george, pierre - panorama do mundo atual

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COLEÇÃO "TERRAS E POVO')'' "A "volta à terra" é um engodo, uma impossibilidade. Mesmo a mn iH radical das reformas agrárias nr10 pode resolver o problema do crPil· cimento demográfíco rápido c da assimilação das modernas técmt 'él'l agrícolas. As cidades crescem por que a evolução econômica, socinl c demográfica impõe êste crescinum· to. O problema principal es etl l desenvolver nelas o emprêgo. Na11 é mais a urbanização que es <'111 questão, mas a organização da pro· dução e da aplicação da rendn un· cional." UMA EDIÇÃO DA DIFUSÃO EUROPÉIA DO LI V Jt<)

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  • COLEO "TERRAS E POVO')''

    "A "volta terra" um engodo, uma impossibilidade. Mesmo a mn iH radical das reformas agrrias nr10 pode resolver o problema do crPil cimento demogrfco rpido c da assimilao das modernas tcmt'l'l agrcolas. As cidades crescem por que a evoluo econmica, socinl c demogrfica impe ste crescinum to. O problema principal est etl l desenvolver nelas o emprgo. Na11 mais a urbanizao que est

  • PANORAMA DO

    MUNDO ATUAL

  • Coleo TERRAS E r ovos

    1 - P anmanui do M~unclo A.tna,l, de PIERRE GEORGE, 2.a edio

    2 - Geografia elo Subdesenvolunento , de YVES LAOOSTE, 2.a edio

    i3 - Geog rafia dos Mares, de F RANOI8 D ou:\IEXGE

    4 - A. Antrica. Andina, de PEDRO CuNILL

    PIERRE GEORGE

    PANORAMA DO MUNDO ATUAL

    TRADUO DE P E D R O DE ALCANTARA FIGUEIRA

    CAPA D E J E AN GUILLAUM E

    2.a edico '

    DIFUSO EUROPIA DO LIVRO

  • Do original francs:

    Panorama dtt Monde Actttel

    Vol. n.0 1 da Coleo "Magellan"

    Presses Universitaires de :!!~rance

    1 9 6 8

    Copyright by

    Presses Univ ersitaires de France, Paris

    Direitos exclusivos para a lngua portugusa:

    Difuso Europia do L imo, So Paulo

    INTHODUO

    NA EuROPA OciDENTAL, a apToxirnao do ano 1 000 encheu os homens da angstia elo apocalipse e elo fim elo mundo. Nada, a no ser a f?eqncia de catstrofes coletivas como as gue?Tas e as epidemias, justificava objetivamente ste t emor. A ansiedade ?'eligiosa, a vertigem do desconhecido, a atrao e, ao mesmo tempo, o temor ao mistrio, o recurso magia, tanto na alquimia quanto na feitiaria, alimentavam ste grande m clo coletivo.

    Com a aproximao do ano 2 000 os homens se envolvem. na mesma angstia, desta vez objetivamente justificada, dado que les esto de posse dos meios m.ate?iais capazes ele ani-quilar dezenas de milhes ele sres humanos em. alguns se-gundos, capazes ele esteTilizar continentes inteiros em. con-seqncia dos efeitos da raclioati1Jidade. O m.do agora m.ai01, tendo em vista q'ue as contmdies oriundas dos acon-tecimentos histricos dos ltimos cinqenta anos podem for-necer o pretexto para o desencadeam.ento ele verdacleiTO apo-calipse: oposio entre pases capitalistas e pases socialistas, comoes provocadas pela clescolonizao e pela destruio do sistema de domnio mundial inventado pela G1-Bretanha no sculo XIX e que parecia realizm-se em. benefcio de uma Eu1opa, em verdade dividida, s vspems da primeira grande crise que revelo'u, a fmgilidade do emp1eendimento, furaco clem.og?fico que atrapalha tdas as previses . ..

    O mundo de hoje est procura de um. equilbrio nvo. gle pode ser tentado a atingi-lo pela aplicao de seus meios tcnicos de persuaso e, a ento, devemos temer o cataclis-ma do ano 2 000. Pode consegui-lo por uma srie de com-promissos, at mesmo de conflitos limitados, sem recorrer aos processos de destruio em massa. E, nesse caso, a capa-cidade tcnica oriunda das descobertas extraordinrias dos

    5

  • ltnos cinq-i.ienta anos de1ie-r ser apLicada na c:l"iado de melhoTes condies de v ida e na transfo rmao da condio humana. Seja como fr, os problemas a serem Tesolvidos pelo absurdo ou pela 01ganizao da sociedade e da unifi-cat;o da condio humana j esto colocados a partir de agora. Somente a forma de solucion-los desconhecida do futuTo. Cabe aos polticos determwT a opao desta solutio e arca1em, conscientemente ou no, com a responsabilidade de mergulhm a httmanidade no nada ou reaL-iza-r a "segunda" revoluo industrial. Mas cabe aos gegrafos elabotar o qua-dro demonstrativo do litgio do mundo attwl. ~ ste o obje-tivo da Coleo "Tenas e Povos") sendo que o presente vo-lume, guisa de introduo, faz o inventrio dos problemas colocados pela situao atual da evoluo de tda grande comunidade do mundo atual e das relaes entre estas mes-mas comunidades.

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    ORIGINALIDADE DO MUNDO ATUAL

  • CAPTULO I

    A EXPLOSO DEMOGRAFICA E SEUS COROLAR.IOS

    As CRISES DE FOME e as epidemias, que, por muito tempo, foram consideradas maldies dos deuses ou manifestaes da fataldade, desapareceraP1., em nossos dias, da face da terra, pelo menos em sua forma crnica. Mas a humani-dade est tomando conscincia de uma contradio impor-tante de nossa poca, ou sej a, aquela que ope o desejo de constante melhoria de sua condico ao crescimento acele-rado do nmero de indivduos a satisfazer. o homem um consumidor a partir do momento em que vem ao mundo. Nem sempre possvel dar-lhe as bases e os meios para que se torne um produtor, isto , para que garanta, de sua parte, o equilbrio entre produo e consumo. Ora, o problema coloca-se de maneira diferente h meio sculo, porque os dois t rmos da contradii,o sofreram uma mutaco quanti--tativa, e um dles uma ml..ltao qualitativa ao me~mo tempo. As necessidades e desejos suscetveis de serem satisfeitos tecnicamente cresceram em propores enormes no decorrer dos ltimos decnios e os modos de existncia, sob todos os 1).spectos, das populaes mais bem providas financeira e tecnicamente foram mais tmnsformados no curso de uma gerao do que o foram no decorrer dos quatro ou cinco sculos precedentes . Mas a possibilidade de satisfazer estas novas necessidades e stes novos desejos s foi realizada em benefcio de uma minoria. E, para o resto da humanidade, tudo transcorre como se seu crescimento numrico se acres-centasse aos obstculos ou, pelo menos, aos entraves que lhe tornam inacessveis os modos de existncia dos mais avanados. O fsso tanto mais profundo quanto mais cres-cem os efetivos de homens que ocupam a margem maldita de onde vem voar os avies para os pases felizes. Na realidade, a nica e imperiosa necessidade de assegurar o mnimo aos constantes excedentes de populao entrava

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    -"- .. - ~--"-------------------------------

  • qualquer perspectiva de investimentos destinados a elevar o nvel econmico e sociaL No plano estritamente financeiro e econmico, o nmero apresenta-se antagnico ao progresso. As possibilidades ({;~ substituir o investimento tcnico e fi-nanceiro por um investimeYJto-trabalho, embora no sendo desprezveis, penrH.mecem limitadas e, na maior parte dos casos, o acesso ao bem-d tar generalizado tanto mais difcil ou problemtico quanto maim fr o dinamismo demogr-fico. A contradio agrava-se com a situao aparentemente paradoxal dos pases tnais avanados; esta situao pretende qutl, para stes, o crescimento populacional possa ser um fator de l"iqueza, porque permite acelerar as rotaes pro-duo-consumo e diversificar os ciclos de produo, enquanto que, de imediato, os pases subdesenvolvidos parecem estar econmica e socialmente esterilizados pela impetuosidade do dinambmo demogrfico. Contradio, paradoxo, mas, talvez, tambm perspectiva de ruptura dsse aparente ciclo infer~ nal atravs de t ransferncias de meios. preeiso, ainda, antes de qualquer outra observao da conjuntura, tomar conscincia clara dsse fenmeno nvo, especlfi c:amente con-temporneo, que ~ t~xploso demogrfica do sculo XX.

    I .. c . E~bo s-u1rwrw da d;trib Hico atuaL da popular/ o mtlndzl

    A populao total do globo, em 1 de janeiro de 1964, foi avaliada em 3 bilhes e 200 milhes de indivduos. Um pouco menos de urn bilho vive em pases de economia in~ dustrial: Europa Ocidental (145 milhes), Europa Meridio~ nal (150 milhes), Europa Central (145 milhes), Unio So-vijtica (225 milhes), Amrica do Norte (210 milhes) , J apo (:15 milhes) - 970 milhes.

    Mais de dois bilhes ocupam o resto do mundo : mais de 1 bilho e 700 milhes os pases asiticos, menos a Unio Sovitica e o Japo, 270 milhes a frica, 225 a 230 milhes a Aml"ica Latina, menos de 20 milhes a Ocenia.

    As mais impressionantes acumulaes humanas esto, natural-mente, na parte subdesenvolvida: 800 milhes nas plancies e n as bacias do leste do continente asitico, na Ch ina, na Coria, no Vietn do Norte e nos arquiplagos no industriais (Filipinas, so-bretudo) , 750 milhes nas planicies das pennsulas da Asia Meridio-nal: a metade da humanidade em menos de um quinto das terras F' 10

    cultivveis. E, para esta metade da humanidade, a agricultura per-manece, no obstante, a nica fonte aprcivel de renda. No con-tinente afr icano, a descontinuidade e a disper so do povoamento constituem a regra geral: na Africa do Norte, dois grupos de po-pulao, o Magrebe e o. Egito (aproximadamente 30 milhes de habitantes cada) , a leste da Africa e ao sul do Saara, uma alter-nncia de grupos r elativamente densos (Etipia, frica Or iental, Nigria) e de zonas de ocupao espalhada . A Amrica do Sul tem um povoamento perifrico: a populao est localizada na orla atlntica e nos planaltos andinos; o centro do continep.te est prticamente vazio, embora desigualmente repulsivo vida e explorao humana: 170 a 180 milhes. Ao contr rio, a concen-trao populacional reaparece na Amrica Central e nas Antilhas (50 milhes).

    Com exceo da populao japonsa que, alis, com suas for-mas de organizao e existncia, ocupa uma posio intermediria entre as populaes de pases industriais e as de pases de econo-mia e de sociedades pr-industriais, as populaes que participam de uma atividade de estilo industrial - ou tcnica e econmica-mente desenvolvida - esto menos maciamente amontoadas que as populaes chinesa e sul--a sitica. As concentraes ligadas indstria so concentraes urbanas em meio a campos mais ou menos ocupados, s vzes quase vazios (leste da Amrica do Norte). A maior parte distribbli-se de ambos os lados do Atlntico Norte e est polarizada na. Europa Ocidental, que foi o ponto de p8rtida dos homens e dos tcnicos : 400 milhes, no conj unto.

    Na Europa Oriental e na U. R. S. S ., o povoamento muito mais disperso e a massa global da populao integrada menos nu-merosa : 300 milhes de homem;. O resto das populaes de nvel industr ial est disper so no oeste do continente norte-americano, na Amrica austral temperada, na Austrlia.

