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Sexta-feira, 25 de abril de 2014 Gazeta do Povo Editorial / O acerto de Rosa Weber Ao determinar que a CPI da Petrobras se concentre nas denúncias sobre a estatal, a ministra respeita a Constituição e a jurisprudência sobre o tema. “Ainda há juízes em Berlim!”, proclamou – diz a lenda – o agricultor alemão que, vendo-se ameaçado pelos agentes do rei para que doasse ao monarca parte de sua propriedade, depositou sua esperança na Justiça, que seria mais forte para garantir seus direitos e se sobrepor à tirania. Ainda há juízes também em Brasília: a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber enfrentou as pressões do Planalto e sentenciou: se a minoria do Senado conseguiu votos suficientes para instaurar uma CPI exclusiva para investigar desmandos na Petrobras, não pode a maioria enxertá-la de adendos que desfigurem o objeto principal. A derrota dos governistas já era tida como certa – tão certa que, mesmo antes de se conhecer a liminar de Rosa Weber, já se davam os primeiros passos para não obedecê-la, ou melhor, para não dar-lhe sentido prático. Com a ajuda do sempre solícito senador Renan Calheiros, presidente do Senado, a situação agora manobra para retardar ao máximo a instalação da CPI. Uma das manobras previstas, que pode resultar em debates intermináveis e inclusivos durante semanas, é aquela em que a base aliada não indica membros para compor a comissão; ou, quando indicá-los, passar para outra fase do processo deliberadamente procrastinatório de discutir a que partidos e a que nomes caberão a presidência e a relatoria. Queria o governo que prevalecesse a tática de, na mesma CPI da Petrobras, se investigar também denúncias que pesam sobre o cartel de trens do metrô de São Paulo e do Porto de Suape (Pernambuco), com dois objetivos claramente diversionistas: tirar o foco da Petrobras e esparramar suspeitas contra os adversários que concorrerão com a presidente Dilma Rousseff na eleição de outubro próximo. De um lado, seriam atingidos os tucanos que apoiam o pré-candidato Aécio Neves; de outro, o ex-governador pernambucano Eduardo Campos, do PSB. Ao fim e ao cabo, sendo tantos os assuntos e sendo tão curto o tempo de duração de uma CPI (120 dias), nada seria de fato investigado. Bem analisada, a decisão de Rosa Weber apenas explicita o preceito constitucional de que uma CPI deve circunscrever suas investigações a um só e determinado tema. O que, evidentemente, não impede que outras CPIs se instaurem para apurar os supostos malfeitos, indicados pelo PT e seus colaboradores, que teriam ocorrido no metrô paulistano e no terminal portuário de Pernambuco. Mas a inclusão desses assuntos na mesma CPI da Petrobras mais serviria à confusão do que à explicação – explicação essa que é justamente o que mais interessa à opinião pública brasileira, que não consegue entender as razões da escandalosa compra da refinaria de Pasadena, nem o que levou a Petrobras a perder 60% de seu valor de mercado em apenas dez anos.

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Sexta-feira, 25 de abril de 2014

Gazeta do Povo Editorial / O acerto de Rosa Weber

Ao determinar que a CPI da Petrobras se concentre nas denúncias sobre a estatal,

a ministra respeita a Constituição e a jurisprudência sobre o tema. “Ainda há juízes em Berlim!”, proclamou – diz a lenda – o agricultor alemão que,

vendo-se ameaçado pelos agentes do rei para que doasse ao monarca parte de sua propriedade, depositou sua esperança na Justiça, que seria mais forte para garantir seus direitos e se sobrepor à tirania. Ainda há juízes também em Brasília: a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber enfrentou as pressões do Planalto e sentenciou: se a minoria do Senado conseguiu votos suficientes para instaurar uma CPI exclusiva para investigar desmandos na Petrobras, não pode a maioria enxertá-la de adendos que desfigurem o objeto principal.

A derrota dos governistas já era tida como certa – tão certa que, mesmo antes de se conhecer a liminar de Rosa Weber, já se davam os primeiros passos para não obedecê-la, ou melhor, para não dar-lhe sentido prático. Com a ajuda do sempre solícito senador Renan Calheiros, presidente do Senado, a situação agora manobra para retardar ao máximo a instalação da CPI. Uma das manobras previstas, que pode resultar em debates intermináveis e inclusivos durante semanas, é aquela em que a base aliada não indica membros para compor a comissão; ou, quando indicá-los, passar para outra fase do processo deliberadamente procrastinatório de discutir a que partidos e a que nomes caberão a presidência e a relatoria.

Queria o governo que prevalecesse a tática de, na mesma CPI da Petrobras, se investigar também denúncias que pesam sobre o cartel de trens do metrô de São Paulo e do Porto de Suape (Pernambuco), com dois objetivos claramente diversionistas: tirar o foco da Petrobras e esparramar suspeitas contra os adversários que concorrerão com a presidente Dilma Rousseff na eleição de outubro próximo. De um lado, seriam atingidos os tucanos que apoiam o pré-candidato Aécio Neves; de outro, o ex-governador pernambucano Eduardo Campos, do PSB. Ao fim e ao cabo, sendo tantos os assuntos e sendo tão curto o tempo de duração de uma CPI (120 dias), nada seria de fato investigado.

Bem analisada, a decisão de Rosa Weber apenas explicita o preceito constitucional de que uma CPI deve circunscrever suas investigações a um só e determinado tema. O que, evidentemente, não impede que outras CPIs se instaurem para apurar os supostos malfeitos, indicados pelo PT e seus colaboradores, que teriam ocorrido no metrô paulistano e no terminal portuário de Pernambuco. Mas a inclusão desses assuntos na mesma CPI da Petrobras mais serviria à confusão do que à explicação – explicação essa que é justamente o que mais interessa à opinião pública brasileira, que não consegue entender as razões da escandalosa compra da refinaria de Pasadena, nem o que levou a Petrobras a perder 60% de seu valor de mercado em apenas dez anos.

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A estratégia diversionista intentada pelo governo poderá, no entanto, ser-lhe mais fatal do que se, desde logo, tivesse optado pela transparência e pela obediência aos princípios constitucionais e à jurisprudência que regem o processo de criação de CPIs. Se a intenção era a de sonegar à sociedade o conhecimento de fatos que possam embaraçar as ambições eleitorais do PT e seus aliados, a continuidade indefinida das discussões pode lhes causar prejuízos ainda maiores – o velho tiro que sai pela culatra.

Não importam, todavia, os ganhos e perdas a serem contabilizados pelas facções políticas, de um lado ou outro. O que mais importa ao Brasil – e a CPI exclusiva pode contribuir muito para isso – é resgatar o mínimo de moralidade e responsabilidade no trato da coisa pública. Artigo / Avestruz suicida Cristovam Buarque

Vem desde os gregos a ideia de que o homem é um animal político. Os outros animais se movem por instinto; os homens, pela conversa. Cada vez que três pessoas tentam decidir algo fazem política. Mas, olhando para os brasileiros de hoje, pode-se dizer que o político é um animal parecido ao avestruz. A exemplo desta ave, há uma preferência por esconder a cabeça para não ver os problemas ao redor.

Neste momento, o animal político brasileiro debate sobre fazer ou não uma CPI para apurar os desmandos na Petrobras. Os que não querem a CPI escondem as cabeças para não descobrir o que está acontecendo; os que desejam descobrir o que está ocorrendo na Petrobras não percebem o problema maior da crise energética que enfrentamos.

Diante da grave crise energética que se abaterá sobre o mundo inteiro nas próximas décadas, os políticos se comportam como avestruz. Não despertam para os limites da disponibilidade de petróleo que se esgotará, esgotando também a Petrobras, qualquer que seja a competência e honestidade de sua direção depois de uma CPI séria. Nem despertam para o enorme potencial que temos para gerar energia a partir de novas fontes, como a energia solar, e ainda a relegada e criativa experiência do etanol.

O animal político brasileiro se comporta como um avestruz para não ver a gravidade da violência espalhada, profunda e destruidora sobre todo o tecido social brasileiro. Não percebe que vivemos um tempo de guerra, com mais de 50 mil mortos por ano, vítimas de assassinatos. Com a cabeça escondida, deixamos de ver a violência e o medo generalizado nas ruas de nossas cidades.

Escondemos a cabeça para não identificar e entender as causas da guerrilha de grupos organizados por meio de celulares e de computadores para queimar ônibus, impedir o trânsito, paralisar serviços. E, tal como avestruz, decidimos enfrentar parte dessa guerra espalhada envolvendo localmente as Forças Armadas; e não ver os riscos de soldados serem mortos por traficantes dentro do território nacional ou de soldados matarem acidentalmente crianças no meio de tiroteio. Dentro do território nacional, o que em guerra se chama de efeito colateral será chamado de assassinato.

Não vemos os riscos de nossas cidades degradadas, da economia baseada em produtos primários, enquanto os outros países investem em produtos de alta tecnologia. O avestruz prefere não ver o triste futuro de um país que não cuida de suas crianças, abandonando-as e jogando-as em escolas sem aulas, sem equipamentos, sem professores e sem avaliação, onde não conseguem concluir o ensino fundamental. Só um avestruz não vê o triste futuro do Brasil retratado na cara de suas escolas de hoje.

Também é comportamento de avestruz não perceber a falta de credibilidade nos políticos, vistos como um tipo especial de avestruz que, além de esconder a cabeça, enfia as mãos no chão para trocar favores com recursos públicos.

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Continuar agindo dessa forma é o comportamento de um avestruz suicida. Cristovam Buarque, professor da UnB, é senador pelo PDT-DF. Artigo / Um partido que subjuga um país Judas Tadeu Grassi Mendes

Aos poucos os brasileiros estão acordando para os males que o PT está nos fazendo, ao colocar os órgãos públicos e as estatais a seu serviço. O esquema vem sendo construído desde 2003 e o mensalão era apenas uma das facetas mais evidentes. Nada pior do que um partido colocar órgãos públicos e estatais a seu serviço, espalhando seus tentáculos para atingir benefícios econômico-financeiros e obcecado pelo poder. Vejamos apenas alguns poucos exemplos, pois este pequeno espaço não permite enumerar tudo.

As estatais estão a serviço do PT, formando uma verdadeira privataria petista. A Petrobras, na gestão petista, teve o seu valor reduzido pela metade, e transformou-se na empresa com o maior endividamento no mundo; agora, saem as estarrecedoras informações de que Dilma aprovou a compra de uma refinaria sucateada nos EUA, que valia pouco mais de US$ 40 milhões, por mais de US$ 1 bilhão, numa das transações mais intrigantes já vistas.

Não custa lembrar que o dinheiro que movimentou parte do esquema de pagamento de deputados do mensalão saiu do Banco do Brasil (Pizzolato, que fugiu para a Itália, foi diretor do BB). O Banco do Nordeste teve ligações com o famoso caso do “dinheiro na cueca”, cujas operações fraudulentas ultrapassaram R$ 1 bilhão. E Erenice Guerra, à época braço direito da presidente Dilma, transformou-se em influente lobista, em especial para liberar recursos do BNDES – um empresário disse que teve de pagar R$ 5 milhões em propina.

Outra face da privataria petista vem dos sindicatos e organizações não governamentais. Hoje em dia as ONGs se sustentam basicamente dos milhões de reais que recebem da mesada estatal. Somente de 2003 a 2007 o governo Lula repassou R$ 12,6 bilhões para 7,7 mil ONGs. Trata-se de um caso típico de esquema de “compra” de ONGs. Somente em 2011 as centrais sindicais receberam R$ 124 milhões. A simbiose entre os sindicatos e o governo é total. Mas o mais prejudicial são as oligarquias sindicais que pressionam o governo e estão mandando nos fundos de pensão ligados a empresas estatais. E até a UNE está cooptada, pois tem recebido milhões de reais dos governos petistas. Pode-se dizer que a UNE foi estatizada e deixou de criticar o governo, como fazia no passado.

Mas, além das estatais, das ONGs, da UNE e dos sindicatos, outro instrumento da privataria petista é a ocupação de órgãos do Estado como se fossem braços partidários. É a tal da privatização do Estado. As agências reguladoras viraram prêmio de consolação para petistas derrotados em eleições, sem nenhum preparo técnico. Até mesmo o STF está sob o contágio petista, ao ter como ministro um sujeito sem “notório saber jurídico”, pois já havia sido reprovado duas vezes em concursos para juiz. É por isso que Joaquim Barbosa sentenciou: “Isso é apenas o começo”. O futuro será ainda pior.

Por último, o partido está a serviço de grandes empresas, que doam milhões para o PT em troca de favores, como o de acesso aos empréstimos do BNDES, a juros abaixo da inflação. É o dinheiro mais cobiçado. O BNDES vem despejando bilhões para poucas empresas, como JBS e as agora falidas companhias de Eike Batista. Até Lulinha levou R$ 5 milhões na primeira “investida” nesta área.

Enfim, estamos falando de bilhões de reais a serviço de um partido, que não se contenta apenas dentro do país e por isso apoia governos como o da Venezuela e de Cuba (onde torrou milhões num porto), e o caso dos médicos cubanos que recebem migalhas é apenas uma das aberrações. Para onde vai o resto do dinheiro dos médicos? Temos o direito de perguntar. Este artigo serve apenas para abrir os olhos dos brasileiros. Está na hora de nos espelharmos nos ucranianos, que ficaram dois meses em

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praça pública, sob temperaturas abaixo de zero. Nós só ameaçamos em junho de 2013 e depois nos acomodamos. Acorda, Brasil.

