gazeta da costa - edição nº 4

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Abril de 2012 • Edição nº4 “Sou inocente” Vice-prefeito, Wagner Teixeira, se defende das acusações por pesca ilegal em área de preservação. Ruas da amargura Motoristas sofrem com estado precário da Avenida Mãe Ber- nada (Juquehy) e da Rua Sebastião Romão César (Maresias). Dinheiro desviado Verba estadual para ampliação de projeto social em Barra do Una foi usada em calçamento de ruas em outros bairros. Mudou o padre Agressões e ameaças Contratos irregulares Vice-prefeito concede entrevista em seu gabinete e admite que imagem ficou arranhada Índios de Boracéia fazem apresentação de canto e dança à reportagem da Gazeta da Costa Pág. 5 Págs. 8 e 9 Pág. 3 Págs. 14 e 15 Pág. 4 Pág. 16 Pág. 7 Embora sejam rivais políticos, Ernane e Juan têm, em comum, multas aplicadas pelo Tribunal de Contas do Estado. Contratos da merenda escolar foram julgados irregulares. Vereador PH leva coronhadas em sua própria residência e é salvo pela irmã. Agressor é coronel da PM e ex-secretário de Segurança do município. Padre Marcelo Thurmann deixa a paróquia da Costa Sul por determinação do bispo. Festas e conclusão da Igreja Ma- triz marcaram sua trajetória na região. Fotos: Helton Romano Dia do Índio: pouco a comemorar Os mais de 400 habitantes da Terra Indígena do Ribeirão Silveira, localizada em Bora- céia, aguardam as melhorias que lhes foram prometidas pelas prefeituras de São Se- bastião e Bertioga, além do Governo do Estado. Um centro comunitário, que deveria ter sido entregue no final do ano passado, ainda não foi se- quer iniciado. O espaço serviria como ponto de venda dos artesanatos e produtos agrí- colas produzidos pelos índios. Enquanto a obra não sai do papel, eles se viram no acos- tamento da rodovia. A Gazeta da Costa visitou a aldeia e consta- tou também que uma padaria, instalada pela Prefeitura em 2007, está desativada. Confira em reportagem exclusiva.

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Jornal da Costa Sul de São Sebastião

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Page 1: Gazeta da Costa - edição nº 4

Abril de 2012 • Edição nº4

“Sou inocente”Vice-prefeito, Wagner Teixeira, se defende das acusações por pesca ilegal em área de preservação.

Ruas da amarguraMotoristas sofrem com estado precário da Avenida Mãe Ber-nada (Juquehy) e da Rua Sebastião Romão César (Maresias).

Dinheiro desviadoVerba estadual para ampliação de projeto social em Barra do Una foi usada em calçamento de ruas em outros bairros.

Mudouo padre

Agressões e ameaças

Contratosirregulares

Vice-prefeito concede entrevista em seu gabinete e admite que imagem ficou arranhada

Índios de Boracéia fazem apresentação de cantoe dança à reportagem da Gazeta da Costa

Pág. 5

Págs. 8 e 9

Pág. 3

Págs. 14 e 15

Pág. 4 Pág. 16 Pág. 7

Embora sejam rivais políticos, Ernane e Juan têm, em comum, multas aplicadas pelo Tribunal de Contas do Estado. Contratos da merenda escolar foram julgados irregulares.

Vereador PH leva coronhadas em sua própria residência e é salvo pela irmã. Agressor é coronel da PM e ex-secretário de Segurança do município.

Padre Marcelo Thurmann deixa a paróquia da Costa Sul por determinação do bispo. Festas e conclusão da Igreja Ma-triz marcaram sua trajetória na região.

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Dia do Índio:pouco a comemorar

Os mais de 400 habitantes da Terra Indígena do Ribeirão Silveira, localizada em Bora-céia, aguardam as melhorias que lhes foram prometidas pelas prefeituras de São Se-bastião e Bertioga, além do Governo do Estado.

Um centro comunitário, que deveria ter sido entregue

no final do ano passado, ainda não foi se-quer iniciado. O espaço serviria como ponto de venda dos artesanatos e produtos agrí-colas produzidos pelos índios. Enquanto a obra não sai do papel, eles se viram no acos-tamento da rodovia.

A Gazeta da Costa visitou a aldeia e consta-tou também que uma padaria, instalada pela Prefeitura em 2007, está desativada. Confira em reportagem exclusiva.

Page 2: Gazeta da Costa - edição nº 4

Obras e projetos que estavam empacados há muito tempo começam, fi nalmente, a an-dar. O hospital de Boiçucanga parece que pegou no tranco três anos depois. O prefeito alega que não fez antes porque a oposição – os urubus como ele costuma chamar – não deixou. Até certo ponto ele tem razão, mas também houve erros no processo licitatório e demora na defi nição do projeto. Atribuir todo o atraso à oposição serve apenas para enganar os menos esclarecidos.

Tem ainda o novo posto de saúde de Juque-hy, cujo prédio está alugado há um ano, e que somente agora deve abrir as portas; a reforma do pronto-socorro de Boiçucanga, que estava prevista para ser entregue em dezembro, e foi deixada para este ano; a pavimentação de di-versas ruas também fi cou para o ano eleitoral.

Somente no mês passado, a Câmara rece-beu o projeto para implantação do Conselho Tutelar na Costa Sul, uma das promessas de campanha. Já na Costa Norte, uma sala de in-formática, que estava desativada desde 2008, entrou em operação no último dia 4. Espera-

Milagres do ano eleitoralse que o mesmo ocorra com a sala de infor-mática da escola do Sertão de Cambury, que está há um ano sem funcionar porque a rede elétrica não suporta a energia consumida pe-los equipamentos.

A reurbanização da orla de Boiçucanga, cujo convênio com o Governo Federal foi assinado em 2010, deve sair do papel nos próximos dias. O retorno dos benefícios aos servidores, outra promessa de campanha, também se concretizou em 2012. Até shows foram realizados na Costa Sul, recentemente. Milagres do ano eleitoral.

A tática é manjada: deixam-se as ações mais expressivas para o último ano de governo na tentativa de impressionar a população e tirar proveito nas eleições de outubro. No en-tanto, em São Sebastião, o povo não é bobo. Outros prefeitos, que adotaram a mesma tática, sentiram o gosto amargo da derrota nas urnas.

Memória Caiçara

Agenda

Datas Comemorativas

Incentivos

14 - Aniversário do Santos Futebol Clube

19 - Dia do Índio

21 - Tiradentes / Aniversário do E.C. Juquehy

22 - Descobrimento do Brasil

25 - Dia de Preservação da Praia Brava

27 - Dia da Empregada Doméstica

11 - Apresentação do Plano de Habitação (a partir das 18h30, na Assistência Social de Boiçucanga, Rua Sargento Filisbino Silva)

12 - Audiência pública para revisão do Plano Diretor (Teatro Municipal, às 18h30)

12 - Assembleia da Associação de Mulheres da Costa Sul (Escola Walkir Vergani, 19 horas)

21 e 22 - Torneio de Frescobol em Cambury

Abril

Gazeta da Costa2

Helton Romanojornalista e editor responsável da

Gazeta da Costa

O Jornal Gazeta da Costa é uma publicação mensal de distribuição gratuita e abrangência em toda a Costa Sul de São Sebastião.

Foi com imensa satisfação que conheci este grande jornal. Sem dúvida, é mais uma alter-nativa de informação que passamos a ter em nosso município. Parabéns, o jornal é muito bom, continuem assim. Como sugestão, gos-taria que dessem mais destaque às questões políticas como votação, alianças para as próxi-mas eleições, etc. Também gostei do quadro “Memória Caiçara”, e que tal trazer mais fotos e comentários sobre times de futebol do pas-sado como já fez o Imprensa Livre um dia? Pode ser também sobre caiçaras antigos e fo-tos de como eram nossas praias antigamente. Obrigado.