    Um pouco mais de um bilh.o e trezentos milhes de homens ocupam a zona temperada do hemisfrio Nort, 1 bilho e 8 milhes a zona trrida, 60 milhes, apenas, a zona temperada do hemisfrio Sul. Mas o povoamento est long de ser contnuo. Os principais fatres fsicos da. descontinuidade so a distribuio das reas cli-mticas, das massas montanhosas e das ~randes florestas equato-riais, sem que haja jamais uma relao d0terminista simples. A ocupao contlwa do territrio avana alm do hemisfrio Norte em dire;o s altas latitudes, tanto da fachada ocidental dos con-tinentes quanto da fachada oriental. A reduo da amplitude tr-mica, a regu.larida.de e a abundncia de precipitaes permitem que a vida agrcola e a existncia permanente d e uma atividade eco-nmica diver sificada a tinjBm, e mesmo ultn1passem um pouco, o parale lo 60. (.2uatro inmdes ~ belas cidades europias esto acima do paralelo 60 ou muito prximas a le : Oslo, Estocolmo, Helsinque,

    Lenin~rado . Na Amrica do Norte, Qu.ebec e Winnipeg passam por cidades pioneiras subrticas acima dos paralelos 47 e 50, isto , na mesma latitude de Nantes e ele Franforte. Na Unio Sov itica, Konsomolsque considerada como cidade herica nos confins do ecmeno, na latitude de Arras. Tudo se passa, portanto, como se, do ponto de vista do povoamento, a zona de ocupao humana das

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  • -.------------------------~-------------~-----------

    latitudes temperadas se apresentasse de forma triangula~, indo a abertura em latitude do paralelo 35 ao 62 a oeste e estreitando-se ao sul do paralelo 50, ou mesn:o 45 a l~,s~e (leste ~a Am~rica do Norte Manchria Extremo Onente sov1etlco). A d1stnbmao das massa's montanho~as influi considervelmente sbre a do povoa-mento, mas de maneira contraditria conforme a latitude. A mon-

    FIG. 1 a. - Evoluo da populao do mundo, po1 continentes, 1650 - 1960

    tanha alta, sobretudo a montanha alta de estrutura macia, tem uma funo repulsiva nas altas latitudes e nas latitudes mdias. A alta Asia, o n montanhoso da Asia mdia, os altos planaltos norte-americanos, de maneira geral tdas as massas montanhosas pouco articuladas, mas abertas pela rde de vales da Asia, da Euro-pa e da Amrica do Norte, so zonas refratrias ao povoamento. Inversamente, a altitude funciona como corretivo aos excessos e s insalubridades dos climas quentes. A Africa Oriental, os planal-tos andinos, as montanhas do Ceilo e da Indonsia so refgios e meios de existncia e de produo para o homem. A grande flo-resta constitui, aparentemente, sempre um obstculo ao povoamen-to, mas ela mais rpidamente penetrada e utilizada nas regies orientais, como a Indonsia, o Sul da ndia e Ceilo, do que nas bacias interiores onde a ecologia mais propcia aos antagonismos da vida humana, Congo ou Amaznia.

    Mas os fatres histricos do povoamento e de seu desenvolvi-mento so, no final das contas, preponderantes. No existe nem

    12

    500

    .......

    ...

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    \950 1960 137[1 ISGO FIG. 1 b. - Evoluo da populao de alguns pases ou grupos

    de pases de 1950 a 1980 (previses)

    fatalidade criadora nem fatalidade destruidora. As circunstncias favoreceram em cada lugar, em dados momentos, opes ou coaes que conduziram, mais ou menos demoradamente, a evoluo geral num sentido determinante. Mas, seja qual fr esta evoluo, o fato atual mais universal, mais dominante, porque o momento pre-sente no fornece solues imediatas aos problemas que le prprio coloca, o crescimento acelerado da populao mundial.

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  • IL - A acelerao d o::; -rit1nos deTrWg?;iJicos

    Calcular a populao mundial num passado r elativamen-te r ecuado apresenta dificuldades bem conhecidas. Todavit. trabalhos histricos m eticulosos permitiram aventar , cor u:na margem de rro decrescente m edida que n os apro-ximamos dos tempos atuais, cifras estimativas que expri-mem bem a evoluo do ritmo de crescimen to da populao mundial. ,

    Os historiadores pensam que, no in cio da er a cr ist, a populao mundial elevava-se a 250 milhes e que levou v-rios milnios para passar de 100 ou 120 m ilhes a ste n-:mero. Na metade do sculo XVII, as estimativas so de 500 milhes; entre 1850 e 1860, os r ecenseamentos e estimativas conduzem a uma cifra com preendida entre 1 bilho e 100 milhes e 1 bilho e 200 m ilhes. Em 1950, a populaco mun-dial elevava-se a 2 bilhes e 400 milhes. Em 1965> ou 19G6 ter atingido 3 bilhes e meio. Em outras palavras, a po~ pulao do globo, provvelmente, dobrou entre a poca neo-ltica e a poca romana, em alguns m ilnios . Dobrou, de nvo, em quinze sculs, da poca de Dioclecian o de Lus X IV. Dobrou, ainda , entre o reinado de Lus XIV c a me-tade do sculo XIX. Depois dobrou, de nvo, entre a {poca de Napoleo IH, de Cavour, de Bismarck c da Gw rra d f! Secesso e omomento atual, em um sculo. No r itmo a tual, dobrar novamente em cinqenta anos .

    Em todos os continentes, o ritmo no o m0smo. A po-pulao da Europa, inclusive a parte asitica da Unio So-vitica, dobrou em um sculo, de 1860 a 1960. Mas a da sia dobrou no decorrer dos ltimos sessenta anos , a da Afr ica no mesmo tempo, a da Amrica do Norte em quarenta anos, a da Amrica Latina em t1"inta anos. O pon to de aceleraco do ritmo no se situa na mesma da ta para todos os pases, como se pode ver em um quadro de distribuico dos efetivos dos diversos con tinentes, em pcrcentlgem c .con1 intervalos

    dr~ meio sculo. Os crescime~1 tos m ais cspetacuJ;:rrs so

  • 16

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    limiar, que o da industrializao. Sem a criao de recursos ttovos fora da agricultura, no poderia ser assegurada a base tconmica dste povoamento e o crescimento demogrfico II : seria mais que m archa para a catstrofe. A manuteno da populao doravante s poder ser garantida por impor-taes macias de produtos alimentcios provenientes de ou-tros continentes (principalmente da Amrica do Norte). A t!Conomia saiu da fase de isolamento e tornou-se uma eco-nomia mercantil, preocupada em equilibrar as importaes indispensveis vida da populao.

    A ndia conheceu, durante muito tempo, a mesma esta-bilidade demogrfica aparente, feita de alternncias de en-saios de crescimento e de catstrofes quase cclicas, come-

    ~;ando por um acidente m eteorolgico ou hidrolgico, sca, furaco, inundao, rompendo um equilbrio aparente, de-sencadean do, confo rme as r egies, escassez ou crise de fome seguidas de longo cortejo de epidemias, de difcil eliminao. A populao, porm, tinha aumentado de 50 milhes por s-culo entre os sculos XVI e XIX. Atinge aproximadamente 300 milhes no sculo XIX. As curvas regionais de variao so representadas por senides cujo eixo de simetria sub--horizontal o J . Cada concavidade corresponde a um ciclo de fomes e de epidemias. A partir de 1920, o crescimento ace-lera-se: 400 milhes em 1941, 439 em 1951 (para ndia e Pa-quisto), 534 em 1961. O crescimento de 4 milhes por ano para o decnio 1951-1960 nos dois pases: 18% da populao mundial em 140 milhes de hectares cultivados, o que repre-senta uma densidade de 400 habitantes por quilmetro qua-drado cultivado . Dado que as terras indianas so menos ricas, m enos r egularmente irrigadas do que as terras chine-sas, deduz-se que o limite de superpovoamento relativo agr-cola j est de muito ultrapassado. A ndia vive graas s importaes de trigo americano.

    As projees demogrficas num futuro prximo levam a cifras que parecem irreais: um bilho de homen s para a China em menos de vinte anos (1983) - o equivalente da populao mundial h cem anos -, 560 a 680 milhes para a ndia, 150 milhes para o Paquisto em 1981, isto , para o conjunto da pennsula indiana e Ceilo, um total de 730 a 850 milhes.

    (I) A. G EDDES, "Variability in Change of Population .. . with example, In di a, Pakistan ... " Congresso Internacional de Popula-o, Viena, 1959, pp. 578-586.

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  • I

    I

    t i

    li

    Ora, si;E:entc o Japo quis e pde dm uma vigorosa freada ao cr::scim cnto der,:ogrfico.

    1930 1940 1950 1960 1970 1930

    EVOLUCO E PERSPECTI VAS DE EVOLUC.\0 DA POPULAO J APONSA DESDE 1930 ATft 1980

    G3,9 milhes 72,5 crescimento anual mdio 83,2 93 4

    100' -105

    14.5% 14 -12,2-7,1-5-

    Sua populao con tinuar, entretanto, a crescer durante m ais de vin te anos at 105-110 milhes de habitantes entre 1980 e 1990, se se m antiverem as condies e os ritmos atuais de crescimento.

    Os outros pases asiticos no parecem estar prximos de romoer o ritmo de crescimento da mesma m an eira, com

    exce~ da China de 2lgum tempo para c. A Indonsia, que tinha 7C) m.ilhes de h abitantes em 1950 (95 milhes em 1961), ter, sem dvid l , entre 120 e 140 milhes de habitantes em 1975; as Filipinas passariam, no mesmo espao de tempo, de 20 milhes p3ra 45 milhes de habitantes. Somente o Su-deste da Asia, onde o recenseamento (ou estimativa) for -n ece u um tot al do 172 milhes em 1950, passar, segundo as previses demogrficas da divisilo de populao das Naes Unid~u, a ::iSO m ilhes de habit antes em 19801 1>.

    A Afeica pa~cce um continente d.cmogrficamentc calmo em comp.:-traco com a Asia, embora o crescim.ento seja o m esmo h s~sscnta anos. que se trata, em verdade, de me.ssi.ls mcJ>Ds nportantes . :Mas os fluxos demogrficos dos ltim os decnios so impetuosos. A Africa, ao sul do Saara, tinha 115 milhes de h abitantes em 19"10. Em 1961, seus efe-tivos elevaram-se a 171 m ilhes : crescimento aproxim ado de 50 % em vinte anos (em nmeros absolutos perto de trs rr..ilhes por ano) . A frica do Nmte oferece bom exemplo d2 crescin cnto acelerado: em 1832, calculava-se para o Egito uma popu lao de 7,5 milhes de habitantes. Em 1937, sua po-pulao passala a aproximadamente 16 milhes. (15 900 000). Em 1961, j eram 26 600 000 de pessoas. O crescim ento anual

    (I) O.N.U., Divio de Populao. Nova Iorque, 1960. Esti-mativa da populao jut11ra ... IV relatrio: "A populao da As ia e do Extremo Oriente, 1950-1 930".

    18

    ntdio foi , portanto, durante sses v inte c quatro Hnos, de '140 000 habitantes e de m ais de 2,5'/r, por ano em. m dia. A populao muulman a da Acglia estava cstimnda, em I B56, em 2,3 milhes. Em 1936, o censo d 6 100 000 de pes-soas. Hoje, a populao ar gelina eleva-se a 11 mi.lhes. Tam-bm aqui, a t axa anual de crescimento para o ltimo decnio da ordem de 2,5rJc, . essas condic;es, as previses para 1980, supondo constante o ri tmo, serilm de mais de 40 milhes para o Egito e de 17 a 18 milhes para a Arglia. Em 1980, o Magrcbe poder ter entre 40 e 45 milhes de h abitantes.

    A acelerao dem ogrfica mais surpleendente 6 a da Amrica L atina. A surprsa tanto maior quanto a evolucilo da populao fra bastante lenta at a metade do sculo XIX: em 1800, as diversas colnias d a Amrica ao sul do Fio Gran-de totalizaVlm m enos de 25 milhes de h abitant2S. Em 1850, contavam apenas 33 milhes . Bruscamente, a porJUlnc;o do-bra quase em cinqenta anos: 63 milhes em 1900. Depois vem a verdndeira exploso demogrfica da primeira metade do sculo XX: 162 milhes em 1950, 218 milhes em 1961. O cTescimento mdio anu;:\1 atinge a taxa excc~pcion al de 3,5% .

    Um rnido eX1G50 52

    11 ~/. 3,5 5

    CRESCIMENTOS DE POPULAO DE ALGUNS P ASES DA Al'v!R! CA CENTRAL

    (EM MILHES)

    Mxico ...... . . . ....... .. . . . 1920 14,5

    1,:3 O,G 0,4

    Guatemala Honduras Costa Rica .