Judas Tadeu Grassi Mendes, Ph.D. em Economia pela Ohio State University, é autor de oito livros e diretor-presidente da Estação Business School (EBS). Coluna do Leitor / Petrobras

Nosso governo não liga para a opinião pública mesmo. Só aceita a CPI da Petrobras conjuntamente com as do cartel de trens em São Paulo e do Porto de Suape, com a finalidade de prejudicar os partidos políticos. Então que se criem CPIs em todas as áreas governamentais, pois só assim haverá possibilidade de se tentar acabar com a corrupção que está minando nosso país.René da Cruz Belém

Alienação parental Este dia 25 é o Dia Internacional de Combate à Alienação Parental. A lei que trata do assunto e penaliza os alienadores irá completar quatro anos, mas pouco há para comemorar, pois tudo ainda conspira a favor de quem pratica esse tipo de alienação, ora apoiado na lentidão do Judiciário, ou pelo estrangulamento da Defensoria Pública e, também não menos relevante, através das escolas, em especial as particulares, que alegam “desconhecimento” da lei. Alexandre Gosenheimer Educação / Com contraproposta do governo, professores mantêm paralisação hoje Intenção do sindicato da categoria é avaliar as ofertas da administração estadual no sábado, em uma assembleia geral Diego Antonelli e Antonio Senkovski

No segundo dia de paralisação dos professores da rede estadual, o governo apresentou novas propostas à categoria. A greve, no entanto, será mantida hoje. Somente no sábado, em uma assembleia geral, é que os professores decidirão se aceitam a oferta do governo estadual ou não.

Em reunião que durou mais de cinco horas ontem com membros do Sindicato dos Professores do Paraná (APP-Sindicato), o governo estadual propôs uma compensação financeira para suprir a quantidade de horas-atividade reivindicadas pelo sindicato. O pagamento seria efetuado parcelado entre os meses de agosto a dezembro.

Segundo a proposta, a partir de 2015, a hora-atividade passaria para os 33% do total do tempo do professor na escola – índice reivindicado pela categoria. Hoje, os professores têm 30% de hora-atividade – que é o período em que os docentes não entram em aula e se dedicam à formação continuada, correção de provas e planejamento de aulas. O sindicato afirma que para cada 20 horas semanais de trabalho seriam necessários sete horas de hora-atividade. Hoje são seis horas.

Por outro lado, o governo estadual propôs, segundo a assessoria de imprensa, que o aumento salarial da categoria seja mantido conforme a inflação – em torno de 6%. A categoria cobra 8,32% de reajuste, conforme havia sido estipulado pelo Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN). O governo alega que o Paraná paga atualmente R$ 3.005,94 mensais ao professor que atua 40 horas semanais, o que é 70% a mais que o piso nacional. Até o fechamento desta edição o governo não tinha divulgado a integridade das propostas.

Escolas fechadas Ontem, no segundo dia da paralisação, o APP-Sindicato estimou que 80% dos 73 mil professores do estado tenham cruzado os braços ontem. Os professores mantiveram pelo segundo dia seguido um acampamento montado em frente ao Palácio Iguaçu, no Centro Cívico, em Curitiba.

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Já a Secretaria de Estado da Educação (Seed) divulgou uma nota no fim da tarde de ontem apontando que apenas 15,9% das 2.149 escolas estaduais paralisaram totalmente as atividades; 60,1% das unidades da rede estadual tiveram atendimento parcial; e 24% dos colégios funcionaram normalmente.

Em nota, a Seed explicou que as escolas estaduais devem ficar abertas para receber os alunos. Os professores que não aderirem à paralisação organizada pelo sindicato da categoria precisam ter condições de trabalhar normalmente, independentemente do número de alunos presentes, para que possa ser considerada a carga horária ofertada ao aluno e cumprida pelo professor. “Os Núcleos Regionais de Educação receberam novos relatos sobre professores que queriam trabalhar e foram impedidos de entrar nos colégios por manifestantes. Os casos serão apurados pelas ouvidorias dos núcleos”, afirmou a Seed em nota.

O APP-Sindicato rebateu a informação, afirmando que recebe “denúncias de educadores sobre ações dos Núcleos Regionais de Educação, que continuam encaminhando um documento para as escolas, ameaçando com a rescisão de contrato para os professores PSS [regime de vagas temporárias] que participam da greve e aqueles que estão em estágio probatório”. No estado / Movimento foi para as ruas nas cidades do Interior Tatiane Salvatico, do Jornal de Londrina, Maria Gizele da Silva, da sucursal, e Lilian Céspedes, especial para a Gazeta do Povo

Aproximadamente mil pessoas, entre professores, servidores e alunos dos colégios estaduais de Londrina, participaram de uma passeata pelas ruas do centro da cidade na manhã de ontem. A manifestação começou por volta das 10 horas na Avenida Juscelino Kubitschek e seguiu por pouco mais de uma hora até a Avenida Maringá, onde está localizada a sede do Núcleo Regional de Educação. A manifestação ocorreu de forma pacífica.

Segundo o sindicato, pouco mais de 80% dos 3 mil professores da cidade pararam as atividades ontem O núcleo afirmou que apenas 12 das 73 escolas estaduais de Londrina estavam totalmente fechadas.

Em Ponta Grossa, a greve geral dos professores estaduais atingiu parcialmente a categoria. Conforme o APP-Sindicato, 90% dos docentes aderiram ao movimento no segundo dia da paralisação. Segundo o núcleo de Ponta Grossa, que abrange 11 municípios, 55% das escolas têm aulas parcialmente e 8% estão completamente sem aulas.

Em Foz do Iguaçu, o núcleo confirmou ontem que 72% dos professores haviam aderido à greve. Um total de 864 servidores – entre professores e funcionários – paralisaram as atividades. Das 30 escolas estaduais de Foz do Iguaçu, 18 escolas ficaram sem atendimento; as outras 12 funcionaram parcialmente. Segundo a diretora do núcleo de Foz, Ivone Aparecida Müller, todas as escolas foram notificadas para manter as portas abertas. Tragédia / Policial algema e mata a namorada em Curitiba Ellen Miecoanski

Um policial civil matou a namorada no fim da manhã de ontem no bairro Alto da XV, em Curitiba. Durante uma briga, pouco antes do meio-dia, Napoleão Seki Júnior, de 38 anos, algemou Paola Natália Cardoso, de 21 anos, e efetuou quatro disparos contra ela. Logo depois tentou se matar.

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Ele sobreviveu, foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e encaminhado em estado grave ao Hospital Cajuru, onde foi submetido a uma cirurgia para a remoção da bala.

O crime foi na Rua Sete de Abril esquina com a Rua Reinaldino S. Quadros. Segundo informações de moradores e comerciantes da região, o casal seguia de carro pela Sete de Abril quando os dois desceram do veículo discutindo. Seki Júnior algemou as mãos de Paola nas costas e a levou para a calçada do outro lado da rua. De acordo com os relatos, enquanto conduzia a namorada, que gritava por socorro, o policial levantou os braços para sinalizar que estava armado.

O caso foi atendido pela Delegacia de Homicídios, mas deverá ser investigado pela Delegacia da Mulher. Seki Júnior fazia serviços administrativos na corporação e estava sendo investigado pela Corregedoria da instituição, que não quis precisar por quais motivos.

O Departamento de Polícia Civil emitiu uma nota informando sobre os problemas disciplinares do servidor e por meio da assessoria de imprensa afirmou que o mesmo será indiciado por homicídio assim que receber alta hospitalar. Saúde 1 / SUS fará exames de imagem para diagnóstico de câncer

O Sistema Único de Saúde (SUS) incorporou nesta semana o exame PET Scan, uma das tecnologias mais modernas para acompanhar a existência e a progressão de diversos tipos de câncer. É indicado para diagnosticar a presença e a exata dimensão de 20 doenças, predominantemente câncer. Apesar disso, o SUS só vai cobrir o exame nos casos de câncer de pulmão, colorretal, linfoma de Hodgkin e linfoma não Hodgkin, doenças que, somadas, têm previsão de atingir 69.790 pessoas neste ano. Os planos de saúde têm oito indicações para o exame. Água / Denúncia da Polícia Federal contra Sanepar chega ao MPF Antonio Senkovski

O inquérito da Polícia Federal (PF) que indiciou 39 diretores, gerentes e conselheiros da Sanepar pelo tratamento irregular de esgoto ainda depende de análise do Ministério Público Federal (MPF) para ser transformado ou não em denúncia à Justiça Federal.

O inquérito sobre a investigação feita pela PF desde 2008, e complementada em 2012 e 2013 nas duas fases da Operação Água Grande, foi enviada ao MPF em janeiro de 2014. A procuradora responsável Mônica Bora pediu diligências complementares e até o momento não há como prever um prazo para conclusão, conforme a assessoria de imprensa do MPF no Paraná.

Investigações O delegado Rubens Lopes da Silva, da PF, conta que as investigações começaram em 2008, mas o processo decisivo para reunir provas e levantar indícios de irregularidades ocorreu durante as duas fases da Operação Água Grande. Na primeira etapa, em 2012, 30 pessoas da cúpula da companhia paranaense foram indiciadas pela PF por crimes ambientais e também por delitos como estelionato. Na segunda fase, em 2013, mais nove diretores da empresa foram indiciados e multas foram aplicadas pelo Ibama e pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), cujos valores ultrapassam os R$ 205 milhões.

Expectativa Silva demonstra confiança de que a denúncia será feita pelo MPF e aceita pela Justiça, já que, segundo ele, há provas incontestáveis de que a diretoria da empresa era conivente com o mau tratamento do esgoto feito pela Sanepar. “A Polícia Federal fez a reavaliação de 125 mil análises feitas pela própria Sanepar nos últimos 10 anos e nenhuma estava dentro dos padrões exigidos pela legislação. Isso ajudou a

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reforçar a conclusão que os dirigentes da Sanepar sabiam, porque esses documentos eram passados das estações para as sedes da Sanepar. Tanto que documentos foram apreendidos nas sedes”, afirma o delegado. A assessoria de imprensa da Sanepar não retornou as tentativas de contato da reportagem. No total, 39 pessoas foram indiciadas após investigações em 235 estações de tratamento de esgoto no estado. Legislativo / PT muda estratégia e admite CPI exclusiva da Petrobras no Senado Recurso ao STF contra decisão de Rosa Weber ficará a cargo de Renan Calheiros. Governistas se prepararam para indicar integrantes à comissão Das agências

A bancada do PT no Senado anunciou ontem que não vai recorrer da decisão da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber em favor da instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) exclusiva da Petrobras. O parecer da ministra acatou um pedido da oposição e desagradou à base governista, que queria incluir outros temas à CPI e que atingiriam governos do PSB e PSDB nos estados.

Com isso, o entendimento dos governistas foi de que, com a decisão de Rosa, o jeito agora é se preparar para a CPI e indicar integrantes do “primeiro escalão”, que não deverão disputar as próximas eleições de outubro, para comporem o colegiado. Na estratégia traçada pelo Palácio do Planalto será o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que irá recorrer da decisão do STF. O recurso tem o apoio do PT e de partidos governistas, que querem ganhar tempo para protelar as apurações.

Outra CPI Paralelamente, senadores petistas começaram a colher assinaturas para instalar outra CPI para investigar o cartel do Metrô de São Paulo, estado comandado pelo PSDB do presidenciável Aécio Neves, uma vez que a decisão da ministra impede que o tema seja incluído na CPI da Petrobras.

“Se a oposição pensa que vamos deixar de lado outras suspeitas, está enganada”, disse o senador Humberto Costa (PE), líder do PT.

A CPI só será instalada no Senado depois que os líderes partidários indicarem seus membros. Não há prazo previsto no regimento da Casa, mas os senadores trabalham informalmente com o período de 30 dias após Renan pedir os nomes oficialmente.

Assim que a Mesa do Senado mandar instalar a CPI da Petrobras e começar a correr o prazo para indicação dos nomes que comporão a investigação, o PMDB deve indicar o senador João Alberto (PMDB-MA) para presidir os trabalhos da comissão. Alberto é antigo aliado do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do antecessor, José Sarney (PMDB-AP).

Como maior partido do Congresso, o PMDB tem essa prerrogativa. A segunda maior bancada, no caso o PT, ficará com a relatoria, ainda sem dono. As indicações estão sendo discutidas com a equipe do governo no Palácio do Planalto.

Obedecendo à proporcionalidade, o governo terá, em princípio, dez cadeiras para preencher com parlamentares afinados com o interesse do Planalto de amenizar os danos na CPI. Outro nome tido como certo nos corredores do Senado é do peemedebista Romero Jucá (RR), que também chegou a ser cotado para presidir os trabalhos, mas acabou contemplado com a relatoria do Orçamento da União de 2015, o que já deve lhe tomar tempo ao longo deste ano. Auditoria - Estatal nega saque irregular de US$ 10 milhões Agência Estado

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A Petrobras negou ontem irregularidades no saque de US$ 10 milhões, sem autorização por escrito, pela refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), quando ainda era administrada meio a meio pela Petrobras e pela comercializadora belga Astra Oil. O saque foi identificado por auditoria interna. Segundo nota divulgada pela estatal, o saque foi autorizado verbalmente, “por ser uma atividade usual de trading (depósitos e saques em corretoras), o que é considerado normal”.

O saque de US$ 10 milhões foi revelado ontem pelo jornal O Globo. A autorização verbal “não encontra amparo em norma interna nem nas boas práticas de controle interno”, conforme relatório citado pelo jornal. A Petrobras, entretanto, afirma na nota que acatou a recomendação da auditoria interna, “no sentido de formalizar e arquivar a documentação de suporte relativa aos saques efetuados em contas mantidas em corretoras”. Impasse sobre comissão se arrasta desde o dia 1.º de abril Chico Marés

Ironicamente no dia 1.º de abril, dois pedidos diferentes de criação de CPI foram protocolados no Senado, ambos para investigar a Petrobras. Um, de autoria da oposição, pedia a investigação de irregularidades na estatal e destacava quatro denúncias específicas: a compra em 2006 da refinaria de Pasadena (EUA), o lançamento ao mar de plataformas inacabadas, o pagamento de propina envolvendo a holandesa SBM Offshore e o superfaturamento na construção de refinarias. O outro, de autoria de governistas, incluía, além dos citados acima, suspeitas de irregularidades no Porto de Suape, em Pernambuco, e no metrô de São Paulo.