Waldir dos Santos Oliveira - Juquehy

Este é o espaço para você publicar sua opinião, crítica ou sugestão. Envie sua mensagem para a próxima edição: [email protected] pessoal

Jornalista responsável: Helton Romano - MTB 48.099Contato publicitário: Eudes MatosE-mail: [email protected]

Facebook: Gazeta da CostaCNPJ: 14.460.181/0001-43

Tiragem: 3 mil exemplares

Alunos em frente à escola de Juquehy, em 1963, prestando homenagem à professora Amélia e a Laurici. (foto cedida por Zeca Faustino)

Gostei da linha de jornalismo do jornal. Co-brando sim, mas sem apelação. Achei a maté-ria sobre a falta de cachês para bandas locais esclarecedora, sem precisar apelar. Parabéns!

Silvio Braz - Barra do Una

Parabéns pela edição de março - dei uma folheada online. Está bem conscistente, num contraste total com o jornaleco que deixaram aqui na porta.

Nícia Guerriero - Boiçucanga

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Gazeta da Costa 3

Helton Romano

Crianças e adolescentes de Barra do Una não dispõem mais das atividades do Projeto Buscapé, implantado em 2008 pela Polícia Mili-tar numa parceria com a associação do bairro (Sabu). O projeto chegou a contar com 80 alu-nos e foram oferecidas aulas de caligrafia, pin-tura, francês, judô, jiu-jitsu e ordem cívica. Ha-via também uma sala de informática equipada com 12 computadores.

Em março de 2010, uma reunião foi realizada no Iate Clube de Barra do Una, com a participa-ção do prefeito Ernane Primazzi e do deputado Fernando Capez. Na ocasião, foi acordado um repasse estadual no valor de R$ 150 mil. Metade seria destinada para reforma da ponte sobre o Rio Sahy e, a outra metade, para investir na construção de um galpão para o Projeto Bus-capé de Barra do Una.

Dinheiro desviadoVerba anunciada para o Projeto Bus-capé de Barra do Una foi utilizada em pavimentação; divergências entre a PM e associação do bairro decreta-ram o fim das atividades

Um ano depois, pressionado pela Sabu, o deputado enviou ofício ao prefeito para sa-ber da utilização da verba. Ernane respon-deu que os R$ 150 mil eram insuficientes para realizar as obras e comunicou que a re-forma da ponte foi executada pela própria Prefeitura. Quanto ao galpão para o Busca-pé, Ernane alegou que estava “aguardando estudo de local para ser implantado”.

O dinheiro acabou sendo usado para contratação de uma empreiteira que pavimen-tou uma travessa no bairro do São Francisco e duas ruas em Toque Toque Grande.

Por telefone, a assessoria de Capez alegou que o deputado não tem como obrigar o pre-

Sala de informática que atendia os alunos do projeto

feito a cumprir o combinado. “O deputado fez a sua parte, destinando a verba pedida pela Sabu”, declarou o assessor Daniel Vitória.

O presidente da Sabu, Raoul Cardinali Ju-nior, confirma a informação e lamenta: “O prefeito não podia ter feito isso”. Para ele, a medida contribuiu para que o projeto “esfri-asse”. “Não tivemos apoio. Ao longo dos anos, todas as despesas foram custeadas pela Sabu”,

afirma Cardinali Junior.Segundo a diretora da associação, Rosa-

na Lobo, as atividades do Buscapé foram encerradas em dezembro de 2011 por so-licitação da PM. Rosana aponta a suces-siva troca de comando policial como o principal fator para o término do projeto. “Acabou perdendo força e identidade. A Sabu segurou até onde podia, mas não dava para assumir também as responsabi-lidades e compromissos que a PM tinha com o projeto”, avalia Rosana.

A reportagem procurou o policial Wilian de Freitas, coordenador do Buscapé, para comentar a respeito. Ele evitou polemizar e disse apenas que não era possível manter um policial fixo na base de Barra do Una

devido ao efetivo reduzido. Freitas também destacou que a PM não vem medindo esforços para ampliar o projeto em Boiçucanga.

Rua de Toque Toque Grande pavimentada com verba destinada para Projeto Buscapé

Matéria publicada no site da Prefeitura em 2010

Sab

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Gazeta da Costa4

Ernane e Juan são punidos por contratos da merenda escolar

O Tribunal de Contas do Estado (TCE) julgou irregulares contratos para fornecimento da me-renda escolar assinados com a empresa Coan. O primeiro deles foi em 2007, quando o ex-prefeito Juan Garcia, ao invés de abrir nova licitação, op-tou em prorrogar o contrato por mais seis meses, em caráter emergencial. Juan usou deste artifício outras três vezes antes de deixar o poder.

Em 2009, mesmo sabendo da irregularidade, o prefeito Ernane Primazzi continuou esten-dendo o contrato da Coan. Somente em 2010 o contrato da merenda foi regularizado com a abertura de uma nova licitação, que teve como vencedora a mesma empresa.

Agora, em decisão publicada no mês passa-do, Ernane e Juan foram condenados a pagar multas de aproximadamente R$ 5 mil. O con-trato com a Coan já havia sido julgado irregu-

lar desde a sua origem, em 2003, no governo do ex-pre-feito Paulo Julião, que a c a b o u sendo mul-tado em R$ 8 mil.

Triste rotinaSão Sebastião parece ter sina por contratos

irregulares que, em geral, causam prejuízos aos cofres públicos. Em 2005, Juan anunciou a construção do Centro de Apoio ao Turista, na orla da praia de Boracéia. Esqueceu, porém, que precisaria da autorização dos órgãos ambi-entais. A obra foi embargada e assim perman-ece até hoje. Além disso, o Tribunal de Contas apontou uma série de erros na licitação. Mais de R$ 78 mil chegaram a ser pagos à empresa Na internet, Juan se diz ‘ficha limpa’

responsável pela obra.Em outro processo, o tribunal também con-

denou o contrato referente a diversas obras exe-cutadas pela empresa Latina na gestão de Juan. Por conta disso, em 2010, o prefeito Ernane foi intimado a tomar as medidas judiciais cabíveis contra o seu antecessor. Mas, um ano depois,

Prefeito e antecessor não escapam da fiscalização do Tribunal de Contas do Estado

Multados

diante da inércia de Ernane, que nada fez a res-peito, o tribunal decidiu multá-lo em R$ 8 mil.

Recentemente, no último dia 20 de março, o TCE aplicou nova multa a Juan, desta vez em razão de um convênio firmado em 2007 com a Associação Primeiras Letras no valor de R$ 880 mil.

Área onde seria construído o Centro de Apoio ao Turista, em Boracéia

O ex-prefeito Juan Garcia usou a internet para comentar as especulações de que sua pré-candidatura estaria ameaçada com a Lei da Fi-cha Limpa. Em sua página no Facebook (site de relacionamentos), Juan publicou um mani-festo no qual se diz vítima de “uma insistên-cia insana de grupos políticos”. “Tentam criar factóides em cima de meu nome e de minha carreira política”, reclamou.

O ex-prefeito afirma que não teme a re-jeição das contas na Câmara e miniminiza

as multas recebidas por irregularidades em contratos. “São questões administrati-vas que não comprometem minha elegibi-lidade”, acredita Juan. Ele garante que vai anular todos os processos que responde na Justiça.

Juan ainda chama de “covarde” e “repug-nante” a tentativa de lembrar fatos de sua vida como médico. Por fim, o ex-prefeito diz que está apto a enfrentar as eleições. “Sou ficha limpa, sim senhor”, conclui.

Contratos de emergência manti-veram empresa por 7 anos

Fotos: Helton Romano

Page 5: Gazeta da Costa - edição nº 4

Gazeta da Costa 5

O vice-prefeito Wagner Teixeira foi de-tido, no último dia 22 de março, por pesca ilegal nas proximidades do arquipélago de Alcatrazes, a 45 quilômetros da costa. Ele e mais cinco amigos foram levados para a delegacia da Polícia Federal, onde presta-ram depoimento e pagaram fiança para serem liberados.

Segundo reportagem publicada pelo jor-nal Folha de São Paulo, Wagner foi flagrado por fiscais do Ibama com 116 quilos de peixe, incluindo espécies ameaçadas de extinção. Na área onde está situado Alcatrazes, é proi-bido pescar e fazer visitação sem autorização do Governo Federal.

