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Leitura comentada do artigo de Antropologia, raça e os dilemas das identidades na era genômica de Ricardo Ventura Santos e Marcos Chor Maio para disciplina: Raça, Gênero e Saúde ministrada pela prof. Cecília McCallum, UFBA, ISC, (2007.2)TRANSCRIPT
Universidade Federal da BahiaPrograma de Pós-Graduação em Saúde ColetivaInstituto de Saúde Coletiva
Disciplina: Raça, Gênero e Saúde Prof. Cecília McCallum(2007.2)
Apresentação do artigo e comentários de:
Paulo Pedro P. R. [email protected]
Antropologia, raça e os dilemas das identidades na era genômica.
Ricardo Ventura Santos, Marcos Chor Maio
LEITURASArtigo:
Antropologia, raça e os dilemas das identidades na era genômica.
• Introdução
• A diversidade do povo brasileiro vista a partir da genética
• Recepções e críticas aos estudos genômicos– Athayde Motta e a Perspectiva do Movimento Negro– M. X. Rienzi e a perspectiva da extrema-direita
• A ‘proximidade’ distante: racialismo igualitário e racialismo hierárquico
• Relativizando Polaridades
• Considerações Finais
Ricardo Ventura Santos – ENSP – FIOCRUZMarcos Chor Maio – Casa de Oswaldo Cruz – FIOCRUZ
Maio de 2005 - História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro V12, n 2, 447-68 maio-ago. 2005
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702005000200011
Apresentação/descrição: Nova Genética ou Genômica (Projeto Genoma Humano 1990 – 2003) - 1990 foi lançado nos EUA o PGH: patrocinado pelo NIH (National Institutue of Health) e pelo DOE (Departament of Energy) com 17 países envolvidos.- 1998 surge a Celera Genomics empresa privada, comandada pelo Dr. Craig Venter, um 2000:- 2000 já se conta mais 20 centros de seqüenciamento gerando coletivamente 1000 bases por segundo, 24 horas por dia, 7 dias por semanadissidente do PGH.
Estudos desenvolvidos no Brasil seu impacto sobre o saber biólogos e cientistas sociais (redimensionando locis) na construção de identidades sociais (movimento negro; grupos de extrema direita)
Atenção especial ao artigo: Retrato Molecular do Brasil do geneticista Sérgio Pena et all da UFMG - considerado pela imprensa como revelador da qualidade da pesquisa cientifica no Brasil ((Hélio Gaspari / Folha de SP, 2000) e pelo movimento negro como “simulacro de suporte científico para o mito da democracia racial” e/ou do Legion Europa “os pesquisadores da UFMG da maneira mais sem-vergonha, subjetiva e não científica mostram sua visão política sobre raças...a deformar as realidades naturais para as encaixar em ideologias”
Os autores chamam atenção para o antagonismo das interpretações do artigo e nos convida a refletir sobre o espaço que o conhecimento genético ocupa no sentido de influenciar e até mesmos transformar (sic) as identidades sociais → ←
http://cienciahoje.uol.com.br/controlPanel/materia/resource/download/41917
Explora conceitos da filogeografia ou distribuição geográfica de linhagens genealógicas e estabelece a partir de marcadores moleculares do cromossomo y e DNA mitocondrial a composição genética da população brasileira
Genética Molecular
Populações
Demografia
Geografia Histórica
Pena, Sérgio D, Silva D. R. Carvalho; Silva, J. Allves; Prado V. F.
A diversidade do povo brasileiro vista a partir da genética
• 1960 – Francisco m Salzano e Newton Freire Maia destacam a importância genética de populações heterogênas
• 2000 – Retrato Molecular do Brasil. Ciência Hoje SBPC (Pena et al)
• 2000/01 American Journal of Human Genetics (Alves Silva et al e Carvalho e Silva et al)
• 2003 Proceedings of National Academy of Sciences of USA (Parra et al )
Estudo dos marcadores genéticos clássicos a exemplo nos grupos sangüíneos o fator RH, diego; Proteínas Séricas Gm (gamaglobulinas)
Em contraste com novos marcadores a partir do sequenciamento (RFLPs) de blocos haplótipos do cromossomo Y e DNAmt (mitocondrial) determinando as matrilinhagens e patrilinhagens.
