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FULLAND® (FOSFITO DE COBRE): CONTROLE DE PHOMA E ANTRACNOSE DO CAFEEIRO. 1. INTRODUÇÃO O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café e o Estado de Minas Gerais destaca- se como o maior produtor nacional. A cafeicultura, como qualquer outra cultura, para ser auto-sustentável necessita de um conjunto de práticas de manejo empregadas de maneira correta e eficiente. Entre estas diversas práticas, pode-se destacar o manejo integrado de doenças de plantas. Assim, faz-se necessário o desenvolvimento de métodos alternativos de controle das doenças do cafeeiro, que seja por meio de fertilizantes foliares e/ou indutores de resistência. Dentre as doenças do Cafeeiro a Phoma (Phoma costariensis) e a Antracnose (Colletotrichum coffeanum) estão tendo destaque, por causarem a seca de ponteiros e queda de chubinhos (frutos pequenos) em determinadas regiões do Brasil e terem um difícil controle. Causada pelo fungo Phoma costariensis, a Phoma tem sido uma doença grave em algumas regiões produtores em altitudes elevadas causando grande perda de ramos novos e folhas. Outra doença que despontando como problema na cafeicultura é a Antracnose causada pelo fungo Colletotrichum coffeanum, o primeiro sintoma do ataque do fungo nas flores é, usualmente, uma mancha ou lista marrom-escura sobre o tecido branco da pétala, em frutos verdes, os sintomas se iniciam por pequenas manchas necróticas, escuras, ligeiramente deprimidas em qualquer região do fruto. O fungo pode penetrá-los, ficando os grãos negros, ressecados, mumificados e totalmente destruídos pelo patógeno. Existe grande oferta de produtos tidos como multifuncionais que atuariam simultaneamente como fertilizantes e protetores de planta, sendo constituídos por nutrientes, ativadores de resistência, ativadores de crescimento e, ou, substâncias antimicrobianas. Também tem uma grande demanda do mercado por produtos alternativos que sejam eficientes pois a cada dia a população está exigindo alimentos com a menor demanda de defensivos agrícolas em sua produção.

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FULLAND® (FOSFITO DE COBRE): CONTROLE DE PHOMA E ANTRACNOSE DO

CAFEEIRO.

1. INTRODUÇÃO

O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café e o Estado de Minas Gerais

destaca- se como o maior produtor nacional.

A cafeicultura, como qualquer outra cultura, para ser auto-sustentável necessita de um

conjunto de práticas de manejo empregadas de maneira correta e eficiente. Entre estas diversas

práticas, pode-se destacar o manejo integrado de doenças de plantas. Assim, faz-se necessário o

desenvolvimento de métodos alternativos de controle das doenças do cafeeiro, que seja por meio de

fertilizantes foliares e/ou indutores de resistência.

Dentre as doenças do Cafeeiro a Phoma (Phoma costariensis) e a Antracnose (Colletotrichum

coffeanum) estão tendo destaque, por causarem a seca de ponteiros e queda de chubinhos (frutos pequenos)

em determinadas regiões do Brasil e terem um difícil controle.

Causada pelo fungo Phoma costariensis, a Phoma tem sido uma doença grave em algumas regiões

produtores em altitudes elevadas causando grande perda de ramos novos e folhas.

Outra doença que despontando como problema na cafeicultura é a Antracnose causada pelo

fungo Colletotrichum coffeanum, o primeiro sintoma do ataque do fungo nas flores é, usualmente, uma

mancha ou lista marrom-escura sobre o tecido branco da pétala, em frutos verdes, os sintomas se iniciam por

pequenas manchas necróticas, escuras, ligeiramente deprimidas em qualquer região do fruto. O fungo pode

penetrá-los, ficando os grãos negros, ressecados, mumificados e totalmente destruídos pelo patógeno.

Existe grande oferta de produtos tidos como multifuncionais que atuariam simultaneamente

como fertilizantes e protetores de planta, sendo constituídos por nutrientes, ativadores de resistência,

ativadores de crescimento e, ou, substâncias antimicrobianas.

Também tem uma grande demanda do mercado por produtos alternativos que sejam

eficientes pois a cada dia a população está exigindo alimentos com a menor demanda de defensivos

agrícolas em sua produção.

Tanto os fosfatos quanto os fosfitos são compostos a base de fósforo, nutriente

extremamente importante para as plantas e que está envolvido em vários ciclos biológicos.

Usualmente os fosfatos são os compostos pelos quais o nutriente é suprido às plantas, tratando-se

basicamente de produtos derivados do ácido ortofosfórico (H3PO4). Entretanto, em determinadas

circunstâncias tem-se usado o fosfito, uma forma de fosfato reduzido, com o intuito de aumentar a

produtividade das culturas (Nojosa et. al., 2005).

