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MÓDULO HISTÓRIA - Ensino Fundamental Módulo I - 6º ano

ÍNDICE

AS SOCIEDADES INDÍGENAS 05 1 - NO BRASIL 05

2 - NA AMÉRICA ESPANHOLA 08

A CHEGADA DOS PORTUGUESES, O INÍCIO DA COLONIZAÇÃONO BRASIL

E A INSTAURAÇÃO DO IMPÉRIO NO BRASIL 12

1 - AS GRANDES NAVEGAÇÕES PORTUGUESAS E A CHEGADA AO BRASIL 12

2 - O INÍCIO DA COLONIZAÇÃO PORTUGUESA NO BRASIL 13

3 - A VINDA DA FAMÍLIA REAL PORTUGUESA, O FIM

DA COLONIZAÇÃO E A FORMAÇÃO DO IMPÉRIO 15

CONDIÇÕES DE VIDA E TRABALHO 18 1 - DOS ESCRAVOS NA GRÉCIA E EM ROMA 18

2 - DOS SENHORES FEUDAIS, DO CLERO E DOS SERVOS NO PERÍODO FEUDAL 19

3 - NO BRASIL 22

A CONQUISTA E A AMPLIAÇÃO DA CIDADANIA 32 1 - CARACTERÍSTICAS DA CIDADANIA EM ATENAS 32

2 - A REVOLUÇÃO FRANCESA: UM MOMENTO SIGNIFICATIVO NA CONQUISTA

DE DIREITOS CIVIS 33 3 - LUTAS CONTRA A DOMINAÇÃO PORTUGUESA: A INCONFIDÊNCIA MINEIRA 34

4 - AS TRANSFORMAÇÕES DO PAPEL DA MULHER NA FAMÍLIA E NA

SOCIEDADE BRASILEIRA, DESDE O PERÍODO COLONIAL 36

5 - A LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS E AS LUTAS CONTRA O PRECONCEITO

E A DISCRIMINAÇÃO DOS AFRO-BRASILEIRO 37

6 - A DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS E DO CIDADÃO 38

7 - O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 39

A EXPANSÃO DO CAPITALISMO NO BRASIL A PARTIR DO FINAL DO SÉCULO XIX E A EXPANSÃO DOS IDEAIS LIBERAIS 40

1 - AS REBELIÕES DO PERÍODO REGENCIAL: CABANAGEM, BALAIADA, SABINADA, GUERRA DOS FARRAPOS E REVOLUÇÃO PRAIEIRA 40

2 - AS PRESSÕES INTERNAS E EXTERNAS CONTRA A ESCRAVIDÃO:

A PRESSÃO DA INGLATERRA; AS LEIS ABOLICIONISTAS E A

LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS EM 1888 43

3 - O DESGASTE DA MONARQUIA E A INSTAURAÇÃO DO REGIME REPUBLICANO EM 1889 44

O BRASIL REPUBLICANO 47 1 - MOVIMENTOS POPULARES NO INÍCIO DO SÉCULO: A REVOLTA DA

VACINA E A REVOLTA DA CHIBATA 49

2 - PERÍODOS TOTALITÁRIOS: O ESTADO NOVO, E A DITADURA IMPLANTADA PELO GOLPE MILITAR 50

3 - SEMANA DA ARTE MODERNA DE 1922 54 4 - A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E O PROCESSO DE SUBSTITUIÇÃO

DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS NO BRASIL 54

5 - O PROCESSO DE REDEMOCRATIZAÇÃO DO PAÍS APÓS O GOLPE MILITAR DE 1964: O MOVIMENTO DAS “DIRETAS JÁ” 55

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USO E POSSE DA TERRA NO BRASIL 59

1 - A DEMOCRATIZAÇÃO DAS COMUNIDADES INDÍNAS COM A

COLONIZAÇÃO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO 61

2 - A IMPLANTAÇÃO PELOS COLONIZADORES DA AGROINDÚSTRIA

AÇUCAREIRA “PLANTATION: 61

3 - PROBLEMAS GERADOS PELA CONCENTRAÇÃO DE TERRA NO BRASIL ,

DA COLONIZAÇÃO ATÉ O MOMENTO ATUAL 62

MOMENTOS SIGNIFICATIVOS NO CENÁRIO MUNDIAL NO SÉCULO XX 70 1 - A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL 70

2 - O DESENVOLVIMENTO DO NAZISMO E DO FASCISMO 72 3 - A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL 74

4 - A GUERRA FRIA 77

5 - A DESESTRUTURAÇÃO DO MUNDO SOCIALISTA: A DESORGANIZAÇÃO

DA UNIÃO SOVIÉTICA E A QUEDA DO MURO DE BERLIM 79

O MUNDO ATUAL: PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS 81

GABARITO 85

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AS SOCIEDADES INDÍGENAS

“Somos o povo índio. Somos uma personalidade com consciência de raça, herdeiros e executores dos valores culturais dos nossos milenares povos da América, independentemente de nossa cidadania em cada Estado (...) Sustentamos que deve ensinar se a história começan- do pela autêntica história das culturas nativas, para contribuir, assim, para a criação da con- sciência americana. O respeito, surgido do conhecimento dos heróis e mártires da história de nossas ações, permitirá um entendimento maior entre os homens que habitam essas terras”.

Esse trecho reata uma das conclusões do primeiro encontro de indígenas da América do Sul, realizado, em 1974, no Paraguai.

Ela revela uma tomada de consciência por parte dos grupos nativos de toda a exploração que foram vítimas e do extermínio praticado pelos europeus.

Hoje, esses grupos estão bastante dizimados e muito já perderam parte de sua cultura em contato com outros povos.

Os povos que viviam na América antes da invasão dos espanhóis e portugueses chegaram mais ou menos na mesma época das grandes migrações humanas por todo o planeta. Iss acon- teceu por volta de 50.000 anos atrás.

Os grupos que chegaram à América não vieram por um só caminho. A maior parte veio pelo Norte da Ásia, através do estreito de Bering, que separa a Ásia do continente americano. Eles entraram pelo Alasca e foram se espalhando por todo o continente.

1 – NO BRASIL

No Brasil, provavelmente há mais de 45 mil anos que grupos humanos já ocupavam algu- mas áreas, como atestam os vestígios encontrados em São Raimundo Nonato, no Piauí.

Quando da chegada dos europeus, os indígenas eram estimados em mais ou menos três milhões de pessoas, que ocupavam esparsamente todo o território desde as áreas da floresta amazônica, até regiões litorâneas e do atual centro oeste. Atualmente, estão reduzidos a cerca de 734 mil, o que representa apenas 0,4% do total da nossa população.

1.1. – USO DA TERRA: ORGANIZAÇÃO SOCIAL E DO TRABALHO; RELAÇÕES DE PODER.

O indígena de um modo geral vivia no estágio muito rudimentar, lembrando o paleolítico ou o neolítico, pois alguns possuíam algumas técnicas para lidar com a cerâmica, tecelagem, construção de embarcações, etc.

Porém, suas atividades básicas estavam restritas a caça, pesca e coleta, exercendo dessa forma, um controle muito frágil sobre a terra.

Como não conheciam a propriedade particular da terra, quando uma tribo abandonava um

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local, outras podiam utilizá-lo. Porém os instrumentos de trabalho, como arco, flechas e machados de pedra eram propriedades particulares e os produtos dessas atividades perten- ciam ao grupo que os conseguissem. Assim, apesar de se poder adquirir o alimento tanto de forma individual como coletiva, a distribuição era feita de acordo com a necessidade de cada membro do grupo.

Na sociedade indígena, a produção excedente era muito pequena não permitindo uma troca maior. Essas trocas tinham também a finalidade de estreitar os laços de amizade entre as diferentes tribos.

A Divisão do Trabalho

O que caracterizava as atividades econômicas era a divisão por sexo e também por idade, ficando bem definida qual atividade de cada grupo, ou seja, mu- lheres, homens e crianças sabiam perfeitamente o que deveriam realizar.

Mulheres – Eram responsáveis por todo o trabal- ho doméstico, relacionado com a manutenção da casa e alimentação, fabricando farinhas, óleo de coco, fiando o algodão, trançando os cestos e também fabricavam a cerâmica. Cuidavam também do plantio, da semeadura e conservação das plantações e ajudavam os homens nas pescarias e na coleta. Durante as festas, cuidavam também da depilação e tatuagem dos homens.

Homens – Ocupavam-se da derrubada da mata e da queimada, preparando o terreno para plantação, ocasião que a área era entregue às mulheres para fazerem o plantio. Praticavam a caça e a pesca, construindo também canoas, arcos e flechas. Eram também responsáveis pelas expedições guerreiras e pelos sacrifícios dos inimigos.

Crianças – Desde muito cedo eram integradas à vida da coletividade, convivendo muito com os adultos. Nada lhes era proibido. O menino era treinado para a caça, pesca e luta, e as meninas, os trabalhos de casa e na lavoura. Os meninos e as meninas viviam juntos e o respeito era a tônica desse relacionamento.

A tribo era chefiada por um homem que possuía qualidades masculinas valorizadas pelo grupo, profundo conhecimento dos costumes e das tradições de seu povo.

Para ser cacique precisava ter facilidade de falar em público, porque nas sociedades indí- genas o conhecimento é transmitido através da fala. Veja abaixo o que os índios falam sobre o governo:

“Na nossa aldeia

quem governa é o chefe

Ele não governa sozinho

Ele sempre escuta o nosso povo

Ele vai conversar nas casas

e ele escuta o que as pessoas falam

Ele escuta o que os mais velhos falam

Ele escuta o que as pessoas conversam

no lugar de reunião”. (CIMI. História dos povos indígenas, p.48.)

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1.2. – A CHEGADA DOS COLONIZADORES PORTUGUESES E A DESARTICULAÇÃO DAS SOCIEDADES INDÍGENAS.

A chegada dos portugueses foi extremamente prejudicial à vida indígena. A tranqüilidade, o equilíbrio, a vida livre que eles gozavam vai ser grandemente alterada.

Os portugueses são usar de violência, alem de transmitir inúmeras doenças aos nativos.

Porém os indígenas se opuseram com garra e muita valentia à penetração portuguesa. O século XVI foi testemunha de grandes guerras de resistência, embora muito pouco se tenha escrito sobre nossa historia. De norte ao sul do grande litoral brasileiro, os indígenas disseram “Não” aos invasores.

Numerosos focos de luta surgiram, porém muito difícil de reconstituir esses fatos, pois os portugueses ocultavam com vergonha suas derrotas e também de suas crueldades contra povos inteiros.

1.3. – A DIVERSIDADE CULTURAL DOS POVOS INDÍGENAS

Apesar do Brasil, na época do descobrimento, ser habitado por grupos étnicos distintos, destacavam-se quatro grupos lingüísticos: o Tupi-Guarani, o Aruak, o Macro-Jê e o Caribe.

As tribos mais bem descritas pertenciam ao Tupi-Guarani pelo fato de terem entrado em contato imediato com o colonizador. Contudo, elas foram analisadas segundo a ótica de um outro povo, portador de uma cultura diversa, com valores diferentes e por isso parciais.

Porém, a vida do Tupi não pode ser generalizada a todas as tribos dos demais troncos lingüísticos. Isto por uma razão muito simples: a terra era a maior bem do índio. A sobre- vivência deste dependia do domínio direto sobre o espaço que ocupava. Dessa forma, con- forme o meio natural que o circundava e os recursos de que pudesse dispor para suprir suas necessidades, ele construiu uma cultura que teve traços diferenciados.

Assim, conforme o lugar, o índio se tornou um exímio caçador ou pescador, ceramista, ta- lhador de pedra ou excelente construtor de embarcações. Até mesmo na técnica de construir malocas, bem como no material empregado e na sua forma, ocorreram variações que tiveram ressonância nas atividades religiosas, na concepção de mundo, nos festejos e nos rituais das tribos. A própria arte da plumagem ou os motivos decorativos dos objetos de cerâmica foram muito diversos.

Por outro lado, o índio possuía uma mobilidade muito grande. Contudo, os deslocamentos não ocorriam por simples nomadismo, mas, sim, por motivos diversos, como a exaustão da terra, a necessidade de novas roças e áreas para caça, pragas, epidemias e ameaças de inimigos.

A migração era utilizada apenas como uma técnica de controle indireto da natureza pelo homem, uma vez que, por tradição religiosa, os índios eram apegados aos sítios onde estavam enterrados os seus antepassados.

Mas, apesar de não ser uniforme nem homogenia a cultura dos quase três milhões de índios então existentes no Brasil, algumas semelhanças podem ser encontradas entre eles, o mesmo ocorrendo entre seus remanescentes.

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O indígena vivia no estágio paleolítico, embora tivesse adquirido algumas técnicas do

neolítico, como a cerâmica, uma agricultura extensiva, tecelagem, a construção de embar- cações, o controle rudimentar do fogo.

Porém, suas atividades econômicas fundamentais resumiam se na caça, na pesca e na cole- ta, fazendo-o exercer, assim, um controle rudimentar sobre o meio natural circundante. Não conhecia a escrita, em a roda, nem a pólvora, nem domesticava animais. Daí suas dificuldades técnicas em relação ao colonizador que era bem mais equipado.

O domínio da natureza era exercido por um organismo complexo chamado tribo, que abran-

gia certo número de unidades menores, as aldeias ou grupos locais, distanciadas no espaço, mas unidas entre si por laços de parentesco e pelos interesses comuns: a relação com a natureza, a sobrevivência coletiva, a comunicação com o sagrado, à luta contra inimigos comuns, que por sua vez, contribuíam para renovar e reforçar os laços intertribais.

Os grupos locais compunham se, em média, de quatro a sete malocas ou habitações coletivas.

Em zonas sujeitas ao ataque de grupos tribais hostis, as malocas eram circundadas por uma esta-

cada ou caiçara, feita com troncos de palmeiras rachadas, ou por um duplo sistema de paliçadas.

As malocas variavam de tamanho, conforme o numero de pessoas q iriam abrigar. Segundo

as estimativas mais baixas, viviam em cada uma de quarenta a duzentos indivíduos, agrupa- dos nas partes internas, mas não isolados por paredes. O chefe principal ocupava a parte cen- tral da maloca. O acesso ao exterior era feito por três aberturas, uma em cada extremidade e outra no centro.

Dada a extrema dependência do índio com relação à natureza, a localização de uma aldeia

dava se, de preferência, em locais onde abundavam água, lenha, caça e, ainda onde se sentis- sem seguros e pudesses encontrar material disponível para a construção das malocas.

2. NA AMÉRICA ESPANHOLA

Enquanto na África e no Oriente desenvolvem-se as primeiras civilizações, também no con-

tinente americano surgem cidades com templos, largas avenidas e longos caminhos calçados com pedras, pelos quais passavam mensageiros e comerciantes. Ao mesmo tempo, viviam no continente povos seminômades, que desconheciam o uso do metal e da roda e praticavam uma agricultura rudimentar. Com certeza, os povos americanos da Idade Antiga tiveram um grande desenvolvimento, principalmente os incas, os astecas e os maias.

2.1 – OS ASTECAS, MAIAS E INCAS E A INTRUDUÇÃO DO TRABALHO COMPULSÓRIO PELOS ESPANHÓIS: A “MITA” E A “ENCOMIENDA”.

A CIVILIZAÇÃO ASTECA

Quando os europeus chegaram ao Novo Mundo, no século XVI, os astecas habitavam o planalto central do México atual, onde construíram uma cidade chamada Tecnochtitlán, que chegou a ter 200 mil habitantes.

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Como essa era uma região pantanosa, drenavam algumas partes do território e formavam montes de terra, onde plantavam feijão, abóbora, tomate, algodão, milho e tabaco. As aldeias eram auto-suficientes, mas como toda a produção era controlada pelos nobres, a economia acabava sendo dirigira pelo governo central.

A sociedade era estrutura- da da seguinte maneira: havia um rei, considerado um semideus, uma nobreza (sacerdotes, chefes militares e funcionários do governo), artesãos, comerciantes e, numa camada mais baixa, camponeses e escravos. O rei, escolhido entre os quatro chefes militares de maior prestígio, era assessorado por um conselho formado pelos chefes das aldeias.

Embora nunca tivessem constituído um império muito extenso, os astecas submeteram numerosas cidades da região, como Texcoco, Culhuacán e Azcapotzalco, escravizando as suas populações ou obrigando-as a pagar tributos. Como a manutenção desse sistema requeria uma grande população, os astecas permitiram a poligamia.

A civilização asteca era politeísta e acreditava em deuses vingativos, cuja ira só poderia ser aplacada por meio de sacrifícios humanos. Tinha uma escrita ideográfica e fabricava um papel com casca de árvore.

A população asteca foi dizimada em 1521, pelo conquistador espanhol Fernão Cortez.

A CIVILIZAÇÃO INCA

Lideradas por um rei, que se identificava como o deus sol, essa civilização habitou o alti- plano andino, na região que se estende do Equador ao norte do Chile. Encontrava se em pleno apogeu quando os espanhóis a destruíram, no século XVI.

Os incas construíram cidades imponentes, como Machu Picchu e Cuzco, templos e pontes levadiças, mas a obra mais formidável da sua engenharia foi "os terraços irrigados" por canais que traziam água das geleiras dos Andes.

Toda a produção agrícola do império (batata e milho, principalmente) era controlada pelo governo, que, através de seus funcionários, comercializava ou distribuía alimentos para os necessitados.

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Cada comunidade camponesa tinha a sua indústria artesanal: roupas, ferramentas e uten- sílios eram feitos pelo próprio grupo familiar, embora existissem oficinas de especialistas (tecelões e oleiros) nas cidades. Os camponeses eram obrigados a prestar serviços nas obras públicas; Durante esse período, eram sustentados pelo Governo.

A sociedade inca apresentava uma rígida divisão de castas, todas elas submetidas ao rei e pelos chefes da comunidade. A nobreza era formada pelos parentes do rei e pelos chefes da comunidade, funcionários do governo, que estavam dispensados das tributações; sacerdotes, os guardiões dos templos; contabilistas, encarregados de controlar os estoques e o número de pessoas; e em escala decrescente de prestígio vinham os militares, artesões, comerciantes, camponeses e escravos.

Os incas acreditavam num deus criador do Universo, mas existiam numerosas divindades religiosas, bem como lugares sagrados.

A sua fase de maior expansão, os Incas chegaram a ser divididos em quatro partes, ligados por uma vasta rede de estradas calçadas.

A CIVILIZAÇÃO MAIA

A civilização maia atingiu o seu apogeu por volta do século IX. Notáveis construtores, os maias conseguiram erguer cidades e templos em meio a florestas tropicais. Seus domínios se estendiam desde a península de Yacatán até Honduras, e, pela riqueza de sua cultura, foram chamados de “os gregos das Américas”.

Sua principal atividade econômica era o cultivo do milho, considerado alimento sagrado. A caça e a pesca constituíam atividades secundárias. O comércio era bem desenvolvido.

Os maias tinham um rei, cujo poder era hereditário. Para exercer o governo, esse monarca contava com chefes militares, funcionários públicos e lideranças aldeãs.

Tinham conhecimentos de astronomia e de matemática, e desenvolveram um calendário (que os pesquisadores ainda não conseguiram decifrar) e uma escrita. Na religião, dedicavam especial atenção aos mortos.

Uma das suas principais cidades foi Chichén-Itzá, onde ergueram santuários gigantescos, como o templo de jaguar.

No início do século XVI, região que ocupavam caiu sobre o domínio espanhol, mas os grandes centros maias, como Tikal, Copan e Palenque achavam-se abandonados dede o século X.

A ORGANIZAÇÃO DA MÃO-DE-OBRA

Visando obter grandes lucros na produção em terras americanas, os europeus restauraram a escravidão em suas colônias, escravidão que já estava extinta há mais de mil anos na Europa.

Logo no início da ocupação, ou seja, com a chegada de Colombo, os espanhóis empreen- deram uma violenta caçada ao índio para empregá-lo no trabalho das minas e também nas plantações.

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Em 1493, o papa Alexandre VI, através de um decreto deu o direito aos reis da Espanha de tornar os índios seus súbitos e de cristianizá-los, sem perguntar se era isso o que eles queriam.

Na realidade, essa decisão foi uma verdadeira declaração de escravidão contra os nativos americanos.

A ENCOMIENDA E A MITA

O governo espanhol veio a incentivar a escravidão indígena ao criar a chamada encomieda, pela qual cada colono encomendero recebia sob sua tutela m certo número de índios, que explorava impiedosamente a pretexto de cristianizá-los. Além da escravidão em caráter per- manente, que a prática era estabelecida pela encomienda, os espanhóis também lançaram mão da “mita”, ou seja, o trabalho obrigatório periódico que já era utilizado entre os indígenas antes da descoberta. De tempos em tempos, as várias tribos eram obrigadas a fornecer certo número de trabalhadores, chamados de mitayos, principalmente para o serviço nas minas.

A mão-de-obra retirada das comunidades indígenas para ser utilizada nas minas desorgani- zou a produção de alimentos entre os índios, gerando violentos surtos de fome, responsáveis por milhares de mortes.

Além disso, os brancos traziam doenças, como a tuberculose, o raquitismo, a varíola, o sarampo e a gripe, que eram desconhecidas na América, e como os índios ao tinham resistên- cia contra elas, ocorria a mortalidade de populações inteiras.

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A CHEGADA DOS PORTUGUESES, O INÍCIO DA COLONIZAÇÃO NO BRASIL

E A INSTAURAÇÃO DO IMPÉRIO NO BRASIL

1 - AS GRANDES NAVEGAÇÕES PORTUGUESAS E A CHEGADA

AO BRASIL

O primeiro marco da expansão portuguesa ocorreu com a tomada de Ceuta, no Norte da

África, em 1415, um importante entreposto das mercadorias de luxo orientais e dos produtos africanos, como ouro, marfim e pimenta-malagueta, que era dominado pelos mouros.

Assim, essa conquista significou a apropriação de importantes lucros para o Estado e para

o grupo mercantil a ele ligado, enquanto pela nobreza lusitana ela foi vista como uma forma de combater os infiéis e ao mesmo tempo de conseguir terras, títulos e glórias.

Nesse momento, o Estado desempenhou um papel conciliador e a atividade comercial

tornou se em Portugal uma empresa do Estado Monárquico Absolutista.

Em 1488, a expansão atingiu o Cabo da Boa Esperança, no sul do continente africano, e dez

anos depois Vasco da Gama atingiu Calicute, nas Índias, o grande centro abastecedor das especiarias orientais.

Portugal tornava se assim, o detentor único da nova rota marítima para as Índias, apesar da

intensa concorrência que já era feita pela Espanha. Dessa maneira, o Atlântico superava defi- nitivamente o Mediterrâneo como via marítimo comercial.

A Espanha e o Descobrimento da América - O casamento dos reis católicos Fernando de

Aragão e Isabel de Castela, serviu para a unificação do território espanhol e nesse mesmo momento, ano de 1492, teve início à expansão ultramarina espanhola, comandada por Cristóvão Colombo, que pretendia atingir as Índias, navegando pelo Ocidente. Aconteceu, porém, que Colombo, ao invés de atingir as Índias, acabou esbarrando em um novo conti- nente: a América.

A chegada dos espanhóis à América criou uma série de problemas junto aos portugueses e

após várias negociações e a intervenção do papa foi assinada em 1494, o Tratado de Tordesilhas, em que Portugal e Espanha dividiam entre si o mundo descoberto ou por descobrir.

Esse acordo consolida a supremacia desses dois países, mas vai ser duramente criticado

pela França e Inglaterra, que não aceitam essa divisão.

Porém, já no final do século XV, Portugal detinha a exclusividade da rota atlântica das espe-

ciarias e dos artigos de luxo, que constituía o mais importante setor do comércio internacional.

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Cabral Chega ao Brasil - Em 1498, Vasco da Gama, pela primeira vez, conseguiu, por via marítima, chegar até os centros comerciais mais importantes dos produtos asiáticos, ou seja, a região das Índias. Esse fato foi de grande importância para Portugal, que vai garantir enormes lucros, tanto para o Estado como para a burguesia mercantil.

Logo em seguida, foi orga- nizada uma grande expedição, para estabelecer o domínio português nas Índias, sendo seu comando entregue a Pedro Álvares Cabral.

Assim, em meio a uma viagem às Índias, o Brasil foi descoberto, a 22 de abril de 1500.

Após uma semana explorando a nova terra, a esquadra seguiu viagem, sem encontrar riquezas que pudessem interessar de imediato aos portugueses, cuja preocupação era o lucro comercial.

2 - O INÍCIO DA COLONIZAÇÃO PORTUGUESA NO BRASIL

De início a terra não despertou o inter- esse dos portugueses, mas como Caminha em sua carta havia dito que a terra era "mui chã e formosa; (...) em se plantando tudo dá", em 1501 a Coroa organizou oficial- mente uma expedição para exploração e descobrir possíveis riquezas. Essa expe- dição foi confiada a Gaspar de Lemos.

Provavelmente, ele navegou no Rio Grande do Norte até o Uruguai, dando nome aos diversos acidentes que ia encon- trando, mas em termos de riquezas, somente o pau brasil foi encontrado, sendo essa árvore já muito utilizada na Europa nas manufaturas têxteis.

O pau brasil foi colocado desde o início sob o monopólio do Estado e sua exploração foi arrendada em 1502, a um grupo de comerciantes portugueses e italianos, liderados por Fernando de Noronha, por um prazo inicial de três anos.

Inicialmente o sistema de arrendamento funcionou bem, tanto para a Coroa, como para os concessionários, até que esses constataram a impossibilidade de manter o negócio, pois ti- nham de enfrentar outros grupos, especialmente de franceses, que vinham também, em busca da madeira.

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A partir de 1530, surgiu um verdadeiro dilema para a Coroa: ocupar as terras do Brasil, ou correr o risco de perdê las para franceses, que vinham em grandes grupos.

Além disso, Portugal não havia abandonado a idéia de encontrar metais preciosos. Outro motivo importante era a diminuição dos lucros do comércio com o Oriente, já que Portugal não controlava a distribuição dos produtos na Europa.

Expedição de Martim Afonso de Sousa

Essa expedição vinha com vários objetivos, entre eles expulsar os franceses do litoral brasileiro, tomar posse dos locais que descobrisse e iniciar núcleos de povoamento.

No litoral de Pernambuco, Martim Afonso combateu e aprisionou três naus francesas. Em seguida enviou parte de sua expedição para o Norte, a fim de explorar o litoral até o Maranhão, e rumou para o Sul, com o restante da armada. No retorno da expedição, a armada aportou em São Vicente, em janeiro de 1532, onde já encontrou uma pequena aldeia formada por índios, europeus e mestiços. Aproveitando as condições propícias do local, Martim instalou ali o que viria a ser a primeira vila do Brasil.

Não resta dúvida que, as informações que Martim Afonso enviava freqüentemente para a Metrópole, durante os quase dois anos que esteve na terra, contribuíram para que o Estado português tomasse a iniciativa de mudar a sua estratégia colonial: desenvolver a agricultura, a ocupação, o povoa-mento, e, consequentemente, a valorização econômica das terras, até só exploradas nos limites de seus recursos naturais aparentes.

2.1. - A INTRODUÇÃO DA AGROINDÚSTRIA AÇUCAREIRA: LATIFÚNDIO, TRA- BALHO ESCRAVO, PRODUÇÃO PARA EXPORTAÇÃO

Na necessidade de efetivar a posse definitiva do Brasil, Portugal resolveu iniciar a coloniza- ção. Na ótica da política mercantilista, a ocupação da terra exigia o estabelecimento de uma atividade econômica suficientemente lucrativa que atraísse os interesses de investidores e colonos e que gerassem dividendos para a metrópole.

