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FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM CONTABILIDADE, ECONOMIA E FINANÇAS FUCAPE ERIKA CASTRO MACHADO NÍVEL DE ESTRESSE NOS TRABALHADORES EM CASAS LOTÉRICAS DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO: e sua relação com a qualidade de vida desses atores. VITÓRIA 2011

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FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM

CONTABILIDADE, ECONOMIA E FINANÇAS FUCAPE

ERIKA CASTRO MACHADO

NÍVEL DE ESTRESSE NOS TRABALHADORES EM CASAS

LOTÉRICAS DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO: e sua relação com

a qualidade de vida desses atores.

VITÓRIA

2011

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ERIKA CASTRO MACHADO

NÍVEL DE ESTRESSE NOS TRABALHADORES EM CASAS LOTÉRICAS DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO: e sua relação com a

qualidade de vida desses atores.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração, Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade Economia e Finanças (FUCAPE), como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração - Nível Profissionalizante na área de Gestão de Pessoas.

Orientador: Professor Dr. Bruno Funchal

VITÓRIA

2011

Page 3: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

ERIKA CASTRO MACHADO

NÍVEL DE ESTRESSE NOS TRABALHADORES EM CASAS LOTÉRICAS DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO: e sua relação

com a qualidade de vida desses atores.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração

da Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e

Finanças ( FUCAPE), como requisito parcial para obtenção do título de

Mestre em Administração na área de Gestão de Pessoas.

Aprovado em, 12,de Dezembro de 2011

COMISSÃO EXAMINADORA

__________________________________________ PROF Dr.: BRUNO FUNCHAL

INSTITUTO CAPICABA DE PESQUISAS EM CONTABILIDADE, ECONOMIA E FINANÇAS(FUCAPE).

___________________________________________ PROF Dr.: VALCEMIRO NOSSA

INSTITUTO CAPICABA DE PESQUISAS EM CONTABILIDADE, ECONOMIA E FINANÇAS(FUCAPE).

___________________________________________ PROF Dr.: BRUNO CÉSAR AURICHIO LEDO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP)

Page 4: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

Dedico este trabalho aos

meus filhos Myllena e Igor e

ao meu marido Denis, pela

compreensão que tiveram

todo o tempo dedicado ao

Mestrado.

Page 5: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a DEUS, que me deu forças para continuar essa jornada

apesar de todas as tribulações que surgiram ao longo dessa caminhada; a minha

família, pela compreensão pelo tempo dedicado ao mestrado e, por fim, ao meu

Orientador, que teve como desafio em vários aspectos essa missão de me

orientar.

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RESUMO

O presente estudo buscou identificar se há relação entre os níveis de estresse

dos trabalhadores em Casas Lotéricas da Grande Vitoria no Espírito Santo, com

a qualidade de vida desses atores, contribuindo para uma melhor compreensão

desse ambiente de trabalho e suas influências no processo produtivo. O estudo

foi baseado em estudos bibliográficos amparados por Rigotto,1998, Schall, 2004,

Myers, 1995, e com uma ênfase maior nos trabalhos de Karasek, 1979a,

1979b,1981,1985. Pesquisa de natureza quantitativa, abordagem de caráter

explicativo, com aplicação de questionários em 98 respondentes em 30 Casas

Lotéricas. Foram utilizados dois questionários fechados. Na avaliação do

estresse foi usado questionário sob o conceito de Karasek, 1985; para Qualidade

de Vida, instrumento de avaliação de Qualidade de Vida da Organização Mundial

da Saúde - OMS (WHOQOL-100). Os resultados encontrados apontaram que

existe relação entre estresse e qualidade de vida de forma negativa, colaborando

para uma qualidade de vida insatisfatória que pode afetar na vida laboral, com

ausências por doença, grande rotatividade de funcionários, entre outros, sendo

recomendada aos proprietários maior restrição às questões mais relevantes para

o aumento do estresse objetivando um ambiente mais saudável, melhorando a

qualidade de vida de seus colaboradores.

Palavras Chave: Estresse, Qualidade de vida, Produtividade,

Page 7: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

ABSTRACT

This study sought to identify if a relationship between stresses levels of

employees in the lotteries the ES, with the quality of life of these actors,

contributing to a better understanding of the workplace and their influence in the

production process. The study was based on studies supported

by bibliographic Rigotto, 1998, Schall, 2004,Myers, 1995, with an emphasis on the

work of Karasek, 1979a, 1979b, 1981, 1985. The research study was based on

quantitative explanatory nature, with questionnaires to 100 respondents in 30

lotteries. We used two closed questionnaires. In evaluating the stress

questionnaire under the concept of Karasek, 1985, and an evaluation tool for

WHO Quality of Life (WHOQOL-100). The results showed that there is a relation

between stress and quality of life in a negative way, contributing to a satisfactory

quality of life that can affect working life, with sickness absence, high turnover of

staff among others, being recommended to the owners greater restriction on the

issues most relevant to the increased stress aiming a healthier environment,

improving the quality of life of its employees.

Keywords: Stress, Quality of Life, Productivity,

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8

2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 13

2.1 ESTRESSE E QUALIDADE DE VIDA ................................................................. 13

2.1.1 Estresse 13

2.1.2 Influências do Estresse na Vida 16

3 QUALIDADE DE VIDA........................................................................................... 20

4 METODOLOGIA .................................................................................................... 22

4.1 TIPO DE PESQUISA ........................................................................................... 22

4.2. INSTRUMENTOS DE PESQUISA ..................................................................... 22

4.2.1 Job Content Questionnaire 23

4.2.2 Instrumento de Avaliação de Qualidade de Vida OMS (WHOQOL-100). 24

4.3 APRESENTAÇÃO DO MODELO LINEAR MÚLTIPLO ....................................... 25

4.4 MOTIVAÇÕES DA APLICAÇÃO DO MODELO .................................................. 25

4.4.1 Estatística descritiva amostral 26

4.4.2 Modelo de Regressão 31

4.4.3 Modelo de regressão múltipla 32

5 RESULTADOS ....................................................................................................... 35

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 38

7 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 40

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Capítulo 1

1 INTRODUÇÃO

A presente pesquisa objetiva identificar se há relação entre os fatores

estressores originados no âmbito laboral das Casas Lotéricas e a qualidade de vida

dos seus colaboradores, contribuindo para uma melhor compreensão desse

ambiente de trabalho e suas influências no processo produtivo, já que se trata de um

dos segmentos bastante demandados na atualidade atuando nos jogos federais e

Correspondentes Bancários. (JAYO E DINIZ, 2009).

Decidiu-se pelo segmento das Casas Lotéricas por observar, atualmente,

transformações frequentes e rápidas nas questões políticas, econômicas e

socioeconômicas que vêm influenciando o mundo empresarial e organizacional de

maneira a aumentar o nível de exigência sobre o indivíduo e organizações

(RIGOTTO, 1998).

