a adoção de medidas contra o desmatamento da Amazônia. Ele acredita que a Moratória tem contribuído para aumentar o conhecimento público da relação entre a expan-são do setor e o desmatamento do bioma ama-zônico, e sido realmente efetiva para diminuir o desmatamento pela expansão da cultura da soja naquele bioma. Porém, adverte que a Moratória não é uma solução definitiva: "É uma transição para uma realidade em que outros instrumentos (lei, certificação, crédito, etc.) deem conta da meta de frear o desmatamento pela expansão da fronteira agrícola em qualquer bioma".

Como Giovana Baggio de Bruns, da TNC, Gue-des Pinto também aposta na comunicação de massa para divulgar os diversos pontos de vis-ta sobre o assunto. Entretanto, também como ela, vê as limitações desse processo em que os grandes meios de comunicação não dão conta de mostrar a pluralidade de opiniões e soluções. Portanto, são necessários novos meios de comu-nicação de massa especializados e com maior transparência na disseminação das informações.

Outro sistema de controle socioambiental im-portante é o rastreamento dos produtos gerados pelas culturas como a da soja. Para Guedes Pinto, não é por questões tecnológicas que os mecanis-mos de rastreamento ainda não foram implantados para a maioria dos produtos de origem agropecuá-ria, pois há formas de rastrear matérias-primas em toda a cadeia produtiva. O problema seria o cus-to, que muitos setores não querem ou não podem absorver. "Além disso, essa transparência nem sempre é do interesse do vendedor varejista ou atacadista, que não consegue garantir a origem do que compra", declara. "Ainda consumimos muitos produtos de origem ilegal ou predatória".

Em relação à soja, Guedes Pinto diz que as traders que compram e vendem a maior parte do grão produzido no Brasil poderiam garantir essa origem, se quisessem: "Algumas delas até têm suas marcas de óleo, que encontramos nos supermercados, mas, além da tecnologia, elas teriam que mudar seu relacionamento com os produtores e adotar novas políticas de compra, numa perspectiva de longo prazo e com respon-sabilidade compartilhada com o produtor".

Assim, apesar de não substituir as políticas

públicas e a aplicação da lei que devem ser feitas pelo Estado, uma das melhores formas de promo-ver mudanças socioambientais em setores produ-tivos ainda é a adoção de esquemas de certifica-ção: "A condução de um processo de certificação e auditoria tem uma ética e uma dinâmica que faz diferença no resultado e é um instrumento de es-tímulo e de uma agenda positiva", afirma Guedes.

Mecanismos financeiros • A publicação da TNC cita alguns mecanismos financeiros de apoio ao cultivo da soja no Brasil: do Rabobank International Brasil, do Banco do Brasil e da Cor-poração Financeira Internacional (International Finance Corporate - IFC).

O Rabobank, fundado há mais de 110 anos por produtores rurais holandeses e presente em 45 países, "incentiva a adoção de boas práticas agrícolas e de gestão ambiental que incluam a conservação da biodiversidade, do solo, da qua-lidade da água e do ar; o desenvolvimento de políticas sociais e ambientais para fornecedores de matérias-primas; o uso de procedimentos que garantam o bem-estar animal; e a mitigação da emissão de gases de efeito estufa".

O Banco do Brasil, principal financiador do agronegócio no país, aderiu à Moratória da Soja proposta por ONGs ambientalistas em 2006, pactuada com o governo e o setor produtivo: "O banco estabeleceu critérios de regularização am-biental das propriedades para a concessão de fi-nanciamento, também abrindo linhas de crédito para a recuperação de Reservas Legais (RL) e Áre-as de Preservação Permanente (APP), negando o financiamento para a produção de soja em áreas desmatadas. Nesse cenário, a instituição passou a considerar quesitos exigidos na Moratória da Soja para a análise e concessão de crédito".

"A IFC, ligada ao Banco Mundial (World Bank), é uma instituição financeira que tem como missão a promoção do investimento sustentável do setor privado dos países em desenvolvimento, ajudan-do a reduzir a pobreza e a melhorar a vida das pessoas". Os projetos por ela financiados devem "ser implementados em um país em desenvolvi-mento membro da IFC; pertencer ao setor privado; ser tecnicamente seguros; apresentar boas pers-pectivas de lucratividade; beneficiar a economia local; e ser ambiental e socialmente saudáveis, atendendo aos padrões ambientais da IFC, bem como os padrões do país em que se inserem".

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"não é necessário desmatar. novas técnicas existem, só precisamos usá-las” , Giovana Baggio de Bruns, coordenadora da TNC

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jerÔnimo mendesAdministrador, Consultor,

Professor Universitário e Palestrante. Mestre

em Organizações e Desenvolvimento Local

az exatamente quatro anos que a eco-nomia mundial se deparou com uma nova crise, deflagrada com a falência do tradicional Banco de Investimen-

tos Lehman Brothers e com a falência técnica da maior empresa de seguros dos Estados Uni-dos, a AIG – American International Group, en-dossadas pelo uso indiscriminado e irrespon-sável do subprime – política de concessão de créditos sem garantia.

O fato é que uma crise dessa proporção afeta, como sempre, as camadas menos favo-recidas da população: os pobres, os misera-velmente pobres, os emergentes e, em parte, a classe média. Nessa hora, há uma tendência de todos tentarem se proteger do reflexo, prin-cipalmente aqueles que têm pouco a perder. Como diria o célebre escritor La Fontaine, há mais de trezentos anos, “os pequenos sofrem com a tolice dos grandes”.

No Brasil, somos todos doutores em crises econômicas e financeiras. Sobrevivemos aos Planos Cruzado, Cruzado Novo, Bresser, Verão, Collor I, Collor II e Real, tablitas, URV, maxides-valorização do real, apagão e, assim, nada mais nos assusta. Essa nossa capacidade de conviver com a incerteza e de prosperar dian-te das crises é um dos motivos pelos quais os executivos brasileiros são cada vez mais requi-sitados no exterior.

Isso não nos isenta da prevenção necessá-ria para evitar problemas no futuro, portanto, falar em crise não basta; esconder-se debaixo da mesa, também não; antecipar o sofrimento para ver se passa mais rápido, menos ainda.

Os gregos, os espanhóis e os italianos têm seus próprios problemas e não querem saber dos problemas alheios. Antes que uma nova crise entre de cabeça na sua vida para subtrair o pouco que você conquistou com muito esfor-ço, aqui vão algumas reflexões úteis para mo-mentos de incerteza:

1. Não ignore a crise. Nas sábias palavras de Arkad, o homem mais rico da Babilônia, “uma pequena cautela é melhor do que um grande remorso”. Pare de sonhar e acreditar no governo que afirma ter tudo sob controle en-quanto o mundo inteiro desaba. Não seja um otimista irresponsável. É óbvio que a crise vai

passar; mas, a que custo e em quanto tempo nenhum espertalhão se atreve a dizer.

2. Não superestime a crise. O mundo não acabou na crise de 1929 nem durante a grande depressão dos anos subsequentes; também não implodiu durante a crise do petróleo, em 1973. Da mesma forma, o Brasil não acabou quando o Presidente Sarney decretou a Mora-tória, em 1987 nem quando um ex-metalúrgico assumiu o governo e passou a contrariar as previsões mais pessimistas dos empresários na época.

3. Aperte o cinto. Não é hora de fazer dívi-das ou assumir compromissos a perder de vis-ta. O momento requer sabedoria. Vivemos um período de total incerteza em relação ao futuro econômico do mundo; enquanto as coisas não se acalmam, procure conter o impulso do con-sumo. A velha máxima continua a mesma: pou-par em tempo de vacas gordas para sobreviver em tempo de vacas magras.

