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HOMEOSTASE DE Ca 2+ NA LEVEDURA Saccharomyces cerevisiae EM DIFERENTES CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS: A DINÂMICA DAS Ca 2+ -ATPases E DOS TROCADORES Ca 2+ /H + DAS ORGANELAS DA VIA SECRETÓRIA E O PAPEL DA CALCINEURINA FLAVIA EMENEGILDA DA SILVA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE Darcy Ribeiro - UENF CAMPOS DOS GOYTACAZES, RJ MARÇO – 2009

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HOMEOSTASE DE Ca2+ NA LEVEDURA Saccharomyces cerevisiae

EM DIFERENTES CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS: A DINÂMICA DAS

Ca2+-ATPases E DOS TROCADORES Ca2+/H+ DAS ORGANELAS DA VIA SECRETÓRIA E O PAPEL DA CALCINEURINA

FLAVIA EMENEGILDA DA SILVA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE

Darcy Ribeiro - UENF

CAMPOS DOS GOYTACAZES, RJ

MARÇO – 2009

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i

HOMEOSTASE DE Ca2+ NA LEVEDURA Saccharomyces cerevisiae

EM DIFERENTES CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS: A DINÂMICA DAS

Ca2+-ATPases E DOS TROCADORES Ca2+/H+ DAS ORGANELAS DA VIA SECRETÓRIA E O PAPEL DA CALCINEURINA

FLAVIA EMENEGILDA DA SILVA

Orientador: Prof. Dr. Lev Alexandrovitch Okorokov UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE Darcy Ribeiro

CAMPOS DOS GOYTACAZES, RJ

MARÇO – 2009

“Tese apresentada ao Centro de Biociências e Biotecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense – Darcy Ribeiro, como parte das exigências para obtenção do titulo de Doutor em Biociências e Biotecnologia.”

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ii

HOMEOSTASE DE Ca2+ NA LEVEDURA Saccharomyces cerevisiae

EM DIFERENTES CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS: A DINÂMICA DAS

Ca2+-ATPases E DOS TROCADORES Ca2+/H+ DAS ORGANELAS DA VIA SECRETÓRIA E O PAPEL DA CALCINEURINA

FLAVIA EMENEGILDA DA SILVA

Aprovada em:

13 de março de 2009

Comissão examinadora:

___________________________________________________________________ Prof. Dr. Alessandro Coutinho Ramos - UVV ___________________________________________________________________ Profa. Dra. Anna Lvovna Okorokova Façanha - UENF ___________________________________________________________________ Profa. Dra. Vânia Margaret Flosi Paschoalin - UFRJ ___________________________________________________________________ Prof. Dr. Lev Alexandrovitch Okorokov – UENF (Orientador)

“Tese apresentada ao Centro de Biociências e Biotecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do titulo de Doutor em Biociências e Biotecnologia.”

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iii

Aos meus pais, Glicério e Rosa;

Ao meu irmão, Binho

À lindinha da titia (Karol)

por todo amor e carinho.

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iv

Um tempo para cada coisa

Para tudo há um tempo,

Para cada coisa há momento debaixo dos céus:

tempo para nascer e tempo para morrer;

tempo para plantar e tempo para arrancar;

tempo para matar e tempo para curar;

tempo para demolir e tempo para construir.

tempo para chorar e tempo para rir

tempo para gemer e tempo para dançar

tempo para espalhar pedras e tempo para ajuntá-las;

tempo de abraçar e tempo de afastar.

tempo de procurar e tempo de perder;

tempo de economizar e tempo de desperdiçar;

tempo de rasgar e tempo de remendar;

tempo para calar e tempo de falar;

tempo de amar e tempo de odiar;

tempo de guerra e tempo de paz.

(Eclesiasties 3: 1-8)

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v

AGRADECIMENTOS

A Deus por estar presente sempre na minha vida. E que me tem me dado força e

paciência na minha caminhada.

A minha Família pelo amor, carinho, compreensão pela minha ausência e por ser

minha referência, meu porto seguro.

Ao meu orientador, Prof. Lev A. Okorokov, um exemplo de Mestre, pesquisador e ser

humano a ser seguido. Obrigada por sua notável orientação, amizade e respeito que

foram construídos/conquistados aos longos dos anos.

À Profª Solange Samarão por ser a revisora deste trabalho e também pela amizade

construída ao longo do tempo.

À Profa. Anna L Okorokova-Façanha pelas críticas e sugestões dadas para o

melhoramento desta tese e por aceitar fazer parte da banca. Pela amizade, por se

mostrar sempre disposta a ajudar e ensinar.

Ao Prof. Alessandro Coutinho Ramos e a Profª Vânia Margaret Flosi Paschoalin por

terem aceitado o convite para participar da banca, pelas contribuições (discussões e

sugestões) pertinentes.

Aos Professores do LFBM (Valdirene, Júlio César e João Carlos) pelo convívio

agradável no laboratório.

À minha grande Família da Bioenergética (estudantes), Flavia Paiva, Renan, Sheila,

Lays, Géssika, Flavia Azevedo, Ana Cristina, Lívia, Ludmila e Keila, pela amizade,

carinho e companheirismo que nos fazem ser literalmente essa grande família.

Ao Luiz Carlos de Souza pelo convívio agradabilíssimo e pela imensa ajuda no

laboratório.

À Marta, ex-técnica do laboratório pela amizade e aprendizados práticos muito

valiosos.

Aos amigos do LFBM, Mariângela, Suzanna, Izabela, Érica, Gabriel pelo agradável

convívio.

Ao meu amigo André pela profunda amizade, companheirismo e agradabilíssimas

conversas.

Ao Prof. Eduardo Teodoro pela amizade.

À Camila C. Rebeiro, minha eterna pupila e grande amiga obrigada pelo

companheirismo, amizade, respeito.

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vi

Às minhas primeiras e eternas amigas Mariana e Geísa (Gê) e suas famílias pela

grande amizade fortalecida desde a graduação.

À minha eterna irmã de república Geisa pela amizade conquistada ao longo do

tempo.

À Rô (Rosiane) pela amizade, paciência e compreensão no momento final de

preparação da tese.

Aos laboratórios do LBCT, LBT e LQFPP pelo uso dos equipamentos.

Aos Professores do CBB/UENF pelo ensinamento.

Aos demais professores e funcionários dessa universidade pela contribuição direta

ou indireta para a realização desta tese.

Aos órgãos financiadores deste trabalho CNPq, CAPES, FAPERJ e UENF.

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vii

SUMÁRIO GERAL

Resumo............................................................................................... xvi

Abstract............................................................................................... xviii

Abreviaturas........................................................................................ xx

1 Revisão Bibliográfica.......................................................................... 1

1.1 Homeostase de íons........................................................................... 1

1.1.1 Homeostase de Mn2+.......................................................................... 2

1.1.2 Homeostase de Ca2+.......................................................................... 5

1.2 Transportadores de Ca2+................................................................... 10

1.2.1 Canais de Ca2+................................................................................... 10

1.2.2 Ca2+-ATPases de leveduras............................................................... 11

1.2.2.a Pmr1, Ca2+- e Mn2+-ATPase............................................................... 15

1.2.3 Trocadores de Ca2+/H+....................................................................... 16

1.3 Calcineurina........................................................................................ 19

1.4 Regulação dos transportadores de Ca2+............................................ 22

1.4.1 Efeito de altas concentrações de Ca2+ sobre a homeostase de Ca2+

e H+ em levedura................................................................................

22

1.4.2 Efeito da glicose sobre a homeostase de Ca2+ e H+ em levedura ..... 25

2 Objetivos............................................................................................. 28

3 Materiais e métodos............................................................................ 29

3.1 Cepas de leveduras............................................................................ 29

3.2 Meio de cultura e manutenção da cepa.............................................. 29

3.3 Preparo do pré-inóculo....................................................................... 29

3.4 Preparo da levedura para o isolamento.............................................. 29

3.5 Isolamento de membranas e fracionamento subcelular..................... 30

3.5.1 Isolamento de membranas para a condição I (com e sem glicose).... 30

3.5.1.a Obtenção de células........................................................................... 31

3.5.1.b Obtenção dos esferoplastos............................................................... 31

3.5.1.c Pré-incubação dos esferoplastos com glicose.................................... 32

3.5.1.d Obtenção de membranas totais.......................................................... 33

3.5.1.e Obtenção de membranas intracelulares fracionadas em gradiente

de densidade de sacarose..................................................................

33

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viii

3.5.2 Isolamento de membranas para a condição II (com YEPD; com

YEPD+CaCl2; com YEPD+CaCl2+CsA)..............................................

34

3.5.2.a Obtenção de células........................................................................... 35

3.5.2.b Obtenção dos esferoplastos............................................................... 35

3.5.2.c Obtenção de membranas totais.......................................................... 35

3.5.2.d Obtenção de membranas intracelulares fracionadas em gradiente

de densidade de sacarose..................................................................

36

3.5.3 Isolamento de membranas para a condição III (crescimento das

células com: YEPD; YEPD+CaCl2).....................................................

36

3.5.3.a Obtenção de células........................................................................... 36

3.5.3.b Obtenção dos esferoplastos............................................................... 37

3.5.3.c Pré-incubação dos esferoplastos com glicose.................................... 37

3.5.3.d Obtenção de membranas totais.......................................................... 37

3.5.3.e Obtenção de membranas intracelulares fracionadas em gradiente

de densidade de sacarose..................................................................

37

3.6 Determinação do transporte de 45Ca+2..................................................... 37

3.7 Determinação do conteúdo de proteína................................................... 38

3.8 Curva padrão de fosfato inorgânico (Pi) para as determinação

fosfohidrolítica de pirofosfato (PPi) e GDP......................................

39

3.9 Determinação hidrolítica do pirofosfato (PPi) (Pirofosfatase de

membrana (PPiase) – enzima marcadora de membranas do vacúolo).

40

3.10 Determinação de GDPase (enzima marcadora de membranas do

Golgi) .................................................................................................

41

3.11 Determinação de NADP-H citocromo “c” oxido-redutase (enzima

marcadora de RE).....................................................................................

41

3.12 Determinação da fosfatase alcalina (enzima marcadora do vacúolo)... 42

3.13 Imunoensaio (imunoresposta de Pmc1p::HA por “dot blotting”)............. 42

3.14 Determinação da concentração de sacarose.......................................... 44

4 Resultados.......................................................................................... 45

4.1 Identificação das membranas intracelulares da via secretória S.

cerevisiae............................................................................................

45

4.2 Efeito do estresse por altas concentrações de Ca2+ extracelular

sobre as atividades dos transportadores de Ca2+ S. cerevisiae.........

54

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ix

4.2.1 Estresse de curto tempo pelo alto Ca2+ em células não energizadas

pela glicose extracelular.....................................................................

54

4.2.2 Estresse permanente pelo alto Ca2+ em células não energizadas

pela glicose extracelular.....................................................................

62

4.2.3 Estresse permanente pelo alto Ca2+ em células energizadas pela

glicose extracelular.............................................................................

73

4.3 O papel da calcineurina (CaN) na regulação dos transportadores de

Ca2+ em S. cerevisiae em condições fisiológicas...............................

84

4.4 Caracterização da inativação dos transportadores de Ca2+

vacuolares sobre a atividade dos transportadores de Ca2+ em

outras organelas em S. cerevisiae isolados de esferoplastos

energizados pela glicose....................................................................

89

4.5 Transportadores de Ca2+ não possuem afinidade pelo Mn2+ em S.

cerevisiae............................................................................................

93

5 Discussão........................................................................................... 105

6 Conclusões......................................................................................... 115

7 Referências Bibliográficas.................................................................. 117

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x

ÍNDICE DE ESQUEMAS

No Título Pág.

1 Um diagrama de uma típica célula comparando a via de transporte de

Mn2 + na levedura Saccharomyces cerevisiae.......................................

4

2 Homeostase do Ca2+ em células de levedura......................................... 7

3 Mecanismo de ação da calcineurina (CaN) na regulação da

transcrição de células de mamíferos e levedura.....................................

21

4 Modelo de regulação da calcineurina (CaN) sobre os transportadores

em levedura............................................................................................

22

5 Medições dos níveis de Ca2+ citosólico por aequorina........................... 24

6 Diagrama do isolamento de membrana na condição I............................ 30

7 Diagrama do isolamento de membrana na condição II........................... 34

8 Diagrama do isolamento de membrana na condição III.......................... 36

ÍNDICE DE TABELAS

No Título Pág.

1 Concentração de Ca2+ livre estimada no retículo endo- e

sarcoplasmático......................................................................................

8

2 Exemplo de como se controla cineticamente o rompimento da parede

celular de leveduras por hidrólise enzimática.........................................

32

3 Localização das frações de membranas de compartimentos da via

secretória de S. cerevisiae separados em gradiente de densidade de

sacarose..................................................................................................

53

4 Efeito da pré-incubação com 100 mM Ca2+ extracelular e da CsA na

atividade das Ca2+-ATPases em MT e nas organelas da via secretória

de S. cerevisiae AA255 cujos esferoplastos não foram energizados

com glicose.............................................................................................

60

5 Efeito da pré-incubação com 100 mM Ca2+ extracelular e da CsA na

atividade dos trocadores Ca2+/H+ em MT da cepa selvagem AA255 de

S. cerevisiae cujos esferoplastos não foram energizados com glicose..

61

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xi

6A Efeito do estresse permanente por 150 mM Ca2+ sobre a atividade

das Ca2+-ATPases nas MT de S. cerevisiae AA255, cujos

esferoplastos não foram energizados com glicose extracelular.............

66

6B Efeito do estresse permanente por 150 mM Ca2+ sobre a atividade

das Ca2+-ATPases nas organelas da via secretória de S. cerevisiae

AA255, cujos esferoplastos não foram energizados com glicose

extracelular..............................................................................................

67

7 Efeito do estresse permanente por 150 mM Ca2+ sobre a atividade

dos trocadores Ca2+/H+ em MT e nas organelas da via secretória de

S. cerevisiae AA255, cujos esferoplastos não foram energizados com

glicose extracelular.................................................................................

68

8 Estimulação da atividade das Ca2+-ATPases e dos trocadores Ca2+/H+

no estresse por alto Ca2+ aplicado por curto tempo (incubação com

100 mM Ca2+ por 2,5 h) ou permanente (crescimento com 150 mM

Ca2+)........................................................................................................

72

9 Concentração total e livre dos íons Ca2+ e Mn2+ nos experimentos de

captação de 45Ca2+. ................................................................................

101

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xii

ÍNDICE DE FIGURAS

No Título Pág.

1 Efeito do Ca2+ extracelular sobre a atividade da Ca2+-ATPase em

membranas celulares da cepa X-2180 de S.

cerevisiae.......................................................................

48

2A Atividades da GDPase, PPiase de membrana, NADPH citocromo “c”

oxi-redutase de membranas isoladas de células que não foram pré-

incubados com Ca2+..............................................................................

49

2B Atividades da GDPase, PPiase de membrana, NADPH citocromo “c”

oxi-redutase vesículas de membranas isoladas de células que foram

pré-incubados com Ca2+.......................................................................

49

2C Atividades da GDPase, NADPH citocromo “c” oxi-redutase em

células do tipo selvagem (K601)...........................................................

50

2D Atividades da GDPase, NADPH citocromo “c” oxi-redutase em células mutantes de calcineurina (cnb1)............................................

50

3 Atividade das enzimas marcadoras do Vacúolo (fosfatase alcalina e

Vcx1p) e imunoreatividade da Pmc1p::HA (Ca2+-ATPase do vacúolo)

em membranas intracelulares de S. cerevisiae....................................

51

4 Atividade das Ca2+-ATPases e trocadores Ca2+/H+ e imunoresposta

da Pmc1p::HA (Ca2+-ATPase do vacúolo) em membranas

intracelulares de S. cerevisiae K699 de esferoplastos que foram

energizadas pela glicose......................................................................

52

5 Efeito do Ca2+ extracelular e da CsA sobre a captação de 45Ca2+ em

membranas totais (MT) da cepa AA255 de S. cerevisiae..........

57

6A Efeito do Ca2+ extracelular e da CsA sobre a atividade das Ca2+-

ATPases em vesículas de membranas totais da cepa AA255 de S.

cerevisiae de esferoplastos não energizados pela glicose...................

58

6B Efeito do Ca2+ extracelular e da CsA sobre a atividade dos

trocadores Ca2+/H+ em vesículas de membranas totais da cepa

AA255 de S. cerevisiae de esferoplastos não energizados pela

glicose. ………………………………………………………………………

58

7 Efeito do Ca2+ extracelular e da CsA sobre a atividade das Ca2+-

ATPases em membranas intracelulares da cepa AA255 S. cerevisiae

59

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xiii

8 Efeito do crescimento com 150 mM Ca2+ sobre a atividade dos

transportadores de Ca2+ em vesículas de membranas totais da cepa

AA255 de S. cerevisiae obtidas de esferoplastos que não foram

energizados com glicose......................................................................

65

9A

Efeito do crescimento celular na presença de 150 mM Ca2+

extracelular sobre a ativação dos trocadores Ca2+/H+ e o crescimento

celular da cepa AA255 S. cerevisiae, cujos esferoplastos não foram

incubados com glicose..........................................................................

69

9B Efeito do crescimento celular na presença de 150 mM Ca2+

extracelular sobre a ativação das Ca2+-ATPases e o crescimento

celular da cepa AA255 S. cerevisiae, cujos esferoplastos não foram

incubados com glicose……………………………………………………..

69

10 Efeito do crescimento com 150 mM Ca2+ sobre a atividade das Ca2+-

ATPases em frações de membranas intracelulares da cepa AA255

S. cerevisiae, cujos esferoplastos não foram incubados com glicose.

70

11 Efeito do crescimento com 150 mM Ca2+ sobre a atividade dos

trocadores Ca2+/H+ em frações de membranas intracelulares da cepa

AA255 S. cerevisiae, cujos esferoplastos não foram incubados com

glicose...................................................................................................

71

12A Efeito do crescimento com alto Ca2+ sobre a atividade dos

transportadores de Ca2+ em vesículas de membranas totais de S.

cerevisiae isoladas de esferoplasto que foram energizados com

glicose. Células de AA255 crescidas com 150 mM Ca2+ e as

membranas totais foram sedimentadas................................................

77

12B Efeito do crescimento com alto Ca2+ sobre a atividade dos

transportadores de Ca2+ em vesículas de membranas totais de S.

cerevisiae isoladas de esferoplasto que foram energizados com

glicose. Células de K699 crescida com 50 mM Ca2+ e a captação de 45Ca2+ foi feita em vesículas de membranas do homogenato total de

esferoplastos.........................................................................................

77

13 Efeito do crescimento com 150 mM Ca2+ sobre a atividade das Ca2+-

ATPases em organelas da via secretória de células da cepa AA255

de S. cerevisiae isolados de esferoplastos que foram energizadas

com 100 mM glicose extracelular.........................................................

78

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xiv

14 Efeito da alta concentração de Ca2+ (50 mM) no crescimento celular

sobre a atividade das Ca2+-ATPases nas organelas da via secretória

de células da cepa K699 S. cerevisiae isolados de esferoplastos que

foram energizados com 100 mM glicose extracelular...........................

79

15A Atividade das Ca2+-ATPases e dos trocadores Ca2+/H+ e a

imunoresposta de Pmc1p::HA nas organelas da via secretória da

cepa K699 S. cerevisiae, cujos esferoplastos foram energizados com

glicose. Células que cresceram em meio YEPD (controle)................

80

15B Atividade das Ca2+-ATPases e dos trocadores Ca2+/H+ e a

imunoresposta de Pmc1p::HA nas organelas da via secretória da

cepa K699 S. cerevisiae, cujos esferoplastos foram energizados com

glicose. Células que cresceram em meio YEPD suplementados com

50 mM Ca2+ (Ca)...................................................................................

80

16 Comparação entre a imunodetecção de Pmc1p::HA nas frações de

membranas intracelulares de células da cepa K699 que foram

cultivadas em meio YEPD suplementado ou não com 50 mM Ca2+,

cujos esferoplastos foram energizados com glicose............................

81

17 Efeito da alta concentração de Ca2+ (150 mM) no crescimento celular

sobre a atividade dos trocadores Ca2+/H+ nas organelas da via

secretória da cepa AA255 S. cerevisiae, cujos esferoplastos foram

energizados com glicose extracelular...................................................

82

18 Efeito da alta concentração de Ca2+ (50 mM) no crescimento celular

a atividade dos trocadores Ca2+/H+ nas organelas da via secretória

da cepa K699 S. cerevisiae cujos esferoplastos foram energizados

com glicose extracelular.......................................................................

83

19A Efeito da ausência da calcineurina sobre a captação de Ca2+ em S.

cerevisiae, cujos esferoplastos foram energizados com glicose

extracelular. Cepa selvagem (K601) e cnb1(K603). MT foram

precipitadas através de ultracentrifugação...........................................

86

19B Efeito da ausência da calcineurina sobre a captação de Ca2+ em S.

cerevisiae, cujos esferoplastos foram energizados com glicose

extracelular. Cepa selvagem (K601) e cnb1(K603). Homogenato

total obtido dos esferoplastos, ou seja, as MT não foram

precipitadas...........................................................................................

86

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xv

20 Efeito da inativação da calcineurina sobre a atividade de Ca2+-

ATPases em frações de membranas de S. cerevisiae separadas em

gradiente de densidade de sacarose, cujos esferoplastos foram

energizados pela glicose extracelular...................................................

87

21 Efeito da inativação da calcineurina sobre a atividade dos trocadores

Ca2+/H+ em frações de membranas de S. cerevisiae separadas em

gradiente de densidade de sacarose, cujos esferoplastos foram

energizados pela glicose extracelular...................................................

88

22A Efeito da inativação da Ca2+-ATPase (Pmc1p) e trocador Ca2+/H+

(Vcx1p) vacuolar sobre a atividade das Ca2+-ATPases em

compartimento da via secretória de S. cerevisiae, cujos

esferoplastos foram energizados pela glicose extracelular..................

92

22B Efeito da inativação da Ca2+-ATPase (Pmc1p) e trocador Ca2+/H+

(Vcx1p) vacuolar sobre a atividade dos trocadores Ca2+/H+ em

compartimento da via secretória de S. cerevisiae, cujos

esferoplastos foram energizados pela glicose extracelular..................

92

23 Efeito do Mn2+ sobre a atividade das Ca2+-ATPases nas MT de

células de S. cerevisiae AA255, cujos esferoplastos não foram

energizados pela glicose......................................................................

98

24A Efeito do Mn2+ sobre a atividade das Ca2+-ATPases nas MT de

células de S. cerevisiae cujos esferoplastos foram energizados com

glicose extracelular. As células da cepa selvagem AA255 cresceram

em meio YEPD suplementado ou não com 150 mM Ca2+....................

99

24B Efeito do Mn2+ sobre a atividade das Ca2+-ATPases nas MT de

células de S. cerevisiae cujos esferoplastos foram energizados com

glicose extracelular. Na cepa selvagem (K699) e cepa mutante de

calcineurina (K603 – cnb1).................................................................

99

25A Efeito do Mn2+ sobre a atividade dos trocadores Ca2+/H+ nas MT de

células de S. cerevisiae cujos esferoplastos foram energizados com

glicose extracelular. As células da cepa selvagem AA255 cresceram

em meio YEPD suplementado ou não com 150 mM Ca2+....................

100

25B Efeito do Mn2+ sobre a atividade dos trocadores Ca2+/H+ nas MT de

células de S. cerevisiae cujos esferoplastos foram energizados com

glicose extracelular. Na cepa selvagem (K699) e cepa mutante de

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xvi

calcineurina (K603 – cnb1)................................................................. 100

26A Efeito de 100 M Mn2+ total sobre a atividade das Ca2+-ATPases em

membranas intracelulares de células de S. cerevisiae AA255, cujos

esferoplastos foram energizados com glicose extracelular. As células

cresceram em meio YEPD (controle)...................................................

102

26B Efeito de 100 M Mn2+ total sobre a atividade das Ca2+-ATPases em

membranas intracelulares de células de S. cerevisiae AA255, cujos

esferoplastos foram energizados com glicose extracelular. As células

cresceram em meio YEPD suplementado com 150 mM de Ca2+.........

102

27A Efeito de 500 M Mn2+ total sobre a atividade das Ca2+-ATPases em

membranas intracelulares de células das cepas selvagem e mutante

de calcineurina de S. cerevisiae, cujos esferoplastos foram

energizados com glicose extracelular. Na cepa selvagem de S.

cerevisiae (K601)..................................................................................

103

27B Efeito de 500 M Mn2+ total sobre a atividade das Ca2+-ATPases em

membranas intracelulares de células das cepas selvagem e mutante

de calcineurina de S. cerevisiae, cujos esferoplastos foram

energizados com glicose extracelular. Na cepa mutante de

calcineurina de S. cerevisiae (K603 – cnb1)......................................

103

28A Efeito do Mn2+ na atividade do trocador Ca2+/H+ em membranas

intracelulares de células de cepa selvagem e mutante de

calcineurina de S. cerevisiae, cujos esferoplastos foram energizados

com glicose extracelular. Cepa selvagem de S. cerevisiae (K601)......

104

28B Efeito do Mn2+ na atividade do trocador Ca2+/H+ em membranas

intracelulares de células de cepa selvagem e mutante de

calcineurina de S. cerevisiae, cujos esferoplastos foram energizados

com glicose extracelular. Na cepa mutante de calcineurina de S.

cerevisiae (K603 – cnb1)....................................................................

104

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xvii

RESUMO

A atividade dos transportadores de Ca2+ de células energizadas ou não com glicose

extracelular de diferentes cepas selvagens e cepas mutantes de Saccharomyces

cerevisiae foram analisadas, dependente de tempo de estresse pelo alto Ca2+ e sem

este estresse. Este trabalho mostra que: a atividade das Ca2+-ATPases e dos

trocadores Ca2+/H+ foi estimulada em células energizadas ou não pela glicose

extracelular. A estimulação da atividade dos transportadores de Ca2+ foi observada

após 2,5 h de incubação das células com alta concentração Ca2+ e quando o Ca2+

esteve presente durante o crescimento da levedura. As Ca2+-ATPase de vacúolos e

de Golgi foram as principais bombas (63% de atividade total das Ca2+-ATPase) em

células que não foram energizadas com glicose e submetidas ao estresse pelo Ca2+

(2,5h), enquanto que as Ca2+-ATPase de RE, MP e EN foram as bombas

dominantes durante o crescimento com alta concentração Ca2+ (63%). A

energização das células não mudou essa interessante dinâmica das respostas das

Ca2+-ATPases de diferentes organelas determinada pelo tempo de estresse.

Também foi encontrado que o grau de ativação dos trocadores Ca2+/H+ determina a

eficiência do crescimento da levedura sobre condições de estresse pelo Ca2+. Juntos

nossos resultados mostram que esses dois tipos de transportadores de Ca2+

respondem de maneira coordenada para reduzir a concentração de Ca2+ livre no

citosol. Isto indica o papel chave de organelas diferentes dos vacúolos na

homeostase de Ca2+. O crescimento com alta concentração de Ca2+ aumentou tanto

a atividade quanto o conteúdo de Ca2+-ATPase vacuolar (Pmc1p) em 1,8 e 8 vezes

respectivamente. Surpreendentemente, o conteúdo de Pmc1p aumentou em 17,5

vezes em outras organelas da via secretória, incluindo vesículas secretórias. Isto

mostra que a Pmc1p foi adicionalmente deslocada para outros compartimentos da

via secretoria e/ou membrana plasmática sobre o estresse pelo Ca2+. Em levedura,

tanto as Ca2+-ATPases, incluindo a enzima do Golgi (Pmr1p), quanto os trocadores

de Ca2+/H+ não transportam Mn2+ em condições fisiológicas. Essa alta afinidade dos

transportadores de Ca2+ pelo Ca2+ não é dependente da atividade de calcineurina. A

inativação de CaN (cnb1) inibiu similarmente a atividade das Ca2+-ATPases e dos

trocadores Ca2+/H+ em todas as organelas da via secretória quando a levedura não

foi submetida ao estresse pelo Ca2+. Isto aponta para uma regulação não seletiva

dos transportadores de Ca2+ pela CaN nessas condições. É importante notar que o

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xviii

controle seletivo da CaN sobre os transportadores de Ca2+ nas organelas da via

secretória ocorreu sobre condições de estresse pelo Ca2+. A inativação do gene

PMC1 (pmc1 – Ca2+-ATPase vacuolar) diminuiu a atividade de Ca2+-ATPase de

vacúolos (71%) e em outras organelas (43%) mas a atividade de trocadores Ca2+/H+

reduziu apenas 9%. E, a inativação do gene VCX1 (vcx1::URA3 – trocador Ca2+/H+

vacuolar) inibiu a atividade dos trocadores no vacúolo e em outras organelas em

94% e 83% respectivamente, sem interferir significativamente com a atividade das

Ca2+-ATPases (26% de inibição). Sugerimos que os genes transportadores de Ca2+

vacuolares e\ou os próprios transportadores tem um papel chave na regulação de

transportadores de Ca2+ do mesmo tipo em outras organelas.

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xix

ABSTRACT

The activity of Ca2+ transporters of different wild type strains and mutants of

Saccharomyces cerevisiae cells preincubated with or without extracellular glucose

and subjected or not to the Ca2+ stress was analyzed on the time dependent and

without this stress. It is shown that: The activity of both Ca2+-ATPases and Ca2+/H+

exchangers was increased in yeast cells energized or not by extracellular glucose.

The stimulation of the activity of Ca2+ transporters was observed both after 2.5 hours

incubation of cells with high Ca2+ concentration and when Ca2+ was present during

the yeast growth. The Ca2+-ATPases of vacuoles and Golgi were the main pumps

(63% of the total activity of Ca2+-ATPases) in cells which were not energized with

glucose and subjected to the short time Ca2+ stress, while the Ca2+-ATPases of ER,

PM and NE were dominated pumps during the yeast growth with Ca2+ stress (63%).

