Gabinete de Leitura Atualização: 25/11/2016 Audiolivros

KAFKA, Franz. Um artista da fome: e outros contos. São Paulo: Universidade Falada, [s.d.]. 1 CD MP3 (1 h 15 min), estéreo. Resumo: Este audiolivro apresenta 15 narrativas do autor. "Um artista da fome" é a história do maior de todos os jejuadores, mas nem tudo caminha bem. Esta

metáfora sobre as condições do homem na terra faz refletir sobre o vazio de nossas vidas. Em cada um dos outros contos que compõem este audiolivro, Kafka conduz a um universo complexo e conturbado, cheio de impedimentos e burocracias.

ASSIS, Machado de. A cartomante. Narração de Leonardo Rossi. São Paulo: Universidade Falada, [s.d.]. 1 CD MP3 (30 min), estéreo. (Clássicos literatura). Resumo: "A cartomante" e a história de Vilela, Camilo e Rita envolvidos em um triângulo amoroso. A história começa numa sexta-feira de novembro de 1869 com

um diálogo entre Camilo e Rita. Camilo nega-se veementemente a acreditar na cartomante e sempre desaconselha Rita de maneira jocosa, porém Rita crê que a cartomante pode resolver todos os seus problemas e angústias.

AZEVEDO, Artur. Contos curtos de Arthur de Azevedo. [S.l.: s.n.], [s.d.]. 1 CD MP3 (2 h 20 min), estéreo. Conteúdo:

1- A água de Janos 2 - A ama seca 3 - A doença do Fabrício 4- A não me toques 5- As asneiras do Guedes 6- O meu criado João 7- O retrato 8- O último palpite 9- O velho Lima 10- Os compadres

11- Os dez por cento 12- Pan-americano 13- Piedade filial 14- Plebiscito 15- Poverina 16- Questão de honra 17- Um capricho 18- Uma por outra 19- Vovó Andrade 20- X e Y

BARRETO, Lima. Contos de Lima Barreto. Narração de Vicente Costa Filho. [S.l.: s.n.], [s.d.]. 1 CD MP3 (2 h 40 min), estéreo. Conteúdo:

1- Coisas de Mafuá 2- Anúncios... Anúncios 3- Quantos 4- Os cortes 5- A gratidão do Assírio 6- As vaporosas 7- O caçador domestico 8- Quase doutor 9- Três gênios de secretarias 10- O homem que sabia javanês

11- A mulher do Anacleto 12- Uma outra 13 - Manuel Capineiro 14- O chefe político e seu eleitor 15- A doença do Antunes 16- Histórias de macaco 17- Um entendido 18- No primor da elegância 19- Atribulações de um vendeiro 20- Foi buscar lã...

TRINDADE, José Eduardo. De engraxate a industrial: minha biografia. São Paulo: Universidade Falada, [s.d.]. 1 CD MP3 (3 h 40 min), estéreo. Resumo: A história de José Eduardo Trindade, ou Trindade, como é conhecido, é uma história de luta, de garra, de perseverança. Não é apenas a história de um

homem que começou sua vida em situação pouco favorável, ajudando o pai na lavoura aos sete anos de idade, para depois conseguir tornar-se um empresário bem sucedido. É, principalmente, a história de um homem que nunca recebeu qualquer estímulo, jamais teve suas esperanças respeitadas ou sua fé alimentada. Hoje é impossível falar de papel de parede no Brasil sem citar a história da Bobinex. Fundada em meados dos anos 60, hoje é a única empresa no Brasil que ainda industrializa o papel de parede, com materiais e mão de obra 100% nacionais.

COLASANTI, Marina. Uma idéia toda azul: e outras histórias. Narração de Marina Colasanti. Rio de Janeiro: Luz da Cidade, [s.d.]. 1 CD MP3 (66 min), estéreo. (Infanto-juvenil). Conteúdo:

1- Uma idéia toda azul 2- Palavras aladas 3- Longe como o meu querer 4- Pé ante pé 5- Como um colar

6- De ardente coração 7- Um espinho de marfim 8- O moço que não tinha nome 9- Como os campos 10- Fio após fio

PIZA, Daniel. Machado de Assis: vida e obra. Narração de Daniel Piza. São Paulo: Universidade Falada, [s.d.]. 1 CD MP3 (1 h 20 min), estéreo. Resumo: A obra de Machado de Assis está mais viva do que nunca. Artigos e livros dentro e fora do Brasil mais e mais tratam de sua literatura e de seu papel

na cultura brasileira e latino-americana. Leitores descobrem ou redescobrem o prazer de ler um autor que em geral as escolas obrigam a conhecer com um resultado menos feliz do que o merecido. Para entender o porquê de tudo isso, é preciso situar Machado de Assis em seu tempo e espaço e, então, tentar compreender como seus livros têm sido tão capazes de transcender seu tempo e espaço. Sua vida costuma ser vista como a vida de um funcionário público, uma vida burocrática, de um homem que jamais saiu do estado do Rio de Janeiro, que foi casado por 35 anos com a mesma mulher, que pouco saía de casa e que não se metia nos assuntos terrenos. Mas isso não corresponde inteiramente à verdade. Sua vida e sua obra dizem muito sobre o tempo que testemunhou, e não apenas como observador distante. Filmes

45 anos. Direção de Andrew Haigh. Grã Bretanha, 2015. 1 DVD (93 min), son., legendado, dolby digital 5.1, color. Resumo: Kate Mercer está planejando a festa de comemoração dos 45 anos de casada. Porém, cinco dias antes do evento, o marido recebe uma carta: o corpo de seu primeiro amor foi encontrado congelado no meio dos Alpes Suíços. A

estrutura emocional dele é seriamente abalada e Kate já não sabe se vai ter o que comemorar durante a festa, pois o casal entra numa crise sem precedentes de ciúmes e falta de confiança.

A CRIANÇA da meia-noite. Direção de Delphine Gleize. França, 2011. 1 DVD (110 min), son., legendado, dolby digital 2.0, color. Resumo: David, um dermatologista, trata desde pequeno o jovem Roman de 13 anos, que sofre de uma rara doença genética e não pode receber os raios do sol. A relação dos dois há muito tempo deixou de ser algo apenas entre médico e

paciente. Roman e David acima de tudo se consideram amigos. Porém, David irá se aposentar e uma nova médica irá assumir o caso de Roman, chamado "criança da lua". É chegada a hora de se separar, mas como se desvincular de um amigo? Além da medicina existe a amizade.

EDIFÍCIO Master. Direção de Eduardo Coutinho. Brasil, 2002. 2 DVDs (110 min), NTSC, son., dolby digital 2.0, color. Resumo: Depois de extensa pesquisa de Consuelo Lins, Cristiana Grumbach, Daniel Coutinho, Eliska Altman e Geraldo Pereira, uma equipe de cinema filmou o

cotidiano dos moradores do Edifício Master, em Copacabana, durante uma semana. O prédio que fica a uma esquina da praia tem 12 andares e 23 apartamentos por andar. Ao todo, são 276 apartamentos conjugados, que abrigam cerca de 500 pessoas. Desse universo, 37 personagens foram escolhidos para protagonizar o filme.

A FALTA que me faz. Direção de Marília Rocha. Brasil, 2009. 1 DVD (85 min), NTSC, son., color. Resumo: Durante um inverno, rodeadas pela Serra do Espinhaço, Minas Gerais, um grupo de meninas vive o fim da juventude. Um romantismo impossível deixa marcas em seus corpos e na paisagem a seu redor. Em meio a conversas,

obrigações e prazeres cotidianos, cada uma delas encontra uma maneira particular de contornar a solidão e enfrentar as incertezas de um futuro próximo.

