fundada suspeita x abordagem

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Fundada Suspeita x Abordagem Policial 5 de junho de 2009tenpedrosoDeixe um comentárioGo to comments 9 Votos Concernente a fundada suspeita como exigência legal para realização da abordagem policial. Constituição Federal Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; Código Processo Penal Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal. §2 o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior. b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos; f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato; h) colher qualquer elemento de convicção. Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar. Jurisprudência O Supremo Tribunal Federal assim tratou do assunto: EMENTA: HABEAS CORPUS. TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA LAVRADO CONTRA O PACIENTE. RECUSA A SER SUBMETIDO A BUSCA PESSOAL. JUSTA CAUSA PARA A AÇÃO PENAL RECONHECIDA POR TURMA RECURSAL DE JUIZADO ESPECIAL. Competência do STF para o feito já reconhecida por esta Turma no HC n.º 78.317. Termo que, sob pena de excesso de formalismo, não se pode ter por nulo por não registrar as declarações do paciente, nem conter sua assinatura, requisitos não exigidos em lei. A “fundada suspeita”, prevista no art. 244 do CPP, não pode fundar-se em parâmetros unicamente subjetivos, exigindo elementos concretos que indiquem a necessidade da revista, em face do constrangimento que causa. Ausência, no caso, de elementos dessa natureza, que não se pode ter por configurados na alegação de que trajava, o paciente, um “blusão” suscetível de esconder uma arma, sob

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ação policial

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Fundada Suspeita x AbordagemPolicial

5 de junho de 2009tenpedrosoDeixe um comentrioGo to comments

9 Votos

Concernente a fundada suspeita como exigncia legal para realizao da abordagem policial.

Constituio Federal

Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes:

X so inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenizao pelo dano material ou moral decorrente de sua violao;

XI a casa asilo inviolvel do indivduo, ningum nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinao judicial;

XII inviolvel o sigilo da correspondncia e das comunicaes telegrficas, de dados e das comunicaes telefnicas, salvo, no ltimo caso, por ordem judicial, nas hipteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigao criminal ou instruo processual penal;

XV livre a locomoo no territrio nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

Cdigo Processo Penal

Art.240.A busca ser domiciliar ou pessoal.

2oProceder-se- busca pessoal quando houver fundada suspeita de que algum oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do pargrafo anterior.

b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;

f) apreender cartas, abertas ou no, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu contedo possa ser til elucidao do fato;

h) colher qualquer elemento de convico.

Art. 244. A busca pessoal independer de mandado, no caso de priso ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar.

Jurisprudncia

O Supremo Tribunal Federal assim tratou do assunto:

EMENTA: HABEAS CORPUS. TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRNCIA LAVRADO CONTRA O PACIENTE. RECUSA A SER SUBMETIDO A BUSCA PESSOAL. JUSTA CAUSA PARA A AO PENAL RECONHECIDA POR TURMA RECURSAL DE JUIZADO ESPECIAL. Competncia do STF para o feito j reconhecida por esta Turma no HC n. 78.317. Termo que, sob pena de excesso de formalismo, no se pode ter por nulo por no registrar as declaraes do paciente, nem conter sua assinatura, requisitos no exigidos em lei. A fundada suspeita, prevista no art. 244 do CPP, no pode fundar-se em parmetros unicamente subjetivos, exigindo elementos concretos que indiquem a necessidade da revista, em face do constrangimento que causa. Ausncia, no caso, de elementos dessa natureza, que no se pode ter por configurados na alegao de que trajava, o paciente, um bluso suscetvel de esconder uma arma, sob risco de referendo a condutas arbitrrias ofensivas a direitos e garantias individuais e caracterizadoras de abuso de poder. Habeas corpus deferido para determinar-se o arquivamento do Termo.

(HC 81305, Relator(a): Min. ILMAR GALVO, Primeira Turma, julgado em 13/11/2001, DJ 22-02-2002 PP-00035 EMENT VOL-02058-02 PP-00306 RTJ VOL-00182-01 PP-00284)

Na jurisprudncia do TRF 1 Regio:

O EXMO. SR. DESEMBARGADOR FEDERAL CNDIDO RIBEIRO (Relator): RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 2007.38.00.023314-9 MINAS GERAIS

Assim, nos termos do parecer ministerial, verbis:

() a busca pessoal relatada pelas provas presentes nos autos no padece de qualquer ilegalidade, haja vista a plena observncia das regras estabelecidas nos artigos 240, 2, e 244 do Cdigo de Processo Penal, isto , procedeu-se busca pessoal no recorrido em vista de fundada suspeita (denncia annima) de que ele estaria portando arma de fogo, oportunidade em que com ele foram encontradas cdulas falsas. No demais anotar que a apreenso de coisa diversa daquela noticiada na denncia annima em nada influi na legalidade da busca pessoal, visto que esta destina-se a averiguar qualquer ilegalidade ou indcios desta apontada por fundada suspeita inicial.