    1950 25 7 1,5 0,8

    J. J61 73 14,5 10.3 7:5

    lS'G l 36

    :3,9 1 9

    19

  • stes crescimentos, por mais impetuosos que paream em seu aspecto geral, caracterizam-se, alm disso, por uma acelerao constante. No Mxico, o crescimento anual mdio para os dez ltimos anos da ordem de 4% ! A curva de crescimento numrico bruto exprime uma progresso seme-lhante progresso geomtrica. Nessas condies, as pre-vises de 167 a 194 milhes de habitantes para a Amrica do Sul tropical contra 45 em 1920 e 83 em 1950 e, para a Amrica Central, de 100 milhes contra 30 milhes em 1920 e 51 em 1950. Somente o Brasil, que tinha apenas 27 milhes de habitantes em 1920, ter de 98 a 113 milhes de pessoas a alimentar em 1980. A Venezuela, que contava apenas 2,3 milhes de habitantes em 1920, dever suportar cinco a seis vzes mais, sessenta anos mais tarde. No total, a Amrica Latina teria aproximadamente 330 milhes de habitantes dos quais perto de 300 milhes somente para a Amrica tropical que dispe, atualmente, de apenas uns cinqenta milhes de hectares cultivados. Aqui tambm no estamos muito longe de um ponto crtico que, h muito, j foi ultrapassado no N ardeste brasileiro.

    Os trs grandes grupos de populao afetados atualmen-te pelo mais forte dinamismo demogrfico, a Asia, a Am-rica Latina e a Africa, tiveram sua populao aumentada de aproximadamente meio bilho de indivduos em dez anos :

    CRESCIMENTOS DE POPULACO DE TRS CONTINENTES, DE 1951 A 960

    Amrica Latina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 milhes

    Africa

    Asia

    o o o

    o o o

    TOTAL

    61

    337

    454

    A cada ano, as populaes da Asia, da Amrica Latina e da Africa so acrescidas de um efetivo igual populao da Frana.

    No mesmo perodo, a populao da Eu Topa (excetuando a U. R. S. S.) aumentou smente de 35 milhes , a da Europa Ocidental (Gr-Bretanha, Pases Escandinavos, Europa dos Seis) de aproximadamente dez milhes. ?O

    PREVISES DE POPULACO PARA 1980 POR CONTIN EN TE(! )

    Europa e U. R. S. S . ... .

    Nmeros absolutos

    em milhes 800

    Percentagem da populao

    mundial prevista para 1980

    212 ~n:rica do Norte ..... .

    s1a ................ .. . Africa do Norte 3 ...... .

    Afr~ca ao sul do Saara .. . America Latina . ....... .

    260 2 000

    140 260 330

    III. - Os fatTes da dinmica de populao

    7 53

    3,6 6,8 8,6

    As ~ausas diretas, fisio]gi~as, das bruscas aceleraes de, ~~escimento de populaao. ~ao _bem conhecidas. A ao mem.ca, .o ~a~eamen!o de r,egwes msalubres, a organizao da d1~tnbmao de VIveres as regies ameaadas pela fome ~eduziram em propores considerveis a mortalidade e, po~ 1sso. mesmo, permitiram que a natalidade aumentasse e pro-duzisse seus efeitos demogrficos.

    Em verdade, a diminuio do nmero de bitos de adul-tos e, principalmente, de mulheres em idade de serem mes repercute diretamente no crescimento do nmero dos nas~ cimentos. Alm disso, a ao mdica contra as endemias sob~etudo contra a doena do sono e contra a malria, redu~ o numer? dos abortos espontneos, provocando o aumento da na!ahdade na .mesm~ prol:'or~o. Ao mesmo tempo, a r:duao da m?rtahdade mfanhl da um sentido demogrfico novo aos nasc1m~nt?s que correspondiaJ:? recentemente ape-nas a uma magernma esperana de v1da. Embora a vida human~ continue mais fr~gil nos pases tropicais e, em geral, nos parses subdesenvolvidos do que nos pases industriais a ~opulao jovem dsses pases tal que as taxas de mor~ tahdade tendem a aproximar-se sensivelmente das taxas dos

    pas~s. de populaes mais idosas da Europa Ocidental e da Amenca do Norte. Na Africa, na Amrica Latina essas taxas esto compreendidas, conforme os pases e conf~rme as re-

    (1) Supondo que se mantenha o crescimento taxa dos anos 1960-63.

    ( 2) (3)

    Europ~ menos U. R. S. S. 10, U. R. S. S. 11. Inclusive as populaes da Etipia e do Sudo.

    21

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    gwes entre 12 e 20~: . Na Asia, elas so m ais elevadas : ~5 a 27 ~1a ndia, 17 a 20 na China. Na Europa, as taxa_s ma~s elevadas nos pases onde a populao idosa, como a Austna e a Inglaterra, so iguais s taxas mais baixas dos pases subdesenvolvidos: 12%o. Na maior parte dos casos, elas gra-vitam em trno de 10. As populaes canadenses e as dos Estados Unidos tm taxas de mortalidade inferiores a 10.

    As taxas de mortalidade mundial diferem, hoj e, na re-lao de 1 a 3, e mais freqentemente de 1 a 2. Mas as t axas de" natalidade est o compreendidas (em t rmos de Estad?s ou de enormes conjuntos regionais) entre 50 e 15: a relaao neste caso de 1 a mais de 3. A estabilidade Telativ~ das populaes da Asia, da Africa, at o scu~o XX, proce~1a de um equilbrio a longo prazo entre mortahdc:;,de e natahd~de . A natalidade apresentava-se como um fenomeno quanhta-tivamente quase constante, superior ~ mortalidade dur::::n~e perodos mais ou, m~nos longos ~crescimento ~e populaa.~~; brusca recrudescenc1a da mortalidade em segu1da a clma Cl ,,_e de fome e epidemias suprimia o benefci'? do crcscir~wnto do perodo imediatamente precedente. HoJe,. a mortahdad.e foi estabilizada numa taxa constante ou ligeiramente declr -nante a natalidade continua submetida ao livre jgo da na-turez~ e na mcdidn em que a populao em idade de p ro-criar en~ontra-se em melhores condies de sade e escapa s h ecatombes de antigamente, as t axas atigem valres r e-cordes. Num efetivo de populao recentem ente r c>no':'ad?, portanto de composio bastan~e jovem, el~s podei"? ~tmgn e m esmo ultrapassar 50;{ . Em Imensas r egwes da As1a e da Amrica Latina esto compreendidas entre 40 e 50, o que corresponde, po1: alto, a umas de: crianas vivas por m~lher em idade de procriar. A r eduao da taxa de ~ortahd ade para menos de 20 ;{, basta para provocar um crescimento na-tural de 30 :{ , por ano. A diferena e_ntre os pases de forte crescimento e os pa~ses de fraco crescimento tem c.omo cau~a fundamental a desigualdade das taxas d,e natalidade: No detalhe vemos aparecer matizes entre pa1scs de natalidade muito alta, de fraca m ortalidade, pases de a l~a taxa de l!a-talidade e de m ortalidade bastante elevada CUJas populaoes aumentam irregularmente, m as a oposio maior aquela que concerne aos pases n o industriais onde a d1fer ena entre as taxas de natalidade e de mortalidade permanece, sempre, em trno de .20 ou superior a 20~ e ?s pase~ da velha cultura industnal onde permanece m fenor a 20 %o e, no raro, a 10% . 22

    As taxas de n atalidade que expressam l realidade demo-grfica dos pases no industriais da Asia so de 40 a 45%c, levan~o em con~a um,a ~itua? sanitria ger almente m que abrev1a a duraao med1a da v1da das mulheres em idade de pr~cria~ e m~ltiplica os abor tos espontneos . ]';a Afr ica, a.s estlmatlvas sao da m esma ordem. Na Amrica Latina, as taxas elevam-se a aproximadamente 50.

    Elas correspondem a uma fecundidade natu.ral em con-di~e~ ~eterminadas de_ ndice de mortalidade e de condies samtanas das populaoes. Se nada intervier no sentido de limitar esta fecundidade natura l, as taxas de na talidade ten-d~ro a eleva~-se at um teto fi siolgw que corresponda ao n~~ero de cn~nas postas no m undo por mulher que tenha VIVIdo e mantido a fecundidade at a idade da menopausa (sendo. que esta pode ser ligeiramente r etardada com uma melhon;;t ~eral das con~ies de higien

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    Conforme o dinamismo demogrfico de cada pa~, a com-posio por idades da popul2:o. senslvelrr:ente dif~rent~. Os pases que suportam o mms viclento crescimento sao pm-ses "jovens", ou seja, aqule~ em que, por ser recen~e o surto demogrfico, as classes de Idades ~de menos de trmta anos representam a maioria da populaao.

    COMPOSICO POR IDADES DE ALGUMAS POPUL~ES DE pASES DE RPIDO CRESCIMENTO DEM09RAFICO

    NO DECORRER DO LTIMO QUARTEL DO SECULO

    ndia Paquisto Amrica tropical

    Menos de 15 anos ...... 39 15 a 29 anos 27 30 a 44 o o 18,2 45 a 59 ... . .. . o o 10,8 60 a 74 . . . . ' . . . . . 4,3 Mais de 75 anos o 0,6

    Menos de 15 anos ...... . .. . . . .. . . . 15-24 anos .......... . 25-34 .. o 35-44 .. o ' o o . o 45-54 . o o o . o o o 55-64 ....... o o o o o 65-74 o o . o o o o. Mais de 75 anos ........... . .. ... .

    42 41 27 26,5 17 17,4 9,5 10,5 3,8 4 0,6 0,6

    Repblica Popular da China

    35,9 17 14,6 12

    9,3 6,5 3,4 1

    Os servicos pblicos, a organizao do emprgo, o ensino e a forma~ de quadros devem ser, adaptados ~ essa e~trutura por idades. Ela implica, tambem, certa. at~tude di~n~e da vida, diferente daquela de populaes cuJa Idade media mais elevada. ~

    Os Estados europeus so demogrficament~ velhos, nao obstante os efeitos, desiguais confo;me os _pa~ses, da reto-mada da natalidade em alguns deles, prmcipalmente na Frana, no curso d~ perodo posterior Segunda Guerra Mundial. 24

    COMPOSIO POR IDADES DE ALGUMAS POPULAES EUROPIAS

    Menos de 15 anos De 15 a 29 De 30 a 44 De 45 a 59 De 60 a 74 Mais de 75

    24 20 21 20 11

    4

    23,5 21 18,7 19 12,7

    5,1

    i~:~ ~-.~- ~1391:~ -21,6 20,3 21 12,3 11,5

    4,1 3,5

    As observaes feitas sbre a composio profissional dessas populaes mostram que a idade mdia dos chefes de emprsas agrcolas, dos chefes de emprsas industriais, do pessoal poltico, muito mais elevada do que nos pases "jo-vens". Resulta da outra maneira de conduzir os negcios privados e pblicos, outra psicologia social em geral. Quanto mais rara a criana, mais preciosa ela , mas a juventude muito menos ouvida onde as pessoas idosas ou consideradas como tais representam a maioria da populao.

    A segunda situao implica conseqncias mais graves: os pases de rpido crescimento demogrfico devem retirar antecipadamente da renda nacional os investimentos neces-srios para garantir a manuteno, a formao e a entrada em atividade profissional dos excedentes de populao, pro-venientes das jovens geraes, mais numerosas do que aque-las que as precederam. De acrdo com as estruturas econ-micas e sociais, a parte familial e a do Estado so desiguais. Mas, no total, as estimativas feitas para pases diferentes, de nvel tcnico e econmico diverso, fornecem relaes quase constantes: um crescimento anual de 1% custa- para man-ter a estabilidade do nvel de vida - 5 a 8,5% da renda na-cional; um crescimento anual de 2 a 2,5% supe uma imo-bilizao de 12 a 22% da renda nacional. Em outras palavras, os pases que possuem, hoje, um crescimento anual igual ou superior a 3% deveriam poder consagrar mais de um quarto de sua renda apenas ao investimento demogrfico.

