geael estudos doutrinários do geael ação dos espíritos ... · gação entre a alma e o corpo. a...

8
GEAEL – Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica 1 Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira Conhecendo a Doutrina Espírita – 13 Estudos doutrinários do GEAEL GEAEL Ação dos espíritos sobre a matéria 52. Uma vez afastada a opinião materialista, reprovada ao mesmo tempo pela razão e pelos fatos, tudo se resume em saber se a alma, após a morte, pode manifestar-se aos vivos. Reduzida, assim, à sua mais simples expressão, a questão fica estranhamente isolada. Dever-se-ia, primeiro, perguntar por que seres inteligentes, que de certo modo vivem em nosso meio, e embora invisíveis por sua natureza, não poderiam atestar sua presença de alguma maneira. O simples racio- cínio diz que nada há de absolutamente impossível nisso, o que já é alguma coisa. Esta crença, aliás, tem a seu favor o assentimento de todos os povos, pois a encontramos em toda parte e em todas as épocas; ora, uma intuição não poderia estar tão generalizada, nem sobreviver ao tempo, se não re- pousasse sobre alguma coisa. Além do mais, ela se acha san- cionada pelo testemunho dos livros sagrados e pelo dos Pais da Igreja, e só o ceticismo e o materialismo do nosso século foram capazes de relegá-la ao rol das idéias supersticiosas. Se estamos enganados, aquelas autoridades também estão. Mas isso são apenas considerações morais. Numa épo- ca tão positiva como a nossa, onde todos querem saber o porquê e o como de cada coisa, uma causa contribui para fortalecer a dúvida: a ignorância da natureza dos Espíritos e dos meios pelos quais podem manifestar-se. Adquirido esse conhecimento, o caso das manifestações nada mais tem de surpreendente e entra na ordem dos fatos naturais. 53. A idéia que se faz dos Espíritos torna, à primeira vista, o fenô- meno das manifestações incompreensível. Essas manifestações só podem acontecer pela ação do Espírito sobre a matéria; por isso os que pensam que o Espírito significa ausência de toda e qual- quer matéria se pergun- tam, com uma pontinha de razão, como pode ele atuar materialmente. Ora, aí está o erro, pois o Espírito não é uma abs- tração, é um ser definido, delimitado e circunscrito. O Espírito encarnado no corpo constitui a alma; quando o deixa, ao morrer, não sai dele despojado de todo invólucro. Todos nos dizem que conservam a forma humana e, efetivamente, quando nos aparecem, é sob a forma como os conhecíamos. Observemo-los atentamente no momento em que aca- bam de deixar a vida; estão em estado de perturbação; ao seu redor tudo parece confuso; vêem seu corpo perfeito ou muti- lado, conforme o tipo de morte; por outro lado, acham e sen- tem que estão vivos; alguma coisa lhes diz que aquele corpo é deles, e não compreendem como podem estar separados. Continuam a ver-se sob sua forma primitiva, e esta visão pro- voca em alguns, durante certo tempo, uma estranha ilusão: a de crer que continuam vivos; falta-lhes a experiência do novo estado para se convencerem da realidade. Dissipada a perturbação desse primeiro momento, o corpo para eles pas- sa a ser uma roupa velha que despiram, e de que não sentem saudade; sentem-se mais leves e como que livres de um fardo; não sentem mais dores físicas e ficam felizes por poderem elevar-se, atravessar o espaço como, quando vivos, muitas vezes o fizeram em sonhos. 1 No entanto, apesar da ausência 1 Quem se dignar reportar-se a tudo o que dissemos n’O Livro dos Espíritos sobre os sonhos e o estado do Espírito durante o sono (nos. 400 a 418), enten- derá que esses sonhos, que quase todo mundo tem, nos quais nos vemos trans- portados através do espaço e como que voando, não passam de uma recordação da sensação experimentada pelo Espírito quando, durante o sono, deixara momentaneamente seu corpo material, levando consigo só seu corpo fluídico, o

Upload: trinhdang

Post on 16-Dec-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

GEAEL – Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica 1

Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de LimeiraConhecendo a Doutrina Espírita – 13