The energization of the cells didn’t change this interesting time dependent dynamic of

the responses of Ca2+-ATPase from different organelles. It was also found that the

activation degree of Ca2+/H+ exchangers determines the yeast growth efficiency

under Ca2+ stress conditions. Our results taken together show that both type of Ca2+

transporters of all organelles of secretory pathway increase their activities

coordinately to reduce the free Ca2+ concentration of the cytosol. They also show the

key role of organelles different from vacuoles for Ca2+ homeostasis. The yeast growth

with Ca2+ stress increased both the activity and content of vacuolar Ca2+-ATPase

(Pmc1p) at 1.8 and 8 times respectively. Surprisingly, the Pmc1p content increased

in 17.5 times in other organelles of the secretory pathway, including secretory

vesicles. This shows that Pmc1p delocalized additionally to other intracellular

compartments of secretory pathway and/or plasma membrane under Ca2+ stress. In

yeast, both the Ca2+-ATPases, including the enzyme of Golgi (Pmr1p), and Ca2+/H+

exchangers do not transport Mn2+ in physiological conditions. This high affinity of the

Ca2+ transporters for Ca2+ does not dependent from calcineurin activity. The

inactivation of CaN (cnb1) inhibited similarly the activity both of Ca2+-ATPases and

Ca2+/H+ exchangers in all organelles of the secretory pathway when yeast were not

subjected to the Ca2+ stress. It points to the unselective regulation of the Ca2+

transporters by calcineurin in those conditions. It is of note that the organelle

selective control of the calcineurin dependent regulation of Ca2+ transporters was

found under the stress conditions. The inactivation of the PMC1 gene (pmc1 -

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xx

vacuolar Ca2+-ATPase) decreased the activity of Ca2+-ATPase both in vacuoles

(71%) and in other organelles (43%) but reduced the activity of Ca2+/H+ exchangers

only by 9%. In the contrast, the inactivation of the VCX1 gene (vcx1::URA3 - vacuolar

Ca2+/H+ exchanger) inhibited the activity of Ca2+/H+ exchangers in vacuole and other

organelles by 94% and 83% respectively. This inactivation decreased weakly the

Ca2+-ATPase activity (inhibition 26%). We suggest that the genes of the vacuolar

Ca2+ transporters and/or the transporters play a key role in the regulation o the same

type of Ca2+ transporters in other organelles.

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xxi

ABREVIATURAS

[Ca2+

C] Concentração de Ca2+ livre no citosol [Ca2+

RE] Concentração de Ca2+ no retículo endoplasmático 45Ca2+ Isótopo de Ca2+ Ala Alanina Asn Asparagina ATP Adenosina trifosfato BAPTA N,N,N’,N’-ácido tetraacético 1, 2-bis(aminofenoxi)etano (“1, 2-

bis(aminophenoxy) ethane N,N,N’,N’- tetraacetic acid”) BSA Albumina de soro bovino cADPR Adenosina difosfato ribose cíclica CaM Calmodulina CaN Calcineurina CAX1 Gene que codifica o trocador Ca2+/H+ vacuolar de Arabidopsis CNA1 Gene que codifica subunidade A (catalítica) da calcineurina de S.

cerevisiae CNA2 Gene que codifica subunidade A (catalítica) da calcineurina de S.

cerevisiae CNB Gene que codifica subunidade B (regulatóra) da calcineurina de S.

cerevisiae CpH Ciclofilina CRZ1/TCN1 Gene que codifica o fator de transcrição de S. cerevisiae que é

defosforilada pela calcineurina CsA Ciclosporina A Cys Cisteína DTT Ditiotreitol (“Dithiothreitol”) EDTA Ácido etilenodiamino tetraacético (“ethylenediaminetetraacetic

acid”) EGTA Ácido etileno glicol-bis(b-éter aminoetil tetraacético (“ethtlene

glycol-bis(b-aminoethyl ether tetraacetic acid”) EN Envelope nuclear ENA1 Gene que codifica Na+-ATPase FCCP p-trifluor metoxifenil-hidrazone carbonil cianido (“Carbonyl cyanide

p-trifluoromethoxyphenylhydrazone”) FK506 Droga inibidora de calcineurina FKBP12 Proteína citoplasmática que liga calcineurina ou a droga FK506 FKS2 Gene que codifica 1, 3--Glucano sintase de levedura GDPase Guanosida difosfatase Gln Glutamina HUM1/ VCX1 Gene que codifica trocador Ca2+/H+ do vacúolo de S. cerevisiae IP3 1, 3 – inositol trifosfato Leu Leucina MES Ácido 2-N-morfolino etanosulfônico (“2-[N-morpholino]

ethanesulfonic acid”) MOPS Ácido 2-N-morfolino propanonosulfônico (“2-[N-morpholino]

propanesulfonic acid”) MP Membrana plasmática NFATc Fator de transcrição de linfócitos defosforilada pela calcineurina Pi Fosfato inorgânico

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xxii

PMC1 Gene que codifica a Ca2+-ATPase de vacúolo de S. cerevisiae PMG Gene que codifica a fosfoglucomutase PMR1 Gene que codifica a Ca2+-ATPase de Golgi de S. cerevisiae PMSF Fluoreto de fenilmetil sulfonil (“phenylmethylsulfonyl fluoride”) POPOP Bezeno de 1,4-bis[5-fenil-2-oxazolil]; 2, 2’-fenileno bis[5-

feniloxazólico] (“1,4-bis[5-fenyl-2-oxazolyl] benzene; 2,2’-phenylene bis [5-phenyloxazole]”)

PPi Pirofosfato PPiase Pirofosfatase PPO 2, 5-difeniloxazólico (“2,5-diphenyloxazole”) RE Retículo endoplasmático RS Retículo sarcoplasmático SDS Dodecil sulfato de sódio (“Lauryl sufate sodium salt”) Ser Serina TFP Isotiouréia de S-etil N-[4-trifluormetil-fenil (“S-ethyl N-[4-

trifluoromethyl-phenyl] isothiourea”) Thr Treonina TN Tonoplasto Tris Tris- hidroximetil- aminometano (“tris- [hydroxymethyl]

aminomethane”) Vac Vacúolo VCX1/HUM1 Gene que codifica o trocador Ca2+/H+ do vacúolo de S. cerevisiae VMA Gene que codifica a subunidade da V H+-ATPase YEPD Extrato de levedura, peptona e dextrose (“Yeast extract peptone

dextrose”) pH Gradiente de H+ Comprimento de onda

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1

1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1 - Homeostase de íons

Homeostase é a manutenção de um estado de equilíbrio dinâmico por

mecanismos regulatórios que compensa as mudanças externas (Nelson & Cox,

2000). A transição de metais é essencial para muitos processos metabólicos e sua

homeostase é de fundamental importância para a manutenção dos principais

mecanismos fisiológicos e, consequentemente, para a viabilidade celular (Nelson,

1999).

Íons metais são elementos vitais para a vida que participam em muitos

processos metabólicos. Por outro lado esses nutrientes essenciais são tóxicos em

níveis elevados. A estocagem ou excesso desses íons metais podem causar

desordem genética, assim como, a má-nutrição pode levar a morte ou doenças

graves (Nevo & Nelson, 2006). Por exemplo, excesso na captação de ferro está

relacionado com a doença hereditária hemocromatose, a anemia e a arteriosclerose.

O Mn2+ é uma neurotoxina potente e o uso industrial de Mn2+ tem acarretado casos

de “manganismos” que é caracterizado por distúrbios em processos mentais e

sintomas semelhantes ao da doença de Parkison (Pal et al, 1999). Os íons metais,

em gerais, estão sendo associados a doenças neuronais como, doença de

Parkinson e Alzheimer (Nevo & Nelson, 2006).

Os principais íons estudados são os cátions divalentes, como Cu2+, Mn2+, Fe2+

e Zn2+ devido a importância no papel do metabolismo celular. Esses diferentes íons

metais podem ser agrupados de acordo com sua atividade de óxido-redução (redox):

(1) redox ativa inclui os íons Fe2+, Cu2+, Co2+; (2) redox ativa em menor extensão

inclui o íon Mn2+; (3) redox não-ativa inclui os íons Ca2+ e Zn2+. Os íons de atividade

redox não-ativa são co-fatores de transcrição e de outras enzimas envolvidas no

metabolismo do DNA, já os íons de atividade redox ativa funcionam, geralmente, em

enzimas que participam de reações redoxes e na conversão de componentes ativos

que contem oxigênio (Nelson, 1999, Couville et al., 2006; Nevo & Nelso, 2006;

Pittman, 2006). Porém, pouco ainda se conhece sobre os transportadores e a

homeostase da maioria dos íons metais.

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2

Nos últimos anos foi descrita uma família de transportadores de íons metais,

NRAMP (proteína natural de macrófago associado à resistência – “Natural

Resistence-Assciated Macrophage Protein”) aparentemente bem conservada de

bactérias a humanos. A família NRAMP funciona como transportadora de íons em

geral, podendo transportar Mn2+, Zn2+, Cu2+, Cd2+, Ni2+ e Co2+ (Nelson, 1999,

Couville et al., 2006; Nevo & Nelso, 2006; Pittman, 2006).

O vacúolo de leveduras serve como principal organela capaz de estocar íons

e possui um papel importante na homeostase de Ca2+ e de outros cátions como o

Mn2+, Zn2+, Mg2+ e Cd2+ (Okorokov et al, 1985a, Okorokov et al, 1985b, Okorokov,

1985, White & Gadd, 1986; Marty, 1999).

1.1.1 - Homeostase de íons Mn2+

O Mn2+ é um importante metal necessário para muitas atividades enzimáticas

como as carboxilases e fosfatases no citosol (Kinnett & Wilcox, 1982; Jabalquinto et

al, 1999), funciona como co-fator de algumas enzimas de glicosilação no Golgi (Durr

et al, 1998; Wiggins & Munro, 1998), no processamento de proteínas e requerido

para a degradação das proteínas no retículo endoplasmático (RE) (Durr et al, 1998).

Funciona como co-fator da enzima superoxido dismutase (SOD2), que é uma

enzima de defesa para a atividade antioxidante, catalisando ânions superoxido para

oxigênio e peróxido de hidrogênio, localizada na mitocôndria. Embora,

individualmente, nenhuma delas seja essencial para o crescimento, é possível que

coletivamente sejam vitais, e inibição de suas atividades através da retirada do Mn2+

resulte no atraso do crescimento (Pittman, 2006).

Em levedura, foram identificados dois transportadores para Mn2+, Smf1p e

Smf2p, esses transportadores medeiam o transporte de Mn2+ acoplado ao transporte

de H+ (Hiromi et al, 1997). A seqüência de aminoácidos dos transportadores Smf1p e

Smf2p mostrou-se 28% idêntica e 46% similar com a seqüência de aminoácidos dos

membros da família de transportadores de metais divalentes (Nramp) em mamíferos

(Portnoy et al, 2000), essa família de transportadores apresenta-se conservada de

bactéria a humanos (Cellier et al, 1995).

O transportador Smf1p possui uma alta afinidade para captação de Mn2+ e

fica localizado na membrana plasmática quando a quantidade de Mn2+ é limitada.

Cepas de leveduras deficientes (mutantes) de smf1 não mostraram nenhuma

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deficiência na captação de Mn2+ e a atividade de enzimas que requerem Mn2+ teve

redução insignificante, isto sugere que, provavelmente, existe outro transportador de

Mn2+ na superfície celular (Esquema 1) (LuK & Culotta, 2001).

Outro tipo de transportador localizado na membrana plasmática (MP) é o

produto do gene PHO84, que codifica um transportador de fosfato inorgânico de alta

afinidade, possui um papel na homeostase de Mn2+ principalmente quando este íon

está em excesso, funcionando como co-transportador de Mn2+ e Pi de baixa

afinidade para Mn2+ (Esquema 1) (Laran et al, 2003).

O Smf2p está localizado em vesículas intracelulares funcionando como

distribuidor intracelular de Mn2+ tanto para o Golgi como para a mitocôndria (Luk &

Culotta, 2001) enquanto que a captação do Mn2+ pelo vacúolo de leveduras está

acoplada a Ccc1p, um transportador vacuolar de Mn2+ e Fe2+ (Lapinskas et al.,1996;

Li et al., 2001). O transporte do Mn2+ na via secretória também pode ser realizado

pela Pmr1p, inicialmente caracterizada como ATPase responsável em transporte de

Ca2+ (Ca2+ e Mn2+-ATPase) localizada no Golgi (Esquema 1) (Sorin et al., 1997).

A maioria das Ca2+-ATPases pode transportar apenas Ca2+, porém a Ca2+-

ATPase de Golgi (Pmr1p) também pode transportar Mn2+ (Wei et al., 2000). Foram

identificadas mutações em PMR1, que alteram a seletividade para Ca2+ e Mn2+.

Esses autores descreveram os efeitos das mutações na Gln 783, posicionada na

interface citoplasmática da hélice transmembrana M6. Foi verificado que esta Gln

pode ser substituída por resíduos volumosos (Leu, Glu e Thr) no transporte de Ca2+

e Mn2+. Inversamente, a introdução de pequenas cadeias polares (Ser, Asn, Csy)

neste sítio provoca a perda completa do transporte, enquanto que a substituição por

Ala foi a única capaz de conferir uma perda forte e seletiva do transporte de Mn2+

(Wei et al., 2000).

Existe, portanto dois transportadores de Mn2+ localizados em membranas

intracelulares o Smf2p e o Pmr1p. O transportador Smf2p está localizado em

vesículas intracelulares funcionando como distribuidor intracelular de Mn2+ tanto para

o Golgi como para a mitocôndria (LuK & Culotta, 2001). O transportador Pmr1p

(ATPases do tipo P) localizado no Golgi (Rudolph et al, 1989).

CAX1 é determinado como trocador Ca2+/H+ enquanto que sugere que CAX2

transporta outros íons para dentro do vacúolo em plantas. Pois o transporte de Cd2+

e Mn2+ aumentaram em plantas de tabaco quando CAX2 foi superexpresso, além

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disso, a afinidade do CAX2 pelo Ca2+ (Km > 100 M) é menor que CAX1

(Arabdopsis thaliana) (Hirschi et al., 2000).

Evidências genéticas sugerem que o Vcx1p (trocador Ca2+/H+ do vacúolo) é

negativamente regulada por calcineurina e que esse transportador tem alta afinidade

para transportar Ca2+ e também pode funcionar como transportador de Cd2+, mas

não pode transportar Mn2+ (Cunningham & Fink, 1996). Porém, a construção de um

mutante resultante da troca de um único aminoácido L208P no gene MNR1 conferiu

a essa cepa (Vcx1-M1) uma forte tolerância ao Mn2+ (Del Pozo et al., 1999). Pittman

e colaboradores (2004), utilizando essa cepa (Vcx1-M1, trocador Mn2+/H+),

demonstraram que essa tolerância era independente do Pmr1p e resultava da

atividade do trocador específico para Mn2+ e que é dependente de calcineurina.

Essa intrigante maleabilidade das Ca2+-ATPases em transportar outro íon

diferente de Ca2+ tornou-se um dos nossos objetivos de estudos no presente

trabalho.

Esquema 1: Um diagrama de uma típica célula comparando a via de transporte de Mn2 + na levedura Saccharomyces cerevisiae. Atualmente identificado como transportadores de Mn2+ em leveduras são: SMF1, transportador de Mn2+ Nramp na MP; PHO84, um transportador de fosfato na MPque pode transportar Mn2+ em condições de estresse por alta concentração de Mn2+; PMR1, uma Ca2+ e Mn2+-ATPase de Golgi; SMF2, transportador de Mn2+ Nramp de vesículas intracelulares; CCC1, um transportador vacuolar de Mn2+ e Fe2+; e MTM1, proteína membro família carreadora mitocondrial na membrana interna mitocôndrial, que leva Mn2+ para a superoxido dismutase mitocondrial SOD2 (Fonte: Pittman, 2006).

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5

1.1.2 - Homeostase de Ca2+

Todas as células desenvolveram mecanismos específicos e altamente

sensíveis a transdução de sinais para responderem a um conjunto de “sinais” do

ambiente, ou seja, todos os organismos, unicelulares ou multicelulares, possuem a

habilidade de receberem e responderem a sinais extracelulares. As células utilizam

esse apurado sistema de sinalização celular para comunicarem-se umas com as

outras e desencadear processos tais como: reprodução, obtenção de alimento,

determinar funções especializadas e responder a fatores ambientais adversos (pH,

pressão osmótica, alimentos, luz) (Nelson & Cox, 2000, Sanders et al., 2002).

A rede de sinalização que gera respostas celulares apropriadas é variada e

normalmente inclui uma seqüência de receptores, mensageiros não-protéicos,

enzimas e fatores de transcrição. Os mensageiros não-protéicos são relativamente

poucos, mas inclui os nucleotídeos cíclicos, H+, espécies reativas de oxigênio (ROS),

lipídios e principalmente Ca2+ (Sanders et al., 2002).

Em plantas, mudanças na concentração de Ca2+ livre no citosol [Ca2+C]

aparecem durante a transdução de uma alta variedade de sinais abiótico e biótico

(Sanders et al., 2002). Estímulos abióticos incluem luz vermelha, azul ou ultravioleta

(UV) onde cada qual age em receptores diferentes levando a uma distinta resposta

de desenvolvimento como a temperatura baixa e alta, estímulo mecânico (como

toque), estresse hiperosmótico e estresse oxidativo. Estímulos bióticos incluem os

hormônios (ácido abscíssico (ABA) e gibberilina), eliciadores fúngicos e fatores de

nodulação (Nod) (revisado por Sanders et al., 2002).

A concentração de Ca2+ livre no citosol [Ca2+C] em células eucarióticas é

muito baixa, variando de 100 a 200 nM em células animais (Carafoli, 1987), de

aproximadamente 200 nM em células vegetais (revisado por Sanders, 1999), de 100

a 300 nM em fungos (Miller et al., 1990; Halachmi & Eilam, 1989) e de 100 a 200 nM

leveduras (Halachmi & Eilam, 1993; Halachmi & Eilam, 1989). O transporte e o

estoque de Ca2+ são essenciais para a célula manter e regular a baixa concentração

deste íon, fisiologicamente importante, no citosol (Klionsky et al., 1990; Cunningham

& Fink, 1994).

O controle da concentração de Ca2+ livre no citosol é essencial para as

células. A mudança da concentração de Ca2+ afeta diversos processos celulares,

incluindo: transdução de sinais, controle da secreção de proteínas ou controle do

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6

ciclo celular (Campbell, 1983; Johannes et al., 1991; Bush, 1995). O Ca2+ ativa

várias proteínas e enzimas reguladoras, tais como: calmodulina, proteínas quinases

e proteínas fosfatases (Gadd, 1994).

O Ca2+ possui uma versatilidade nas vias de transdução de sinal, pois este

participa de diversas vias de transdução de sinais e ainda conduz estímulo

específico dentro dessas vias. Isso é possível devido a conjunto de características

do Ca2+ e/ou da via de sinalização utilizada, como: (1) a especificidade pode ser

codificada por propriedade espacial do sinal de Ca2+, ou porque o sinal é local (por

exemplo: é para núcleo, ao invés de ser para o citosol) ou por causa da fonte do

sinal de Ca2+ (do meio extracelular ou dos estoques intracelulares); (2) a dinâmica

das propriedades do sinal de Ca2+ pode determinar a eficácia com que a resposta é

provocada; (3) no caminho, elementos de resposta apropriados podem estar

presentes em um tipo específico de célula no qual o sinal de Ca2+ aparece; (4) o

Ca2+ pode ser um alvo necessário, mas insuficiente para a resposta, necessitando

de outro sinal paralelo ocorra para que a transdução do sinal seja efetiva (Sanders et

al., 2002).

Em leveduras, a regulação de Ca2+ é mantida através dos transportadores de

Ca2+ que estão inseridos nas membranas de compartimentos intracelulares e da

membrana plasmática. Existem três tipos de transportadores de Ca2+: (1) os canais

de Ca2+, também conhecido como transportador passivo, que realiza o transporte a

favor de um gradiente de concentração, ou seja, o Ca2+ é transportado do ambiente

onde ele está mais concentrado para o ambiente onde é menos concentrado; (2)

Ca2+-ATPases, também conhecidos como bombas de Ca2+ ou transportadores ativos

de Ca2+, realiza o transporte de Ca2+ contra a um gradiente de concentração, ou

seja, o Ca2+ é transportado do ambiente onde ele está menos concentrado para o

ambiente onde está mais concentrado para realizar esse tipo de transporte é

utilizado diretamente a energia da hidrólise do ATP; (3) trocadores de Ca2+/H+,

também conhecidos como transportadores ativos secundários de Ca2+, também

realiza o transporte de Ca2+ contra a um gradiente de concentração, porém para

realizar esse tipo de transporte utiliza a energia armazenada sobre um gradiente de

concentração de H+ feito anteriormente por bomba de H+, que utilizou a energia do

ATP para criar o gradiente de concentração de H+ (Esquema 2).

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Portanto, a regulação da concentração de Ca2+C livre é realizada pela

coordenação da atividade de vários transportadores de Ca2+, que são: Ca2+-

ATPases, H+-ATPases (bombas), trocadores de Ca2+/H+ (transportadores

secundários) e canais de Ca2+ (Bush, 1995) (Esquema 2).

A transdução de sinal inicia com a abertura de canais permeáveis a Ca2+, de

compartimentos intracelulares (ex.: RE) e/ou membrana plasmática, aumentando

consequentemente a concentração de Ca2+ livre no citosol [Ca2+C]. Devido à alta

[Ca2+C] ser tóxica a célula, é necessário que a [Ca2+

C] retorne a concentração normal

citosólica, os transportadores responsáveis em realizar o tamponamento (“limpeza”)

do excesso da [Ca2+C] são as Ca2+-ATPases e os trocadores Ca2+/H+.

A concentração total de Ca2+ no lúmen do retículo endoplasmático (RE) é

estimado em 1 a 3 mM. Uma porção do Ca2+ é livre, mas a concentração de Ca2+

livre no RE é extremamente difícil de medir e ainda é ponto de grande controvérsia,

Esquema 2: Homeostase do Ca2+ em células de levedura. Transportadores do influxo de Ca2+ (entrada de Ca2+ no citosol): Canal de Ca2+ de MP (Cch1p/Mid1p e LACS) e de vacúolo (Yvc1p); Transportadores de efluxo de Ca2+ (saída do Ca2+ do citosol): Ca2+-ATPase de membranas do RE

(Spf1p), Golgi (Pmr1p) e vacúolo (Pmc1p); trocador Ca2+/H+ de vacúolo (Vcx1p) e atividade do

trocador Ca2+/H+ em todas as organelas e as H+-ATPases (V H+-ATPase) responsável em gerar o

gradiente de H+ para o trocador Ca2+/H+. Esquema criado de acordo com os nossos dados,

CsA, FK506

ATP ADP + Pi

Ca+2

RE

Spf1p

Golgi

Ca+2

ATP ADP + Pi

Calcineurina

Calmodulina

Crz1p

PMC1 PMA1

Núcleo

Pmr1p

MP

Ca+2H+

ATP

ADP + Pi

Pmc1p

ATP ADP + Pi

H+

V ATPase

Vacúolo

Vcx1p

SPF1VPH1STV1PMR1

H+

Pma1p

FT ?

H+

ATP ADP + PiCa+2

Ca+2

Ca2+-ATPase?

Ca+2

Cch1/Mid1p

Ca+2

Yvc1p

Ca+2ATP

ADP + Pi

Ca2+-ATPase?

H+

Ca+2

Ca2+/H+

trocador ?

H+

Ca+2

H+

Ca+2

Ca2+/H+

trocador ?

Ca2+/H+

trocador ?

Meio extracelular

Meio intracelular

LACS

[Ca+2] ~ 1 M (YEPD)

[Ca+2] = ~100 nM

CsA, FK506

ATP ADP + Pi

Ca+2

RE

Spf1p

Golgi

Ca+2

ATP ADP + PiATP ADP + Pi

Calcineurina

Calmodulina

Crz1p

PMC1 PMA1

Núcleo

Pmr1p

MP

Ca+2H+

ATP

ADP + Pi

Pmc1p

ATP ADP + Pi

H+

V ATPase

Vacúolo

Vcx1p

SPF1VPH1STV1PMR1

H+

Pma1p

FT ?

H+

ATP ADP + PiATP ADP + PiCa+2

Ca+2

Ca2+-ATPase?

Ca+2

Cch1/Mid1p

Ca+2

Yvc1p

Ca+2ATP

ADP + Pi

Ca2+-ATPase?

H+

Ca+2

Ca2+/H+

trocador ?

H+

Ca+2

H+

Ca+2

Ca2+/H+

trocador ?

Ca2+/H+

trocador ?

Meio extracelular

Meio intracelular

LACSLACS

[Ca+2] ~ 1 M (YEPD)

[Ca+2] = ~100 nM

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pois dependendo do método aplicado estes valores podem ter grandes variações, de

1M a 3 mM (Tabela 1) (Meldolisi & Pozzan, 1998).

Tabela 1: Concentração de Ca2+ livre estimada no retículo endo e sarcoplasmático.

Fonte: Meldolesi & Pozzan, 1998.

[Ca2+] (M) Organela e métodos

1-5 RE – aequorina (“aequorin”)

5 RE – compartimentalizado com fura-2

12 RE – titulação de ponto nulo

60 – 230 RE – compartimentalizado com mag-indo-1

100 RE – compartimentalizado com mag-fura-2

150 RE – compartimentalizado com mag-fura-2

200 RE – compartimentalizado com mag-fura-2

200 – 600 RE – compartimentalizado com mag-fura-2

250 RE – compartimentalizado com cálcio verde (“calcium green”)

400 RE – com camaleão (“cameleon”)

630 RE – mag-fura-2

600 – 700 RE – com aequorina (“aequorin”) com coelentarazina sintética

700 RE – compartimentalizada com cálcio verde

1 – 3 x 103 RE – aequorina (“aequorin”) mutada (Sr2+)

1 – 2 x 103 RS – aequorina (“aequorin”) mutada (Sr2+)

1 – 5 x 103 RS – compartimentalizada com 19F-BAPTA

A rápida liberação dos estoques de Ca2+ requer um grande gradiente de

concentração deste íon. Tem sido considerada a existência de uma matrix

polianiônica capaz de tamponar o Ca2+ nas organelas que são capazes de

sequestrá-lo. Por exemplo, o RE de células ciliadas pode gerar flutuações periódicas

na concentração de Ca2+ em seu lúmem, o que resulta em liberações oscilatória

para o citosol e oscilação local da [Ca2+] no citosol que precede o aumento dos

batimentos ciliares induzido pelo ATP. Nguyen e colaboradores (1998) descreveram

que quando o inositol trifosfato (IP3) está ligado ao seu receptor nos canais de Ca2+

do RE, estes liberam Ca2+ para o citosol. O aumento do Ca2+ no citosol ativa o canal

de K+ estimulado por Ca2+ e sensível a apamina (ASKCa) ocasionando o influxo do

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K+ para o RE. Isto vai ocasionar o aumento da concentração de Ca2+ livre no RE, por

meio de troca Ca2+ por K+ da matriz do lúmem do RE e a ampliação marcante do

gradiente difusional de Ca2+ do lúmem do RE/citosol para liberação local no citosol.

O K+ liga-se a matriz polianiônica do lúmem de organelas, isto é importante

para acumular outros cátions dentro das organelas, sendo o mecanismo de troca do

K+ para Cat2+ (cations divalentes) muito conhecido. Foi mostrado, anteriormente, que

o acúmulo de Mg2+ ou Mn2+ nos vacúolos de levedura estava acoplado a saída de K+

ligado à matriz desta organela. E mais, o acúmulo de Mn2+ ou Mg2+ é diretamente

dependente do conteúdo de polifosfatos e K+ ligado a matriz do lúmen dos vacúolos

(Lichko et al., 1982).

O Ca2+ não é apenas um íon sinalizador do citosol, mas também tem se

mostrado de importância central na função das proteínas residentes no RE (Cobertt

& Michalak, 2000) e Golgi (Rudolph et al., 1989; Antibi & Fink, 1992). Assim o Ca2+

também é o íon sinalizador do RE e Golgi e provavelmente de todas as organelas

armazenadoras de Ca2+.

Recentes evidências indicam que a concentração de Ca2+ livre no RE [Ca2+RE]

muda devido à alta capacidade da calreticulina ligar-se ao Ca2+. Oscilações nos

níveis de Ca2+RE de células animais tem controlado diversos processos, incluindo a

síntese protéica, função das chaperonases no processamento de glicoproteínas

(Cobertt & Michalak, 2000). Cepas de levedura deficientes do gene PMR1, que

codifica Ca2+-ATPase de Golgi (Sorin et al., 1997; Okorokov et al., 1993),

manifestam defeitos no processamento do fator pró- e a glicosilação incompleta da

cadeia externa da invertase (Rudolph et al., 1989). Porém, a adição de Ca2+

extracelular a níveis micromolares foi capaz de reverter os defeitos provocados pela

cepa mutante deficiente de Pmr1p, mostrando a importância do Ca2+ no processo de

glicosilação de proteínas (Antibi & Fink, 1992).

S. cerevisiae pode crescer em baixíssima concentração de Ca2+ (<10-9 M)

desde que haja uma disponibilidade de Mn2+ livre. O contrário também é verdadeiro,

ou seja, o crescimento em baixa concentração de Mn2+ (< 10-12 M) só é possível se

for sustentado por uma fonte disponível de Ca2+ livre (Loukin & Kung, 1995). A

aparente habilidade de intercâmbio entre o Ca2+ e o Mn2+ é devido a ambos os íons

possuírem um acesso previsível às organelas da via secretória, já que processos

vitais dependem de um dos dois cátions. Foi visto que a ausência do Mn2+ in vivo ou

o uso de tapsigargina, um potente inibidor de Ca2+-ATPases do tipo SERCA,Ca2+-

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ATPAse de retículo sarcoplasmático, inibe a glicosilação protéica em células animais

(Kaufmam et al, 1994).

1.2 – Transportadores de Ca2+

1.2.1 - Canais de Ca2+

Em células eucarióticas a sinalização por Ca2+ tem início pela abertura de

canais de Ca2+ localizados na membrana plasmática (MP) e/ou em membranas de

algumas organelas (Esquema 2) como o RE (Cunningham & Fink, 1994; Bush, 1995;

Sanders et al., 2002). Esse processo é iniciado por um estímulo que aumenta a

[Ca2+]C de 10 a 100 vezes (Cunningham & Fink, 1994). Após esse efeito, a [Ca2+]C

retorna rapidamente para o nível inicial, aproximadamente 100 nM, pela atividade

dos transportadores de efluxo de Ca2+ (Esquema 2).