Também pelas transformações e exigências citadas, durante a década

passada presenciou-se no Brasil um aumento das redes de atendimento dos

bancos, graças à criação dos titulados Correspondentes Bancários, a partir de agora

denominados CBs. Trata-se de um canal de distribuição de serviços bancários

largamente apoiado em tecnologia. Seu processo operacional está baseado em um

conjunto de empresas chamadas de parceiros, envolvendo bancos e agentes não

bancários, capacitados e habilitados a atuar como pontos de distribuição de serviços

(supermercados, mercearias, farmácias, redes varejistas, associações de bairro,

casas lotéricas, agências postais, etc.).

Page 10: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

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Com apenas alguns anos de existência, os CBs respondem hoje pela maior

parte dos pontos de atendimento bancários instalados no Brasil. Ao final de 2009,

segundo dados oficiais do Banco Central do Brasil, seu número totalizava 150 mil

pontos, ou o equivalente a 7,5 vezes o número de agências em operação no país.

Em 2010 as Casas Lotéricas, segundos dados oficiais da Caixa Econômica

Federal, respondiam por 10.691 pontos no Brasil, com média de quatro funcionários

por ponto, sendo mais um aspecto Importante para o estudo da categoria.

Embora os estudos sobre Correspondentes Bancários ainda seja um debate

recente e em curso, dois pontos podem ser considerados importantes.

O primeiro deles é a importância dos CBs. Pelos baixos custos operacionais

envolvidos, é uma ferramenta eficiente para que os bancos possam ofertar serviços

à população de baixa renda, com pouco acesso ao sistema bancário.

Em decorrência, grande parte dos CBs se encontra instalada em locais antes

desassistidos de atendimento bancário por não comportarem os investimentos em

agências e pontos de atendimento tradicionais, como pequenos municípios, ou

bairros e mesmo favelas dos centros urbanos (Ivatury, 2006).

Um segundo ponto de consenso é o de que, apesar desse maior alcance

conferido, o leque de serviços bancários efetivamente proporcionados por meio dos

CBs ainda é limitado, concentrando-se basicamente em serviços transacionais de

arrecadação (recebimento de contas e boletos) e no pagamento de benefícios

previdenciários e de programas sociais, com exceção das Casas Lotéricas que além

dos serviços já mencionados, ainda pagam FGTS, PIS, Seguro Desemprego, saque,

depósitos entre outros.

Page 11: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

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Tais processos garantem aos bancos uma redução de custos, além das

vantagens já citadas, sendo pagos aos CBs, comissões pelos serviços prestados,

entretanto, segundo documentos contábeis das Casas Lotéricas, as receitas não são

suficientes para arcar com os ônus adquiridos pelos serviços transferidos, inerentes

àqueles prestados à população, como carro-forte para transferência de numerário

em razão do alto índice de valor em espécie que hoje circula nas Casas Lotéricas, o

que não ocorria antes de se tornarem CBs conforme informações dadas pelo

presidente do Sindicato dos Lotéricos no Espírito Santo, e outras ocorrências

relevantes como alta rotatividade de funcionários, absenteísmo, faltas por doença ,

entre outros.

Diante da relevância apontada, percebeu-se ainda o aumento expressivo do

número de doenças ocupacionais, acidentes de trabalho, absenteísmo e grande

rotatividade nesse segmento, considerando diversos fatores assinalados, como

exigência de capacitação, agilidade, competitividade, falta de autonomia, falta de

segurança física, entre outros, indicando a grande influência que o trabalho e o

estresse laboral têm na saúde e na qualidade de vida do indivíduo atuante nesse

setor (RIGOTTO, 1998).

Essa percepção de Rigotto pela saúde do trabalhador não foi sempre uma

preocupação nas organizações, o início se deu com a evolução da Escola de

Relações Humanas e suas teorias centrais, as quais incentivaram a construção de

diversas literaturas voltadas a entender os aspectos laborais que podem influenciar

no dia-a-dia do indivíduo , buscando contribuir e minimizar os impactos na saúde do

trabalhador, principalmente com os fatores estressores advindos da falta de

observação ou de importância aos atores, (MARQUES, 2003; MORAES, 1993).

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As características contemporâneas acerca das exigências mercadológicas,

que atingem não somente os trabalhadores, mas principalmente as organizações de

todos os segmentos, no que tange a produtos diferenciados, valor agregado,

produtividade e competitividade, consequentemente afeta diretamente os seus

colaboradores, em razão das necessidades de estarem preparados para mudanças

rápidas, especialização técnica, resistência às pressões entre outros, (MATTOSO,

1995). Desta forma, o presente estudo quer responder a seguinte pergunta: existe

relação entre o nível de estresse do trabalhador em Casas Lotéricas e sua qualidade

de vida?

Para responder a questão o estudo está baseado em pesquisa de natureza

quantitativa, abordagem explicativa, sendo usados dois questionários, um destinado

à obtenção do nível de estresse sob conceito de Karasek (FERREIRA JR, 2000,321-

348) e instrumento de avaliação de Qualidade de Vida OMS (WHOQOL-100), para

100 respondentes, em 30 Casas Lotéricas da Grande Vitória (Vitória, Vila Velha,

Serra, Cariacica, Guarapari, Viana) no Estado do Espírito Santo.

A pesquisa objetiva levantar a relação entre o nível de estresse ocupacional

e qualidade de vida do trabalhador em Casas Lotéricas, contribuindo para uma

melhor compreensão desse ambiente de trabalho e suas influências no processo

produtivo, buscando alternativas que minimizem o estresse caso seja identificado no

estudo.

A população tratada foram 230 Casas Lotéricas da Grande Vitória, por meio

da amostragem não probabilística intencional, tendo selecionadas 30 unidades na

Grande Vitória do Estado do Espírito Santo (Vila Velha, Vitoria, Serra, Cariacica,

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Cachoeiro e Linhares), e aplicado os questionários para funcionários de cada

unidade, totalizando uma amostra 98 respondentes.

Para explorar a relação entre o estresse e qualidade de vida, propor-se um

modelo de regressão linear múltiplo, e se existe diferenças significativas para

algumas variáveis sócio-demográficas nos profissionais de Casas Lotéricas na

Grande Vitória.

Verificou-se no resultado que existe significância no modelo submetido à

regressão, ou seja, o estresse influencia negativamente a qualidade de vida dos

atores abordados no estudo.

O restante desta dissertação está dividido da seguinte forma: seção dois

revisão da literatura, seção três qualidade de vida; seção quatro metodologia e base

de dados, seção cinco resultados, seção seis conclusão e comentários finais e

referências.

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Capítulo 2

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 ESTRESSE E QUALIDADE DE VIDA

2.1.1 ESTRESSE

Para Hans Selye, (1981) estresse é um conjunto de reações em decorrência

das situações em que o indivíduo se encontra em um momento de adaptação. Para

o autor o estresse apresenta duas formas: positiva e destrutiva. Na forma positiva, o

estresse pode motivar o homem a vencer desafios, acelerar sua rotina de trabalho,

sem afetar sua qualidade de vida. Já na outra perspectiva, o estresse negativo, de

sobrecarga, afeta diretamente o intelecto do indivíduo, competências psicológicas e

físicas, tornando o trabalho um momento de sofrimento e insatisfação, convergente

com as ideias de Dejours (1992).