    Esta despesa inevitvel. Aplica-se a operaes de nvel e de finalidade mais ou menos elevados, conforme os graus de desenvolvimento das populaes interessadas. Mas, sob pena de no poder assegurar a existncia material das ge-

    2.5

  • raes ascendentes ou de provocar concorrncias, t:gic~s entre geraes ela deve ser consentida. Do cont:ano, nao sendo aument~da a renda naciona~, ~1o estando ~ JUve.r:t:de preparada para ingressar numa atividade produtiva, baixa o quociente individual, agrava-se o des~mpre~o . , , .

    No se trata, evidentemet;t~, de mvestll'T!-entos ester~Is . construir habitaes, disp~nsanos e matermd:des, esf~lai ectdios novos empreend1mentos para oferec~r trab~ ~ ~ ula,..es mais numerosas assegura, no plano qc:antltatlvo ~ ~o plano qualitativo as condies de um crescimd ento da renda nacional. Com 'uma condi~_? , entretanto, e qu~ ~ te-ritrio nacional esteja em cond1oes de receber, proyeJ.to sn~ent'-' 0 afluxo populacional considerado . A 9-uesta_o co-l~ca-se ~portanto de modo diferente , conforme a mter:sid~~e da re~so dos efetivos de populao sJ;>re a econom1a. A a , pais difcil de ser abordada nos pa1ses de subemprego ~rruico e potencial bruto limitado, d? que naqueles emt que efetivos novos podem permitir a cnao de novos se ores

    eo rficos ou tcnicos de l?rodyo .. Em todos os casos, o gr"'fcimento demogrfico exige mvestlmentos a longo prazo cu"' so infinitos se a populao continuar a au:mentar. Sur-qp e assim uma incompatibilidade entre cresc1mel?-to demo-g;~fico e ~levaco do nvel de vida mdio .. Se cons1de~armos g ue sobretudo ,nos pases pouco desenvolvidos,_ a m~ugem da ienda nacional suscetvel de ser bloqueada a f1r~ de, au.~~ntar os meios de produo no pode na ultrap~ssur "-um e r o do total tornar-se-ia impossvel, c_aso o _crescnnen co natural ultra a;sasse 3%, fazer qualquer mvestlme:r:-to de ~esen;:ol~

    pto pois tda a parcela da renda nacwnal d1spon. ue. VImen ' "d 1 d as "damo oara investimentos seria absorvi a pe as ~spes '; ; - rficas". Alm disso, tda vez q~e. a pressao. dem~graLca ~briga a transpor um limiar tecnolog1c? n~ eq:-upam:--nto na-

    . onal po- exemolo criao de novas mdustr~as, ex1ste pro-~~bidad~ de exed~r a taxa mdia dos invest:mentos demo-grficos: a formao dos jovf!ns torna~se m_a1s dem?rad:o: .e mais dispendiosa, os meios de produao ex1~em _a ln;_~~lhL.a :o de fundos mais importantes, de amortlzaao me'-" ou

    " menos lenta. " , . . Se verdade, em trmos absolutos, _ q'-:e as un;cas n-- homens" e que a popula('ao e uma forca de quezas sao os , =< t , 0 u produo por excelncia, segue-se que um cresc1men o .P P -

    lacional contnuo implica um constante aum e.r:to dos mve:-timentos demogrficos tirad~s da r;nda nacwnal, ap~p-"'s para a garantia de conservaao do mvel de renda antet lor-

    26

    mente conquistado, com a ressalva de que o meio natural ou o espao nacional disponvel se preste a uma mobilizao contnua de novos meios de existncia. Existe, portanto, an-tagonismo entre crescimento demogrfico e desenvolvimen-to, na m edida em que se d a esta palavra no o sentido de simples aumento das produes brutas, mas o de uma pro-moo qualitativa da produo que implique num aumento do quociente individual da renda. A presso demogrfica fator de estagnao da renda per capita. Limita a opo dos investimentos e, conseqentemente, pode ser fator de agra-vamento do atraso tcnico, pois afasta as disponibilidades financeiras das operaes de progresso tcnico e da criao de novas formas de produo.

    Ora, basta recordar as observaes feitas sbre a distri-buio geogrfica dos mais fortes crescimentos de populao (fig. 2) para ver que so precisamente todos os pases sub-desenvolvidos os que possuem os mais fortes crescimentos. De acrdo com as observaes e as estimativas numricas precedentes, podemos considerar que todo crescimento supe-rior a 2,5 ou a 3% por ano implica um verdadeiro bloqueio do desenvolvimento. Pode haver crescimento da produo em funo simplesmente da capacidade de produzir dos efe-tivos crescentes de populao, mas no existe desenvolvi-mento, pois o nvel econmico e social da populao per-manece estacionrio. Foram tentados paliativos em diversas modalidades de mobilizao de trabalho gratuito (investi-mento-trabalho) para reduzir a parte do esfro propriamen-te financeiro no investimento exigido para a absoro dos excedentes demogrficos ou para o desenvolvimento. Atin-giu-se logo um ponto de saturao. Em verdade, o dilema sobremaneira grave, visto que pe em confronto o cres-cimento demogrfico e a independncia econmica dos pases interessados. No existe desenvolvimento possvel para pa-ses de forte crescimento demogrfico sem ajuda financ eira estrangeira, seja atraindo crditos de ajuda e de investimento, seja alienando recursos nacionais vendidos ao exterior a fim de aumentar a renda nacional.

    Inversamente, a lentido do crescimento demogrfico nos pases industriais e o envelhecimento das populaes colocam outros problemas econmicos. A Europa Ocidental, onde as taxas de natalidade baixaram considervelmente durante a primeira metade do sculo XX, mas onde as condies sa-nitrias melhoraram constantemente, suporta a cargaJde con-tingentes numericamente importantes de pessoas idosas que

    27

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    no podem e no desejam mais .exercer qua~quer ~tividade profissional. A Frana,A qL!-e,reg1strou. a mais co~t~nua _das correntes de "recrudescencw da natalidade, deve ra"'er frel:--te no curso do perodo atual, dupla obrigao de garantir co'ndies de vida satisfatrias a mai~ de 17_'/ de pessoas cot;n mais de 60 anos e de proceder aos mvestu!lentos demo~r~ficos correspondentes ao excedente de nascimentos dos 1flh-mos quinze a vinte anos. A procura ~e trabalho em.p~nodo de expanso econmica e desenvolvimento das a~IVldades de servios pblicos superior of~rt~. Resulta da1 o. aban-dono das profisses reputadas ma1s mgratas ou. ma1s mal remuneradas. Os pases industriais de fraco crescimento de-mogrfico recru!am tr.ab~lhad_ores para certos set~res de sua economia atraves da 1m1graao: mmas, construao e obras pblicas, trabalho~ perigosos ou insalubres. . . M~~mo a eco-nomia norte-amencana que, entretanto, se benef1c1a de uma fecundidade bem superior da Europa, obrigada a recorrer aos prto-riquenhos ...

    Seramos tentados a ver, nesta necessida~e de mo-de--obra das economias industriais de fraco crescimento demo-grfico, uma perspectiva de compe!lsao dos excedentes ~e populao dos paises subdese_nvolv1dos. Mas, a. despropor_ao entre o gigantismo do crescimento demogrB:fiCo dos pm~es subdesenvolvidos e a exigidade das necessidades de mao--de-obra suplementar das economias industriai_s d.e ta) .or-dem que n~ :r::ode haver ne_?huma compensaao .antmeti~a. No resta duv1da que a Gra-Bretanha re~ruta. hmdu~ ~ Ja-maicanos, a Frana, africanos, todos os pm~es mdustna1s .do Noroeste europeu, italianos, para det~rmmadas categonas de trabalhos. Trata-se, todavia, de efetivos da ordem de al-gumas centenas de milhar~s, s vze~ de milhe::s. Os ex.ce-dentes de populao da As1a, da Afnc~, ~a Amenca Latma podem ser estimados em dezenas de mllhoes.

    28

    CAPTULO II

    UMA NOVA REVOLUO INDUSTRIAL

    As .RELAES ECONMICAS E sociAIS, at a Segunda Guerra Mund1al, foram definidas em funo de tcnicas oriundas da 11tilizao da mquina a vapor e do alto forno. Com efeito (J trmo revoluo industrial torna-se cada vez mais impr~ prio, na medida em que se trata de uma fase de transfor-mao ~ontr:u.a e aceler~da e no d~ um simples acidente, por ma1s dec1s1vo que seJa na evoluao das tcnicas da eco-nomia e da sociedade. '

    bem ve~dade q.ue a introduo do carvo, da mquina a vapor, da siderurgia, da navegao a vapor e da estrada de ferr? sub_verteu as relaes sociais e gerou a sociedade 'ndustna_L ~ verdade, tambm, que a acelerao dos pro-gressos tecmcos aumenta as contradies e as oposies entre classes de produtores e classes de trabalhadores na medida ('m que a definio essencial da sociedade a d~ uma socie-dade de produtores, isto , de uma economia que trabalha, :111tes de t~do, para o equipamento, para a criao de meios d~ p~oduao . Mas surge outra contradio entre o progresso lccmco e o trabalho. E, nesse momento estamos em con-dies de perguntar se no se realiza outra revoluo por-

  • ao mdica apropriada, as condies de rompimento do equilbrio de uma populao estacionria. Em outros tr-mos, a revoluo industrial o duplo fruto do desenvolvi-m ento da cincia aplicada no domnio das tcnicas de mi-

    nera~? e,.metalurg~a e no ~a medi~ina. A "revoluo de-mografica teve aqm um carater particular, ao mesmo tempo que uma significao circunstancial muito importante. O fato nvo a brusca reduo da mortalidade, especialmente da mortalidade infantil, libertando o movimento ascensional impulsionado por uma natalidade que continua elevada, so-bretudo nos campos. Durante meio sculo, a Europa Oci-dental conheceu crescimentos naturais prximos a 1% por ano (~atalidade compreendida entre 25 e 35, mortalidade de 15 a 2b%c ). Esta presso demogrfica alimentou o nvo mer-cado de mo-de-obra, nascido com o desenvolvimento indus-

    tl~ial, e forneceu efetivos importantes (que diminuam me-dida que aumentava a procura da indstria) emigrao, a qual assegurou as bases da ampliao dos mercados indus-triajs e as f~cilida,d~s de abastecimento em matrias-primas e generos ahmenhcws para a nova sociedade industrial. Em

    segui~a, ste movimento moderou-se, em conseqncia da reduao geral da natalidade na Europa Ocidental (taxa m-dia de 15% entre as duas guerras mundiais), exatamente no momento (~no sem que ten~a havido algumas relaes de

    ca~sa e efeito) em que as pnmeiras grandes crises econ-micas provocavam o desemprgo e reduco do mercado de trabalho. ,

    1. CARACTERSTICAS ORIGINAIS DA REVOLUO INDUSTRIAL DO SCULO XIX

    O ~esenvolvim:=nto das novas indstrias: minerao, si-~erurgi_a, metalu~g1a pesada para pro,duo de equipamento mdustnal, de eqmpamento de obras publicas (estruturas me-tlicas de pontes), de equipamento de transporte (trilhos va-g_es, lo~om,otiv:as, n~vi_os), de g~indastes para as docas, po~tos, mmas, mdustna qmmiCa, nascida de transformao da hulha em coque para a siderurgia, a renovao das tcnicas das indstrias tradicionais como a indstria txtil, vm acompa-nhadas de poderosa mobilizao de mo-de-obra na indstria e nas novas modalidades de transporte. Somente na Franca a populao empregada na indstria passou de 4 600 000 em 1366 para ~proximadamente 8 milhes em 1911; o Imprio alemao, apos 1871, conheceu um recrutamento ainda maior 30

    de sua populao para as fbricas e minas. Em 1913 mais de 40 milhes de alemes em 65 milhes vivem do tr~balho de 10 milhes de operrios da indstria e de empregados em transportes martimos, ferrovirios e fluviais. Na Gr-Bre-tanha, a populao ativa empregada na indstria e nos trans-portes elevou-se, em menos de um sculo, de 3 para 7 ou 8 milhes. No total, a revoluo industrial mobilizou, na Euro-pa Ocidental, em duas ou trs geraes, mais de 20 milhes de operrios. A populao operria total eleva-se, s vs-peras da Primeira Guerra Mundial, a uns trinta milhes de indivduos, sustentando uma populao de mais de 100 mi-lhes de pessoas e dando um poderoso impulso ao desenvol-vimento das profisses comerciais. Em 1929, ano que pode ser tomado como o de maior plenitude de empregos resul-tante das caractersticas e processos especficos da primeira fa?e da industrializao da Europa, a populao ativa indus-tnal eleva .. se a aproximadamente cinqenta milhes de tra-balhadores e a populao que vive de salrios industriais a 200 milhes de pessoas.