()

No h, portanto, qualquer sinal de ilicitude nas provas coligidas aos autos at o presente momento, mostrando-se, pois, de rigor o recebimento da denncia, haja vista a existncia de prova idnea da materialidade delitiva (CP, artigo 289, 1) e indcios suficientes de que o denunciado, ora recorrido, seria o autor da infrao penal. (Fls. 51/52.)

No RCCR 200733000111970, DESEMBARGADOR FEDERAL TOURINHO NETO, TRF1 TERCEIRA TURMA, 04/07/2008:

PROCESSUAL PENAL. BUSCA PESSOAL. ARTS. 240, 2, E 244, CPP. AUSNCIA DE FUNDADA SUSPEITA. NECESSIDADE DE DEMONSTRAO DE CRITRIO OBJETIVO JUSTIFICADOR DO ATO. PRISO EM FLAGRANTE DECORRENTE DA BUSCA PESSOAL. ILEGALIDADE. ARBITRARIEDADE. DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS DESRESPEITADOS. 1. Fundada suspeita requisito essencial e indispensvel para a realizao da busca pessoal, consistente na revista do indivduo (Guilherme de Souza Nucci). 2. A busca pessoal sem mandado deve assentar-se em critrio objetivo que a justifique. Do contrrio, dar-se- azo arbitrariedade e ao desrespeito aos direitos e garantias individuais. 3. A suspeita no pode basear-se em parmetros unicamente subjetivos, discricionrios do policial, exigindo, ao revs, elementos concretos que indiquem a necessidade da revista, mormente quando notrio o constrangimento dela decorrente (STF HC 81.305-4/GO, Rel. Ministro Ilmar Galvo). 4. Recurso em sentido estrito no provido.

Na Jurisprudncia do Tribunal de Justia do Estado de Minas Gerais:

Nmero do processo: 1.0000.00.283122-0/000(1) Nmero CNJ: 2831220-15.2000.8.13.0000 Relator: ALMEIDA MELO Data do Julgamento: 27/11/2002 Data da Publicao: 14/02/2003

EMENTA: Constitucional. Processo Penal. Direito de livre locomoo. Busca forada. Revista. Possibilidade, quando no interesse da segurana coletiva. O direito individual liberdade deve ser combinado com medidas preventivas de defesa da incolumidade pblica e da paz social. A revista, ante suspeita sria de irregularidade que possa causar distrbio vida, sade ou segurana das pessoas, defensvel quando efetivada em estado de necessidade coletiva.

Na Jurisprudncia do Tribunal de Justia do Estado do Rio de Janeiro:

2003.050.05226 APELACAO,DES. MARIO GUIMARAES NETO Julgamento: 27/04/2004 SEGUNDA CAMARA CRIMINAL

TRIBUNAL DO JURI DIREITO PENAL DESCLASSIFICAO EM PLENRIO COMPETNCIA DO JUIZ PRESIDENTE SENTENA ABSOLUTRIA POR FALTA DE PROVAS CRIMES DE RESISTNCIA E TRFICO DE ENTORPECENTES NO CONFIGURADOS APELO IMPROVIDO. Embora no gozo de sua liberdade de ir e vir, qualquer cidado pode ser interceptado por policiais para realizao de busca pessoal, presente uma findada suspeita quanto ao possvel envolvimento com algum fato criminoso. Ru que, ao avistar policiais, empreende, fuga, no d azo a uma fundada suspeita, at porque a lei no veda que se desvie de uma revista policial. Ausncia de tipicidade do crime de resistncia, ante inexistncia de ordem legal, bem como do emprego de violncia ou grave ameaa. Falta de provas de que o ru, efetivamente, atirou nos policiais. Apreenso e remessa do material entorpecente percia geradoras de duvida quanto sua procedncia, ante a irregularidade procedimental. Recurso improvido.

Doutrina

De acordo com o ensinamento de Guilherme de Souza Nucci a respeito do termo fundada suspeita:

requisito essencial e indispensvel para a realizao da busca pessoal, consistente na revista do indivduo. Suspeita uma desconfiana ou suposio, algo intuitivo e frgil, por natureza, razo pela qual a norma exige fundada suspeita, que mais concreto e seguro. Assim, quando um policial desconfiar de algum, no poder valer-se, unicamente, de sua experincia ou pressentimento, necessitando, ainda, de algo mais palpvel, como a denncia feita por terceiro de que a pessoa porta o instrumento usado para o cometimento do delito, bem como pode ele mesmo visualizar uma salincia sob a blusa do sujeito, dando ntida impresso de se tratar de um revlver. Enfim, torna-se impossvel e imprprio enumerar todas as possibilidades autorizadoras de uma busca, mas continua sendo curial destacar que a autoridade encarregada da investigao ou seus agentes podem e devem revistar pessoas em busca de armas, instrumentos do crime, objetos necessrios prova do fato delituoso, elementos de convico, entre outros, agindo escrupulosa e fundamentadamente. (Cdigo de Processo Penal Comentado. 4 ed. So Paulo: RT, 2005, p. 493).

