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Geografia em Múltiplas Escalas do Local ao Global: Um Estudo de Caso do Município de Porecatu Rosiléia Bueno Artigo desenvolvido através do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, 2007. Resumo A necessidade de suprir a inexistência de material didático sistematizado considerando a escala local da análise geográfica para o atendimento das demandas educacionais do ensino de geografia, nos níveis fundamental e médio incentivou a produção do material Geografia em Múltiplas Escalas do Local ao Global: Um Estudo de Caso do Município de Porecatu. O trabalho é resultado do Programa de Desenvolvimento Educacional, programa de formação continuada em rede que integra as escolas e Instituições de Ensino Superior, neste caso, a Universidade Estadual de Londrina e foi elaborado tendo como base os conteúdos estruturantes das Diretrizes Curriculares Estaduais do Paraná contemplando três eixos que são: Limites, Arranjos Territoriais e Dinâmica Populacional. O presente trabalho tem como objetivo compreender a geografia local, sendo possível estabelecer articulações dessa escala com aquelas em nível regional, nacional e global abordadas nos livros didáticos de geografia e em outros materiais, no entanto, sem a intenção de substituí-los mas sim complementá-los. A proposta fundamenta- se no entendimento de que a construção do conhecimento parte da singularidade, passando pela particularidade chegando à generalidade, para então, em movimentos dialéticos sucessivos, retornar novamente às instâncias anteriores do conhecimento. Palavras-chave: Geografia Local. Limites. Arranjos Territoriais. Dinâmica Populacional. Material Didático. Abstract:

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Page 1: Geografia em Múltiplas Escalas do Local ao Global: Um ... em Múltiplas Escalas do Local ao Global: Um Estudo de Caso do Município de Porecatu Rosiléia Bueno Artigo desenvolvido

Geografia em Múltiplas Escalas do Local ao Global: Um Estudo de Caso do

Município de Porecatu

Rosiléia Bueno Artigo desenvolvido através do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, 2007.

Resumo

A necessidade de suprir a inexistência de material didático sistematizado

considerando a escala local da análise geográfica para o atendimento das

demandas educacionais do ensino de geografia, nos níveis fundamental e médio

incentivou a produção do material Geografia em Múltiplas Escalas do Local ao

Global: Um Estudo de Caso do Município de Porecatu. O trabalho é resultado do

Programa de Desenvolvimento Educacional, programa de formação continuada em

rede que integra as escolas e Instituições de Ensino Superior, neste caso, a

Universidade Estadual de Londrina e foi elaborado tendo como base os conteúdos

estruturantes das Diretrizes Curriculares Estaduais do Paraná contemplando três

eixos que são: Limites, Arranjos Territoriais e Dinâmica Populacional. O presente

trabalho tem como objetivo compreender a geografia local, sendo possível

estabelecer articulações dessa escala com aquelas em nível regional, nacional e

global abordadas nos livros didáticos de geografia e em outros materiais, no entanto,

sem a intenção de substituí-los mas sim complementá-los. A proposta fundamenta-

se no entendimento de que a construção do conhecimento parte da singularidade,

passando pela particularidade chegando à generalidade, para então, em

movimentos dialéticos sucessivos, retornar novamente às instâncias anteriores do

conhecimento.

Palavras-chave: Geografia Local. Limites. Arranjos Territoriais. Dinâmica

Populacional. Material Didático.

Abstract:

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The need of supplying the existence of didactic systematized regarding the local

scale of geographic analyse to the attending of the educational demand of geography

teaching, both fundamental and middle level encouraged the production of

Geography material in multiple scales from local to global: A Study of Case of the

County of Porecatu, the work is a result of the Educational Development Program,

that’s a program of sequency formation on net that integrates the schools and

institutions of upper teaching, in this specific case the State University of Londrina

and was elaborated upon axial contents of directrixes of State of Parana Curriculum

involving three axes or points: Limits, territorial arrangements and population

dynamic. The present work has the scope of understanding of local geography,

becoming possible to establish the articulation of this scale with those in regional

level, national and global mentioned in didactic books of geography and in others

materials, although with no intention of replacing them but increasing them anyway.

The proposal is based upon the knowledge that the learning construction come from

the singularity passing through the particularity getting to the generality, then,

through the dialectic and consecutive movements, returning again to the prior

instance of knowledge.

Key words: Local Geography. Limits. Territorial arrangements. Populational

Dynamic. Educational Material. Didactic Material.

Introdução

O presente artigo apresenta como ocorreu a produção do material didático

desenvolvido no contexto do Programa de Desenvolvimento Educacional, com o

intuito de subsidiar o ensino de geografia na escala local para sua articulação em

múltiplas escalas, permitindo a compreensão dos diferentes arranjos espaciais

produzidos pela sociedade.

A quase ausência de conteúdos sistematizados que abordam a geografia em escala

local, principalmente nos pequenos municípios, motivou a produção de um material

didático pedagógico para uso nas escolas, desenvolvido por meio do Programa de

Desenvolvimento Educacional-PDE, programa de educação continuada dos

professores do ensino básico do estado do Paraná. Este programa envolveu além

da participação dos docentes PDE, as instituições de ensino superior, demais

professores da rede pública de ensino e estudantes do referido nível de ensino. O

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objetivo fundamental do referido programa foi a formação continuada dos

professores para que interviessem na realidade escolar a partir do material

produzido e realizassem a orientação de Grupos de Trabalho em Rede (Plataforma

Moodle), envolvendo os professores da rede pública estadual.

Para Fiorentini (2004, p. 243-257), o desenvolvimento da experiência de

investigação e da reflexão em torno da própria prática pedagógica é relevante na

medida em que: abarca a totalidade do fenômeno educativo, permite mobilizar

interesses próprios dos docentes, auxiliando, dessa maneira, na transformação do

sujeito, dado que o mesmo passa a construir significados pessoais acerca de sua

própria prática. É esta atitude que, segundo o mesmo autor, permite produzir teorias

de ensino voltadas à própria atuação profissional que, em função de serem

construídas com base na espaço-temporalidade vivenciada pelo educador,

constituem-se em elementos bastante úteis no infinito processo de (re) construção

da própria prática pedagógica.

A produção do material didático - Geografia em Múltiplas Escalas do Local ao

Global: um estudo de caso do Município de Porecatu -, fundamentou-se no

entendimento de que a construção de conceitos e conhecimentos passa pelo diálogo

com o conhecimento do aluno que, ao ressignificar seus saberes, amplia as escalas

de análise dos objetos ou fenômenos. Daí a ênfase no singular, no local, para que o

professor estabeleça a correspondência com escalas mais amplas como a nacional,

a global, em geral, presentes nos livros didáticos.

No processo de produção e reprodução do conhecimento é necessária a utilização

de instrumentos que auxiliem tal processo. Daí a importância da produção de

recursos e materiais didáticos que propiciem melhorar o desenvolvimento do

processo educacional.

Produzir um material que revele ao educando a compreensão de seu mundo é de

grande relevância para estudantes e educadores, sobretudo um recurso que possa

ser disponibilizado e adaptado a outras localidades, necessitando apenas de

mudança de seu contexto, mantendo as diretrizes e metodologia. Entendemos que,

a partir do material produzido, foi possível estabelecer articulações da escala local

com aquelas em nível regional e global abordadas nos livros didáticos e em outros

materiais, sem substituí-los. O professor deverá lidar com o mesmo como um

elemento fundamental que permite o diálogo entre a espacialidade vivenciada pelo

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educando e aquela abordada no livro didático. É este contato que permite a

construção de saberes do educando.

Uma dificuldade encontrada para estabelecer o diálogo entre o conteúdo escolar e

os saberes cotidianos dos estudantes é a falta de material didático que contemple a

geografia local, abordagem imprescindível para que os educando possam

estabelecer relações que levem ao desvendamento dos arranjos espaciais. Segundo

Katuta (2004), o objetivo pedagógico do ensino da geografia é o entendimento dos

arranjos espaciais por meio da dialética entre os conhecimentos não formais e os

científicos socialmente produzidos. Dessa maneira, a compreensão das

geograficidades requer o desenvolvimento no aluno de um amplo conjunto de

habilidades:

1. Observação do entorno identificando a ordenação territorial da distribuição

dos fenômenos.

