gastronomia educação e -...

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GASTRONOMIA CARIOCA A onda verde dos alimentos orgânicos EDUCAçãO E CONHECIMENTO A maioridade da Empresa Júnior da PUC OSWALDO MIRANDA S. Excia. embaixador Vinicius de Moraes Alunos durante visita fotográfica ao Piscinão de Ramos, parte da Oficina de Fotografia Movimento Down: alguns dos trabalhos dos alunos da oficina ilustram nossa matéria

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Gastronomiacariocaa onda verde dos alimentos orgânicos

educação e conhecimentoa maioridade da empresa Júnior da Puc

oswaldo mirandas. excia. embaixador Vinicius de moraes

alunos durante visita fotográfica

ao Piscinão de ramos, parte da

oficina de Fotografia movimento

down: alguns dos trabalhos dos

alunos da oficina ilustram nossa

matéria

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editorial & sumário

capa:colunas & artigos

05 arlanza crespo Quem é Quem

10 samantha Quintans tudonovodenovo

11 lilibeth cardozo

17 iaci Malta

23 ana Flores

24 oswaldo Miranda

25 gisela gold

27 carmen pimentel língua portuguesa

30 Haron gamal

33 alexandre Brandão no osso

• galeria de imagens da oficina de Fotografia Movimento Down

• Mais informações sobre a síndrome de Down e a educação inclusiva

• imagens do Evento em comemoração dos 18 anos da EJ - puc-rio

na WEB

Crianças mais que especiais

18como a educação possibilita a conquista da cidadania para os portadores de síndrome de Downn

No mês das crianças, a Folha Carioca aborda um delicado assunto presente no dia a dia de muitas famí-lias: a Síndrome de Down e as formas de inclusão destas crianças e adoles-centes no processo educacional. Fred Pacífico apresenta, com muito afeto, o assunto em nossa matéria de capa que é ilustrada também com imagens feitas pelos participantes da Oficina de Fotografia do Movimento Down.

Samantha Quintans, Arlanza Crespo, Iaci Malta e Ana Flores es-crevem com carinho sobre assuntos a se pensar, e muito: tudo nos traz a criança que fomos, somos ou esta-mos escondendo.

Lilibeth Cardozo brinca de adivi-nhação com seu texto divertido sobre a invasão tecnológica em nossas vidas.Carmen Pimentel diverte comen-tando palavras esquisitas. Oswaldo Miranda, que caminha para os 100 anos de idade, brinca sem nenhum “embargo infringente” e, atento a tudo, homenageia o centenário do grande Vinícius de Moraes, nosso eterno poetinha.

Na gastronomia, o assunto são os alimentos orgânicos, que podem ajudar nossas crianças a serem adultos mais saudáveis!

Juliana Alves visita a Empresa Junior da PUC/RJ, um verdadeiro tubo de ensaio que prepara grandes talentos pra o mercado de trabalho.

A literatura brilha sempre nas páginas da Folha Carioca com as impecáveis crônicas de Alexandre Brandão, resenhas do Haron e textos criativos e sensíveis da Gisela Gold. Também nesta edição a mistura saudável de literatura e psicanálise de Maria Lucia Martins, que nos concede uma entrevista sobre seu lindo trabalho.

Boa leitura e curta a criança den-tro ou perto de você!

gastronoMiacarioca

artE & cultura

26gariMpo culturalteatro alternativo e exposições

saúDE & BEM-Estar

6EntrEVistaMaria lúcia Martins

Um olhar sobre a inclusão

a onda verde dos alimentos orgânicos

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EDucaÇÃo & conHEciMEnto

A maioridade da Empresa Júnior da PUC

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A rlAnzA Crespo | QUEM É QUEM [email protected]

Sampaio Alonso. Te m t a m b é m várias outras ati-vidades, como natação, ginástica no condomínio, c inema, cami-nhadas na praia, além de adorar dançar e ir a festas. E também tem uma namorada, claro!

Ricardo me mostrou as fotos de família, as fotos da escola, seus qua-dros, seus livros. Passamos a manhã inteira juntos, e no final eu ainda fiz um "bate bola" bem divertido com ele, onde eu dizia uma palavra e ele completava rapidinho. Ficou assim: animal-cachorro; lugar-praia; férias--Cabo Frio; cor-azul; time-Flamengo; fruta-maçã; comida-congelada. E aí

Conheci o Ricardo em 1997 quando eu estava organizando uma exposição de arte de várias escolas. Ele ficou responsável pela barraca de artesanato do CDD, uma escola para alunos especiais que existia na Barra e que infelizmente acabou. Fiquei impressionada com ele, com sua atuação na venda dos produ-tos. Já era amiga da irmã e da sobrinha e lógico, fiquei amiga dele também. E quando soube que a Folha Carioca deste mês falaria sobre pessoas especiais resolvi entrevistá-lo.

Vida longa a esse homem-menino

Quando cheguei já fiquei espanta-da com a arrumação do quarto. Nunca vi um quarto assim, tão arrumado! Tudo organizado, nos lugares, sem bagunça. E o Milton me disse que é o próprio Ricardo que arruma. Dei parabéns e ele logo me mostrou os marcadores de livro que estava fazendo. Ele adora trabalhos manuais. Começamos um papo legal, onde ele me falou dos seus estudos e do que ele mais gosta de fazer. Ricardo termi-nou o Ensino Fundamental no colégio Carolina Patrício, e atualmente estuda na Escola Estadual Manoel Bandeira, no Horto, diariamente das 16 às 19h. Além dos estudos tradicionais ele tem aula de arte com o artista plástico Cláu-dio Roberto Castilho e é assistido numa terapia amiga pelo psicólogo Patrick

Ricardo Antonio Nogueira da Silva nasceu em 6 de setembro de 1960 em São Paulo, e quando ele nasceu pouco se sabia sobre a Síndrome de Down, inclusive as pessoas que tinham familiares assim não queriam expô-los, por preconceito ou até para preservá-los. Foi nesse clima que seu pai, grande médico e grande ser humano, juntamente com um time de "guerreiros" fundou a APAE de São Paulo, para que existisse uma chance maior de vida para os portadores da Síndrome. Infelizmente seu pai mor-reu cedo, e Ricardo acabou vindo para o Rio de Janeiro, onde já moravam sua irmã e seu primo. Atualmente Ricardo mora com seu primo Milton, na Gávea, onde ele me recebeu para a entrevista.

eu fiquei sabendo que ele não gosta nem de cozinhar nem de lavar louça. Também, ninguém é perfeito!

Voltei para casa muito feliz, o Ri-cardo cativa a todos que se aproximam dele. Ele é doce e meigo. "Dele só recebemos carinho e amor", me disse sua irmã Cristina Leal. "Ele sempre nos surpreende com a palavra certa e o gesto certo no momento certo. Somos gratos a ele, vida longa a esse homem--menino". Dizer o que depois disso?

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SAÚDE & BEm-ESTAR

A palavra e o silêncio como matéria prima

A psicanalista e escritora Maria Lúcia Martins trabalhando na Bahia, Rio de Janeiro, Acre e Angola, entre outros lugares, em seu “percurso” passou pela educação matemática, psicope-dagogia, arte-terapia e filosofia. Desde 1985 tem publicado diversos livros de poesia e ficção. Radicada no Rio, seus ofícios atuais são a psicanálise clínica e as oficinas de literatura.

provável que essa solidão solidária à voz do desejo inconsciente também alcance a poesia que passa. Lembrando que, da poesia ao poema, há um delicado trabalho literário.

FC - Em algum momento de sua escrita você se descobre falando pela voz do inconsciente?

MLM – Numa aproximação, sim. Muito antes de me autorizar psicanalista, escrevi o poema “Notícia”. Anos depois, percebi que por ali rondara o conceito relacional de Freud, pulsão de vida x pulsão de morte... Vejamos a primeira estrofe:

Hoje vomitei um lindo pato, / pe-quenino, amarelíssimo. / Depois vomitei outro, outro, / outro, uma ninhada. Seguimos / todos a verde via principal, / arborizada / em busca do caudal metrô, / o velocíssimo. / Meus tenrinhos patos improvisaram / um nado lindo! "desliza--trilhos", / desejo aquático – antiquada /

imanência trágica – eu lhes aviso. / Não deu outra./ (...)

FC – Alguma obra sua, de ficção, nasceu de uma vivência de tra-balho?

MLM – Acabo de escrever um livro em que a personagem é uma menina que tem dúvidas sobre coisas que não têm fim. Ela sente, experimenta o infinito (sob humor e sonho) em

Folha Carioca - O que há em comum entre a literatura e psi-canálise?

Maria Lúcia Martins – Há grandes obras literárias que emprestaram da psicanálise a lógica singular do incons-ciente, ao desenvolver a linguagem de sua trama, Por exemplo, a obra de James Joyce. No Brasil, a leitura de Graciliano Ramos nos transporta à psicanálise. De Grande Sertão: Veredas (Guimarães Rosa), colhi ditos com os quais ilustrei a travessia psicanalítica de uma analisanda. Psicanálise e poesia (literatura, arte), de ambas, a palavra e o silêncio são ma-téria prima; com elas, o homem tenta ocupar o seu vazio, dele expulsando a ansiedade, a angústia, a dor. Assim, enquanto o psicanalista empresta os seus ouvidos ao paciente para que ele mais “se” escute a partir desse vazio, o sujeito da escrita, tenta preenchê-lo... É

ENTREVISTA: MARIA LÚCIA MARTINS

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situações concretas, mas não chega ao conceito: a palavra infinito não é mesmo pronunciada.

O livro Caprichos do arco-íris, so-bretudo na terceira parte, “A menina que enterrava a boneca”, resume falas de mulheres que, em criança, enterraram — e desenterravam — suas bonecas. Mas, uma delas jamais conseguiu desen-terrar a sua ... Eis a personagem, Júlia.

FC - Nos parece que sua escrita dá uma enorme importância à infân-cia, como, por exemplo, em seu poema Bandolim (Box), do livro Morte e vida Bandolim. Por que?

MLM - A linguagem que nos vai tornando um ser de fala, sexualizado e pensante, se confunde com a infância. Fonte de afetividade e fantasias, a infância há de nos falar por toda a vida. Ela é a nossa poesia, mesmo que nunca venha-mos a escrever um só verso.

FC – Como a mulher, a psicana-lista e a escritora convivem? Em

qual delas se define, de fato, uma vocação?

MLM – Quando existe desejo, o tempo surge... Para mim, o tempo e a vida caminham juntos: com a ventura de ignorarmos quando vão parar para sempre. Por isso não devíamos fazer barulho... é preciso escutar seus avisos indeléveis. À tal percepção de silêncio eu chamo de alma.

Logo ao café da manhã, ouço mú-sica suave, e leio um poema. Acho isso bom, para qualquer pessoa, sobretudo se psicanalista. Sim, eu escrevo, estudo, cozinho, vou ao cinema, pinto (menos do que gostaria), atendo, e faço oficina, como Sollei - Sociedade de Leitores Livres e Escritores Idem - em Salvador, já há seis anos. Em fase de organização, um Sollei-Rio, breve.