Essa mudança na dinâmica da [Ca2+]C é controlada efetivamente e representa

a base da sinalização pelo Ca2+. Já foram descritos os seguintes canais de Ca2+:

Canais de Ca2+ voltagem-dependente: canais permeáveis a Ca2+ presentes

na membrana plasmática de planta são ativados pela despolarização da membrana

(White, 2000). Na membrana plasmática de cultura de células de tomate (Gelli &

Blumwald, 1997) e em raiz de Arabidopsis (Kiegle et al., 2000) foram encontrados

canais permeáveis a Ca2+ ativados pela hiperpolarização da membrana. Na

membrana do tonoplasto de plantas, dois tipos de canais de Ca2+ dependentes de

voltagem foram encontrados, um que responde a hiperpolarização da membrana e o

outro a despolarização da membrana, este também é conhecido como canal

vacuolar ativado lentamente (SV) (Hedrich & Neher, 1987). Esse é ativado em

resposta a mudança fisiológica pelo aumento da [Ca2+]C. Esta resposta

potencialmente capacita o canal de catalisar a liberação de Ca2+ induzida por Ca2+

(Ward & Schroeder, 1994). Na MP de levedura existem dois canais de Ca2+, um de

alta afinidade pelo Ca2+ (HACS – “high –affinity Ca2+ influx system”) e o outro de

baixa afinidade pelo Ca2+ (LACS – “Low- affinity Ca2+ influx system”). Estes possuem

via de influxo de Ca2+ que são independente e diferencialmente ativados em

resposta a ferormônio de levedura (Muller et al, 2001). O canal de Ca2+ HACS é

formado pela interação do produto dos genes CCH1 e MID1 (Fischer et al., 1997;

Lolke et al., 2000). Cch1p interage com a segunda subunidade, Mid1p para catalisar

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o influxo de Ca2+ com alta afinidade na levedura. Consequentemente a abertura

desse canal causa um aumento citoplasmático de Ca2+ que ira causar a ativação da

expressão de genes de transportadores de Ca2+ através da via

calmodulina/calcineurina/Crz1p (Locke et al, 2000). Cch1p/Mid1p além de possuir

alta homologia com a subunidade 1 formadora do poro de canais Ca2+ voltagem

dependentes (VGCC) do tipo L células animais (Paidhungat & Garret, 1997) também

é farmacologicamente similar ao VGCC do tipo L (Teng et al., 2008). O canal de

Ca2+ Cch1/Mid1 em levedura é essencial para tolerância a baixas temperaturas e a

toxicidade pelo ferro (Peiter et al., 2005). Já a atividade do canal LACS é insensível

à atividade da calcineurina, independente do canal HACS (Mid1p/Cch1p) e suficiente

para aumentar a concentração de Ca2+ livre no citosol.

Canais permeáveis a Ca2+ controlados por ligantes: têm dois canais

permeáveis a Ca2+ em membranas do tonoplasto de plantas que podem ser abertos

em resposta a ligação do IP3 ou do ADP-ribose ciclico (cADPR). As propriedades

farmacológicas dos canais de plantas gerados por cADPR assemelham-se a dos

receptores rianodino, que junto com os receptores IP3, são responsáveis pela

mobilização do Ca2+ do RE durante a sinalização em células animais (revisado por

Sanders et al., 1999).

Canais permeáveis a Ca2+ mecano-sensíveis: estes foram encontrados em

plantas e leveduras. Em levedura esse canal foi encontrado na membrana vacuolar

e é codificado pelo gene YVC1 (Palmer et al., 2001). Existem indicações de que este

tipo de canal está envolvido na resposta à mudança osmótica do meio (Bush, 1995;

Palmer et al., 2001; Sanders et al., 2002; Zhou et al., 2003; Denis & Cyert 2003).

Quando há um estresse por choque hiperosmótico há um aumento na concentração

de Ca2+ no citosol que é liberado do vacúolo através deste canal, a célula utiliza os

transportadores de Ca2+ presentes nas organelas da via secretória para detoxificar o

citosol (Denis & Cyert, 2003). Em plantas, há indicações de que este tipo de canal

está envolvido na resposta de regulação do tugor, da toxicidade pelo alumínio, da

temperatura e de hormônios (revisado por Bush, 1995).

1.2.2 - Ca2+-ATPases de leveduras

As ATPases do tipo P, transportadores de íons, são enzimas que utilizam

diretamente a energia da hidrólise do ATP para transportar Ca2+, H+, K+, Na+ ou

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outros íons como, Cu2+ e Mn2+, possuindo o complexo ATP-Mg2+ como principal

substrato (Carafoli, 1987; Pedersen & Carafoli, 1987).

As ATPases do tipo P são assim classificadas por formarem o intermediário

aspartil--fosfato, quando o -fosfato do ATP reage com o -carboxila do ácido

aspártico (Pedersen & Carafoli, 1987). Uma característica comum de todas as

ATPases do tipo P é a inibição por ortovanadato (Bowman & Bowman, 1986;

Pedersen & Carafoli, 1987). Outros exemplos desse tipo de ATPases são as H+-

ATPases de membrana plasmática de leveduras, fungos e plantas (Bowman &

Bowman, 1986; Pedersen & Carafoli, 1987) e Na+/K+-ATPases de células animais

(Pedersen & Carafoli, 1987).

A análise filogenética mostrou que as ATPases do tipo P pode ser dividida

em cinco subfamílias, baseado estritamente em um “kernel” de seqüências

conservada excluindo as regiões do N e C terminal que são altamente variáveis

(Axelsen & Palmgren, 1998). As P-ATPases podem ser:

- Tipo I consiste de ATPases que transportam metais de transição e pesados.

Esta se subdivide no tipo: IA (envolvidas na importação do K+); IB (são elementos

chave para resistência a íons metais e estão envolvidas no transporte de Cu+, Ag+,

Cu2+, Zn2+, Cd2+, Pb2+ e Co2+).

- Tipo II é dividido em quatro grupos: IIA (transportadores de Ca2+ do tipo

SERCA1); IIB (transporta Ca2+); IIC (consiste Na+/K+ -ATPases e H+/K+-ATPases de

células animais); IID (inclui um pequeno número de ATPases fúngica de função

desconhecida).

- Tipo III consiste de H+-ATPases de membrana plasmática de plantas e

fungos (tipo IIIA) e uma pequena subdivisão com Mg2+-ATPases de bactérias (tipo

IIIB).

- Tipo IV são ATPases que estão envolvidos no transporte de fosfolipídios.

Entretanto a especificidade do transporte da P-ATPase do tipo IV continua

desconhecida

- Tipo V são ATPases de especificidade desconhecida. Este grupo é

encontrado apenas em eucariontes e acredita-se que estar envolvido no transporte

de cátions no retículo endoplasmático.

As Ca2+-ATPases podem ser encontradas em MP de plantas (Dixon, 1984;

Bush,1995) e de células animais, no retículo sarcoplasmático (RS) de células

animais (Pedersen & Carafoli, 1987; Carafoli, 1987; Carafoli & Klee, 1999) e no RE

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de levedura (Okorokov, 1997; Okorokov & Lelhe, 1998; Cronim et al., 2002;

Okorokova Façanha et al., 2002), no Golgi de leveduras (Okorokov et al, 1995;

Sorin et al., 1997;) e vacúolo de levedura (Cunningham & Fink, 1994; Okorokov &

Lehle, 1998).

Em S. cerevisiae, dezesseis genes codificam ATPases do tipo P (Catty et al.,

1997). Porém, até agora, somente o produto de dois genes foi identificado

bioquimicamente como Ca2+-ATPase, o gene PMR1, que codifica a Ca2+-ATPase de

Golgi e o gene PMC1, que codifica a Ca2+-ATPase de vacúolo (Rudolph et al., 1989,

Okorokov et al, 1995; Sorin et al., 1997; Okorokov & Lehle, 1998, Cunningham &

Fink, 1994). Vem sendo proposto que os gene SPF1/COD1 e CTA4 de S. cerevisiae

e de S. pombe respectivamente são prováveis candidatos a Ca2+-ATPase de RE, por

estes estar envolvidos na homeostase de Ca2+ desses organismos (Cronim et al.,

2002; Okorokova Façanha et al., 2002).

Em concordância com a opinião de que mais de dois genes codificam Ca2+-

ATPases em S. cerevisiae (Catty & Goffeau, 1996), foi mostrado atividade das Ca2+-

ATPases em cada compartimento da via secretória de S. cerevisiae, sugerindo que

cada compartimento da via secretória possui sua própria Ca2+-ATPase (Okorokov,

1994; Okorokov, 1997). Esta hipótese recebeu mais evidências bioquímicas que

mostraram a existência de no mínimo quatro Ca2+-ATPases em S. cerevisiae

localizadas, uma no RE, duas Ca2+-ATPases no Golgi e em membranas que

comigram com as membranas do Golgi e uma no vacúolo (Okorokov & Lehle, 1998).

Adicionalmente, as Ca2+-ATPases foram encontradas em diversas frações de

membranas, representativa de várias organelas, separadas em gradiente de

densidade de sacarose e mostraram diferentes sensibilidades para o ortovanadato.

Foi verificado que 50% do transporte de Ca2+ foram inibidos nas seguintes

concentrações de ortovanadato: 30 M nas membranas vacuolares; 150 e 400 M

nas membranas do Golgi e em membranas que comigram com membranas do

Golgi; 610 – 650 M e 230 M nos subcompartimentos do RE; 15 M nas

membranas mais densas do que as membranas do RE (Okorokov et al., 1996;

Okorokov, 1997). Reforçando essa hipótese, dois grupos diferentes descreveram a presença de

uma ATPase da família P5 localizada no RE das leveduras S. pombe e S.

cerevisiae, a Cta4p e a Cod1p, respectivamente como prováveis Ca2+-ATPases

(Okorokova Façanha et al., 2002; Cronim et al., 2002). Em S. pombe foi mostrado

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pela primeira vez a atividade das Ca2+-ATPases e em mutante nulo de cta4 a

atividade das Ca2+-ATPases encontrada no RE foi duas vezes menor que na cepa

selvagem (Lustoza, 2005, comunicado em congresso de Okorokova-Façanha et al.,

2007)

As informações sobre Ca2+-ATPase(s) de MP de leveduras e fungos são

limitadas. Uma ATPase de MP de S. cerevisiae foi solubilizada e parcialmente

purificada por cromatografia de afinidade para calmodulina (Hiraga et al.,1991). Essa

ATPase foi estimulada por Ca2+ e calmodulina e inibida por altas concentrações de

ortovanadato, porém o transporte de Ca2+ não foi mostrado. A ausência de genes

que tenha alta homologia com os genes de Ca2+-ATPase de MP de células animais

e ausência de outras publicações sobre Ca2+-ATPase de MP de S. cerevisiae (Catty

et al., 1997) tem sugerido, até o momento, que MP de S. cerevisiae não possui Ca2+-

ATPase.

Também há indicações, em S. cerevisiae, de que a Ca2+-ATPase de

membrana plasmática in vitro não contribui significativamente para o transporte de

Ca2+ em membranas totais, indicando que este transporte é realizado principalmente

por membranas intracelulares (Okorokov et al., 1997). A atividade do transporte de

Ca2+ foi caracterizada após a remoção da membrana plasmática com o auxílio da

concanavalina A. Foi verificado que somente altas concentrações de TFP e

calmidazolio (inibidores de Ca2+-ATPases de MP) bloquearam o transporte de Ca2+

nessas membranas. Adicionalmente, averiguaram que a formação do acil-fosfato

pode ser inibida por ácido ciclopiazônico e pelo La3+ (Okorokov et al, 1997).

Okorokov e colaboradores (1997), acreditam que a inativação ou a redução da

atividade de Ca2+-ATPase(s) de MP de S. cerevisiae foi decorrente das condições do

tratamento das membranas.

Muitas células eucarióticas expressam uma Ca2+-ATPase na membrana

plasmática (PMCA) que é responsável pela manutenção dos baixos níveis de [Ca2+c]

(Carofoli, 1992). O gene PMC1 de S. cerevisiae apresentou 40% de identificação

gênica com a Ca2+-ATPase de membrana plasmática de células animais. Porém foi

mostrado que a Pmc1p está localizada na membrana vacuolar de levedura. O

crescimento do mutante nulo pmc1 é inibido em meio de cultivo que contenha alta

concentração de Ca2+, estes dados indicam o papel da Pmc1p na tolerância ao Ca2+

(Cunningham & Fink, 1994). O gene PMC1, que codifica a Ca2+-ATPase de vacúolo,

foi clonado e seqüenciado, entretanto o transporte de Ca2+ não foi mostrado

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diretamente nas membranas vacuolares. Essa análise foi realizada através do

transporte de Ca2+ feito nas células (Cunningham & Fink, 1994).

No conjunto de dados do genoma de Aspergillus nidulans treze proteínas

foram identificadas como ATPases do tipo P, no qual cinco apresentaram

similaridades com os membros da família de Pmc1p, três com os da família de

Ena1p e um foi homólogo da Pmr1p (Hagiwara et al., 2008).

1.2.2.a - Pmr1p, Ca2+- e Mn2+- ATPase

O gene PMR1 (“Plasma Membrane Related”) foi descoberto inicialmente

como um gene e apresentava similaridade com as Ca2+-ATPases de MP e RS de

células animais (Rudolph et al., 1989). Mais tarde, o transporte de Ca2+ PMR1-

dependente foi mostrado confirmando que o gene PMR1 codifica uma Ca2+-ATPase

(Okorokov et al, 1995; Sorin et al., 1997; Okorokov & Lehle, 1998). A localização de

Pmr1p (Ca2+-ATPase) foi indiretamente determinada no Golgi através de estudos de

imunolocalização e verificou-se que esta ATPase é necessária para as funções do

Golgi, como endereçamento e glicosilação de proteínas (Antebi & Fink, 1992).

Evidências bioquímicas diretas mostraram que esta Ca2+-ATPase está localizada

em, no mínimo, dois subcompartimentos do Golgi e em compartimento intermediário

entre o RE e o Golgi (Okorokov et al., 1993; Okorokov et al., 1995; Okorokov &

Lehle, 1998).

A maioria das Ca2+-ATPases pode transportar apenas Ca2+, porém alguns

estudos tem sugerido que a Ca2+-ATPase de Golgi (Pmr1p) também pode

transportar Mn2+ (Sorin et al., 1997; Wei et al., 1999). Foram identificadas algumas

mutações no PMR1, que alteram a seletividade para Ca2+ e Mn2+ (Wei et al., 1999).

Esses autores descreveram os efeitos das mutações na Gln 783, posicionada na

interface citoplasmática da hélice transmembrana M6. Foi verificado que esta Gln

pode ser substituída por resíduos volumosos (Leu, Glu e Thr) no transporte de Ca2+

e Mn2+. Inversamente, a introdução de pequenas cadeias polares (Ser, Asn, Csy)

neste sítio provoca a perda completa do transporte, enquanto que a substituição por

Ala foi a única capaz de conferir uma perda forte e seletiva do transporte de Mn2+

(Wei et al., 2000).

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16

1.2.3 - Trocadores de Ca2+/H+

Os trocadores de H+ são transportadores ativos secundários, que não

requerem diretamente a energia da hidrólise do ATP para transportar íons. Os

trocadores utilizam energia reservada em forma de gradiente eletroquímico de H+,

criado por uma H+-ATPase de membrana (Stroobant & Scarborough, 1979; Ohsumi

& Anraku, 1983; Okorokov et al., 1985a, Okorokov et al.,1985b; Okorokov et al.,

1988; Bush, 1995). Os trocadores acumulam vários cátions em organelas e

vesículas intracelulares como resultado da troca com prótons. Como exemplo pode

ser citado, o trocador Ca2+/H+ vacuolar que transporta, simultaneamente, o Ca2+ para

dentro do vacúolo e H+ para fora desta organela (Ohsumi & Anraku, 1983).

Outros tipos de trocadores protônicos, além de Ca2+/ H+, são conhecidos em

leveduras como: arginina+/H+ (Ohsumi & Anraku, 1981), Zn2+/H+, Mg2+/H+, Mn2+/H+,

Cd2+/H+ de membranas vacuolares (Okorokov et al., 1985a; Okorokov et al., 1985b;

Okorokov, 1985; White & Gadd, 1986) e/ou Na+/H+ em Candida albicans (Soong et

al., 2000) e Ca2+/H+ de membrana plasmática de Neurospora crassa (Stroobant &

Scarborough, 1979).

O trocador Ca2+/H+ foi encontrado em membranas do vacúolo de S. cerevisiae

(Ohsumi & Anraku, 1983), S. carlsbergensis (Okorokov et al., 1985), Yarrowia

lipolitica (Kulakovskaya et al., 1993), Candida albicans (Calvert et al., 1995) e em

membrana plasmática em N. crassa (Stroobant & Scarborough, 1979). Em S.

cerevisiae (Okorokov et al., 1995, Okorokov, 1997) e em S. pombe (Silva, 1998;

Okorokov et. al., 2001) a atividade do trocador foi evidenciada em diferentes

organelas da via secretória.

Em Dictyostelium discoideum, foi encontrada uma Ca2+/nH+-ATPase que

utiliza a energia liberada da hidrólise do ATP para transportar simultaneamente o

Ca2+ para dentro de vesículas ácidas e H+ na direção contrária (Rooney & Gross,

1992). A utilização direta da energia liberada da hidrólise do ATP é que diferencia a

Ca2+/nH+-ATPase do trocador Ca2+/H+, pois o trocador necessita que um gradiente

eletroquímico de H+ seja criado por uma H+-ATPase. É importante ressaltar que

assim como todas as ATPases do tipo P, Ca2+/H+-ATPase também é inibida por

ortovanadato (Bowman & Bowman, 1986; Pedersen & Carafoli, 1987) e o trocador

Ca2+/H+ por protonóforos (Kakinuma et al., 1981; Okorokov et al., 1985a; Okorokov

et al., 1985b; Schumaker & Sze, 1986; Banta et al., 1988).

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A atividade do trocador Ca2+/H+ pode ser desfeita por protonóforos, como o

FCCP (Carbonil cianeto p-trifluorometoxifenil hidrozona). Os protonóforos são

capazes de colapsar o pH gerado pela H+-ATPase, permitindo um equilíbrio de H+

através da membrana (Kakinuma et al., 1981; Okorokov et al., 1985a; Okorokov et

al., 1985b; Schumaker & Sze, 1986; Banta et al., 1988). O colapso do pH

provocado pelo FCCP (protonóforo), pela nigericina (ionóforo como maior

seletividade para K+) ou pela monensina (ionóforo de Na+) induz a saída de Ca2+ que

foi acumulado pelas vesículas dos vacúolos, porém o SCN-, um anion permeável,

que destrói o potencial de membrana não inibiu o transporte de Ca2+. Isto indica a

importância do pH para o acúmulo e retenção do Ca2+ nas vesículas de

membranas (Okorokov et al., 1988; Silva, 1998; Okorokov et al., 2001).

Tentativas da avaliação do papel do trocador na regulação do Ca2+ citosólico

in vivo foram obtidas em N. crassa (Miller et al., 1990). Neste caso o protonóforo

FCCP desfez o gradiente de H+ através da membrana vacuolar provocando a saída

do Ca2+ desta organela (Okorokov et al., 1988; Okorokov et al., 2001). O cianeto de

potássio, inibidor da enzima citocromo oxidase responsável pela transferência de

elétrons para o oxigênio na fosforilação oxidativa, não aumentou o nível de Ca2+

citosólico, pois este não pode destruir o gradiente de H+ através do tonoplasto ou

inibir a glicólise (Miller et al., 1990).

Os distúrbios na homeostase de Ca2+ foram detectados em mutantes de S.

cerevisiae com defeitos na V H+-ATPase. Estes distúrbios foram interpretados pela

incapacidade da V H+-ATPase defeituosa dos mutantes de criar o gradiente de H+

através do tonoplasto (membrana vacuolar), e por isso suportar a atividade do

trocador Ca2+/H+ destas membranas (Ohya et al., 1991).

O gene que codifica para o trocador Ca2+/H+ de membrana vacuolar de S.

cerevisiae foi independentemente clonado por dois laboratórios e foi chamado de

VCX1 (Cunningham & Fink, 1996) ou HUM1 (Pozos et al., 1996).

Em células vegetais, a atividade do trocador Ca2+/H+ utiliza o gradiente de H+

gerado pela V H+-ATPase e por outra bomba de H+ presente no tonoplasto, H+-

PPase (H+ pirofosfatase) (Sze et al., 1999; Maeshima, 2001).

Em Arabidopsis thaliana, os genes CAX1 e CAX2 codificam o trocador

Ca2+/H+ e provavelmente, trocador Me2+/H+ para cátions de metais pesados,

respectivamente. Os produtos dos genes CAX1 (Cax1p) e CAX2 (Cax2p) possuem

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homologia em 33% e 38% respectivamente e cada um possui similaridade de 53%

com o produto do gene VCX1 (Vcx1p) de levedura.

Em plantas, a membrana plasmática (Kasai & Muto, 1990), o tonoplasto (TN)

e a membrana do Golgi têm sido considerados como prováveis localizações para os

trocadores, pois todas essas membranas possuem ATPases protônicas, do tipo P na

MP e do tipo V no tonoplasto e na membrana do Golgi (Matsuoka et al., 1997).

O CAX1 foi o primeiro gene para o trocador Ca2+/H+ de planta (Arabdopsis)

clonado e funcionalmente expresso em levedura (Hirschi et al., 1996). Cax1p foi

identificado pela sua capacidade de restaurar o crescimento de mutante de levedura,

com defeito no transporte vacuolar, em meio contendo altas concentrações de Ca2+

(Hirschi et al, 1996). A atividade do Cax1p foi semelhante à encontrada para o

trocador Ca2+/H+ em vacúolos de raiz de aveia (Schumaker & Sze, 1986). Embora

seja razoável especular que Cax1p esteja localizado no vacúolo, há evidências da

existência de trocadores em outras membranas, tal como na membrana plasmática

de plantas (Kasai & Muto, 1990).

CAX1 é determinado como trocador Ca2+/H+, já o CAX2 sugere-se que este

transporta outros íons para dentro do vacúolo em plantas. Pois o transporte de Cd2+

e Mn2+ aumentaram em plantas de tabaco quando CAX2 foi superexpresso, além

disso, a afinidade do CAX2 pelo Ca2+ (Km > 100 M) é menor que do CAX1 (Km

entre 9,5 – 25 M) (Arabdopsis thaliana) e a expressão de RNAm de CXA2 não foi

induzida pelo Ca2+ contrário de CAX1 (Hirschi et al., 1996; Ueoka-Nakinishi et al.,

1999; Hirschi et al., 2000; Kamiya and Maeshima, 2004).

Dois outros CAXs, CAX3 e CAX4 foram isolados de Arabidopsis (Shigaki &

Hirsch, 2000; Cheng et al., 2002). Em outras espécies de plantas como Vigna radiata

e Oryza sativa foram clonados os trocadores o VCAX1 e OsCAX respectivamente

(Ueoka-Nakinishi et al., 1999; Kamiya and Maeshima, 2004, Kamiya et al., 2006) e

todos estão localizados nas membranas vacuolares.

Em leveduras, a atividade do trocador Ca2+/H+ de MP ainda não foi

demonstrada. Entretanto essa atividade foi encontrada em vesículas de MP dos

fungos N. crassa (Stroobant & Scarborough, 1979) e Phytophtora megasperma

(Giannini et al., 1988). Neste caso, o gradiente protônico é formado pela H+-ATPase

do tipo P. Esta enzima possui alta sensibilidade para ortovanadato. Desta forma, a

atividade do trocador Ca2+/ H+ de MP pode ser inibida por protonóforos ou por

ortovanadato (Stroobant & Scarborough, 1979) e não pode ser inibida por

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bafilomicina A1 (Bowman et al.,1988) ou por concanamicina A, inibidores específicos

da ATPase do tipo vacuolar. Portanto, as atividades dos trocadores Ca2+/ H+ de MP

e de membranas das organelas da via secretória podem ser diferenciadas pelo uso

de inibidores específicos como o ortovanadato para H+-ATPase de MP e a

bafilomicina A1 ou concanamicina A para H+-ATPases intracelulares.

A maioria das publicações concorda com a hipótese de que o vacúolo é a

principal organela armazenadora de Ca2+ em leveduras, fungos e plantas (Halachmi

& Eilam, 1989; Klionsky et al., 1990; Cunningham & Fink, 1994; Calvert & Sanders,

1995; Pozos et al., 1996, Tanida et al., 1996; Cunningham & Fink, 1996) e que o

trocador Ca2+/H+ está localizado somente em membranas vacuolares (Dunn et al.,

1994; Pozos et al., 1996; Cunningham & Fink, 1994). Porém, a atividade do trocador

foi demonstrada em várias membranas de organelas da via secretória de S.

cerevisiae, separadas em gradiente de densidade de sacarose e essas membranas

também apresentaram atividade de Ca2+-ATPases. Sugerindo que cada

compartimento da via secretória de leveduras possui seus próprios trocadores

Ca2+/H+ e Ca2+-ATPases (Okorokov, 1995; Okorokov, 1997).

Até o momento, apesar da existência da atividade dos trocadores Ca2+/H+ter

sido encontrada em membranas intracelulares distintas das membranas vacuolares

de S. cerevisiae apenas um único gene foi determinado, o VCX1. Porém,

comprovação adicional foi encontrada no mutante duplo pmr1 vcx1 (cepa deficiente

da Ca2+-ATPase de golgi e do trocador Ca2+/H+ vacuolar), quando Marchi e

colaboradores (1999) mostraram o aumento da atividade do trocador Ca2+/H+ em

vesículas de membranas que migram com membranas do RE, sugerindo que este

trocador é codificado por um gene diferente de VCX1. Em S. pombe, o transporte de

Ca2+ foi completamente realizado pela atividade do trocador Ca2+/H+, utilizando a

energia do gradiente eletroquímico de H+ criado pelas V H+-ATPases. (Okorokov, et

al., 2001). E mais recentemente, a presença de três proteínas homólogas ao Vcx1p

de S. cerevisiae foi mostrada em A. nidulans e a expressão da proteína AN5821.3 é

modulada de maneira dependente de Ca2+/CrzA diferente do que ocorre com Vcx1p

em S. cerevisiae (Hagiwara et al., 2008)

1.3 - Calcineurina

A calcineurina (CaN), é uma proteína fosfatase dependente de

Ca2+/calmodulina que participa de vários processos celulares das vias de transdução

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de sinais, que é bem conservada de leveduras a humanos. Esta proteína, é um

heterodímero que consiste de uma subunidade catalítica de 61 kDa, calcineurina A,

e outra regulatória de 19 kDa, calcineurina B (Cohen, 1989). A subunidade catalítica

é caracterizada por possuir três domínios: um de ligação com a calcineurina B; um

de ligação com calmodulina; um auto-inibitório (Perrino et al.,1995; Rusnak & Mertz,

2000). Já o sítio de ligação para Ca2+ encontra-se na subunidade regulatória (Aitken

et al, 1984). Os genes para as subunidades A e B da calcineurina têm sido

identificados em leveduras, fungos filamentosos, protozoários, insetos e mamíferos

(Rusnak & Mertz, 2000).

Em S. cerevisiae, há dois genes para a subunidade A (CNA1 e CNA2) e um

para a subunidade B (CNB1) da calcineurina (Rusnak & Mertz, 2000). Homólogos

funcionais da subunidade A da calcineurina tem sido relatado em S. pombe, ppb1+

(Yoshida, et al., 1999; Plochocka-Zulinska et al., 1995) e outros microorganismos

como, Dictyostelium discoideum, cnaA (Dammann et al., 1996), Aspergillus nidulans,

cnaA+ (Rasmussen et al., 1994). Já Arabidopsis thaliana possui apenas o homólogo

funcional da calcineurina B, SOS3 (Liu & Zhu, 1998).

A ação da CaN é inibida pelas drogas imunossupressoras como ciclosporina

A (CsA) e FK506 quando complexada com seus respectivos receptores

citoplasmáticos ciclofilina (CpH) e FKBP12 (Bierrer et al., 1993) (Esquema 3).

A resposta transcricional da calcineurina requer o fator de transcrição

Crz1p/Tcn1p1. A CaN ativada defosforila o fator de transcrição Crz1p/Tnc1p, no

resíduo de serina do N-terminal, provocando o deslocamento do fator de transcrição

do citoplasma para o núcleo (Stathopoulos et al, 1999). O mecanismo de ação da

CaN foi mais bem estudado em linfócitos, porém esta sinalização em levedura

assemelha-se a do linfócito (Esquema 3) (Crabtree, 2001). Isto sugere um

mecanismo conservado pelo qual a calcineurina regula a expressão de gene em

resposta a estímulo pelo Ca2+ (revisado por Sigiura et al., 2001).

Além da grande similaridade na seqüência de aminoácidos, pois existe um

grupo conservado de serina no domínio de translocação no N-terminal de ambos os

fatores de transcrição existe também uma grande semelhança no mecanismo de

ação do fator de transcrição Crz1p/Tcn1p de levedura com o fator de transcrição

NFATc dos linfócitos, porém, a ligação dos fatores de transcrição com o DNA ocorre

diferentemente em cada caso, ou seja, enquanto o Crz1p/Tcn1p utiliza a estrutura

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dedo de zinco (“zinc finger”) para ligar-se ao DNA o NFATc usa o domínio Rel

(Crabtree, 2001).

A calcineurina, em levedura, esta envolvida na regulação da síntese de

glucano, homeostase iônica e controle do ciclo celular. Uma vez disparado o sinal

por ferormônio ou outro agente que aumenta a concentração de Ca2+ intracelular

ativa a transcrição e um de dois genes que codifica 1,3--glucano sintase (FKS2),

enzima que catalisa o principal componente da parede celular), PMR2 (gene que

codifica Na+-ATPase), PMC1 (gene que codifica Ca2+-ATPase de vacúolo), PMR1

(gene que codifica Ca2+-ATPase de Golgi) e outros genes (Cunningham & Fink,

1994; Stathopoulos & Cyert, 1997; Matheos et al., 1997; Yoshimoto et al., 2002).

Além de regular o estado de baixa/alta afinidade do canal de K+ (Trk1p) (Mendonza

et al., 1994), e inibir o trocador Ca2+/H+ vacuolar (Vcx1p) por mecanismo pós-

transcricional (Cunningham & Fink, 1996).

A contribuição da CaN na homeostase de Ca2+, foi demonstrada pela adição

de FK506 na cepa mutante vma (cepa deficiente de V H+-ATPase de vacúolo) e no

mutante duplo cnb1 vma (cepa deficiente de calcineurina e V H+-ATPase de

vacúolo). Nos experimentos com o mutante vma, tanto a ausência da proteína

(Cnb1p) quanto na inibição da CaN pelo FK506 foi observado a redução da

tolerância a altas concentrações de Ca2+ nessas cepas de levedura (Tanida et al.,

1995). O mesmo resultado foi encontrado para o mutante de PMC1 (cepa deficiente

de Ca2+-ATPase de vacúolo) (Cunningham & Fink, 1994).

Esquema 3: Mecanismo de ação da calcineurina (CaN) na regulação da transcrição de células de mamíferos e levedura. AKAP-79, DSCR1, Cain, CHP são outros inibidores da CaN. Fonte Crabtree, 2001.