Quando protocolada, uma CPI tem de ser obrigatoriamente instalada, após indicação dos membros. Entretanto, nesse caso, não era possível instalar duas CPIs sobre o mesmo tema. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), preferiu encaminhar o processo à Comissão de Constituição e Justiça da Casa que, em 9 de abril, determinou que a CPI do governo seria instalada.

A oposição recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF), alegando que uma CPI requer um assunto específico – o que impediria a inclusão de temas sem relação direta com a Petrobras. A ministra Rosa Weber concedeu liminar favorável à oposição.

Outros pedidos No dia 15, outros dois pedidos de CPI, desta vez mistas – que envolvem deputados e senadores –, foram lidos na sessão do Congresso. Os temas são os mesmos.

Deputados federais chegaram a coletar assinaturas para outros pedidos, inclusive de CPI exclusiva da Câmara, mas estes não foram protocolados. O Coro da Multidão / A Copa e o elefante branco de Napoleão

No lugar que um dia foi a fortaleza da Bastilha, em Paris, um enorme elefante branco de gesso foi construído em 1814 e lá ficou até 1846. O projeto original de Napoleão Bonaparte era que fosse erguido um monumento de bronze, que simbolizasse a superioridade de suas conquistas imperiais em detrimento da revolução francesa. Era para ser um elefante feito de canhões de guerra pilhados da Espanha. Da tromba da estátua jorraria água em uma fonte. Segundo conta o historiador Simon Schama em “Cidadãos”, o imperador queria algo heroico e maravilhoso, de modo que todos os que “o vissem esqueceriam 1789, esqueceriam a Bastilha e mergulhariam na autocongratulação imperial”.

A fonte com o elefante de bronze, entretanto, não foi erigida porque a guerra contra a Espanha custou caro para os cofres da França e para as muitas famílias

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francesas que tiveram de chorar os seus mortos. Por essa razão, “em 1813, quando o elefante seria construído, não se dispunha de canhão e praticamente não havia dinheiro”. E o elefante branco, de gesso, foi erguido na Praça da Bastilha, esperando que os planos de Napoleão dessem resultado. Quinze anos depois de construído, segundo Schama, o elefante de gesso já não era mais branco. Estava enegrecido pela umidade e pela sujeira, sem uma das presas de marfim, corroído e degradado.

Nas palavras de Schama, “O Elefante do Esquecimento Deliberado não podia competir com a Persistência da Lembrança Revolucionária”. A história deu um fim ao projeto de Napoleão muito diferente do que ele desejou. O relato do historiador diverte qualquer um que, num exercício de imaginação, procure fazer comparações com o que ocorre hoje no Brasil.

Não se sabe se foi por causa do “elefante branco” do imperador, mas o termo caiu no gosto popular brasileiro e é frequentemente usado para rotular as obras grandiosas e de pouca utilidade que são construídas pelo poder público. O Estado tem apostado em obras faraônicas para alardear um pretenso sucesso administrativo, mas esquece de pautar seus atos pela eficiência no uso de recursos do contribuinte.

A Copa do Mundo de 2014 está aí para não restar dúvidas. Depois que o evento acabar, pelo menos quatro estádios públicos – em Brasília, Cuiabá, Manaus e Natal – terão pouco, ou quase nenhum, uso corriqueiro.

Felizmente no Brasil, os elefantes brancos começam a perder o seu apelo propagandista. Levantamento encomendado pela Gazeta do Povo ao Instituto Paraná Pesquisas e publicado na terça-feira desta semana mostra queda no apoio dos curitibanos para a realização da Copa do Mundo de 2014. Dos moradores da capital, 38,7% apoiam o evento na cidade. A aprovação era de 66,5% em junho de 2011. Há em curso uma mudança de mentalidade.

Começa-se a perceber que obras majestosas não compensam o uso ineficiente dos recursos públicos. Está se tornado um senso comum que magníficos elefantes de gesso se tornam enegrecidos e sucateados pela falta de utilidade. Está ficando evidente também que é impossível apagar e reescrever a história usando construções faraônicas como propaganda. Nem Napoleão conseguiu jogar a revolução para o esquecimento, nem a fantasia da Copa e suas construções mastodônticas vão conseguir apagar a ineficiência e o desperdício de recursos da administração pública. São os elefantes brancos que ficarão esquecidos.

Tendências / Se a moda pega 1 Aconteceu no Alagoas um embate incomum entre Ministério Público e Assembleia Legislativa que merece registro. Os deputados tinham cortado R$ 16,5 milhões do orçamento do MP, alegando que o dinheiro precisava ser transferido para a Secretaria de Defesa Social, responsável pela segurança pública. Associação do MP estadual de Alagoas foi à Justiça requerer a suspensão da medida. Segundo a entidade, os parlamentares agiram “por vingança”, porque há duas investigações em curso no Legislativo – uma sobre mortos que estavam recebendo salários e outra sobre o pagamento sem controle de gratificações por dedicação exclusiva a servidores que tinham cargos comissionados em outras cidades.

Se a moda pega 2 Porém, a Justiça estadual alagoana nesta semana suspendeu a tentativa de corte orçamentário. Fez bem. Já pensou se toda vez que um governador, deputados e secretários forem investigados a regra for a retaliação ao órgão que cumpriu sua função fiscalizadora? Investigação / Juiz abre processo contra 18 da Operação Lava Jato Doleiro Alberto Youssef, acusado pela Polícia Federal de comandar esquema ilegal bilionário, passa a ser réu em mais uma ação judicial Guilherme Voitch

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A Justiça Federal aceitou ontem mais três denúncias referentes à Operação Lava Jato, que investiga a atuação de grandes doleiros no mercado de câmbio. No total, 18 pessoas agora são réus nos quatro processos aceitos pelo juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara da Justiça Federal em Curitiba (confira quem são os acusados no infográfico abaixo). Na quarta-feira, Moro já havia aceitado a primeira denúncia, centrada no doleiro Alberto Youssef, que utilizaria empresas de fachada para realizar operações ilícitas de câmbio.

Ontem, o doleiro foi transformado em réu em outro processo, que apura movimentação ilegal de recursos obtidos por meio de tráfico de drogas. Em outro processo, o juiz fixou uma fiança de R$ 7,2 milhões para o réu Raul Henrique Srour, tido com líder de um grupo que realizava uma série de operações financeiras ilegais utilizando uma casa de câmbio.

Os seis procuradores que integram a força-tarefa criada pelo Ministério Público Federal (MPF) para atuar no caso devem formular novas acusações na próxima semana. Um dos alvos pode ser o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. No inquérito, conduzido pela Polícia Federal (PF), afirma-se que Costa utilizou de sua influência para cobrar propina de empresas fornecedoras da estatal. Segundo a PF, os acusados no processo movimentaram cerca de R$ 10 bilhões de forma irregular.

Defesa O advogado Haroldo Cesar Nater, que defende Esdra Arantes Ferreira, Leandro Meirelles, Leonardo Meirelles e Pedro Argese Júnior, afirmou que apenas um de seus clientes (Esdra) foi intimado pela Justiça até o fim da tarde de ontem. “Vamos estudar a denúncia com calma e refutar as alegações feitas aos meus clientes.” O mesmo argumento foi usado por Sérgio de Paula Emerenciano, advogado de Renê Luiz Pereira. “Já entramos com pedido de habeas corpus, que deve ser julgado nos próximos dias.”

Já o advogado Rodrigo Sanchez Rios, representante de Raul Henrique Srour, Rodrigo Henrique Gomes de Oliveira Srour, Rafael Henrique Srour, Valmir José de Franca, Maria Lúcia Ramires Cardena e Maria Josilene da Costa, afirmou que vai apresentar provas para esclarecer os fatos sobre as acusações envolvendo crimes contra o sistema financeiro feitas a seus clientes.

Raul Henrique Srour também é investigado por lavagem de dinheiro. O advogado disse que questionará na Justiça o valor de sua fiança.

O advogado Luiz Carlos Soares da Silva Junior defendeu seu cliente Carlos Alexandre de Souza Rocha: “Vamos discutir em juízo, entendemos que é prematuro condenar.” O advogado de Youssef, Antônio Figueiredo Basto, tem dito que seu cliente é inocente, mas que vai permanecer em silêncio durante o processo. A defesa de Carlos Alberto Pereira da Costa não quis comentar o caso. A reportagem não conseguiu localizar os advogados de André Catao Miranda, Carlos Habib Chater, Maria de Fátima da Silva, Raphael Flores Rodriguez e Sleiman Nassim El Kobrossy.

Colaboraram: Amanda Audi e Lucas de Vitta, especial para a Gazeta do Povo.

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Suspeita / Padilha teria indicado executivo do Labogen Agência Estado

A Operação Lava Jato da Polícia Federal sugere que o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, indicou um executivo para o Labogen – controlado pelo doleiro AlbertoYoussef – quando o laboratório tentava obter contrato milionário da pasta em 2013. O contrato não chegou a ser assinado. Um

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relatório da PF baseado no monitoramento de mensagens trocadas entre Youssef e o deputado federal André Vargas (PT-PR) tem referências ao laboratório e ao ex-ministro. No dia 26 de novembro de 2013, Vargas diz que falou com “PAD”, que seria Padilha. “Ele vai marcar uma agenda comigo”, diz Vargas. Seu interlocutor responde: “ótimo”. Em diálogo de 27 de novembro de 2013, segundo o relatório da PF, Youssef foi avisado por André Vargas que “achou o executivo com experiência que seria colocado à frente da Labogen, um nome que não despertasse suspeitas com relação aos contratos da pasta”. No dia seguinte, o deputado petista diz ao doleiro amigo que foi Padilha quem indicou o profissional. A assessoria de imprensa de Padilha divulgou nota repudiando qualquer relação com Youssef. “O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha repudia o envolvimento do seu nome e esclarece que não indicou nenhuma pessoa para a Labogen”, afirma o texto. Notas Políticas / Posse

Tomou posse ontem o novo procurador-geral no Ministério Público de Contas, Michael Reiner. O órgão fiscaliza a aplicação da lei nas decisões tomadas pelo Tribunal de Contas do Estado e averigua as prestações de contas municipais. Reiner foi candidato consensual para o cargo em fevereiro e, desde então, corria o trâmite para validação do nome pelo governo do estado. Justiça / Após 22 anos, STF absolve Collor Folhapress

Vinte e dois anos depois de deixar a Presidência da República para escapar de um processo de impeachment, o senador Fernando Collor (PTB-AL) se livrou da última ação penal a que respondia no Supremo Tribunal Federal (STF) ainda relativa ao período em que comandou o país.

Absolvido por unanimidade no STF, Collor era acusado pelo Ministério Público de ter participado de um esquema de desvio de recursos por meio de contratos da Presidência com agências de publicidade. O dinheiro seria usado para o pagamento de suas contas pessoais, incluindo a pensão de um filho fora do casamento.

Devido a isso, o MP o denunciou por falsidade ideológica, corrupção passiva e peculato (desvio de dinheiro público). Mas, como a denúncia foi aceita em 2000 e o julgamento dos crimes só aconteceu ontem, dois dos delitos já estavam prescritos: falsidade e corrupção.

A relatora do caso no STF, ministra Cármen Lúcia, que contribuiu para a prescrição mantendo o processo parado em seu gabinete por quatro anos, inocentou Collor por peculato, mas fez questão de votar também nos casos em que já não era possível punir o ex-presidente.

Ela disse que a denúncia do Ministério Público não poderia ser tratada como “um primor de peça”, pois estaria repleta de inconsistências e não teria conseguido produzir provas que ligassem Collor diretamente aos crimes.

Em relação ao peculato, todos os ministros votaram pela absolvição de Collor. Nos dois crimes prescritos, os ministros Teori Zavascki, Rosa Weber e o presidente Joaquim Barbosa disseram que não poderiam proferir votos devido à jurisprudência do STF, uma vez que não é possível punir alguém por um crime já prescrito.

Cármen Lúcia, no entanto, votou pela absolvição, e foi acompanhada pelos ministros Luiz Fux, Luís Roberto Barroso, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli. A principal ação ligada ao processo de impeachment foi julgada pelo STF em 1994. Na ocasião, Collor também foi absolvido.

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Marco Civil / Dilma desiste de data centers no país Folhapress

A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que o governo “não irá insistir em outra legislação para implantar data centers no país”. Ela se referia ao mecanismo, retirado do Marco Civil da Internet, que previa que o armazenamento de dados de gigantes como Google, Twitter e Facebook fosse obrigatoriamente feito no país. Na quarta-feira, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, havia dito que o governo insistiria na tese dos data centers nacionais.

Dilma, por meio de sua página oficial no Facebook, respondeu ontem a perguntas de internautas sobre a lei – uma espécie de “Constituição da internet” – sancionada na quarta-feira por ela. Apesar da iniciativa, a presidente não aprofundou pontos sobre o marco questionados pelos internautas, deixando perguntas sem respostas.

Dilma afirmou que a questão dos data centers é um tema “superado”, uma vez que a nova legislação prevê “a obrigação para os provedores de conexão e aplicação de cumprir a legislação brasileira, referente à coleta, guarda, armazenamento ou tratamento de dados”. Esse, no entanto, era um ponto que o Palácio do Planalto insistia em ver aprovado no Congresso.

Dilma afirmou que a nova lei é um “avanço histórico” e “assegura a liberdade de expressão, a privacidade do indivíduo e o respeito aos direitos humanos”. A presidente reforçou ainda que a “neutralidade [princípio que garante a isonomia aos internautas] torna inadmissível qualquer restrição da rede por motivos comerciais ou de qualquer outra natureza”.

