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Jorge Abrahão de Castro Diretor da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc) do IPEA Brasília, 04 de setembro de 2012 Gasto Social Federal: prioridade macroeconômica no período 1995-2010

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Jorge Abrahão de Castro

Diretor da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc) do IPEA

Brasília, 04 de setembro de 2012

Gasto Social Federal: prioridade macroeconômica no período

1995-2010

Política Social brasileiraPolítica Social brasileira

Política Social brasileira: objetivos e políticas setoriais e transversais - 2010

POLÍTICA

SOCIAL

Promoção social(Oportunidades e

Resultados)

Proteção social(seguridade social)

Saúde

Previdência SocialGeral e

Servidor público

Assistência Social

Saneamento Básico

Habitação e Urbanismo

Educação

Trabalho e Renda

Desenvolvimento Agrário

Cultura

POLÍTICA TRANSVERSALPOLÍTICAS SETORIAL

Igualdade Racial

Igualdade de Gênero

Crianças e adolescentes

Idosos

Juventude

Saúde

Previdência SocialGeral (RGPS)

Assistência Social

Saneamento Básico

Habitação e Urbanismo

Educação

Trabalho e Renda

Desenvolvimento Agrário

Cultura

AREAS DO GSF

Benefícios servidores públicos

Alimentação e Nutrição

Monetária

Não-

monetária

Aposentadorias

Pensões

Seguro família

Etc.

Bolsa FamíliaBolsa Família

BPC

Abono salarialAbono salarial

Seguro desempregoSeguro desemprego

PROGERPROGER

PronafPronaf

Programa de Aquisição Programa de Aquisição

de Alimentosde Alimentos

Cestas BásicasCestas Básicas

Garantia

de renda

Garantia

de bens e

serviços

Regulação

Salário mínimoSalário mínimo

Pisos salariaisPisos salariais

Jornadas de trabalho.Jornadas de trabalho.

Política Política

SocialSocial

Produção

e/ou

provisão

Transferências monetárias

RGPSRGPS – 28 milhões de beneficios (19 milhões = SM)

RPPS – 940 mil (> SM)

BPC – 3,4 milhões de beneficios (= SM)

PBF – 13,4 milhões de beneficios (<SM)

Consumo - Pessoal Técnicos/profissionais da área social

(técnicos administrativos, professores, médicos, assistentes socias,

psicologos, engenheiros, etc..)

400 mil de empregos gerados diretamente ( > ou = SM)

Consumo intermediário

(Bens e materiais de consumo necessários aos serviços sociais)

117 milhões de livros/ano; 7,3 bilhões de merendas/ano; 10,6

milhões de cestas básicas; remédios; material de escritorio, de

atendimento hospitalar e outros, etc.

Escolas, universidades, Escolas, universidades,

centros de pesquisa, centros de pesquisa,

alimentação ao educando, alimentação ao educando,

livros, materiais e etc.livros, materiais e etc.

Hospitais, ambulatórios, Hospitais, ambulatórios,

posto de saúde, posto de saúde,

medicamentosmedicamentos

Centros de atendimento Centros de atendimento

socialsocial

Pontos de culturaPontos de cultura

HabitaçãoHabitação

Esgoto, Água, LuzEsgoto, Água, Luz

Capital

Obras e equipamentos necessários aos bens/serviços sociais

Atividade privada nas Atividade privada nas

áreas sociais áreas sociais –– saúde, saúde,

educação, previdência, etc.educação, previdência, etc.

Salario mínimo Setor Público

(Aposentadorias, pensões, BPC, Seguro desemprego, emprego

público)

21,9 milhões de benficios ( > ou = SM)

Mercado de Trabalho

Emprego privado ( = SM)

8,8 milhões de empregos

Tipos de ação envolvidas na Políticas Social

Seguro desemprego – 7,5 milhões de beneficios

Dimensão da pobreza no Brasil

Evolução da pobreza no Brasil 1995-2009

11,2

11,5

11,5

10,1

10,4

10,5

9,5 10,1

8,9

7,5

6,3

6,2

5,1 5,2

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

1995-2003: -0.8% p.p.

2003-2009: -6,1% p.p.

Efeito das Políticas de transferencias de renda sobre a pobreza

1978

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0 16 32 48 64 80

idade

pro

po

rção

de p

ob

res

Sem transferências Com transferências

Efeito das Políticas de transferências de renda sobre a pobreza

2008

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0 16 32 48 64 80

idade

pro

po

rção

de p

ob

res

Sem transferências Com transferências

Evolução da pobreza no Brasil

15

28

82

51

9

18

81

78

90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Milhões de pessoas

VULNERÁVEIS

renda per capita R$ 134 a R$ 465

82,0 - 1,2 = 80,8 milhões em 2009

Renda média:

2004 R$ 267,49

2009 R$ 278,82 (+4%)

NÃO POBRESrenda per capita R$ 465 ou mais

51,3 + 26,6 = 77,9 milhões em 2009

Renda média:

2004 R$ 1.207,99

2009 R$ 1.189,32 (-2%)

POBRES

renda per capita R$ 67 a R$ 134

28,2 - 10,8 = 17,5 milhões em 2009

Renda média:

