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1 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13 th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X GÊNERO NA PRÁTICA: UMA EDUCAÇÃO NÃO-SEXISTA NAS ESCOLAS Fábia Cristina Mendes Barbosa 1 Helisangela Andrade 2 Resumo: Gênero e práticas não-sexistas foram às categorias escolhidas para a pesquisa realizada na oficina de Igualdade de Gênero, do Projeto Maria da Penha vai à Escola Construindo a Igualdade da Secretaria da Mulher do Recife, nas escolas municipais da Prefeitura do Recife no período de 2016. A pesquisa tem como objetivo dar visibilidade ao reconhecimento de práticas não sexistas presentes nas escolas que o Projeto atuou. No que tange a educação não sexista, notamos que nas escolas essa educação não é praticada, pois a visão sexista de mundo está enraizada nas pessoas e nos espaços de educação, vemos claramente através dos livros didáticos, a separação de meninas e meninos no recreio, o comportamento que cada um deve ter em sala de aula, entre outras. A educação não sexista vem justamente trabalhar o contrário, desconstruir essa relação machista, onde meninas e meninos têm direitos iguais em todos os espaços. A metodologia utilizada para o desenvolvimento da pesquisa foi qualitativa e descritiva com base em princípios da pesquisa bibliográfica, e o resultado obtido desse trabalho foram à participação das/os estudantes e dos/as professores/as que expuseram sua opinião e refletiram sobre a igualdade de gênero em que meninos e meninas têm direitos iguais, assim como mudanças de comportamento em relação em ser menino e ser menina, através das apresentações lúdicas como poemas, rap, paródias, peças de teatro, fantoches, cartazes e desenhos. Palavras-chave: Gênero. Educação Não-Sexista. Práticas Pedagógicas. A educação está passando por grandes transformações tendo ganhos e perdas para abordagens e práticas das questões de gênero nas escolas, sabendo que é através da educação que as pessoas socializam os saberes e crenças. Para Brandão (1993) a educação tem vários sentidos e que perpassa pelo modo de vida até os ensinamentos que são dados nas escolas. A educação é, como outras, uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade. Formas de educação que produzem e praticam, para que elas reproduzam, entre todos os que ensinam- aprendem, o saber que atravessa as palavras da tribo, os códigos sociais de conduta, as regras do trabalho, os segredos da arte ou da religião, do artesanato ou da tecnologia que qualquer povo precisa para reinventar, todos os dias, a vida do grupo e a de cada um de seus sujeitos, através de trocas sem fim com a natureza e entre os homens, trocas que existem dentro do mundo social onde a própria educação habita, e desde onde ajuda a explicar às vezes a ocultar, às vezes a inculcar de geração em geração, a necessidade da existência de sua ordem (BRANDÃO. 1993, p. 33). 1 Graduada em Pedagogia pela Universidade Salgado de Oliveira Universo Recife; Mestra em Ciências da Educação pela Escola Superior de Educação Almeida Garret de Lisboa/POR (ESEAG). Analista em Promoção dos Direitos das Mulheres em Pedagogia e Coordenadora Pedagógica da Ação Maria da Penha vai à Escola Construindo a Igualdade da Secretaria da Mulher do Recife, Brasil. Professora Tutora Presencial da UNOPAR Cabo de Santo Agostinho/PE. E-mail: [email protected] 2 Graduada e Mestra em História pela Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE. Arte educadora da Secretaria da Mulher na Ação Maria da Penha vai à escola. Professora Tutora e Executora do EAD de História da UFRPE. Coordenadora do Programa Novo Mais Educação de Jaboatão dos Guararapes. E-mail: [email protected]

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Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),

Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X

GÊNERO NA PRÁTICA: UMA EDUCAÇÃO NÃO-SEXISTA NAS ESCOLAS

Fábia Cristina Mendes Barbosa1

Helisangela Andrade2

Resumo: Gênero e práticas não-sexistas foram às categorias escolhidas para a pesquisa realizada na

oficina de Igualdade de Gênero, do Projeto Maria da Penha vai à Escola – Construindo a Igualdade

da Secretaria da Mulher do Recife, nas escolas municipais da Prefeitura do Recife no período de