2. Descrição dos fenômenos observados em sua ordenação territorial.

3. Identificação qualitativa do significado da ordenação territorial dos fenômenos.

4. Reconhecimento da ordenação espacial, isto é, de desvendamento do jogo

de determinações que definem a construção das paisagens.

5. Associação dialética entre: forma e conteúdo, tempo e espaço, qualidade e

quantidade, localização e significado.

6. Identificação topológica e toponímica enquanto ferramentas analíticas e

sintéticas. (AMAPÁ, 2000). É neste contexto que o material didático pedagógico

elaborado, contendo informações básicas para serem socializadas em sala de aula,

irá atuar como facilitador da compreensão, em múltiplas escalas, da espaço-

temporalidade vivenciada pelos estudantes que, em uma perspectiva científica,

propiciará a compreensão dos arranjos espaciais e, portanto, a interferência em sua

organização.

Schimdt e Garcia (2006) consideram que articular os conteúdos nacionais e gerais

com a realidade local permite ao educando questionar os conteúdos de ensino e,

assim, construir múltiplas interpretações sobre eles, superando as visões

preestabelecidas.

O material didático sobre a geografia local foi elaborado tendo como base os

conteúdos estruturantes das Diretrizes Curriculares Estaduais do Paraná, que

sugerem trabalhar com uma geografia que não se restrinja a descrever o espaço

geográfico, mas que o interprete, buscando explicações para formas aparentes do

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espaço e as forças que atuaram na construção do mesmo, para que, dessa maneira,

o estudante possa entender a dinâmica e as contradições das relações sociais e

econômicas vivenciadas em seu cotidiano. Em função disso, contemplamos três

eixos (Limites, Arranjos Territoriais e Dinâmica Populacional) que avaliamos que são

fundamentais para o entendimento das paisagens em uma perspectiva geográfica.

II - Por que ensinar geografia em múltiplas escalas?

Para o estabelecimento de relações que auxiliem no desvendamento dos arranjos

territoriais, torna-se imprescindível iniciar o processo de ensino e aprendizagem com

uma abordagem em escala local. Isso porque a abstração exigida para a

compreensão dos processos mais gerais, que marcam a geografia contemporânea

pode tornar-se um empecilho no processo de aprendizagem, dado que, via de regra,

ocorre um estancamento do mesmo no plano da generalidade, o que impede a

construção daqueles conceitos responsáveis pelo desvelamento do real, que supõe

movimentos dialéticos infinitos entre o singular, o particular e o geral. Dessa

maneira, é necessário o estabelecimento do diálogo entre os saberes que os alunos

possuem sobre os espaços cotidianos e aqueles abordados nos livros didáticos,

assim, pode-se acionar um conjunto de saberes que, nesta perspectiva, têm como

ponto de chegada a abstração elaborada a partir da ampliação dos saberes dos

educandos. A opção pedagógica que vai do empírico/singular para o desconhecido-

abstrato/geral permitirá construir ferramentas para a elaboração dos conhecimentos

que oportunizem não apenas o desvendamento, mas a intervenção em uma

realidade mais complexa e multifacetada, e que está aí para ser transformada.

Ao trabalhar a geografia em múltiplas escalas, partindo do singular, para o particular

e daí para o geral, a fim de retornar ao singular, reforça-se a intenção de possibilitar

ao aluno, por meio da prática reflexiva do local, a vivência e entendimento de seu

cotidiano, valorizando-o e buscando alternativas viáveis à construção de um saber

que, ao ser apreendido e socializado, auxilia o educando para na construção de sua

cidadania, o que supõe intervenção na realidade, e isto não se faz sem que se

compreenda a articulação entre o local, o regional e o global na compreensão das

espacialidades dos fenômenos.

Katuta (2004) citando Vygotsky enfatiza que a ação de qualquer ser humano

antecede a linguagem, portanto, o aluno só aprende a partir e por meio de suas

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experiências. No processo de formação dos conceitos, o pensamento oscila em

duas direções: do particular para o geral e do geral para o particular. Portanto,

entende-se que a construção de conceitos e conhecimentos científicos em geografia

deve partir dos conhecimentos geográficos cotidianos ou daqueles próximos da

realidade em que vive o educando para, em um movimento posterior, ampliar as

escalas de análise dos objetos ou fenômenos.

As ações pedagógicas devem ser significativas para o educando propiciando-lhes

situações para transitar do singular para o plural e o global, a fim de compreender

que os fenômenos possuem localização espacial e uma determinada orientação

para, a partir daí, estabelecer as correlações entre as geograficidades dos

fenômenos em múltiplas escalas. Nesse sentido Cavalcanti (1997, p. 87) afirma que

é importante considerar no ensino os elementos presentes nas representações de

professores e alunos. A autora considera, portanto que, através desses elementos,

pode-se ampliar e estender o conhecimento para além do dia-a-dia do educando:

“[...] ao manipular as coisas do cotidiano, os indivíduos vão construindo uma

geografia e um conhecimento geográfico”.

Segundo Racine, Raffestin e Ruffy (1980, s.p.) “[...] é altamente desejável estudar os

‘indivíduos’ com referência ao contexto coletivo e caracterizado pelas propriedades

aos grupos aos quais eles pertencem [...]” dessa forma, a ação passa ser mais

concreta numa escala geográfica local, pois é nela que os indivíduos têm suas

principais relações com o meio, assim, a Geografia pode conduzir o aluno a

reconhecer a si mesmo, os espaços em que vivem e os outros espaços. É

importante salientar que, conforme Almeida (1991, p. 86):

Partindo do conhecimento adquirido através da observação do meio circundante, conhecimento esse ainda não sistematizado, o aluno deve ter oportunidade de contribuir para elaboração de um arcabouço formado por idéias, conceitos e categorias que lhe permitam interpretar de forma cada vez mais profunda, a realidade que o cerca.

Por outro lado, quando se valoriza a escala global como ponto de partida, é

dificultada a percepção do indivíduo sobre a importância de suas individualidades no

processo de mudanças coletivas visando ao benefício de todos. Racine, Raffestin e

Ruffy (1980, s.p.) também afirmam que “[...] há uma relação entre elementos

percebidos e elementos efetivamente memorizados e mobiliáveis num determinado

momento”. Isso quer dizer que o problema vivenciado pelo indivíduo passa a ter

mais significado no processo de ensino e aprendizagem, do que um outro vivenciado

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por distintos sujeitos e sociedades. Assim, é a partir do vivenciado e compreendido

que se constrói o conhecimento sobre o outro e seu espaço.

Mostra-se clara a necessidade de buscarmos informações locais com

fundamentação científica a fim de organizá-las de forma satisfatória, para serem

utilizadas como material pedagógico de pesquisa, contribuindo para um maior

entendimento da organização do espaço local, ponto de partida na busca de

elementos para uma compreensão de espacilidades de sociedades distantes,

movimento do pensamento fundamental para que se perceba a integração existente

no espaço geográfico.

Ao construir os conceitos, o aluno realmente aprende [...]. Ao conhecer, analisar e buscar as explicações para compreender a realidade que está sendo vivenciada no seu cotidiano, ao extrapolar para outras informações e ao exercitar a crítica sobre essa realidade, ele poderá abstrair esta realidade concreta, teorizar sobre ela e construir seu conhecimento. Ao construir os conceitos, o aluno aprende e não fica apenas na memorização. (CALLAI, 2003, p. 61-62).

Assim como em Geografia, também em algumas outras disciplinas, os educandos

têm dificuldade de entender a sua relevância, isso porque, muitas vezes, sequer

vivenciam experiências educativas que permitam perceber a relação dos conteúdos

escolares com sua vida. Um dos caminhos possíveis para esta mudança, é o de

realizar o processo de ensino e aprendizagem a partir da realidade local, passando

progressivamente a outras escalas. É importante destacar que entendemos que a

dimensão local é o ponto de partida e chegada da aprendizagem escolar.

Já Bertanini (1985, p. 118), escreve: Estudar o espaço vivido significa superar a dimensão do espaço extensão, ou espaço suporte das atividades, para acolher a noção de representação do espaço, como espaço construído através do olhar das pessoas que vivem-habitam.