4. Continue trabalhando. Nada de berço esplêndido, a despeito de todo o dinheiro que você possa ter no banco. Quer seja empresário, quer seja empregado, lembre-se: nada supera o trabalho. É na crise que a oportunidade aparece. São mais de 3 trilhões de dólares circulando dia-riamente pelo mundo à espera de novas ideias, pessoas motivadas e empresas arrojadas.

Por razões já conhecidas, o socialismo se mostrou tão ineficiente quanto o capitalismo está se mostrando agora, portanto, não existe modelo econômico e político ideal que possa garantir o futuro das nações com a tranquilida-de que todos gostariam.

Existem três espécies que se destacam na crise: as que pensam que o mundo vai acabar e se deprimem; as que sentam e esperam para ver se o mundo vai acabar mesmo e sobrevi-vem; as que lutam para o mundo não acabar e saem fortalecidas. O sofrimento é proporcional à energia e ao posicionamento que você assu-me em momentos de crise.

Se a crise na Europa está tirando o seu sono, relaxe, pois é bem provável que o mundo sobreviva depois dela. Além do mais, estamos no Brasil e o que não falta nesse país é traba-lho. Em períodos de crise econômica, somente os otimistas responsáveis prosperam.

Aprendendo com a crise

F

O socialismo já se mostrou tão ineficiente quanto o capitalismo está se mostrando agora, portanto, não existe modelo econômico e político ideal que possa garantir o futuro das nações com a tranquilidade que todos gostariam

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 28

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Tecnologia e Sustentabilidade

nformações recentes divulgadas pela Se-cretaria Nacional de Planejamento e De-senvolvimento Energético (SPE) apontam que em quatro ou cinco anos, a energia

solar deverá ter um custo competitivo e passará a integrar a matriz energética brasileira. O uso de energia solar é uma tendência mundial e o Brasil já é considerado referência no fornecimento das telhas fotovoltaicas que fazem a captação da luz do sol transformando-a em energia.

De acordo com Rômulo Viel, coordenador do Comitê de Sustentabilidade da Rede Paranaense de Metrologia e Ensaios — Paraná Metrologia, a energia solar apresenta vantagens quando com-parada a energias elétrica ou a gás devido ao seu menor impacto ambiental, graças à ausência de emissões de gases de efeito estufa na geração de energia. “A sustentabilidade da energia solar se deve à sua forma de obtenção, que consiste em uma matriz de baixíssimo impacto ambiental quando comparada às demais. A energia solar permite ainda que pequenos módulos abaste-çam localidades antes inacessíveis pelos méto-dos convencionais”, declara Viel.

O coordenador concorda que o mercado para utilização de energia solar está em expansão, porém, afirma que ainda ocupa parcela bastante

pequena na composição total da matriz energéti-ca. “Os recentes avanços tecnológicos, que bara-teiam o acesso a essa fonte de energia, permitem assumir que a energia solar alcançará participa-ção cada vez maior, em detrimento da energia com base em fontes fósseis”, analisa. Ainda se-gundo Viel, pode-se esperar um aumento signifi-cativo do uso desse tipo de energia devido, prin-cipalmente, ao avanço tecnológico ascendente, que permite baratear o acesso à energia solar.

Os diretores da Solbravo S/A, indústria de pesquisa, desenvolvimento e inovação em ener-gia solar, Paulo Bastos e Rodrigo Silvestre, têm co-nhecimento teórico e prático para falar sobre esse crescente mercado. Desde 2010 eles estão à fren-te do empreendimento que tem chamado atenção de diversos públicos: alunos, professores, pes-quisadores, consumidores, investidores, empre-endedores e até mesmo inventores e artistas.

Segundo Bastos e Silvestre, as demandas dos públicos são diversas. “Temos recebido convite para participar de pesquisas, estudos de caso e palestras relacionados com temas de energia solar, energia renovável, inovação e empreendedorismo. Essa demanda sinaliza para a atualidade do tema e para a importância do mesmo no meio acadêmi-co”, conta o diretor administrativo Paulo Bastos.

I

Interesse de investidores para baratear custo aumenta chances de popularização dessa fonte energética

Energia solarum sonho de consumo

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Bruna robassa

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O número de pessoas e entidades dispos-tas a investir em inovações na área de energias inteligentes, renováveis e sustentáveis é muito grande, conforme afirma o diretor de operações da Solbravo Rodrigo Silvestre. “Como a empresa foi planejada como sociedade anônima, tem sido possível atender a diversas oportunidades de investimento. Recebemos demandas desde pes-soas físicas investindo pequenos montantes até negociações com multinacionais”, comemora.

O uso de energia solar já está sendo populari-zado também entre empreendedores individuais, inventores e artistas. Esse público procura a Sol-bravo com o objetivo de desenvolver parte de seus projetos que envolvem energia solar em alguma dimensão. A empresa também teve grande mani-festação de demanda por parte dos consumidores. De acordo com Bastos, o que chama a atenção é que a procura tem vindo inclusive de fora do país, como Uruguai e Haiti, mostrando que o Brasil está se tornando referência no uso dessa tecnologia.

Demanda de consumo • A demanda de consu-mo de energia solar atualmente é de 30% para obras residenciais, 30% em obras públicas, 30% obras industriais ou comerciais e 10% para ou-tros tipos. “Os sócios e colaboradores da Solbra-vo compartilham uma visão sobre o futuro e para atingi-la acreditamos que é preciso tornar a tec-nologia acessível a todos. É nosso papel pensar e materializar meios para que a energia solar seja a solução para os problemas cotidianos de nossa sociedade”, explica Bastos.

Ainda de acordo com os diretores da Solbra-vo, a grande maioria dos clientes tem procurado

a empresa para tornar suas habitações sustentá-veis. “Essas pessoas e empresas relatam que a possibilidade de integrar a energia solar na forma de telhas semelhantes às convencionais simpli-fica a decisão. A atual disponibilidade de inver-sores do tipo ‘grid-tie’, que tornam os sistemas livres do uso de baterias e reduzem significativa-mente o custo do sistema, também impulsiona a procura”, conta Silvestre.

Bastos e Silvestre defendem especialmente a popularização da tecnologia para programas go-vernamentais como Minha Casa Minha Vida. “As habitações construídas dentro de programas pú-blicos poderiam incluir também tecnologias sus-tentáveis. É importante destacar que já existem iniciativas belíssimas nessa direção feitas pelo Brasil, mas que ainda é preciso que isso se tor-ne um dos pilares fundamentais do programa de acesso a habitações dignas a todos os brasileiros”, relata Bastos. Segundo ele, se forem incluídas so-luções como energia solar para gerar eletricidade, seria possível ter os mesmos resultados com um custo inicial semelhante ao dos atuais programas, mas com custos de operação muito menores.

Custos como barreira • A utilização das telhas fotovoltaicas para produção de energia através da luz solar ainda é considerada uma opção cara. Isso ocorre porque, segundo Silvestre, a compa-ração é feita erroneamente. O diretor utiliza como exemplo uma casa de alto padrão, que consome cerca de 300 kWh por mês e que teria que de-sembolsar algo em torno de R$ 50 mil para ter sua casa 100% abastecida com energia solar pelos próximos 20 a 25 anos.