A FESTA de despedida. Direção de Tal Granit, Sharon Maymon. Israel : Alemanha, 2014. 1 DVD (95 min), son., legendado, dolby digital 5.1, color. Resumo: Um grupo de amigos em uma casa de repouso em Jerusalém, constroem uma máquina de auto-eutanásia a fim de ajudar um amigo em estado terminal. Quando os rumores sobre a máquina começam a se espalhar, mais e mais

pessoas começam a se interessar pela ideia de partir dessa para uma melhor, e o grupo de amigos se questionam se o que estão fazendo é a coisa certa.

GAROTAS. Direção de Céline Sciamma. França, 2014. 1 DVD (112 min), son., legendado, dolby digital 5.1, color. Resumo: Marieme é uma menina de 16 anos que vive cercada de proibições: a censura do bairro, a lei dos meninos, os impasses da escola. Entretanto, as coisas parecem mudar quando ela se junta a uma gangue de garotas de seu bairro que

resolveram lutar por sua própria liberdade, o que faz com que ela mude o seu jeito de vestir, seu comportamento e até que saia da escola. Com elas, Marieme aprende, de fato, a aproveitar a sua juventude. Porém, ela descobre que o caminho mais fácil nem sempre é a melhor opção.

LAS INSOLADAS. Direção de Gustavo Taretto. Argentina, 2014. 1 DVD (102 min), son., legendado, dolby digital 5.1, color. Resumo: Buenos Aires, dezembro de 1995. Seis amigas e companheiras de aula de salsa compartilham do mesmo sonho: passar duas semanas de férias no Caribe. Porém, a realidade econômica das garotas não as permitem sair do

terraço de um prédio no meio da cidade, onde se encontram toda semana para tomar sol. O

filme captura o entusiasmo da classe média argentina com o início do segundo governo democrático pós-ditadura. E mostra os efeitos de um crescimento repentino, causado pela paridade artificial entre o peso e o dólar. Elas procuram alcançar o símbolo máximo da ascensão social na época: uma viagem ao exterior.

JOSÉ e Pilar. Direção de Miguel Gonçalves Mendes. Portugal : Espanha : Brasil, 2010. 1 DVD (125 min), NTSC, son., dolby digital 2.0, color. Resumo: O filme de Miguel Gonçalves Mendes retrata a relação entre José Saramago e Pilar del Río. Mostra do dia-a-dia do casal em Lanzarote e Lisboa, na sua casa e em viagens de trabalho por todo o mundo. "José e Pilar" é o retrato de

um autor durante o seu processo de criação e a relação de um casal empenhado em mudar o mundo - ou, pelo menos, em torná-lo melhor. "José e Pilar" revela um Saramago desconhecido, desfaz ideias feitas e prova que gênio e simplicidade são compatíveis. O filme é um olhar sobre a vida de um dos grandes criadores do século XX e a demonstração de que, como diz Saramago, "tudo pode ser contado de outra maneira".

O JULGAMENTO de Viviane Amsalem. Direção de Ronit Elkabetz, Shlomi Elkabetz. Israel : França : Alemanha, 2014. 1 DVD (115 min), son., legendado, dolby digital 5.1, color. Resumo: Em Israel, não há casamento civil, nem divórcio. Apenas os rabinos podem legitimar um casamento ou sua dissolução. Mas essa dissolução só é

possível com pleno consentimento do marido, que, no final, tem mais poder do que os rabinos. Viviane Amsalem luta há três anos para recuperar sua liberdade e dignidade através do divórcio, mas o marido Eliseu não concorda com essa decisão.

O SEGREDO de Vera Drake. Direção de Mike Leigh. Grã Bretanha : França, 2004. 1 DVD (124 min), son., legendado, dolby digital 2.0, color. Resumo: Londres, 1950: Vera Drake mora com seu marido Stan e seus filhos Sid e Ethel. Não são ricos, mas formam uma família feliz. Vera limpa casas, Stan é mecânico na oficina de seu irmão, Sid trabalha com um alfaiate e Ethel testa

lâmpadas numa fábrica. Mas, secretamente, Vera se dedica a outra atividade: sem aceitar pagamentos, ela ajuda jovens garotas a interromperem uma gravidez indesejada. Quando uma dessas jovens é levada ao hospital depois de um aborto, a polícia investiga Vera e seu mundo começa a desmoronar.

TABU. Direção de Miguel Gomes. Portugal : Alemanha : Brasil : França, 2012. 1 DVD (110 min), son., dolby digital 2.0, p&b. Resumo: Aurora é uma idosa temperamental que divide o andar de um prédio em Lisboa com sua empregada, cabo-verdiana, e uma vizinha dedicada a causas sociais. Quando Aurora morre, as outras duas passam a conhecer um oculto

episódio do seu passado: uma história de amor e crime vivida numa África de filme de aventuras, que conta também a história do início do fim do império de Portugal no continente africano.

TULPAN. Direção de Sergei Dvortsevoy. Cazaquistão : Rússia : Alemanha : Itália : Polônia : Suíça, 2008. 1 DVD (98 min), son., legendado, dolby digital 2.0, color. (Cultura Mostra). Resumo: Depois de prestar serviço militar na Marinha, o jovem Asa volta às estepes do Cazaquistão onde sua irmã e o marido pastor vivem como nômades.

Entusiasmado, Asa quer começar vida nova e tornar-se ele também um pastor. Porém, pelas tradições do local, ele só poderá realizar seu desejo se for casado. E a única candidata possível é Tulpan, filha de outra família de pastores. Mas ela não gosta do rapaz porque acha suas orelhas grandes demais. Mesmo desapontado, Asa faz de tudo para convencê-la de que pode ser um bom marido. Livros

ZWEIG, Stefan. 24 horas na vida de uma mulher. Traduzido por Saulo Krieger. São Paulo: Martins Fontes, 2016. 156 p., il. Resumo: Em um hotel em Monte Carlo, em meio a um grupo de ricos viajantes, o caso de uma respeitável mulher que abandonou o marido por um sedutor domina a discussão. Uma das senhoras presentes acaba fazendo uma confissão sobre as

24 horas mais importantes da sua vida: um dia ocorrido décadas atrás, em que ela conheceu e se apaixonou por um jovem que havia perdido tudo no jogo e que pensava em suicídio. Nesta novela, Zweig demonstra sua habilidade para mergulhar na existência alheia e aborda temas que lhe eram caros e que permanecem atuais, como compulsão, obsessão e paixão.

GOETHE, J. W. As afinidades eletivas. Traduzido por Erlon José Paschoal. 4. ed. São Paulo: Nova Alexandria, 2008. 232 p. Resumo: Partindo do princípio químico pelo qual dois elementos agregados separam-se para unirem-se a dois novos elementos, Goethe compôs essa obra prima, que tem como tema o envolvimento amoroso de dois casais. Trata-se de um

romance que investiga sensivelmente a determinação das forças da natureza sobre as relações no amor e na sociedade.

GAIMAN, Neil. Alerta de risco: contos e perturbações. Traduzido por Augusto Pacheco Calil. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2016. 304 p. Resumo: Coletânea de histórias de terror e fantasmas, de ficção científica e conto de fadas, fábula e poesia - produzidas em diversas épocas e para diversos fins - que exploram o poder da imaginação. Em "História de aventura", Gaiman

pondera sobre a morte e sobre como, ao morrer, as pessoas levam consigo suas histórias. No suspense "Caso de morte e mel", ele nos presenteia com sua versão do mundo de Sherlock Holmes. Em "A Bela e a Adormecida", duas conhecidas personagens de contos de fadas têm suas histórias entrelaçadas em uma releitura bastante original. "Hora nenhuma" é um conto sobre Doctor Who, escrita para o 50º aniversário da série de TV, em 2013. E há também um conto escrito exclusivamente para esta coletânea: "Cão negro", que revisita o mundo de seu romance "Deuses americanos" ao narrar um episódio que envolve Shadow Moon em um bar durante seu retorno aos Estados Unidos.