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1.4 - Regulação dos transportadores de Ca2+

1.4.1 - Efeito de altas concentrações de Ca2+ sobre a homeostase de Ca2+ e H+ em levedura.

Cepas selvagens de levedura podem crescer em meios contendo mais de 100

mM de Ca2+. Estas células quando foram expostas a concentração de 50 mM de

Ca2+ extracelular apresentaram uma elevação da concentração de Ca2+ no citosol de

100 a 150 nM para 270 nM (Halachmi & Eilam, 1993; Miseta et al, 1999). Foi

observado que alguns tipos de mutações, como a mutação do gene PMR1, Ca2+-

ATPase de Golgi (Rudolph et al., 1989), ou mutações que inativam subunidades da

V H+-ATPase ou outros fatores necessários para a acidificação do lúmem do

vacúolo, também causam o aumento na concentração de Ca2+ livre no citosol e

também extrema sensibilidade à adição de CaCl2 ao meio de cultivo (Ohya et al.,

1991).

Em levedura a calcineurina é dispensável para o crescimento em condições

“normais”, entretanto em condições de estresse a deleção da calcineurina promove

inibição do crescimento celular (Sigiura et al., 2001; Cyert, 2001).

O aumento da concentração do Ca2+ no citosol, ativa a calcineurina. A

calcineurina ativada induz a expressão do gene PMC1 (codifica Ca2+-ATPase

vacuolar) e inibe a atividade do trocador Ca2+/H+ vacuolar (Vcx1p) pós-

transcricionalmente (Cunningham & Fink, 1994; Mendoza et al., 1996) (Esquema 4).

Esquema 4: Modelo de regulação da calcineurina (CaN) sobre os transportadores em levedura. CaN é ativada por Ca2+ e calmodulina. A CaN ativada causa aumento da transcrição Ca2+-ATPase vacuolar (PMC1) e inibi a atividade do trocador Ca2+/H+ (VCX1p). A ativação é simbolizada por seta e a inibição por uma barra. Fonte: Hirschi, 2001.

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Porém, a inativação do trocador Ca2+/H+ não é imediata, pois quando o

mutante pmc1 é exposto a um choque instantâneo de Ca2+, o Vcx1p é o responsável

pela eliminação rápida do Ca2+ do citosol (Esquema 5), porém quando pmc1 é

exposto por um período prolongado a altas concentrações de Ca2+ (400 mM) esse

mutante sobrevive no máximo dois ciclos de divisão celular (Miseta et al., 1999).

Esses dados levaram seus autores a sugerirem que uma eventual regulação

negativa da Vcx1p no mutante de pmc1 poderia, em última instância, reduzir a

habilidade da célula em seqüestrar Ca2+ citosólico resultando na interrupção gradual

do crescimento.

Esses dados são contraditórios aos pensamentos de alguns pesquisadores

que estudaram a homeostase de Ca2+, no passado, pois estes determinaram que a

afinidade do trocador Ca2+/H+ pelo Ca2+ era baixa, porém os dados obtidos foram

superestimados, pois a análise ocorria levando em consideração o conteúdo total de

cátions (Ohsumi & Anraku, 1983; Okorokov et al., 1985; Schumarker & Sze, 1986).

Esse pensamento vem mudando, atualmente admite-se que o trocador Ca2+/H+ de

levedura (Vcx1p) possui baixa afinidade pelo Ca2+ entretanto apresentam uma alta

velocidade para transportar o Ca2+ para o vacúolo (Miseta, et al., 1999; Kellermayer

et al., 2003). Recentemente, nosso grupo mostrou, em membranas totais de

levedura, que o trocador Ca2+/H+, na ausência de glicose, possui o Km (61 nM)

semelhante ao da Ca2+-ATPases (45 nM) porém possui quase o dobro da velocidade

máxima. Já em condições em que os esferoplastos foram incubados com glicose o

Km do trocador Ca2+/H+ foi de 100 nM enquanto que o Km das Ca2+-ATPases foi de

51 nM, mas em compensação a velocidade dos trocadores Ca2+/H+ nessas

condições aumentou 3,5 vezes quando comparado a velocidade de transporte de

Ca2+ das Ca2+-ATPases (Ribeiro, 2007; artigo em preparação). Portanto podemos

concluir que o trocador Ca2+/H+ possui papel fundamental para a homeostase de

Ca2+.

A CaN ativada confere o aumento da tolerância a altos níveis tóxicos de Ca2+,

Mn2+ (Cunningham & Fink, 1996), Na+ e Li+ (Mendoza et al., 1996). Porém, reduz a

tolerância a 200 mM de Ca2+ extracelular no mutante pmc1. Embora a inativação das

duas isoformas da subunidade A (catalítica) ou da subunidade B (regulatória) da

Calcineurina restaura esta tolerância (Cunningham & Fink, 1994).

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A cepa deficiente de três transportadores simultaneamente (mutante triplo

vcx1 pmr1 pmc1), VCX1 (trocador Ca2+/H+ de vacúolo), PMC1 (Ca2+-ATPase de

vacúolo) e PMR1 (Ca2+-ATPase de Golgi) é inviável. Embora a presença funcional

do Vcx1p ou Pmc1p neste mutante seja o suficiente para promover e manter o papel

relativo de cada transportador e seus reguladores (Cunningham & Fink, 1996).

Entretanto a viabilidade do mutante duplo pmr1 pmc1 (deficientes de Ca2+-ATPases

de Golgi e vacúolo respectivamente) só é restaurada quando a atividade da CaN for

inativada pela deleção do gene CNB1 ou inibida por CsA ou FK506 (Cunningham &

Fink, 1996).

Cunningham e Fink (1996), baseados em dados experimentais, propuseram

um modelo, pelo mecanismo de “feedback”, da homeostase de Ca2+ no citosol em

levedura, que envolve pelo menos a calmodulina (CaM), CaN e três transportadores

de Ca2+. Juntos esses transportadores controlariam a concentração de Ca2+ e

preveniriam o acumulo tóxico de Ca2+ no citosol, isto é extremamente importante em

condições de alta concentração de Ca2+ extracelular. A CaN é ativada por alta

concentração de Ca2+ no citosol e pela CaM. A CaN ativa vai ocasionar o aumento

da expressão do gene PMC1, e possivelmente do PMR1, porém irá promover a

inibição da atividade do trocador Ca2+/H+ vacuolar, Vcx1p, por um mecanismo pós-

transcricional ainda desconhecido (Cunningham & Fink, 1996).

Estudos da expressão gênica mostraram que os genes PMR1, CRZ1 e FKS2

são menos dependente de CaN do que os genes PMC1 e ENA1 (Stathopoulos &

Esquema 5: Medições dos níveis de Ca2+ citosólico por aequorina. Os níveis de Ca2+ foram medidos após a exposição de Ca2+ extracelular. A emissão de luz dependente de Ca2+ foi gravado durante 10 s em baixo Ca2+. CaCl2 foi adicionado nas concentrações de (A) 50 mM ou (B) 400 mM e as mudanças no Ca2+ citosólico foi monitorada por um tempo adicional de 150 s. Fonte: Miseta et al., 1999

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Cyert, 1997, Matheos et al., 1997). Análise da expressão gênica, regulada por

Calcineurina/Crz1p na via de sinalização em S. cerevisiae, utilizando a técnica do

“DNA microarray” seguido da adição de 200 mM de Ca2+ não identificou PMR1,

CRZ1 e FKS2 como genes dependentes de CaN, pois as magnitudes destes

transcritos mudaram para níveis pouco abaixo de 2, limite mínimo definido como

significativo pelos autores (Yoshimoto et al., 2002).

1.4.2 - Efeito da glicose sobre a homeostase de Ca2+ e H+ em

levedura.

A presença da glicose induz modificações nas propriedades cinéticas das H+-

ATPases de MP, resultando no aumento da atividade enzimática (Serrano, 1983) e

no aumento na transcrição do gene PMA1, que codifica esta enzima (Rao et al.,

1993). Supply e colaboradores (1993) mostraram que esta ativação pode ser de 2 a

3 vezes, porém a adição de frutose (Kotyk & Georghiou, 1994) pode proporcionar

uma ativação da H+-ATPase da MP maior que a adição da glicose, sugerindo que a

ativação da H+-ATPase da MP pode ser por meio da frutose-6-fosfato.

A V H+-ATPase, é uma enzima responsável em transportar H+ nos

compartimentos intracelulares de células de leveduras. Essa enzima é formada por

dois complexos, o complexo catalítico V0 e o complexo regulatório V1. O transporte

de H+ realizado pela V H+-ATPases ocorre somente quando os complexos V1 e V0 se

associam de forma funcional, ou seja, o complexo V0 não transporta prótons quando

o complexo V1 está desassociado (Zhang et al., 1992). Em levedura, a ausência da

glicose promove a desassociação de aproximadamente 70% dos complexos V1 e V0,

porém a readição da glicose induz, a uma rápida e eficiente, reassociação dos

subcomplexos previamente sintetizados. Isto também ocorre na presença de

ciclohexamida (substâcia que bloqueia a síntese de novas proteínas), sugerindo que

este mecanismo ocorre pós-traducionalmente (Kane, 1995).

Parra e Kane (1998) verificaram que as vias de sinalização de Ras-cAMP,

Snf1p, proteína quinase C ou Rts1p (que responde a estresse de forma geral) e o

acúmulo de glicose-6-fosfato foram insuficiente para manter ou induzir a associação

da V H+-ATPase. Sugerindo que a associação da V H+-ATPase dependente da

glicose ocorre por um mecanismo que requer o metabolismo da glicose além da

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formação da glicose-6-fosfato e que este mecanismo gera um sinal que pode ser

percebido somente por V H+-ATPase cataliticamente competente.

Mutações que inativam as subunidades da V H+-ATPase ou outros fatores

necessários à acidificação do lúmem do vacúolo, causam o aumento de

aproximadamente seis vezes na concentração de Ca2+ livre no citosol (Ohya et al.,

1991). Este distúrbio foi interpretado pela incapacidade da V H+-ATPase de criar o

gradiente de H+ para suportar a atividade do trocador Ca2+/H+, Vcx1p, que promove

o seqüestro intracelular de Ca2+ através da troca com o H+ em membranas de

mutante da V H+-ATPase (Ohya et al., 1991).

A V H+-ATPase foi a enzima responsável em gerar o gradiente de H+ para o

transporte de Ca2+ em membranas intracelulares de S. pombe, que foi realizado pela

atividade dos trocadores de Ca2+/H+ (Silva, 1998; Okorokov et al., 2001). Na

membrana plasmática de N. crassa, foi encontrado um trocador Ca2+/H+, que utiliza

o gradiente eletroquímico gerado por uma H+-ATPase de tipo P (Stroobant &

Scarborough, 1979). Em membrana plasmática de D. discoideum foi encontrado

uma Ca2+/nH+-ATPase que troca simultaneamente Ca2+ pelo H+, utilizando a energia

direta da hidrólise do ATP (Rooney & Gross, 1992). Isto mostra que a homeostase

de H+ está intimamente relacionada com a homeostase de Ca2+.

Fu e colaboradores (2000) propuseram que a perda da principal isoforma da

fosfoglucomutase (PGM), enzima que catalisa a transferência do fosfato da posição

1 (glicose-1-fosfato) para a posição 6 da glicose (glicose-6-fosfato) em S. cerevisiae,

causa algumas alterações na homeostase de Ca2+ celular e na sinalização das

células que crescem em meio contendo galactose. A cepa pgm2 (mutante

deficiente na isoforma da PGM2) exibe maior taxa de captação e maior

concentração de Ca2+ celular total quando comparada à cepa selvagem (Sc252). O

crescimento desta cepa é inibido na presença de 10 g/mL de ciclosporina A (CsA),

sugerindo que a ativação dos transportadores de Ca2+ que ocorre via sinalização

pela CaN é crucial para a sobrevivência deste mutante, realizando uma rápida

remoção do Ca2+ do citosol. Porém, estes efeitos não são visualizados no mutante

pgm2, quando este cresce na presença de glicose ou lactose. Os vários efeitos

relatados por Fu e colaboradores (2000) na cepa pgm2 crescendo na presença de

galactose, também foram encontrados por Halachmi & Eilam (1996) na cepa pmr1,

incluindo a acumulo de Ca2+.

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Aielo e colaboradores (2002) mostram que o mutante pgm2 acumula mais

Ca2+ que a cepa selvagem, ou pfk2 ou pgm2/pfk2 quando essas cepas crescem

em meio de cultura contendo galactose (YEPgal), isso ocorre devido ao aos níveis

relativos de Glc-1-P, Glc-6-P e/ou a razão entre Glc-6-P/Glc-1-P. Porém quando

essas cepas cresceram em meio contendo glicose (YEPD) não ocorreu mudança na

captação/acúmulo de Ca2+ entre as cepas, esses resultados a interferência da fonte

de carbono na homeostase de Ca2+ (Aielo et al., 2002). Foi mostrado que a Ca2+-

ATPase de vacúolo (Pmc1p) é responsável pelo aumento captação de Ca2+ na cepa

pgm2 em meio YEPgal e que o aumento da captação de Ca2+ vacuolar coincide

com o aumento da indução da resposta a proteínas mal enovelada (UPR – “unfolded

protein response”), os autores sugerem que a Pmc1p capta Ca2+ exacerbadamente

impedindo que o RE/Golgi mantenha a concentração de Ca2+ em seus

compartimentos necessária para uma correto processamento protéico (Aielo et al.,

2004).

Foi demonstrado na levedura S. cerevisiae que a adição de glicose após um

período de ausência de glicose, ocasiona um aumento transiente da concentração

de Ca2+ no citosol (Tisi et al., 2002), e também a diminuição do pH citoplasmático

devido a glicólise (Souza et al., 2001;). Vem sendo mostrado que essa condição

ativa as H+-ATPase vacuolar (V H+-ATPase) (Parra & Kane, 1998; Kane et al., 1999)

e também da P H+-ATPase de MP (Serrano, 1983; Chang & Slayman, 1991). Foi

mostrado, em levedura, que a glicose também pode estimular a atividade das Ca2+-

ATPases em 2 vezes e dos trocadores Ca2+/H+ em 6 vezes (Ribeiro, 2007; artigo em

preparação).

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2. OBJETIVOS Objetivo Principal:

Diante do exposto na revisão bibliográfica, o presente trabalho tem como

objetivos gerais:

Avaliar a homeostase de Ca2+ na levedura S. cerevisiae em diferentes

condições fisiológicas através da determinação das atividades das Ca2+-ATPases e

dos trocadores Ca2+/H+ das organelas de via secretória.

Estimar o papel da calcineurina sobre as atividades dos transportadores de

Ca2+ em condições normais e durante de estresse por alto Ca2+.

Objetivos Específicos: Isolar as populações das vesículas de membranas enriquecidas por

membranas das organelas da via secretória de S. cerevisiae usando a centrifugação

em gradiente de densidade de sacarose. Avaliar o nível da suposta contaminação

das membranas do Golgi, RE/MP e EN por membranas vacuolares.

Determinar as mudanças das atividades dos transportadores de Ca2+ nas

organelas da via secretória sobre o estresse por alto Ca2+ dependente do tempo.

Avaliar o papel da calcineurina nas mudanças das atividades dos

transportadores de Ca2+ nestas condições.

Reanalisar a contribuição da Ca2+-ATPase de Vacúolo (Pmc1p) em condições

de estresse por alta concentração de Ca2+.

Caracterizar o efeito da mutação do gene CNB1 da calcineurina sobre as

atividades dos transportadores de Ca2 + em S. cerevisiae na ausência de estresse

por alto Ca2+.

Avaliar a influência da inativação dos genes da Ca2+-ATPase de vacúolo

(pmc1) ou do trocador Ca2+/H+ vacuolar (vcx1::URA3) sobre a atividade dos

transportadores de Ca2+ de outras organelas.

Analisar se somente a Ca2+-ATPase do Golgi pode transportar Mn2+ ou se

diferentes Ca2+-ATPases e/ou trocadores Ca2+/H+ da via secretória de levedura

também transportam Mn2+. Determinar se a calcineurina pode aumentar a afinidade

das Ca2+-ATPases e trocadores Ca2+/H+ ao Mn2+.

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3. MATERIAIS & MÉTODOS

3.1 Cepas de levedura

As cepas usadas nesse trabalho foram:

(1) cepas selvagens (“wild type strain”) de Saccharomyces cerevisiae: AA255,

K601, K699 (PMC1::HA – o gene PMC1, Ca2+-ATPase de vacúolo conjugado com

hemoaglutinina A);

(2) cepas mutantes: K699 (PMC1::HA – o gene PMC1, Ca2+-ATPase de

vacúolo conjugado com hemoaglutinina A); K603 (cnb1 – mutante nulo da

subunidade B da calcineurina), K605 (pmc1 – mutante nulo de Ca2+-ATPase de

vacúolo), K617 (vcx1::URA3 – mutante que não expressa a proteína Vcx1p, trocador

Ca2+/H+).

As cepas K601, K603, K605, K617 e K699 foram gentilmente cedidas pelo

Professor K.W. Cunningham (Johns Hopkins University). As cepas AA255 e X-2180

foram cordialmente fornecidas pelo Professor L. Lehle (Regensburg University).

3.2 Meio de cultura e manutenção da cepa

Foi utilizado o meio de cultura contendo: 1% de extrato de levedura

(Difco/Oxoid); 2% de glicose (Vetec); 2% de bactopeptona (Difco/Oxoid).

O meio YEPD sólido continha adicionalmente 2% de agar (Vetec). Os meios

foram autoclavados a 0,5 atm (marcados no nanômetro), 110 °C por 30 min. O meio

sólido foi vazado em placas de Petri e levado à estufa a 37 °C durante 24 horas para a

realização do controle de esterilidade. Após este procedimento, algumas colônias S.

cerevisiae foram retiradas do meio YEPD sólido de estocagem e semeadas em um

novo meio YEPD sólido, essas células cresceram a 30 °C por 72h.

3.3 Preparo do pré-inóculo

Algumas colônias de levedura foram retiradas do meio sólido YEPD e foram

inoculadas em 40 mL do meio YEPD líquido, de forma que a absorbância a 600 nm

(DO600nm) inicial do pré-inóculo no espectrofotômetro ficasse em torno de 0,1. As células

cresceram a 30 °C sob agitação constante de 250 rpm até a fase estacionária.

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3.4 Preparo da levedura para o isolamento

O volume do pré-inóculo a ser adicionado em 200 mL do meio YEPD

(Erlenmeyers de 1000 mL) foi calculado, considerando o tempo de geração de cada

cepa utilizada, de acordo com a curva de crescimento. De forma que, após

aproximadamente 17 h a 30 °C em agitação de 250 rpm as células crescessem até o

meio da fase logarítimica (~ 3,0 DO600nm/mL). Após o cultivo celular, foi realizado o

isolamento das vesículas de membranas de S. cerevisiae.

3.5 Isolamento de membranas e fracionamento subcelular

O isolamento foi feito de acordo com o método descrito por Okorokov & Lehle

(1998) com modificações. O isolamento de membranas foi feito em três condições

diferentes ou com combinação entre elas:

(I) Com e sem pré-incubação dos esferoplastos com glicose, ou seja, antes que

estes fossem rompidos mecanicamente. Os esferoplastos foram incubados com

solução de glicose (50 mM Tris-HCl pH 7,2; 1,2 M Sorbitol; 10 mM KH2PO4, 3 mM

MgSO4; 100 mM glicose) por 10 min. (esquema 6). (II) As células foram pré-incubadas em meio YEPD (controle), em meio YEPD

complementado com 100 mM CaCl2 e em meio YEPD complementado com 100 mM

CaCl2 e 10 g/mL de ciclosporina A (CsA) por 2,5 horas a 30 °C em 250 rpm, a

ciclosporina A foi adicionada 2 h antes da adição do 100 mM CaCl2. Esse

experimento foi feito apenas com a cepa AA255 e os esferoplastos não foram

incubados com a solução de glicose (esquema 7). (III) As células cresceram com meio YEPD ou com meio YEPD com 150 ou 50 mM

CaCl2 a 30 °C na agitação de 250 rpm. Os experimentos cujos esferoplastos foram

incubados com a solução de glicose foram feitos separadamente (esquema 8).

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31

3.5.1) Isolamento de membranas para a condição I (com e sem glicose)

As células cresceram até o meio da fase logarítmica.

Todos os procedimentos foram realizados no gelo. Soluções, tubos, rotores e

interior das centrífugas foram previamente resfriados.

3.5.1a) Obtenção de células

A cultura de suspensão celular foi centrifugada a 5000 rpm (4000 x g) 5 min a

4 °C (centrifuga Himac CR21, rotor 29). Em seguida foi feito o descarte do meio e

determinado o peso úmido das células.

3.5.1b) Obtenção dos esferoplastos

Para cada 1 g de peso úmido de células foi adicionado 5 mL de tampão de

esferoplastos (1,2 M sorbitol, 10mM Tris, pH 7.4), de 1 a 4 mg do complexo

enzimático lítico (liticase (sigma), proporção 1 mg de liticase: 1g de peso úmido das

células), 12 µL -mercaptoetanol (concentração final 30 mM). Esta suspensão

celular em tampão de esferoplasto foi incubada a 37 °C sob fraca agitação.

O monitoramento cinético da hidrólise da parede celular foi realizado

espectrofotometricamente a DO600 nm, misturando 10 L desta suspensão celular em

990 L H2O. Este monitoramento foi feito a cada 5 ou 10 min a partir do tempo igual

a zero (tempo 0) de incubação até o tempo máximo de 50 min ou até que a

absorbância chegasse ao valor entre 20 a 10% do valor inicial (Tabela 2).

Após o término do monitoramento da hidrólise da parede celular, o tubo que

continha a suspensão de esferoplastos foi imediatamente transferido para o gelo e a

reação de hidrólise da parede celular foi finalizada pela adição da solução de parada

(“stop solution”), nas concentrações finais de 10 mM de Tris-HCl pH 7,4 e 1 mM de

Células de leveduras

Incubados por 10 min à 300C

Isolamento dos esferoplastoshidrólise enzimática da parede celular

Exp 1s/ 100 mM Glicose

Sedimentação de “debris”

Sedimentação das membranas totais

Fracionamento da membanas totais emgradiente de sacarose

Exp 2c/ 100 mM Glicose

Células de leveduras

Incubados por 10 min à 300C

Isolamento dos esferoplastoshidrólise enzimática da parede celular

Exp 1s/ 100 mM Glicose

Sedimentação de “debris”

Sedimentação das membranas totais

Fracionamento da membanas totais emgradiente de sacarose

Exp 2c/ 100 mM Glicose Esquema 6: Diagrama do isolamento

de membrana na condição I.

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EDTA (1,2 M Sorbitol, 200 mM Tris-HCl pH 7,4, 20 mM EDTA estoque 20 vezes

concentrado), concentração final de 1 mM Benzamidina (200 mM estoque dissolvido

em etanol) e concentração final de 1 mM PMSF (200 mM estoque dissolvido em

metanol).

A suspensão de esferoplastos (~15 mL) foi adicionada sobre 30 mL de

camada da solução 1,4 M Sorbitol, 50 mM Tris-HCl pH 7,4 (“cushion solution”) no

tubo de centrifuga. A adição da suspensão de esferoplastos foi feita devagar e com

o auxílio de uma pipeta numa posição inclinada, para evitar a mistura da suspensão

de esferoplasto com a solução (cushion solution). Este material foi centrifugado a

5000 rpm (3000 x g) por 5 min a 4 °C (centrifuga Beckman coulter AllegraTM 6R).

Este passo de procedimento foi realizado com o objetivo de eliminar os resíduos de

enzimas líticas.

O sobrenadante foi cuidadosamente descartado e as paredes dos tubos

foram secas com papel filtro para evitar que possíveis enzimas líticas atuem nos

esferoplastos.

DO600nm Tempo

(min) 1a leitura

(imediatamente)

2a leitura

(após ~ 1min)

0 0,395 0,366

5 0,405 0,369

10 0,394 0,333

20 0,300 0,197

30 0,276 0,116

35 0,234 0,082

3.5.1c) Pré-incubação dos esferoplastos com glicose

O sedimento (esferoplastos) foi dividido em duas partes. Uma foi incubada

com a solução de glicose (50 mM Tris-HCl pH 7,2; 1,2 M Sorbitol; 10 mM KH2PO4, 3

mM MgSO4, 100 mM glicose) e a outra foi incubada com a mesma solução só que

na ausência de 100 mM glicose por 10 min a 30 °C.

Tabela 2: Exemplo de como se controla cineticamente o rompimento da

parede celular de leveduras por hidrólise enzimática.

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Após a incubação, a suspensão de esferoplastos incubada com solução de

glicose foi centrifugada a 5000 rpm (3000 x g) por 5 min a 4 °C (centrifuga Beckman

coulter AllegraTM 6R).

O sedimento de esferoplastos de ambas as versões foram ressuspensas em

20 mL de tampão de lise (12,5% de sacarose, MOPS 20 mM pH7,4); 1 mM DDT,

1g/mL coquetel de inibidores de proteases (solução estoque do coquetel de

inibidores de proteases é composta por: quimistatina, pepstatina, antipaina,

leupeptina, aprotinina na concentração de 1 mg/mL cada um), 1 mM benzamidina

(200 mM estoque), 1 mM PMSF (200 mM estoque).

3.5.1d) Obtenção de membranas totais

A ressuspensão foi homogeneizada, em homogeneizador de vidro com pistilo

de teflon (“potter”), com 21 ciclos completos (“strokes”). O homogeneizado foi

transferido para o tubo de centrífuga (centrifuga Beckman coulter AllegraTM 6R) e

centrifugado a 5000 rpm (3000 x g) por 5 min a 4 °C.

O sedimento foi desprezado e o sobrenadante (suspensão de membranas

totais) foi transferido para o tubo da ultracentrífuga (Himac 75, rotor P50A2) e

centrifugada a 30000 rpm (45000 x g) por 45 min a 4 °C.

O sedimento (membranas totais) foi ressuspenso em aproximadamente 1,5

mL (dependente do conteúdo de membranas) da solução de membranas totais (MT)

(10 mL de solução de lise, na presença de 1 g/mL de coquetel de inibidores de

proteases. E em tentativa de evitar choque osmótico foi adicionado 1,17 g de glicerol

a solução de MT. Este volume foi adicionado gradativamente, ou seja, o volume foi

transferido aos poucos, geralmente de 300 em 300 L misturando bem, até que o

volume final determinado fosse atingido. A ressuspensão de membranas totais foi

colocada no homogeneizador de vidro com o pistilo de teflon (“potter”) e

homogeneizada com 7 ciclos completos (“strokes”).

3.5.1e) Obtenção de membranas intracelulares fracionadas em gradiente de densidade de sacarose

Foi colocado de 1 a 1,3 mL de ressuspensão de membranas totais sobre um

gradiente descontínuo de sacarose entre as concentrações de 20 a 56% (cada

concentração de sacarose foi diluída peso/peso (p/p) em solução de sacarose (10

mM MOPS-NaOH pH 7,2). O gradiente foi centrifugado a 27000 rpm (140000 x g)

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por 2 horas e 45 minutos a 4°C (centrífuga Himac 75, rotor P28S). O volume de

membranas totais restante foi aliquotado em tubo cônicos de 1,5 mL (“eppendorfs”),

congelado em nitrogênio líquido e armazenado no freezer a temperatura de 70 °C

negativos (Freezer –70 °C) até que as análises fossem realizadas.

As vesículas de membranas que foram separadas no gradiente descontínuo

de sacarose foram fracionadas pela introdução de um capilar de vidro até o fundo do

tubo de centrífuga, onde as membranas separadas no gradiente descontínuo de

sacarose se encontravam. Foram coletadas 10 gotas de vesículas de membranas

separadas em gradiente de sacarose. Esta coleta foi realizada do fundo para a

superfície do tubo com o auxílio de uma bomba peristáltica e um coletor de frações,

ou seja, as primeiras frações de vesículas de membranas representam as vesículas

de membranas mais densas e as últimas frações foram às vesículas de membranas

menos densas. Após o fracionamento, as frações de vesículas de membranas foram

congeladas em nitrogênio líquido e armazenadas no freezer a temperatura de 70 °C

negativos (Freezer –70 °C) até que essas amostras fossem analisadas.

3.5.2) Isolamento de membranas para a condição II (com YEPD; comYEPD+CaCl2; com YEPD+CaCl2+CsA)

A condição II para o isolamento de membranas só foi feita com as células da

cepa AA255 de S. cerevisiae, que cresceram até o meio da fase logarítmica.

Isolamento dos esferoplastoshidrólise enzimática da parede celular

Sedimentação de “debris”

Sedimentação das membranas totais

Fracionamento das membanas totais emgradiente de sacarose

Lavagem das células

Exp 1 Exp 2 Exp 3YEPD YEPD YEPD

10g/mL CsA

Células de leveduras

2,5 h, 30 oC, 250 rpm

Exp 1 Exp 2 Exp 3Adição de: H2O 100mMCaCl2 100mMCaCl2

2,5 h, 30 oC, 250 rpm

Isolamento dos esferoplastoshidrólise enzimática da parede celular

Sedimentação de “debris”

Sedimentação das membranas totais

Fracionamento das membanas totais emgradiente de sacarose

Lavagem das células

Exp 1 Exp 2 Exp 3YEPD YEPD YEPD

10g/mL CsA

Células de leveduras

2,5 h, 30 oC, 250 rpm

Exp 1 Exp 2 Exp 3Adição de: H2O 100mMCaCl2 100mMCaCl2

2,5 h, 30 oC, 250 rpm

Esquema 7: Diagrama do isolamento de membrana na condição II.

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A cultura de suspensão celular foi centrifugada a 5000 rpm (4000 x g) 5 min a

4 °C (centrifuga Beckman coulter AllegraTM 6R). O meio foi desprezado e as células

(sedimento) foram ressuspensas em três Erlenmeyers contendo cada um 200 mL de

meio YEPD. O primeiro (controle) com 200 mL de meio YEPD; o segundo

(CsA/Ca2+) com 200 mL de meio YEPD complementado com 10 g/mL de

ciclosporina A (CsA - antagonista da calcineurina) e o terceiro (Ca2+) com 200 mL de

meio YEPD foram incubados por 2 a 2,5 h a 30 °C sobre agitação constante de 250

rpm. Após esse tempo de incubação foi adicionado ao segundo e terceiro frasco

(CsA/Ca2+ e Ca2+) 100 mM de CaCl2. A partir deste momento as 3 versões foram

incubadas por mais 2,5 horas a 30 °C sobre agitação de 250 rpm.