“a sustentabilidade da energia solar se deve à

sua forma de obtenção, que consiste em uma matriz de baixíssimo

impacto ambiental quando comparada às demais" , Rômulo Viel, coordenador do Comitê de Sustentabilidade da

Paraná Metrologia

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Para comparar, Silvestre supõe que essa mesma família tem geralmente um ou dois carros com motor 1.6 ou 2.0, tendo cada um o custo de R$ 50 mil e du-ração de no máximo 10 anos. Segundo ele, a princi-pal diferença é que, nesse período, o carro irá consu-mir mensalmente combustível, manutenção, seguro, irá poluir o ambiente e irá gerar trânsito nas grandes cidades. O sistema solar, por sua vez, irá gerar uma economia mensal de cerca de R$ 150, irá reduzir a pe-gada de carbono daquela família e irá retornar 100% do dinheiro investido em sua aquisição. “É tudo uma questão de hábito de consumo. A Solbravo acredi-ta que cada vez mais os consumidores preferirão a

Como gerar energia a partir do sol?Não existe apenas uma forma de capturar a luz do sol e transformá-la em energia. Os métodos de captura da energia solar podem ser diretos (quando há apenas uma transformação para fazer da energia solar um tipo de energia utilizável pelo homem) ou indiretos (deve haver mais de uma transformação para que surja energia utilizável)

Captação direta- Telhas fotovoltaicas (tecnologia utilizada pela Solbravo) - A energia solar atinge uma célula fotovoltaica criando eletricidade. (A conversão a partir de células fotovoltaicas é classificada como direta, apesar de que a energia elétrica gerada precisará de nova conversão - em energia luminosa ou mecânica, por exemplo - para se fazer útil.)

Captação indireta- São sistemas que utilizam a energia solar para, por exemplo, trans-formar sal em estado sólido para o estado líquido. O Sal aquecido é utilizado para aquecer água e então mover uma turbina que gera ele-tricidade.

energia solar ao carro a gasolina nos próximos anos como seu sonho de consumo”, prevê.

Rômulo Viel, da Paraná Metrologia, concorda que é o custo inicial ainda é caro, o que constitui a grande barreira para a popularização do seu uso. “Hoje, ainda é alto, sobretudo em pequena escala a tendência é a de reversão desse cenário”, prevê o coordenador. Segundo ele, o retorno do inves-timento depende de vários fatores, mas, sobretu-do, depende da quantidade de módulos alocados para a captação da luz solar incidente”, pontua.

Simplicidade e sustentabilidade • A luz do sol é uma excelente opção para ser utilizada pelos seres humanos porque está disponível em praticamente todos os locais habitáveis do planeta. Ela é uma fon-te abundante e o impacto sobre seu uso é mínimo. “Comparada com a principal fonte atual de energia, que é basicamente a queima de material para gerar energia, a energia solar é mais limpa, pois não emite carbono durante sua produção”, compara Silvestre.

Para os clientes, o uso da energia solar inte-grado às suas habitações gera benefícios, como a redução do valor monetário das contas de luz, reduz a pressão sobre as companhias de geração e distribuição de energia elétrica (que se tornam parceiras do consumidor-gerador), além de valo-rizar o imóvel por sua dimensão sustentável.

Segundo Silvestre, uma das grandes belezas da energia solar é sua simplicidade. “Não vejo uma família com quatro pessoas tendo uma pe-quena usina hidrelétrica ou uma termelétrica a carvão em suas casas na cidade. Ou ainda que te-nham condições para tal, não é provável que pos-sam elas mesmas instalar e operar tais soluções. Entretanto, a energia solar, especialmente a so-lução de telhas proposta pela Solbravo, permite que qualquer pessoa possa instalar e operar o sistema”, expõe o diretor. Os profissionais desta-cam, no entanto, que por se tratar de um sistema elétrico, é fortemente recomendada a supervisão de um profissional para a instalação.

Conforme explicam Silvestre e Bastos, o uso de inversores também tornou muito mais simples e barata a instalação dos sistemas para captação de energia solar. “Eles basicamente conectam as telhas ou painéis diretamente na rede elétrica, as-sim geram economia sem desligar a casa da rede elétrica convencional. A regulamentação desse tipo de ligação, recentemente aprovada pela ANE-EL (Agência Nacional de Energia Elétrica) em Abril de 2012 - Resolução Normativa nº 482, é funda-mental para que essa relação entre os consumi-dores-produtores e as companhias elétricas seja harmoniosa e benéfica para todos”, concluem.

Tecnologia e Sustentabilidade

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Sobre a Paraná Metrologia

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Sobre a Solbravo SA • A Solbravo S/A é uma in-dústria de pesquisa, desenvolvimento e inovação em energia solar. Seu objetivo é fornecer a seus clientes conhecimento atualizado e de alto nível em engenharia simultânea e gestão da inovação. As soluções da empresa podem variar desde a instalação residencial de painéis fotovoltaicos até a criação de um modelo totalmente novo de negócio para o cliente.

O tripé da sustentabilidade é a base para os valores que norteiam a ação na da empresa. Cada

ação, cada solução, só pode ser levada adiante se todos os aspectos estiverem sendo conside-rados. “A produção de energia solar de maneira eficiente ainda requer inúmeras inovações. A pro-dução das células fotovoltaicas ainda não atingiu sua máxima eficácia, e seu custo de produção pode ser reduzido”, explica Silvestre. Outras for-mas de aproveitamento da energia solar, como para aquecimento, iluminação, catalização de biodigestores, entre outros, também estão sendo desenvolvidas pela empresa.

Idealizadores do projeto de energia solar - Solbravo. Da esq. para a dir.: Marcos Brhem, Rodrigo Silvestre, Michel Freitas e Paulo Bastos

Acesse: www.paranametrologia.org.br

"Comparada com a principal fonte atual

de energia, que é basicamente a queima de material para gerar

energia, a energia solar é mais limpa, pois não

emite carbono durante sua produção" , Rodrigo Silvestre da Solbravo S/A

A Rede Paranaense de Metrologia e Ensaios é uma Organização Não Governamental (ONG) que tem como principal objetivo a difusão da cultura metrológica no Estado do Paraná. A instituição atua como arti-culadora entre as empresas e seus associados, aproximando os ofertantes e demandantes de serviços tecnológicos nas áreas de metrologia e calibração. A instituição contribui de maneira definitiva para a qualifica-ção e agregação de valor ao autêntico produto paranaense a fim de permitir seu enquadramento nos padrões nacionais e internacionais, capacitando-o a enfrentar a competitividade nos mercados globais. A atuação da rede ainda é recente na área de sustentabilidade, característica que tem se tornado um diferencial na comprovação da qualidade de um produto. Um comitê foi criado em novembro de 2011 visando difundir ideias sustentáveis no Paraná.

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marcio ZarpelonProfessor Universitário

e Diretor da Progem Consultoria.

Autor do livro Gestão e Responsabilidade Social

m uma pesquisa recente realizada pela empresa de consultoria McMillan Doolittle, foi revelado que a preferên-cia dos consumidores por produtos

sustentáveis vem aumentando nos últimos anos. Porém frente às tendências mundiais, a construção civil no Brasil ainda permanece em estágio embrionário, quando esse setor deve-ria ser o principal articulador para alavancar mudanças sistêmicas na sociedade, que este-jam em consonância com o Triple Botton Line.

Os imóveis sustentáveis já são uma reali-dade em países desenvolvidos. Tanto fábricas quanto residências captam a água da chuva e a energia solar, reduzindo assim não somente os impactos ambientais, mas também as tari-fas mensais de consumo.

O Grupo Pão de Açúcar por exemplo, cons-truiu em Indaiatuba/SP, uma loja alinhada ao conceito sustentável, na qual a projeção de eco-nomia está em cerca de 30% para a energia elé-trica e 50% para o consumo de água. Além dis-so, os processos e as tecnologias contemplam uma redução de 35% nas emissões de carbono e cerca de 90% na geração de resíduos.

