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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS FACULDADES INTEGRADAS DE FERNANDÓPOLIS INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO PEDAGOGIA EMERSON PEREIRA JUSSARA DE OLIVEIRA RENATO MARCIO A IMPORTÂNCIA DA MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL COMO SUBSÍDIO DE INCLUSÃO PARA A CRIANÇA COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS FERNANDÓPOLIS 2008

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS FACULDADES INTEGRADAS DE FERNANDÓPOLIS

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO

PEDAGOGIA

EMERSON PEREIRA JUSSARA DE OLIVEIRA

RENATO MARCIO

A IMPORTÂNCIA DA MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL COMO SUBSÍDIO DE INCLUSÃO PARA A CRIANÇA COM NECESSIDADE S

EDUCACIONAIS ESPECIAIS

FERNANDÓPOLIS 2008

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EMERSON PEREIRA JUSSARA DE OLIVEIRA

RENATO MARCIO

A IMPORTÂNCIA DA MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL COMO SUBSÍDIO DE INCLUSÃO PARA A CRIANÇA COM NECESSIDADE S

EDUCACIONAIS ESPECIAIS

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS Fernandópolis, 2008

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EMERSON PEREIRA

JUSSARA DE OLIVEIRA

RENATO MARCIO

A IMPORTÂNCIA DA MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL COMO SUBSÍDIO DE INCLUSÃO PARA A CRIANÇA COM NECESSIDADE S

EDUCACIONAIS ESPECIAIS

Monografia apresentada às Faculdades Integradas de Fernandópolis, Fundação Educacional de Fernandópolis, como requisito para a obtenção do título de Graduação em Pedagogia – Licenciatura Plena. Orientador: Profs. Amadeu Jesus Pessotta Co-orientadores: Elaine Araújo da Silva

Roberto Salvador

FERNANDÓPOLIS 2008

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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Catalogação na publicação Serviço de Documentação Universitária

Fundação Educacional de Fernandópolis Faculdades Integradas de Fernandópolis

Instituto Superior de Educação

Pereira, Emerson. Oliveira, de Jussara. Marcio, Renato. A importância da musicalização na educação especial como subsídio de inclusão para a criança com necessidades educacionais especiais. / Emerson Perereira; Jussara de Oliveira; Renato Marcio; orientador: Prof. Amadeu Jesus Pessotta; Co-orientadores: Elaine Araújo da Silva; Roberto Salvador. Fernandópolis, 2008, 63 f.

Monografia (Graduação em Pedagogia – Licenciatura Plena) – Faculdades Integradas de Fernandópolis, Fundação Educacional de Fernandópolis.

1. Música. 2. Musicalização. 3. Educação Musical. 4.

Educação Especial. 5. Psicomotricidade.

CDD

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FOLHA DE APROVAÇÃO

EMERSON PEREIRA JUSSARA DE OLIVEIRA RENATO MARCIO A IMPORTÂNCIA DA MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL COMO SUBSÍDIO DE INCLUSÃO PARA A CRIANÇA COM NECESSIDADE S EDUCACIONAIS ESPECIAIS

Monografia apresentada às Faculdades Integradas de Fernandópolis, Fundação Educacional de Fernandópolis, como requisito para a obtenção do título de Graduação em Pedagogia – Licenciatura Plena

Aprovada em: ___/___/2008 Examinadores: ___________________________________________ Prof: Amadeu Jesus Pessota (orientador) Instituição: Faculdades Integradas de Fernandópolis Curso: Pedagogia ___________________________________________ Prof: Elaine Araújo da Silva (co-orientadora) Instituição: Faculdades Integradas de Fernandópolis Curso: Pedagogia ___________________________________________ Prof: Roberto Salvador (co-orientador) Instituição: Faculdades Integradas de Fernandópolis Curso: Pedagogia

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Dedicatória À todos que consideram a música importante em suas vidas.

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Agradecimentos A Deus, pela força nas noites vividas em claro... A nossos familiares, pela compreensão dos horários inadequados de estudo... Ao maestro Luis Fernando e o maestro assistente Raphael Vinicius (Simba) pela idéia do tema... A Viviane dos Santos Louro, Luís Garcia Alonso, Alex Ferreira de Andrade, por serem pessoas iluminadas e desenvolverem um trabalho apaixonante expresso no livro Educação Musical e Deficiência: propostas pedagógicas... A Daiane, amiga do Renato, por ser ouvinte paciente e opinar nos momentos de conclusão dos capítulos... À Sueli Paixão, por nos fazer enxergar que nunca se deve começar construir uma boa casa pelo telhado.

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Epígrafe Educação musical SIGNIFICATIVA para todos, com e sem direitos especiais.

(ISAMARA ALVES CARVALHO).

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RESUMO

MÁRCIO, Renato; PEREIRA, Emerson; OLIVEIRA, Jussara de. A importância da musicalização na educação especial como subsídio de inclusão para crianças com necessidades especiais . 2008. 63 f. Monografia (Graduação em Pedagogia – Licenciatura Plena) – Faculdades Integradas de Fernandópolis, Fundação Educacional de Fernandópolis, Fernandópolis-SP, 2008. Nos últimos dez anos, as propostas educativas para pessoas com necessidades

educacionais especiais avançaram de forma significativa no Brasil. Até meados da

década de 50, a atenção às pessoas com deficiência era baseada no paradigma de

institucionalização e se caracterizava pela sua segregação em instituições

residenciais ou escolas especiais ou, ainda, em lugares distantes das famílias.

Grande parte do desenvolvimento humano ocorre nos primeiros anos de vida

através da coordenação das ações sensório-motoras, ou seja, através do perceber,

relacionar-se, construir uma imagem interna do mundo exterior. O desenvolvimento,

principalmente da inteligência, depende das vivências que a pessoa trava com o

mundo externo; assim, a relação corpo-movimento-sentidos é de crucial importância

para o amadurecimento global do homem, para que ele possa assumir-se como ser

no mundo e construir sua estória. Esse processo evolutivo, em princípio, natural a

todos, é o que se conhece por psicomotricidade, ou seja, relação entre pensamento

e ação, envolvendo também a emoção. Para a criança portadora de deficiência, os

problemas psicomotores são freqüentes, o que pode contribuir para uma dificuldade

de aprendizagem. Tantas são as questões importantíssimas a serem trabalhadas,

mas uma pergunta não quer calar: o que tudo isso tem a ver com a aprendizagem

musical? Ora, para executar uma música, seja ela cantada, tocada, ou mesmo

compreendê-la de maneira aprofundada depende de fatores psicomotores: no

processo musical há pulsação, ritmos diversos, andamentos variados e formas

distintas, ou seja, a musicalização é um processo de estimulação psicomotora

constante. Portanto, ao musicalizar principalmente a criança com necessidades

educacionais especiais, trabalhar-se-ão todos os aspectos psicomotores

necessários para uma boa aprendizagem e auto-confirmação nos relacionamentos

interpessoais.

Palavras-chave : música, musicalização, educação musical, educação especial; psicomotricidade.

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ABSTRACT

MÁRCIO, Renato; PEREIRA, Emerson; OLIVEIRA, Hussara de. The importance of music in special education as a subsidy for inclusi on for children with special needs . 2008. 63 f. Monograph (Graduation in Pedagogy - Full Degree) - Faculdades Integradas de Fernandópolis, Fundação Educacional de Fernandópolis, Fernandópolis-SP, 2008.

Over the past decade, the educational proposals for people with special educational

needs advanced significantly in Brazil. Until the mid-50, the attention to people with

disabilities was based on the paradigm of institutionalization and was characterized

by their segregation in special schools or residential institutions, or in places away

from families. Much of the human development occurs early in life through the

coordination of sensor-driven actions, that is, through experience, relating to, building

an internal image of the outside world. The development, especially the intelligence,

depends on the experiences that the person gets with the external world, so the

body-motion-directions relation is of very important for the overall maturity of man, so

he can take himself as being in the world and build his history. This evolution process

is natural for all in its beginning, known as psychomotricity, i.e., relationship between

thought and action, involving also the emotion. For the handicapped child, the

psychomotor problems are frequent, and they can cause a learning disability. Many

are the important issues to be worked, but a question does not want to deploy: what

all this has to do with learning music? However, in order to perform a song, singing or

playing, or even understand it deeply it depends on psychomotor factors, in case

there are musical pulse, different rhythms, different movements and different ways, i.

e., music is a process of psychomotor constant stimulation. So music mainly to the

child with special educational needs is to work all the psychomotor aspects

necessary to a good learning and self-confirmation in interpersonal relationships.

Keywords : music, musical education, special education; psychomotricity.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO . . . . . . . . 10

1 UM PROCESSO HISTÓRICO. . . . . . 15

1.1 A criança com necessidades educativas especiais.. . . 16 1.2 A educação especial . . 18 1.3 Música e musicalização: 2 significados, um só caminho. . 22 1.4 A educação musical . . . . . 26 1.5 A Educação musical na vida da criança com necessidades

educativas especiais. . . . . . . 27

2 A HISTÓRIA DE UM PROCESSO . . . . . . 34

2.1 A criança com necessidades educativas especiais mentais. . 35 2.2 A criança com necessidades educativas especiais físicas. . 39 2.3 A criança com necessidades educativas especiais auditivas. . 41 2.4 A criança com necessidades educativas especiais visuais 44

3 UM PROCESSO 47

3.1 Musicalizando a criança com necessidades educativas especiais mentais 50

3.2 Musicalizando a criança com necessidades educativas especiais físicas 52

3.3 Musicalizando a criança com necessidades educativas especiais auditivas 55

3.4 Musicalizando a criança com necessidades educativas especiais visuais 57

CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . 60

REFERÊNCIAS. . . . . . . . 62

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INTRODUÇÃO

A musicalização tem como objetivo fornecer elementos contribuintes para o

desenvolvimento da inteligência e a integração do ser.

Muito se tem falado acerca da inclusão de crianças especiais e, com isso,

vários são os questionamentos que a seguem, sendo a música uma linguagem

universal e tendo participado da história da humanidade desde as primeiras

civilizações. Na Grécia Clássica, o ensino da música era obrigatório, os gregos

ensinavam como determinados acordes musicais e certas melodias criavam reações

definidas no organismo humano. “Pitágoras demonstrou que a seqüência correta de

sons, se tocada musicalmente num instrumento, pode mudar padrões de

comportamento e acelerar o processo de cura” (BRÉSCIA, 2003 p. 31,). Empregar-

se-á, portanto, esse recurso para a maturação e adaptação da criança em constante

contato com o meio, pois se sabe que é através da afinidade com o seu meio que a

criança agirá e pensará.

Atualmente existem diversas definições para música. Mas, de um modo

geral, ela é considerada ciência e arte, na medida em que as relações entre os

elementos musicais são relações matemáticas e físicas; a arte manifesta-se pela

escolha dos arranjos e combinações, ou seja, combinação harmoniosa e expressiva

de sons, a arte de se exprimir por meio de sons. Os movimentos internos e externos

no homem; como energia impulsiona-o à ação promovendo nele uma multiplicidade

de condutas de diferentes qualidades e grau, tudo isso é estimulado dependendo da

música ou do som ouvido em determinado momento ou situação emocional.

Para se compor uma música, precisa-se de quatro elementos básicos: som,

ritmo, melodia e harmonia, e cada um dos aspectos ou elementos da música

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corresponde a um aspecto humano específico, pois o ritmo musical induz ao

movimento corporal, a melodia estimula a afetividade e, enfim, a harmonia contribui

ativamente para a afirmação ou para a restauração da ordem mental no homem.

Um processo de construção do conhecimento através da musicalização

desperta o gosto musical, aflora a sensibilidade, o senso rítmico, a imaginação, a

memória, a concentração, a autodisciplina e uma melhor socialização e afetividade;

as crianças que nascem com deficiência necessitam extremamente desse processo

de integração, pois, como já se sabe, são crianças especiais.