3.5.2a) Obtenção de células

Após o tempo de incubação com o CaCl2 (estresse pelo Ca2+), os meios com

suspenção de células “controle”, células incubadas com CaCl2 e as células

incubadas com CsA/Ca2+, foram centrifugadas a 5000 rpm (4000 x g) 5 min a 4 °C

(centrifuga Beckman coulter AllegraTM 6R).

As células controle (incubadas somente com YEPD) foram mantidas no gelo.

Enquanto que as células incubadas com CaCl2 ou com CsA/Ca2+ foram lavadas com

solução de lavagem I (100 mM EDTA-NaOH pH 7,2) e centrifugadas a 5000 rpm

(4000 x g) 5 min a 4 °C (centrifuga Beckman coulter AllegraTM 6R). A segunda

lavagem foi feita com a solução de lavagem II (25 mM EDTA, 1 mM EGTA pH7,2) e

centrifugada a 5000 rpm (4000 x g) 5 min a 4 °C (centrifuga Beckman coulter

AllegraTM 6R).

A terceira lavagem foi feita com a solução III (5 mM Tris-HCl pH 7,2) tanto nas

células que foram incubadas com CaCl2, tanto nas que foram incubadas com

CsA/Ca2+ quanto nas que foram incubadas somente com o meio YEPD (“células

controle”) e centrifugadas a 5000 rpm (4000 x g) 5 min a 4 °C (centrifuga Himac

CR21, rotor 29). Em seguida a solução de lavagem III foi descartada e o peso úmido

das células foi determinado.

3.5.2b) Obtenção dos esferoplastos

Este passo seguiu o protocolo descrito no item 3.5.1b.

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3.5.2c) Obtenção de membranas totais

O sedimento (esferoplastos) que não foi pré-incubado com glicose, foi re-

suspenso com 20 mL de tampão de lise (12,5% de sacarose, MOPS 20 mM pH7,4);

1 mM DTT, 1 g/mL coquetel de inibidores (solução estoque do coquetel de

inibidores: aprotinin, quimistatina, pepstatina, antipaina, leupeptina, cada 1 mg/ml), 1

mM benzamidina (200 mM estoque), 1 mM PMSF (200 mM estoque). Seguido do

passo descrito no item 3.5.1d.

3.5.2d) Obtenção de membranas intracelulares fracionadas em gradiente

de sacarose

Este passo seguiu o protocolo descrito no ítem 3.5.1e.

3.5.3) Isolamento de membranas para a condição III (crescimento das células com: YEPD; YEPD+CaCl2)

As células cresceram em meio YEPD complementado ou não com 150 ou 50

mM de CaCl2 até o meio da fase logarítmica.

3.5.3a) Obtenção de células

Após o crescimento celular com ou sem CaCl2, a suspensão celular foi

centrifugada a 5000 rpm (4000 x g) 5 min a 4 °C (centrifuga Beckman coulter

AllegraTM 6R).

As células que não cresceram com CaCl2 foram mantidas no gelo, enquanto

que as células que cresceram com CaCl2 foram lavadas com solução de lavagem I

Incubação por 10 min à 300C c/ 100 mM Glicose

Lavagem das células

Isolamento dos esferoplastos

Homogeneização dos esferoplastos

Sedimentação das membranas totais

Fracionamento das membanas totais emgradiente de sacarose

Versão 1 Versão 2crescimento em YEPD crescimento em YEPD

+150 ou 50 mMCaCl2

Incubação por 10 min à 300C c/ 100 mM Glicose

Lavagem das células

Isolamento dos esferoplastos

Homogeneização dos esferoplastos

Sedimentação das membranas totais

Fracionamento das membanas totais emgradiente de sacarose

Versão 1 Versão 2crescimento em YEPD crescimento em YEPD

+150 ou 50 mMCaCl2

Esquema 8: Diagrama do isolamento de membrana na condição III.

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37

(100 mM EDTA-NaOH pH 7,2) e centrifugadas a 5000 rpm (4000 x g) 5 min a 4 °C

(centrifuga Beckman coulter AllegraTM 6R). Após a primeira lavagem, as células

foram lavadas com solução de lavagem II (25 mM EDTA, 1 mM EGTA pH7,2) e

centrifugado a 5000 rpm (4000 x g) 5 min a 4 °C (centrifuga Beckman coulter

AllegraTM 6R).

A terceira lavagem foi feita com a solução IV (água destilada pH 7,0) tanto

nas células que cresceram ou não com CaCl2 e centrifugadas a 5000 rpm (4000 x g)

5 min a 4 °C (centrifuga Beckman coulter AllegraTM 6R). Em seguida foi feito o

descarte da solução de lavagem IV e determinado o peso úmido das células.

3.5.3b) Obtenção dos esferoplastos Este passo seguiu o protocolo descrito no item 3.5.1b.

3.5.3c) Pré-incubação dos esferoplastos com glicose

A supensão de esferoplastos incubada com a solução de glicose repete o

protocolo descrito no item 3.5.1c. E os experimentos cujos esferoplasto não foram

incubados com glicose, seguem a seqüência experimental de obtenção de MT.

3.5.3d) Obtenção de membranas totais Este passo seguiu o protocolo descrito no item 3.5.1d.

3.5.3e) Obtenção de membranas intracelulares fracionadas em gradiente de sacarose

Este passo seguiu o protocolo descrito no item 3.5.1e.

3.6) Determinação do transporte de 45Ca+2

O ensaio de captação de 45Ca2+ em membranas de levedura foi realizado

seguindo o protocolo descrito por Okorokov & Lehle (1998) com modificações. Para a

determinação da cinética de captação de 45Ca2+ foi utilizado a solução de incubação (10

mM MOPS-KOH, pH 7,2, 160 mM de KCl, 5 mM de MgSO4; 9,8 M EGTA; 10,3 M

CaCl2; 0,5 Ci 45Ca2+) nas seguintes condições: (1) na ausência de 1 mM ATP-Mg

(s/ATP); (2) na presença de 1 mM ATP-Mg (ATP-FCCP); (3) na presença de 1 mM

ATP-Mg e diversas concentrações totais de MnCl2 (ATP+Mn2+); (4) na presença de 1

mM ATP-Mg e 1 M de FCCP (ATP+FCCP); (5) na presença de 1 mM ATP-Mg e 1 M

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de FCCP (ATP+FCCP) (usado para bloquear a atividade do trocador Ca2+/H+) e

diversas concentrações totais de MnCl2 ((ATP+FCCP+Mn2+).

No ensaio de cinética, a captação de Ca2+ foi analisada nos tempos de 1, 3, 5,

10, 15 e 30 min. Foi adicionado em 20 L de suspensão de membranas totais 1,1 mL

dos respectivos meio de incubação com 45Ca2+ e incubado a 30 ºC. Aproximadamente

15 segundos antes de terminar cada tempo de incubação, uma alíquota de 150 L da

solução incubada com a amostra foi retirada e exatamente ao terminar o tempo de

incubação esta alíquota foi injetada em aproximadamente 18 ml do solução de lavagem

(10 mM MOPS-KOH, pH 7,2; 342 mM de KCl; 5 mM de MgSO4) gelado, que já se

encontrava dentro do sistema de filtração. Na tentativa de deixar as vesículas de

membranas mais estáveis, evitando choques osmótico, foi adicionado a solução de

lavagem 345 mM de sorbitol.

As amostras foram então filtradas através de filtros de nitrocelulose (0,45 m)

com o auxílio de uma bomba de vácuo, imediatamente ao fim da filtração foi adicionado

aproximadamente o mesmo volume do tampão de lavagem anterior num processo de

lavagem das paredes do sistema de filtração. Após a lavagem, os filtros foram retirados

secos e colocados em frasco apropriados para o cintilador (“vial”) contendo

aproximadamente 4 mL de líquido de cintilação (27 mM PPO, 55 M POPOP

dissolvidos em 1 L de tolueno) e a radioatividade associada ao filtro de nitrocelulose foi

quantificada por contagem no cintilador (1600 TR Liquid Scintillation Analyzer –

PAKARD) em meio líquido de cintilação, ou seja, o que foi quantificado foi 45Ca2+

captado nas vesículas de membranas que se associaram com o filtro nitrocelulose.

O mesmo procedimento foi utilizado para as membranas fracionadas em

gradiente de sacarose, porém 30 L de vesículas de membranas fracionadas foram

usados para 180 L de solução de incubação de 45Ca2+, esta solução de incubação foi

incubada a 30 °C por 10 min. Após este tempo, 180 L da solução incubada foi retirado

e filtrado. E procederam-se as lavagens como descrito acima para membranas totais.

A atividade das Ca2+-ATPases foi determinada pelos valores encontrados na

captação de 45Ca2+ feito na presença de 1 mM de ATP e 1 M de FCCP (ATP+FCCP).

A atividade do trocador Ca2+/H+ foi determinada subtraindo valores obtidos na captação

de 45Ca2+ feita na presença de 1 mM de ATP (ATP-FCCP) dos valores obtidos na

captação de Ca2+ feito na presença de FCCP (ATP+FCCP). A adição de MnCl2, na

determinação das Ca2+-ATPases e trocador Ca2+/H+, foi utilizada como estratégia de

análise para verificar se os transportadores de Ca2+ podem ou não transportar o Mn2+.

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Dessa forma o Mn2+ iria competir com o Ca2+ pelo mesmo sítio de ligação nos

transportadores de Ca2+, a captação de 45Ca2+ na presença de MnCl2 foi determinada

no tempo de 10 e/ou 15 min com no mínimo três repetições para cada determinação.

3.7) Determinação do conteúdo de proteína

O conteúdo de proteína foi determinado seguindo o protocolo descrito por

Bradford (1976) e modificado por Read & Northcote (1981) usando BSA como padrão.

O reagente de Bradford foi preparado a partir da adição de 12 mL de etanol

absoluto a 28 mg de Comassie Brilliant Blue G 90%, que foi deixado sob agitação

por 1 hora, protegido da luz. Após este tempo foi adicionada à solução 25 mL de

ácido ortofosfórico 85%, que foi homogeneizado. Após homogeneização, o volume

foi completado para 250 mL com água destilada e a solução foi misturada. Esta

solução foi filtrada por 4 vezes em filtro de papel. A solução de Bradford foi

armazenada em vidro âmbar na geladeira. 1 mg/mL de albumina de soro bovino foi

utilizado como padrão de proteína.

Para determinar a curva padrão de proteína, foram retirados volumes entre 2

a 20 L da solução de albumina (1 mg/mL) e estes foram completados com

quantidade suficientes para 100 L de volume final com água destilada. Após este

procedimento foi adicionado 1 mL da solução de Bradford. Cada reação permaneceu

a temperatura ambiente 10 min exatos (isto é, havia um intervalo de 30 segundo

entre os tubos onde ocorriam as reações). Após este tempo, procederam-se as

leituras de cada amostra no espectrofotômetro no 595 nm com mesmo intervalo de

30 segundos.

O conteúdo de proteína foi determinado tanto nas membranas totais quanto

nas membranas fracionadas utilizando 5 a 15 L de suspensão de membranas e

completando o volume para 100 L com água destilada e adicionando 1 mL da

solução de Bradford. Aguardando exatamente 10 min e procedendo as leituras no

espectrofotômetro no 595 nm. Para os valores do conteúdo de proteína que

ficaram fora da faixa de linearidade ou próximo a extremidade da curva padrão,

foram realizados os seguintes procedimentos: (1) ou aumentou-se o conteúdo de

membranas; (2) ou as membranas foram diluídas com água destilada; a fim de que

suas leituras permanecessem, preferencialmente, entre os valores médios

estabelecidos na curva padrão.

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40

3.8) Curva padrão de fosfato inorgânico (Pi) para as determinações

fosfohidrolíticas de pirofosfato (PPi) e GDP.

A solução estoque de 0,5 mol/mL de KH2PO4 (este sal foi previamente

desidratado a uma temperatura entre 40 °C a 60 °C por 2 – 3 h) foi usado como padrão

do conteúdo de fosfato inorgânico (Pi). Volumes entre 50 e 1000 L dessa solução

foram utilizados para determinar a curva padrão. Os volumes abaixo de 1000 L foram

completados com quantidade suficiente de água destilada para completar o volume final

de 1 mL. A solução de Pi foi incubada a 30 °C por 30 min. Após esta incubação, 2,0 mL

da solução C (descrita logo abaixo) foram adicionados (com 30 s de intervalo de um

tubo de reação para outro). Cada amostra foi incubada por exatamente 10 min a 30 ºC

seguida imediatamente da leitura no espectrofotômetro no 750 nm.

A solução C consiste de uma mistura 100:1 da solução A e a solução B, que

deve ser preparada próximo à adição desta na reação (solução A: 0,5% molibdato de

amônio, 0,5% SDS, 2% H2SO4; solução B: 10% ácido ascórbico). A solução C foi

utilizada em iguais condições e proporções para as determinações de hidrólise do ATP,

PPi, GDP.

Todas as determinações de fosfohidrolases foram feitas com os respectivos

controles, que continham iguais meios de reação, porém na ausência de proteínas

(vesículas de membranas). Portanto, o resultado das atividades fosfohidrolíticas

encontrado em cada fração de membranas, foi referente à diferença entre as atividades

“brutas” de cada fração com a atividade de seu respectivo controle.

3.9) Determinação hidrolítica do pirofosfato (PPi) (Pirofosfatase de membrana

(PPiase) – enzima marcadora de membranas do vacúolo)

Existem dois tipos de pirofosfatases (PPiase), solúvel e ligada à membrana. Para

determinar a atividade da PPiase de membrana, a medida da atividade hidrolítica dessa

enzima foi feita na presença de 100 mM de sorbitol a fim de manter a osmolaridade e

integridade das vesículas de membranas.

A atividade pirofosfatásica de membrana foi detectada pelo aumento da

quantidade de fosfato inorgânico (Pi) resultante da hidrólise do pirofosfato inorgânico

(PPi), na presença de 100 mM sorbitol.

O preparo dos ensaios de hidrólise de PPi foi feito no gelo, colocando nos tubos

20 L suspensão de vesículas membranas em 670 L da solução D (30 mM MOPS-

KOH pH 7,2; 3,75 mM MgSO4; 262 M Molibdato de amônio; solução estoque para

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obter as concentrações finais de 21,6 mM MOPS-KOH pH 7,2, 1,98 mM MgSO4, 180

M Molibdato de amônio), 200 L Sorbitol 500 mM (concentração final 100 mM) e 50

L PPi pH 7,2 (concentração final 1 mM). As amostras foram incubadas por 30 min a

30 °C. Após esta incubação, os tubos nos quais ocorriam a reação (amostras) foram

recolocados no gelo e 2,0 mL da solução C foram adicionados a cada um destes (com

30 s de intervalo de um tubo de reação para outro). Cada amostra foi incubada por

exatamente 10 min a 30 °C seguida imediatamente da leitura no espectrofotômetro no

750 nm.

3.10) Determinação de GDPase (enzima marcadora de membranas do Golgi)

A atividade GDPásica foi detectada pelo aumento da quantidade de fosfato

inorgânico (Pi) resultante da hidrólise de GDP seguindo o método descrito por Albeijon

et al. (1989). A preparação da determinação de GDPase foi feita no gelo, colocando 10

L de 200 mM imidazol pH 7,4; 10 L de 1% triton X-100; 2L de 40 M CaCl2; 10 L

de 70 mM GDP; 48 L de água destilada; 20 L de suspensão de membranas. As

amostras foram incubadas a 37 °C por 30 min. Após este tempo, as amostras

retornaram ao gelo e foram adicionados 10 L de 5% SDS (resfriado) a fim de paralisar

a reação e 880 L de água destilada gelada. Após a adição da água, 2,0 mL da solução

C foram adicionados (com 30 s de intervalo entre um tubo de reação para outro).

Cada reação foi incubada por exatamente 10 min a 30 °C seguida imediatamente da

leitura da absorbância no 750 nm.

3.11) Determinação de NADP-H citocromo “c” oxido-redutase (enzima marcadora do retículo endoplasmático, RE)

A atividade da NADP-H citocromo “c” oxido-redutase foi determinada segundo o

método de Feldman e colaboradores (1987). A analise é realizada por uma reação de

cinética enzimática. A determinação foi feita diretamente na cubeta com 900 L da

solução de citocromo “c” na presença de KCN (0,6 M Sorbitol; 50 mM KH2PO4 pH 7,4;

400 M KCN; 1 mg/mL citocromo “c”) pré-aquecida a 30 °C, 100 L da solução de

NADP-H (0,6 M Sorbitol; 50 mM KH2PO4 pH 7,4; 1 mM NADP-H) e 30 L de frações de

vesículas de membranas separadas em gradiente de sacarose. O tempo da reação foi

iniciado quando as frações de vesículas de membranas foram adicionadas na solução a

cubeta foi invertida aproximadamente 3 vezes (para misturar os componentes da

reação). A primeira leitura da cinética foi feita no tempo de 10 s após a introdução das

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vesículas de membranas. As leituras da absorbância foram feitas no 550 nm com

intervalos de 5 s até completar o tempo de 180 s.

As absorbâncias encontradas no 550 nm foram tratadas da seguinte forma: (1)

cada DO encontrada no 550 nm entre os intervalos de 5 s foi colocada no papel

milimetrado; (2) os pontos lineares da curva foram considerados (geralmente os

primeiros pontos); (3) foi traçado uma reta de tendência, que foi utilizada para o cálculo

da atividade; (4) foi encontrado o s (a diferença entre o ponto inicial e o ponto final na

reta de tendência) para o tempo de 1 min; (5) a velocidade enzimática foi determinada

pela razão do s e o t (1 min). A unidade da velocidade enzimática desta enzima foi

especificada como, unidades relativas/min.

3.12) Determinação da fosfatase alcalina (enzima marcadora do vacúolo)

A atividade da fosfatase alcalina foi determinada segundo o método de Mitchell e

colaboradores (1981). A preparação da determinação da fosfatase alcalina foi feita no

gelo, colocando 465 L da solução de reação (250 mM Tris-HCl pH 8,0, 0,4% triton X-

100, 100 mM MgCl2, 1 mM pNPP (substrato fosfatase – Sigma) e 20 L de suspensão

de membranas separada em gradiente de densidade de sacarose. O volume final da

reação é de 500 L, portanto foi adicionado mais 15 L de água destilada a reação. As

amostras na solução de reação foram incubadas a 30 °C por 5 min. Após este tempo,

as amostras retornaram ao gelo e foram adicionados 500 L de solução de parada (1 M

glicina-KOH pH 11). Após a adição da solução de parada, a absorbância de cada

reação determinada espectrofotometricamente no 400 nm.

3.13) Imunoensaio (Imunoresposta de Pmc1p::HA por dot blotting)

Em um pedaço de membrana de nitrocelulose foram marcados quadrantes de

1 cm2. Essa membrana de nitrocelulose foi embebida em tampão PBS (10 mM de

Na2HP04, pH 7,6 contendo 0,9% NaCI) por alguns minutos até que estivesse

completamente umedecida. A membrana de nitrocelulose ficou reservada sobre um

papel de filtro em local limpo e seco por algumas horas, até que a membrana de

nitrocelulose estivesse completamente seca.

O gene da Ca2+-ATPase de vacúolo, PMC1, da cepa K699 foi conjugada com

o gene da hemoaglutina A. Portanto, o critério de seleção das frações para o imuno

ensaio foi feita de acordo com o pico de atividade das Ca2+-ATPases encontrada ao

longo da distribuição das membranas em gradiente de densidade de sacarose. Em

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cada quadrante de 1 cm2 foram aplicadas 10 L de membranas de levedura

separadas em gradiente de sacarose da cepa K699. A aplicação dos 10 L de

membranas da cepa K699, ocorreu de forma que fossem gotejadas

perpendicularmente sobre um dos quadrantes marcado na membrana de

nitrocelulose e se espalhassem uniformemente, formando um círculo com bordas

regulares. Aguardou-se o tempo suficiente para que as amostras ficassem secas

completamente.

Após a secagem das amostras, a membrana de nitrocelulose foi embebida

em tampão PBS + 5 % leite comercial desnatado (Molico), em temperatura ambiente

por 1 h, a fim de bloquear a região da membrana que não contém a proteína

aplicada.

A membrana de nitrocelulose foi colocada em uma placa de Petri de modo a

ficar imersa em tampão PBS, contendo anticorpo primário monoclonal contra a

hemoaglutinina A (HA) (IgG de camundongo contra HA - Amersham Pharmacia

Biotech) que está conjugada ao gene da Ca2+-ATPase de vacúolo, PMC1. O

anticorpo contra HA foi diluído na proporção de 1:1000, 1:2500 ou 1:5000 v/v. A

membrana de nitrocelulose ficou em agitação por 30 minutos na presença do

anticorpo primário e após os 30 min. a placa de Petri contendo as amostras retidas

na membrana de nitrocelulose embebida com o anticorpo primário foi armazenado

durante a noite na geladeira.

No dia seguinte, a placa de petri que incubou as amostras na presença do

anticorpo primário foi retirada da geladeira e colocada em agitação por 30 min. a

temperatura ambiente. Logo em seguida, iniciou-se o procedimento de lavagem da

membrana de nitrocelulose com tampão PBS + 5% de leite por 1 h, trocando a cada

15 min. em agitação.

Após esse procedimento, a membrana de nitrocelulose foi incubada por 1 h

em agitação a temperatura ambiente com o anticorpo secundário (anti-camundongo

conjugado com peroxidade - Amersham Pharmacia Biotech) na proporção de 1:1000

v/v em tampão PBS + 5 % de leite.

Após a incubação, a solução que continha o anticorpo secundário foi

descartada e a membrana de nitrocelulose foi lavada em tampão comercial

desnatado em agitação por 30 minutos, a troca dessa solução foi efetuada a cada 10

min. Após a lavagem da membrana de nitrocelulose em tampão PBS + 5 % de leite,

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essa membrana de nitrocelulose foi lavada em tampão PBS por 30 min efetuando a

troca dessa solução a cada 5 min.

A imunoresposta foi revelada através da imersão da membrana de

nitrocelulose na solução de revelação (1 mM Tris-HCI pH 7,4, contendo 0,1 M

Imidazol, 4,7 mM DAB, 30% H202 e H20) em local escuro por alguns minutos, sob

vigilância constante, até que se pudesse observar “as gotas” de aplicação da

amostra. A partir desse momento a membrana de nitrocelulose foi retirada da

solução de revelação e imediatamente lavada com água destilada em abundância e

colocada para secar.

A quantificação do conteúdo de HA foi analisada pelo Professor Cláudio

Retamal, pela quantificação das manchas (“dot”) e desprezando o “background”

(Retamal et aI, 1999).

3.14) Determinação da concentração de sacarose

A determinação da concentração de sacarose foi feita no refratômetro

(Milton Roy Company), este aparelho teve com padrão a densidade da água. O

aparelho foi calibrado da seguinte maneira: (1) foram colocados aproximadamente 20

L de água destilada; (2) o aparelho foi acertado para densidade da água 1 g/L. Após a

calibração do aparelho, foram colocados aproximadamente 20 L de frações de

vesículas de membranas separadas em gradiente de densidade de sacarose e a leitura

indicada no aparelho foi anotada. O refratômetro oferece duas unidades de medida, o

índice de refração e a concentração em porcentagem. As leituras foram feitas à

temperatura ambiente de 26 a 28 °C.

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45

4. RESULTADOS

4.1 - Identificação das membranas intracelulares da via secretória de S.

cerevisiae

Nosso trabalho visa, principalmente, o estudo do transporte iônico.

Primeiramente, as análises dos transportes de Ca2+ foram realizadas nas frações de

membranas separadas em gradiente descontínuo de densidade de sacarose (Fig. 1;

Figs dos capítulos posteriores) seguida de posterior análise de identificação das

frações de membranas enriquecidas por membranas do vacúolo, Golgi e retículo

endoplasmático (RE).

A atividade do transporte de 45Ca2+ foi a primeira análise feita nas frações de

membranas separadas em gradiente de densidade de sacarose, que foram

congeladas e armazenadas no freezer a temperatura de menos 70 °C. Pois essas

enzimas podem ser mais sensíveis que as enzimas marcadoras e, portanto, a

análise realizada após um segundo descongelamento poderia promover a perda da

atividade dos transportadores de Ca2+ (Fig. 1, outras Fig. subseqüentes).

Posteriormente, ocorrem as análises de identificação das frações de membranas do

vacúolo, Golgi e retículo endoplasmático (RE).

A atividade dos transportadores de Ca2+, Ca2+-ATPases e trocador Ca2+/H+,

foi encontrada em todos os compartimentos intracelulares da via secretória de

levedura (Fig. 1; Figs dos próximos capítulos) (Okorokov et al., 1995a; Okorokov et

al., 1995b; Okorokov &Lehle, 1998; Okorokov et al, 2001; Silva, 2003; Ribeiro,

2007). Apenas dois genes foram identificados para Ca2+-ATPase, PMR1 (Ca2+-

ATPase de Golgi) e PMC1 (Ca2+-ATPase de vacúolo) e apenas um único gene foi

identificado como trocador Ca2+/H+, VCX1 (trocador Ca2+/H+ de vacúolo)

(Cunningham & Fink, 1994; Okorokov et al, 1995; Cunningham & Fink, 1996; Sorin et

al, 1997 Catty et al , 1997). Entretanto, o gene SPF1/COD1 esta sendo proposto

como uma provável Ca2+-ATPase de RE (Cronim et al., 2002).

Devido a ausência de identificação de outros genes tanto para as Ca2+-

ATPases como para trocadores Ca2+/H+ levaram alguns pesquisadores sugerirem

que a atividade dos transportadores de Ca2+ em outras membranas é devido a

contaminação desta por membranas do vacúolo e/ou Golgi. Por este motivo, a

identificação das membranas é tão importante.

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46

A atividade da GDPase foi utilizada para identificar as frações de vesículas de

membranas enriquecidas por membranas do Golgi (Fig. 2) uma vez que esta enzima

é uma das responsáveis pelo processo de glicosilação no Golgi (Albeijon et al.

1989). Na Figura 2A pode ser observado que a atividade da GDPase foi encontrada

entre as frações 30 e 47 de vesículas de membranas de células que não foram

incubadas com Ca2+. Essa atividade também foi encontrada entre as frações 29 e 45

de vesículas de membranas isoladas de esferoplastos, cujas células foram

incubadas com Ca2+ (Fig. 2B). Ainda vale a pena enfatizar, que apesar da atividade

GDPase ter sido encontrada em intervalos diferentes de frações de vesículas de

membranas, estas migraram entre as mesmas concentrações de sacarose de 25 e

39% (Fig. 2, Tabela 3). Juntos estes resultados mostram que estas frações de

vesículas de membranas correspondem às frações de vesículas de membranas

enriquecidas pelas membranas do Golgi.

Para identificar as frações de membranas enriquecidas por membrana do RE,

a cinética enzimática da NADPH citocromo c oxiredutase foi utilizada como enzima

marcadora (Fig. 2) (Feldeman et al., 1987; Antebi & Fink, 1992; Okorokov &

Lehle,1998; Okorokov et al., 2001; Okorokova-Façanha et al., 2002; Martin et al.,

2005), embora tenhamos o conhecimento que as frações de vesículas da MP

comigram com as vesículas de membranas do RE (Okorokov et al., 1997). O pico de

atividade da NADPH citocromo c oxiredutase foi de 55% encontrada entre as frações

11 – 30 que migraram entre a concentração de sacarose de 39 - 50% (p/p) em

frações de membranas enriquecidas por membranas do RE de células que não

foram estressadas com Ca2+ extracelular (Fig. 2A). Já 52% da atividade de NADPH

citocromo c oxiredutase foi encontrada entre as frações 11 – 28 de células

estressadas com Ca2+ extracelular (Fig. 2B) que também migram entra o mesmo

intervalo de concentração de sacarose de células não estressadas por Ca2+

extracelular. Aproximadamente 55% da atividade de NADPH citocromo c oxiredutase

também foi encontrada entre as frações membrana 11 – 32 de cada uma das cepas,

selvagem (K601; Fig. 2C) e na mutante de calcineurina (cnb1 - K605; Fig. 2D)

migrando no mesmo intervalo de concentração de sacarose. Faz-se necessário

relembrar que, independente do número de frações estas vesículas de membranas

migraram no mesmo intervalo de concentração de sacarose, de 39 a 50% (Tabela 1;

Samarão et al., 2009).

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47

Vale a pena observar que a atividade de NADPH citocromo c oxiredutase não

apresentou um pico bem significativo, pois provavelmente essa atividade pode ser

encontrada em outras membranas. Portanto, lembramos que manosil transferase é

uma enzima específica das membranas do RE e migra na concentração de sacarose

entre 39 – 49%, porém seu custo é alto (Strahl-Bolsinger et al., 1993; Samarão et al.,

2009).

A atividade da fosfatase alcalina analisada foi utilizada para identificar as

frações de vesículas de membranas enriquecidas por membranas do vacúolo. O

pico da atividade da fosfatase alcalina foi encontrado entre as frações 35 e 43 de

membranas isoladas de células da cepa selvagem K699 de S. cerevisiae (Fig. 3).

Cabe aqui destacar que nesse experimento não foi realizado a sedimentação das

MT, ou seja, a separação membranar foi feita a partir do homogenato de

esferoplastos. Foi adicionado 3 mL desse homogenato sobre o gradiente de

densidade de sacarose e por esse motivo as 10 últimas frações do gradiente

aproximadamente, refere-se as vesículas de membranas menos densas que o

vacúolo, provavelmente, vesículas secretórias e/ou endossomas.

Para confirmar que o processo de fracionamento celular separou

eficientemente duas populações de vesículas de membranas menos densas,

membranas do Golgi e vacúolo, foi determinado a imunoresposta da Pmc1p::HA

(Ca2+-ATPase de vacúolo). Tanto a atividade da Ca2+-ATPase quanto a do trocador

Ca2+/H+ vacuolar comigra com o pico da imunoresposta do Pmc1p::HA entre as

frações 35 - 43 que são enriquecidas por membranas vacuolares (Fig. 4).

Após a determinação da concentração da densidade de sacarose das frações

de membranas e a identificação das membranas pela atividade das enzimas

marcadoras e por imunodetecção do Pmc1p::HA podemos determinar que as

frações de membranas enriquecidas por membranas do vacúolo, Golgi, retículo

endoplasmático/membrana plasmática (RE/MP) e membranas mais pesadas que o

RE/MP, provavelmente membranas do envelope nuclear/retículo

endoplasmático/membrana plasmática (EN) migram entre as seguintes

concentrações de sacarose, respectivamente: 14 a 25, 25 a 39, 39 a 50 e 50 a 56

(Tabela 2; Okorokov et al., 2001; Samarão et al., 2009).