Necessidades de investimentos em novas tecnologias e materiais, gerenciamento de pro-jetos, marketing voltado à comercialização de imóveis sustentáveis e políticas governamen-tais, são algumas das demandas emergentes relacionadas ao setor no Brasil.

Outro aspecto relacionado diretamente com a sustentabilidade na construção civil é que nos últimos anos os desperdícios dimi-nuíram no Brasil, porém não há muito que co-memorar, pois ainda estão entre os mais altos do mundo. Além disso, segundo alguns espe-cialistas como Dionyzio Klaydianos do Sindus-con/DF, não existe sequer ideia das causas

dessa redução no nosso país.Conforme dados encontrados em uma pes-

quisa de 2010, realizada em conjunto com 16 Universidades Brasileiras, o professor Antônio Neves de Carvalho, chefe do departamento de Engenharia de Materiais e Construção Civil da UFMG, defende que somente a argamassa gera cerca de 90% de perda.

Entre as principais ações para diminuição dos desperdícios na construção civil podem ser citadas a correta gestão de pessoas, a correta aplicação das tecnologias e materiais, melho-rias no layout dos canteiros de obras, melhorias na movimentação dos materiais nos canteiros de obras, correta estocagem e correta previsão de insumos, evitando sobras que inviabilizem a utilização desses materiais posteriormente.

Todo esse cenário em ebulição, poderá favo-recer o surgimento de novos entrantes, caracte-rizados pela necessidade tanto de atendimento do mercado relacionado aos clientes cada vez mais informados e sensíveis às questões de sus-tentabilidade quanto pela visão de oportunida-de em que alguns apenas visualizam restrições.

Certamente as construtoras que estiverem preparadas para adequações e implantação de ações sustentáveis na prática poderão colher os frutos da fidelização dos clientes, aumen-to de efetividade nos processos, clientes mais satisfeitos, diminuição de desperdícios, maior valorização dos imóveis e, consequentemente, maior lucratividade.

E, no futuro, a sustentabilidade poderá re-presentar até mesmo a diferença entre a sobre-vivência e a insolvência de algumas empresas, pois o que ainda hoje é considerado um dife-rencial competitivo tornar-se-á apenas requisi-to essencial para a escolha dos consumidores e clientes.

Sustentabilidade na construção civil

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Os imóveis sustentáveis já são uma realidade em países desenvolvidos. Tanto fábricas quanto residências captam a água da chuva e a energia solar, reduzindo assim não somente os impactos ambientais, mas também as tarifas mensais de consumo.

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sustentabilidade pode estar presente tanto em nossa vida pessoal, em peque-nos gestos que podemos adotar para preservar o meio ambiente, como em

nossa atividade profissional. Quem ainda pen-sa que são apenas hábitos como economia de energia, água e papel que podem fazer com que uma empresa seja sustentável está enganado. A otimização do tempo na execução das tarefas e o desenvolvimento pessoal dos colaboradores, por exemplo, estão entre alguns dos objetivos da sustentabilidade corporativa.

É diante desse cenário que a empresa Inte-ract Solutions, fundada há 13 anos em Lajeado, RS, e com franquia no Paraná há pouco mais de um ano, tem se preocupado cada vez mais com a questão da sustentabilidade empresarial. O prin-cipal produto da empresa é o strategic adviser,

Visão Sustentável

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 36

Software de gestão corporativa promove autossustentabilidade para as empresas

AFerramenta otimiza tempo e recursos para desenvolvimento de atividades

software de gestão corporativa que visa auxiliar a organização no seu planejamento e controle gerencial.

Além de fornecer o software, há pouco mais de um ano, com a consolidação das franquias nos estados de maior demanda, como o Paraná, a Interact também dispõe de uma consultoria espe-cializada para acompanhar desde a implantação da ferramenta, treinamento dos funcionários até o acompanhamento e atualização do software nas empresas contratantes. “As franquias propor-cionam maior aproximação com os clientes. Mais do que fornecer o nosso software para as empre-sas nós fornecemos serviços, ou seja, auxiliamos o cliente naquilo que ele precisa. Fazemos com que o cliente compreenda a melhor forma de usar a ferramenta para gerar resultados da melhor maneira possível e da maneira mais rápida”, diz

Bruna robassa

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Maritano. A Federação conta inclusive com um núcleo de desenvolvimento humano que visa consolidar a sustentabilidade por intermédio do desenvolvimento das pessoas. E não são ape-nas os colaboradores, mas sim os dirigentes, os médicos cooperados, as secretárias, os benefici-ários, os prestadores, ou seja, todas as pessoas que fazem parte do sistema.

Gestão por módulos • O software da Interact atua na montagem e gestão do planejamento. “Esse é o grande viés dele. Ele é feito de módulos e cada grupo de módulos é destinado a um seg-mento. Esse conjunto forma um grupo que pro-move em linhas gerais a autossustentabilidade”, explica Villela. Segundo ele, uma empresa que eventualmente quiser contar com todos os módu-los pode se tornar completamente independente do seu processo de gestão.

Na Federação Unimed Paraná a ferramenta proporciona três processos fundamentais. O pri-meiro deles é o planejamento estratégico. “Pen-sar em sustentabilidade sem ter um planejamen-to é a mesma coisa que fazer uma viagem sem um roteiro”, compara Maritano. O segundo módulo utilizado pela Unimed é o de gestão da compe-tência das pessoas, que monitora o desempenho e analisa a efetividade do trabalho desenvolvido. Há também o módulo de gestão da qualidade, que permite que as atividades desenvolvidas sejam realizadas de forma organizada e eficien-te com o auxílio de indicadores que analisam se os processos estão ou não em conformidade. “É uma ferramenta útil, eficiente e efetiva utilizada como apoio a essa política de sustentabilidade”, descreve o gerente geral de serviços.

Além da Unimed Federação, podem ter aces-so ao software da Interact todas as singulares

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“Pensar em sustentabilidade sem ter um planejamento é a mesma coisa que

fazer uma viagem sem um roteiro”, Rodolfo

Garcia Maritano, gerente geral de serviços

da Unimed Paraná

João Carlos Villela, um dos proprietários da fran-quia Interact Solutions no Paraná.

A Unimed Paraná utiliza este software de ges-tão desde 2008. O gerente geral de serviços da Federação, Rodolfo Garcia Maritano, garante que a implantação do software mudou a gestão do planejamento estratégico da Unimed da “água para o vinho”. “Antigamente, tudo era feito em planilhas Excel, o que era muito trabalhoso e pouco eficiente, além do que, não contávamos com o cruzamento de informações críticas. Foi como deixar de andar com uma bicicleta para di-rigir um carro, analisa o gerente.

Para a responsável por gestão estratégica na federação, Débora Christina Barbosa Hara, antes da implantação do software o controle do plane-jamento estratégico, por exemplo, não era tão efetivo como é hoje. “Facilitou em todos os senti-dos. A reuniões de análise crítica são feitas com base na ferramenta, o que otimizou tempo e re-cursos. Além disso o software nos avisa via email quais são as nossas pendências em relação ao planejamento estratégico, como também aler-ta por meio de indicadores o que merece maior atenção por meio do envio de relatório semanal”, conta a gestora.

Ferramenta sustentável • A Unimed possui uma política de sustentabilidade que não se dá somente em relação ao meio ambiente, ela tam-bém tem o pretexto de ser uma sustentabilidade econômica e social. “Nessa questão da susten-tabilidade econômica nós temos ferramentas de gestão que dão suporte a essa sustentabilidade, como é o caso do software da Interact. Já no que-sito gestão investimos nas pessoas que aqui tra-balham, as quais são os alicerces fundamentais para construir essa sustentabilidade”, explica

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federadas ao sistema. “A ferramenta fica armaze-nada no servidor e as nossas singulares podem usufruir com independência e sigilo. É uma forma de facilitar o trabalho e de fazer uma gestão sus-tentável”, explica.