2016. A pesquisa tem como objetivo dar visibilidade ao reconhecimento de práticas não sexistas

presentes nas escolas que o Projeto atuou. No que tange a educação não sexista, notamos que nas

escolas essa educação não é praticada, pois a visão sexista de mundo está enraizada nas pessoas e

nos espaços de educação, vemos claramente através dos livros didáticos, a separação de meninas e

meninos no recreio, o comportamento que cada um deve ter em sala de aula, entre outras. A

educação não sexista vem justamente trabalhar o contrário, desconstruir essa relação machista, onde

meninas e meninos têm direitos iguais em todos os espaços. A metodologia utilizada para o

desenvolvimento da pesquisa foi qualitativa e descritiva com base em princípios da pesquisa

bibliográfica, e o resultado obtido desse trabalho foram à participação das/os estudantes e dos/as

professores/as que expuseram sua opinião e refletiram sobre a igualdade de gênero em que meninos

e meninas têm direitos iguais, assim como mudanças de comportamento em relação em ser menino

e ser menina, através das apresentações lúdicas como poemas, rap, paródias, peças de teatro,

fantoches, cartazes e desenhos.

Palavras-chave: Gênero. Educação Não-Sexista. Práticas Pedagógicas.

A educação está passando por grandes transformações tendo ganhos e perdas para

abordagens e práticas das questões de gênero nas escolas, sabendo que é através da educação que as

pessoas socializam os saberes e crenças. Para Brandão (1993) a educação tem vários sentidos e que

perpassa pelo modo de vida até os ensinamentos que são dados nas escolas.

A educação é, como outras, uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e

recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade. Formas de

educação que produzem e praticam, para que elas reproduzam, entre todos os que ensinam-

aprendem, o saber que atravessa as palavras da tribo, os códigos sociais de conduta, as

regras do trabalho, os segredos da arte ou da religião, do artesanato ou da tecnologia que

qualquer povo precisa para reinventar, todos os dias, a vida do grupo e a de cada um de

seus sujeitos, através de trocas sem fim com a natureza e entre os homens, trocas que

existem dentro do mundo social onde a própria educação habita, e desde onde ajuda a

explicar — às vezes a ocultar, às vezes a inculcar — de geração em geração, a necessidade

da existência de sua ordem (BRANDÃO. 1993, p. 33).

1 Graduada em Pedagogia pela Universidade Salgado de Oliveira – Universo Recife; Mestra em Ciências da Educação

pela Escola Superior de Educação Almeida Garret de Lisboa/POR (ESEAG). Analista em Promoção dos Direitos das

Mulheres em Pedagogia e Coordenadora Pedagógica da Ação Maria da Penha vai à Escola – Construindo a Igualdade

da Secretaria da Mulher do Recife, Brasil. Professora Tutora Presencial da UNOPAR – Cabo de Santo Agostinho/PE.

E-mail: [email protected] 2 Graduada e Mestra em História pela Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE. Arte educadora da

Secretaria da Mulher na Ação Maria da Penha vai à escola. Professora Tutora e Executora do EAD de História da

UFRPE. Coordenadora do Programa Novo Mais Educação de Jaboatão dos Guararapes. E-mail:

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Sabemos que a igualdade de gênero está sendo pautada desde 1979 quando a ONU

(Organização das Nações Unidas) criou a Resolução 34/180 da Assembleia Geral das Nações

Unidas, de 18 de dezembro de 1979, a qual foi aprovada pelo Brasil em fevereiro de 1984, que está

lutando pela igualdade entre mulheres e homens. No Artigo 10º da Resolução nos incisos 1 e 5

deixa claro o papel do Estado:

§ 1. Os Estados Membros adotarão todas as medidas apropriadas para eliminar a

discriminação contra a mulher, a fim de assegurar-lhe a igualdade de direitos com o homem

na esfera da educação e em particular para assegurar, em condições de igualdade entre

homens e mulheres;

§ 4. A eliminação de todo conceito estereotipado dos papéis masculino e feminino em todos

os níveis e em todas as formas de ensino, mediante o estímulo à educação mista e a outros

tipos de educação que contribuam para alcançar este objetivo e, em particular, mediante a

modificação dos livros e programas escolares e adaptação dos métodos de ensino

(BRASIL. 1984, p.1).