FERRANTE, Elena. A amiga genial: infância, adolescência. Traduzido por Maurício Santana Dias. São Paulo: Biblioteca Azul, 2015. 336 p. (Napolitana, 1). Resumo: A série Napolitana, formada por quatro romances, conta a história de duas amigas ao longo de suas vidas. O primeiro, "A amiga genial", é narrado pela personagem Elena Greco e cobre da infância aos 16 anos. As meninas se

conhecem em uma vizinhança pobre de Nápoles, na década de 1950. Elena tem sua vida transformada quando a família de um sapateiro chega ao bairro e Raffaella, a Lila, uma criança magra, mal comportada e selvagem, se torna o centro das atenções. Mais que um romance sobre a intensidade e complexa dinâmica da amizade feminina, Elena Ferrante - reclusa autora italiana - aborda as mudanças na Itália no pós-guerra e as transformações pelas quais as vidas das mulheres passaram durante a segunda metade do século XX.

RATTARO, Sara. O amor imperfeito. Traduzido por Joana Angélica d'Ávila Melo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2016. 288 p. Resumo: O único momento em que Matteo se sente igual às outras pessoas e deixa de se sentir deslocado por ser surdo é quando sente o leve toque da chuva sobre a pele. Ele é o primeiro a perceber que seu pai, Alberto, abandonou a família para

fugir de suas responsabilidades. Só que Alberto tem uma família que precisa dele. Sandra, sua esposa, que sacrificou tudo pelo filho. Alice, a filha adolescente que está crescendo depressa demais. E, sobretudo, Matteo, que gostaria de gritar: “Papai, não vá embora.” Este é o momento

indecifrável da vida no qual amor, culpa e perdão se fundem em um só instante. "O amor imperfeito" é um romance sobre as provas pelas quais o amor nos submete a cada dia.

BRACHER, Beatriz. Anatomia do Paraíso. São Paulo: Editora 34, 2015. 328 p. Resumo: Em um pequeno apartamento em Copacabana, um jovem estudante de classe média que escreve uma dissertação de mestrado sobre o "Paraíso perdido" (1667), poema épico de John Milton que narra a queda do homem e a expulsão de Adão e Eva do Paraíso. A história se desenvolve simultaneamente em vários planos:

o dia a dia do estudante, Félix; suas reflexões sobre a obra de Milton; a dura vida de Vanda, vizinha de Félix, que se divide entre trabalho, estudo e os cuidados com a irmã mais nova; e o delicado processo de amadurecimento desta última, a adolescente Maria Joana. Os temas do "Paraíso perdido" - sexo, violência, pecado, culpa, traição, morte e redenção - ganham vida nas experiências de cada um na medida em que as trajetórias dos personagens vão se cruzando.

ANDAHAZI, Federico. O anatomista. Traduzido por Paulina Wacht, Ari Roitman. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2015. 168 p. Resumo: Os anatomistas, na Renascença, eram estudiosos do corpo humano. Mateo Colombo era um desses anatomistas e, em meados do ainda obscuro século XVI, se apaixona por uma belíssima prostituta veneziana: Mona Sofia. Mas a

cortesã desdenha friamente dos sentimentos de Mateo. Ele inicia, então, a busca por uma poção ou qualquer coisa que possa fazer com que Mona se apaixone por ele. Pensando na mulher amada é que ele descobre as maravilhas operadas por uma parte da anatomia – e da alma – feminina totalmente desconhecida até então: o Amor veneris, ou, como é mais conhecido hoje, o clitóris. Porém, para transmitir seus novos conhecimentos a Mona, Mateo precisa antes enfrentar o horror da Inquisição.

CESTARO, Antonio. Arco de virar réu. São Paulo: Tordesilhas, 2016. 152 p. Resumo: Narrativa labiríntica escrita em primeira pessoa, "Arco de virar" réu descreve os eventos que marcam a deterioração física e mental do narrador-protagonista. Historiador social com forte inclinação para o estudo antropológico, ele é obcecado pelos rituais e pelos costumes dos índios tupinambás. A história

começa com o surgimento dos primeiros sintomas de esquizofrenia em seu irmão, nos anos 1970, segue pela adolescência, quando, inspirado em rituais indígenas, o narrador passa a se dedicar à ocultação de cadáveres, e termina com a dolorosa percepção da própria loucura. Digressões delirantes misturam-se a fragmentos de memória e a pesadelos que, aos poucos, colocam em dúvida a própria existência.

SENDKER, Jan-Philipp. A arte de ouvir o coração. Traduzido por Carolina Caires Coelho. São Paulo: Paralela, 2013. 256 p. Resumo: Um bem-sucedido advogado de Nova York desaparece de repente sem deixar vestígios e sem que sua família tenha qualquer ideia de onde ele possa estar. Até o dia em que Julia, sua filha, encontra uma carta de amor que ele

escreveu há muitos anos para uma mulher birmanesa da qual nunca tinham ouvido falar. Com a intenção de resolver o mistério e descobrir enfim o passado de seu pai, Julia decide viajar para a aldeia onde a mulher morava. Lá, ela descobre histórias de um sofrimento inimaginável, a resistência e a paixão que irão reafirmar a crença no poder que o amor tem de mudar o mundo.

MARÍAS, Javier. Assim começa o mal. Traduzido por Eduardo Brandão. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. 516 p. Resumo: Na Madri pós-ditatura franquista do início dos anos 1980 Juan de Vere, vinte e três anos e recém-formado, é contratado como secretário particular de Eduardo Muriel, um cineasta bem-sucedido. Muriel o encarrega de investigar um

amigo, o dr. Jorge Van Vechten, cujo comportamento indecente no passado foi motivo de rumores. Figura enigmática e um tanto repulsiva, Van Vechten – um pediatra com uma carreira de sucesso desde a aurora do regime do general Francisco Franco - passa a acompanhar o jovem De Vere em suas excessivas noitadas. Era então o auge da chamada Movida Madrileña, o caldeirão de boemia, drogas, liberalidade sexual e cultura alternativa que tomou conta da cidade assim que a Espanha voltou a respirar os ares da democracia. Mas o jovem não se limita a observar, e passa então a tomar iniciativas questionáveis, com profundas repercussões na vida de todos os envolvidos. Sua atitude irá lhe mostrar, no balanço evocado com o tempo, que não há justiça desinteressada e que tudo – seja o perdão ou o castigo - nasce a partir de decisões arbitrárias.

ANDRADE, Mário de. Briga das pastoras e outras histórias: Mário de Andrade e a busca do popular. Organizado por Ivan Marques. Ilustrado por Maurício Negro. São Paulo: Edições SM, 2016. 144 p., il. Resumo: Antologia reunindo 13 textos escritos nas décadas de 20 e 30 pelo autor de Macunaíma procura mostrar como, a partir do Modernismo, e

especialmente da obra de Mário de Andrade, o povo finalmente se tornou um personagem importante da literatura brasileira. O livro traz ainda texto de apresentação e um ensaio escritos pelo organizador Ivan Marques, professor de Literatura Brasileira da Universidade de São Paulo, onde é discutida a relação entre literatura e cultura popular na obra de Mário de Andrade.

