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183 ANO 18 OUTUBRO/2015 A tradicional casa da Protásio - subindo ou descendo a Protásio - criação de Paulo Diniz, radialista - tem seus penduricalhos do tempo dos fundadores ainda. Foi por acaso que SANTO TASCA indo visitar parentes numas férias em 1980, em Sarandi(RS) de onde era originário ouviu seu sobrinho emprestado (Joelson é sobrinho de Elsa, esposa de Santo) dizer que se mudaria pra SP, onde iria trabalhar na churrascaria de uns UNGARATTO. - Na hora, o Tio Santo ligou pro Elso (Furini) já sócio do Barranco e disse pra admir o sobrinho. No dia 28 de fevereiro de 1980, JOELSON VIAJOU de Sarandi pra POA, onde no dia 29 (era ano bissexto), começou no Barranco. Fez de tudo, como ainda hoje em dia, quando entra as 8 horas da manhã e somente sai no fim do expediente, ou seja, lá pelas 18 horas. Aos domingos, ele sai mais tarde, porque o serviço é maior. Filho de agricultores, Joelson foi trabalhar aos 14 anos nas águas Sarandi, onde ficou apenas 4 anos. Em Porto Alegre ele formou uma dupla perfeita com Elson Furini, tanto que segundo JOELSON , ELE DIZ QUE EU SOU SEU GERENTE. - Ele é o rico, eu o pobre, sentencia, brincando. RAÍZES SERAFINENSES Joelson tem raízes serafinenses. Sua mãe DELVINA GASPERIN GUISELLI nasceu naquela cidade serrana. - Meu avo materno mudou-se pra Sarandi naqueles anos que era puro mato. Eram os anos da colonização, diz ele. O pai de Joelson é MELCHIOR ARI GUISELLI. Com 35 anos de Barranco - vai completar 36 em fevereiro vindouro, ele já viu muita coisa. Conheceu os 4 irmãos Tasca - Santo, Albino, Ernesto e Vicenzo (pai do sócio atual Chiquinho). Aos 55 anos, o ' faz-tudo ' - do Barranco ("aqui eu faço compras, atendo no caixa,- somente ra folga as terças, quando gosta de passear, ou de ficar em casa com sua patroa. Sua esposa é de Rondinha e quando casaram em 1986, nem se telefonavam: - A gente se escrevia mesmo. Ela lá e eu aqui, porque nem telefone nhamos, contou Joelson Guiselli. Aos 55 anos, não pensa em pendurar as chuteiras. Ainda dá pra alguma coisa mais. Ele lembra com saudades principalmente do tempo das reuniões da Irmandade dos italianos que o seu o e seus atuais patrões incenvavam. - Tem muitas fotos dos Tasca naquele tempo, me disse, quando lhe perguntei se nha guardado algo daqueles primeiros tempos. - Devo ter uma foto minha pequena em casa com o o Santo, contou, revelando um pouco das origens da churrascaria mais tradicional da capital (Olides Canton) No caixa Joelson Guiselli,o gerente e seu patrão Elson Furini GENTE DO BARRANCO

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183ANO 18

OUTUBRO/2015

A tradicional casa da Protásio - subindo ou descendo a Protásio - criação de Paulo Diniz, radialista - tem seus penduricalhos do tempo dos fundadores ainda.

Foi por acaso que SANTO TASCA indo visitar parentes numas férias em 1980, em Sarandi(RS) de onde era originário ouviu seu sobrinho emprestado (Joelson é sobrinho de Elsa, esposa de Santo) dizer que se mudaria pra SP, onde iria trabalhar na churrascaria de uns UNGARATTO. - Na hora, o Tio Santo ligou pro Elso (Furini) já sócio do Barranco e disse pra admi�r o sobrinho. No dia 28 de fevereiro de 1980, JOELSON VIAJOU de Sarandi pra POA, onde no dia 29 (era ano bissexto), começou no Barranco. Fez de tudo, como ainda hoje em dia, quando entra as 8 horas da manhã e somente sai no fim do expediente, ou seja, lá pelas 18 horas. Aos domingos, ele sai mais tarde, porque o serviço é maior.

Filho de agricultores, Joelson foi trabalhar aos 14 anos nas águas Sarandi, onde ficou apenas 4 anos. Em Porto Alegre ele formou uma dupla perfeita com Elson Furini, tanto que segundo JOELSON , ELE DIZ QUE EU SOU SEU GERENTE. - Ele é o rico, eu o pobre, sentencia, brincando.