A escolha da cana de açúcar foi determinada por uma séria de fatores. Primeiro, os portugue- ses já estavam habituados ao plantio de cana e à produção de açúcar desde o século XV, quando transformaram as recém conquistadas ilhas atlânticas em centros açucareiros; o açúcar despon- tava, no início do século XVI, como uma mercadoria de alta aceitação nos mercados consumi- dores europeus, tornando-o um produto altamente rentável e atraente para aqueles que pre- tendessem investir na instalação de engenhos no Brasil; o clima quente e úmido, especialmente em Pernambuco e na Bahia, tornava o nordeste a área ideal para o cultivo da cana-de-açúcar.

Dada a rentabilidade da empresa açucareira, os holandeses investiram alto no financia- mento da refinação, na distribuição, importação de mão de obra escrava e, em geral, na insta- lação de engenhos no Brasil, o que lhes garantia maior percentagem da renda gerada pela empresa açucareira brasileira.

Pelo exposto fica claro que a alta rentabilidade do açúcar facilitou a aquisição de financiamen- tos portugueses e estrangeiros para montagem da empresa agromanufatureira do açúcar no Brasil.

O engenho se localizava no canavial, e era lá que se encontrava a fábrica de açúcar com a sua moenda, a casa de caldeiras e casa de purgar, a casa-grande, a senzala, a capela, a escola e as habitações dos trabalhadores livres.

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Na moenda a cana era prensada para extração de garapa; na casa das caldeiras fazia se a purgação e a purificação do caldo; na casa da purgar, o caldo era colocado em formas especi- ais de barro até esfriar e só então ser encaixotado e transformado para a Metrópole.

A casa grande era residência do senhor de engenho e sua família; a senzala era o local onde ficavam os negros escravos e a capela era o local religioso onde os trabalhadores livres se reuniam.

Mas para toda essa estrutura funcionar, era necessária mão-de-obra abundante. Entretanto, em Portugal, poucas pessoas se manifestaram dispostas a vir trabalhar no Brasil, e também não interessava para a Metrópole ter que pagar salário para os trabalhadores. A solução encon- trada por Portugal foi trazer negros da África para trabalharem nas plantações de cana no Brasil como escravos. Começava o tráfico negreiro.

Desde o início da ocupação a produção da cana-de-açúcar tornou-se a atividade mais impor- tante da colônia, contribuindo para um maior enriquecimento para Portugal.

Toda estrutura tanto política como econômica e social teve por base essa atividade, que gerou uma sociedade hierarquizada em que o senhor de engenho, todo poderoso, ditava as regras de tudo que deveria ser feito.

Esse produto transformou-se rapidamente na grande de exportação direcionada para a Europa.

Foi, portanto, a cana-de-açúcar o primeiro e importante produto da nossa economia colo- nial, haja vista que o pau-brasil já existente não despertou interesse dos portugueses.

3 - A VINDA DA FAMÍLIA REAL PORTUGUESA, O FIM DA COLONIZAÇÃO E A FORMAÇÃO DO IMPÉRIO

A disputa dos mercados consumidores a partir da Revolução Industrial provocou uma nova guerra entre as nações mais importantes da Europa naquela época: Inglaterra e França.

O exército de Napoleão era mais forte e bem equipado. A Inglaterra, por sua vez, tinha a marinha mais potente do mundo, mas o que as diferenciava é que a França havia conseguido impor seu domínio sobre a maioria dos países europeus, diferentemente da Inglaterra.

Na guerra, Napoleão resolveu decretar, em 1806, o Bloqueio Continental com o intuito de arruinar economicamente a Inglaterra.

O Bloqueio Continental visava impedir as nações européias de comerciar com a Inglaterra. Para isso Napoleão impediu o desembarque de produtos ingleses nos portos dos países do continente, entre eles, Portugal e Espanha.

Entretanto, o governo português não podia obedecer às determinações de Napoleão, pois Portugal era um país economicamente dependente da Inglaterra, para a qual devia muito dinheiro.

Portanto, Portugal não podia cortar as suas relações com a Inglaterra. Porém, senão aca- tasse a determinação de Napoleão, podia ser invadido e destruído pelas tropas francesas.

Dom João, que governava Portugal substituindo a sua mãe Dona Maria - que havia enlouquecido procurou ganhar tempo e acabou pedindo ajuda da Inglaterra. Em outubro de 1807, assinou o acordo secreto que estabelecia que a Inglaterra daria proteção para a família

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real e para os altos funcionários do governo. Mas em troca, Portugal teria que entregar sua esquadra para Inglaterra daria direito a ela de estabelecer bases militares na Ilha da Madeira, liberaria a utilização de um porto livre no Brasil, perto da região platina, principalmente acabaria com o pacto colonial e permitiria o livre comércio dos brasileiros com os ingleses.

Sem ter nenhuma saída Dom João resolveu deixar Portugal num momento em que as tropas de Napoleão invadiram seu país. Assim, D. João, a família real e a corte portuguesa par- tiram para o Brasil em novembro de 1807, aqui chegando em janeiro de 1808. Importante ressaltar D. João deixou seu país no momento mais crítico, pois simplesmente abandonou no momento da invasão.

A primeira medida tomada por Dom João ao chegar ao Brasil foi decretar a abertura dos portos brasileiros às nações amigas que dava o direito de os brasileiros comerciarem com ou- tros países, principalmente com a Inglaterra. A abertura dos portos significou o fim do Pacto colonial, isto é, o fim do monopólio português sobre o comércio do Brasil. Com isto, o Brasil começava a se libertar politicamente de Portugal e depender economicamente da Inglaterra.

Podemos citar como outras medidas importantes de Dom João no Brasil o Alvará de liber- dade industrial, que consistia na liberdade de se criarem fábricas na Colônia (entretanto isso não agradava à Inglaterra, que não queria ter um concorrente) e, o Tratado de Comércio e Navegação que estabelecia as taxas de alfândega para as mercadorias estrangeiras que entrassem no Brasil. Observe o quadro a seguir:

Tributos sobre as mercadorias estrangeiras nas alfândegas brasileiras

Mercadorias Inglesas Mercadorias Portuguesas Mercadorias de outros países

15% 16% 24%

Como podemos observar a Inglaterra mais uma vez procurou lucrar com o Brasil. Tendo privilégios alfandegários as mercadorias inglesas eram vendidas mais barato o que garantia à Inglaterra pleno controle dos mercados consumidores brasileiros.

Sobre os outros acontecimentos o governo de D. João no Brasil, podemos dizer que estes foram marcados pela corrupção e pela violência da mesma forma que fora em Portugal.

No ano de 1817, estourava a Revolução Pernambucana. As idéias de libertação, os pesados impostos, os abusos do governo português, o roubo, a corrupção administrativa, a queda das exportações de açúcar e algodão, a grande seca se 1816, que destruiu a produção de gêneros alimentícios que gerou uma grande fome geral no Nordeste, uniram pobres, militares, e alguns proprietários num movimento armado que queria a independência do Brasil e a proclamação da República.

Mais uma vez, brasileiros eram mortos para se manter os privilégios portugueses e impedir a independência do Brasil. A Revolução foi rapidamente esmagada pelo governo de D. João VI.

Com certeza, podemos dizer que um dos fatos mais importantes do governo de D. João foi a elevação do Brasil à condições de Reino Unido a Portugal e Algarves.

Com o estouro de uma revolução em Portugal, o ano de 1820, que pretendia salvar a econo- mia portuguesa e recolonizar o Brasil, Dom João XVI viu se obrigado a voltar para Portugal,

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deixando aqui seu filho Dom Pedro, como príncipe regente. Dom João partiu com a certeza de que a independência do Brasil era inevitável, tanto que até aconselhou para o seu filho.

Com o início da regência de Dom Pedro, várias agitações internas surgiram no Brasil. De um lado estavam as pessoas que queriam a recolonização do Brasil e, do outro, os favoráveis ao movimento da independência, apoiados pela Inglaterra. Na organização de movimento de inde- pendência, a imprensa e a maçonaria foram importantes divulgadoras das idéias de libertação.

Os protestos se avolumaram; as camadas sociais mais ricas procuravam convencer Dom João a aceitar a idéia de independência sem conflitos armados que viessem a prejudicar as classes dominantes.

Em nove de janeiro de 1822 foi levado ao príncipe regente um abaixo-assinado com quase oito mil assinaturas de aristocratas e representantes do comércio pedindo que Dom Pedro ficasse no Brasil.

Esse episódio ficou conhecido como o Dia do Fico, porque Dom Pedro teria dito: "como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto: diga a todos que fico". Como os ministros portugueses pediram demissão após este fato, Dom Pedro criou um novo gover- no, chefiado pelo aristocrata José Bonifácio, conhecido como patriarca da independência.

A nação de José Bonifácio foi positiva e com seus decretos mostrou a Portugal que não se admitiria a recolonização do Brasil. Em maio de 1822 foi decretada uma lei que determinava que nenhuma lei portuguesa seria obedecida no Brasil se não fosse aprovada por Dom Pedro.

Em julho de 1822, Dom Pedro convocou uma Assembléia Geral Constituinte e Legislativa, com a finalidade de elaborar uma constituição. Este foi o último passo para que a inde- pendência fosse consolidada. A parte formal aconteceria em questão de dias e assim o foi.

O governo português, percebendo a gravidade da situação, mandou para o Brasil um ulti- matum anulando todos os decretos do príncipe regente e ameaçando mandar tropas ao Brasil, caso Dom Pedro não voltasse imediatamente para Portugal.

Ao ler as cartas e o ultimatum português Dom Pedro disse: "Soldados, estão desatados os laços que nos unem a Portugal! A partir desse momento nosso lema será: Independência ou Morte".

Essa era a separação definitiva. Finalmente o Brasil oficializava a sua independência políti- ca de Portugal.

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CONDIÇÕES DE VIDA E TRABALHO

As condições de vida e trabalho variavam muito de uma civilização para outra, dependen- do principalmente do grau de desenvolvimento econômico e também do sistema político vigente.

A escravidão existia entre quase todos os povos, porém, a maneira como eles se tornaram escravos era diferente entre os diversos povos.

1 - DOS ESCRAVOS NA GRÉCIA E EM ROMA

Grécia - Na Grécia, o número de escravos era muito grande e eles ajudavam os propri- etários rurais e sua lide diária: conduziam o arado de maneira puxado por bois, semeavam a terra, realizavam a colheita. Estavam presentes na hora da alimentação, nas conversas e decisões importantes, nas festas e reuniões, entre outros eventos. Porém, eles não tinham direito às propriedades e nem recebiam salário.

Se possuíssem alguma especialização, os escravos trabalhavam como artesãos, pintores ou até mesmo atores; nesses casos, adquiriam fama e chegavam a dirigir empreendimentos em nome do patrão. Se possuíssem uma educação refinada, tornavam-se professores dos filhos homens ricos. Longe dos trabalhos pesados, sua vida tornava-se mais tranqüila e confortável. Contudo, continuavam sem direito à propriedade ou salário.

Nem todos, porém, tinham essa sorte. Caso não dominassem nenhum ofício, os escravos eram enviados para as minas de chumbo ou para as pedreiras: rastejavam em galerias baixas e mal ventiladas, cavavam de joelhos deitados durante dez ou doze horas por dia, recebendo em troca apenas comida e um lugar para dormir.

Esses personagens polivalentes representavam a maioria absoluta da população grega na época clássica. Eram prisioneiros de guerras travadas nos mares Mediterrâneo e Negro.

O escravo na Antiguidade

"Tido como bem móvel, não constituía uma categoria social desprovida totalmente de direitos. Na família senhorial, recebia um nome e era associado ao culto doméstico. (...)

Mesmo como escravo, podia pleitear, representado pelo senhor, seus direitos na Justiça.

E mais, ao amo era proibido, ao menos segundo a lei, injuriar gravemente, aleijar ou

matar seu cativo. O escravo injustamente serviciado podia até mesmo procurar refúgio

junto a templos específicos e pedir aos sacerdotes que se pronunciassem pela sua venda

a um outro senhor. Em Atenas, o castigo físico 'normal' dos cativos não podia exceder 50

chicotadas".

(MAESTRI FILHO, Mário José. O escravismo antigo. São Paulo/Campinas, Atual/Unicamp, 1986. p.29)

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Esses prisioneiros apresentavam uma enorme variedade racial e cultural, com línguas e ofí- cios diferentes. Contudo, logo tinham algo em comum: eram propriedade de um patrão a quem deviam obediência e trabalho por toda a vida; em troca recebiam apenas alimentação e moradia.

Roma - A cada vitória dos romanos, aumentava o número desses personagens. Eram trazi- dos a Roma como prisioneiros e seu destino era trabalhar para os vencedores. No campo, tra- balhavam a terra sob a vigilância de um encarregado, escolhido por seu dono, às vezes tão escravo quanto eles. Só podiam descansar ao fim do dia.

Nas cidades as condições de trabalho desses personagens eram diferentes. Trabalhavam em ofícios como artesãos, no comércio e em tarefas domésticas. A proximidade do seu dono lhes garantia melhor tratamento. Executavam tarefas mais leves e alguns deles conseguiam realizar negócios que lhes traziam dinheiro, com o qual compravam a liberdade.

Por outro lado, se em seu país de origem tivessem recebido qualquer tipo de instrução, podiam ter melhor situação que os demais escravos. Essa era, geralmente, o caso dos gregos, onde muitos trabalhavam para as grandes famílias como gramáticos, arquitetos, cantores, etc. Assim, acabavam trazendo influências helenísticas para artes, pensamentos, literatura, religião e educação dos romanos.

Todos os escravos tinham uma condição comum: eram considerados inferiores por natureza, não importando o que fossem ou fizessem; não tinham direitos, podendo ser casti- gados e condenados à morte por seu amo.

2 - DOS SENHORES FEUDAIS, DO CLERO E DOS SERVOS NO PERÍODO FEUDAL

O feudalismo foi o sistema que dominou durante a Idade Média, em quase toda a Europa, caracterizando se em todos os momentos pelo grande fechamento.

Dessa forma, a sociedade era também dividida de maneira rígida e cada grupo possuía um tipo de vida bem diferente um dos outros.

Senhores Feudais

Na sociedade feudal, que foi caracterizada da Europa medieval, uma natureza guerreira ou eclesiástica (da Igreja) detinha o direito de mando sobre um território, recebido como feudo, e o direito de explorar o trabalho dos camponeses que viviam nessas terras.

Para ser um senhor feudal, o nobre tinha que receber um feudo do rei ou de outro nobre. A doação do feudo normalmente correspondia a um domínio territorial, mas podia ser também um cargo, ou apenas um direito como o de cobrar pedágio numa ponte ou estrada, ou receber periodicamente certa quantia.

A nobreza feudal, a partir do século X, tornou se muito poderosa. Em contrapartida, os reis ficaram com seu poder enfraquecido. Mesmo ocupando a mais alta posição, como suserano de todos os nobres, os reis não tinham controle sobre o território feudal. E, em caso de guer- ra, dependiam inteiramente de seus vassalos para organizar um exército.

Os domínios feudais eram formados por lotes de terras chamados senhorios, e cada senhor feudal podia possuir vários senhorios, agrupados numa só área, ou espalhados por lugares diferentes. Quanto mais senhorios o nobre possuísse, maior era o seu poder. Isso porque podia distribuir parte deles a outros nobres, tornando se suserano de vários vassalos.

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A reserva senhorial era domínio exclusivo do nobre feudal. Abrangia aproximadamente um terço da área total do senhorio.

Ali se construía o castelo, rodeado de muralhas. Além de servir como residência do nobre ou de um administrador, era também uma fortaleza que, em algumas regiões da Europa, se chamava burgo.

Dentro das muralhas do castelo havia várias construções: uma capela ou igreja, a casa do páro- co, celeiro e oficinas. Nestas fabricavam se armas, selas, tecidos, cerâmica, tudo que o senhor feu- dal precisava para seu consumo, bem como o de sua família e dos servidores do castelo.

Os castelos medievais não ofereciam conforto aos seus moradores. Eram frios e mal ilumi- nados, com piso de terra, coberto de junco ou palha, para diminuir a umidade. O mobiliário rústico limitava se geralmente a uma mesa armada sobre cavaletes e a um grande baú, no qual se guardava tudo, desde roupas, armas e outros objetos. Os animais, como cães e cavalos, andavam livremente pelo castelo.

Ao redor do castelo se estendiam os campos de cultivo do nobre feudal, divididos em três partes: um dos campos era plantado com um tipo de cultura, o segundo, com outro tipo e o terceiro ficava em pousio, isto é, em descanso para a terra recuperar a fertilidade. No ano seguinte, se fazia se o rodízio entre as culturas.

Esse sistema de rodízio ou rotação de culturas, criado na sociedade feudal, possibilitou um rendimento maior na produção agrícola do que aquele consegui- do na Antiguidade.

Na figura abaixo, podemos observar a distribuição das diver- sas atividades nas áreas feudais:

A aldeia localizava se geral- mente nas proximidades do caste- lo e nela ficavam as choupanas dos camponeses. Alguns de seus moradores foram pouco a pouco se especializando nos ofícios arte- sanais e deixando o trabalho nos campos para se tornarem sap- ateiros, ferreiros, etc. ali se fazia um pequeno comércio de trocas diretas, isto é, trocava se um produto por outro.

O Clero

A Igreja Católica também possuía territórios feudais. A concessão de feudos aos altos dig- natários do clero foi muito comum durante toda a Idade Média e, por isso, a Igreja chegou a possuir cerca de um terço de todas as terras da Europa.

A Igreja, além de rica, também ditava as regras quanto aos costumes e à moral. Estava pre- sente em cada momento e em cada ato da vida dos cristãos. Regulamentava as relações entre as pessoas, tais como casamentos, doações de feudos, etc., definia o que devia ser feito em

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cada hora: tempo de orações, de jejum, de guerra e de paz. Pode se dizer que a mentalidade do homem medieval era inteiramente dominada pela religião.

Aqueles que se afastassem de suas normas sofreriam severas punições: penitências, exigên- cias de peregrinações e a excomunhão, ou seja, expulsão do indivíduo da comunidade cristã.

Entretanto, apesar desse clima de perseguição e de temos aos castigos durante a Idade Média, surgiram muitas idéias contrárias às doutrinas da Igreja. Essas discordâncias eram camadas heresias. Para combater os hereges criou se um tribunal religioso, o Santo Ofício; o julgamento chamava se Inquisição do Santo Ofício. Os suspeitos eram torturados, julgados e condenados a penas que variavam do jejum à prisão. A Igreja entregava os casos considera- dos mais graves à justiça dos reis, e freqüentemente o condenado morria na fogueira. Além dos hereges, judeus e árabes que viviam na Europa foram perseguidos e julgados pelo Santo Ofício.

Sendo tão rica e temida, a Igreja detinha também um grande poder político: os papas inter- feriam na política dos reis e imperadores, muitas vezes criando conflitos entre uns e outros.

Os Servos

A maior parte dos camponeses era formada por servos da gleba, isto é, trabalhadores que, embora não fossem escravos, não podiam jamais abandonar seus lotes de terra. Muitos deles descendiam de antigos colonos ou de escravos romanos, que na época de Carlos Magno se igualaram na condição de servos.

Os servos originaram-se de pequenos proprietários de terra, que ainda eram relativamente numerosos até o século XI. Por causa das constantes ameaças de guerras e invasões, a maio- ria acabou entregando suas terras a um nobre feudal, ou à Igreja, em troca de proteção. Entre eles, alguns tornavam-se servos, outros conhecidos como vilões. Estes eram livres, isto é, ti- nham o direito de deixar a terra, mas também se submetiam a uma série de obrigações.

As obrigações dos servos eram mais pesadas. Estavam sujeitos a um grande número de taxas: o censo, como pagamento pelo uso da terra; a talha que era uma parte de tudo que pro- duziam; as banalidades, cobranças pelo uso do forno, do moinho e outros equipamentos que pertenciam ao senhor. Todos esses pagamentos eram feitos em produtos, isto é, s servos entregavam ao senhor feudal uma parte da produção de seus lotes, como cumprimento dessas obrigações.

Mas, além de todas essas taxas, deviam a corvéia, que era o trabalho obrigatório por três ou mais dias da semana, na reserva senhorial, para cultivar os campos e realizar outras tare- fas, tais como, consertar caminhos, cortar e carregar madeira, construir e conservar prédios, trabalhar nas minas e pedreiras, enfim, fazer qualquer tipo de trabalho determinado pelo se- nhor feudal.

Havia ainda outros impostos como a capitação, uma taxa relativa a cada pessoa da família do servo, e a mão morta, paga quando se morria, para que seu lote continuasse a ser cultiva- do pelos filhos, além de outras, cobradas a qualquer pretexto. Calcula se que, com todas essas obrigações, cada família camponesa acabava entregando entre um preço e metade do que pro- duzia aos poderosos senhores feudais.

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3 - NO BRASIL

No início da ocupação do Brasil pelos portugueses, a forma de vida e trabalho foi marcada fortemente pelo trabalho indígena e mais tarde pelo africano, em regime de escravidão.

3.1. - A ESCRAVIDÃO DOS POVOS INDÍGENAS COM O ÍNICIO DA COLONIZAÇÃO DO BRASIL

A chegada dos portugueses foi fatal para os índios, pois o mundo deles começou a desmoronar no momento de encontro com o branco. Este considerava-se superior, dono de verdade, com direito sobre a terra, a liberdade, a própria vida do índio. Os conquistadores europeus chegaram ocupando a terra do índio, obrigando-o a trabalhar em troca de objetos de pouco valor e matando quem resistisse.

Diante dos invasores portugueses, os índios fizeram três coisas:

- Muitos índios reagiram violentamente, promovendo uma guerra sem tréguas, mas no con- fronto armado os índios levaram a pior, pois vinham dispersos e não tinham como unir-se para enfrentar os invasores.

- Não podendo vencer e expulsar os portugueses, muitas tribos indígenas tentaram convi- ver Pacificamente com eles. Neste caso também levaram a pior, pois passaram a trabalhar como escravos para os brancos e ainda contraíram muitas doenças.

- Sem poder enfrentar o branco na guerra e não querendo conviver com eles, muitos índios fugiram para o interior do Brasil, na tentativa de viver livres. Mas, ainda assim levaram a pior outra vez, pois os portugueses organizaram expedições para aprisioná-los.

Dessa maneira, o contato do índio com os portugueses quebrou toda a sua estrutura social, desmantelando tribos inteiras.

(...) Então os portugueses fizeram muita opressão.

Eles pegaram os índios à força

Pegaram os índios igual se laça boi...

Esses portugueses opressores

Fizeram os índios ficarem escravos deles.

Os índios viraram gente sem liberdade...

(CIMI. História dos povos indígenas. P. 119)

3.2. – A INTRODUÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO DOS AFRICANOS NA AGROINDÚSTRIA AÇUCAREIRA

A escravização em massa dos africanos significou o despovoamento de regiões inteiras da África. Além disso, destruiu essa população, pois os negros trazidos da África morriam em grande quantidade na viagem, ou, rapidamente no trabalho escravo.

Os colonizadores tinham por objetivo obter grandes lucros. Para conseguir isso eles procu- ravam gastar o mínimo por objetivo obter lucros. Para conseguir isso eles procuravam gastar o mínimo em suas terras. Ora, o trabalho escravo ficava muito barato para os colonizadores, pois eles gastavam uma só vez, na hora da compra; depois não tinham de pagar salário, e as despesas com alimentação e a vestimenta dos escravos eram muito pequenas.

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Conseguir trazer os escravos africanos para o Brasil não foi nada difícil. O comércio de escravos, que já era praticado naquela época, dava muitos lucros. Então os comerciantes por- tugueses que se dedicavam à venda de escravos eram os primeiros interessados em vendê-los para os senhores de engenho do Nordeste.

Esses comerciantes tinham lucros altíssimos. Chegavam à África e compravam escravos por preços baixos; vendiam depois os escravos no Brasil por preços altos, ganhando muito dinheiro.

A viagem da África para o Brasil e para outros lugares era uma verdadeira tragédia para os negros. Eles vinham amontoados e acorrentados durante meses nos porões dos navios negreiros, onde comiam muito pouco e faziam suas necessidades. Por causa da má alimentação e das péssimas condições e higiene, era muito grande o número de mortes nessas viagens.

Quando chegavam ao Brasil, os escravos eram colocados à venda nos mercados. Ficavam à mostra, em exposição, e eram examinados minuciosamente pelos interessados. O escravo não era considerado um ser humano, uma pessoa. Era tratado como se fosse uma mercado- ria, uma coisa, menos ainda que um animal.

É muito triste ver até que ponto chegar a ambição do ser humano e desrespeito com relação a seus semelhantes. Em sua sede de lucros, de riqueza, o homem é capaz de vender outro homem com se fosse um objeto.

Sim, porque todos iguais, não importando a cor da nossa pele, ou outra diferença qualquer.

3.2.1 – CONDIÇÕES DE VIDA E DE TRABALHO NOS ENGENHOS DE AÇÚCAR

Os escravos começavam o trabalho ao raiar do dia e só terminavam ao escurecer. Quase não tinham descanso, pois aos domingos, em muitos engenhos, cultivavam pequenos roçados para seu próprio sustento. Seu principal alimento era a mandioca.

As condições de trabalho eram extremamente duras, tanto nos canaviais quanto nas moendas e nas caldeiras. Essas condições extremamente difíceis e ainda alimentação insuficientes e de péssima qualidade faziam com que o tempo de vida do escravo fosse muito curto.

Os escravos viviam e trabalhavam sempre vigiados pelos capatazes e feitores. Os castigos para qualquer falta, mesmo as mais simples, como-chupar um pedaço de cana, eram muito severas.

Quando fugiam, os escravos eram caçados pelos capitães do mato, especialistas em perseguir e capturar escravos. O capitão do mato recebia certa quantia por escravo que capturava e devolvia ao senhor.

3.3.2. - FORMAS DE RESISTÊNCIA À ESCRAVIDÃO

Os africanos à dominação de muitas maneiras. Uma delas foi à fuga. Quando con- seguiam fugir reuniam-se em comunidades chamadas quilombos. Existem poucas infor- mações sobre os quilombos.

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Eles foram muito numerosos durante o período da escravidão, que acabou em 1888. Existiram mais de cem espalhados por todo o Brasil. A maior parte deles organizou-se no Nordeste (Sergipe, Alagoas e Bahia), onde existia grande número de africanos.

A fuga para o mato era uma tentativa de escapar da escravidão e também do domínio dos brancos, que tentavam acabar com os costumes dos negros: eles queriam falar a sua língua, seguir as leis de suas tribos, fazer suas festas, praticar sua religião, trabalhar de sua própria maneira. Queriam viver em paz.

Os habitantes dos quilombos cultivavam os alimentos de que precisavam. Tinham também pequenas oficinas onde faziam roupas, móveis e instrumentos de trabalho. A vida era muito difícil, pois estavam sempre sujeitos aos ataques das expedições enviadas pelos senhores e pelo governo. Por isso a maior parte dos quilombos teve vida curta. Quando eram destruídos, os negros que não morriam na luta eram levados de volta a seus donos duramente castigados.