De acordo com o texto, empresas de telecomunicações não podem limitar a quantidade de dados acessados nem discriminar a velocidade de acordo com o conteúdo (vídeos, e-mails, chats). No entanto, as operadoras de telefonia afirmam que poderão vender serviços diferenciados, cobrando mais de clientes que acessam conteúdos específicos, caso queiram.

Banda larga Dilma afirmou ainda que o governo trabalha em um programa nacional de banda larga, com o objetivo de “assegurar a um custo justo o aumento da capacidade da internet e a melhoria na sua qualidade”.

“Gostaria de destacar que o regulamento de qualidade, copiado por vários outros países, estabelece que o provedor é obrigado a assegurar no mínimo 70% da média da capacidade contratada. A partir de novembro desse ano a média irá para 80%”, completou. NETMundial / EUA e Europa se opõem à neutralidade da rede

A neutralidade da rede opôs de um lado o Brasil e do outro EUA e União Europeia nas discussões do NETMundial, encontro que reúne 85 países em São Paulo, desde ontem, para discutir o futuro da governança da internet. A polêmica diz respeito à inserção do termo no documento final do evento, que estabelece os princípios que devem “reger a administração da rede e que deve ser assinado por todos os países participantes”. Estados Unidos e União Europeia se opuseram à presença do termo no documento, enquanto o Brasil se posicionou a favor. Segundo a reportagem apurou, o termo “neutralidade de rede” não seria utilizado na versão mais recente do texto, mas um dos seus artigos aborda o conceito ao dizer que o trânsito de pacotes de dados deve ser livre. IAP / TC condena ex-presidente de instituto Sharon Abdalla, especial para a Gazeta do Povo

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O Tribunal de Contas do Estado (TC) condenou o ex-presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) Vitor Hugo Burko por negligência na execução judicial de dívidas ativas que somam cerca de R$ 132 milhões. O tribunal entendeu que Burko não teria se empenhado na cobrança de dívidas. Pela acusação, o ex-presidente do IAP recebeu duas multas que somam R$ 13,2 milhões, o equivalente a 10% do valor do dano que teria sido causado.

De acordo com o TC, a falta de contabilização e de posterior cobrança de sanções aplicadas pelo órgão entre dezembro de 2004 e março de 2009 levou à prescrição de créditos e inviabilizou o correto reparo dos danos ambientais causados por infratores, em todo o estado.

Na opinião de Vitor Hugo Burko, a acusação contra ele teria sido motivada meramente por questões políticas. Burko também disse que a gestão dele à frente do IAP foi marcada pela transparência e nega que tenha faltado empenho nas cobranças.

O Tribunal de Contas do Estado foi procurado ontem pela reportagem para comentar a resposta de Burko, mas não havia se pronunciado até o fechamento desta edição.

A reportagem também tentou atualizar os valores citados na ação e obter mais informações sobre quem são os devedores com o Instituto Ambiental do Paraná, mas o órgão não dispunha dessas informações e disse que não foi notificado oficialmente sobre o caso. Meio ambiente / Governo recua em mais uma proposta Amanda Audi

O governo do Paraná retirou da pauta da Assembleia Legislativa nesta terça-feira um projeto ambiental polêmico, que permitiria a instalação de conjuntos habitacionais e indústrias em locais próximos a mananciais de água de abastecimento público. Essa foi a segunda vez na semana que a gestão de Beto Richa (PSDB) recuou em relação a propostas relativas a meio ambiente. Na quarta-feira, o governo havia desistido de estabelecer por decreto o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) do estado.

O projeto que permitiria a instalação de edificações e de indústrias poluentes em regiões de manancial – que atualmente são protegidas por lei – chegou a entrar em votação duas vezes, em dezembro e março deste ano, mas foi retirado de pauta por pressão de grupos ligados ao meio ambiente. O governo retirou a proposta para que ela fosse reanalisada por um grupo de técnicos. O novo texto deve voltar à Assembleia em até três meses, reformulado.

Em dezembro de 2013, o governo enviou de uma vez um pacote de três mensagens para análise dos deputados. As três vinham com pedido de comissão geral, que é a manobra utilizada para que várias votações possam ocorrer em um mesmo dia, acelerando a tramitação na Casa e conhecida como “tratoraço”. Além das duas propostas retiradas esta semana, uma terceira ainda aguarda análise dos deputados. Ela atualiza a lei de pagamento de serviços ambientais a procedimentos adotados depois da aprovação da lei, de 2012.

Nos dois casos em que houve a retirada dos projetos, representantes da sociedade e de entidades ligadas ao meio ambiente reclamaram que não houve discussão adequada com a sociedade antes de as propostas irem a votação.

No caso do Zoneamento Ecológico-Econômico, o governo do estado promoverá agora audiências públicas para ouvir a população sobre o tema. Serão realizadas audiências em sete cidades. A primeira está marcada para o dia 14 de maio, em Curitiba. Será na sede da Emater, na Rua da Bandeira, nº 500, no bairro Cabral, às 15h. As

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demais audiências serão em Ponta Grossa, Toledo, Foz do Iguaçu, Guarapuava, Londrina e Maringá. Leonardo Mendes Jr./ Não sei desenhar

A semana com pesquisa sobre Copa em Curitiba e visita do Valcke trouxe à tona uma constatação: ainda existe dúvida sobre haver uso de recurso público na obra do estádio. Boa parte é por falta de acompanhamento, o que torna normal alguma interpretação errada. Mas há uma dose grande de desinformação proposital. Vamos, então, distribuir os pingos pelos vários “is”.

Em 20 de setembro de 2010, Luciano Ducci (prefeitura de Curitiba), Orlando Pessuti (governo do Paraná) e Marcos Malucelli (Atlético) assinaram um acordo determinando a divisão em três partes iguais do custo da Arena. Àquela época, a fatura estava em R$ 135 milhões – R$ 45 milhões para cada parte. O orçamento do estádio foi atualizado para R$ 184,6 milhões e o acordo, mantido. Ou seja, R$ 61,5 milhões para o município, R$ 61,5 milhões para o estado e R$ 61,5 milhões para o Atlético.

O orçamento sofreu novos reajustes, até atingir os atuais R$ 330,7 milhões. O acordo tripartite, porém, tornou-se uma incógnita. O Atlético defende sua extensão até o último centavo. Município e estado, que pare nos R$ 184,6 milhões. De qualquer maneira, tem uma conta de no mínimo R$ 123 milhões e no máximo R$ 220,4 milhões a ser dividida entre governo do estado e prefeitura.

Em 4 de novembro de 2010, entrou em vigor a Lei 13.620/2010 criando uma modalidade de potencial construtivo específica para o estádio. No entendimento do município naquele momento, não se tratava de dinheiro público. O potencial seria comprado por pessoas físicas ou empresas privadas e o dinheiro iria direto para uma conta bancária da obra. Não sairia dinheiro do orçamento municipal.

Este entendimento perdurou até 1.º de novembro de 2011, quando o Tribunal de Contas do Estado do Paraná votou que o potencial aplicado na Arena é recurso público. É o entendimento que vale até hoje e que deu ao TC o poder de fiscalizar o fluxo de dinheiro no estádio.

Recapitulando: 1) Governo do estado e prefeitura assumiram uma conta de no mínimo R$ 123 milhões para Curitiba ter um estádio de Copa; 2) Decidiram usar créditos de potencial construtivo para bancar essa conta; 3) O potencial foi dado como garantia dos empréstimos tomados na Fomento Paraná, junto com o CT do Caju, direitos de transmissão do Atlético no Brasileirão e a própria Arena; 4) Esse potencial será usado como moeda de pagamento de empréstimo, junto com recursos do Atlético; 5) A venda de potencial construtivo tem bancado a parte que cabe ao poder público nos juros do primeiro empréstimo do BNDES e será usada no pagamento do empréstimo de R$ 30 milhões da Fomento, que vence no fim de 2015; 6) O Tribunal de Contas carimbou o potencial como recurso público.

Logo, há recurso público na Arena porque quem tinha o poder na época entendeu que valia esse investimento diante do que a Copa poderia trazer para Curitiba. É um fato. Algo que deve estimular a fiscalização da aplicação deste recurso – o que inclui o poder público arcar com aquilo que assumiu. Mais claro do que isso, só desenhando. Aí, melhor pedir para o vizinho Tiago Recchia. Justiça & Direito / Especial / Debate busca ajustar Código de Ética aos novos tempos A partir do trabalho de uma comissão e de consulta pública aos advogados, OAB procura colocar normas disciplinares em compasso com as inovações e os desafios da sociedade atual

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Joana Neitsch

Termos como internet, velocidade da informação e processo judicial eletrônico não faziam parte da realidade dos advogados quando o Código de Ética foi criado, conforme previa o Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/1994). Passados 19 anos, agora essas palavras são parte da rotina e influenciam algumas práticas profissionais. As mudanças que a tecnologia trouxe e outras necessidades, muitas delas no âmbito financeiro, que foram verificadas ao longo dessas duas décadas levaram a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) a iniciar um processo de revisão do Código de Ética da profissão.

De 1.º de março até 31 de maio está aberta a consulta pública para que advogados de todo o Brasil tenham a oportunidade de opinar sobre o novo Código de Ética. Quando a consulta for encerrada, o plenário do Conselho Federal deve discutir a questão e, em outubro, o debate prossegue na XXII Conferência Nacional dos Advogados, no Rio de Janeiro.

O ex-presidente da OAB/PR que integra a Comissão Especial para Estudo da Atualização do Código de Ética e Disciplina da OAB, José Lúcio Glomb, explica que, ao se fazer mudanças no código, será levada em conta a experiência dos casos julgados nos tribunais éticos das seccionais e do Conselho Federal. “A conduta ética não muda com o passar do tempo. Mas algumas atitudes, com a evolução da sociedade, podem gerar interpretações sobre o que é e o que não é possível”, diz Glomb.

O presidente da Comissão Especial para Estudo da Atualização do Código de Ética e Disciplina da OAB, Cláudio Stábile, destaca que o objetivo do novo projeto é a valorização da advocacia e a manutenção da sua função social. “Vivemos em um mundo em que, às vezes, o anseio de sucesso material acaba atropelando algumas normas éticas”, observa.

Relações Econômicas A relação do advogado com o cliente também deve ser conduzida com base em muita informação, indica Stábile. Os honorários, por exemplo, devem ser muito bem definidos previamente em contrato, a fim de evitar surpresas para o cliente. Stábile ressalta que “não se pode admitir o locupletamento ilícito, uma das infrações mais abomináveis”, que, na opinião dele, deve ser definido com ainda mais clareza no novo Código de Ética.

Outro assunto que precisa ser mais bem regulamentado é a contratação de advogados correspondentes. O processo judicial eletrônico possibilita que escritórios de grandes centros contratem profissionais no interior para representá-los em audiências. O problema é que muitas vezes advogados em início de carreira aceitam prestar serviços por honorários aviltantes. Stábile diz que é comum chegarem à OAB denúncias sobre escritórios que pagam R$ 50 ou R$ 100 para que um profissional faça uma audiência. Da mesma maneira, o trabalho dos advogados que são empregados de grandes firmas deve ser mais bem regulamentado, a fim de que se mantenha a independência e a liberdade da profissão.

A maneira como a advocacia pro bono é feita é outro assunto que precisa ser mais detalhada na opinião de Glomb. “A advocacia pro bono ficou controvertida. É preciso que o profissional tenha ampla dedicação e não apenas exposição na mídia”, diz o ex-presidente da OAB/PR.

Glomb cita, ainda, a necessidade de se definir melhor o dever ético dos profissionais que assumem obrigações na OAB. Ele ressalta que, mesmo sendo esse um trabalho voluntário, há que se honrar a obrigação com a instituição, e isso também poderá constar na nova norma.

Para o advogado Celso Coccaro, autor do livro “Ética Profissional e Estatuto da Advocacia”, as alterações necessárias no Código de Ética não são tão significativas a ponto de precisar fazer uma nova versão, mas apenas a alteração de alguns pontos.

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Contudo ele considera bastante positiva a consulta pública, pois chama toda a categoria a opinar sobre quais deveriam ser as normas éticas da profissão. Estatuto deve ser mantido como está

Prestes a completar 20 anos, o Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/1994) não precisa de alterações, segundo integrantes da OAB entrevistados para esta reportagem.

Celso Coccaro, advogado e presidente da Seção Disciplinar Número 4 de São Paulo, observa que há um imenso número de projetos no Congresso que preveem a alteração da lei, boa parte deles dedicados a modificar ou até a extinguir o Exame de Ordem. Mas ele é categórico: “O estatuto é bem sucedido, ampliou as competências da OAB, manteve a advocacia em um bom patamar”.

“Evitamos mexer muito, sempre que se quer fazer uma alteração no estatuto, há um deputado que quer mexer para suprimir o Exame de Ordem”, afirma José Lúcio Glomb.

O Código de Ética, que está tendo uma nova versão debatida pelos advogados, não precisa passar pelo Congresso para ser alterado, basta a aprovação pela própria OAB. Publicidade é um dos temas mais polêmicos

A publicidade de escritórios de advocacia deve ser um dos principais assuntos em pauta no debate do novo Código de Ética. Grandes escritórios fazem pressão para que haja mais liberdade ao se divulgar os serviços que prestam, e possam ser utilizadas até mesmo peças publicitárias, a exemplo do que ocorre em outros países, como Estados Unidos e Inglaterra, onde anúncios de advogados em outdoors ou na televisão são muito comuns.

Mas, nesse ponto, a OAB pretende manter a mesma linha atual. O presidente da Comissão Especial para Estudo da Atualização do Código de Ética e Disciplina da OAB, Cláudio Stábile, explica que as informações a serem divulgadas devem continuar a ser restringidas, como apenas os contatos do advogado e de seu escritório. Ele diz que essa também é uma maneira de proteger os advogados iniciantes, que não têm condições de fazer grandes divulgações e seriam desfavorecidos em comparação àqueles que detêm grande poder econômico.