Verificamos que a ONU assegura como deve ser feito a atuação dos Estados junto à

discriminação contra as mulheres, e que em décadas vem travando essa luta por uma educação não

sexista.

Beltrão & Alves (2004), afirma que as medidas educacionais voltadas para educação em

massa surgiu após a Revolução de 1930, porém as mulheres só tiveram acesso à escola com a Lei

de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira de 1961, a qual garantia acesso igualitário ao ensino

superior para as mulheres que cursavam o magistério que equivalia os cursos de ensino médio.

Com a Constituição de 1988 o país começa a incorporar demandas sociais especificas para

mulheres e homens, podendo assim fazer uma discussão sobre a desigualdade de sexos na educação,

limitando-se ao acesso igualitário entre meninas e meninos. Porém, em 1990 foram elaboradas as

leis para a educação que abordam a igualdade de gênero, os quais foram a Lei de Diretrizes e Bases

da Educação - LDB nº 9.394/1996 e dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino

Fundamental – PCN.

Ressaltando que essas Leis garantiram a eliminação das desigualdades entre meninas e

meninos nas escolas, pois os PCN´s são uma proposta de conteúdos que deve orientar a estrutura

curricular de todo o sistema educacional do país, que tem temas transversais como ética, pluralidade

cultural, meio ambiente, sexualidade e saúde, podendo ser trabalhados juntamente com os

conteúdos da escola, sabendo que não é obrigatório.

As questões de gênero tratadas pelos PCN´s estão no tema da sexualidade, referindo-se ao

tratamento dado à orientação sexual, esclarecendo que esse tema deve enfocar as dimensões

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sociológica, psicológica e fisiológica da sexualidade, tendo três eixos para orientar o/a professor/a:

corpo humano, relações de gênero e prevenção às doenças sexualmente transmissíveis/Aids. O eixo

de relações de gênero propicia questionamento de papéis estabelecidos a homens e mulheres na

sociedade, a valorização de cada um e flexibilização desses papéis (BRASIL. 1997, v. 8, p. 31 -35).

Diante essas orientações, vemos que a escola é o melhor espaço para dialogar sobre as

questões de gênero. Para Souza; Carvalho (2003), a escola é o espaço para se dialogar e reproduzir

as diferenças de gênero, os quais são manifestados no cotidiano escolar que podem ser inseridos

para os/as estudantes através de jogos e brincadeiras.

No que tange a educação não sexista, vemos que na escola essa educação não é praticada,

pois a visão sexista de mundo está enraizada nas pessoas e nos espaços de educação, vemos

claramente através dos livros didáticos, a separação de meninas e meninos no recreio, o

comportamento que cada um deve ter em sala de aula, entre outras.

A educação não-sexista vem justamente trabalhar o contrário, desconstruir essa relação de

gênero machista, onde meninas e meninos tem direitos iguais em todos os espaços. Nesta

perspectiva de gênero e práticas não-sexista foram as categorias escolhidas para a pesquisa

realizada na oficina de Igualdade de Gênero, da3 Ação Maria da Penha vai à Escola – Construindo a

Igualdade da Secretaria da Mulher do Recife, nas escolas municipais da Prefeitura do Recife em

2016.

No presente artigo, apontaremos a visão das educadoras sociais e alunos/as, a partir dos

relatórios feitos nas oficinas, ao longo do ano. Desse modo, objetivamos dar visibilidade ao

reconhecimento de práticas não-sexistas presentes nas escolas que a Ação atuou.

A metodologia utilizada para o desenvolvimento da pesquisa foi qualitativa e descritiva com

base em princípios da pesquisa bibliográfica, e o resultado obtido desse trabalho foram à

participação das/os estudantes e dos/as professores/as que expuseram sua opinião e refletiram sobre

a igualdade de gênero em que meninos e meninas têm direitos iguais, assim como mudanças de

comportamento em relação em ser menino e ser menina, através das apresentações lúdicas como

poemas, rap, paródias, peças de teatro, fantoches, cartazes e desenhos.