Os quilombos mais conhecidos foram os que se localizavam na Serra da Barriga, região dos atuais Estados de Alagoas e Pernambuco. Eram cerca de dez quilombos, unidos sob o nome de Palmares, que resistiam que resistiram durante quase todo o século XVII aos ataques do governo e dos senhores de escravos. Palmares chegou a ter milhares de habitantes negros e seu principal líder foi Zumbi.

3.3. – INTRODUÇÃO DA MÃO-DE-OBRA IMIGRANTE APÓS A EXTINÇÃO DO TRÁFICO DE ESCRAVOS EM 1850

Como o fim do tráfico e a abolição colocaram em xeque a estrutura do sistema colonial, baseada na mão de obra escrava. Essa estrutura se recompôs, em parte, nas regiões do sul produtoras de café através da utilização de mão de obra livre assalariada de imigrantes europeus. O pioneirismo na utilização de mão de obra de imigrantes coube ao senador Nicolau de Campos vergueiro. Entre 1847 e 1857 ele recebeu 177 famílias de alemães, suíços, por- tugueses e belgas em sua fazenda de Ibicaba, no Estado de São Paulo.

A abolição da escravidão coincidiu com o brusco aumento de imigrantes que entraram no país, conforme podemos comprovar nos dados abaixo:

ANO Nº DE IMIGRANTES

1886 30000

1887 55000 1888 133000

Fonte: PRADO JUNIOR, C.

História Econômica do Brasil, p. 190-1.

A partir do ano da abolição até o fim do século, o numero anual de imigrantes, predominantemente italianos e portugueses, foi sempre superior a 100.000. De 1819 a 1939 entraram no Brasil 4.826.389 imi- grantes. Aproximadamente a metade desses imigrantes fixou-se no Estado de São Paulo.

A partir do ano da abolição até o fim do século, o numero anual de imigrantes, sobretudo italianos e portugueses, foi sempre superior a 100.000. De 1819 a 1939 entraram no Brasil 4.826.389 imigrantes. Aproximadamente a metade desses imigrantes fixou-se no Estado de São Paulo.

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3.4. - AS CONDIÇÕES DE VIDA E TRABALHO DOS OPERÁRIOS ATÉ O INÍCIO DO SÉCULO XX

A classe operária brasileira começou a surgir nos últimos anos do Império, mas foi na

República Velha, com o desenvolvimento da indústria, principalmente no período da Primeira Guerra Mundial, que ela cresceu extraordinariamente.

Em sua composição, pelo menos até os anos 20, predominava o operário de origem

estrangeira, principalmente o italiano, o português e o espanhol, concentrados no Centro Sul do país; no Nordeste o trabalhador estrangeiro era praticamente inexistente.

Em meados dos anos 20 o numero de trabalhadores brasileiros tendia a superar o de

estrangeiros. São Paulo e Rio de Janeiro, os principais centros fabris, concentravam a grande massa operaria. Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pernambuco, Bahia e Paraíba eram centros secundários e, como hoje, os demais estados ocupavam posições insignificantes no setor fabril.

Apesar da composição heterogênea que poderia dificultar sua organização, a classe ope-

raria era solidária e unida em suas lutas reivindicatórias.

Por constituir um segmento excluído e marginalizado das camadas populares urbanas, o

operariado se concentrava em vários bairros, em favelas ou cortiços.

O cortiço ocupava o interior de um quarteirão, onde o terreno era geralmente baixo e úmido.

Era formado por uma serie de pequenas moradias em tomo de um pátio ao qual vinha a ter, da rua principal, um corredor longo e estreito.

O pátio principal fornecia às moradias que o rodeava uma torneira recalcitrante, um lugar

para lavar roupa e uma privada mal instalada. Ladrilhos e calhas geralmente não existiam.

As vilas operárias, construídas pelos capitalistas industriais em terrenos da própria indús-

tria, mais limpas e higiênicas, eram em numero reduzido.

Ao contrário dos que viviam em cortiços ou em outras habitações miseráveis, os habitantes

das vilas operarias viviam sujeitos ao patrão que impunha rígida disciplina.

Os miseráveis salários flutuavam para cima ou para baixo ao sabor do empregador. Não

havia salário mínimo estabelecido por lei. A baixa remuneração da mão de obra tomava deses- peradora a situação do operário, já que o salário não lhe permitia viver com decência.

Nas imundas fábricas, onde não havia sequer condições mínimas de higiene e segurança,

emergiam focos das mais diferentes doenças e as mutilações por acidentes no trabalho eram constantes.

Acrescente se a tudo isso a utilização de mulheres e crianças de ambos os sexos como

operários, com um salário muito a quem da remuneração paga ao trabalhador adulto mas- culino. Essa situação fazia com que os industriais preferissem a contratação de mão de obra feminina e infantil, para forçar a queda dos salários pagos ao trabalhador adulto masculino.

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3.5. - AS ORGANIZAÇÕES E MOBILIZAÇÕES DOS TRABALHADORES BRASILEIROS (GREVES, PROTESTOS. ORGANIZAÇÃO SINDICAL) A CONQUISTA E A AMPLIAÇÃO DOS DlREITOS TRABALHISTAS

Durante as primeiras décadas do regime republicano, o movimento operário brasileiro refletiu, em grande parte, o que acontecia na Europa. Foi o imigrante europeu que, vindo tra- balhar como assalariado rural e urbano em nosso país, divulgou as idéias de organização operaria e liderou, num primeiro momento, a luta dos trabalhadores. O movimento operário foi mais intenso em São Paulo e nos Estados do Sul, onde também foram mais intensas a imi- gração e a industrialização.

É evidente que, apesar da influencia européia, o sindicalismo brasileiro desde cedo procurou adaptar-se às condições especificas da nossa sociedade. Os lideres operários logo perceberam que o Brasil não era a Europa. Era preciso lutar para conseguir muitas coisas que já tinham sido conquistadas nos países europeus.

A resistência do proletariado urbano as miseráveis condições de vida em que se encontra- va-se refletia nas constantes greves que marcaram a história do operariado no Brasil durante a República Velha.

Desde o Império que o nascente operariado se manifestava reivindicando seus direitos através de algumas Ligas e com o apoio de alguns jornais defensores de idéias proletárias. Entretanto, foi somente após o advento da República que os movimentos operários começaram a ganhar corpo e ser representado por entidades como o Partido Operário, criado em 1890, o Parti do Socialista Brasileiro, que já pregava a luta de classes (1902), e alguns sindi- catos profissionais, cuja oficialização começou em 1907. Quanto às lideranças grevistas, desta- cavam-se os socialistas e principalmente os anarquistas.

O anarquismo, enquanto doutrina política que nega toda ordem instituída como o Estado, os partidos políticos e toda e qualquer autoridade, defendendo a liberdade geral, se originou com a Primeira Internacional Operaria, em Londres. Essas idéias foram divulgadas no Brasil através dos imigrantes italianos, espanhóis e portugueses.

Greve Geral de 1917 O ano de 1917 foi um momento importante nos movimentos operários da República Velha. A classe operaria mais consciente e organizada iniciou naquele ano um movimento grevista que se alastrou por todo o país.

A greve iniciada em junho de 1917 no Cotonifício Crespi, localizado no bairro da Mooca, em São Paulo, propagou se e tornou se uma greve geral.

Os operários pediam aumento salarial em torno de 20%, jornada de oito horas de trabalho, assistência medico hospitalar regulamentação do trabalho das mulheres e menores, segu- rança de trabalho, semana de cinco dias e pontualidade no pagamento.

Comícios, manifestações por toda a cidade, agora com o apoio de muitas outras empresas, fez o movimento se alastrar. A policia começou a reagir violentamente e foram comuns os choques entre as duas partes, culminando com a morte do jovem sapateiro Martinez, em um desses choques.

Essa morte fez o movimento crescer ainda mais, instalando se um caos na cidade, com que- bra quebra, saques, depredações, etc.

Após várias negociações, a burguesia industrial aceita conceder o aumento de 20%, a não dispensa dos grevistas e o pagamento fixo mensalmente.

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Porém isso não foi suficiente para resolver todos os problemas dos operários e novas greves surgiram até o ano de 1919 e início de 1920, quando o movimento operário declinou.

3.6. - CONDIÇÕES DE VIDA E TRABALHO DOS "BÓIAS-FRIAS"

O desenvolvimento do capitalismo no campo e a modernização da agropecuária causaram

profundas mudanças na organização da produção agrária e nas relações de trabalho.

Em 1940, havia no Brasil 3.084.000 trabalhadores permanentes na área rural numero esse que diminuiu para 1.804.000, no ano de 1985.

O que ocorreu, foi uma violenta expulsão do homem do campo, com uma drástica redução da quantidade de trabalhadores permanentes.

Esse processo de expulsão do trabalhador morador e da quebra do vinculo empregatício empurrou o trabalhador rural para a periferia das cidades, fazendo surgir os bóias frias e favorecendo um novo tipo de relação de trabalho: a empreitada.

Essa grande quantidade de trabalhadores volantes migra dentro de uma região agrícola, sendo recrutados por intermediários que os transportam em caminhões para os locais de trabalho.

Esses trabalhadores não têm qualquer garantia legal trabalhista, aposentadoria, assistência médica etc. Recebem salários muito baixos, o que obriga o trabalho de toda a família, inclusive de crianças.

O trabalho temporário se concentra nas etapas do processo produtivo não atingidas pela

mecanização, como a colheita da cana, da laranja, entre outros produtos.

REVISÃO DOS ASSUNTOS ESTUDADOS:

01. Durante o feudalismo tomou-se proprietária de cerca de 1/3 das terras européias, alem de deter grande poder político e econômico. Esse poderoso grupo foi:

a) os servos de gleba b) a Igreja Católica c) os vassalos d) a burguesia grega

02. "Quem tiver residido por um ano e um dia na cidade, sem que qualquer sen-

hor tenha exigido sua volta, gozará de liberdade incontestável.” Esse documento do século XH indica o início de uma nova época urbana, em

oposição à vida feudal, que fora marcada pela:

a) formação militar, exigindo uma vida de constantes deslocamentos, em busca de conquistas. b) Sociedade de classes orientada exclusivamente pelo trabalho assalariado. c) Busca incessante de metais preciosos em distantes continentes. d) Economia agrária e auto-suficiente, que restringia a autonomia do servo.

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03. "O rei só tem de seu nome e a coroa... é incapaz para defender contra os perigos". Assim um texto do século XI alerta que

a) o verdadeiro poder feudal residia na burguesia detentora dos exércitos. b) cabia à Igreja a realização das grandes feiras comerciais. c) os soberanos controlavam grandes Estados centralizados. d) o poder de fato residia nas mãos das nobrezas locais.

04. O almirante convocou os dois capitães e os demais tripulantes que tinham desembarcado... e lhes disse que dessem fé e testemunho perante todos de que tomava posse em nome do rei e da rainha, seus senhores".

Esse relato de 1492 está mais próximo:

a) do descobrimento do Brasil, por Cabral. b) da chegada de Calecute, por Vasco da Gama. c) do desembarque na América, por Colombo d) da chegada ao México, por Pizano.

05. "Naus, caravelas, bússola, astrolábio, era Portugal navegando." No início da expansão marítima, aquele país navegou primeiramente na costa

atlântica da África. A procura daquele continente decorreu basicamente da busca de:

a) especiarias, artesanato e pescado. b) barcos, terras e soldados. c) frutas, animais e aves. d) ouro, marfim e escravos.

06. Quando se compara a atuação de portugueses e espanhóis, no momento da expansão ultramarina nota-se que

a) nenhum dos dois países possuía orientação correta, atuando ao sabor dos acontecimentos. b) os dois países seguiram pelo mesmo trajeto e até em frotas comuns. c) sempre foi preponderante o pioneirismo da Espanha, país mais potente da época. d) enquanto os portugueses seguiram a rota africana e oriental, os espanhóis seguiram

pela rota do ocidente.

07. ..."A palavra índia foi criada pelo colonizador europeu, que ao chegar ao Novo Mundo, em 1492, pensou estar chegando às índias."

Está sobrecarregada de estereótipos, significando para muitas pessoas, um ser inferior, exótico, que gosta de roubar, anda sujo, não trabalha e bebe cachaça, care- cendo de ser cristianizado ou civilizado."

(in: Oliveira, Adélia - Esta Terra tem dono). A parte grifada do texto auxilia-nos a interpretá-lo. Assim, podemos dizer que a

autora provavelmente considera que

a) a cultura indígena e inferior it do homem branco. b) os índios não possuem cultura, tendo os homens brancos de civilizá-los. c) na sociedade indígena todos vivem sem trabalhar, pois a natureza lhes fornece tudo. d) a sociedade indígena possui sua própria cultura e os homens de outras sociedades

devem entendê-la.

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08. "O recrutamento de mão-de-obra para essas atividades baseou-se no elemen- to indígena que se adaptava facilmente a elas."

Nesse trabalho, envolvendo Historia econômica colonial o autor se refere:

a) à pecuária extensiva. c) ao renascimento agrícola. b) à cana-de-açúcar. d) à mineração.

09. O trabalho existe para a satisfação das necessidades do próprio trabalhador. No entanto, em diversos sistemas, ele tem sido usado para satisfazer a interesses e ambições pessoais de quem exploram o trabalho.

Das sociedades abaixo, a única que não se baseia na exploração do trabalho alheio é a:

a) Feudal. b) Capitalista. c) Mercantilista. d) Indígena.

10. "Folga, negro Branco não vem cá Se vier, pau há de levar... Folga, negro. Branco não vem cá Se vier, o diabo ha de levar!" Os versos, denominados "Auto dos Quilombos", são um exemplo, no Brasil Colonial, de:

a) resistência dos negros ao escravismo. b) resistência dos negros ao es c) esperança dada pela igreja, aos negros, na busca de dias melhores. d) criação de um tráfico interno de negros.

11. O famoso Quilombo dos Palmares que era formado por milhares de escravos negros que fugiram de seus senhores.

a) localizava-se no atual Estado de Pernambuco e durou aproximadamente 10 anos. b) localizava-se no atual Estado de Alagoas e durou aproximadamente 70 anos. c) localizava-se no atual Estado da Bahia e durou aproximadamente 20 anos. d) localizava se no atual Estado de Alagoas e durou aproximadamente 30 anos.

12. Apesar disso não ser um fator absolutamente determinante, cabe lembrar que muito da situação atual do Brasil decorre de sua forma de colonização. Aqui, houve colonialismo de "exploração", enquanto que, na América do Norte, por exemplo, predominou o de "povoamento".

Assinale, dentre as alternativas, a que melhor explica essa diferença:

a) no povoamento, exporta-se mais e consome-se mais da metrópole, enquanto a área de exploração e praticamente desligada do comercio mundial.

b) por ser maior, a área de exploração e mais liberal, enquanto a de povoamento, sendo menor, e mais vigiada.

c) enquanto na de exploração ganham destaque a grande propriedade e o escravismo, na de povoamento, predominam o trabalho livre e a pequena propriedade.

d) há muito maiores possibilidades de ascensão na ampla sociedade exploradora, que incentiva o trabalho manual, do que na sociedade povoadora, extremamente aristocrática.

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13. Como colônia de exploração estabelecida por Portugal, podia-se distinguir no Brasil:

a) minifúndio, policultura e trabalho livre. b) autonomia, extrativismo e servidão. c) latifúndio, monocultura e escravismo. d) tenência, pecuária e corvéia.

14. A vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil

a) garanti u o exclusivismo comercial a Portugal. b) representou o fim da influencia estrangeira. c) reforçou os laços coloniais com a Metrópole. d) efetivou a penetração inglesa no País.

15. Durante o governo D. João VI, em 1810, foram estabelecidos com a Inglaterra tratados que seriam de importância singular para o Brasil. Sobre eles, pode-se men- cionar que:

a) à medida que rompiam o protecionismo português, praticamente transferiam o Brasil para a dominação britânica. Os produtos ingleses tinham tratamento preferencial em nosso mercado.

b) iniciou-se uma larga repressão contra a produção inglesa, que tentava penetrar no mercado brasileiro.

c) ao estabelecerem taxas alfandegárias bastante elevadas, os portugueses conseguiram expulsar definitivamente os produtos ingleses do mercado brasileiro.

16. "Faz o rei merece de uma capitania na costa do Brasil com léguas de exten- são pela mesma costa (...) A capitania doada e inalienável e transmissível por her- ança ao filho varão mais velho do primeiro donatário e não partilhada com os demais herdeiros.”

Trata-se da carta de doação para Capitanias Hereditárias, sistema que Portugal empregou, tendo em vista, entre outros aspectos,

a) interiorizar o desenvolvimento, abandonar o litoral e desenvolver a pecuária de exportação.

b) imitar o modelo espanhol, transportar a prata e usar a mão-de-obra local. c) assegurar a posse do litoral, iniciar a produção do açúcar, repartir terras e evitar

despesas reais. d) ocupar a bacia do Amazonas, evitar ataques ingleses e explorar a cafeicultura.

17. O elemento imigrante que veio para São Paulo foi extremamente útil na atividade:

a) açucareira b) cafeeira c) mineradora d) coleta do pau-brasil

18. Na formação do operariado brasileiro a grande influência veio do elemento:

a) italiano b) japonês c) inglês d) alemão

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19. Importante movimento grevista ocorrido em 1917 e que se espalhou por todo o país, sendo violentamente reprimido pela policia. Esse movimento teve como palco o Estado:

a) da Paraíba b) de Pernambuco c) inglês d) do Rio Grande do Sul

20. A quebra do vinculo empregatício empurrou o trabalhador rural para a perife- ria, criando um outro tipo de trabalhador. Esse elemento é:

a) a bóia-fria b) o capitalista c) o meeiro d) o empreiteiro

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A CONQUISTA E A AMPLIAÇÃO DA CIDADANIA

Desde as épocas mais remotas que o homem tem sido explorado e em muitas situações, como já vimos, levado à. condição de escravos. Essa exploração continua até os dias de hoje, mas em muitas situações houve revoltas e lutas para mudar essa situação.

l - CARACTERÍSTICAS DA CIDADANIA EM ATENAS (GRÉCIA)

A cidade de Atenas localiza se na região da Ática, uma península bastante recortada do mar Egeu, com bons portos, onde colinas e montanhas misturam se a pequenas planícies.

A sociedade ateniense era dominada pelos eupátridas, grandes proprietários de terras que detinham o controle sobre o governo. Assim garantiam a manutenção de seus interesses e privilégios.

Os camponeses, habitantes da região montanhosa da península, denominada diácria e, por isso, chamados diacrianos, compunham a camada menos favorecida da sociedade ateniense. Sua inferioridade social so era suplantada pela dos escravos e estrangeiros, denominados de metecos.

Esse regime de governo não era aceito com tranqüilidade pelos grupos oprimidos. Revoltas populares ocorriam com freqüência, o que preocupava o grupo dirigente. Para solucionar Pacificamente os conflitos, surgiram os legisladores, indivíduos encarregados da elaboração de leis que diminuíssem as tensões sociais.

O processo de reformas teve início no ano 621 a.C., com o legislador Dracon, que redigiu o primeiro código de leis escritas de Atenas. Esse código representou um avanço, pois através dele, todos podiam tomar conhecimento das leis que até então só eram conhecidas e aplicadas pelos eupátridas.

Porém a severidade dessas leis não resolve o problema e as camadas menos favorecidas con- tinuavam a se organizar exigindo reformas que melhorassem suas condições de vida.

Para evitar uma guerra civil, subiu ao poder um novo legis- lador Sólon, que aboliu a escravidão por dividas, libertou os devedores do cativeiro e devolveu aos antigos donos as propriedades que tinham perdido por não conseguirem pagar o que deviam.

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Depois de um breve período de grande instabilidade política, Atenas foi sacudida por uma rebelião popular liderada por Clístenes, político que passou para a história como o "pai da democracia".

Através de uma serie de reformas aplicadas na cidade de Atenas, a partir de 508 a.C., Clísteres criou a democracia, ou seja, governo (cracia) do povo (demo).

Porém todas essas reformas não mudaram a estrutura da sociedade ateniense, que conti- nuava sendo patriarcal e escravista.

2 - A REVOLUÇÃO FRANCESA: UM MOMENTO SIGNIFICATIVO NA CONQUISTA DE DlREITOS CIVIS.

A França pré revolucionária era um país essencialmente agrícola. O clero e a nobreza pos- suíam enormes privilégios e o rei governava de modo absoluto, prestando conta de seus atos somente a Deus.

Vivendo sob o Antigo Regime, a população francesa, aproximadamente 25 milhões de pessoas, encontrava-se dividida em três ordens ou estados: o clero formava o Primeiro Estado; a nobreza compunha o Segundo Estado, e todo o restante da população integrava o Terceiro Estado.

A agricultura, o comércio e a indústria estavam em crise. O luxo e a ostentação do governo contrariavam os membros do Terceiro Estado. Quando o rei convocou os Estados Gerais, esses exigiram igualdade de votos, mas não foram atendidos. Em 14 de julho de 1789, a população, armada, tomou a Bastilha, que era uma fortaleza militar onde estavam meares de presos políti- cos. A revolução então espalhou se pela França. Pressionado, o rei acatou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Em 1790, tentou fugir da França, mas foi capturado.

Em 1792, a Revolução radicalizou se e o rei foi destronado e preso. Após a Batalha de Valmy, contra as forças austro prussianas, que apoiavam o Rei, foi proclamada a República. A nova Assembléia Constituinte (Convenção) dividia se em girondinos (direita), jacobinos (esquerda) e planície, ou pântano (centro).

Em 1793, a Convenção condenou e executou o rei e a rainha por crime de traição à pátria. Sob o domínio dos jacobinos, foram criados o Comitê de Salvação Pública, o Comitê de Segurança Nacional e o Tribunal Revolucionário. O assassinato de Marat, que era um dos grandes líderes dos jacobinos, desencadeou o Período do Terror, que durou de 1793 a 1794, quando milhares foram presos e muitos condenados à. guilhotina, sob o comando de Robespierre, por serem suspeitos de contra revolucionários.

Em 1794, a burguesia retomou o poder e o entregou a um Diretório, que o perdeu devido à corrupção. Em 10 de novembro de 1799, 18 Brumário da Revolução, entrega o poder ao gen- eral, Napoleão Bonaparte, iniciando se a Era Napoleônica.

Império Napoleônico Napoleão nasceu em 15 de ago sto de 1769 na Córsega, quando esta ilha, situada a oeste da Itália, estava sob o domínio francês.

Graças a um titulo de nobreza que seu pai possuía, começou a freqüentar uma escola mili- tar francesa com apenas 10 anos de idade.

Em 1789, quando explodiu a Revolução, ele ocupava o posto de oficial. Quatro anos depois, deu a primeira amostra de seu trabalho militar dirigindo a luta contra os ingleses que haviam ocupado o porto de Toulon, no sul da França.

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Em 1795, já comandava as tropas francesas na Itália. Promovendo e distribuindo entre elas as riquezas dos povos conquistados, Napoleão conseguiu transformar o exército francês numa eficiente maquina de guerra.

Napoleão Bonaparte governou por quase 15 anos, quando muitas mudanças positivas para a França ocorreram: milhões de camponeses transformaram se em pequenos proprietários; construíram se importantes obras publicas e criou se um sistema de financiamento da ativi- dade industrial.

O exército napoleônico venceu a Áustria, na batalha de Austerlitz e, no ano seguinte, dobrou a Prússia vencendo na batalha de Lena.

Em seguida, decretou o Bloqueio Continental contra a Inglaterra, tentando enfraquecer o poderio inglês.

No ano de 1807, o imperador francês obteve outro sucesso militar e diplomático: depois de perseguir e derrotar os russos em território polonês, obrigou o czar Alexandre I a assinar o Tratado de Tilsit.

Por esse acordo, a Rússia comprometia se a respeitar o bloqueio econômico imposto à Inglaterra e reconhecia a hegemonia francesa na Europa.

Mesmo alargando suas fronteiras até o ano de 1812, o Império Napoleônico enfrentava sérios prob- lemas na Espanha, onde a população não aceitava o governo de seu irmão Jose Bonaparte, ao mesmo tempo em que o Bloqueio Continental não surtiu o efeito desejado.

Os exércitos de Napoleão sofr- eram derrotas na Espanha e na Rússia. Em 1814 após longa luta con- tra uma coalizão européia, Bonaparte abdicou e a dinastia Bourbon foi restaurada com Luis XVII\. Em 1815, Napoleão tentou retomar o poder, mas após cem dias foi derrotado definitiva- mente em Waterloo.

Depois da derrota de Napoleão, os países aliados reuniram-se no Congresso de Viena, que redividiu a Europa, beneficiando a Prússia, a Áustria, a Rússia e a Inglaterra. O Congresso decidiu também pelo retorno do absolutismo, criando a Santa Aliança (Áustria, Rússia e Prússia) para defender essa decisão.

3 - LUTAS CONTRA A DOMINAÇÃO PORTUGUESA: A INCONFIDÊNCIA MINElRA

Foi a fase da luta em que alguns brasileiros já pensavam na libertação da colônia, ou seja, em romper os laços que a mantinham preso à metrópole, e em acabar com o pacto colonial a fim de que o Brasil tivesse liberdade econômica e pudesse fazer comercio com outros países.

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Quando aconteceram os movimentos de libertação colonial como a Inconfidência Mineira, de 1789, e a Conjuração Baiana, de 1798, os filósofos europeus propagavam as idéias de liber- dade, igualdade e fraternidade.

As idéias de libertação foram trazidas para o Brasil por estudantes brasileiros que estu- davam em universidades européias, Aqui essas idéias contribuíram decisivamente para a for- mação da consciência de libertação.

A partir da formação dessa consciência, muitos colonos assumiram a luta contra a violência das autoridades portuguesas e a opressiva política de exploração econômica a que o Brasil estava submetido. Tomavam posição em defesa da independência da colônia.

Nesses movimentos de libertação colonial os brasileiros pretendiam seguir o exemplo da Revolução que levou os Estados Unidos à independência. A Revolução Francesa, que saiu vito- riosa na luta contra a opressão e os abusos praticados pela monarquia francesa, também serviu de exemplo para os movimentos posteriores a 1789.

Mas para a grande maioria da população brasileira, formada por negros, mestiços e bran- cos pobres, essa luta não interessava. Não interessava porque para essa grande massa mar- ginalizada e submetida aos donos de terra, de escravos e de dinheiro, a libertação colonial não mudaria nada em sua vida miserável.

INCONFIDÊNCIA MINElRA

Esse movimento ocorreu, em grande parte, devido aos pesados tributos cobrados por Portugal em Minas Gerais. Seu pagamento tornou se quase impossível com a decadência do ciclo da mineração na segunda metade do século XVIII

Além da tributação outras medidas metropolitanas descontentavam os colonos, com a vio- lência dos soldados portugueses, o controle na divulgação de idéias, com a proibição de impressão de jornais e livros na Colônia, e o fato de os cargos administrativos importantes serem ocupados só por portugueses.

"Segundo uma testemunha”,... então se vio representada a scena mais tragico e co- mica que se póde imaginar. Mutuamente pedirão perdão e o darão; porém cada um fazia

por imputar a sua ultima infelicidade ao excessivo depoimento do outro. Como tinhão

estado, ha tres annos incommunicados, era n'elles mais violento o desejo de fallar...

"Depois de quatro horas de recriminações recíprocas os presos foram postos sob pesadas

correntes ligadas às janelas da sala. Então, dramaticamente como foi planejada, a leitura

da carta de clemência da rainha transformou a situação. Todas as sentenças, salvo a do

alferes Silva Xavier, foram comutadas em banimento. O espetáculo estava quase no fim.