Wagner é acusado ainda de tentar fugir da fiscalização. A perseguição teria dura-do cerca de 20 minutos até que os fiscais conseguissem alcançar a lancha do vice-prefeito. Um vídeo divulgado na internet mostra o momento em que os fiscais abor-dam a embarcação. Os seis tripulantes vão responder por crime ambiental, além da aplicação de multas.

Quatro dias depois, na cerimônia de en-trega da reforma do Pronto Socorro de Boiçu-canga, Wagner discursou e se defendeu das

Acusado de pescar em área de preservação, vice-prefeito se defende e jura inocência

acusações. Ele garantiu que não cometeu crime algum e vai até as últimas consequên-cias para provar sua inocência. “Tou com a

“Tou com a cara limpa”cara limpa”, declarou.

Em entrevista à Gazeta da Costa, Wag-ner sustentou que não navegou em área de preservação. “Conheço as leis e jamais iria pescar em Alcatrazes. Estava há pelo menos 5 milhas (oito quilômetros) de dis-tância e minha consciência está tranquila”, afirma o vice-prefeito.

Ele também nega a tentativa de fuga e diz que vai lutar para que a área seja sinalizada. “Muitos pescadores podem acabar sendo vítimas por não conhecerem o local proibi-do”, acredita.

Embora alegue inocência, Wagner ad-mite que sua imagem ficou arranhada. O caso foi noticiado em diversos veículos de imprensa e repercutiu em toda a ci-dade. “Já fiz tantas coisas em benefício do Meio Ambiente e pouco foi divulga-do. Quando tem notícia negativa, é mais explorada”, lamenta.

O vice-prefeito assegura que não estava pescando em horário de expediente, pois já não era mais secretário de Governo. O

documento que comprova sua exoneração foi publicado com a data de 21 de março, um dia antes do ocorrido.

Wagner Teixeira foi detido por agentes do Ibama

Mudança de planos?Ao lado do prefeito, secretários e vereadores,

Wagner Teixeira participou da cerimônia de entrega da reforma do Pronto Socorro de Boiçucanga, realizada no dia 26 de março.

Em seu discurso, Wagner manifestou apoio ao prefeito, mas deixou escapar a intenção de disputar uma vaga na Câmara. “Somos pré-candidato a vereador”, declarou.

A frase repercutiu nos bastidores políticos. Houve quem analisasse a decisão como uma demonstração de desconfiança na reeleição do

prefeito Ernane. Desta forma, Wagner iria ten-tar garantir um mandato no Legislativo para os próximos quatro anos.

Mas dois dias depois, o vice-prefeito voltou atrás. Indagado sobre a declaração que deu publicamente em Boiçucanga, Wagner despis-tou: “Devo ter me atrapalhado nas palavras”. Argumentando que “a política é dinâmica”, ele diz que vai esperar as convenções par-tidárias (em junho) para definir. “Não tenho pretensão de ser candidato a vereador, mas não descarto”, avisou.

A possibilidade de concorrer a uma cadeira na Câmara explica o pedido de exoneração do cargo de secretário de Governo, que Wagner ocupava até o dia 21 de março. Os secretários que desejam disputar a eleição para vereador, tinham até o dia 6 de abril para se afastarem dos cargos.

Caso a intenção de Wagner fosse seguir como candidato a vice, ele não precisaria sair nesse momento, pois o prazo vai até junho.Prefeito discursa durante evento em que Wagner

anunciou ser pré-candidato a vereador

ExoneradosA proximidade das eleições forçou o prefei-

to Ernane Primazzi a mexer no secretariado. Além de Wagner Teixeira, outros três secre-tários pediram exoneração: Aldo Conellian Ju-nior (Saúde), Solange Ramos (Administrações Regionais) e Dias Filho (Segurança).

Todos os secretários que desejavam se lan-çar candidato a vereador tinham até o dia 6 de abril para deixarem seus cargos. Solange retornou para a Câmara já que não há necessi-dade de afastamento da função de vereadora.

Fotos: Helton Romano

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Gazeta da Costa6

Agredido e ameaçadoO vereador

Paulo Henrique, o PH, foi vítima de agressões e amea-ças na manhã do dia 5 de abril. Se-gundo relatou à polícia, PH foi abor-dado no portão de sua residência, no bairro do São Francisco, pelo coronel Vicente Perine Júnior.

O coronel teria exibido uma arma e ordenado ao vereador para que entrasse no carro. PH se recusou e foi empurrado para dentro da garagem onde levou golpes no rosto, na boca e coronhadas na cabeça.

Neste momento, uma irmã de PH apareceu

na janela e avisou que chamaria a polícia, mas o coronel teria feito pouco caso do alerta. “Ele só parou quando minha irmã falou que estava fi lmando. A partir daí, escondeu a pistola nas costas e foi embora ameaçando a mim e aos meus familiares”, conta PH.

O vereador registrou um boletim de ocor-rência no 1º Distrito Policial e fez exame de corpo de delito para comprovar as agressões.

Conforme publicado no jornal Imprensa Livre, Perine Júnior alegou: “Desde janeiro, o vereador PH vinha ameaçando e coagindo pessoas de minha família para obter vantagem política, em um gesto extremamente baixo, digno de pessoas sem caráter”.

O coronel classifi ca as agressões a mão ar-mada como uma “resposta daqueles que não se curvam e nem se intimidam diante de ame-aças e armações fraudulentas”.

Apesar de Perine Júnior dizer que fa-

Vereador PH leva coronhadas em sua própria residência; agressor é coronel da PM e ex-secretário de Segurança

O deputado federal Vicentinho discursa ao lado do pré-candidato a prefeito, Fernando Puga, durante fórum que abordou a implantação de uma universidade pública no Litoral Norte. O evento realizado em Boiçucanga, no dia 24 de março, foi promovido pelo Partido dos Tra-balhadores (PT) de São Sebastião e atraiu tam-bém lideranças do PSOL e do PDT. Vicentinho pediu a união das quatro cidades na tentativa de trazer uma universidade para a região e re-comendou: “Não deixem que esse debate seja contaminado por questões eleitoreiras”.

miliares são alvos de PH desde janeiro, ele aceitou ser homenageado pelo próprio vereador, no dia 16 de março, em cerimô-nia realizada no Teatro Municipal. Na oca-sião, o coronel se referiu a PH como um “amigo”. “É uma pessoa que respeito mui-to, uma pessoa de fi bra, um exemplo a ser seguido”, declarou Perine Júnior, logo após a homenagem.

Vereador PH: salvo pela irmã

Coronel Perine foi homenageado por PH em março

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Sonho universitárioSe liga, prefeitoO leitor Valdir Teixeira Pereira, 30 anos, recla-mar do estado de abandono da Rua Reginaldo Flávio Correa e suas travessas no bairro de Cambury. O mato avança sobre as vias que es-tão com os bloquetes afundando. “A Prefeitura não dá assistência nenhuma. Se eu não limpo, o mato já tinha fechado a rua”, diz Pereira.A via é também utilizada como atalho para os moradores do Areião e do Lobo Guará que trabalham próximo à praia.Colabore com a seção “Se liga, prefeito”. Envie fotos dos problemas do seu bairro para o e-mail: [email protected]. Relate a situação e informe seu nome completo. As fotos poderão ser publicadas na próxima edição.

Fotos: Helton Romano

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Gazeta da Costa 7

Vai com DeusPadre Marcelo se despede da Paróquia Sagrado Coração de Jesus

As missas da Paróquia Sagrado Coração de Jesus – que abrange as capelas da Costa Sul – não serão mais celebradas pelo padre Mar-celo Thurmann. Ele se despediu no Sábado de Aleluia, dia 7, quando realizou sua última missa na Matriz de Boiçucanga.

A decisão foi tomada pelo bispo Dom An-tonio Carlos Altieri, da Diocese de Caragua-tatuba, que coordena as paróquias do Litoral Norte. De acordo com a assessoria de imp-

rensa da diocese, o “rodízio” de padres são naturais dentro da Igreja e servem contribuem para o o próprio crescimento.