O estresse no âmbito laboral vem nos últimos anos se transformando em um

problema de alto custo e cada vez mais constante no mundo organizacional,

envolvendo empregadores e empregados, principalmente depois dos achados nos

estudos de Schnal, ( 1998) e Levi, ( 2001).

• O estresse ocupacional pode levar a doenças físicas e mentais;

• O estresse, mesmo não relacionado ao trabalho, pode se manifestar no

ambiente de trabalho;

• O estresse relacionado ao âmbito laboral pode gerar um custo alto para

todos os envolvidos, empregador e empregado;

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• A prevenção do estresse laboral pode diminuir os custos humanos e

econômicos.

Em se tratando de custos gerados por estresse ocupacional, além das

despesas médicas geradas pelas doenças e ferimentos advindos dos fatores

psicossociais do trabalho, os empregadores precisam lidar com os gastos adicionais

gerados pelo absenteísmo, prejuízo na produtividade, grande rotatividade e

indenizações trabalhistas. (SCHNALL, P.; JAUREGUI, M., 2004)

Assim, os autores previnem sobre o possível engano de que o fato de um

funcionário não estar ausente, não significa que ele esteja sendo totalmente

produtivo, ou quanto mais trabalha, mais produtivo está sendo. Esse processo é um

fenômeno chamado “presenteeis-me”, que mostra que mesmo o empregado estando

presente no trabalho ele pode ter sua produtividade prejudicada e com uma

qualidade menor,

Esse fenômeno se aproxima de uma explicação aos estressores ocupacionais

e ao excesso de trabalho, incidindo também quando um trabalhador comparece as

suas funções mesmo quando não se sente bem, podendo ser por seu

comprometimento com o empregador, com os colegas de trabalho, ou mesmo com

medo de perder seu emprego, o que é mais comum, agravando o estado de

estresse e diminuindo ainda mais a produtividade.

Buscando conhecer os causadores do estresse ocupacional, algumas

pesquisas identificam o ambiente e condição laboral como um fator de relevância

para o aparecimento do estresse. (NIOSH, 1999) e a European Commission (1999)

descrevem algumas características do trabalho que podem levar ao aparecimento do

estresse:

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Tarefas: carga de trabalho excessiva ou ociosa, sem pausa de trabalho, ou

pausa inadequada (ineficiente), longas jornadas de trabalho ou turnos, tarefas

repetitivas e sem significado para o trabalhador, que não destacam a habilidade do

trabalhador e que apresentam pouco controle, pouco tempo para concluir o trabalho,

falta de descrição da tarefa, ausência de satisfação em relação às tarefas

executadas.

Gerenciamento: inexistência de participação dos atores na tomada de

decisões, falta de comunicação na organização, falta de reconhecimento ou

recompensa àquele que se destacou, ausência de oportunidade para fazer queixas

e reclamações, falta de oportunidade para botar em prática suas habilidades e

competências.

Relacionamento Interpessoal: ambiente de trabalho pouco cooperativo, sem

contribuição dos parceiros laborais e supervisores, exposição à violência, ameaças e

intimidações, exposição a prejuízos relacionados com idade, sexo, etnia, raça,

gênero ou religião.

Trabalho: possibilidade de erros pequenos ou falta de atenção acarreta

consequências desastrosas, muita responsabilidade, porém pouco poder em tomada

de decisões, falta de descrição dos papeis de cada colaborador.

Carreira: insegurança e preocupação com a instabilidade no trabalho,

escassez de possibilidade de crescimento na organização, mudanças para as quais

os trabalhadores não foram treinados.

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2.1.2 INFLUÊNCIAS DO ESTRESSE NA VIDA

Os organismos de ação do estresse na vida humana têm recebido a atenção

de pesquisadores a nível internacional (Everly, 1995; R. S. Lazarus & B. N.Lazarus,

1994; Wright & Cropanzano, 2000) que descobriram consequências negativas no

funcionamento físico (Di Martino, 1992; Mancia & Parati, 1987) no mental (Myers,

1995; Teicher, Ito, Glod, Schiffer & Gelbard, 1996), na medida em que o estresse

pode contribuir para o aparecimento de várias doenças físicas e psiquiátricas. Há

também indicação de que um estado prolongado de estresse possa afetar no bem-

estar psicológico e na qualidade de vida das pessoas (Kaplan,1995; Lipp, 1997)

As pesquisas na área de estresse têm incluído o efeitos negativos desse

fenômeno no que se refere à profissão.

Diante desse cenário, muitas profissões têm auferido atenção, sendo que, no

Brasil, já se encontram trabalhos sobre o estresse ocupacional de policiais militares

(Romano, 1989), executivos (Soares, 1990), de psicólogos (Covolan, 1989),

bancários entre outros.

Para Lipp (1997), o estresse ocupacional é uma reação complexa, formada

por alterações psicofisiológicas que existem quando o indivíduo é obrigado a encarar

ocorrências que superem sua capacidade de enfrentamento. A função desses

contragolpes é a adequação do indivíduo à nova situação, causada pelo estímulo

desafiador.

No ambiente laboral, o trabalhador diversas vezes é posto diante de

demandas, obstáculos e exigências que superam suas capacidades e recursos para

desempenhá-las, podendo gerar sono, fadiga excessiva, transtornos

gastrointestinais, dores nas costas, cefaleias, processos cutâneos e dores cardíacas.

Page 18: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

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O estresse é uma das doenças mais comuns ligadas ao trabalho nas

condições laborais incômodas ou incertas, sobrecarga em quantidade e qualidade

de trabalho, falta de controle sobre o processo produtivo, ritmo, monotonia e

aborrecimento (FREUNDENBERGER, 1998). Pode ainda estar associado às

características do próprio individuo, incluindo os seus estilos de enfrentamento, a

capacidade e anseio e a inserção em atividades significativas e motivadoras

(KOMPIER e HOUTMAN, 1998), em esgotamento físico que se manifesta como

doenças psicossomáticas longas.

Assim, o estresse pode lançar resultados negativos como fadiga e tensão

muscular, podendo brotar não só quando existe uma experiência calamitosa, como a

morte de algum amigo ou parente, mas também em várias outras possibilidades,

como troca de trabalho ou função, trabalho exaustivo que deve ser cumprido em

curto espaço de tempo, pressão no trabalho, cobranças ocupacionais exageradas e

outros fatores (Everly, 1995).

O que avisa se sintomas de estresse vão ocorrer é a capacidade do

organismo de consentir às exigências do momento, independentemente destas

serem de natureza positiva ou negativa. A obstinação aos desafios enfrentados é

também influenciada pelas estratégias de enfrentamento, ou coping, presentes no

repertório da pessoa.

Pesquisadores brasileiros como Curcio (1991) eCouto(1987) vêm dando

atenção especial à relação entre estresse e qualidade de vida. Sugerindo que

qualidade de vida é um estado de bem-estar físico, mental e social, e não só a

ausência de doenças. As pessoas que se consideram felizes conferem sua

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18

felicidade ao evento em quatro áreas (social, afetiva, saúde e profissional). O

estresse ocupacional, segundo Couto (1987), interfere na qualidade de vida.

Considerando os diferentes autores estudados, citados acima, percebem-se

os diversos enfoques e modelos que trata o assunto estresse ocupacional.

