fundamentação
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Cidadezinha qualquer
Casas entre bananeiras mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um burro vai devagar.
Um homem vai devagar.Um cachorro vai devagar.
Devagar... as janelas olham. Eta vida besta, meu Deus.
O TÍTULO: CIDADEZINHA QUALQUER
• Síntese do poema;
• O uso do diminutivo;
• O uso do pronome adjetivado qualquer;
(Se a cidadezinha fez-se a alma do poema é porque exatamente a sua mesmice e a sua simplicidade cativaram o poeta, quem sabe em um processo de identificação)
• A ausência de artigo e adjetivos na primeira estrofe - generalização visão panorâmica da paisagem;
• A falta de pontuação dinamiza a cena;• Tessitura sonora: “Pomar amor cantar”• Ausência de verbos - reforça a inércia da
cidade;• “Casas entre bananeira”. Por que não
bananeiras entre casas?• “Mulheres entre laranjeiras” aproxima elementos
de um mesmo campo semântico, de acordo com o contexto e a época.
• Paralelismo – “Um homem vai devagar; Um cachorro vai devagar; Um burro vai devagar”;
• A utilização do artigo indefinido “um” indica o anonimato;
• A presença do verbo de ação “ir” introduz um movimento na cena;
• A presença do advérbio “devagar” reitera a idéia de lentidão;
• A ausência de adjetivos – coloca os sujeitos no mesmo plano existencial;
• A inversão do advérbio “devagar” – provoca uma quebra seqüencial e rítmica;
• O uso das reticências – introduz uma reflexão e conduz ao desfecho;
• A utilização do artigo definido “as” confere reconhecimento e precisão às janelas;
• O substantivo “janelas” – representa o foco que foi aos poucos se fechando do geral para o particular;
• O uso da figura de linguagem em “as janelas olham” faz um contraponto entre o conhecido e o difuso, num contexto em que não se dispunha de TV e rádio, além de reforçar a idéia de vida imóvel.
• O último verso revela o cansaço do poeta em relação à rotina; “Eta vida besta, meu Deus”
• O emprego do adjetivo “besta” expressa o descontentamento do eu poético. Por que não tola?