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9 771980 315002 3 8 1 0 0 ISSN 1980315-X Nº 183 - Novembro de 2010 Programa da Ufrgs comemora 40 anos de tradição e pioneirismo na formação de recursos humanos e pesquisa Pós-Graduação em Farmácia é referência internacional de qualidade Páginas 09 a 12

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Pós-Graduação em Farmácia é referência internacional de qualidade

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ISSN 1980315-X

Nº 183 - Novembro de 2010

Programa da Ufrgs comemora 40 anos de tradição e pioneirismo na formação de recursos

humanos e pesquisa

Pós-Graduação em Farmácia é referência internacional

de qualidade

Páginas 09 a 12

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ISSN 1980315-X

Presidente -

1º Vice-Presidente - José Carlos Freitas Lemos

2ª Vice-Presidente - Maria Luiza Ambros von Hollenben

1ª Secretária - Daniela Marzola Fialho

2ª Secretária - Elizabeth de Carvalho Castro

3ª Secretária - Maria Cristina da Silva Martins

1º Tesoureiro - Paulo Artur Kozen Xavier de Mello e Silva

2ª Tesoureira - Maria da Graça Saraiva Marques

3ª Tesoureira - Ana Paula Ravazzolo

Claudio Scherer

Edi : Adriana Lampert

Reportagens:

Projeto Gráfico: Eduardo Furasté

Diagramação: Eduardo Furasté e Facundo de Arriba (estagiário)

Ilustração: Mario Guerreiro

Arte Final: Julio CC Lima Jr

ção

Cláudia Rodrigues, Cleber Dioni Tentardini,

Marco Aurélio Weissheimer e Michelle Rolante

Sindicato dos Professores das InstituiçõesFederais de Ensino Superior de Porto Alegre

O novo site da Adufrgs-Sindical está saindo do forno!

A partir de janeiro de 2011, os associados e internautas encontrarão o portal www.adufrgs.org.br totalmente repaginado.

O moderno layout dará destaque para notícias, fotos e informações via multimídia - com atualizações dinâmicas – e virá

totalmente readequado, possibilitando melhor navegação a qualquer hora do dia.

Além de informativos e documentos disponíveis de forma mais visível, o novo site também irá permitir que o usuário faça download das edições da revistas Adverso, em arquivo PDF.

Acesse e confira!É a Adufrgs-Sindical se renovando a cada ano, para manter você informado

sobre assuntos atrelados à carreira docente, e notícias em geral.

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ヘN D I C EEditorial

Diretoria da Adufrgs-Sindical

04 AMBIENTAL

06 ESPECIAL

Uergs aposta em dias melhores com chegada do novo governo no Estado

por Marco Aurélio Weissheimer

Em memorável assembleia geral, ocorrida em 03 de dezembro de 2008, a Adufrgs reformulou seus estatutos, transformando-se em Sindicato dos Professores do Ensino Superior Federal de Porto Alegre (Adufrgs-Sindical). As Associações de Docentes (ADs) das Universidades Federais de Minas Gerais e de São Carlos já haviam feito o mesmo e, mais recentemente, o exemplo foi seguido pelos professores das Universidades Federais da Bahia, de Santa Catarina, do Ceará e do Rio Grande do Norte. Atualmente, estão em processo de sindicalização as ADs de Goiás, de Mato Grosso do Sul, de Pernambuco e de Roraima. Esta é uma tendência sem volta do movimento docente superior federal, causada pelo entendimento de que uma estrutura sindical formada por entidades locais, reunidas nacional-mente em uma federação, é muito mais conveniente para os sindicalizados - no caso, os professores - do que a forma antiga de grande sindicato nacional. Isso, por vários motivos, dentre os quais os seguintes:

· O sindicato local está mais próximo dos sindicalizados, com melhores condições de interpretar suas vontades e lutar pelas suas aspirações

· O sindicato local é menos vulnerável a aparelhamento político partidário do que um sindicato nacional

· Uma federação de sindicatos terá mais força política para negociar com o governo as questões de carreira e salários, bem como quaisquer outras demandas dos sindicalizados

· Uma federação de sindicatos terá, necessariamente, como consequên-cia de sua estrutura constitutiva, uma gestão muito mais democrática do que um grande sindicato nacional

· Um sindicato local terá muito mais influência nas decisões de uma federação do que uma seção sindical nas decisões de um sindicato nacional.

O Fórum de Professores das Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes) será transformado, por decisão de seus associados, em Federação de Sindicatos de Professores do Ensino Superior Federal (Proifes-Federação). A transformação está prevista para ocorrer em 1º de janeiro de 2012. Enquanto isso, uma comissão de professores, representantes das entidades mencionadas acima, está elaborando uma sugestão de estatuto para a Federação. Esta proposta já está quase pronta, permitindo-nos adiantar que a estrutura de poder será extremamente democrática e marcadamente federativa.

A instância deliberativa máxima será um conselho, cujos membros serão indicados autonomamente pelos sindicatos filiados da Federação, em números proporcionais aos de seus sindicalizados. A diretoria executiva, assim como o Conselho Fiscal, serão também formados por membros indicados por estas entidades. As decisões de maior impacto, como decretação de greve ou mudança estatutária, exigirão aprovação em um plebiscito nacional.

A diretoria da Adufrgs-Sindical tem desempenhado papel fundamental na elaboração dessa proposta de estatuto e manifesta sua convicção de que, com ele, teremos uma federação verdadeiramente democrática e independente de governos e partidos.

Federação de docentes

08 SEGURIDADE SOCIAL

09 REPORTAGEM

Pioneirismo marca Pós em Farmácia da Ufrgs

por Cleber Dioni Tentardini

13

16PING-PONG

Paulo Sangoi"Porto Alegre terá um dos

maiores campus dos Ifs do Brasil"por Marco Aurélio Weissheimer

19

20 NOTÍCIAS

21 OBSERVATÓRIO

22 23 ORELHA

24

26 + 127 SANTIAGO

Antropologia da Ufrgs encerra 2010 com muitos prêmios

por Cláudia Rodrigues

EM FOCO

ARTIGOGovernador, vamos priorizar a ciência e tecnologia?!por Eduardo Rolim de Oliveira

NAVEGUE

Discussões sobre clima e biodiversidade podem ser apenas base de ciclo capitalista com slogan verdepor Marco Aurélio Weissheimer

VIDA NO CAMPUSGeologia da Ufrgs prepara alunos para atuar na indústria do Petróleopor Michelle Rolante

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A organização ambiental Amigos da Terra Brasil cios dos Recursos Genéticos da Biodiversidade (ABS, sigla realizou em novembro, em parceria com a Comissão de em inglês), que determina regras básicas para o uso de Cidadania e Direitos Humanos e Saúde e Meio Ambiente recursos genéticos da biodiversidade. “Infelizmente, a da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul o seminá- mercantilização da biodiversidade é uma realidade cada vez rio O Reflexo das Negociações Internacionais do Clima e da mais presente nestas conferências, que reproduzem em seu Biodiversidade nas Políticas Nacionais e Estaduais - Em interior os debates da Organização Mundial do Comércio Busca de Novos Paradigmas para as Políticas Ambientais, (OMC)”, observou Camila. com a presença de representantes da sociedade civil do A Cop-10 também anunciou o Plano Estratégico do Brasil nas conferências da Diversidade Biológica em período 2011-2020 e para o financiamento das ações de Nagoya, no Japão, e do Clima, em Cancun (México). Estes conservação. Em relação às áreas protegidas, aumentou-se afirmam que tais negociações, quase sempre desconheci- de 10% para 17% a meta de conservação de limites terres-das do conjunto da população, interferem diretamente tres, enquanto que na área marinha permanecem os 10% de em nosso dia a dia, seja pelas decisões tomadas ou pelas extensões protegidas. No Plano Estratégico ocorreu a omissões praticadas. No cenário atual, as omissões “inclusão do valor da biodiversidade” nas contas públicas aparentemente vêm ganhando das decisões, especialmen- dos países e a redução de subsídios destinados a atividades te no que diz respeito às mudanças climáticas. consideradas prejudiciais e degradantes desta riqueza

Os painelistas convidados para o Encontro falaram específica. Foi, ainda, definida uma diretriz de redução da um pouco sobre a dinâmica interna e o processo de toma- exploração inadequada de recursos pesqueiros e hídricos. da de decisões nos espaços multilaterais de negociação de Os ambientalistas presentes criticaram o processo de políticas ambientais. Esses são dominados pelas grandes valoração que vem procurando estabelecer preços e índices corporações empresariais e pelos governos dos países com um objetivo central: a criação de um mercado da mais ricos, impondo sérios obstáculos para a participação biodiversidade e de seus recursos genéticos. Segundo eles, de representantes da sociedade. O Seminário também o grande capital encontrou nesta área uma nova fronteira abordou as disputas comerciais nas conferências interna- de acumulação e está investindo pesado nos conceitos de cionais e os processos de ajuste das políticas de meio capital natural, banco da natureza e economia verde. ambiente, nacionais e locais, a partir de exemplos concre- Camila Moreno alertou que hoje, no Brasil, existem dois tos, como o Código Florestal, a Política Nacional de grandes blocos do movimento ambientalista: um que está Mudanças Climáticas e projetos de lei em tramitação na integrado neste esforço de criação de um capitalismo verde, Assembleia Legislativa gaúcha. O objetivo do encontro foi e outro, ao qual ela se filia, de origem anti-capitalista e que abrir um canal de diálogo com formuladores de políticas acha que esse processo de valoração da biodiversidade e da públicas e estabelecer interlocução com os legisladores e natureza só irá contribuir para acelerar a destruição dos os governos recém eleitos. recursos naturais do planeta, tornando as pessoas mais

ricas cada vez mais ricas e, na melhor das hipóteses, dei-xando algumas migalhas para as comunidades tradicionais A biodiversidade como produto de consumoque aceitarão “comercializar” sua biodiversidade.Marciano Toledo da Silva, representante do Movimen-

Para a pesquisadora da Amigos da Terra, está claro que to dos Pequenos Agricultores (MPA)/Via Campesina Brasil a saída que os países encontraram é colocar um preço na na 10ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diver-biodiversidade. Camila acredita que os discursos estão sidade Biológica (Cop-10), em Nagoya; e Camila Moreno, gerando uma distorção. Ela criticou que a conferência da representante dos Amigos da Terra Brasil na mesma Organização das Nações Unidas (ONU) aceite a ideia de que conferência, falaram sobre o resultado e os rumos das as empresas possam ser as personagens principais da negociações e das políticas de biodiversidade. Ambos conservação das riquezas específicas, porque sempre manifestaram preocupação com os resultados da Confe-destruíram o meio ambiente. “Ao contrário, os povos rência, como a aprovação por 193 países – incluindo o tradicionais e os camponeses é que devem ser considerados Brasil - do Protocolo sobre Acesso e Repartição de Benefí-

A vida não é uma mercadoria. Ou é?