2.1.3 Estresse no Trabalho

As variações tecnológicas, introduzidas no processo produtivo permitiram às

empresas uma alavancagem em sua produtividade e, consequentemente, dos

lucros, e originaram impactos à saúde do trabalhador, com manifestações tanto na

esfera do seu físico quanto no psíquico. O aparecimento de novas enfermidades

relacionadas às mudanças adentradas no mundo do trabalho é apontado nas

produções científicas das últimas décadas. (MUROFUSE, ABRANCHES,

NAPOLEÃO, 2005)

No documento da Comissão das Comunidades Europeias, as “[...] doenças

avaliadas emergentes, como o estresse, a depressão ou a ansiedade, assim como a

violência no trabalho, o assédio e a intimidação, são responsáveis por 18% dos

problemas de saúde associados ao trabalho, uma quarta parte dos quais implica em

duas semanas ou mais de ausência laboral” (MUROFUSE, ABRANCHES,

NAPOLEÃO, 2005)

Outra forma de verificar-se o nível de estresse laboral e o quanto ele

influencia na saúde do trabalhador é por meio do modelo Demanda-Controle (Job

Strain Model), formatado por Karasek (1979a; 1981), o qual vem se transformado em

um modelo de referência.

Page 20: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

19

Esse modelo ajuda e prioriza duas extensões psicossociais no trabalho: o

controle sobre o trabalho e a demanda psicológica originado do trabalho. Com a

combinação dessas duas dimensões, o modelo caracteriza situações de trabalho

específicas que estruturam riscos diferenciados à saúde. Para avaliar esses

aspectos, Karasek (1985) elaborou um instrumento metodológico: o Job Content

Questionnaire – JCQ (Questionário sobre Conteúdo do Trabalho) – o qual foi usado

nessa pesquisa. Sua versão sugerida envolve 49 questões abordando, além de

controle e demanda psicológica, apoio social originária da chefia e dos colegas de

trabalho, demanda física e insegurança no emprego. (NARA, et al. 2001)

“O estresse é decorrência da percepção entre a desarmonia entre as

requisições da tarefa e os recursos pessoais para cumprir ditas exigências. Uma

pessoa pode sentir essa desarmonia como desafio e, em consequência, reagir

dedicando-se à tarefa. Pelo contrário, se a discordância é percebida como

ameaçadora, então o trabalhador enfrentará uma situação estressante negativa, que

pode conduzi-lo a evitar a tarefa” (SEEGER & VAN ELDEREN, 1996, p. 213).

Page 21: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

3 QUALIDADE DE VIDA

Após vários estudos relacionados ao estresse e Qualidade de Vida no

Trabalho, alguns autores iniciaram estudos sobre suas influências na vida pessoal,

emocional, física e psíquica, podendo causar sofrimento ao trabalhador não somente

no contexto laboral, mas também em sua vida pessoal. Christophe Dejours publicou

vários trabalhos considerando tais aspectos (DEJOURS, 1986).

Os primeiros estudos acerca de QV iniciaram na década de 50, Rodrigues

(apud Limongi-França, VII SEMEAD, pg. 4) por meio de pesquisas de Erik Trist,

objetivando tornar o contexto laboral mais satisfatório e motivador.

Dentre inúmeras definições de Qualidade de Vida, a mais usada é a definida

pela Organização Mundial de Saúde, a qual criou um grupo para desenvolver um

questionário capaz de medir o nível de qualidade de vida do indivíduo, o WHOQOL,

também usado nesse estudo para avaliar a qualidade de vida ligada a saúde que é “

Não somente a ausência de doenças, mas também o completo bem estar biológico,

físico , psicológico e social”.

Algumas profissões expõem seus trabalhadores a riscos ligados à integridade

física, atenuando os aspectos negativos de assuntos relacionados ao estresse,

acrescentando o medo ao seu dia-a-dia laboral e consequentemente afetando sua

saúde.

De forma geral, pode-se assegurar que qualidade de vida é hoje um elemento

indispensável para as ciências sociais, humanas, biológicas e do ambiente em que

vivemos, exercendo uma grande influência nas pesquisas e na prática.

Page 22: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

21

Silva (1992), em pesquisa com bancários do Banco do Brasil, observou baixo

índice Qualidade de Vida dessa Categoria em todos os quadrantes (social, afetivo,

profissional e saúde), constatando a relação direta desse índice com o alto índice de

estresse nessa categoria.

Decidiu-se pela relação do estresse com a Qualidade de Vida, e não com a

Qualidade de Vida no Trabalho, por já estar em estudo o estresse laboral, que

influencia a satisfação no trabalho, e, consequentemente, a Qualidade de Vida no

Trabalho. Entretanto, nada garante que o estresse no contexto laboral pode afetar a

qualidade de vida das pessoas.

Para Nahas (1997), a definição de Qualidade de Vida, que também pode ser

percebida como satisfação com a vida, é proclama pela qualidade da saúde do ser

humano.

Dessa forma, o termo Qualidade de Vida parece não ter um só significado,

sendo considerado na literatura médica como sinônimo de condições de saúde

física, social, satisfação com a vida, respeito pelas limitações físicas.

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22

Capítulo 4

4 METODOLOGIA

4.1 TIPO DE PESQUISA

Abordagem do estudo foi de caráter exploratório e descritivo. Em primeira

instância foram utilizados dois questionários fechados na avaliação do estresse sob

o conceito de (Karasek, 1985) e questionário para avaliação do nível de Qualidade

de Vida, instrumento de avaliação de Qualidade de Vida OMS (WHOQOL-100).

A população tratada foram 230 casas lotéricas na Grande Vitória, no Estado

do Espírito Santo, por meio da amostragem não probabilística intencional, sendo

selecionadas 30 unidades (Vila Velha, Vitoria, Serra, Cariacica, Cachoeiro e

Linhares), e aplicado os questionários para funcionários de cada unidade,

totalizando uma amostra de 98 respondentes.

4.2. INSTRUMENTOS DE PESQUISA

No presente estudo foi aplicado o questionário elaborado por Karasek (1979)

o qual se refere ao modelo de estresse no ambiente de trabalho que prevê tensão

mental como resultado da interação das demandas psicológicas e amplitude de

decisão, e questionário para avaliação do nível de Qualidade de Vida, instrumento

de avaliação de Qualidade de Vida OMS (WHOQOL-100).

Page 24: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

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4.2.1 JOB CONTENT QUESTIONNAIRE

O Job Content Questionnaire (JCQ), ou Questionário do Conteúdo do

Trabalho, é um ferramenta esquematizada para avaliar aspectos psicossociais do

trabalho. De forma geral é idealizado como aplicável a todos os tipos de trabalho.

Pode ser qualificado como padrão direcionado à estrutura social e psicológica da

situação de trabalho. O JCQ não inclui nenhuma escala de medida para estressores

não relacionados ao trabalho. O JCQ foi arquitetado primeiramente para

prognosticar estresse relacionado ao trabalho e doenças cardiovasculares nos

Estados Unidos e na Suécia.

