pospatogenicidade de phoma glomerata em cenoura (daucus carota) -fernando castro de oliveira

1
INTRODUÇÃO MATERIAL E MÉTODOS RESULTADOS E DISCUSSÃO CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA A cenoura (Daucus carota) pertence a família Apiaceae e é originária da região onde hoje se localiza o Afeganistão. É uma planta herbácea com caule pouco perceptível sendo que a parte utilizável é uma raiz pivotante, tuberosa, carnuda, sem ramificações, de formato cilíndrico e de coloração alaranjada (Filgueira, 2008). A cenoura é uma cultura de grande importância para a dieta humana devido ao seu elevado teor de betacaroteno, precursor da vitamina A. Ela é considerada a melhor fonte vegetal dessa vitamina (Filgueira, 2008). A principal doença que afeta essa cultura é a queima-das-folhas causada pelos fungos Alternaria dauci e Cercospora carotae e também pela bactéria Xanthomanas campestris pv. carotae (Filgueira, 2008). O objetivo desse trabalho é comprovar a patogenicidade de P. glomerata em raízes tuberosas de cenoura. Farr & Rossman (2011) apontaram em seu banco de dados que no mundo foram registrados nove espécies de Phoma spp. infectando D. carota tal como: Phoma complanata registrado em local desconhecido (Boerema et al., 2004), P. eupyrena registrado na Polônia (Mulenko et al., 2008), P. exigua var. exigua registrado na Bulgária (Richardson, 1990) e em várias regiões do mundo (Boerema et al., 2004), P. herbarum registrado na Polônia (Mulenko et al., 2008), P. obtusa registrado na Europa (Boerema et al., 2004) e em Hong Kong (Lu et al., 2000; Zhuang, 2001), P. pinodella registrado na Polônia (Mulenko et al., 2008), P. rotrupii registrado na Rússia (Richardson, 1990) e na África do Sul (Gorter, 1977), P. sanguinolenta registrado na China (Zhuang, 2005) e Phoma sp. registrado no Brasil (Mendes et al., 2008). As cenouras foram avaliadas após quatro dias de incubação e constatou-se que em todos os tratamentos CF e SF houve interação planta-patógeno. Em 100 % dos tratamentos CF [6/6] e SF [6/6] o isolado foi virulento e patogênico, contudo a agressividade foi maior nos tratamentos com ferimento do que nos tratamentos sem ferimento (Tab. 1). PATOGENICIDADE DE Phoma glomerata EM CENOURA (Daucus carota). Patogenicity of Phoma glomerata in carrot (Daucus carota). OLIVEIRA, Fernando C. de; SOUSA NETTO, Maurilio; PAULA, Felipe S.; PAZ LIMA, Milton L. Instituto Federal Goiano campus Urutaí (IF Goiano), Laboratório de Microbiologia CEP 75790-000, Urutaí, GO. E-mail : [email protected]; [email protected] No Brasil há registros de Phoma sp. em sementes de cenoura nos estados do RS e da BA (Mendes & Urben, 2011), porém nas raízes esse é o primeiro registro de ocorrência da espécie P. glomerata (Fig. 1) infectando cenoura. Boerema, G.H., De Gruyter, J., Noordeloos, M.E., and Hamers, M.E.C. 2004. Phoma identification manual: differentiation of specific and infra- specific taxa in culture. CABI Publishing, 470 pages. FARR, D. F., & ROSSMAN, A. Y. Fungal Databases, Systematic Mycology and Microbiology Laboratory, ARS, USDA. Disponível em: <http://nt.ars- grin.gov/fungaldatabases/fungushost/fungushost.cfm>. Acessado em maio de 2011. FILGUEIRA, F. A. R.: Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. 3ª ed., Viçosa, MG: Ed. UFV, 2008. 421 p. Gorter, G.J.M.A. 1977. Index of plant pathogens and the diseases they cause in cultivated plants in South Africa. Republic South Africa Dept. Agric. Techn. Serv. Pl. Protect. Res. Inst. Sci. Bull. 392: 1-177. Lu, B., Hyde, K.D., Ho, W.H., Tsui, K.M., Taylor, J.E., Wong, K.M., Yanna, and Zhou, D. 2000. Checklist of Hong Kong Fungi. Fungal Diversity Press, Hong Kong, 207 pages. MENDES, M. A. S.; URBEN, A. F.; Fungos relatados em plantas no Brasil, Laboratório de Quarentena Vegetal. Brasília, DF: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Disponível em: <http://pragawall.cenargen.embrapa.br/aiqweb/michtml/fgbanco01.asp>. Acessado em maio de 2011. Mendes, M.A.S., da Silva, V.L., Dianese, J.C., and et al. 1998. Fungos em Plants no Brasil. Embrapa-SPI/Embrapa-Cenargen, Brasilia, 555 pages. Mulenko, W., Majewski, T., and Ruszkiewicz-Michalska, M. 2008. A Preliminary Checklist of Micromycetes in Poland. W. Szafer Institute of Botany, Polish Academy of Sciences 9: 752. Richardson, M.J. 1990. An Annotated List of Seed-Borne Diseases. Fourth Edition. International Seed Testing Association, Zurich, 387+ pages. Zhuang, W.-Y., Ed. 2001. Higher Fungi of Tropical China. Mycotaxon, Ltd., Ithaca, NY, 485 pages. Zhuang, W.-Y., Ed. 2005. Fungi of northwestern China. Mycotaxon, Ltd., Ithaca, NY, 430 pages. Tabela 1. Dimensões das lesões ocasionadas por P. glomerata em cenoura após quatro dias de incubação. A I H G F E B D C PAZ-LIMA, M. L., 2011 Tratamentos Dimensões das lesões (mm) em cada repetição I II III IV V VI Com Ferimento 40 x 20 30 x 25 45 x 18 20 x 12 25 x 15 18 x 10 Sem Ferimento 20 x 15 14 x 08 10 x 08 15 x 10 20 x 10 10 x 06 Figura 1. Podridão-do-ombro em cenoura (Daucus carota) causada por Phoma glomerata. A. sintoma natural de podridão, B. sintoma de podridão em raízes incouladas no teste de patogenicidade, C. micélio branco e negro recobrindo a lesão, D. picnídio (bar= 8 µm), E. clamidósporos dictiospóricos e catenulados (bar= 8 µm), F. clamidósporo intercalar (bar= 8 µm), G. conídio (bar= 11 µm), H. conídios (bar= 6 µm) I. conídio hialino e cilíndrico (bar= 6µm).