Consultoria como diferencial • A consultoria disponibilizada para os clientes paranaenses desde 2010 é o grande diferencial da Interact desde então. “Por meio da consultoria, nós en-xergamos as necessidades do cliente e utiliza-mos o software como facilitador”, relata Villela. Antes da consultoria havia casos em que os fun-cionários das empresas contratantes eram treina-dos apenas no início do processo e depois não sabiam como aproveitar o potencial da ferramen-ta. “Então há casos em que o uso do software deu muito certo e outros em que foi mal aproveitado. Com a consultoria, conseguimos implantar um processo de readaptação”.

Para a Unimed, a disponibilização da consul-toria foi realmente um grande diferencial. “Para todas as dificuldades relatadas no uso da ferra-menta, tivemos um retorno e o desempenho evo-luiu muito. Hoje os consultores nos acompanham de perto com grande conhecimento de gestão”, conta Débora, responsável por gestão estratégica na federação.

Profissionalização • No Paraná, além da Uni-med, a Interact possui clientes como Associação Paranaense de Cultura (APC), O Boticário, Améri-ca Latina Logística (ALL), entre outros. De acordo com Villela, as empresas que procuram o softwa-re estão normalmente em um processo de pro-fissionalização interna e para isso precisam de uma ferramenta que permita esse processo. “O software torna esse processo mais suave”, diz.

Segundo Armando Romero, também consul-tor e proprietário da franquia Interact no Paraná, o software é flexível e permite usar a metodologia de trabalho de cada empresa. No entanto, exis-tem princípios e procedimentos que são comuns a praticamente todas as organizações, como o planejamento, a execução, a análise e as ações corretivas.

A gestão de pessoas é uma das atividades mais importantes dentro de uma empresa, con-forme explica Villela. “Não só as rotinas do RH, mas identificar um talento, tirar de uma área onde está atuando e colocá-lo em outra sem que esse processo seja desgastante e improdutivo”. O software da Interact tem a capacidade de criar um banco de talentos e estabelecer um proces-so de treinamento garantindo que o funcionário

cresça com a empresa. Além do módulo de ges-tão de pessoas, os módulos de gestão de estraté-gia e gestão de riscos são dos mais procurados. “Hoje em dia, ninguém pode trabalhar sem pen-sar no futuro e nos riscos”, alerta o consultor.

Sustentabilidade corporativa • A aplicação do termo sustentabilidade no âmbito empresa-rial é um pouco diferente da utilizada habitual-mente. “Há sustentabilidade em uma empresa quando consigo aperfeiçoar o tempo dos meus funcionários para que eles trabalhem e rendam mais. Além disso, há a questão de garantir clien-tes, diminuir desperdícios”, explica o administra-dor Armando Romero que também é conselheiro do Conselho Regional de Administração (CRA) e membro da comissão de sustentabilidade e res-ponsabilidade social. De acordo com ele, quanto menos tempo o gestor precisar para controlar a empresa e tomar decisões (visto que terá um sof-tware inteligente o ajudando a pensar), mais tem-po terá para fazer análises do mercado e buscar o que os clientes precisam.

Para Villela, em termos de resultados quanti-tativos, o que se pode dizer é que a gestão atra-vés do software permite que se comece a elimi-nar procedimentos, como, por exemplo, deixar de imprimir alguns materiais, já que tudo pode ser fornecido de forma eletrônica. “Quando eu não imprimo deixo de gastar com papel, com tinta de impressora, com manutenção, enfim, coisas sim-ples de serem feitas, mas que podem fazer parte do planejamento de uma empresa que se preo-cupa com a sustentabilidade ambiental. Isso vai gerar retorno imediato”, explica.

Além da análise quantitativa, o software pode auxiliar as empresas a avaliar o que realmente podem ganhar fornecendo um ambiente melhor de trabalho para os funcionários. No entanto, o

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Visão Sustentável

“Há sustentabilidade em uma empresa quando consigo aperfeiçoar o tempo dos meus funcionários para que eles trabalhem e rendam mais. além disso, há a questão de garantir clientes e diminuir desperdícios”, Armando Romero consultor e proprietário da franquia Interact no Paraná

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consultor ressalta que a questão qualitativa é um pouco mais difícil de mensurar, já que exige um processo de aculturamento.

Sustentabilidade como foco • A aplicação dos conceitos de sustentabilidade é prioritária na franquia Paraná da Interact, mas a ideia já está começando a ser repassada para as outras fran-quias. Segundo Villela, é na montagem do siste-ma que os princípios e conceitos de sustentabi-lidade são implantados. “É principalmente uma questão de filosofia. Um exemplo é quando a em-presa já possui uma área que se preocupa com a sustentabilidade, como é o caso da Unimed, ou-tro caso é quando essa preocupação nem existe para a empresa”, explica.

Ainda de acordo com Villela, há também ca-sos de empresas que tem a sustentabilidade como filosofia, mas ainda não alinharam com o planejamento estratégico. “Nesse caso, o que falta é uma comunicação interna para que as coisas comecem a acontecer. Nós temos por ob-jetivo fazer essa circulação acontecer. O que eu posso mostrar é que a empresa já tem o que é necessário, só basta saber usar. Nosso papel de consultoria mostra o que a empresa pode ganhar com isso”, expõe.

Como ser sustentável • Villela explica que é possível ser sustentável com a criação de forma-tos de evolução que não sejam dependentes de terceiros e de eventuais custos adicionais. “Nós trabalhamos para que a empresa não precise buscar ferramentas complementares no merca-do”. Ele ressalta, no entanto, que sustentabilida-de é questão cultural, o que não se constrói em 5 minutos. Para Romero, um exemplo de criação de sustentabilidade corporativa é a diminuição do tempo dedicado ao controle gerencial, atra-

vés de planilhas e apresentações no power point. “O funcionário fica muito tempo fazendo isso e o nosso software faz isso automaticamente. Esses mesmos dados podem servir para preparar uma reunião imediatamente”, conta.

Aliás, a não necessidade de realização de reuniões periódicas é outro beneficio sustentável possibilitado pelo software. “Usando nosso sis-tema, as pessoas não tem mais que se deslocar porque não precisam apresentar seus resultados, já que eles estarão no sistema. Qualquer pessoa pode buscar informação a qualquer momento ali”, exemplifica Villela. As reuniões só se tornam necessárias a partir do momento em que um pro-blema é identificado. “Isso tudo traz benefícios que podem não ser palpáveis em um primeiro momento, mas o fato de deixar de usar estrada, carro ou avião para deslocamentos logo trará re-sultado”, conclui. “O que mais rouba tempo no dia a dia de uma empresa é telefone, email e reu-nião”, completa Romero.

Alimentação do software • Há varias manei-ras de alimentar o software, manualmente, ou de forma automática. A partir dos dados ali dis-ponibilizados, a ferramenta gerará indicadores operacionais e estratégicos. “Os estratégicos são alinhados com a filosofia estratégica da empre-sa e são direcionados para diretores e gerência. Já os indicadores operacionais são direcionados para a análise gerencial com as informações do dia a dia da empresa e refletem o trabalho de cada unidade de negócio, área ou setor da em-presa, chegando ao trabalho de cada um dos fun-cionários. Com esse resumo, é possível ter uma visão rápida da gestão empresarial, o que poupa tempo para tomada de decisões. Ou seja, as de-cisões acabam sendo direcionadas pelo dia a dia da empresa”, conclui Villela.