Os assuntos iniciais do JCQ originaram-se do estudo de Framigham (EUA) e

do Quality of Employment Survey – Q.E.S (desenvolvido pelo U.S. Department of

Labor's National) administrado nos anos de 1969, 1972 e 1977. A versão resultada

do estudo de Framigham e do Q.E.S. continha 27 questões: nove questões

abordando controle sobre o trabalho, nove questões sobre carga psicológica do

trabalho, cinco questões sobre carga física do trabalho e quatro questões sobre

insegurança no emprego (KARASEK,1985).

Desde que se iniciou o seu uso e estimativa do seu desempenho, o

questionário sofreu modificações e uma nova versão foi sugerida com a inclusão de

novas extensões. O formato do JCQ atualmente recomendado inclui 49 questões.

Além das 27 questões referenciadas acima, foram incluídas questões sobre suporte

social, controle sobre o trabalho ao nível da estrutura organizacional e insegurança

no emprego. A versão mais recente do JCQ contém a seguinte escala:

a) Controle sobre o trabalho incluindo uso de habilidades, autoridade

decisória e autoridade decisória no nível macro;

Page 25: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

24

b) Demanda psicológica;

c) Demanda física;

d) Suporte social;

e) Insegurança no trabalho;

f) Uma questão sobre nível de qualificação exigida para o trabalho que é

executado (corresponde ao nível educacional que é requerido no posto de trabalho

ocupado).

4.2.2 INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA OMS (WHOQOL-100).

Na presente pesquisa foi utilizado um instrumento desenvolvido pela

Organização Mundial da Saúde para avaliação de qualidade de vida por meio de um

desenho colaborativo multicêntrico. São descritas a metodologia e as diferentes

etapas de desenvolvimento do instrumento original. Por meio de uma metodologia

própria foi realizada a tradução, discussão em grupos com elementos da

comunidade, doentes e profissionais de saúde, seguida de retrotradução. O objetivo

dos grupos focais foi discutir a adequação da tradução e da seleção de itens para

avaliar qualidade de vida em uma cidade brasileira (Porto Alegre). O trabalho em

grupo focal mostrou que o instrumento de avaliação de Qualidade de Vida da

Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-100) apresenta condições para aplicação

no Brasil em sua versão original em português.

O desenvolvimento desses elementos conduziu a definição de qualidade de

vida como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura

Page 26: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

25

e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos,

expectativas, padrões e preocupações” (WHOQOL GROUP, 1994).

4.3 APRESENTAÇÃO DO MODELO LINEAR MÚLTIPLO

Uma das preocupações estatísticas ao analisar dados, é a de instituir

exemplos que especifiquem estruturas do fenômeno em observação, as quais

comumente estão combinadas com variações eventuais ou aleatórias. A

identificação dessas estruturas admite avaliar melhor o fenômeno, bem como fazer

declarações sobre prováveis procedimentos do mesmo (BUSSAB, 1988).

Nesse trabalho, a hipótese a ser verificada foi se o estresse nos trabalhadores

em Casas Lotéricas do ES influencia em sua qualidade de vida. Supôs-se que a

variável Qualidade de Vida, chamada de agora em diante de QV, seria a

dependente, e as variáveis independentes seriam estresse, sexo, idade, casado,

filhos, tempo e turno.

4.4 MOTIVAÇÕES DA APLICAÇÃO DO MODELO

O presente estudo buscou identificar se há relação entre os níveis de estresse

dos trabalhadores em Casas Lotéricas na Grande Vitória, no Espírito Santo, com a

qualidade de vida desses atores, por meio de aplicação de questionário. Coletaram-

se dados da amostra com níveis de estresse, qualidade de vida e sócio

demográficos. Para explorar essa relação, propôs-se um modelo linear múltiplo, que

tem o objetivo de entender a relação entre estresse e qualidade de vida dos

Page 27: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

26

funcionários das Casas Lotéricas, e se existe diferenças significativas para algumas

variáveis sócias demográficas.

4.4.1 ESTATÍSTICA DESCRITIVA AMOSTRAL

A Tabela 1 apresenta a distribuição da amostra segundo as características

sócias demográficas. Foi coletada uma amostra de 100 funcionários e aplicado os

questionários. Na amostra predominou as seguintes características: sexo feminino

com 85%, 57% são solteiros (as), 45% não têm filhos, 69% têm idade entre 19 e 35

anos, 73% têm apenas ensino médio, 84% são funcionários, 46% têm menos de

dois anos de tempo de emprego e 82% são pessoas que trabalham em apenas um

turno.

Page 28: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

27

Tabela 1: Estatística descritiva dos dados sócios demográficos versos indicador estresse e qualidade de Vida.

Variável Descrição N% Estresse Qualidade de Vida

Média Desvio padrão Média Desvio

padrão

Sexo Feminino 85 13,51 3,11 65,87 10,04

Masculino 15 11,13 2,7 67,4 7,78

Estado Civil Solteiro 57 13,46 3,33 66,3 10,17

Casado 43 12,74 2,9 65,84 9,18

Filhos Nenhum filho 45 13,22 2,97 67,78 9,09

Um filho 29 14 3,3 64,1 10,56

Mais de um filho 26 12,08 3,12 65,42 9,65

Idade

19 |---- 27 anos 39 13,77 3,48 67,1 9,77

27 |---- 35 anos 30 13,33 3,19 63,73 11,09

35 |---- 43 anos 23 12,74 2,12 68,22 8,19

43 |---- 51 anos 6 10,5 3,45 63 7,75

> = 51 anos 2 11 1,41 67 0

Grau de Instrução? Ensino fundamental 2 13,5 6,36 58 18,38

Ensino médio 73 13,44 3,27 66,52 9,82

Ensino superior 25 12,28 2,49 65,52 8,93

Posto de Trabalho? Funcionário 84 13,55 3,11 66,32 10,13

Proprietário 16 11,06 2,62 64,94 7,31

Tempo de Serviço < = 2 anos 46 13,11 3,09 67,46 9,63

2 |---- 4 anos 28 14,14 3,24 64,61 11,17

> = 4 anos 26 12,15 2,98 65,31 8,09

Quantos turnos de trabalho?

Um turno 82 13,52 3,07 66,3 9,99

Dois turnos 18 11,44 3,07 65,17 8,51

Fonte: Elaborado pelo autor.

Page 29: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

28

Quadro 1: Questionário medidor do índice de estresse no ambiente laboral segundo Karasek.

Fator Perguntas

Requisitado no Trabalho (fator1)

1-Seu trabalho exige rapidez?

2-Seu trabalho é muito árduo?

3-É solicitado a trabalhar excessivamente?

4-Tem tempo suficiente para realizar as suas tarefas?

5- É objeto de pedidos conflituosos?

6- Seu trabalho necessita de concentração intensa?

7-As suas tarefas são interrompidas antes de serem terminadas, necessitando de mais atenção quando retorna?

8- O volume e ritmo de seu trabalho são muito intensos?

9- A espera de trabalho, proveniente da espera por outras pessoas, prejudica o ritmo do seu trabalho?

Autoridade decisória (fator2)

10- Tem opção de escolha de como trabalhar?

11- Possui muita responsabilidade relacionada ao seu trabalho?

12- Pode determinar a ordem do seu trabalho?