Cavalcanti (1998) afirma que, para avançar no entendimento dos problemas do

ensino da Geografia devemos levar em consideração os elementos presentes nas

representações de alunos e de professores, juntamente com a análise científica.

Partindo dos elementos da paisagem local poderemos produzir imagens e

linguagens com significados e, assim, construir os conhecimentos imprescindíveis à

construção da cidadania e ao papel básico do ensino de Geografia, que é o de

proporcionar várias ferramentas para alfabetizar o aluno geograficamente, o que lhe

permitirá o entendimento do espaço, da paisagem, das relações Homem X Meio, da

interferência do Estado e da sociedade na organização dos espaços. Como afirma

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Pereira (2003, p. 15): “O papel fundamental da Geografia no ensino básico é o de

proporcionar aos alunos os códigos que os permitam decifrar a realidade por meio

da espacialidade dos fenômenos, ou seja, alfabetizar geograficamente”.

Ao trabalhar a Geografia, é necessário explorar as diversas linguagens como:

mapas, fotografias, ilustrações, vídeos, para melhorar a compreensão do espaço

geográfico, pois conforme Katuta (2005, p. 2), “[...] apesar da riqueza da linguagem

escrita, existem aspectos da geograficidade dos entes que somente podem ser

capturados e apresentados por imagens.” Assim, é de grande importância a

utilização de várias linguagens no ensino de Geografia, já que “[...] a linguagem é

um pressuposto que norteia todo o processo de construção do conhecimento que

construímos ao longo de nossas vidas.” (KATUTA, 2005, p. 1).

Dessa forma, os educando terão meios suficientes e necessários para entenderem

os arranjos espaciais vivenciados por eles, partindo do singular (local), construindo

conceitos geográficos com significados, que permitam aos mesmos reconhecerem-

se no espaço que habitam e que os tornem cidadãos capazes de interferir no seu

entorno, dado que compreendem as múltiplas determinações que interferem nos

arranjos espaciais, bem como suas escalas de abrangência.

III - Os Eixos Estruturantes

O trabalho elaborado teve por objetivo compreender a geografia em escala local, ou

seja, a do município de Porecatu, a partir da análise de seus diferentes arranjos

espaciais. Espera-se, desenvolver no aluno o gosto pela observação detalhada,

instrumental cognitivo importante para a aprendizagem da geografia, pelo

estabelecimento de relações que o permita compreender o que acontece no seu

município para, a partir daí, transcender da escala das particularidades para as das

generalidades, que se insinuam nas escalas regionais, nacionais e mesmo globais,

abordadas nos livros didáticos de geografia e em outros materiais. É importante

destacar que o material foi produzido visando auxiliar e enriquecer as aulas de

geografia sem, porém, substituir o livro didático.

Estudar o município tem pelo menos duas vantagens: o aluno tem condições de reconhecer-se como cidadão em uma realidade que é a da sua vida concreta, apropriando-se das informações e compreendendo como se dão as relações sociais e a construção do espaço. A outra vantagem é pedagógica, pois ao estudar algo que é vivenciado pelo aluno, são muito maiores as chances de sucesso, de

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se tornar um aprendizado mais conseqüente. (CALLAI, 2003, p.81-82).

Segundo Almeida (1989, p. 12-13) o professor deve estar consciente de que o

espaço próximo para ser analisado precisa ser abordado em sua relação com outras

instâncias espacialmente distantes, sendo a realidade ponto de partida e de

chegada no processo de aprendizagem de conhecimentos geográficos. É no meio

local que ocorrerá qualquer mudança de atitude resultante do processo educacional,

assim como também ressalta Sousa Neto (2000, p. 32-37), o ensino da geografia

deveria tratar antes do contexto mais próximo ao aluno para que, ao extrapolar para

outras escalas espaciais, os assuntos não fossem vistos como algo estranho. Sem

tal pressuposto, a geografia continuará exercendo seu papel de cegar a sociedade

para a leitura da produção social do espaço, repleto de contradições.

Todo esse pensar se manifesta na intenção de possibilitar ao aluno, através da

prática reflexiva do local, pelo professor e por ele mesmo, compreender o que é

vivenciado em seu cotidiano a fim de que possa intervir na produção de espaços

mais democráticos permitindo transportar esse conhecimento e compreensão

posteriormente para outras escalas.

“A construção de conceitos é uma habilidade fundamental para a vida cotidiana,

uma vez que possibilita à pessoa organizar a realidade, estabelecer classe de

objetos e trocar experiências com o outro.” (CAVALCANTI, 1998, p. 139). Dessa

maneira, esperamos que o material confeccionado, possa contribuir para que os

alunos construam conceitos geográficos, partindo dos significados de sua realidade

espacial, pois enquanto se trabalha com os conhecimentos em escala global e

regional, a escala do cotidiano dos alunos é pouco trabalhada, sobretudo porque

praticamente inexistem referências e dados que os auxiliem a se reconhecerem

como produtores do espaço que habitam.

Callai (2003, p. 61): [...] Se a nossa preocupação é formar o cidadão, é ponto básico de partida que lhe oportunizemos as condições e os instrumentos para que conheça e compreenda a realidade em que vive. [...] partindo do lugar onde se vive, é mais fácil compreender os fenômenos. É mais fácil organizar as informações, podendo se teorizar, abstrair do concreto, na busca de explicações, de comparações, de extrapolações. Uma forma interessante e adequada é realizar o trabalho da construção dos conceitos, o que supera o senso comum. As opiniões e o conhecimento que o aluno tem a respeito daquilo que ele conhece e de onde convivem superam, também o conceito pronto trazido no livro-texto ou que é ditado pelo professor em aula.

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O papel básico do ensino da geografia é proporcionar várias ferramentas para

alfabetizar o aluno espacialmente em suas múltiplas escalas, auxiliando-o a

compreender a lógica da organização das paisagens a partir dos conceitos

fundamentais da geografia: lugar, paisagem, região, espaço, natureza, território e

sociedade. Segundo Cavalcanti (1998, p. 128) a função da geografia é formar uma

consciência espacial, um raciocínio geográfico, levando à compreensão da

espacialidade das práticas sociais para poder intervir no seu cotidiano de forma mais

autônoma. A compreensão de como a realidade local se relaciona com o contexto

global é um trabalho a ser desenvolvido durante toda a escolaridade, de modo cada

vez mais abrangente, com o cuidado de não cair numa análise simplista do lugar até

chegar ao global de forma linear, sendo as relações entre estas escalas mais

complexas, pois

É imprescindível que se supere a idéia dos círculos concêntricos, partindo do próximo e supostamente mais simples para o mais distante e que seria mais complexo. Iniciar pelo 'EU' e avançar circularmente é considerar, equivocadamente, que o mundo e a vida das pessoas acontecem numa seqüência linear de distâncias. O mundo não é tão simples assim. As relações sociais são complexas e vão muito além de uma simples seqüência de escalas e de uma explicação encadeada do menor para o maior e mais distante. (CASTROGIOVANNI, 2000, p. 108).

A organização do material didático pedagógico deu-se a partir de um conjunto de

indagações prévias, roteirizadas de acordo com três eixos estruturantes: Limites,

Arranjos Territoriais e Dinâmica Populacional abordados conforme os conteúdos

estruturantes fundamentais para a compreensão do objeto de estudo da geografia, o

espaço geográfico, elencados nas Diretrizes Curriculares Estaduais e que

contemplam as dimensões geográficas para abordagem de seus conteúdos

específicos: dimensão econômica, política, socioambiental, demográfica e cultural do

espaço geográfico. O roteiro por nós elaborado parte de questionamentos sobre o

espaço de vivência do aluno a serem socializados com eles, possibilitando a

reflexão dos vários aspectos da problemática estudada. Trata-se de uma opção

metodológica que busca a construção de conceitos e conhecimentos necessários

para o entendimento da realidade a partir dos conteúdos trabalhados em geografia.