    Os dois grandes fatos so, portanto, o crescimento rpido da produo de equipamentos e de meios de produo de deslocamento e de comunicao de tipo completamente nvo em relao s tcnicas e formas de vida do sculo XVIII e a formao de uma classe operria que, somente ela. tem Lantos representantes no incio do sculo XX quantos 'eram os habitantes no mesmo espao geogrfico um sculo antes.

    O primeiro dstes fatos introduz uma discriminao sem precedentes entre dois conjuntos de pases e de homens: aqules que fabricam e que possuem os novos meios de pro-duo, de comunicao e tambm de destruio e aqules que no os possuem e esto sujeitos, a curto prazo a supor Lar a lei dos primeiros. '

    O segundo tem como resultado uma reclassificao geo t~rfica e social das populaes. A indstria criada no sculo X~X sempre uma indstria geogrficamente concentrada, seJa condensada nas regies mineiras que lhe fornecem ener-!{ia (bacias carbonferas), mais raramente nas bacias de mi-nrios m etlicos (siderurgia lorena), ou tenha proliferado c ~m t~rno _de centros de convergnci~ de ~ransportes, que Lamb':m sao ~~rcad_os e cen.tr?s de fu1_anciamento. As po-

    pulaoe~ operanas sao, contranamente as populaes rurais, populaoes concentradas, populaces urbanas densamente co!llprimidas nos espaos industriais, nos conj~ntos de casas mmeiras e nos bairros operrios construdos rpidamente,

    31

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    no menor espao possvel c a .preos baixos. Ale rcvolu_o industrial o motor do crescimento das c1dadcs era o comer-cio e em 'alauns casos a iniciativa militar e administrativa do pbder. A partir da' m etade do sculo XIX, a cidade, n_a Europa Ocidental, passa a ser um pr~du!o do dcsen_volvl-mento industrial. Ou constitui uma cnaao total da mdus-trializao: as cidades das bacias mineiras da Gr-Breta~ha, as do Rur as da bacia carbonfera franco-belga, as clda-des da indstria txtil do Lancashire ingls etc., ou ento uma cidade antiga submerge na expanso de seus anexos industriais.

    As populaes oper~ias aglomeradas nos no_vos bairros operrios ou nas novas c1dade~ :_ndustnms ~onshtuem mas-sas, uniformes, dadas as cond1oes e rela~oes de . traball~o, dado 0 nvel econmico, o habitat. A soc1edade mdustr~al toma uma configurao radicalrr:-ente diferente, das ~oc~edades rurais anteriores e das soc1edades dos paises nao m-dustriais contemporneos. Mas ela vai ~ms~ar. s~us efetivos nas camadas rurais, que as formas de d1stnbmao _da renda nacional c a desigualdade dos inves~imentos_ de eqUtpa~ento castigam de tal m aneira, que se yeem ob~Igadas ao exodo.

    Uma organizao sempre mais co~pt~cada do ~ercad_o aumenta o nmero de empregos de dueao comerc1al e fl-nanceira. O Estado toma a seu cargo um nmero sempr_e m aior de servios. A populao ativa empr~g~da nas admi-nistraes pblicas, no setor privado. da~ at_1v_1dades _c0~11erciais e financeiras aum enta. Mas a d1stnbmao prof1ss1onal da populao d, sempre, uma prepondernc~a bem maior s atividades produtivas ou que contnbuam diretamente para a produo_ (obras pbl~cas, transportes) .. Entre 1926 e 1929, para o conJunto dos pmses da Europa Oc1dental, as popula-es ativas agrcolas, industriais e emprega~as e~ trans-portes representam 70 % do total das populaoes ativas (Es-tados Unidos da Amrica 66 % ).

    2. APARECIMENTO DE UMA NOVA SOCIEDADE INDUSTRIAL

    A crise da dcada de 1930 contribuiu para estim_?lar pes~ quisas - destinadas a reduzir os cust?s de produ_ao e pro-vocar aumento do consumo- com o flto de reduztr o t empo de trabalho e, em conseqncia, o nmero _?e trab':llhadores empregados para realizar_ uma dad~ produao. Ela maug~ra , primeiro nos Estados Umdos, depo1s na _Eu::opa, um peno_?o de novas transformaes dos processos tecmcos de produao,

    32

    que vo ser acelerados pelo esfro industrial ligado Se-l(unda Guerra Mundial e a suas conseqncias (guerra fria ~~uerra da Coria etc. ) . '

    Tdas as caractersticas da revoluo industrial do s-culo XIX vo ser postas de nvo em questo: o modo de mcorporaioo da quantidade e da qualidade do trabalho no processo de elaborao do produto acabado a natureza e a t'orma_o ~a m o-de-obra empregada, a proporo entre po-p~laao ahva d1retamente produtiva e populao ativa no d1retamente produtiva, os princpios e as modalidades de implantao geogrfica das emprsas e do desenvolvimento urbano, sem que estas modificaes levem a uma nova es-trutura da economia e da sociedade industriais. Estas trans-l:ormaes apenas do incio a novos processos, cujos pontos de chegada so ainda difceis de definir, mas dos quais j se sabe que so profundamente diferentes na essncia e na eficcia, daqueles que os precederam. '

    _ Primeir o_ t em a de transf~:mnao: o m odo de incorpora-(;ao da quantidade e da qualidade do trabalho nos processos de elaborao dos produtos acabados. O t cmno de trabalho exigido para as operaes brutas de produo no mais se compara com os tempos de trabalho exigidos h vinte anos pelas mesmas operaes. Esta reduci..o denominada aumen-to da produtividade - ou melhor, "do rendimento - do tra-balho. Mas a condio para essa tnmsformaco o inves-timento de capitais e de trabalho, inclusive um" trabalho alta-me~te qua!iiicado de pesquisa para a realizao de novos t:news m ecamc?s cl~ produo. A diviso do trabalho para fabncar um obJeto e cada vez mator, mas de agora em diante ela se efetua em vrios nveis tcnicos e funcionais diferen-tes, geralmente dentro de emprsas igualmente diferentes. Assistimos a uma espcie de proletarizao dos fabricantes d.e pro?-utos aca)Ja~os em relaC? s emprsas poderosamente fmanc1adas e ~ecmcamente mUlto bem equipadas, as quais produzem ou tn'l.:cntam os novos engenhos e os novos pro-cessos de fabricao.

    . Muda a m;turez~ da mo-de-obra empregada. A unifor-mldade proletana da lugar a uma sociedade industrial cada vez mais hierarquizada, embora conservando-se fundamen-talmente dependente da posse do capital pelos "mestres-de-

    -~?ras", muito mais do que no passado, dado o aumento fre-quentemente gigantesco do volume dos investimentos neces-

    sr~os. Esta nova ~ociedad~ industrial conta sempre com mais quadros e mms pesqmsadores de alta especializao,

    33

  • j

    recrutados entre os a~u_nos sados das U~iversidade~ ;e das grandes Escolas espec1ms, com qu~dro~ med1os proven.entes do ensino tcnico aps uma escolanzaa~ de pelo menos one anos e com opernos suj eitos ~ ?:eer~oes de com:ndo e ~ contrle que exigem grande vigllancw, mas, em t~o~a , me nores esforos fsicos e movimentos. Os trapal?os n c::o qua-lificados so trabalhos de condutore,s d_e maqumas simples. Continuam a exigir aes desagradaveis a:eenas em algu~s setores cada vez mais limitados da construao, das obras pu-bl'cas das minas. Existem cada vez menos pessoas, nas so-ci~dacles industriais, que queiram faz~r s~es tra~a~hos , que passam a ser, em todos os grandes pa1ses mdu~tnars, ~raba~ lhos de imigrantes. A estrutura da socied":de 1~dustnal f01 alterada profundamente. A melhor ~rova disso e que os con-flitos do trabalho no so mais con_:Irontos en~re o proleta-riado e um patronato tradicional. Estes confhtos poem em questo 0 problema global da distribuio das ren~as da produo entre a rend.a dC? cap~t_al, o orame11:to. ~o ~stado e um conjunto bastante d1versiflca~o d.e proflssw:0a1s, que recebem remuneraes bastante desiguais em funao de sua posio no esquema tcnico da emp:'sa o~ d.o complexo de emprsas complementares e de ser~nos pubhcos. .

    Os trabalhos de pesquisa - mclusive os de pesqms.a pura, indispensvel para ~lim~ntar ~e temas novos a pesqm-sa aplicada -, as operaoes fmanceir as ,cada vez mms com-plicadas simplesmente por causa do .desdobramento ~os ~ro: cessos industriais em esquemas mais complexos a 1pteg~ar grande nmero de emprsas. diferentes e a yers~r sobre m-vestimentos com prazo desigual de am_?rtlzaao, m~s . em geral long?, a di\.:ersifica_o das PEoduoes a comerc.lahza~ e a necessidade d e uma mformaao sempre mms ~lfer~~ ciada sbre a evoluo da oferta de produtos e a ~Ivers.Iflcao de meios de produo so, entre o_utros, fat~r~s Im-portantes de desenvolv~me_nto de n~vos t1pos de atlvid~de~ profissionais, indispens~v:e1s ao eqmp~m~nto . dAas empresa., das operaes industn ms, mas que na? mter v~m c~ncretamente nos processos de produo. A senedade d

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    -7- / ;/ /_ rA i I - - - - -/ -I I I ,f D 'c::/ 7 I I ! ' f I /, I I / ' / / _, I I I FIG_ 3 a. - Produo mundial de energia em 1913

    Tdas as fontes de energia convertidas em equivalentes-hulha. Ctfras em milhes de toneladas de equivalentes-hulha

    FIG. 3 b.- Produo mundial de energia em 1963 Tdas as fontes de energia convertidas em equi valentes-hulha. Cifras em milhes de toneladas

    '-"> de equivalentes-hulha -..;)

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    na f brica, e dos futuros oper rios no se ex ige outra pr e-parao alm de uma correta instruo pr imr ia elementar. A evoluo tecnolgica do sculo XIX consiste, essen cial-mente, em reduzir a complexidade dos m ovimen tos e gestos, com uma maior diviso do trabalho e com uma estandardi-zao das operaes (taylorizao, t r abalho em cadeia, cro-nometragem das operaes etc.). Os rendim entos do t r a-balho aumentam, sobretudo nas grandes fbricas organizadas segundo mtodos elaborados n a Amrica, m as n o ex iste alterao propriamente dita na essncia do trabalho, que permanece sendo um conjunto - decomposto em gr ande nmero de unidades elementares - de gestos que contri-buem diretamente para a elaborao progressiv a do produto fabricado. "Trabalho em migalhas" Ol , mas deix ando perce-ber, na gra~de maioria dos casos, o efeito do gesto pr odu-tivo. A mquina ou a mquina-ferramenta sem pre, como seu nome indica, um instrumento que aumenta a eficcia do gesto do operrio, introduz, entre seu impulso e seu efeito , o multirilicador da aplicao da energia m ecn ica, mas con-tinua a fazer o trabalho de uma "ferramenta".

    Em menos de meio sculo, por uma sucesso de muta-es bruscas, vemos surgir novas fontes de ener gia, novas matrias-primas, uma quantidade cada vez maior de produ-tos fabricados, que se vo eliminando reciprocamente por meio de processos de concorrncia tcnica e comercial em que o vencedor quase sempre a indstr ia qumica. A m -quina deixa de ser um simples auxiliar do h omem para trans-formar-se num substituto do homem e, em casos extrem os, ultrapass-lo, realizando operaes que le incapaz de fazer no prprio domnio dos mecanismos e criaes da intelign-cia (ordenadores eletrnicos). O espao conquistado nas trs dimenses por meios de comunicao e de r elao que tendem para a instantaneidade (deslocamentos e com unica-es com velocidades supersnicas) . Na m edida em que o homem inventa e constri mquinas que ultrapassam de longe seus prprios ritmos de realizao e de trabalho, a prpria noo de trabalho posta novamente em questo.