LAURAIN, Antoine. A caderneta vermelha. Traduzido por Joana Angélica d'Ávila Melo. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2016. 134 p. Resumo: Caminhando pelas ruas de Paris em uma manhã tranquila, o livreiro Laurent Letellier encontra uma bolsa feminina abandonada. Não há nada em seu interior que indique a quem ela pertence – nenhum documento, endereço, celular

ou informações de contato. A bolsa contém, no entanto, uma série de outros objetos. Entre eles, uma curiosa caderneta vermelha repleta de anotações, ideias e pensamentos que revelam a Laurent uma pessoa que ele certamente adoraria conhecer. Decidido a encontrar a dona da bolsa, mas tendo à sua disposição pouquíssimas pistas que possam ajudá-lo, Laurent se vê diante de um dilema: como encontrar uma mulher, cujo nome ele desconhece, em uma cidade de milhões de habitantes? Aliando romance e mistério, Antoine Laurain narra a história de duas vidas unidas pelo acaso.

QUEIROZ, Eça de. A cidade e as serras. Balneário Rincão: Dracaena, 2014. 266 p. Resumo: Romance em que o autor ironiza ferrenhamente os males da civilização, fazendo elogio dos valores da natureza. Nela o escritor relata a travessia de Jacinto de Tormes, um ferrenho adepto do progresso e da civilização, que troca o

mundo civilizado, repleto de comodidades provenientes do progresso tecnológico, pelo mundo natural, selvagem, primitivo e pouco confortável, onde pode encontrar a felicidade, mudando radicalmente de opinião.

VARGAS LLOSA, Mario. Cinco esquinas. Traduzido por Paulina Wacht, Ari Roitman. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2016. 214 p. Resumo: A amizade de Marisa e Chabela se transforma quando, presas tarde da noite na casa de uma delas, as duas se veem sozinhas, deitam-se na mesma cama e, sem conseguir dormir, dão asas aos seus mais reprimidos desejos. Quique e

Luciano, seus maridos e amigos de longa data, são empresários peruanos de sucesso e não desconfiam de nada. Na verdade, Quique não tem tempo para isso. Ao receber a visita de um jornalista que possui fotos comprometedoras, ele se vê enredado num submundo de intriga e violência controlado pelas mais altas esferas do poder. Parte romance de costumes parte suspense, "Cinco esquinas" é um livro que retrata uma sociedade às voltas com a corrupção e o terrorismo, acossada pelo jornalismo sensacionalista, mas que luta até o fim pela liberdade.

MAH, Adeline Yen. Cinderela chinesa: a história secreta de uma filha renegada. Traduzido por José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. 176 p. Resumo: Quinta filha de um milionário chinês, Adeline perdeu a mãe apenas duas semanas depois de nascer. Além de sofrer com a hostilidade dos irmãos, que a

responsabilizam pela morte da mãe, Adeline ainda sofre com a crueldade da madrasta. É enviada a um colégio interno e, nos livros, encontra refúgio para sua tristeza e solidão. É dessas leituras que vem sua redenção - aos catorze anos, ela se inscreve em um concurso internacional de peças teatrais para alunos de língua inglesa, é a vencedora e tem a chance de escapar do seu destino. O resultado dessa experiência é "Cinderela chinesa", livro sobre a superação de uma infância extremamente infeliz.

SCHUMAN, Michael. Confúcio e o mundo que ele criou. Traduzido por Alexandre Morales. São Paulo: Três Estrelas, 2016. 384 p. Resumo: Autor tem o objetivo de explicar aos ocidentais como e por que, ao longo de mais de dois milênios, os ensinamentos do pensador chinês se enraizaram na Ásia, influindo nos destinos políticos de países e na vida das

pessoas. Da biografia de Confúcio, sobre o qual se sabe tão pouco, autor faz um apanhado bastante completo, buscando separar o homem real do mito. Seus princípios morais e educacionais - como o apreço pela meritocracia e a primazia dada à educação - são explicados com clareza e cuidado.

QUEIROZ, Eça de. O crime do Padre Amaro. Rio de Janeiro: MEDIAfashion, 2016. 472 p. (Folha. Grandes nomes da literatura). Resumo: Publicado em 1875, o texto gerou polêmica, escândalo e revolta, sobretudo nos meios eclesiásticos e na alta sociedade. No romance, o recém-ordenado padre Amaro vai trabalhar na cidade portuguesa de Leiria. Lá,

colocando em prática o que aprendera no seminário, depara-se com as contradições e as impossibilidades do catolicismo tal como pregado e praticado. E acaba envolvendo-se de maneira perigosa com a jovem Amélia. O livro inaugura o chamado realismo na literatura portuguesa, e descrições tão cruas de hipocrisias envolvendo o clero, a própria religião católica e a sociedade burguesa chocaram o moralismo da época.

RUFFATO, Luiz. De mim já nem se lembra. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. 142 p. Resumo: "De mim já nem se lembra" trata de assuntos caros ao autor: a família, o tempo, a memória. Mais uma vez, Ruffato irá transformar um pequeno episódio

familiar em oportunidade para falar de seu país e de sua sociedade. Ao abrir uma pequena caixa encontrada no quarto da mãe falecida, a caixa na qual ela "abrigara seu coração esfrangalhado", o narrador se depara com um maço de cartas cuidadosamente atadas por um cordel. Escritas pelo irmão, vitimado por um acidente automobilístico, e dirigidas à mãe, essas cinquenta cartas reconstituem um passado: ao mesmo tempo que ilustram as mudanças políticas, econômicas e culturais durante a ditadura militar brasileira, convidam o leitor a espreitar a memória de uma família com "olhos derramando saudades".

PEDROSA, Inês. Desamparo: romance. São Paulo: Leya, 2016. 296 p. Resumo: A saga de uma mulher, Jacinta Sousa, que foi levada do colo da mãe para o Brasil aos três anos e regressa para a conhecer mais de cinquenta anos depois é o ponto de partida deste romance de Inês Pedrosa. “No Brasil eu sempre fui a Portuguesa; em Portugal, passei a ser a Brasileira". A autora cria um universo

singular, uma aldeia em que se cruzam personagens e histórias de vários continentes. O amor, a traição, o poder, a inveja, o ciúme, a amizade, o crime, o medo, a vingança e sobretudo a morte atravessam este livro que faz a radiografia do Portugal contemporâneo.

SETTE, Babi A. O despertar do lírio. Barueri: Novo Século, 2016. 380 p. (Flores da temporada). Resumo: Lilian Radcliffe é uma jovem viúva que jurou fidelidade ao marido no leito de sua morte e que está feliz com sua vida isenta de emoções. Paralelo a isso, Simon Thorn, homem frio e libertino, está a um passo de realizar seu plano

de vingança contra o culpado pelo título de assassino que recebera anos atrás. O problema é que o canalha está morto e ele terá de usar a sua viúva recatada a fim de atingir seus objetivos. De um lado, ela precisa manter sua honra intacta; de outro, ele quer seduzi-la e desmoralizá-la. No entanto, Lilian nunca se sentiu tão vulnerável e atraída por um homem. E Simon, por sua vez, demonstra reações ao lado dela das quais nunca imaginara ter. A vingança e a honra se abalam quando nasce entre ambos uma paixão incontrolável.

TELLES, Lygia Fagundes. A disciplina do amor: memória e ficção. Posfácio de Noemi Jaffe. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. 220 p. Resumo: Ao publicar este livro em 1980, Lygia Fagundes Telles já era a consagrada autora de três romances e dez coletâneas de contos. Agora ela ressurgia experimentando uma escrita mais livre, que despreza as fronteiras entre a

ficção e a realidade, a invenção e a memória, o conto e o relato autobiográfico. Estava lançado o desafio à separação rígida dos gêneros literários. A chegada de um gato em casa, as lembranças de um tio suicida, a fidelidade de um cão ao dono já falecido, a tipologia das neuroses do ser humano moderno ou a exploração televisiva da sensualidade carnavalesca -

tudo isso encontra guarida nesta obra. A característica comum a todos os itens é a brevidade da escrita, sempre atenta às minúcias da realidade ou do devaneio.