Dias antes de se despedir dos fiéis da Costa Sul, padre Marcelo recebeu a reportagem da Gazeta da Costa em na casa onde residiu nos últimos três anos. “Fiquei surpreso, mas con-sciente da necessidade da diocese”, declarou o padre. Ele diz que ainda não sabe onde vai atuar. “Sei, apenas, que devo estar disponível

para outros trabalhos da Igreja”, co-menta.

Marcelo assumiu a paróquia da Costa Sul em janeiro de 2009. Seu perfil brincalhão, despojado, que gosta de dançar, tomar uma cerve-jinha e falar de futebol, foge ao es-tereótipo atribuído às autoridades religiosas. “Padre não é ET (extrater-restre), está inserido na sociedade. É uma pessoa, tirada do meio do povo, a serviço de Deus”, entende. “Sempre gera um estranhamento e paga-se um preço por isso”, admite Marcelo.

Carismático em meio aos fiéis, ele viu sua popularidade aumentar com as festas organizadas pela paróquia no mês de julho. Atrações musicais e bingos cantados pelo próprio pa-dre atraíram uma multidão nos três anos em que foi realizada. “Fiz um

auê nessa Costa Sul”, brinca o padre.Com o dinheiro arrecadado nas festas, so-

mado às doações recebidas, a paróquia con-seguiu concluir a construção da igreja matriz, adquirir mais um carro, reformar a secretaria e equipar capelas com ares-condicionados. “Os desafios que aqui encontrei me fizeram crescer. Saio com o sentimento de tristeza e a certeza de missão cumprida”, finaliza Marcelo.

A notícia abalou fiéis da paróquia. “Acredi-to que a comunidade católica esteja perdendo muito com a saída dele daqui. Só temos a lamentar”, opina a escritora Hideli Coelho.

Padre Marcelo celebra missa na Matriz de Boiçucanga

Falta diálogoO presidente do Sindserv (Sindicato dos

Servidores de São Sebastião), Ivan Moreira Silva, em pronunciamento na tribuna da Câmara Municipal, dia 3, solicitou aos parlamentares apoio para que a prefeitura atenda a campanha do dissídio coletivo do funcionalismo, decidido em assembleia da categoria. Também reivindicou que a pre-feitura disponibilize a minuta do Estatuto do Magistério, hoje, sob análise de impacto financeiro, antes de ser enviada à Câmara para votação.

Os servidores querem reajuste salarial em 10% acrescido do índice de inflação de maio – mês do dissídio, com base no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). A categoria também deliberou sobre vale-re-

feição a R$ 18,20 e vale-alimentação a R$ 276,54, valor da cesta-básica, conforme o Dieese.

Na tribuna da Câmara, Ivan também lem-brou que Sindserv encaminhou o ofício, dia 19 de março, ao prefeito Ernane Primazzi, apre-sentando as reivindicações decididas em as-sembleia. “Ainda não obtivemos resposta e a situação é urgente porque a lei eleitoral deter-mina que após 10 de abril é vedado aos agen-tes públicos revisão da remuneração dos ser-vidores”, alertou o sindicalista. “Se houvesse diálogo, eu não estaria aqui neste momento”, declarou na tribuna.

Segundo Ivan, desde o ano passado, o Sind-serv solicita cópia da minuta do Estatuto do Magistério à Secretaria de Educação, e nunca foi atendido.

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Page 8: Gazeta da Costa - edição nº 4

Gazeta da Costa8

Nem sempre a pavimentação significa o fim dos transtornos para trafegar por uma rua. Quando não há manutenção, os buracos se formam e causam prejuízos aos motoristas. Algumas das principais vias da Costa Sul es-tão em condições precárias. A Gazeta da Costa verificou pontos críticos na Hilarião de Ma�os (Boiçucanga), Adelino Tavares (Barra do Sahy) e Maria Moreira do Espírito Santo (Paúba). Mas a reportagem optou em destacar a Aveni-da Mãe Bernada (Juquehy) e a Rua Sebastião Romão César (Maresias).

Trafegar por ambas as pistas se tornou tare-fa para aventureiros. Chama atenção a quan-tidade de buracos e desníveis em toda a ex-tensão das vias. “Está horrível até para quem anda de bicicleta”, diz o corretor de imóveis Leandro Faustino, 37 anos, que trabalha na Mãe Bernada.

Não é apenas o péssimo estado de conser-vação que as duas vias têm em comum. Am-bas são endereço de sofisticados hotéis e res-taurantes, em bairros que lideram o ranking de arrecadação de IPTU na cidade.

“Já ouvi turistas dizendo que parece que a gente não quer que eles venham aqui”, co-menta o engenheiro civil Luiz Carlos Pereira, 59 anos, de Juquehy. Ele lembra um abaixo-as-sinado com mais de mil assinaturas pedindo providências na Mãe Bernada. “Foi entregue

Ruas da amargura

ao prefeito no início do governo. Ele prometeu que ia melhorar, mas avisou que não trabalha-va sob pressão. Disse também que dependia do doutor Paulo (Maluf, deputado federal) man-dar verba”, relata o engenheiro.

PrejuízosCom tantos buracos na pista, os prejuízos

são inevitáveis. “Tenho que mexer na suspen-são do meu carro a cada dois meses”, reclama João Alberge, 51 anos, que trafega pela Mãe Bernada todos os dias. Os prejuízos também atingem a Ecobus já que, algumas linhas de ônibus, servem a orla de Juquehy.

Como se já não bastasse, no final de janeiro, a avenida foi utilizada para uma competição de atletismo e sobraram reclamações. Nem mesmo uma das vencedoras poupou críticas ao estado da via. “O que atrapalhou o ritmo foram os desníveis”, disse Geisla Moraes, 25 anos, ao final da prova.

No caso da Sebastião Romão César, a rua dá acesso também ao posto de saúde do bairro. Aos finais de semana, o movimento segue in-tenso no período da noite já que, no local, es-tão concentrados os principais bares, além da badalada danceteria Sirena.

“Os carros passam por aqui batendo a parte de baixo todinha”, conta o aposentado

Augustinho Pereira, 69 anos, que possui uma casa na referida rua. “O IPTU é caríssimo para que a rua fique desse jeito”, acrescenta.

Com a mesma visão, o pedreiro Lorisval Leite da Silva, 51 anos, não se conforma. “Mesmo pra gente que anda de bicicleta, é com-plicado passar por tantos buracos”, de-clara. O técnico de telefonia Mário Ser-gio dos Santos, 50 anos, engrossa o coro das reclamações. “Está horrível dirigir por aqui, acaba com o amortecedor”, cita.

Rua Sebastião Romão César (Maresias) que, assim como a Avenida Mãe Bernada (Juquehy), está em péssimas condições

Dicas para fugir do prejuízo

• Não pise no freio sobre um buraco, o que faz 70% do peso do carro ser transferido para a frente, po-dendo causar danos graves à suspensão dianteira. • Em dias de chuva, evite passar em velocidade sobre poças d’água, que costumam esconder ver-dadeiras crateras.

Não são apenas os pneus e a suspensão que sofrem com a má conservação das ruas. A roda também pode ser danificada, dependendo do tamanho do buraco e da velocidade do carro no momento do impacto.

Moradores reclamam

Fotos: Helton Romano

Page 9: Gazeta da Costa - edição nº 4

Gazeta da Costa 9

Vereadores enviaram 14 ofícios, somente na atual gestão, pedindo melhorias na Mãe Bernada e na Sebastião Romão César

C o b r a d o s nos bairros, os vereadores ten-tam dar alguma satisfação aos moradores quan-to às condições das ruas. A Gazeta da Costa encontrou pelo menos dez ofí-cios, enviados ao prefeito, pedindo

melhorias para a Mãe Bernada. O último deles é de autoria do vereador Paulo Henrique, o PH. A resposta do prefeito veio no mês passado, dando conta de que já vêm sendo executados serviços de recuperação na avenida. A Gazeta da Costa e moradores entrevistados desconhecem tais “serviços”.