Cavalcanti (1998, p.138) afirma que “[...] o processo de apropriação e de construção

dos conceitos fundamentais do conhecimento geográfico, se dá a partir da

intervenção intencional própria do ato docente, mediante um planejamento, a sua

execução e posteriormente a avaliação.” A dimensão do conceito científico não é o

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ponto de partida, mas sim o ponto de chegada de uma construção, na qual o

professor atua como mediador para que, no final do processo, o aluno, por meio dos

conceitos, consiga compreender a lógica dos arranjos espaciais. Conforme as

Diretrizes Curriculares Estaduais (2006, p. 43), “[...] no ensino de geografia é

importante considerar o conhecimento espacial que os alunos possuem para

relacioná-los com o conhecimento científico. Cabe à escola ensinar o conhecimento

científico e que os alunos ultrapassem o senso comum e ampliem suas condições

de análise e interpretação da realidade socioespacial”.

É importante salientar que há a possibilidade de o material poder ser disponibilizado

e adaptado a outras localidades, diferentes arranjos, sem perder o enfoque e a

metodologia utilizada, necessitando apenas de mudanças em seu contexto. Esse

material oferece aos professores e alunos dados e análises sistematizadas do

município que dificilmente são encontrados na literatura oficial.

Para a construção de conceitos pelo aluno a partir da geografia local foi utilizado um

conjunto de linguagens além da escrita formada por mapas, gráficos, tabelas, fotos,

imagens, ressaltando, principalmente, as representações cartográficas como

instrumentos que facilitam a compreensão de fatos e acontecimentos de uma

sociedade acerca do espaço que em ela vive e produz. Assim, mostra-se pertinente

o papel da cartografia como instrumento fundamental na construção do

conhecimento sobre o espaço geográfico, pois por meio dos mapas é possível

visualizar a dinâmica sócio-espacial que ocorrem nos territórios.

Para a aplicação e produção desse material didático sugere-se, além dos meios

convencionais de transmissão do conhecimento, a utilização do computador, pois

seu emprego na prática escolar favorece o uso simultâneo dos sentidos sensoriais.

Dessa maneira, através do manuseio dessa ferramenta pode-se fazer a interação de

um conjunto de informações, estimular a participação no processo de construção do

conhecimento, considerando a rapidez, variedade e quantidade de novas

informações. Para Almeida, Scaramello e Santos (s.d., p. 5) “[...] com a introdução

da informática na educação, os educadores em geral e, em particular, os

educadores de geografia passaram a contar com maior número de artefatos

tecnológicos para auxiliá-los nas práticas pedagógicas.” Com o computador presente

em vários segmentos da sociedade, seu uso pela escola pode aproximar o

educando da realidade e desenvolver a agilidade na busca por informações,

principalmente na perspectiva da diversificação da linguagem, elemento

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fundamental, pois “As linguagens amplificam nossa capacidade de ver, apreender e

compreender as geograficidades, pois, cada uma delas, nos apresenta as formas

espaciais dos entes no mundo a partir de suas especificidades.” (KATUTA, 2005, p.

1).

Nas linhas que seguem abordamos cada um dos temas trabalhados no material em

foco.

III - a) Limites

No espaço criado pela sociedade sempre se estabelecem limites que representam

controles e usos diferenciados do mesmo, estabelecidos por determinações

históricas, econômicas, políticas, geográficas e culturais. Os limites estão presentes

e visíveis no espaço geográfico. As sociedades criam seus espaços, bem como os

limites visíveis destes que se expressam sob a forma de demarcações territoriais de

áreas que podem ser privadas e públicas. Outros limites não são tão empíricos,

porém, podem ser percebidos pela aparência e organização do espaço, são os

limites socioeconômicos, culturais, religiosos, entre outros. O território que constitui o

município apresenta limites com outros espaços territoriais (municípios, estados e

outros) constituindo as fronteiras políticas.

O objetivo de se trabalhar com o tema limite é a compreensão de que todos os

fenômenos possuem localização espacial e uma determinada orientação e, a partir

desta construção conceitual, estabelecer as correlações entre as geograficidades

dos fenômenos em diferentes lugares e em múltiplas escalas. Estes conceitos

constituem os pontos de partida para a alfabetização geográfica, condição

fundamental para que o aluno compreenda os arranjos espaciais.

Diamantino Pereira (2003, p. 9-21) ressalta:

Qual a contribuição da Geografia no processo de alfabetização da criança? Que contribuição específica essa disciplina pode apresentar ao processo de aprendizagem pelo qual passa o aluno? A alfabetização, para a geografia, somente pode significar que existe a possibilidade do espaço geográfico ser lido e, conseqüentemente, entendido. Pode transformar-se, portanto, a partir disso, em instrumento concreto do conhecimento, em uma janela a mais para possibilitar o desvendamento da realidade pelo aluno.

Para a construção conceitual de localização e orientação do educando partiu-se de

conceitos, noções e conteúdos como perímetro urbano, vegetação, relevo, solo,

hidrografia e clima do município. Estes elementos foram revelados e seus signos

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decodificados sob o ponto de vista local/global para dar sentido à sua realidade,

sendo que a compreensão do espaço vivenciado implica entender os arranjos

espaciais que os rodeiam e também aos outros, o que os auxilia a perceber quem

são e o papel que efetivamente têm na realidade.

Dessa maneira, compreender as fronteiras e limites requer um exercício de

compreensão dos hábitos, das necessidades e das relações sociais que os Homens

estabelecem entre si, com o meio em que vivem e com os povos de culturas e etnias

diferentes. A isso deve ser somada a influência do fenômeno da globalização e suas

implicações nos arranjos espaciais produzidos em múltiplas escalas.

Para Callai e Zarth (1998, p. 11):

[...] estudar o município é importante e necessário para o aluno, na medida em que ele está vivendo. Ali estão o espaço e o tempo delimitados, permitindo que se faça a análise de todos os aspectos da complexidade do lugar. [...] É uma escala de análise que permite que tenhamos próximo de nós todos aqueles elementos que expressam as condições sociais, econômicas, políticas do nosso mundo. É uma totalidade considerando seu conjunto, de todos os elementos ali existentes, mas que, como tal, não pode perder de vista a dimensão de outras escalas de análises.

Tendo em vista o exposto, partimos de uma série de indagações que procuraram

estimular a observação do entorno e possibilitar a identificação da ordenação

territorial da distribuição dos fenômenos, tais como: Quais limites fazem parte de seu

dia-a-dia? Como os diferentes grupos sociais de seu município estabelecem os

limites? Para que servem os limites? Faça um levantamento dos significados da

delimitação político-administrativa de um município entre as pessoas que você

convive. Determine as funções de uma unidade político-administrativa, tendo como

base um conjunto de imagens, fotografias das divisas do município e mapas do

Brasil Político, Paraná Político, Fronteiras Políticas em diferentes escalas, Porecatu

e seus limites. O objetivo dos questionamentos colocados foi possibilitar a

apreensão da localização e a orientação dos fenômenos, elementos fundamentais

na interpretação dos seus significados em diferentes escalas. As representações

dos arranjos espaciais humanos e dos elementos naturais, através dos signos da

cartografia facilitam a apreensão e compreensão da espacialidade dos fatos e

acontecimentos de uma sociedade no espaço por ela organizado. Sendo a

cartografia a linguagem que auxilia a expressar a espacialidade dos fenômenos, ela

foi utilizada sempre que possível a fim de compreender os arranjos espaciais.

CASTROGIOVANNI (2003, p. 34) afirma que a leitura de mapas supõe o domínio

do sistema semiótico da linguagem cartográfica. O mapa é uma representação do

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espaço por meio de códigos e possui um sistema semiótico complexo. Dessa forma,

ler mapas é decodificar realizando a reconstrução mental da mensagem codificada.

Se quisermos que nossos alunos compreendam os arranjos espaciais em que

vivem, a linguagem cartográfica é ferramenta essencial neste processo e deve estar

presente em seu cotidiano escolar. É neste sentido que trabalhar os limites

utilizando esta linguagem torna-se tão importante.