Segundo ASSIS[1]:

Busca Pessoal

aquela efetuada especificamente na pessoa. Pode ser realizada por qualquer PM com ou sem o respectivo mandado. Isto no significa que seja lcito ao PM revistar indiscriminadamente todo cidado, o que caracteriza uma atitude despropositada alm de ilegal, considerando que cada cidado tem o direito de ir e vir sem ser molestado.

Postulamos que a fundada suspeita no pode encontrar morada apenas na presuno, mas exige algo alm, como um comportamento suspeito(acelerar o veculo ao avistar o policial militar em servio, desviar o olhar, executar manobra de modo a no passar por bloqueio etc.).

Arma proibida

Segundo o Ilmo. MINISTRO HAMILTON CARVALHIDO

Lembra-se a excluso do termo arma proibida, que constava da Lei 9437/97, quer no art. 10, quer no art. 11. Isso est textualmente descrito no inciso LXXXI do art. 3, do novo decreto que permite inferir que a antiga designao de uso proibido dada aos produtos controlados pelo Ministrio do Exrcito designado como de uso restrito. Por isto que hoje existem, to somente, armas restritas e armas permitidas.

(RECURSO ESPECIAL N 751.089 RS (2005/0080546-7) RELATOR : MINISTRO HAMILTON CARVALHIDO)

GUILHERME DE SOUZA NUCCI ao conceituar arma:

o instrumento utilizado para defesa ou ataque. Denomina-se arma prpria, a que destinada primordialmente, para ataque ou defesa (ex.: armas de fogo, punhal, espada, lana, etc.). Logicamente, muitas outras coisas podem ser usadas como meios de defesa ou de ataque. Nesse caso, so as chamadas armas imprprias (ex: uma cadeira atirada contra o agressor; um martelo utilizado para matar; uma ferramenta pontiaguda servindo para intimidar). Refletindo melhor a respeito, pensamos que o tipo penal vale-se da acepo ampla do termos, ou seja, refere-se tanto s armas prprias, quanto s imprprias, pois ambas apresentam maior perigo incolumidade fsica da vtima. (Cdigo Penal Comentado, So Paulo, RT, 2007, p. 689).

Acredito que arma proibida do Art. 244 do CPP, deve ser entendida em sentido amplo, ou seja, qualquer arma prpria e imprpria que a pessoa traga consigo com objetivo de utiliza-l com fim ilcito.

Busca em Mulheres

Explica ASSIS[2]:

Em mulheres, em situao de emergncia que possa ocasionar conseqncias irremediveis, o PM executar a busca, com o devido respeito e discrio.

Sempre que possvel, a busca em mulher deve ser feita em lugar discreto, fora do alcance da curiosidade popular, e o PM deve convidar outra mulher que inspire confiana, qual dar instrues sobre como efetuar a busca.

Nas Corporaes que possuem Polcia Feminina, a revista de mulher ser, sempre que possvel, a ela atribuda.

Consideraes Finais

Fundada suspeita de que algum oculte consigo arma proibida ou objetos obtidos por meios criminosos, com objetos que sirvam para colher qualquer elemento de convico, ou ainda traga consigo carta que o contedo possa ser til a elucidao do fato.

Assim o policial necessita de algo palpvel como:

a denncia feita por terceiro de que a pessoa porta o instrumento usado para o cometimento do delito;

informaes de ocorrncia policial repassada por Central de Operaes atravs de sistema de comunicaes;

se ele mesmo visualizar uma salincia sob a blusa do sujeito, dando ntida impresso de se tratar de arma de proibida;

se ele mesmo visualizar que a pessoa traz consigo qualquer elemento de convico para elucidao de fatos;

se a pessoa estiver em flagrante delito, e o policial visualize uma salincia sob a blusa do sujeito, dando ntida impresso de se tratar de arma proibida, para resguardar a integridade da equipe policial, do sujeito e de terceiros;

se a pessoa ao avistar uma viatura policial militar empreende fuga em desabalada carreira.

E neste sentido existe um infinito de possibilidades que iro caracterizar a fundada suspeita. Esta que deve estar sempre dentro dos limites legais da discricionariedade, baseada em algo mais concreto e seguro do que a simples suspeita.

No existir fundada suspeita quando o policial basear-se em simples suspeita, que uma desconfiana ou suposio, algo intuitivo e frgil.

A policia ostensiva tem como principal misso o policiamento ostensivo preventivo fardado, ou seja, atravs da presena e das aes e operaes policiais ostensivas evitar o acontecimento do crime, extinguindo o surgimento da oportunidade deste. Assim deve se tomar muito cuidado ao limitar todas as aes policiais em mnimos detalhes, pois esse minimizao da ao policial pode levar a uma falncia da atuao de policia ostensiva preventiva.

Ao meu ver aqueles locais chamados de Locais de Risco, quais sejam aqueles onde atravs de comprovada estatstica ocorrem ilcitos penais em decorrncia da oportunidade gerada pela falta de efetivo policial, que no consegue estar em todos os lugares a todo momento. Nestes Locais de Risco h fundada suspeita para o emprego de bloqueio, fiscalizao e abordagem policiais, buscando preservar o direito coletivo de segurana e tranqilidade publicas.