Até mesmo aliados do prefeito estão com dificuldades em atender uma das principais vias de Juquehy. O vereador Marcos Jorge é o recordista de pedidos para a Mãe Berna-da – foram quatro ofícios no total, todos em caráter de urgência. José Reis, Solange Ramos, Ernaninho e Coringa reforçaram, sem sucesso,

Pedidos ignoradosa reivindicação.

Recentemente, o assunto foi debatido em sessão de Câmara. “Até quando os veículos vão continuar quebrando na Mãe Bernada?”, questionou PH, solicitando também uma faixa para ciclistas. “Seu pedido será aten-dido em breve”, garantiu Coringa. Para o vereador Ernaninho, “o prefeito vem dando

Presidente da Sociedade Amigos de Juquehy (Samju) até o último dia 30 de março, Aloysio Camargo Filho afirma que, desde a gestão pas-sada, a entidade vem solicitando providências na Mãe Bernada. Ele confirma a entrega de um abaixo-assinado ao prefeito Ernane Primazzi, logo após tomar posse do governo.

Segundo Camargo Filho, diversas justifi-cativas foram dadas para que a avenida não recebesse investimentos: via muito extensa, proprietários das casas deveriam colaborar, complexidade da obra, necessidade de galeria de águas pluviais, dentre outras.

Ainda de acordo com o ex-presidente da Samju, o prefeito alegou que não havia ver-ba e que a obra só beneficiaria os veranistas. “Nada, absolutamente, nada foi feito”, con-firma. Para ele, há interesses políticos em não executar serviços na Mãe Bernada. “Se for recuperada, deixará de ser exemplo de coisa errada feita por administrações anteriores”, opina Camargo Filho.

“Nós da Samju lamentamos os prejuízos que

Samju protesta; Somar se cala

uma atenção bacana para Juquehy”.Já para a Sebastião Romão César, a reporta-

gem encontrou quatro pedidos de manutenção enviados pelos vereadores Amilton Pacheco, José Reis, Artur Balut e Ernaninho. Cabe res-saltar que ambas as reivindicações já vêm de governos anteriores, porém o site da Câmara não disponibiliza esta consulta.

a má condição dessa via traz aos moradores, comerciantes, hoteleiros e frequentadores da praia de Juquehy. Lamentamos também a frus-tração e o susto dos turistas ao se depararem com tamanho desmazelo”, conclui.

A Gazeta da Costa procurou também a So-ciedade Amigos de Maresias (Somar) para co-mentar a respeito das condições da Rua Sebas-tião Romão César. Mas a entidade optou em não se manifestar por e-mail. A reportagem tentou ainda contato com o presidente Aris-tides Pretella. Diversas ligações foram efetua-das; nenhuma atendida.

“Urubus”A Prefeitura realizou uma cerimônia, no

último dia 24 de março, para entrega de pavi-mentações em Juquehy. Foram contempladas as ruas Davi, Ana Tavares Faustino, Maria Ma-dalena Faustino, Garça, Benício João dos San-tos, José Ferro e Athayde Izidoro dos Santos.

Durante discurso, o prefeito Ernane Pri-mazzi não poupou os críticos. “Podia ficar a noite inteira falando o que fizemos na Costa Sul, apesar dos urubus dizerem o contrário”, declarou Ernane.

Ele prometeu que, até 7 de abril, começaria a construção do novo ginásio de esportes de Juquehy, e que, até o fim de maio, iniciaria a pavimentação de outras 39 ruas no bairro. “Se não fossem os urubus, o hospital já estava pron-to. Quem não tem trabalho para apresentar, fica olhando como faz”, vangloriou-se o prefeito.

Já nas avenidas Benedito Carlos de Almeida, que dá acesso ao interior do bairro, e Benedito Izidoro de Moraes, a Prefeitura informa que a pavimentação será refeita assim que os ser-viços de drenagem forem concluídos.

Motorista tenta fugir dos buracos na Avenida Mãe Bernada, localizada no bairro com maior arrecadação de IPTU

Vereador Marcos Jorge

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Espaço deixado para a So-ciedade Amigos de Maresias (Somar) se manifestar sobre a situação de uma das prin-

cipais vias do bairro.

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Obras e demolição na orla

Depois de a Gazeta da Costa ter cobrado informações sobre a urbanização da orla de Boiçucanga, a Prefeitura resolveu divulgar al-guns detalhes do projeto no site oficial. Agora, a obra está sendo chamada de “reurbanização da Praça Pôr do Sol” e vai atingir uma área de aproximadamente 20 mil metros quadrados.

Um dos pavilhões existentes na praça deve ser demolido. Em seu lugar será construído um centro de convenções com capacidade para 380 pessoas. A Prefeitura também promete instalar playground, aparelhos de ginástica, quiosques, mini quadra poliesportiva e estrutura para re-alização de eventos ao ar livre. O projeto ainda prevê um centro de informações turísticas com deque voltado para a praia e estacionamento.

A reurbanização deve abranger o tre-cho que vai da pista de skate até a subida do morro sentido Cambury, em frente à danceteria Tribus, onde será construído um quiosque/bar com deque.

Já a construção de uma concha acústica para apresentações musicais ficou de fora do projeto. Em agosto do ano passado, durante entrevista à Rádio Costa Sul FM, o prefeito havia declarado que a urbaniza-ção incluiria uma concha acústica. Anteri-ormente, também chegou a ser anunciada a implantação de uma ciclovia, mas não

houve confirmação.A obra foi orçada em R$ 6 milhões, sendo

que quase R$ 5 milhões serão repassados pelo Governo Federal. O convênio foi assinado em julho de 2010, mas só agora, dois anos depois, a obra pode sair do papel.

Desta vez, a Prefeitura evitou fixar prazos para início e término da obra. Informou apenas que terá seis meses de duração.

OpiniõesA Gazeta da Costa ouviu a opinião de al-

guns moradores a respeito do projeto. O marinheiro Julio Fernandes, 29 anos, diz estar

Prefeitura finalmente revela informações do projeto de urbanização da Praça Pôr do Sol estimado em R$ 6 milhões

cansado de promessas. “Não acredito em mais nada. Só estou esperando chegar outubro”, declara Fernandes. Ele lamenta a ausência de uma ciclovia. “Seria importante para dar mais segurança aos ciclistas”, considera.

Para o corretor de imóveis, Silvio Braz, 39 anos, faltou uma concha acústica para apre-sentação dos artistas locais. “Daria um charme a mais ao lugar e serviria de incentivo aos músicos da região”, opina Braz, que também é produtor de uma banda de rock.

Já o agente comunitário de saúde, Tiago Marques, 28 anos, torce apenas para que o centro de convenções não tenha o mesmo destino do prédio erguido no Balneário dos Trabalhadores – inacabado e abandonado.

Prefeitura promete demolir um dos pavilhões da praça

Maquete do projeto de urbanização da orla

Me engana que eu gostoUm outdoor colocado, recentemente, em

Barra do Sahy chama a atenção de quem passa pelo local. A Prefeitura utiliza o espaço para fazer propaganda de obras que nem ao menos foram iniciadas.

É o caso, por exemplo, da reurbanização das orlas de Boiçucanga e da Enseada. O mesmo se aplica à construção de um novo terminal rodoviário, cuja obra será patrocinada pelo Governo do Estado.

O anúncio de 250 mil metros quadrados de ruas pavimentadas não bate com os números divulgados pela própria Prefeitura no mês passado - 76 mil metros quadrados.

O saneamento na Costa Norte está em anda-mento, mas não chegará a 100% de cobertura, pois não contempla as áreas de Zeis (Zona de Especial Interesse Social). Na internet, a iniciati-va gerou críticas de moradores que consideram o outdoor como uma propaganda enganosa.Outdoor fixado em Barra do Sahy faz propaganda de obras inexistentes

Helton Romano

Ilustração

Helton Romano

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Posto eleitoral de Boiçucanga deve receber movimento intenso nosúltimos dias para alistamento e transferência de título de eleitor

Em outubro, mais de 54 mil eleitores de São Sebastião vão eleger prefeito e vereadores para os próximos quatro anos. Quem ainda não tem título eleitoral ou precisa efetuar a transferên-cia tem até o dia 9 de maio para providenciar o documento.