Estudos doutrinários do GEAELGEAEL

• Ação dos espíritos sobre a matéria

52. Uma vez afastada a opinião materialista, reprovada ao mesmo tempo pela razão e pelos fatos, tudo se resume em saber se a alma, após a morte, pode manifestar-se aos vivos. Reduzida, assim, à sua mais simples expressão, a questão fica estranhamente isolada. Dever-se-ia, primeiro, perguntar por que seres inteligentes, que de certo modo vivem em nosso meio, e embora invisíveis por sua natureza, não poderiam atestar sua presença de alguma maneira. O simples racio-cínio diz que nada há de absolutamente impossível nisso, o que já é alguma coisa. Esta crença, aliás, tem a seu favor o assentimento de todos os povos, pois a encontramos em toda parte e em todas as épocas; ora, uma intuição não poderia estar tão generalizada, nem sobreviver ao tempo, se não re-pousasse sobre alguma coisa. Além do mais, ela se acha san-cionada pelo testemunho dos livros sagrados e pelo dos Pais da Igreja, e só o ceticismo e o materialismo do nosso século foram capazes de relegá-la ao rol das idéias supersticiosas. Se estamos enganados, aquelas autoridades também estão.

Mas isso são apenas considerações morais. Numa épo-ca tão positiva como a nossa, onde todos querem saber o porquê e o como de cada coisa, uma causa contribui para fortalecer a dúvida: a ignorância da natureza dos Espíritos e dos meios pelos quais podem manifestar-se. Adquirido esse conhecimento, o caso das manifestações nada mais tem de surpreendente e entra na ordem dos fatos naturais.

53. A idéia que se faz dos Espíritos torna, à primeira vista, o fenô-meno das manifestações incompreensível. Essas manifestações só podem acontecer pela ação do Espírito sobre a matéria; por isso os que pensam que o Espírito significa ausência de toda e qual-quer matéria se pergun-tam, com uma pontinha de razão, como pode ele atuar materialmente. Ora, aí está o erro, pois o Espírito não é uma abs-tração, é um ser definido, delimitado e circunscrito. O Espírito encarnado no corpo constitui a alma;

quando o deixa, ao morrer, não sai dele despojado de todo invólucro. Todos nos dizem que conservam a forma humana e, efetivamente, quando nos aparecem, é sob a forma como os conhecíamos.

Observemo-los atentamente no momento em que aca-bam de deixar a vida; estão em estado de perturbação; ao seu redor tudo parece confuso; vêem seu corpo perfeito ou muti-lado, conforme o tipo de morte; por outro lado, acham e sen-tem que estão vivos; alguma coisa lhes diz que aquele corpo é deles, e não compreendem como podem estar separados. Continuam a ver-se sob sua forma primitiva, e esta visão pro-voca em alguns, durante certo tempo, uma estranha ilusão: a de crer que continuam vivos; falta-lhes a experiência do novo estado para se convencerem da realidade. Dissipada a perturbação desse primeiro momento, o corpo para eles pas-sa a ser uma roupa velha que despiram, e de que não sentem saudade; sentem-se mais leves e como que livres de um fardo; não sentem mais dores físicas e ficam felizes por poderem elevar-se, atravessar o espaço como, quando vivos, muitas vezes o fizeram em sonhos.1 No entanto, apesar da ausência 1 Quem se dignar reportar-se a tudo o que dissemos n’O Livro dos Espíritos sobre os sonhos e o estado do Espírito durante o sono (nos. 400 a 418), enten-derá que esses sonhos, que quase todo mundo tem, nos quais nos vemos trans-portados através do espaço e como que voando, não passam de uma recordação da sensação experimentada pelo Espírito quando, durante o sono, deixara momentaneamente seu corpo material, levando consigo só seu corpo fluídico, o

2 Conhecendo a Doutrina Espírita

do corpo, eles constatam sua personalidade; têm uma forma, mas uma forma que não os constrange nem embaraça; têm, finalmente, consciência do seu eu e da sua individualidade. Que devemos concluir disso? Que a alma não deixa tudo no caixão, que leva alguma coisa consigo.

54. Numerosas observações e fatos incontestáveis, de que mais tarde falaremos, levam à conclusão de que há no homem três coisas: 1º, a alma, ou Espírito, princípio inte-ligente em que reside o senso moral; 2º, o corpo, invólucro grosseiro, material, de que está temporariamente revestido para o cumprimento de certos desígnios providenciais; 3º, o perispírito, envoltório fluídico, semimaterial, que serve de li-gação entre a alma e o corpo.

A morte é a destruição, ou melhor, a desagregação do invólucro grosseiro que a alma abandona; o outro se desliga deste e acompanha a alma que, desse modo, fica sempre com um envoltório; este último, embora fluídico, etéreo, vaporo-so, invisível para nós no seu estado normal, não deixa de ser matéria, ainda que, até hoje, não tenhamos conseguido apreendê-la e submetê-la a análise.