As atividades de musicalização permitem que a criança conheça melhor a si

mesma e melhore sua comunicação com o outro, pois, nos dias atuais, com o

predomínio dos recursos visuais, as crianças preferem ver não tendo paciência para

escutar, por isso, é fundamental fazer uso e exploração freqüente do universo

sonoro desenvolvendo assim a escuta sensível e ativa nessas crianças.

As primeiras atividades de exploração sonora devem partir do ambiente

familiar da criança, passando depois para os diversos ambientes freqüentados

diariamente por ela.

Exploradas as primeiras atividades sonoras, é importante trabalhar os

atributos sonoros que são: altura (agudo, médio, grave); intensidade (forte, fraco);

duração (longo, curto); timbre (é a característica de cada som).

Uma das maneiras de trabalhar esses atributos é a comparação,

diferenciando um som agudo de um grave, forte de um fraco, ou longo de um curto,

através dos jogos musicais.

Com essas atividades, o educador pode perceber quais os pontos fortes e

fracos das crianças, principalmente quanto à capacidade de memória auditiva,

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observação, discriminação e reconhecimento dos sons, podendo assim vir a

trabalhar melhor o que está defasado.

As reflexões teóricas sobre o comportamento humano levam em

consideração as teorias de Piaget (1989) e Vigotsky (1993), a influência da música

no desenvolvimento da psicomotricidade e da auto-imagem, já que o papel da

música na educação é simples: ser um instrumento capaz de tornar o ambiente

físico escolar um lugar mais alegre e receptivo. Assim, o desenvolvimento

cognitivo/lingüístico (situações oportunas experimentadas no dia-a-dia que

favorecem o desenvolvimento dos sentidos das crianças), o psicomotor (atividades

musicais que oferecem inúmeras oportunidades para que a criança aprimore sua

habilidade motora, e o ritmo tem um papel importante na formação e equilíbrio do

sistema nervoso) e sócio/afetivo (atividades musicais coletivas que favorecem o

desenvolvimento da socialização, estimula a compreensão, a participação e a

cooperação) da criança será atingido facilmente com muito mais prazer; afinal a

música é um bem cultural, e seu conhecimento não deve ser privilégio de poucos.

A música pode ser usada como um recurso no aprendizado de diversas

disciplinas. O educador pode selecionar músicas que falem do conteúdo a ser

trabalhado em sua área; isso vai tornar a aula dinâmica, atrativa, e vai ajudar a

recordar as informações necessárias referente à proposta trabalhada. A música

também deve ser estudada como matéria em si, como linguagem artística, forma de

expressão e um bem cultural. A instituição escolar deve ampliar o conhecimento

musical do aluno, oportunizando a convivência com os diferentes gêneros,

apresentando novos estilos, proporcionando uma análise reflexiva do que lhe é

apresentado, permitindo que o aluno se torne mais crítico (MÁRSICO, 1982, p.148).

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As atividades musicais realizadas na escola não visam à formação de

músicos, e sim a abertura de canais sensoriais para facilitar a expressão de

emoções, ampliar a cultura geral e contribuir para a formação integral do ser.

Poucos são os estudos que demonstram de forma clara e objetiva a relação entre

esses aspectos, porém, várias pesquisas comprovam que crianças que são

submetidas ao processo de educação musical tendem a se relacionar melhor

consigo mesmas e com os outros (KATSCH; MERLE-FISHMAN apud BRÉSCIA,

2003, p.60).

O trabalho com musicalização infantil na educação especial pode ter

objetivos profiláticos, nos seguintes aspectos: físico (oferecendo atividades capazes

de promover o alívio de tensões); psíquico (promovendo processos de expressão) e

mental (proporcionando situações que possam contribuir para estimular e

desenvolver o sentido da ordem).

Desse modo, é cabível comentar-se sobre as inteligências múltiplas

(GARDNER, 1995), mais precisamente falar da inteligência musical, na qual se

podem elencar os motivos pelos quais ela deve ser valorizada na educação

especial, pois conhecer música é importante: ela transmite a herança cultural, é uma

aptidão inerente a todas as pessoas, é criativa e auto-expressiva.

O tema proposto – A Importância da musicalização na educação especial

como subsídio de inclusão para a criança com necessidades educativas especiais –

surgiu no inicio do ano letivo de 2008, a partir da proposta do maestro da OSFER

(Orquestra de Sopros de Fernandópolis), Luis Fernando Paina, também professor de

Educação Física na APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de

Fernandópolis. Esse trabalho será realizado junto ao corpo docente de Educadores

Musicais da OSFER (o aluno Renato Márcio é integrante do corpo docente da

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OSFER), um projeto de musicalização nas séries iniciais da educação especial na

APAE, e assim trabalhar, através da musicoterapia na sala de aula, o melhor

desenvolvimento, a integração e a inclusão dessas crianças com necessidades

especiais

As atividades de musicalização abrem os horizontes da inclusão às

crianças portadoras de necessidades especiais, pois o caráter lúdico e livre contido

na expressão musical é uma forma de aliviar e relaxar a criança, auxiliar na

desinibição, contribuir para o envolvimento social, despertar noções de respeito e

consideração pelo outro, derrubando as barreiras quanto ao preconceito, e abrindo o

espaço para outras aprendizagens.

Enfim, a música tende a influenciar o homem física e mentalmente,

proporcionando uma analise reflexiva, permitindo que a criança com necessidades

educativas especiais se torne mais crítica e, conseqüentemente, a musicalização se

classifica como um elemento importante para se estabelecer a harmonia pessoal,

facilitando a integração, a inclusão social e o equilíbrio psicossomático.

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1 UM PROCESSO HISTÓRICO

Nos últimos dez anos as propostas educativas no que se refere às pessoas

com necessidades educacionais especiais avançaram de forma significativa no

Brasil. Até meados da década de 50, a atenção às pessoas com deficiência era

baseada no paradigma da institucionalização e se caracterizava pela segregação

dessas pessoas em instituições residenciais ou escolas especiais em lugares

distantes das famílias.

Na década de 60, esse paradigma começou a ser questionado através de

um processo geral de reflexão e crítica sobre os direitos das minorias na construção

da sociedade. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (LOURO; ALONSO;

ANDRADE, 2006, p.17), outorgado pela Organização das Nações Unidas em 1948,

afirma a liberdade e igualdade de todos os seres humanos em dignidade e direitos,

independente da sua raça, cor, sexo, língua, ou outras características, bem como, o

direito à educação gratuita a todos.

Dois novos conceitos integraram o debate social em relação à pessoa com

necessidades educacionais especiais: a desinstitucionalização e a normalização

(LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p.17). Criou-se, então, o conceito de

integração que consiste em modificar a pessoa com algum tipo de deficiência de

modo a torná-la o mais semelhante possível às demais pessoas. A visão de tentar

tornar a pessoa “deficiente” em “normal” foi gradativamente substituída por um novo

pensamento: a pessoa com necessidades educacionais especiais é um cidadão

como outro qualquer, por isso, é detentor dos mesmos direitos e oportunidades

oferecidas na sociedade.

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Portanto, o paradigma de suporte é um processo bidirecional que envolve

ações junto à sociedade e à pessoa com necessidades educativas especiais e está

fundamentado na idéia de sociedade inclusiva, isto é, uma sociedade preparada

para receber e lidar com a diversidade.

É nesse contexto que se acredita na importância de refletir sobre outras

possibilidades educacionais, tais como a música, pois certamente as manifestações

artísticas integram a educação e traz benefícios imensuráveis para a formação do

indivíduo e em se tratando de música, ela engloba um vasto campo de

conhecimentos, atuações e possibilidades.

1.1 A criança com necessidades educacionais especia is

Todo nascimento de uma criança deficiente chega como um enigma. A

maioria dos enigmas nesta vida chega de repente: um acidente, a perda inesperada

de um ser querido, uma deficiência física ou mental. Os enigmas não existem

somente para serem decifrados, eles são uma oportunidade e uma via inquietante

para irmos ser a si mesmo.

Um filho, um parente, a filha de um amigo nasceu com uma deficiência – são

várias as atitudes. A mais comum é a perplexidade. Esse comportamento está ligado

à idéia inconsciente de julgamentos ou merecimentos: “Por que eu? Por que essa

pedra no meu caminho? Por que comigo?” A dimensão humana de cada um, na

humildade e na força do ser deveria perguntar “por que não?” Mas as leis sociais

das compensações, dos interesses e dos negócios levam as pessoas a

enveredarem pelo caminho da autocompaixão, a buscar e requerer explicações na

lógica das leis dos tribunais.

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Essa via das justificativas e explicações é plena de esterilidade. A

interrogação sobre a origem do mal, quase sempre, não leva a nada. Sobretudo

quando o que se chama de mal é o que se percebe como tal. Isso tudo parte e vem

de pressupostos equivocados. Alguém seria culpado de quê?

Não se vêem os enigmas como a pedra fundamental e angular, mas como a

pedra de tropeço. No início, não se vê a criança deficiente como uma possível

necessidade. Os sentimentos normais, após o espanto e o susto, são os de rejeição

e o que é pior, para alguns a rejeição será permanente e decisiva (MARAVILHAS,

2002.).

Aos poucos esse evento enigmático indica o caminho do para quê. O

enigma, cuja existência é negada e tida por inaceitável por tantos, funciona como um

marco ou farol a ser contornado, uma referência no caminho, uma inflexão na

trajetória.

Um dos desafios dos enigmas é o de passar perto, reconhecê-los e não

chorar. Alguns se afastam, fogem para bares, bebidas, sexo, religião, buscam uma

“nova” vida e, muitas vezes, outra família. Quantos casais se desestruturam e

caminham para o divórcio com o evento de um filho deficiente! Outros, piores ainda,

buscam uma forma de eliminar fisicamente ou familiarmente essa criança, através

da doação, do abandono ou da morte. Ao evitarem a realidade, essas pessoas –

verdadeiras deficientes psicológicas e humanas – trilham o caminho da perdição

completa de sua identidade, estendendo o manto da desorientação sobre a família e

da criança portadora de necessidades especiais (MARAVILHAS, 2002.).

O enigma que foi dado deve ser transformado numa jóia única e de valor. Os

enigmas ensinam a existência de passagens irredutíveis e intransferíveis na vida,

chamados diferenciadores. Precisa-se começar fletindo os joelhos e pedindo o

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milagre, é ocasião para uma conversão, como na música, onde as partituras

sinalizam as conversões possíveis e obrigatórias no ato de sua execução

(MARAVILHAS, 2002).

O advento de uma criança deficiente desafia o sentimento de onipotência.

Essa criança deficiente chega como uma oportunidade de um novo caminho,

apropriado para se ir à descoberta da verdadeira atitude social de um indivíduo e

dela mesma.

Em tempos primitivos, as crianças com deficiência eram um estorvo,

principalmente para os povos nômades, e poderiam simplesmente ser mortas; na

Antiguidade, o pai era quem decidia sobre a vida da criança com deficiência: a

criança tinha que ser perfeita de qualquer maneira; na Idade Média, os deficientes

não refletiam a perfeição divina, eram alvos da caridade nos mosteiros, serviam para

divertimento nos castelos; apenas no século XVIII, a pessoa com necessidades

educativas especiais começa a ser alvo de sentimentos compassivos e ter quase

claro sua reabilitação e direito a educação (SECRETARIA, 2000).

As crianças especiais surgem como uma via de superação da ilusão da

onipotência e diante da necessidade de alquimizar e metabolizar o enigma recebido.