Vocação? A principal é viver. E que o dia traga a noite (de sonhos...), e, dela, eu desperte sob a alegria de mais um dia.

Contato: [email protected]

Bandolim

Sempre toquei Bandolim

Alisei seu longo dorso,

macio, lavei o seu pêlo.

penteei a sua crina

e lhe falava uns segredos...

As orelhas abanavam.

E havia uma música

de longe reconhecida.

Eram as patas no capim

do cavalo Bandolim.

Meu cavalo Bandolim

era vento nas estradas

Meu cavalo Bandolim

era um pássaro que eu montava

(...)

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SAÚDE & BEm-ESTAR

Massagem relaxante (sessão) - R$ 80,00Escalda Pés com Quick Massage - R$ 50,00Reiki (sessão) - R$ 30,00Quick Massage (sessão) - R$ 25,00Acupuntura - R$ 70,00

*Informe-se sobre cursos livres de massagem.

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Por que devemos realizar colonoscopia?Atualmente o câncer colorretal

é a quarta causa mais comum de câncer no mundo e a segunda em países desenvolvidos. De acordo com dados do INCA, na região su-deste, este é o segundo tumor mais frequente em homens e mulheres. Este câncer é considerado de bom prognóstico, contudo bons resulta-dos são diretamente relacionados a precocidade do diagnóstico.

A causa do câncer do intestino não é completamente conhecida, por isso, diferentes fatores podem atuar na causa do problema. Na maioria dos casos, acredita-se que o tumor tenha origem num pólipo, que é uma alteração, tipo uma verruga anômala, na superfície do intestino, secundária ao cres-cimento das células. Este pólipo, sob ação de agentes cancerígenos, transforma-se num câncer com o passar do tempo. É neste intervalo, entre o aparecimento do pólipo e sua malignização, que reside a chave da detecção precoce (pre-venção secundária).

Em aproximadamente 10-25% dos casos existe uma base genética, que pode ser determi-nante ou facilitadora. O exame proctológico completo faz o diag-nóstico e permite a indicação de tratamento, assim como indica a avaliação dos outros familiares. Caso não tratadas, as pessoas por-

tadoras desta doença terão 100% de chance de desenvolver câncer após os 45 anos de idade. Outras formas de hereditariedade existem, inclusive não diretamente relacionadas à poli-pose (múltiplos pólipos), que podem ser identificadas e avaliadas numa entrevista com o médico especialista.

Nos demais cânceres não ligados à genética, os principais fatores de risco são as doenças inflamatórias intestinais; pessoas que tiveram familiares com câncer colorretal, principalmente abaixo dos 60 anos e em primeiro grau; antecedentes de pólipos ou câncer colorretal e idade acima de 50 anos.

A prevenção primária da doença envolve uma dieta mais “natural”, por-tanto, rica em frutas, vegetais e fibras e com baixo teor de gorduras. Alguns estudiosos relacionam o consumo excessivo de carne vermelha a estes tumores. Recomenda-se exercícios periódicos, evitar a obesidade, o ta-baco e usar o álcool com moderação.

O uso de vitaminas antioxidantes, do cálcio, acido fólico e do selênio sob a forma de complementos nutricionais parece diminuir a chance de câncer colorretal e desenvolvimento de novos pólipos , mas ainda não está completamente provada esta eficácia.

A prevenção secundária é a de-tecção das lesões e retirada antes que estas sofram malignização. Diferentes métodos podem ser usados nesta detecção, por exemplo: pesquisa de sangue oculto nas fezes, retosig-moidoscopia, colonoscopia virtual

EMERGÊNCIA Tel.:2529-4505

GERALTel.:2529-4422

Publieditorial

(colonotomografia computadori-zada). Contudo, só a colonoscopia permite a detecção e retirada no mesmo momento e parece ser a mais fidedigna.

Tem indicação de rastreamento indivíduos com mais de 50 anos de idade. Pessoas que tiveram pólipos ou câncer ou têm familiares com câncer de colorreto ou doença inflamatória intestinal devem ser examinadas após os 40 anos e repeti-la de cinco em cinco anos.

Os sintomas principais são a perda de sangue nas fezes; altera-ção da frequência intestinal, tanto para prender quanto para soltar; sensação de evacuação incompleta ou tumor no orifício anal. Nunca é demais lembrar de algo razo-avelmente frequente em nossos consultórios: pacientes que usaram supositórios para hemorróidas e que, na realidade, sangravam de um tumor ou, ainda, pessoas cujo intestino foi ficando progressiva-mente preso e passaram a usar laxantes sem uma avaliação prévia quando, na verdade, tratava-se de um câncer.

Assim, vale chamar a atenção para a importância do diagnóstico e tratamento precoces desta doença que parece traiçoeira, mas dá sinais e pode ser prevenida, valorizando os sintomas e encaminhando o indivíduo para um centro especia-lizado para a correta avaliação, pois a chance de cura sempre é maior com tratamento especializado.

Eduardo Linhares Riello de Mello MD, PHD, cirurgião do INCA e da Clínica São Vicente

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TUDO

NOVO

DE

NOVO

FOLHA CARIOCA

As ideias estão no chão , você t ropeça e acha a so lução

1010

[email protected]

S amantha quintanS | tudonovodenovo

amparar seus rebentos. Se for preciso, aprendem rápido que a melhor forma de enxergar no escuro é com as mãos e com os ouvidos. Meu pai um dia me falou para que eu nunca mentisse, mas ele se esqueceu de dizer a verdade sobre o pouco dinheiro pra poder pagar todas as contas e despesas do lar e principalmente, se esqueceu de falar sobre o homem que criava e também destruía. Foi vivendo que aprendi o quanto é preciso ser organizado e criativo para ser independente, as ideias estão no chão, você tropeça e acha a solução. Aprendi o quanto é preciso cuidar para ser cuidado e se você me trouxer o seu lar, eu vou cuidar, eu vou cuidar muito bem dele.

Quando meu filho se tornou defi-ciente visual, decidi: vou me entregar em tudo que eu faço, em tudo que eu falo, meu mundo se tornou mais

concreto, palpável, emotivo e narrado. Fui trabalhar com a Hulda Rachel na brinquedoteca do IBC, Instituto de Cegos, usávamos oncinha pintada, zebrinha listrada, coelhinho peludo para identificar as gavetas de legos, carrinhos ou massinhas de modelar (cego adora modelar!).Muitos dos bichinhos mugiam, grunhiam, miavam, relinchavam... A pista sensorial foi decorada com as mais variadas flores de plástico, não morrem e são bem resistentes ao manuseio de quem enxerga com as mãos. Dizem pra você obedecer, dizem pra você responder, dizem pra você cooperar, dizem pra você respeitar, mas não dizem pra você ter compaixão, se colocar no lugar do outro. A minha vida só eu sei como guiar, dizem pretensiosos videntes, enquanto quem não enxerga com os olhos, se concentra no 'O pulso ainda

Em tempos de tudo que a antena captar, meu coração captura ser defi-ciente visual representa ter 80% menos de informação, 80% menos chances de imitação, comparação, padronização. Enquanto nossos pequenos videntes pupilos crescem reproduzindo movi-mentos, padrões de beleza, dedicando horas de seus preciosos dias a imagens que saltam aos olhos e caminham a pas-sos largos para a memória do coração, para outros tantos,tanto faz qual é a cor da sua blusa, tanto faz a roupa que você usa, tanto faz se você tem uma cabeça de dinossauro, pança de mamute.Para enxergar, precisam tocar, ouvir e que as paisagens sejam descritas em detalhes. Melhor que o façamos com amor e música. Tudo isso às vezes, só aumenta a angústia e a insatisfação das crianças que não veem, mas família vive junto todo dia e nunca perde essa mania de

Samantha Quintans é personal organizer

pulsa' do coração, levando a vida na ponta dos dedos. Palavras pra dizer de novo o que foi dito, ritmo e harmonia para lembrar do que foi dito. Eterniza o momento, quem o vive com música!Ás vezes fico assim, pensando... não dá para imaginar quando é cedo ou tarde pra dizer adeus, pra dizer jamais, poissó quero saber do que pode dar certo, não tenho tempo a perder. A gente não quer só comida, a gente quer tudo novo de novo.

Texto escrito ouvindo o álbum acús-

tico dos Titãs (1998). Foi só eu ouvir pra saber que para muito além das imagens, o que se diz e o que se ouve fica impreg-nado na alma. Feliz dia para a criança que mora dentro de você.

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l ilibeth [email protected]

zer seu som: lá vai alguém falar com ele. É tão poderoso que entra nos ônibus, nas barcas, nos aviões, nos vagões do metrô ou dos trens colado na orelha de quase todo mundo. As moças solteiras e fogosas não têm mais pra quem olhar: todos os rapazes estão agarrados nele e as moças agarram os seus. Aquelas conversas inusitadas, inesperadas, nas ruas, nos cafés, nas filas, no comércio, num banco de praça? Esquece, o tal sempre aparece primeiro! Poderoso, o mequetrefe se mete até nas salinhas pequenas de espera nos consultórios médicos. Quando não fala normalmen-te coisas que você não quer ouvir, fica apitando até ser atendido. Nem criança recém-nascida tem tanta prioridade. E o indivíduo ganhou tamanha importância que faz filmes e fotos de quem bem quiser. As fotos aparecem em instantes no mundo inteiro. Uma criança que só viveu cinco minutos já passou pelo cara e fica estampada nas telas dos compu-

Quem conhece e s t e s e n h o r ?

tadores de quem quiser ver. Indecente, insolente, deselegante, mancando numa perna magrinha ou numa coxa grossa, o enxerido é pequeno e desavisado nas mãos de quase todo mundo. Adora um ouvido o talzinho, mas, como sabe que é sumo importante, fala longe da orelha também. E aí ele se esbalda porque sua voz faz coro com os barulhos da cidade, e tudo fica quase dominado por ele! O cara nunca senta silencioso numa mesa de bar e não é de oferecer oportuni-dades de coisas presentes. Ele gosta mesmo é de levar o quarto pra praia, o jantar pra loja, a cama pro banheiro, o namoro pro açougue, o negócio pro bar, tudo de um lugar a outro, tirando gente de perto da gente. Ele leva a companhia viva, de corpo e alma, pra dentro dele. Tem gente que diz que ele é o mundo nas mãos. É nada, o tal tem a vida de quase todomundo dentro dele e espalha pelo mundo! Eu, hem, senhorzinho maluco e “importunante”!