Portanto, esse segundo invólucro da alma, ou perispíri-to, existe durante a vida corpórea; é o intermediário de todas as sensações que o Espírito percebe e pelo qual o Espírito transmite sua vontade ao exterior e atua sobre os órgãos. Utilizando uma comparação material, diremos que é o fio elétrico condutor que possibilita a recepção e a transmissão do pensamento; é, enfim, um agente misterioso, intangível, conhecido pelo nome de fluido nervoso, que desempenha um papel tão importante no organismo, e que não se leva mui-to em consideração nos fenômenos fisiológicos e patológicos. Ao considerar somente o elemento material ponderável, a Medicina se priva, na apreciação dos fatos, de uma causa incessante de ação. Aqui, porém, não é lugar para examinar esta questão; apenas faremos notar que o conhecimento do perispírito é a chave para uma infinidade de problemas até agora inexplicados.

O perispírito não é absolutamente uma dessas hipóteses a que às vezes a ciência recorre para a explicação de um fato; sua existência não somente foi revelada pelos Espíritos, mas é o resultado de observações, como teremos oportunidade de demonstrar. Por enquanto, e para não nos anteciparmos quanto aos fatos que temos para relatar, limitamo-nos a di-zer que, quer durante sua união com o corpo, quer após sua separação, a alma nunca fica separada do seu perispírito.

55. Já se disse que o Espírito é uma chama, uma cente-lha; isto deve aplicar-se ao Espírito propriamente dito, como princípio intelectual e moral, e ao qual não se poderia atri-buir uma forma determinada. Mas, seja qual for o grau em que se encontre, o Espírito continua revestido de um envol-tório, ou perispírito, cuja natureza se eteriza à medida que ele se purifica e se eleva na hierarquia; de modo que, para nós, a idéia de forma é inseparável da idéia de Espírito, e não concebemos uma sem a outra. O perispírito é, portanto, parte integrante do Espírito, como o corpo é parte integrante

que conservará após a morte. Esses sonhos podem, então, dar-nos uma idéia do estado do Espírito quando estiver livre das peias que o retêm no chão.

do homem; mas o perispírito sozinho não é o Espírito, assim como o corpo, por si só, não é o homem, porque o perispírito não pensa; ele é, para o Espírito, o que o corpo é para o ho-mem: é o agente ou instrumento da sua ação.

56. A forma do perispírito é a forma humana, e, quando nos aparece, é geralmente com o aspecto que o Espírito tinha quando encarnado. A partir disso, poder-se-ia pensar que o perispírito, desembaraçado de todas as partes do corpo, de certa forma se molda por ele, conservando-lhe a aparência; mas não parece que seja assim. Com pequenas variações de detalhes, salvo as modificações exigidas pelo meio em que o ser é chamado a viver, a forma humana é encontrada nos habitantes de todos os globos. Pelo menos, é o que dizem os Espíritos. Essa, também, é a forma de todos os Espíritos não encarnados, que só têm o perispírito; é a forma sob a qual, desde tempos imemoriais, representaram-se os anjos, ou Es-píritos puros; donde devemos concluir que a forma humana é a forma típica de todos os seres humanos, seja qual for seu grau de evolução. Mas a matéria sutil do perispírito não tem a firmeza nem a rigidez da matéria compacta do corpo; ela é, se assim podemos dizer, flexível e expansível. Eis por que a forma que toma, embora decalcada sobre a do corpo, não é absoluta; curva-se à vontade do Espírito, que pode, a seu bel-prazer, dar-lhe esta ou aquela aparência, ao passo que o invólucro sólido lhe oferecia uma invencível resistência. Li-vre desse empecilho que o oprimia, o perispírito se expande ou se contrai, se transforma; em resumo, dispõe-se a todas as metamorfoses, segundo a vontade que atua sobre ele. É devido a essa propriedade do seu envoltório fluídico que o Espírito que quer ser reconhecido toma, quando necessário, a exata aparência que tinha quando encarnado, até mesmo com os defeitos corporais que possam ser indícios para o re-conhecimento.

Portanto, como se vê, os Espíritos são seres semelhantes a nós, formando, à nossa volta, toda uma população invisível no estado normal; dizemos no estado normal porque, como veremos, essa invisibilidade não é absoluta.