O primeiro passo é tocá-lo, segurá-lo, pesá-lo, identificá-lo e colocá-lo bem diante do

mundo, para um dia, nomeá-lo e verdadeiramente amá-lo.

1.2 A educação especial

A educação especial tem sido, atualmente, definida no Brasil segundo uma

perspectiva mais ampla, que ultrapassa a simples concepção de atendimentos

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especializados, como tal vinha sendo a sua marca nos últimos tempos (PCN Brasil,

1999).

Conforme define a nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9394/96), trata-se de

uma modalidade de educação escolar voltada para a formação do indivíduo, com

vistas ao exercício da cidadania.

Como elemento integrante e indistinto do sistema educacional, realiza-se

transversalmente, em todos os níveis, nas instituições escolares, cujo projeto,

organização e prática pedagógica devem respeitar a diversidade dos alunos, a exigir

diferenciações nos atos pedagógicos que contemplem as necessidades

educacionais de todos. Os serviços educacionais especiais, embora diferenciados,

não podem desenvolver-se isoladamente, mas devem fazer parte de uma estratégia

global de educação e visar às suas finalidades gerais.

A análise de diversas pesquisas brasileiras (PCN BRASIL, 1999) identifica

tendências que evitam considerar a educação especial como um subsistema à parte

e reforçam o seu caráter interativo na educação geral. Sua ação transversal permeia

todos os níveis – educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e educação

superior, bem como as demais modalidades – de educação de jovens e adultos e

educação profissional.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN BRASIL, 1999) preconizam a

atenção à diversidade da comunidade escolar e se baseiam no pressuposto de que

a realização de adaptações curriculares pode atender a necessidades particulares

de aprendizagem dos alunos. A atenção à diversidade está focalizada no direito de

acesso à escola e visa à melhoria da qualidade de ensino e aprendizagem para

todos, irrestritamente, bem como as perspectivas de desenvolvimento e

socialização.

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A diversidade existente na comunidade escolar contempla uma ampla

dimensão de características. Necessidades educacionais podem ser identificadas

em diversas situações representativas de dificuldades de aprendizagem, como

decorrência de condições individuais, econômicas ou socioculturais dos alunos

(PCN BRASIL, 1999): crianças com condições físicas, intelectuais, sociais,

emocionais e sensoriais diferenciadas; crianças com deficiência e bem dotadas;

crianças trabalhadoras ou que vivem nas ruas; crianças de grupos desfavorecidos

ou marginalizados; ou seja, a expressão “necessidades educacionais especiais” está

associada a dificuldades de aprendizagem, não necessariamente vinculada a

deficiência.

O termo surgiu para evitar os efeitos negativos de expressões como:

deficientes, excepcionais, subnormais, superdotados, infradotados, incapacitados.

Tem o propósito de deslocar o foco do aluno e direcioná-lo para as respostas

educacionais, é uma forma de reconhecer que muitos alunos, sejam ou não

portadores de deficiência ou superdotação, apresentam necessidades educacionais

que passam a ser especiais quando exigem respostas específicas adequadas.

O que se pretende resgatar com essa expressão é o seu caráter de

funcionalidade, isso requer uma análise que busque verificar o que ocorre quando se

transforma as necessidades especiais de uma criança numa criança com

necessidades especiais. Necessitar de atenção especial na escola pode repercutir

no risco de tornar-se um portador de necessidades especiais.

Falar em necessidades educacionais especiais deixa de ser pensar nas

dificuldades específicas dos alunos e passa a significar o que a escola pode fazer

para dar respostas às suas necessidades, bem como aos que apresentam

necessidades específicas muito diferentes dos demais. Considera os alunos, como

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passíveis de necessitar de atenção específica e poder requerer um tratamento

diversificado dentro de um mesmo currículo, em situação externa; a diferença pode

conduzir à exclusão, por causa da diversidade ou da dificuldade em lidar com ela.

Respeitar a atenção à diversidade e manter a ação pedagógica “normal” é

um desafio presente na integração dos alunos com maiores ou menos acentuadas

dificuldades para aprender.

Embora as necessidades especiais na escola sejam amplas e diversificadas,

a atual Política Nacional de Educação Especial aponta para uma definição de

prioridades no que se refere ao atendimento especializado a ser oferecido na escola

para quem dele necessitar. Portanto defini-se um aluno com necessidades

educacionais especiais aquele que “apresentar necessidades próprias e diferentes

dos demais alunos no domínio das aprendizagens curriculares correspondentes à

sua idade (PCN Brasil, 999). A classificação desses alunos dá ênfase a: crianças

com necessidades educacionais mentais (caracteriza-se por registrar um

funcionamento intelectual geral significantemente fora da média, concomitantemente

com limitações associadas a duas ou mais áreas de conduta adaptativa ou da

capacidade do indivíduo em responder adequadamente às demandas da

sociedade); visuais (é a redução ou perda total da capacidade de ver com o melhor

olho e após a melhor correção ótica); auditivas (perda total ou parcial, congênita ou

adquirida, da capacidade de compreender a fala por intermédio do ouvido); físicas

(variedade de condições não sensoriais que afetam o indivíduo em termos de

modalidade, de coordenação motora geral ou da fala, como decorrência de lesões

neurológicas, neuromusculares e ortopédicas, de malformações congênitas ou

adquiridas.); múltiplas (é a associação de duas ou mais deficiências primárias

mental/visual/auditiva/física), com comprometimentos que acarretam atrasos no

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desenvolvimento global e na capacidade adaptativa); crianças com condutas típicas

(problemas de conduta, manifestação de comportamento típica de crianças com

síndromes e quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos que ocasionam

atrasos no desenvolvimento e prejuízos no relacionamento social); crianças com

superdotação (notável desempenho e elevada potencialidade em quaisquer

aspectos isolados ou combinados).

1.3 Música e musicalização: 2 significados, um só c aminho

Atualmente, existem diversas definições para música. Mas, de um modo

geral, ela é considerada ciência e arte, na medida em que as relações entre os

elementos musicais são relações matemáticas e físicas; a arte manifesta-se pela

escolha dos arranjos e combinações, ou seja, combinação harmoniosa e expressiva

de sons, a arte de se exprimir por meio de sons. Os movimentos internos e externos

no homem, enquanto energia, o impulsiona à ação, promovendo nele uma

multiplicidade de condutas de diferentes qualidade e grau; tudo isso é estimulado

dependendo da música ou do som ouvido em determinado momento ou situação

emocional ( CHIARELLI; BARRETO, 2007).

Para se compor uma música, precisa-se de quatro elementos básicos: som,

ritmo, melodia e harmonia. Cada um dos aspectos ou elementos da música

corresponde a um aspecto humano específico: o ritmo musical induz ao movimento

corporal, a melodia estimula a afetividade e, enfim, a harmonia contribui ativamente

para a afirmação ou para a restauração da ordem mental no homem (CHIARELLI;

BARRETO, 2007).

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A musicalização tem como objetivo fornecer elementos contribuintes para o

desenvolvimento da inteligência e a integração do ser. Muito se tem falado a cerca

da inclusão de crianças especiais e, com isso, vários são os questionamentos que a

seguem, sendo a música uma linguagem universal e tendo participado da história da

humanidade desde as primeiras civilizações (na Grécia clássica, o ensino da música

era obrigatório; os gregos ensinavam como determinados acordes musicais e certas

melodias criavam reações definidas no organismo humano. Utilizar-se-á, portanto,

esse recurso para a maturação e adaptação da criança em constante contato com o

meio, pois é através da afinidade com o seu meio que essa criança agirá e pensará.

Um processo de construção do conhecimento através da musicalização

desperta o gosto musical, aflora a sensibilidade, o senso rítmico, a imaginação, a

memória, a concentração, a autodisciplina, uma melhor socialização e a afetividade.

As crianças que nascem com necessidades educacionais especiais necessitam

extremamente desse processo de integração, pois, como se sabe, são crianças

especiais. As atividades de musicalização permitem que a criança conheça melhor a

si mesma e melhore sua comunicação com o outro, pois, nos dias atuais, com o

predomínio dos recursos visuais as crianças preferem ver, não tendo paciência para

escutar; por isso, é fundamental fazer uso e exploração freqüente do universo

sonoro desenvolvendo, assim, a escuta sensível e ativa nessas crianças.

Exploradas as primeiras atividades sonoras, é importante trabalhar os

atributos sonoros, que são: altura (agudo, médio, grave); intensidade (forte, fraco);

duração (longo, curto); timbre (a característica de cada som).

Explorando o máximo de atividades sonoras, o educador pode perceber

quais os pontos fortes e fracos das crianças, quanto à capacidade de memória

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auditiva, observação, discriminação e reconhecimento dos sons, podendo, assim, vir

a trabalhar melhor o que está defasado (CHIARELLI; BARRETO, 2007).

As reflexões teóricas sobre o comportamento humano levam em

consideração as teorias de Piaget (1989) e Vigotsky (1993) a influência da música

no desenvolvimento da psicomotricidade e da auto-imagem, já que o papel da

música na educação é simples, é um instrumento capaz de tornar o ambiente físico

escolar um lugar mais alegre e receptivo. Promovendo o desenvolvimento

cognitivo/lingüístico (situações oportunas experimentadas no dia-a-dia que

favorecem o desenvolvimento dos sentidos das crianças), psicomotor (as atividades

musicais que oferecem inúmeras oportunidades para que a criança aprimore sua

habilidade motora, e o ritmo tem um papel importante na formação e equilíbrio do

sistema nervoso) e sócio/afetivo (as atividades musicais coletivas favorecem o

desenvolvimento da socialização, estimulam a compreensão, a participação e a

cooperação) da criança será atingido facilmente com muito mais prazer, afinal a

música é um bem cultural, e seu conhecimento não deve ser privilégio de poucos.

A música pode ser usada como um recurso no aprendizado de diversas

disciplinas (CHIARELLI; BARRETO, 2007). O educador pode selecionar músicas

que falem do conteúdo a ser trabalhado em sua área, isso vai tornar a aula

dinâmica, atrativa e vai ajudar a recordar as informações necessárias referentes à

proposta trabalhada. A música também deve ser estudada como matéria em si,

como linguagem artística: forma de expressão é um bem cultural. A instituição

escolar deve ampliar o conhecimento musical do aluno, oportunizando a convivência

com os diferentes gêneros, apresentando novos estilos, proporcionando uma análise

reflexiva do que lhe é apresentado, permitindo que o aluno se torne mais crítico.

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As atividades musicais realizadas na escola não visam à formação de

músicos e, sim, a abertura de canais sensoriais para facilitar a expressão de

emoções, ampliar a cultura geral e contribuir para a formação integral do ser.

Poucos são os estudos que demonstram de forma clara e objetiva a relação entre

esses aspectos, porém, várias pesquisas (BARRETO, 2000, p. 45) comprovam que

as crianças submetidas ao processo de educação musical tendem a se relacionar

melhor consigo mesmas e com os outros.

O trabalho com musicalização infantil na educação especial pode ter

objetivos profiláticos, nos seguintes aspectos: físico (oferecendo atividades capazes

de promover o alívio de tensões); psíquico (promovendo processos de expressão);

mental (proporcionando situações que possam contribuir para estimular e

desenvolver o sentido da ordem). Desse modo, é cabível comentar-se sobre as

inteligências múltiplas (GARDNER, 1995), mais precisamente falar da inteligência

musical, na qual se podem elencar os motivos por que ela deve ser valorizada na

educação especial, pois conhecer música é importante: ela transmite a herança

cultural, é uma aptidão inerente a todas as pessoas, é criativa e auto-expressiva,

ensina os alunos sobre seus relacionamentos com os outros, oferece-lhes rotas de

sucesso, melhora a aprendizagem de todas as matérias, ajuda os alunos a

aprenderem que nem tudo na vida é quantificável, exalta o espírito humano.