3 A Ação Maria da Penha vai à Escola – Construindo a Igualdade da Secretaria da Mulher da Prefeitura do Recife faz

parte da Gerência Geral de Promoção da Cidadania para as Mulheres, tendo como coordenadora geral da Ação

Fernanda Lima e coordenadora pedagógica Fábia Barbosa, o mesmo é composto por educadoras sociais Alberjane

Farias, Josineide Oliveira e Maria Helena Prado; arte educadoras Helisangela Andrade e Janaína da Hora Barbosa e

Técnica em Psicologia Emilianna Pita. O projeto está atuando desde 2014 nas escolas do ensino fundamental do 3º ao 5º

ano na cidade do Recife.

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Compreendendo que a educação é a base fundamental para trabalharmos as questões de

gênero, deste modo este artigo enfoca duas questões:

Por que deveríamos enfocar igualdade de gênero para formação de estudantes do 3º

ao 5º ano do ensino fundamental?

Que tipo de metodologia e materiais poderia utilizar para apoiar a promoção da

igualdade de gênero para formação de estudantes do 3º ao 5º ano do ensino

fundamental?

Esses questionamentos serão respondidos através da oficina de Igualdade de Gênero que

integra a Ação Maria da Penha vai à Escola – Construindo a Igualdade da Secretaria da Mulher em

parceria com a Secretaria Municipal da Educação da Prefeitura do Recife – PE.

Gênero e Educação não sexista

Falar sobre gênero e educação é retomar o passado e verificar as desigualdades de gênero

que ocorre desde há muitos anos, para entendemos melhor o que é gênero? Trazemos alguns

conceitos, tais como da pesquisadora feminista Scott (1990, p. 14) “[...] elemento constitutivo de

relações sociais fundadas sobre as diferenças percebidas entre os sexos e um primeiro modo de dar

significado às relações de poder”.

No Glossário (2009) são relações de poder em que o princípio masculino é tomado como

parâmetro universal posição e hierarquia. Para Louro (1997, p. 22) o conceito de gênero:

[...] recolocar o debate no campo do social. [...] As justificativas para as desigualdades

precisariam ser buscadas não nas diferenças biológicas [...], mas sim nos arranjos sociais,

na história, nas condições de acesso aos recursos da sociedade, nas formas de

representação. [...] é no âmbito das relações sociais que se constroem os gêneros (LOURO.

1997, p. 22).

Esses significados nos faz perceber que o gênero pode ser trabalhado nas escolas sem

nenhum preconceito e que no Brasil e no contexto educacional, gênero está inserido nas políticas

educacionais, através da Constituição Federal “sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e

quaisquer outras formas de discriminação” (Brasil, 2001, Art. 3); a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional nº 9394/96 (Brasil, 1996); o Plano Nacional de Educação (PNE) – Lei nº

10.172/2001 (Brasil/PNE, 2001); o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil

(Brasil/RCNEI. 1998) e os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental

(Brasil/PCN, 1997). Todos esses documentos ressaltam a igualdade entre meninos e meninas, além

de conter objetivos, conteúdos, diretrizes e orientações didáticas para os/as profissionais atuarem.

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Diante de todas essas Leis e documentos ainda não temos uma educação não-sexista, pois a

escola é sexista e reprodutora do machismo, segundo Chalort (2009) o discurso de que a educação é

para todas e todos não estaria sendo levado a cabo pelas meninas, pois o “machismo nosso de cada

dia” pode ter feito com que as mulheres, bem ou mal, se acostumassem com situações de

discriminação sexista.

Louro (1997) destaca que a escola delimita espaços, servindo-se de símbolos e códigos, ela

afirma o que cada um pode (ou não pode) fazer, ela separa e institui, ou seja, a escola é um espaço

sexista, que mesmo garantindo igualdade para todas e todos, ainda estamos longe de uma educação

não-sexista. Garantir essa educação cabe aos nossos governantes, criar políticas públicas que possa

está descontruindo o sexismo. Segundo Carvalho (2013, p. 65) “a escola é simultaneamente

reprodutora e transformadora das diferenças de gênero devido às contradições que nela ocorrem e às

que ela própria introduz”.

Para as autoras, a escola não realiza práticas pedagógicas que divergem da educação sexista,

pois sabemos o quanto é importante trabalhar a igualdade de gênero, para que assim possamos

desconstruir o machismo e a educação sexista. E que as Secretarias das Mulheres dos municípios

venham trabalhando com formações e orientações para combater o sexismo e a violência doméstica

que as mulheres vivenciam no seu dia a dia, desde a primeira infância até a sua vida adulta.