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Ambientalistas advertem: conversas globais sobre clima e biodiversidade podem estar lançandobases para a consolidação de um novo ciclo de acumulação capitalista sob o slogan verde da

“economia do baixo carbono”

Por Marco Aurélio Weissheimer

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pelos países como os que conservam a vida e a natureza”, economia globalizada que justamente provocou o proble-defendeu. Ela condenou, ainda, a criação de um comércio ma. O vocabulário dessa nova “economia do baixo carbono” para os tipos de vida parecidos com o mercado de carbono começa a ganhar cada vez mais espaço na mídia, lembrando da Convenção do Clima. a propaganda massiva feita na época da chamada Revolu-

Por outro lado, a Cop-10 aprovou uma moratória para ção Verde: mercados compensatórios e especulativos de a chamada geoengenharia. A técnica aponta maneiras de créditos de carbono, a partir da apropriação do carbono das diminuir o aquecimento global com medidas que modifi- florestas (um mercado avaliado na casa dos trilhões de cam a maneira como o clima funciona. A moratória atinge dólares); capitalização dos fundos de financiamentos projetos e experimentos e dá seguimento a proibição da multilaterais a serem gerenciados pelo Banco Mundial para chamada fertilização dos oceanos - técnica onde algas mitigação e adaptação; pacotes de transferência de tecno-seriam soltas na água para capturar carbono e diminuir o logia e abertura de mercados para empresas do Norte; aquecimento do planeta - , que foi aprovada há dois anos apropriação e mercantilização de tecnologias sociais e na Cop-9. O problema é que o controle sobre essas algas conhecimentos tradicionais de comunidades de países semeadas seria impossível, e os impactos ambientais pobres e em desenvolvimento.imprevisíveis. Outro projeto proibido é o de instalar Lucia apontou algumas das “falsas soluções” que estão espelhos no espaço refletindo a luz do sol para fora do sendo propostas por esses agentes do grande capital inter-planeta. A medida que - em teoria - diminuiria o aqueci- nacional: a lógica das compensações dos mercados de mento da Terra, também mudaria de maneira imprevisível carbonos, incluindo o mecanismo de Redução de Emissões o regime de chuvas. por Desmatamento e Degradação de florestas tropicais e

fundos gerenciados pelos Banco Mundial para investimen-tos em 'energias limpas' das hidrelétricas, das usinas O fracasso de Copenhague e a “economia do baixo nucleares e das monoculturas para agrocombustível. carbono”Geoengenharia, fertilização do oceanos, captura e armaze-Lucia Ortiz, coordenadora regional do Programa de namento geológico de carbono até a suposta vantagem dos Justiça Climática e Energia da Amigos da Terra Internaci-transgênicos para 'adaptação às variações climáticas', onal; e Micheline Michaelsen, representante do MST e da seriam outros exemplos.Via Campesina no Congresso da Coordinadora Latinoame-

ricana de Organizaciones del Campo, falaram sobre as Movimentos sociais e ambientalistas buscam expectativas para a Cop-16 do Clima e as tendências das

políticas nacionais e estaduais sobre mudanças climáti- unidadecas, florestas e agriculturas. Diante da constatação que, desde a Eco 92, realizada

A representante dos Amigos da Terra lembrou o no Rio de Janeiro, a situação da destruição ambiental no fracasso das negociações mundiais pelo clima na 15ª planeta piorou, e do avanço do grande capital sobre os Conferencia das Partes (Cop-15) da Convenção Quadro das recursos da natureza e da genética, Micheline Michaelsen, Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas realizada em da Via Campesina, defendeu a construção urgente de uma Copenhague no final de 2009. “Não houve nenhum unidade política entre movimentos sociais e organizações Acordo de Copenhague, como chegou a ser divulgado pela ambientalistas. “Quanto mais a gente escuta um discurso mídia”, afirmou. Não é de espantar, acrescentou, que os desanimado afirmando que não é possível, mais acredita na Estados Unidos, que são os maiores poluidores do plane- urgência de colocar isso em prática”. Dois dados apresenta-ta, e que não assinaram sequer o Protocolo de Kyoto, dos no encontro parecem reforçar essa urgência:tenham pretendido vender a ideia de que teria ocorrido O Brasil bateu recorde no consumo mundial de agrotó-um “acordo” na Dinamarca, sugerindo “compromissos xicos em 2009 e em 2010. Mais de um bilhão de litros/ano voluntários”, sem prazos e metas e procurando eliminar a de venenos foram jogados nas lavouras, de acordo com diferenciação entre os países industrializados e em dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para desenvolvimento. a Defesa Agrícola. O País ocupa o primeiro lugar na lista de

Nas ruas de Copenhague, assinalou ainda, os movi- consumidores desses produtos químicos.mentos uniram-se apenas na mensagem genérica de Por fim, os governos não conseguiram cumprir sua urgência por 'um acordo vinculante global com metas promessa de chegar a 2010 com uma redução significativa ambiciosas de redução de emissões para salvar o clima'. da perda de diversidade biológica, segundo o Centro de Repetindo advertência feita por Camila Moreno, Lucia Monitoramento para a Conservação Mundial. A biodiversi-Ortiz falou do grande risco de que essas conferências dade declinou nas últimas quatro décadas. Essa diminuição globais estejam lançando, na verdade, apenas as bases pode ser observada em distintos grupos animais, como para a consolidação de um novo ciclo de acumulação mamíferos ou aves. Reduziu-se também a extensão dos capitalista sob o slogan verde da “economia do baixo bosques e manguezais e se deterioraram as condições carbono”. marinhas. As tendências agregadas dos indicadores de

Se isso acontecer, acrescentou, a febre climática terá estado também pioraram. Em nenhum caso, se identifica-triunfado na incorporação das últimas fronteiras da ram reduções dos ritmos de perdas. O novo capitalismo natureza – do ar à biodiversidade - ao mercado mundial, verde promete reverter esse quadro. Alguém acredita?sem alterar em nada a lógica da sociedade industrial e da

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Em junho de 2011, a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul completará sua primeira década de vida. Criada em 2001, por iniciativa do governo Olívio Dutra (PT), a Uergs foi aprovada por unanimidade pelas forças políticas representadas então na Assembleia Legislativa. Hoje, a Universidade tem uma estrutura de 24 unidades espalhadas pelo Estado, divididas em sete regiões. A previsão inicial era de que a Instituição teria 300 professores. No entanto, hoje tem apenas 100 docentes no quadro de 150 funcionários, e conta somente com 18 cursos e cerca de dois mil alunos.

O professor Fernando Guaragna (foto), doutor em Química, pelo Instituto de Química da Ufrgs, foi eleito no início deste ano, pelo voto direto de professores, alunos e funcionários, o novo reitor da Uergs. Primeiro gestor eleito da Instituição, ele está confiante que, após um período de descaso, a Universidade entrará em uma nova fase, onde poderá cumprir os objetivos para os quais foi criada.

A proposta de fundação da Uergs, lembra Guaragna, estava baseada na ideia de que o Estado deveria cumprir um importante papel de indutor do desenvolvimento regional. Por essa razão, na época de sua implementação, a localização das unidades da Universidade equivalia, de

doutores em 2006, um dos maiores índices do País”, modo geral, às regiões carentes do Rio Grande do Sul, que recorda. ”Sem incentivo, os excelentes professores que necessitavam de políticas de desenvolvimento por parte temos são obrigados a procurar outras oportunidades no do poder público e que não estavam na área de ação de mercado.”universidades federais, ou mesmo privadas. A ideia básica,

Com a inexistência de um plano de carreira, o corte portanto, era a de uma universidade focada no dos investimentos e o consequente sucateamento da desenvolvimento regional.Instituição, no momento em que o governo criou novas Por uma série de questões políticas, observa o reitor, a universidades federais e promoveu uma série de concursos Uergs foi sendo sistematicamente ignorada nos últimos públicos, ocorreu uma migração de professores da Uergs anos. “Hoje, com o número de professores e funcionários para outras universidades. “A negativa do atual governo do que temos, estamos no limite da operacionalidade. Estado para a criação do plano de carreira e a lentidão na Algumas unidades estão tecnicamente fechadas. Os liberação de vagas para concurso e para contratação não recursos da Uergs foram reduzidos nos últimos quatro permitiu a reposição desses profissionais, causando uma anos, passando de R$ 30 milhões para R$ 25 milhões.” sangria muito grande”, lamenta Guaragna.Além disso, acrescenta Guaragna, a Instituição não tem

Mas o futuro acena com dias melhores para a Uergs. plano de carreira, o que provoca uma perda muito intensa Além de 20 professores, já aprovados em concurso e que de professores para as universidades federais. “A Uergs aguardam nomeação por parte do governo do Estado, há tinha profissionais altamente qualificados. Cerca de 85% uma série outros concursos engatilhados que devem ser do nosso corpo docente era formado por doutores e pós-

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Universidade Estadual aposta em dias melhores

Inexistência de um plano de carreira e corte de investimentos levaram ao sucateamento da Instituição e à perda de grande parte de seu corpo docente

Por Marco Aurélio Weissheimer

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realizados a partir de 2011. O principal desafio, agora, destaca o reitor, é reverter o quadro de sucateamento a que a Universidade foi submetida nos últimos anos. “Ainda durante o processo eleitoral da Uergs, nós procuramos todos os candidatos a governador para que eles assumis-sem um compromisso em defesa do resgate e da valoriza-ção da Instituição. Os candidatos Tarso Genro (PT), José Fogaça (PMDB) e Pedro Ruas (PSOL) assumiram esse compromisso. A expectativa agora, com o novo governo, é tornar isso realidade.