Com tudo já apresentado, as atividades de musicalização abrem os

horizontes da inclusão às crianças com necessidades educacionais especiais, pois o

caráter lúdico e livre contido na expressão musical é uma forma de aliviar e relaxar a

criança, auxiliar na desinibição, contribuir para o envolvimento social, despertar

noções de respeito e consideração pelo outro, derrubando as barreiras quanto ao

preconceito e abrindo o espaço para outras aprendizagens. Com a prática da

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musicalização, pode-se evidenciar um universo que conjuga a expressão de

sentimentos, idéias, valores culturais que facilitam a comunicação do indivíduo em

diferentes aspectos do desenvolvimento humano: físico, mental, social, emocional,

facilitando, assim, reconhecer-se e a se orientar melhor no mundo.

Enfim, a música tende a influenciar o homem física e mentalmente,

proporcionando uma análise reflexiva, permitindo que a criança com necessidades

educacionais especiais se torne mais crítica e, conseqüentemente, a musicalização

se classifica como elemento importante para se estabelecer a harmonia pessoal,

facilitando a integração, a inclusão social e o equilíbrio psicossomático.

1.4 A educação musical

É a educação que oportuniza ao indivíduo acesso à música como arte,

linguagem e conhecimento, acontece assistematicamente com o propósito de

sensibilizar e desenvolver integralmente o educando (EDUCAÇÃO, 2008).

O professor procura trabalhar no estudante as disciplinas de forma

significativa; no caso musical, é exigido do aluno treino diário para a aquisição do

conhecimento musical e ou da habilidade instrumental. Dentro de um processo

pedagógico musical, é de suma importância que o aluno tenha o instrumento

escolhido para seu melhor aperfeiçoamento; assim, na educação musical, mesmo

quando direcionada exclusivamente às pessoas com deficiências, o aprendizado

musical tem por objetivo atingir o ser em sua totalidade e, muitas vezes, para essas

pessoas com necessidades educacionais especiais fazer música é tão essencial

como para qualquer outra pessoa. Por esse motivo, cumpre desenvolverem-se

metodologias eficazes dentro da educação musical para as pessoas com

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necessidades educacionais especiais e adaptar a música ao aluno e nunca o aluno

à música (LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p. 67).

Diversas experiências em educação musical aconteceram em diferentes

partes do mundo (EDUCAÇÃO, 2008). Principalmente no século XX, toda essa

preocupação com a educação musical marcou uma forte tendência mundial. No

Brasil, há registro do uso da música na educação desde a chegada das primeiras

missões jesuíticas ao país (EDUCAÇÃO, 2008). Por essa época, músicos

organizavam-se nas chamadas irmandades, e foram essas irmandades que

contribuíram para a difusão da música durante a segunda metade do século XVIII,

mas registros de educação musical nesse período podem ser encontrados nas

escolas normais, onde a música sempre foi considerada parte importante na

formação do indivíduo.

A educação musical no âmbito da escola regular busca musicalizar o

educando, ou seja, dar-lhe as condições para que compreenda o que se passa no

plano da expressão e no plano do significado quando houve ou executa a mais bela

das artes, a música.

1.5 A educação musical na vida da criança com neces sidade especial

Procurar-se-ão abordar, aqui, os princípios básicos que norteiam a iniciação

musical tradicional, para, assim, traçar relações entre as correntes pedagógicas

musicais e o ensino musical da criança portadora de necessidades especiais.

Os educadores musicais mais influentes dos inicio do século XX foram:

Kodaly, Willens, Dalcroze, Suzuki e Orff (LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p.

95). Eles enfatizam a importância do movimento e do canto na aprendizagem

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musical. Como esses dois aspectos sempre deixaram um gostinho de quero mais, a

partir da segunda metade do século XX, surgiram outros educadores que

começaram a dar importância para outros aspectos da música. Um conceito novo

empregado à música difundido por Schafer (apud LOURO; ALONSO; ANDRADE,

2006, p. 96) é a ênfase na exploração dos sons ambientais: educação sonora; trata-

se do despertar para o universo sonoro por meio de ações muito simples, capazes

de modificar substancialmente a relação ser humano/ ambiente sonoro.

De forma concisa, dentro dessa visão, objetos do dia-a-dia, sons de animais,

sons da natureza, sons dos eletrodomésticos, sons produzidos com o corpo, entre

outros, são utilizados como parte integrante do processo de mudança da

consciência sonora do individuo. Essa metodologia a ser trabalhada utilizar-se-á

primeiramente da vivência corporal, antes da utilização de quaisquer jogos e ou

formalização dos símbolos e conceitos.

O corpo é composto de partes “maiores” (pernas, braços) e “menores”

(falanges, nariz, orelha etc). Então, pede-se que os alunos passem as mãos em

determinadas partes do corpo (pernas, dedos etc.) para que percebam a diferença

do tamanho entre elas (LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p. 99).

Para alunos com deficiência mental, é sempre importante traçar um paralelo

entre o que está querendo ensinar e a realidade do dia-a-dia. O professor deve

sempre lembrar que pessoas com necessidades educacionais especiais mentais,

possuem muita dificuldade no raciocínio lógico e abstração. Portanto, deve-se partir

do concreto para o abstrato, construir o raciocínio lentamente com ele. Por isso,

incentiva-se a relacionar sempre o que se está dizendo com algo concreto. O melhor

é mostrar as coisas para a criança aos poucos e fazer com que ele se aproprie do

raciocínio sozinho. Empregado esse processo, muitas vezes, não somente para o

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mesmo exercício, como também para outras questões que se queiram ensinar, o

professor colaborará imensamente para a aquisição da aprendizagem por parte de

seu aluno com deficiência mental.

Essa atividade também pode ser útil para trabalhar a questão da imagem

corporal, principalmente em relação às pessoas que possuem dificuldade de

reconhecimento das partes do corpo por uma vivência inadequada. Dessa forma,

podem-se associar as partes do corpo com os sons curtos e longos; nesse atributo

trabalhar-se-á a duração do som, assim poder-se-á utilizar uma bexiga: pede-se aos

alunos que encham a bexiga; depois de enchê-la, segurem na ponta de entrada de

ar e o deixem sair aos poucos, fazendo sons comprimidos (deixar sair ar por mais

tempo) e sons curtos (por menos tempo).

Ao supor que, por alguma deficiência motora, o aluno não consiga segurar a

bexiga para fazer esse exercício. O professor poderá pedir-lhe que “faça de conta”

que ele é a bexiga. Ou seja, o aluno enche o pulmão e vai soltando o ar conforme o

gráfico escrito. Assim pode participar ativamente da atividade.

E se houver um aluno com deficiência visual? O professor pode, então,

recortar tiras maiores e menores de barbante ou de EVA e fazer uma representação

em alto relevo daquilo que está escrito na lousa. Assim, o aluno poderá com o toque

sobre o gráfico em relevo fazer o exercício.

E um aluno surdo? Como a proposta do exercício é compreender a duração

do som através de um gráfico, o professor poderá pedir que esse aluno faça a

representação através de um movimento e não do som da bexiga. O movimento do

corpo, além de ser outra possibilidade, é uma maneira mais fácil de compreender a

duração.

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Com o auxílio de um tambor, o professor pode mostrar para o aluno as

diferenças de um som fraco e um forte. Nesse momento trabalhar-se-á intensidade

do som. Quando houver algum tipo de comprometimento nos membros inferiores,

deve-se conversar com o aluno e adaptar uma forma de ele sempre participar da

atividade, como, por exemplo, ao som forte piscar um dos olhos e ao som fraco

mostrar a língua, ou bater palmas fortes e fracas conforme o som.

Outra maneira de se proceder é pedir que os alunos diferenciem os sons

fortes dos sons fracos existentes do caminho de casa para a escola, ou existentes

em sua casa. Em aula, o professor pode ajudar a turma a fazer um quadro ou lista

desses sons. Isso ajuda a ampliar a percepção auditiva e obter maior consciência do

som à sua volta, além de trabalhar questões tais como timbre (identidade do som),

memória, associação, seqüenciação, vocabulário, noção temporal e organização

neurológica, pois o aluno terá que tentar descrever a ordem dos acontecimentos

sonoros e classificá-los conforme a intensidade. Isso é algo bem difícil para pessoas

com necessidades educacionais mentais e também com determinados problemas

neurológicos, mas se for uma atividade constante em aula, com o tempo eles

começam a melhorar.

Para a pessoa com necessidades educacionais visuais podem-se utilizar

texturas diferentes (som forte = textura áspera – lixa/ som fraco = textura lisa – folha

de papel).

O professor pode fazer um círculo com a classe e pedir que os alunos, ao

ouvirem o som forte, passem a bola para a direita e, ao ouvirem o som fraco,

passem a bola para a esquerda. Esse exercício trabalha além da intensidade,

lateralidade (esquerda/direita), tônus (passar a bola) e atenção múltipla (na bola, no

movimento do amigo, no som, na direção etc.). Esse exercício pode ser feito

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também com alunos surdos, pois, geralmente, eles percebem a vibração dos

instrumentos mais graves.

Um bom exercício musical é fazer o reconhecimento sonoro do ambiente.

Nesse momento, trabalhar o timbre. Primeiramente, explora-se o ambiente da sala

de aula. Os alunos, literalmente, mexem em tudo que está ao alcance – desde que

não ofereça perigo –, prestando atenção aos sons que os objetos produzem. Esse

exercício pode ser feito sem necessitar de nenhuma adaptação por parte de

pessoas com necessidades educacionais especiais mentais e visuais. Agora, no

caso de alunos que possuem comprometimento dos membros superiores, deve-se

adaptar.

Outra atividade simples é fazer com que os alunos explorem todos os tipos

de sons que seus corpos possam produzir. Primeiramente, os sons produzidos

somente com a boca, depois, somente com o corpo. Pode-se pedir que cada aluno

escolha um som e o apresente à turma para que outros possam imitar.

É importante ressaltar que o ideal é o professor nunca deixar um aluno fora

da atividade e sempre adaptar de forma que ele não fique constrangido. Por

exemplo, em uma turma em que tenha somente um aluno cadeirante o professor

poderá ou criar uma coreografia em que ele participe com sua cadeira de rodas

(dançando com os demais), ou que ele fique sentado estaticamente, mas sempre

com outras pessoas junto dele, para que ele não sinta que é o único que está

sentado fazendo os movimentos de forma diferente dos outros, enquanto todos

estão de pé.

Todas essas atividades são importantes para uma boa aprendizagem

musical. Para pessoas de outras áreas que não seja a musical, tais atividades

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podem parecer infantis demais. Mas através delas são construídas as bases para a

apreensão futura dos conceitos musicais mais elaborados.

Enfim, essas são algumas atividades para a inserção da educação musical

na vida das crianças portadoras de necessidades especiais. Todas se baseiam nos

métodos de educação musical tradicional que necessitam de um grande aliado, os

jogos musicais (LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p. 104).

A relevância do jogo vem de longa data. Filósofos como Platão, Aristóteles

e, posteriormente, Quintiliano, Montaigne, Rousseau, destacaram o papel do jogo na

educação (LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p.105).

O jogo educativo se relaciona a duas questões: função lúdica (quando

escolhido voluntariamente, o jogo propicia a diversão, o prazer e até o desprazer,

lidar com a perda); função educativa (o jogo ensina qualquer coisa que complete o

indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo).

É muito mais fácil e eficiente aprender por meio de jogos. O jogo possui

componentes do cotidiano, e o envolvimento desperta o interesse do aprendiz, que

se torna sujeito ativo do processo. É dentro desse contexto e aplicabilidade que os

jogos musicais também são de suma importância para a aprendizagem musical de

qualquer faixa etária.