Retrato Molecular do Brasil como uma série ou linha de estudos
Matrilinhagens33% ameríndia28% africana
Estudos nos homens brancosAlves- Silva et al, 2000
Patrilinhagem90% de origem européia
Estudos genéticos corroboram estudos da história das migrações/colonização e composição da população: Imigrantes portugueses com predominância masculina miscigenados com mulheres ameríndias e depois africanas, a exemplo de estudos de Paulo Prado (1927) Gilberto freire (1933) Darci Ribeiro (1995) - Pena et al 2000
Cor é um preditor pobre da ancestrabilidade genômica (Parra et al 3003)
Nancy Burson’s
http://www.mundonegro.com.br/noticias2/?editorialID=9¬iciaID=863#
Essencialismo GenéticoPor que a genética do século 21 soa como a biologia do século 19?
O que a precisão e suposta objetividade da pesquisa genética acaba por criar é uma imposição de valor sobre a obsolescência do conceito de raça (tão mais falsa quanto mais se defende a democracia racial) e sobre a irrefutável mestiçagem de todos os seres (preferencialmente os de pele mais escura) porque assim disse a ciência.
Athayde Motta [email protected]
[Retrato Molecular no Brasil] não se distancia muito do retrato colonial de um país inicialmente formado por populações indígenas e homens brancos e, posteriormente, por populações indígenas, negras e, ainda, mais homens que mulheres brancos. Levando-se em conta que eram os portugueses que tinham por hábito brutalizar as nativas indígenas e as escravas negras, a pesquisa apenas confirma geneticamente o que já era mais ou menos sabido por quem tem um mínimo de senso crítico sobre o Brasil.
Athayde Motta www.afirma.inf.br
Genética para as massasCrítica do Movimento Negro
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Gilroy, Paul em seu livro Against Race enfatiza que a revolução biotecnológica requer uma mudança no entendimento de conceitos como raça, espécie, corporificação e especificidade humana. Ressaltando o “tom utópico” de seu argumento (p. 7), entretanto, reconhece que sua radical posição ‘anti-raça’ pode comprometer ou dificultar (ou até mesmo trair) aqueles grupos cujas reivindicações legítimas e até mesmo democráticas repousam em formas de identidade solidariamente moldadas a grande custo a partir de categorias impostas pelos seus opressores (p. 52). Raça e seus derivativos constituem um conjunto dessas categorias. Para Gilroy, abandonar ‘raça’ é romper com um elo, com uma cadeia de longa permanência histórica
Qual a relevância do conhecimento biológico na revelação de realidades histórico sociais do Brasil, bem como o seu papel no delineamento de políticas públicas?
Todo grupo etno-racial, incluindo todos os povos de descendência européia, tem o direito de sobreviver ... Todo grupo etnoracial tem o direito de estabelecer qualquer que seja o grau de homogeneidade biológica e cultural nas terras onde vive, incluindo o direito a estabelecer Estados-nações completamente homogêneos, excluindo outros grupos etno-raciais ... O grupo etno-racial é um grupo de parentesco extenso, uma família extensa.Do mesmo modo que uma pessoa tem o direito de promover os interesses de sua família, também deve ter o direito de promover os direitos de seu grupo etno-racial. Não deve haver leis que impeçam a promoção ampla dos interesses etno-raciais das pessoas. Deve haver liberdade completa de expressão e de reunião, para formar partidos políticos, para promover homogeneidade etno-racial e separatismo e para se opor à globalização e à imigração do tipo etno-racial ... Aos grupos etnoraciais deve ser permitido seguir quaisquer tipos de estratégias reprodutivas que desejem, incluindo endogamia, eugenia e clonagem humana ... A busca dos interesses etno-raciais deve receber a mais alta prioridade e dignidade. A todos deve ser permitido promover o melhor para seus respectivos povos, a ponto de não infringir de maneira injusta os direitos etno-raciais de outros grupos.
http://www.legioneurope.org
“Declaração dos Direitos Etno-raciais”
A crítica de Rienzi (teórico do grupo Legion Europa) ao estudo de geneticista da série Retrato Molecular do Brasil pode se resumir numa uma indagação: “Cientistas provam que raça não existe?”. Para esse crítico, o trabalho dos geneticistas brasileiros é uma “peça ideológica travestida de ciência”.