O posto do cartório eleitoral, em Boiçucan-ga, tem realizado, em média, 35 atendimentos por semana. O movimento deve aumentar nos próximos dias e quem deixar para a última hora pode ter que enfrentar uma longa fila.

A recepcionista Edna Claudia da Silva, 23 anos, não perdeu tempo e já providenciou a transferência do seu título que estava cadas-trado na capital Recife, em Pernambuco. “Eu perdi o título e como ia tirar uma segunda via

Prazo acabandojá aproveitei para transferir”, conta Edna, que reside em Cambury há três anos.

Segundo o atendente Manoel Aparecido Muniz, o documento leva de três a quatro dias úteis para ficar pronto. Ele diz que muitas pessoas não apresentam compro-vante de residência e ficam impedidas de realizar a transferência.

Quem deixou de votar na última eleição e também não justificou deve pagar uma multa de R$ 3,51 para regularizar a situação junto à Justiça Eleitoral. Esse valor pode aumentar caso o eleitor não tenha cumprido sua obriga-ção em mais de uma eleição.

O voto é obrigatório aos maiores de 18 anos. Sem a prova de que votou, pagou multa ou justificou devidamente, o eleitor não pode par-ticipar de concurso público, renovar matrícula em estabelecimento de ensino oficial, obter empréstimo em banco público, passaporte e CPF. Os servidores com título cancelado tam-bém ficam impedidos de receber o salário. No caso dos jovens de 16 e 17 anos ou idosos aci-ma de 70, o voto é facultativo.

O posto eleitoral de Boiçucanga funciona de segunda à sexta-feira, das 12h às 17h. Para mais informações, ligue no telefone 3865-3277.

Eleitora recebe título no posto de Boiçucanga

O leão voltou

Ele está de volta para a preocupação de mui-tos brasileiros: o Imposto de Renda (IR). Como não há uma forma de escapar dele, a única alter-nativa é saber lidar com a situação. O prazo para declaração termina no dia 30 de abril e o não cumprimento implica em multa de R$ 165,74, além de gerar outros tipos de problemas.

Estão obrigadas a fazer a declaração do IR as pessoas que receberam, durante todo o ano de 2011, um somatório de R$ 23.499,15.

O contador Washington Luiz Rodrigues alerta que o fisco está ficando cada vez mais rigoroso no combate à sonegação, por isso a necessidade de o contribuinte preencher corretamente o for-mulário que será enviado à Receita Federal.

Segundo ele, as principais dúvidas dizem respeito às despesas que podem ser deduzi-das do imposto. “Não se deve incluir gastos de pessoas que não sejam declarados como dependentes”, ensina.

Rodrigues aconselha a não deixar para a última hora a fim de evitar problemas. “Pode congestionar o site ou até mesmo faltar algum dado importante”, avisa o contador.

CuriosidadeO Imposto de Renda é um tributo no qual o

cidadão repassa parte de sua renda média anual para o Governo. Acredita-se que o mesmo tenha se originado na Inglaterra, quando o governo in-glês necessitava de recursos extras para custear a guerra contra a França de Napoleão Bonaparte. No Brasil, o IR foi instituído somente em 1922.

A imagem do leão foi associada ao IR em 1979, quando a Receita Federal decidiu criar uma campanha publicitária para divulgar o tributo. Decidiu-se que a imagem do leão era ideal para a campanha: um animal justo; leal; forte, embora não ataque sem avisar; manso, mas não bobo. Até hoje a imagem do animal, embora não seja mais usada pela Receita, é di-retamente associada ao Imposto de Renda.

A arte das CaxetasDe autoria do sebastianense Lindomar dos

Santos, o Nicinho, o “Caxetas Caiçaras” é um curso que visa difundir a cultura caiçara, através das oficinas de caxeta – madeira macia e de corte fácil quando verde, ideal para a con-fecção de peças.

O projeto tem duração de 42 horas em quatro meses de curso, cujo objetivo é ensinar a arte de fazer artesanato em caxeta aos jovens entre 10 e 18 anos. Desde o início de março, já são atendidos 98 alunos, que aprendem como preparar a madeira, cortar, lixar, pintar e dar o acabamento final na peça, além de noções de comercialização. Ainda pelo programa, os alu-nos farão uma visita ao caxetal do artesão.

Todas as regiões da cidade são atendidas pelo projeto. Na Costa Sul, os alunos do Pro-jeto Ativo, do Sertão de Cambury, aprendem o artesanato toda sexta-feira, das 15h às 17h. Em Paúba, os estudantes recebem a oficina na associação de moradores, também às sextas-feiras, das 17h30 às 19h30.

Ao final do curso, todos os tra-balhos de-senvolvidos pelos estu-dantes serão apresenta-dos em uma exposição; haverá ainda um breve documen-tário com a trajetória do projeto.

Para Nicinho, esta é a realização de um sonho antigo. “Estou muito feliz em poder passar para frente a arte que aprendi com meu pai e que faz parte da cultura caiçara. Por meio deste curso, posso mostrar um pouco mais da nossa própria cultura e torná-la, de certa maneira, imortal”, destacou o artesão.

O projeto “Caxetas Caiçaras – Entendendo Sua Historia” foi selecionado em agosto de 2011 entre 219 inscritos no Concurso de Apoio a Projetos de Promoção das Culturas Tradicionais no Estado.

Peças em caxeta

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Milton Fagundes/PMSS

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O tricolor da Costa SulJuquehy Esporte Clube comemora 69 anos de fundação

Uma das agremiações mais tradicionais de São Sebastião, o Juquehy Esporte Clube fes-teja o seu 69º aniversário no dia 21 de abril. Tudo começou quando um grupo de mora-dores do bairro resolveu transformar uma área de plantação de mandioca num campo de futebol. No mesmo ano, em 1943, foi fun-dado o Juquehy E.C..

O primeiro uniforme foi tra-zido de Santos por Abelardo de Moraes que acabou ficando como presidente do clube. As camisas eram brancas, com faixas transversais nas cores preta e vermelha. Segundo conta Zeca Faustino, 68 anos, a maioria dos fundadores era são paulina, por isso as cores adotadas pelo Juquehy foram inspiradas no clube da capital.

Zeca se recorda dos tempos em que o time se deslocava de

canoa para disputar partidas em outros bair-ros. “Não tinha estrada e eu acompanhava o time porque meu irmão pedia pra ajudar a tirar água da canoa durante o trajeto”, de-clara. Ele lembra ainda que os duelos contra o Boissucanga agitavam a comunidade. “Era a grande rivalidade da região. Todo mundo ia pro campo assistir”, comenta Zeca.

Hoje, o clube passa por um momento de re-formulação na diretoria. “Estamos botando or-dem na casa”, resume o presidente Alexandre dos Santos, o popular Feijão. “Queremos trazer o pessoal da antiga de volta pra ajudar o clube e envolver a comunidade do bairro”, acrescenta.

Para comemorar o aniversário, o Juquehy re-aliza um festival com oito partidas nos dias 21 e 22 de abril, a partir das 9 horas. “A gente quer que este evento sirva também para unir as pes-soas que gostam do clube”, espera Feijão.

Campo de futebol ocupou área de plantação de mandioca

Zeca Faustino mostra fotos antigas do clube

Fotos: Helton Romano

A pista de skate da Praça Pôr do Sol, em Boiçucanga, agora está sendo utilizada tam-bém para uma escolinha da modalidade. O projeto denominado “Bom na Escola, Bom no Skate” foi lançado pela Prefeitura em parceria com a Element Skatebords – empresa ameri-cana. As aulas são oferecidas a alunos das es-colas municipais com idade entre 8 e 16 anos.