    1. MOBILIZAO DE NOVAS FONTES DE ENERGIA E DE NOVAS MATRIAS-PRIMAS

    Em 1913, o conjunto da indstria mundial assentava-se num consumo de 1 213 milhes de toneladas de carvo. A Amrica do Norte produzia menos de 550 milhes de t oneladas, a Eur opa Oci-

    (1) G. FRIEDM ANN, Paris, 1956.

    38

    dental aproximadamente a m . . ~~np~~~o~lo malis de 100 milhe~sd: t6~~1;daasdeo, o resto do mundo . eo e evava-se a consumo mu d' 1

    pamg:to !:lidreltrico dav~~:e~ss ~r7 IT_1 ilhes de toneladas e 0 ~q~~de do~~qbD~t_a andos mais tar de, o ~~~~~!,~s~: no _N _?rts dos Alpes. ind . oes. e toneladas - ~a.t v ao e da ordem me;:;~r~l qtue ef mais do dbro d.f~: 1~~a defl

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    , . f t de energi.a com relao - Reduo do pso da maten~t~;\!ves de petrleo, dos quais

    potncia clesen??olvtda. - Os f?d o na aviao 0

    querosene, 0 mais conhecido, POf s~a. uI Iza om relao a ;eu pl\so. Oscar-desenvolvem U!fl!l potencia Imensa cro ulso dos foguetes e das n~burantes ~spec:ms empregad?Ja~~ ~in~a maior. So obtidos rendi-vcs espaciais tem uma capacl ados a partir do urnio, sobretudo mentos teric?s, bem mars t/v -o total (urn io 235) , mas a van-em forma de. J.sotopos d~ u .. I tha~~co neste caso, contrariada pe~o tagem energetlca do ma erra -o c~ntra as r adiaes. Se o uramo pso dos revestimentos.d~ pro;e

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    Enquanto as produes minerais clssicas quase que c~obraram em 10 ou 15 anos (1948-1963) - ferro, mangane?, cobre, cromo, chumbo, nquel ... - a procura de cobalto }r_l-plicou, o consumo de alumnio quadruphcou, a de magnes10 val"iou , segundo a conJuntura e os preos do m ercado , de 1 a 10 .

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    FIG. 4 c. - Evohto da produo de ao d e 1913 a 1964

    2. A DIVERSIFICAO DOS PRODUTOS E A IMPORTN CIA CRESCENTE DA QUMICA

    A lista de produtos industriais aum enta constantemen~e. No somente 0- nmero de peas que intervm n a construsao de uma m quina ou de um aparelho - e em _ seu conserto

    aumenta em fun o da crescente complexidade das fa-

    44

    bricaoes e dos efeitos da concorrncia. mas tambn:t o ca-tlogo de produo de uma determinada indstria torna-se, a cada ano que passa, m ais completo.

    Dois fatres intervm nesta proliferao da produo: a ~?mphcaao , dos processos de fabricao industrial, que utlhzam um numero sempre m aior de ferramentas de pro-du_o, e _o aumento do nmero de produtos industriais postos no c1rcmto dos bens de uso coletivos ou individuais: mate-rial de transporte, aparelhos domsticos, equipamento para residncias, comrcio, escritrios . . .

    No plano tcnico, o uso da eletricidade contribuiu par-ticularmente para a diver sificao e a vulgarizao do em-prgo da m quina, porque permite acionar, a qualquer ritmo, os m ais diver sos m ecanismos, indo da mquina r egistradora a? aparelho de t eleviso, do or denador geladeira, mas tam-bem do eletr om de grande potncia ao mais simples dos aparelhos de contrle. Mas o papel mais importante cabe qumica que,_ P?r . suas qualidades de sntese, forma, prti-cal;nente ao 1~hmto , novos corpos, conforme as aplicaes p1_:at1cas 9-ue deles decorrem . A qu1m1ca moderna por pouco na o reahzou o sonho dos alquimistas da Idade Mdia ao elabor ar as matrias industriais mais diversas a part: de produtos de base os mais comuns, como o carvo a linhita o p~trleo , o _gs, na~ural ?u . a rr:adeira. A ve:dadeira origi ~ nalrdade da mdustna qmm1ca e que ela esta presente em tod?s os processos de fabricao e fornece produtos de u so ou m strumentos de produo a tdas as atividades humanas de uma civilizao tcnica. No exist e separao tecnol"ica entr~ a qumica e a metalurgia diferenciada; a qumica'"in-tervem em todos os processos de purificao da energia est prese~te no trata!ll~nto do petrleo, dos gases, como n~ ela-bor_aao das _condroes de produo de energia atmica . Por mew dos do1s grandes ramos de colorantes e deter O"entes e da fabricao de matrias plsticas, a qu mica pen~tra em to,dos os gArau~ da vida quot!diana, s~~ge, primeiro, nas in-

    ~ustnas texte~s como substanc1a aux1har na preparao de tmturas e polimentos. Hoje em dia, ela se coloca entre os fornecedores de matrias-primas. Amplia constantemente seu merc~d

  • iniciativa do produtor menos aparece, dada a riqueza de recursos das t cnicas e dado que a oferta pode sel' &rande-mente diferenciada em espcies de produtos e, tambem, em preos de fornecimento.

    3. NOVAS TCNICAS DE PRODU...O

    provvel que o perodo ::tual ven_ha a ser ca:acteri-zado, sobretudo, por uma muta~o ~ssencial ?as r elaoes res-pectivas entre o homem e .a m aquma .. s~ e _verdade ,qu~ o operrio tem, sempre; tem:do ,que a uhhzaao da maquma o reduza ao desemprego, nao e menos _yerdade que as rel~es entre o homem e a ~quina estao mudando. A J?~quina do sculo XIX ~eduzm a som~ de ~r.ab~lho nece~sano para realizar detennmada taref~~ s1mpllflcando, a ~ao do homem e aumentando sua capacwade. Mas a m aquma con-tinuou sendo sua auxiliar. Sem a presena do homem, ela era inerte e sem eficcia.

    Atualmente, processos co:np~etos de p~od~o ou ~e ma-nipulao so confiados Il!aquma. O propno controle ~as operaes mecanizadas feito por aparelhos. O hom~m m-tervm apenas de longe para telecomandar as operaoes de encadeamento e de desencadeamento dos processo~ meca-nizados. igualmente avisado distncia, por. teietrans-misso, dos incidentes que podem acontec;~. TIVemos de-monstrao disso no contrle re~oto dos satehte~ e _das p.av~s espaciais, at mesn1o fora. do ecumen_o. Mas~ t ec.mca, e ~ph~ cada diriamente nas mais recentes mstalaoes. s1~eru~g1cas, em grandes desvios de_ estradas ~e. ferro, na mdustna :m~cnica ... e em operaoes burocratlcas bastante conhec1dc.s com o nome de antomatiza,o.

    Podemos lembrar duas formas expressivas de ~u.tom~tizaco: o emprgo das mqninas-fermmenta

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    automatizao lucrativa. Nesse a produtivid~de ~resc~ muito menos rpidamente. Sobretud?, a a':ltomatlzaao ex1~e um nvel tcnico e uma reserva de mvestlmento que constitue~, como tambm para a pesquisa atmica, pTivilgio das socw-dades mais intensamente i.ndustrializadas.

    Sero estas sociedades as primeiras a terem que resolver os problemas coloc~d?s pela ne~essi,dade de ~r~entar para novos setores de atividade - nao somente atividades I?ro-dutivas mas tambm atividades de consumo, que atraiam novos processos de produo e de servios -:- o tempo dis-ponvel de uma populao liberta das antigas forl?as de trabalho. Keocapitalismo, para uns, passagem do socialismo ao comunismo, para outros? O problema .tem seus as~ec!os e suas incidncias doutrinrias. Para o geografo de hoJe, ele exige uma discriminao atenta entre pases para os ~uais a automatizao pode provocar, a curto prazo, numerc:_sas mutaces na geografia da produo e do consumo e. aqu_eles pases que, estando ainda muito longe de poder :;tssimlla-.la, tero que procurar formas diversas .de colaboraao e de 1:1-tercmbio com os pases mais mecamzados. Em v~rda_de, sao mal calculadas as conseqncias de ui?a autoi?ati~aao, pr~matura - alis perfeitamente improvo.vel devido a aus~nc1a de fundos para investimento - nos. pases qu~ regurgltam de mo-de-obra desempregada e CUJa populaao dobr~ e_m um gerao. Para dizer a verdade, nunca o mundo fm tao profundamente diferenciado, enquanto tantas coisas se uni-formizam ...

    48

    CAPITULO III

    FRACASSO DO IMPERIALISMO DO SCULO XIX

    OMUNDO TOMA, hoje, conscincia de sua exigidade, exa-tamente no momento em que acabam de desaparecer os ltimos vestgios do primeiro ensaio de unificao do pla-nta, tentado em proveito e sob a autoridade dos pases que primeiro se industrializaram. Por tcla parte os problemas polticos interferem com aq ules que so colocados pela ex-ploso demogrfica e pelas transformaes ela tcnica. Mas mesmo stes decorrem, em grande parte, do malgro de um grande sonho mundial que foi pretender fazer do mundo um grande imprio anglo-saxo ou, a rigor, um condomnio da cntente cOTdiale. A Europa perdeu sua preeminncia. O nvo herdeiro dste poder, a Amrica do Norte, renunciou esperana de realizar o sonho anglo-saxo, porque a revo-luo socialista estendeu-se a grande parte do globo e um dos dois ou trs grandes problemas do presente o da pro-cura de um nvo sistema de relaes com os antigos pases coloniais em busca de um equilbrio poltico, econmico e social, difcil de ser encontrado.

    I. - O declnio da Europa e a entrada em cena dos Estados Unidos

    1. A GNESE DO SISTEMA

    A revoluo industrial abriu perspectivas novas para a Europa elo sculo XIX. At ento a conquista de meios de transporte em escala mundial pela materializao das des-cobertas e das tcnicas postas em funcionamento com as

    49

  • "grandes descobertas martimas" dos sculos XV e XVI re-sultaram apenas numa economia mercantil, que explorava ao mximo o carter de produtos Taras dos produto~ exticos, a tal ponto que era apreciado tudo o que podia contribuir para manter a escassez dsses produtos.

    O desenvolvimento da inctstria criou novos meios de transportes e de circulao, que substituem relaes aleat-rias por meios de comunicao cada vez mais regulares e mais numerosos. No se trata mais de jogar com a difi-culdade, mas de explorar a facilidade de transporte entre os continentes. Ora, esta possibilidade de uma nova forma de explorao correspondia, desde a segunda metade do sculo XIX, a uma srie de necessidades. As bases tcnicas do desenvolvimento industrial existentes na Europa torna-ram-se logo demasiado exguas para permitir a acelerao do ritmo que a acumulao de capitais e, em muito setores, a abertura de novos mercados estimulavam.