Ao reagir com uma base, o ácido fosforoso origina o fosfito. Na reação com hidróxido de

potássio (KOH), por exemplo, tem-se a formação do sal fosfito de potássio. Outros sais de fosfito

estão disponíveis comercialmente, como fosfito de manganês, zinco, cobre, etc. A indicação de um

ou outro destes sais, vai depender de cada região e deverá ser decidida em função de análise foliar a

ser realizada na plantação, sob supervisão de um técnico qualificado para tal.

2. OBJETIVOS

2.1. Verificar a eficiência do Fulland® (fosfito de cobre) junto com o Cantus® (Boscalida) na

proteção contra a Phoma (Phoma costariensis) e a Antracnose (Colletotrichum coffeanum), doenças

de grande importância no cafeeiro em campo.

3. EXPERIMENTOS E RESULTADOS

3.1. Eficiência do Fulland® (fosfito de cobre) e Cantus® (Boscalida) na proteção contra a

Phoma e a Antracnose do cafeeiro no campo.

O experimento foi realizado em plantação de café da cultivar Catuaí IAC 144 , com

aproximadamente 5 anos, localizada na Fazenda Córrego do Retiro, Araxá, MG. O delineamento

experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com quatro repetições, e parcela experimental

composta de 10 plantas, sendo que as seis plantas centrais constituíram a parcela útil.

As aplicações foram feitas a primeira em 25 de novembro de 2009 e a segunda 20 dias após

a primeira em todos os tratamentos.

Os tratamentos utilizados estão descritos na Tabela 1.

Tabela 1 Tratamentos do Experimento.

Tratamentos # Dosagem Aplicações1. Fulland® 5 mL/L Novembro/Dezembro2. Fulland® + Cantus 5mL/L + 0,4g/L Novembro/Dezembro3. Cantus 0,4g/L Novembro/Dezembro14. Testemunha ................ ................

As aplicações foram feitas utilizando-se pulverizador costal manual com capacidade de 20

L, aplicando-se um volume médio de 400 litros/hectare. As avaliações das doenças foram realizadas

30 dias após a segunda aplicação (janeiro), contando os ramos atacados nas plantas e a evolução

da doença em ramos identificados com fitas em cada parcela. A amostragem foi realizada nas

plantas da parcela contando o número de ramos atacados em cada planta. A partir dessas avaliações,

foi calculado o percentual de ramos atacadas das plantas considerando a testemunha como sendo

100%.

O tratamento que proporcionou menor índice ataque da doença foi o Fulland + Cantus,

diferindo significativamente dos demais. (Figura1).

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Fulland+Cantus Fulland Cantus Testemunha

Figura 1 Efeito do Fulland + Cantus, no controle e evolução da seca dos ponteiros causada por Phoma e Antracnose na avaliação feita em Janeiro de 2010, em relação a testemunha depois de 2 aplicações.

Fotos dos Tratamentos na Avaliação

Testemunha

Tratamento Fulland + Cantus

Tratamento Cantus

Tratamento Fulland

4. CONCLUSÕES

- O Fulland® (fosfito de cobre) junto com o Cantus® foi eficaz no controle de Phoma e Antracnose,

doenças causadoras de seca dos ponteiros do cafeeiro.

- A mistura Fulland® + Cantus® mostrou ser mais eficiente do que o somente o Cantus® nas

avaliações, mostrando que o Fulland melhorou a ação do Cantus®.

5. BIBLIOGRAFIA

NOJOSA, G. B. A. ; RESENDE, M. L. V. ; RESENDE, A. V. . Uso de fosfitos e silicatos na

indução de resistência. In: Cavalcanti, L.S.; Di Piero, R.M.; Cia, P.; Pascholati, S.F.; Resende,

M.L.V.; Romeiro, R.S (eds). INDUÇÃO DE RESISTÊNCIA EM PLANTAS A PATÓGENOS

E INSETOS. Piracicaba, SP: FEALQ, 2005, v. 1, p. 139-153.

POZZA, A. A. A.; MARTINEZ, H. E. P.; POZZA, E. A.; CAIXETA, S. L; ZAMBOLIM, L.

Intensidade da mancha de olho pardo em mudas de cafeeiro em função de doses de N e K em

solução nutritiva. Summa Phytopathologica, Jaboticabal, v. 26, n. 1, p. 29-33, jan./mar. 2000.

RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ V., V.H. Recomendações para o Uso de

Corretivos e Fertilizantes em Minas Gerais. Quinta Aproximação, Viçosa, 1999. 359 p.

SHANER, G.; FINNEY, R. E. The effect of nitrogen fertilization on the expression of slow-

mildewing resistence in knox wheat. Phytopathology, St. Paul, v. 70, n. 8, p. 1183- 1186, 1997.

VEGRO, C. L. R.; FERREIRA, C. R. R. P. T. Evolução das despesas com defensivos agrícolas

e fertilizantes para a safra de café 2000/01 nos estados de São Paulo e Paraná. Informações

Econômicas, São Paulo, v. 30, p. 53-59, 2000.

Lavras, MG, 05 de outubro de 2007

Mário Lúcio Vilela de Resende,

Prof. Associado, Ph.D.

UFLA-DFP,

Lavras, MG