57. Voltemos à natureza do perispírito, pois isso é es-sencial para a explicação que temos a dar. Dissemos que, embora fluídico, o perispírito não deixa de ser uma espécie de matéria, o que se depreende dos casos de manifestações tangíveis, sobre os quais voltaremos a falar. Sob a influência de alguns médiuns, viram-se aparecer mãos com todas as

GEAEL – Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica 3

propriedades de mãos vivas, que têm o mesmo calor, que po-dem ser apalpadas, que oferecem a resistência de um corpo compacto, que nos agarram e que, de repente, se dissipam como sombras. A ação inteligente dessas mãos, que evidentemente obedecem a uma vontade ao fazer deter-minados movimentos, ao executar até melodias num instrumento, prova que elas são a parte visível de um ser inteligente invisível. Sua tangibilidade, sua tempe-ratura, enfim, a impressão que causam aos sentidos, pois que já foram vistas deixando marcas na pele, dan-do pancadas doloridas, ou acariciando delicadamente, provam que são de alguma espécie de matéria. Seu re-pentino desaparecimento prova, além disso, que se tra-ta de uma matéria muito sutil, que se comporta como algumas substâncias que podem passar alternadamen-te do estado sólido ao estado fluídico, e vice-versa.

58. A natureza íntima do Espírito propriamente dito, isto é, do ser pensante, é inteiramente desconheci-da para nós; ele só se revela a nós por seus atos, e seus atos não podem impressionar nossos sentidos materiais a não ser por um intermediário material. Portanto, o Espírito precisa de matéria para atuar sobre a matéria. Tem por instrumento direto o perispírito, como o ho-mem tem o corpo; ora, seu perispírito é matéria, como

acabamos de ver. Depois, ele tem por agente o fluido uni-versal, uma espécie de veículo sobre o qual atua, como nós atuamos sobre o ar para produzir determinados efeitos, com o auxílio da dilatação, da compressão, da propulsão, ou das vibrações.

Encarada desse modo, a ação do Espírito sobre a maté-ria é facilmente concebível; compreende-se, a partir daí, que todos os efeitos dela resultantes fazem parte da ordem dos fa-tos naturais, nada tendo de prodigiosos. Só pareceram sobre-naturais porque não se lhe conhecia a causa; conhecida esta, o prodigioso desaparece, e essa causa, na sua totalidade, diz respeito às propriedades semimateriais do perispírito. É uma nova ordem de fatos que uma nova lei vem explicar, e com os quais, dentro de algum tempo, ninguém se surpreenderá mais, como hoje ninguém se surpreende por corresponder-se à distância, em alguns minutos, através da eletricidade.

59. Talvez se pergunte como, com o auxílio de uma ma-téria tão sutil, pode o Espírito agir sobre corpos pesados e compactos, erguer mesas etc. Certamente, não seria um ho-mem de ciência que faria uma objeção como essa, pois, sem falar das propriedades desconhecidas que esse novo agente possa ter, já não vemos diante de nós exemplos semelhan-tes? Não é nos gases mais rarefeitos, nos fluidos imponderá-veis que a indústria encontra seus mais potentes motores? Quando se vê o vento derrubar construções, o vapor arrastar massas enormes, a pólvora gaseificada levar rochedos pelos ares, a eletricidade partir árvores e atravessar muralhas, que há de estranho em admitir-se que o Espírito, com o auxílio do seu perispírito, possa levantar uma mesa, principalmente quando se sabe que esse perispírito pode tornar-se visível, tangível, e comportar-se como um corpo sólido?

O Livro dos MédiunsAllan Kardec

Editora do ConhECimEnto

4 Conhecendo a Doutrina Espírita

PERGUNTA: — Porventura, a pro-criação indiscrimi-nada de filhos não chegaria a saturar o orbe terráqueo, tor-nando impossível a alimentação da humanidade?

RAMATÍS: — Seria absurdo supor--se que, após Deus ter criado o mais difícil e complexo, como é o Universo, depois se desmandasse com o problema mais simples de alimen-tar a humanidade! Ademais, o Criador ficaria bastante infe-riorizado, caso ainda coubesse ao homem solucionar os equí-vocos divinos! Sem dúvida, a perspectiva de “fome mundial” por excesso de habitan-tes, e que tanto pre-ocupa os cientistas e nutrólogos do mundo, demonstra que eles mesmos desconhe-cem as providências da “Administração Sideral da Terra”, em tal emergência.

Não é muito difí-cil verificar-se que o crescimento demográ-

fico da população de um planeta ocorre em concomitância com a melhoria do padrão alimentício, em que a “qualida-de” então passa a superar a “quantidade”. O primata das cavernas devorava uma vitela para o seu sustento diário e forrar um estômago volumoso e insaciável; no entanto, para o cidadão do século XX, mesmo glutônico, bastam alguns poucos quilos de carne para satisfazer. É Lei da Evolução Sideral que o homem ingira mais “energia” e menos “massa” à medida que o Espírito supera o instinto animal de susten-tação do organismo humano. Os iogues do Himalaia conse-

guem viver com uma xícara de arroz cozido; os monges do Tibete sustentam-se de chá quente e um punhado de cevada torrada, conhecido por “tsampa”, enquanto certos dervixes árabes sobrevivem semanas e semanas com algumas tâmaras e azeitonas.