Neste primeiro eixo estruturante foi abordado temas relacionados à localização,

orientação e características físicas do município: O espaço rural e urbano, rede de

comunicação e trocas, perímetro urbano, evolução urbana de Porecatu, vegetação,

relevo, solo, hidrografia e clima. Foi trazido à tona o processo histórico-espacial

constitutivo dos arranjos espaciais locais por grupos sociais que estiveram e que

chegaram no momento de formação inicial do município. Dessa maneira, foi possível

explicitar como se deu a organização espacial do município, sua lógica e os

elementos que nela influenciaram. O entendimento destas questões auxilia a criar

uma identidade, inclusive quando se percebe que cada um teve uma trajetória

própria, única, contudo, muito parecida com a do outro e de muitas famílias que

habitam no mesmo município. Assim, trata-se de verificar a dimensão social e

singular dos processos que influenciam na produção dos arranjos espaciais do

município, não raro, orquestrados por políticas estaduais, regionais, nacionais e até

mesmo internacionais, como foi o caso do incentivo, no século XIX, ao processo de

imigração encetado, sobretudo, por países europeus e asiáticos.

O educador Paulo Freire (1995, p. 26-27), afirma:

[...] minha terra é a coexistência dramática de tempos díspares confundindo-se no mesmo espaço geográfico. Toda ’terra’ é o resultado de um espaço histórico, contraditório, que me exige como a qualquer outro decisão, tomada de posições, ruptura, opção.

Por meio dos signos da cartografia e textos, objetivando reconhecer a localização

dos fenômenos, tendo como referência a sua espacialidade, procurou-se fazer a

distinção dos limites político-administrativos entre o espaço rural e o espaço urbano

de Porecatu e relacionar as atividades econômicas que caracterizam a zona urbana

e rural do município para que os estudantes percebam que, apesar dos objetivos e

funções diferenciadas, estes espaços geográficos se complementam. No campo

predominam as atividades primárias, como extrativismo e agropecuária, sendo

também possível encontrar fábricas isoladas, clubes de lazer, agroindústrias. E nas

cidades predominam as atividades secundárias e terciárias que, inclusive, são

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responsáveis em fabricar tratores, implementos agrícolas, adubos, fertilizantes,

prestar serviços como em bancos, hospitais, institutos de pesquisa e comércio para

o campo e este produz matérias-primas e alimentos para as cidades.

O sistema viário apresenta uma hierarquia que caracteriza os fluxos que, em função

do avanço do comércio regional, nacional e mundial foi necessário criar um sistema

de comunicação e transportes onde as informações e mercadorias pudessem

chegar de maneira rápida. Na sequência, procuramos fazer questionamentos a partir

da utilização do mapa viário de Porecatu. Pedimos para identificar a importância

social e econômica das diferentes vias de comunicação do município, localizado no

entroncamento de três rodovias estaduais (PR 170, que se liga a BR 369, ao sul; PR

450 e PR 090), por onde ocorre toda a circulação das mercadorias exportadas ou

importadas pelo município. Essas rodovias se desmembram em outras estradas

menores que atendem a zona rural e os bairros no interior do município.

Em relação às propostas de atividades deve-se destacar que as mesmas buscam

aprofundar o conhecimento dos fenômenos geográficos locais, para possibilitar seu

entendimento ao relacioná-los com outros em níveis escalares distintos.

Como mediador entre o aluno e o conhecimento científico, ao professor cabe ser

aquele que, através de estratégias dinâmicas e conteúdos significativos, proporcione

uma educação de qualidade e que o ajude a assumir uma posição mais crítica e

consciente em relação à produção do espaço em nossa sociedade.

Para Moraes (1998, p. 166) “[...] formar o indivíduo crítico implica em estimular o

aluno questionador dando-lhe, não uma explicação pronta do mundo, mas

elementos para o próprio questionamento das várias explicações.” Neste sentido,

busca-se trabalhar, como diz Callai (2003, p. 62), com um ensino de geografia que

leve o aluno a construir conceitos, que saiba compreender a realidade em que vive,

que consiga perceber que o espaço é construído e que nesse processo consegue

perceber que todos os homens, que a sociedade é responsável por este espaço.

Assim, o estudante conseguirá estudar questões e espaços mais distantes,

compreendendo os arranjos espaciais em sua dinâmica de relações e complexidade.

É dessa maneira que, ao construir seu conhecimento, o educando estará

aproveitando os conteúdos de geografia para sua formação, para ser um cidadão no

sentido pleno da palavra.

É necessário que o sujeito se reconheça no espaço vivido. Essa necessidade de

compreender os arranjos espaciais produzidos pelos seres humanos no mundo, se

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não orientada, conduz a entendimentos equivocados da realidade, chegando até a

produzir um sentimento de desalento, inconformidade e desolamento, fruto do não

entendimento do espaço em que vive. A não compreensão científica e sistematizada

do espaço vivido leva a um estranhamento do sujeito, isso porque sua identidade é

construída a partir das relações que o mesmo estabelece com o meio em que vive.

(KATUTA, 2004).

As características físicas do município foram trabalhadas a partir de imagens como

fotografias e mapas. Elaboramos questionamentos com intuito de que o aluno possa

fazer a construção de conceitos a partir da leitura do local.

Conforme os seres humanos se apropriam dos lugares, dependendo do seu modo

de produção, os mesmos devastam com maior ou menos intensidade a vegetação

dos locais. Dessa maneira, com a apropriação dos lugares por distintos grupos

sociais, via de regra, ocorre uma transformação paisagística que pode ser

apreendida por meio da observação da vegetação local ou por imagens do que

existia anteriormente. Sendo assim, buscou-se elencar os fenômenos que

interferiram e interferem na manutenção e transformação da cobertura vegetal de

Porecatu, a fim de estabelecer as correlações entre a economia, as transformações

paisagísticas e o desmatamento no município.

Para a contextualização desta observação o aspecto regional também foi trabalhado

através da leitura de mapas e figuras sobre a vegetação paranaense, levantando

informações sobre seu desmatamento, as áreas de manutenção, ampliação e

redução de cobertura vegetal, as correlações entre as regiões fitogeográficas e as

características do clima e do solo onde cada tipo de vegetação ocorre, além de

analisar as áreas de cobertura vegetal e reflorestamento do Paraná e correlacionar a

espacialização de áreas de reflorestamentos a vários fatores, como a utilização da

madeira para a indústria, a presença de espécies ameaçadas, a recuperação das

matas ciliares, etc.

O relevo do município foi trabalhado com o mapa hipsométrico para observação das

diferentes altitudes, a fim de destacar onde ocorre o predomínio de processos

erosivos e de deposição, as relações entre altitude, hidrografia, pluviosidade e

processos erosivos, como estas influenciaram na expansão urbana do município, se

foram ou não elementos facilitadores para o desenvolvimento das atividades

econômicas, entre outras questões. Mesmo o município apresentando variações

altimétricas, estas não se modificam muito em função de sua localização no Terceiro

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Planalto também conhecido como Planalto de Guarapuava, uma das quatro divisões

do relevo do Estado do Paraná.

Ao trabalhar a hidrografia do município questionou-se se a presença de cursos

d’água é ou foi fator essencial para o desenvolvimento da região, em quais aspectos

socioeconômicos e culturais os rios interferiram nas atividades econômicas e na vida

dos munícipes e se o município desenvolve projetos de recuperação das bacias

hidrográficas.

Ainda dentro do eixo limites abordou-se a importância do clima na organização dos

arranjos espaciais com apoio de mapas, textos e conhecimentos pessoais sobre o

clima de Porecatu e do Paraná.

Cada item foi trabalhado usando diversas linguagens como: o diálogo através de

questões com o tema proposto, o uso de imagens exploradas nas mais diversas

formas (mapas, fotografias, figuras, etc), bem como textos informativos e dados de

origem histórica, social e econômica. A perspectiva foi auxiliar o aluno a formar seus

conceitos, a partir dos significados das paisagens locais para relacionar com os

fenômenos que acontecem em escala regional, nacional e mundial, a fim de que os

alunos produzam conhecimentos imprescindíveis à sua atuação como cidadãos.

Ao construir conceitos o aluno realmente aprende, por exemplo, a entender um mapa, a compreender o relevo, o que é região, nação, município. Ao conhecer, analisar e buscar explicações para compreender a realidade que está sendo vivenciada no seu cotidiano, ao extrapolar para outras informações e ao exercitar a crítica sobre essa realidade, ele poderá abstrair esta realidade concreta, teorizar sobre ela e construir o seu conhecimento. Ao construir os conceitos, o aluno aprende e não fica na memorização. (CALLAI, 2003, p. 61).