As sinalizações têm sido positivas, informa Guaragna. Já ocorreram três reuniões com a equipe de transição do governo Tarso Genro. A Uergs já conseguiu repasse de R$ 1 milhão a mais para 2011, por meio de uma emenda parlamentar ao Orçamento do Estado para o próximo ano. Além disso, a Universidade terá o reforço federal de outros R$ 10 milhões, fruto de uma emenda apresentada pelo senador Paulo Paim (PT). “Isso nos alegra muito, pois mostra que há uma vontade política para valorizar a Universidade”, comemora o reitor.

Planos para o futuro“A nossa ideia não é competir com as federais e muito

menos com as privadas. O que buscamos é uma relação de harmonia e complementariedade dentro do Estado. Hoje temos áreas que não são cobertas pelas universidades federais nem pelas comunitárias, onde a Uergs atua com uma formação mais apropriada para aquela determinada região. Há uma divisão do trabalho por meio da qual podemos criar uma rede de colaboração e de formação em todo o Estado, sem que haja superposição de cursos e desperdício de dinheiro público”, explica Guaragna ao falar dos planos da reitoria para o futuro.

Além de reforçar essa relação de complementariedade, o reitor acredita que os serviços oferecidos pela Uergs devem ser rediscutidos. “Os cursos que temos hoje foram estabelecidos há quase 10 anos. Naquele momento não existia a Unipampa, não existiam os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Hoje temos cidades que abrigam unidades da Uergs e destas instituições. Precisamos rediscutir, portanto, se os nossos cursos estão adequados e se estão bem distribuídos geograficamente no Estado, considerando a intenção que referi de evitar superposições e desperdício de recursos”.

Outro objetivo, informa Guaragna, é que a Uergs se torne, de fato, uma universidade, uma vez que hoje a Instituição não tem pesquisa nem pós-graduação adequa-dos. “Temos que estruturar nossa pós-graduação, com os quatro mestrados e os dois doutorados que o MEC exige. Teremos que avaliar nossa oferta de cursos e a nossa infraestrutura, que é muito precária. A Uergs, por exem-plo, não tem prédios próprios, funcionando geralmente em prédios de escolas e outras instituições do Estado”. Apesar dessa precariedade, o clima é de muito otimismo na reitoria com os novos ventos políticos que começam a soprar. O projeto da Uergs idealizado no início da década passada, terá, a partir de 2011, uma chance de renascer.

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O da adesão dos associados no Encontro dos Professores promovido pela Adufrgs-Sindical, em 2011 foi aprovado Aposentados. “Quanto maior o número de participantes durante o 6º Encontro dos Professores Aposentados, nesses conclaves que discutem essa matéria, mais realizado em novembro, que teve como objetivo principal legitimidade confere a todas essas discussões para que debater o Plano de Carreira do Magistério Superior. isso tenha força de argumentação junto aos fóruns,

O advogado Francis Bordas, assessor jurídico da especialmente nacionais, aonde vai se continuar Entidade, apontou as principais alterações do Projeto de discutindo. Além disso, deve-se fazer um esforço muito Lei de Estruturação da Carreira Docente proposto pelo grande junto aos parlamentares, especialmente da Região governo. De acordo com Bordas, entre os pontos mais Sul, para que eles compreendam essa situação e votem problemáticos do PL está o fato de que este traz os anexos conscientemente de acordo com as reivindicações da de valores de vencimentos iguais aos que já estão em vigor categoria do funcionalismo público”, alertou.hoje. “Muda-se a carreira, mas não o salário, isso é, no Hagemann destacou ainda que a Proposta de Emenda mínimo, incongruente. Poucas classes ganham aumento e Constitucional (Pec) 555 visa a correção histórica de uma os aposentados não ganham absolutamente nada.” situação - onde todos os servidores públicos federais

Do ponto de vista dos professores aposentados, isso sempre contribuíram pela totalidade de seus vencimentos não melhora em nada a vida deles, e os expõe a alguns para a formação de um fundo que os possibilitasse obter riscos, ressalta o advogado. Segundo Bordas, direito à aposentadoria integral. Está regra foi alterada juridicamente o PL não atende aos direitos mínimos dos em 2003, com vigência em janeiro de 2004, para fazer com professores em geral. Na opinião dele, talvez seja que os aposentados fossem obrigados a uma contribuição necessário propor algo novo, que traga ganhos reais para acima de 11% de acordo com o nível de vencimentos para os docentes. diminuir o déficit da Previdência. Por isso, foi

O presidente da Adufrgs-Sindical, Claudio Scherer, apresentada no Congresso Nacional a PEC 555, que tem apresentou proposta substitutiva ao Projeto de Lei, como objetivo suprimir o desconto previdenciário dos elaborada pela diretoria da Entidade e aprovada na última aposentados. reunião de ADs pelo Proifes e explicou as alterações No momento, essa proposta está em tramitação no indicadas. “O documento, que propõe uma carreira com o Congresso - com aprovação de comissão especial - mesmo número de classes atual – ou seja, cinco -, aguardando inclusão na ordem do dia para ser apreciada mantendo a do professor titular, e um teto salarial pela Câmara, e posteriormente encaminhada ao Senado. A equivalente ao da carreira da Ciência e Tecnologia, está partir daí, só mediante aprovação de dois terços do em fase de ajustes”, lembrou. Scherer ainda salientou que quórum em cada uma dessas casas legislativas é que a dentro dessa proposta podem ser feitas algumas mesma será considerada aprovada e, ainda assim, deverá mudanças. Além disso, o presidente da Adufrgs anunciou ser submetida à sanção do presidente da República. que em breve deve se concretizar o Proifes-Federação. Para o professor aposentado Curt Henrique Sommer, o

Segundo a docente aposentada Rosa Maria encontro promovido pela Adufrgs-Sindical foi excelente Magrinelli, é importante a participação dos professores para colocar os docentes a par do que o governo pretende inativos no debate, principalmente para influenciar e com esse PL. “Eu quero parabenizar a Entidade que, alertar os jovens docentes que um dia estarão nesse lugar. identificando as falhas existentes, apresentou “Não é um costume do povo brasileiro refletir sobre qual é contraproposta, com o objetivo de sanar esses problemas. sua participação no futuro da sociedade”, destacou Rosa. Por isso, é importante que cada vez mais colegas

O professor Lucio Hagemann ressaltou a importância participem dessas ações”, destacou.

1º Encontro Nacional dos Professores que será

Professores Aposentados debatem Plano de Carreira

Por Michelle Rolante

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Pioneirismo marca Pós em Farmácia da Ufrgs

Programa chega aos 40 anos integrando a lista dos quatro cursos do gênero considerados

como de excelência internacional na área em todo o País

Por Cleber Dioni Tentardini

O Programa de Pós-Graduação em Ciências Sanitária (Anvisa), Ministério da Saúde e Fundo Nacional Farmacêuticas da Universidade Federal do Rio Grande do de Saúde, contribuindo com a construção da autonomia do Sul (PPGCF/Ufrgs) comemora quatro décadas de tradição e setor farmacêutico nacional.pioneirismo na formação de recursos humanos e pesquisa e Esses intercâmbios, somados a uma política centrada o reconhecimento pela Coordenação de Aperfeiçoamento na formação de recursos humanos, que iniciou na década de Pessoal de Nível Superior (Capes) como um dos quatro de 80, propiciaram a constituição heterogênea do quadro programas de excelência internacional na área de farmácia de professores doutores da Faculdade de Farmácia da no Brasil, após ter obtido recentemente o Conceito 6. Ufrgs, tornando o PPGCF um núcleo de alta qualificação

A tradição de cooperação internacional que originou o científica de amplo reconhecimento no País.PPGCF se mantém até hoje em convênios com diversas O Programa conta atualmente com 33 docentes, sendo universidades na França, Alemanha, México, Colômbia, 27 permanentes. Destes últimos, 77% têm bolsa produtivi-Uruguai e Bolívia, através de editais do CNPq e da Capes. dade do CNPq, sendo 28% bolsistas de nível 1 (PQ1). Também são realizadas parcerias com universidades Em 2009, de acordo com a coordenadora do PPGCF, brasileiras, estaduais e federais, através de projetos do Grace Gosmann, houve uma reestruturação das áreas de Programa Nacional de Cooperação Acadêmica da Capes concentração e linhas de pesquisa, visando, principalmen-(Procad/Capes). te, uma melhor inserção dos projetos relacionados ao

Nos últimos anos, a colaboração com o setor produtivo âmbito do conhecimento biológico e assistência farmacêu-farmacêutico tem se consolidado, com a geração de tica - e também com o objetivo de permitir a inclusão de produtos com alta tecnologia, além de parcerias com novos docentes no Programa.instituições públicas, como Agência Nacional de Vigilância Atualmente a Pós-Graduação em Ciências

Fotos: Suzana Pires

Formação de doutores tem sido o foco da Pós Graduação em Ciências Farmacêuticas

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Além de concepções individuais, os professores da pós-graduação na área de farmácia colaboram em projetos em redes nacionais financiados pelo CNPq, como o Instituto Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação Farmacêutica (INCT-if), o Instituto Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento de Fármacos e Medicamentos (INCT – Inofar), o Instituto Nacional de Genética Médica Populacional (Inagemp), e o Instituto Nacional de Análise Integrada do Risco Ambiental (Inaira). Os professores também coordenam ações do CNPq como a Rede de Nanocosméticos e projetos do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência em Ciência, Tecnologia & Inovação (Pronex/Fapergs).

Em função do grande aporte de recursos gerados pelos docentes do Programa, o mesmo conta atualmente com uma estrutura de laboratórios e centrais analíticas com equipa-mentos de pesquisa modernos e diversificados, que assegu-ram a exequibilidade dos projetos desenvolvidos.