SCHWEBLIN, Samanta. Distância de resgate. Traduzido por Ivone C. Benedetti. Rio de Janeiro: Record, 2016. 144 p. Resumo: Em uma pequena cidade do interior da Argentina, duas amigas, Amanda e Carla, e seus respectivos filhos, Nina e David, precisam lidar com uma contaminação por pesticidas. O veneno, no entanto, não é apenas uma ameaça

física: a relação entre mães e filhos também é marcada por um mal que contamina e corrói por dentro. Com esse ponto de partida esta jovem escritora argentina consolida no romance um estilo inquietante, em que elementos perturbadores desafiam o leitor.

MCEWAN, Ian. Enclausurado. Traduzido por Jório Dauster. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. 200 p. Resumo: Ian McEwan se inspirou no clássico "Hamlet", de Shakespeare, para escrever o seu novo livro, "Enclausurado". Porém, a história é narrada a partir do ponto de vista de um feto. Na trama, o bebê no nono mês de gestação

acompanha o plano diabólico de sua mãe e de seu tio para matarem o pai dele, um poeta decadente e herdeiro de um imóvel valioso.

FELLOWES, Julian. Esnobes. Traduzido por Beatriz Horta. Rio de Janeiro: Fábrica231, 2016. 352 p. Resumo: Edith Lavery é uma mulher de classe média que acredita que encontrará uma razão para viver somente entre ricos, famosos e, de preferência com um marido rico. Seus pais passaram a maior parte de sua vida "treinando" Edith para

parecer interessante para as classes mais altas e sofisticadas. Assim a família fica encantada quando ela anuncia seu casamento com um dos homens mais cobiçados da alta-sociedade inglesa, Charles Broughton, o filho do marquês de Uckfield. O noivado só não agrada à mãe de Charles e ela parece determinada a provar que ela é apenas uma alpinista social. O livro é um retrato da relação entre aristocratas e aqueles que cobiçam fazer parte desse grupo a qualquer custo.

BALZAC, Honoré de. Eugénie Grandet. Traduzido por Otto Lamy de Correa. São Paulo: Nova Alexandria, 2002. 192 p. Conteúdo: Vivendo um cotidiano miserável, imposto pela mesquinhez de seu pai - um rico, porém rude tanoeiro, cujo prazer é simplesmente acumular fortuna, sem

usufruí-la nem deixar que a filha e a esposa o façam - Eugénie descobre a paixão com a chegada de Charles, um primo vindo de Paris. No entanto, o egoísmo e o desejo de ascensão social do jovem e belo parisiense impedem que o amor floresça, e Eugénie é obrigada a amargar uma espera dolorosa. Honoré de Balzac pinta um retrato eloquente da sociedade francesa do século XIX, bem como do materialismo reinante da época.

GUTIÉRREZ, Pedro Juan. Fabián e o caos. Traduzido por Paulina Wacht, Ari Roitman. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2016. 198 p. Resumo: Na efervescente Cuba dos anos 1960, dois jovens desajustados buscam liberdade diante das ameaças de um regime opressor. Em um momento de turbulência política em Cuba, o acaso une dois rapazes que aparentemente não

tem nada em comum. Pedro Juan é um hedonista sedutor e insolente que leva uma vida caótica. Fabián, ao contrário, é um pianista recluso, frágil, medroso e homossexual. Apesar das diferenças, ambos possuem condutas que não se ajustam aos princípios ideológicos do novo governo cubano. Anos mais tarde, seus caminhos voltam a se cruzar quando os dois são conduzidos a uma fábrica de enlatados onde trabalham os párias da sociedade revolucionária. Uma amizade improvável surge entre eles, mas a forma como cada um irá encarar essa situação hostil fará com que suas vidas tomem rumos opostos.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Fala, amendoeira. Posfácio de Ivan Marques. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. 210 p., il. Resumo: Publicado em 1957, a publicação é uma reunião de crônicas originalmente publicadas no jornal Correio da Manhã, onde o poeta mantinha uma coluna desde 1954. Consiste em textos que falam, entre outros temas, do Rio

de Janeiro, do cinema, da política e dos afetos, por meio dos quais o autor oferece um retrato do Brasil de seu tempo. As crônicas investem nos temas da memória, comentários sobre a mudança do tempo e dos costumes, críticas municipais, um pouco de vida literária e outros textos de circunstância.

VARGAS LLOSA, Mario. A festa do Bode. Traduzido por Paulina Wacht, Ari Roitman. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2011. 450 p. Resumo: Com uma pesquisa histórica rigorosa o autor recria uma República Dominicana de meados do século XX para recontar a história do general Rafael Leonidas Trujillo Molina - o "Bode" - e a implacável ditadura que implantou no país

durante seus 31 anos de governo. Nos últimos dias da tirania do General Trujillo, no ano de 1961, Urania Cabral viaja a Santo Domingo, após 35 anos ausente do país, para visitar o pai doente. Enquanto ela relembra o passado, outras duas histórias narradas em paralelo colocam o leitor no centro da tomada de decisões do ditador e mostram a luta de pessoas comuns que

decidem pegar em armas para derrubá-lo. Ao entrelaçar essas três histórias, Vargas Llosa relata o fim de uma era e discute a natureza insaciável dos regimes totalitários.

FERRANTE, Elena. A filha perdida. Traduzido por Marcello Lino. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2016. 176 p. Resumo: "As coisas mais difíceis de falar são as que nós mesmos não conseguimos entender". Com essa afirmação ao mesmo tempo simples e desconcertante Elena Ferrante logo alerta os leitores - preparem-se, pois verdades

dolorosas estão prestes a ser reveladas. O livro acompanha os sentimentos conflitantes de uma professora universitária de meia-idade, Leda, que, aliviada depois de as filhas já crescidas se mudarem para o Canadá com o pai, decide tirar férias no litoral sul da Itália. Logo nos primeiros dias na praia, ela volta toda a sua atenção para uma ruidosa família de napolitanos, em especial para Nina, a jovem mãe de uma menininha chamada Elena. Cercada pelos parentes autoritários e imersa nos cuidados com a filha, Nina parece perfeitamente à vontade no papel de mãe e faz Leda se lembrar de si mesma quando jovem e cheia de expectativas. A aproximação das duas, no entanto, desencadeia em Leda uma enxurrada de lembranças da própria vida e de segredos que ela nunca conseguiu revelar a ninguém.

CONRAD, Joseph. Freya das Sete Ilhas. Traduzido por Julieta Cupertino. Rio de Janeiro: Revan, 2003. 160 p. Resumo: Pela beleza da narrativa e a riqueza das tramas e personagens, "Freya das Sete Ilhas" é uma das mais belas histórias de Joseph Conrad, na qual mostra a fragilidade total da criatura humana diante do avanço inexorável dos

acontecimentos. Freya é uma jovem de extrema beleza e forte caráter, por quem se apaixona, e é correspondido, um capitão e proprietário de navio, dedicado ao comércio nos mares do Pacífico. A hostilidade do pai da moça e a inveja de um oficial holandês, que mandava no arquipélago Sete Ilhas, criam obstáculos terríveis para o casal, que vive uma dramática e comovente história de amor.