A Tabela 3 serve para destacar a concentração de sacarose em que as

vesículas de membranas de diferentes compartimentos migraram durante o

processo de fracionamento. Pois isolamentos de membranas independentes variam

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48

quanto ao número de frações, mas a concentração de sacarose em que essas

frações de vesículas de membranas comigraram permanecem as mesmas

(Maeshima & Yoshida, 1989; Okorokov et al., 2001; Samarão et al., 2009).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

Frações

Ca2+

-ATP

ases

Ca-ATPases (s/Ca)

Ca-ATPases (c/Ca)

Vac

Vac

Golgi

Golgi

RE/MP

RE/MP

EN

EN

Fig. 1 – Efeito do Ca2+ extracelular sobre a atividade da Ca2+-ATPase em membranas celulares da cepa X-2180 de S. cerevisiae. As vesículas de membranas totais isoladas, de esferoplastos que foram energizados pela glicose, de células que foram (c/Ca) ou não (s/Ca) pré-incubadas com 100 mM CaCl2 por 2,5 h foram separadas em gradiente de densidade de sacarose. As frações de vesículas de membranas foram submetidas à análise de captação de 45Ca2+ na presença de 1mM ATP e 2,5 M de FCCP incubados por 10 min. Os resultados foram normalizados para 1 mg de proteína de MT aplicado sobre o gradiente (Silva, 2003).

pmol

Ca2+

/mg

de p

rote

ína

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49

Fig. 2 – Atividades da GDPase, PPiase de membrana, NADPH citocromo “c” oxi-redutase. Frações de vesículas de membranas de diferentes organelas da via secretória isoladas de células que foram ou não pré-incubadas com 100 mM de CaCl2 por 2,5 horas foram submetidas à análise da atividade da PPiase de membrana (enzima marcadora do vacúolo), GDPase (enzima marcadora do Golgi) e NADPH cit “c” oxiredutase (enzima marcadora do RE). A: vesículas de membranas isoladas de células que não foram pré-incubados com Ca2+; B: vesículas de membranas isoladas de células que foram pré-incubados com Ca2+. Os resultados foram normalizados para 1 mg de proteína de MT aplicado no gradiente. (Silva, 2003)

A

B

0

10

20

30

40

50

60

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52

Frações

Con

cent

raçã

o de

sac

aros

e (%

p/p

), N

ADP-

H c

it "c

" oxi

-red

utas

e (u

inid

ades

re

lativ

as/m

in.)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

GD

Pase

( m

ol P

i/mg

prot

eína

)

NADPH Sacarose GDPase

0

10

20

30

40

50

60

70

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52

Frações

Con

cent

raçã

o de

sac

aros

e (%

p/p

), N

ADP-

H c

it "c

" oxi

-red

utas

e (u

inid

ades

re

lativ

as/m

in.)

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

GD

Pase

( m

ol P

i/mg

prot

eína

)

NADPH Sacarose GDPase

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50

Fig. 2 – Atividades da GDPase, NADPH citocromo “c” oxi-redutase. Frações de membranas de diferentes organelas da via secretória isoladas de células de levedura do tipo selvagem e mutante de calcineurina foram submetidas à análise da atividade da GDPase (enzima marcadora do Golgi) e NADPH cit “c” oxiredutase (enzima marcadora do RE). C: Células do tipo selvagem (K601); D: células cnb1 (mutante de calcineurina). Os resultados foram normalizados para um mg de proteína de MT aplicado no gradiente.

C

D

0

50

100

150

200

250

300

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49

Frações

GD

Pase

( m

ol/m

g de

pro

teín

a)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

NAD

PH c

it c

oxire

duta

se (u

nida

de

rela

tiva/

min

./mg

de p

rote

ína)

GDPase (K601)NADPH (K601)

0

50

100

150

200

250

300

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49

Frações

GD

Pase

( m

ol/m

g de

pro

teín

a)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

NAD

PH c

it c

oxire

duta

se (u

nida

de

rela

tiva/

min

./mg

de p

rote

ína)

GDPase (K603)NADPH (K603)

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51

Fig. 3 – Atividade das enzimas marcadoras do Vacúolo (Fosfatase Alcalina e Vcx1p) e imunoreatividade da Pmc1p::HA (Ca2+-ATPase do vacúolo) em membranas intracelulares de S. cerevisiae. A atividade das Ca2+-ATPases e do Vcx1p (trocador Ca2+/H+ (pmol Ca2+/mg de proteína do homogenato de MT) foi normalizada para um mg de proteína aplicado sobre o gradiente. Atividade da fosfatase alcalina (DO400nm/10 L de amostra) e imunodetecção de Pmc1p::HA (unidades relativas/10 L de amostra) foram determinada pelo volume de 10 L de amostra de células (K699) que cresceram em condições controle.

0

20

40

60

80

100

120

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52

Frações

Ativ

idad

e do

s tra

nspo

rtado

res

de C

a2+

0

200

400

600

800

1000

1200

Imun

odet

ecçã

o de

PM

C1:

:HA

e A

tivid

ade

de fo

sfat

ase

alca

lina

Ca2+-ATPase Trocador Anti-HA Fosfatase Alcalina

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52

0

20

40

60

80

100

120

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52

Frações

Ativ

idad

e do

s tra

nspo

rtado

res

de C

a2+

(pm

ol C

a2+/m

g de

pro

teín

a)

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

Imun

odet

ecçã

o de

PM

C1:

:HA

(uni

dade

s re

lativ

as/1

0 L

de fr

ação

de

mem

bran

a)

Ca2+-ATPase (K699)Trocador (K699)Anti-HA (s/Ca)

Fig. 4 – Atividade das Ca2+-ATPases e trocadores Ca2+/H+ e imunoresposta da Pmc1p::HA (Ca2+-ATPase do vacúolo) em membranas intracelulares de S. cerevisiae K699 de esferoplastos que foram energizadas pela glicose. A atividade de Vcx1p (trocador Ca2+/H+ foi normalizada para um mg de proteína do homogenato de MT aplicado sobre o gradiente. Atividade da fosfatase alcalina e imunoreatividade de Pmc1p::HA foram determinada pelo volume de 10 L de fração de vesícula de membrana.

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53

Data do isolamento

Organela Frações do grad.

(s/Ca2+)

[ sac] (%) nas frações

(s/ Ca2+)

Frações do grad.

(c/ Ca2+)

[sac ] (%) nas frações (c/ Ca2+)

EN 1 – 10 58 – 50.2 1 – 10 51 – 48 RE 11 – 25 47 – 38.2 11 – 21 47 – 38.4

Golgi 26 – 39 36.8 – 27.6 22 – 36 37.8 – 29.2

10/07/01

Vac 40 - 46 24.6 – 16.8 37 – 44 28.2 – 14.4

EN 1 – 11 55.2 – 51.2 1 – 10 54.2 – 52 RE 11 – 30 51.6 – 38.4 11 – 28 51 – 40.4

Golgi 30 – 47 37.8 – 24 29 – 45 39.2 – 24.2

01/05/02

Vac 48 - 54 23 – 14.4 46 - 52 22.8 - 16

Média da concentração de sacarose (%) EN 56 – 50 RE 50 – 39

Golgi 39 – 25

Média dos

isolamentos Vac 25 – 14

Tabela 3: Localização das frações de membranas de compartimentos da via secretória de S. cerevisiae

separados em gradiente de densidade de sacarose (Silva, 2003).

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54

4.2 - Efeito do estresse por altas concentrações de Ca2+ extracelular sobre as

atividades dos transportadores de Ca2+ em S. cerevisiae

4.2.1 – Estresse de curto tempo pelo alto Ca2+ em células não energizadas pela glicose extracelular

O aumento da concentração de Ca2+ extracelular promove conseqüentemente

o aumento da concentração de Ca2+ no citosol [Ca2+]C (Halachmi & Eilam, 1993) que

ativa a calcineurina (CaN). A CaN ativada estimula a expressão do gene PMC1 e

PMR1, Ca2+-ATPase vacuolar e Ca2+-ATPase de Golgi respectivamente e inibição

da atividade do trocador vacuolar, Vcx1p (Cunningham & Fink, 1994; Cunningham &

Fink, 1996; Mendoza et al., 1996; Yoshimoto et al., 2002). Os estudos do efeito de

altas concentrações de Ca2+ extracelular sobre a atividade das Ca2+-ATPases foram

iniciadas durante a tese de mestrado, onde analisamos o efeito da incubação das

células de leveduras com alto Ca2+ sobre as atividades das Ca2+-ATPases em duas

cepas selvagens de S. cerevisiae diferentes, cepa X-2180 e cepa AA255. Mostramos

que a incubação das células de ambas as cepas com 100 mM de Ca2+ extracelular

no meio YEPD por 2,5 h estimula a atividade das Ca2+-ATPases em

aproximadamente três vezes (Silva, 2003).

O objetivo geral desta parte do trabalho foi revelar as respostas da levedura

ao estresse por altas concentrações de Ca2+ e o papel da calcineurina sobre a

atividade dos transportadores de Ca2+.

A CaN, proteína fosfatase Ca2+/calmodulina dependente, é uma das principais

proteínas regulatórias envolvida em condições de estresse (Cunningham & Fink,

1994; Mendoza et al., 1996; Yoshimoto et al., 2002). Com base neste conhecimento,

analisamos o efeito da ciclosporina A (CsA - antagonista da CaN) sobre a atividade

dos transportadores do efluxo de Ca2+ em células estressadas com 100 mM de Ca2+

por 2,5 h para avaliar o envolvimento da CaN, além de reavaliar o efeito do alto Ca2+

sobre a atividade das Ca2+-ATPases na cepa selvagem AA255.

A Figura 5 mostra que o transporte de 45Ca2+ é dependente de ATP. Quando

as células foram incubadas com 100 mM CaCl2 por 2,5 h a captação total de Ca2+

pelas membranas totais (MT) foi estimulada aproximadamente 2,5 vezes (Fig. 5).

Interessante que essa estimulação foi parcialmente diminuída pela ciclosporina A

(CsA), antagonista da CaN (Fig. 5).

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55

A análise do estresse por 100 mM Ca2+ sobre a atividade das Ca2+-ATPases

(Fig. 6; Tabela 4) e dos trocadores Ca2+/H+ (Tabela 5) revelou o aumento da

atividade em média de 2,7 e 2,0 vezes respectivamente (Tabela 4 e 5).

A adição de 10 g/mL CsA no momento do estresse pelo alto Ca2+ não foi

capaz de prevenir a estimulação da atividade das Ca2+-ATPases causada pelo alto

Ca2+, sugerindo que uma prévia incubação da CsA ou o uso do mutante de CaN

seria possível detectar o efeito da CaN sobre a atividade dos transportadores de

Ca2+ (Silva, 2003).

Verificamos que a prévia incubação por 2 h das células com 10 g/mL CsA

antes do estresse por alto Ca2+ preveniu a atividade das Ca2+-ATPases em média de

50% em vesículas de MT (Fig. 6A, Tabela 4). Porém, em nossas condições

experimentais não foi possível detectar qualquer alteração significativa do efeito da

CsA sobre a atividade do trocador Ca2+/H+ que foram estimulados pelo Ca2+

extracelular (Tabela 5).

O fracionamento das membranas totais em gradiente de densidade de

sacarose confirmou as observações feitas nas membranas totais e ainda revelou a

estimulação seletiva das Ca2+-ATPases em diferentes organelas da via secretória de

levedura (Fig. 7).

A atividade das Ca2+-ATPases foi encontrada em todas as populações de

membranas derivadas das diferentes organelas. A incubação com 100 mM de CaCl2

extracelular por 2,5 h estimulou a atividade das Ca2+-ATPases em todas as frações

de membranas e a pré-incubação das células com 10 g/mL CsA por 2 h antes do

estresse pelo Ca2+ preveniu essa estimulação (Fig. 7).

O estresse com 100 mM Ca2+ extracelular por 2,5 h estimulou a atividade das

Ca2+-ATPases em aproximadamente 2, 1,5 e 4 vezes nas membranas enriquecidas

por membranas do RE/MP, Golgi e vacúolo respectivamente. A CsA, adicionada 2 h

antes do estresse pelo Ca2+, reduziu essa estimulação em aproximadamente 40, 25

e 45% nessas mesmas membranas respectivamente. Os efeitos do alto Ca2+ assim

como o da CaN não foram revelados em membranas do EN/RE/MP. Mas a

incubação das células de cepas selvagem de leveduras AA255 e X-2180 (Silva,

2003; Ribeiro, 2004) com 100 mM de Ca2+ extracelular por 2,5 h estimulou a

atividade das Ca2+-ATPases em todas as organelas da via secretória em média 2, 2,

2 - 2,5 e 4,5 vezes nas membranas do EN/RE/MP, RE/MP, Golgi e vacúolo

respectivamente.

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56

A média entre 2 experimentos mostra que a incubação das células com 100

mM de Ca2+ extracelular por 2,5 h estimulou a atividade das Ca2+-ATPases em todas

as organelas da via secretória em 1,6, 2,0, 1,7 e 3,7 vezes para vesículas de

membranas enriquecidas por membranas do EN/RE/MP, RE/MP, Golgi e vacúolo

respectivamente.

Podemos observar que esses resultados estão em concordância com os

dados encontrados na literatura, ou seja, o aumento da concentração de Ca2+

extracelular e consequentemente a ativação da calcineurina (CaN) estimula entre 5 -

7 vezes a expressão do gene PMC1, que codifica a Ca2+-ATPase vacuolar

(Cunningham & Fink, 1994; Mendoza et al., 1996; Yoshimoto et al, 2002) e em 1,2

vezes do gene PMR1, que codifica a Ca2+-ATPase de Golgi (Yoshimoto et al, 2002).

A estimulação da atividade das Ca2+-ATPases, pelo Ca2+ extracelular, encontrada no

Golgi e vacúolo (Fig. 4) (Silva, 2003, Ribeiro, 2003) foi proporcional ao aumento da

expressão gênica de PMR1 e PMC1. Porém, nós mostramos que o Ca2+ extracelular

não ativa somente as Ca2+-ATPases de Golgi e de vacúolo mas também as Ca2+-

ATPases de membranas do RE/MP e EN/RE/MP. Esses resultados corroboram com

os dados de Silva (2003) e Ribeiro (2003) que todas as Ca2+-ATPases respondem

ao estresse por alta concentração de Ca2+ extracelular e mais, que essas Ca2+-

ATPases estão sobre a regulação da calcineurina.

A estimulação pelo Ca2+ extracelular foi relativamente alta para a atividade do

trocador Ca2+/H+ em MT (Fig. 6B), porém gostaríamos de fazer algumas

observações com relação a esse experimento: (1) a Figura 6A mostra que após 30

min de captação de Ca2+ a atividade das Ca2+-ATPases fica estabilizada enquanto

que a atividade do trocador após 10 min de captação teve a tendência de sofrer

decaimento na atividade (Fig. 6B); (2) a atividade do trocador foi baixa quando

comparada com outros resultados mostrados na tabela 4. Devido a essas

“dificuldades” técnicas iniciais de manter a atividade do trocador Ca2+/H+, não foi

possível mostrar o efeito do Ca2+ extracelular sobre a atividade do trocador nas

membranas da via secretória.

Nossos resultados mostram que o estresse por 100 mM Ca2+ durante

aproximadamente um ciclo de divisão celular (2,5 h) podem causar mudanças

significativas das atividades de ambos os tipos de transportadores de Ca2+, Ca2+-

ATPases e trocadores Ca2+/H+.

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57

Figura 5: Efeito do Ca2+ extracelular e da CsA sobre a captação de 45Ca2+ em membranas totais (MT) da cepa AA255 de S. cerevisiae. As células que não foram pré-incubadas (cont), as

que foram incubadas com 100 mM CaCl2 por 2,5 h (Ca) e as que foram pré-incubadas com 10

g/mL de CsA por 2 h e posteriormente incubadas por mais 2,5 h com 100 mM CaCl2 (Ca/CsA).

O acúmulo de Ca2+ foi normalizado para pmol Ca2+/mg de proteína de MT. Dados de um

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

0 5 10 15 20 25 30 35

Tempo (min)

Acúm

ulo

de C

a2+ (p

mol

Ca2+

/mg

de p

rote

ína)

s/ ATP (cont; Ca; Ca/CsA)

cont

Ca

Ca/CsA

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58

B

A

Figura 6: Efeito do Ca2+ extracelular e da CsA sobre os transportadores de Ca2+ em vesículas de membranas totais da cepa AA255 de S. cerevisiae de esferoplastos não energizados pela glicose. As células que não foram

pré-incubadas (cont), as que foram incubadas com 100 mM CaCl2 por 2,5 h (Ca) e as que foram pré-incubadas com

10 g/mL de CsA por 2 h e posteriormente incubadas por mais 2,5 h com 100 mM CaCl2 (Ca/CsA). (A) Atividade das

Ca2+-ATPases; (B) atividade dos trocadores Ca2+/H+. A atividade dos transportadores de Ca2+ foi normalizada para

pmol Ca2+/mg de proteína de MT. Dados de um experimento (exp. I) representativo de 5 (ver Tabela 4 e 5).

0

500

1000

1500

2000

2500

0 5 10 15 20 25 30 35

Tempo (min)

Ativ

idad

e da

s C

a2+-A

TPas

es

Ca2+-ATPase (Cont)

Ca2+-ATPase (Ca2+)

Ca2+-ATPase (Ca2+/CsA)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0 5 10 15 20 25 30 35

Tempo (min)

Ativ

idad

e do

s tro

cado

res

Ca2+

/H+

Trocador (Cont)Trocador (Ca2+)Trocador (Ca2+/CsA)

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59

Figura 7: Efeito do Ca2+ extracelular e da CsA sobre a atividade das Ca2+-ATPases em membranas intracelulares da cepa AA255 S. cerevisiae. As células que não foram incubadas (cont), as que foram incubadas com 100 mM CaCl2 por 2,5 h (Ca) e as que foram pré-incubadas com 10 g/mL de CsA por 2 h e posteriormente incubadas por mais 2,5 h com 100 mM CaCl2 (Ca/CsA). Os esferoplastos, não energizados com glicose, foram isolados e separados em gradiente de densidade de sacarose. (A) determinação da atividade das Ca2+-ATPases em cada fração de membrana. (B) atividade das Ca2+-ATPases de diferentes organelas. As atividades das Ca2+-ATPases foram normalizadas em pmol Ca2+/mg de proteína de MT aplicado sobre o gradiente. Dados de um experimento (exp. I) representativo de 2 (ver Tabela 4). O índice acima das colunas indica o efeito do Ca2+ extracelular sobre a atividade dos transportadores de Ca2+ e da CsA sobre o efeito estimulatório do Ca2+ extracelular. As setas direcionadas para baixo indicam inibição da atividade e as direcionadas para cima estimulação.

B

A

0

5

10

15

20

25

30

35

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

Frações

Ativ

idad

e da

s C

a2+-A

TPas

es

ControleCa2+Ca2+/CsA

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

EN. RE/MP Golgi Vacúolo

Ativ

idad

e da

s C

a2+-A

TPas

es

ControleCa2+Ca2+/CsA

2,4

0,24

2,2

0,42

0,42

Frações (1 -10) (11 – 32) (33 – 45) (45 – 52)

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60

N° do

Experimento

DO 600nm/mL

atividade (controle)

(pmol/mg de proteína)

atividade (Ca)

(pmol/mg de proteína)

atividade (Ca/CsA)

(pmol/mg de proteína)

Estimulação pelo alto Ca2+

(vezes)

Efeito da CsA sobre o alto

Ca2+ (vezes)*

I 2,5 MT 739 1837 1131 2,5 1,6 II 4,9 MT 1753 4258 3726 2,4 1,1 III 2,9 MT 1440 6644 2474 4,6 2,7 IV 3,0 MT 1415 3814 2575 2,7 1,5 V 1,4 MT 864 1035 736 1,2 1,4

Média 2,9 MT 1248 ± 191 3518 ± 985 2128 ± 539 2,7± 0,53 1,7 ± 0,27

N° do Experimento

DO 600nm/mL

Org. das atividade (controle)

**

das atividade

(Ca) **

das atividade (Ca/CsA)

**

Estimulação pelo alto Ca2+

(vezes)

Efeito da CsA sobre o alto

Ca2+ (%)

EN 110 245 250 2,2 0,98 RE 180 325 420 1,8 0,78

Golgi 430 910 900 2,1 1,01

I

4,9

Vac 105 540 555 5,1 0,97

EN 63 69 70 1,0 0,98 RE 168 403 233 2,4 1,7

Golgi 240 242 184 1,0 1,3

II

2,5

Vac 34 74 43 2,2 1,7 Média das estimulações pelo alto Ca2+ entre os experimentos e do efeito da CsA

EN 87 157 160 1,8 0,98 RE 174 364 327 2,1 1,1

Golgi 335 576 542 1,7 1,1

Média

3,7

Vac 70 307 299 4,4 1,0 * Diminuição de estimulação pelo estresse por alta concentração de Ca2+ extracelular. ** da atividade dos das Ca2+-ATPases em frações de membranas enriquecidas por organelas da via secretória é expresso em pmol/mg de proteína de MT aplicado sobre o gradiente

Tabela 4: Efeito da pré-incubação com 100 mM Ca2+ extracelular e da CsA na atividade das Ca2+-ATPases

em MT e nas organelas da via secretória de S. cerevisiae AA255 cujos esferoplastos não foram

energizados com glicose

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61

N° do

Experimento

DO 600nm/mL

atividade (controle)

(pmol/mg de proteína)

atividade (Ca)

(pmol/mg de proteína)

atividade (Ca/CsA)

(pmol/mg de proteína)

Estimulação pelo alto

Ca2+ (vezes)

Efeito da CsA sobre o

alto Ca2+ (vezes)

I * 2,5 MT 192 552 654 2,9 0,84

IV * 3,0 MT 1206 1639 1639 1,4 1,0 V * 1,4 MT 719 1075 778 1,5 1,38 VI 5,9 MT 749 1654 1609 2,2 1,03

Média 3,2 MT 717 ± 270 1230 ± 263 1170 ± 263 2,0 ± 0,25 1,1± 0,11

* Nesses experimentos significa que também foi feito atividade de Ca2+-ATPase em MT (Tabela 4)

Tabela 5: Efeito da pré-incubação com 100 mM Ca2+ extracelular e da CsA na atividade dos trocadores

Ca2+/H+ em MT da cepa selvagem AA255 de S. cerevisiae cujos esferoplastos não foram energizados

com glicose

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62

4.2.2 – Estresse permanente pelo alto Ca2+ em células não energizadas pela

glicose extracelular

Em experimentos descritos na literatura sobre estresse pelo alto Ca2+, as

células de S. cerevisiae foram cultivadas em meio YEPD na presença de alto Ca2+

por aproximadamente 7 - 9 h (Cunningham & Fink, 1994; Marchi, et al, 1999). Com

base nestes dados, cultivamos as células de leveduras AA255 em meio YEPD com e

sem 150 mM de Ca2+ por cerca de 14 – 12 h.

Verificamos que o crescimento das células de S. cerevisiae com 150 mM

CaCl2 estimulou a atividade dos transportadores de Ca2+ em membranas totais

dessas células.

O crescimento com 150 mM Ca2+ estimulou a atividade das Ca2+-ATPases

(Fig. 8, Tabela 6) e dos trocadores Ca2+/H+ (Fig. 8, Tabela 7) em aproximadamente

2,2 e 1,8 vezes respectivamente.

Interessante observar que a estimulação de atividade de trocadores Ca2+/H+

de MT apresenta-se como uma característica chave para sobrevivência de células

de levedura durante o estresse permanente por alto Ca2+ extraceluar (Fig. 9A;

Tabela 7). As células cuja atividade dos trocadores Ca2+/H+ foi ativada entre 1,8 - 1,9

vezes apresentam fraca inibição do crescimento (~10%). E o contrário, quando a

inibição do crescimento foi de 54% observou-se que a atividade dos trocadores

Ca2+/H+ decaiu aproximadamente 80%. Esses novos dados indicam a importância

dos trocadores na homeostase de Ca2+ em leveduras.

Existe uma correlação similar entre a resistência de levedura ao estresse

permanente por alto Ca2+ e a estimulação da atividade das Ca2+-ATPases em um

limitado intervalo de estimulações (Fig. 9B). Mas, em dois experimentos essa

correlação não foi observada. A ativação das Ca2+-ATPases foi de 2,1 e 3,8 vezes,

acompanhado por 68 e 80% do crescimento das células respectivamente em

comparação ao controle (Tabela 6A).

O fracionamento das MT em gradiente de densidade de sacarose revelou a

estimulação das atividades das Ca2+-ATPases (Fig. 10) e dos trocadores Ca2+/H+

(Fig. 11) em todas as frações de membranas.

O crescimento com 150 mM de Ca2+ estimulou a atividade das Ca2+-ATPases

em média de seis experimentos foi de aproximadamente 4, 2,5, 3,5, e 2 vezes nas

vesículas de membranas enriquecidas por membranas EN, RE/MP, Golgi e vacúolo

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63

respectivamente (Fig. 10; Tabela 6B). Nessas condições a atividade dos trocadores

Ca2+/H+ foi também estimulada em 1,8, 1,5, 1,8 e 1,2 vezes nas vesículas de

membranas enriquecidas por membranas EN, RE/MP, Golgi e vacúolo

respectivamente (Fig. 11; Tabela 7).

Devemos relembrar que as membranas do envelope nuclear (EN) comigram

parcialmente com as membranas do RE e MP, porém os dados mostram que as

resposta dos transportadores de Ca2+ no EN são diferentes das respostas do

RE/MP.

Nossos experimentos indicam que a determinação da atividade do trocador

Ca2+/H+ mostrou ser muito mais sensível a variações experimentais que a atividade

das Ca2+-ATPases. Portanto, de cinco experimentos que no qual o crescimento das

células com alta concentração de Ca2+ estimulou a atividade do trocador Ca2+/H+ em

vesículas de MT. Apenas dois destes, após o fracionamento das MT em gradiente

de densidade de sacarose, mantiveram a estimulação enquanto que nos três outros,

o crescimento de S. cerevisiae com alto Ca2+ não alterou atividade do trocador

(Tabela 7).

O crescimento das células de levedura com 150 mM Ca2+ estimulou a

atividade das Ca2+-ATPases em aproximadamente 4, 2,5, 2 e 2 vezes nas

membranas do EN, RE/MP, Golgi e vacúolo respectivamente (média de 6

experimentos; Tabela 6B) e também estimulou a atividade dos trocadores Ca2+/H+

em aproximadamente 2,5, 1,5 e 1,5 vezes nas membranas do EN, RE/MP e Golgi

respectivamente (média de 2 experimentos, Tabela 7). O estresse permanente com

150 mM Ca2+ extracelular teve a tendência a estimular fracamente a atividade do

trocador Ca2+/H+ nas membranas vacuolares (Fig. 11).

Analisamos o estresse por alto Ca2+ extracelular aplicado por curto tempo

(incubação com 100 mM Ca2+ por 2,5 h) ou permanente (crescimento com 150 mM

Ca2+).

Podemos observar que, em ambos os tipos de estresse, o alto Ca2+

extracelular estimulou a atividade das Ca2+-ATPases em aproximadamente 2,5 a 3

vezes em MT de S. cerevisiae AA255 (Tabelas 3 e 6A). Porém, quando essas

membranas totais foram fracionadas em gradiente descontínuo de densidade

sacarose, observamos que a estimulação da atividade das Ca2+-ATPases pelo alto

Ca2+ nos diferentes tipos de estresse foi diferenciada (Fig. 7 e 10, Tabelas 4, 6B e

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64

8). O efeito do Ca2+ em diferentes condições não foi observado na atividade

encontrada nas MT.

A ausência da variação na captação de Ca2+ em MT também foi encontrada

na caracterização do mutante pmr1, mutante nulo da Ca2+-ATPase do Golgi, neste

caso, a inibição da atividade da Ca2+-ATPase só foi perceptível quando as MT foram

fracionadas e essa inibição foi detectada nas membranas do Golgi (Okorokov, 1985).

No estresse de curto tempo (incubação das células por 2,5 h com 100 mM de

Ca2+) as Ca2+-ATPases localizadas no vacúolo e nas membranas mais densas que o

RE/MP foram estimuladas pelo alto Ca2+ em aproximadamente 4 e 1,5 vezes

respectivamente. Enquanto que, na condição de adaptação ao estresse pelo alto

Ca2+, o Ca2+ estimulou a atividade das Ca2+-ATPases localizadas no vacúolo e nas

membranas mais densas que o RE/MP em aproximadamente 2 e 4 respectivamente

(Tabela 6B).

Esses resultados mostram que independente do tempo de estresse por alto

Ca2+ a atividade das Ca2+-ATPases são estimuladas em todos os compartimentos da

via secretória, porém a contribuição dessas Ca2+-ATPases ocorre diferentemente em

cada compartimento e em cada tipo de estresse.

Juntos nossos resultados indicam a existência de pelo menos um mecanismo

de detoxificação de Ca2+ nas células de leveduras para cada tipo de estresse pelo

Ca2+ sofrido pela célula.