Na manhã de 21 de abril de 1792, Tiradentes, escoltado pela cavalaria do vice-rei, foi con-

duzido a um grande patíbulo nas cercanias da cidade. Ai, ao redor das 11 horas, sob o

rigor do sol com os regimentos formados em triângulo, depois de discursos e aclamações

'a nossa augusta, pia e fidelíssima Rainha', o bode expiatório foi sacrificado".

(MAXWELL, Kenneth. A devassa da devassa. 2ª ed, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1978. pp.221-2)

Em meio a essa situação, o governador da região, o Visconde de Barbacena, ordenou uma derrama, pois a divida colonial já era bem superior a 5.000 quilos de ouro. Esse fato alarmou a população de Minas Gerais, estimulando a conspiração contra Portugal.

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A maioria dos participantes da Inconfidência Mineira era composta de pessoas da alta sociedade mineira, mas alguns poucos pertenciam à baixa classe média empobrecida. Entre os participantes havia poetas, militares, religiosos. O alferes Joaquim José da Silva Xavier, con- hecido como Tiradentes, foi um dos poucos participantes de origem modesta, pois fora tropeiro, comerciante, dentista prático e militar, e atuou como divulgador do movimento junto ao povo.

Os líderes do movimento decidiram iniciar a revolta assim que começasse a derrama. Prenderiam o governador e iniciariam a luta pela libertação. Tiradentes deveria ir para o Rio de Janeiro para obter apoio popular, armas e munição.

A rebelião não chegou a acontecer, porque o movimento foi denunciado, em troca do perdão de suas dívidas. O principal traidor foi o tenente coronel Joaquim Silvério dos Reis.

O Visconde de Barbacena suspendeu a derrama e deu início à prisão dos conspiradores. Presos, os revoltosos esperam três anos até o julgamento. Alguns foram condenados ao desterro, sendo enviados para a África. Apenas Tiradentes foi condenado à morte e executado no Rio de Janeiro, no dia 21 de abril de 1792.

INCONFIDÊNCIA BAlANA

A Inconfidência Baiana teve como principal característica o seu caráter nitidamente popular. Dela tomaram parte desde membros da elite até indivíduos das camadas mais pobres da pop- ulação, inclusive soldados, escravos e inúmeros alfaiates, razão pela qual o movimento é tam- bém conhecido como Conjuração dos Alfaiates.

As origens da revolta se relacionaram com a transferência da capital da colônia para o Rio de Janeiro, em 1763, que acarretou severas dificuldades econômicas para a cidade de Salvador. O clima de descontentamento gerou cenário propício à divulgação dos ideais libertários que, anos antes, culminaram na Independência dos Estados Unidos (1776) e do Haiti (1793).

Os conspiradores pregavam, inicialmente, 'a proclamação de um governo republicano e democrático, a liberdade de comércio, o aumento dos salários dos soldados e, boa parte deles, o fim da escravidão. Entretanto, a partir do instante em que os populares passaram a enfatizar a luta contra os privilégios senhoriais, vários membros da elite começaram a se retirar do movimento.

Dentre os principais líderes da revolta, podemos destacar João de Deus, Manuel Lira, Lucas Dantas Torres, Francisco Gomes, Francisco Barreto e Cipriano Barata. Também podemos frisar a participação da organização secreta Cavaleiros da Luz na divulgação das idéias dos inconfidentes.

Em agosto de 1798, ao passo em que os rebeldes proclamavam o início da rebelião, traidores denunciavam às autoridades portuguesas o movimento, apontando, inclusive, seus lideres. Com a prisão de dezenas de envolvidos, a revolta acabou por se desarticular rapida- mente. Após o julgamento, aos mais pobres couberam as penas mais duras; aos membros da elite foram impostas as penas mais brandas.

4. AS TRANSFORMAÇÕES DO PAPEL DA MULHER NA FAMÍLIA E NA SOCIEDADE BRASILEIRA, DESDE O PERÍODO COLONIAL.

A sociedade colonial, como um todo, era o reflexo da estrutura econômica escravista e, por- tanto, foi estruturada para atender aos interesses mercantilistas da metrópole.

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MÓDULO HISTÓRIA - Ensino Fundamental Módulo II - 7º ano

Dentro de um contexto extremamente rígido, a mulher, além de subordinada ao homem, era considerada um ser inferior. Tinha de obedecer cegamente às ordens do pai e, depois de casa- da, às do marido. A preservação da virgindade feminina era fundamental para o casamento. Por isso a sinhazinha só podia sair de casa acompanhada.

Vivia confinada e seu quarto geralmente não tinha janelas. Deveria casar se entre os quinze e dezessete anos com um marido muito mais velho e escolhido pelo pai. No fundo, a mulher era um objeto e seu casamento não passava de uma troca de favores políticos.

Essa situação vai atravessar séculos, com pequenas mudanças no campo social.

Mesmo após a independência e mesmo no período republicano, a posição da mulher sem- pre foi de inferioridade frente ao homem.

Lembramos que somente com a Constituição de 1934, promulgada no governo de Getúlio Vargas, é que as mulheres passaram a ter direito de voto.

Nas últimas décadas vários movimentos feministas surgiram, levando as mulheres a uma maior participação em todos os setores da vi da nacional.

Porém, apesar de todos os avanços conseguidos, a posição da mulher brasileira ainda e inferior à do homem em quase todos os setores, notadamente no campo do trabalho, quando em muitas ocasiões seus direitos não são respeitados e ganham quase sempre salários menores que aqueles que são pagos aos homens, pelo mesmo trabalho realizado.

Na política, sua participação também é pequena, sendo poucas aquelas eleitas para cargos legislativos e muito menos ainda o número das que chegam a cargos executivos.

5 – A LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS E AS LUTAS CONTRA O PRECONCEITO E A DISCRIMINAÇÃO DOS AFRO-BRASILEIROS

A partir da independência, desenvolveu se aos poucos, uma consciência contrária a escravidão. Porém os grandes proprietários não aceitavam perder essa mão de obra valiosa e que não custava nada.

Prova disso é que mesmo depois da extinção do tráfico, ainda 38 anos se passaram até que a libertaçao fosse proclamada.

As leis colocadas eram tímidas e em quase nada vieram favorecer os escravos, que fugiam e muitos se matavam, por não ter nenhuma esperança de mudar a vida miserável em que viviam.

Porém mesmo depois de 1888 quando foi assinada a Lei Áurea, a situação do negro não sofreu grandes mudanças, pois a grande maioria, mesmo livre, não tinha para onde ir contin- uando a morar nas fazendas e realizar os mesmos serviços que faziam antes.

Vale lembrar que durante a campanha abolicionista não houve uma preocupação maior com o futuro do negro depois de liberto, fato esse, responsável em grande parte, pela situação de marginalização a que ficou relegado.

Apesar das elites brancas, assim como muitos negros, não admitirem a existência do pre- conceito racial, nem mesmo quando apanhados em flagrante delito, a visível discriminação e segregação aniquilam com o mito da "democracia racial" no Brasil.

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Esse mito da democracia racial foi criação ideológica das classes dominantes para mascarar uma realidade que sempre existiu no Brasil: o preconceito e a discriminação.

É verdade que no Brasil além da discriminação racial, existe a discriminação social e que esta atinge todas as criaturas pobres, brancas ou negras, indiferentemente.

Em resumo, a abolição libertou o negro da escravidão, mas jogou o no poço do desem- prego, ou do emprego não qualificado; da miséria que não lhe permite viver dignamente sua cidadania plena.

Hoje, podem os observar algumas mudanças significativas no quadro de relações socioe- conômicas, cabendo às novas gerações transformar esse sonho em realidade.

6 - A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS E DO CIDADÃO

Toda pessoa possui direitos que devem ser respeitados por ela mesma e pelos demais indivíduos.

Ao lango dos tempos, muitas interpretações surgiram com relação aos direitos humanos.

Civilizações antigas creditavam aos deuses o direito de dar e retirar do homem determina- dos direitos. Para alguns povos, como no início da história da Grécia, a saúde era um dom dos deuses, assim como a doença um castigo e não um mal natural. Dai se conclui que, para os gregos, até o surgimento do medico Hipócrates de Cós, que negou tal doutrina, a saúde e a doença têm origem divina.

Outros atribuíam a origem dos direitos da pessoa ao governante, como o chefe da tribo, o rei, o ditador, etc.

Hoje, reconhecemos que todos esses pensamentos foram importantes em suas épocas, mas que a pessoa tem direitos pela sua própria condição de existir.

Alguns direitos básicos ou naturais são comuns aos animais e às pessoas, como a vida, a defesa, a alimentação, a liberdade.

Dessa maneira, todos temos direitos que ninguém pode negar. Assim temos os direitos na- turais, como o direito da vi da, da liberdade e os direitos civis que são fruto da organização social e política de um povo.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL NOS DIRElTOS HUMANOS

“A aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Assembléia Geral das Nações Unidas, em Paris, ha 25 anos, constitui, talvez, o acontecimento mais tran-

scendental da historia das Nações Unidas até a presente data (...). Com a Declaração fjxou

se um novo ideal reconhecido universalmente. Se deixarmos de nos interessar pelos prob-

lemas dos Direitos Humanos, de nos esforçarmos por resolvê-los, prejudicaremos as víti-

mas imediatas e a nos mesmo... Que este aniversário sirva para dar novo ímpeto a luta.” (Kurt Waldheim) – Secretário Geral da ONU

Os povos não possuíam códigos ou declarações escritas que especificassem os direitos e deveres de cada elemento da sua comunidade, sendo baseados nos costumes da comunidade que quase sempre representavam a vontade do governante.

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Portanto, a Declaração dos Direitos Humanos foi um avanço na condição dos homens, à medida que coloca princípios que devem ser respeitados por todos.

Por outro lado, sabemos que na maior parte do mundo esses Direitos não são respeitados e podemos ver isso todos os dias, das mais diferentes formas, como por exemplo, no olhar perdido de um indigente na calçada à espera de uma ajuda; no olhar esperto de um menino de rua, vítima de uma sociedade injusta.

Toda essa indiferença e desrespeito à criatura humana são fruto das desigualdades, das dis- criminações, da violência, da impunidade e outros fatores mais que tomam a nossa sociedade extremamente injusta.

7 - O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Criado pela Lei Federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente veio tentar corrigir ou melhorar a situação do menor no Brasil.

Desde épocas remotas, a criança sempre foi violentamente explorada, em todos os setores da sociedade, sendo comum observarmos crianças trabalhando em atividades próprias de adultos, recebendo salários miseráveis e até exploradas sexualmente.

Essa lei define alguns princípios básicos e dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.

O artigo 2º considera criança, para efeitos desta lei, toda a pessoa até doze anos de idade incompletos e adolescente aqueles entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos de idade.

Dessa forma, todos aqueles que se encontram nessa faixa de idade estão cobertos por esse Estatuto e o artigo 32 diz claramente o seguinte: “A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei assegurando se lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e faci- lidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade”.

O Estatuto discorre sobre as mais variadas relações da criança e do adolescente com a família, a sociedade em geral orientando inclusive sobre as entidades de atendimento em situ- ações as mais variadas.

Portanto, dentro de uma sociedade extremamente discriminatória, esse Estatuto é um passo na tentativa de corrigir alguns dos grandes absurdos cometidos contra essa camada da população.

É nosso dever zelar e também denunciar casos de violação a esses princípios, pois o silên- cio representa cumplicidade da nossa parte contra os desmandos.

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A EXPANSÃO DO CAPITALISMO NO BRASIL A PARTIR DO FINAL DO SÉCULO XIX

E A EXPANSÃO DOS IDEAIS LIBERAIS

1 - AS REBELIÕES DO PERÍODO REGENCIAL: CABANAGEM, BALAIADA, SABINADA, GUERRA DOS FARRAPOS E REVOLUÇÃO PRAIElRA

A violência social marcou profundamente o Período Regencial. De fato, o período de nove anos de duração foi de lutas reivindicatórias das camadas miseráveis urbanas e rurais e de conflitos políticos entre as facções da classe dominante em disputa pela poder.

A grave crise econômica financeira estimulou as lutas políticas. Além de disputar de forma violenta o domínio do poder em suas províncias, a elite latifundiária e exportadora exigia do governo central maior autonomia política e econômica, acreditando que assim solucionaria os problemas regionais.

A característica comum de todas as Revoltas do Período Regencial é que todas elas se inicia- ram sob a liderança da elite local. Entretanto, como a liderança aristocrata não atendia às reivin- dicações da massa, esta partia para a sua própria luta. A violência e o caráter popular de algu- mas das rebeliões desse período amedrontavam as elites agrária e política, que se dispuseram a enfrentar, sem trégua, o que chamavam de movimentos de bárbaros, assassinos e selvagens.

CABANAGEM

Em 1835 explodiu na província do Grão Pará o movimento armado mais popular do Brasil: a Cabanagem. Essa foi a única vez que as camadas inferiores ocuparam o poder.

A Cabanagem foi precedida de uma série de outras revoltas que abalaram esta província desde a época da independência, que como a maioria das revoltas desse período, explodiram por razoes sociais que dominavam o país na época: fome, miséria, escravidão, latifúndio, etc.

As camadas populares se compunham de negros, índios, mestiços e indigentes que viviam agrupados em pequenas ilhas ou as margens dos grandes rios em miseráveis cabanas.

Este contingente de miseráveis era usado como mão de obra na estagnada economia da província dominada por portugueses e alguns comerciantes ingleses. O poder político estava nas mãos dos comerciantes de Belém que impunham o seu domínio sobre o pequeno e de- sorganizado número de fazendeiros.

As medidas repressivas adotadas pelo governador não inibiram o surgimento de novos le- vantes e a ascensão de novos líderes populares. Em 1834 a fazenda de Félix Antônio Malcher, onde se reuniam alguns lavradores e líderes como os irmãos Vinagre e o jornalista Eduardo Angelim, foi invadida a mando do governador. Manuel Vinagre foi morto e os outros foram presos.

Em janeiro de 1835, a massa rebelde, com o apoio de alguns soldados, conquistou Belém e libertou os prisioneiros. Malcher assumia o governo, mas logo depois traía o grupo sendo exe- cutado; depois Francisco Vinagre assumia o poder, e como Malcher, fazia aliança com o go- verno e foi deposto.

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Os rebeldes perdiam o poder e fugiam para o interior sob a liderança de Angelim e Antônio Vinagre. No interior as tropas rebeldes se reorganizaram e depois de muitas batalhas tomaram novamente o poder; mas como esse novo governo já estava muito frágil, e ainda com as ameaças dos governadores de outras províncias, os rebeldes voltaram para o interior, e lá foram massacrados pelas forças do governo.

Saldo da revolta: 40.000 cabanos mortos.

SABINADA

Ao contrário do caráter totalmente popular da Cabanagem, a Sabinada foi uma revolta restrita às camadas médias da população de Salvador e a algumas tropas militares baianas.

A conspiração eclodida na Bahia em 1837, sob a liderança do médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira, não conseguiu mobilizar a massa menos favorecida nem a aristocra- cia fundiária, embora a luta buscasse uma solução para os graves problemas que afetavam a província e todo o País.

Com o início do movimento, o governador da província fugiu de Salvador, e os rebeldes instalaram a República Baiana.

Mas a República Baiana não durou muito tempo. Os rebeldes não conseguiram expandir o movimento para alem da capital; cercados, e sem possibilidades de furar o cerco, os revolu- cionários baianos resistiram bravamente, porém o movimento perdeu a sua força.

Em maio de 1838, as forças militares do governo, apoiadas pelos latifundiários, invadiram Salvador, aprisionando e matando os rebeldes que haviam resistido.

Os rebeldes militares foram julgando por um Conselho de Guerra, que ficou conhecido como Júri de Sangue pela crueldade de suas sentenças contra os prisioneiros.

BALAIADA

O descaso das autoridades para com os componentes da massa trabalhadora, a corrupção dos civis e militares, o con- stante aumento nos impostos e nos preços dos gêneros de primeira necessidade, causado pela crise da produção algo- doeiro, contribuíram em larga escala para aumentar a miséria social de uma massa populacional composta por sertanejos (vaqueiros e camponeses) e por negros escravos. Estes inicia- ram um conflito que abalou o Maranhão de 1838 até 1841 e ficou conhecido como a Balaiada.

Embora não se tivesse um objetivo bem definido, a luta uniu vários fragmentos da sociedade, todos aqueles que se sentiam prejudicados de algum modo pela política do governo.

O movimento era liderado pelo vaqueiro Raimundo Gomes, fabricante de balaios (daí o nome da revolta) Manuel Francisco dos Anjos Ferreira e pelo chefe de um quilombo, o negro Cosme.

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Em 1839 os balaios conquistaram a cidade de Caxias, a segunda em importância no Maranhão. A vitória foi passageira e a cidade foi imediatamente retomada pelas forças do governo.

Em 1840 foi nomeado para a presidência do Maranhão o coronel Luís Alves de Lima e Silva, futuro Duque de Caxias, responsável pela Pacificação da província em 1841.

REVOLUÇÃO FARROUPILHA

O Rio Grande do Sul foi palco da mais longa revolta da nossa história: a Revolução Farroupilha, ou a Guerra dos Farrapos, nome este devido à participação ativa dos esfarrapa- dos, isto é, das camadas mais pobres.

Apesar da participação popular, a Revolução Farroupilha difere da Cabanagem e da Balaiada, pois esteve sempre sob a liderança dos grandes estancieiros e em nenhum momen- to a massa de farroupilhos se distanciou dessa liderança nem organizou a sua própria luta. A aliança com a oligarquia foi permanente.

Os gaúchos lutavam pela autonomia administrativa da província e contra o descaso da autoridade central em relação aos problemas da província. Contestavam os tratados provinci- ais com nações estrangeiras que prejudicavam o país e os impostos e as altas taxas alfan- degárias cobradas na importação de produtos estrangeiros, principalmente o charque argenti- no e o uruguaio.

Em 1835 começou a revolução, com a tomada de Porto Alegre pelos gaúchos comandados por Bento Gonçalves. No ano seguinte, os rebeldes proclamaram a República Rio Grandense, também chamada de República de Piratini.

A luta prosseguiu, apesar da prisão de Bento Gonçalves e seu envio a Salvador, onde foi solto em 1837 pelos lideres da Sabinada.

Em 1839, chefiados por Davi Canabarro e contando com o apoio do italiano Giuseppe Garibaldi os rebeldes conquistaram Laguna, em Santa Catarina, onde proclamaram a República Catarinense ou República Juliana. Espalhava se a revolução. Era o ápice do movimento.

Em 1842 começou o processo de Pacificação da província, com a nomeação do futuro Duque de Caxias para presidente da província.

O então Barão de Caxias isolou os rebeldes, cortou a comunicação e propôs um acordo de paz, que incluía anistia aos farrapos.

Somente em 1845 os rebeldes aceitaram a paz ganhando vários privilégios do Barão de Caxias como a incorporação dos soldados no exército com as mesmas patentes e a devolução das propriedades que haviam sido tomadas. A paz estava consolidada.

A REVOLUÇÃO PRAIElRA

Durante a primeira metade do século XIX a riqueza de Pernambuco estava concentrada as mãos de poucas pessoas. Os Cavalcanti, os Rego Barros, os Barreto e os Souza Leão eram as quatro famílias que mandavam na política pernambucana, controlando tanto o Partido Liberal quanto o Conservador.

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Se no interior a terra produtiva estava nas mãos dos grandes proprietários, nas cidades, os donos de quase todo o comércio eram os portugueses, que estabeleciam o preço que quisessem. Essa situação de opressão contribuía para aumentar a pobreza, o desemprego e a insatisfação dos homens pobres e livres em Pernambuco.

Mas depois de um longo período de crise, a produção voltou a crescer e a partir de 1808, esse crescimento favoreceu a montagem de novos engenhos e o surgimento de uma nova camada de proprietários de terras que haviam enriquecido. Essa nova camada de proprietários juntaram-se e resolveram formar o Partido da Praia (pois a sede do parti do se encontrava na rua da Praia, em Recife).

Em 1845, o Parti do da Praia chegou ao poder, permanecendo no governo da província durante três anos. Durante esse tempo os problemas agravaram se, fazendo com que já exis- tisse um c1ima de guerra em Pernambuco: de um lado as famílias tradicionais; do outro, os representantes do Partido da Praia.

Em 1848, quando Dom Pedro II convidou Herculano Ferreira Pena, um conservador, para governar Pernambuco, a revolução estourou.

A rebelião começou em Olinda, espalhando se a seguir por toda a província. Reivindicavam a liberdade de expressão, o direito de voto para todos, emprego, redução do custo de vida e fim do centralismo político.

Comandados pela capitao Pedro Ivo da Silveira, os praieiros tentaram conquistar Recife, mais foram derrotados pelas forças do governo. Os que escaparam foram sufocados até o fim total da revolta.

Com o fim da Revolução Praieira encerrou-se o ciclo de rebeliões armadas que se iniciou durante o Período Regencial.

2 - AS PRESSÕES INTERNAS E EXTERNAS CONTRA A ESCRAVIDÃO: A PRESSÃO DA INGLATERRA; AS LEIS ABOLICIONISTAS E A LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS EM 1888.

É verdade que nas primeiras décadas do século XIX algumas personalidades políticas já se pronunciavam a favor da libertação dos escravos. Contudo, suas vozes não encontraram eco e seus atos não passavam de ações esporádicas sem objetivos definidos.

Foi somente depois da guerra do Paraguai que a sociedade começou a se mobilizar e a assumir, estrategicamente, uma posição abolicionista clara e direta. A participação na guerra e a bravura dos negros no Exército foi tal que a partir da década de 80 os próprios soldados do exército se negavam a capturar um negro fugido.

As classes médias inseriram, em suas aspirações políticas, o abolicionismo. Comerciantes e grupos ligados a industria viam na abolição a possibilidade de ampliação dos mercados con- sumidores, já que acreditavam no assalariamento do negro após a libertaçao. A aristocracia cafeeira do Oeste Paulista, principal responsável pela introdução de mão de obra assalariada na lavoura, tornou se simpática à abolição. Após todos esses fatores, conclui se que o traba- lho escravo era extremamente prejudicial para uma economia que buscava se modernizar e dinamizar. Essa realidade era extremamente clara para alguns homens de maior visão como Joaquim Nabuco, Silva Jardim, Luís Gama, José do Patrocínio, entre outros.

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Além de todas essas pressões internas a favor da libertação dos escravos (já que na déca- da de 1870 o Brasil era o único país americano independente que ainda possuía escravos), várias instituições antiescravistas internacionais pressionavam o governo brasileiro, principal- mente a Inglaterra.

A Inglaterra tinha grande interesse na libertação dos escravos no Brasil por dois fatores principais:

l) Os ingleses tinham grande interesse em aumentar o consumo de seus produtos no Brasil e com a libertação dos escravos, estes se tornariam aptos para comprarem os pro- dutos industrializados vindos da Inglaterra.

2) Os ingleses tinham grande interesse em manter os africanos trabalhando para eles nas plantações de algodão e nas minas de diamantes que possuíam na África.

A Inglaterra então resolveu pressionar de todas as maneiras o governo brasileiro para que este proclamasse a abolição. Em 1810, os ingleses fizeram o governo português no Brasil prometer que iria acabar com o comércio de escravos; em 1827, a Inglaterra exige que o Brasil deixe de comprar escravos no prazo de três anos e em 1845, a Inglaterra declara guerra ao trá- fico, dando à sua Marinha o direito de prender e até mesmo bombardear Os navios que trans- portassem escravos. Essa lei foi chamada de Bill Aberdeen.

Cedendo às pressões da Inglaterra, o Brasil aprova, em 1850, a Lei Eusébio de Queiroz, que proibiu definitivamente a entrada de escravos no Brasil. É importante destacar que a partir dessa lei, os investimentos destinados à compra de escravos passaram a ser aplicados em novos investimentos.

Depois da lei Eusébio de Queiroz, as pressões dentro do Brasil aumentavam de forma con- siderável, e em 1871, é promulgada a Lei do Ventre livre, de autoria do Visconde do Rio Branco. A lei do Ventre Livre dizia que toda criança nascida do Brasil, filho de escravos a partir daque- la data nasceria livre, e o senhor teria que criá lo até completar idade de oito anos.

A partir da segunda metade da década de 1870 as agitações começam a ficar incontroláveis. Grupos que defendiam a abolição através da luta armada começam a criar pequenas revoltas e em 1885 é promulgada a Lei dos Sexagenários, que concedia liberdade aos escravos com mais de 65 anos de idade. A Abolição tornou se em todo o país um movimento essencialmente popular que congregava setores das mais diferentes camadas sociais: de aristocratas anti- escravistas aos negros, que com suas fugas e revoltas tornaram a escravidão insustentável.

Finalmente, no dia 13 de maio de 1888, foi assinada, pela princesa Isabel, a Lei Áurea, que abolia definitivamente a escravidão no Brasil.

3 - O DESGASTE DA MONARQUIA E A INSTAURAÇÃO DO REGIME REPUBLI- CANO EM 1889

No contexto político dos países americanos, o Brasil era o único país a adotar a monarquia como forma de governo. O governo imperial, a partir dos anos 1870, mostrava se incapaz de atender às novas aspirações de uma sociedade que se transformava e se modernizava.

As transformações econômicas e a urbanização promoveram profundas mudanças sociais e geraram aspirações e interesses diferentes dos tradicionais.

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Os meios de transporte evoluíram com as ferrovias e as navegações a vapor. No Oeste Paulista, as fazendas de café adquiriam caráter de empresa, com os proprietários mecanizan- do a produção e tornando as mais dinâmicas. Algo parecido ocorreu também com algumas regiões açucareiras, onde os velhos engenhos foram substituídos por usinas de instalações mais modernas. A população brasileira cresceu de forma assustadora, passando de três mi- lhões em 1820 para mais de 14 milhões em 1880.

O capitalismo industrial se esboçava finalmente no Brasil, com o número de indústrias pas- sando de 150 para 600 em dez anos.

A diversificação da economia criava a perspectiva de ampliação de capitais em setores da indústria, ferrovias e estabelecimentos bancários, já que a agricultura deixava de ser o único pólo de atração aos investimentos.

Com todas essas transformações na economia, na sociedade e em todas as áreas da popu- lação, fica claro que o ultrapassado governo monárquico precisava ser substituído por uma forma de governo mais moderna que impulsionasse o crescimento econômico do país.

A população cada vez mais apoiava as novas idéias republicanas, e todos os grupos de elites tradicionais (que tinham sido o suporte da monarquia) começavam a se inclinar para uma mudança do governo, para a adoção da República como forma de governo.

Do mesmo modo que as pessoas foram às ruas para conseguirem a abolição, agora os republicanos faziam ampla propaganda do novo mo-do de governo e com tudo isso o Império ia cada vez ficando mais enfraquecido.

Em síntese, a crise do Império se deve a uma serie de fatores que, interagindo, levaram a mudança de regime:

• as transformações ocorridas na sociedade brasileira na segunda metade do século XIX;

• a decadência da aristocracia tradicional;

• aparecimento de uma nova aristocracia cafeeira mais dinâmica, moderna, rica e poderosa, cuja intervenção política nacional conduziu o país ao regime republicano;

• a apatia do governo imperial no atendimento às aspirações das diferentes camadas sociais que exigiam mudanças significativas; e

• a Questão Militar, a Questao Religiosa e a abolição da escravatura.