13- Pode interromper seu trabalho se preciso?

14- Pode determinar o seu próprio ritmo de trabalho?

Discriminação do trabalho (fator3)

15- O seu trabalho é muito repetitivo?

16- O seu trabalho precisa de muita criatividade?

17- Realiza uma série de tarefas no seu trabalho?

18- Tem oportunidade de desenvolver suas próprias aptidões?

Condições de emprego (fator4)

19- Pode determinar quando começa e para seu trabalho?

20- Pode determinar quando precisa descansar?

21- Pode tirar folgas quando desejar?

22- O seu trabalho é seguro?

23- Existe potencial para crescimento na empresa?

Apoio do Chefe e colegas (fator5)

24- O ambiente de trabalho é bom?

25- Os seus colegas irritam-se frequentemente?

26- Se necessário, pode pedir apoio aos colegas?

27- A gestão diária em seu trabalho e eficaz?

28- A gestão cotidiana tem ideia de seu trabalho?

29- É suficientemente apoiado pelo gestor?

30- Tem informação sobre o desenvolvimento da empresa?

FONTE : Karasek; Job Content Questionnaire and User Guide( 1885)

NOTA: Adaptado pelo Autor

Page 30: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

29

No que tange à qualidade de vida, esse indicador foi avaliado, por intermédio

de 20 perguntas de acordo com escala Likert (nada, muito pouco, mais ou menos,

bastante e extremamente), assumindo 1 (nada) e 5 (extremamente) para sentido

positivo e 5 (nada) e 1(extremamente) para sentido negativo. O sentido foi

considerado apenas na tabulação dos dados. A Tabela 2 apresenta as médias

observadas na amostra, tanto os fatores estresse quanto o indicador Qualidade de

Vida.·.

Tabela 2: Média do indicador qualidade de vida e dos fatores do estresse.

Descrição

Qualidade de Vida Total

Fatores do Estresse

Requisitado no

trabalho

Autoridade decisória

Discrim

inação do trabalho

Condições de em

prego

Apoio do C

hefe e colegas

Média Média Média Média Média Média

Sexo Feminino 64,12 6,02 0,44 0,98 4,97 6,06

Masculino 66,00 4,75 0,58 0,92 5,00 5,83

Estado Civil Solteiro 63,38 6,00 0,35 0,89 4,98 6,04

Casado 65,58 5,70 0,60 1,07 4,95 6,02

Filhos? Nenhum filho 64,80 5,91 0,37 0,83 5,00 6,11

Um filho 64,62 6,38 0,38 0,86 4,95 6,05

Mais de um filho 63,48 5,45 0,65 1,26 4,94 5,90

Faixa Etária

19 I---- 27 anos 63,45 6,41 0,31 0,73 5,00 6,10

27 I---- 35 anos 62,88 5,96 0,54 1,25 4,92 6,04

35 I---- 43 anos 67,26 4,89 0,89 1,37 4,95 5,84

Acima 43 anos 68,33 4,17 0,00 0,50 5,00 6,00

Grau de Instrução Ensino fundamental 66,00 5,50 1,00 1,00 5,00 6,00

Ensino médio 63,64 6,05 0,47 1,00 4,96 6,00

Ensino superior 66,71 5,24 0,38 0,86 5,00 6,14

Posto de Trabalho? Funcionário 64,00 6,01 0,36 0,94 4,96 6,09

Proprietário 66,62 4,92 1,08 1,15 5,00 5,62

Tempo de Serviço < 2 anos 63,84 5,93 0,40 1,07 4,93 6,16

2 I---- 4 anos 64,16 6,34 0,34 0,78 5,00 6,00

>= 4 anos 65,71 5,00 0,76 1,05 5,00 5,81

Quantos turnos de trabalho? Um turno 64,13 5,67 0,48 1,00 4,97 5,98

Dois turnos 64,68 6,18 0,42 0,92 4,97 6,11

Nota: Elaborado pelo Autor

Page 31: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

30

Cruzando-se os dados sócios demográficos com os fatores do estresse e

qualidade de vida, o indicador estresse, composto por cinco fatores e 30 perguntas,

onde cada pergunta tem duas alternativas, de acordo com método proposto,

recebendo 1 ou 0, com as possíveis respostas variando de acordo com número de

perguntas em cada fator. Por exemplo, o fator1 (requisitado no trabalho) possui nove

perguntas, variando de 0 a 9 pontos.

Para medir a confiabilidade dos fatores estresse e indicador qualidade de

vida, aplicou-se o teste de Alfa de Cronbach. O Alfa de Cronbach é uma “[...]

avaliação habitualmente usada de fiabilidade para um conjunto de dois ou mais

indicadores de construto. As estimações variam entre 0 (zero) a 1,0 (um) com as

medidas mais altas recomendando maior confiabilidade entre os indicadores” (HAIR,

et al., p. 466, 2005).

Tabela 3: Tabela com estatística Alfa de Cronbach.

Variável Fatores Alfa de Cronbach Variação

do indicador

N° de Perguntas

Estresse

Requisitado no trabalho 0,65 0 a 9 9 Autoridade decisória 0,75 0 a 5 5 Discriminação do trabalho 0,28 0 a 4 4 Condições de emprego 0,00 0 a 5 5 Apoio do chefe e colegas 0,45 0 a 7 7

Qualidade de Vida 0,83 20 a 100 20

Nota: Elaborado pelo autor

A qualidade de vida apresentou Alfa de Cronbach de 0,83 e entre os fatores

estresse, dois apresentaram Alfa acima 0,6, um 0,45, um 0,28 e outro 0,00. Hair, et

al., (2005) informa que o limite inferior para o Alfa Cronbach ser aceito é de 0,7

apesar de poder diminuir para 0,6 em pesquisa exploratória, portanto, apenas dois

Page 32: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

31

dos cinco fatores de estresse, apresentaram Alfa de Cobranch com níveis

significativos e também o indicador qualidade de vida.

4.4.2 MODELO DE REGRESSÃO

A análise de regressão se ocupa da dependência de uma variável, a variável

dependente, em relação a uma ou mais variáveis, as variáveis explanatórias, com

vistas a estimar e / ou prever o valor médio (população) da primeira em termos dos

valores conhecidos ou fixados (em amostragens repetidas) das segundas

(GUJARATI 2006, pag. 11).

No presente trabalho aplicou-se o modelo de regressão múltiplo, onde as

variáveis independentes envolvem seis variáveis quantitativas e oito qualitativas com

10 dummies. As variáveis categóricas aplicadas foram apresentadas na Tabela 1 e

dummies e suas respectivas codificações são apresentadas no Quadro 2.

Quadro 2: Codificação das variáveis sócio demográficas.

Variável Codificações Variáveis Dummies

Sexo 0 - Feminino e 1 - Masculino

Estado Civil 0 - Solteiro e 1 - Casado

Número de Filhos 0 - <> Um Filho e 1 - Um filho

0 - <> Mais de um filho e 1 - Mais de um filho

Grau de Instrução?