2004 R$ 101,61

2009 R$ 104,04 (+2%)

EXTREMAMENTE POBRES

renda per capita até R$ 67

15,0 - 6,3 = 8,7 milhões em 2009

Renda média:

2004 R$ 101,61

2009 R$ 104,04 (+2%)

BRASIL

Renda média:

2004 R$ 495,12

2009 R$ 634,65 (+28%)

Desigualdade (Gini):

2004 0.565

2009 0.538 (-6%)

20092004

Desigualdade no BrasilDesigualdade no Brasil

Desigualdade (Índice de Gini)

0,599 0,594

0,539

0,450

0,475

0,500

0,525

0,550

0,575

0,600

0,625

0,650

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 1995-2009.

Exclusive área rural da Região Norte (exceto Tocantins).

1995-2001: -1%

2001-2009: -9%

Desigualdade começa a cair lentamente nos anos 1990 , mas ritmo acelera a partir de 2001 - antes da retomada do crescimento.

Renda domiciliar per capita (R$ setembro/2009)

521

637

0

100

200

300

400

500

600

700

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

1995-2003: -1% a.a.

2003-2009: +4.8% a.a

Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 1995-2009.

Exclusive área rural da Região Norte (exceto Tocantins).

Crescimento real da renda 1995-2009: +22.4%

Gasto Social FederalGasto Social Federal

Gasto Social Federal

• Revelar o efetivamente gasto nas políticas sociais, ajudando a indicar a direção concreta direção concreta de atuação do governo;

• Mostra os ajustes realizados no conjunto das políticas públicas – consequência da luta entre diversos atores e interesses atores e interesses por melhores posições junto ao fundo públicofundo público.

Área de Atuação

• É mais preciso que um enfoque institucional”; (nem todo o gasto do MEC é com Educação; nem todo o gasto do MS é com Saúde etc)

• Exemplo: MEC 2005: R$ 20 bilhões

Educação: R$ 13,5 bilhões Previdência do Servidor, Hospitais Universitários, Alimentação Escolar e outros R$ 6,5 bilhões

Área de Atuação

• E há também os gastos em Educação que estão fora do MEC...

• Em 2005, foram detectados cerca de R$ 3,2 bilhões de gastos em programas destinados à Educação, fora do MEC, como por exemplo as bolsas do CNPq, os Colégios Militares , e os recursos destinados à Educação do GDF

Área de Atuação

• Orçamento é investigado Ação por Ação, desmontado e remontado.

• Maior precisão permite revelar as políticas públicas que não possuem uma “residência” única

• Permite atravessar descontinuidades institucionais: - criação, extinção, realocação de pastas...

Área de Atuação

• Permite revelar o volume de recursos destinados à Proteção e Promoção Social específica para o Servidor Público (benefícios aos servidores):

Previdência com regras distintas;

Serviços de saúde “clientela fechada”

Auxílios-refeição, transporte, creches, habitação

Gasto Social Federal

Gasto Social Federal

Nos 16 anos de 1995 a 2010,

o GSF cresceu 4,3% do PIB;

e172% em valores reais,

acima da inflação (IPCA).

Gasto Social Federal

De 1995 a 2003, o

GSF cresceu 1,7% do

PIB

Gasto Social Federal

De 2004 a 2010, o

GSF cresceu 2,3% do

PIB

Gasto Social Federal

Gasto Social Federal

Nos 16 anos de 1995 a

2010, o GSF per capita

cresceu cerca de 120%,

acima da inflação (IPCA)

Gasto Social Federal

De1995 a 2002, o GSF per

capita cresceu 32%,

acima da inflação (IPCA)

Gasto Social Federal

De 2003 a 2010, o GSF

per capita cresceu 70%,

acima da inflação (IPCA)

Gasto Social Federal

Apesar da aceleração do

crescimento do GSF após 2004,

percentual do PIB não cresceu.

Gasto Social Federal

Maiores taxas de crescimento

da economia brasileira

permitiram “acomodar” melhor o

crescimento do GSF

Gasto Social Federal

Com a crise em 2009,

economia “freou”:

crescimento do GSF exigiu

maior parcela do PIB.

Gasto Social Federal

Com a retomada do crescimento em

2010, novos aumentos reais no

Gasto Social não exigiram novos

aumentos no percentual do PIB

O Gasto Social Federal e a Crise

O Gasto Social Federal e a Crise Neste período, na maior parte do tempo o GSF é pró-cíclico:

acelera ou desacelera junto com o ritmo do PIB

O Gasto Social Federal e a Crise

Na Crise de 98/99,

o GSF desacelera

junto com o PIB

O Gasto Social Federal e a Crise

Na Crise de 2002/2003,

o GSF desacelera junto

com o PIB

O Gasto Social Federal e a Crise

Na Crise de 2008/2009, novidade:

o GSF acelera quando o PIB freia.

( comportamento anti-cíclico. )

O Gasto Social Federal e a Crise

Na Crise de 2008/2009, novidade:

o GSF acelera quando o PIB freia.