    Foi necessrio procurar fora da Europa novas bases de minrios, produtores de matrias-primas que o velho con-tinente no mais era capaz de oferecer em quantidades su-ficientes. A concorrncia, que supe a reduo dos custos de produo a fim de assegmar aos produtores uma margem substancial de lucro, exige a procura dos mais baixos preos de produo, tanto para as matrias-primas industriais quan-to para as mercadorias cujo preo pesa sbre os salrios e, por um outro processo sbre os custos de produo industriais. A economia europia foi levada, pela prpria lgica de sua organizao, a procurar fora da Europa os fornecimentos de produtos no elaborados a baixo preo. Com efeito, as lutas sociais que se seguiram industrializao, a necessidade de conjurar os riscos de cri 'S pelo aumento do consumo na-cional, aumentaram, agressivamente, o custo da mo-de--obra, sobretudo nos ases mais industrializados. Apesar de uma forte distorf.b entre a remunerao do trabalho in-dustrial e a do trJlbalho da terra, elevaram-se os preos dos produtos agrcolf~de stinados indstria, como o linho, a l, as oleaginosas, u alimentao, como o trigo e a carne. Essa elevao f i tanto maior quanto a industrializao fa-voreceu simult eamente uma "revoluo demogrfica" e a concentrao de ma proporo crescente de consumidores nas regies industriais mais fortemente urbanizadas. No fim do sculo XVIII, 25 milhes de franceses, 12 milhes de inglses viviam, em grane parte, em regime de autarcia 50

    camponesa . O comrcio dos produtos agrcolas limitava-se a pequenas parcelas das colheitas. Um seculo mais tarde havi

  • A realizao dsses trs t~p_os de_ operao: :riao d.e condies de produo de matenas-pnmas e de g~ner?s ali-mentcios venda de produtos manufaturados (nao so pro-dutos de ~quipamento como. material para estradas ~e ferro , construo de portos, de cidades modernas e, mms tarde, obras de eletrificaco como tambm produtos de uso e de consumo), investimento e fundao de ~iliais indu~tr~a~s ,. r~queria condies polticas que de~sem l.Ivre curso as miciatl-vas e garantias de segurana aos mvestimentos. A ordem eu-ropia deveria ser estabelecida nos pases integrados no espa-o geogrfico da economia europia. Dependendo ~as forr?-~s de organizao poltica de cada pas , os Es~ados ~ndustnais europeus conceberam e experimentaram tipo~ ~Iversos ~e relaes que lhes permitissem realizar ~eus ob]etlv'?s econo-micos. O mais radical o que se baseia na conq~usta e na apropriao pura e simples: Este tipo apresenta ?o.ls gran~es inconvenientes: em pnmeuo lugar, eleva ao maximo a VIr-tualidade dos conflitos nacionais entre os pases dependentes e a "metrpole" colonial; em segundo lugar, p ro_voca uma competio entre Estados eAuror:eus p~la ap~opnaao dos ter-ritrios de ultramar. Aquele tipo fm cons1derado como ne-cessrio naqueles pases em que no existiam g~werpo~ res-ponsveis capazes de garantir libe:dad~ ~e aao tecms_a e econmica aos europeus, ou onde nao ex1sha nenhuma fora poltica disposta a faz-lo e suscetvel de ser lev~da ao P?der por uma r evoluo adequada ~ _oportuna. _Assim surgira.m as r elaes propriamente coloma1s que do!llmaram, na .As1a, a nd1, a Insulndia, a pennsula indo-chmesa, na Af~-Ica, a Arglia e quase totalidade do continente ao sul do Egito, ;Ja Etipia e do SaarJ-( na Am:i~a , as Guianas . A :nesma for-mula foi aplicaqa aos terntonos sem yopulaao, onde a apropriao oy' era acompanhada, no seculo XVIII, de UI? incio de operaes de povoamento pelos europeus: C~nad:; , Austrlia. A i/egunda frmula era a do protetora.d'?, Isto_ e, a tutela de um govrno nacional e de sua adm:._ms~raao, mais ou mends controlada e melhorada pela potencia pro-tetora. Aps -~ Primeira Guerra Mundia~ ~oi crjada u.ma variante sob a ~orma de m andatos de admmistra.ao terr~t
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    outro lado, as rivalidades profundas e dramticas entre os protagonistas da revoluo industrial, as grandes potncias industriais europias. A Europa favoreceu o desenvolvimento dos Estados Unidos, pois, durante um sculo, foi seu melhor cliente, fornecendo-lhes, pelo menos inicialmente, os homens. as tcnicas, os capitais para a mobilizao de seu potencial econmico. Os Estados Unidos no podiam atender de-manda da Europa sem assegurar seu equipamento. les tra-balharam simultneamente para o mercado e para si mesmos e tomaram conscincia de uma situao excepcional fei ta de riquezas naturais e de extraordinria liberdade. Ambos os elementos desta situao guardam. alis, certa relao entre si. Advm, em graus diferentes, de ser a Amrica r elativa-mente jovem em relao Europa. No fim do sculo XIX, falava-se comumente de "pases novos" com relao aos es-paos continentais que a Europa tinha psto a seu servio, ao equipar e povoar terras livres na zona temperada, a fim de assegurar melhores preos para seus fornecimentos, de produtos no acabados e semi-acabados. O que se queria, essencialmente, dsses pases novos era que seus custos de produo fssem muito mais baixos do que os preos euro-peus. Uma vez que a natureza ajudava, no houve hesitao em fazer os necessrios investimentos, com o fito de r ealizar sses custos de produo. Foram estabelecidas, formadas, mo-bilizadas condies materiais de primeira ordem, cuja impor-tncia na preparao dos lucros da economia europia era bem difcil de limitar indefinidamente. Alis, por um lado, as concorrncias internas da Europa perturbaram um siste-ma que s estava seguro na medida em que mantido sob uma nica dire-o e, por outro lado, a necessidade de aban-donar parte do ucro aos colaboradores de base criou condi-es para um apitalismo independente nos pases novos. e isto aconteceu ainda mais rpidamente porque as condies naturais perm tiam realizar, na agricultura e na explorao de minrios, t xas de lucros elevadas.

    A domina o do mundo pela Europa, por iniciativa dos capitalistas an o-saxes, seguida e invejada com incontes-tvel grandeza :rela Frana e pela Alemanha, contribua infalivelmente pa~a dar seu brilhantismo beHe poque. A Primeira Guerra ~ndial, conseqncia e revelao dZJ.s con-tradies internas do-capitalismo europeu, consagra a perda da preeminncia mundial da Europa. Dois grandes aconteci-mentos j esboavam uma nova imagem do mundo: a as-54

    ----~-----~~- -----------~----------------~-------~=.-,

    censo dos Estados Unidos, detida em 1930 por uma crise cujos ensin~mentos inspiraro uma nova poltica ao capita-li~mo, e a cria~~ de uma economia socialista em condies, nao raro dramatlcas, mas com uma continuidade inegvel, a da U. R. S. S. A decadncia do poderio de seus senhores no podia deixar indiferentes os povos coloniais a cada dia ~ais num,ero.sos e se.duzidos pela possibilidade, p~ra alm da mdependencra, de tJrar vantagens da poltica de emulao e .de concorrncia ~ur:,dial do~p~otagonis~as dos dois grandes SIStemas de orgamzaao econom1ca e soc1al, que se desafiam no mundo atual.

    2. A HORA AMERICANA

    A Primeira Guerra Mundial fra mais que uma guerra de esgotamento dos recursos da Gr-Bretanha, da Alema-nha, da Frana e de seus aliados. Foi a revelao da diviso e da fragilidade da Europa. Foi, tambm, um poderoso esti-mulante para a economia americana, chamada, em primeiro lu?ar,. a contribuir com sua ajuda para uma luta que, pela pnme1ra vez, tomara a forma de uma guerra industrial e log? a seguir, para realimentar com gneros alimentcios ~ mews de produo financeiros e materiais aquelas economias qt:e t inha~? sido duramente atingidas pela guerra . A econo-mia amencana recebeu um impulso excepcional e a certeza de que, doravante, podia superar individualmente, e mesmo globalmente, aquelas economias que tinham sido favorecidas por ela e das quais ela era fornecedor e banqueiro.

    Dois avisados observadores dessa conjuntura Albert Demangeon e Andr Siegfried, sentiram e analisarm indi-vidualmene e em t rmos diferentes, essa reviravolta' deci-siva_ na histri~ do imperialism?1. E~ta construo anglo--saxa de que P1erre Leroy-Beauheu fez as melhores descri-es na. Frana, esta construso, que teimaram em copiar e co:r;tranar. fr~nceses e alemaes, apenas deixava para trs, apos a pnmerra guerra, uma carcaa vazia. Seu contedo evaporara-se durante a guerra. Os capitais investidos fora da Europa tinham sido alienados; os mercados europeus a co-mesar J?el? mer~ado ingls do carvo, e~ta':am perdidos. A mdustna 1aponesa ocupava o lugar da mdustria inglsa no Extremo-Oriente. A "vitria" era a derrota do sistema mun-

    ( 1) A. DE~ANGEON. Le d clin de I'Europe, P aris, 1920; A. SIEGFRIED, La cnse de I'Europe, Paris, 1935.

    55

  • dial da Gr-Bretanha e da Frana. A entente cMdiale obti-vera uma vitria de Pirro. Tinha vencido, mas perdera todos os elefantes. .. -

    O fato mais surpreendente e mais nvo nessa conjun-tura que o principal beneficirio, os Estados Unidos, tor-navam-se no smente a primeira potncia econmica do globo, mas se inseriam to profundamente na economia euro-pia, que suas dificuldades iam tornar-se dificuldades gene-ralizadas e, por isso, a crise americana da dcada de 1930 iria repercutir trgicamente nas economias europias, tanto entre os vencedores quanto entre os vencidos de 1918. Em geral, foram muito mal calculadas as conseqncias desas-trosas da guerra de 1914-1918. A economia europia foi, literalmente, esvaziada de seu contedo, de tal modo que nenhuma recuperao foi possvel, tanto do lado dos Aliados quanto do lado da Alemanha, sem financiamento americano. Mas, em compensao, a crise americana ps novamente em questo tda a economia europia e tal fato est relacionado com o avano obscuro e progressivo em direo a uma nova catstrofe, que desvalorizar ainda mais a economia europia.

    Os Estados Unidos tomaram conscincia de suas possi-bilidades exatamente no momento em que o mundo ficou vago devido concentrao de todo esfro tcnico e eco-nmico dos pases que realizaram a revoluo industrial sbre uma operao de seleo que se revelaria, no final das contas, intil: a destruio de mais de cinco milhes de ho-mens apenas no setor ocidental e a devastao de regies inteiras no terminou com a eliminaco de um dos rivais de 1914 e nem mesmo modificou sensivelmente a correlaco de fras. o esfro de participao na guerra permitiu aos Estados Unidos eliminar algumas das barreiras que bloquea-vam sua economia. Setores importantes do mundo tornaram--se acessveis s suas mercadorias e a seus servicos ou os soli-citaram. A indstria americana parece atingir a' prosperidade por volta dos anos 1928-1929. Ao mesmo tempo que primei-ros produtores mundiais, les se tornaram os banqueiros da Europa, com uma poltica ecltica, pois financiaram tanto a restaurao econmica da Alemanha quanto o reerguimento das economias aliadas. A Europa, especialmente os vencedo-res de 1918, conservam, aparentemente, a direo poltica e administrativa dos imprios construdos no sculo XIX. Mas as dificuldades internas agravam-se ainda mais consideran-do-se que ao seu carter especfico se acrescenta a perda de influncia das metrpoles, por muito tempo desviadas de 56

    suas funes de vigilncia, obrigadas a recorrer aos contin-gentes "coloniais" para garantir a salvaguarda de sua inde-pendnc~a e de sua supremacia. Albert Demangeon, j em 1922, assmalava a fragilidade do Imprio Britnico sobretudo a fragilidade da so~erania da coroa sbre as ndiad. Ora, esta Europa, enfraquecida em suas construes do sculo XIX tornou-se scia da economia americana. Seus mercados s~ direta ou indiretamente alimentados por crditos america-nos. A crise americana , a curto prazo, uma crise europia - e mun_?ial. As Blsas de Londres e de Paris seguem Wall Street, s~o suspensas ,as listas de pedidos das emprsas, o desemprego europeu e um eco do desemprgo americano. Mas, P.ara os pases subordinados Europa, a crise traduz-se em cnse de prestgio europeu. A Amrica sai ganhando tanto na crise quanto na prosperidade. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos tm necessidade, a fim de se defenderem de novas recesses (sinnimo de crises desde 1938 a fim de co:hj~rar na opinio pblica o ~feito de pnico da' palavra), de cnarem novos mercados mms para a colocao de capitais do que vender seus produtos. Preocupam-se tambm em poupar para as horas difceis seus recursos bsicos (~inrios metlic~s, fontes de energia, inclusive o urnio). Tor-nam-se coT? Is~o, concorrentes da Europa como compradores no mundo mteiro de produtos de base, que permitem reduzir o ritmo de explorao de seus prprios recursos. E, em certos casos - principalmente no caso do petrleo - suas organizaes tcnicas e comerciais permitem-lhes in~inuarem-se como intermedirios entre o produtor asitico ou sul-americano e o consumidor europeu. Os investimentos an;.ericanos no se limitam aos pases no industriais, pos-smdores de bases de produo de matrias-primas ou de fonte~ ?e energia. les in!er":'m, igualmente, nos pases in-dustnais. europeus. Contnbmram de maneira decisiva para o reer:gmme!lto da economia alem aps a Segunda Guerra Mundial. E grande a competio dles no domnio das i~

  • por excepcionais condies ~a!urai~,. e economias j e::~elhecidas e limitadas por cond1oes fls1cas e pelas consequen-cias de heranas histricas.