0 - <> Ensino fundamental e 1 - Ensino fundamental

0 - <> Ensino superior e 1 Ensino superior

Posto de Trabalho? 0 - Funcionário e 1 - Proprietário

Tempo de Serviço

0 - <> 2 |---- 4 anos e 1 - 2 |---- 4 anos

0 - > = 4 anos e 1 - > = 4 anos

Quantos turnos de trabalho?

0 - Um turno e 1 - Dois turnos

Nota: Elaborado pelo Autor

Page 33: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

32

Cada variável dicotômica representa uma categoria de uma variável

independente não métrica, e qualquer variável não métrica com K categorias pode

ser representada por k-1 variáveis dicotômicas (HAIR 2005, pag. 149). Baseado no

método exposto por Hair (2005), todas as variáveis categóricas foram codificadas.

Hair (2005, pag. 149) apresenta duas formas de codificação de variáveis

dicotômicas, codificação indicadora e codificação de efeito. Nesse trabalho aplicou-

se o método decodificação indicadora.

Os coeficientes de regressão para as variáveis dicotômicas representam

diferenças entre médias para cada grupo de respondentes formado por uma variável

dicotômica em relação à categoria de referência (isto é, o grupo omitido que recebeu

todos os zeros) na variável dependente. Essas diferenças de grupos podem ser

avaliadas diretamente, uma vez que os coeficientes estão nas mesmas unidades da

variável dependente. Essa forma de codificação também pode ser descrita como

diferentes interceptos para os vários grupos (HAIR 2005, pag. 149).

4.4.3 MODELO DE REGRESSÃO MÚLTIPLA

Modelo 1: Qualidade de vida em função dos fatores de estresse + idade

(quantitativa) + variáveis dummys.

O primeiro modelo busca investigar a relação entre a qualidade de vida e

estresse laboral, e se existe influência significativa das variáveis sócio demográfica

nessa relação. Portanto, a equação (1) expõe o modelo de regressão múltiplo que

serviu como referência buscando respostas aos problemas expostos na presente

pesquisa. As variáveis quantitativas da pesquisa são Qualidade de Vida (QV),

Estresse (com cinco fatores: requisitando no trabalho, autoridade decisória,

discriminação no trabalho, condições de emprego e apoio de chefe e colegas) e

Page 34: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

33

Idade; e as categóricas (Dummies): sexo, quantidade de filhos, estado civil, tempo

de serviço, grau de instrução, turno de trabalho e posto de trabalho.

Onde,

= Indicador qualidade de vida observado no i-ésimo indivíduo da amostra.

= Indicador requisitado no trabalho observado no i-ésimo indivíduo da amostra.

= Indicador autoridade decisória observado no i-ésimo indivíduo da amostra.

= Indicador discriminado no trabalho o observado no i-ésimo indivíduo da amostra.

= Indicador condições no emprego observado no i-ésimo indivíduo da amostra.

= Indicador apoio de chefe e colegas observado no i-ésimo indivíduo da amostra.

= Idade observada no i-ésimo indivíduo da amostra.

= 1 – se i-ésimo indivíduo da amostra ser do sexo masculino e 0 – sexo feminino.

= 1 – se i-ésimo indivíduo da amostra tem um filho e 0 – caso contrário.

Page 35: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

34

= 1 – se i-ésimo indivíduo da amostra tem mais de um filho e 0 – caso contrário.

= 1 – se i-ésimo casado e 0 – solteiro.

= 1 – se i-ésimo indivíduo da amostra tem entre 2 a 4 anos de tempo de serviço e 0 –

caso contrário. = 1 – se i-ésimo indivíduo da amostra tem ais de 4 anos de tempo de

serviço e 0 – caso contrário.

= 1 – se i-ésimo indivíduo da amostra tem ensino fundamental e 0 – caso contrário.

= 1 – se i-ésimo indivíduo da amostra tem ensino superior e 0 – caso contrário.

= 1 – se i-ésimo indivíduo da amostra trabalha em dois turnos e 0 – caso contrário.

= 1 – se i-ésimo indivíduo da amostra é proprietário e 0 – caso contrário.

Page 36: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

Capítulo 5

5 RESULTADOS

A Tabela 4 apresenta os coeficientes estimados do modelo, erro padrão dos

coeficientes e também a estatística t-student, onde nesse último verifica se que os

coeficientes são significativos ou não. De acordo com resultados observados na

tabela 4, apenas a constante, fator1 (requisitado no trabalho) e fator2 (autoridade

decisória) se mostraram significativos no modelo. Na estatística de avaliação geral

do modelo, este não se apresentou significativo.

Tabela 4 Análise de Regressão para Qualidade – Modelo 1.

Coeficiente (Beta) Erro Padrão (Beta) t p-valor

Constante 64,38 30,56 2,11 0,04

-1,30 0,55 -2,38 0,02

-3,71 1,68 -2,21 0,03

1,14 1,50 0,76 0,45

2,35 5,83 0,40 0,69

-1,05 1,12 -0,94 0,35

Idade 0,19 0,18 1,05 0,30 D₇ -4,25 3,91 -1,09 0,28 D₈ -1,35 2,54 -0,53 0,60 D₉ -4,41 2,84 -1,55 0,12 D₁₀ 2,40 2,04 1,18 0,24 D₁₁ 1,18 2,40 0,49 0,62 D₁₂ -0,23 3,21 -0,07 0,94 D₁₃ -2,70 6,72 -0,40 0,69 D₁₄ -3,31 7,16 -0,46 0,64 D₁₅ 1,14 2,06 0,55 0,58 D₁₆ 3,44 4,93 0,70 0,49

R² = 0,22 Estatística F = 1,45

R² ajustado = 0,07 p-valor = 0,14

Fonte: Elaborado pelo autor.

Page 37: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

36

Analisando o significado dos coeficientes estimados βi’s, que, para o

coeficiente β1=-1,30 (fator1: requisitado no trabalho), o aumento de ponto desse fator

de estresse, a variável QV decai de 1,30 mantendo-se o efeito das outras variáveis

constantes (quanto menor o estresse maior o QV).

O mesmo raciocínio aplica-se ao fator2 (autoridade decisória), que analisa o

poder de decisão do funcionário. No modelo, este apresentou uma relação inversa

com indicador Qualidade de Vida, quanto maior a autoridade decisória, mais agrava

o nível de Qualidade de Vida.

Em função dos resultados não significativos observados no modelo 1 e

também baixos Alfa de Crobanch evidenciado nos fatores 1, 2 e 3 de estresse,

decidiu-se desenvolver o modelo 2 a seguir, excluído os fatores citados linha acima.

Modelo 2: Qualidade de vida em função do fator1 (requisitado no trabalho) +

fator2 (autoridade decisória) + idade (quantitativa) + variáveis dummys.

O entendimento de cada variável é o mesmo apresentado no modelo 1.

A Tabela 5 apresenta ainda os coeficientes estimados do modelo2, erro

padrão e também a estatística t-student, onde este último verifica se os coeficientes

são significativos ou não. De acordo com resultados observados na tabela 5,

novamente apenas o fator1 (requisitado no trabalho) e fator2 (autoridade decisória)

Page 38: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

37

se mostraram significativos no modelo. Diferente do primeiro modelo, este se

apresentou significativo ao nível de 10%.

Tabela 5 Análise de Regressão para Qualidade – Modelo 2.

