ft gene de levedura

3
Gene de levedura pode ser chave de juventude As leveduras são substâncias que podem abrir aos seres humanos o caminho para a longevidade, depois de se ter comprovado que se trava o seu envelheci- mento restringindo as calorias e da descoberta do gene que mantém as suas cé- lulas jovens. Duas investigações complementares, apresentadas muito recentemente no congresso da Sociedade norte-americana de Microbiologia em Los Angeles (Califórnia, Estados Unidos), confirmaram quais são os mecanismos que nestes fungos unicelulares permitem aumentar a vida. Apesar de a situação que foi observada nas leveduras não poder ser directa- mente aplicada aos seres humanos, estas investigações científicas abrem um novo caminho na busca da denominada “fonte da eterna juventude”, porque poderão procurar-se os genes responsáveis pelo envelhecimento das pessoas. Investigadores da Universidade Estadual da Louisiana comprovaram que a “res- trição calórica” é a chave do envelhecimento das leveduras, enquanto um ou- tro grupo de cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) iden- tificou o gene responsável, denominado “SIR2”. As leveduras são fungos unicelulares do género ascomicete e, enquanto algu- mas espécies são benéficas para os seres humanos porque fermentam alimen- tos ou podem ser fonte de vitaminas e proteínas, outras estão presentes em si- tuações cancerígenas, na diabetes ou até mesmo na SIDA. O caso estudado nesta situação concreta é o da Sacharomyces cerevisiae, que se conta entre as benéficas e na qual, ao manipular-se a quantidade de calorias que alimentam o seu desenvolvimento, se conseguiu comprovar que as suas cé- lulas incrementam o seu tempo de vida. A “restrição calórica”, que consiste na redução do número de calorias que ser- vem de alimentação sem se chegar à desnutrição, é um processo que tem de- monstrado ser eficaz para alargar a vida em mamíferos e outros animais de la- boratório. Nos seres humanos, também existe a convicção de que uma dieta mais austera, embora sem ser escassa em nutrientes, pode alargar a vida. Os mecanismos que regem o envelhecimento nas pessoas são muito mais com- plicados do que os de uma levedura. Por comparação, o DNA da levedura tem 12 milhões de pares de bases, en- quanto o humano supera os três mil milhões. Um professor de Biologia da Universidade da Califórnia, Michael Rose, asse- gura na publicação Investigação e Ciência, revista dedicada a assuntos científi- cos, que entender os mecanismos que permitam decifrar as chaves do enve- lhecimento dos seres humanos poderá ser uma das grandes descobertas dos próximos 50 anos. in Diário de Notícias, 29 de Maio de 2000

Upload: abilio-pequeno

Post on 03-Dec-2015

4 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

Gene de levedura

TRANSCRIPT

Page 1: FT Gene de Levedura

Gene de levedura pode ser chave de juventude

As leveduras são substâncias que podem abrir aos seres humanos o caminhopara a longevidade, depois de se ter comprovado que se trava o seu envelheci-mento restringindo as calorias e da descoberta do gene que mantém as suas cé-lulas jovens.Duas investigações complementares, apresentadas muito recentemente nocongresso da Sociedade norte-americana de Microbiologia em Los Angeles(Califórnia, Estados Unidos), confirmaram quais são os mecanismos que nestesfungos unicelulares permitem aumentar a vida.Apesar de a situação que foi observada nas leveduras não poder ser directa-mente aplicada aos seres humanos, estas investigações científicas abrem umnovo caminho na busca da denominada “fonte da eterna juventude”, porquepoderão procurar-se os genes responsáveis pelo envelhecimento das pessoas.Investigadores da Universidade Estadual da Louisiana comprovaram que a “res-trição calórica” é a chave do envelhecimento das leveduras, enquanto um ou-tro grupo de cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) iden-tificou o gene responsável, denominado “SIR2”.As leveduras são fungos unicelulares do género ascomicete e, enquanto algu-mas espécies são benéficas para os seres humanos porque fermentam alimen-tos ou podem ser fonte de vitaminas e proteínas, outras estão presentes em si-tuações cancerígenas, na diabetes ou até mesmo na SIDA.O caso estudado nesta situação concreta é o da Sacharomyces cerevisiae, quese conta entre as benéficas e na qual, ao manipular-se a quantidade de caloriasque alimentam o seu desenvolvimento, se conseguiu comprovar que as suas cé-lulas incrementam o seu tempo de vida.A “restrição calórica”, que consiste na redução do número de calorias que ser-vem de alimentação sem se chegar à desnutrição, é um processo que tem de-monstrado ser eficaz para alargar a vida em mamíferos e outros animais de la-boratório.Nos seres humanos, também existe a convicção de que uma dieta mais austera,embora sem ser escassa em nutrientes, pode alargar a vida.Os mecanismos que regem o envelhecimento nas pessoas são muito mais com-plicados do que os de uma levedura.Por comparação, o DNA da levedura tem 12 milhões de pares de bases, en-quanto o humano supera os três mil milhões.Um professor de Biologia da Universidade da Califórnia, Michael Rose, asse-gura na publicação Investigação e Ciência, revista dedicada a assuntos científi-cos, que entender os mecanismos que permitam decifrar as chaves do enve-lhecimento dos seres humanos poderá ser uma das grandes descobertas dospróximos 50 anos.