Ele deve ter documentos tipo CPF, identidade, carteira de trabalho, cer-tidões, diplomas, pós-doutorado em tudo. E é mal educado. Onipresente, aquele carinha surge em qualquer am-biente, toca em qualquer lugar, grita, mia, geme, canta, e até coaxa feito sapo na lagoa onde você estiver. E se alguém tenta tirar a voz dele, não faz mal, o bicho parece um vaga-lume e acende no cinema, no teatro, nos bolsos e bolsas! O tal é o mais protegido ente querido de cada cidadão! Esquecê-lo? Nem pensar! Deixá-lo em casa sozi-nho é coisa inimaginável. Guardado no

bolso ou na bolsa, tem que estar sempre protegido e à mão. O fulano, beltrano ou sicrano, anda atrás de todo mundo e, se descoberto seu código, atazana a vida até

da Grazi Massafera. Um elemento sem ficha policial entra e sai dos salões elegantes, dos

barracos, das casas de família, das mesas do poder e até dos presídios do país! São muitos, mais que

tantos. Quando quer falar só precisa acender ou fa-

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1212 quaisquer aceleradores de cresci-mento”, explica FioraSerafini, um dos coordenadores do Circuito Carioca de Feiras Orgânicas da As-sociação de Agricultores Biológicos do Estado do Rio de Janeiro (ABIO).

O CircuitoCarioca surgiu de uma parceria entre a ABIOe a Secre-taria municipal de Desenvolvimento Econômico Solidário (SEDES), para permitir que agricultoresvendessem diretamente ao consumidor com alta qualidade e valores compatíveis com produtos vindos da fonte. “As pe-quenas feiras também melhoraram

Orgânicosna mesa

a logística e otimizaramseu custo, o que possibilitou mais organização e maior planejamento”.

Orgânicos pelo Rio de Janeiro

As feiras livres de produtos or-gânicos acontecem todas as terças, quintas e sábados (vide box). A Praça do Ó, na Barra da Tijuca, também vai receber esses agricultoresa partir do dia 24 de outubro, e todas têm apoio das associações de moradores das regiões. “Nossas feiras ocupam

Alimentos mais saborosos e mais saudáveis, sem hormônios, antibióticos ou agrotóxicos, tudo fruto de uma produção que evita a contaminação do solo e respeita o meio ambiente. Os produtos orgânicos estão cada vez mais sendo incorporados à rotina dos cariocas, e podem ser encontrados em mercados e feiras livres, além de lojas especializadas e até através da internet. “Nossos produtos são diferenciados, com três vezes mais mão-de-obra nas lavouras do que os produtos agroindustriais e sem

pouco espaço, não causam impac-to no trânsito e sempre tiveram banheiros químicos. E para atender aos pedidos dos consumidores, começamos a montar as barracas somente após as 06h da manhã”, explica Serafini.

A faixa de preço das verdu-ras, por exemplo, acompanha os valores dos produtos das feiras convencionais. “Os legumes e as frutas têm certa diferença. Mesmo assim, mantemos o compromisso de vender de 30% a 40% mais barato do que os supermercados,

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G astROnOMia CaRiOCa

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Terça-feiraIpanema – Praça Nossa Senhora da PazBarra da Tijuca – Praça do Ó (a partir de 24 de outubro)Quinta-feiraLeblon – Praça Ministro Romeiro Neto (atrás da COBAL)Tijuca – Praça Afonso PenaSábadoBairro Peixoto – Praça Edmundo BittencourtGlória – Rua do RusselJardim Botânico – Praça da Igreja São José da LagoaBotafogo - R. São Clemente es-quina com a Rua Muniz BarretoDelivery das feiras de Ipanema, do Peixoto e do Leblon Valmir – 8333-6904 – Terça, Quinta-feira e Sábadowww.abio.org.br

lojas especializadas e hortifrútis”, afirma o coordenador. A venda direta contribuiu para o aumento da remuneração dos agricultores e, consequentemente, o aumento dos investimentos na própria produção. Antigamente, a diversidade da oferta girava em torno de 70 produtos, e hoje as opções estão entre 170 e 200. São aproximadamente 220 produtores orgânicos no estado do Rio de Janeiro concentrados em um anel que fica no raio de 150km, ou seja, Maricá, Saquarema, Itaboraí, Rio Bonito, Tanguá, Cachoeira de Macacu, Friburgo, Duas Barras, Su-midouro, Teresópolis, São José do Vale do Rio Preto, Petrópolis, Pati do Alferes, Piraí, Seropédica, Itaguaí, e Campo Grande.

Além do circuito de feiras, tam-bém existem outras formas de adquirir os produtos orgânicos. Uma delas é o crescimento de lojas especializadas , como a Organici (www.organici.com.br), em Copacabana, que além do hortifruti também oferece mercearia, delicattessen, cosmética e vestuário, tudo de origem orgânica. Outro recurso é a entrega a domicílio. Na Manacá, você pode encomendar pela internet (www.manaca.eco.br) e receber em casa, toda terça-feira, alimentos fresquinhos vindos da região serrana do Rio.

um dos mais antigos

A qualidade e a beleza dos produ-tos foram alcançadas através de muito trabalho. Toninho, um dos produtores orgânicos mais antigos do Estado, cul-tiva esse tipo de alimento há 28 anos. “Na época, minha família trabalhava com os convencionais e quando sur-giu a ideia, meu pai pensou que seria impossível porque com agrotóxicos já era difícil. Todos estavam aprendendo juntos. Tinha uma lagarta tatu, por exemplo, que impregnava as planta-ções de cenoura sempre causando destruição. E como fazer para acabar com essa lagarta? Fizemos uma isca com açúcar, farelo e um remédio em pó e jogamos na terra. E aprendemos

também que os pulgões só atacam a mercadoria quando estão fracas, com alguma deficiência, falta de água”.

As verduras do Toninho já foram consideradas as melhores do CEASA e custavam acreditar que não havia qualquer produto químico. “Existe um nível de agrotóxico permitido, mesmo na produção orgânica, de-vido as possíveis contaminações de fazendas vizinhas. E até agora, nin-guém conseguiu encontrar alguma coisa nas nossas plantações; todos se surpreendem”. Sem agrotóxico, sem produtos químicos, só água e compostos naturais. Assim são produzidos os orgânicos que podem até curar doenças graves, uma mo-tivação para quem planta e... para quem consome.

Fe i ras o rgân icas (de 7h as 13h)

toninho, produtor da fazenda Pedras altas

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G ASTRONOMIA CARIOCA G ASTRONOMIA CARIOCA

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G ASTRONOMIA CARIOCA

G ASTRONOMIA CARIOCA

(21) 2253-3879

[email protected]

Anuncie no guia

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m á g i c o

i aci [email protected]

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O mundo Tenho que confessar que fiquei

muito surpresa com a minha desco-berta tão tardia, já que sou uma das bruxas que manteve, e ainda mantém esse mundo existindo.

No Mundo Mágico, os banheiros estão sempre limpos e cheirosos. A comida, sempre boa e gostosa, está pronta e servida para ser degustada. As roupas, compradas, lavadas e passa-das, estão prontas para serem usadas. As contas sempre estão pagas, algumas vezes (atualmente sempre, pelo me-nos parcialmente) com o dinheiro da própria bruxa. Pois é, porque a partir da minha geração, além de manterem o Mundo Mágico existindo, as bruxas ainda participam da provisão financeira da família.

E sem falar de filhos: afinal pro-blemas de crianças, de adolescentes principalmente, são sempre muito complicados, só as bruxas conse-guem resolver! E tudo magicamen-te... é claro.

Bem, vocês certamente já con-seguiram identificar inúmeras outras características desse mundo, todas com algo em comum: geram trabalho para as bruxas. Mas, também tem o outro lado da moeda, isto é, estou me referindo aos possíveis ganhos das bruxas que criam e recriam indefinida-mente o Mundo Mágico.

Quando envelhecem e se apo-sentam, quando os filhos estão criados (o que quer que seja isso), elas têm o que fazer, elas sabem o que fazer para estar no mundo. Quando tudo fica tedioso, elas sabem cuidar do jardim, sabem arrumar um armário e até se divertem com isso.

O mais intrigante é que talvez essa criação e recriação do Mundo Mágico seja a razão pela qual as mulheres vivem um tempo mais longo (pelo menos é o que dizem as estatísticas) do que os homens. E não me per-guntem qual é o papel dos homens nesse mundo...

Somente agora, em 2013, com quase 67 anos vim a desco-brir o que é o Mundo Mágico! É o mundo em que viveram os homens desde quase sempre até a minha geração e em que muitos ainda vivem até hoje.

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Texto e Fotos*_ FRED PACÍFICO

capa

Educar não é, nem nunca foi uma tarefa simples. É um ato que requer atenção, paciência, dedicação e, principalmente, afeto. Assim é para toda e qualquer criança e adolescente, não importa a origem, condição social ou intelectual. Sem cuidado, nossos filhos e filhas dificilmente alcançarão a plenitude de suas capacidades. Sem amor, a tarefa torna-se ainda mais difí-cil. Principalmente quando aquele que aprende requer dedicação ou atenções especiais, como bem sabem os pais de filhos com Síndrome de Down.

O direito à educação, para todas as crianças e adolescentes com deficiência intelectual, ou não, é garantido por diversas leis, documentos internacionais e, inclusive, pela Constituição Federal de 1988, que prevê o "atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas ha-bilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades,

preferencialmente na rede regular de ensino" e o "acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um".

Acontece que, apesar das leis se-rem avanços e conquistas importantes, na realidade ainda há muito o que se melhorar e o sistema de ensino vai lentamente se adaptando. Mais de meio milhão de portadores de necessidades especiais estão matriculados no ensino fundamental, segundo dados do último Censo Escolar divulgado este ano pelo Ministério da Educação. O MEC é a favor da inclusão na escola regular, independente do grau de deficiência intelectual, de todas as crianças entre quatro e 17 anos. “Avançamos muito tendo em vista que a inclusão tem pouco tempo. É uma questão muito nova, nosso marco legal é a Consti-tuição de 1988. As coisas caminharam muito, as crianças deixaram de estar somente no ensino especial e estão

cada vez mais entrando no ensino re-gular. A escola pública, principalmente, cada vez mais recebe essas crianças e temos visto experiências muito boas”, afirma a psicopedagoga Débora Mas-carenhas, coordenadora de articulação institucional do Movimento Down (www.movimentodown.org.br).

Mesmo com os avanços, há mui-tas situações que ainda necessitam adequações. Por exemplo, é comum instituições particulares colocarem me-tas individuais para a aceitação de alunos com deficiências intelectuais, gerando uma grande preocupação em muitos pais. Para muitas escolas esse ainda é um assunto delicado, pois a instituição tem que se deparar com diversos pontos e se adequar inclusive estruturalmente.

Pensando na facilitação desse processo, várias organizações no Brasil buscam es-tratégias para a inclusão dessas crianças e adolescentes nas escolas regulares.

Repensando o aprendizado Uma das necessidades defendidas

pelo Movimento Down é a criação de planos de atendimento individual, fortalecendo o processo de apren-dizagem com a tríade profissionais específicos, profissionais da escola e a família. Segundo Débora, é impor-tante o entrosamento entre todos os envolvidos no desenvolvimento da criança. “As instituições e os profissionais especializados estão aí para auxiliar todas as partes nesse processo. Temos que buscar soluções que atendam às

Um olhar sobre a inclusão

Como a educação possibilita a conquista da cidadania

para os portadores de Síndrome de Down

* As fotos que ilustram esta matéria foram produzidas pelos alunos da Oficina de Fotografia Movimento Down – uma parceria com o programa Imagens do Povo, Ateliê Espaço Terapêutico e Faetec –, exceto as creditadas a Fred Pacífico.