Upload: milton-lima

Post on 25-Jul-2015

1.874 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

INTRODUÇÃO

MATERIAL E MÉTODOS

RESULTADOS E DISCUSSÃO

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

A cenoura (Daucus carota) pertence a família Apiaceae e é originária da região onde hoje se localiza o Afeganistão. É uma planta herbácea com caule pouco perceptível sendo que a parte utilizável é uma raiz pivotante, tuberosa, carnuda, sem ramificações, de formato cilíndrico e de coloração alaranjada (Filgueira, 2008).

A cenoura é uma cultura de grande importância para a dieta humana devido ao seu elevado teor de betacaroteno, precursor da vitamina A. Ela é considerada a melhor fonte vegetal dessa vitamina (Filgueira, 2008).

A principal doença que afeta essa cultura é a queima-das-folhas causada pelos fungos Alternaria dauci e Cercospora carotae e também pela bactéria Xanthomanas campestris pv. carotae (Filgueira, 2008).

O objetivo desse trabalho é comprovar a patogenicidade de P. glomerata em raízes tuberosas de cenoura.

Farr & Rossman (2011) apontaram em seu banco de dados que no mundo foram registrados nove espécies de Phoma spp. infectando D. carota tal como: Phoma complanata registrado em local desconhecido (Boerema et al., 2004), P. eupyrena registrado na Polônia (Mulenko et al., 2008), P. exigua var. exigua registrado na Bulgária (Richardson, 1990) e em várias regiões do mundo (Boerema et al., 2004), P. herbarum registrado na Polônia (Mulenko et al., 2008), P. obtusa registrado na Europa (Boerema et al., 2004) e em Hong Kong (Lu et al., 2000; Zhuang, 2001), P. pinodella registrado na Polônia (Mulenko et al., 2008), P. rotrupii registrado na Rússia (Richardson, 1990) e na África do Sul (Gorter, 1977), P. sanguinolenta registrado na China (Zhuang, 2005) e Phoma sp. registrado no Brasil (Mendes et al., 2008).

As cenouras foram avaliadas após quatro dias de incubação e constatou-se que em todos os tratamentos CF e SF houve interação planta-patógeno. Em 100 % dos tratamentos CF [6/6] e SF [6/6] o isolado foi virulento e patogênico, contudo a agressividade foi maior nos tratamentos com ferimento do que nos tratamentos sem ferimento (Tab. 1).