Prática Pedagógica: Ação Maria da Penha vai á Escola – Construindo a Igualdade

A Ação Maria da Penha vai à Escola - Construindo a Igualdade surgiu em 2013 como uma

ação de prevenção no Plano de Enfrentamento da Violência de Gênero contra as Mulheres da

Secretaria da Mulher do Recife. Tendo como uma das estratégias em forma de campanha e de

diretrizes nas escolas.

A ação é de natureza permanente, promovida pela Secretaria da Mulher; fomentando uma

educação não sexista, que garanta o desenvolvimento de uma cultura de igualdade entre

homens e mulheres a partir da infância; destinando as ações a estudantes de ambos os sexos

do ensino fundamental da rede pública municipal, priorizando os anos iniciais (BRASIL.

2013-2016).

A normativa teórico-metodológica da Ação Estratégica Maria da Penha Vai à Escola –

Construindo a Igualdade, denominada também marco político pedagógico e legal, segue as

orientações: Constituição Federal - CF/1988; Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e

Erradicar a Violência contra Mulher; Convenção de Belém do Pará (adotada em Belém do

Pará/Brasil, em 9 de junho de 1994, no vigésimo quarto período ordinário de sessões da Assembleia

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Geral); Lei Maria da Penha – Lei Nº 11.340, de 7 de Agosto de 2006 e o Plano de Enfrentamento da

Violência de Gênero contra a Mulher do Município do Recife 2013 - 2016.

Nessa perspectiva, a Secretaria da Mulher do Recife, elaborou a 4Ação Maria da Penha vai à

Escola - Construindo a Igualdade com uma abordagem voltada para uma educação não sexista, do

enfrentamento da violência contra as mulheres, desenvolvida a partir da perspectiva de gênero e

objetiva alcançar toda a comunidade escolar: estudantes, as(os) responsáveis pelo desenvolvimento

das crianças (mães, pais, avós), as(os) professoras(es) e demais funcionárias(os) da escola dos anos

iniciais do 3º ao 5º ano.

A proposta metodológica da Ação tem como eixo principal, a abordagem construtivista

desenvolvida pelo educador Freire (1999), onde a aprendizagem escolar consiste no processo de

estruturação de saberes norteado por um espaço de reflexão. Aproveitar a experiência dos

estudantes para o debate de questões atuais como o combate a prática machista, e valorizando a

igualdade entre meninos e meninas, assim como combater à violência contra as mulheres

ressaltando que violência é crime e viola os direitos humanos e que dentro das suas realidades tais

práticas são consideradas por muitos como algo "aceitável".

A execução da Ação é feita nas escolas municipais do ensino fundamental do 3º ao 5º ano

em sala de aula, focada na troca de informações e construção de conceitos acerca das oficinas

lúdico-pedagógicas com as seguintes temáticas: Noções de Cidadania, da Igualdade de Gênero e Lei

Maria da Penha, sob a ótica do universo infantil. Ao final das oficinas é realizada a 5certificação das

crianças, através do Produto Final/Culminância, onde as/os estudantes apresentam de forma lúdica

todo o aprendizado adquirido tais como poemas, rap, versos, teatros, fanzines, parodias entre outros.

Num contexto criativo, lúdico e prazeroso, os temas abordados, apesar de serem densos,

podem ser discutidos numa linguagem acessível, adequada à capacidade de assimilação das

crianças, e superar a educação sexista ainda presente nas escolas brasileiras. Ressaltando que a

Ação é executada por uma equipe multidisciplinar composta por coordenação pedagógica

(pedagoga), educadoras sociais, psicóloga e arte educadoras qualificadas na abordagem de gênero e

educação.

A partir da Oficina de Igualdade de Gênero, a qual é abordada as diferenças construídas

culturalmente entre meninas e meninos que geram preconceitos e ideias machistas sobre o papel de

4 A ação tem como objetivo construir um ambiente escolar onde meninas e meninos de diferentes identidades valorizem

as diferenças e construam a igualdade. 5 Na certificação são entregues para os/as participantes certificados e DVD contendo todas as fotos das atividades

realizadas nas oficinas, ressaltando que este material é produzido pela Secretaria da Mulher do Recife.