O advogado José Lucio Glomb, que também integra a comissão, acrescenta que, a fim de evitar a mercantilização da profissão, não deverão ser aceitos atos como envio de torpedos nem a indicação de quem são os clientes do escritório, até porque isso poderia levar à quebra de sigilo. Justiça & Direito / Entrevista / Da tradição familiar à própria história no direito Bianca Arenhart Munhoz da Cunha, juíza federal e coordenadora da Esmafe Joana Neitsch

A dúvida entre a Odontologia e o Direito da época em que entrou na faculdade agora não faz sentido para a juíza Bianca Arenhart Munhoz da Cunha. Ela chegou a estudar durante dois meses para ser dentista, mas logo desistiu, e a tradição da família no Direito falou mais alto. Hoje, além de dividir a experiência como magistrada em sala de aula, ela coordena a Escola da Magistratura Federal do Paraná (Esmafe). Nesta entrevista, Bianca falou sobre os planos para o período que vai estar à frente da escola, sobre sua trajetória e a experiência ao trabalhar com direito penal e sobre o impacto que temas como processos de abuso infantil tiveram sobre ela. A coordenadora da Esmafe recebeu a reportagem em seu gabinete no Juizado Especial Federal, em Curitiba.

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A senhora participou do início das investigações da operação Lava-Jato. Vocês tinham dimensão da repercussão que teria?

Começou em setembro, outubro e, no início, a gente não consegue nem individualizar as pessoas que estão envolvidas, a gente defere medidas cautelares. Por exemplo, analisamos indícios de que estaria havendo lavagem de dinheiro através de uma casa de câmbio. Então, a gente defere interceptações, e o resultado é mandado para o juiz que analisa se realmente há alguma coisa estranha e vai quebrar dados bancários. É algo que demora até fechar tudo, e se levam alguns meses até identificar quem realmente está envolvido em algo ilícito. Muitos nomes são citados, e nem por isso detectam um envolvimento concreto. A gente tem muita preocupação em estar pré-julgando, a nossa ideia nessa fase é se acautelar para que os direitos sejam totalmente garantidos, para que não exista nenhum prejuízo da investigação.

Estamos em um ano eleitoral e há muitos interesses envolvidos. Como juíza que atuou nesse caso, assim como em qualquer outro, nenhum juiz

atua com perspectiva, o nosso trabalho é esse. Encontrando indícios de autoria e materialidade, nós vamos analisar denúncias criminais que são feitas pelas pessoas que são preparadas para isso. O juiz da área criminal nunca atua com paixão ou pensando em quem está envolvido. Para nós são figuras como peças de um jogo de xadrez, pode ser fulano ou pode ser beltrano. Se de repente isso ensejar uma condenação e a pessoa tiver que sair do seu cargo para cumprir uma pena, isso é uma consequência que o código determina.

Como começou seu envolvimento com o direito penal? Escolhi uma vara criminal [a 2.ª vara de Curitiba], que era tida como a coisa mais

adequada para homens. Aqui na Justiça Federal a gente lida com crime organizado, lavagem de dinheiro, tráfico internacional de drogas. Crimes macroeconômicos, de quadrilhas mais capitalizadas. Eu escolhi porque eu tinha feito mestrado em Processo Penal e gosto muito da área criminal. Fui trabalhar nessa área, com polícia, fazendo curso de tiro, defesa pessoal. E para mim foi a melhor fase da minha vida, fiquei quatro anos lá. Trabalhei na época com Sergio Moro, que foi meu grande professor. A nossa vara foi especializada em lavagem de dinheiro um ano depois de eu ter entrado. Nós recebemos todos os inquéritos das CC5, do Banestado. Na época eram mais de 800 inquéritos, vindos de Foz do Iguaçu literalmente de caminhão.

A senhora foi a primeira mulher a ser aprovada em primeiro lugar para magistratura no TRF-4, em 2001...

Na época tinha poucas mulheres que faziam concurso. Foi uma surpresa para mim também. Houve reportagens falando que teriam sido quebrados padrões. Aqui na 4.ª Região sempre houve muito respeito, independentemente de ser mulher ou homem. Era mais um conceito externo, do que realmente o que passei. Até a prova oral não somos identificados. Na minha época foram 6.800 candidatos para 40 vagas. E foi totalmente uma inquirição técnica.

A senhora é de uma família de juristas e seu marido também. Qual a influência?

Aquilo do que tenho mais orgulho é que, tanto na minha família quanto na família do meu marido, todos batalhamos para chegar aos cargos que nós ocupamos, sempre foi uma coisa muito construída. Meu pai é concursado da Justiça Estadual, juiz de carreira. Ele sempre dizia para mim e para o meu irmão: “não sou empresário, não tenho herança. A única coisa que posso deixar é a cultura, vocês vão ter que estudar, porque o futuro vocês vão ter que formar”.

A senhora também participou da Operação Glasnost, que prendeu uma rede de abuso sexual na internet. Como foi?

Há dois anos retornei para Curitiba porque o doutor Moro foi requisitado para o STF e havia três operações em curso. E a vara começou a absorver crimes com os quais

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eu não tinha tanta habilidade, como casos relacionados a pedofilia, uma enxurrada. A Glasnost acabou mexendo muito comigo. Toda aquela paixão que eu tinha pela área do crime foi abalada. Eu não quis trabalhar na Justiça Estadual porque eu via meu pai, no interior, mexendo com esse tipo de coisa, abuso infantil, processos de estupro. Depois casei, tive duas filhas e isso me impactou bastante. Uma das piores coisas é ouvir dos investigados nesses casos: “Qual é o teu problema? Essa é minha opção sexual”. Eu chamava a esposa do réu e perguntava se ela o via fazendo isso, e ela respondia: “é o momento dele, é a vida dele”. Há criancinhas de 1 ou 2 anos cuja família toda participa desse tipo de abuso. É muito difícil de obter prova, e é muito difícil inquirir nesse tipo de processo. A gente sabe que qualquer tipo de abuso de uma criança dessa idade coloca em risco a vida dela.

Como a senhora avalia hoje a carreira da magistratura? É atrativa? A grande ideia da magistratura é o ideal de vida, é poder trabalhar com

independência e conseguir fazer a diferença, ainda que em um, dois ou três casos concretos. A Justiça Federal tem uma estrutura de respeito ao juiz de primeiro grau, de valorização dos servidores e juízes, que é bem distinta de outras áreas do direito. Mas o que eu vejo, de quando eu ingressei na magistratura até hoje, é que a gente sofreu progressivamente uma desvalorização. A carreira não tem sido atrativa para praticamente ninguém. Temos um controle exacerbado, o Conselho Nacional [de Justiça], o próprio tribunal, com estatísticas, a Ordem dos Advogados [do Brasil] sempre bastante ativa, mas também em um controle bastante intenso. Nós temos a impossibilidade de exercer qualquer tipo de trabalho, que não seja de um cargo de professor. Temos uma defasagem salarial enorme, que não alcançou nem mesmo a inflação, temos que comprar livro do próprio bolso, se vamos fazer um curso, temos de pagar do próprio bolso. Há essa falta de estímulo para que continuemos trabalhando com retidão e com vontade. Realmente, tem sido uma época muito difícil para a magistratura.

Quais são seus planos para o período em que vai coordenar a Esmafe? Aumentarmos cursos a distância. A nossa ideia é levar a escola da magistratura

para todos os cantos do Brasil, com módulos específicos para quem quiser saber sobre determinada disciplina. E também o preparo mais individualizado para os alunos que querem chegar à magistratura. Neste ano a gente está trabalhando com um coaching individual. A preparação dos conciliadores também é um projeto nosso. Temos essa parceria com a Justiça, fornecemos as pessoas certificadas. Isso é bom para o pessoal da conciliação, para o juiz e para as partes, que vão ser mais bem atendidas. Folha de Londrina Ex-prefeito é alvo de nova ação por improbidade MP questiona a dispensa de licitação para a contratação de serviço de limpeza dos prédios da Caapsml e da FEL Loriane Comeli Reportagem Local

O ex-prefeito de Londrina Barbosa Neto (PDT) responde à nona ação civil pública por improbidade administrativa por irregularidades praticadas durante seu mandato, entre maio de 2009 e julho de 2012. A acusação – em processo que começou a tramitar neste mês na 2ª Vara da Fazenda Pública – é de dispensa indevida de licitação para a contratação de serviço de limpeza dos prédios da Caixa de Assistência, Aposentadoria e Pensões (Caapsml) e da Fundação de Esportes (FEL). Os então presidentes das autarquias, Dênio Balarotti e Paulo Roberto de Oliveira, são os outros dois réus.

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A empresa contratada sem licitação foi a Proguarda que, ao lado de Barbosa e ex-secretários municipais, já figura como ré em uma ação por improbidade e uma ação criminal. A denúncia se refere a aditivo contratual de cerca de R$ 1 milhão (em contrato para limpeza de outros prédios do município) concedido indevidamente, mesmo com pareceres contrários de servidores do setor de licitações.

A Proguarda foi contratada ainda no primeiro ano do governo de Barbosa, por três meses, de forma emergencial ao custo de R$ 740 mil mensais. O contrato foi aditivado e prosseguiu por mais alguns meses, com o argumento de que uma licitação estava em andamento. A justificativa para a demora e a consequente dispensa era a "necessidade de alterar a forma de cálculo para o pagamento, passando de postos de serviços para metragem de área a ser limpa". Porém, quando o edital foi lançado, a medição continuava a ser "por postos de serviço".

Isso, segundo a ação, assinada pela promotora de Justiça Sandra Regina Koch, de Defesa do Patrimônio Público, "demonstra de forma cristalina que os réus omitiram-se em não instaurar o regular procedimento licitatório". Segundo ela, eles "fabricaram" uma situação emergencial "que foi usada para a contratação direta". A promotora requer a suspensão de direitos políticos do réus, multa civil e outras penas previstas na Lei de Improbidade, mas não há pedido de ressarcimento ao erário.

Barbosa não foi localizado ontem pela FOLHA. Em depoimento à promotora, ainda na fase de investigação, o ex-prefeito disse que acompanhava a execução "dos contratos grandes", mas "situações de menor porte eram tratadas pelas secretarias".

O ex-prefeito, que foi cassado pela Câmara em julho de 2012 e está com os direitos políticos suspensos por oito anos, responde a outras oito ações por improbidade. Tem duas condenações e três absolvições, mas nenhuma teve julgamento definitivo ainda, ou seja, cabe recurso tanto para Barbosa quanto para o Ministério Público, autor das ações. O pedetista também é réu em três processos criminais. Balarotti disse apenas que "não cometi nenhum ato irregular enquanto estava na Caapsml" e Oliveira, que mora no interior de São Paulo, não foi localizado. Kireeff: Situação da Caapsml é a mais preocupante Loriane Comeli Reportagem Local

O prefeito de Londrina, Alexandre Kireeff (PSD), acredita que empresas públicas e autarquias que compõem a administração indireta vão se recuperar financeiramente ao longo de 2014. "Não é otimismo. É fruto do trabalho que estamos desenvolvendo", declarou o prefeito. Conforme publicou a FOLHA na última segunda-feira, a Companhia de Desenvolvimento (Cohab), a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), a Caixa de Assistência, Aposentadoria e Pensões dos Servidores Municipais (Caapsml) e a Sercomtel fecharam as contas com prejuízos e necessidade de aporte financeiro.

Para Kireeff, a situação mais preocupante é a da Caapsml, cujo deficit contábil foi de R$ 25 milhões em 2013. Se nenhuma medida efetiva for adotada, a prefeitura teria de repassar verbas – algo próximo a R$ 30 milhões por ano – a partir de 2015 ou 2016 para que a autarquia continue a pagar aposentadorias e pensões. "Algumas cidades já repassam dinheiro para a caixa de aposentadoria dos funcionários", mencionou o prefeito.

"Queremos alternativas para evitar isso, alternativas mais modernas. Criamos um grupo institucional que vai analisar possibilidades ao longo deste ano. A situação da Caapsml é a que mais nos preocupa", disse. Estão sendo estudadas alternativas adotadas por órgãos de previdência de outros municípios, como geração de receita a partir de empreendimentos imobiliários em terrenos aportados pelo poder público.

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Quanto à Sercomtel, o prefeito disse confiar na avaliação do Conselho de Administração de que "a partir de julho deste ano a empresa vai ter equilíbrio operacional". "Talvez a Sercomtel ainda precise algum aporte, mas o pior já passou", disse. O prejuízo na telefônica em 2013 foi de R$ 60,4 milhões. Kireeff também demonstrou tranquilidade em relação à Cohab, que teve prejuízo de R$ 6,7 milhões no ano passado. "No começo de 2013, o deficit era de R$ 200 mil por mês; com o PDV e medidas de economia caiu para algo próximo de R$ 40 mil."

Em relação à CMTU, que acumulou prejuízo de R$ 1,3 milhão no ano passado, o prefeito disse que "é um caso à parte e que a conta não fecha mesmo". "A companhia sempre precisou de aportes e vai continuar precisando", comentou. Kireeff atribuiu o problema financeiro à "própria estrutura de empresa prestadora de serviços", que está sendo revista. Manutenção de Comissão dos Direitos da Criança gera debate na CML Luís Fernando Wiltemburg Reportagem Local

A proposta de manutenção da Comissão Permanente de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente no ano que vem gerou debate na Câmara Municipal de Londrina (CML) ontem, mesmo sem o projeto estar sob discussão. Os parlamentares rejeitaram, por nove votos a nove, a dispensa de tramitação especial do texto – seriam necessários dez favoráveis.