Para pessoas com necessidades educacionais especiais sejam elas quais

forem, os jogos são extremamente eficazes no que tange à aprendizagem musical e

ao desenvolvimento geral da pessoa, inclusive como colaborador para melhora das

deficiências.

A elaboração, confecção e utilização de jogos adaptados às necessidades

educacionais especiais são o cerne para um bom desenvolvimento musical. Para

uma criança com necessidades educacionais especiais, que, devido ao preconceito

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da sociedade, possui dificuldade de interação e baixa auto-estima, poder participar

ativamente de algo que ela mesmo fez, ou que o professor propôs, é extremamente

gratificante. Com isso, trabalhar-se-ão questões relevantes para seu

desenvolvimento físico, mental e psíquico, o que melhora o seu desempenho na

família e sociedade (LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p.107).

Portanto, os jogos musicais são muito importantes para a educação musical

de todas as pessoas principalmente para as portadoras de necessidades especiais.

Enfim a educação musical na vida da criança portadora de necessidades

especiais fornece as ferramentas básicas para a compreensão e utilização da

linguagem musical em sua vida social.

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2 A HISTÓRIA DE UM PROCESSO

Cada pessoa é única no mundo. Mesmo gêmeos univitelinos, criados pelas

mesmas pessoas, com bases nos mesmos princípios e freqüentando os mesmos

lugares, vão se desenvolver de formas diferentes visto que, o modo como as

informações são absorvidas e interpretadas é particular a cada individuo. Mesmo

assim, há fatores comuns às pessoas em relação ao desenvolvimento. Em princípio

todos passam, ou deveriam passar, pelas mesmas fases no que tange à maturação

do sistema cortical e sua representação nos aspectos físicos, motores, sensoriais e

psicológicos (LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p. 53).

Grande parte do desenvolvimento humano ocorre nos primeiros anos de

vida através da coordenação das ações sensório motoras, ou seja, através do

perceber, se relacionar construir uma imagem interna do mundo exterior. O

desenvolvimento, principalmente da inteligência, depende das vivências que a

pessoa trava com o mundo externo. Sendo assim, a relação corpo-movimento-

sentidos é de crucial importância para o amadurecimento global do homem, para

que ele possa assumir-se como ser no mundo e assim construir sua estória. Esse

processo de evolução, em princípio, natural a todos, é o que se conhece por

psicomotricidade, ou seja: relação entre pensamento e ação, envolvendo também a

emoção. Sem o suporte psicomotor o pensamento não pode ter acesso aos

símbolos e a abstração, isto é, a psicomotricidade é essencial para a construção dos

conceitos e aquisição da aprendizagem.

O dia a dia dos professores que lidam com alunos com deficiência nunca é

tedioso. Primeiro porque há uma infinidade de quadros clínicos que cursam com

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deficiências e isto gera uma multiplicidade de situações que exigem constantes

adaptações dos métodos pedagógicos de ensino, e segundo porque mesmo em

uma única alteração os indivíduos podem apresentar manifestações distintas.

Enfim uma das coisas mais importantes para o professor que atua na área

da educação musical para pessoas com deficiência é ter informações básicas a

respeito das deficiências.

2.1 A criança com necessidades educacionais mentais

A criança com necessidades educacionais especiais mentais tem condições

de conviver em sociedade, trabalhar, estudar e aprender a comportar-se no transito,

pois as necessidades educacionais mentais não é doença mental. Entre as muitas

necessidades que se apresentam, a que a criança mais carece é a convivência com

outras pessoas.

A origem das deficiências mentais é apontada em três etiologias (CAUSAS,

2008): de ordem biológica, de ordem psicológica e sociológica. Aqui se encontra os

quadros psiquiátricos com bases biológicas bem estabelecidas e os transtornos

psicológicos determinados por um desequilíbrio entre fatores biológicos e

ambientais. Trabalhar-se-á, portanto, com as alterações psíquicas. Assim, o grande

desafio do educador musical será: traçar um panorama sobre os quadros psíquicos

que podem se desenvolver e promover um trabalho embasado na descrição das

experiências vividas pelos pacientes. Para compreender tais alterações, o professor

deve estar atento aos gestos, interpretando-os, bem como ao comportamento e a

expressão desses alunos. O auxílio do psiquiatra pode ser valioso para o

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reconhecimento correto da alteração psicopatológica e assim, abordar o aluno de

forma eficiente no seu aprendizado.

Ao trabalhar com casos de alterações dos conceitos, o professor deve

sempre lembrar que o conceito é definido como o elemento estrutural do

pensamento onde se reúnem dados sensoriais para alcançar a essência dos

objetos. A partir dos conceitos, aprende-se o significado de todas as coisas. As

alterações dos conceitos podem ser subdivididas em: desintegração e condensação

dos conceitos; e transformação das relações conceptuais. Na desintegração, por

exemplo, a palavra “ateu” que significa “aquele que não crê em Deus” pode ser

compreendida como “a teu comando” e, portanto, “a serviço de Deus”. Na

condensação de conceitos, podem surgir novos conceitos como “vela a vapor” numa

cisão de barco a vela e barco a vapor. No grupo das transformações das relações

conceptuais, ter-se-á a chamada desagregação do pensamento, onde se percebe a

falta de ordenação para resolver um problema com pensamento normal. Estas

situações são vistas em deficiências mentais severas ou distúrbios psíquicos e

muitas vezes o processo de alfabetização básica destas pessoas decorrem de forma

deficitária. Essas situações podem colocar em xeque o entendimento de um

exercício educativo por parte do professor que necessita construir um fluxograma

para que o aluno, com este distúrbio, vá construindo os conceitos exigidos da forma

com menos viés possível (LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p. 46).

Determinado aluno possui alteração do raciocínio. Sabe-se que o raciocínio

consiste em selecionar e orientar os dados do conhecimento, tendo como objetivo

alcançar uma integração significativa, que possibilite uma atitude racional frente às

necessidades do momento. Assim, pode-se dizer que o raciocínio tem o mesmo

sentido de pensar. Há diversas modalidades de alterações do raciocínio. Uma delas

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é o concretismo que se trata da incapacidade do indivíduo distinguir entre o

simbólico e o concreto (LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p. 47). Muitas vezes,

isto pode ser um empecilho para que o aluno abstraia e compreenda certos

elementos para seu aprendizado. Neste momento, a criatividade do professor

precisa estar presente para driblar este obstáculo, que é biológico e precisa ser

entendido como tal.

Um professor criativo e habilidoso necessita de uma boa memória, mas

muitos alunos sofrem devido à alteração da memória. A memória é um conjunto de

atividades que integram processos biopsicofisiológicos. Todo ato de memória inclui

três fases: fase de aquisição (é o momento em que o indivíduo adquire novos

conhecimentos); fase de retenção (compreende o decurso no qual o que foi

memorizado se acha conservada de modo latente); e fase de reativação (permite

relembrar e atualizar o material adquirido e que pode ceder lugar a atos mnemônicos

observáveis).

As principais alterações da memória incluem a hipermnésia, a hipomnésia e

a amnésia. A hipermnésia corresponde à evocação de lembranças casuais com

mais vivacidade e exatidão que ordinariamente, ou quando se recordam

particularidades que comumente não surgem. A amnésia e a hipomnésia são

consideradas graus de hipofunção da memória. A primeira seria a desaparição total

das representações mnêmicas correspondentes a um determinado tempo da vida do

indivíduo, ao passo que a segunda seria a diminuição do número de lembranças

evocáveis na unidade de tempo. Sabe-se, porém, que a musica é pura

memorização, ou seja, grande arma para o professor, principalmente para amenizar

quadros de amnésia e hipomnésia.

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Todo ser humano gosta de chamar atenção, por isso é necessário um

atendimento especial às crianças que apresentam alterações da atenção. A atenção

é o processo psicológico, mediante o qual concentramos a nossa atividade psíquica.

A atenção apresenta-se alterada em quase todos os transtornos mentais e

desempenha importante papel no processo de conhecimento. Várias são as

alterações da atenção (LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p. 48). Dentre elas,

destaca-se a distorção que é uma incapacidade quase completa de fixar a atenção.

Por outro lado, as hiperpropexias e as hipopropexias são o aumento quantitativo da

atenção espontânea e enfraquecimento acentuado da atenção em todos os seus

aspectos, respectivamente. O estagio mais grave da perda de atenção é a aproxia

onde há a falta absoluta de atenção. Alguns quadros podem cursar com déficits da

atenção dentre eles a hiperatividade da infância autossômica dominante e a

degeneração cérebro-cortical da infância. Os professores devem estar cientes que a

estimulação deverá ser personalizada nestes casos e muitas vezes

quantitativamente maior em relação aos alunos com atenção normal.

Sempre a serviço da humanidade, precisa-se procedência fina com as

alterações da linguagem. A linguagem é considerada como um processo mental de

caráter essencialmente consciente, significativo e orientado para o social. As

principais perturbações da linguagem incluem as disatrias, dislalias e afasias

(LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p.50-51). A disatria é a dificuldade de articular

as palavras. Nas dislalias, há perturbações orgânicas ou funcionais da palavra. Nas

afasias, há a perda parcial ou total da faculdade expressar os pensamentos por

sinais e de compreender esses sinais. A deficiência mental ligada ao cromossomo X

com afasia é um quadro disfórmico que cursam com alterações da linguagem.

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39

Nestes casos, os instrumentos de aprendizagem precisam ser adaptados para que a

alfabetização transcorra apenas dos distúrbios da linguagem.

O reconhecimento dos professores junto à inserção musical nestas nuances

da psique são importantes para o planejamento de suas atividades de ensino-

aprendizagem, bem como no auxilio a pais e colaboradores no ato de conviverem

com pessoas portadoras de disfunções genéticas e comportamentais.

2.2 A criança com necessidades educacionais especia is físicas

As deficiências físicas são um capítulo muito significativo das anomalias.

São tantas e tão variadas que não há uma forma sintética de discorrer sobre elas.

As principais são as deficiências dos membros, as más-formações cerebrais, as

cardiopatias congênitas, as fendas lábio-palatinas (popularmente chamadas de

“lábio leporino”) e os defeitos de fechamento do tubo neural (chamados

coloquialmente de “coluna aberta”) (LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p. 39).

Para uma criança com deficiência física, é muito importante precaver suas

alterações da orientação, pois orientação é o complexo de funções psíquicas em

virtude das quais temos consciência, da situação real em que nos encontramos e

está associada às noções de espaço e tempo. Nessas situações, o papel do

professor é ser um condutor para que o aluno delimite seu próprio espaço e

aprenda, mesmo de forma rudimentar, as noções de tempo envolvidas nas

atividades diárias. Essas noções de tempo colaboram nos casos de alterações da

consciência, visto que a consciência é o complexo de fenômenos psíquicos que se

apresentam na unidade de tempo e que permitem o conhecimento do próprio eu e

do mundo externo.

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40

Uma dessas alterações é a obnubilação da consciência que se caracteriza

por diminuição do grau de clareza, com lentidão da compreensão, dificuldade da

perpção e da elaboração das impressões sensoriais (LOURO; ALONSO; ANDRADE,

2006, p. 49). De qualquer forma, o reconhecimento por parte dos educadores facilita

o manejo com os alunos que necessitam ser compreendidos como portadores de

uma alteração biológica e não psicológica.

Quando os alunos não são compreendidos por sua alteração biológica, são

alvos das alterações da afetividade, ou seja, a capacidade de experimentar

sentimentos, emoções, as paixões e compreender o estado de ânimo. A apatia ou

indiferença afetiva é um distúrbio da afetividade e se caracteriza pela abolição

completa da afetividade. Provavelmente há um desequilíbrio funcional dos

neurotransmissores na gênese destes distúrbios e os educadores precisam de

tempo e paciência para estabelecer vínculos “afetivos” com alunos com este perfil.