A QUESTÃO RELIGIOSA

A Constituição outorgada em 1824 oficializava o catolicismo como religião de Estado. Contudo a Igreja ficava submetida ao controle do Estado.

A Questão Religiosa, latente desde a década de 1820, explodiu nos anos 1870, quando o episcopado brasileiro resolveu reagir contra o padroado e o beneplácito.

O padroado era uma instituição que dava ao imperador o direito de intervir na nomeação de elementos do clero para ocupar os cargos eclesiásticos mais importantes; o beneplácito era uma instituição que dava direito ao imperador de vetar as decisões vindas do papa.

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Em resumo, as decisões vindas do papa só tinham validade se fossem aprovadas pelo imperador.

Em 1864 o papa proibiu as relações entre católicos e maçons, mas o imperador não gostou da decisão do Vaticano e a ignorou; em 1873 dois bispos (de Olinda e de Belém) resolveram fechar todas as irmandades religiosas que não expulsassem os maçons de lá nas províncias de Pernambuco e do Pará. O governo imperial mandou prender os dois bispos durante quatro anos.

Assim, com este fato estava abalada a relação entre Império e Igreja (uma das bases da Monarquia) e o clero começou a apoiar o movimento republicano.

A QUESTÃO MILITAR

Com a Guerra do Paraguai o Exército brasileiro começava uma nova fase de modernização e politização de uma instituição que até então era marginalizada e sujeita ao descaso das autoridades civis. Vitorioso em terra, o Exército adquiriu uma nova consciência política que o transformou num notável instrumento de defesa do abolicionismo e das idéias republicanas, e o levou a confrontar frontalmente o regime monárquico que o desprezava e o menospreza- va, pensando até em neutraliza 10 após a guerra.

Os incidentes com o Exército começaram quando em 1883 o tenente coronel Sena Madureira se pronunciou, através da imprensa, contra um projeto de lei que reformava o Montepio Militar. A partir disso, os militares foram proibidos de se manifestar publicamente. No ano seguinte, Madureira foi exonerado por ter apoiado movimentos abolicionistas.

Outros incidentes com oficiais do Exército em oposição ao governo Imperial continuaram acontecendo como, por exemplo, a destituição do Marechal Deodoro da Fonseca, que era pres- idente do Rio Grande do Sul, por não ter punido outros militares que se manifestavam contra as atitudes do governo.

Todos estes fatos fizeram com que o Exército virasse uma instituição totalmente republicana e que tempos depois proclamasse a República.

MÓDULO III – 8º ANO

A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA

Com todos estes incidentes o Império cada vez mais se fragilizava, perdendo suas principais bases o Exército e a Igreja a proclamação da República já era inevitável.

A República era um desejo coletivo que unia no mesmo ideal republicano, as classes medias e seus segmentos mais importantes o Exército e o clero, aristocratas antiescravistas e co- nhecidos escravocratas descontentes com a abolição sem indenização.

Civis e militares articulavam o movimento republicano e Deodoro da Fonseca começava a chefiar o movimento. O Golpe Militar que instalaria a República seria feito no dia 20 de novem- bro, mas como surgiam boatos que as forças imperiais prenderiam Deodoro e Benjamin Constant o movimento foi antecipado.

E, no dia 14 de novembro, à noite, Deodoro reuniu suas tropas e resolveu dar o golpe logo que amanhecesse; assim, nas primeiras horas do dia 15 de novembro de 1889 Deodoro da Fonseca invadiu o Ministério da Guerra e deu o golpe militar. Na tarde do mesmo 15 de novem- bro, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, foi feita a solenidade da Proclamação da República. A monarquia estava definitivamente liquidada sem derramar nenhuma gota de sangue.

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MÓDULO HISTÓRIA - Ensino Fundamental Módulo III - 8º ano

O BRASIL REPUBLICANO

Logo após a proclamação da República foi instituído um Governo Provisório que foi confia- do ao Marechal Deodoro da Fonseca, que tomou de início algumas providências. Podemos destacar entre elas, as seguintes:

A transformação das províncias em Estados. Cada um deles com direi-to a ter sua própria Constituição.

O banimento da família real. O governo expulsava a família real e, ao mesmo tempo, doava a ela 5 mil contos de réis. Curiosamente o impera-dor D. Pedro II não aceitou doação feita pelos novos governantes.

A separação entre Igreja e Estado. A Igreja não era mais obrigada ao Estado como aconte- cia no tempo do Império. Declarou se a liberdade de todos os cultos religiosos e criou se o re- gistro de nascimento e o casamento civil obrigatório. Os cemitérios foram secularizados, isto é, passaram do controle da Igreja para as autoridades municipais.

A grande naturalização. Por essa lei os estrangeiros residentes no Brasil passaram a ser cidadãos brasileiros. Os que não quisessem tornar se brasileiros teriam um prazo de seis meses para reclamar sua antiga cidadania.

A criação do Distrito federal. Localizado no Rio de Janeiro, o Distrito federal passou a ser a capital da República.

A adoção do Hino Nacional e a substituição da bandeira imperial pela bandeira republicana. Nessa nova bandeira, por sugestão do então ministro da Guerra, Benjamin Constant, foi inscrito o lema: "Ordem e Progresso".

Com essas primeiras medidas, o governo provisório procurou garantir a instalação da República no Brasil.

A REFORMA FINANCEIRA E O ENCILHAMENTO

Rui Barbosa, o ministro da Fazenda do governo provisório, acreditava que o Brasil só con- seguiria se desenvolver se quisesse se industrializar. Por isso, logo que assumiu o ministério, pôs em prática uma política cujo objetivo era a expansão da indústria no país.

Uma das suas primeiras medidas foi aumentar os impostos sobre os produtos estrangeiros, com o objetivo de incentivar e de proteger os produtos fabricados no Brasil.

Além disso, Rui Barbosa autorizou quatro bancos, situados em diferentes pontos do país, a emitir dinheiro e a conceder empréstimo à indústria.

A intenção era que esse dinheiro, garantido pelo governo, fosse usado na criação de novas empresas e no pagamento aos trabalhadores assalariados, cujo número vinha aumentado muito desde a abolição legal da escravatura.

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MÓDULO HISTÓRIA - Ensino Fundamental Módulo III - 8º ano

A reforma financeira de Rui Barbosa, porém, não teve o sucesso esperado, pois a emissão descontrolada de dinheiro por parte do governo provocou a desvalorização da nossa moeda, a alta geral dos preços das mercadorias, gerando uma inflação e uma intensa especulação.

Ao perceber que era fácil conseguir empréstimo e licença para montar uma empresa, muitas pessoas montaram “empresas fantasmas, isto é, empresas que só existiam no papel. A seguir mandavam imprimir ações dessas falsas empresas e vendiam na Bolsa de Valores. Passando de mão em mão, as ações iam subindo de preço e enriquecendo esses especuladores.

Alguns meses depois, os acionistas descobriram que a maior parte de suas ações eram de firmas que sequer existiam. Ao correr para vende lá, percebiam que tinham nas mãos uma grande quantidade de papeis sem nenhum valor.

Com isso, muitos pequenos investidores perderam todo seu dinheiro para especuladores, e muitas firmas, que tinham existência real faliram.

Com a crise, os cafeicultores passaram a dirigir duras críticas ao ministro da Fazenda. A principal razão dessas críticas era evidente: Rui Barbosa incentivava a indústria ao invés de apoiar a cafeicultura.

Os adversários da política voltada para a indústria, de Rui Barbosa, passaram a chamar a crise de encilhamento.

A origem desse nome é que o local das apostas no Jóquei Clube do Rio de Janeiro era ao lado do lugar onde os cavalos eram encilhados, ou seja, onde recebiam os arreios para poder correr. A barulheira que se ouvia nesse local era semelhante à. que acontecia na Bolsa de Valores na hora do fechamento dos negócios.

Por isso, a crise provocada pela reforma financeira de Rui Barbosa foi chamada de enci- lhamento. Com essa expressão, os jornais da época estavam querendo dizer que o ministro da Fazenda estimulara a jogatina, a especulação e a febre do enriquecimento fácil.

CONSTITUIÇÃO DE 1891

Ainda durante o governo provisório do marechal Deodoro da Fonseca, foi promulgada a segunda Constituição do Brasil sendo a primeira republicana.

Tendo como modelo a Constituição dos Estados Unidos, ela definia o Brasil como uma República Federativa, representativa e presidencialista.

Por essa Constituição eram três os poderes da República: Executivo, Legislativo e Judiciário, desaparecendo dessa forma o poder Moderador, que foi exercido pelo imperador durante toda a fase da Monarquia.

Essa Constituição estabeleceu que o voto passava a ser universal masculino: todos os brasileiros maiores de 21 anos e alfabetizados podiam votar. Os mendigos, os analfabetos, os militares de patentes inferiores a oficiais, os religiosos de ordens monásticas, como monges, frades e freiras e as mulheres não tinham direito de voto. Calcula se que na época apenas 6% dos brasileiros votavam.

Esse início do novo regime foi muito confuso e ocorreram vários movimentos populares.

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MÓDULO HISTÓRIA - Ensino Fundamental Módulo III - 8º ano

1 - MOVIMENTOS POPULARES NO INÍCIO DO SÉCULO: A REVOLTA DA VACI- NA E A REVOLTA DA CHIBATA

A REVOLTA DA VACINA

Com a República, a condição social da população não melhorou tanto como se esperava, e logo as críticas ao governo apareceram. As camadas populares, descontentes com o alto custo de vida e com os problemas de moradia, pois mal tinham onde morar, em contraste com as residências da elite e com as grandes obras públicas negavam se a tomar a vacinação obri- gatória, instituída por Oswaldo Cruz, com o objetivo de acabar com as doenças endêmicas.

O descontentamento generalizado levou a explosão da revolta popular em novembro de 1904. Durante vários dias, a cidade do Rio de Janeiro tornou se um campo de batalha. Inicialmente somente um quebra quebra, posteriormente, a revolta adquiriu proporções gigan- tescas com centenas de mortes em ambos os lados.

A luta popular acabou virando uma revolta militar. Os líderes da revolta viam na oportu- nidade uma chance para derrubar o presidente Rodrigues Alves. Sob o comando de Lauro Sodré, Silva Travassos e Olímpio da Silveira os revoltosos travaram sangrentos combates con- tra as forças do governo e acabaram derrotados pela polícia do governo que cometeu inúmeros espancamentos, prisões e assassinatos.

REVOLTA DA CHIBATA

Apenas alguns dias separaram a posse de Hermes da Fonseca da eclosão da Revolta da Chibata.

Nessa época, os soldados da Marinha eram recrutados à força e eram em sua maioria filhos problemas, desclassificados, criminosos, mas também países de família. Aos negros e mulatos era vedada à participação da Marinha e o estudo nos colégios Navais.

Aos marinheiros, indiferentemente de sua origem, reservavam-se violentos castigos corpo- rais pelas faltas disciplinares cometidas. A "chibata", feita com uma corda de linho e atraves- sada por agulhas de aço, era a forma de castigo mais comum. A moda da chibata foi sem dúvi- da a desencadeadora do movimento, além dos maus tratos, do trabalho árduo, dos baixos salários, da concessão das baixas, da péssima alimentação, etc.

Depois de presenciarem a aplicação do açoite no marinheiro Marcelino Rodrigues, que havia sido condenado a 250 chibatadas, os marinheiros do ancoradouro Minas Gerais, sob a liderança de João Cândido, se debelaram e mataram alguns oficiais que reagiram ao movi- mento.

O navio Minas Gerais, o São Paulo e outros que estavam ancorados, sob a liderança de João Cândido apontaram os canhões de seus navios em direção da cidade do Rio de Janeiro e entre- garam um ultimatum para o governo exigindo o fim o chibata e dos castigos corporais, diminuição da jornada de trabalho e melhoria dos salários; caso contrário, a cidade seria bom- bardeada.

As exigências dos marinheiros foram atendidas, mas passada a rebelião, as autoridades voltaram a cometer as mesmas atrocidades até que os revoltosos iniciaram uma nova rebelião destruindo toda a Ilha das Cobras e causando a morte de centenas de pessoas.

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2 - PERÍODOS TOTALITÁRIOS: O ESTADO NOVO, E A DITADURA IMPLANTA- DA PELO GOLPE MILITAR DE 1964

O ESTADO NOVO

Como o mandato de Getúlio Vargas terminaria em 1937, teve início a campanha eleitoral para a sucessão presidencial, para a qual se apresentaram três candidatos: o ex-governador de São Paulo, Armando Sales de Oliveira, pela ANL; o escritor pernambucano José Américo de Almeida, aparentemente apoiado pela presidente, e o líder integralista Plínio Salgado.

Getúlio, todavia, não se mostrava disposto a deixar a presidência e, juntamente com dois chefes militares, generais Eurico Gaspar Dutra e Góis Monteiro, arquitetou um golpe de Estado. A intenção do presidente era conseguir o apoio de setores sociais temerosos com o avanço da esquerda.

Para isso, fez se circular uma história segundo a qual os comunistas planejavam tomar o poder, assassinar as principais lideranças políticas do país, incendiar as igrejas, desrespeitar lares, etc. O plano que vinha assinado por um desconhecido, chamado Cohen, era, na verdade, uma farsa: o Plano Cohen fora forjado por alguns militares integralistas, desejosos da insta- lação de um regime ditatorial de direita.

A suposta ameaça comunista, no entanto, garantiu mais uma vez a prorrogação do estado de sítio. Muitos opositores foram presos e a imprensa sofreu violenta censura. O êxito do piano de Vargas completou se em novembro de 1937, quando, usando a polícia militar, deter- minou o fechamento do Congresso Nacional, suspendeu a realização das eleições presidenci- ais, extinguiu os partidos políticos e outorgou uma nova constituição. Inaugurava se, nesse momento, o período ditatorial de seu governo, chamado de Estado Novo.

A Constituição, outorgada imediatamente após o golpe, havia sido elaborada por Francisco Campos e inspirada na constituição fascista da Polônia, chamada por isso de "Polaca". Nela, o poder político concentrava se completamente nas mãos do Presidente da República, a autori- dade suprema do Estado, eliminando o Legislativo e subordinando o Judiciário.

A ditadura de Vargas apoiava se, ainda, no controle sobre a imprensa. Para isso criou se o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), encarregado da censura em jornais e em todos os outros meios de comunicação, além da divulgação de uma imagem positiva do Estado Novo, influenciando a opinião pública. Nesse período começou a ser transmitido a "Hora do Brasil", pela rede nacional de rádio.

Para controlar o aparelho do Estado foi criado o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), o qual assumiu o comando sobre a administração e o setor público. No nível estadual, Vargas impunha os interventores e proibia a utilização de bandeiras, hinos e outros símbolos que não fossem os nacionais.

Contra os opositores do regime, ampliou os poderes das polícias estaduais, especialmente da polícia política, comandada por Filinto Muller. Ocorreram milhares de prisões e maus tratos, sendo as torturas constantes. A própria eliminação de pessoas não era fato raro. Como em qualquer regime ditatorial autoritarismo e arbitrariedade andavam juntos um como continu- ação do outro.

No plano trabalhista, Vargas estabeleceu um rígido controle sobre os sindicatos, subme- tendo os ao Ministério do Trabalho e impondo lhes lideranças fiéis ao regime os chamados pelegos que amorteciam as pressões dos trabalhadores. Manteve ainda a sua política pater-

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nalista, concedendo novos benefícios trabalhistas, como o salário mínimo e a Consolidação das Leis do Trabalho, que até hoje regulamentam as relações entre patrões e empregados.

Com a extinção dos partidos políticos, os integralistas romperam com Vargas, tentando dar um golpe de estado em 1938, atacando o Palácio do Catete, a sede governamental. O presi- dente, sua filha Alzira Vargas e os guardas legalistas frustraram o golpe integralista recebendo os invasores de armas em punho, conseguindo derrotar os golpistas e derrotar os integralistas.

Durante o Estado Novo, a economia brasileira cresceu e diversificou se. Na agricultura, o governo obteve êxito na aplicação da política de valorização do café, com a queima dos exce- dentes e a fixação de taxas de exportação. Em outros setores da agricultura, o incentivo go- vernamental propiciou o aumento da produção e a diversificação dos cultivos.

A indústria teve um impulso considerável (principalmente na época da Segunda Guerra, de 39 a 45, com a substituição de produtos importados pelos nacionais.

O intenso apoio governamental estimulava a implantação de novas fábricas, a ampliação das já existentes e a montagem de indústrias de base, como a Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda (RJ).

Visando a obtenção de matéria prima para a indústria pesada, Vargas criou a Companhia Vale do Rio Doce. Surgiram assim grandes empresas estatais que garantiam o suprimento de produtos indispensáveis ao desenvolvimento das demais indústrias.

Preocupado ainda com o fornecimento de energia que movimentasse o parque industrial brasileiro, o governo criou o Conselho Nacional do Petróleo. O órgão deveria controlar a explo- ração e o fornecimento desse produto e seus derivados, explorando o primeiro poço petrolífero na Bahia em 1939.

O FIM DA ERA VARGAS

Mesmo antes da entrada do Brasil na Guerra, em 1943, as pressões pelo fim da ditadura intensificaram se. Em outubro desse ano, políticos e empresários de Minas Gerais publicaram o Manifesto dos Mineiros, em que exigiam a redemocratização do país. Pouco depois, Vargas estabeleceu a data para a realização de eleições gerais: dois de dezembro de 1945.

Até a derrota dos alemães, e conseqüentemente do totalitarismo em maio de 1945, efeti- varam se diversas conquistas democráticas, como a libertação dos presos políticos e o retorno dos exilados. Também surgiram novos partidos políticos para a disputa eleitoral entre os quais se destacavam a UDN (União Democrática Nacional); o PSD (Partido Social Democrático); o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e o PCB (Partido Comunista Brasileiro).

O fim da Segunda Guerra Mundial dividiu os movimentos de oposição: enquanto alguns exi- giam a deposição imediata de Vargas, outros acreditavam que a transição para a democracia deveria ser gradual tendo Vargas à frente; estes últimos receberam o nome de Queremistas.

Em 29 de outubro de 1945, porém, as Forças Armadas, lideradas pelos generais Góis Monteiro e Dutra, cercaram o palácio do Catete, e obrigaram Getúlio a renunciar à presidência. Em seu lugar assumiu o ministro do Supremo Tribunal Federal José Linhares, que garantiu a realização das eleições na data prevista, as quais foram vencidas por Eurico Gaspar Dutra.

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AS DITADURAS MILITARES

Jânio Quadros foi o quarto presidente da chamada República Democrática, que veio logo após a queda do Estado Novo, em 1945.

Jânio assumiu a presidência do Brasil em 1960 vencendo as eleições juntamente com João Goulart, como vice-presidente. Entretanto, os problemas financeiros que Jânio herdou dos governos anteriores, aliados a uma tentativa de estabelecer a autonomia do país no campo da política externa, desencadearam uma acirrada oposição ao seu governo, culminando na renún- cia do presidente após sete meses de governo.

Ranieri Mazzili presidente da Câmara dos Deputados, assumiu a chefia do Estado, pois o sucessor natural João Goulart, achava-se na China. Lideres da UDN e das Forças Armadas relu- taram empossar Jango, temendo que este tivesse feito alguma aliança com o bloco comunista em sua visita à China. A posse de Jango só ocorreu graças a intervenção do governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola. A aceitação de Jango só ocorreu mediante a aprovação de um Ato Adicional que estabeleceu o parlamentarismo no Brasil.

Em 1963 realizou se um plebiscito que determinou o retomo ao regime presidencialista. Neste ano, Jango procurou priorizar a política social, contrariando os interesses de diversas camadas dominantes. A aplicação de uma política de caráter social provocou descontenta- mentos que redundaram no golpe militar de 1964, o qual depôs Jango da presidência e instalou o regime Militar.

O Golpe de 1964 deu início a uma série de governos militares que permaneceram no poder até 1985. Durante esse período montou se uma nova ordem política, caracterizada, funda- mentalmente pela extinção das liberdades democráticas estabelecidas no período anterior. Progressivamente, organizou se uma estrutura política que levou o Presidente da República, além de representantes das Forças Armadas, a transformar se na autoridade absoluta do país. Esse modelo político deu ao Executivo amplos poderes, reduzindo a atuação do Legislativo e do Judiciário, transformados em poderes complementares e submissos. Ao mesmo tempo, os poderes estaduais e municipais perderam autonomia, passando a simples executores das ordens federais.

Assim, o regime militar, instalado no Brasil em 1964, caracterizou se pelo centralismo e pelo autoritarismo, recorrendo freqüentemente à repressão e à violência, a fim de se sustentar no poder.

Na área econômica, os governos militares ofereceram abertura de capital às empresas estrangeiras, ampliando a internacionalização da nossa economia. Esse processo foi acom- panhado de estabilização financeira, que durou até 1967, e de um crescimento acentuado, especialmente no período compreendido entre 1970 e 1973, que ficou conhecido como o perío- do do "milagre brasileiro".

A ditadura militar tinha a seu dispor a eficiência do serviço de propaganda, que buscava despertar o sentimento de patriotismo na população com slogans do tipo "Este e um país que vai pra frente", "Ninguém segura este país" ou "Brasil ame o ou deixe o". A repressão era o principal pilar de sustentação do militarismo, e muitos opositores foram exilados ou mortos.

Os governos militares encarregaram se de dar início a obras gigantescas, à custa de empréstimos externos que pouco retorno ofereceram ao país. É o caso da rodovia Transamazônica, da ponte Rio Niterói da usina hidrelétrica de Itaipu e da usina nuclear de Angra dos Reis.

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A partir de 1974, a economia nacional mergulhou numa profunda crise que determinaria o chamado processo de transição democrática.

As principais dificuldades econômicas associavam se ao crescimento obtido à custa do cap- ital estrangeiro. De um lado assistiu se a uma crescente concentração de renda; de outro, a dívida externa atingiu proporções inusitadas, obrigando o Brasil a pagar juros altíssimos e difi- cultando o crescimento econômico.

Completando o quadro, a partir de 1972, os países produtores de petró1eo passaram a ele- var os juros e o preço do produto, o que trouxe sérios problemas para o setor energético nacional.

No decorrer dos anos 1980, a qualidade de vida da população atingiu níveis baixíssimos. O modelo militar mostrava se ineficiente, à margem da crescente oposição. Tem início então o processo de abertura, que propiciou a redemocratização do país.

O GOVERNO DO MARECHAL CASTELO BRANCO (1964/67)

O governo de Castelo Branco se iniciou com o decreto de inúmeras prisões, intervenções em sindicatos e organizações populares, além de cassações de mandatos políticos. Decretou o Ato Institucional nº l (AI-1) que garantia ao Executivo amplos poderes, como o de cassar e sus- pender direitos de quem quer que fosse, aposentar funcionários civis e militares, decretar esta- do de sítio sem a autorização do Congresso, etc. Decretou também o AI 2, que estabelecia as eleições indiretas e extinção dos partidos políticos reduzindo os a duas organizações: a Arena e o MDB (oposição).

Na área econômica concretizou se o total alinhamento aos Estados Unidos. Castelo Branco congelou os salários, restringiu o credito e fez novas reformas que prejudicavam a população. Em 1967 foi substituído pelo marechal Costa e Silva.

O GOVERNO DO MARECHAL COSTA E SILVA

Com a posse de Costa e Silva, surgiram inúmeras manifestações contra o governo e contra a ditadura. No ano de 1968 foram constantes as manifestações estudantis, exigindo a rede- mocratização do país.

Diante do aumento das manifestações, acentuou se o processo de fechamento político e, em 13 de dezembro de 1968, foi decretado o AI 5.

O mais duro instrumento de repressão do governo militar, o AI 5, suspendia todas e quais- quer garantias constitucionais, dando ao presidente poder absoluto sobre os destinos da nação. Assim, grande parte da oposição acabava neutralizada e a repressão se tornava cada vez maior. Por motivo de doença, Costa e Silva deixou a presidência em 1969.

OS GOVERNOS MÉDICI, GEISEL E FIGUEIREDO

O governo Médici caracterizou se pelo “milagre econômico", já comentado neste tópico e tam- bém pela emenda constitucional que aumentava o tempo de mandato de quatro para cinco anos.

Geisel assumiu em 1974, na época em que a recessão aumentava a cada dia devido às dívi- das do "milagre econômico". Geisel deu desenvolvimento ao Pró-álcool que buscava explorar o álcool como fonte energética alternativa.

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O presidente Geisel também iniciou o processo de abertura política de forma gradual exigi- do por alguns setores da sociedade civil.

Dentro de seu processo de abertura, o presidente Geisel submeteu segmentos da linha dura, substituindo posições de comando do regime.

Frente ao crescimento da oposição, Geisel decretou, em 1976, a Lei Falcão, que limitava o acesso de candidatos ao rádio e a televisão, além de cassar os direitos políticos dos parla- mentares do MDB. Outra medida de força foi o Pacote de Abril, de 1977, estabelecendo o mandato presidencial de seis anos e mantendo as eleições indiretas. No final do governo, Geisel revogou o AI 5 e determinou a extinção da censura.

O General João Batista Figueiredo assumiu em 1979, e diante das pressões vindas de todos os lados e do aumento da crise econômica, não viu outra saída senão continuar com o proces- so de abertura política. Nesse sentido foi aprovada em 1980 a Lei da Anistia, aos presos e exi- lados políticos. Também foram extintos a Arena e o MDB, autorizando se assim a criação de novos partidos políticos. No final de 83, os partidos de oposição iniciaram a Campanha das Diretas Já que abriria caminho para o fim da ditadura militar.

3 – SEMANA DA ARTE MODERNA DE 1922

A década de 20 alvorece dentro de uma nova perspectiva estética. Além das profundas transformações econômicas e políticas decorrentes da Primeira Guerra Mundial o mundo oci- dental reconhecia uma autêntica revolução intelectual.

Para a jovem intelectualidade brasileira, influenciada pelas novas concepções artísticas como cubismo, dadaísmo, expressionismo, futurismo, surrealismo, etc; era fundamental romper com a estética tradicional. Esse "rompimento" ocorreu com a Semana da Arte Moderna, realizada no Teatro Municipal de São Paulo, entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922.

Ali se encontravam literatos como Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Mário de Andrade, Graça Aranha, Guilherme de Almeida; pintores como Di Cavalcanti e Anita Malfatti; escultores como Victor Brecheret e músicos como Villa Lobos e Guiomar Novaes.

Embora sob a influência das vanguardas européias pós impressionistas, aquela juventude intelectual brasileira assumia a posição de libertar nossa cultura dos velhos padrões europeus. Por isso mesmo, o movimento modernista de 22, além de ser uma manifestação intelectual e artística, foi um movimento político de contestação à ordem social vigente, na medida em que rompeu com a repressão ideológica dominante nas artes.

4 - A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E O PROCESSO DE SUBSTITUIÇÃO DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS NO BRASIL

Quando teve início a Segunda Guerra Mundial, em 1939, o Brasil adotou uma posição de neutralidade. Não manifestando o seu apoio nem aos Aliados (Inglaterra, França, União Soviética e Estados Unidos), nem aos países do eixo (Alemanha, Itália e Japão).

Essa posição garantiu ao Brasil vantagens comerciais e a obtenção de empréstimos junto aos países beligerantes, Porém, a pressão norte americana alterou a decisão do governo brasileiro que, em janeiro de 1942, rompeu relações com os países do eixo. A declaração de guerra veio em agosto do mesmo ano, quando os alemães afundaram navios brasileiros.