A comissão permanente existe desde 1991 e foi criada pelo ex-vereador Nivaldo Gotti. Porém, com o novo Regimento Interno, que passa a valer a partir de janeiro de 2015, o assunto será absorvido pela Comissão de Direitos Humanos.

Em fevereiro, Lenir de Assis (PT), Elza Correia (PMDB) e Sandra Graça (SDD) já haviam adiantado que tentariam manter o assunto em uma comissão independente. O texto chega agora e, sem a dispensa de tramitação especial, a Comissão de Justiça terá 40 dias para emitir parecer.

Ao pedir voto favorável, Lenir falou sobre a importância do tema, o que justifica que seja debatido por um grupo específico. Elza reforçou, ao declarar que considera que "conquistas não se retroagem".

Em contrapartida, Mário Takahashi (PV) justificou que o assunto não ficará esquecido e que a redução das comissões visa a otimização dos debates e abertura para a população. "As pessoas que se interessam pelo assunto poderão pleitear a Comissão de Direitos Humanos", lembrou. Devido à discussão que envolveu outros parlamentares, Rony Alves (PTB) também considerou ser importante a manutenção da tramitação especial. Maioria no STF absolve Collor Ex-presidente foi acusado pelo Ministério Público Federal de desviar dinheiro público por meio de contratos de publicidade Agência Estado

São Paulo - A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votou ontem pela absolvição do ex-presidente Fernando Collor, hoje senador pelo PTB de Alagoas, do crime de peculato (desvio de dinheiro cometido por funcionário público) no período em que ele governou o País, de 1990 até 1992.

Na ação penal oferecida pelo Ministério Público Federal em 2000, Collor é acusado de desviar dinheiro público por meio de contratos de publicidade "fraudulentos, desnecessários e onerosos", segundo a denúncia do MPF. A relatora do processo,

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ministra Carmen Lúcia, contudo, alegou ausência de provas e votou pela absolvição do ex-presidente, acusado de peculato, corrupção passiva e falsidade ideológica.

Seguiram o voto da relatora os ministros Dias Toffoli, Luiz Roberto Barroso, Luiz Fux e Ricardo Lewandowski. Os ministros Teori Zavascki, Rosa Weber e Joaquim Barbosa, presidente da Corte, também votaram pela improcedência da ação no que diz respeito ao crime de peculato, mas votaram pela prescrição dos crimes de corrupção e falsidade ideológica. O ministro Marco Aurélio Mello, primo do ex-presidente, se declarou impedido de participar do julgamento. Esta ação penal, conforme o próprio MPF, não guarda relação com o julgamento ocorrido em 1994, quando Collor foi absolvido das denúncias de corrupção no escândalo que acarretou seu impeachment.

A passagem do tempo e a demora para o julgamento levaram à prescrição de algumas das penas. Como Collor não exercia mandato eletivo depois da sua saída da Presidência, a investigação ficou a cargo da Justiça de primeira instância. Depois, com a eleição de Collor para o Senado, o processo foi remetido ao STF, o que já provocou certo atraso.

Em 2009, a ação foi distribuída para a ministra Cármen Lúcia, que deveria relatar o processo. Somente quatro anos depois ela liberou os autos para o revisor, o ministro Dias Toffoli. Este, por sua vez, liberou o processo para julgamento um dia depois de receber o caso, pois via risco de prescrição. O processo estava pronto para ser julgado, portanto, desde novembro do ano passado, mas só foi incluído na pauta do plenário pelo presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, nesta semana. Padilha indicou executivo para laboratório, suspeita PF Interceptações revelam que André Vargas teria passado um contato para Youssef a pedido de ex-ministro da Saúde Fausto Macedo e Andreza Matais Agência Estado

São Paulo e Brasília - A Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), indica que o ex-ministro Alexandre Padilha (Saúde), pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PT, teria recomendado o executivo Marcus Cezar Ferreira de Moura para a Indústria Farmacêutica Labogen, cujo verdadeiro controlador é o doleiro Alberto Youssef - alvo maior da investigação sobre lavagem de dinheiro que pode ter alcançado R$ 10 bilhões.

A PF interceptou troca de mensagem entre Youssef e o deputado federal André Vargas (PT-PR), em 28 de novembro de 2013, na qual os dois comentam sobre a indicação de Moura para a Labogen. Vargas passa para o doleiro o contato do executivo e diz que foi Padilha quem o indicou.

A Labogen tentou obter contrato milionário no Ministério da Saúde, ainda durante a gestão de Padilha, no âmbito de uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) para fornecimento de remédio para hipertensão. O Ministério informa que o contrato com a Labogen não chegou a ser assinado e que a pasta não liberou nenhum repasse. Segundo a PF, "existem indícios que os envolvidos tinham uma grande preocupação em colocar à frente da Labogen alguém que não levantasse suspeitas das autoridades fiscalizadoras". Justiça acata denúncia contra mais um doleiro Rubens Chueire Jr.Reportagem Local

Curitiba - O juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba acatou ontem mais duas denúncias feitas pelo Ministério Público Federal (MPF) do Paraná referentes aos relatórios da Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), que investiga um mega esquema de

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lavagem de dinheiro de cerca de R$ 10 bilhões. Na primeira delas, a Justiça abriu ação penal na qual são réus o doleiro Raul Henrique Srour, Rodrigo Henrique Gomes de Oliveira Srour, Rafael Henrique Srour, Valmir José de França, Maria Lúcia Ramires e Maria Josilene da Costa. Eles vão responder por crimes financeiros, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

Raul é apontado na denúncia como "líder do grupo criminoso e grande operador do mercado de câmbio negro, envolvido na prática de diversos crimes financeiros, tendo os demais acusados como auxiliares". Ele é um dos quatro doleiros investigados pela PF que são apontados como "peças-chave" de todo o esquema apurado pela Lava Jato. Além dele os demais doleiros são Alberto Youssef, Nelma Kodama e Carlos Habib Chater.

Raul segue preso na carceragem da PF em Curitiba, entretanto, na decisão de ontem, a Justiça Federal substituiu a prisão preventiva por medidas cautelares, entre elas o pagamento de fiança no montante de R$ 7,2 milhões.

Outra denúncia já aceita pelo Justiça diz respeito a Carlos Alexandre de Souza Rocha, apelidado de "Ceará". Ele foi denunciado pela prática de crimes financeiros, pois teria realizado diversas operações de câmbio no mercado negro entre 2009 e 17 de março deste ano. O juiz também determinou a soltura do réu, mediante cumprimento de medidas cautelares, como proibição de deixar o País e comparecimento a todos os atos processuais. Carlos saiu da carceragem da PF em Curitiba no final da tarde de quarta-feira, conforme informou seu advogado, Rodrigo Castor de Mattos.

Além das ações penais contra Srour e Rocha, o mesmo juiz também avaliou nova acusação do MPF contra o doleiro Alberto Youssef e mais cinco pessoas. Entretanto, essa denúncia foi suspensa até que um dos acusados se defenda do crime de tráfico e associação para o tráfico de drogas. Nestes casos é previsto um prazo para que o acusado se manifeste, antes de o juiz informar se aceita ou não a denúncia. Somente Rene Luiz Pereira foi acusado deste crime, e sua defesa terá dez dias para se manifestar. Aliado de Renan deve presidir CPI da Petrobras Agência Estado

Brasília - Assim que a Mesa do Senado mandar instalar a CPI da Petrobras e começar a correr o prazo para indicação dos nomes que comporão a investigação, o PMDB deve indicar o senador João Alberto (PMDB-MA) para presidir os trabalhos da comissão. Alberto é antigo aliado do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do antecessor, José Sarney (PMDB-AP), do qual Alberto é amigo de longa data.

Como maior partido do Congresso, o PMDB tem essa prerrogativa. A segunda maior bancada, no caso o PT, ficará com a relatoria, ainda sem dono. Obedecendo à proporcionalidade, o governo terá, em princípio, dez cadeiras para preencher. Do lado da oposição, a quem caberá 3 das 13 vagas, o senador Alvaro Dias (PR) já é uma certeza. Com ampla experiência em CPIs, a expectativa é de que ele seja o responsável pela apresentação de requerimentos.

Liminar A CPI exclusiva da Petrobras é possível em função de uma liminar da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF). Atendendo a um pedido da oposição, ela determinou a instalação imediata de uma CPI com foco apenas em suspeitas sobre a Petrobras. A decisão compromete a estratégia do governo de incluir na comissão apurações sobre o cartel de trens em São Paulo, o que atingiria o PSDB de Aécio Neves, e obras do Porto de Suape em Pernambuco, o que fustigaria o PSB de Eduardo Campos - ambos pré-candidatos ao Planalto.

A ministra afirmou que o direito garantido à minoria de criar CPIs para investigar irregularidades não pode ser submetido ao crivo da maioria, como propôs o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) - ele pediu que o plenário da Casa analisasse a

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possibilidade de instalar a CPI ampliada. Assim, até que o mérito da causa seja julgado pelo pleno do STF, Renan não pode submeter o assunto aos senadores. Morre segunda vítima da dengue no Paraná Homem tinha 58 anos, morava em Rolândia e apresentava hipertensão e diabetes Lucio Flávio Cruz Reportagem Local

Londrina – A Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) confirmou ontem a segunda morte causada por dengue no Paraná em 2014. Trata-se de um homem de 58 anos, que morava em Rolândia (Região Metropolitana de Londrina) e estava internado na Santa Casa de Londrina. Em janeiro, uma mulher havia morrido vítima da doença em Paranavaí, no Noroeste.

Fernando Bertotti foi internado no dia 9 e, em seguida, transferido para Londrina. O óbito aconteceu quatro dias depois. "A vítima tinha hipertensão e diabetes e após contrair dengue o seu quadro de saúde se agravou", relatou José Carlos Moraes, chefe da Divisão de Vigilância e Saúde da 17ª Regional de Saúde. O Comitê Estadual de Mortalidade da Dengue investiga ainda um terceiro óbito, que aconteceu na quarta-feira. Uma criança de 5 anos morreu em Sarandi (Região Metropolitana de Maringá) e a suspeita é que ela tenha contraído dengue hemorrágica.

O último boletim com os números da doença divulgado pela Sesa aponta que o Estado confirmou 5.282 casos da doença no período epidemiológico que teve início em agosto do ano passado.

Os dados atuais apontam que 12 municípios do Estado estão em situação de epidemia, já que apresentaram taxa de incidência de mais de 300 casos por 100 mil habitantes e outras oito estão em alerta. Outra preocupação é que 31 cidades registram alto índice de infestação do mosquito. De cada 100 imóveis visitados, quatro ou mais apresentaram focos do mosquito da dengue. Um novo boletim será divulgado no início da próxima semana.

A expectativa da Sesa é que a partir do mês de maio o número de casos e notificações comece a diminuir em virtude do clima mais ameno no Estado. "Mas é fundamental que não baixemos a guarda no controle para não deixar condições favoráveis de proliferação do mosquito, sob o risco de enfrentarmos uma epidemia no próximo verão", alertou Ronaldo Trevisan, técnico da Sala de Situação da Dengue da Secretaria.

Na 17ª Regional de Saúde, que agrega Londrina e mais 20 municípios, são 5.589 notificações e 727 casos confirmados. Em Londrina, são 351 confirmações e mais 2.806 casos suspeitos. Algumas cidades, como Cambé, Ibiporã, Alvorada do Sul, Florestópolis, Jaguapitã e Rolândia, preocupam pela altíssima infestação vetorial e taxa de incidência da doença, com muitas notificações e casos confirmados.

"Cobramos dos municípios medidas estratégicas, já que os trabalhos de rotina não têm surtido efeito", ressaltou José Carlos Moraes, chefe da Divisão de Vigilância e Saúde da 17ª. "Essas cidades chegaram nesta condição de epidemia e risco porque houve dificuldade na gestão do trabalho, como número de agentes ideais, meta de visitas e bloqueios de ocorrências suspeitas, e um relaxamento da população em eliminar o lixo e os criadouros dos mosquitos", apontou.

Apenas quatro municípios da Regional ainda não registram nenhum caso: Cafeara, Miraselva, Prado Ferreira e Tamarana.

A Prefeitura de Rolândia abriu teste seletivo para contratação emergencial, por 180 dias, de 20 agentes para atuar no combate à dengue. As inscrições podem ser feitas até segunda-feira. O município já registrou 47 casos confirmados e 172 notificações.

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"A nossa maior preocupação é com a região central, que apresentou no último Levantamento Rápido do Índice de Infestação do Aedes aegypti (LIRAa) uma taxa de 3,8% nos imóveis visitados. Os principais criadouros encontrados pelos agentes são os pratinhos nos vasos de flores", frisou Rafael Ferreira Dias, gerente de Saúde Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde. Uma taxa entre 1% e 3,9% coloca a região em situação de alerta para epidemia. Aplicativo para consultar se alguém é foragido Folhapress

São Paulo - O Ministério da Justiça lançou ontem o aplicativo Sinesp Cidadão. Por meio dessa ferramenta, é possível consultar se uma pessoa está sendo procurada pela Justiça e avisar a polícia.

O aplicativo é composto por um cadastro com 352 mil mandados de prisão não cumpridos. Qualquer pessoa pode baixar o aplicativo gratuitamente, no smartphone ou tablet. Ele já está disponível para sistema Android e ficará disponível para iOS (Apple) em até dez dias, informa o ministério.

Na consulta a mandados, é preciso digitar os dados de alguém - como o nome, nome da mãe ou número de algum documento (RG, CPF, título de eleitor, passaporte, certidão de nascimento ou casamento, carteira de trabalho, entre outros).

Quando um nome é localizado, o aplicativo informa mais detalhes do procurado, como apelido, sua nacionalidade e data de nascimento. O Ministério recomenda que a pessoa ligue para a polícia (190) informando detalhes de onde se encontra o procurado.