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65

Figura 8: Efeito do crescimento com 150 mM Ca2+ sobre a atividade dos transportadores de Ca2+ em vesículas de membranas totais da cepa AA255 de S. cerevisiae obtidas de esferoplastos que não foram energizados com glicose. O acúmulo de Ca2+ foi determinado no tempo de 10 min e normalizado para pmol Ca2+/mg de proteína de MT. Dados de um experimento (exp. I) representativo de 6. (ver Tabela 6A). O índice acima das colunas indica a estimulação da atividade dos transportadores de Ca2+ pelo estresse de Ca2+.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Captação total Ca2+-ATPase trocadorCa2+/H+

Acúm

ulo

de C

a2+

Controle Ca2+

1,9

2,2

1,8

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66

Efeito do alto Ca2+ sobre a atividade das Ca2+-ATPases em MT

N° do experimento

DO 600nm/mL

% de inibição do

crescimento pelo Ca2+

Local

atividade (controle)

(pmol/mg de proteína)

atividade (Ca)

(pmol/mg de proteína)

Estimulação do alto Ca2+

(vezes)

Cont Ca2+ I 3,8 3,5 8 MT 322 724 2,2 II 2,9 2,5 14 MT 305 509 1,7 III 3,8 3,4 10 MT 754 1561 2,1 IV 3,3 2,8 15 MT 386 606 1,6 V 4,5 3,6 20 MT 433 1670 3,8 VI 3,7 2,5 32 MT 971 1997 2,1

Média 3,7 3,1 16,5 MT 529 ± 111 1178 ± 261 2,3 ± 0,3

Tabela 6A: Efeito do estresse permanente por 150 mM Ca2+ sobre a atividade das Ca2+-ATPases nas MT de S. cerevisiae AA255, cujos esferoplastos não foram energizados com glicose extracelular

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67

Efeito do alto Ca2+ sobre a atividade das Ca2+-ATPases em membranas intracelulares

N° do experimento

DO 600nm/mL

Local das atividade (controle)

*

das atividade (Ca)

*

Efeito do alto Ca2+ (vezes)

Cont Ca2+ EN 79 334 4,2 RE 231 621 2,7

Golgi 165 556 3,4

I

3,8

3,5

Vac 13 31 2,4

EN 39 226 5,8 RE 80 285 3,7

Golgi 87 182 2,1

II

Obs.: captação feita em 3 min

2,9

2,5

Vac 7 18 2,6

EN 61 214 3,5 RE 149 296 2,0

Golgi 154 207 1,3

III

3,8

3,4

Vac 16 17 1,1

EN 51 157 3,1 RE 97 215 2,2

Golgi 99 217 2,2

IV

3,3

2,8

Vac 15 25 1,7

EN 18 52 2,9 RE 110 145 1,3

Golgi 125 270 2,2

V

4,5

3,6

Vac 7 19 3,0

EN 64 242 3,8 RE 279 705 2,5

Golgi 240 470 2,0

VI

3,7

2,5

Vac --- --- ---

EN 52 ± 8,7 204 ± 38,4 3,9 RE 158 ± 32,7 378 ± 93,5 2,4

Golgi 145 ± 22,6 317 ± 64,0 2,2

Média

3,7

3,1

Vac 12 ± 1,9 22 ± 2,6 1,8 * da atividade dos das Ca2+-ATPases em frações de membranas enriquecidas por organelas da via secretória é expresso em pmol/mg de proteína de MT aplicado sobre o gradiente.

Tabela 6B: Efeito do estresse permanente por 150 mM Ca2+ sobre a atividade das Ca2+-ATPases nas

organelas da via secretória de S. cerevisiae AA255, cujos esferoplastos não foram energizados com

glicose extracelular

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68

Efeito do alto Ca2+ sobre a atividade dos trocadores Ca2+/H+ em MT

N° do experimento

DO 600nm/mL

% de inibição do

crescimento pelo Ca2+

Local

atividade (controle)

(pmol/mg de proteína)

atividade (Ca)

(pmol/mg de proteína)

Estimulação pelo alto Ca2+

(vezes)

Cont Ca2+ I 3,8 3,5 8 MT 1004 1759 1,8

III 3,8 3,4 11 MT 492 919 1,9 IV 3,3 2,8 15 MT 662 1265 1,9 V 4,5 3,6 20 MT 968 1133 1,2 VI 3,7 2,5 32 MT 2692 2885 1,1 VII 4,7 2,2 53 MT 709 318 0,4

Média 3,9 3,0 23 MT 1088 ± 330 1380 ± 357 1,4 ± 0,2

Efeito do alto Ca2+ sobre a atividade dos trocadores Ca2+/H+ em membranas intracelulares N° do

experimento DO

600nm/mL Org. das

atividades (controle)

*

das atividades

(Ca) *

Estimulação pelo alto Ca2+

(vezes)

Cont Ca2+ EN 83 151 1,8 RE 241 397 1,6

Golgi 396 697 1,8

I

3,8

3,5

Vac 38 46 1,2

EN 40 114 2,9 RE 241 327 1,4

Golgi 444 556 1,3

VI

3,7

2,5

Vac 610 170 0,3 * da atividade dos trocadores Ca2+/H+ em frações de membranas enriquecidas por organelas da via secretória é expresso em pmol/mg de proteína de MT aplicado sobre o gradiente.

Tabela 7: Efeito do estresse permanente por 150 mM Ca2+ sobre a atividade dos trocadores Ca2+/H+ em MT e nas organelas da via secretória de S. cerevisiae AA255, cujos esferoplastos não foram

energizados com glicose extracelular

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69

Figura 9: Efeito do crescimento celular na presença de 150 mM Ca2+ extracelular sobre a ativação dos transportadores de Ca2+ e o crescimento celular da cepa AA255 S. cerevisiae, cujos esferoplastos não foram incubados com glicose. (A) inibição do crescimento celular relacionado a

ativação das Ca2+-ATPAses. (B) inibição do crescimento celular correlacionado a ativação dos trocadores

Ca2+/H+ (ver Tabela 5A e 6).

0

0,5

1

1,5

2

2,5

5 7 9 11 13 15 17

Inibição do crescimento celular (%)

Estim

ulaç

ão d

as C

a2+-A

TPas

es (v

ezes

)

B

A

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

2

5 15 25 35 45 55

Inibição do crescimento celular (%)

Estim

ulaç

ão d

os tr

ocad

ores

Ca2+

/H+ (v

ezes

)

Page 93: HOMEOSTASE DE Ca2+ NA LEVEDURA Saccharomyces …uenf.br/Uenf/Downloads/PGBB_6667_1254402643.pdf · homeostase de ca2+ na levedura saccharomyces cerevisiae em diferentes condiÇÕes

70

Figura 10: Efeito do crescimento com 150 mM Ca2+ sobre a atividade das Ca2+-ATPases em frações de membranas intracelulares da cepa AA255 S. cerevisiae, cujos esferoplastos não foram incubados com glicose. A análise de captação de 45Ca2+ foi feita após 10 min de incubação a 30 °C. (A) atividade das Ca2+-

ATPases nas frações de membranas. (B) atividades das Ca2+-ATPases de diferentes organelas. Os resultados

foram normalizados para pmol Ca2+/mg de proteína de MT aplicado sobre o gradiente. Dados de um

experimento (exp. I) representativo de 6 (ver Tabela 6A). O índice acima das colunas indica a estimulação da

atividade das Ca2+-ATPases pelo estresse de Ca2+.

0

10

20

30

40

50

60

70

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Frações

Ativ

idad

e da

s C

a2+-A

TPas

esCa2+-ATPase (cont)

Ca2+-ATPase (Ca)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

EN/MP RE/MP Golgi Vac

Ativ

idad

e da

s C

a2+-A

TPA

ses

s/Cac/Ca

4,2

2,73,4

2,4

B

A

Frações (1 -11) (12 – 29) (30 – 44) (45 – 49)

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71

B

A

Figura 11: Efeito do crescimento com 150 mM Ca2+ sobre a atividade dos trocadores Ca2+/H+ em frações de membranas intracelulares da cepa AA255 S. cerevisiae, cujos esferoplastos não foram incubados com glicose A análise de captação de 45Ca2+ foi feita após 10 min de incubação a 30 °C. (A) atividade dos trocadores

Ca2+/H+ nas frações de membranas. (B) atividade dos trocadores Ca2+/H+ de diferentes organelas. Os resultados

foram normalizados para pmol Ca2+/mg de proteína de MT aplicado sobre o gradiente. Dados de um experimento

(exp. I) representativo de 6 (ver Tabela 7). O índice acima das colunas indica a estimulação da atividade dos

trocadores Ca2+/H+ pelo estresse de Ca2+.

0

20

40

60

80

100

120

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Frações

Ativ

idad

e do

s tro

cado

res

Ca2+

/H+

trocador Ca2+/H+ (cont)

trocador Ca2+/H+ (Ca)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

EN/MP RE/MP Golgi Vac

Ativ

idad

e do

s tro

ador

es C

a2+/H

+

s/Cac/Ca

1,8

1,6

1,8

1,2

Frações (1 -11) (12 – 29) (30 – 44) (45 – 49)

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72

Estimulação da atividade das Ca2+-ATPase das organelas da via secretória de S.

cerevisiae AA255

Tipo de estresse EN RE /MP Golgi Vacúolo

Curto tempo 1,6 2,1 1,6 3,7

Permanente 3,9 2,4 2,2 1,8

Estimulação da atividade dos trocadores Ca2+/H+ das organelas da via secretória de S. cerevisiae AA255

Tipo de estresse EN RE /MP Golgi Vacúolo

Permanente 1,8 - 2,9 1,5 1,5 1

Tabela 8: Estimulação da atividade das Ca2+-ATPases e dos trocadores Ca2+/H+ no

estresse por alto Ca2+ aplicado por curto tempo (incubação com 100 mM Ca2+ por 2,5 h)

ou permanente (crescimento com 150 mM Ca2+).

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73

4.2.3 – Estresse permanente pelo alto Ca2+ em células energizadas pela glicose

extracelular

Durante a preparação das células para o isolamento de membranas as

células ficam privadas de fonte de carbono por um período e quando esta é

readicionada estimula a atividade das bombas protônicas (Serrano, 1983; Kane,

1995). A glicose também estimula a atividade dos transportadores de Ca2+ em S.

cerevisiae (Ribeiro, 2006), além disso, a presença da glicose extracelular possibilita

que as condições experimentais aproximem-se das condições que ocorrem in vivo.

Por esse motivo, analisamos as membranas isoladas de esferoplastos que foram

incubados com 100 mM glicose (solução de glicose contêm: 100mM glicose, 3 mM

MgSO4, 100 mM K2HPO4) (ver Materiais & Métodos).

O crescimento celular com alto Ca2+ estimulou a atividade das Ca2+-ATPases

em aproximadamente 2 e 1,5 vezes nas membranas totais de esferoplastos

incubados com glicose em duas diferentes cepas AA255 e K699 (cepa selvagem

com Pmc1p::HA) respectivamente (Fig. 12). Podemos observar que o nível de

captação de 45Ca2+ entre esses dois experimentos é bem diferente. A explicação

para esse fato vem no processo de isolamento de membranas, pois em AA255 (Fig.

12A) as MT foram sedimentadas enquanto que na cepa K699 (Fig. 12B) essa

sedimentação não ocorreu. Portanto, nos resultados encontrados em K699 ficam

mais baixos que o encontrado normalmente, pois nesse caso as atividades são

divididas pelo conteúdo total de proteína, ou seja, proteína de membrana e proteína

solúvel. Já nos casos que as membranas foram sedimentadas as atividades são

padronizadas somente pelo conteúdo de proteína de membrana.

Para determinar se as Ca2+-ATPases de diferentes organelas foram ativadas

igual ou seletivamente, analisamos estas MT após o fracionamento das membranas

em gradiente de densidade de sacarose, a Figura 13 corresponde ao fracionamento

das MT de AA255 (Fig. 12A) e a Figura 14 ao fracionamento das MT de K699 (Fig.

12B).

Acreditamos que o crescimento com 150 mM ou 50 mM de Ca2+ extracelular

estimulou a atividades das Ca2+-ATPases na maioria das frações de membranas

isoladas de esferoplastos que foram incubados com glicose (Fig. 13 e 14).

A atividades das Ca2+-ATPases das frações enriquecidas por membranas do

vacúolo, Golgi, RE/MP e membranas EN (Fig. 13B e 14B) revelou que na cepa

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74

AA255 150 mM Ca2+ extracelular estimulou a atividade das Ca2+-ATPases em 5,1,

1,5 e 1,8 vezes nas membranas do EN, RE/MP e vacúolo respectivamente. Assim

como na cepa K699, 50 mM Ca2+ estimulou a atividade das Ca2+-ATPases em 2,7,

2,8, e 1,6 vezes nessas mesmas membranas e 2,3 vezes nas membranas do Golgi

(Fig. 14).

Para analisar o conteúdo de Pmc1p::HA por “dot blotting”, foram selecionadas

25 frações de membranas que foram energizadas com glicose extracelular de

células que cresceram com ou sem 50 mM Ca2+. O critério de seleção da fração de

membrana foi os picos de atividade das Ca2+-ATPases (Fig. 14).

Analisamos a imunoresposta da Pmc1p::HA por “dot blotting” nas frações de

membranas de células que cresceram em meio YEPD (controle). Podemos observar

que, quando essa células não foram estressas com Ca2+ extracelular, o pico de

atividade das Ca2+-ATPases encontrada entre as frações 37 a 41 comigrou com

imunodetecção de Pmc1p::HA (Fig. 15A). Assim como também nessas mesmas

frações foi encontrada o pico principal de atividade da fosfatase alcalina, enzima

marcadora do vacúolo (Fig. 4) confirmando que estas frações correspondem às

membranas vacuolares.

Entretanto, o cultivo das células em meio YEPD suplementado com 50 mM de

Ca2+ estimulou a atividade das Ca2+-ATPases em todas as frações de membranas

do gradiente (Fig 14). A imunoresposta da Pmc1p::HA também foi analisada.

Observamos que a Pmc1p foi encontrada não apenas nas membranas vacuolares,

mas em todas as frações de membranas do gradiente, ou seja, nas membranas

mais densas que o vacúolo e nas membranas de vesículas secretória (VS) (Fig.

15B).

Resultados semelhantes foram encontrados por Marchi e colaboradores

(1999), porém eles não mostraram nenhuma detecção de Pmc1p nas membranas

vacuolares. Os autores explicaram esse fato sugerindo a existência de subdomínios

de diferentes densidades na membrana vacuolar e que durante o processo de

fracionamento os subdomínios mais densos carreariam essa enzima para as frações

de membranas mais densas do gradiente.

Nós, porém, sugerimos que essa enzima poderia modificar sua localização

para a MP e/ou outras membranas intracelulares além do vacúolo em resposta

condições de estresse por alta concentração de Ca2+, uma vez que a Pmc1p (Ca2+-

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75

ATPase de vacúolo) é conhecida como a enzima responsável pela tolerância a altas

concentrações de Ca2+ (Cunningham & Fink, 1994).

A partir desses resultados, resolvemos analisar: (1) se a atividade das Ca2+-

ATPases encontradas nas vesículas de membranas mais densas do gradiente em

condições estresse por alta concentração de Ca2+ no crescimento celular poderia ser

realmente devido a atividade da Pmc1p (Ca2+-ATPase de vacúolo); (2) e se a Pmc1p

encontra-se nessas membranas apenas em condições de estresse por alto Ca2+.

Podemos observar que 41 e 32% do conteúdo total de Pmc1p::HA foram

encontrados nas membranas vacuolares (37 - 41) e nas membranas das VS, porém,

27% do restante do conteúdo de Pmc1p foi distribuído entre as frações 1 – 36, que

correspondem as frações de membranas do EN, RE/MP e Golgi (Fig. 15A).

Em células de levedura que cresceram estressadas com 50 mM de Ca2+,

encontramos que 44 e 14% do conteúdo total analisado correspondem as

membranas vacuolares e membranas da VS respectivamente e 42% do conteúdo de

Pmc1p::HA foi encontrado nas frações de membranas do EN, RE/MP e Golgi (Fig.

15B).

A suplementação de 50 mM de Ca2+ ao meio de cultivo estimulou o conteúdo

total de Pmc1p em 13 vezes. Nas membranas vacuolares e nas membranas,

provavelmente, da vesícula secretória essa estimulação foi de aproximadamente 8 e

6,5 vezes respectivamente, enquanto que nas frações de membranas que

corresponde ao EN, RE, MP e Golgi esse aumento foi de 26,5 vezes (Fig. 16).

Esse resultado está em concordância com nossa sugestão inicial, de que

estaria ocorrendo uma “co-localização” da Pmc1p em condição de estresse por alto

Ca2+, além de concordar com dados existentes na literatura que o alto Ca2+

extracelular aumenta a expressão de PMC1 em mais de 8 vezes (Cunningham &

Fink, 1994; Yoshimoto et al., 2002).

Porém, embora 50 mM de Ca2+ tenha estimulado um aumento significativo de

Pmc1p nas membranas mais densas do gradiente, membranas do EN e RE/MP,

também podemos observar que a atividade das Ca2+-ATPases em cada uma dessas

organelas dobrou quando comparamos com a atividade encontrada no vacúolo (Fig.

14).

Portanto, já podemos fazer algumas conclusões para o efeito de alto Ca2+

quando as células estão em condições mais energéticas. A atividade das Ca2+-

ATPases teve um efeito sinérgico, ou seja, a glicose extracelular estimulou ainda

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76

mais a captação de Ca2+ quando as células foram estressadas com alto Ca2+. O

aumento da atividade das Ca2+-ATPases nas frações de membranas além do

vacúolo se deve, provavelmente, por dois motivos: (1) a presença da Pmc1p ativa

nessas membranas e (2) a ativação de Ca2+-ATPase de MP ou de RE.

Surpreendentemente, as células submetidas ao estresse de 150 mM e 50 mM

Ca2+ durante o crescimento celular, cepas AA255 e K699 respectivamente,

apresentaram inibição da atividade dos trocadores Ca2+/H+ quando estas foram

energizadas com 100 mM de glicose extracelular (Fig. 12). Vale destacar que a

glicose extracelular significativamente aumentou o conteúdo de Ca2+ captado pelos

trocadores Ca2+/H+.

Essas MT foram fracionadas em gradiente de densidade de sacarose. O

crescimento de AA255 com 150 mM Ca2+ inibiu a atividade dos trocadores Ca2+/H+

em aproximadamente 0,5 vezes as membranas do RE/MP e do vacúolo e em 0,3 e

0,1 vezes as membranas do EN e do Golgi respectivamente (Fig. 17).

Na cepa K699 (Pmc1p::HA) o crescimento com 50 mM Ca2+ inibiu a atividade

do trocador Ca2+/H+ em aproximadamente 0,45 e 0,65 vezes nas membranas do

Golgi, vacúolo/VS, porém esta atividade foi estimulada em 2,0 e 1,3 vezes nas

membranas do EN e RE/MP respectivamente (Fig. 18).

Os resultados obtidos com o trocador foram inesperados, uma vez que a

glicose extracelular é capaz de estimular a atividade do trocador Ca2+/H+ (Ribeiro,

2006) assim como também é capaz de estimular a atividade das V H+-ATPases

(Kane, 1995; Samarão et al, 2008), enzima responsável em criar o gradiente

protônico para o funcionamento do trocador de Ca2+/H+. Ainda não se tem

conhecimento se a glicose pode ativar diretamente o trocador Ca2+/H+ ou o faz de

maneira indireta aumentando a atividade da V H+-ATPase e consequentemente

estimulando a atividade do trocador Ca2+/H+. Com base nesses conhecimentos,

esperávamos que a glicose extracelular fizesse um efeito somatório sobre o efeito do

estresse pelo alto Ca2+ extracelular em MT e em outras organelas da via secretória

além do vacúolo. Porém, a inibição do trocador Ca2+/H+ ao alto Ca2+ estão em

concordância com a hipótese de Cunningham e Fink (1996) que mostraram de

maneira indireta, através do “pool” de Ca2+ não trocável na cepa pmc1 e na cepa

pmc1 cnb1, que a ativação da calcineurina (CaN), por alta concentração Ca2+,

diminuiu a contribuição do Vcx1p (trocador de Ca2+/H+ vacuolar) na captação de

Ca2+.

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77

Figura 12: Efeito do crescimento com alto Ca2+ sobre a atividade dos transportadores de Ca2+ em vesículas de membranas totais de S. cerevisiae isoladas de esferoplasto que foram energizados com glicose. (A) Células de AA255 crescidas com 150 mM Ca2+ e as membranas totais foram sedimentadas; (B) Células de K699 crescida com 50 mM Ca2+ e a captação de 45Ca2+ foi feita em vesículas de membranas do homogenato total de esferoplastos. A captação de 45Ca2+ foi feita após 10 min de incubação a 30 °C e normalizada para pmol Ca2+/mg de proteína de MT ou do homogenato de esferoplasto. O índice acima das colunas indica o efeito do Ca2+ extracelular sobre a atividade dos transportadores de Ca2+ e as setas direcionadas para baixo ou para cima indicam inibição ou estimulação da atividade dos transportadores respectivamente.

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

Captação total Ca2+-ATPase trocadorCa2+/H+

Cap

taçã

o de

Ca2+

Controle Ca2+

0,8

1,9

0,3

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

Captação total Ca2+-ATPase trocadorCa2+/H+

Cap

taçã

o de

Ca2+

Controle Ca2+1,2

1,6 0,8

B

A

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78

Figura 13: Efeito do crescimento com 150 mM Ca2+ sobre a atividade das Ca2+-ATPases em organelas da via secretória de células da cepa AA255 de S. cerevisiae isolados de esferoplastos que foram energizadas com 100 mM glicose extracelular. (A) atividade das Ca2+-ATPases nas frações de membranas do gradiente; (B) da atividade das Ca2+-ATPases de diferentes organelas. A captação de 45Ca2+ foi feita após 10 min de incubação a 30 °C e normalizada para pmol Ca2+/mg de proteína de MT aplicado sobre o gradiente. O índice acima das colunas indica o efeito do Ca2+ extracelular sobre a atividade dos transportadores de Ca2+ e as setas direcionadas para baixo ou para cima indicam a inibição ou estimulação da atividade dos transportadores respectivamente.

0

500

1000

1500

2000

2500

EN/MP RE/MP Golgi Vac

Ativ

idad

e da

s C

a2+-A

TPas

es

cont Ca2+

5,1

1,5

0,8

1,8

B

0

50

100

150

200

250

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

Frações

Ativ

idad

e da

s C

a2+-A

TPas

es

Ca2+-ATPase (cont)Ca2+-ATPase (Ca)

A

Frações (1 -10) (11 – 28) (29 – 47) (48 – 53)

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79

Figura 14: Efeito da alta concentração de Ca2+ (50 mM) no crescimento celular sobre a atividade das Ca2+-ATPases nas organelas da via secretória de células da cepa K699 S. cerevisiae isolados de esferoplastos que foram energizados com 100 mM glicose extracelular. (A) atividade das Ca2+-ATPases nas frações de membranas do gradiente. (B) atividade das Ca2+-ATPases de diferentes organelas. A captação de 45Ca2+ foi feita após 10 min de incubação a 30 °C e normalizada para pmol Ca2+/mg de proteína de homogenato de esferoplasto aplicado sobre o gradiente. O índice acima das colunas indica o efeito estimulatório do Ca2+ extracelular sobre a atividade dos transportadores de Ca2+.

B

A

0

20

40

60

80

100

120

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

Frações

Ativ

idad

e da

s C

a2+-A

TPas

es

K699 K699 (50mM Ca)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

EN/MP RE/MP Golgi Vac/VS

Ativ

idad

e da

s C

a2+-A

TPas

es

K699 K699 (50mM Ca)

2,7

2,8

2,31,6

Frações (1 -10) (11 – 24) (25 – 36) (37 – 52)

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80

0

20

40

60

80

100

120

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52

Frações

Ativ

idad

e do

s tra

nspo

rtado

res

de C

a2+

0

200

400

600

800

1000

1200

Imun

ores

post

a de

Pm

c1p:

:HA

Ca2+-ATPase TrocadorAnti-HA

Figura 15: Atividade das Ca2+-ATPases e dos trocadores Ca2+/H+ e a imunoresposta de Pmc1p::HA nas organelas da via secretória da cepa K699 S. cerevisiae, cujos esferoplastos foram energizados com glicose. (A) células que cresceram em meio YEPD (controle); (B) células que cresceram em meio YEPD suplementados com 50 mM Ca2+ (Ca). A captação de 45Ca2+ foi feita após 10 min de incubação a 30 °C. A atividade dos transportadores de Ca2+ foram normalizados por pmol Ca2+/mg de proteína do homogenato de esferoplastos aplicado sobre o gradiente e a imunoresposta (Unidades relativas/10 L de amostra)

A

B

0

10

20

30

40

50

60

70

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52

Frações

Ativ

idad

e da

s C

a2+-A

TPas

es

-100

100

300

500

700

900

1100

1300

1500

Imun

odet

ecçã

o de

Pm

c1p:

:HA

Ca2+-ATPase (Ca)

Anti-HA (Ca)

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81

Figura 16: Comparação entre a imunodetecção de Pmc1p::HA nas frações de membranas intracelulares de células da cepa K699 que foram cultivadas em meio YEPD suplementado ou não com 50 mM Ca2+, cujos esferoplastos foram energizados com glicose. A imunoresposta foi normalizada por Unidades relativas em 10 L de amostra/mg de proteína do homogenato de.esferoplastos.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

Frações

Imun

odet

ecçã

o de

Pm

c1p:

:HA

s/Ca

c/Ca

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82

Figura 17: Efeito da alta concentração de Ca2+ (150 mM) no crescimento celular sobre a atividade dos trocadores Ca2+/H+ nas organelas da via secretória da cepa AA255 S. cerevisiae, cujos esferoplastos foram energizados com glicose extracelular. (A) atividade dos trocadores Ca2+/H+ nas frações de membranas do gradiente. (B) atividade dos trocadores Ca2+/H+ de diferentes organelas. A captação de 45Ca2+ foi feita após 10 min de incubação a 30 °C e normalizada para pmol Ca2+/mg de proteína de MT aplicado sobre o gradiente. O índice acima das colunas indica o efeito inibitório do estresse pelo alto Ca2+ extracelular sobre a atividade dos trocadores Ca2+/H+.

B

0

20

40

60

80

100

120

140

160

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

Frações

Ativ

idad

e do

s tro

cado

res

Ca2+

/H+

Trocador (cont)

Trocador (Ca)

A

Frações (1 -10) (11 – 28) (29 – 47) (48 – 53)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

EN/MP RE/MP Golgi Vac

Ativ

idad

e do

troc

ador

Ca2+

/H+

cont Ca2+

0,3

0,55

0,1

0,55

Page 106: HOMEOSTASE DE Ca2+ NA LEVEDURA Saccharomyces …uenf.br/Uenf/Downloads/PGBB_6667_1254402643.pdf · homeostase de ca2+ na levedura saccharomyces cerevisiae em diferentes condiÇÕes

83

B

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

EN/MP RE/MP Golgi Vac/VS

Ativ

idad

e do

troc

ador

Ca2+

/H+

K699 (cont)

K699 (50mM Ca)

2,01,3

0,45

0,65

Figura 18: Efeito da alta concentração de Ca2+ (50 mM) no crescimento celular a atividade dos trocadores Ca2+/H+ nas organelas da via secretória da cepa K699 S. cerevisiae cujos esferoplastos foram energizados com glicose extracelular. (A) atividade dos trocadores Ca2+/H+ nas frações de membranas do gradiente. (B) atividade dos trocadores Ca2+/H+ de diferentes organelas. A captação de 45Ca2+ foi feita após 10 min de incubação a 30 °C e normalizada para pmol Ca2+/mg de proteína do homogenato de esferoplastos aplicado sobre o gradiente. O índice acima das colunas indica o efeito do alto Ca2+ extracelular sobre a atividade dos trocadores Ca2+/H+ e as setas direcionadas para baixo ou para cima indicam a inibição ou estimulação da atividade dos trocadores respectivamente.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

Frações

Ativ

idad

e do

s tro

cado

res

Ca2+

/H+

K699 (cont)

K699 (50mM Ca)

A

Frações (1 -10) (11 – 24) (25 – 36) (37 – 52)

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84

4.3 – O papel da calcineurina (CaN) na regulação dos transportadores de Ca2+

em S. cerevisiae em condições fisiológicas

A calcineurina é uma proteína fosfatase conservada de leveduras a humanos.

Em leveduras está envolvida na síntese de glucano, controle do ciclo celular e

homeostase iônica. Essa proteína vem sendo descrita como uma proteína central no

processo de sinalização pelo Ca2+, principalmente em condições de estresse como

estresse salino, por alto Ca2+, choque hipertônico, choque térmico.

Até o momento nada havia sido descrito sobre o efeito da CaN na atividade

dos transportares de Ca2+ em condições “normais” de laboratório, ou seja, em

condições em que as células de levedura crescem em meio YEPD (nas ausência de

qualquer tipo de estresse).

Analisamos a atividade dos transportadores de Ca2+ em membranas totais e

membranas das organelas da via secretória de células que cresceram em meio

YEPD a 30 °C sob agitação constante cujos esferoplastos foram energizado com

glicose. Entretanto, a energização dos esferoplastos foi realizada de maneira mais

próxima do meio YEPD, ou seja, a solução contêm 100 mM glicose, 50 mM MgCl2,

100 mM K2HPO4 (ver Materiais e Métodos).

A Figura 19 mostra o transporte de Ca2+ em membranas totais entre a cepa

selvagem (K601) e a mutante de calcineurina (CaN - cnb1) de S. cerevisiae.

Podemos observar que vesículas de membranas totais da cepa mutante cnb1

captam em média 46% menos que a cepa selvagem. A mutação causou uma

inibição em média 53% da atividade das Ca2+-ATPases nas membranas totais de S.

cerevisiae (Fig. 19).

O resultado encontrado para a atividade das Ca2+-ATPases, em condições

“normais” de laboratório, refletiram os dados publicados na literatura que determinam

que a CaN/Crz1 regulam transcricionalmente Pmc1p, Pmr1p (Ca2+-ATPases de

vacúolo e de Golgi respectivamente) em condições de alto Ca2+ quando a

calcineurina é ativada (Cunningham e Fink, 1994; Yshimoto et al, 2002).

Resultado semelhante ao da Ca2+-ATPase foi encontrado para atividade do

trocador Ca2+/H+, ou seja, a inativação da CaN inibiu a atividade dos trocadores

Ca2+/H+ em média 37% em membranas totais de S. cerevisiae (Fig. 19).

Foi descrito na literatura que quando a CaN é ativada por alto Ca2+, essa

regula negativa e pos-transcrionalmente a atividade do trocador Ca2+/H+ vacuolar

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85

(Vcx1p). Portanto, teoricamente, o resultado esperado seria a estimulação da

atividade do trocador Ca2+/H+ vacuolar (Cunningham e Fink, 1996; Kingsbury &

Cunningham, 2000; Yshimoto et al, 2002). Mas, para nossa surpresa, na ausência

do estresse pelo alto Ca2+, a inibição da atividade do trocador ocorreu junto com a

inibição das Ca2+-ATPases.

A fim de verificar se a ausência da CaN (cnb1) promove a inibição da

atividade das Ca2+-ATPases e do trocador Ca2+/H+ apenas no vacúolo ou se também

causa inibição desses transportadores de Ca2+ em outros compartimentos da via

secretória de S. cerevisiae, realizamos o fracionamento das membranas totais em

gradiente de densidade de sacarose.

As Figuras 20 e 21 mostram que o fracionamento de membranas totais

corrobora com o resultado encontrado para a atividade das Ca2+-ATPases e dos

trocadores Ca2+/H+ nas MT.

A inativação da calcineurina inibiu a atividade das Ca2+-ATPases em todos os

compartimentos da via secretória (Fig. 20). Achamos que o desligamento da CaN

inibiu a atividade das Ca2+-ATPases em aproximadamente 51, 65, 64 e 62% nas

membranas do EN, RE/MP, Golgi e vacúolo respectivamente (Fig. 20B).