in Diário de Notícias, 29 de Maio de 2000

DA_Biologia(15).qxd 20/05/08 7:15 Page 13

Page 2: FT Gene de Levedura

Nem plantas nem animais

Existem quase 30 000 espécies diferentes de protozoários, microrganismos uni-celulares que vivem sobretudo na água ou em líquidos aquosos. Abundantesem todo o mundo, podem andar à deriva nos seus ambientes líquidos, nadaractivamente ou rastejar; alguns mantêm-se relativamente imóveis, enquantooutros vivem como parasitas em animais. Muitos são microscópicos, emboraalguns dos maiores sejam visíveis a olho nu. Quanto à forma, os protozoáriostêm uma variedade incrível, desde a simples amiba semelhante a uma bolha atéaos que estão equipados com estruturas complicadas para apanharem presas,para se alimentarem e para se deslocarem.Entre os biólogos não existe um verdadeiro consenso quanto ao que define umprotozoário. Estes organismos são classificados num reino próprio – o Protista –porque diferem em certos aspectos tanto das bactérias como dos fungos, dosanimais e das plantas. Têm uma organização mais complexa do que as bacté-rias, na medida em que possuem compartimentos distintos, tais como núcleose mitocôndrias. No entanto, distinguem-se também das plantas, animais e fun-gos por serem unicelulares e não pluricelulares. Alguns deles assemelham-se aplantas, tendo a capacidade de realizar a fotossíntese, mas a maioria não temessa capacidade, obtendo alimento pela absorção de detritos orgânicos ou deoutros microrganismos.O reino Protista não é um agrupamento “natural” – alguns protozoários podemestar mais intimamente relacionados com animais ou plantas do que com ou-tros protozoários. Tem servido como nicho conveniente para arrumar os orga-nismos unicelulares, que de outro modo são difíceis de classificar.

Os protozoários versáteis

Os tamanhos e formas reais dos protozoários são extraordinariamente diversos,o que demonstra que eles representam um pico na evolução unicelular. A co-nhecida amiba, que muda continuamente de forma, é um tipo de protozoário.Outros têm elementos semelhantes a andas contrácteis e outros ainda incluemos foraminíferos, que estão enfiados em conchas enroladas (testas, ou carapa-ças), muitas vezes impregnadas de carbonato de cálcio. Estas conchas calcáriasdescem para o fundo do oceano quando as células nelas contidas morrem, aca-bando por se tornar parte das rochas sedimentares.Alguns protozoários ciliados (os que têm pequeníssimos “pêlos”) têm uma“boca” e um “estômago” distintos por onde as bactérias, protozoários e algassão engolidos inteiros, enquanto os suctórios têm longos “tentáculos”, pormeio dos quais sugam o conteúdo das células que lhes servem de presa. Osprotozoários não têm paredes de celulose rígidas, como as das células vegetais,embora os EugIena e seus parentes tenham uma fina camada de placas flexíveisde proteína mesmo por baixo da superfície do citoplasma. Muitos protozoáriostêm uma camada exterior protectora. Alguns radiolários e amibas, por exemplo,

DA_Biologia(15).qxd 20/05/08 7:15 Page 14

Page 3: FT Gene de Levedura

fabricam os seus próprios invólucros de grãos de areia ou outros detritos.Embora não possam normalmente viver fora de água, muitos protozoários con-seguem sobreviver ao risco sazonal de um charco ou curso de água secar, ela-borando um revestimento resistente, ou quisto, à sua volta e entrando num es-tado de letargia.Os protozoários reproduzem-se em geral dividindo-se simplesmente em duasou mais novas células.Ocasionalmente podem ter uma reprodução sexuada, na qual duas células sefundem para formar uma célula maior, que então se divide noutras mais pe-quenas.

Agentes do bem e do mal

Os protozoários são responsáveis por várias doenças humanas, incluindo a ma-lária e a doença do sono (tripanossomíase), e também por muitas doenças nou-tros animais, sobretudo no gado, peixes, caça e aves de capoeira. Contudo, osprotozoários podem ser benéficos, e até essenciais, para alguns animais. Os ci-liados fazem parte da vida microbiana da pança (divisão do estômago) de ani-mais ruminantes como os bovinos, ajudando a digerir a enorme quantidade decelulose presente na dieta destes animais, que não a conseguem digerir por sipróprios. Os protozoários são úteis ao homem em unidades de tratamento deesgotos, onde ajudam a remover bactérias durante o processamento.

in Luck S. e outros, 1995. O Grande Livro da Natureza. Círculo de Leitores

Questões

1. A que Reino pertencem as leveduras? E os protozoários?

2. Caracterize as leveduras e os protozoários no que respeita a:a. organização celular.b. modo de nutrição.c. interacção nos ecossistemas.

3. Comente a afirmação: “Protistas – nem plantas nem animais”.

DA_Biologia(15).qxd 20/05/08 7:15 Page 15