"A integração da sociedade num país continental como o nosso é de grande importância para que tenhamos sucesso nas nossas políticas", afirmou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

A política teve bons resultados com outra ferramenta digital de colaboração popular, o Check Placa. Segundo o Ministério da Justiça, foram mais de 1,2 milhão de downloads do aplicativo, que ajudaram a recuperar 33 mil carros roubados ou furtados em quatro meses. Brasileiro está insatisfeito com serviço público Por outro lado, pesquisa aponta que maioria acredita que qualidade de vida melhorou Beatriz Bulla Agência Estado

São Paulo - A maior parte dos brasileiros tem a sensação de que a vida melhorou nos últimos anos, mas quer mais. Três mil entrevistados ouvidos em todas as regiões do País avaliam mal os serviços públicos, querem mais qualidade e preferem uma melhora nos serviços a uma redução da carga tributária. É o que revela a pesquisa "A relação dos brasileiros com os serviços públicos", realizada pelo Data Popular e divulgada ontem.

Para 67% dos brasileiros a vida melhorou no último ano e esse avanço foi fruto do esforço pessoal (52%) e de Deus (31%). Apenas 2% creditam a melhora de vida ao governo. Em Londrina, a manicure Luzelite Nascimento, de 45 anos, está entre os 33% que acham que a vida teve uma queda de qualidade. "No último ano a minha vida piorou, pois trabalhamos mais e ganhamos menos proporcionalmente", afirmou. A pesquisa aponta que 85% dos brasileiros não conseguem comprar hoje o que compravam no ano passado com o mesmo valor e 59% deles possuem a percepção de que os preços aumentaram, o que faz com que 63% considerem muito difícil ou difícil pagar as contas.

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Apenas 44% acreditam que o Brasil está progredindo. Os insatisfeitos com o rumo do Brasil são maioria: 57% avaliam que o País não está no caminho certo e 36% pensam o contrário. Apesar da percepção negativa com relação ao Brasil, 85% dos ouvidos acreditam que a vida vai melhorar no próximo ano.

"A pesquisa deixa claro que os brasileiros estão chamando para si a responsabilidade pela melhora de vida e esperam um governo que seja plataforma para esse avanço, por isso defendem que educação gratuita e saúde gratuita sejam oferecidas", avaliou o presidente do Data Popular, Renato Meirelles.

Entre os entrevistados, 81% utilizam educação pública, 75% dependem de hospitais públicos e postos de saúde e 59% são usuários de transporte público. A maioria (56%) ainda aposta que as políticas do governo são as principais formas para garantir direitos e também é maioria o grupo que apoia que o governo atue com força na economia para evitar abusos de empresas (61%).

Para o porteiro Eliseu Marques de Oliveira, de 30 anos, os serviços privados de qualidade são exatamente dos setores em que o serviço público está falhando. "Com os serviços públicos ruins, a qualidade dos serviços privados acaba caindo também. Quem paga plano de saúde está ficando o mesmo tempo na fila de espera que em um serviço público. A queda de qualidade aconteceu com a educação e com o transporte público também", reclamou.

Mesmo assim, a percepção do serviço privado ainda é melhor do que a do público. "Percebemos na pesquisa que, em geral, os brasileiros avaliam melhor os serviços privados do que os públicos", complementa Meirelles. A média geral dos serviços privados foi de 5,1 contra 3,95 dos serviços públicos. A pesquisa apontou, por exemplo, que 71% dos brasileiros usariam hospitais e postos de saúde privados se pudessem escolher.

"O brasileiro está mais exigente porque sabe o seu direito e gostaria muito de cobrar o governo do mesmo jeito que cobra o setor privado. Se um serviço privado não funciona, ele recorre ao Procon. Mas se o SUS não funciona, ele vai recorrer a quem?", destacou o presidente do Instituto Data Popular.

Em sua maioria, os entrevistados disseram ser favoráveis à oferta gratuita de serviços públicos - desde hospitais (91%) até internet (54%), passando por educação, universidade, creche, remédios e transporte. Mas não basta gratuidade, é preciso também melhorar a qualidade da oferta.(Colaborou Vítor Ogawa/Reportagem Local)

Avaliação da segurança é a mais baixa

São Paulo - A nota dada pelos entrevistados na pesquisa "A relação dos brasileiros com os serviços públicos", do Data Popular, para a segurança é a mais baixa: 3,64. A situação não melhora na avaliação da educação pública (4,56), saúde (3,73) e transporte (3,87). A relações-públicas Fabiane Galliano, de 23 anos, diz que usa bastante os ônibus em Londrina e qualifica os serviços como ruins. Ela afirma que a tarifa é cara e a qualidade não corresponde ao que ela paga todos os dias. "Além disso as ruas estão muito esburacadas", reclamou.

Tamanha é a insatisfação com os serviços entregues atualmente que, apesar de 78% concordarem com a afirmação de que hoje os impostos são mais altos do que deveriam ser, 81% prefeririam uma melhora nos serviços públicos a impostos menores. Só 18% optariam pela redução da carga tributária em detrimento da melhora nos serviços. No entanto, para o agricultor Rosálio José da Silva, de 67 anos, entre reduzir os impostos e melhorar os serviços, ele fica com as duas opções. "Não são alternativas excludentes. É possível reduzir os impostos e, ao mesmo tempo, melhorar os serviços públicos", argumentou. Ele apontou que a melhoria dos serviços de saúde e a educação devem ser a prioridade dos governantes.

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A pesquisa aponta que 61% acham que pagam muito imposto, 11% acham que não é nem muito nem pouco, 9% acham que pagam pouco e 17 % acreditam que não pagam impostos. O vendedor Alisson Vinícius Linar, de 25 anos, apontou que os empresários já arcam com uma carga grande de impostos e ainda precisam financiar planos de saúde privados para seus funcionários. "A maioria das empresas pede falência com menos de quatro anos de existência porque não aguenta pagar os descontos do INSS, a taxa sindical, os impostos e os planos de previdência privada", reclamou.

Os entrevistados foram ouvidos em 53 cidades de todas as regiões do Brasil, com pesquisa feita entre todas as faixas de renda. A margem de erro é de 1,8 ponto porcentual. (B.B. e V.O.) Bem Paraná Política em Debate / Demandas

Tomou posse ontem o novo procurador-geral do Ministério Público de Contas, Michael Richard Reiner, eleito por aclamação para dirigir o órgão ministerial no biênio 2014/2016. Na posse, ele defendeu que o órgão deve atuar em setores de grande repercussão social, onde as demandas da população não têm sido atendidas devidamente. Como exemplo, Reiner citou a atuação do órgão na regularização dos cargos comissionados. O MPC dá parecer em cerca de 22 mil processos anuais e participa de todas as sessões deliberativas do Tribunal de Contas do Estado. Atualmente, o órgão ministerial conta com 10 procuradores, 20 servidores – entre efetivos e comissionados – e 20 estagiários. PF liga Youssef ao ex-ministro Padilha / Karlos Kohlbach

O escândalo envolvendo a prisão do doleiro Alberto Youssef vem maculando o PT. Primeiro foi o deputado federal André Vargas (PT), que caiu em desgraça depois que foi revelado que o parlamentar pediu um jatinho emprestado ao doleiro para viajar de férias com a família. Agora, o desdobramento da investigação da Polícia Federal chega ao coração do PT – mais precisamente no ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, candidato ao governo de São Paulo e principal aposta do partido nas eleições estaduais. Um relatório da PF divulgado ontem revela que Padilha indicou, em novembro de 2013, o principal executivo do laboratório Labogen. Segundo a PF, este laboratório pertencia de fato ao doleiro Alberto Youssef – mas estava em nome de laranjas. O executivo indicado por Padilha é Marcus Cezar Ferreira de Moura, que havia trabalhado com o petista na coordenação de eventos no Ministério da Saúde. Um mês depois da indicação de Moura, o ministério comandado por Padilha firmou uma parceria com a Labogen no valor de R$ 31 milhões para fabricação de um medicamento. Se até agora o PT já vinha sendo desgastado com o caso de André Vargas, a revelação do envolvimento de Padilha com o doleiro vai elevar a temperatura dentro do PT. Uma boa fonte que conhece de perto a investigação da PF conta que os próximos capítulos irão comprometer ainda mais o PT. É tudo que a oposição precisava às vésperas de uma eleição presidencial.

Falando em Youssef… O juiz federal Sérgio Moro aceitou ontem mais duas denúncias contra o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na operação Lava Jato. Além dele, foram denunciados Andre Catão de Miranda, Carlos Habib Chater, Maria Fátima da Silva, Rene Luiz Pereira e Sleiman Nassim El Kobrossy. Todos são acusados de lavagem de dinheiro e Rene Luiz Pereira é acusado também de tráfico de drogas e associação para o tráfico. A segunda denúncia aceita por Moro é contra Carlos Alexandre

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de Souza Rocha, conhecido como Ceará. O Ministério Público Federal (MPF) é acusado de crime contra o sistema financeiro nacional. Conta uma fonte do Poder Judiciário que ainda nesta semana, Moro deve aceitar a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-presidente da Petrobras, Paulo Roberto da Costa.

Gleisi dá o “beijo da morte” em Vargas A entrevista concedida pela senadora Gleisi Hoffmann (PT) ao jornalista Fernando Rodrigues, da Folha de São Paulo, pode ser considerada o beijo da morte no deputado federal André Vargas (PT). Ao ser questionada sobre a “atuação” de Vargas com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na operação Lava Jato, Gleisi afirmou categoricamente que a relação entre o petista e o doleiro “não encontra justificativa”. Vargas estava cotado para coordenar a campanha de Gleisi ao governo do Paraná.

Os interesses de Renan sobre a Petrobras Quem conhece o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB), sabe que ele é um político que não dá ponto sem nó. Neste episódio da CPI da Petrobras, Renan tem papel fundamental. Cabe a ele, como presidente do Senado, instalar a CPI – que teve a instalação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), atendendo pedido dos partidos de oposição. Mas, ao invés de instalar a comissão, Renan anunciou ontem que, como presidente do Senado, vai recorrer da decisão do STF. Renan tem interesses pessoais para evitar a CPI, pois é público e notório que alguns cargos de chefia na estatal são de indicação de Renan. Sérgio Machado, por exemplo, que é presidente da Transpetro, é cota do peemedebista. A transpetro é um braço da Petrobras em processamento de gás natural e logística de combustível – e por lá jorram milhões de dólares. O nome de Sérgio Machado é citado numa agenda apreendida na casa do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, preso pela Polícia Federal na operação Lava Jato. Os dois se encontraram mesmo depois que Costa deixou o cargo na estatal. Este é apenas um dos motivos pelos quais Renan Calheiros prefere ver a CPI da Petrobras enterrada. Renan acusou o golpe e reagiu anunciando que vai tentar derrubar a CPI no STF.

PT desistiu de evitar CPI Com o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB), na missão de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar derrubar a CPI da Petrobras, o PT vai concentrar forças em outra frente: vai destacar a base na Câmara Federal e no Senado para coletar assinaturas para instalar a CPI para investigar os contratos de construção do metrô de São Paulo e do Porto de Suape, em Pernambuco – que na visão dos petistas poderia desgastar o PSDB de Aécio Neves e o PSB de Eduardo Campos, ambos pré-candidatos a presidência da República contra Dilma Rousseff (PT). HIV / Presos farão testes rápidos

A população carcerária do Paraná passa a contar com testes rápidos para detecção do HIV, sífilis e hepatites virais. Para a realização dos exames, 10 servidores da área da saúde do Departamento de Execução Penal do Paraná (Depen) foram capacitados nesta quinta-feira (24) para fazer o diagnóstico primário nas penitenciárias, que são de responsabilidade da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos. O Diário do Norte do Paraná Cesáreas são 95% dos partos na rede privada e 59% no SUS Dos 4.923 procedimentos no ano passado em Maringá, 3.916 foram operações cirúrgicas

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Motivos que justificam os índices são falta de informação e mitos que envolvem o parto normal Ana Luiza Verzola

De cada 10 crianças que nascem em hospitais em Maringá, quase oito são por cesárea. No ano passado, 3.916 dos 4.923 procedimentos - pelo Sistema Único de Saúde e particular - de residentes na cidade foram cesarianos, permanecendo distante o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) deste tipo de intervenção representar até 15% dos partos de uma região. Quando o recorte é feito com partos feitos pelo SUS em 2013, as cesarianas correspondem a 59%. Na rede privada, o índice salta para 95%.

No Paraná, segundo o Grupo Gesta Maringá, o índice de cesáreas pelo SUS e rede particular chega a 55%; em Londrina e Curitiba, 57%; e em Cascavel, 58%.

Mesmo alarmante, aos poucos parece que a questão apontada por especialistas como cultural tem se modificado: o parto normal no particular quase dobrou – de 65, em 2012, para 120 no ano passado. "Estamos permanentemente em campanha para que o parto normal seja estimulado entre o grupo de gestantes", afirma o secretário de Saúde de Maringá, Antônio Carlos Nardi. Foi pensando nisso, por exemplo, que o programa municipal Mãe Maringaense foi criado há um ano. "Isso é Brasil: não é uma questão financeira. Hoje, o parto normal para a mulher, no que diz respeito à tabela de remuneração do médico, é melhor, para incentivar. Estamos obtendo resultados, mas é algo em longo prazo", comenta Nardi.

Na rede particular, o pacote básico da cesárea, sem contar o valor do cirurgião e auxiliar, custa em torno de R$ 2,4 mil. Se for parto normal, a quantia dobra – a justificativa dos hospitais é que o parto normal é regido pelo imprevisto, sem hora certa para a equipe trabalhar.

Uma pesquisa desenvolvida pela Fiocruz, intitulada "Trajetória das mulheres na definição pelo parto cesáreo", acompanhou 437 mães que tiveram seus filhos no Rio de Janeiro, na saúde suplementar. No início da gestação, 70% não pensavam na cesárea como preferência. No entanto, 90% acabaram dando à luz com a intervenção cirúrgica. O levantamento mostra que dois dos fatores que fazem a mulher mudar de ideia no decorrer da gestação é a "falta de informação em relação às vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de partos e a baixa participação do médico como fonte desta informação".