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Alunos durante aula prática da oficina

fotográfica no Piscinão de Ramos (no alto e

à esquerda). Abaixo, a professora Elisângela,

que acredita na oficina como exercício para

desenvolver a percepção do mundo e do

próprio aluno 19

características da turma, que sempre será heterogênea, e pensar no reper-tório dos instrumentos de aprendizado possíveis”, diz.

O próprio Ministério da Educa-ção – MEC – recomenda a adaptação do conteúdo, a busca por novas ferramentas pedagógicas e o uso de brinquedos no processo de aprendiza-gem. “A acessibilidade para deficiências intelectuais mexe com toda a escola e há muitas escolas querendo, mas não sabendo como começar. É necessário instrumentalizar melhor os professores e as instituições. Esse é um dos pontos trabalhados no Movimento Down. Assim como temos o Braile (grafia para deficientes visuais) e a Libras (Língua Brasileira de Sinais), temos criado cartilhas pensando sobre o processo de aprendizado de pessoas com de-ficiências intelectuais para auxiliar os profissionais. Não estamos dizendo que deva haver currículos diferentes, mas formas diferentes de abordar aquele conteúdo”, explica Débora.

Para a coordenadora da Associa-ção dos Pais e Amigos dos Excepcio-nais do Rio de Janeiro (Apae-Rio / www.apaerio.org.br), Denize Lima, a escola regular ainda não tem es-trutura, apesar das boas práticas e iniciativas que vêm surgindo. A Apae-Rio foi a primeira do país a ser fundada, em 1954. Muitas gerações de famílias, instituições e profissionais já receberam, e continuam receben-do apoio da instituição, orientação e treinamento sobre como lidar com deficiências intelectuais e múltiplas.

O dilema da formaçãoAs crianças portadoras de Síndro-

me de Down precisam ser estimuladas desde o seu nascimento, quanto mais cedo for realizado o diagnóstico e iniciado o acompanhamento, com estímulos específicos para cada fase do desenvolvimento, melhor para a crian-ça. A principal característica das pessoas com Down é o comprometimento intelectual, que pode variar de um para outro de acordo com as condições genéticas e, principalmente, ambientais. Por isso o acompanhamento precoce é tão importante.

“Toda discussão em torno da educação inclusiva esbarra sempre na questão da formação dos profissionais. Como aceitar uma criança numa classe inclusiva, se não há a especialização do profissional? Os professores são donos de uma responsabilidade que não é deles e sim do governo, que deve preparar melhor os profissionais para lidar com essas crianças em comunhão com as famílias e profissionais que podem dar suporte”, diz Denize. As Apaes compõem uma rede nacional de assistência denominada Movimento Apaeano, que é constituída por pais, amigos, pessoas com deficiência, voluntários, profissionais e instituições parceiras - públicas e privadas – em prol da promoção e defesa dos direitos de cidadania da pessoa com deficiência e da sua inclusão social.

Dentro de instituições de apoio especializado como a Apae, crianças portadoras de diferentes síndromes intelectuais recebem acompanhamento

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capaCAPA

adequado a cada necessidade. Dentre as diversas atividades e ações que de-senvolve, a instituição auxilia escolas, profissionais, empresas e famílias que a procuram, no processo de inclusão tanto educacional, quanto para o mer-cado de trabalho. Segundo a Apae, este é o maior movimento social do Brasil e do mundo, na sua área de atuação.

Atualmente o movimento congre-ga a Fenapaes - Federação Nacional das Apaes, 23 Federações das Apaes nos Estados e mais de 2000 Apaes distri-buídas em todo o País, que propiciam atenção integral a cerca de 250.000 pessoas com deficiência. Há 31 anos trabalhando na Apae como terapeuta, Denize acredita que as leis existentes são muito favoráveis à inclusão tanto na educação quanto para o mercado de trabalho, mas ainda há muito mais o que se melhorar. “A lei favorece, mas poderia ser melhor, como tantas outras leis existentes no nosso país. O impor-tante é que se cumpra a lei, e para isso deve haver adequação e formação apropriada, esse é o desafio”, explica.

Somando forçasA discussão é ampla e os caminhos

futuros ainda estão sendo traçados pelas propostas e experiências que surgem, assim como pelos novos paradigmas que se impõem. Diversas pesquisas têm sido realizadas nessa direção, discutindo as proposições políticas e práticas que possam favo-recer a inclusão. Para a pesquisadora e professora doutora em educação Lilian Menenguci, ainda existe um hiato entre o que se adota como perspectiva na lei e o que se vive na prática. Autora do livro "Educação, Educação Especial, In-clusão e Arte: para além do chão e dos muros da escola comum", lançado este ano pela Editora Appris, a professora afirma que a perspectiva inclusiva coloca em xeque a própria política educacional brasileira, deixando a escola e o profes-sor de saia justa.

“A escola sabe ensinar só de um jeito, dentro de um modelo padroni-

zado, e a perspectiva inclusiva coloca que o modelo de ensino deve ser o de que todos os sujeitos aprendem, mas aprendem de formas diferentes. É a perspectiva de uma educação que seja para todos no âmbito da escola comum, inclusive para pessoas com deficiência. Não acredito que a escola, nem a educação sozinhas dão conta de atender a essa demanda, é preciso que todas as áreas sociais estejam dia-logando. O dever de casa não é só da escola e da educação. Ele é de toda a sociedade”, pontua a professora.

De acordo com Lilian, a perspecti-va inclusiva está posta por direito, mas ela ainda precisa se dar de fato. “Do ponto de vista da legislação brasileira, os direitos das pessoas com deficiência está mais do que assegurado. O Brasil é uma referência mundial nesse cam-po. Os estudos e pesquisas na área se agigantaram desde a década de 1990 e, sem dúvida, corroboram para a cena inclusiva. Contudo, a dívida social que se tem com as minorias brasileiras é do tamanho do país, quiçá maior que ele. É preciso considerar que as crianças crescem. Tornam-se adolescentes, jovens e adultos. São cidadãos de direito, que devem ter seus direitos assegurados. Logo, é necessário que ações enredadas se dêem. É preciso estabelecer políticas públicas e práticas sociais que respondam às necessidades de todos os cidadãos, inclusive os cida-dãos que são pessoas com deficiência. Não podemos desistir de ensiná-los, devemos sempre aprender a pensar por uma outra lógica, pois existem outras lógicas”, diz.

Limites no processoEssas lógicas ainda estão em pro-

cesso de transformação dentro das instituições de ensino regular. O pro-gramador Manoel Cunha sabe bem a dificuldade que pode haver na busca de uma escola para uma criança com Síndrome de Down. Pai de Gabriela, de seis anos, ele conta que encontrou diversas portas fechadas e ouviu muita

justificativa furada até conseguir uma instituição que aceitasse sua filha. “A desculpa é sempre a mesma, que não poderiam aceitar pois já tinham ocupado a cota por classe ou que a escola não tinha estrutura. De onde tiram que há cota para aceitarem alunos com neces-sidades especiais? Como assim não há estrutura nos dias de hoje? Isso é crime,

pois vai contra um direito garantido por lei, pela constituição. É como se dissessem que sua filha não pode aprender, ou pior, que ela não tem o direito a aprender. O que é desuma-no”, desabafa.

Cunha reconhece que muitos pais, preocupados com as próprias questões relacionadas aos seus filhos,

Fotos: Shirley Medeiros / divulgação

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não buscam fazer valer esse direito pelas vias legais. Mesmo assim, acredita que falta fiscalização para se fazer valer o direito assegurado por lei. “Quando descobrimos que Gabriela era especial, ficamos desnorteados. É um novo mundo que se descortina, no qual somos completamente ignorantes sobre tudo que envolve esse universo. É difícil para a família e esses ‘nãos’ só embaralham ainda mais a cabeça dos pais, que só conseguem se reequilibrar com apoio e muita informação. Nesses primeiros anos, a última coisa que você quer é entrar em brigas e desgastes

jurídicos. Queremos é encontrar quem, como a gente, aceite e tenha condição de auxiliar e nos auxiliar no desenvolvimento de nossa filha”, diz.

Infelizmente esse não é um caso isolado, sendo uma situação que se repete por todos os cantos da cidade e do país. Apesar das boas práticas, dis-cussões e iniciativas, a desinformação e o despreparo ainda assola profissionais de diversas áreas. A aposentada Maria de Lurdes M. Rodrigues, mãe de Shir-ley, que está atualmente com 25 anos, felizmente não passou por essa situação quando procurou uma escola para sua filha, mas suas questões foram outras.

Natural do interior do Ceará, Dona Lurdes, como é conhecida, mudou para o Rio de Janeiro com a filha já quase completando cinco anos de vida. Só aqui descobriu que Shirley é portadora da Síndrome de Down. “Nunca me disseram nada, nenhum dos médicos que atenderam minha

filha. Na verdade, venho do interior e confesso que nem sabia que existia isso. Quando precisei ir ao médico aqui, perceberam que ela era diferente das outras crianças e me encaminharam para o Hospital do Fundão, onde foi feito o diagnóstico. Desde então pro-curamos a Apae, o que foi muito bom para seu desenvolvimento. Depois consegui matriculá-la em uma escola municipal, além de programas de arte, dança e capoeira, que ela ama”, conta.

Inclusão e autonomiaA consultora de metodologia de

melhoria empresarial, Flávia Amaral Cortinovis, também passou por uma experiência difícil quando buscou uma creche para seu filho Rafael, de dois anos. “A partir do parto se descorti-nou um universo de referências até então desconhecidas. Ainda bem que existem muitas fontes de informação para quem procura. Tivemos que aprender estudando, convivendo com o Rafa e com os profissionais que tivemos contato. Para mim, até agora, a maior dificuldade foi colocar na escola regular. Limite maior quem dá é a sociedade e as escolas não es-tão abertas, não querem se envolver. A inclusão é a grande dificuldade. As escolas colocam várias restrições para recebê-los e não sinto que boa parte esteja preparada ou mesmo interes-sada em se preparar”, opina.

Flávia comenta que não foi um processo fácil. “Recusar o atendimento de uma criança, é como jogar o diplo-ma de educador no lixo. É como dizer que a criança não pode aprender. Tive que bater em muitas portas e todas se fecharam, por toda Zona Sul e Oeste da cidade, com exceção da que estou hoje, o Centro Educacional Criarte (www.criarterj.com.br)”, conta. Ter encontrado essa instituição a fez vol-tar a acreditar que existam escolas e pessoas que pensam diferente. “Não existe um modelo, o que há são instituições que estão afim de jogar junto com os pais para preparar os

profissionais e se adaptar às crianças. A professora e as auxiliares estão se desenvolvendo e têm enorme inte-resse. Procuraram os profissionais que acompanham meu filho para se informar e vamos juntos construindo sua educação e seu desenvolvimento”.