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homens e mulheres na sociedade. Para debater esse tema foi exibido o vídeo “O Sonho

Impossível?” Produzido por Studio J. Trnka Kratky Films, Praga (República Tcheca) em parceria

com as Nações Unidas em 1983, que apresenta uma situação sem dúvida familiar para muitos: a

mulher que trabalha fora e ainda tem de fazer tudo em casa sozinha. Nesse contexto as educadoras

sociais abordam as questões de gênero numa 6linguagem de fácil compreensão, fazendo com que as

crianças falem sobre o que foi visualizado. Como atividade lúdica as crianças constroem fanzines7

com imagens e palavras chaves, trazendo temas como: direitos, igualdade de gênero, igualdade no

trabalho, salários iguais, brincadeira de meninas e meninos, entre outros.

Para responder o primeiro questionamento desta pesquisa “Por que deveríamos enfocar

igualdade de gênero para formação de estudantes do 3º ao 5º ano do ensino fundamental? ” Foi

necessário ler os relatórios técnicos semanais das educadoras do ano de 2016. E nas respostas foi

possível evidenciar a importância de trabalhar gênero nas escolas para que as crianças percebam o

reconhecimento de ser menino e menina. Segundo Louro (1997, p. 23-24) levar a pensá-lo como se

referindo à construção de papéis masculinos e femininos. Através do aprendizado de papéis, cada

um/a deveria conhecer o que é considerado adequado (e inadequado) para um homem ou para uma

mulher numa determinada sociedade, e responder a essas expectativas. Diante disso, os registros

abaixo deixam claro por que trabalhar igualdade de gênero:

“O objetivo desta oficina é construir igualdade de gênero entre meninas e meninos, e

despertar nas/nos estudantes a percepção para a naturalização desses papéis no tocante ao gênero,

para que assim possam desconstruir os comportamentos machistas que foram impostos pela

sociedade”. (Maria Helena Prado – Educadora Social e Assistente Social)

“A Ação tem o papel de informar e mostrar que queremos uma sociedade igualitária, em

que homens e mulheres gozem dos mesmos privilégios tende a ser uma sociedade mais justa e sem

violência” (Josineide Oliveira – Educadora Social e Economista Doméstica).

“Para promover reflexões acerca das causas de desigualdades entre meninos e meninas que

existe na nossa sociedade” (Janaína da Hora - Arte Educadora e Bióloga).

6 As educadoras fazem uma tempestade de ideias, perguntando para as crianças o que elas entendem sobre a Igualdade

de Gênero, onde cada um ou uma apresentam sua opinião, fazendo assim um diálogo para melhor compreensão sobre o

que é Gênero? E depois sobre igualdade de gênero, em que todas e todos vão expondo suas ideias a partir do

entendimento. 7De um modo geral o fanzine (ou zine para os íntimos) é toda publicação feita pelo fã. Seu nome vem da contração de

duas palavras inglesas e significa literalmente “revista do fã” (fanatic magazine). No entanto, o termo fanzine se

disseminou de tal forma que hoje engloba todo tipo de publicação que tenha caráter amador, que seja feita sem intenção

de lucro, pela simples paixão pelo assunto enfocado. Disponível em: https://fanzineexpo.wordpress.com/o-que-e-

fanzine/ acesso em jul/2017.

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“Na perspectiva de promover uma educação em que os meninos possam ter acesso aos

brinquedos sem que haja rótulo, a questão das cores, por que na primeira infância é um processo de

adaptação à sociedade, é quando o individuo começa há conversar com o outro no ponto de vista de

conviver em comunidade, em sociedade, ele sai do núcleo da família e vai pra escola, e quando ele

chega à escola, ele vai deslumbrar esse ambiente de convívio, é necessário que tenha essa

intervenção por parte da professor/a, da educação social, para que a gente promova a igualdade e

quando o indivíduo crescer não reproduza aquilo que a sociedade espera dele, que é o padrão e o

machismo, promove o homofobia, lesbofobia, quando a gente começa deslumbrar a educação

igualitária para todas e todos” (Alberjane Farias – Educadora Social e estudante de Serviço Social).