Muitas vezes, o processo de aprendizado demanda longos períodos de adaptação

(LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p. 50). O puerelismo é outra alteração da

afetividade que se caracteriza pela regressão da personalidade adulta ao nível do

comportamento infantil ou a manutenção do estado constante de comportamento

infantil. São casos, em que, mesmo com a idade adulta, o aprendizado deve ser

orientado como se estivéssemos lidando com indivíduos infantis. O puerelismo,

portanto, pode ser usado para se melhor trabalhar um processo de alteração dos

juízos. Os juízos são atos em que se exprimem os vínculos e as relações existentes

entre os objetos e os fenômenos na natureza. O estímulo trabalhar-se-á no sentido

de adaptar o aluno ao objeto. Em caso negativo, é interessante o desenvolvimento

da atividade voluntaria. A atividade voluntaria é aquela onde os atos são praticados

com previsão e consciência de finalidade, pode-se a partir daí desencadear os atos

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automáticos: são uma forma alterada da atividade voluntaria onde são praticados

pelos indivíduos sem a interferência da vontade e sem que ele saiba o que esta

realizando.

São comuns nesse tipo de trabalho os estados de tiques motores (LOURO;

ALONSO; ANDRADE, 2006, p. 50). Nestes estados, o educador precisa estar

consciente que o aprendizado baseado em atividades motoras finas, pode estar

prejudicando e buscar então soluções alternativas para contornar o problema.

Muitas deficiências físicas requerem adaptações dos alunos para a

realização de suas atividades de vida diária. Nesse contexto, entra o valioso papel

dos terapeutas ocupacionais que trabalham no desenvolvimento e aprimoramento

destas adaptações. Os professores juntamente com a atividade musical na sala de

aula têm um papel importante no sentido de estimular seus alunos a utilizarem

rotineiramente as adaptações prescritas nas terapias e desta forma utilizar ao

máximo a realização das funções comprometidas. Esta estimulação e a aceitação do

grupo de alunos das limitações de cada indivíduo é o elemento integrador da pessoa

com deficiência física, inicialmente no grupo e mais tarde na sociedade.

2.3 A criança com necessidades educacionais especia is auditivas

Outra grande classe de deficiências são as auditivas. Recordemos que a

audição é um dos sentidos mais importantes, pois tem a função de integração social,

desencadeador da formação da linguagem e está vinculada com a segurança, pois é

um sinal de alerta para mudanças do meio que potencialmente podem ser nocivas

às pessoas (LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p.39-40). As deficiências

auditivas podem ser determinadas por más-formações anatômicas dos elementos da

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audição (orelha, membrana timpânica e, principalmente, ossículos da audição) ou

por desordens funcionais (seja na orelha interna ou no sistema nervoso central).

Assim, clinicamente, os professores podem se deparar com as deficiências

auditivas denominadas de disacusias. De maneira genérica, as disacusias podem

ser condutivas (quando o problema é de ordem anatômica e envolve as orelhas

externa e média), neurossensoriais (quando mesclam ambas as alterações). Ao

trabalhar com casos de alterações da percepção, é imprescindível o entendimento

do significado do termo sensação que corresponde ao fenômeno psíquico elementar

que resulta da ação da luz, do som, do calor ou de qualquer outro estímulo sobre os

nossos órgãos dos sentidos (LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p. 44). As

agnosias representam a lesão de um órgão sensorial periférico, nesta forma de

agnosia, a pessoa ouve sons e ruídos, porém não os pode identificar e não os

compreende, assim, não consegue, por exemplo, reconhecer um relógio pelo tique-

taque do pêndulo e necessita ser estimulada de forma mais amiúde visando, além

da identificação dos sons, o relacionamento com a fonte que os está produzindo.

As alterações da síntese perceptiva destacam-se devido às ilusões e as

aberrações perceptivas (LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p. 44). A primeira é a

percepção deformada de um objeto real e presente, e a segunda designa uma

anomalia na formação perfeita da imagem emprestando-se cores inusitadas aos

objetos exteriores. A atenção do professor é fundamental para dirimir estas

situações, assim, o professor deve estar atento à estreita relação causal entre os

estímulos externos e o estado psicológico dos alunos, em especial às sensações.

Nas alterações da percepção, a representação ou imagem é a reprodução na

consciência de percepções passadas. Muitas vezes, essa imagem não conserva

todos os caracteres de sensorialidade da originária. As percepções são corpóreas,

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aparecem no espaço externo, possuem um desenho determinado, são constantes e

independentes da vontade.

As representações são subjetivas, aparecem no espaço subjetivo interno

(LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p. 45). Do ponto de vista patológico, o

professor pode se deparar com as alucinações e as pseudo-alucinações que

correspondem às principais alterações das representações. As alucinações são

falsas percepções corpóreas onde a criança percebe objetos. Há diversas formas de

alucinações. Podem se apresentar de forma simples como zumbidos, ruídos,

murmúrios ou estalidos ou de forma complexa como “vozes”, melodias, toques de

campainha. Um cuidado que o professor deve ter: essas são situações onde o

estímulo sonoro, durante as aulas, pode deflagrar um comportamento inesperado do

aluno. As pseudo-alucinações são alterações da representação percebidas numa

espécie de espaço subjetivo. O aluno perceberá essas vozes dentro dele próprio.

Isto pode fazer com que fiquem reclusos em seus pensamentos ou isolados do

restante do grupo. Cabe ao professor, em conjunto com o psicólogo e o médico,

criarem formas alternativas de vencer esta barreira psíquica de integração.

O professor, embasado por atividades de estímulos sonoros musicais

adequados, precisa estar atento às deficiências auditivas que iniciam sua expressão

tardiamente (LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p. 40). Eventualmente,

determinados comportamentos dos alunos (desatenção, silêncio, tensão, ansiedade

e sono) ou alterações da linguagem oral (dificuldades em aprender a divisão

silábica, conceitos abstratos, organizar idéias, construir frases ou compreender

ordens verbais) podem ser os primeiros indícios que uma disacusia está se

instalando. Este aprendizado torna-se mais fluido quando a deficiência não cursa

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com déficit cognitivo,caso contrário, o processo torna-se mais lento e menos

eficiente.

2.4 A criança com necessidades educativas especiais visuais

A deficiência visual pode ocorrer durante a vida intra-uterina, durante o

nascimento ou após o mesmo, gerando tipos de baixa visão distintos. As

deficiências visuais são subdivididas em dois grupos: os portadores de cegueira que

possuem ausência total de visão ou simples percepção luminosa e os com visão

subnormal, que possuem comprometimento do seu funcionamento visual, mas, que

utilizam ou são potencialmente capazes de utilizarem a visão para o planejamento e

execução de tarefas (LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p. 41).

Quando se remete à deficiência visual há muitas questões envolvidas com

ela: problemas psicomotores, dificuldade de aprendizagem, sociais, com a escrita,

leitura e locomoção. Para uma pessoa com deficiência visual é de suma importância

o diagnóstico precoce e a correta estimulação das potencialidades do indivíduo,

pois, uma limitação no sentido da visão e na percepção dos objetos do ambiente

afeta sensivelmente os esquemas de conduta nos primeiros meses da vida. A falta

de vivência sensório-motora significativa no tempo e espaço retarda o sistema de

representação simbólica e a aquisição de conceitos de crianças com deficiências

visuais (LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p. 41).

Por esse motivo, é necessária a estimulação tátil-cinestésica (tato e

movimento), auditiva, olfativa, e gustativa, para que a aprendizagem possa ocorrer

de forma enfática e a criança possa ter acesso à abstração e assim, construir

internamente e poder participar ativamente do mundo ao seu redor.

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Nesse sentido, é essencial a colaboração positiva da família, como por

exemplo, a música, os profissionais precisam ser informados sobre aspectos

importantes que permeiam a deficiência visual (LOURO; ALONSO; ANDRADE,

2006, p.42). Não é raro encontrar caso de crianças com dificuldades adicionais na

aprendizagem devido à falta de preparo dos professores: mau planejamento, erro na

utilização dos métodos, formas inadequadas de motivação, falta de informação.

A pessoa portadora de baixa visão pode fazer uso de vários recursos em

seu benefício. O oftalmologista fará a indicação do recurso mais apropriado.

Em relação às pessoas cegas, o sistema de leitura é feito através do método

Braille, inventado por Louis Braille (1809–1852 apud LOURO; ALONSO; ANDRADE,

2006, p. 42), que ficou cego num acidente aos 3 anos de idade. O método Braille é

um sistema de leitura e escrita tátil, baseado na combinação de seis pontos em

relevo, dispostos em duas colunas verticais e paralelas de três pontos cada uma.

Esses seis pontos podem formar 64 combinações diferentes que por sua vez

formam as letras, números, sinais ortográficos e sinais musicais, tais como notas,

ligaduras, dinâmicas, etc. (musicografia Braille). Além disso, há programas como o

DOSVOX que “lêem em voz alta” o que é escrito no computador para portadores de

cegueira e permite que esse dite para o computador o que se deseja escrever.

O trabalho de alfabetização para alunos com deficiências envolve uma

equipe multidisciplinar. Não raro, é necessária a presença de psicólogos pra o

monitoramento dos alunos e pais, laudos, pareceres e acompanhamentos de

fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, médicos e odontólogos e

todo esse arsenal de profissionais necessita caminhar em sintonia e com objetivos

claros e semelhantes. O professor faz parte dessa equipe e é um dos membros mais

importantes, seja pelo seu valioso papel de alfabetizador, seja por utilizar o recurso

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musical, seja pela quantidade de tempo que vai passar em contato direto com o

aluno o que o credencia como um referencial fundamental para se tomar

informações sobre seu desempenho. A situação ideal, dentro do processo de

reabilitação, seria a de reuniões periódicas de todo este grupo para discutir os

progressos dos alunos. Decisões tomadas conjuntamente, fundamentadas em

teorias consolidadas e embasadas em evidências bem sucedidas só podem trazer

benefícios para os alunos e crescimento do grupo como um todo.

Esse é o aforismo das modernas metodologias de reabilitação e inclusão.

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3 UM PROCESSO

Um bom desenvolvimento humano depende de um bom desenvolvimento

psicomotor, que, por sua vez, depende de uma boa maturação neurológica.

Trabalhar-se-á, portanto, com a psicomotricidade, ou seja, a relação entre os

aspectos psicológicos emocionais (querer fazer – vontade), a cognição (saber fazer

– mental) e a ação motora (poder fazer – capacidade de executar os movimentos

corporais necessários) frente às fases de desenvolvimento do ser humano desde a

fecundação até o fim de sua vida.

Assim, dever-se-ão cumprir determinadas etapas no que se refere ao

amadurecimento neurológico e, conseqüentemente, à aprendizagem. A primeira

etapa fundamentar-se-á em desenvolver a ATENÇÃO (é ela que possibilita a

entrada das informações através dos nossos sentidos); a segunda etapa: o

PROCESSAMENTO (que só pode ser efetuado depois que as informações entram)

e a terceira e última etapa: a DECODIFICAÇÃO (ou respostas as informações

processadas). Entretanto, sem a ATENÇÃO nada se fixa e, conseqüentemente, não

se PROCESSA, sem a capacidade para DECODIFICAR o que entra, não existe

acesso às respostas e, sem respostas, não há aprendizagem (LOURO; ALONSO;

ANDRADE, 2006, p. 55).