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m lado bom• Após a crise de 2008, uma nova onda protecio-nista das economias de países e blocos, aos poucos, instalou-se

em, praticamente, todos os países. Isso é normal, pois a economia de mercado, assim como a vida, segundo Lulu Santos e Nelson Motta, vem em ondas: tem momentos em que é preciso proteger e tem hora em que é necessário atacar. Temos visto governos so-correrem instituições financeiras, empecilhos sendo criados para importações, um crescen-te aumento da xenofobia, aumentos de IOFs no Brasil e até estatizações de companhias sul-americanas que haviam sido privatizadas em períodos anteriores, quando a onda era de internacionalização da economia.

No Brasil não tem sido diferente. São segui-das as reduções e até mesmo as isenções de impostos, principalmente IPIs e, recentemente, as chamadas desonerações de folhas de paga-mento das empresas. Um detalhe: para os mais diversos setores, do automobilístico ao de ma-teriais de construção, passando pelos setores de couro e têxtil, entre muitos outros.

Pode-se entender como louvável – e tal-vez as sejam – as medidas que vêm sendo to-madas pelo governo brasileiro, desde o início dessa recente onda de crescimento do Brasil. Em primeiro lugar porque não deixa de ser um reconhecimento do próprio governo da sua incompetência para promover as refor-mas tributária, previdenciária e trabalhista, há anos, mais que necessárias. Depois, por-que a produção industrial brasileira ganha migalhas de competitividade, prolongando a atual onda de otimismo e crescimento da economia brasileira.

O lado perverso dos subsídios • O que, en-tretanto, está por trás de tantos “auxílios e in-centivos” do governo? Por que foi preciso criar bolsas escola, alimentação, gás, etc.? Detalhe: eram tantas que o governo precisou criar uma

nova – bolsa família - para unificá-las, pois já perdia o controle dos benefícios. Por que ainda precisamos criar artifícios imediatistas e palia-tivos para promover o crescimento econômico e o desenvolvimento social do nosso país?

Seguramente para essas poucas pergun-tas teremos uma gama enorme de respostas. Sabe-se, também, que as diferenças socioeco-nômicas entre as regiões sul e sudeste e as do norte e nordeste são evidentes. Isso fica claro nos estudos de IDH (Índice de Desenvolvimen-to Humano) do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Tais discre-pâncias tornam necessária a criação de polí-ticas que visem reduzir essas distâncias. Mas com doação de bolsas e subsídios estamos de fato promovendo o equilíbrio? Com certeza, não. Diz o ditado popular que enquanto hou-ver cavalo São Jorge não anda à pé.

Nossa pouca competitividade é reflexo de nosso alto custo de produção, seja por obso-lescência do parque fabril, seja por falta de infra-estrutura, ou ainda pela elevada carga de impostos sem contrapartida que o brasi-leiro é obrigado a pagar.

Existe, porém, um aspecto perverso que, a um olhar mais próximo, nos distancia muito dos países que já tiveram em situações até piores que o nosso, como Japão ou Coréia do Sul: o descaso com a educação, principal-mente, a tecnológica. A recente onda de im-portação de mão de obra para ocupações de cargos em áreas de tecnologia avançada em empresas brasileiras é uma prova inconteste da falta de seriedade com a educação. Será que alguém acredita que o programa Bolsa Família contribui favoravelmente para os bra-sileiros? Particularmente, vejo que mais mas-cara o problema do que o enfrenta.

Parece que medidas de subsídios gover-namentais são como aquele desenho anima-do em que uma formiga briga ferozmente com a outra, enquanto o elefante, ao fundo, passa vagarosamente.

U

Medidas de subsídios governamentais são como aquele desenho animado em que uma formiga briga ferozmente com a outra, enquanto o elefante, ao fundo, passa vagarosamente

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Subsídios do governo brasileiro

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iVan de melo dUTraArquiteto e Urbanista e Mestre em Organizações e Desenvolvimento

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R

Responsabilidade Socialc o r p o r a t i v a

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

esponsabilidade social corporativa é a bandeira do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) e tem como objetivo divulgar um jeito ino-

vador e sustentável de pensar a indústria. Entre outras ações que vem realizando com esse fim, o incentivo para que as empresas se tornem signa-tárias do Pacto Global é uma das campanhas de maior destaque do conselho.

O Pacto Global foi lançado pela Organização das Nações Unidas (ONU) há mais de 12 anos com o objetivo de fazer um chamado às empresas para que tenham responsabilidade com o futuro do planeta. Conforme dados registrados no site oficial do Pacto Global, mais de oito mil empre-sas são signatárias em todo o mundo. No Brasil são cerca de 400 e no Paraná cerca de 80, entre empresas, instituições de ensino, organizações não governamentais e municípios. Apesar da boa posição do Brasil no ranking de países que pos-suem mais signatários, a comunidade empresa-rial brasileira ainda não tem total conhecimento de como fazer parte da campanha.

Com o objetivo de incentivar e orientar as em-presas a aderir ao pacto, o CPCE planejou uma série de palestras em algumas regiões do estado. As cidades de Cascavel, Londrina e Ponta Grossa foram as primeiras a receber o evento. Em junho, é a vez da capital paranaense, Curitiba, mobili-

zar seus empresários. O intuito do Conselho ao promover as palestras é proporcionar aos partici-pantes um entendimento claro sobre a iniciativa, condições para uma adesão responsável e como se dá o alinhamento das ações de responsabili-dade social já promovidas nas empresas com os princípios do Pacto.

O responsável pela condução das oficinas é Vitor Seravalli, palestrante em temas relaciona-dos a Desenvolvimento Sustentável, professor de pós-graduação da Fundação Instituto de Ad-ministração, da Fundação Dom Cabral, do Insti-tuto Mauá de Tecnologia e ex-presidente do Co-mitê Brasileiro do Pacto Global (Global Compact - ONU). Segundo ele as empresas que assumem o Pacto Global tem também um compromisso social. “O Pacto não prevê regulamentações aos negócios e sim propõe que as empresas comu-niquem seu progresso e tornem público o que têm feito na área de responsabilidade social”, explica.

A primeira oficina foi realizada em Ponta Gros-sa na qual participaram 26 representantes de in-dústrias, instituições de ensino e organizações não governamentais. Segundo o participante Alessandro Figueira, da empresa Pincéis Tigre, após entender o significado do Pacto Global, a adesão é muito simples. “A barreira a ser ven-cida é a venda da ideia para os executivos e os

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"o Pacto não prevê regulamentações aos negócios e sim propõe que as empresas comuniquem seu progresso e tornem público o que têm feito na área de responsabilidade social", Vitor Seravalli, palestrante e professor em temas relacionados a Desenvolvimento Sustentável

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conselheiros das organizações, pois todos os co-laboradores, independente do nível hierárquico precisam estar cientes. É fundamental destacar que será uma ferramenta de fortalecimento nas relações da empresa com a sociedade”, ressalta.

Para o vice-presidente do CPCE Campos Ge-rais, Ney da Nóbrega Ribas, o evento realizado em Ponta Grossa foi muito positivo e didático. Ele ressalta que os empresários da região deveriam despertar para esse movimento que vai colocar as empresas que realmente tem consciência da responsabilidade social junto com tantas outras que são referências no assunto. “O mundo preci-sa de empresas que trabalhem de forma susten-tável, ao passo que isso impacte positivamente na cadeia produtiva, na família de seus colabora-res e na sociedade como um todo”, salienta.