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A ‘proximidade’ distante: racialismo igualitário e racialismo hierárquico
Proximidade (Todorov)
Racialismo – ideologia / doutrina referente as raças humanas. Racismo – comportamento (ódio, desprezo, etc) em relação à pessoas com características raciais bem definidas e
diferentes da própria.
Na agenda de combate ao racismo o ideário anti racialista da Declaração sobre Raça da UNESCO – pós segunda guerra coexiste com possibilidade de articular biologia evolucionária e humanismo (trabalhos sobre cooperação e controle da agressão. – os pesquisadores do “retaro molecular do Brasil se inserem nessa tradição:
• Viés biológico da Pesquisa Genômica• Consciência das estatísticas sócio – econômicas que contradizem a ilusão de “democracia racial”
Racialismo igualitário de Motta (p/ superação de iniqüidades
Racialismo hierárquico / racismo da Legion Europa
Paul Brodwin (2002) é incisivo ao se referir às inter-relações entre desenvolvimento de tecnologias genéticas, sociedade e construção de identidades sociais no mundo contemporâneo. No contexto da crescente valorização da genética, padrões de identidade historicamente e conhecidos podem ganhar ainda mais legitimidade ou serem negados pelos resultados de seqüenciamentos de DNA, bem como emergirem outras proposições que até então não eram socialmente reconhecidas.
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Relativizando Polaridades
http://www.wolfmanproductions.com/racemachine.html
Levi Strauss já na década de 50 refere-se ao “aparecemento da genética de populações na cena antropológica” ao abordar os tema em Raça e Cultura. Esse autor enfatiza a equivalência entre o pensamento científico e mítico (Pensamento Selvagem) e não associa as contribuições das culturas à características raciais.
Por outro lado disseminam-se visões bio-reducionistas. Segundo Lancaster, predominando nos meios de divulgação científica e associações para o desenvolvimento de drogas e/ou tecnologias.
Nessa perspectiva os autores situam as interpretações de “Retrato Molecular do Brasil como “solapando” as posições assumidas por distintos grupos nas políticas de identidade graças á autoridade e legitimidade que desfruta em nossos dias.
Qual a viabilidade de políticas de ação afirmativa como forma de enfrentar as desigualdades raciais no Brasil ?
Concluindo
Novas tecnologias biológicas e novas configurações ideológicas ?
OU
Novas tecnologias biológicas e velhas configurações ideológicas?
DNA e genoma se hibridam com raça, tipologias e nacionalismos tecendo como pano de fundo questões de identidade e transformação política que transcendem fronteiras nacionais específicas e atingem configurações internacionais de amplo alcance.
A ultra-moderna linguagem dos genes e DNA consolida-se como extremamente influente e capaz de criar novas identidades, a exemplo dos grupos com relevância terapêutica, pacientes que devem ser excluídos do mercado de trabalho com substancias químicas (“atópicos”) excluídos dos planos de saúde e/ou da possibilidade de nascimento, a hiper-antiga perspectiva da raça e de diferenças essencializdas perdura como elemento que ainda está longe de ser ofuscado, mas que experimenta constante reconfiguração em sua interação com conhecimentos e tecnologias existentes.
O Projeto Genoma começou oficialmente em 1990 Previsto para durar 15 anos foi práticamente completado em 2003 com um custo aproximado de 3 U$ bilhões, o equivalente à seis lançamentos do ônibus espacial da NASA
Março de 2005
Fevereiro 2001
REFLEXÃO
VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR
FARMACO-VIGILÂNCIA
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICACÂNCER E DANTS
Opções de Investimentoao Projeto Genoma?
REFLEXÃO
VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR
FARMACO-VIGILÂNCIA
talidomida
benzeno X leucemia mielóide
Câncer de colo X papanicolau
TOXICO-GENÉTICA
& Controle de infecções
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICACÂNCER E DANTS
Doenças e Agravos não Transmissíveis
CONTROLE EXPOSIÇÃO UVb
CONTROLE DO LIXO ATÔMICO E ENERGIA NUCLEAR
RADIO-GENÉTICA
ATENÇÃO
Controle da exposição de mulheres em idade fértil ao Rx
Controle da POLUIÇÃO
Qual o preço da prevenção?