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A declaração de guerra aos países do Eixo implicou no envio de milhares de soldados para lutarem na Europa, em 1944, sob o comando do general Mascarenhas de Moraes. Além de uma esquadrilha da Força Aérea Brasileira, foram enviados soldados que compunham a Força Expedicionária Brasileira (FEB), as quais integravam o IV Exército Americano, comandado pelo general Clark. O Exército Brasileiro teve destaque na campanha da Itália, obtendo significativas vitórias em Monte Castelo, Castelnuevo e Montese.

A participação do Brasil na luta contra os regimes totalitários ditatoriais europeus acabou por enfraquecer as bases do Estado Novo, criando uma contradição entre o modelo brasileiro e os seus adversários. O Brasil lutava contra as ditaduras nazi-fascistas, pela liberdade, enquanto mantinha um regime ditatorial. Como conseqüência desta ação na Segunda Guerra, a oposição contra a ditadura de Vargas ganhou espaço, sendo realizadas diversas manifes- tações pela redemocratização do país.

No período da Segunda Grande Guerra, a indústria brasileira teve um impulso considerável. O início da guerra dificultava as importações, incentivando mais uma vez o processo de sub- stituição dos produtos importados pelos produtos produzidos aqui no Brasil. O Estado Novo foi um dos períodos que a indústria brasileira mais cresceu, principalmente pelo fator da Segunda Grande Guerra Mundial.

5 - O PROCESSO DE REDEMOCRATIZAÇÃO DO PAÍS APÓS O GOLPE MILITAR DE 1964: O MOVIMENTO DAS “DIRETAS-JÁ”

Entre os anos de 1968 e 1974, o regime militar chegou ao máximo do fechamento político, iniciando se, a partir de então, em função de grandes problemas socioeconômicos, o processo de abertura gradual do regime militar.

Um dos principais fatores que levou o Brasil para essa tão grave crise econômica foi à questão do petróleo.

Em 1973, os países produtores de petróleo resolveram triplicar o preço do produto. Essa nova realidade afetou sobremaneira o Brasil que importava cerca de 80% do petróleo necessário para a sua economia e por isso passou a esgotar as suas divisas em moeda estrangeira nessa importação.

O aumento do petróleo associado ao aumento de outras matérias-primas e insumos indus- triais atingiu frontalmente a balança comercial do Brasil e gerou um déficit de 8,2 bilhões de dólares no biênio 1974 75. O dito "milagre econômico" começou a naufragar.

Ao tomar posse em 1974 o presidente Geisel se deparou com uma inflação em processo de aceleração que pulou de 15% na época do milagre para cerca de 46% em 1976. Apesar dos esforços de Geisel, o presidente Figueiredo herdou uma inflação galopante, que foi além dos 200% em 1983, e uma situação econômica que foi além do que o país poderia suportar gerando a gigantesca recessão do início da década de 80. Com isso o regime militar acelerava o seu fim.

Todos esses fatores fizeram com que, nos governos Geisel e Figueiredo, fosse iniciado um processo de abertura política.

O governo de Figueiredo, não vendo outra alternativa, continuou com o processo de aber- tura política iniciada no governo Geisel diante da pressão de vários setores da sociedade. Nesse sentido foi aprovada, em 1980, a Lei da Anistia, aos presos e exilados políticos. Também foram extintos a Arena e o MDB e autorizada a formação de novos partidos políticos como o PDS (antiga Arena), o PMDB (antigo MDB), o PT, o PDT e o PTB.

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No final de 1983, todos os partidos de oposição encamparam a campanha pelas eleições diretas para presidente da República. Num movimento conhecido como Diretas Já, mobi- lizaram o país de norte a sul em manifestações que às vezes envolviam centenas de milhares de pessoas.

Em março daquele ano um deputado federal mato grossense chamado Dante de Oliveira

apresentou uma emenda que requeria o restabelecimento das eleições diretas para presidente e vice em 1985.

Enquanto a emenda de Dante de Oliveira tramitava pelo Congresso Nacional, a campanha ganhava as ruas, inicialmente sob a liderança do PMDB, e logo depois com o apoio de vários outros partidos.

Várias figuras políticas, líderes de partidos de oposição viraram grandes defensores do movimento, tais como Ulysses Guimarães, Teotônio Vilela, Tancredo Neves, Franco Montoro, Leonel Brizola e Luís Inácio Lula da Silva, entre outros.

A sociedade se empolgava e entusiasticamente aplaudia a campanha. Tudo fazia crer que as eleições seriam diretas. Contudo, a emenda não conseguiu alcançar os 2/3 dos votos necessários e foi rejeitada.

Apesar disso, o regime militar, diante de tanta pressão popular, exalava os seus últimos sus-

piros. Na convenção do PDS, que deveria escolher o sucessor do presidente, o candidato apoiado por Figueiredo, o coronel Mário Andreazza, foi derrotado por Paulo Maluf.

O PMDB, por sua vez, apresentava a candidatura de Tancredo Neves e formava com o

Partido da Frente Liberal (PFL) a chamada Aliança Democrática. O candidato a vice era José Sarney, ex-presidente do POS, do qual se tomou dissidente, e agora membro da Aliança Democrática.

Nas eleições indiretas de 1985, ocorridas no dia 15 de janeiro, foram eleitos pelo Colégio Eleitoral Tancredo Neves e José Sarney.

Com isso ocorre a transição do Regime Militar para a Nova República, uma nova fase na história do Brasil.

EXERCÍCIOS DE REVISÃO

21. “A primeira não passou de uma rebelião local contra os monopólios e a instalação das Casas de Fundição. A segunda, representou uma verdadeira tentativa de emanci- pação política, liderada por um grupo intelectual e pouco habituado a pegar em armas.

Ambas ocorreram na mesma região da colônia.” O texto refere-se, respectivamente, ao levante:

a) de Amador Bueno e à Inconfidência Baiana. b) dos Emboadas e à Inconfidência dos Suassunas. c) de Filipe dos Santos e à Inconfidência Mineira. d) dos Mascates e à Inconfidência do Rio de Janeiro

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22. “... foi uma das mais significativas revoltas sociais do Brasil. Teve a partici- pação das camadas pobres da população pernambucana e encerrou um período de intensa agitação social iniciada no período regencial ..."

O texto refere-se a:

a) Revolta de Beckman b) Guerra dos Mascates c) Revolução Praieira d) Guerra dos Emboadas

23. "Eu nasci no Brasil. Vós não ignorais a terrível escravidão que faz gemer nossa Pátria. Cada dia, se torna mais insuportável nosso Estado, depois de independência, porque os bárbaros portugueses..."

É um trecho da correspondência entre um estudante brasileiro no final do século XVIII e Jefferson, um líder da independência norte-americana. Deve estar mais rela- cionado com:

a) a expansão comercial pretendia pelos agricultores de Minas Gerais. b) a crise do colonialismo tradicional na chamada “Era das Revoluções”. c) a campanha de Portugal visando liberalizar a política no Brasil. d) o movimento para que os Estados Unidos colonizassem o Brasil.

24. Dentre as diversas lutas provinciais que marcaram o período regencial, a Revolução Farroupilha marcou, sem dúvida, um grande processo revolucionário.

Sobre ela é correto dizer que:

a) representou muito mais uma luta popular, que congregou a explorada região da bacia amazônica.

b) pretendeu organizar uma república, que deveria perdurar até a maioridade do imperador. c) lutou pelo rebaixamento de impostos e por uma liberalização que tornasse mais

competitiva a sua produção ligada à pecuária. d) avançou para o sertão através de pequenas tropas, envolvendo inclusive

escravos aquilombados.

25. No início da República, uma série de revoltas eclodem em diversas regiões, dentre as quais:

a) a Cabanagem, que ganhou destaque por seu caráter popular. b) o movimento de Canudos, marcado por características populares e messiânicas. c) a Praieira, fundamentada na busca de uma economia agrária. d) a Sabinada, exclusivamente intelectual.

26. "Os artilheiros permitiam-lhe atirar com os Krupp, inclusive com a Matadeira. Teotônio o recorda profetizando ‘Um cirurgião derrubará as torres de Canudos!’”

É um trecho de um autor fundamental da literatura latino-americana, falando sobre:

a) uma questão de limites entre Brasil e Bolívia. b) a disputa territorial da chamada região do Contestado. c) o levante social visto como messiânico que levou tropas federais a lutarem no interior

da Bahia, ao final do século XIX. d) as divergências entre comerciantes e agricultores, freqüentes no início da República.

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27. “Glórias a todas as lutas inglórias Que através da nossa História Não esquecemos jamais Salve os navegantes negros! As pedras pisadas no cais.”

Na música o MESTRE-SALAS DOS MARES, João Bosco e Aldir Blanc estão pre- stando homenagem à luta popular lembrando da revolta

a) do Contestado, ocorrida em área disputada por Santa Catarina e Paraná. b) da Armada, em 1892, contra o governo de Floriano. c) de Canudos, ocorrida no interior da Bahia. d) da Chibata, de 1910, contra os castigos corporais na Marinha.

28. A proclamação da República, no contexto brasileiro, decorreu de um conjun- to de fatores onde merecem destaque:

a) o maciço apoio que os republicanos receberam de diversos países europeus, inclusive com envio de tropas.

b) as propostas populares e as rebeliões ocorridas na corte. c) o avanço da cafeicultura, a crise do escravismo e a imigração. d) o retorno do algodão, o desemprego e a crise da borracha.

29. A criação do lema "Ordem e Progresso", as transformações das províncias em Estados e a separação da Igreja do Estado foram determinadas.

a) nas ordenações do Reino, notadamente, nas Filipinas. b) com a proclamação da República pelo Marechal Deodoro. c) na proclamação de nossa independência por D. Pedro I. d) no chamado Estado Novo chefiado por Getúlio Vargas.

30. No período entre-guerras, ganharam destaque vários regimes de extrema dire- ita, notadamente o nazismo alemão e o fascismo italiano.

A alternativa que melhor caracteriza aqueles sistemas lembra que eles:

a) buscaram uma postura seguidamente liberal e multipartidária, promovendo constantes debates.

b) colocaram os indivíduos em função dos interesses maiores do governo, sempre considerado como única autoridade da nação.

c) promoveram constantemente acordos entre diversas etnias conseguindo assim apoio internacional.

d) pretenderam manter uma tendência pacifista, na medida em que respeitaram os territórios alheios.

31. A chamada “Intetona Comunista” ocorreu:

a) em 1935 no governo de Getulio Vargas e foi facilmente debelada pelas forças fiéis ao presidente.

b) no segundo governo de Getúlio Vargas e nos idos de 1945. c) em 1935 no governo de Getúlio Vargas, mas foi dominada com dificuldades e após

sangrentos combates nas ruas do Rio de Janeiro e São Paulo. d) em outro governo e nada tem com Getúlio Vargas.

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32. A fase ditatorial de Vargas, entre 1937 e 1945, ficou conhecida como

a) Estado Novo. b) governo corporativo. c) governo nacional. d) governo constitucional.

33. A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial ocorreu, basicamente,

a) ao lado da Alemanha, tradicional aliada em questões militares. b) enviando tropas para que a Rússia pudesse avançar sobre Berlin. c) junto com exércitos americanos em campanha na Itália. d) auxiliando na barreira militar criada para evitar que Portugal fosse invadido.

34. Mesmo que, num primeiro momento, tenham aceito o Golpe de 1964, e um deles tenha chegado a ser ministro em época de ditadura, evoluíram rapidamente para posições democráticas, um se transformando em "Sr. Diretas" e outro, passan- do a assumir a defesa do empresariado mais nacionalista.

a) Carvalho Pinto e Marcos Freire. b) Ulysses Guimarães e Severo Gomes. c) Ranieri Mazzili e Teotônio Vilela. d) Carlos Lacerda e Arnon de Mello.

35. Violência, arbítrio, supressão de direitos políticos e das liberdades civis, são mar- cas de período ditatorial e que não devem ser esquecidas. Na fase entre 1964 e 1975, o governo que mais se caracterizou por essas atitudes foi exercido pelo general:

a) Humberto de Alencar Castello Branco, responsável pelo início das cassações. b) Ernesto Geisel, mencionado pela abertura gradual. c) Emílio Garrastazu Médici, da época conhecida como “milagre econômico”. d) João Baptista de Oliveira Figueiredo, da época da anistia.

36. O falecido político Tancredo Neves:

a) foi eleito pelo voto popular para Presidência da República, mas não chegou a tomar posse.

b) foi eleito pelo voto popular para Presidência, chegando a tomar posse e falecendo a seguir.

c) chegou a ser Primeiro Ministro em governo parlamentarista implantando em nosso país. d) exerceu vários cargos em sua vida pública, mas nunca foi Primeiro Ministro.

37. Apesar dos avanços obtidos com o "Estatuto da Mulher Casada", dentre os aspectos da lei que ratificam a condição de submissão da mulher ao marido está:

a) a obrigatoriedade de doação do sobrenome do marido no ato do casamento civil. b) o direito do cônjuge masculino negociar suas propriedades sem a anuência da esposa. c) a identificação do marido como “cabeça-do-casal”. d) a impossibilidade de a esposa iniciar um processo judicial sem o consentimento do marido.

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38. Os direitos naturais são aqueles que dependem

a) do cumprimento das leis. b) do merecimento do indivíduo. c) da própria condição humana. d) da legislação específica de cada país.

39. A Balaiada foi também um movimento popular no qual tivemos a participação de grande quantidade de escravos. Esse movimento ocorreu no estado:

a) do Maranhão b) do Pará c) da Bahia d) do Rio Grande do Sul

40. Essa Constituição modificou muitos aspectos da vida política do país, inclu- sive com a separação entre Igreja e Estado e a transformação das províncias em estados. Ela foi elaborada no governo de:

a) Getúlio Vargas b) Jânio Quadros c) D. Pedro I d) Deodoro da Fonseca

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USO E POSSE DA TERRA NO BRASIL

Até a chegada dos portugueses, o espaço brasileiro era propriedade dos indígenas, primeiros danas da terra, que a exploravam apenas no intuito de retirar o seu sustento.

O índio vive em contato permanente com a natureza: a floresta, os animais selvagens, a água dos rios e seus peixes. Por isso mesmo, conhece a natureza e sabe viver em equilíbrio com ela, sem destruí la. Conhece os hábitos dos animais, em que época dão cria, de que se alimentam, quando podem ser caçados. Conhece as plantas, as que fazem bem para a saúde e as que são venenosas. Dessa maneira, sabe viver em equilíbrio com a natureza, sem destruí la.

Mas com o início da ocupação a situação foi alterada e em pouco tempo os portugueses já dominavam quase tudo, estabelecendo divisões como a das Capitanias Hereditárias, que foi a base da grande concentração fundiária existente hoje.

l - A DESARTICULAÇÃO DAS COMUNIDADES INDÍGENAS COM A COLONIZAÇÃO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

Como já vimos em outro capítulo do nosso estudo, o contato com o elemento branco foi desastroso para os indígenas em todos os aspectos de sua vida.

O português tentou e muitas vezes conseguiu escravizar o índio, fazendo com que muitos deles fugissem para o interior, provocando a desarticulação da vida em comunidade e em várias situações contribuindo para o extermínio de tribos inteiras.

O elemento branco foi e continua sendo um grande inimigo do índio, pois à medida que não respeita sua cultura, contribui direta ou indiretamente para sua destruição.

Hoje, poucos conseguem manter ainda a cultura inicial, a ligação com seus antepassados e outros aspectos importantes para a sua preservação.

2 - A IMPLANTAÇÃO PELOS COLONIZADORES DA AGROINDÚSTRIA AÇUCAREIRA "PLANTATION"

Esse assunto também já foi focalizado no item 2. 1., mas vamos reforçar lembrando que na quarta década do século XVL a Coroa portuguesa, associada a burguesia mercantil, iniciou, pioneiramente, entre os Estados modernos, uma nova forma de utilização econômica das ter- ras americanas que não se assemelhava ao simples escambo, nem se baseava na extração de metais preciosos.

Para isso, ela preconizou a solução agrícola voltada para o mercado externo e passou a pro- duzir os bens que a demanda européia exigia.

Primeiramente, foi a produção do açúcar, em larga escala, aproveitando se ao máximo a disponibilidade da terra e de suas condições ambientais favoráveis, e depois, de outros gêneros agrícolas tropicais.

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A produção para o mercado externo acentuou se de tal forma que o historiador Caio Prado Junior, em 1942, chegou a ver nessa característica o sentido da colonização. "Se vamos à essência de nossa formação veremos que na realidade nos constituímos para fornecer açúcar, tabaco, alguns outros gêneros".

A lavoura canavieira se expandiu no Nordeste devido ao solo de massapé, que é excelente para o plantio da cana, e, principalmente, porque o Nordeste estava mais perto dos mercados consumidores da Europa.

Para os capitalistas que pretendiam empregar seu dinheiro na empresa açucareira, quanto mais perto estivessem os mercados consumidores, melhor, pois ficava mais barato transportar o produto e, conseqüentemente, os lucros seriam maiores.

Como em São Vicente não havia o solo ideal para a plantação da cana e a capitania estava muito distante dos mercados consumidores europeus, a empresa nordestina mostrou se mais lucrativa e interessante para os capitalistas. Por isso a em presa açucareira em São Vicente fracassou.

O crescimento da empresa açucareira, principalmente em Pernambuco e em menor escala na Bahia, transformou o Nordeste no centro de decisões políticas, sociais e econômicas da vida brasileira durante os séculos XVI e XVII.

Produzindo em larga escala para os mercados externos, a empresa açucareira brasileira se desenvolveu na grande propriedade monocultora, empregando principalmente mão de obra escrava negra, num típico sistema de plantation.

3 - PROBLEMAS GERADOS PELA CONCENTRAÇÃO DE TERRAS NO BRASIL, DA COLONIZAÇÃO ATÉ O MOMENTO ATUAL

A concentração de terras no Brasil é um problema que remonta ao início da ocupação por parte dos portugueses.

Quando da chegada da primeira expedição com finalidade de ocupar definitivamente a terra, não houve naquele momento nenhuma preocupação de como seria feita a divisão administrativa.

Somente quando da criação do sistema de Capitanias Hereditárias pelo rei D. João III é que ocorreu a primeira partilha das terras, aproveitando uma experiência feita nas ilhas do Atlântico.

Consistia esse sistema em confiar a capitães mores hereditários grandes extensões de terra nas quais passariam a desempenhar funções de governo. Caberia a eles não a propriedade simples das terras, mas o poder de distribuí-las em sesmarias, criar vilas, organizá-las de acor- do com a lei, fazendo eleger os vereadores, nomear os juízes superiores, cobrar os impostos e organizar a defesa contra os invasores estrangeiros.

A aparência desse sistema era a do feudalismo medieval. Mas a verdade é que os donatários não tinham poderes comparáveis aos existentes no feudalismo.

A concessão de terras era um modo de recompensar os feitos na conquista do Oriente e a oportunidade para boa aplicação dos recursos.

Os lotes tinham, na maior parte, cinqüenta léguas de costa. Cada donatário podia ir con- quistando as terras do interior até onde permitisse a chamada Linha de Tordesilhas.

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Por essas colocações fica bem claro que a forma como o Brasil foi ocupado inicialmente contribuiu para que até hoje tenhamos forte concentração de terras em mãos de uma minoria.

A agroindústria da cana de açúcar, a formação de grandes latifúndios, a mão de obra escra- va, foram também fatores importantes na atual distribuição.

A LEI DAS TERRAS DE 1850

A modificação fundamental provocada pela Lei de Terras foi que, a partir dela, a aquisição de terras devolutas passou a ser feita mediante a compra e não mais por doação. A criação desta nova lei foi conseqüência da desorganização em que se encontrava a questão da posse das terras e principalmente da exigência da camada dominante, formada pelos grandes fazen- deiros, visto que nesta época a cafeicultura já se encontrava em franca expansão e, portanto, necessitava de mão de obra. Por isso, era necessário disciplinar a questão da posse da terra e, principalmente, dificultar ao máximo a possibilidade do trabalhador adquiri-las. Desta maneira haveria mão de obra disponível para trabalhar nas fazendas.

Vale lembrar que a Lei de Terras foi criada no mesmo ano em que se decretou a proibição do tráfico negreiro. Isto quer dizer que os fazendeiros já anteviam o fim da escravidão e sua substituição pelo trabalhador imigrante europeu. Por favorecer amplamente o grande fazen- deiro em detrimento do trabalhador, a Lei de Terras nada mais fez do que reafirmar e estimu- lar a concentração fundiária, isto e, a tradição latifundiária do país.

PLANO NACIONAL DE REFORMA AGRÁRIA

Proposto em 1985 e assinado em 1987 pelo presidente José Sarney, esse plano tem sido até agora mais um engodo, visto que passados todos esses anos, constatamos uma grande dis- tância entre as propostas formuladas no início e sua execução até o momento.

A atual Constituição não propiciou nenhuma substancial alteração relativa à questão agrária e fundiária; apenas reiterou as principais propostas do Mirad (Ministério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário). O Brasil acabou entrando no século XXI sem conhecer uma ver- dadeira reforma agrária e com uma quantidade assustadora de camponeses sem terras.

Esse fato vem contribuindo para graves problemas no campo, com enfrentamentos entre camponeses e polícia.

Diante dessa situação, é oportuno lembrar o que disse o ex-presidente John Kennedy sobre o assunto: "Aqueles que tomam a reforma pacífica impossível tomam a mudança violenta inevitável".

3. 1. - OS MOVIMENTOS MESSIANICOS:

CANUDOS E CONTESTADO

Cangaceiros, jagunços, beatos, frutos de uma mesma realidade: a miséria nordestina.

O Nordeste, que já fora o centro econômico, político e cultural do país, transformou-se num palco árido e hostil onde os atores, sem perspectiva de vida decente, encontravam na formação de grupos de cangaceiros, ou ainda na liderança religiosa de um beato a válvula de escape.

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Os nordestinos pobres ou se aventuravam por esses caminhos ou ficavam submetidos à dominação dos prepotentes coronéis, sob um regime de semi-escravidão em latifúndios improdutivos e geradores de miséria, de fome, de tantas revoltas sociais.

É necessário fazer-se a distinção entre jagunços e cangaceiros. Os jagunços estavam a serviço do coronel para defender e ampliar as suas propriedades, garantir a vitória dos seus candidatos nas eleições e matar os adversários se preciso fosse. Os cangaceiros, ao contrario dos jagunços, atacavam as fazendas dos coronéis e espalhavam o terror entre os latifundiários.

Embora muitas vezes a violência dos cangaceiros se dirigisse contra os poderosos, ela cor- respondia mais a atitude de vingança pessoal e de revolta inconsciente e primitiva contra a miséria do que a uma luta que objetivasse conscientemente transformações sociais para todos. Ou seja, o engajamento no cangaço era uma forma de combater a miséria e extravasar a revolta da maneira mais primária, empregando a violência.

A natureza contribuía e ainda contribui com as suas secas para agravar os problemas do ser- tanejo nordestino, já por si só abandonado à própria sorte pelo governo central.

Uma dessas grandes secas começou em 1877 e se espalhou pelo sertão do nordeste, matan- do as criações, queimando os roçados, esturricando a terra e tomando-a imprestável a novos plantios, secando os rios e as cacimbas, matando os homens e animais pela sede e provocan- do o êxodo maciço de sertanejos, especialmente para o Amazonas, atraídos pelo ciclo da bor- racha e para São Paulo, devido à expansão cafeeira.

Nesse quadro sócio-econômico alterou-se o relacionamento entre o coronel e a sua clien- tela, isto é, entre o coronel e a massa de sertanejos que vivia em seu latifúndio prestando todo o tipo de serviço. Agora, sem recursos, o coronel não tinha mais o mesmo vigor para manter em sua dependência essa massa que, ou migrava, ou formava bandos de cangaceiros, ou se agrupava em torno de um líder religioso.

Foi nesse contexto que surgiu Antonio Vicente Mendes Maciel o Antônio Conselheiro, o maior líder sertanejo do Brasil e comandante do maior e mais importante movimento cam- ponês de luta pela posse da terra e de resistência à opressão dos latifundiários da historia brasileira: a Guerra de Canudos.

Esse homem qualificado de fanático, louco, monarquista, etc., foi, sem dúvida, o maior líder popular na história do continente americano.

Conselheiro nasceu em Quixeramobim, no Ceará, filho de pequeno comerciante. Casado aos 39 anos e separado anos depois, Antônio Conselheiro passou a levar uma vida atribulada e marcada por dificuldades financeiras até que resolveu deixar o Ceara e rumou para Pernambuco em 1871. Depois de longa peregrinação pelos sertões pernambucanos e sergi- panos, já acompanhado por um certo numero de fiéis, Conselheiro penetrou no sertão baiano, onde fixou se.

Àquela altura já era perseguido pelas autoridades por suas idéias e atos "subversivos" con- tra o governo republicano, por ter queimado em praça pública os editais com a cobrança de impostos e por ter dita coisas contra o Presidente da República. Conselheiro, perseguido pela polícia, resolveu se dirigir, junto com os seus fiéis, em direção a Canudos, fazenda abandona- da antes de sua chegada em 1893.

Ali ergueram a "cidade santa" de Belo Monte, refugio dos desprotegidos, dos errantes e perseguidos. O crescimento foi rápido e desordenado. Sertanejos e vaqueiros de várias regiões do Norte e Nordeste corriam para Canudos. Em 1896, ano em que se iniciou o confli- to, Belo Monte tinha mais de 30.000 habitantes.

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A criação de uma sociedade igualitária teria de provocar a reação dos grandes fazendeiros que viviam da exploração dos camponeses, à medida que estes iam deixando as fazendas para viver harmonicamente em Canudos. Os grandes latifundiários não poderiam permitir a prolif- eração das idéias de Conselheiro e, portanto, tinham de destruir Canudos.

A Igreja, por sua vez, embora Antônio Conselheiro em nenhum momento a tivesse atacado, se posicionou contra a comunidade, pois estava perdendo os seus fiéis, agora atraídos pelas pregações do beato.

Num relatório do arcebispo da Bahia, dois frades capuchinos que estiveram pregando na comunidade em 1895 afirmavam que Canudos não aceitavam as leis, não reconhecia as autori- dades e não aceitava a moeda da República.

A publicação do relatório provocou no Rio de Janeiro uma reacionária campanha política contra Canudos, que passou a ser acusado de anti-republicano e monarquista. Para o bem das "pessoas de bem" era preciso destruí lá.

A LUTA

O pretexto para a destruição de Canudos foi o embargo da entrega da madeira comprada por Antônio Conselheiro em Juazeiro para a construção da nova igreja. O autor do embargo foi o juiz daquela cidade, antigo inimigo do beato. Conselheiro ameaçou ir com seus homens até Juazeiro buscar a madeira.

Diante da ameaça, e temendo a invasão da cidade, o juiz solicitou ajuda militar ao gover- nador da Bahia, Luís Viana. O governador relutou, mas sob pressão política e militar enviou uma tropa de cem soldados para Canudos. A tropa foi surpreendida e derrotada pelos canudenses que empregaram contra os soldados táticas guerrilheiras de emboscada e de luta corpo a corpo.

A segunda expedição militar, composta por seiscentos soldados teve o mesmo fim: foi der- rotada pelos guerrilheiros, agora comandados por Pajeú um dos estrategistas que dividiam com Antônio Conselheiro o comando da comunidade.