Em relação à produção de textos científicos dos profes-sores permanentes, no último triênio o Programa publicou 314 artigos indexados, sendo 75,5% de publicações com Farmacêuticas atua em três linhas de pesquisa: participação discente. Pode-se constatar que 43% da Investigação de alvos terapêuticos e biomarcadores; produção do Programa encontra-se nos três primeiros Prospecção, síntese e avaliação biológica de moléculas de estratos do Qualis Capes (A1 a B1), indicando a qualidade da interesse farmacêutico; e Desenvolvimento, avaliação da pesquisa desenvolvida.qualidade e utilização de insumos e produtos farmacêuti-

A formação de doutores tem sido o foco da Pós-cos e cosméticos. Estes projetos visam subsidiar o desen-Graduação em Ciências Farmacêuticas nos últimos anos. Em volvimento de fármacos com mecanismos de ação inovado-2009, quintuplicou-se o ingresso de alunos de doutorado em res, bem como aperfeiçoar o diagnóstico de doenças relação ao primeiro ano do triênio 2007-2009. Uma das humanas, a investigação das etapas do processo de estratégias da política atual para essa expansão é o ingresso desenvolvimento e avaliação de insumos farmacêuticos, direto de graduados treinados em pesquisa através da medicamentos e cosméticos - desde a pesquisa de novos iniciação científica realizada durante a graduação. insumos e tecnologias para produção de medicamentos,

Com essa medida, o Programa também reconhece a até o delineamento experimental e o desenvolvimento excelente atuação dos seus pesquisadores junto à gradua-desses produtos em escala piloto de fabricação. “Assim, ção, não somente como docentes, mas também como muitos projetos estão relacionados com a investigação motivadores e formadores de novos cientistas, uma vez que química e biológica de novas moléculas com potencial a média de alunos de iniciação científica do curso de ação terapêutica, visando o tratamento de doenças em Farmácia da Ufrgs envolvidos com projetos de pesquisa é de animais e seres humanos, obtidas tanto via prospecção na 2,5 estudantes por professor permanente do PPGCF.natureza, quanto por via sintética”, explica a coordenado-

Os docentes do Programa também colaboram com ra. professores e alunos do Ensino Médio e, desde 2010, Grace destaca, ainda, que vários projetos, de docentes iniciaram cooperação mais efetiva junto ao Ensino e discentes, compreendem o desenvolvimento de ferra-Fundamental, através da participação no projeto da Ufrgs mentas para avaliação da qualidade e desempenho de aprovado no Programa Novos Talentos, fomentado pela insumos, fármacos e medicamentos com vistas a investigar Capes.os padrões de utilização de medicamentos pela população

e os problemas associados com seu uso inadequado. Intercâmbio de conhecimentoO quadro discente do PPGCF sempre contou, em sua

trajetória, com um grande número de profissionais vindos Projetos inovadoresde outras Instituições de Ensino Superior (IES), distribuídas Continuamente aprovados em editais de agências de por todo o País, mantendo sua tradição de formação de fomento como Capes, CNPq e Finep, além do Ministério da recursos humanos para qualificação do ensino e pesquisa na Saúde e dos convênios com o setor privado, os projetos de área farmacêutica no Brasil. Atualmente, 50% dos alunos do pesquisa do corpo docente do PPGCF são, sem dúvida, Programa são procedentes de outras IES. inovadores e competitivos. Estes trabalhos permitem não

O intercâmbio de discentes também ocorre em nível somente o aporte financeiro ao Programa, como também a nacional, sendo que os mestrandos e doutorandos realizam concessão de bolsas de mestrado acadêmico, doutorado e estágio em diversas instituições de ensino e pesquisa no pós-doutorado.

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Grace Gosmann é coordenadora do Programa

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Ela se dedica à pesquisa na linha de País, em empresas farmacêuticas e em instituições Desenvolvimento, Avaliação da Qualidade e Utilização de públicas de saúde como a Anvisa. Além de enviar seus Insumos e Produtos Farmacêuticos e Cosméticos, mais alunos para estágio, o PPGCF/Ufrgs também recebe, especificamente na área de fitoterápicos e entende que é através de seus orientadores permanentes, discentes de preciso avançar. “Apesar dos esforços conjuntos do corpo outros programas de pós-graduação, de outras regiões docente e discente, o desenvolvimento de pesquisas com brasileiras - como os da Universidade Estadual de fitoterápicos ainda é um grande desafio, devido à Campinas (Unicamp), Universidade Federal de complexidade do tema e da falta de recursos e estrutura”, Pernambuco (UFPE), Universidade Federal de Goiás (UFG), avalia. Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) - e do exterior, a exemplo da Universidad de la República (Uruguai) e do Indústrias mais próximas da Academia Centro Colombiano de Genómica y Bioinformática Com a recente modernização e expansão das linhas (Colômbia). de pesquisa, o incremento das colaborações nacionais e

O doutorando Leandro Francescato destaca essa internacionais, a expansão do curso de doutorado e a oportunidade como um dos pontos fortes do PPGCF. “O competitividade de seus egressos no mercado de traba-vínculo com instituições de países da América Latina e da lho, de acordo a coordenadora Grace Gosmann, o Europa possibilita o intercâmbio de professores, alunos e Programa está apto para enfrentar os desafios atuais para conhecimento científico. Além disso, com frequência a formação de profissionais pós-graduados qualificados e participo de eventos científicos nacionais e internaciona- para a produção de ciência na área de farmácia. Esses is, apresentando e discutindo meu trabalho, aproveitando desafios – os mesmos que a pesquisa brasileira enfrentará também para me atualizar e aprender novas técnicas”, nos próximos anos - devem nortear as metas para o declara. futuro do PPGCF.

Farmacêutico Industrial e Tecnólogo de Alimentos O Brasil ocupa hoje o 13º lugar no ranking da pela Universidade de Santa Maria - onde também cursou o produção de artigos científicos e ainda está longe de ser mestrado - Francescato realiza no Programa de Pós um um país reconhecido como líder mundial em ciência e projeto na área de Desenvolvimento e Controle de tecnologia e inovação. “Para galgarmos uma posição de Qualidade de Insumos e Produtos Farmacêuticos. “Como liderança mundial em ciência, tecnologia e inovação, sou contemplado com bolsa Capes-Reuni, que tem como muito ainda tem que ser feito em termos de qualificação objetivos incentivar práticas pedagógicas inovadoras e da pesquisa científica desenvolvida no País e do número, contribuir com a formação de docentes para o Ensino qualidade e inserção dos mestres e doutores formados”, Superior, também tenho a possibilidade de atuar como afirma Grace. assistente de ensino em aulas práticas e teóricas no curso Segundo ela, hoje, no Brasil, a pesquisa científica se de graduação de Farmácia, durante todo o período do desenvolve nas universidades, enquanto no exterior a doutorado. Isso contribui sobremaneira para meu pesquisa científica é fortemente desenvolvida nas aperfeiçoamento e atualização científica e profissional, e indústrias. “A questão é encontrar meios de fazer o setor ao final do curso, estarei habilitado e credenciado para industrial participar da geração do conhecimento exercer atividades de ensino, pesquisa e desenvolvimento científico e promover o desenvolvimento tecnológico tecnológico na área de Ciências Farmacêuticas”, explica. necessário para o País crescer.”

Com ótima infraestrutura, equipamentos de ponta e professores/pesquisadores altamente conceituados e reconhecidos internacionalmente, segundo o farmacêuti-co, as perspectivas futuras de trabalho são boas, diante de um mercado que se mostra diversificado e em expansão – devido ao crescimento nacional do setor farmoquímico e do Ensino Técnico, Tecnológico e Superior -, havendo a necessidade de profissionais plenamente qualificados.

Para a doutoranda Francini Kiyono Yatsu, o desafio atual do PPGCF é aumentar o número de parcerias com universidades brasileiras e estrangeiras, e com a indús-tria, aumentar e qualificar a produção científica, expandir a área de atuação dos mestres e doutores para além da universidade e estimular a modernização das linhas de pesquisas. “O cenário sofreu uma grande transformação nos últimos anos e, hoje, o ingresso de alunos de doutora-do praticamente dobrou, sendo que a maioria deles possui bolsa de estudo”, afirma a representante discente.

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Francescato ressalta importância de intercâmbio com universidades do exterior

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O Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGCF/Ufrgs) foi criado em 1970 apenas com mestrado acadêmico em Análise, Síntese e Controle de Medicamentos. Em agosto daquele ano foi credenciado pelo Câmara Especial de Pós-Graduação e Pesquisa da Ufrgs (Resolução 296/70) e, em novembro, reconhecido pelo Conselho Universitário da Universidade (Decisão 161/70). Em 6 de novembro de 1973, foi credenciado pelo Conselho Federal de Educação (Resolução 184/73).

Pioneiro na área de medicamentos no País, o Programa tem suas origens fortemente vinculadas à cooperação internacional com a Universidade de Münster (Alemanha) e Universidade de Toulouse (França).

O curso de doutorado iniciou suas atividades em 1992. O mestrado profissional na área farmacêutica do Programa, também pioneiro no Brasil, iniciou suas atividades em 2002, sendo organizado em dois cursos: Gestão da Assistência Farmacêutica e Desenvolvimento Tecnológico e Controle de Qualidade de Produtos Farmacêuticos. Diferente dos cursos acadêmicos que ocorrem em fluxo contínuo, as turmas de mestrado profissional são ofertadas em edições, sempre em parceria com o Ministério da Saúde, tendo sido realizadas três edições até o momento.

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A coordenadora do PPGCF acredita que nos próximos Programa o tornou referência de qualidade reconhecido anos será necessário buscar estratégias para aumentar e no País e exterior, como produtor de ciência de qualidade. qualificar cada vez mais a produção científica do “É o setor de maior relevância em pesquisa na Faculdade Programa, aumentar o número de doutores formados, de Farmácia da Ufrgs, abrigando muitos cientistas e expandir as colaborações com a indústria farmacêutica, principalmente estudantes ligados aos diversos grupos de com as instituições de pesquisa no Brasil e no exterior, “na pesquisa no campo das Ciências Farmacêuticas. Muitos busca incessante pela excelência em pesquisa e formação orientadores do Programa iniciaram sua carreira científica de recursos humanos”. “Temos também que buscar no PPGCF, o que aliás é o meu caso, bem como de outros estratégias para inserir nossos egressos nas empresas tantos cientistas espalhados por todo o Brasil”, ressalta. farmacêuticas brasileiras, se quisermos sair do estágio de Zuanazzi concorda, no entanto, que o Programa ainda produtores de genéricos para o estágio de inovadores na tem de aperfeiçoar o que ele classifica como o grande pesquisa de fármacos e medicamentos”, completa. desafio para os anos vindouros: “a crescente parceria com

O vice-diretor da Faculdade de Farmácia, professor o setor produtivo”.José Angelo Zuanazzi, destaca que o pioneirismo do

História

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Laboratórios da Central Analítica da PPGCF são modernos e diversificados

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13ADVERSO 183 |NOVEMBRO 2010

Por Michelle Rolante

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Com o objetivo de formar profissionais capacitados para atuar no novo cenário da exploração de petróleo no Brasil, o Programa de Geologia do Petróleo (Geopetro) do Instituto de Geociências da Ufrgs é desenvolvido em parceria com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), através do Convênio Ufrgs/ANP – PRH 12. Atualmente, no Brasil são 42 programas do gênero, cobrindo diferentes linhas de pesquisa da indústria do petróleo nas áreas de química, engenharias, direito do petróleo, geologia, entre outras que se inserem na cadeia que envolve o setor.