O contato com o universo das deficiências intelectuais foi tão transfor-mador para a família, que incentivou Flávia e seu marido a pensarem e investirem no universo da inclusão. Neste caso, focado na preparação de mão de obra através do projeto “Be-leza em todas as suas formas” (www.belezaprojeto.org), desenvolvido através da multinacional de cosméticos Alfaparf, em parceria com o Instituto Meta Social (www.metasocial.org.br), uma entidade sem fins lucrativos com quase vinte anos de experiência no de-senvolvimento de práticas de inclusão social. O projeto possui uma equipe multidisciplinar de profissionais e foi lançado este ano, simultaneamente no Rio e em São Paulo, com a abertura de duas turmas para a capacitação e o encaminhamento para o mercado da beleza de profissionais capacitados portadores de Síndrome de Down.

O olho e o beloSe um novo olhar sobre a inclusão

é necessário e vem aos poucos sendo construído, uma oficina de fotografia veio exatamente trabalhar esse sen-tido. Uma parceria do Movimento Down com programa Imagens do Povo (www.imagensdopovo.org.br) e o Ateliê Espaço Terapêutico (ateliees-pacoterapeutico.com), com patrocínio dos Correios, ofereceu este ano a Ofi-

Fotos: Joana Nascimento / divulgação

Stela / divulgação

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cina de Fotografia Movimento Down, que teve a duração de 10 meses. No total 26 alunos participaram das aulas, divididos em duas turmas, sob a coor-denação dos professores Elisângela Leite e Adriano Rodrigues, ambos fotógrafos formados pela Escola de Fotógrafos Populares, projeto inserido nas ações da ONG Observatório de Favelas do Rio de Janeiro, na qual é alocada.

A primeira turma foi formada por alunos do próprio Complexo de Fa-velas da Maré, onde foi diagnosticado, pelo Censo realizado pelo Movimento Down em parceria com a ONG Redes de Desenvolvimento da Maré, um número expressivo de portadores da Síndrome de Down com pouco e até nenhum apoio terapêutico. Esse diagnóstico, assim como o mapea-mento de instituições de atendimento que podem dar suportes às famílias da

região, possibilitou o encaminhamento de diversos indivíduos à atividades de apoio. Já a segunda turma foi formada em parceria com a Escola Especial Favo de Mel, unidade da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), localizada em Quintino. Segundo a coordenadora do Imagens do Povo, Joana Mazza, todos aprenderam jun-tos ao longo da oficina, que resultou em uma exposição fotográfica que ocupou o saguão do prédio central dos Correios, no Centro, durante o mês de setembro. “Todo o processo foi um desafio e um exercício de adap-tação. O programa e a adequação do conteúdo, assim como a coordenação das oficinas, ficaram a cargo do fotó-grafo João Roberto Ripper, fundador do Imagens do Povo. Foi interessante ver como a fotografia pode ser usada para aprimorar a percepção do mundo

e do outro, como um instrumento de sensibilização das relações”, comenta.

Para Jorge Geraldo dos Santos Pinto, pai da aluna da oficina Joana Pinto, de 26 anos, o curso foi muito positivo para sua filha. “Foi excelente e gostamos de ver o comprometimen-to dela. Em casa agora está sempre tirando foto e nos apontando situações que chamam a sua atenção. Passamos a perceber a beleza do que ela vê”, diz. A fotógrafa e professora Elisângela concorda que a oficina trouxe uma nova visão aos envolvidos. “Aprende-mos muito mais do que ensinamos, isso é certo. Através do olhar exerci-tamos não só a percepção do mundo, como a percepção do próprio aluno dentro deste mundo. Isso foi muito enriquecedor para todos. Barreiras que surgiram no começo, como a de se auto fotografar ou deixar o outro fazer o seu registro foram aos poucos sendo quebradas. Percepções e julga-mentos sobre o belo, foram aos pou-co sendo refeitos, em um processo de construção da própria auto imagem

SERVIÇO: APAE - (21) 3978-8800 / www.apaerio.org.br Ateliê Espaço Terapêutico - (21) 2539-8171 / atelieespacoterapeutico.com Beleza em todas as suas formas - www.belezaprojeto.org Imagens do Povo - (21) 3105-4599 (ramal 207) / www.imagensdopovo.org.br Meta Social - www.metasocial.org.br Movimento Down - www.movimentodown.org.br

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dos envolvidos. Terminamos a oficina com vários alunos se enxergando de outra forma, assim como percebendo a luz ou detalhes do cotidiano que não eram percebidos antes. Isso é enriquecedor”, diz.

As boas iniciativas e experiências trazem e enriquecem a construção de um novo olhar sobre a inclusão de portadores de Síndrome de Down às oportunidades educacionais, culturais e profissionais existentes em nossa sociedade. Uma nova lógica é pos-sível, assim como uma novo prisma pode ser construído. Só depende de cada um de nós, que com nossas diferenças, que são tantas, compomos a sociedade em que vivemos e na qual todos devem ter condições de buscar sua felicidade. Em homenagem a esses guerreiros e guerreiras que tanto nos ensinam e nos incentivam a sermos melhores, ilustramos essa matéria com as imagens dos alunos da oficina de fotografia. Um convite para que todos parem, pensem e procurem olhar o mundo com outros olhos.

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A nA [email protected]

mesmo lado vai segurar o punho do fuzil e o dedo indicador vai descansar na tecla do gatilho, pronta pra ser acionada.

- É a mesma coisa que apertar o gatilho?

- É, mas deixa isso pros cowboys. No nosso ofício nós dizemos acionar a tecla do gatilho. Bem devagar e conti-nuamente, pra não perder o alvo com um movimento brusco. Entendeu?

- Acho que sim.- Antes de subirmos aqui pro

terraço você disse que estava com um pouco de medo, lembra?

- Lembro.- E agora? - Só um pouquinho, tá menos.- Mais tarde, quando você sentir o

cheiro da pólvora depois do seu pri-meiro tiro, vai ver muita coisa mudar.

- Como assim?- Na hora você vai entender o que

estou falando.

- Ah, é?- Pode apostar. Bom, continuando.

Afaste a tampinha da luneta e comece a procurar o alvo.

- Por que a luneta tem uma tampinha?

- Porque dependendo do local onde você se posicionar, o vidro da luneta vai dar reflexo e vão te localizar.

- Ah, entendi, isso não é bom... E quem a gente vai acertar?

- Ninguém. Hoje só estou te pas-

- Primeiro se posicione atrás do fuzil, de maneira confortável mas fir-me. Na hora do sufoco pode não dar tempo de escolher a melhor posição, mas pelo menos você tem que estar bem apoiada, em pé ou deitada, certo?

- Certo. - Bom, uma das mãos vai sustentar

o cano, que é muito pesado e tende a baixar.

- Tá bom.- Mas não ponha a mão no cano,

ela vai se queimar quando passar a munição.

- Então onde eu seguro?- Mais pra trás, no guarda-mão,

justamente por isso tem esse nome.- Ah, tá. - Agora encoste a soleira da co-

ronha no ombro, e descanse a maçã do rosto na coronha, do jeito que eu estou fazendo.

- Assim?- Isso mesmo. A sua mão desse

Primeiras noções

sando as dicas de posicionamento pra você ir se acostumando com o peso do fuzil e com a maneira de segurar sua arma.

- Só isso?- Por enquanto, é. - Mas então quando eu vou co-

meçar de verdade?- Nessa profissão é preciso ter

paciência e autocontrole, filha. Co-meçar de verdade, só quando você fizer 11 anos.

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OswaldO [email protected]

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Do famigerado AI-5, do ditador Costa e Silva, à Lei 12.265/2010 passaram-se alguns anos. Aquele, assinado pelo marechal; atingia entre outros o nosso poeta e imortal com-positor Vinicius de Moraes, cassado e obrigado a se aposentar da carreira diplomática sofrendo na pele o que tantos outros sofreriam nos anos de chumbo, A lei referida, corrigia uma tremenda injustiça, pois viria reparar o castigo imposto ao poeta naquela onda de cassações produzida. pela generalada. Morto, Vinicius readquiria a condição de ministro de primeira classe, embaixador, sim, sua Exce-lência, Embaixador. Nem sei se devo lembrar que, quando incluíra Vinicius no grupo de vítimas o marechal teria se referido a ele como "... aquele vagabundo...”. No seu entender são assim os boêmios, os que sabem gozar as liberdades da vida, os noctí-vagos, os amantes, os intelectuais, os poetas... Vinicius... 1967.

Na celebração, Lula, então presi-dente, deu uma placa comemorativa a Georgiana, uma das filhas do poeta, em ato a que estiveram presentes a neta Mariana e da parceira e cantora

Miúcha, enquanto rodava um frag-mento do filme Vinicius, de Miguel Faria, e era lembrada a poesia, Ope-rário em construção, que, certa vez o Poetinha declamara para Lula, aquele do ABC, não o de hoje...

x x xEu com Vinicius só uma vez.

Depois de programa, do J.Silveste, na TV-Itapoã, em Salvador, ficamos no hotel para voltar ao Rio dia seguinte. Vinicius estava no hall. Foi um Deus nos acuda. Juntou um montão de gente ao redor. Um sarau, Vinícius poetando, contando causos, can-tando, momento maravilhoso, com whiskey, sim, ora...

Alguém se lembrou de um dia em que ele esteve em Ouro Preto, quando alunos de uma faculdade lhe pediram um improviso. Ficou assim e ele declamou, depois de um gole: Com Vinicius em Ouro Preto / Be-ber, beber demais / Quando a bebida acabar / Foi Vinicius de Moraes...

Agora reproduzo um original registro litero-gastronômico, que ele dedicou a Helena Sangirardi. Helena era pessoa popular na cidade, como mestre em culinária, com livros de

receita e programa na televisão, casada com Sangirardi Junior, grande publicitário e produtor do primeiro programa cultural na TV, o Céu é o limite, na TV-Tupi, em 1956, com J.Silvestre. Foi meu colega na TV.

O poema saiu na revista Cario-quice, da Fundação Ricardo Cravo Alvim. Diz assim: ”Amiga Helena Sangirardi / Conforme um dia eu prometi / Onde, confesso que esqueci / E embora - perdoe - tão tarde / (Melhor do que nunca!) Este poeta / Segundo manda a boa ética / Envia-lhe a receita (poética) / De sua feijoada completa / Os elementos componentes / De um saboroso refogado / Tais: cebolas, tomates, dentes / De alho - e o que mais for azado / De carne-seca suculenta / Gordos paios, médio toucinho / (Nunca orelhas de bacorinho) / Que a tornam em excesso opulenta / Tudo picado desde cedo / De feijão a sempre evitar / Qualquer contato mais... vulgar / Às nossas nobres mãos de seda”.

Esta, no dizer de Vinicius, a Feijo-ada à sua moda. Pois é. Carnaval está chegando e já sei que a União da Ilha

vai ter seu enredo a ele dedicado. É certo que fartos elementos não falta-rão aos compositores do samba para desfilar na Sapucaí na homenagem à Sua Excia., o embaixador Vinicius de Morais, parte das muitas outras que lhe estão sendo prestadas a propósito do centenário de seu nascimento, na Gávea, em 19 de outubro de 1913. Sabem este som que vocês estão ouvindo agora? É o tilintar das taças de champanhe, se chocando no brinde que acabei de levantar para o aniversariante, senhor Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes, ou melhor, o popular Poetinha...