KAFU, Nagai. Guerra de gueixas. Traduzido por Andrei Cunha. São Paulo: Estação Liberdade, 2016. 248 p. Resumo: Ambientada em Shinbashi, Tóquio, tido como o bairro da luxúria, acompanhamos a jornada de Komayo, uma gueixa que, depois de se casar, deixa para trás a vida libertina. Mas, por se tornar viúva ainda jovem, acaba retornando

ao antigo ofício. Longe de propor uma visão romântica das gueixas, o autor envereda por uma perspectiva bem mais realista. A gueixa de Kafu não é meramente a criatura de coque, maquiagem e quimono fadada a ser apenas a companhia submissa para o deleite masculino - é a mulher capaz de amar, sofrer e se ressentir, evocando assim uma falibilidade humana que a

faz ainda mais sedutora. Recorrendo a uma série de personagens secundários, entre escritores, atores, criadas e outros tipos, o autor compõe um painel instigante da Tóquio boêmia do início do século XX, reconstituindo a engrenagem de costumes e mecanismos das relações sociais de uma época.

PADURA, Leonardo. Hereges. Traduzido por Ari Roitman, Paulina Wacht. São Paulo: Boitempo, 2015. 506 p. Resumo: O autor cria uma mistura de romance histórico e noir, resultado de anos de investigação sobre a perseguição aos judeus. O ponto de partida é um episódio real: a chegada ao porto de Havana do navio S.S. Saint Louis, em 1939,

onde se escondiam mais de novecentos refugiados vindos da Alemanha. A embarcação passou vários dias à espera de uma autorização para o desembarque. No romance, o garoto Daniel Kaminsky e seu tio aguardavam nas docas, trazendo um pequeno quadro de Rembrandt que pertencia à família desde o século XVII e que esperavam utilizar como moeda de troca para garantir o desembarque da família que estava no navio. No entanto, o plano fracassa, a autorização não é concedida e o navio retorna à Alemanha, levando também a esperança do reencontro. Quase setenta anos depois, em 2007, o filho de Daniel, Elías, viaja dos Estados Unidos a Havana para esclarecer o que aconteceu com o quadro e sua família.

FERRANTE, Elena. História de quem foge e de quem fica: tempo intermédio. Traduzido por Maurício Santana Dias. São Paulo: Biblioteca Azul, 2016. 416 p. (Napolitana, 3). Resumo: No terceiro volume da série Napolitana, Elena e Lila partem para os embates da vida adulta. O fim da adolescência apresenta às amigas uma vida

sem os sonhos que elas tanto queriam realizar. Apesar da distância física e das trajetórias opostas, as vidas das personagens continuam se chocando, tanto por meio de um pedido de ajuda entre amigas quanto por um amor do passado que insiste em retornar para desestabilizar a ordem aparente. É nesse enredo de bifurcações e acontecimentos tão inesperados quanto definitivos que a autora nos lança, apresentando-nos uma história de relações familiares estremecidas, maternidade, feminismo, avanços tecnológicos do século XX e disparidade social.

FERRANTE, Elena. História do novo sobrenome: juventude. Traduzido por Maurício Santana Dias. São Paulo: Biblioteca Azul, 2016. 472 p. (Napolitana, 2). Resumo: Neste segundo romance da série napolitana, Lila e Elena têm 16 anos e sentem-se absolutamente ligadas uma à outra por essa infância que partilham no subúrbio de Nápoles. Se Elena, a narradora, é tímida, insegura e vai tateando o

mundo para testar suas capacidades, Lila é enérgica, vivaz e se atira à vida sem medir consequências. Lila acabou de se casar e o casamento traz promessas de prosperidade e vida

boa, mas, ao tomar o sobrenome do marido, tem a impressão de ter perdido a si mesma. Já Elena é agora uma estudante modelo, perfeccionista e curiosa, mas que, por mais oportunidades que se abram a ela, carrega sua eterna insegurança e insatisfação.

MACIEL, Tatiana. O homem dos sonhos. Rio de Janeiro: Agir, 2007. 144 p. Resumo: Em seu livro de estreia "O homem dos sonhos", a pernambucana Tatiana Maciel explora o universo do inconsciente por uma perspectiva diferente, periférica. Ela conta a trajetória de F#23107, personagem que atua como figurante nos sonhos dos outros. F#23107 não pode se queixar de ter uma

existência chata. Imprevisível sim, às vezes surreal, sem dúvida. Convocado pelos subconscientes de diferentes pessoas, pode cair num idílio de infância ou num pesadelo recorrente. Nas mentes adormecidas vislumbramos desejos e confissões que os sonhadores não ousam fazer acordados.

MÃE, Valter Hugo. Homens imprudentemente poéticos. São Paulo: Biblioteca Azul, 2016. 192 p. Resumo: Obra ambientada no Japão antigo e na qual o autor proporciona uma imersão idílica na cultura milenar japonesa. Traz à tona os temas da morte e do suicídio, em um contexto em que este ato possui um ponto de vista distinto ao do

ocidente. Mãe situa seus personagens em uma aldeia no sopé do monte Fuji, próximo da região conhecida como a Floresta dos Suicidas. Os vizinhos, o artesão Itaro, que está em fase de preparação para a morte, e o oleiro Saburo são inimigos, mas devido às circunstâncias da vida, relativizam a discórdia e se opõem com cordialidade. Diante das dificuldades e conscientes do valor da natureza exuberante que os cerca, os personagens passam a valorizar as pequenas alegrias do cotidiano e a espera da morte.

GROSSMAN, David. O inferno dos outros. Traduzido por Paulo Geiger. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. 202 p. Resumo: Em cima de um palco decadente de uma pequena cidade israelense, o autor apresenta um show de stand up para alguns gatos pingados e um amigo de infância, seu convidado especial da noite. Enquanto faz piadas mais ou menos

sagazes, no limite do politicamente correto e do bom gosto, o comediante busca a todo custo - e sem muito sucesso - arrancar o riso da plateia, e para isso se afunda cada vez mais no humor autodepreciativo. A tensão aumenta conforme Dovale expõe seus dramas pessoais mais profundos, causando desconforto no público. Apesar da mudança de rumo, por que aqueles espectadores continuam ali, espiando seu inferno pessoal? Que limite é esse entre o humor e o drama? Qual a relação entre a imagem que construímos de nós, o que somos para os outros e nossos traumas de infância? O autor escrutina a complexa estrutura emocional de um menino que se expõe, já adulto, sobre o palco.

BRASIL, Luiz Antonio de Assis. O inverno e depois. Porto Alegre: L&PM, 2016. 352 p. Resumo: O violoncelista Julius teve a sorte de poucos: estudou na Escola de Música de Würzburg, onde aprendeu com os melhores mestres e teve a chance de ouvir os maiores músicos da época, enquanto sonhava em ser solista. Décadas

mais tarde, vivendo no Brasil, faz parte de uma respeitada orquestra sinfônica e leva uma vida confortável. A decisão de apresentar o difícil "Concerto para violoncelo e orquestra" de Dvorák, que há muito o obceca, precipita a perigosa rememoração de uma paixão de juventude: a jovem musicista uruguaia Constanza Zabala. Mas será mesmo apenas uma lembrança? Ou estaria esse amor presente desde sempre em sua vida, como uma assombração?

STEDMAN, M. L. A luz entre oceanos. Traduzido por Geni Hirata. Rio de Janeiro: Rocco, 2013. 368 p. Resumo: Depois de enfrentar os horrores da Primeira Guerra Mundial, Tom Sherbourne retorna à Austrália e aceita um emprego como faroleiro, em uma longínqua ilha da costa australiana. O lugar propicia refúgio e consolo para os

fantasmas do seu passado, e Tom e a sua mulher, Isabel, estão satisfeitos com a sua vida, a não ser por um fato: não poderem ter filhos. Numa manhã de abril, um barco vai dar na praia carregando um homem sem vida e um bebê chorando. Isabel interpreta aquele naufrágio como um sinal de benevolência divina e, isolado do mundo real, o jovem casal resolve quebrar as regras sociais e seguir o que o coração lhe diz. Essa decisão, porém, terá consequências devastadoras.

