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GEOMORFOLOGIA EM SUB-BACIA HIDROGRÁFICA
Josefa Pereira dos Santos- Bolsista BIC/FAPEMA Acadêmica do Curso de Geografia – UEMA/CESI
E-mail: [email protected]
Luiz Carlos Araújo dos Santos Prof. Dep. de História e Geografia CESI/UEMA
Doutorando em Geografia - FCT/UNESP E-mail: [email protected]
RESUMO: A sub-bacia do rio Cacau localiza-se a Oeste do Maranhão, na Microrregião de Imperatriz, abrange uma área de 938,7km2, encontra-se entre as coordenadas 5°20’34”S a 5°40’32’’S e 47°05’34’’W a 47°28’56’’W. Apresenta altitudes médias em torno de 250m e alguns picos próximos de 450m. A área do trabalho, outrora passou por algumas alternâncias econômicas, tais como: extrativismo de madeira, agricultura e pecuária. Atividades estas que ao longo das últimas quatro décadas tem contribuído na modificação do relevo. Sendo assim, o trabalho teve como objetivo principal identificar as unidades geomorfológicas da sub-bacia. Para alcançar este objetivo foi aplicada a metodologia de Ross (1991) que estabelece o tratamento taxonômico para as formas de relevo. Para tanto foi gerado um banco de dados na plataforma SPRING. Foi identificada uma unidade para o primeiro táxon, duas para o segundo e quartoze para o terceiro táxon. Palavras-chave: Geomorfologia; unidades geomorfológicas; táxon
GEOMORPHOLOGY IN SUB-BASIN HYDROGRAPHIC ABSTRACT: The sub-basin of the river Cacau is located in the West of Maranhão, in the micro-region of Imperatriz. Covering an area of 938,7km2, between the coordinates from 5º20’34’’S to 5º40’32’’S and from 47º05’34’’W to 47º28’56’’W. It presents average altitudes of around 450m. the area of work, formerly went through some economic changes, such as: wood extraction, agriculture and livestock. These activities over the past four decades, have been contributing to the change in the topography of the land. Thus, this work had as main objective the 1991 Ross methodology was used. It establishes the taxonomic treatment for topography forms. So a database on the platform SPRING was created. We could identify on unit for first táxon, two for the second and fourteen for the third táxon. Key-words: Geomorphology, geomorphologic units, táxon
Introdução
A sub-bacia do rio Cacau localiza-se na Mesorregião Oeste do Maranhão, na Microrregião
de Imperatriz abrangendo um total de seis municípios - Senador La Roque, Buritirana, João Lisboa,
Davinópolis, Governador Edson Lobão e Imperatriz - faz parte da bacia do Araguaia/Tocantins como
subafluente da margem direita e encontra-se entre as coordenadas geográficas de 5°20’34”S a 5°40’32’’S
e 47°05’34’’W a 47°28’56’’W.
Esta bacia está inserida na unidade morfoestrutural do Planalto Setentrional Pará-Maranhão.
Apresenta altitudes médias em torno de 250m e alguns picos próximos de 550m, com relevo
constituído basicamente de planícies com poucas elevações. O estudo da sub-bacia do rio Cacau tem
como objetivo principal analisar os parâmetros geomorfológicos da sub-bacia e suas implicações no
seu processo de apropriação.
Para fazer essa análise foi necessário produzir carta: topográfica, de declividade e feições
geomorfológicas da sub-bacia, identificar e analisar a partir das cartas temáticas as principais feições
geomórficas da sub-bacia e avaliar o processo de apropriação do relevo da mesma. Para alcançar esses
objetivos a pesquisa foi realizada com base no tratamento taxonômico empregado por Ross.
O processo desordenado de uso e ocupação do solo na sub-bacia vem acarretando mudanças
significativas tendo como conseqüência a alteração de sua dinâmica natural. Com isso, faz-se
necessário um diagnóstico do local para que se possa assim contribuir no sentido de minimizar esses
danos através de planejamento ambiental adequado.
Procedimentos Metodológicos
A pesquisa foi desenvolvida com base na metodologia de Ross (1991), que classifica o relevo
em seis táxons, dos quais apenas os três primeiros foram empregados nessa pesquisa em virtude do
tamanho da escala utilizada (1:100.000).
O 1° táxon refere-se às grandes unidades morfoestruturais resultantes dos processos endógenos, o
2° táxon corresponde às unidades morfoesculturais esculpidas pela ação dos agentes externos ao longo
do tempo geológico, são as unidades presentes nas morfoestruturas e o 3° táxon representa o modelado
formado pelo relevo de acumulação e dissecação, são os padrões de formas semelhantes e estão
contidas nas unidades morfoesculturais.
Para a abordagem dos estudos da sub-bacia hidrográfica do rio Cacau, fez-se necessário um
conjunto de materiais - Cartas Planialtimétricas da (DSG/SUDENE), folhas de Imperatriz e João
Lisboa, na escala 1: 100.000; imagem de satélite digital CBRS-2 órbita/ponto 159-106 de 2008,
imagens SRTM. Software e hardware SPRING. O Sistema para PRocessamento de Informações
Georreferenciadas (SPRING).