S. Excia. Embaixador Vinicius de Moraes

Errata: O texto publicado na edição de setembro passado “O Dr. Ulysses e os Três Patetas” saiu truncado. Pedimos desculpas aos leitores. Eis o correto:

... Quando morreu o ditador Costa e Silva, havia um vice-presidente, o deputado Pedro Aleixo, a quem fora confiada a redação de um novo texto constitucional. Lógico, ele assumiria. Coisa nenhuma! Um civil, um paisano na presidência? Instituíram, então, uma junta militar que durou até que viesse um novo ditador, o general Emílio Garrastazu Médici, que colocou como vice o Rademaker.

Tal junta militar ficou assim: general do exército Lyra Tavares, almirante de esquadra Augusto Rademaker Grunewald e marechal do ar Narcio de Souza Mello, de acordo com o Ato Institucional (mais um!) n° 12, de 31-8-1969. Inconformado, Ulysses não conteve sua revolta e do alto de sua indiscutível autoridade, classificou-os de Os Três Patetas, protestando contra mais um ato arbitrário dos militares. Era uma ilação com os famosos comediantes que no cinema ficaram famosos fazendo rir as plateias de seus filmes de estripulias nas décadas de 50, 60... Eram eles os irmãos Moe, Larry e Curly, três idiotas a serviço do melhor humorismo. Em tempo: foi Ulysses que falou...

Abílio DinizEle deixa o Pão de Açucar.

Vai agora para o Corcovado ou o Dois Irmãos...

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“Réus levam a melhor com os embargos in-fringentes, provocando novo julgamento do Mensalão, o maior escândalo da história”.De repente, os surpreendentesEmbargos infringentes...Nos trens, pendurados, os pingentes -Que os protejam os embargos infrin-gentes. Nos negócios, fracassam os gerentes?Que se lhes apliquem os embargos infringentes...Há os que se promovem como com-petentes...Desmascará-los com embargos in-fringentes?Hospitais tratando mal seus pacientes - Alívios pra eles com embargos infrin-gentes.Foliões no carnaval, sempre contentes -Fantasias de embargos infringentes!Nos prostíbulos, cenas indecentes -Coisa comum em tais ambientes...Cabem embargos infringentes?Escolas pagam mal corpos docentes -Olha ai os embargos infringentes.Na Justiça, juízes inconvenientes?Pra eles embargos infringentes.Nomeações, atos de Dilma, inconsequentes?Valem ai os embargos infringentes?No Planalto, falham sempre os assistentes?Venham outros, sem embargos infringentes.Barroso, Teori, Rosa, Toffoli – persistentes.Tal como Lewandowski – incongruentes...Joaquim e Luiz Fux, sempre prudentes,Também Marco Aurélio, Carmen Lúcia, Gilmar – bem incontundentesAcima dos embargos infringentes. Que se aplauda os ministros coerentes -Que abominam os embargos infringentes!Então, fiquem todos bem cientes:Lei 8.038, 1990, Artigo 43 - Suprem em decisão sem precedentes.Advogados - anéis bem reluzentes...Faturando com embargos infringentes.

Celso de Melo, o Decano, nas tangentes,Detonou os embargos infringentes -Seis a cinco, com forças influentes...Réus com pizzas, juízes prepotentes,Maculando as togas pertinentes!

G isela [email protected]

Olhar de Bicicleta

Pequena tinha olho grande. Nesse olho cabia fantasia e mundo. Ela olhava e uma história com sua máquina contava. Seu clic fazia clac. Alguém no olho de pequena batia palmas pra vida. E ela ouvia. Ela o via.

O olho de Pequena tinha jeito de olhar de bicicleta. Ora passeava, ora corria, mas o tempo se dava para ver o que a vida apronta-va. De onde vinha ? Para onde ia? Seu olhar era de trânsito. Bastava entrar nas ruas que a vida piscava pra ela.

Piscava e ela clic. Clic na clock certa. Que a grafia da foto não espera até amanhã. E Peque lá sabia esperar. Esperava quando a bicicleta queria parar e dizia pro olho que o sol ainda se escondia. Assim e só assim valia parar o pedal da retina e aquietar-se à espera da melhor luz. Pensava grande essa Pequena. Essa pequena que não parava pra se olhar. Mal sabia seu tamanho.

Pequena era miúda só na fita métrica. Que seu olho pedalava pra fora. Seu olhar de bicicleta.

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arte & cultura

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Memórias do Rio de 1763

Com a plateia no palco Galpão no RioTeatro para 3ª idade

GARIMPO CULTURAL

Em comemoração dos 250 anos de transferência da sede do governo

do Estado do Brasil de Salvador para o Rio de Janeiro, ocorrida em 1763, o Museu Histórico Nacional expõe acervos da época como pinturas, aquarelas, documentos, panoramas, mapas e plantas, louças brasonadas etc. A coleção doada de Christovão

Depois de temporadas de sucesso, chega ao Rio de Janeiro o espetá-culo “Dias de Setembro”, um solo de Lucas Sancho influenciado pelo livro “Os dragões não conhecem o paraíso”, de Caio Fernando Abreu. Henrique tenta escrever uma carta de amor para Eduardo, seu ex-namorado. Após um ano de separação, ele começa a entender as verdades do amor contemporâ-neo.Na peça,o cotidiano vivencia-do é de uma relação homossexual.

de Avila “Armorial de Garcia D’Avila” merece destaque. Em breve, a Ar-quimedes Edições vai lançar o livro BRASÕES DE ARMAS – Armorial Histórico da Casa da Torre de Garcia d’Ávila para transportar a história até as suas casas.

O CIAMA Cultural (Centro de Arte, Inclusão e Meio Ambiente)está com vagas abertas para o curso de teatro para a terceira idade. O objetivo é desenvolver uma melhor convivência entre os idosos através de poesia, trocas culturais e trabalhos em grupo em diversas atividades. O curso será ministrado por Mariana Zurc, uma experiente atriz com dez anos de palco, e tem duração de quatro meses. Para mais informações, entre em contato pelo telefone (21)2549-6376.

Temporada: todas as terças-feirasHorário: de 9h as 11hPreço: R$ 130,00Endereço: Rua Raimundo Corrêa, nº 60 – Sala 204 – Copacabana.Tel.: (21) 2549-6376

A fábula “Os Gigantes da Montanha” narra a chegada de uma companhia teatral decadente a uma vila mágica, povoada por fantasmas e governada pelo Mago Cotrone. Escrita por Luigi Pirandello, a peça é uma alegoria sobre o valor do teatro (e, por extensão, da poesia e da arte) e sua capacidade de comunicação com o mundo moderno, cada vez mais pragmático e empenha-do nos afazeres materiais. A peça será encenada no Aterro do Flamengo, com entrada franca, pelo Grupo Galpão, de Minas Gerais, sob direção de Gabriel Vilella. A música, ao vivo, é tocada e cantada pelos atores como um elemen-to fundamental na tradução do universo da fábula para o teatro popular de rua. 10 a 12 de outubro – 19h13 de outubro – 18hEntrada FrancaMonumento aos Pracinhas (Aterro do Flamengo)Endereço: Av. Infante Dom Henrique, 75 - Glória

TexTO_JULIAnA MARqUes ALves

As respostas para suas inquietações são encontradas na plateia, que fun-ciona como conselheira interferin-do, de forma direta, no espetáculo.

Temporada: de 02 a 17 de Outubro Quartas e Quintas- às 20h30Ingressos: R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia) Endereço: Rua General Polidoro, 180 - Solar de Botafogo - Espaço IITel.:(21) 2543-5411

Afonso X de Castela Casa Imperial Brasileira

Conde de Portugal Dom Henrique de Borgonha

Dom Afonso Henriques 1º Rei de Portugal da 1a Dinastia

Brasões de Armas

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HERÁLDICA REAL 134

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135

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HERÁLDICA CORPORATIVA

HERÁLDICA DE DOMÍNIO Cidade de Ávila Município da Espanha na província de Ávila, comunidade autônoma de Castela e Leão, com suas extensas muralhas medievais, fortemente marcada pela história, sobretudo dos séculos XII e XV, onde se encontra o Convento de Santa Teresa, erigido sobre o solar da casa natal de Santa Teresa. Origem de famílias ancestrais da Casa da Torre.

Ginásio Estadual Ministro Pires de Albuquerque Estabelecimento de ensino da Bahia, vinculado à Casa da Torre, por ter como patrono o Ministro Antônio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque. Brasão Corporativo estudo de Irmão Paulo Lachenmayer, OSB, desenvolvido em 1968.

Amindavila Marca registrada em 1950 na Bahia, da Empresa de Água Mineral, na Bahia, vinculada por usar o nome do Morgado Francisco Dias de Ávila e como emblema comercial, suas armas.

Amograça – Associação dos Moradores da Graça Congrega os fiéis da comunidade da Graça, na Igreja de Nossa Senhora da Graça, fundada por Catarina Paraguaçu, matriarca do Morgado da Torre. Brasão Corporativo ofertado à Amorgaça, projeto e autoria do Heraldista Victor Hugo C. Lopes.

Cidade de St. Augustine - Flórida - Estados Unidos da América. Fundada por D. Juan de Ponce de Leon é vinculada à Casa da Torre de Garcia d’Ávila pelo parentesco deste pioneiro com Garcia d’Ávila y Ponce de Leon – Marquês de Villamarta-d’Ávila, costado do Morgado de Tatuapara. Primeiro núcleo americano, contínuo.

Cidade de Saint-Malo – França Nesta cidade, em 1528, Catarina Paraguaçu foi batizada “Katherine du Brésil”, casando-se com Diogo Álvares Caramuru, ali permanecendo por cerca de 4 anos, concluindo Diogo seus estudos e trazendo, na volta ao Brasil, instrumentos aperfeiçoados para construção civil e armamento para sua casa fortificada em Vila Velha –Bahia.

Cidade de Vianna do Castelo Cidade portuguesa, sede do Distrito de Viana do Castelo, na região Norte e sub-região do Minho-Lima, importante entreposto comercial, onde viveu e de onde saiu para o Brasil Diogo Álvares, o Caramuru, casado com Catarina Paraguaçu, primeiro costado da Casa da Torre.

Cidade do Salvador Primeira Capital do Brasil e, durante séculos, o mais destacado baluarte da Casa da Torre de Garcia d'Ávila, berço de numerosos dos seus descendentes.

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Thiago Costoli/D

ivulgação

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Carmen pimentel | língua [email protected]

Estamos sempre dizendo ou ouvindo palavras que são usadas com tanta propriedade que fingimos conhecê-las para não passar a vergonha de perguntar o que elas significam...

Quem faz dieta ou tem filho pequeno, com certeza, sabe o que fazer na “hora da colação”. Quem não pertence a esse grupo, pode

achar estranho, porque também se

usa a palavra para dizer “Vou à co-lação de grau de Fulano”. Parabéns ao Fulano, que conseguiu levar os estudos até o final e colou grau!

Pois bem, colação é palavra de origem latina que significava, nos primórdios, 'reunião, assembleia; contribuição; oferenda; compara-ção'. Com o tempo, foi ganhando outros significados, expandindo os primeiros.