“Tudo começa pelo respeito e ele deve ser aprendido desde a infância, construir novos

saberes e desconstruir outros é abordar a questão de gênero com as crianças. Culturalmente as

crianças já aprendem que determinados comportamentos é de menino e de menina e falar de gênero

é transpor essas barreiras. E permitir que meninos brinquem de boneca e meninas de carrinho e

ensinar desde cedo que o gênero não deve ser utilizado como impedimento de fazer isso ou aquilo”

(Helisangela Andrade – Educadora Social e Mestra em História).

As constatações dos registros acima nos faz verificar que é importante trabalhar práticas

pedagógicas relacionada à igualdade de gênero, pois estaremos contribuindo para desconstruir as

práticas machistas que nos são impostas pela sociedade.

Outro aspecto revelado nesta pesquisa foi à metodologia e os materiais utilizados para

aplicação da oficina da igualdade de gênero na Ação Maria da Penha vai à Escola. Vale ressaltar

que as oficinas lúdicas contemplam atividades e materiais como exposição de vídeos, construção de

fanzines, passatempos da Revista Coquetel Maria da Penha vai à Escola, que incentivam a

elaboração e construção de poemas; jograis, murais, teatros, cartazes; paródias entre outros para

serem apresentados no produto final, contribuindo na assimilação de conceitos e aplicabilidade na

vida cotidiana.

Na atividade de apresentação do vídeo do “O Sonho Impossível?”, foram trazidas algumas

falas das crianças que comentaram durante e depois da exibição, tais como: “só a mulher que

trabalha!” – sic, “o homem não faz nada, Meu Deus!” – sic, “é a filha que ajuda a mãe”. – sic “Na

minha casa quem faz tudo é meu pai, minha mãe trabalha fora”. - sic, “A mulher tem que fazer tudo

mesmo, é obrigação dela”. – sic, “Que o homem recebe mais dinheiro que a mulher, mas a mulher

mesmo recebendo pouco pensa mais na família”. – sic, “Tem homem que passa, lava e cozinha”. –

sic “Os filhos é responsabilidade dos dois”. – sic, “A mulher e a filha era quem fazia as coisas”. –

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sic, “A mulher pode fazer o que ela quiser”. – sic; “Antigamente a mulher só ia ficar em casa

cuidando de filho, dos homens, hoje em dia vai pra rua e faz o que quer, porque é assim que tem

que ser”. – sic, entre outras. Nessas falas é percebido que trabalhar com vídeo faz uma interação

direta com as crianças, e é um momento de participação e troca de opiniões, onde as crianças

expressam livremente o que acham sobre o tema proposto. Esse debate com as crianças possibilitam

um diálogo coerente e coesivo independente da idade.

Diante disso, destacamos alguns registros de professoras que falam da importância de

realizar atividades com esses materiais.

“A Ação é muito importante trabalhar com as crianças e em algumas situações que vocês

comentaram relacionadas ao vídeo “o sonho impossível?”, são situações vivenciadas por mim no

meu lar e que estou tentando romper essa desigualdade. [...] que trabalhos como esse deveriam está

presentes na escola durante todo o ano, trabalhando de forma contínua”. – Profº Maria José da

Escola M. Dom Helder Câmara – sic. Relatório das Educadoras

“A Ação trouxe a importância deles/delas levarem para o resto da vida que não se resolve

nada com violência. Que já passei por dois tipos de violência, a moral e psicológica e não sabia

que isso era um ato de violência”. – Profª Sandra Regina da Escola M. Ibura de Baixo – sic.

Relatório das Educadoras

“Tenho certeza que foi extremamente proveitoso o que vocês aprenderam nas oficinas, que

esse momento, essa culminância, essa certificação vai dar pra vocês aquele aval que estou apto, que

eu posso melhorar a sociedade e que eu não vou ser um agente da violência, na verdade eu vou ser

um agente dar paz!” – Eliene Rodrigues Coord. Pedagógica da Escola M. dos Torrões – Sic

Relatório das Educadoras

“A maneira como vocês (educadoras) realizam aprofundam bem a temática, utilizam vídeos

é muito bom e aumenta a questão deles refletirem” – Profª Maria da Conceição da Escola M. Profº

Orlando Parahym - sic Relatório.

“A docente nos disse que nosso grande desafio seria desconstruir essa visão (machista) dele

através das oficinas.” – sic Relatório das educadoras.