Com base no exposto, é importante frisar que este material busca a formulação dos

conceitos pelo próprio aluno, pois o conhecimento que o aluno tem a respeito do que

conhece e convive é significativo e pode ser ampliado a partir daquele trazido pelo

professor.

III - b) Arranjos Territoriais

No trabalho com os dos arranjos territoriais buscou-se levar o aluno a compreender

a geograficidade inerente aos arranjos espaciais através também da observação do

entorno, por meio do qual poderá identificar a ordenação espacial dos fenômenos e

seus significados, compreendendo assim os arranjos espaciais em múltiplas

escalas. Cumpre-se, assim, princípios das Diretrizes Curriculares, visto que um dos

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eixos dos conteúdos estruturantes diz respeito à oportunização da compreensão do

espaço em que vivem os próprios educandos, por meio do desvendamento das

relações oriundas da multiplicidade de escalas que compõem o território, sem

desconsiderar a institucional, mediadora de campos de forças sociais e políticos.

(DIRETRIZES CURRICULARES, 2006, p. 32).

A idéia de território refere-se à parcela geográfica apropriada por um grupo humano

ou animal, ou por um indivíduo, visando assegurar sua reprodução e satisfação de

suas necessidades vitais. Como lembra Raffestin (1993, s.p.), território é o espaço

delimitado por e para relações de poder, o que remete ao princípio do controle

pessoal ou coletivo de uma determinada área. Sendo assim, a delimitação territorial

obedece a diferentes contextos e escalas e cada território é, portanto, moldado a

partir da combinação de condições e forças internas e externas, devendo ser

compreendido como parte de uma totalidade espacial. O território não se reduz à

sua dimensão empírica, apresenta uma variedade de dimensões (cultural, política,

econômica e social) que se interrelacionam em sua produção.

A leitura dos arranjos territoriais remete ao conceito de territorialidade, o qual se

refere às relações entre um indivíduo ou grupo social e seu meio de referência,

manifestando-se nas várias escalas geográficas – uma localidade, uma região, um

país – e expressando um sentimento de pertencimento e um modo de agir no âmbito

do território. A territorialidade, como atributo humano, é primariamente condicionada

por normas sociais e valores culturais, que variam de sociedade para sociedade, de

um período para outro. (RAFFESTIN, 1993; SANTOS, 2001; ALBAGLI, 2002 apud

ALBAGLI e BRITO 2003, p. 21).

O conceito de território é fundamental para a análise da constituição do espaço

geográfico e pode ajudar o aluno entender a lógica da ordenação territorial dos

fenômenos. Então é importante colocar em discussão o enfoque a ser dado ao

conceito de território, a princípio, não perdendo de vista uma abordagem que leve o

aluno a compreender as relações sócio-históricas do modo de produção capitalista,

para que ele entenda como a inter-relação entre as questões políticas, econômicas e

culturais são materializadas no espaço geográfico. Para Calabi e Indovina (1973, s.

p.) “As relações capitalistas de produção tendem a se ampliar e abranger toda a

sociedade; são estas relações e o desenvolvimento das forças produtivas que dão a

configuração específica ao território.”

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A proposta do material didático por nós elaborado foi trabalhar o tema arranjos

territoriais com as explicações dos processos partindo do local vivenciado e

incorporado no imaginário do educando. A formação de arranjos e sistemas

produtivos locais encontra-se geralmente associada às trajetórias históricas de

construção de identidades e de formação de vínculos territoriais, a partir de uma

base social, cultural, política e econômica comum (ALBAGLI e BRITO, 2003, p. 4). A

expressão e configuração desses arranjos territoriais dependerão da maior ou menor

interação desses elementos locais e da interação com outros espaços. Esse recorte

levou em conta a estrutura fundiária, as relações de trabalho no campo, a relação

campo-cidade, o uso do solo urbano e a estrutura urbana do município, a partir de

análises realizadas por meio de várias linguagens como tabelas, gráficos, fotografias

e questionamentos. Ao desenvolver o tema por este conjunto de linguagens

preocupou-se em problematizar as características da agricultura no município,

transcendendo as escalas de modo a permitir que se compreenda sua importância

na economia do país. O destaque foi dado para os produtos agrícolas produzidos no

local, seu destino, os indicadores do uso do solo como área ocupada com lavouras

permanentes, temporárias, pastagens, matas e reflorestamento. Esta análise

complementa-se com as considerações acerca da inserção do município no contexto

da industrialização e da introdução de equipamentos modernos no campo, cujas

conseqüências são novas condições de produção e de trabalho. Como decorrência,

as famílias foram obrigadas a mudar seus hábitos e costumes, e entrar no ritmo

destas atividades ditas modernas, que implicaram em redução das ocupações

agrícolas de cunho familiar, bem como de empregos temporários e permanentes no

campo. A organização do território e suas transformações estão ligadas às forças

produtivas do sistema capitalista e suas contradições existindo um conflito entre o

capital e o trabalho que vai influenciar nos arranjos territoriais como: localização

industrial ou como se dá o uso do solo urbano e rural, já que “O processo de

produção ocorre no espaço. O primeiro uso do território, que devemos, portanto

considerar é o produtivo.” (CALABI e INDOVINA, 1973, s.p.).

No que diz respeito ao campo, Elias (2006, p. 8) afirma que a reestruturação da

agropecuária brasileira processou-se de forma socialmente excludente e

espacialmente seletiva, privilegiando determinados segmentos sociais e

econômicos. Na escala dos municípios, os arranjos territoriais refletem a

reestruturação da agropecuária provocada pelo incremento da tecnificação e que, de

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um lado, contribui para a ampliação do perímetro urbano das médias e grandes

cidades assim como com a intensificação das atividades secundárias e de serviços.

Por outro lado, nestas e naquelas cidades de menor porte, provocou o aumento da

população urbana onde, em muitos lugares, ocorre a presença de trabalhadores do

campo residindo nas periferias urbanas. As políticas de modernização desigual e

excludente no campo, foram responsáveis pelo esvaziamento expulsão populacional

e pela incorporação da agricultura denominada científica por Santos (2006, p. 88),

para o qual o meio técnico-científico-informacional passa a ser característico

também do mundo rural.

Isso permite explicar a mudança no padrão da distribuição entre a população rural e

urbana, mas não só, já que aliada à diminuição do contingente populacional

residente no campo houve perda de pessoas nos núcleos urbano da maior parte dos

municípios de base agrícola. No caso do Norte do Paraná, isso se tornou mais

evidente a partir da década de 1980, momento em que a cultura do café já havia

entrado em declínio e a migração, tanto para cidades maiores como para novas

áreas agrícolas, foi a única saída de sobrevivência encontrada pelos camponeses.

Cabe salientar que além desse movimento migratório de enormes proporções,

impactos ambientais foram se avolumando, em particular no que diz respeito à

degradação da flora, destruição da fauna, dos recursos hídricos dadas as técnicas

de cultivo baseadas em intensa mecanização e utilização intensiva de agrotóxicos.

A elaboração do material propõe uma reflexão sobre a relação entre cidade e

campo, já que essa tem se tornado extremamente complexa, na medida em que a

tecnologia e a redução dos custos de produção têm criado, no campo, estruturas

que antes eram típicas do meio urbano, a exemplo das agroindústrias. Pode-se

afirmar que essas duas formas de organizar o espaço se integram no processo de

produção industrial.

Uma espécie de fim de divisão de trabalho, técnica e territorial, que recria as relações entre setores econômicos até então estrutural e territorialmente separados, e uma certa homogeneização de valores que expressam um mundo e um modo de vida até então tidos como próprios e privilégio da cidade toma em comum cidade e campo, tornando-os, de novo, um mundo único, desta vez configurado na cultura urbana, que se propaga pelos campos, aí eliminando o que era ainda remanescente da cultura rural do passado. (MOREIRA, 2005, p. 3).