A hora da colação é, geralmen-te, por volta das 9h30/10h

da manhã, quando bate aquela fominha e ataca-

mos um lanche rápi-do. Herança, talvez, da hora do recreio na escola...

Vejamos o que nos diz o dicionário

Houaiss:No caso do pri-

meiro uso – “hora da colação” – a palavra foi usada

na acepção de número 4, do

Palavras esquisitas do dia a dia, esquisitas mas muito usadas.. .

dicionário: refeição ligeira; consoada. Consoada??? Bem, agora você tam-bém pode dizer que vai fazer uma consoada, ou que na hora da conso-ada, na creche do seu filho, servem um suquinho de frutas...

Mais esquisito ainda!Aliás, esquisito também é uma

palavra esquisita!O mesmo dicionário diz que

esquisito é aquilo que é encontrado com dificuldade; raro; precioso; fino. Mas também é estranho; inexplicável; feio; desagradável.

Falando nisso, lembrei-me da expressão da moda “embargos in-fringentes”! E para explicar o que isso significa, aproprio-me de uma piadi-nha que está rolando no Facebook ultimamente, ultraesclarecedora!

Explicando o que são os tais EM-BARGOS INFRINGENTES....

O filho pergunta ao pai:Pai, o que são Embargos Infrin-

gentes?É o seguinte, imagine que nossa

casa seja um Tribunal e que quando alguém erra, é julgado e todos po-dem votar!

Um dia, por exemplo, o papai comete um deslize: É pego traindo sua mãe com 3 prostitutas.

Eu irei a julgamento. Sua mãe, a mãe dela, o pai dela,

sua irmã mais velha, você e seu irmão mais velho, votam pela minha condenação.

Meu pai, minha mãe, o Totó e a Mimi, nossa gatinha, votam pela minha absolvição.

Tá pai, mas aí você é condena-do, não?

Sim, fui, aí é que entram os tais dos "Embargos Infringentes" meu filho. Como eu ganhei quatro votos a favor da minha absolvição, tenho direito a um novo julgamento.

Mas pai, no novo julgamento todos vão votar do mesmo jeito.

Não se eu tiver trocado a sua mãe, o pai dela e a mãe dela pelas três prostitutas...

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2828

educação & conhecimento

volvimento pessoal foi a L’EcoleSupérieuredesSciencesEconomiques et Commerciales de Paris (ESSEC), na França em 1967. No Brasil, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Fundação Amando Álvares Penteado (FAAP), ambas em São Paulo, foram as pioneiras a adotarem a ideia. No Rio de Janeiro, o exemplo de destaque é a Empresa Júnior PUC- Rio, a segunda maior do país que completou, em setembro, 18 anos de sucesso. “Atual-mente temos o maior número de pro-jetos por membro e, ao longo desses anos, clientes como a Ambev, Shell, Ipiranga e Domino’s passaram por aqui”, explica Marcos Mota, estudante de publicidade e presidente da orga-

Tubo de ensaio para o mercado de trabalho

Entrar em uma universidade é um dos primeiros passos de milhões de pessoas em busca de um futuro melhor. E durante o período de graduação a grande preocupação do estudante é preparar-se para o merca-do de trabalho aplicando o conteúdo aprendido. Além das muitas empresas que abrem oportunidades de estágio a fim de absorver essa mão-de-obra sedenta por conhecimento, existem as chamadas empresas juniores, uma união de alunos dentro das próprias instituições dispostos a desenvolver projetos e os espíritos crítico, analítico e empreendedor.

A primeira faculdade a abrir as portas para esse modelo de desen-

Empresa Junior da PUC chega à maioridade mostrando a importância de suas iniciativas na vida universitária brasileira

nização. Todas possuem as mesmas características: são instituições sem fins lucrativos, geridas exclusivamente por alunos de graduação que aproveitam a oportunidade para aplicar e aprimorar seus conhecimentos e sempre sob a supervisão de professores das respec-tivas áreas.

oportunidades para todos

De acordo com a Brasil Júnior (Confederação Brasileira de Empresas Juniores), 63% dos estudantes das empresas juniores são provenientes de universidades públicas federais como (*)a Fluxo Consultoria (consul-toria em Engenharia da UFRJ), Focus

texto_Juliana alvesFotoGRaFia_aRthuR mouRa

marcos mota, presidente da eJ Puc

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Consultoria (multidisciplinar da UFF de Rio das Ostras), Insight (consultoria em Psicologia da UFRJ), Opção Consulto-ria (consultoria em Economia da UFF). As estaduais e as particulares também têm representação nesse mercado, 26% e 10% respectivamente, como, por exemplo, a UEZO Jr, Iniciativa Jr (consultoria em Administração e Contabilidade da UERJ), Gama Júnior Consultoria (consultoria multidisci-plinar) e a EXPM Jr (consultoria em Marketing, Comunicação e Gestão de Negócios da ESPM).

Os alunos que passam por uma empresa júnior adquirem experiência e aprendem o lado empreendedor na área da profissão escolhida. As empresas que se tornam clientes, além de colaborarem com o processo de formação dessas equipes, são benefi-ciadas tanto com o apoio especializado quanto com o próprio profissional que se aprofundou nos seus projetos e está pronto para ser seu funcionário. E as universidades que servem como intermediadoras entre o aluno e o mercado de trabalho ganham credibili-dade e tornam-se referências de bons resultados, ou seja, as vantagens são para todos os envolvidos.

maioridade de uma Júnior

Na Empresa Júnior PUC-Rio, 22 alunos, em média, de cursos di-ferentes, trabalham diariamente em projetos de Criação, Assessoria de

Comunicação, Finanças, Pesquisa em Marketing, Planejamento, Qualidade, Recursos Humanos e Tecnologia da In-formação, todos sempre tendo como lemas a interação e a cooperação. “Mais de 1000 alunos já passaram pela EJ e todos estão ali porque querem realmente participar; não há nenhum documento que comprove o vínculo. Nossa equipe é interdisciplinar e todos trabalham juntos por um projeto”, explica Marcos.

Para comemorar o aniversário, a equipe realizou um evento no campus da PUC- Rio, em 25 de setembro, com palestrantes de áreas diferentes como Breno Silveira, fotógrafo, diretor e sócio da produtora Conspiração Fil-mes. “Gosto muito de trocar experiên-cias com essa geração, entender como eles enxergam o futuro e apresentar as

dificuldades e os cases de sucesso da Conspiração. As novas leis de incentivo abriram oportunidades e, atualmente, até falta gente nova no mercado. Acredito que estamos vivendo um ciclo importante de retomada do cinema nacional, mas espero irmos além das comédias porque o nosso cinema precisa ser plural”, explica Breno.

Ana Couto, CEO da Ana Couto Branding, é ex-aluna da PUC e ficou bastante satisfeita em voltar à univer-sidade e falar sobre o seu trabalho. “É muito bom voltar e poder conversar com essa turma. Adoro ver o brilho no olhar de cada um; é disso que a juventude precisa. Meu curso na PUC foi muito importante por ter estimulado o meu desenvolvimento, já que a grande abertura conceitual ensinada faz o aluno pensar”, afirma

Couto que, após a sua formatura, abriu sua empresa nos Estados Unidos e, cinco anos mais tarde, retornou ao Brasil para continuar a construção da sua marca. “A dificuldade mais gostosa de ser superada foi criar meus filhos em meio a tanto trabalho. Mas todas as outras foram importantes porque acredito que vivemos de dificuldades superadas”.

Fábrica de sucessosO evento contou também com

a participação de Marcelo Gattass, coordenador do Tecgraf/PUC- Rio, Rafael Duton, sócio-diretor da 21212, Fernando Haddad e Ariel Macena, diretor comercial e diretor social da Teto, respectivamente, André Carva-lhal, gerente de marketing da FARM, André Mota, diretor de inovação da República Marketing Universitário e Bernardinho, técnico da seleção brasileira masculina de vôlei.

E para completar a festa, a EJ vai lançar um livro de 14 capítulos, escritos por ex-membros, sobre experiências corporativas marcantes. Foram feitos mais de 700 projetos desde 1995 e, nesse momento, todos estão traba-lhando para alcançar um crescimento de 30% até um futuro bem próximo, ou seja, certamente estarão prontos, em breve, para editar o volume II.

*dados somente do Rio de Janeiro

o evento de

comemoração

dos 18 anos da

eJ, no campus

da Puc - Rio

(esquerda) contou

com a palestra

de Breno silveira,

fotógrafo, diretor e

sócio da produtora

conspiração Filmes

ana couto, ceo da ana couto Branding

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H aron [email protected]

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Ninguém é inocente

Resenha de Memória da Pedra, de Maurício Lyrio, Companhia das Letras, 315 páginas

Memória da Pedra é um ro-mance que desde o início se mostra complexo. Com um narrador em terceira pessoa, a história de dois casais desenvolve-se apresentando ora o presente, ora o passado de cada um desses personagens. O foco narrativo se detém, no entanto, sobre Eduardo, o protagonista.

A narrativa se dá no início dos anos 1990, momento em que acontece o impeachment do ex--presidente Collor, a que o enredo faz referência. Mas não se trata de romance político nem histórico. Essa ambientação de mais ou menos vinte anos atrás permite ao leitor analisar com menos risco atitudes e comportamentos que ficariam comprometidos caso a narrativa se desenvolvesse nos dias de hoje. O que vigora, na verdade, é o drama interior de cada personagem, seus traumas e conflitos. Enfim, trata-se

de um complexo romance psico-lógico.

Eduardo é um professor de filosofia do Instituto de Filosofia e Ci-ências Sociais da UFRJ. Discute seus pensadores prediletos, ministra aulas especulativas, mas sua vida particular é pontuada de desencontros. Ele vive com Laura, uma artista plástica extremamente insegura que vê no casamento uma tábua de salvação, tábua esta que começa a naufragar no momento em que ele descobre um segredo dela.

Gilberto é médico, oncologista, tem como mulher Marina, uma psicanalista irônica, que o absor-ve, apesar da frieza que o contato com doentes terminais lhe impõe. Os dois são amigos de Eduardo e Laura, mas à medida que os casais aproximam-se tanto mais a amizade se esgarça.

Entre os personagens o mais complexo é Eduardo. Sua mulher, Laura, soa um tanto frágil. Não como mulher na narrativa, mas como cons-

trução do escritor. Aliás, as mulheres de Maurício Lyrio mostram-se um tanto previsíveis. Talvez a mais bem construída, embora a que menos apareça, seja Gorda, uma desvalida que vive num buraco no teto do Túnel Velho (via de ligação entre Botafogo e Copacabana).

A fissura na narrativa, entretanto, advém por meio de Romário, um menino de rua de doze anos, amigo de Gorda, que vende limão num se-máforo da Gávea. Este personagem norteará grande parte da narrativa, passando a ser não apenas compa-nheiro do professor de filosofia, mas também o seu contraponto. A cons-trução do personagem é verossímil, até a linguagem do garoto mostra-se convincente. O que poderia destoar nisso tudo é que Romário passa a morar no apartamento de Eduardo diante de uma, a princípio, estarreci-da Laura. Daí a razão da ambientação da narrativa no início dos anos 1990, porque nos dias de hoje tal atitude não seria plausível.