Visualizamos que a educação não-sexista deve ser implementada em todos os âmbitos da

nossa sociedade, os registros acima citados mostram que a Ação está proporcionando orientações

para que as diferenças entre homens e mulheres não se transformem em desigualdades e em

injustiças, assim estaremos combatendo a prática machista e a violência doméstica de homens

contra mulheres e de mulheres contra homens.

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Resultado das Oficinas

A Ação teve resultados expressivos e de uma forma bastante colaborativa tantos dos

participantes como da equipe executora. Pois, a consciência de que mudar uma cultura é algo

desafiador. Assim, transformando a mentalidade e comportamentos das/os estudantes, formamos

agentes multiplicadoras/es conscientes da importância da promoção da igualdade de gênero, livres

do preconceito e da discriminação, fundamental na construção de uma nova cultura, onde meninas e

meninos são tratados com igualdade.

Como resposta, as oficinas em sala de aula as/os estudantes refletiram que a desigualdade de

gênero e a vulnerabilidade das mulheres e meninas na sociedade devem ser aprendidas nas escolas e

que ações como essa promove mudança de comportamento nos participantes.

A Ação contemplou 57 escolas as quais estavam previstas, alcançando 129 turmas. Sabendo

que a escola é um espaço de formação e troca de conhecimento, em que todos e todas que fazem

parte dela estão aprendendo algo inovador. E quando se está discutindo igualdade de gênero e

educação não-sexista neste espaço estaremos empoderando crianças e professores/as.

Os números alcançados de estudantes de abril a novembro de 2016 foram de 2.414 do 3º e 5º

ano do ensino fundamental I, sendo 1.131 meninas e 1.283 meninos participantes das oficinas

lúdico-pedagógicas e produto final.

Conclusão

A Ação Maria da Penha vai à Escola –Construindo a Igualdade, com sua proposta prática

visa transpor a educação exercida nas escolas na busca de construir uma educação não-sexista, em

que meninos e meninas sejam educados/as como seres humanos, como um todo, assumindo suas

características afetivas, sensoriais e cognitivas, independente do sexo, objetivando a desconstrução

da cultura do patriarcado a partir da educação não sexista.

Essa pesquisa deixa compreensível que a escola é reprodutora das diferenças de gênero,

mas, também é um espaço transformador destas relações, na busca de combater a educação sexista

ainda presente nas escolas. Por outro lado, vemos que trabalhar a igualdade de gênero de forma

lúdica possibilitou tanto a equipe da Ação quanto as crianças e professoras/es, a adesão a uma

educação não-sexista.

É evidente que a discussão sobre a educação não-sexista a partir da prática pedagógica,

demandará muitas outras considerações aqui destacadas, dada a limitação do presente artigo.

Consideramos dar visibilidade a esta Ação, pelo fato de ser desafiador levar as educadoras até a

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escola e assumir o papel das docentes, fazendo assim uma participação assídua das crianças nos

diálogos e construção das atividades.

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sexista. João Pessoa, PB: Editora Universitária/UFPB, 2003.

Gender in practice: a non-sexist education in school

Abstract: Gender and non-sexist practices were selected categories for research conducted at the

workshop on Gender Equality, Project Maria da Penha goes to School - Building Equality of the

Women's Secretariat of Recife, in municipal schools of Recife City Hall in the period of 2015 And

2016. The research aims to give visibility to the recognition of non-sexist practices present in the

schools that the Project acted. Regarding non-sexist education, we note that in schools this

education is not practiced, because the sexist worldview is rooted in people and spaces of education,

we see clearly through the textbooks, the separation of girls and boys in the playground, The

behavior that each one must have in the classroom, among others. Non-sexist education comes just

the opposite, dismantling this sexist relationship, where girls and boys have equal rights in all

spaces. The methodology used for the development of the research was qualitative and descriptive

based on principles of bibliographical research, and the result obtained from this work was the

participation of the students and the professors who presented their opinion and reflected on the

equality of Gender in which boys and girls have equal rights, as well as changes in behavior in

relation to being a boy and being a girl, through playful presentations such as poems, rap, parodies,

plays, puppets, posters and drawings

Keywords: Gender, Non-Sexist Education and Pedagogical Practices