RAÍZES SERAFINENSES

Joelson tem raízes serafinenses. Sua mãe DELVINA GASPERIN GUISELLI nasceu naquela cidade serrana. - Meu avo materno mudou-se pra Sarandi naqueles anos que era puro mato. Eram os anos da colonização, diz ele. O pai de Joelson é MELCHIOR ARI GUISELLI. Com 35 anos de Barranco - vai completar 36 em fevereiro vindouro, ele já viu muita coisa. Conheceu os 4 irmãos Tasca - Santo, Albino, Ernesto e Vicenzo (pai do sócio atual Chiquinho). Aos 55 anos, o ' faz-tudo ' - do Barranco ("aqui eu faço compras, atendo no caixa,- somente �ra folga as terças, quando gosta de passear, ou de ficar em casa com sua patroa. Sua esposa é de Rondinha e quando casaram em 1986, nem se telefonavam: - A gente se escrevia mesmo. Ela lá e eu aqui, porque nem telefone �nhamos, contou Joelson Guiselli. Aos 55 anos, não pensa em pendurar as chuteiras. Ainda dá pra alguma coisa mais. Ele lembra com saudades principalmente do tempo das reuniões da Irmandade dos italianos que o seu �o e seus atuais patrões incen�vavam. - Tem muitas fotos dos Tasca naquele tempo, me disse, quando lhe perguntei se �nha guardado algo daqueles primeiros tempos. - Devo ter uma foto minha pequena em casa com o �o Santo, contou, revelando um pouco das origens da churrascaria mais tradicional da capital

(Olides Canton)

No caixa Joelson Guiselli,o gerente e seu patrão Elson Furini

GENTE DO BARRANCO

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Numa feira do livro dos anos 90, o escritor Mário Vargas Lhosa veio par�cipar do evento como convidado junto com autor teatral Fernando Arrabal. Uma noite eles foram comemorar no restaurante Riverside's do Shopping Praia de Belas. Vargas com a esposa Patrícia e Arrabal, sozinho. O então presidente da CRL Júlio Zano�a resolveu lhe apresentar o escritor Antônio Augusto, autor de "os Demônios". Ele chegou lá com sua namorada 'um punk louquíssima', no dizer de Zano�a.

Lhosa se diver�a com o autor demoníaco:

- Mas usted ha entrevistado Satã? queria saber.... Bêbado, Arrabal ficava na dele.

Saíram de lá alta madrugada, acompanhados de um segurança. Ninguém ia se atrever de mandá-los embora. Antonio Augusto tocava música de Bob Dylan, na sua gai�nha de boca.

FEIRA EM CONSTRUÇÃO

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Às arvores nem caíram. E tem mais uma coisa: eles querem desbastar a barba que tem em volta delas, mas a Smam não estaria autorizando.

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Estragos do temporal, no ‘mato’ do Barranco...

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Há poucos meses atrás, par�cipei de um evento patrocinado por uma Comissão do Congresso Nacional sobre Pirataria. Ao final, decepcionado, �nha "jurado" parar de me preocupar com o tema e de não mais me meter nisto.

Afinal, aquele evento como a maioria daqueles dos quais par�cipo são "para inglês ver". Muita badalação, resultados pífios ou nulos. Até hoje espero convite do deputado para falar em Foz do Iguaçu. Não me enganem, que eu não gosto.

Muitos desses eventos são para jus�ficar alguma coisa. O Ministério Público, os Legisla�vos e Execu�vos dizem sempre que estão vivos e atuantes. O MP deveria ser o órgão da inicia�va, já que tutela bens difusos. A cada passo que se dá na cidade, temos graves ofensas a bens jurídicos tutelados pelo Direito. Mas nenhuma ação real.

Já a Jus�ça que só deve agir quando provocada, pois a jurisdição é inerte, dá evasivas ou julga, quando provocada, como se es�véssemos tratando de “crimes de chinelagem”, como se diz no vulgar português. Para a maioria dos julgadores, os ilícitos da pirataria são "crimes de menor impacto ofensivo". Agora, sim, juro mesmo que vou estudar mais esta "coisa" toda. Ainda vou entender o que é “crime de bagatela” e o que “tem menor impacto ofensivo”. Do que está nos livros, já entendi, mas o que está na cabeça deles ainda não.

Vi que fiz mal na época do evento citado, pois jurei, quando não deveria ter jurado. Agora, vou pensar melhor quando pensar ou usar a palavra "jurar". Pensei bem quando a empreguei acima.

Diante de ilicitudes, não dá para calar. Afinal, deveríamos enxergar uma cole�vidade protegida por normas estatuídas pelo legislador.Não vemos nem a cole�vidade nem as normas. No úl�mo sábado, vendedores de cigarros paraguaios quebraram os vidros da Kombi da Smic, órgão fiscalizador da Prefeitura.Fiscais que ganham 30% de "Gra�ficação" em cima do salário básico, por suas a�vidades de risco, temem que a Brigada Militar possa não confirmar o convênio

com a Prefeitura, ficando eles ainda mais a descoberto em suas ações. Do risco de apanhar de camelô ilegal, de bandido, de ladrão de celular, sem segurança, realizando atos corretos e legais, estes apanham daqueles que deveriam sofrer a crueza da sanção.

Pelo risco, deveriam, na verdade, ganhar "Risco de Vida" e não uma simples gra�ficação. Se pegarmos todas as violências e agressões contra nossos fiscais da Smic, não vacilaríamos em garan�r a eles este direito.