Após a implementação da ANP, o mercado aumentou - e a necessidade de mão de obra qualificada para atender às demandas também. Por isso, há dez anos foi criado o Geopetro, integrando os Programas de Formação de Recursos Humanos (PRH) da ANP. Estes oferecem bolsas de graduação e pós-graduação para desenvolver atividades dentro de projetos de pesquisa específicos nas áreas de estratigrafia e análise de bacias, geocronologia, caracterização estratigráfica e diagenética de reservatórios e petrologia orgânica. Além disso, os alunos recebem ajuda de custo para desenvolverem projetos, desde que vinculados à indústria do petróleo.

O Geopetro está vinculado ao curso de Geologia da Ufrgs e tem um conjunto de disciplinas eletivas que visam uma formação complementar. O PRH 12 formou, até agora, 54 alunos: 15 em doutorado, quatro em mestrado e 34 em

Programa de Geologia da Ufrgs prepara alunos

para atuarem na indústria do petróleo

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graduação - com empregabilidade de 55,6%, sendo 46,3% softwares de processamento e interpretações de dados

no setor de óleo e gás. Entre outubro de 2009 e novembro de geológicos”, destaca.

2010, foram gastos aproximadamente R$ 43.124,60 em A geologia está encarregada de descobrir as jazidas de

despesas como locação de veículos, passagens aéreas, petróleo, e para isso usa uma série de técnicas e métodos de

diárias, material de consumo, prestação de serviços e análise para desenvolver esses campos. “Afinal, não basta

equipamentos entre outros. A partir desse ano, além da encontrar e saber que tem óleo, deve-se fazer com que o

ANP, a Petrobras financiará bolsas de estudos para incenti- campo produza o máximo de tempo possível”, ensina o

var mais pesquisas na área. coordenador. O programa pretende dar uma visão ampla

De acordo com o coordenador do Programa de Geologia para o profissional que desenvolve alguma ferramenta

do Petróleo, professor doutor Claiton Scherer, as demandas peculiar que será utilizada na indústria, e a monografia do

da área são capacidade de integração de diferentes métodos aluno trata dessa área específica dentro da geologia do

e técnicas de levantamento, e identificação de dados petróleo.

geológicos, como estratigrafia de sequências, análise A maioria dos projetos da Ufrgs

tectônica, petrologia orgânica, datação de rochas sedimen- estão localizados em bacias fora

tares, entre outros. “Também é importante o conhecimento do Estado, entre elas as de

de métodos que possam auxiliar na exploração e desenvol- Campos (RJ), Santos (SP), e

vimento de campos petrolíferos, além do domínio de quase todas do Nordeste. Além

das bolsas de estudo, a ANP

auxilia os alunos envolvidos

com um valor adicional para

desenvolverem suas pesqui-

sas, em qualquer lugar do País.

Além da Petrobras, que é a

principal financiadora, o

Programa possui parcerias com

outras empresas de petróleo, como

a Britsh Gas.

Segundo Scherer, a Petrobras deve

gastar em torno de 0,5% dos recursos

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14 ADVERSO 183 |NOVEMBRO 2010

O Geopetro tem trabalhos de campo vinculados a alunos da Geologia, desenvolvidos em diferentes bacias brasileiras

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Claiton Scherer coordena Programa de Geologia do Petróleo na Ufrgs

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ADVERSO 2010183 |NOVEMBRO

obtidos nos campos gigantes de petróleo com universidades O Pré-Sal no desenvolvimento do mercado brasileiro

brasileiras. Por isso, a Estatal criou uma série de redes De acordo com Claiton Scherer, com a descoberta do

temáticas com assuntos específicos onde são desenvolvidos Pré-Sal o mercado nacional vai crescer muito, e, com isso, a

projetos de interesse da empresa. A geologia da Ufrgs está Petrobras terá que contratar novos geólogos para atender a

em cinco dessas redes e os professores da Universidade têm demanda de campos que entrarão em produção. “A questão

vários projetos de interação com a Petrobras. “Muitos dos do Rio Grande do Sul é mais delicada, porque recém estão

alunos bolsistas do Geopetro atuam desde a graduação em iniciando os estudos exploratórios da bacia de Pelotas”,

projetos de interesse da indústria, em parceria com a pondera o professor, ressaltando, que, como não se sabe se

empresa”, diz o coordenador. existe óleo por lá, a bacia de Pelotas é considerada uma

A seleção dos alunos para participar do projeto começa incógnita geológica em termos de reservatórios de hidro-

no terceiro ano da graduação, ou seja, eles se tornam carbonetos. Por outro lado, toda a parte de construção de

bolsistas nos dois últimos anos para desenvolver o trabalho plataformas em Rio Grande abre uma perspectiva de

de conclusão dentro do Programa. Os estudantes têm dois aumento de empregos significativa na região. E a demanda

encaminhamentos pós-formação: trabalhar na indústria, o é por diferentes profissionais, não só geólogos.

que significa cerca de 50% dos alunos formados no Scherer anuncia que cerca de 60 alunos foram escalados Geopetro, ou seguir dentro para passar por treinamento, para conhecimento e descri-do Programa, cursando ção de rochas, principalmente na região de Caçapava. “É mestrado ou doutorado, para preciso toda uma logística para acompanhar as saídas de ser absorvido, mais tarde, campo. Nesse caso são necessários, no mínimo, dois pelo setor industrial. professores para realizar essa atividade.”

O Geopetro também tem trabalhos de campo vinculados a projetos de alunos da Geologia que podem ser desenvolvi-dos em diferentes bacias brasileiras, de acordo com área escolhida. Existem algumas saídas que são realizadas para Goiás, Tocantins, Minas Gerais, entre outros estados. “Como o aluno do Programa tem recursos para financiar seu projeto de pesquisa, ele consegue fazer seu trabalho em qualquer parte do País. É uma experiência muito rica”, conclui o coordenador.

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Muitos dos alunos bolsistas do Geopetro atuam desde a graduação em projetos de interesse da indústria petrolífera

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Paulo Roberto Sangoi

“A comunidade de Porto Alegre terá um dos maiores

campus dos IFs do Brasil”

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O juiz da Vara Federal de Canoas, Daniel Luersen, acolheu, dia 29 de outubro, o pedido de adjudicação do

prédio ocupado pela Ulbra no Centro de Porto Alegre - localizado na rua Coronel Vicente, 281- em favor do

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, antiga Escola Técnica da Ufrgs.

Assim, o prédio da Ulbra Saúde e o anexo do edifício garagem, na Voluntários da Pátria, serão transferidos

para o IF-RS. O imóvel de propriedade da Ulbra encontrava-se penhorado por dívidas fiscais com a União e

servirá de sede do Campus Porto Alegre do Instituto.

A partir de março de 2011, o Instituto Federal já deve estar ocupando as 31 salas de

aula existentes no antigo prédio da Ulbra Saúde, abrigando, em um primeiro

momento, os cursos de Contabilidade, Secretariado e Administração. Os

2.000 alunos do IF-RS em Porto Alegre estudam provisoriamente, desde

2008, no prédio da antiga Escola Técnica de Comércio da Ufrgs. Com o

novo prédio, a Instituição pretende ampliar sua capacidade para 3.500

alunos nos próximos anos.

Em entrevista à revista Adverso, o diretor do Campus Porto Alegre

do IF-RS, Paulo Roberto Sangoi, fala sobre o que o novo campus

significará para o Instituto, ao lado de seu vice-diretor, Julio Xandro

Heck. Eles manifestam muito entusiasmo com a novidade e, principal-

mente, com o que ela representa em termos de fortalecimento da

Instituição. Sangoi considera impressionante o crescimento da demanda

por cursos técnicos de formação profissional. Nunca antes na

história deste País, brinca, o governo federal investiu

tanto nesta área. A instalação do Campus do

Instituto no Centro de Porto Alegre deverá

mudar todo o entorno daquela área. Serão

mais de 2.000 alunos circulando diariamente

pelo prédio. “A comunidade de Porto Alegre

terá um dos maiores Campus dos IFs do

Brasil”, anuncia Sangoi.

Por Marco Aurélio Weissheimer

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Adverso: Como se deu o processo deles, para tratar desta transição. O de aquisição do prédio que abrigará problema da Ulbra hoje é que há mais

de 1.000 alunos estudando naquele o novo campus do Instituto Federal prédio. Não é interesse do MEC ou do em Porto Alegre?Instituto Federal desalojar estes Paulo Sangoi: Em 2008, no período estudantes. As duas equipes irão de transição entre Escola Técnica e organizar uma transição. Os turnos da Instituto Federal, houve um acordo manhã e da tarde estão livres para a entre a Ufrgs e o IF para que pudésse-utilização do prédio nestes horários. O mos usar o prédio da Escola Técnica por nosso grande problema é a noite. O um determinado período, até que ensino técnico hoje ocorre preferenci-conseguíssemos adquirir uma nova almente neste turno. Nós vamos sede. Em 1 de janeiro de 2009, o Cam-organizar essa transição para, já no pus Porto Alegre do Instituto Federal semestre que vem, colocarmos uma começou a funcionar. A partir daquele boa parte dos cursos naquele local. momento, começamos a procurar uma Será uma transição gradual e cuidado-área que pudesse abrigar o Campus sa. O importante é que ela já começou. definitivamente. Foram dois anos de