Aliás, os alimentos modernos já oferecem ao homem terrícoIa essa apregoada “qualidade” sobre a “quantidade” de massa, apresentados na forma de concentrados de geléias, vitaminas, filhós, pastas, sucos e extratos de frutas, que são dosados sob controle científico, possuindo os coeficientes de vitaminas, calorias e proteínas necessárias à boa saúde do homem. Assim, as porções mais diminutas de elementos nutritivos concentrados, que o homem ingere atualmente, não lhe sobrecarregam em demasia o sistema digestivo e reduzem o metabolismo peristáltico intestinal de assimilação, seleção e excreção. Sob a lei de que “a função faz o órgão”, o extenso intestino vai-se atrofiando por falta de movimen-tação, onde predomina a maior absorção de energias da alimentação e menor exigência na quantidade de alimento. O exaustivo gasto energético do corpo humano reduz-se na alimentação menos volumosa, quando a menor exigência de sucos gástricos, bílis, fermentos pancreáticos, linfa e sangue proporcionam a reserva de energias que pode ser aproveitada noutros setores mais delicados, como o metabolismo mental.

Ademais, em face da vulgarização da ciência iogue da respiração, a qual prepara o cidadão terrícola para melhorar no Terceiro Milênio o padrão respiratório sob um efeito mais saudável e desintoxicante,1 devem desaparecer a maioria das moléstias pulmonares, como pleurite, pneumonia, asma, gripe, coriza, enfisemas, bronquites e tuberculose pulmonar. A constituição psicofísica do homem do Terceiro Milênio deve subordinar-se a uma vida sadia pela capacidade total respiratória e alimentação vegetariana dosada cientificamen-te para suprir todos os gastos orgânicos. A diminuição do trato intestinal, devido à redução nutritiva volumosa, deixará o homem mais estético e sem a deformação ventral própria da alimentação maciça!

À medida que o homem evolui em espírito, ele prefere nutrição menos animalizada, pois, enquanto Átila, Gêngis Khan ou Nero exigiam a prodigalidade de vísceras sangrentas para se alimentarem, Francisco de Assis vivia de pedaços de pão e um pouco de leite, Buda satisfazia-se com uma xícara de arroz e Jesus com bolinhos de mel e suco de cereja.

A Vida Humana e o Espírito ImortalRamatís / Hercílio Maes

Editora do ConhECimEnto

1 Em face da grande diferença temperamental e mesológica do povo hindu e o ocidental, a ioga, mal praticada e sob orientação de pseudos mestres sem noção dessa grande diferença, só produz distúrbios e prejuízos. Daí recomendar-mos as obras de Hermógenes, no Brasil, que julgamos as mais coerentes, sensatas e proveitosas à nossa configuração psicofísica. (Nota do Médium)

GEAEL – Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica 5

220. A faculdade mediúnica está sujeita a intermitências e a suspensões temporárias, quer para as manifestações físi-cas, quer para a escrita. Eis a seguir as respostas dos Espíri-tos a algumas perguntas feitas sobre este assunto:

I. Os médiuns podem perder sua faculdade?— Isso acontece com freqüência, seja qual for o gênero

dessa faculdade; mas muitas vezes, também, trata-se apenas de uma interrupção temporária, que cessa ao cessar a causa que a produziu.

II. A causa da perda da mediunidade se deve ao esgota-mento do fluido?

— Seja qual for a faculdade que o médium possua, ele nada consegue sem o auxílio simpático dos Espíritos; quan-do não obtém mais nada, nem sempre é a faculdade que lhe falta, muitas vezes são os Espíritos que não querem, ou não podem, mais servir-se dele.

III. Que causa pode provocar num médium o afastamen-to dos Espíritos?

— O uso que ele faz da sua faculdade é a causa que mais influi sobre os bons Espíritos. Podemos abandoná-lo quando se utiliza dela para coisas frívolas, ou com intuitos ambiciosos; quando se recusa a transmitir nossa palavra ou nossos atos aos encarnados que anseiam por isso, ou que têm necessidade de ver para convencer-se. Este dom de Deus não é concedido ao médium para que o use a seu bel-prazer, e muito menos para servir à sua ambição, mas com vistas ao seu próprio aperfeiçoamento, e para mostrar a verdade aos homens. Se o Espírito vê que o médium não corresponde aos seus propósitos e não aproveita as instruções e conselhos que lhe dá, ele se afasta para ir em busca de um protegido mais digno.