Em Maringá, os fatores relatados que mais influenciam são: medo de sentir dor, demora (partos normais podem durar mais de 12h) e até mesmo que a anatomia vaginal seja alterada. "Esses tipos de receios são costumeiros por parte das pacientes. Por outro lado é uma prática frequente também o próprio médico induzir a essa decisão [de optar pela cesariana] por ser mais prático", diz o médico ginecologista e obstetra João Maria da Silveira.

Se por um lado um parto normal leva horas, o cesariano pode ser feito em até 45 minutos, previamente agendado. A defesa, no entanto, é que pensando na saúde da mãe e do bebê, o procedimento normal é o mais recomendado. "O risco é menor que o parto cirúrgico, a paciente preserva sua saúde reprodutiva, a recuperação dela é muito melhor, a lactação é algo que vem de forma mais natural e uma coisa que considero o mais relevante: a interação mãe e filho que esse momento proporciona", diz Silveira. "Não vejo nenhuma vantagem optar por cesariana, até por ser mais suscetível a risco de infecção." Outro "contra" da cesariana é o bebê nascer prematuro.

Há 37 anos na área, o médico ressalta que a decisão final deve ser sempre da mãe. "É algo ético. O médico tem que passar todas as informações e orientações, mas precisa respeitar a opinião da mãe porque ela decide sobre o o próprio corpo."

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No Gesta Maringá, orientação sobre o normal Quando criado, em 2006, o grupo Gesta Maringá nadava contra a maré: queria

informar e conscientizar futuras mães optarem pelo parto normal. "Nosso sistema é muito intervencionista e o nascimento é um processo natural", comenta a coordenadora do grupo, Milena Brandão Seko, que começou a participar do "Gesta" como gestante em 2011.

Hoje, a realidade dos partos, ainda que a passos lentos, caminha para o esclarecimento. "A mídia tem divulgado e as mulheres estão buscando mais informações. Mas é uma verdadeira guerra a busca por humanização", diz.

No grupo de orientação - são duas reuniões por mês que contam com a participação de 20 pessoas -, todos os esclarecimentos e informações são gratuitos. "Também acompanhamos os partos; a partir de agora por exemplo eu tenho oito gestantes agendadas. Contamos inclusive com uma equipe de enfermeiras especializadas", afirma Milena, que por meio do grupo conseguiu ajudar outras mães a realizar um sonho próprio.

Depois do nascimento de Laura, hoje com 9 anos, Milena sentiu um vazio existencial. A sensação que teve foi que a criança foi arrancada do corpo da mãe, sem cerimônias. O trauma da cesárea a fez tomar uma decisão: teria parto normal na próxima gestação. E então veio Elisa, hoje com 2 anos. A gravidez foi acompanhada de perto pelo grupo Gesta Maringá. Milena se informou melhor, preparou-se e aguardava ansiosa pela chegada da segunda filha. Mas Elisa foi impassível, não virou. Não saiu, permaneceu sentada, esperando também.

Fora da posição ideal para a realização do parto normal e sem alternativa nos hospitais de Maringá, que não oferecem a opção de parto pélvico (onde o bebê também nasce de forma natural, mas sentado), Milena foi submetida a mais uma cirurgia. Trocou de médico três vezes até encontrar um que soubesse esperar a hora de Elisa nascer. "Pude esperar o dia de entrar em trabalho de parto. Fiquei 12h em trabalho de parto porque sabia que isso é importante para o bebê." Mesmo assim o procedimento foi necessário. A frustração frente ao sistema deu lugar para a descoberta de um dom: hoje coordenadora do grupo que a acolheu em 2011, ela acompanha na condição de doula [assistente de parto] outras mães que querem se informar para decidir de que forma trazer os filhos ao mundo.

Situação "É uma verdadeira guerra a busca por humanização (do parto)." Milena Brandão Seko Coordenadora do Gesta Maringá

Independente da escolha, o respeito

Foram 37h até Bernardo vir ao mundo, em 2011. "Você se sente invencível. É algo mágico, eu não lembro da dor, lembro do cansaço porque não comi e não dormi nesse tempo todo, mas você se enxerga como uma guerreira. É uma comunhão com a natureza muito grande", relata a instrutora de processos eletrônicos, Isis Schiffler Bandeira, sobre o parto normal do primeiro filho.

Isis, que está no nono mês de gestação, diz que Yasmin vai nascer por parto humanizado e domiciliar. "Estou ansiosa porque ela está sentada e estou à beira de passar por uma cesárea se ela não virar." Para ajudar, ela faz exercícios orientados que podem ajudar na posição da criança.

Quando as amigas a questionam sobre o assunto, a orientação é se informar, até mesmo antes de planejar o bebê. Para ter sua vontade respeitada, aos "45 minutos do segundo tempo", duas semanas antes do filho nascer, Isis chegou a mudar de médico. "Queria que meu filho viesse na hora certa", conta. Mesmo com os prós e contras, antes de se decidir, o medo foi o principal obstáculo. "Se você não tem medo do parto normal, você não é completamente sã". Ela ressalta ainda que o ideal é verificar o que é melhor para mãe e o bebê. "Principalmente o bebê, que é um ser indefeso."

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Cesárea Muito antes de 1º de julho do ano passado, dia em que Arthur nasceu, a mamãe de primeira viagem Isabella Cornicelli queria que, além de ter o seu bebê nos braços, o parto fosse uma cesárea. "Um dos motivos é que eu sou muito ansiosa. Não sei se aguentaria ficar esperando o dia de ele nascer sem desespero. Na cesárea nos organizamos e fomos para a maternidade", argumenta. Foi com a tranquilidade que ela como mãe esperava.

O que Isabella não imaginou foi que o fato de escolher cesáre a implicasse em ouvir comentários negativos sobre sua escolha. "Já ouvi gente dizendo que 'fulana' era menos mãe porque não tinha feito parto normal e não tinha sentido dor", diz. Com o apoio da família e do namorado, ela foi em frente. "Cada um tem o direito de escolher o que quiser. Os dois partos têm seus prós e contras, por isso cada mãe precisa, junto com o médico, escolher o que vai ser melhor." Passada a tensão do primeiro parto e do primeiro filho, ela não descarta a possibilidade de um parto normal caso venha a engravidar novamente. "Antes de ter filho achamos que é coisa de outro mundo, mas agora percebo que não." 11 homicídios de 2014 ainda precisam ser elucidados Maringá soma 20 assassinatos no ano; nove casos já têm presos ou suspeitos com ordem de prisão Número de ocorrências aumentou 25% este ano ante o mesmo intervalo de 2013 Leonardo Filho

Levantamento feito por O Diário na Delegacia de Homicídios (DH) de Maringá revela que dos 20 assassinatos ocorridos neste ano na cidade, em nove os autores já presos estão com ordem de prisão decretada pela Justiça. Dos demais 11 casos, a polícia afirma já ter indícios para apontar suspeitos em dez.

De acordo com a DH, apenas para o caso do desempregado Marcelo Gomes da Silva, 32 anos - morto a pauladas no Parque Tuiuti -, não foram encontrados indícios ou informações que levem a polícia a autores.

O objetivo das investigações relacionadas aos homicídios, agora, é conseguir novos mandados de prisão com a Justiça, além de localizar os foragidos. "Há uma demanda grande de investigação, inclusive porque as tentativas de homicídios também são responsabilidade da nossa delegacia. Por isso o trabalho não para", diz o delegado titular da DH, Paulo Cesar da Silva.

O volume de inquéritos tem aumentado para os policiais, já que a quantidade de homicídios mostra crescimento na cidade. Comparativo mostra que enquanto neste ano Maringá já registra 20 assassinatos, no mesmo período de 2013 a polícia trabalhava com 16 ocorrências do tipo - alta de 25%.

"São casos isolados e com motivações diferentes. Nos mais recentes, por exemplo, notamos que o tráfico de drogas não foi a causa principal. As investigações mostram, em geral, que foram crimes cometidos por vingança", detalha Silva.

Um exemplo apontado pelo delegado é o caso de Rodrigo Gomes dos Reis, 19, conhecido como "Mosquito", morto a tiros no dia 13 deste mês. O jovem era suspeito de participar de três assassinatos. A polícia diz ter pistas do caso e a motivação teria sido vingança por um dos crimes cometidos pelo jovem.

O assassinato mais recente esclarecido pela polícia é o do autônomo Leodair Antônio Marques, 42. Ele foi morto a facadas no dia 14 de abril, na Avenida Brasil, centro de Maringá. Os suspeitos são Denis Aparecido da Silva, 30, e Rodrigo de Moraes Garcia, 19. Os dois se apresentaram ao delegado e, segundo a polícia, confessaram a autoria. Como não havia mandado de prisão, foram liberados.

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Ainda de acordo com a polícia, Marques teria pego o carro de Silva emprestado e não o devolveu. Ao tentar pegar o veículo de volta, houve uma briga, e Garcia teria golpeado a vítima. Diário dos Campos Juíza questiona falta de Conselho da Cidade em PG Luana Souza

A juíza da 2ª Vara da Fazenda Pública de Ponta Grossa, Luciana Virmond Cesar, determinou no último dia dez deste mês a realização de duas perícias na área em que seria implantado o empreendimento Skyline, no Jardim América, para verificar áreas de preservação ambiental e também questões de impacto de vizinhança. Além disso, a juíza observou, no mesmo despacho, a falta de atuação do Conselho Municipal da Cidade de Ponta Grossa, com instituição prevista no Artigo 24 do Plano Diretor do Município, vigente desde 2006. “Houve descumprimento do Plano Diretor de Ponta Grossa também em várias outras alterações realizadas na Lei de Zoneamento de Uso e Ocupação do Solo", descreve a juíza no processo.

A magistrada destacou, ainda, no documento que os vereadores Júlio Küller (PSD) e George Luiz de Oliveira (PMN) reconheceram, quando intimados a prestar informações sobre a aprovação do projeto de construção das torres, no fim do ano passado, que realmente o Conselho não existe e que já deveria ter sido instituído. Com isso, a juíza reafirmou que as informações prestadas pelos dois, levam a crer que a participação popular e a gestão democrática, nas matérias relacionadas às alterações do zoneamento urbano, vêm sendo inviabilizadas em Ponta Grossa, em virtude da omissão em instituir o Conselho Municipal da Cidade. Assim, ela determinou, que tais fatos sejam apurados pela Promotoria de Justiça, com atribuições do Patrimônio Público.

Leia mais na edição impressa. Tribuna do Norte Homem que tentou matar a mãe por causa de doações para igreja é condenado em Apucarana "Já perdoei ele e queria muito que ele voltasse comigo para casa", disse a mãe do réu Luiz Demétrio

O júri popular realizado hoje (24), no Fórum Desembargador Clotário de Macedo Portugal, em Apucarana, resultou na condenação de Bráulio da Silva Shafranski, de 29 anos. Ele pegou pena de 3 anos condenado a regime semi-aberto. De acordo com denúncia oferecida pelo Ministério Público (MP), em 6 de dezembro de 2008 Bráulio tentou matar a própria mãe, Mariana Joli da Silva, de 52 anos, com golpes de faca. Na oportunidade a mulher reagiu, chegou a dar uma facada em uma das pernas do filho e depois fugiu correndo. Os jurados entenderam que mãe e filho foram vítimas de uma ação supostamente inescrupulosa protagonizada por pastores da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), já que a mulher, viúva, doou mais de R$ 100 mil sob a promessa dos religiosos de obtenção de "inúmeras graças através da Fogueira Santa", graças essas

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que nunca se tornaram realidade. O filho se revoltou com as doações e o entrevero com a mãe resultou em tentativa de homicídio com golpes de faca.

A Promotoria de Justiça havia pedido a condenação de Bráulio por tentativa de homicídio simples."Se os jurados acatassem a nossa tese, o Bráulio cumpriria a pena em regime aberto. Antes de responder o processo em liberdade, ele chegou a ficar preso durante oito meses", afirmou o promotor Gustavo Marcel Fernandes Marinho.

Segundo o advogado de defesa, Odair Cordeiro dos Santos, o réu também foi vítima na situação. "Após o falecimento do pai de Bráulio, a mãe dele, que hoje já o perdoou, começou a doar bens a inventariar para pastores de uma igreja evangélica de renome nacional e internacional, como um veículo GM Astra e mais de R$ 60 mil em dinheiro, que seriam colocados na fogueira santa como forma de obter graças de Deus. Depois disso, os pastores queriam ainda que ela doasse uma edificação na Rua Aquiles, na Vila Nova, com apartamento e sala comercial, único bem que havia restado à família,para obter a graça total e ficar sob a tutela dos religiosos. Isso revoltou Bráulio, que na época tomava remédios controlados, e o entrevero acabou resultando nessa situação totalmente desaconselhável", reiterou Odair.

Ainda conforme o defensor, os tais "pastores, que hoje já não estão mais em Apucarana, teriam até "recomendado que Mariana parasse de dar os remédios controlados para o filho. O júri do filho que deu facadas na mãe foi presidido pelo juiz Osvaldo Soares Neto e na acusação trabalhou o promotor Gustavo Marcel Fernandes Marinho.

Mãe Arrependida - "Já perdoei meu filho e queria muito que ele voltasse comigo para casa. Em relação às doações de bens feitas à Igreja Universal do Reino de Deus, estou pensando em entrar com uma ação da Justiça para reverter essas doações, pois foram feitas sob muita pressão dos pastores. Cheguei a deixar de pagar contas par fazer doações; parece que sofri lavagem cerebral, pois doei para IURD mais de R$ 100 mil", afirmou a mãe do réu, Mariana Joli da Silva.