Durante a atividade, eles fazem um circuito completo pela pista e também aprendem as técnicas como dropar e saltar rampas, além de executar manobras radicais como o ollie, flip entre outras. O uso dos equipamentos de seguran-ça – joelheira, cotoveleira, capacete e protetor de mãos – é obrigatório durante a prática do esporte.

De acordo com o professor Ari Lobo, o objetivo da escolinha é utilizar o tempo ocioso das crian-ças de forma produtiva e consci-entizá-las sobre a importância da responsabilidade nos estudos e a disciplina na escola.

O skatista há mais de 20 anos e responsável pelas aulas, Rodrigo Cruz, disse acreditar no

potencial da escolinha em revelar bons atletas e futuros profissionais desde que haja dedi-cação dos alunos. “Vou acompanhar todo o trabalho a ser desenvolvido em vários níveis de aprendizagem e pretendo resgatar os melhores para levar ao campeonato paulis-ta”, comentou Cruz.

Estudantes de escolas particulares também podem participar da oficina, desde que haja vagas.Mais informações podem ser obtidas pelos telefones 7919-7137 ou id 55*957*12746, com Ari.

Escolinha radical

Alunos e professores da escolinha de skate de Boiçucanga

Cristian

e Castro

/PMSS

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Prefeitura e Sesi lançam, em abril, o projeto “Atletas do Futuro”. A expectativa é atender mais de duas mil crianças e adolescentes, de 6 a 17 anos de idade. O programa visa não apenas a formação de futuros atletas, mas também de cidadãos e tirar as crianças da ociosidade no período em que não estão na escola.

O lançamento ofi cial acontece no dia 15 de abril, às 9 horas, no ginásio José de Souza Gringo, o Gringão, no bairro do Varadouro.

O programa é disponibilizado para as cidades que não possuem uma unidade do Sesi, através de parcerias com as Prefeituras e em-presas dispostas a investir no pro-jeto. O contrato é anual, mas pode ser prorrogado.

Além disso, o Sesi oferece supor-te técnico e material esportivo en-quanto que a Prefeitura cede os cen-tros de treinamento e professores. A ação é de responsabilidade social e conta com o apoio da Sabesp.

Os professores da Secretaria de Esportes receberam uma capacita-ção, em novembro do ano passa-

Confi ra mais uma das delícias sugeridas por Eudes Assis, o “Cheff Caiçara”. Aproveite e bom apetite!

Lulas recheadas com camarões e alho poró(Fetuccine negro ao creme de uvas moscatel)

Rendimento: 4 pessoas Ingredientes800 gr de lulas médias inteiras;400 gr de camarões rosa médio;50 gr de manteiga;1 uni de alho poró;1 uni de cebola ralada;150 gr de pistaches picados;1 colher de salsinha picada; Sal e pimenta a gosto.

Modo de preparoRefogue os camarões na manteiga com a cebola e o alho poró. Finalize com a salsinha e o pistache picado - sal e pimenta a gosto. Depois, recheie as lulas. Grelhe as lulas em uma frigideira antiaderente até dourá-las.

Ingredientes do fettuccine negro500 gr de fettuccine negro;1 litro de creme de leite fresco; 200 ml de vinho branco seco;2 colheres de cebola ralada;1 colher de manteiga;2 colheres de salvia picada;2 colheres de salsinha;300 gr de uva moscatel;Sal a gosto.

Modo de preparoCozinhe o fettuccine e reserve. Refogue a cebola na manteiga, coloque o vinho branco e deixe ferver até que evapore o álcool. Acrescente o creme de leite fresco. Deixe o fogo até formar uma textura de creme. Finalize com sal a gosto, as ervas picadas e as uvas. Adicione o fet-tuccine ao creme de uvas e sirva bem quente.

MontagemColoque o fettuccine ao creme de uvas moscatel no centro do prato e, ao redor, disponha as lulas re-cheadas com camarão. Decore com ervas frescas

Abaixo-assinado atendido

Atletas do futurodo, com atividades desenvolvidas no Teatro Municipal e no ginásio Gringão. Na época, os profi ssionais foram capacitados por uma equipe técnica do próprio Sesi – unidade de São José dos Campos – para ministrar aulas teóricas e práticas.

O projeto dá apoio à Prefeitura nos jogos realizados pelo Sesi em outras cidades. A en-tidade ainda fornece transporte, alimentação e todo o material necessário para as equipes participarem das competições.

Crianças jogam futebol em campinho de terra na Vila Sahy

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Receita do mês

Projeto sócio-esportivo é lançado em São Sebastião

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Divulgação

Moradores da Rua Clodovil, em Maresias, organizaram um abaixo-assinado para retirada de um container onde acumulava todo o lixo das redondezas. A pressão deu certo e obrigou a Prefeitura a remover o equipamento. A coleta

de lixo e de sucata segue sendo realizada em toda a extensão da rua.

Para conscientizar os moradores, fun-cionários da Prefeitura foram de casa em casa, ensinando como dispor os resíduos de maneira correta, atentando-se para o horário adequado. Christiane Cruz, Leandro Barcellos e Rejane Tavares, orientaram aos moradores a colaborarem com a qualidade e higiene da rua, evitando acúmulo de resíduos no chão.

Ações de conscientização ambiental ou ainda palestras educativas podem ser agen-dadas por escolas, empresas, ONGs e interes-sados em geral. O telefone da divisão de Edu-cação Ambiental é o 3892-6000 ou 3892 1568, ramal 223.Moradora de Maresias recebe orientação sobre lixo

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Pouco a comemorarÍndios de Boracéia convivem com muitas promessas e poucas ações

Abril é o mês em que se comemora o Dia do Índio – uma homenagem aos primeiros habi-tantes do Brasil. Mas para os mais de 400 gua-ranis da Terra Indígena do Ribeirão Silveira, em Boracéia, faltam motivos para festejar.

A maioria deles vive, basicamente, da ven-da de artesanatos, plantas ornamentais e pal-mitos. Sem um espaço adequado, os índios expõem seus produtos na beira da rodovia. “Às vezes, a gente fica debaixo de um sol forte e,quando chove, não dá pra vender”, conta Reinaldo Duarte, 32 anos.

Esposa e filhos ajudam Duarte a confec-cionar artigos como leque, chocalho, cesto e colar que, junto com palmitos jussara e pupunha, são levados para o acostamento da rodovia, aos finais de semana. Ele gos-taria de obter licença para vender na Rua da

Praia, no Centro.Há dois anos, o Governo do Estado anun-

ciou a construção de um centro comunitário, orçado em R$ 210 mil, que serviria como ponto de comercialização, além de um espaço para eventos da comu-nidade indígena.

A obra seria construída em parceria com a Prefeitura de Bertioga e a previsão era de que fosse concluída até o final do ano passado. A área escolhida está localizada em terra indígena, próxima ao trevo da Juréia.

O representante da Fundação Nacional do Índio (Fu-nai), Marcio Alvim, informa que a obra já foi licitada e atribui o atraso a “questões técnicas”. Em entrevista à Gazeta da Costa, o secretário de Meio Ambiente de Bertioga tentou justificar

o impasse. “Precisa de uma obra comple-mentar de acesso da rodovia ao centro co-munitário. Isto implica em outros custos e nova licitação”, declarou Rogério Leite dos Santos, sem fixar um prazo.

A reivindicação e a promessa são antigas. Em 1999, o Jornal Costa Norte, de Bertioga, publicou matéria falando sobre a existência de um projeto de criação do Centro Cultural Indígena. Segundo noticiou o jornal na época, o terreno já estaria em fase de terraplanagem. Nada mais foi publicado a respeito.

MoradiasHoje, existem 54 casas na aldeia que abri-

gam 95 famílias. O cacique Adolfo Timóteo, 46 anos, destaca a necessidade de novas moradi-as de alvenaria. “Hoje temos fogão, máquina de lavar e outros eletrodomésticos que tornam inviável morar em casa de palha devido à um-idade”, comenta Timóteo.