A cidade de Cascavel também foi contempla-da pelo evento que pretende mobilizar empresá-rios para a necessidade de promover e divulgar suas ações de responsabilidade social. Cerca de 60 pessoas, entre elas empresários, presiden-tes de sindicatos da região Oeste do Estado e estudantes participaram da oficina e puderam compreender que assinar o Pacto não é algo complexo.

Para Edson José Vasconcelos, empresário, conselheiro do Sesi/PR e integrante da diretoria da Fiep, toda empresa, seja ela pequena, média

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Responsabilidade empresarial com o futuro

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ou de grande porte percebe que há necessidade de relatar suas práticas de responsabilidade so-cial. “No planejamento estratégico da minha em-presa, por exemplo, existem objetivos voltados à sustentabilidade, o que facilita uma possível adesão. É importante destacar que independen-temente do porte, toda empresa pode se tornar signatária. A oficina ajudou na organização de nossas ideias quanto ao tema”, disse.

Programas e ações com foco na responsabi-lidade social já praticados nas empresas podem estar alinhados aos princípios do Pacto Global, como comenta Tatiane Trespach, da área de res-ponsabilidade social da Unimed Cascavel. “Hoje já trabalhamos em prol dos Objetivos do Milênio e pretendemos ainda este ano assinar o Pacto, para fortalecer e comunicar nossas ações. Acredi-to que é de fundamental importância a realização de oficinas como esta, pois ajuda no fortaleci-mento das atividades focadas na responsabilida-de social corporativa”, salienta.

Em Londrina o evento foi realizado no final de abril e foi coordenado pela vice-presidente do CPCE Londrina, Kimiko Yoshi. Ela acredita que a região tem tudo para mobilizar a classe empresá-ria pelos propósitos do Pacto Global. “A campa-nha de adesão ao pacto coloca o conselho como agente transformador quando se fala em respon-sabilidade social corporativa”, diz.

Série de oficinas promovidas pelo Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial incentiva empresas a aderir ao Pacto Global da ONU

Bruna robassa

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Como aderir ao Pacto Global • O Pacto Global é uma iniciativa desenvolvida pelo ex-secretário da ONU Kofi Annan, com o objetivo de mobilizar a comunidade empresarial internacional para a adoção, em suas práticas de negócios, dos va-lores fundamentais e internacionalmente aceitos nas áreas de direitos humanos, relações de tra-balho, meio ambiente e combate à corrupção.

O processo de incorporação em grandes em-presas implica o desenvolvimento dos seguintes aspectos:

• Uma declaração explícita de adesão da em-presa ao Pacto Global, detalhando a política que seguirá para cada uma das quatro áreas: direitos humanos, direitos do trabalho, meio ambiente e anticorrupção.

• Incorporação de procedimentos formais de informação sobre a execução dessas políticas.

• Nomeação de um responsável por essas po-líticas.

• Estabelecimento de procedimentos de di-álogo aberto com grupos de interesse em cada uma das políticas.

• Incorporação de um sistema de monitora-mento para cada uma das políticas.

• Prática de uma política de transparência e respeito dessas políticas.

As pequenas e médias empresas também po-dem fazer a adesão, no entanto, devem se adap-tar aos procedimentos de controle, políticas de report e transparência. O processo de incorpora-ção implica o desenvolvimento de uma declara-ção explícita de adesão da empresa ao Pacto Glo-bal, detalhando a política que seguirá para cada

Responsabilidade Socialc o r p o r a t i v a

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 44

oficina em Curitibao Conselho Paranaense de Cidadania empresa-rial (CPCe) convida todos os empresários re-presentantes de indústrias, instituições de en-sino, organizações não governamentais, entre outros, a participar da quarta oficina da cam-panha de adesão ao Pacto Global da onu. as vagas são limitadas, as inscrições são gratuitas e a oficina tem a duração de quatro horas.

Serviço:Data: 13 de junholocal: auditório II da unindus– Sistema Fiep – av. Comendador Franco, 1341, Jardim BotânicoHora: 8h30Inscrições no site www.cpce.org.br

uma das quatro áreas: direitos humanos, direitos do trabalho, meio ambiente e anticorrupção, a nomeação de um responsável, se possível trans-versalmente, pela implantação dessas políticas, o estabelecimento de um sistema de monitora-mento dessa implantação, o estabelecimento de procedimentos próprios (ou compartilhados com outras empresas) de diálogo aberto com os gru-pos de interesse e a prática de uma política de transparência com suas informações, incluída no Relatório Anual de atividades da empresa.

Todas as informações a respeito da adesão ao Pacto podem ser encontradas através do link: http://www.pactoglobal.org.br/doc/Primeiros_Passos_do_Pacto_Global.pdf

A vice-presidente do CPCE Londrina, Kimiko Yoshi, durante oficina no auditório Sesi em Londrina

“no planejamento estratégico da minha empresa existem objetivos voltados à sustentabilidade, o que facilita uma possível adesão. É importante destacar que independente do porte, toda empresa pode se tornar signatária do Pacto Global", José Vasconcelos, empresário e conselheiro do Sesi/PR

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Page 46: Geração Sustentável - Edição 28 - Rio + 20

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 46

unca se ouviu falar tanto em sustenta-bilidade como nos dias atuais. As em-presas estão cada vez mais conscientes de que precisam adotar cuidados para

não agredir o meio ambiente e que a sustentabi-lidade é algo cada vez mais necessário. Ganhar dinheiro sem pensar nas consequências dos pro-cessos de produção para a sociedade e para a natureza deixará de ser, cada vez mais, a realida-de de muitas empresas. E é diante desse cenário que o espaço para atuação de um profissional de sustentabilidade vai aumentando.

A crescente importância dessa nova profissão motivou, inclusive, a criação de uma associação que é comprometida com as causas e as pessoas que atuam nessa área. A Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade (Abraps) iniciou seus trabalhos no sudeste e desde o fim de 2011 está atuando aqui na região sul. O primeiro even-to promovido pela Abraps Sul foi um debate com cinco profissionais de renome nacional e interna-cional, mas que tem Curitiba como cidade sede.

Apesar de atuarem em diferentes áreas, a susten-tabilidade é algo em comum em suas vivências.

Entre os reunidos estavam o headhunter Bernt Entschev, empresário com mais de 36 anos de experiência e fundador da empresa De Bernt, especializada em Executive Search. Segundo ele, sustentabilidade ainda não faz parte dos requi-sitos de contratação como deveria fazer, no en-tanto, destaca que todos deveriam ter esse tipo de conhecimento. “Sustentabilidade não é uma profissão, é uma missão de todos”, diz.

Nelton Friedrich, diretor de coordenação e meio ambiente da Itaipu Binacional, também foi convidado a participar do evento que teve como tema o profissional de sustentabilidade. Para ele, sustentabilidade significa celebração da vida. “É preciso reconhecer a abordagem e complexidade da natureza e romper algumas barreiras que fo-ram criadas”, relata.

O fundador da Nutrimental Rodrigo Rocha Lou-res foi igualmente convidado pela Abraps Sul para discutir sobre o perfil do profissional de sustentabi-

A sustentabilidade como profissão

NProfissionais de renome falam sobre presente e futuro dessa área de atuação

Bruna robassa

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 47

"Já existem leis e políticas, estamos

avançando, o que não significa dizer que

estamos bem, porque o senso da urgência

ainda não chegou. Para fazer sustentabilidade

é preciso uma mudança profunda das questões

políticas", Nelton Friedrich, diretor de coordenação e meio ambiente da Itaipu

Binacional

lidade. “O tema veio à tona nas décadas de 50 e 60 quando se percebeu que os recursos eram finitos. Antes disso, todos agiam sem uma preocupação com os recursos naturais”, lembra. Ainda de acor-do com Loures os processos estão evoluindo com uma dinâmica em que só a questão ambiental não é suficiente para definir sustentabilidade. “Isso porque todo mundo busca bem-estar. O desafio é encontrar maneiras de proporcionar o conforte sem que isso afete negativamente o meio ambiente. A sustentabilidade está ao alcance de todos, só é preciso fazer as escolhas certas”, afirma.