Euclides da Cunha, jovem repórter enviado pelo jornal paulista O Estado de S. Paulo para cobrir as operações militares, assim descreveu os últimos momentos do conflito:

"Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a História, resistiu até o esgotamen- to completo. Expugnado palma a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao

entardecer, quando caíram seus últimos defensores, que todos morreram. Em quatro

apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosa-

mente cinco mil soldados. (CUNHA, Euclides da. Os sertões. 33.ed. Rio de Janeiro, p.407)

A repercussão da derrota atingiu em cheio os militares. Tomara se uma questão de honra militar derrotar Canudos, e para isso, organizar imediatamente uma nova e mais preparada expedição militar.

O vice-presidente Manuel Vitorino ocupava na época o lugar de Prudente de Moraes, licen- ciado por doença. Vitorino era um dos líderes da oposição ao presidente e designou um flori- anista, o coronel Moreira César, para comandar a terceira expedição militar que marchou com 1.200 homens.

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O próprio Antônio Conselheiro comandou a resistência. Chegando a Canudos, Moreira César marchou sobre Belo Monte com todos os seus homens numa grande ofensiva. Contudo a reação foi surpreendente: os soldados foram surpreendidos por uma fuzilaria que vinha de todos os lados.

Derrotados, os soldados empreenderam a retirada e a fuga desordenada, pois perderam todos os seus comandantes.

Todo o país se abalou com a derrota. Para surpresa da oposição, Prudente de Moraes reas- sumiu a presidência e ordenou ao Ministro da Guerra, o marechal Bittencourt, que assumisse o controle da ofensiva. Este, com 5.000 homens partiu em direção a Canudos.

A ordem era destruir Canudos. Em 5 de outubro de 1897, a comunidade tombava sob inten- so bombardeio de canhões.

GUERRA DO CONTESTADO

Numa vasta região de aproximadamente 48.000 quilômetros quadrados, hoje incorporada aos estados do Paraná e de Santa Catarina, que era disputada (daí o nome Contestado) pelos dois estados, ocorreu uma luta pela posse da terra entre os anos de 1912 e 1916, na qual, os "sem-terra" enfrentaram os coronéis locais e as forças militares e policiais que defendiam os grandes proprietários.

Nessa região, tradicionalmente conflitante, onde imperavam a miséria e o latifúndio, como acontecia no Norte e Nordeste do Brasil, também se organizaram movimentos religiosos mes- siânicos, com beatos sendo seguidos por centenas e às vezes milhares de fiéis.

As condições vigentes na área por esse tempo eram tensas, em decorrência tanto de con- flitos locais, na zona de Curitibanos, onde dois coronéis e respectivas clientelas se enfrentavam, como da expulsão de posseiros de terra e que vinham sendo ocupadas pela Brazil Railway e pela Southem Tumber Brazil & Colonisation.

Essas duas empresas, financeiramente ligadas ao grupo dirigido por Percival Farguhar, obtiveram amplas concessões territoriais no planalto catarinense. A primeira delas, tendo con- tratado a construção do trecho ferroviário que liga União da Vitória a Marcelino Ramos (ligadas em 1908), tomou se proprietária, por força do mesmo contrato, de uma faixa de 15 quilômet- ros de cada lado do traçado da estrada, de onde passou a expelir os ocupantes. O mesmo ocor- reu, a partir de 191 l, nos 180 mil hectares obtidos pela Lumber, sua subsidiária, que instalou em plena região contestada suas serrarias, expulsando posseiros e arruinando pequenos madeireiros.

Em 1912 centenas de sertanejos e o beato José Maria rumaram para Taquaraçu, onde seria realizada a festa do Bom Jesus; ali ficavam os escritórios da Brazil Railway.

Depois de terminados os festejos, os sertanejos ficaram agrupados para ouvir os sermões do beato. Aquela concentração de esfomeados numa região onde eram costumeiros os movi- mentos políticos contra a Brazil Railway foi taxada, pelo chefe político local, de subversiva e monarquista. As tropas solicitadas dispersaram a multidão.

Mais tarde, num enfrentamento morreu José Maria, os seguidores do beato se organizaram e voltaram a Taquaraçu, transformando o num grande centro de luta.

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Em fins de 1913, as forças repressivas compostas por tropas do Exército, da Força Pública de Santa Catarina e por jagunços a serviço dos coronéis atacaram Taquaraçu, sendo repelidas pelos rebeldes.

A luta pela posse da terra que envolveu milhares de soldados e cerca de 50.000 sertanejos, na maioria posseiros que haviam sido expulsos da terra por fazendeiros e companhias colo- nizadoras, ganhavam dimensões alarmantes.

Para as autoridades, aqueles “fanáticos monarquistas' que pregavam o fim da República e a criação de um” Reino Milenarista" (monarquia), e que diziam que a monarquia é o reinado da paz e prosperidade, tinham de desaparecer.

As tropas oficiais comandadas pelo general Setembrino de Carvalho, auxiliadas pela polícia e por jagunços, destruíram várias "Vilas Santas" e outros redutos rebeldes, usando equipa- mentos moderníssimos, inclusive aviões de bombardeio. Depois disso apenas alguns grupos prosseguiram as guerrilhas, até o início de 1916, quando morreu Adeodato, o último líder.

3.2. - O ACIRRAMENTO OS CONFLITOS NO CAMPO: AS OCUPAÇÕES E OS CONFLITOS ENTRE POSSEIROS, TRABALHAORES SEM TERRA, PROPRI- ETÁRIOS E POVOS INDÍGENAS.

A política fundiária ineficiente, aliada as péssimas condições de vida do homem do campo, fez com que nas últimas décadas muitos movimentos surgissem, lutando por melhores condições de vida.

Atualmente em função do descaso do poder público em administrar uma reestruturação da política, da produção, das relações de trabalho agrário e da estrutura fundiária, os posseiros estão altamente organizados no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Para invasão, são escolhidas fazendas improdutivas, que se encaixam nos pré-requisitos constitu- cionais da realização da reforma agrária.

Algumas áreas de assentamento deram certo e prosperaram bastante, enquanto as invasões desorganizadas, realizadas em áreas desprovidas até mesmo de infra-estrutura que permita o escoamento da produção, fracassaram. Na maioria dos casos, as invasões causam sérios conflitos e mortes entre os lavradores, a polícia e os jagunços, que são os capangas armados a serviço de fazendeiros.

Os indígenas, que também são vítimas de una política cruel, demoraram muito a se organizarem.

Essa organização, que teve um começo tímido nos anos 80, passou a se impor de forma organizada e em nível nacional. A grande novidade foi o surgimento de organizações regionais com caráter amplo e diferenciado, como o FOIRN (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro), que engloba cerca de 20 organizações indígenas.

Uma novidade é a organização por categoria, como professores, mulheres, agentes de saúde. Assim há o Grumin (Grupo Mulher Educação Indígena), no Rio de Janeiro.

Outras organizações vão surgindo no sul do país e em estados do Nordeste, como o grupo de Mulheres Bordadeira Xokó, em Sergipe.

Um levantamento feito em novembro de 1992, pelo setor de documentação do Cimi, re- gistrou cerca de 100 entidades indígenas em todo o Brasil.

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Hoje, temos o CAPOlB (Conselho de Articulação dos Povos e Organizações Indígenas no Brasil), que foi fundado em 1992, com a presença de 350 lideranças, representando 101 povos diferentes.

O CAPOIB é dirigido por uma Comissão Executiva, formada por representantes de cinco regiões: Sul, Leste, Nordeste, Centro Oeste, Maranhão e Pará, e Amazônia. Por sua vez, essa comissão e acompanhada e avaliada por uma comissão coordenadora, representada por 12 organizações regionais.

Embora essas organizações só tenham surgido quando os indígenas já haviam sido grande- mente dizimados, é muito importante que pessoas se levantem na tentativa de preservar esse grupo tão importante no nosso país.

3.3. - A NECESSIDADE DAS DEMARCAÇÕES DAS TERRAS INDÍGENAS PARA SUA SOBREVIVÊNCIA FÍSICA E CULTURAL

A Constituição de 1988, apesar de suas limitações, garante importantes conquistas para os povos indígenas, fruto de uma pressão direta de suas lideranças e do trabalho discreto, mas eficiente dos grupos de apoio.

Eis os pontos mais importantes que precisam ser postos em prática:

Pertencem aos povos indígenas as terras tradicionalmente por eles ocupadas, isto é, as que são usadas para sua sobrevivência física e cultural;

Estas terras deverão ser demarcadas num prazo de cinco anos;

As terras indígenas não poderão ser vendidas ou negociadas, e toda e qualquer ação neste sentido e considerada nula;

Os povos indígenas têm o direito de serem alfabetizados em sua própria língua e segundo o seu mo do tradicional de aprendizagem;

- Os povos indígenas têm o direito de viver segundo sua maneira de ser, seus cos- tumes, língua, crença e tradições, e o governo incentivara e apoiara todas as suas mani- festações culturais;

- O ensino de História do Brasil deverá mostrar a importância e a contribuição das diferentes etnias e culturas na formação do povo brasileiro;

As riquezas do solo das terras indígenas, como madeira, animais, plantas, assim como os rios, e de uso exclusivo dos povos indígenas.

Mas, um dos pontos mais importantes, continua sendo a demarcação das terras indígenas, para que os diversos grupos possam ter segurança e preservar toda a sua cultura.

3.4. - O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO E A EXPULSÃO DOS TRABA- LHADORES RURAIS: O ÊXODO RURAL; OS BÓIAS FRIAS

O processo de industrialização em todo o mundo foi responsável pela saída de um grande numero de pessoas que pensavam que nas cidades teriam uma vida muito melhor. Esse fato ocorreu desde o início da Revolução Industrial na Inglaterra.

No Brasil, esse fenômeno está diretamente relacionado ao desenvolvimento econômico do pós-guerra, mas é precisamente na década de 60 que a população experimenta uma maior saída em direção às cidades.

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Na segunda metade do século XX, os países mais atingidos pelo êxodo rural foram os subde- senvolvidos, principalmente os industrializados, como o Brasil o México, a Coréia do Sul e outros.

No caso do Brasil basta dizer que no período 1940/1980, a população rural diminuiu de 69% para 31 %.

Em números absolutos, o contingente de brasileiros que vivem em cidades passou de 12 milhões de pessoas em 1940 para 153 milhões em 2007, um aumento de doze vezes em menos de sete décadas.

Como os diversos setores de atendimento às necessidades da população urbana, como escolas, hospitais, moradia, empregos, saneamento básico, etc., não cresceram na mesma pro- porção, as cidades se transformaram em um verdadeiro caos. Favelas, cortiços, esgotos a céu aberto, criminalidade, desemprego, subemprego e outros problemas mais, evidenciam a dete- riorização das cidades brasileiras.

O campo também sofreu o impacto dessas mudanças e como já vimos em outro capítulo, fez surgir um tipo também dessas mudanças e como já vimos em outro capítulo, fez surgir um tipo também grandemente explorando e exposto a uma vida muito difícil, que é o bóia fria.

3.5. - AS COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBOS: NECESSIDADE DE LEGALIZAÇÃO DE SUAS TERRAS PARA SUA SOBREVIVÊNCIA FÍSICA E CULTURAL

Os quilombos foram, sobretudo, uma reação coletiva dos negros africanos. Eles surgiram por toda parte onde imperou a escravidão: Alagoas, Sergipe, Bahia, Pernambuco, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.

O mais conhecido pelo seu nível de organização e pela resistência que impôs ao branco, foi sem dúvida, o quilombo de Palmares, situado no atual Estado de Alagoas.

Esse quilombo surgiu em 1630, com 40 negros, e cresceu tanto que seus habitantes chegaram a praticar o comércio com os moradores vizinhos, trocando produtos da terra, obje- tos de cerâmica, peixes e animais de caça por produtos manufaturados, armas de fogo e fer- ramentas. Seus mocambos chegaram a se estender por 27 mil quilômetros quadrados.

A destruição final do último reduto, a Cerca Real dos Macacos, ocorreu em 1695 e coube à expedição chefiada pela bandeirante Domingos Jorge Velho.

Contudo, Zumbi o chefe dos Palmares, considerado "imortal" pelos negros de fora do quilombo, morreu somente dois anos depois vitima de emboscada e traição.

Todavia, a repressão e a violência utilizadas como exemplos foram inúteis, pois mesmo em Alagoas, dois séculos depois, surgiram os papa méis, negros herdeiros das tradições dos Palmares, que fugiam das fazendas e se reuniam nos matos, atacando, em incursões de sur- presa, vilas e povoados, assaltando fazendas, armando emboscadas nas estradas para sur- preender viajantes e forças de perseguição.

Existem hoje, em várias regiões distantes das cidades, núcleos remanescentes dos antigos quilombos, vivendo numa situação de pobreza e completamente marginalizados.

Esse povo precisa que sejam resgatados seus valores, sua luta e a não aceitação da escravidão.

No Brasil onde se fala muito de uma democracia multirracial ainda temos de vencer muitos obstáculos para que isso seja uma realidade.

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MOMENTOS SIGNIFICATIVOS NO CENÁRIO MUNDIAL NO SÉCULO XX

1 – A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

Desde o Tratado de Frankfurt em 1871, no final da guerra Franco Prussiana, que a França aspirava uma revanche. Esperava vingar se da humilhante derrota e recuperar os ricos ter- ritórios da Alsácia Lorena. Nesse momento, a Alemanha de Bismark se unificara, oficializando a criação do Segundo Reich alemão em território francês, no Palácio de Versalhes.

Apossando se das ricas regiões da Alsácia Lorena, a Alemanha viveu um enorme progres- so econômico, ameaçando crescentemente a tradicional hegemonia britânica. Fortalecida, a Alemanha pressionou por uma nova redivisão colonial com uma nova partilha da África e da Ásia, por uma nova ordem internacional, na qual lhe coubessem áreas de domínio que aten- dessem as suas ambições econômicas.

Com o sonho alemão de ter uma grande porção do mundo colonial do início do século, a Inglaterra começou a se sentir fortemente ameaçada e a partir daí criou se uma grande rivali- dade entre estas duas nações. Para alguns ingleses a Alemanha precisava ser destruída antes que colocassem em risco o seu vasto patrimônio colonial.

Além de criar um forte antagonismo com a França e com a Inglaterra, a Alemanha começou a arrumar confusão com a Rússia, já que o projeto alemão de construir a ferrovia Berlim Bagdá, que conduziria os alemães para o Oriente Médio, região riquíssima em petróleo, teria de passar pelo Império Turco Otomano, região para onde a Rússia desejava se expandir. O Império Turco Otomano não gostando da idéia acabou por se tornar inimigo da Rússia.

O agravamento das relações internacionais foi acompanhado da formação de dois grandes blocos político militares. Afinal já ficava claro que a guerra era um acontecimento muito provável com todas as tensões existentes na Europa.

As primeiras alianças foram arquitetadas pelo chanceler alemão Bismark. Ciente de que a qualquer momento a França poderia partir para uma revanche contra o seu país e reconquis- tar a Alsácia Lorena, Bismark decidiu isolá-la diplomaticamente.

Num primeiro momento, a Alemanha aliou se ao Império Austro Húngaro, com o qual tinha estreitos laços culturais; posteriormente, cortejou e conseguiu se aliar à Itália, nação que, por pretender a Tunísia, não se conformou quando esse país foi anexado pela França.

A França, por sua vez, reagiu ao isolamento e fez um acordo militar secreto com a Rússia, países que temia o avanço alemão para o leste; depois, foi à vez da Inglaterra assustada com o crescente poderio alemão assinar um acordo com a França, e outro com a Rússia. Assim, em 1907, a Europa já se encontrava dividida em dois blocos político militares: a Triplice Aliança, com a Alemanha, Itália e Áustria Hungria e; a Tríplice Entente, com a Inglaterra, França e Rússia.

Nesse quadro internacional, quando um dos blocos ampliava a sua capacidade bélica, o outro lado buscava equipar se, aumentando a corrida armamentista e a tensão, consolidando a Paz Armada. Qualquer acontecimento mais grave poderia servir de pretexto para precipitar a guerra, envolvendo imediatamente todos.

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Agravando essa situação, emergiram três grandes focos de crise que acabaram por tornar a guerra inevitável.

A Questão Marroquina - A Alemanha, que já vinha de olho no Marrocos, que estava sob o domínio francês, tentou toma 10 a força da França, acirrando ainda mais as relações entre as duas nações;

A Questão Balcânica Em 1908, o Império Austro-Húngaro anexou ao seu território às regiões da Bósnia e Herzegovina, nos Bálcãs. Isto provocou uma violenta reação da Servia, que ideal- izava a união de todos os povos eslavos numa só nação. Estas lutas eram assistidas pela Rússia, que queria ampliar os seus domínios, e pelo Império Austro Húngaro, que queria o caminho para a ferrovia Berlim Bagdá. O domínio dessa região de conflito criou um conflito ainda maior entre as potencias pelo controle da região.

O Atentado Em Saravejo - Nessa cidade, o herdeiro do trono austro húngaro, Francisco Ferdinando, foi assassinado juntamente com a sua esposa, a 28 de junho de 1914. O respon- sável pelo atentado foi um estudante sérvio membro de uma organização nacionalista. Indignada, a Áustria lançou um ultimato à Sérvia, exigindo a dissolução das sociedades secre- tas e a aceitação de uma comissão austríaca para investigar o crime. Frente à negativa o Império Austro Húngaro dedara guerra a Servia. Logo a Rússia dedara guerra à Alemanha, saindo em socorro a Servia; a Alemanha sai em defesa da Áustria Hungria, a França da Rússia, acionando o sistema de alianças, generalizando o conflito e com isso dando início à Primeira Grande Guerra Mundial.

O DESENVOLVIMENTO DO CONFLITO

• Primeira Etapa (1914) Caracterizada pela movimentação de grandes exércitos e, con- seqüentemente, pela ocorrência de grandes batalhas. As vitórias, de ambos os lados, demonstram o equilíbrio da guerra.

• Segunda Etapa (1915-16) Do equilíbrio de forças resultou uma guerra de trincheiras, em que o território era disputado palmo a palmo custando elevado número de vidas. Em 23 de maio de 1915, a Itália rompe com a Alemanha e outra ao lado da França e Inglaterra.

• Terceira Etapa (1917 18) Em 1917, ocorrem dois grandes fatos na Rússia, uma re- volução derruba o czar Nicolau II e, sob a liderança de Lênin, foi implantado um regime socialista. Em seguida, o governo revolucionário assina um tratado com a Alemanha pondo fim às hostilidades entre os dois países; outro acontecimento importante foi à entrada dos Estados Unidos no conflito ao lado da Tríplice Entente, fortalecendo as posições dos inimigos da Alemanha e contribuindo decisivamente para o fim da guerra.

Em 1918, derrotadas, a Áustria e a Alemanha foram obrigadas a assinar um armistício. A Áustria assinou a 31 de outubro e a Alemanha assinou em 6 de novembro.

Com o fim da guerra a Alemanha foi obrigada a assinar o humilhante Tratado de Versalhes, imposto pelos vencedores do conflito.

Os principais países pontos do Tratado de Versalhes eram:

• Alemanha teve que ceder a Alsácia Lorena à França e outras partes de seu território para a Bélgica, Polônia, Dinamarca; e teve também que ceder parte de suas colônias para a Inglaterra, Japão, Bélgica, e à Nova Zelândia.

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• Teve que entregar seu material bélico e de transporte aos países vencedores.

• Cedeu a região do Sarre à França por quinze anos.

• Foi proibida de rearmar se.

• Pagou indenizações aos vencedores pelos danos e perdas causados pela Guerra Mundial.

Além disso, os outros países aliados da Alemanha também tiveram que atender às exigên- cias de outros tratados, principalmente sobre a região dos Bálcãs.

Com o fim da guerra o nacionalismo agressivo e o imperialismo continuariam latentes e posteriormente dariam origem à criação de novos e arrasadores conflitos na Europa.

2 - O DESENVOLVIMENTO DO NAZISMO E DO FASCISMO

A revolta dos alemães contra as humilhações da Primeira Guerra Mundial não se apagaram

facilmente. Foram massacrantes as condições impostas ao país pelos vencedores. Além disso, a crise econômica era grande: desemprego, fome, miséria. O governo não conseguia melho- rar a situação do povo. Surgiu então um líder Hitler que achava que a democracia não fun- cionava. O país, segundo ele, devia ter um governo forte.

Na Itália, a crise causada pela guerra também era grande. Da mesma forma que na

Alemanha, surgiu um líder político - Mussolini que conseguiu impor se pela força.

Na Itália, o fascismo. Na Alemanha, o nazismo. Estas foram as duas formas de Estado tota- litário que se impuseram na Europa entre 1922 45. Estas eram formas de governo agressivas que acabaram levando a Segunda Grande Guerra Mundial.

O fascismo e o nazismo foram dois regimes que se assemelharam em muitos aspectos, a

começar pelos que os motivaram. Que foram:

Fascismo (Itália) Nazismo (Alemanha)

1. Nacionalismo ferido pela atuação da Itália na Primeira Guerra Mundial.

1. Assinatura do Tratado de Versalhes, cujos termos foram humilhantes para os alemães.

2. Crise econômica; desemprego, fome e agitações sociais. 2. Crise econômica provocada pela

guerra e pela “quebra” da bolsa de valores de Nova York. 3. Temor da propagação do socialismo

e agitações sociais. 3. Temor das idéias socialistas por parte da burguesia alemã. 4. Incapacidade do governo italiano

em superar as crises. 4. Incapacidade do governo republicano para superar as crises.

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A ideologia totalitária pregava os seguintes pontos principais:

Totalitarismo o Estado estava acima de todo poder político;

Nacionalismo que exaltava os valores pátrios.

O estado representava os interesses supremos da nação. Na Alemanha, o nacionalismo assumiu um caráter racista, que dizia que os alemães eram superiores a todos os povos. Os alemães, de forma desumana, perseguiram e exterminaram em grandes campos de concen- tração judeus, eslavos e negros;

Autoritarismo segundo o qual a autoridade do líder é absoluta e indiscutível. O Duce (Mussolini), na Itália e o Führer (Hitler), na Alemanha, resumiam o poder máximo no país e eram idolatrados como deuses;

Militarismo segundo o qual o poder do Estado dependia de sua capacidade bélica e militar. A guerra deveria ser o objetivo maior da nação. Tal princípio gerou um grande e acelerado armamento;

Anticomunismo que pregava a extinção da esquerda. Estes partidos da oposição eram con- siderados como os responsáveis pelo colapso nacional e pelo caos reinante em todo o mundo.

O FASCISMO ITALIANO

Benito Mussolini organizou o primeiro partido fascista logo depois da Primeira Guerra, con- tando com o apoio dos industriais italianos, temerosos com o crescimento da esquerda.

Para garantir a atuação e a expansão do partido, Mussolini criou as Esquadras, compostas por soldados do partido, e os Camisas Negras, que atacavam os adversários nas cidades e no campo.

Frente ao contínuo crescimento fascista, Mussolini em 1922, realizou a Marcha sobre Roma, quando mais de 50 mil Camisas Regras dirigiram se ao rei Vítor Emanuel III exigindo o poder. Mussolini recebeu a função do rei de organizar um novo governo, chefiando o ministério ita- liano. No poder, os fascistas foram batendo os seus adversários e com eleições fraudulentas, torturas, prisões e mortes começaram a controlar todo o governo italiano. Em 1925, Mussolini se auto-intitula Duce chefe.

Em 1929, obteve também o apoio do clero ao criar o Estado do Vaticano, através do Tratado de Latrão.

A seguir, empreendeu uma política expansionista, invadindo a Etiópia, na África. Em 1936 se alia à Alemanha nazista.

O NAZISMO ALEMÃO

Tendo à frente Adolf Hitler, o Partido Nazista nasceu em Munique, com o nome de Partido Socialista dos Trabalhadores Alemães.

Os nazistas atuavam na Alemanha como um grupo de para militares chamados de SA (Seções de Assalto). Eram soldados que, vestindo camisas pardas, intimidavam e perseguiam os seus adversários.

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As dificuldades e a instabilidade da República de Weimar atingiram o seu momento mais crítico no ano de 1923, como uma inflação superior a 17000%. Frente à crise, Hitler tentou tomar o poder, mais foi preso. Os nazistas perderam as suas força até o final dos anos 20.

Só com a grande crise de 1929, e com mais de 6 milhões de desempregados, as elites alemãs voltaram a apoiar as idéias extremistas de Hitler e, em 1932 os nazistas conseguiram maioria no parlamento e, em janeiro de 1933, o presidente Von Hindenburg nomeou Hitler chanceler.

Pouco a pouco os nazistas foram tomando o poder, chegando a incendiar Reichstag, colo- cando a culpa no Partido Comunista.

Assim, os nazistas exterminaram todos os outros partidos, através de sua polícia. Estabeleceu-se o terror, a censura e a intensa perseguição aos judeus.

Em 21 de março de 1933 inaugurou se o Terceiro Reich (Império), pondo fim legal à República de Weimar. Em 1934, com a morte do presidente, Hitler transforma se no Führer, o chefe supremo do Império.

A propaganda, a repressão, o armamentismo e o reerguimento econômico transformaram se na essência do governo nazista. A Alemanha, a partir daí, passou a reivindicar os territórios vizinhos e esse avanço sobre os países vizinhos detonaria a Segunda Grande Guerra Mundial.

3 - A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Os acordos de paz impostos pelos vencedores da Primeira Guerra eram humilhantes, já con- tendo em si os germes de uma nova guerra.

O Tratado de Versalhes, por exemplo, considerou a Alemanha "culpada pela guerra" e exigiu dela pesadas indenizações.

Dono do poder a partir de 1933, Hitler começou a militarizar a Alemanha, desafiando aber- tamente as imposições ditadas pela França e Inglaterra através do Tratado de Versalhes.

A Itália de Mussolini também nutria fortes ressentimentos em relação à França e Inglaterra, pois, embora tivesse participado da guerra ao lado desses países, não obtivera as compen- sações territoriais que haviam lhe prometido.

Outra nação que nac se conformava com a ordem mundial estabelecida pelos vencedores da Primeira Guerra Mundial era o Japão. O país se industrializara rapidamente e, assim como todas as grandes nações, ambicionava ampliar seus mercados e áreas de influência.

Dessa forma, dispostos a destruírem a ordem internacional vigente, Japão, Itália e Alemanha, adotaram na década de 30, uma política declaradamente imperialista, contra a qual a Liga das Nações mostrou se impotente.

A Segunda Guerra Mundial eclodiu com a invasão da Polônia pela Alemanha em setembro de 1939. Logo no início da guerra, o alinhamento dos grandes blocos ficou claro. Em 1940, o Japão se juntou à Alemanha e à Itália para formar o Eixo Roma Berlim Tóquio.

A Segunda Guerra Mundial, envolveu povos de praticamente todas as regiões do globo, embora os principais países choques armados tenham sido travados na Europa, no norte da África e no Extremo Oriente.

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Primeira Etapa (1939 1941) Essa primeira etapa da guerra foi assinalada pela rápida ofensiva das forças nazistas. Foi à chamada guerra relâmpago, mareada pelo avanço dos tan- ques blindados; apoiados pela aviação sobre as linhas de defesa dos adversários. Depois vier- am as tropas de ocupação, consolidando a vitória dos alemães.

Utilizando essa nova estratégia militar, os alemães, depois de dominar a Polônia, conquis- taram rapidamente os seguintes países:

• Dinamarca - Os alemães utilizaram um poderoso ataque combinado com forças navais, aéreas e terrestres, ao qual os dinamarqueses não conseguiram resistir.