Coeficiente (Beta) Erro Padrão (Beta) t p-valor

Constante 68,94 9,39 7,35 0,00 Fator1 -1,33 0,54 -2,49 0,01 Fator2 -2,40 1,08 -2,22 0,03 Idade 0,21 0,18 1,21 0,23 D₇ -4,12 3,86 -1,07 0,29 D₈ -1,35 2,49 -0,54 0,59 D₉ -4,33 2,73 -1,58 0,12 D₁₀ 2,09 1,99 1,05 0,30 D₁₁ 1,39 2,27 0,61 0,54 D₁₂ -0,32 3,07 -0,10 0,92 D₁₃ -1,80 6,59 -0,27 0,79 D₁₄ -2,44 7,03 -0,35 0,73 D₁₅ 1,10 2,03 0,54 0,59 D₁₆ 3,16 4,86 0,65 0,52

R² = 0,21 Estatística F = 1,74

R² ajustado = 0,09 p-valor = 0,07

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para ambos os modelos, foram analisado os resíduos, através do histograma

gráfico de probabilidade normal. Com essa análise gráfica, conclui-se que as

principais suposições do modelo de regressão foram respeitadas: (i) o erro com

distribuição normal, com média zero e variância constante (homocedástica) e (ii) os

erros associados com quaisquer pares de observações são independentes

(BUSSAB, 1988).

Page 39: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

Capítulo 6

6 CONCLUSÃO

A partir da pesquisa empírica, verificou-se que a criação das Redes de

Atendimentos, ou chamados Correspondentes Bancários, tiveram transferidos dos

Bancos para si, principalmente as Casas Lotéricas, que prestam serviços mais

extensos do que os demais CBs, serviços além daqueles transferidos e

comissionados, como carro forte para recolhimento de numerário que se fez

necessário em face da grande circulação de numerário em espécie, viabilizando

assaltos hoje muito frequentes nesse segmento, tornando o ambiente de trabalho

cada vez mais tenso; além disso, ficou evidenciado pelo questionário de medição do

nível de estresse que os funcionários possuem um nível mais elevado nas

dimensões de Requisito do Trabalho e Autoridade Decisória, razões que podem

gerar o início do fenômeno estresse.

Outra abordagem relevante para o estudo foi o número de postos de

correspondentes Bancários da Caixa Econômica Federal, ou seja, Casas Lotéricas,

espalhados pelo Brasil, de 10.691, com média de quatro funcionários por posto,

totalizando 42.764 trabalhadores, além das características de trabalho, (repetitivo,

sem autonomia, sem segurança, falta de perspectiva de crescimento), mais 150 mil

dos postos das demais Instituições Bancárias, um número razoável para

considerarmos para uma pesquisa mais robusta.

O estudo confirmou a relação do estresse laboral com a qualidade de vida,

embora visualizada apenas em dois dos cincos fatores estudados, o que merece

Page 40: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

39

uma abordagem maior e uma amostra mais significativa em uma próxima pesquisa,

considerando ainda as 49 questões do questionário de Karasek.

O presente estudo concebe a cessão dos estudos sobre estresse e qualidade

de vida, lançando luz sobre uma brecha existente em relação à pequena incidência

ou mesmo quase inexistência de estudos sobre o segmento de casas lotéricas.

Em futuras pesquisas sugerem-se estudos amplos com amostras maiores, e

fatorial em ambos os questionários, objetivando identificar com eficácia não só os

fatores causadores de nível de estresse, mas também em qual dimensão da

qualidade de vida ele mais interfere. Para as Casas Lotéricas, sugere-se treino de

controle de estresse para todos os atendentes, o envolvimento dos sindicatos para

promoção de palestras sobre exercícios, bons hábitos para o bem-estar físico e

emocional, mais a realização de pesquisas sobre satisfação dos associados em

relação à empresa e ao trabalho, mostrando ao Banco em que são Correspondentes

Bancários para tentar negociações que melhorem as condições de trabalho.

Page 41: FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM ERIKA …

7 REFERÊNCIAS

BUSSAB, W. O. Métodos Quantitativos – Análise de Variância e Regressão. 2.ªed. São Paulo: Atual, 1988.

COUTO, H. A. Stress e qualidade de vida dos executivos. Rio de Janeiro: COP. (1987).

COVOLAN, M.A.O stress ocupacional do psicólogo clínico: seus sintomas, suas fontes e estratégias utilizadas para controlá-lo. Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica. Campinas: PUC. (1989).

CURCIO, M. A. Estudo do estresse e qualidade de vida de uma amostra de pacientes oncológicos. Dissertação de Mestrado Não publicada, Instituto de Psicologia, Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Campinas, SP, (1991).

DEJOURS, C. Por um novo conceito de saúde. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional. V.14, n.54, p.7-11, abr/mai/jun,1986..

__________ ,C . A Loucura do Trabalho. São Paulo: Cortez , 1992.

Di Martino, V. Occupational stress: A preventive approach. Conditons of Work Digest, 11 (2), 3-22. (1992).

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Quadro3: Questionário para medição do nível de Qualidade de Vida.

Perguntas para Avaliação de Qualidade de Vida Nada Muito Pouco

Mais ou Menos Bastante Extremamente Sentido

1 - Quanto você se preocupa com sua saúde? 1 2 3 4 5 Negativo

2 - Você se preocupa com sua dor ou desconforto (físico)? 1 2 3 4 5 Negativo

3 - Quão difícil é para você lidar com alguma dor ou desconforto? 1 2 3 4 5 Negativo

4 - Quão facilmente você fica cansada 1 2 3 4 5 Negativo

5 - O quanto se sente incomodado (a) pelo cansaço? 1 2 3 4 5 Negativo

6 - Você tem alguma dificuldade para dormir (com o sono)? 1 2 3 4 5 Negativo

7 - O quanto você aproveita a vida? 1 2 3 4 5 Positivo

8 - Quão otimista você se sente em relação ao futuro? 1 2 3 4 5 Positivo

9 - O quanto você experimenta sentimentos positivos em sua vida? 1 2 3 4 5 Positivo

10 - O quanto consegue se concentrar? 1 2 3 4 5 Positivo

11 - O quanto você se valoriza 1 2 3 4 5 Positivo

12 - Quanta confiança você tem em si mesmo? 1 2 3 4 5 Positivo

13 - Você se sente inibido (a) com sua aparência? 1 2 3 4 5 Negativo 14 - Quanto algum sentimento de tristeza ou depressão interfere no seu

dia a dia? 1 2 3 4 5 Negativo

15 - O quão sozinho você se sente em sua vida 1 2 3 4 5 Negativo 16 - Você se sente incomodado (a) por alguma dificuldade na vida

sexual? 1 2 3 4 5 Negativo

17 - Você tem alguma dificuldade financeira? 1 2 3 4 5 Negativo

18 - O quanto você se preocupa com dinheiro 1 2 3 4 5 Negativo

19 - O quanto você aproveita seu tempo Livre? 1 2 3 4 5 Positivo 20 - Quão saudável é seu ambiente físico (clima, barulho, poluição,

atrativos)? 1 2 3 4 5 Positivo