Meu compromisso de cidadania é ver e tratar também deste tema, pois sem fiscalização não há solução.Às ins�tuições caberia fazer uma car�lha, um folheto, com distribuição massiva na cidade, alertando o cidadão para as ilicitudes que ele está pra�cando ao

comprar produto oriundo de descaminho ou falsificado, roubado/receptado.Nosso Direito Penal tem profundas lacunas, afinal seu Código vem sendo (r)emendado desde 1940, mas precisando mesmo de uma profunda modernização.De um lado, temos a mania de penalizar tudo. De outro, esquecemos que algumas agressões aos bens jurídicos são cortes profundos, que deixam marcas

indeléveis, pois num simples brinquedo vindo da China tem trabalho infan�l e escravo que nossa Lei proíbe.Aqui, para vender um produto legal temos que passar pelo calvário da Anvisa; no entanto, o cigarro paraguaio - sujo de tudo - é vendido no Centro, sem

molestações.Nos produtos piratas tem sangue. Os esquemas de trocas, compras e vendas com os chefes do narcotráfico e do tráfico de armas é sabido, como nos mostra Moisés

Naim, em seu espetacular livro "Ilícitos", tem vasos comunicantes também nas contas bancárias. Matar e mandar matar é habitual.Com o fechamento de vários postos de fiscalização da Secretaria Estadual da Fazenda no Estado - como o da Ponte à Zona Sul - abriu uma via para que o Porto de

Mon�video seja o mais novo e lucra�vo ponto de descaminho. Por ali, entram especialmente acessórios femininos. Mas não é apenas neste local. A bandidagem festeja até hoje estas medidas absurdas.Pecaram todos os governos, aqueles que fecharam e aqueles que não mandaram reabrir estes postos.Ou será que apenas que eu sei das rotas de contrabando?O fechamento do Posto da Receita Federal no Porto Soberbo, em Tiradentes do Sul, abriu outro caminho, podendo o pirateiro se dar ao luxo de não passar mais por

Foz do Iguaçu.Será que apenas sou eu quem sabe disto?Os pneus e gasolina que entram pela Região Noroeste, vindos da Argen�na, terão alguma forma de combate? Afinal, não faltam recursos para pagar os

professores?E o que faz a SeFaz-RS? Põe seus servidores com os mais altos salários na frente de uma tela de computador para fiscalizar o que é fácil de fazer. Nas ruas, nos

caminhos, os descaminhos, as ilegalidades.E como não lembrar dos ferro-velhos, dos desmanches, das "robautos"?Não precisa "bater" em todas as firmas. Já desenhei para a Smic como se faz uma ação "espalha chumbo", como eu fazia nos tempos em que fui �tular daquela

pasta. Com sucesso.Há dias patrocinamos reuniões com a Brigada Militar, com o prefeito e o vice, para tratarmos do roubo de celulares, receptação, convênio Prefeitura-Brigada

Militar.Novos passos foram dados, espero que não nos passem nenhuma rasteira pelos novos caminhos a trilhar.Agora, vamos falar com a Chefia de Polícia.Fala-se sempre na tal da Comissão comandada pelo Ministério Público, que deveria ter convocação pública, agregar en�dades e pessoas que compreendam a

situação de calamidade que vivemos, com tarefas compar�lhadas, mas efe�vamente pouca coisa foi feita no úl�mo período.Não sei por que razão o Ministério da Jus�ça fechou, escondeu, diminuiu sua Comissão Nacional de Combate à Pirataria. Saudades dos tempos do saudoso

Ministro Márcio Thomaz Bastos, quando eu era convocado para o Painel de Colaboradores. Na época havia ações em nível nacional.Por que estes retrocessos todos?Quando fui �tular da Smic, �ve aporte militante e material das en�dades as mais variadas. Por que este retrocesso com elas também? Descrença? Falta de verbas?Vejo que as grandes empresas, detentoras de marcas, tem grandes escritórios de advocacia do centro do país em algum nível de ação.Já por aqui, vejo poucos.Não vejo uma consultoria ou assessoria específica nas en�dades e nas empresas prejudicadas.Afinal, o que está acontecendo?“O Impostômetro a�ngiu a marca de R$ 1,4 trilhão em 14/09/2015, 16 dias antes do que no ano de 2014”. E aí quando vejo esta manchete, fico me perguntando,

por que não falar do "sonegômetro"? Por que não fazem um mural público de quanto se vai pelo ralo por causa da pirataria?Só para dar um exemplo, no RS, são fruto de contrabando paraguaio 27% dos cigarros consumidos.Espero que esta minha Carta, já que me falta uma Tribuna, seja mais efe�va do que foram meus apelos e ar�gos dos úl�mos tempos, pois me dediquei a apontar

problemas e caminhos.Não quero ser o "Joãozinho do Passo Certo", quero apenas reiterar o que sempre disse e fiz na prá�ca: combater as ilicitudes com vigor e determinação é um dever.Que o Direito nos socorra, a começar por quem por ele deva zelar!

Adeli Sell foi Secretário da Smic-Porto Alegre, vereador. É consultor, escritor e acadêmico de Direito.

CARTA ABERTA CONTRA A PIRATARIA, OS CRIMES E AS ILICITUDES!