Caracterização física da área de estudo A sub-bacia do rio Cacau, por encontrar-se em uma zona de ecótomo, apresenta uma vegetação
variada com características tanto de cerrado como de floresta amazônica. Devido ao intenso processo
de antropização, essa área apresenta pouca vegetação remanescente sendo em sua maioria, formada
por vegetação secundária, pastagem, agricultura de subsistência e monocultura de eucalipto.
Essa área apresenta duas estações bem definidas, uma chuvosa que vai de novembro a abril,
com índices elevados nos meses de janeiro a março, o equivalente a 50% da precipitação anual e outra
estação seca, que se estende entre os meses de maio a outubro com maior incidência em julho, agosto e
setembro.
O solo predominante na sub-bacia é o Argissolo. São solos típicos de clima subúmido, em geral
apresentam diferenças no teor de argila entre os horizontes A e B, passando de um horizonte superficial
mais arenoso, para um horizonte subsuperficial mais argiloso. O que acaba favorecendo o escoamento
superficial, devido à redução na sua capacidade de infiltração e consequentimente, há um aumento de
suscetibilidade à erosão.
A região de Imperatriz, segundo o Zoneamento Ecológico-Econômico (2006), apresenta poucas
declividades, onde apenas em algumas áreas, o equivalente a 5%, encontra-se declives superiores a
20%. Essas áreas são encontradas na sub-bacia, onde é bastante comum a presença de relevos
escarpados resultantes dos processos climáticos ao longo do tempo.
Resultado e discussões
Após a investigação das referências, procedimentos metodológicos foi possível chegarmos a
três táxons, sendo o primeiro com uma morfoestrutura, o segundo com duas morfoesculturas e o
terceiro com quartoze unidades do relevo, quadro 1.
O primeiro táxon figura 2, corresponde à unidade morfoestrutural, apresentando apenas uma
unidade a Bacia Sedimentar do Parnaíba, cuja estratigrafia geológica são Formações Corda, Grajaú,
Itapecuru e Pedra de Fogo.
O segundo táxon se refere às unidades morfoesculturais, o qual está dividido em dois grupos
figura 3, a primeira corresponde às serras e bordas, situadas nas bordas da sub-bacia, atuando como
divisor de água, marcado por um relevo de planalto constituído por serras e vales encaixados, com
altitudes que chegam a 450 metros nos topos das serras, corresponde a uma área de 305,3 km2.
A segunda morfoescultura corresponde à planície de contato, localizada no baixo curso da sub-
bacia, corresponde a uma área de 633,4 km2, caracterizada por uma morfologia de relevo plano com
fundo de vale, com Formações Corda e Pedra de Fogo.
O terceiro táxon está relacionado com as unidades morfológicas e/ou com os padrões das
unidades semelhantes contidas nas unidades morfoesculturais, são manchas de menor extensão
territorial, mapeado a partir do conjunto de formas e processos semelhantes tais como denudação e
agradação. Entre os táxons representados espacialmente é o que apresenta maior nível de detalhes do
Figura 3 - Carta destacando o 2° Taxon Morfoescultural
5º40’32”S
47º28’56”W
5º20’34”S
47º05’34”WSerra Santa Rita
Serra do Arapar iS
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Ser ra da Figueira
Planície
Serras e Bordas
LEGENDA Serra do Jacuruta
Corpos d́ água
Figura 2 - Carta derivada da imagem SRTM, destacando a Unidade Morfoestrutural
5º40’32”S
47º28’56”W
5º20’34”S
47º05’34”WSerra Santa Rita
Ser ra do Arapari
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Serra da Figueira
Corpo d́ água
Bacia Sedimentar do Parnaíba
Serra do Jacuruta
relevo. Na sub-bacia foram identificados quartoze unidades com seus processos predominantes figura
4 e quadro 1.
Morfoestrutura 1° táxon
Morfoescultura 2° táxon
Padrões de formas semelhantes 3° táxon
Processo predominante
Bacia Sedimentar do
Parnaíba
Serras e bordas
Serra do Arapari Dt
Serra do Cumaru Dt
Serra do Gurupi e da Figueira Dt
Serra do Jacuruta Da
Vertente da Ser. do Jacuruta Da
Vertente da Ser. do Gurupi e da Figueira Da
Vertente da Ser. do Cumaru Da
Vertente da Ser. do Arapari Da
Chapada de Arapari Dt
Chapada de Cumaru Dt
Chapada da Figueira Dt
Chapadas Dt
Planície Fundo de vale Apt
Depressão de Imperatriz Dp
Quadro 1 – Classificação taxonômica do relevo da sub-bacia do rio Cacau
Considerações finais
Após a aplicação da cartografia digital e os procedimentos teórico-metodológicos pertinentes as
feições geomorfológicas permitiram representar espacialmente uma unidade morfoestrutural do
primeiro táxon, duas morfoescultrual do segundo táxon e quartoze unidades do terceiro táxon.
Referências bibliográficas
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