    II. - A revoluo socialista

    A inaugurao da concorrncia entre Estados Unidos e Europa, a afirmao do poderio tcnico e econmico ameri-cano e a criao de economias socialistas constituem os fatos dominantes do perodo 1913-1950. Esta representa, dentro do mesmo sentido, um golpe decisivo contra a emprsa mono-polista iniciada pela Europa ~o fim _?o ~cul? XIX em escala mundial. Em verdade, em c1rcunstancws nao raro confusas e contraditrias, as relaes comerciais foram interrompidas ou considervelmente reduzidas entre os pases de economia capitalista e os pases de economia ~ocialista, .a tal po~to. que tudo se passa como se a implantaao de regimes soc1ahstas reduzisse o nmero de pases objeto dos mercados interna-cionais. Ao mesmo tempo, o equilbrio de fras entre os Estados modifica-se com o surgimento de novas economias industriais ou em vias de industrializao acelerada. No pe-rodo de entre-guerras, o setor socialista identificou-se com a Unio Sovitica: 170 milhes de habitantes pelo censo de janeiro de 1939, e uma economia industrial ainda modesta. Aps a Segunda Guerra Mundial, o setor socialista esten-deu-se para ambos os lados de uma Unio Sovitica oue revelara e aumentara seu poderio. Na Europa Oriental e Central o socialismo engloba oito Estados, totalizando 120 milhe~ de habitantes. Na sia, a China popular, a Mon-glia exterior, a Coria do Norte, o Vietn do Norte _POssu~m mais de 750 milhes de habitantes. Apesar das d1ssensoes tericas entre a U. R. S. S. e a China, o conjunto dos Estados socialistas forma um aglomerado bem distinto dos pases capitalistas e se apia em mais de um bilho de indivduos, ou seja, aproximadamente um tro da populao do globo. Mas as diferenas so importantes no interior dste grupo.

    1. A CRIAO DE UMA ECONOMIA SOCIALISTA SUAS CARACTERSTICAS

    A revoluco de 1917 rompeu a unidade econmica e social do mundo contemporneo, ao instaurar novas formas de desenvolvimento e de relaes sociais. A U. R. S. S. 58

    liberta-se da subordinao econmica e tcnica da Europa Ocidental, empreendendo, em condies bastante difceis, a construo de uma economia nacional. Para tanto, aplica, a partir de 1928, planos a curto prazo (cinco anos, tendo o pnmeiro se realizado em quatro anos e o ltimo, se conver-tido em plano setenal, 1959-1965). Salvo quanto a quantida-des mnimas de produtos, materiais e servios, escapou tanto Europa quanto aos Estados Unidos a oportunidade de ven-der equipamentos aos podres do antigo Imprio russo em processo de industrializao.

    Apesar do ceticismo que acompanhou a faanha sovi-tica nos pases capitalistas no perodo que precedeu a Se-gunda Guerra Mundial, a Unio Sovitica recuperou o grave atraso tcnico do Imprio Russo e rpidamente se aproximou dos padres e quocientes de produo industrial dos pases mais avanados. A guerra de 1941-1945 revelou esta pujana, mas conteve violentamente seu desenvolvimento. Depois da guerra, a construo do socialismo, tendo como leitmotiv a preparao da passagem do socialismo ao comunismo, reto-mou um ritmo que se acelerou rpidamente. A Unio Sovi-tica beneficiou-se com a ruptura do isolamento de sua econo-mia, que integrou, em seu espao econmico as Repblicas Populares com a criao de um mercado socialista interna-cional (Conselho Econmico de Ajuda Mtua). Surgiram, ento, disparidades, e mesmo contradies, no seio do con-junto dos pases socialistas.

    A primeira conseqncia da criao de economias socia-listas est em ampliar o domnio geogrfico dos pases indus-triais. O primeiro objetivo dos esforos tcnicos e econmicos dos pases socialistas, a comear pela Unio Sovitica no perodo 1917-1939, est em criar uma poderosa indstria denominada "pesada", capaz de fornecer meios de produo a todos os setores da economia nacional. A criao do mer-cado socialista permitiu, sobretudo aps 1955, limitar o es-fro global de cada pas com a organizao do sistema de complementos e de trocas baseadas nestes complementos. Mas o objetivo almejado a implantao das bases tcnicas e econmicas de uma sociedade industrial nova em escala universal dentro do setor socialista. A importncia da eco-nomia chinesa e as divergncias de pontos de vista sbre a maneira de construir e de fazer respeitar o socialismo reco-menda tratar separadamente, no momento atual, de um lado o caso da Unio Sovitica e das Repblicas Populares euro-pias e, de outro, o problema dos pases socialistas asiticos.

    59

  • 'rrata-se, do lado europeu, de uma. ec_?nomia. in~ll;strial com uma populao de mais de 300 mllhoes. d~ mdrvrduos, onde se produzia, em 1913, menos de 10. mi~hoe.s de ;toi?-e-ladas de ao, muito pouco cimento e a mdus~n~ qmmr.ca ainda estava em sua infncia. A uma economia mdustnal embrionria, limitada a alguns pontos de imp~c~o. das e~prsas ocidentais (Donetz, Petersburgo, Alta Sllesra, baci
  • naqueles setores antes entregues exclusivamente economia pri-vada (construo de habitaes, por exemplo). Resultam disso fe-nmenos de convergncia com o socialismo na esfera da organiza-o, apesar da diferena de objetivos.

    O segundo tipo de problemas est relacionado com o poderio, principalmente com o poderio militar dos dois campos, pois, aqui, convm que usemos o trmo "campo". Na medida em que os pases socialistas e, sobretudo, a Unio Sovitica, atingirem um nvel eco-nmico e tcnico que os tornem capazes de igualar ou superar o poderio dos mais equipados dos pases industriais, stes se consi-deram obrigados a consagrar uma parte crescente dos investimentos a despesas, em parte improdutivas, de prestgio e de fra estra-tgica. No cabe aqui insistir sbre o carter dramtico e absurdo dessa competio na produo e no armazenamento de meios de destruio global da humanidade. De um lado e de outro, ela gera uma contradio entre o investimento de prestgio e o desenvol-vimento da economia de consumo.

    O terceiro tipo de problemas diz respeito influncia que os pases socialistas podem exercer sbre os pases que a Europa e, sob formas diferentes, os Estados Unidos colocaram sob sua depen-dncia econmica, ou econmica e poltica, durante o perodo de ascenso do imperialismo. A competio entre pases capitalistas e pases socialistas no se limita, em verdade, nem a uma corrida de ritmos de desenvolvimento, nem a uma comparao de nvel de vida e de condies sociais em ambos os lados. Ela tem, tambm_, por tema a escolha de um estilo de desenvolvimento dos pases sub-desenvolvidos. Ora, deparamos de nvo aqui com um problema de mercado. A medida em que a influncia dos pases socialistas se estende ao "Terceiro Mundo", a economia capitalista se estreita cada vez mais. Esta pode conformar-se com a descolonizao en-contrando vrias formas de nova cooperao tcnica e econmica com os antigos pases coloniais, os quais no podem resolver, com seus prprios meios e recursos, o problema do desenvolvimento. lVias ela estaria em perigo se grande nmero dsses pases entrassem no mercado dos pases socialistas, a menos que os dois mercados deixassem de ser estranhos mutuamente, iniciando uma nova fase de desenvolvimento tcnico de nvel altamente superior ao da fase que foi denominada perodo da "primeira revoluo industrial" O).

    III. -- - A descolonizao

    Em menos de dez anos, ruiu o edifcio colonial construdo no sculo XIX pelas grandes potncias industriais. E, para-lelamente, so as relquias de imprios mercantilistas, con-servadas por metrpoles econmicamente atrasadas, que sobrevivem temporriamente ao desaparecimento dos imp-

    (1) Alguns autores propuseram introduzir no vocabulrio es-pecializado de economia os trmos paLeotcnico e neotcnico a fim de distinguir duas fases de desenvolvimento que no implicam, ne-cessriamente, nas mesmas formas de estruturas e de relaes. Cf. pp. 29-38.

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    r.~os coloniais, (colnias portugusas e espanholas da irica). 1\J a Asw, a descolomzao angiu, entre 191:1:5 e em trno de 700 milhes de homens, na Airic2, entre e 1962, um pouco menos de 150 milhes, ou seja, uma quarta parte da populao do globo.

    , A d

  • lonial, como tambm corresponde a determinada equiva lncia - na complementaridade - dos respectivos desen-volvimentos. Esta equivalncia no exclui contradies mais ou m enos duradouras, pois, neste caso, a descolonizao de-semboca na concorrncia imediata. Dado que ste, essen-cialmente, o mecanismo de libertao dos domnios do Im-prio Britnico das antigas formas de dependncia para com a Gr-Bretanha, o problema da descolonizao, neste caso, identifica-se com o da solidariedade da Commonwealth bri-tnica.

    Os processos correspondentes descolonizao de pases de povoamento no europeu so mais complicados e a he-rana colonial marca mais profundamente. O ponto de par-tida uma economia dominada por intermdio de uma colaborao poltica. Os diferentes sistemas coloniais elo s-culo XIX tm em comum o fato de que a administrao europia, em nveis diversos, estava apoiada numa estrutura social e poltica indgena, que ela consolidou ou at mesmo completou. Os movimentos de libertao nacional tm como alvo a metrpole colonial e seus pontos de apoio nacionais. Um jgo inteligente de oportunismo permitiu que as estru-turas sociais anteriores se integrassem, no momento adequa-do e em maior ou m enor escala, no movimento nacional. Mas nem tudo pde ser salvo - nem pessoas nem bens -e a descolonizao vem acompanhada, pelo menos em parte, de uma mudana da classe dirigente.

    A situao atual dos pases descolonizados difere con-forme as condies em que se efetuou a conquista da inde-pendncia. Alm destas condies, tem, tambm, importn-cia o tempo de preparao da libertao. A guisa de sim-plificao, podemos distinguir trs casos:

    1.0) o dos pases onde a colonizao constitui o desfecho de um longo e lento processo de degradao do sistema co-lonial, terminando por sua liquidao pacfica;

    2.0 ) o dos pases onde a descolonizao foi o resultado de um processo acelerado, mas sem luta violenta;

    3.0 ) o dos pases cuja libertao realizou-se ao trmo de conflitos armados prolongados.

    Podemos comparar o primeiro caso com um processo de reformismo, durante o qual as instituies e as estruturas sociais se adaptaram, progressivamente, a uma transferncia de autoridade. O movimento nacional vai buscar suas ori-gens na iniciativa de uma burguesia que se confunde com uma intelligentsia formada nas disciplinas de universidades 64

    de metrpol~s emop~ias. Esta burguesia colocou o problema da~ndep~ndencia e,ao ~es~nvolvimento- no caso, da indus-tric,Jiza~o - face ,a mer?ra consentida da administrao co-lomal e .a complace'?-c1a aa aristocracia de terras semifeudal ou parafeudal assoc1ada ao poder colonizador. No raro ela !omo,u a vanguarda ~o ~ampo econmico ao fundar emprsas emulas, o~ mesmo nvars, das emprsas europias . ~ste e o p:ocesso d_l ~escolonizao da ndia e, tambm, o da mdep~nden~Ia tumsma e marroquina. Malgrado as va-gas sucessivas ae represso do movimento nacional ste d_esen_volveu-se e fo~mou os q~adros futuros da indepe~dnCia, amd.a .sob o reg1me ~olon:al - com alguns episdios de clandestm1dade e de ~m1gra~ao de quadros correspondentes aos momentos de tensoes mais violentas. Mesmo muito antes do epl.9go, no mais havia dvida quanto ao desfecho desta evoluao. A