IV. O Espírito que se afasta não pode ser substituído; não se conceberia, neste caso, a suspensão da faculdade?

— Não faltam Espíritos cujo maior desejo é apenas co-municar-se, e estão sempre a postos para substituir os que se afastam; mas, quando o que abandona o médium é um bom Espírito, pode perfeitamente deixá-lo só momentaneamente, a fim de privá-lo por algum tempo de qualquer comunicação, para que lhe sirva de lição e para provar-lhe que sua faculda-de não depende dele, e que não deve vangloriar-se dela. Essa incapacidade temporária serve também para dar ao médium a prova de que escreve sob uma influência alheia a ele, caso contrário, não haveria intermitência.

Aliás, a interrupção da faculdade nem sempre é uma pu-nição; às vezes ela atesta a solicitude do Espírito para com o médium por quem tem simpatia; ele quer proporcionar-lhe um repouso material que julga ser-lhe necessário, e, neste caso, não permite que outros Espíritos o substituam.

V. No entanto, vêem-se médiuns muito merecedores, moralmente falando, que não sentem a menor necessidade de repouso e que ficam muito contrariados com interrupções cuja finalidade não entendem.

— É para pôr-lhes a paciência à prova e para avaliar--lhes a perseverança; é por isso que os Espíritos geralmente não determinam um prazo para o fim da suspensão; querem ver se o médium desanimará. Muitas vezes é também para dar-lhe tempo de meditar sobre as instruções que lhe foram dadas, e é por essa meditação sobre nossos ensinamentos que reconhecemos os espíritas verdadeiramente sérios. Não po-demos dar essa nome aos espíritas que, na realidade, não passam de amadores de comunicações.

VI. É necessário, nesse caso, que o médium prossiga nas suas tentativas para escrever?

6 Conhecendo a Doutrina Espírita

— Se o Espírito lhe aconselhar isto, sim; se lhe disser que precisa parar, é o que deve fazer.

VII. Haveria um meio de abreviar essa prova?— A resignação e a prece. Aliás, basta que todos os dias

faça uma tentativa de alguns minutos, pois seria inútil perder seu tempo com experiências infrutíferas. A tentativa tem como única finalidade verificar se a faculdade foi recuperada, ou não.

VIII. A suspensão da faculdade compreende o afasta-mento dos Espíritos que habitualmente se comunicam?

— De maneira alguma. O médium fica, então, na situ-ação de uma pessoa que perdesse temporariamente a visão, mas que nem por isso deixaria de estar cercada de amigos, embora não pudesse vê-los. Portanto, o médium pode, e até mesmo deve, continuar a comunicar-se pelo pensamento com seus Espíritos familiares, na certeza de que é ouvido. Se a falta de mediunidade pode privar alguém das comunicações físicas com determinados Espíritos, não pode privá-lo, no en-tanto, das comunicações morais.

IX. Então, a interrupção da faculdade mediúnica nem sempre significa uma advertência por parte dos Espíritos?

— Sem dúvida, não, já que pode ser uma prova de estima.X. Por que sinal se pode reconhecer uma advertência

nessa interrupção?— Se o médium interrogar sua consciência e perguntar a

si mesmo que uso fez da sua faculdade, qual o bem que dela resultou para os outros, que proveito extraiu dos conselhos que lhe foram dados, ele terá a resposta.

XI. O médium que não consegue mais escrever pode re-correr a outro médium?

— Tudo depende da causa da interrupção; esta, muitas vezes, tem por finalidade deixar-vos algum tempo sem comu-nicações, depois de vos terem dado conselhos para que não vos habitueis a nada fazer sem ser por nosso intermédio; neste caso, ele não terá melhor êxito se recorrer a outro médium; e isto tem mais um objetivo: provar-vos que os Espíritos são livres e que não cabe a vós convencê-los a agir segundo a vossa vontade. É também por esta razão que os que não são médiuns nem sempre recebem todas as comunicações que desejam.

Observação: Deve-se observar, na verdade, que aquele que recorre a terceiros para as comunicações, não obstan-te a qualidade do médium, freqüentemente nada obtém de satisfatório, ao passo que, de vez em quando, as respostas são bem explícitas. Isso depende de tal forma da vontade do Espírito, que não se progride muito mudando de médium. Quanto a isso, parece que os próprios Espíritos se transmi-tem uma senha, pois o que não se obtiver de um, tampouco se obterá de outro. Devemos, portanto, ter o cuidado de não insistir, nem impacientar-nos, se não quisermos ser vítimas dos Espíritos enganadores, que responderão, se desejarmos a todo custo uma resposta, e os bons deixarão que o façam, para punir-nos por nossa insistência.