Além disso, a Universidade Federal, procura. No final de setembro de 2009, por conta da expansão do Reuni, ficamos sabendo que o prédio da Ulbra também está precisando de espaço. O havia sido penhorado, em função da reitor da Ufrgs, Carlos Alexandre dívida daquela instituição para com a Netto, vem sendo um grande parceiro União e começamos a estudar essa neste processo. Ele nos ajudou em tudo possibilidade. No final de outubro, a o que foi possível para a implementa-Justiça determinou que os prédios da ção do campus de Porto Alegre do Ulbra deveriam ir à leilão. Foi aí que Instituto Federal. Nós temos esse começamos a atuar. compromisso com ele, de conseguir Conversamos com o Ministério da liberar, a curto prazo, o espaço que Educação (MEC) para encaminhar um ocupamos hoje. Então, essa é a nossa pedido de adjudicação, que é um ato preocupação: atender a Ufrgs, atender judicial através do qual o credor, no

mil metros quadrados. Trata-se, o nosso corpo de alunos, professores e caso a União, recebe o bem penhorado portanto, de uma expansão enorme. funcionários e também fazer uma como forma de pagamento, e chegamos Não temos uma visão imediatista, mas transição com a Ulbra, sem causar à conclusão que essa seria a melhor sim um olhar para o futuro. Não prejuízos para os estudantes que lá alternativa. A partir daí, começamos a adiantaria nada conseguirmos um estão.fazer um trabalho para que o juiz prédio um pouco maior do que este em

chegasse a esse entendimento. A União que estamos, pois daqui a quatro ou Adverso: Com a ampliação da área entrou com o pedido de adjudicação do cinco anos estaríamos novamente física, haverá maior oferta de cursos e prédio do Centro e também dos hospi-procurando outra área.

tais. No dia 29 de outubro de 2010, o aumento de projetos da Instituição?juiz federal Daniel Luersen atendeu o Sangoi: Nós já temos previsto, para

Adverso: O que esta expansão pedido e concedeu a adjudicação. 2011, o curso de Técnico em Vendas, significa para o Instituto, além do que é um curso do Proeja. Eles inicia-aumento da área e da infraestrutura Adverso: O Instituto Federal rão fazendo o Ensino Médio e o Técni-física? co. Também temos aprovado o curso de conseguiu conquistar também o

Sangoi: Quando assumimos, há dois Instrumentos Musicais, que será o prédio ao lado...anos, tínhamos 1.200 alunos. Hoje, primeiro curso técnico federal na área Sangoi: Sim, há um prédio ao lado, temos 2.060 estudantes matriculados. de música, e iniciará em março do ano onde funcionam salas de aula, a rádio Nosso projeto é atender 3.500 alunos que vem. Há, ainda, o projeto Prelúdio, Pop Rock, a Ulbra TV e um estaciona-em Porto Alegre, já a partir de 2012. A que é um projeto de extensão em mento. Colocamos para o MEC que partir desse nível, teremos que ter o música bastante antigo, que era da dispor desse prédio seria importante, aporte de novos professores e servido- Ufrgs e acabou ficando conosco. São, não só pelo estacionamento, que é res. O espaço que ocupamos hoje não atualmente, cerca de 350 alunos fundamental no Centro de Porto Alegre, comportaria esse crescimento. Esta- matriculados e, no momento, está mas pela existência de várias salas de mos operando no limite da capacidade. funcionando fora da área ocupada pelo aula. Nosso pedido foi atendido e

IF-RS na Capital. conseguimos, assim, um total de 38 mil Adverso: Quando ocorrerá a Para que o projeto Prelúdio se metros quadrados de área construída.

mudança para o novo prédio? concretize temos pago aluguel, por-Sangoi: Nós fizemos uma reunião que, além de faltar espaço físico, não Adverso: Hoje a área ocupada é de

com a direção da Ulbra e decidimos temos condições técnicas adequadas que tamanho?criar duas equipes, uma nossa e uma para abrigar esses alunos. O novo Sangoi: Nosso campus atual tem oito

"Nosso projeto éatender 3.500

alunos em PortoAlegre, já a partir

de 2012"

Page 18: ADverso 183 novembro 2010

Paulo Roberto SangoiP

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campus resolverá esse problema. Já ca, que é de última geração. Os estu-temos um plano idealizado para que dantes que ingressam na Instituição eles tenham uma ala exclusiva, com um logo percebem que terão um ensino de ambiente propício para crianças e qualidade. Isso gera uma expectativa adolescentes trabalharem e prossegui- positiva, e o número de alunos acaba rem o belo projeto que realizam há mais crescendo. Só através do Enem, tive-de 20 anos. Essa foi, aliás, uma das mos 1.700 inscritos na última seleção.justificativas para pegar o segundo Desde 2008, temos feito também um prédio, pois ele tem essa característica trabalho de divulgação sobre o Ensino de isolamento acústico. Técnico, que ajudou neste crescimen-

Por fim, temos também a ampliação to. Em geral, o egresso desta área entra do Ensino à Distância - área em que no mercado de trabalho com mais queremos crescer bastante - e a criação facilidade do que um aluno de gradua-de cursos de pós-graduação. Estamos ção. Segundo dados do MEC, a empre-aguardando a aprovação de nosso gabilidade de egressos de cursos primeiro mestrado, que será na área de técnicos no Rio Grande do Sul está na Educação e Meio Ambiente. Ou seja, casa dos 72%. Ou seja, em nosso esse novo prédio irá permitir a criação estado, de cada quatro alunos do de uma série de novos cursos e a ampli- ensino técnico, três já saem emprega-ação de projetos já existentes. dos no final do curso.

Adverso: Como é que está a deman- Adverso: São dados bastante

da por cursos técnicos? significativos...

Sangoi: Quando assumimos, em Sangoi: Sim, e eu gostaria de reafir-dezembro de 2008, tínhamos 1.200 mar o apoio que sempre tivemos do alunos inscritos. Em nosso último reitor Carlos Alexandre Netto. Ele é processo seletivo, dois anos depois, nosso parceiro de todas as horas, desde tivemos mais de 6.000 matriculados. o primeiro momento. Nunca tivemos Houve um crescimento de 195% na problema nenhum, muito pelo contrá-procura. A nossa média, na última rio. No ano passado, apenas para dar seleção, foi de 12 inscritos por vaga, e um exemplo, aprovamos um acordo,

matrículas é de quase 100% em toda a chegamos a registrar, em um dos segundo o qual a reitoria da Ufrgs usará rede de escolas técnicas federais cursos, 24 estudantes disputando uma 180 bolsas de estágio para alunos do espalhadas pelo País. mesma vaga. Temos orgulho desses Instituto Federal. E é preciso destacar

números. O IF-RS, a partir da política de ainda uma coisa: o que o governo Lula Adverso: Isso é, em certa medida, forte incentivo a esta área adotada pelo investiu e vem investindo nas escolas

um reflexo da ascensão social das governo federal, vem crescendo e se técnicas não encontra precedentes na qualificando. Reformamos vários história do Brasil. Nos últimos dois camadas mais pobres da população?laboratórios, e criamos o de informáti- anos, o crescimento do número de Sangoi: Sem dúvida. Podemos ver

isso naquilo que o aluno egresso do

Ensino Técnico passou a representar

dentro de sua família. Ele ingressa no

mercado de trabalho com um salário

médio superior ao que teria se tivesse

apenas o Ensino Médio, gerando toda

uma reformulação na família com

melhoria de qualidade de vida. O irmão

ou a irmã passam a querer seguir o

exemplo, e também procuram a escola

técnica. Daqui a pouco, o pai volta a

estudar pelo Proeja. Ou seja, desperta

uma expectativa de crescimento muito

grande. E nós temos muito orgulho de

fazer parte desse processo.

18 ADVERSO 183 |NOVEMBRO 2010

"Segundo dadosdo MEC, a

empregabilidadede egressos de

cursos técnicos noEstado é de 72%"

O vice-diretor Julio Xandro Heck (esq) auxilia o diretor Paulo Roberto Sangoi a administrar oCampus Porto Alegre do Instituto Federal do Rio Grande do Sul

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20 ADVERSO 183 |NOVEMBRO 2010

O lançamento do Instituto de Estudos Europeus no pesquisas que visem à integração Brasil-Europa.

Brasil (IEE-BR) ocorreu no último dia 29 de novembro, Já as atividades de diálogo incluem workshops,

em cerimônia realizada na sala do Conselho da congresso anual e fóruns de discussão, enquanto que as

Universidade de São Paulo. Coordenado pela USP, o de extensão prevêem programas de pós-graduação lato

projeto agrega mais sete instituições de ensino brasilei- sensu, criação de biblioteca digital e de programas de

ras como parceiras, sete universidades europeias como rádio e televisão, e divulgação de informações sobre

associadas, e visa maximizar a cooperação em ensino financiamento para estudantes e pesquisadores.

superior e pesquisa entre o Brasil e a União Europeia Após a assinatura do documento que estabeleceu a

(UE). entidade, o coordenador do IEE-BR, Moacyr Martucci Jr.

Representando a reitoria da USP, o professor Marco conduziu um debate entre autoridades diplomáticas e

Antonio Zago, pró-reitor de Pesquisa, ressaltou que a acadêmicas presentes, oficializado como a primeira

herança europeia é e continuará sendo predominante no atividade do Instituto.

meio universitário brasileiro. Zago apontou a particulari- Marco Antonio Zago aproveitou para anunciar que

dade de um continente “que manteve a força individual também está em implementação, com sede na USP, um

de cada país ao mesmo tempo em que empreendeu um centro ibero-americano de estudos – mais uma iniciativa

modelo de integração de sucesso.” voltada para a criação de pontes entre os dois continen-

Segundo o pró-reitor, mesmo que esta cooperação tes.

seja forte, ainda é feita de maneira isolada nas universi- Para o pró-reitor, ciência e tecnologia são instrumen-

dades. “Falta uma visão mais global, estruturada, que tos de coesão diferentes da economia, porque não

organize a interação entre os dois lados do Atlântico – apresentam tanto a força dispersiva da competição, e,

que é o que esperamos que possa acontecer agora”, por isso, tanto o centro ibero-americano quanto o IEE-BR

afirmou. serão fortes instrumentos agregadores entre as regiões.

O IEE-BR empreenderá atividades acadêmicas, de A intenção é que o número de universidades que

pesquisa, de diálogo, e de extensão. A parte acadêmica fazem parte do instituto – tanto brasileiras como

incluirá a criação de curso de pós-graduação em Estudos europeias – seja ampliado a cada ano. No Brasil, fazem

Europeus e de disciplinas optativas nos cursos de parte atualmente da parceria, ao lado da USP,

graduação, além da uniformização de titulação e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp),

reconhecimento mútuo de títulos obtidos no Brasil e na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),

UE. Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade

Haverá incentivo às pesquisas em colaboração já Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Estadual

existentes e à promoção de novos estudos com este Paulista Julio Mesquita Filho (Unesp), Universidade

modelo, bem como às pesquisas com participação da Federal do Piauí (UFPI) e Universidade Federal do Pará

média e pequena empresa, e a concessão de prêmios para (UFPA).