( comportamento anti-cíclico. )

Gasto Social Federal: Previdência

Gasto Social Federal: Previdência

Nos 16 anos de 1995 a

2010, o GSF com a área de

Previdência Social cresceu

2,4% do PIB

Gasto Social Federal: Benefícios a Servidores

Nos 16 anos de 1995 a

2010, o GSF com a área de

Benefícios a Servidores

reduziu 0,2% do PIB

Gasto Social Federal: Saúde

Gasto Social Federal: Saúde

Nos 16 anos de 1995 a 2010, o

GSF com a área de Saúde têm

se mantido estagnada em

torno de 1,68% do PIB

Gasto Social Federal: Educação

Gasto Social Federal: Educação

Nos 16 anos de 1995 a 2010, o

GSF com a área de Educação

cresceu 0,15% do PIB

Gasto Social Federal: Educação

Mas foram muitos altos e

baixos...

Gasto Social Federal: Educação

GSF com a área de Educação

caiu 0,24% do PIB de 1995 a

2003...

Gasto Social Federal: Educação

... e subiu 0,4% do PIB desde

então.

De 1995 a 2010, o GSF com a área

Emprego e Defesa do Trabalhador

cresceu 0,29% do PIB

(um crescimento de 60%)

Crescimento esse concentrado no

período a partir de 2004.

Gasto Social Federal: Assistência Social

Gasto Social Federal: Assistência Social

De 1995 a 2010, o GSF com a área

Assistência Social cresceu 1,0% do PIB

(multiplicou-se por 13 no período)

Gasto Social Federal: demais áreas

• As cinco áreas de atuação restantes mobilizam um volume de recursos orçamentários bem menor.

• No conjunto, estas áreas (Cultura; Desenvolvimento

Agrário; Alimentação e Nutrição; Habitação e Urbanismo; e

Saneamento) absorveram no período, em média:

– valores anuais entre 0,4% e 1,0% do PIB;

– equivalentes a uma fatia de 5% a 6% do total do GSF;

Gasto Social Federal: Habitação e Urbanismo

Gasto Social Federal: Habitação e Urbanismo

Instabilidade com crescimento

recente...

Gasto Social Federal: Saneamento

Gasto Social Federal: Saneamento

Momentos de queda livre seguidos

por períodos de crescimento...

Gasto Social Federal: Desenvolvimento Agrário

Gasto Social Federal: Desenvolvimento Agrário

Instabilidade...

Momentos de queda seguidos por períodos

de recuperação ou estagnação.

Preocupante queda recente.

Gasto Social Federal: Alimentação e Nutrição

Gasto Social Federal: Alimentação e Nutrição

Instabilidade...

Momentos de queda seguidos por períodos

de recuperação.

Gasto Social Federal: Cultura

Gasto Social Federal: Cultura

Instabilidade no passado, crescimento no

período mais recente...

GSF por área de atuação 1995/2002/2010

4,98

2,46

1,79

0,08

0,95 0,53

0,14 0,30

6,08

2,57

1,68

0,60 0,76 0,56 0,44 0,23

7,38

2,26

1,68

1,07 1,110,82 0,94

0,27

-

5,00

10,00

Previdência Social -RGPS

Beneficios a Servidores Públicos

Saúde Assistência Social Educação Trabalho e Renda Habitação e Saneamento

Outros

% d

o P

IB

1995 2002 2010

Conclusões

• O Gasto Social Federal (GSF), em seu conjunto, cresceu consideravelmente no período analisado. – 172% de crescimento em valores reais;

– 125% em valores reais per capita;

• O crescimento do GSF já apresentava um ritmo importante no período 1995-2003.

• É visível uma aceleração a partir de 2004. »

Conclusões

• Nem todas áreas conseguiram superar ou mesmo acompanhar o ritmo de crescimento da economia brasileira.

• No período 2004-2008, o maior crescimento econômico permitiu ampliar os gastos sociais sem exigir maiores parcelas do PIB.

• Em 2009, é perceptível que as políticas sociais assumiram um caráter anti-cíclico. – Sendo utilizadas como instrumento de reação aos

impactos da crise internacional;

Conclusões

• Ocorreu trajetórias distintas de crescimento:

– A composição do Gasto Social Federal em 2009/2010 é sensivelmente diferente da que vigorava em 1995/1996

• Existe a disparidade entre os volumes de recursos alocados a cada uma das áreas sociais. – A área de Previdência Social ainda responde,

isoladamente, por quase a metade do GSF; – A área de Assistência Social, por sua vez, é o destino de

apenas cerca de 1/15 do GSF – mesmo após tão destacada trajetória de crescimento;

Conclusões

• O GSF aumentou de 11,24% para 15,54% do PIB entre os anos de 1995 a 2010 – um acréscimo de 4,3% do PIB;

• 2,4% - Previdência social • 1,0% - Assistência Social (transferências de renda) • 0,9% - demais áreas (principalmente educação e

infraestrutura social – habitação e saneamento)

• O GSF teve prioridade macroeconômica: – o volume de recursos destinado às políticas sociais

federais cresceu ante o conjunto de recursos totais disponíveis na economia;