BÁBEL, Isaac. Maria: uma peça e cinco histórias. Traduzido por Aurora Fornoni Bernardini, Homero Freitas de Andrade, Boris Schnaiderman, Rubem Fonseca. São Paulo: Cosac Naify, 2003. 144 p. Resumo: A reunião de cinco contos ("Mamãe, Rimma e Alla", "História do meu pombal", "Uma carta", "A morte de Dolguchov" e "Meu primeiro ganso") e uma

peça teatral fornece amostra significativa do estilo e dos temas do escritor judeu de origem russa Isaac Bábel (1894-1941). "Maria" é a última peça criada pelo escritor russo. Escrita em 1935, a peça nunca foi encenada diante da repressão política que vigorava na URSS stalinista. De teor polêmico, "Maria" trata da vida numa ordem cada vez mais autoritária, onde o espaço para o romantismo dos bandidos (tema presente em diversas obras de Bábel) é cerceado pelas próprias engrenagens do Estado soviético.

GALERA, Daniel. Meia-noite e vinte. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. 206 p. Resumo: Três amigos se reencontram em Porto Alegre. No final dos anos 1990, eles haviam incendiado a internet com o Orangotango, um fanzine digital que se tornou cultuado em todo o Brasil. Agora, quase duas décadas depois, a morte do

quarto integrante do grupo vai reaproximar Aurora, Antero e Emiliano. O quarto membro era Andrei, único que seguiu a carreira de escritor e sua morte num crime banal deixa um enigma aos seus milhares de leitores. É pensando nisso que um editor procura Emiliano para que faça a biografia do amigo. Na dura empreitada de escrever sobre alguém que conheceu tão bem, Emiliano se verá imerso numa investigação não apenas da história de Andrei, mas também de suas próprias lembranças. Da mesma forma, Aurora e Antero visitarão o passado em um momento de intimidade desesperada, do qual nenhum dos dois sairá incólume.

NORDBERG, Jenny. As meninas ocultas de Cabul: em busca de uma resistência secreta no Afeganistão. Traduzido por Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. 424 p. Resumo: Durante cinco anos de pesquisas no Afeganistão, a repórter Jenny Nordberg descobriu que algumas famílias criam suas filhas como se fossem

meninos, tentando fazer com que a comunidade acredite que as crianças são de fato do sexo masculino. A prática, conhecida como “bacha posh”, foi revelada por Jenny em reportagem de grande repercussão no New York Times. Embora o Talibã tenha deixado o poder em 2001, muito do que aquela milícia fundamentalista acreditava sobre as mulheres continua em voga. Este livro mostra em detalhe os horrores de um ambiente machista, e serve de alerta para a comunidade internacional sobre um crime que nenhum relativismo cultural é capaz de atenuar.

STROUT, Elizabeth. Meu nome é Lucy Barton. Traduzido por Sara Grünhagen. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. 160 p. Resumo: Autora bem-sucedida e narradora deste romance, Lucy está há três semanas num hospital se recuperando das complicações de uma simples operação para extrair o apêndice. Sofrendo de saudade das filhas e do marido, ela recebe

uma visita inesperada da mãe, com quem não falava havia anos. Mas o que se segue durante as cinco noites em que as duas ficam juntas não são longas discussões de relacionamento ou uma reconciliação verbal. Estimulada pelo exercício da memória, a narradora convalescente lança um olhar aguçado e humano, sem sentimentalismos, para os acontecimentos centrais de sua vida: o isolamento e a pobreza dos anos da infância, o distanciamento de um núcleo afetivo desestruturado, a luta para se tornar escritora, o casamento e a maternidade. Enquanto isso, Lucy ouve episódios envolvendo amigos, familiares e conhecidos que povoaram sua juventude em um vilarejo rural de Illinois e vê a intimidade com sua mãe se reinventar entre gargalhadas e silêncios.

OGAWA, Yoko. O museu do silêncio. Traduzido por Rita Kohl. São Paulo: Estação Liberdade, 2016. 304 p. Resumo: Como seria caso um museu tivesse como objetivo preservar lembranças de pessoas que morreram? Essa é a essência da trama proposta pela japonesa Yoko Ogawa neste "O museu do silêncio". O sonho de dar cabo a tal museu é de

uma velha que vive com a jovem filha e um casal de empregados. Um museólogo – narrador da história – é contratado por ela para tirar o projeto do papel. De personalidade hostil e sem o menor traquejo social, a velha tem lá suas idiossincrasias, sobretudo em relação ao tipo de conteúdo que planeja para o museu: as lembranças dos mortos precisam ser representativas do que eles foram em vida. Uma peça de roupa, uma fotografia sorridente – nada disso. Não se trata de preservar lembranças afetivas. Cada objeto do museu precisa ser a metáfora perfeita da existência do finado. No caso do homem cego, por exemplo, só mesmo seu olho de vidro serve às intenções da velha. E o museólogo tem que se virar para recolher esse tipo de "relíquia" dos corpos moribundos. Para se familiarizar com essa macabra tarefa, o museólogo conta apenas com a ajuda da filha da chefe, por quem nutre sentimentos paternais... ou nem tanto. E, não bastassem o mau humor e as grosserias da velhota, ele ainda tem de lidar com uma chocante onda de assassinatos de mulheres da região.

OLIVEIRA, Rosiska Darcy de. Pássaro louco. Rio de Janeiro: Rocco, 2016. 352 p. Resumo: O livro é uma antologia de textos que passam pelas lembranças da infância, o exílio na Suíça durante a ditadura militar, amores, afetos, o bem e o mal da contemporaneidade, política, literatura, religiosidade e o carnaval, uma de

suas paixões, organizados em blocos temáticos. "Pássaro louco", por exemplo, além de dar nome ao livro, reúne os textos que falam de amor e vem do artigo de mesmo nome, em que a autora reflete sobre todas as formas de amor: “Por que os gays ainda assustam? Talvez porque sejam a prova viva de que o amor é um pássaro louco que ninguém sabe onde vai pousar.” Já o "Interlocutor mudo" reúne as reflexões da autora sobre religiosidade e a crença – ou não – na existência de um deus. Uma obra que traz a visão de mundo de uma das maiores pensadoras brasileiras.

BARROS, Manoel de. Poemas concebidos sem pecado e Face imóvel. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2016. 110 p., il. Resumo: Em seus dois livros de estreia — reunidos agora num só volume — já se encontram as características que tornaram o autor num escritor tão singular. Livro de 1937, apresenta o poeta já pronto, capaz de reaclimatar o legado modernista

de 1920 com originalidade e maestria. "Face imóvel", de 1942, antecipa os ecos de uma poesia meditativa, em que fica evidente a ampliação de sua experiência de mundo, sua releitura do espaço urbano.

SASSON, Jean P. Princesa: mais lágrimas para chorar. Traduzido por Fátima Santos. Rio de Janeiro: Best Seller, 2016. 380 p. Resumo: "Princesa: mais lágrimas para chorar" é o retorno de Sultana, nobre saudita que se esconde atrás de um pseudônimo para relatar a condição precária das mulheres de seu país. Apesar de terem conquistando o acesso à educação e

de estarem se integrando ao mercado de trabalho, as mulheres sauditas ainda são oprimidas por rigorosas instituições familiares, religiosas e sociais. Engajada na luta pela emancipação feminina, Sultana retrata, a partir de uma perspectiva privilegiada, os abusos físicos e psicológicos aos quais suas compatriotas ainda são submetidas diariamente. O livro é um manifesto em prol de direitos e igualdades para a mulher árabe.