Universidades brasileiras e europeias formam o

Instituto de Estudos Europeus

Fonte: USP Online

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Uma reportagem do jornal Mercury News em novembro, nos Estados Unidos, mostra como figuras importantes do Vale do Silício — entre eles, um dos fundadores do Google, Sergey Brin — estão por trás de uma nova corrida espacial, desta vez, patrocinada por empresas privadas ao invés de agências governamentais.

O empresário está na fila, desde 2008, para fazer uma viagem de turismo espacial pela empresa Space Adventures, que já colocou oito milionários passageiros no espaço. Brin, que é cofundador do Google ao lado de Larry Page, pagou US$ 5 milhões pela reserva na espaçonave.

A empresa que vai levar o executivo ao espaço se prepara agora para lançar empreitada de enviar dois passageiros comerciais para fazer uma volta ao redor da Lua. Segundo a reportagem, a inciativa pode ocorrer em três ou quatro anos. A Space Adventures também está anunciando um voo comercial, junto com outras grandes companhias do setor de viagens, para uma estação espacial, a partir de 2015.

Além disso, outra empresa, a Space X quer colocar em funcionamento cápsulas espaciais para turistas, semelhan-tes às usadas pela Nasa. Em dezembro, deve ocorrer o primeiro teste, segundo a reportagem.

O jornal também cita que uma agência da Califórnia está oferecendo voos espaciais de duas horas por US$ 200 mil, pela empresa Virgin Galatic.

Corrida espacial

futepr

ofpe

O governo britânico anunciou planos de lançar um novo índice para medir o bem-estar da população: o índice da felicidade. A iniciativa deriva de uma proposta que já vinha sendo defendida pelo primeiro-ministro, David Cameron, anos antes de ele ser eleito para o cargo. Recentemente, Cameron lançou uma consulta popular pela internet para avaliar a iniciativa de um censo para detectar o "índice de felicidade".

A consulta faz parte do National Well Being Project (Projeto do Bem-Estar Nacional), que, ainda em seu estágio inicial, está identificando as perguntas e temas que ajudariam a medir o bem-estar da população.

A ideia de Cameron não é novidade. O ex-senador americano Robert Kennedy, morto em 1968, costumava dizer que o PIB media tudo, "exceto aquilo que faz a vida valer a pena".

O Banco Mundial, a Comissão Europeia, a ONU e a Organizção para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE) também estão considerando índices alternativos semelhantes.

Índice de felicidade

e

São Paulo tomba 126 escolas públicasAs primeiras escolas públicas de São Paulo,

representantes do primeiro plano educacional criado no País, estão agora protegidas. O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico do Estado de São Paulo (Condephaat) tombou 126 escolas construídas entre 1890 e 1930, na Primeira República. Onze ficam na capital. Sete prédios tombados foram projetados por Ramos de Azevedo e outros seguiram o mesmo modelo.

A maioria das escolas tombadas, muitas delas, centenárias - com arquitetura semelhante, de plantas simétricas e influência francesa -, mantêm o mesmo uso até hoje. Construídos na virada do século 19 para o 20, os primeiros prédios são quase todos de dois andares, com oito a 20 salas de aula, divididas por corredores centrais.

Na resolução que protege as escolas, o Condephaat ressalva a possibilidade, após aprovação do Conselho, de obras de adaptação para acessibili-dade, e recomenda a demolição de anexos que tenham modificado os projetos originais.

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Fonte: Estadão Fonte: Estadão

Fonte: Estadão

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22 ADVERSO 183 |NOVEMBRO 2010

A Ong Ambiente Brasil Centro de Estudos publica em seu

site notícias internacionais e nacionais sobre mudanças

climáticas, energias sustentáveis, resoluções políticas, biodiver-

sidade, entre outras, relacionadas ao meio ambiente. O portal

também traz artigos de opinião, informações sobre cursos e

eventos vinculados a questões ambientais de todo o País, e links

para outros endereços eletrônicos que abordem o tema.

Programa jornalístico voltado para o esclarecimento

de aspectos relacionados à sustentabilidade e preserva-

ção ambiental, publica em seu site, assuntos sobre

agricultura, energia, fauna e flora, produtos orgânicos,

saúde, negócios sustentáveis, tecnologia, moda e estilo,

entre outros.

Fonte de estímulo à ampliação do conhecimento ambiental,

com informações em constante pesquisa e renovação e mídia

dirigida a um público formador de opinião, o site é referência

dentro da Internet. A missão do portal é estimular a ampliação

do conhecimento ambiental e a formação de uma consciência

crítica sobre os problemas e soluções para o meio ambiente,

idealizando a obtenção de informações de forma organizada,

sistemática e com velocidade.

Rede Ambiente

Portal Vida Orgânica

Ambiente Brasil

http://www.redeambiente.org.br

http://www.programavidaorganica.com.br

http://www.ambientebrasil.com.br

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OR

EL

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A Prática Farmacêutica na Manipulação de Medicamentos

Autora: Judith E. Thompson

Editora: Artmed

Este livro é uma referência atual, prática e completa,

direcionada não só a professores e a estudantes, mas também a

profissionais dedicados à manipulação de medicamentos.

Clínica Médica - Volume 7 / Alergia e ImunologiaClínica, Doenças da Pele, Doenças InfecciosasAutor: FMUSP/ Vários

Editora: Manole

A obra faz parte de um projeto da Faculdade de Medicina da Universidade de

São Paulo (FMUSP) e do Hospital das Clínicas da FMUSP de editar livros que

reúnam o conhecimento e a experiência dos médicos, pesquisadores e

professores dessas instituições. O livro é dedicado a estudantes de medicina,

médicos, residentes e clínicos gerais que atendam adultos. A publicação

também pretende servir de consulta para especialistas que precisem

aprofundar conhecimentos em áreas da clínica médica fora de sua

especialidade.

Antropologia do CuidarAutores: Francesc Torralba I Rosello

Editora: Vozes

O profissional de enfermagem é quem conhece melhor o

ser humano doente, já que sua ação se desenvolve no

centro deste universo. O livro mostra que sua contribuição

para a antropologia filosófica é, por isso, chave em uma

visão realista sobre a pessoa e sua circunstância. Por outro

lado, a antropologia filosófica traz elementos e instrumentos

de reflexão teórica sobre o sentido e a essência da condição

humana e sobre as várias dimensões do ser humano no

mundo.

576 páginas

Preço: R$ 168,00

856 páginas

Preço: R$ 186,25

200 páginas

Preço: 34,50

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Antropologia da Ufrgs encerra 2010 com muitos prêmios

Por Cláudia Rodrigues

Respeitado a nível nacional e reconhecido internacio-nalmente, o Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS ) do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) caracteriza-se por desenvolver atividades de ensino, pesquisa e extensão que contribuam com o desenvolvimen-to da antropologia no Brasil. O Programa encerra o ano de 2010 em alto estilo.

Pela terceira vez, o PPGAS alcançou o conceito 6 de excelência na Avaliação Trienal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O objetivo da instituição é avaliar os cursos de pós-graduação stricto sensu (mestrados e doutorados) do País. Com a atribuição dos conceitos é fundamentada a deliberação do Conselho Nacional de Educação (CNE) do Ministério da Educação (MEC) sobre a renovação de reconhecimento de cada programa/curso para o próximo triênio. Os resultados fornecem subsídios para a definição de planos e programas governamentais de desenvolvimento e os investimentos no Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG).

A classificação é feita por conceitos que podem variar de 1 a 7, reconhecendo os variados desempenhos de cada curso. Os programas de níveis mais elevados, de conceitos 6 e 7, são reconhecidos como de desempenho equiparados a cursos internacionais de excelência.

Também não é à toa que a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs) conce-deu o prêmio de melhor tese de doutorado em 2010 para um dos trabalhos do curso. A tese de Rosana Pinheiro-Machado, intitulada Made in China: Produção e Circulação de Mercadorias no Circuito China-Paraguai-Brasil, será publicada como livro pela Anpocs. Segundo o orientador do trabalho, professor doutor Ruben George Oliven, o mesmo concorreu com dezenas de outras teses de Antropologia, Ciência Política e Sociologia dos quase 100 programas afiliados à Associação. Este feito repete a premiação recebida em 2006, com a orientação da tese de Arlei Damo, Do Dom à Profissão - Uma etnografia do futebol de espetá-culo a partir da formação de jogadores no Brasil e na França, reconhecida pela Capes como a melhor tese das áreas das Humanidades e, pela Anpocs, como a melhor tese de Ciências Sociais.

Outro prêmio importante recebido em 2010 agraciou a professora Cláudia Fonseca com a medalha Roquette Pinto, concedida pela Associação Brasileira de Antropologia, em reconhecimento aos serviços prestados para área em todo o País. Este mesmo prêmio já foi concedido ao docente Ruben Oliven, por ocasião de sua presidência nessa Associação.

24 ADVERSO 183|NOVEMBRO 2010

Suzana P

ires

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25ADVERSO 183 |NOVEMBRO 2010

Instituições financiadoras

A coordenação do PPGAS segue a linha de pensamen-to que diz que é sempre importante acentuar que um bom programa de formação se deve às políticas científicas

desenvolvidas pelas instituições financiadoras. “Sem

entidades como Capes, Cnpq, Fapergs, Fundação Ford,

entre outras, um programa não existiria. Internamente o

apoio de nosso IFCH e do Instituto de Estudos Latino

Americano de Estudos Avançados que abriga projetos do

PPGAS são essenciais e possibilitam a consolidação de

projetos de excelência de Programas de Pós-Graduação”,

diz Cornelia Eckert.

Ela contextualiza a afirmação dizendo que todo o

financiamento é da responsabilidade dessas instituições

e a qualidade dos pós-graduação no Brasil parte de

políticas científicas - a partir da demanda da sociedade.