Dentre os aspectos que envolvem o desenvolvimento psicomotor estão às

vivências, os estímulos dados às pessoas. A criança perceber e tocar seu corpo, os

estímulos auditivos, visuais, tátil-sinestésicos; estímulos do paladar e olfato, rolar,

engatinhar, correr, pular, brincar, ler, cantar. Estimular é extremamente importante

para o processo de ensino-aprendizagem, por isso, todo e qualquer trabalho deve-se

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pautar com esse direcionamento para os primeiros anos de vida. Assim integram

essas vivências: o Esquema e Imagem Corporal (a noção tridimensional corporal,

identificar e saber nomear as diversas partes do corpo, figura mental corpórea);

Tônus (o princípio organizador de toda atividade, o indivíduo utiliza e controla o seu

corpo a função Tônica tem um papel muito importante na tomada de consciência de

si - formação do eu - e na edificação do conhecimento do mundo e do outro);

Equilíbrio (base primordial para toda coordenação geral, combinação perfeita de

ações musculares com o propósito de sustentar o corpo sobre uma base);

Lateralização (a dominância lateral da pessoa - destro e canhoto -); Lateralidade (é

o eixo imaginário que divide o corpo em partes semelhantes, consciência de direção

– direita / esquerda); Noção espacial (orientação do mundo exterior, a noção

espacial se desenvolve através dos primeiros movimentos dentro do campo espacial

limitados pelos seus deslocamentos); Noção temporal (capacidade de situar-se em

função da sucessão dos acontecimentos: antes, depois, durante períodos longos e

curtos, diferenciarem acontecimentos de formas rítmicas, lento e rápido) (LOURO;

ALONSO; ANDRADE, 2006 p.56-57).

No que se refere à criança portadora de deficiência, os problemas

psicomotores são freqüentes, o que pode contribuir para uma dificuldade de

aprendizagem. O uso de adaptações é comum com esses alunos, pois a adaptação

é uma condição natural de todos os indivíduos em relação às diversas

circunstancias da vida. Existem dois fatores envolvidos com as necessidades

adaptativas: as exigências internas e externas. As exigências internas referem-se às

necessidades físicas (temperatura, fome), e as externas são as resultantes do meio

social (aspectos culturais, relação interpessoal). A motivação externa adequada, um

estado afetivo e um contexto cultural apoiador podem favorecer a adaptação do

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organismo diante de uma dificuldade, pois a motivação é uma excitação para a ação

e que, entre os fatores que a conduzem, contam-se com a curiosidade, novidade,

complexidade, competição, necessidade de interação com o ambiente, cooperação,

princípio de prazer, pressões sociais, controle, ansiedade e temor (LOURO;

ALONSO; ANDRADE, 2006, p. 70). Contudo a motivação é a mola propulsora para o

desenvolvimento do ser humano, visto que concretizar uma expectativa interior traz

mais satisfação do que recompensas externas como dinheiro, sucesso ou presentes.

Tantas são as questões importantíssimas a serem trabalhadas, mas uma

pergunta não quer calar: o que tudo isso tem a ver com a aprendizagem musical?

Ora, para executar uma música, seja ela, cantada, tocada ou mesmo compreendê-la

de maneira aprofundada depende totalmente de fatores psicomotores. No processo

musical há pulsação, ritmos diversos, andamentos variados e formas distintas. Se

uma criança não possui sua consciência temporal bem estruturada, certamente terá

problemas em identificar tais conceitos musicais. Como lerá uma seqüência de notas

se essa criança não compreende o conceito antes ou depois? Se não diferencia o

rápido do lento, como compreenderá o andamento de um trecho musical? Da

mesma forma, se não tem consciência de lateralidade ou noção espacial, ou mesmo

estruturação espacial, como poderá posicionar-se num grupo ou coral? Portanto,

para uma aprendizagem musical plena, é necessário que os problemas básicos em

relação à psicomotricidade estejam resolvidos (LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006

p. 59).

As metodologias mais utilizadas em educação musical infantil são baseadas

em exercícios e jogos que visam desenvolver os aspectos psicomotores das

crianças (LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006 p. 59). As práticas comuns das

atividades pedagógicas musicais para crianças são: andar pela sala na pulsação da

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música (trabalhar-se-á tônus, equilíbrio dinâmico, consciência temporo-espacial);

exploração de sons ambientes (estímulo auditivo); percussão corporal (esquema

corporal, noção espacial, tônus, lateralidade); jogos de improvisação (estímulo da

criatividade, expressão e conceitos); imitação de movimentos com o corpo (estímulo

visual, coordenação motora, esquema corporal); montar pequenos grupos

instrumentais (tônus, equilíbrio estático, consciência espacial e lateralização); cantar

(estimulação do aparelho fonador, articulação, respiração, afinação). Ou seja, a

musicalização é um processo de estimulação psicomotora constante. Ao musicalizar,

principalmente a criança com necessidade educativa especial, trabalhar-se-ão todos

os aspectos psicomotores necessários para uma boa aprendizagem.

Por esse motivo, será ressaltada a importância da psicomotricidade e a

importância sobre esse conhecimento por parte dos professores de música, pois,

diante de um aluno especial que possua muita dificuldade em compreender e ou

executar certos atributos musicais, o que pode faltar é preparo interno tanto do aluno

quanto do professor. Assim compete ao educador musical trabalhar as atividades

pedagógicas musicais sempre de forma adaptada a cada deficiência sinalizada,

suprindo em sua totalidade as necessidades educativas especiais apresentadas pela

criança.

3.1 Musicalizando a criança com necessidades educac ionais mentais

Uma das maiores dificuldades das pessoas com deficiência mental é quanto

à capacidade de abstração e aquisição de conceitos. Sendo assim, é bem provável

que ele não consiga acompanhar o conteúdo. Nesse caso, o professor pode

trabalhar dentro do mesmo conteúdo outros objetivos como: ensinar apenas duas

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figuras rítmicas, ou mostrar para ele sons com durações variadas (mais “compridos”

e mais “curtos”).

Utilizar-se-á como estratégia na aprendizagem desse conceito o jogo

BOLICHE RÍTMICO. Mas para acontecer uma atividade de forma significativa o

boliche rítmico deve ser construído juntamente com os alunos, para o determinado

fim a sala deve disponibilizar os seguintes recursos materiais para confecção: 5

garrafas de plástico (PET), papel sulfite, cola, tesoura, régua, caneta hidrocor de

ponta grossa e bem forte, papel espelho preto, fita crepe, jornal ou pano velho, uma

meia. Encapar-se-ão as garrafas com o papel espelho preto, em seguida, faz-se-á

em papel sulfite com a caneta hidrográfica um retângulo grande representando o

som longo (a figura rítmica semibreve) e outro retângulo que seja a metade do

retângulo grande representando o som médio (a figura rítmica mínima). De

preferência, dentro das garrafas, deve haver guizos ou materiais que façam sons

(para cada figura um som diferente. Ex: sempre o mesmo som para a figura do som

longo, semibreve, e sempre o mesmo som para a figura do som médio, mínima);

assim, o aluno será treinado também para o conceito timbre. Para a bola, pegar

meias, panos, jornais e os enrolar de uma forma que fiquem parecidos com uma

bola, passar fita crepe e colocar dentro de uma meia.

A confecção do jogo auxilia a aprendizagem musical, pois o boliche rítmico

exige muito dos alunos, já que, será trabalhado primeiro a leitura dos ritmos, que

deve sempre ser feita seqüencial e ininterruptamente, pois agora existe apenas a

representação gráfica do som longo (semibreve) e do som médio (mínima). O

professor, juntamente com os alunos, deve organizar os pinos um ao lado do outro

com certa distância entre eles; os alunos só podem derrubar os pinos que o

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professor pedir. Será pedido oralmente o ritmo escrito no pino almejado como alvo.

O aluno deve identificar o ritmo e tentar derrubar o pino correspondente.

A leitura rítmica das figuras é imprescindível para o bom desenvolvimento

musical, pois assim, construirão os seguintes atributos musicais (LOURO; ALONSO;

ANDRADE, 2006, p. 121): associação dos sons produzidos pelo professor com a

grafia rítmica, associação dos gráficos com as figuras musicais; apreensão dos

rirmos, memória auditiva e visual dos ritmos, timbre.

O desenvolvimento pessoal focalizará a coordenação motora, equilíbrio,

associação, direção (esquerda-direita) e atenção, pois, os alunos mirarão bem o

objeto e assim derrubaras, o que exige uma organização mental e motora grande,

além da força adequada para jogar a bola e a noção de espaço. Para alunos com

dificuldade de preensão, a bola poderá ser chutada, ou mesmo, em casos de

incoordenação motora, o professor poderá ajudar o aluno, colocando-o em uma

posição favorável para jogar a bola ou ajudando-o a controlar seu braço. A distância

entre os pinos e o aluno poderá ser regulada pelo professor de acordo com a

dificuldade de cada um.

Assim o boliche rítmico é uma atividade a ser desenvolvida de forma

gradativa acompanhada de muita repetição e presença constante do professor de

musica. É valido observar que a repetição fortalece na criança com deficiência

mental a aquisição de conceitos e amadurece o processo de abstração.

3.2 Musicalizando a criança com necessidades educac ionais físicas

Num primeiro momento, tem-se a impressão de que uma adaptação

arquitetônica nada tem a ver com o ensino musical, mas há relatos de pessoas com

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deficiência física que não freqüentam escolas de música porque não há

acessibilidade física (LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p. 81). Para pessoas

com deficiência física com cognitivo preservado, ensinar-se-á da mesma maneira

que para, pessoas sem deficiência, mas, dependendo do caso, serão utilizadas as

pranchas de comunicação, bem como adaptações para os instrumentos. As

pranchas de comunicação servem para colaborar na comunicação de pessoas que

possuem dificuldade de comunicação oral. Essas pranchas são confeccionadas por

fonoaudiólogos, pois os símbolos são divididos e agrupados primeiramente por

cores, por exemplo, os símbolos do método Bliss são compostos de pequenos

desenhos gráficos (pontos, formas geométricas, traços etc.) que, combinados entre

si, formam uma infinidade de representações simbólicas, constituindo assim as

palavras. Os símbolos são universais e, em cima das figuras ou dos símbolos, está

em escrita comum a palavra à qual a figura se refere, o que permite àqueles que não

saibam ler a prancha compreender o que a pessoa com deficiência está dizendo.

Utilizar-se-á, portanto, como estratégia na aprendizagem do conceito sobre

pulsação e princípio de leitura musical, o jogo Pé-mão na pulsação. Primeiramente,

o professor pede que os alunos desenhem o contorno de suas mãos e pés (sem

sapato) várias vezes sobre uma cartolina; depois recorta tais desenhos e coloca-os

no chão um após o outro de maneira que se crie uma seqüência. A atividade

procederá da seguinte forma: quando tiver mão - bater palmas; quando tiver pé –

bater o pé no chão. Assim, os alunos lêem sempre da esquerda para a direita a

seqüência de pés e mãos, como se fosse uma “partitura” e executam o que está

escrito, sempre dentro de uma pulsação estipulada pelo professor. Essa atividade,

apesar de aparentemente muito simples, nem sempre é de fácil execução por parte

das pessoas, pois conta com muitos comandos simultâneos como reconhecer de

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forma continua as figuras pé/mão, decodificá-las e transformá-las em palmas e

batidas de pés no chão; tudo dentro de uma pulsação. Parece fácil, mas não é

(LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p.162).

No decorrer da atividade a pulsação pode ser executada pelo professor num

tambor, ou acompanhar com o dedo as figuras, sempre dentro de um pulso. O

professor também pode determinar certos padrões no que diz respeito às figuras,

facilitando a leitura, por exemplo: mão-mão-pé-pé-mão-mão-pé-pé, ou, mão-pé-mão-

pé-mão-pé, ou pé-mão-pé-mão-pé-mão, portanto, o ideal é começar esse exercício

com um padrão na organização das figuras.