O professor na área de sustentabilidade e ino-vação na Universidade Tecnológica Federal do Pa-raná (UTFPR), Eloy Casagrande Jr, também presen-te no evento promovido pela Abraps Sul, também defende que é preciso mudar hábitos sempre, já que é fácil se acomodar. “É muito difícil tirar as pessoas da sua área de conforto. O consumismo já está muito embutido na cabeça das crianças e dos adolescentes, principalmente. Hoje, ao mesmo tempo em que a criança recebe educação ambien-

tal é constantemente estimulada a usar o tênis da moda, o ipad e o iphone”, relata. Nesse mesmo contexto o headhunter Entschev defende que al-cançar a sustentabilidade requer uma mudança de paradigmas e conceitos do que é ser feliz. “Fe-licidade é muitas vezes comparada a ter dinheiro, carro, enfim, ao consumismo. É por isso que digo que sustentabilidade é um processo de evolução, uma mudança de mentalidade”, opina.

Sustentabilidade e política • A questão da sustentabilidade e a sua relação com o con-sumismo, em especial, vai demorar para virar questão política, conforme analisa Friedrich. No entanto, o diretor da Itaipu lembra que o Brasil é visto como protagonista na questão de susten-tabilidade pelos países do exterior. “Já existem leis e políticas, estamos avançando, o que não significa dizer que estamos bem, porque o senso da urgência ainda não chegou. Para fazer susten-tabilidade, é preciso uma mudança profunda das questões políticas”, alerta.

Como caso concreto de políticas públicas sus-tentáveis que já estão funcionando no Brasil, o diretor cita o caso de escolas que já oferecem me-renda escolar orgânica para os alunos. E o Paraná é pioneiro nessa prática. Publicada no Diário Ofi-cial do Estado do Paraná em 6 de janeiro de 2011, a Lei 16.751, de 29 de Dezembro de 2010, institui, no âmbito do sistema estadual de ensinos fun-damental e médio, a merenda escolar orgânica. “Não foi uma conquista fácil”, relata Nelton. Em termos de sustentabilidade, essa prática traz be-nefícios tanto para o meio ambiente quanto para a sociedade já que protege a saúde das crianças e incentiva a produção ecológica.Afinal, quem é o profissional de sustenta-bilidade? • Para Rodrigo Brito, fundador da Organização Não Governamental (ONG) Aliança Empreendedora, também presente no evento promovido pela Abraps Sul, hoje não existem nem empresas, nem governos, mas sim pesso-as com conhecimentos e hábitos sustentáveis. “Quem está por trás das organizações é que faz a diferença. São as pessoas que tem capacidade para criar”, pontua.

O professor Eloy Casagrande diz que ainda há grande dificuldade em formar um profissional para atuar nessa área. “O entusiasmo e a motiva-ção são essenciais. Não é um curso que irá formar o profissional ideal, muitas vezes são os aconteci-mentos tocantes da vida que garantem uma boa formação”, conta Eloy citando um amigo que en-trou na área de mobilidade urbana para deficien-tes físicos por conta de uma vivencia pessoal.

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“o desenvolvimento de habilidades que resultem em ações concretas é uma das formas de cultivar hábitos sustentáveis”, Bernt Entschev, da De Bernt, empresa especializada em Executive Search

Ser organizado e entender de gestão são os co-nhecimentos necessários ao profissional de susten-tabilidade segundo Rodrigo Rocha Loures. “Além disso, é preciso ser psicólogo, sociólogo, ou seja, entender esses conceitos, mas, acima de tudo, precisa ser humano”, diz. Para ele ainda falta arti-culação para que algumas coisas aconteçam dentro das empresas. “É preciso ser um moderador, um fa-cilitador, não um educador, mas acima de tudo um profissional das relações humanas”, finaliza.

O headhunter Bernt Entschev acredita que quem trabalha nessa área deve ser multifacetado já que as características essenciais variam de uma empresa para outra. “É preciso saber trabalhar em várias vertentes”, conclui. Ainda segundo ele sus-tentabilidade não é algo que se aprenda na escola ou na faculdade. “O desenvolvimento de habilida-des que resultem em ações concretas é uma das formas de cultivar hábitos sustentáveis”, reflete.

Sustentabilidade não é ação solidária e nem pode ser vista como gasto pelas empresas. O

profissional que atua nessa área precisa usar a inteligência e não pode ser preguiçoso na hora de criar. É o que pensa Rodrigo Brito da Aliança Empreendedora. “Não vamos avançar se continu-armos a pensar dessa forma”, alerta.

Sobre a Abraps • A Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade (Abraps) foi criada com o objetivo de representar, conectar e fortalecer a atuação do profissional de susten-tabilidade, responsabilidade social corporativa, cidadania corporativa e investimento social pri-vado, entre outras.

“Entre nossos objetivos está a representação formal dos profissionais de sustentabilidade jun-to a sociedade. Além disso, a associação busca articular e mobilizar profissionais dedicados ao assunto, compartilhando, fomentando e cons-truindo o conhecimento”, destaca a coordena-dora de Expansão da Abraps e representante do Grupo Sul, Daniella Mac Dowell.

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José Carlos Barbieri

Jorge Emanuel Reis C

ajazeira

José Carlos Barbieri é mestre e doutor em Administração, é professor do Departamento de Administração da Produção e Operações da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EA-ESP-POI) desde 1992. Foi professor em reno-madas instituições de ensino superior, como a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e a Pontifícia Universidade Católica de São Pau-lo. Foi pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). É professor do programa de pós-graduação stricto sensu da EAESP, da linha de pesquisa em gestão ética, socioambiental e de saúde. Pesquisador e coordenador de diversos projetos de pesquisa nas áreas de gestão da inovação, do meio am-biente e da responsabilidade social. Coor de na-dor do Centro de Estudos de Gestão Empresa-rial e Meio Ambiente da FGV/EAESP. Membro do Fórum de Inovação da FGV/EAESP. Parti-cipou da comissão do INMETRO para criação de normas sobre certi� cação de sistemas de responsabilidade social. Participa de comitês cientí� cos de diversas revistas e congressos cientí� cos, nacionais e internacionais, e de vá-rias agências de fomento.CONTATO COM O AUTOR: [email protected]

Jorge Emanuel dos Reis Cajazeira. Enge-nheiro mecânico pela Universidade Federal da Bahia,mestre e doutor pela FGV/EAESP. Exe-cutivo da área de competitividade da Suzano Papel e Celulose, onde trabalha desde 1992. Elei-to pela revista Exame, em 2005, como um dos quatro executivos mais inovadores do Brasil. Foi expert nomeado pela ABNT para a redação das normas ISO 9001 e ISO 14001 (1995-2004), coordenou os trabalhos para a criação da nor-ma NBR 16001 – Responsabilidade Social e pre-sidiu a comissão do INMETRO para criação de um sistema nacional para certi� cação socioam-biental. Em 2004, foi eleito o primeiro brasileiro a presidir um comitê internacional da ISO, o Working Group on Social Responsibility (ISO 26000). É membro do comitê de critérios da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), coordenador do comitê de inovação e ativos intangíveis (FNQ) e ex-presidente do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre).CONTATO COM O AUTOR: [email protected]

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