XII. Com que propósito a Providência dotou especial-mente alguns indivíduos de mediunidade?

— É uma missão de que estão incumbidos, e com a qual sentem-se felizes. São os intérpretes entre os Espíritos e os homens.

XIII. Contudo, há médiuns que só utilizam sua faculda-de contrariados.

— São médiuns imperfeitos; ignoram o valor da graça que lhes foi concedida.

XIV. Se é uma missão, como se explica que essa facul-dade não seja privilégio de homens de bem, que seja dada a pessoas que não merecem qualquer consideração, e que po-dem fazer mau uso dela?

— Ela lhes é dada porque precisam dela para seu pró-prio aperfeiçoamento, e para que fiquem em condições de receber bons ensinamentos; se a desperdiçarem, sofrerão as conseqüências. Jesus não falava, de preferência, aos pecado-res, dizendo que se deve dar a quem não tem?

XV. As pessoas que têm muita vontade de escrever como médiuns e não conseguem, podem deduzir daí algo contra si, no tocante à boa vontade dos Espíritos a seu respeito?

— Não, pois Deus pode ter-lhes negado essa faculdade, do mesmo modo que pode ter-lhes negado o dom da poesia ou da música; se não gozam dessa dádiva, porém, podem possuir outras.

XVI. Como pode um homem aperfeiçoar-se pelo ensina-mento dos Espíritos quando não tem, nem por si mesmo, nem por outros médiuns, meios de receber diretamente esse ensinamento?

— Não tem livros ao seu alcance, como o cristão tem o Evangelho? Para praticar a moral de Jesus, não é preciso que o cristão lhe tenha ouvido as palavras saindo da boca.

O Livro dos MédiunsAllan Kardec

Editora do ConhECimEnto

GEAEL – Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica 7

296. XXXII. A que ponto se pode confiar nas des-crições que os Espíritos fazem dos diferentes mundos?

— Isso depende do grau de adiantamento real dos Espíritos que fazem essas descrições, pois deveis com-preender que os Espíritos comuns são tão incapazes de informar-vos a esse respeito quanto um ignoran-te, entre vós, é incapaz de descrever todos os países da Terra. Muitas vezes formulais sobre esses mundos perguntas científicas que esses Espíritos não conse-guem responder; se são de boa fé, falam do assunto segundo suas idéias pessoais; se são Espíritos levia-nos, divertem-se dando-vos descrições extravagantes e fantásticas, ainda mais que esses Espíritos, que na erraticidade não são mais desprovidos de imaginação do que na Terra, extraem dessa faculdade relatos de muitas coisas que nada têm de real. No entanto, não acrediteis na impossibilidade absoluta de obter alguns esclarecimentos a respeito desses mundos; os bons Es-píritos até sentem satisfação em descrever-vos os mun-dos que habitam, a fim de servir-vos de ensinamento, para aperfeiçoar-vos e incitar-vos a seguir o caminho que pode conduzir-vos a eles; é um meio de fixar vos-sas idéias sobre o futuro e não vos deixar na incerteza.

XXXIIa. Que controle se pode ter quanto à exati-dão dessas descrições?

— O melhor controle está na concordância que possa haver entre elas. Lembrai-vos, porém, que elas têm por finalidade vosso aperfeiçoamento moral, e que, conseqüentemente, é sobre a condição moral dos habitantes que podeis ser melhor informados, e não sobre o estado físico ou geológico de outros mundos. Com vossos conhecimentos atuais, não poderíeis mes-mo compreendê-los; esse estudo de nada serviria para vossos progressos na Terra, e tereis toda a possibilida-de de fazê-lo quando lá estiverdes.

Observação: Questões sobre a constituição física e os elementos astronômicos dos mundos pertencem ao âmbito das pesquisas científicas, de que os Espíri-tos não devem poupar-nos; sem isso, um astrônomo acharia muito cômodo pedir aos Espíritos que lhe fi-zessem os cálculos, o que, sem dúvida, teria o cuida-do de não admitir em público. Se, pela revelação, os Espíritos pudessem evitar o trabalho exigido por uma descoberta, provavelmente o fariam em favor de um sábio bastante modesto para declarar-lhe publicamen-te a origem, e não em proveito de orgulhosos que os renegam, e a cuja vaidade, ao contrário, muitas vezes poupam decepção.