A morte também é muito pre-sente no livro. Logo no começo ela já desponta através da especialidade de Gilberto, que vive às voltas com doentes terminais, e do acidente que vitimou os pais de Eduardo quando este ainda era adolescente. Mas é no suicídio que a morte será anunciada com todas as letras. Já nas primeiras páginas há a uma antecipação da narrativa revelando que Marina,

a psicanalista, suicidar-se-á. E, cá entre nós, não é todo dia que uma psicanalista se suicida.

Interessante o Rio de Janeiro com seus encantos num período de pré-acirramento da violência urbana que se seguiria com todas as con-sequências que já sabemos. Então, o exagero de trazer um menino de rua para dentro de casa permearia um ideal de filósofo semelhante à aposta de Pascal (filósofo francês, 1623-1662). Filosofia e literatura são construções de pensamentos e de artifícios. Apostas fora delas talvez produzam consequências nefastas, sobretudo numa época em que ninguém mais é inocente.

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Orientação Psicológica:Com foco no emagrecimento

Nutricionista / Personal Diet: Orientação compatível com o estilo de vida, com a realidade, as necessidades e preferências do paciente para que ele possa reaprender a comer. Reeducação alimentar e manutenção do peso.Ensina trocas inteligentes, substituindo ingredientes de formas saudáveis sem comprometer o sabor das receitas.

Orientação para a prática de atividade física: Com foco na manutenção do corpo integrando e adequando os sistemas respiratório e cardiovascular.Adequar atividade ideal para o estilo de vida de cada um com acompanhamento nas atividades e criação de séries.

Intervenção estética: Como complemento, colabora significativamente para a redução de medidas, combate a celulite, ajuda a aliviar a ansiedade além dos benefícios que proporciona ao corpo.

Projeto Integra-Ação: Tratamento Multidisciplinar do Emagrecimento

Coordenação: Mary Scabora Psicóloga clínica CRP: 05/36742

Daniele Guimares Peres: Nutricionista CRN: 10100626 Professora de educação física Cref: 017463- G/RJ

Colaboração: Espaço Cuid´arte Estética e Massoterapia

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Rio de Janeiro.

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C ASA CARIOCA

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contada por Mary França e Eliardo França — “O rabo do gato”, Editora Ática —, só que, na visão deles, o rabo define o gato.) O gato que não tenho tem olhos azuis tão intensos que a cor, como a batatinha quan-do nasce, se esparrama por toda a extensão do seu corpo. Seu pelo branco parece azul. Seu focinho é azulmente triste.

O gato que não tenho gosta de unhar a porta, de arranhar as paredes e de rasgar o tecido do sofá. Quando se entusiasma, destrói porta, parede

e sofá, mas, em contrapartida, perde as garras (por um

O b i c h a n o e x p e r i m e n t a l

tempo). Resta-lhe o bigode, que passa a exibir como símbolo fálico. No caso do gato que está por nascer e que, depois de nascido, poderá seu meu, seu bigode (preto, mas com halo azul) vive eriçado, e ele roça seus fios por todos os cantos da casa. Menos no terreno da gata que não tenho nem terei para evitar a procriação e o problema de distribuir gatos entre amigos.

Em vez de jantá-los, o gato que não tenho gosta de sair com ratos, dar umas bandas esgotos afora. Além de franquear minha casa à visita de seres tão asquerosos, no fim das

farras, ele volta sujo e es-farrapado. Em tom de

ironia e ameaça, digo-lhe que

a t é

m e s m o sete vidas se con-s o m e m

com algu-ma rapidez. Ele

então me confessa que já queimou seis das sete e

veio para morrer comigo. Em seguida, com calafrios

e olhos púrpuros, o gato que não tenho ataca, com as

unhas, uma fileira de poeira e rói o silêncio matutino de nossa casa.

Quem disse? Não sei. Drum-

mond? Talvez. Mas ouvi que os gatos se acariciam em nós e não aceitam que nós o acariciemos por nossa vontade. O gato que não tenho age desse modo, sem tirar nem pôr, e, assim como vem, vai. Se arrisco um gesto espontâneo em sua direção, ele me morde. O que faz lembrar seu parentesco com tigres-de-bengala. Aliás, o bichano sonha se encontrar com os poucos tigres-de-bengala ainda existentes no mundo e não entende, por mais que eu explique, a existência de um valão oceânico que, ao separar a América da Ásia, estabelece a lonjura. Ser nascido depois da internet, todos os lugares, para ele, são o mesmo sítio pontocom. Como não bastasse sua dificuldade com latitudes e longitu-des, os tigres não respondem suas mensagens no facebook, com o que ele sofre uma frustração cavalar e passa a falar mal da família.

Há uma relação amorosa entre escritores e gatos, que se explica, segundo certa hipótese, pelo fato de ambos serem solitários; pode ser, mas acho que a razão é outra. O gato é excelente revisor, e não há escorregada gramatical que lhe escape do olhar (azulado em alguns casos). Na língua do gato, os próprios advogam, não se comete erro. Talvez seja verdade, mas acredito que, na base do miado, ninguém consiga re-gistrar um delírio causado pela larica de uma dor profunda. Como esse que arrisquei fazer agora.

O gato que não tenho teme o Zorro, o cachorro que eu já tive. O temor não tem a ver com a possibi-lidade de ser devorado pelo cão, já que o tempo de suas existências é distinto: um viveu ontem, o outro, o gato, talvez viva amanhã. Não sendo temor físico, só pode ser ciúme. O gato que não tenho quer que todo afeto que devoto aos animais seja dele e que ele não corra o risco de me ouvir dizendo: o Zorro, sim, era o bicho. O gato que não tenho é um absolutista.

O gato é gato por-que tem olho de gato. Um gato sem olho de gato gato não é — embora uma rodovia com olho de gato não seja um gato. (É mais ou menos a mesma história

a LEXaNDRE bRaNDão | No osso [email protected]

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COPACABANA Banca do Babau Rua Inhangá esquina c/ NSCBanca Tia Vânia Rua Xavier da Silveira, 45Banca Xavier da Silveira Rua Xavier da Silveira, 40Espaço Brechicafé R. Siq. Campos 143 - loja 31 Tel: 2497-5041Graça Brechó Av. N.S.Copabana 959 - Loja E Ao lado do Cine RoxyLivraria Nobel Rua Barata Ribeiro, 135 Tel.: 2275-4201Rest. Príncipe de Mônaco Rua Miguel Lemos, 18- Loja AShopping 195 Av. N.S.Copacabana, 195Sorveteria Lopes Av. N.S.Copa., 1.334 - loja ATheatro Net Rua Siqueira Campos - N° 143 - 2º Piso. Copacabana GÁVEA 15ª DP – Gávea R. Major Rubens Vaz, 170 Tel.: 2332-2912Banca da Bibi Shopping da Gávea 1º piso Tel.: 2540-5500Banca da Gávea R. Prof. Manoel Ferreira, 89 Tel.: 2294-2525Banca Dindim da Gávea Av. Rodrigo Otávio, 269 Tel.: 2512-8007Banca New Life R. Mq. de São Vicente,140 Tel.: 2239-8998Banca Speranza Praça Santos Dumont,

140 Tel.: 2530-5856Casa da Táta R. Prof. Manoel Ferreira,89 Tel.: 2511-0947Chaveiro Pedro e Cátia R. Mq. de São Vicente, 429 Tels.: 2259-8266 Igreja N. S. da Conceição R. Mq.de São Vicente, 19 Tel.: 2274-5448Menininha Rua José Roberto Macedo Soares, 5 loja C t. 3287-7500Restaurante Villa 90 Rua Mq. de São Vicente, 90 Tel.: 2259-8695

HUMAITÁ Banca do Alexandre R.Humaitá esq. R.Cesário Alvim Tel.: 2527-1156MutaçõesLargo dos Leões, 81 loja C

Tel: 2530-4201 IPANEMA Banca do Renato Rua Teixeira de Mello, 30Budha Spa Ipanema Rua Visconde de Pirajá, 365/B, Sobreloja 201 Tel: 2227-0265Centro Cultural Laura Alvim Av. Vieira Solto, 176)Supervídeo Rua Visconde de Pirajá, 86 lj.C e D 21 2522-6893 JARDIM BOTÂNICO Posto Ypiranga Rua Jardim Botânico, 140 Tel:2540-1470Supermercado Crismar Rua Jardim Botânico, 178 Tel: 2527-2727

LAGOA Bistrô Guy Rua Fonte da Saudade, 187

LARGO DO MACHADO Shopping Sáo Luiz Rua do Catete 311

LARANJEIRASBarraca de CDs Raros - Marcelo Praça São Salvador (21) 9973-6021Casa da Leitura Rua Pereira da Silva, 86Mundo Verde Rua das Laranjeiras, 466 – loja D Tel.: 3173-0890

LEBLON Armazém do Café Rua Rita Ludolf, 87 Tel.: 2259-0170Banca Canto Livre Rua Gen. Artigas, s/nº Tel.: 2259-2845Banca do Mário Rua Gen. Artigas, 325 Tel.: 2274-9446Banca do Vavá Rua Gen. Artigas, 114 Tel.: 9256-9509Banca Rainha R. Rainha Guilhermina,155 Tel.: 9394-6352Banca Scala Rua Ataulfo de Paiva, 80 Tel.: 2294-3797Banca Top Rua Ataulfo de Paiva, 900 esq. Rua General Urquisa Tel.: 2239-1874Café com Letras Rua Bartolomeu Mitre, 297Café Hum Leblon Rua Gen. Venâncio Flores, 300 Tel.: 2512-3714Central de Compras do Leblon Av. Ataulfo de Paiva, 556Centro Empresarial

Leblon Av. Ataulfo de Paiva, 204Cidade do Leblon Av. Ataulfo de Paiva, 135Entreletras Shopping Leblon nível A 3 Embalo Bar R Dias Ferreira, 113 Fotografia Digital Av. Afranio de Melo Franco, 310 Rio Flat - Apart Hotel Rua Almirante Guilhem, 332 Vitrine do Leblon Av. Ataulfo de Paiva, 1079

LAPA Bar da Nalva Rua Silvio Romero, 3 - Esquina com Rua do Riachuelo

SANTA TERESA Banca Chamarelli Rua Áurea, 02Banco do Lgo. dos Guimarães Largo dos Guimarães s/nºBar do Gomes Rua Áurea, 26 Esquina de Santa Rua Monte Alegre, 348 Tel.: 2508-7112

URCA Banca da DeusaBanca da TecaBanca do Círculo Militar em frente ao Círculo Militar Banca Ernesto e Bia Av. Portugal, 936 Banca Garota da Urca Av. João Luíz Alves, 56 Bar Belmonte Av. Portugal 986 Bar e Restaurante Urca Rua Cândido Gafrée, 205

• Ações de Rua• Livrarias • Bancas• Cafés• Restaurantes • Espaços Culturais• Lojas• Academias

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