Se um aluno, por exemplo, não possui um dos braços, o professor pode

pedir para que este bata no peito quando vir a figura da mão, já que não pode bater

palmas. Da mesma forma, se o aluno, por exemplo, não possui as pernas, ou não as

mexe, o professor pode pedir que bata a mão na perna quando vir o pé, visto que

bater o pé no chão é impossível.

Algo muito importante a ser ressaltado é quanto aos desenhos. O professor

precisa estar sempre atento na questão da exposição da deficiência, o fato de ter

que tirar o sapato na frente dos amigos para desenhar os pés, para determinadas

pessoas com deficiência física, pode ser algo muito angustiante. Há pessoas que

possuem os pés deformados ou com muitas cicatrizes devido às cirurgias. Nesses

casos, o professor deve ter muito tato ao abordar o aluno e pedir que o aluno faça

em casa e traga um desenho de seu pé, ou para que ele ajude a desenhar o pé do

amigo. Dessa maneira a atividade não se torna uma tortura psicológica e evita

constrangimentos e problemas futuros por parte dos estudantes (LOURO; ALONSO;

ANDRADE, 2006, p. 165).

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Assim, o jogo pé-mão na pulsação deve ser feito durante várias aulas, até

que o conceito da atividade seja de fato associado pelo aluno. Vale observar que as

várias aulas trabalhadas sobre o mesmo conceito fazem com que o aluno fixe o

conceito sobre a pulsação e a leitura musical, capacitando a generalização desse

conceito, obtendo assim, como resultado, a verdadeira aprendizagem musical e

desenvoltura devido à noção espacial, noção temporal, equilíbrio estático, tônus,

esquema corporal, dissociação de membros superiores e inferiores, lateralidade,

associação e atenção.

3.3 Musicalizando a criança com necessidades educac ionais auditivas

Partindo do pressuposto que a audição é um dos sentidos mais importantes

no processo de integração social e na inteligibilidade da fala no que diz respeito à

entonação formação da linguagem (SBPC, 2008.) é aconselhável que o professor

trabalhar nessa criança com necessidades educacionais auditivas os estímulos

vibratórios dos instrumentos sobre o seu corpo; é imprescindível valorizar a

expressão corporal. A música para o deficiente auditivo pode possibilitar a

aproximação da sua realidade com a realidade do ouvinte, concomitantemente á

realização pessoal.

Utilizar-se-á, entretanto, como estratégia na aprendizagem do conceito sobre

ritmo o jogo O Mestre; esta atividade não exige praticamente nenhum material

específico, pois é feita com o próprio corpo.

Esse exercício é bem simples, mas trabalha coisas importantes, além de ser

uma atividade muito divertida. O professor escolhe um aluno para sair uns minutos

da sala. Após esse aluno sair, o professor forma um círculo com todos sentados em

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cadeiras ou no chão e escolhe um dos presentes para ser o mestre; o mestre então

começa a fazer movimentos com o corpo (braço, pernas, cabeça, mãos etc.), de

modo que mantenha uma determinada pulsação entre os movimentos, ou seja,

movimentos sempre iguais; o restante da turma precisa imitá-lo; então, o aluno que

está fora da sala volta e precisa adivinhar quem é o mestre, isto é, quem está

comandando os movimentos de todos. Cabe dizer que o mestre precisa mudar seus

movimentos constantemente, de forma que não deixe o aluno observador perceber

tais mudanças; por outro lado, o aluno que observa a turma, precisa ficar muito

atento para captar quem é o mestre, justamente na mudança do movimento

(LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p.151).

Essa atividade é interessante para ser feita no início das aulas, para

aquecer a turma. Para tanto, algumas questões precisam ser consideradas, pois

dependendo da turma, o jogo precisa ser adaptado; o professor precisa primeiro

observar qual é o nível de dificuldade cognitiva e motora das pessoas, pois esse

jogo envolve a participação ativa da turma toda; antes de o professor realizar essa

atividade, pedir-se-á para que os alunos toquem seus corpos: vamos todos colocar a

mão na perna; colocar a mão na cabeça; no joelho, no ombro, na boca, no bumbum,

no peito... e assim por diante, isso é importante para a consciência corporal

(LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p.152).

Para que os alunos deficientes auditivos entendam o que é ritmo nesse tipo

de atividade, podem-se fazer analogias com o ritmo das batidas do coração e, no

caso de exercícios mais rápidos, pedir que eles corram, sintam a diferença das

batidas do coração e representem esses movimentos agora mais rápidos. Se o

aluno não conseguir, o professor pode ajudá-lo, pode pedir que ele olhe para os

outros amigos e tente perceber onde eles estão com a mão ou pode ir até o aluno e

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mostrar-lhe a parte do corpo desejada; esta atividade trabalha muito a questão da

participação em grupo e atenção, pois todos precisam ficar atentos ao mestre, mas

de forma discreta, porque senão fica fácil de o outro adivinhar quem é o mestre.

Essa é uma atividade muito divertida para uma primeira avaliação das

possibilidades psicomotoras e cognitivas, pois fica bem evidente quem a

compreende e quem não entende a regra a ser seguida; quem possui bom esquema

corporal, lateralidade, de quem tem dificuldades nesses fatores, quem é astuto o

suficiente para driblar a pessoa que tem que adivinhar quem é o mestre e não tem a

mesma malícia. É uma atividade divertida, quase todos gostam sempre de fazê-la.

Assim, o jogo O mestre pode ser feito todas as aulas. Deverá ser

desenvolvido de forma constante para evidenciar, no decorrer do curso, as melhoras

significativas quanto à questão da atenção, esquema corporal e do próprio ritmo que

a vida oferece: com o tempo, os alunos vão compreendendo melhor as partes do

corpo e o propósito da atividade. Enfim, a criança com deficiência auditiva sentir-se-

á significativamente ativa no processo de um mundo ouvinte.

3.4 Musicalizando a criança com necessidades educac ionais visuais

A visão é um sentido muito importante para o desenvolvimento humano e o

que mais fornece informações sobre o ambiente; por ela será adiquirida mais da

metade dos conhecimentos do mundo á volta. O desenvolvimento do concreto é a

forma mais significativa de se trabalhar o processo de musicalização na criança com

deficiência visual e baixa visão, pois tato, olfato, audição, gustação e movimentação,

desenvolvem os relacionamentos interpessoais estimulando autonomia. Ainda para

os cegos existe o método Braille.

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Utilizar-se-á como estratégia de aprendizagem do conceito de percepção

dos diferentes timbres o jogo Bingo Sonoro.

Essa atividade é bem simples e divertida, pois o professor necessitará

apenas de um aparelho de som, uma fita de áudio com sons (timbres) diferentes e

figuras ou fotos correspondentes ao som da fita, máquina fotográfica, papel contact,

tesoura, papel cartão, cola. Portanto o jogo consiste em associar os sons ouvidos

com as fotos ou figuras correspondentes. Devido ao processo tátil o ideal é que esse

jogo seja confeccionado pela classe, visando a um processo de ensino

aprendizagem mais significativo. Para tanto o professor deverá primeiramente pedir

que os alunos explorem ou prestem atenção nos sons ao seu redor, depois, todos

devem chegar a um consenso de quais sons serão escolhidos para o jogo.

Preferencialmente, devem-se escolher sons que sejam fáceis de ser reproduzidos

em fotos ou achados em revistas, como, por exemplo: cachorro latindo, carro

passando na rua, pessoas falando, bola batendo no chão, pessoa rasgando jornal

etc. (LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p.131).

Executado todo esse processo, os sons escolhidos deverão ser gravados e

as fotos que representam tais sons devem ser tiradas ou procuradas em revistas. Se

algumas das figuras forem fotos e outros recortes de revista, o ideal é que cada uma

delas seja colada numa base de papel cartão para que fiquem todas com o mesmo

tamanho e formato.

Uma vez confeccionado o jogo, as fotos são agrupadas em cartelas, e as

cartelas são distribuídas entre os alunos. A fita é reproduzida e a, medida que os

sons vão sendo ouvidos, os alunos vão marcando as fotos correspondentes com

pequenos objetos (botão, feijão, rodelas feitas de EVA.), e aquele que completar a

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cartela primeiro, fica responsável por controlar o radio na próxima rodada (LOURO;

ALONSO; ANDRADE, 2006, p.131).

Esse jogo pode ser adaptado para pessoas com deficiência visual total.

Uma alternativa é transpor as figuras do jogo para a escrita Braille. Para aqueles

alfabetizados no método Braille, o professor pedirá para um dos alunos que domine

tal método transcrever a atividade. Certamente não dará para fazer figuras, pois

esse método não permite isso, mas, onde houver a figura de um cachorro latindo

para um vidente, há a palavra cachorro para o aluno com deficiência visual total.

Contudo a criança pode jogar normalmente e, para os que não saibam o Braille, a

alternativa é jogar em dupla, sempre com um vidente, desse modo ambos podem

discutir qual o som ouvido e o vidente marcar a cartela. Jogar em dupla pode ser de

grande colaboração para as crianças com deficiência auditiva, pois se estará

desenvolvendo o processo de relações interpessoais: para essa criança, a presença

de um vidente é imprescindível para seu processo de desenvolvimento humano e

dessa forma todos podem jogar e se beneficiar.

O bingo sonoro deverá acontecer de maneira constante, ou seja, durante

várias aulas, até que o professor de música perceba que o conceito de percepção

dos timbres já esteja devidamente afixado pelos alunos com necessidades

educativas visuais; além disso, os alunos estarão amadurecendo os processos de

concentração, associação de elementos diferentes, criatividade e clareza quanto à

pesquisa sonora.

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CONSIDERÇÕES FINAIS

Valida a importância da musicalização na educação especial como subsídio

de inclusão para a criança com necessidades educacionais especiais ao respeitar as

limitações de cada um e trabalhar o potencial existente em todos; atingir o aluno em

sua totalidade; explorar vários aspectos que envolvam o fazer musical (leitura rítmica

e melódica, pequenos grupos instrumentais, formas musicais, instrumentos e

formações instrumentais); estÍmulo constante da criatividade; saber as informações

corretas sobre as deficiências dos alunos: diagnóstico, limitações funcionais,

prognóstico, medicamentos e as relações interpessoais. Assim evita-se fazer algo

que possa prejudicar a pessoa e direcionaM-se as aulas de modo a trabalhar, além

das questões musicais.

Brincar é importantíssimo, e é impossível brincar sem emitir som, ou seja, ao

emitir som, de certa forma, se produz música; portanto, em todo momento se

desenvolve o processo de musicalização em qualquer processo educativo, não de

maneira técnica, mas de maneira natural; por isso, os educadores, mesmo sem a

devida formação musical, devem usar mais sua criatividade artística e fazer da sala

o maior acervo musical existente na face da terra.

A musicalização tanto na educação infantil quanto na educação especial é

importante, pois se descobrem desde cedo seres musicais, seres musicalizados que

agem e ou reagem conforme os estímulos sonoros ou musicais recebidos em seu

dia-a-dia. A escola é a instituição onde se passa a maior parte da vida, portanto ela

tem o poder de inserir no cotidiano do educando a música de forma crítica e utilitária,

construindo, assim, o conceito de autoconstrução (bons momentos) e com

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consciência da autodestruição (momentos negros) causada por ela. Dizem os

filósofos que música é a arte dos sons bem combinados composta por melodia

(canto), harmonia (base) e ritmo (velocidade); sabe-se bem que viver é a arte de

combinar as diferenças compostas pelos governantes com suas ideologias e, agora,

mais do que nunca em alta definição; assim, as necessidades educacionais da

criança são a própria inclusão de um subsídio substancial na educação, onde a

musicalização tem importância significativa para todos, com e sem direitos especiais.

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REFERÊNCIAS

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VYGOTSKY, L. S. Pensamento e palavra. São Paulo: Martins Fontes, 1993.