A utilização de alguns recursos, sobretudo mapas, poderá levar o aluno a perceber a

cidade como uma fração diferenciada do território, em oposição ao campo, e mesmo

com diferenças internas pronunciadas, dada a diversidade de usos e apropriações.

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Em linhas gerais verifica-se um zoneamento da cidade, que se divide em área

central, áreas industriais, residenciais, sempre determinadas pelo poder aquisitivo da

população e pela regulamentação e força dos grupos privados dedicados à

especulação imobiliária.

É isso que explica a dinâmica interna das cidades e seus vazios urbanos, sabendo-

se que as interações com os fluxos de capitais decorrem de fatores históricos,

políticos e econômicos. Com esta proposta analítica, é possível se deter e

compreender como se dá a participação de cada setor econômico do município, bem

como os fatores que interferem na distribuição espacial das atividades econômicas.

Após atentar a estas questões, é possível ainda ao aluno perceber que a cidade é,

ao mesmo tempo, reflexo e produto concreto da realidade social e econômica do

sistema capitalista. Para Calabi e Indovina (1973, s.p.) ”[...] a cidade, deste ponto de

vista, é um produto total. Ela tem valor de uso e tal valor depende de necessidades

historicamente determinadas, diante de tal valor de uso ela é produto para a troca,

ou seja, ela própria é mercadoria.”

Partindo deste entendimento da cidade, os alunos compreenderão o quão

fundamentais são os serviços urbanos, e poderão mapeá-los por meio de

levantamento de dados sobre educação, saúde, lazer, segurança, fornecimento de

energia, água, esgoto, meios e vias de transporte, coleta de lixo, creches, pontos

turísticos e centros de convivência. Tudo isso dentro de uma orientação

metodológica que permite questionar o quanto essa estrutura espacial, na maioria

das vezes, oferece oportunidades ou agrava os fatores de exclusão. Não obstante, o

fato de a proposta contemplar as dimensões: acesso aos serviços públicos, direitos

de cidadania e qualidade de vida como elementos indissociáveis e inter-

relacionados. A reflexão sobre estas questões permitirá ao aluno perceber as

diversas esferas de ações e responsabilidades na produção dos espaços, incluindo

as suas.

Enfim, o material didático elaborado permitirá uma abordagem que apresenta os

arranjos territoriais de forma contextualizada, em que o aluno se reconheça como

um entre os seus produtores, a partir das vivências e intervenções no âmbito de

suas práticas cotidianas. Trata-se de um desafio, pois sabemos o quão difícil é

construir uma prática educativa no ensino de geografia, para que o aluno não seja

“[...] estrangeiro em seu próprio mundo.” (KATUTA, 2004, p. 32).

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III - c) Dinâmica Populacional

Estudos sobre a dinâmica da população são de grande relevância, pois é a partir

dela que o modo de produção, a estrutura de classes e os arranjos territoriais se

estabelecem e nos permitem reconhecer as diferentes formas e agentes que

determinam a incorporação da terra, de seus frutos, de seus recursos naturais e

humanos, das pessoas e sua capacidade de trabalho e de consumo à engrenagem

universal do capitalismo. A análise desse resultado possibilita que os governantes

desenvolvam políticas sociais e os empresários planejem atividades econômicas. O

conhecimento e o tratamento desses dados podem atrair investimentos, direcionar

novos arranjos territoriais e fluxos populacionais, assim como, realizar reivindicações

que exerçam pressão sobre o poder público local. Enfim, são estudos que devem

ser aplicados em projetos de desenvolvimento econômico, social ou cultural em

qualquer escala, pois são processos ligados à dinâmica populacional que produzem

as configurações dos diferentes usos da terra, da água, do ar, a produção e o

consumo dos diversos tipos de energia, além de outros recursos.

Para o estudo da dinâmica populacional empregamos a linguagem numérica ou

estatística, técnica utilizada pelos institutos de pesquisas, a fim de sistematizar os

fenômenos demográficos, a estrutura e as condições de vida de uma população,

tanto no âmbito local, quanto no âmbito mundial.

O registro das realidades permite a interpretação das informações e análise dos

fenômenos através de gráficos e tabelas. Quando organizados em tabelas, os dados

coletados permitem analisar elementos como o tempo, a época a que se refere; o

espaço, isto é, local ou região onde os dados foram anotados e a natureza dos fatos,

já os gráficos oferecem um meio visualmente rápido de comparação entre as

variáveis que representam diferentes situações demográficas.

A dinâmica populacional é um dos fatores fundamentais para a compreensão do

objeto de estudo, ou seja, a distribuição territorial dos fenômenos e seus significados

na organização e formação dos espaços geográficos. O intuito é entender como a

dinâmica populacional interfere na formação espacial da sociedade e reportar essa

compreensão para o contexto da cidade, do município. Assim, na apresentação dos

conteúdos da dinâmica populacional do município de Porecatu, os dados e

informações foram organizados para permitir a compreensão dos movimentos e

deslocamentos populacionais em escala local, principalmente aqueles fundamentais

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na organização do seu espaço e geograficidade. Para desenvolver o trabalho foi

necessário coletar dados que possibilitassem a verificação de diversos aspectos

relacionados à dinâmica populacional, entre eles o povoamento, a migração, a

evolução da população, a qualidade de vida, o Índice de Desenvolvimento Humano

(IDH) em diversas escalas geográficas e a composição etária do município.

Ao trabalhar o povoamento, as migrações e a evolução da população urbana é

importante destacar a complexidade dos arranjos populacionais, que nos remete à

lembrança de que a possibilidade de deslocamento nos diferentes territórios da

superfície da Terra é uma de suas características mais antigas. Vários motivos

impulsionaram os Homens a migrarem, como a busca por melhores condições de

vida, a conquista de novos territórios, fuga ou perseguições religiosas e políticas,

além de outros. Apesar dos movimentos migratórios acontecerem ao longo da

história de forma contínua, a cada momento histórico diferente motivos direcionaram

os fluxos populacionais. E é a partir deles que o material didático investigou e

apresentou os processos da formação sócio-histórico-territorial do município de

Porecatu e seus fluxos migratórios. No tocante à apresentação dos processos de

ocupação e organização do espaço urbano municipal evidencia-se a segregação

sócio-espacial, os mecanismos e conseqüências desse processo que se espacializa

em suas paisagens e arranjos espaciais.

Percebe-se que o município teve uma diminuição da sua população, diferente de

outros que registraram aumento expressivo. Dessa forma, verifica-se que o ritmo de

crescimento populacional oscila conforme as oportunidades e equipamentos que a

cidade oferece. O diagnóstico da dinâmica populacional do município, das suas

características, do seu povoamento, das migrações e da sua estrutura populacional,

as mesmas que imprimiram suas marcas, produzindo novas territorialidades,

permitem a elaboração de uma leitura das espacialidades, das formas em que os

grupos sociais se organizam no espaço-tempo, dadas suas relações com as

mudanças políticas e econômicas ocorridas em escala nacional e mundial, e

pressupõe o entendimento das geograficidades engendradas pela dinâmica

populacional em escala local.

É necessário destacar que o material confeccionado dispõe de dados,

principalmente do período de 1970 a 2000, que enfocam as transformações

capitalistas no campo (modernização capitalista excludente, mecanização e

mudanças de cultura) intensificadas a partir de 1970, aliadas à atração ideológica

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exercida pelas cidades, provocando um grande fluxo migratório em direção aos

centros urbanos.

O material didático abordou a questão da segurança pública para possibilitar a

discussão dos fatores responsáveis pelos processos de violência, tendo em vista as

mudanças ocorridas nos hábitos da população das cidades, onde ocorrem

manifestações cada vez mais agressivas de insatisfação e exclusão de grupos

sociais, ou de sua disseminação, haja vista que os processos de violência estão

presentes em vários lugares e amplamente divulgados pela mídia.

Isso se explica porque a base do processo capitalista está na concentração do

capital nas mãos de poucos, o que torna as desigualdades espacialmente mais

visíveis, especialmente nos grandes centros urbanos que, em função da sua posição

econômica e geográfica, tornam-se pólos de atração para àqueles expulsos do

campo e de outras cidades pela modernização agrícola excludente ou decadência

econômica do local.