• Noruega - Apesar de heróica resistência, os noruegueses foram vencidos pela supe- rioridade alemã. O rei norueguês fugiu para Londres e os nazistas entregaram o poder ao chefe do Parti do Fascista da Noruega.

• Holanda - Vencida em maio de 1940. A família real também fugiu para Londres, for- mando um governo no exílio para coordenar a resistência contra os nazistas.

• Bélgica - Vencida também em maio de 1940. Os exércitos ingleses e franceses que combatiam no norte foram obrigados a empreender uma retirada forçada através do porto de Dunquerque. Nessa retirada, milhares de soldados franceses foram aprisionados.

• França - Contornando as defesas francesas da lilha Maginot, os alemães invadiram a França. Paris foi ocupada em 14 de junho de 1940. Parte da França ficou diretamente sob o comando nazista. Em outra parte formou se um governo colaboracionista, liderado pela Marechal Petain. Opondo se a esse governo, o General Charles De Gualle, formou o grupo de franceses livres, que através da rádio BBC de Londres, incentivava os franceses a reagir contra a ocupação nazista.

No ano de 1941, ocorreram dois fatos decisivos que iriam alterar profundamente os rumos da guerra:

• rompendo acordos anteriores, Hitler decidiu invadir a União Soviética;

• os japoneses atacaram a base militar dos Estados Unidos em Pearl Harbor, no Oceano Pacífico em 7 de dezembro de 1941.

Segunda Etapa (1942 - 1945) A guerra ganhou proporções verdadeiramente mundiais, com a entrada da União Soviética e dos Estados Unidos. Formaram se então dois grandes blo- cos em conflito: Potências do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) e Potências Aliadas (Inglaterra, França, União Soviética e Estados Unidos).

No período de 1941 a 1942, os exércitos alemães avançaram fulminantes pelo território soviético, aniquilando cerca de 1/3 do exército russo. Todos esses dramáticos acontecimentos foram aproveitados pelo governo chefiado por Stálin para fortalecer a vontade de resistência do povo russo contra os nazistas.

Em setembro de 1942, tropas blindadas do exército alemão entraram em Stalingrado, onde foi travada uma das mais sangrentas batalhas de toda a guerra.

Ali, os alemães conheceram toda a garra e ferocidade da resistência russa. O comando

alemão mostrava se receoso quanto ao resultado da luta, mas recebeu ordens diretas de Hitler para não retroceder. A partir de 19 de novembro de 1942, iniciou se uma grande contra ofen-

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siva do exército russo, culminando com a rendição das tropas alemães em fevereiro de 1943. Pela primeira vez na guerra, um general alemão e seu exército foram obrigados a se render. A Batalha de Stalingrado colocava fim ao mito da invencibilidade alemã.

Os Estados Unidos colocaram todo o poderio de sua força industrial a serviço das necessi- dades de guerra.

Assim, milhares de navios, tanques e aviões e toneladas de equipamentos bélicos foram produzidos pelos Estados Unidos.

A partir de 1942, começaram os bombardeios aéreos ingleses e norte americanos sobre as cidades alemães.

Esses bombardeios intensificaram se no ano seguinte, destruindo as redes de comunicação

e as zonas petrolíferas e paralisando gradativamente a indústria bélica alemã.

Ao norte da África, o general inglês Montgomery, iniciou em outubro de 1942, a contra ofen-

siva as tropas alemães do general Rommel. Em maio de 1943, duzentos e cinqüenta e dois mil soldados alemaes e italianos foram aprisionados.

Desembarcando na Sicília, em julho de 1942, as tropas lideradas pelos Estados Unidos e pela Inglaterra, iniciaram a invasão da Itália. Mussolini foi afastado do poder e preso pelos líderes fascistas que assinaram a paz com os aliados. Mussolini, entretanto, contava com a pro- teção dos alemaes que ainda dominavam o norte do país. Estes então investiram sobre Roma e libertaram Mussolini, que fundou a República Socialista Italiana. Pouco tempo depois, entre- tanto, foi capturado pelas tropas italianas da resistência antinazista, sendo executado.

Mesmo percebendo a esmagadora pressão dos adversários, o comando alemão decidiu lutar até a morte, promovendo uma mobilização maciça de toda a população, incluindo cri- anças, mulheres e velhos. Tribunais militares nazistas obrigavam o povo a lutar e morrer.

Em 25 de abril de 1945, a cidade de Berlim estava totalmente cercada. Em 30 de abril, ocor-

reu o suicídio de Hitler e sua mulher e em 9 de maio as tropas alemaes se rendem.

A guerra ainda prosseguiu por quatro meses no Extremo Oriente, até a rendição dos japone- ses. Antes da rendição, os Estados Unidos lançaram duas bombas atômicas sobre as cidades de Nagasaki e Hiroshima. Essas bombas deixaram um total aproximado de 152 mil mortos e 150 mil feridos.

A Segunda Guerra Mundial foi a maior guerra de toda a historia da humanidade. Nela ve- rificou se um enorme aperfeiçoamento das técnicas militares de destruição. Aos instrumentos tradicionais de guerra foram somados novos tanques, foguetes, radares, aviões, submarinos e a bomba atômica.

A brutalidade indiscriminada da guerra provocou a morte de milhões de pessoas entre mi- litares e civis. O saldo final do conflito é estimado em 55 milhões de mortos, 35 milhões de feri- dos, 20 milhões de 6rFaos e 190 milhões de refugiados. Aproximadamente 6 milhões de judeus foram exterminados pelos nazistas nos campos de concentração.

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4 - A GUERRA FRIA

Terminada a Segunda Guerra Mundial os aliados de então vêem renascer suas antigas con- tradições. Em 1947, tem início o período da chamada Guerra Fria que consistiu no antagonis- mo entre dois blocos, liderados pelos Estados Unidos e pela a União Soviética. A possibilidade de uma terceira guerra mundial toma se cada vez mais presente, pois em várias regiões do globo eclodem conflitos que põem as duas potencias frente a frente. Esse c1ima de tensão começa a diminuir a partir de 1953, com o desenvolvimento da chamada "coexistência pacífi- ca" e praticamente desaparece na década de 1980, quando Estados Unidos e União Soviética estabelecem acordos de desarmamento e cooperação econômica.

O INÍCIO DA GUERRA FRIA

No dia 12 de março de 1947, o presidente norte americano Harry Truman, num discurso no Congresso, afirmou que os Estados Unidos se posicionariam a favor das nações livres que desejassem resistir às tentativas de dominação. A meta de Truman era combater o socialismo e o avanço soviético, oficializando a Guerra Fria.

No mesmo ano, o secretário de Estado, George Marshall, reforçou a posição norte ameri- cana lançando o Piano Marshall, um programa de investimentos que visava à recuperação econômica dos países europeus em crise após a guerra.

Em represália, a União Soviética criou o Kominform, organismo encarregado de conseguir a união dos principais países partidos comunistas europeus, além de afastar da supremacia norte americana os países sob a sua influência, gerando o bloco da cortina de ferro. Completando a reação soviética, em 1949 foi criado o Comecon, uma réplica do Piano Marshall para os países socialistas, buscando sua integração econômico financeira.

A CONSOLIDAÇÃO DOS BLOCOS ANTAGÔNICOS

Diante do revigoramento da Alemanha Ocidental, devido aos investimentos do Plano Marshall e à unificação administrativa, a União Soviética revidou, em 1948, impondo um blo- queio terrestre à cidade de Berlin, incrustada na parte soviética. O Ocidente capitalista respon- deu com o abastecimento de Berlin capitalista por via aérea, acirrando os ânimos e criando grande tensão internacional. No ano seguinte eram instituídas as duas Alemanhas, a ociden- tal, ou República Federal Alemã e a oriental, a República Democrática Alemã.

Mais tarde, em agosto de 1961, foi construído o muro de Berlim, que separou concretamente os dois lados da cidade e se tornou o símbolo da separação alemã e da guerra fria.

Outros fatos significativos somaram se a essa crescente tensão internacional como a criação em abril de 1949, da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), uma aliança político militar dos países ocidentais, composta inicialmente pelos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo, Dinamarca, Noruega, Finlândia, Portugal e Itália, aos quais mais tarde se juntaram Grécia, Turquia e Alemanha Ocidental opondo toda a Europa Ocidental à União Soviética.

Outras organizações similares foram sendo criadas na década de 50, aliando outros Estados da Ásia e até da Oceania contra o bloco soviético como o Anzus, a Otase e o Cento.

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Do lado soviético, configurando o alinhamento ao bloco comunista, foi criado, em 1955, o Pacto de Varsóvia, que unia as forças militares da Albânia, Bulgária, Tchecoslováquia, Alemanha Oriental, Hungria, Polônia e Romênia. A bipolaridade mundial atinge o seu ponto máximo.

Em meio a essa situação tensa, ocorreram, em 1949, a Revolução Chinesa, com a implan- tação do socialismo definitivamente na China, transformando-a na República Popular da China e a explosão da primeira bomba atômica soviética.

No ano seguinte explode a Guerra da Coréia, o clímax da Guerra Fria, a mais séria ameaça, até então, à paz mundial depois da Segunda Grande Guerra.

A GUERRA DA CORÉIA (1950-53)

Nas vizinhanças da China as repercussões da revolução comunista não demoraram: em 1950, eclode a Guerra da Coréia.

Esse país fora dividido após a guerra em duas zonas de ocupação: a Coréia do Sul ocupada pelos norte americanos, e a Coréia do Norte, ligada ao bloco soviético. A divisão deveria ser mantida até a realização das eleições gerais sob a supervisão da ONU. Alegando a possibili- dade de manipulação dos votos, a União Soviética recusou a efetivação das eleições do norte.

No dia 25 de junho de 1950, as tropas da República Popular da Coréia do Norte, invadiram a Coréia do Sul. O presidente norte americano, Truman, decidiu então intervir no conflito e, em seguida, aproveitamento se da ausência do representante da União Soviética no Conselho de Segurança, os Estados Unidos conseguiram que a intervenção fosse colocada na tutela da ONU. De seu lado, a China intervém favoravelmente à Coréia do Norte. Assim, têm se a União Soviética e a China ao lado da Coréia do Norte e as potências ocidentais apoiando a Coréia do Sul. Em 1953, com a morte de Stálin e as eleições dos EUA, os novos governantes acabaram por assinar a Paz em 1953, restabelecendo as antigas fronteiras.

A COEXISTÊNCIA PACÍFICA

O armamentismo e a tensão crescente que se estenderam até 1953 e que caracterizaram a Guerra Fria sofreram uma revisão parcial com a morte de Stálin, a política do presidente norte americano Eisenhower e a paz na Coréia. Instaurou se então um período de aproximação entre os Estados Unidos e a União Soviética. Esse período se iniciou com uma série de reuniões de cúpu- las para a limitação de armamentos, entre os dirigentes das duas superpotências. Até os anos 1960, buscou se diminuir os conflitos da Guerra Fria, o monolitismo dos blocos, o alinhamento a União Soviética ou aos Estados Unidos, possibilitando uma multipolarização internacional.

Na Europa, a recuperação econômica de alguns países, como França e Inglaterra, desen- cadeou manifestações de oposição à condição de simples satélites dos Estados Unidos, o que levou esses países a desenvolverem políticas regionais independentes.

Sob o novo clima nas relações internacionais, incorporando o ideal de neutralidade num conflito leste oeste, ocorreu, em 1955, a Conferência de Bandung, na Indonésia, reunindo os países do Terceiro Mundo. Essas nações posicionaram-se pelo não alinhamento automático, sem se envolverem com as duas superpotências.

No bloco socialista, o sucessor de Stálin, Nikita Kruschev, procedeu a um processo de desestalinização, alterando a política interna e externa da União Soviética.

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Além disso, o conflito da União Soviética com a China a partir de 1959 dividiu os partidos socialistas pelo mundo, originando divergências que ativaram a multipolarização, pondo fim à coesão soviética.

Por outro lado, em meio à Coexistência Pacífica emergiram novos focos de tensão, colo- cando em risco a aproximação de norte americanos e soviéticos e até mesmo a paz mundial: a Guerra do Vietnã, a descolonização africana, a Revolução Cubana, a invasão da Hungria pelos soviéticos, o rompimento entre URSS e China, a corrida espacial etc. A Coexistência Pacífica não pos fim às rivalidades capitalismo socialismo, mas abriu caminho para o entendimento, algumas vezes eficaz e outras nem tanto.

Após as diversas crises nos anos 1960, que atingiram as relações entre os dois países, no início dos anos 1970 a aproximação foi retomada e foram feitos novos acordos bilaterais que buscavam diminuir o risco de uma guerra nuclear. A partir de 1972 foram assinados tratados que limitavam o poder bélico até então crescente, das duas superpotências. Em 1974, foi assi- nado um acordo que proibia a explosão de bombas atômicas subterrâneas com potencias e1evadas. Em 1979, em nova reunião foi fechado o acordo que estabelecia a redução de mís- seis e bombardeiros estratégicos. A intervenção soviética no Afeganistão, em 79 e a política de intimidação do presidente americano Reagan, no início da década de 1980, reiniciou um perío- do de confrontação entre as superpotências.

Assim, a Guerra Fria foi perdendo, aos poucos, a sua força, com altos e baixos nas relações entre os dois países. Somente no final da década de 1980, com a crise do socialismo na URSS e as reformas adotadas por Mikhail Gorbatchev até a extinção da URSS a Guerra Fria teve o seu fim oficial, com a reunificação da Alemanha e a desintegração da União Soviética.

5 - A DESESTRUTURAÇÃO DO MUNDO SOCIALISTA: A DESORGANIZAÇÃO DA UNIÃO SOVIÉTICA E A QUEDA DO MURO DE BERLIM

A década de 1980 iniciou se tendo a liberdade como palavra de ordem. Ao assumir o poder na União Soviética, o líder comunista Mikhail Gorbatchev pos em execução a glasnost e a pe- restroika, programas de abertura política e de reconstrução econômica do país.

O modelo econômico ali implantado mostrou se insuficiente e a União Soviética viu se na contingência de reduzir os gastos militares, passando a interferir cada vez menos nos proble- mas políticos dos países socialistas e a limitar cada vez mais a ajuda econômica a essas nações.

A postura liberal assumida pelo governo soviético agradou ao Ocidente, chegando Gorbatchev a receber o Premio Nobel da Paz, em 1990. Internamente, porém, o presidente soviético viu se obrigado a enfrentar graves problemas. Além da difícil situação econômica do país, que resultou em greves e protestos da sociedade soviética, emergiram movimentos se- paratistas em algumas repúblicas da União. Os de maior importância ocorreram nas repúbli- cas bálticas Estônia, Letônia e Lituânia. O sul da União Soviética, área extremamente pobre, também viu se convulsionado por conflitos étnicos.

Paralelamente, Gorbatchev foi sabotado em suas tentativas de abertura gradual tanto pelo conservadorismo da burocracia soviética, ameaçada de perder os seus privilégios, quanto pelo ultra-reformistas, através do principal opositor do governo, Boris Yeltsin, exigiam reformas mais radicais e imediatas.

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Na Europa, as reformas soviéticas frutificaram. Em fevereiro de 1989, a Hungria restabele- ceu o pluripartidarismo. Em agosto, tomou posse o primeiro governo não comunista depois da guerra; em outubro foi derrubada a República Popular Húngara, instalada em 1949. Em 9 de novembro, o governo da Alemanha Oriental abriu as suas fronteiras. Começava a destruição de um símbolo da divisão do mundo, o mure que dividia Berlim desde 1961.

Ainda em novembro, o Partido Comunista foi destituído do poder na Bulgária, e em dezem- bro na Romênia e na Tcheco Eslováquia.

Os primeiros passos dos regimes democráticos na Europa oriental ocorreram com a rea- lização de eleições livres nos antigos países comunistas, culminando com a reunificação da Alemanha em 3 de outubro de 1990. Depois de 45 anos de divisão a Alemanha voltava a ser um só país com a queda do símbolo máximo da Guerra Fria o Muro de Berlim.

Em agosto de 1991, setores contrários à liberalização do regime soviético tentaram dar um golpe de Estado, liderados pelo vice-presidente Guennadi Yanayev. Gorbachev, que se encon- trava em ferias com a família na Cremei, foi colocado sob prisão domiciliar. Alegando que o presidente não estava em condições apropriadas de saúde, Yanayev assumiu o controle do país e decretou estado de emergência.

Em Moscou, Boris Yeltsin encabeçou a resistência aos golpistas. Saindo do Parlamento Russo, liderou uma pequena passeata que se transformou em um ato nacional contra o.

O processo de reação ao golpe acelerou a liberalização da União Soviética. Yeltsin assumiu um peso maior na política do país, dividindo o poder com Gorbatchev. O Partido Comunista foi posta temporariamente na ilegalidade e seus bens confiscados pelo Estado. Os movimen- tos de independência aceleraram se em várias Repúblicas.

Ainda no final de 1991, Gorbatchev continuava defendendo a manutenção de uma união de repúblicas sob um único poder central. Na pratica, as repúblicas já atuavam de forma pratica- mente independente, tanto nas questões internas, como nas externas. No dia 8 de dezembro, aquilo que já era uma realidade foi oficializado.

Yeltsin, da Rússia, Leonid Kravtchur, da Ucrânia e Stanislav Shushkevitch, da Bielarus, assi- naram um documento extinguindo a União Soviética e criando a Comunidade dos Estados Independentes (CEI).

Menos de uma semana se passou e o Cazaquistão, o Uzbequistão, o Turcomenistão, o Quirguistão e o Tadiquistão aderiram à CEI; em 21 de dezembro, a Armênia, o Arzebaijão e a Moldávia formalizaram a sua adesão. As repúblicas bálticas, cuja independência fora conquis- tada em agosto de 1991, e a Geórgia mantiveram-se à parte.

Assim, estava totalmente extinta a União Soviética e finalmente todos os países da antiga União estavam independentes.

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O MUNDO ATUAL: PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS

Após a desestruturação do mundo soviético e o fim da Guerra Fria, o mundo não ficou paci- ficado. Do contrário, muitos conflitos surgiram quase todos envolvendo interesses dos Estados Unidos, e sua tendência de dominação econômica global.

Se, de um lado tivemos o fim da divisão Capitalismo X Socialismo, hoje persiste uma divisão ainda mais cruel entre países ricos e pobres.

9.1. A GLOBALIZAÇÃO E SUAS CONSEQÜÊNCIAS

Nesse início de milênio, a globalização e a revolução tecnológica oferecem ao homem pos- sibilidade de bem-estar totalmente desconhecida até a década de 1970. Nunca tivemos tantos bens à nossa disposição e a expectativa de vida nunca foi tão alta.

No entanto, a distribuição da riqueza entre os diversos países a entre os vários grupos soci- ais de um mesmo país esta cada vez mais longe de ser igualitária.

Segundo recente relatório divulgado pela ONU sobre o desenvolvimento humano, a dife- rença de rendimento entre o país mais rico e o mais pobre era de três para um há algumas décadas. Em 1990, passou a ser de 35 para l e, atualmente, é de aproximadamente 90 para um.

Portanto, apesar de todo o avanço tecnológico, o mundo começou o século XXl com os mes- mos graves problemas do século XlX, tais como moradia, acesso à água limpa, saneamento, subnutrição, entre outros.

9.2. A DESIGUALDADE NOS VÁRIOS CONTINENTES

Uma das características dos países pobres é o alto grau de dependência em relação ao cap- ital estrangeiro. Por diversas razões, esses países não encontraram seu próprio caminho para o desenvolvimento econômico e social auto-sustentado. Dessa forma, dependem de recursos externos, criando sérios problemas, como a desnacionalização da economia e o endividamen- to externo.

Esses problemas são comuns tanto na América atina, quanto na África e na Ásia. Na América Latina, especialmente, os vários governos militares entregaram aos civis uma econo- mia debilitada pelo endividamento externo. Na Ásia, o Japão, um dos países mais ricos do mundo, contrasta com grande maioria de países pobres.

9.3. - O lRAQUE ATUAL

Em março de 2003, as tropas da Coalizão, lideradas pelos Estados Unidos, contrariando decisão da ONU, e alegando a existência de armas químicas e biológicas – suposição essa nunca confirmada – invadiram o Iraque, país cotado como principal inimigo dos interesses

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americanos do Oriente Médio, colocando fim a 24 anos do governo ditatorial de Saddan Hussein. Saddan, entretanto, só seria capturado em dezembro do mesmo ano, escondido em um buraco nas imediações de Awja, sua cidade-natal.

Apesar do aumento significativo dos seus efetivos militares, as tropas da Coalizão, três anos após o início do conflito, ainda não conseguiram Pacificar o Iraque, criando condições para a instalação de um regime democrático. Persistem os atentados de grupos extremistas islâmi- cos que, associados às constantes ações da Coalizão, já geraram a morte de milhares de solta- dos e civis.

O governo independente iraquiano, formando por uma frágil aliança política, mostra-se

incapaz de gerir o país. Sufocando por décadas de sanções econômicas e constantes guerras, o Iraque encontra-se em situação de miséria.

Em dezembro de 2006, após polemico julgamento, o ditador Saddam Hussein, foi condena- do à morte pelo extermínio de 148 xiitas, em 1982, na cidade de Dujai. Teme-se que, a exe- cução da sentença, realizada as vésperas do feriado sagrado islâmico do Eid AI Adha, só venha a contribuir para o aumento da violência e da instabilidade política na região.

EXERCÍCIOS DE REVISÃO

41. No Brasil existem atualmente conflitos pela posse de terras em áreas que totalizam cerca de 100 milhões de hectares, o que corresponde a quase duas vezes o território de Minas Gerais. Em muitos casos ocorrem lutas violentas que chegam a provocar mortes."

O texto leva à conclusa de que é necessário:

a) aumentar a repressão nas áreas de conflito, expulsando todos os posseiros. b) redistribuir a propriedade, mediante intervenção federal no Estado de Minas Gerais. c) respeito o direito constitucional, que garante incondicionalmente as propriedades. d) realizar, urgentemente, uma Reforma Agrária eficiente e amparada pelos órgãos oficiais.

42. Quanto à estrutura fundiária brasileira, pode-se dizer que I - Predominam, em número de imóveis, os minifúndios ocupando uma pequena

área do território.

II - Predominam, em número de imóveis, os latifúndios ocupando grandes exten-

sões do território nacional. III - Tanto o latifúndio quanto o minifúndio são prejudiciais à economia nacional. IV - As empresas rurais apresentam-se em pequeno numero porque são sufi-

cientes para o abastecimento interno.

Estão corretas, somente,

a) I e II b) II e III c) I e III d) II e IV

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43. A Reforma Agrária visa a estabelecer um sistema de relações entre o homem, a propriedade rural e o uso da terra, capaz de promover a justiça social o progresso e o bem-estar do trabalhador rural e o desenvolvimento econômico do país com a gradual extinção do minifúndio e do latifúndio.”

(Art. 16º do Estatuto da terra – novembro 1964) Segundo o texto, a reforma Agrária visa a

a) dividir todas as propriedades rurais igualmente aos trabalhadores. b) corrigir as distorções da atual estrutura agrária. c) implantar empresas rurais de grande porte em todo o território nacional. d) transformar latifúndios em minifúndios e vice-versa

44. Assinale a afirmativa correta.

a) A Primeira Guerra Mundial em nada se relaciona com a posterior Revolução Russa e o Nazismo.

b) Os Estados Unidos foram dos primeiros a declarar guerra à Alemanha e Áustria. c) As disputas neocolonialistas, a busca de mercados, a segunda revolução industrial

e a crise dos Bálcãs estão entre os fatores da Primeira Guerra Mundial. d) A Itália conseguiu manter sua neutralidade durante todo o desenrolar do conflito

mundial.

45. No período entre-guerras, a ascensão do repressivo e totalitário regime fascista na Itália esta condicionada a várias questões, dentre as quais merecem destaque:

a) tentativas de retorno ao absolutismo monárquico, contrariando a república liberal então existente no país.

b) crise econômica, greves dirigidas por setores identificados como de esquerda, c apoio da c1asse média e elite aos totalitaristas de direita.

c) aliança com o grande capital internacional, que prometeu ajuda desde que, e c1aro, fosse colocada em pratica a reforma agrária.

d) luta contra a direita, que se opunha à aliança entre totalitários de esquerda e o grande empresariado industrial.

46. A Segunda Grande Guerra foi o fator responsável pelo:

a) domínio da Inglaterra no Oceano Atlântico e Pacífico. b) controle e expansão da Alemanha na África e Ásia. c) fortalecimento de Israel e decadência do Canadá. d) declínio da Europa e da ascensão dos EUS e URSS.

47. Estabelecendo-se uma comparação entre as duas Guerras Mundiais (1914- 1918 e 1939-1945), pode-se afirmar que:

a) enquanto a Primeira Guerra Mundial lutou por áreas de mercado e colonialismo, a Segunda, alem dessas questões, envolveu o choque contra regimes totalitários.

b) as duas guerras tiveram as mesmas características e os mesmos adversários, lutando da mesma maneira.

c) nenhum dos conflitos mencionados decorrer de disputas fora do continente europeu. d) enquanto na Primeira Guerra, apesar de os governos serem pacifistas, os povos e

que provocaram o conflito, na Segunda Guerra, as causas associam-se aos governantes.

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48. Após a Segunda Guerra Mundial, uma série de acontecimentos marcaram a chamada "Guerra Fria", na oposição entre o Ocidente capitalista e o Leste socialista.

Grandes momentos desse conflito foram sem dúvida:

a) as guerras da Coréia, do Vietnã, as tentativas de invasão e o cerco a Cuba, alem da construção do muro de Berlim.

b) a colaboração na luta contra os nazistas da Alemanha e os fascistas da Itália. c) a formação do Mercado Comum Europeu e a busca de operações comerciais com

o chamado Pacto de Varsóvia, dos países capitalistas. d) as campanhas que culminaram com o obstáculo à expansão econômica japonesa,

o que foi conseguido com sucesso.

49. "Quer vosso vizinho vos agrade ou não, não há outra coisa a fazer senão encon- trar um terreno de entendimento com ele, pois nós temos apenas um só planeta."

A declaração de Nikita Kruschev, então líder soviético,

a) lembra uma tentativa de pôr fim à Guerra Fria. b) demonstra que a coexistência pacífica nunca interessou a americanos e soviéticos. c) explicita a tentativa de dminar o planeta. d) apresenta Guerra Fria e coexistência pacífica como terms sinônimos.

50. A Rebelião de canudos foi fruto:

a) do fanatismo religioso de populações sem condições econômicas de subsistência. b) do desejo de restaurar a monarquia portuguesa no Brasil. c) da cnspiração de grupos conservadores. d) da organização de grupos de jagunços no sertão.

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GABARITO

01 - B 26 - C

02 - D 27 - D

03 - D 28 - C

04 - C 29 - B

05 - A 30 - B

06 - D 31 - A

07 - D 32 - A

08 - A 33 - C

09 - D 34 - B

10 - B 35 - C

11 - B 36 - C

12 - C 37 - C

13 - C 38 - C

14 - D 39 - A

15 - A 40 - D

16 - C 41 - D

17 - B 42 - C

18 - A 43 - B

19 - C 44 - C

20 - A 45 - B

21 - C 46 - D

22 - C 47 - A

23 - B 48 - A

24 - C 49 - A

25 - B 50 - A