NOGUEIRA, Renato. Raul Plassmann: histórias de um goleiro. São Paulo: DBA, 2001. 110 p., il. Resumo: Em 22 anos como jogador profissional, Raul Plassmann foi o goleiro das duas maiores equipes de dois dos times mais extraordinários e vitoriosos do Brasil - o Cruzeiro de Tostão e o Flamengo de Zico. Em ambos, Raul foi o goleiro discreto

cuja tranquilidade e boa colocação garantiram a retaguarda destes times festejados pelos ataques arrasadores. Além das inegáveis qualidades como atleta, Raul sempre evidenciou outro talento - o do excelente contador das histórias que viveu em milhares de horas de jogo, viagens e concentrações como jogador e, ao encerrar a carreira, como comentarista. Boa parte deste retrato bem humorado do universo do futebol é revelado neste livro em que o autor coloca no papel as histórias vividas e narradas pelo craque.

CARRÈRE, Emmanuel. O reino. Traduzido por André Telles. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2016. 434 p. Resumo: "O reino" busca reconstituir as origens do cristianismo. Carrère descreve como dois homens, Paulo e Lucas, transformaram uma pequena seita judaica, centrada em seu pregador, crucificado durante o reinado de Tibério e que

acreditavam ser o messias, em uma religião que em três séculos transformou a fé no Império Romano e conquistou o mundo. O próprio autor se coloca na história como investigador e personagem. Partindo de uma narrativa sobre sua juventude, quando se tornou um católico fervoroso, até suas dúvidas e sua renúncia à religião, Carrère mescla presente e passado numa história turbulenta, e procura descobrir as figuras humanas por trás de dois personagens marcantes da história mundial: São Paulo e São Lucas.

ORWELL, George. A revolução dos bichos: um conto de fadas. Traduzido por Heitor Aquino Ferreira. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 148 p. Resumo: O sonho de um velho porco de criar uma granja governada por animais, sem a exploração dos homens, concretiza-se com uma revolução. Como acontecem com as revoluções, a dos bichos também está fadada à tirania, com a ascensão de

uma nova casta ao poder. Nesta fábula feita sob medida para a Revolução Russa, todos os animais são iguais, mas uns são mais iguais do que os outros.

LEE, Rita. Rita Lee: uma autobiografia. São Paulo: Globo, 2016. 296 p., il. Resumo: Do primeiro disco voador ao último porre, Rita é consistente. Corajosa, sem culpa nenhuma. Tanto que, ao ler o livro, várias vezes temos a sensação de estar diante de uma biografia não autorizada, tamanha a honestidade nas histórias. A infância e os primeiros passos na vida artística; sua prisão em 1976; o

encontro de almas com Roberto de Carvalho; o nascimento dos filhos, das músicas e dos discos clássicos; os tropeços e as glórias. Está tudo lá, nessa obra mais pessoal que ela poderia entregar. Rita cuidou de tudo. Escreveu, escolheu as fotos e criou as legendas - e até decidiu a ordem das imagens -, fez a capa, pensou na contracapa, nas orelhas... Sua essência está nessas páginas.

CARVALHO, Bernardo. Simpatia pelo demônio. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. 236 p. Resumo: Rato é um brasileiro de meia-idade, casado, autor de uma aclamada tese sobre violência e funcionário de uma agência humanitária em Nova York. A paixão avassaladora por um jovem mexicano, que estuda filosofia em Berlim, vira

sua vida do avesso. Rato está devastado pelos desdobramentos dessa relação quando recebe o pedido do chefe: viajar a um país conflagrado para pagar o resgate de um prisioneiro que não sabe quem é a um grupo terrorista que desconhece. O romance alterna os dois momentos da vida de Rato, presente e passado: sua missão quase impossível na guerra e o relacionamento com o mexicano.

TEZZA, Cristovão. A tradutora. Rio de Janeiro: Record, 2016. 208 p. Resumo: O autor toca em temas que esbarram em qualquer pessoa que tenha vivido por aqui nos últimos anos — mais precisamente em 2014, quando se passa a trama, durante os preparativos para receber a Copa do Mundo. Os conflitos de um relacionamento abusivo, os debates sobre as cotas raciais, as críticas à máfia

do futebol, a personificação do Facebook, a crise política, até a onipresente expressão “coisa de veado”. Está tudo em qualquer esquina e está tudo no romance. Não por acaso, Tezza o faz

sob o ponto de vista de uma protagonista mulher, Beatriz. Resgatada de obras anteriores, aqui ela passa três dias trabalhando como tradutora de um alto executivo da Fifa enquanto tenta se livrar de Donetti, o namorado ególatra, e entregar uma tradução atrasada.

HAN KANG. A vegetariana. Traduzido por Yun Jung Im. São Paulo: Devir, 2013. 192 p. Resumo: História de uma mulher coreana que decide não comer mais carne e enfrenta toda a repercussão social que uma decisão deste tipo provoca naquele país. A primeira parte é contada do ponto de vista do marido. É através dos olhos

dele que percebemos o estranhamento que as atitudes de sua esposa provocam. A segunda parte é contada a partir da perspectiva do cunhado (marido da irmã) da vegetariana, um artista na área de cinema e vídeo que decide fotografar e filmar a cunhada e acaba desenvolvendo uma queda por ela. A terceira parte é contada do ponto de vista da irmã que se vê dividida entre o dever fraternal que ela sente de proteger a irmã mais nova e o quanto ela compreende as atitudes da irmã e o que a levou a tomá-las.

NDIONE, Abasse. A vida em espiral. Traduzido por Marcos Maffei. Rio de Janeiro: Rádio Londres, 2014. 344 p. Resumo: Amuyaakar Ndooy é um jovem senegalês pobre. Sua profissão, motorista de táxi, não permite que sustente de maneira confortável sua avó, irmã e filho pequeno, com quem vive em uma aldeia. Ele e quatro amigos são

inseparáveis, e passam a maior parte de seu tempo fumando yamba (maconha), bebendo e filosofando sobre a vida. Depois de uma gigantesca operação policial antidroga, a yamba vira produto escasso e Amuyaakar resolve se tornar sipikat (traficante de maconha), uma escolha que o levará para um caminho cheio de perigos e obstáculos de todos os tipos e que acabará mudando para sempre o destino dos cinco amigos. A obra descreve sem falsos moralismos, a corrupção, a pobreza, as injustiças e a falta de horizonte dos jovens senegaleses. No entanto, é uma história regada de ironia e dominada por um surpreendente otimismo.

BATALHA, Martha. A vida invisível de Eurídice Gusmão. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. 192 p. Resumo: Rio de Janeiro, anos 1940. Guida Gusmão desaparece da casa dos pais sem deixar notícias, enquanto sua irmã Eurídice se torna uma dona de casa exemplar. Mas nenhuma das duas parece feliz em suas escolhas. A trajetória das

irmãs Gusmão em muito se assemelha com a de inúmeras mulheres nascidas no Rio de Janeiro no começo do século XX e criadas apenas para serem boas esposas. São as nossas mães, avós e bisavós, invisíveis em maior ou menor grau, que não puderam protagonizar a própria vida, mas que agora são as personagens principais do primeiro romance da autora.

KUCINSKI, Bernardo. Os visitantes: novela. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. 88 p. Resumo: Nesta novela, os personagens de "K: relato de uma busca" - livro anterior do autor que narra a história de um pai em busca da filha que desapareceu durante a ditadura no Brasil -, batem raivosos à porta do autor e povoam seus

pesadelos. Queixam-se, apontam erros, acusam-no de macular a imagem de quem já não pode se defender e também difamar outros ainda vivos. Foi ético mencionar determinada pessoa? Por que citar alguns pelos nomes reais e outros não? Que autoridade tinha o autor de criticar quem pegou em armas contra a ditadura? São essas as reflexões que norteiam este livro, concebido para formar um díptico ao lado de seu predecessor.