O Livro dos MédiunsAllan Kardec

Editora do ConhECimEnto

8 Conhecendo a Doutrina Espírita

1. Pedi e vos será dado. Buscai e achareis. Batei e a porta se vos abrirá, pois aquele que pede recebe, o que procura encontra, e ao que bate se abre. Qual dentre vós dá uma pedra ao filho que lhe pede pão? Ou, pedindo-lhe um peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos Céus, dará os verdadeiros bens aos que Lhe pedirem. (Mateus, 7:7-11).

2. Do ponto de vista terreno, a máxima Buscai e acha-reis é semelhante a esta outra: Ajuda-te e o Céu te ajudará.

É o princípio da lei do trabalho e, conse-quentemente, da lei do progresso, pois o progresso é produto do trabalho, uma vez que o trabalho põe em ação as forças da inte-ligência.

Na infância da humanidade, o ho-mem só usava sua inteligência na busca dos alimentos, dos meios para se prote-ger das intempéries e para defender-se dos inimigos. Mas Deus, diferenciando-o dos animais, deu-lhe a mais o desejo inces-sante de melhorar-se. E é esse desejo que o impulsiona a procu-rar meios de melho-rar suas condições de vida, levando-o às descobertas, às in-venções e ao aperfei-çoamento da ciência, pois é a ciência que lhe proporciona o que lhe falta. É pelas pes-quisas que seu conhe-cimento se amplia e sua moral evolui. Às necessidades do cor-po, seguem-se as do espírito. Depois do alimento material, é

É preciso que se dê mais importância à leitura do Evangelho. E, no entanto, abandona-se esta divina obra;faz-se dela uma palavra vazia, uma mensagem cifrada. Relega-se este admirável código moral ao esquecimento.

preciso o alimento espiritual. É assim que o homem passa do estado selvagem à civilização.

Mas o progresso que cada homem realiza individual-mente durante a vida é insignificante e, em muitos casos, até imperceptível. Como, então, a humanidade poderia progre-dir, sem a preexistência e a reexistência da alma? Se todos os dias almas partissem da Terra para não mais voltar, a humanidade se renovaria continuamente com seres primiti-vos que teriam tudo por fazer, tudo por aprender novamente. E não haveria, então, razão para que o homem fosse hoje mais evoluído do que nas primeiras eras do mundo, já que, a cada nascimento, todo o trabalho intelectual precisaria re-começar. Ao contrário, retornando com o progresso obtido e adquirindo a cada retorno alguma experiência a mais, a alma passa gradualmente do estado selvagem à civilização material, e desta à civilização moral. (Veja capítulo IV, nú-mero 17, desta obra).

3. Se Deus tivesse liberado o homem do trabalho físi-co, seus membros seriam atrofiados. Se o tivesse liberado do trabalho intelectual, sua mente teria permanecido infantil, em estado de instinto animal. É por isso que fez do trabalho uma necessidade, e lhe disse: “Busca e acharás; trabalha e produzirás. Dessa forma, serás o produto de tuas obras; terás o mérito e serás recompensado segundo o que tiveres feito”.

4. É em virtude da aplicação desse princípio que os es-píritos não tiram do homem a oportunidade do trabalho de pesquisa. Se oferecessem aos homens descobertas e inven-ções já prontas para serem utilizadas, de maneira que eles precisassem somente pegar o que lhes é posto nas mãos, sem se preocuparem sequer em pensar, o mais preguiçoso poderia enriquecer e o mais inculto tornar-se sábio, sem qualquer esforço. E, tanto um como o outro, atribuiriam-se os mé-ritos pelo que não fizeram. Não, os espíritos não isentam o homem da lei do trabalho; ao contrário, mostram-lhe a meta que deve atingir e o caminho que a ela conduz, dizendo-lhe: “Caminha e chegarás. Encontrarás pedras no caminho. En-tão olha, e afasta-as tu mesmo. Nós te daremos a força ne-cessária, se quiseres empregá-la”. (Veja O Livro dos Médiuns, capítulo XXVI, número 291 e seguintes).

5. Do ponto de vista moral, essas palavras de Jesus signi-ficam: “Pedi a luz que deve iluminar vosso caminho, e ela vos será dada. Pedi a força para resistir ao mal, e a tereis. Pedi a assistência dos bons espíritos, e eles virão vos acompanhar e, como o anjo de Tobias, vos servirão de guias. Pedi bons conselhos, e jamais vos serão recusados. Batei à nossa porta, e ela vos será aberta. Mas pedi sinceramente, com fé, fervor e confiança. Apresentai-vos com humildade e não com arrogân-cia. Sem isso, ficareis entregues às vossas próprias forças, e as quedas que sofrerdes serão a punição por vosso orgulho”.

Esse é o sentido destas palavras: “Buscai e achareis. Ba-tei e a porta se vos abrirá”.