A avaliação do nível de desenvolvimento de um país e sua qualidade de vida ocorre

mediante a análise dos indicadores socioeconômicos com: educação, longevidade e

renda per capita que, juntos, caracterizam o IDH (Índice de Desenvolvimento

Humano). Este índice é expresso em uma escala que oscila de 0,0 a 1,0. Quanto

mais próximo do 0,0 piores são as condições de vida da população, característica

dos países subdesenvolvidos; quanto mais próximo do 1,0, mais elevado é o padrão

de vida, característica dos países desenvolvidos.

O IDH criado, a partir de 1990, pelo Programa das Nações Unidas (PNUD) foi

adotado para caracterizar as condições médias de vida da população, criando

mecanismos para chamar a atenção para os graves problemas ligados à violação de

direitos humanos.

Também é possível calcular o IDH municipal. No material didático, os dados do IDH

do município de Porecatu foram utilizados como parâmetro para comparação dos

mesmos em diferentes escalas do território brasileiro.

Através de uma série de questionamentos como, por exemplo: Do ponto de vista da

qualidade de vida da população, a distribuição da renda no seu município é boa ou

ruim? Todos têm o mesmo poder de compra? Por quê?; No seu município, existem

pessoas procurando emprego? E crianças trabalhando?; Na sua família, quantas

pessoas trabalham com carteira assinada? Quais as vantagens de trabalhar no setor

formal? Por meio destes questionamentos buscou-se chamar a atenção para a

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análise sócio-espacial do cotidiano do aluno, principalmente no que tange à

realidade municipal, com o objetivo de o aluno perceber as

disparidades/desigualdades na distribuição da renda do seu município, que acarreta

a diferença do poder de compra. Sendo possível associar estes dados à existência

do trabalho infantil e ao trabalho informal, ligadas às condições de vida da população

e à necessidade de qualificação profissional como requisito para melhoria da

qualidade de vida.

Ao trabalhar a expectativa de vida, fecundidade e mortalidade infantil foram feitos os

seguintes questionamentos aos alunos: você tem irmãos? Quantos?; Seus pais têm

irmãos? Quantos? E seus avós?; Seus avós e pais tiveram filhos ou irmãos que

morreram ainda criança?; Existe diferença entre o número de irmãos nas várias

gerações de sua família?; Seus avós ainda estão vivos? Se não, com quantos anos

eles morreram?

A resposta destas questões fará com que o aluno perceba a evolução da expectativa

de vida no seu município e as mudanças que ocorreram na sociedade com o

processo de industrialização e urbanização, que levaram à redução do número de

membros na família e a uma maior concentração populacional na área urbana. A

possibilidade de saneamento básico, acesso à medicina, surgimento de novos

métodos anticoncepcionais, a participação da mulher no mercado de trabalho,

mudança de cultura e educação foram alguns fatores que contribuíram para estas

reduções. Trabalhamos o material também no sentido de o estudante perceber

também que essas mudanças não ocorreram apenas em seu município, mas no

país como um todo, onde houve aumento da expectativa de vida, porém,

destacamos que, apesar da significativa melhora nos índices de educação e saúde,

o país ainda está longe de atingir a expectativa de vida dos Estados nacionais

desenvolvidos.

Sendo a educação condição fundamental para o desenvolvimento econômico de um

país e, segundo a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a

Ciência e a Cultura), a saída para a pobreza, procurou-se despertar a compreensão

sobre a importância da escola e, com os questionamentos, procurou-se analisar,

através dos níveis de escolaridade, as diferenças na nossa sociedade: Quantos

anos seus pais freqüentaram a escola? Seus avós estudaram? Por quanto tempo

você acredita que freqüentará a escola? Ao longo do tempo a permanência das

pessoas na escola aumentou?

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Todos os referidos questionamentos objetivam propiciar aos alunos a construção do

conceito de IDH, conforme sua realidade sócio-espacial e estas informações, mais a

leitura de mapas gráficos e tabelas permitiram uma análise comparativa da

territorialização desse índice no estado, tendo como parâmetro o IDH do município.

O material didático aborda também a composição etária do município que, através

de sua pirâmide etária, permite verificar a evolução do crescimento da população.

A pirâmide etária é um gráfico que representa a estrutura por sexo e idade de uma

população, onde cada metade vertical representa um sexo, sendo dividida em três

faixas etárias: a base que indica o grupo jovem (até 19 anos); o corpo que indica o

grupo adulto (entre 20 e 59 anos); e o topo ou ápice que indica o grupo de idosos

(acima de 60 anos). Através das pirâmides etárias é possível conhecer a realidade

socioeconômica dos países e suas implicações. (ALVES e RIGOLIN, 2005, p.112-

113).

Com a observação do formato, do perfil da pirâmide pode-se classificar a população

em três categorias: jovem, adulta e velha. Ela também serve para indicar o grau de

desenvolvimento de um país.

A análise das pirâmides etárias de Porecatu, do Paraná e do Brasil serviu para

destacar os números da natalidade, mortalidade infantil e da expectativa de vida

dessas populações para, então, possibilitar a comparação da evolução da pirâmide

etária em diversas escalas temporais e espaciais, bem como o estabelecimento das

hipóteses que explicam as respectivas diferenças.

Estes temas da dinâmica populacional foram abordados, pois são fundamentais para

entender e desvendar as complexidades que produzem a ordenação espacial da

sociedade atual.

I V - Conclusão

Um dos principais objetivos da educação escolar é a aquisição de conhecimentos

com a responsabilidade de auxiliar na formação humana, ou seja, a escola deve

proporcionar instrumentos para que o aluno compreenda o mundo em que vive,

sendo capaz de atuar sobre o mesmo, capaz de exercer deveres, exigir direitos,

tomar decisões, provocar mudanças sociais, rever conceitos, tornando-se crítico e

capaz de atuar na sociedade.

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É através da educação que se pode levar o educando a pensar uma sociedade mais

justa e igualitária. Mas, para que isso ocorra, é necessário ter, além de profissionais

competentes e comprometidos, uma política educacional que favoreça o renascer

das ações significativas à construção do conhecimento. Assim, o Programa de

Desenvolvimento Educacional (PDE) cumpriu seu objetivo ao proporcionar aos

professores uma formação continuada de qualidade, quando nos colocou na posição

de produtores de conhecimento sobre o processo de ensino-aprendizagem de

saberes geográficos, sob responsabilidade das Instituições de Ensino Superior (IES)

para a produção de um material didático pedagógico específico em sua disciplina,

que será utilizado nas escolas da rede pública de ensino. Seu desenvolvimento, ao

atender a determinação da SEED (2007, p. 13-14) permitiu ao professor ampliar o

conhecimento acerca dos subsídios teórico-práticos que visam o desenvolvimento

de ações educacionais sistematizadas, o reconhecimento das diferentes correntes

pedagógicas que pensam a aprendizagem. É preciso salientar que essa inter-

relação entre ensino básico e universidades poderá produzir efeitos em ambas as

instituições, dado que pode auxiliar no redimensionamento das práticas educativas.

A confecção deste material didático, ofereceu aos alunos e professores dados e

análises sistematizadas do município que dificilmente poderiam ser encontrados na

literatura oficial. Esta ação permitiu também ampliar conhecimentos sobre a

geografia do município, desde o início de sua ocupação e inserção no modelo

capitalista econômico brasileiro e mundial, auxiliando na compreensão do

desenvolvimento da economia local, configurando características sociais, políticas e

culturais específicas, permitindo, dessa maneira, ressignificar o processo de ensino-

aprendizagem ao confrontar o conhecimento científico com o cotidiano do aluno,

cuja inserção na sociedade se dá no plano local.

A compreensão dos processos, elementos e dinâmica local permitem que o

educando se descubra como um ser atuante e não como um mero espectador nos

arranjos espaciais locais levando-o ao entendimento das heterogeneidades e

homogeneidades presentes no local. Esses processos são melhor assimilados a

partir do cotidiano que, por sua vez, estão vivos na memória do indivíduo. Assim, as

ações individuais e coletivas tendem a ser mais concretas, pois há um entendimento

da formação das espacialidades com as quais convive.

V – Bibliografia

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