Todas as casas são feitas à base de eucalipto e cobertura de piaçava. No final do ano pas-sado, quatro delas foram destruídas por um incêndio que deixou 29 índios desabrigados. Para trabalhar na reconstrução, o cacique so-licita apoio da Prefeitura. “Não temos má-quina para fazer o aterro. Já pedi várias vezes, mas ainda não tivemos resposta”, afirma.

Destroços de casa incendidada na Terra Indígena do Ribeirão Silveira

Índios exibem artigos de artesanato que vendem na rodovia

Aldeia abriga 54 casas e 95 famílias, segundo cacique

Fotos: Helton Romano

Informativo oficial da Prefeitura de Bertiogapublicado no dia 21 de abril de 2011

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Fotos: Helton RomanoA aldeia do Ribeirão Silveira é um lugar fas-

cinante que ainda preserva muitos aspectos da cultura indígena. Abrange uma área de 8,5 mil hectares em meio à Mata Atlântica, repleto de trilhas e cachoeiras. Porém, não existe ne-nhum programa e nem mesmo infraestrutura para incentivar o turismo no local.

No site oficial da Prefeitura, as informa-ções sobre a aldeia estão completamente desatualizadas. Em maio do ano passado, a Prefeitura respondeu a um requerimento, do vereador Paulo Henrique, comunicando

que a aldeia passaria por um processo de capacitação junto ao Sebrae para se tornar um atrativo turístico. Até hoje não se tem conhecimento de qualquer ação do Sebrae na aldeia.

No início da atual gestão, a Prefeitura se comprometeu a construir um portal na entrada da aldeia, melhorar a única via de acesso e providen-ciar placas de sinalização turística. Somente esta última medida foi cum-prida. Outra reivindi-cação não atendida diz respeito à coleta de lixo já que o caminhão só vai até a escola, distante quase dois quilômetros de um dos núcleos da comu-nidade. “Disseram que iam dar um jeito nisso, mas só fica na promes-sa”, reclama o cacique Adolfo Timóteo.

DesativadaPrefeitura e FUNAI

assinaram um convênio, em 2007, para instalação de uma padaria artesanal na aldeia. O objetivo

era de que a padaria fosse utilizada para melhorar a qualidade da alimentação e ampliação da renda familiar. Para isto, os índios receberam um curso de capacitação.

A Gazeta da Costa visitou o local no último domingo de março e constatou sinais de abandono. Havia um col-chão estirado no piso, o que indica que alguém possa es-tar usando a padaria como

Turismo desperdiçadodormitório. O cacique conta que a padaria está desativada há pelo me-nos seis meses por falta de ingredientes.

Apesar disso, a Pre-feitura insiste em di-vulgar que desenvolve programas sociais na al-deia, inclusive com dis-tribuição de cestas bási-cas, o que é desmentida pelo cacique.

Um projeto que vem dando certo é o da piscicul-tura (ainda que só beneficie dois dos cinco núcleos ex-istentes na aldeia). Para justificar os R$ 302 mil investidos pelo Governo Federal, o projeto tem nome pomposo: “Etno-Desenvolvimento em Sistemas Agroflorestais de assistência técnica e extensão rural e in-dígena”. Trocando em miúdos, foram construí-dos cinco tanques para

cultivo de peixes que vão parar no prato dos índios.

Única via de acesso à aldeia

Brinquedos quebrados no parque infantil da escola indígena Sinais de abandono na padaria instalada na aldeia

Cacique Adolfo reivindica melhorias

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Fotos: Helton Romano

Poucos sentimentos são tão verdadeiros quanto à paixão de um torcedor pelo seu clube do coração. Como explicar que um sim-ples jogo de futebol possa provocar as mais diversas reações – choro, risos, raiva, alegria, angústia, alívio?

Na Costa Sul, torcedores fanáticos exibem com orgulho camisas e bandeiras dos times fa-voritos. Atualmente, quem dá a bola é o San-

100 anos de glórias Torcedores santistas da Costa Sul celebram centenário do clube

tos. Não apenas pelos oito títulos conquista-dos nos últimos dez anos, mas especialmente por completar 100 anos de fundação no dia 14 de abril.

Um grupo de torcedores está preparan-do uma grande festa em Boiçucanga para comemorar a data. “É o Churrasco do Cen-tenário. Vamos renuir os santistas da cidade e relembrar alguns títulos que serão exibidos

em um telão”, diz Vinicius dos Santos, um dos organizadores do evento.

A festa acontece no Camping do Vovô Kida, num dos acessos à praia. Tem início às 11 horas e o convite custa R$ 20. Mais informações po-dem ser obtidas pelo telefone 8200-0217.

Para homenagear o alvinegro praiano, a Gazeta da Costa entrevistou santistas da região que falam de seu amor pelo clube.

O comerciante Forlan dos San-tos, 40 anos, carrega o time do co-ração no sobrenome, mas cresceu cercado por corinthianos. “Em casa é tudo corinthiano. O único santista era meu avô que foi quem me incen-tivou a torcer pelo Santos também”, revela Forlan, membro de família tradicional de Maresias.

“Hoje é fácil ser santista, o time ganha tudo. Na minha adolescên-cia o Santos atravessava uma fase difícil, de poucos títulos”, declara. Como jogo memorável, Forlan também cita a fi nal do Brasileirão 2002, vencida por 3 a 2. “Apostei 10 caixas de cerveja com um corinthiano. Quando empatou já saí correndo pela rua e nem vi o terceiro gol”, lembra. Vez ou outra, ele também vai ao estádio. “Estive no Morumbi na fi nal da Libertadores em 2003 que perdemos pro Boca. Agora quero ir na fi nal deste ano ver o Santos conquistar o tetra”, acredita Forlan.

“É a minha segunda famí-lia”, defi ne Edgar Maia de Souza, 45 anos, proprietário de um camping em Boiçu-canga. Ele conta que, na in-fância, admirava o Cruzeiro. Curiosamente, começou a torcer pelo Santos após uma derrota para o Corinthians. Edgar tinha 8 anos de idade e lembra-se de ter assistido ao jogo num bar da esquina da Avenida Walkir Ver-gani com a Rua Hilarião de Matos, onde mais tarde seria construído o Mercado Teixeira.

Para ele, o jogo marcante também foi contra o maior rival, na decisão do Campeonato Brasileiro de 2002. “O Santos vinha de um jejum de títulos e aquela partida foi a consagração da geração Di-ego-Robinho”, recorda Edgar, que destaca o goleiro Fábio Costa como um de seus maiores ídolos no Santos.

Para a cozinheira Valquíria Ma-tos, 68 anos, o amor pelo Santos começou no antigo jogo de botão. “Meu pai trouxe, de viagem, botões do Santos, Corinthians e Flamengo. E eu escolhi do Santos. Na época, a gente não tinha rádio ou TV. Eu só conhecia o Santos pelo jogo de botão”, conta a mo-radora de Boiçucanga.

Anos depois, foi morar em Santos e passou a freqüentar o es-tádio da Vila Belmiro para assistir ao time de Pelé. “Foi quando vi-rei torcedora fanática”, assume. Ainda hoje, ela costuma ir aos jogos do Peixe com familiares. “Troco qualquer coisa para ver o Santos. Já deixei até marido em casa cuidando dos fi lhos”, afi rma a fanática torcedora.

Segunda família

O casal Rosival Antonio Roque, 43 anos, mais conhecido como Índio, e Marina Ferro de Souza, 34 anos, tem em comum a paixão pelo Santos. Na casa deles, a decoração não deixa dúvi-das: bancos, quadros, bandeiras e colar exibem o escudo do time.

Pernambucano, Índio era torcedor do Náutico até se mudar para Boiçu-canga. No fi nal dos anos 80, foi pela primeira vez à Vila Belmiro assistir a uma partida entre Santos e XV de Jaú. “Me apaixonei pelo clube que tem a minha cara”, comenta.

No ano passado, na fi nal da Liberta-dores, Índio ajudou a preparar uma grande festa na Praça da Alegria, onde o jogo foi transmitido num telão. “Aquela noite foi emocionante, nem consegui dormir”, recorda.

Paixão de botão Amor à primeira vista

Ovelha negra