PATOGENICIDADE DE Phoma glomerata EM CENOURA (Daucus carota).Patogenicity of Phoma glomerata in carrot (Daucus carota).

OLIVEIRA, Fernando C. de; SOUSA NETTO, Maurilio; PAULA, Felipe S.; PAZ LIMA, Milton L.

Instituto Federal Goiano campus Urutaí (IF Goiano), Laboratório de Microbiologia CEP 75790-000, Urutaí, GO. E-mail: [email protected]; [email protected]

No Brasil há registros de Phoma sp. em sementes de cenoura nos estados do RS e da BA (Mendes & Urben, 2011), porém nas raízes esse é o primeiro registro de ocorrência da espécie P. glomerata (Fig. 1) infectando cenoura.

Boerema, G.H., De Gruyter, J., Noordeloos, M.E., and Hamers, M.E.C. 2004. Phoma identification manual: differentiation of specific and infra-specific taxa in culture. CABI Publishing, 470 pages. FARR, D. F., & ROSSMAN, A. Y. Fungal Databases, Systematic Mycology and Microbiology Laboratory, ARS, USDA. Disponível em: <http://nt.ars-grin.gov/fungaldatabases/fungushost/fungushost.cfm>. Acessado em maio de 2011.FILGUEIRA, F. A. R.: Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. 3ª ed., Viçosa, MG: Ed. UFV, 2008. 421 p.Gorter, G.J.M.A. 1977. Index of plant pathogens and the diseases they cause in cultivated plants in South Africa. Republic South Africa Dept. Agric. Techn. Serv. Pl. Protect. Res. Inst. Sci. Bull. 392: 1-177. Lu, B., Hyde, K.D., Ho, W.H., Tsui, K.M., Taylor, J.E., Wong, K.M., Yanna, and Zhou, D. 2000. Checklist of Hong Kong Fungi. Fungal Diversity Press, Hong Kong, 207 pages. MENDES, M. A. S.; URBEN, A. F.; Fungos relatados em plantas no Brasil, Laboratório de Quarentena Vegetal. Brasília, DF: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Disponível em: <http://pragawall.cenargen.embrapa.br/aiqweb/michtml/fgbanco01.asp>. Acessado em maio de 2011.Mendes, M.A.S., da Silva, V.L., Dianese, J.C., and et al. 1998. Fungos em Plants no Brasil. Embrapa-SPI/Embrapa-Cenargen, Brasilia, 555 pages. Mulenko, W., Majewski, T., and Ruszkiewicz-Michalska, M. 2008. A Preliminary Checklist of Micromycetes in Poland. W. Szafer Institute of Botany, Polish Academy of Sciences 9: 752. Richardson, M.J. 1990. An Annotated List of Seed-Borne Diseases. Fourth Edition. International Seed Testing Association, Zurich, 387+ pages. Zhuang, W.-Y., Ed. 2001. Higher Fungi of Tropical China. Mycotaxon, Ltd., Ithaca, NY, 485 pages. Zhuang, W.-Y., Ed. 2005. Fungi of northwestern China. Mycotaxon, Ltd., Ithaca, NY, 430 pages.

Tabela 1. Dimensões das lesões ocasionadas por P. glomerata em cenoura após quatro dias de incubação.

A

IH

GFE

B

DC

PAZ-

LIM

A, M

. L.,

2011

Tratamentos Dimensões das lesões (mm) em cada repetição

I II III IV V VI

Com Ferimento 40 x 20 30 x 25 45 x 18 20 x 12 25 x 15 18 x 10

Sem Ferimento 20 x 15 14 x 08 10 x 08 15 x 10 20 x 10 10 x 06

Figura 1. Podridão-do-ombro em cenoura (Daucus carota) causada por Phoma glomerata. A. sintoma natural de podridão, B. sintoma de podridão em raízes incouladas no teste de patogenicidade, C. micélio branco e negro recobrindo a lesão, D. picnídio (bar= 8 µm), E. clamidósporos dictiospóricos e catenulados (bar= 8 µm), F. clamidósporo intercalar (bar= 8 µm), G. conídio (bar= 11 µm), H. conídios (bar= 6 µm) I. conídio hialino e cilíndrico (bar= 6µm).