A comunidade antropológica tem buscado se afinar Corpo docente qualificado no acompanhamento dos problemas sociais de maior “De fato, o PPGAS colhe, no momento, frutos de um relevância e impacto, respondendo às políticas sociais e

trabalho inaugurado por professores como Sergio Alves às reivindicações de direitos civis. Dessa forma, projeta Teixeira, Ruben Oliven, Ignacio Pedro Schmitz, Claudia uma formação transparente e ética de seus alunos nos Fonseca, entre outros, que lutaram pela fundação do processos de pesquisa. Programa e são os responsáveis pela forma qualificada “A disciplina antropológica é extremamente com que o mesmo se estruturou”, declara Cornelia dinâmica e sua existência só faz sentido se estiver atenta Eckert, atual coordenadora do curso. às demandas sociais e, sobretudo às injustiças e conflitos

Segundo ela, o Programa se empenhou em construir sobre os quais pode contribuir com estudos concretos e um corpo docente qualificado, sendo rigoroso nos seus projetos críticos. O Programa que assim não o for estará critérios científicos de formação. Ao mesmo tempo, o fadado a nunca conquistar um projeto de formação PPGAS formou uma identidade própria com núcleos e qualificado dado à complexidade de suas disciplinas, à linhas de pesquisa que se apoiaram mutuamente, heterogeneidade de seu público em formação e à qualida-conforme a professora. de interdisciplinar de suas pesquisas”, finaliza a coorde-

Atualmente, são 211 dissertações de mestrado e 63 nadora do PPGAS.teses de doutorado defendidas. Com orgulho, Cornelia

ressalta que a grande visibilidade do PPGAS se deve à

qualidade da produção científica de seus professores e

alunos, como comprovam os diversos prêmios recebidos

pelos pesquisadores. “Vale assinalar que também temos

um quadro funcional altamente qualificado. O

Laboratório de Antropologia Social conta com o desem-

penho da antropóloga doutora Ana Luiza da Rocha,

pesquisadora do Cnpq e coordenadora de projetos de

ponta. Além disso, nossa secretária executiva, Rosemari

Feijó, é muito competente, e isso faz toda a diferença”,

diz a coordenadora.

O Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Ufrgs é

responsável pela Revista Horizontes Antropológicos avaliada como

A1. Isso significa que a publicação possui o mais alto nível de

avaliação de periódico científico.

De abrangência internacional, seus números são temáticos,

abertos à pluralidade de interpretações e de temas que possam

interessar à antropologia para compreensão dos fenômenos

socioculturais.

Os núcleos de pesquisa também publicam periódicos especializa-

dos inseridos no sistema SEER e qualificados para a divulgação on-line

das produções científicas de professores e alunos.

A premiada tese de

Machado, Made in China: produção e

circulação de mercadorias no circuito

China-Paraguai-Brasil, é um trabalho

pioneiro e inovador. Tendo como norte a

ideia de uma “cadeia global de mercadori-

as”, o trabalho discute o sistema formal e

informal de produção e circulação de bens

chineses – bugigangas e cópias – no

circuito China – Paraguai - Brasil, a partir

de uma pesquisa de campo qualitativa realizada em três países

diferentes. Rosana morou em Ciudad del Este e na Província de

Guangdong, na China, onde ficou quase um ano.

Rosana Pinheiro-

Horizontes Antropológicos

Made in China

- Domínio da problemática sociocultural das sociedades

simples e complexas

- Busca de padrões de excelência

- Formação profissional e produção científica

Núcleos de Pesquisa em que está estruturado:

· Antropologia e Cidadania

· Antropologia Visual

· Estudos da Religião

· Antropologia das Sociedades Indígenas e Tradicionais

· Estudos em Arte e Estilos de Vida

· Pesquisa em Antropologia do Corpo e da Saúde

· Pesquisas sobre Culturas Contemporâneas

· Banco de Imagens e Efeitos Visuais

O Programa conta ainda com o Laboratório de Antropologia

Social, que articula as várias pesquisas em andamento nos

diferentes núcleos e realiza projetos institucionais de pesquisa e

extensão.

O curso possui um intenso intercâmbio com outros centros de

pós-graduação do Brasil e do exterior, tendo recebido professo-

res visitantes dos mais diversos países.

Objetivos do Programa de Pós-Graduaçãoem Antropologia Social da Ufrgs

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+1 Documentário

+1 Livro

João Sem Terra é o nome do documentário brasileiro que conta a

história de João Machado dos Santos, gaúcho que se envolveu na

luta política pela terra. Lançado neste ano e dirigido por Teresa

Noll Trindade, o filme relata a ativa participação do personagem

no Master, movimento que nos anos 60 teve fundamental

importância na colocação da Reforma Agrária na agenda política

nacional. João Machado dos Santos faleceu em 20 outubro de

2010, aos 86 anos, reconhecido como o precursor do MST.

Dentre os tantos desafios da contemporaneidade ao sujeito

globalizado, um dos mais difíceis é o da propriedade intelectual.

Ondina Fachel Leal e Rebeca Hennemann Vergara de Souza são as

autoras da obra Do Regime de Propriedade Intelectual: estudos

antropológicos. Trata-se de uma leitura extremamente pertinente

e atual que aborda temas como direitos de autor, de marcas e de

patentes; saúde pública e software livre; novas formas de

organização social e patrimônio cultural e genético das

comunidades tradicionais. A obra convida a pensar a

modernidade em suas diferentes facetas.

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19ADVERSO 183 | NOVEMBRO 2010

Neste momento de transição de governo, é hora de uma financiamento. E é responsabilidade da Fapergs ampliar

reflexão importante para a sociedade gaúcha. a democratização dos recursos, contribuindo para A Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul aumentar a eficiência do sistema e garantir que as

(Fapergs), fundada há mais de 40 anos, foi um importante pesquisas científica e tecnológica possam se refletir no instrumento de desenvolvimento científico e tecnológico, desenvolvimento econômico e social do Estado. Mesmo que muito contribuiu para o crescimento do Estado. para os grandes grupos consolidados, a falta de capaci-Gerações de pesquisadores foram contempladas com bolsas dade da Fapergs em garantir a contrapartida para de iniciação científica, de estágios, de pós-graduação, e recursos federais leva a que o Rio Grande do Sul perca financiamentos para montar laboratórios e realizar muitos recursos.atividades de pesquisa, que levaram ao desenvolvimento Com a legitimidade que o governador Tarso adquiriu de produtos, de tecnologias e à formação de recursos ao ter sido eleito pela maioria absoluta dos gaúchos, humanos qualificados. esperamos que lidere um profundo processo de mudança

A Fapergs já foi das mais importantes Fundações e nesse quadro. A comunidade científica espera que seu Entidades de Amparo à Pesquisa do País, refletindo a governo marque a retomada da priorização da Ciência e importância que o Estado dava à Ciência e Tecnologia. Isso Tecnologia, o que se coaduna integralmente com o fez com que a comunidade científica gaúcha tenha se programa que a sociedade elegeu, que prevê o cresci-mobilizado e convencido a sociedade riograndense a mento do Estado em consonância com o crescimento do incluir na Constituição estadual, em 1989, a determinação País. Não é mais possível que o estado que era visto de que o governo repasse à Fapergs, a cada ano, 1,5% da como exemplo de educação e desenvolvimento viva isso receita líquida do Estado. apenas como lembrança de um passado glorioso.

Mas esse princípio constitucional nunca foi cumprido Senhor governador, sabemos que suas tarefas são em sua integralidade, em nenhum governo desde então. O muitas, que o Estado tem muitos setores a serem melhor ano foi 2001, quando o deputado Adão Villaverde recuperados, que as dificuldades financeiras são era Secretário de Ciência e Tecnologia, no governo de grandes, mas nada disso será revertido se dentre as Olívio Dutra. Apesar de ter sido o melhor da série histórica, prioridades do governo não estiverem a pesquisa em 2001 atingiu-se apenas 21% do valor correspondente científica e tecnológica e a educação, que são fatores aos 1,5% constitucionais. fundamentais de promoção de desenvolvimento

Os anos seguintes foram cada vez piores para a pesquisa econômico e distribuição de renda.no Estado. As dotações diminuíram, os editais foram É claro de que não é em um ano, ou mesmo em escasseando, e artifícios foram criados para incluir nas quatro, que espera-se cumprir na integralidade os contas dos repasses os valores advindos do governo repasses constitucionais para a Fapergs, mas imaginar federal. Hoje, a sensação geral é de que a Fapergs “acabou”. que a curto prazo se possa ter no mínimo os patamares

No entanto, a pesquisa científica no RS está mais viva de 2001 é algo que deve estar nos planos, de sorte que que nunca, graças à capacidade que a comunidade na prática se exercite essa priorização. Espera-se que se científica local tem tido de buscar recursos federais, de possa abrir rapidamente em seu governo um processo de agências internacionais e na colaboração com o mercado crescimento dos repasses progressivamente, apontando produtivo. Mas, apesar disso, os pesquisadores gaúchos para que em um horizonte finito essa meta histórica têm sido muito prejudicados. seja atingida.

Os jovens praticamente não têm mais projetos tipo Estima-se também que a Secretaria de Ciência e “enxoval”, que permite a inserção na carreira – antes uma Tecnologia seja, em vossa gestão, uma secretaria de das prioridades da Fapergs. Não temos tido editais voltados ponta, respeitada, e que esteja no centro das ações da às necessidades regionais do Estado. Os programas federais administração estadual - e que não seja apenas mais giram em torno de grandes projetos, que fazem com que uma secretaria, vista na composição de governo como grupos grandes ou consolidados obtenham os recursos, uma peça de menor valor. O titular desta pasta deverá levando a uma concentração dos financiamentos, o que vai ser uma pessoa comprometida com a causa, alguém que em sentido contrário ao enorme crescimento do número de respeite seu posto e se coloque como um defensor da professores e pesquisadores nas universidades, uma Ciência e Tecnologia como um alto valor de estado, como realidade nos dias de hoje. aliás, já tivemos experiências em alguns períodos.

Ou seja, temos um considerável aumento no sistema de Senhor Governador Tarso Genro, a Ciência e Tecnolo-pesquisa, mas esse processo faz com que grande número gia tem que ser prioridade no Rio Grande do Sul! dos pesquisadores, jovens, em particular, não tenham

AR

TI

GOGovernador, vamos priorizar

a Ciência e Tecnologia?!por Eduardo Rolim de Oliveira, vice-presidente do Proifes