A inativação da CaN inibiu a atividade dos trocadores Ca2+/H+ em todos os

compartimentos da via secretória (Fig. 21). Isto inibiu a atividade dos trocadores

Ca2+/H+ em aproximadamente 55, 73, 51 e 71% nas membranas do EN, RE/MP,

Golgi e vacúolo respectivamente.

Esses resultados mostram que não apenas a atividade da Ca2+-ATPase e do

trocador Ca2+/H+ vacuolar (Pmc1p e Vcx1p respectivamente) estão regulados pela

CaN mas todos os transportadores de Ca2+ da via secretória estão sob sua

regulação quando a levedura não está submetida ao estresse por alto Ca2+. O fato

interessante é que o controle da CaN é muito similar tanto entre as diferentes

organelas das via secretória quanto entre os transportadores de Ca2+, ou seja, essa

regulação não é seletiva.

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86

Figura 19: Efeito da ausência da calcineurina sobre a captação de Ca2+ em S. cerevisiae, cujos esferoplastos foram energizados com glicose extracelular. Cepa selvagem (K601) e cnb1(K603). (A) MT foram precipitadas através de ultracentrifugação; (B) Homogenato total obtido dos esferoplastos, ou seja, as MT não foram precipitadas.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

s/ATP Captação total Ca2+-ATPases

TrocadorCa2+/H+

Cap

taçã

o de

Ca2+

(pm

ol C

a2+/m

g de

pro

teín

a de

MT)

K601 (Selv)

K603 (cnb1)

32%

36%

21%

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

s/ATP Captação total Ca2+-ATPases

TrocadorCa2+/H+

Cap

taçã

o de

Ca2+

(pm

ol C

a2+/m

g de

pro

teín

a do

hom

ogen

ato

de M

T) K601 (Selv) K603 (cnb1)

61%

71%

54%

B

A

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87

0

50

100

150

200

250

300

EN/RE/MP RE/MP Golgi Vac

Ca2+

-ATP

ases

(pm

ol C

a2+/

mg

de p

rote

ína

do h

omog

enat

o de

esf

erop

last

os)

K601 (Selv)

K603 (cnb1)

51%

65% 64%

62%

Frações (1 – 11) (12 – 23) (24 – 37) (38 – 51)

0

10

20

30

40

50

60

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

Frações

Ca2+

-ATP

ases

(pm

ol C

a2+/m

g de

pro

teín

a do

hom

ogen

ato

de

esfe

ropl

asto

s)

K601 (Selv)K603 (cnb1)

Figura 20: Efeito da inativação da calcineurina sobre a atividade de Ca2+-ATPases em frações de membranas de S. cerevisiae separadas em gradiente de densidade de sacarose, cujos esferoplastos foram energizados pela glicose extracelular. (A) atividade das Ca2+-ATPases nas frações de vesículas de membranas. (B) atividade das Ca2+-ATPases de diferentes organelas. Os resultados foram normalizados para um mg de proteína do homogenato de esferoplastos aplicado sobre o gradiente. Experimento em MT apresentado na Fig. 19B.

B

A

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88

B

A

0

50

100

150

200

250

300

350

EN/RE/MP RE/MP Golgi Vac

Troc

ador

es C

a2+/H

+

(pm

ol C

a2+/m

g de

pro

teín

a do

hom

ogen

ato

de e

sfer

opla

stos

)

K601 (Selv)

K603 (cnb1)

55%

73%

51% 71%

Figura 21: Efeito da inativação da calcineurina sobre a atividade dos trocadores Ca2+/H+ em frações de membranas de S. cerevisiae separadas em gradiente de densidade de sacarose, cujos esferoplastos foram energizados pela glicose extracelular. A) atividade dos trocadores Ca2+/H+ nas frações de vesículas de membranas. (B) atividade dos trocadores Ca2+/H+de diferentes organelas. Os resultados foram normalizados para um mg de proteína do homogenato de esferoplastos aplicado sobre o gradiente. Experimento em MT apresentado na Fig. 19B.

Frações (1 – 11) (12 – 23) (24 – 37) (38 – 51)

0

20

40

60

80

100

120

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

Frações

Troc

ador

es C

a2+/H

+

(pm

ol C

a2+/

mg

de p

rote

ína

do h

omog

enat

o de

es

fero

plas

tos)

K601 (Selv)

K603 (cnb1)

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89

4.4 - Caracterização da inativação dos transportadores de Ca2+ vacuolares

sobre a atividade dos transportadores de Ca2+ em outras organelas em S.

cerevisiae isolados de esferoplastos energizados pela glicose

A levedura é um excelente modelo de estudo científico, por vários motivos

como fácil de manipulação, não é patogênica, relativamente fácil de criar cepas

mutantes e cepas com genótipo marcado, além do seu material genético ter sido

completamente seqüenciado desde 1996.

Muitos laboratórios têm construído cepas mutantes, mas nem sempre essas

cepas são caracterizadas. Até o momento, em levedura, apenas o produto de dois

genes foram identificados bioquimicamente como Ca2+-ATPases. Os genes PMR1 e

PMC1 que codificam as Ca2+-ATPases de Golgi e de vacúolo respectivamente e o

gene SPF1/COD1 que provavelmente codifica uma Ca2+-ATPase de RE. Entretanto,

bioquimicamente, foi descrito que cada compartimento da via secretória é equipado

com sua própria Ca2+-ATPase e trocador Ca2+/H+ (Okorokov & Lehle, 1998;

Okorokov et al, 2001; Silva, 2003; Ribeiro; 2006).

A atividade da Pmc1p foi determinada através do seqüestro de 45Ca2+

dependente de ATP em células, medindo-se o “pool” de Ca2+ que pode ser

associado à célula (não trocável) e o que não pode (trocável). Assim como a

determinação bioquímica a localização de Pmc1p também foi feita indiretamente por

imunolocalização (Cunningham & Fink, 1994).

Nosso objetivo nesta parte do trabalho foi: (1) avaliar a influência da

inativação independente da Ca2+-ATPase e trocador Ca2+/H+ vacuolar (pmc1 e

vcx1 respectivamente) sobre os transportadores de Ca2+ das diferentes organelas

da via secretória; (2) determinar a existência de outros trocadores além do trocador

Ca2+/H+ vacuolar (Vcx1p). Pois, até o momento, na literatura é aceito a existência

Apenas do Vcx1p; (3) caracterizar diretamente esses mutantes através da

comparação da atividade de seus respectivos transportadores Ca2+ com a atividade

encontrada na cepa selvagem nas membranas vacuolares.

Para alcançar nosso objetivo foi feito isolamento das membranas fracionadas

em gradiente de densidade de sacarose. A determinação da captação de 45Ca2+ foi

feita nessas membranas na presença de ATP (captação total dependente de ATP) e

na presença de ATP e FCCP, protonóforo (atividade das Ca2+-ATPases). A

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90

determinação da atividade do trocador foi determinada pela diferença entre a

captação total e a atividade das Ca2+-ATPases.

A atividade das Ca2+-ATPases foi encontrada em todas as frações de

membranas separadas em gradiente de densidade de sacarose na S. cerevisiae

cepa selvagem com o gene PMC1 conjugado com hemoaglutinina A (PMC1::HA).

Podemos observar que a inativação do gene PMC1 (pmc1 – K605) causou uma

inibição da atividade das Ca2+-ATPases em 58, 41, 37 e 71% nas membranas do

EN/RE/MP, RE/MP, Golgi e vacúolo respectivamente quando comparadas com a

atividade encontrada na cepa selvagem (Fig. 22A).

Já a inativação do gene VCX1 (vcx1::URA3 – K617), trocador de Ca2+/H+,

inibiu em aproximadamente 30 e 64 % da atividade nas membranas vacuolares e no

EN respectivamente (Fig. 22A).

Da mesma forma que vem sendo mostrado a existência de no mínimo uma

Ca2+-ATPase para cada compartimento da via secretória, o mesmo também vem

sendo descrito para o trocador Ca2+/H+ (Okorokov & Lehle, 1998; Okorokov et al,

2001, Silva, 2003; Ribeiro, 2007). Portanto, analisamos a atividade do trocador

Ca2+/H+ nas cepas selvagem, pmc1 e vcx1::URA3 de S. cerevisiae (Fig. 22B).

A atividade do trocador foi encontrada em todas as frações de vesículas de

membranas separadas em gradiente de densidade de sacarose nas cepas selvagem

PMC1::HA e na cepa mutante de PMC1 (pmc1 -K605). Inclusive o mutante pmc1

não mostrou alteração significativa nessa atividade quando comparada a cepa

selvagem. Porém a atividade do trocador foi inibida, significativamente, em todas as

frações de vesículas de membranas separadas em gradiente de densidade de

sacarose na cepa mutante de Vcx1p (trocador vacuolar - vcx1::URA3 - K617), sendo

a média de inibição na contribuição de todos os compartimentos foi de

aproximadamente 85% (Fig. 22B).

Os resultados sobre o efeito da inativação da CaN, proteína fosfatase

reguladora, sobre a atividade Ca2+-ATPases (Fig. 20) e sobre os trocadores Ca2+/H+

(Fig. 21) são semelhantes aos resultados encontrados no efeito das inativações da

Ca2+-ATPase de vacúolo (Pmc1p) (Fig. 22A) e do trocador Ca2+/H+ vacuolar (Vcx1p)

(Fig. 22B) sobre seus respectivos transportadores em outras organelas da via

secretória. Esses resultados sugerem que, possivelmente, a Pmc1p e o Vcx1p, ou

seja, os transportadores de Ca2+ vacuolares podem possuir uma função regulatória

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91

(transcricional e/ou pós-transcricionalmente) nas Ca2+-ATPases e trocadores

Ca2+/H+ de outras organelas da via secretória, assim como a calcineurina.

Visto a importância do Ca2+ e da Pmr1p (Ca2+-ATPase de Golgi) para o

correto enovelamento (“folding”) protéico (Rudolph et al., 1989; Antibi & Fink, 1992)

somado a nossa sugestão de uma provável função regulatória da Pmc1p sobre

outras Ca2+-ATPases e do Vcx1p sobre outros trocadores Ca2+/H+ justificaria a

inviabilidade do mutante triplo pmc1vcx1pmr1 (Cunningham e Fink, 1996) e não a

inexistência de outros transportadores de Ca2+.

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92

0

200

400

600

800

1000

1200

EN/RE/MP RE/MP Golgi Vac

Ca2+

-ATP

ases

(pm

ol C

a2+/m

g de

pro

teín

a de

MT)

PMC1::HÁpmc1vcx1

58 64

41

18

37

6

71

30

0

100

200

300

400

500

600

EN/RE/MP RE/MP Golgi Vac

Troc

ador

es C

a2+/H

+

(pm

ol C

a2+/m

g de

pro

teín

a de

MT)

PMC1::HÁpmc1vcx1

16

83

15

90

30

70

21

94

A

B

Figura 22: Efeito da inativação da Ca2+-ATPase (Pmc1p) e trocador Ca2+/H+ (Vcx1p) vacuolar sobre a atividade dos transportadores de Ca2+ em compartimento da via secretória de S. cerevisiae, cujos esferoplastos foram energizados pela glicose extracelular. (A) Atividade das Ca2+-ATPases; (B) Atividade dos trocadores Ca2+/H+. Os resultados foram normalizados para 1 mg de proteína de MT aplicado sobre o gradiente. Os valores acima de cada coluna indicam o índice de inibição ou estimulação (%), ou seja, a razão entre as atividades dos transportadores da cepa selvegem e cepa mutante. Em vermelho para o mutante de PMC1 e em verde para o mutante VCX1.

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93

4.5 – Transportadores de Ca2+ não possuem afinidade pelo Mn2+ em S.

cerevisiae

O Mn2+ é um cátion essencial em todos os organismos, assim como o Ca2+,

altas concentrações Mn2+ no citosol são tóxicas (Kinnett & Wilcox, 1982; Jabalquinto

et al, 1999). Em leveduras e plantas, o vacúolo é considerado o principal reservatório

intracelular de Mn2+ (Okorokov et al, 1985a, Okorokov et al, 1985b, Okorokov, 1985,

White & Gadd, 1986; Marty, 1999). No citoplasma, o Mn2+ funciona como co-fator

para várias enzimas, no RE e Golgi, ele é um dos responsáveis pela correta

glicosilação protéica da via secretória (Kinnett & Wilcox, 1982; Durr et al, 1998;

Wiggins & Munro, 1998; Jabalquinto et al, 1999).

Wei e colaboradores (2000) declararam que a Ca2+-ATPase de Golgi, Pmr1p,

pode transportar Mn2+. Alguns questionamentos surgem: se o Mn2+ é um importante

co-fator enzimático em diferentes organelas, se o vacúolo é o principal reservatório

de Mn2+; e se cada compartimento da via secretória possui sua própria Ca2+-

ATPase, por que somente a Ca2+-ATPase do Golgi pode transportar Mn2+?

O objetivo desta parte do trabalho foi verificar se somente as Ca2+-ATPase do

Golgi pode transportar Mn2+ ou se diferentes Ca2+-ATPases e/ou trocadores Ca2+/H+

da via secretória de levedura também podem transportar Mn2+ e se a calcineurina

(CaN) pode modificar a afinidade das diferentes Ca2+-ATPases e trocadores Ca2+/H+

pelo Mn2+.

Para alcançar nosso objetivo, isolamos membranas de esferoplastos de

células que cresceram: (1) “em condição controle”, ou seja, cresceram em meio de

cultura YEPD; (2) após a ativação da CaN pelo crescimento celular com alto Ca2+;

(3) na ausência da CaN, ou seja, crescimento das células mutante deficiente da

subunidade B da CaN (cnb1) em meio YEPD.

Nossos experimentos foram baseados na seguinte idéia: se as Ca2+-ATPases

podem transportar também Mn2+, significa que este, in vitro, funciona como inibidor

da captação de Ca2+. Portanto, as análises para determinar o efeito de diferentes

concentrações de Mn2+ no transporte de Ca2+ foram feitas adicionando

concentrações totais de Mn2+, que variaram de 2 a 500 µM, na determinação do

transporte de 45Ca2+.

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94

O efeito das diferentes concentrações de Mn2+ sobre a atividade das Ca2+-

ATPases e trocadores Ca2+/H+ foram analisados em membranas totais (MT) e em

membranas separadas em gradiente descontínuo de densidade de sacarose.

As concentrações de Mn2+ total de 2 a 50 µM, in vitro, não inibiu a atividade

tanto das Ca2+-ATPases como dos trocadores Ca2+/H+ nas membranas totais das

células da cepa selvagem AA255 de S. cerevisiae não energizada pela glicose

extracelular (Fig. 23).

Apesar de Wei e colaboradores (2000) informarem que 10 M de Mn2+ total

inibi 50% da atividade Ca2+-ATPase de Golgi (Pmr1p), resolvemos aumentar a

concentração total de Mn2+ in vitro, ou seja, na determinação do transporte de 45Ca2+. Este experimento foi feito em células energizadas pela glicose extracelular,

principalmente, pelo fato dessas condições aproximarem o experimento das

condições in vivo.

Apenas concentrações totais de Mn2+ acima de 100 µM podem inibir,

parcialmente, transporte de 45Ca2+ mediado pelas Ca2+-ATPases (Fig. 24). As

concentrações de 200 e 500 µM de Mn2+ inibiram a atividade das Ca2+-ATPases em

aproximadamente 30 e 65% em membranas totais da cepa selvagem AA255 de S.

cerevisiae (Fig. 24A). Em outra cepa selvagem, k601, 500 µM de Mn2+ inibiu a

atividade das Ca2+-ATPases em aproximadamente 50%.

Resultados semelhantes também foram encontrados para o transporte de

Ca2+ mediado pelos trocadores Ca2+/H+ em membranas totais de células de

leveduras. Ou seja, somente concentrações totais de Mn2+ acima de 100 µM pode

inibir, parcialmente, a atividade dos trocadores Ca2+/H+. Mn2+ total nas

concentrações de 200 e 500 µM total inibiu a atividade dos trocadores Ca2+/H+ em

aproximadamente 25 e 65% respectivamente em membranas totais da cepa

selvagem AA255 de S. cerevisiae (Fig. 25A). Na cepa k601 (cepa selvagem), 500

µM de Mn2+ total inibiu a atividade dos trocadores Ca2+/H+ em aproximadamente

30% (Fig. 25B).

O efeito do Mn2+ sobre a atividade dos transportadores de Ca2+ também foi

analisado nas condições em que as células haviam crescido na presença de alto

Ca2+, ou seja, onde a calcineurina (proteína fostatase Ca2+/calmodulina dependente)

encontra-se ativada.

O Mn2+ total, somente, em concentrações acima de 100 µM inibiu

parcialmente a atividade das Ca2+-ATPases e trocadores Ca2+/H+ em membranas

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95

totais em de células que cresceram com 150 mM de Ca2+ (Fig. 24 e 25). A

concentração de 500 µM Mn2+ no meio da determinação do transporte de 45Ca2+

inibiu respectivamente em aproximadamente 30% a atividade das Ca2+-ATPases

(Fig. 24A) e em 75% a atividade trocador Ca2+/H+ respectivamente (Fig. 25A).

Até o presente momento, apresentamos a concentração de Mn2+ total,

entretanto, vale a pena fazer uma relação das concentrações totais de Mn2+ usados

e seu conteúdo livre equivalente, além de avaliar o quanto à concentração de Mn2+

livre é maior que a concentração de Ca2+ livre no experimento (Tabela 9). Por

exemplo, 100 µM Mn2+ total corresponde a 41 µM de Mn2+ livre, que por sua vez é

4,8 vezes maior que a concentração de Ca2+ livre (8,6 µM) no experimento. Os

cálculos das concentrações de Mn2+ e Ca2+ livres nos experimentos foram feitos pelo

programa BAD (Bound And Determined) (Brooks & Storey, 1992).

Esses resultados nos permite fazer a conclusão preliminar, que tanto as Ca2+-

ATPases como os trocadores têm baixa afinidade pelo Mn2+ e que essa afinidade

não é modulada pela CaN em membranas totais (MT) de S. cervisiae.

Entretanto, as determinações feitas em MT poderiam “mascarar” a

contribuição da Ca2+-ATPase do Golgi no transporte de Mn2+. Para resolver esta

questão foi feito o fracionamento dessas MT em gradiente descontínuo de

densidade de sacarose, esperando que provável inibição fosse encontrada no

mínimo nas membranas enriquecidas por membranas do Golgi, uma vez que o

produto do gene PMR1 encontra-se nessa organela, descrito como uma Mn2+-Ca2+-

ATPase (Wei et al., 2000).

A Figura 26 mostra o efeito de 100 µM Mn2+ total sobre a atividade das Ca2+-

ATPases da via secretória de células da cepa selvagem AA255 de S. cerevisiae que

cresceram (Fig 26B) ou não na presença de 150 mM de Ca2+ (Fig. 26A).

Podemos observar que 100 M total de Mn2+ (41 M livre de Mn2+, ou seja,

4,8 vezes mais concentrado que o Ca2+ livre) inibiu apenas 12% a atividade das

Ca2+-ATPases nas vesículas de membranas enriquecidas por membrana do Golgi

(Fig. 26A) nas células que cresceram sem Ca2+ extracelular. A inibição ocasionada

nessas membranas pelo Mn2+ pode ser considerada como variação experimental. Já

nas células que cresceram com 150 mM de Ca2+ (Fig. 26B), quando a CaN está

ativada, não foi observada qualquer alteração na atividade das Ca2+-ATPases de

vesículas de membranas da via secretória de levedura, nem na Ca2+-ATPase de

vesículas de membranas do Golgi. Esse resultado confirma a

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96

especificidade/preferência das Ca2+-ATPases pelo Ca2+, principalmente em

condições de estresse por altas concentrações de Ca2+ extracelular.

Os resultados encontrados, até o momento, vão contra os dados da literatura

que mostram que 10 M de Mn2+ inibi 50% da atividade da Ca2+-ATPase de Golgi

(Wei et al., 2000). Portanto, reavaliamos todos os nossos procedimentos e os dados

dos artigos sobre o transporte de Mn2+ realizado pela Ca2+-ATPase de Golgi (Pmr1p)

publicados por esse grupo de pesquisa. Um fato nos chamou atenção, esses

autores fizeram a superexpressão de Pmr1p no mutante triplo de pmc1 pmr1 cnb1

(mutante deficiente em Ca2+-ATPase de vacúolo, Ca2+-ATPase de Golgi e

Calcineurina respectivamente; cepa K616). Isso nos levou a acreditar que a

afinidade da Ca2+-ATPase do Golgi (Pmr1p) ao Mn2+, conseguida por eles, foi

promovida pela ausência da CaN, uma importante proteína reguladora envolvida na

homeostase de diversos íons e talvez até metais pesados.

Portanto, para testar esta hipótese, isolamos as MT de esferoplastos

originado das células da cepa deficiente da subunidade B da CaN (cnb1 - cepa

K603) e posteriormente, essas membranas foram fracionadas em gradiente de

densidade de sacarose.

Os resultados encontrados foram similares aos encontrados em MT de células

de cepas selvagens crescida em meio YEPD sem alto Ca2+ (condições “normais”) e

crescida em meio YEPD com alto Ca2+ (CaN ativada). A concentração de 500 µM

Mn2+ totais na determinação de 45Ca2+ inibiram a atividade das Ca2+-ATPases em

aproximadamente 30% em MT (Fig. 24B) isoladas de esferoplastos de células da

cepa mutante de CaN. Essa concentração de Mn2+ inibiu a atividade do trocador

Ca2+/H+ em aproximadamente 45% em MT (Fig. 25B) isoladas de esferoplastos de

células da cepa mutante de CaN.

O efeito de 500 µM Mn2+ totais (242 µM Mn2+ livre), ou seja, 27,2 vezes maior

que a concentração de Ca2+ no experimento (8,9 µM) inibiu a atividade das Ca2+-

ATPases apenas em 44, 35, 24 e 38% nas membranas do vacúolo, Golgi, RE/MP e

do EN da cepa mutante de calcineurina (cnb1; Fig. 27B).

Esses dados mostram que a mutação/inativação da calcineurina não

aumentou a sensibilidade das Ca2+-ATPases ao Mn2+. Nossos resultados cancelam

o possível papel da calcineurina em modular a afinidade das Ca2+-ATPases ao Mn2+

e não confirmam os dados de Wei e colaboradores (2000).

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97

A Figura 28B mostra o efeito de 500 µM Mn2+ totais sobre a atividade do

trocador Ca2+/H+. Essa concentração de Mn2+ total inibiu a atividade do trocador em

48, 44, 41 e 17% nas frações de membranas do vacúolo, Golgi, RE/MP e do EN da

cepa mutante de calcineurina (cnb1).

Embora nossos resultados mostrem que Mn2+ pode promover uma baixa

inibição da atividade dos transportadores de Ca2+ devemos destacar que as

concentrações que utilizamos em todos os experimentos equivalem a uma

concentração livre Mn2+ elevadíssima (Tabela 9), muito acima das concentrações

fisiológicas.

Esses resultados juntos mostram que as Ca2+-ATPases assim como o

trocador Ca2+/H+ possuem baixíssima afinidade pelo Mn2+. A calcineurina não

modula a baixa afinidade dos transportadores de Ca2+ ao Mn2+, porque na sua

ausência observamos inibição da atividade dos transportadores de Ca2+ somente em

concentrações totais e livres de Mn2+ altíssimas.

Sugerimos que, provavelmente, outros transportadores específicos de Mn2+ e

não os transportadores de Ca2+ estariam envolvidos na homeostase de Mn2+ em

condições fisiológicas ou sobre condições de estresse por alto Ca2+ extracelular.

Esses resultados foram apresentados durante o Congresso Internacional de

transporte e energética em leveduras (25th SMYTE) e em discussão com o Professor

N. Nelson, este nos informou que resultados genéticos encontrados por sua equipe

concordam com os nossos dados bioquímicos e indicam a existência de

transportadores específicos para o Mn2+ (Comunicação pessoal) e fortalecendo

ainda mais nossa sugestão.

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98

Fig. 23 - Efeito do Mn2+ sobre a atividade das Ca2+-ATPases nas MT de células de S. cerevisiae AA255, cujos esferoplastos não foram energizados pela glicose. Captação de Ca2+ (pmol Ca2+/mg de proteína de MT). O transporte foi determinado com 10 min de captação de 45Ca2+.

0

200

400

600

800

1000

1200

0 2 10 25 50

Concentração total de Mn2+ (M)

Cap

taçã

o de

Ca2+

Ca2+-ATPase Trocador

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99

A

B

Fig. 24 - Efeito do Mn2+ sobre a atividade das Ca2+-ATPases nas MT de células de S. cerevisiae cujos esferoplastos foram energizados com glicose extracelular. (A) Células da cepa selvagem AA255 cresceram em meio YEPD suplementado ou não com 150 mM Ca2+; (B) Cepa selvagem (K699) e cepa mutante de calcineurina (K603 – cnb1). O transporte foi determinado com 10 min de captação de 45Ca2+. Esses são gráficos representativos de 3 experimentos.

0

2

4

6

8

10

12

0 0.1 0.2 0.5Concentração total Mn2+ (mM)

Ca2+

-ATP

ases

(nm

ol C

a2+/m

g de

pro

teín

a) controle Ca2+

0

1

2

3

4

5

0 0.1 0.5

Concentração total Mn2+ (mM)

Ca2+

-ATP

ases

(nm

ol C

a2+/m

g de

pro

teín

a)

K601 (Selv) K603 (cnb1)

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100

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

0 0.1 0.5

Concentração total Mn2+ (mM)

Troc

ador

es C

a2+/H

+ (nm

ol C

a2+/m

g de

pro

teín

a)

K601 (Selv)K603 (cnb1)

Fig. 25 - Efeito do Mn2+ sobre a atividade dos trocadores Ca2+/H+ nas MT de células de S. cerevisiae cujos esferoplastos foram energizados com glicose extracelular. (A) Células da cepa selvagem AA255 cresceram em meio YEPD suplementado ou não com 150 mM Ca2+; (B) Cepa selvagem (K699) e cepa mutante de calcineurina (K603 – cnb1). O transporte foi determinado com 10 min de captação de 45Ca2+. Esses são gráficos representativos de 3 experimentos.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

0 0.1 0.2 0.5

Concentração total Mn2+ (mM)

Troc

ador

es C

a2+/H

+ (nm

ol C

a2+/m

g de

pro

teín

a) controle Ca2+

A

B

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101

Mn2+ Total

(µM)

Ca2+ Total

(µM)

Mn2+ livre

(µM)

Ca2+ livre

(µM)

Excesso em

vezes de

Mn2+ livre

(Mn2+/Ca2+)

0 10,3 0 1,7 ----

2 10,3 0,00004 2,9 1,4x10-5

10 10,3 1,2 7,0 0,14

25 10,3 7,2 8,3 0,87

50 10,3 18 8,5 2,1

100 10,3 41 8,6 4,8

200 10,3 81 8,7 9,3

500 10,3 242 8,9 27,2

Tabela 9: Concentração total e livre dos íons Ca2+ e Mn2+ nos experimentos de captação de 45Ca2+. Os cálculos foram feitos utilizando o programa BAD (Bound And Determined; Brooks

& Storey, 1992)

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102

Fig. 26 - Efeito de 100 M Mn2+ total sobre a atividade das Ca2+-ATPases em membranas intracelulares de células de S. cerevisiae AA255, cujos esferoplastos foram energizados com glicose extracelular. (A) As células cresceram em meio YEPD (controle); (B) as células cresceram em meio YEPD suplementado com 150 mM de Ca2+. Os resultados foram padronizados por 1 mg de proteína aplicado sobre o gradiente.

0

50

100

150

200

250

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55Frações

Ca2+

-ATP

ases

(pm

ol C

a2+/m

g de

pro

teín

a) - Mn2+

+ 0.1 mM Mn2+

0

50

100

150

200

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55Frações

Ca2+

-ATP

ases

(pm

ol C

a2+/m

g de

pro

teín

a)

- Mn2+

+ 0.1 mM Mn2+

A

B

Page 126: HOMEOSTASE DE Ca2+ NA LEVEDURA Saccharomyces …uenf.br/Uenf/Downloads/PGBB_6667_1254402643.pdf · homeostase de ca2+ na levedura saccharomyces cerevisiae em diferentes condiÇÕes

103

Fig. 27 - Efeito de 500 M Mn2+ total sobre a atividade das Ca2+-ATPases em membranas intracelulares de células das cepas selvagem e mutante de calcineurina de S. cerevisiae, cujos esferoplastos foram energizados com glicose extracelular. (A) cepa selvagem de S. cerevisiae (K601) (B) cepa mutante de calcineurina de S. cerevisiae (K603 – cnb1). Os resultados foram padronizados por 1 mg de proteína aplicado sobre o gradiente.

0

50

100

150

200

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55Frações

Ca2+

-ATP

ases

(pm

ol C

a2+/m

g de

pro

teín

a) - Mn2+

+ 0.5 mM Mn2+

0

30

60

90

120

150

180

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55Frações

Ca2+

-ATP

ases

(pm

ol C

a2+/m

g de

pro

teín

a)

- Mn2+

+ 0.5 mM Mn2+

A

B

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104

0

50

100

150

200

250

300

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

Frações

Troc

ador

es C

a2+/H

+ (pm

ol C

a2+/m

g de

pro

teín

a) - Mn2+

+ 0.5 mM Mn2+

0

25

50

75

100

125

150

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

Frações

Troc

ador

es C

a2+/H

+ (pm

ol C

a2+/m

g de

pro

teín

a)

- Mn2+

+ 0.5 mM Mn2+

Fig. 28 - Efeito do Mn2+ na atividade do trocador Ca2+/H+ em membranas intracelulares de células de cepa selvagem e mutante de calcineurina de S. cerevisiae, cujos esferoplastos foram energizados com glicose extracelular. (A) cepa selvagem de S. cerevisiae (K601) (B) cepa mutante de calcineurina de S. cerevisiae (K603 – cnb1). Os resultados foram padronizados por um mg de proteína aplicado sobre o gradiente.

A

B

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105

5. DISCUSSÃO

A comparação da captação de Ca2+ pela MT revela que tanto as Ca2+-

ATPases quanto os trocadores Ca2+/H+ foram ativados independente do tempo de

estresse por alto Ca2+. Esta observação vale para MT isoladas de esferoplastos

energizados ou não com glicose. Essa ativação dos transportadores de Ca2+ reflete

a mobilização total, e até esperada, dos sistemas transportadores de Ca2+ que

funcionam, coordenadamente, para controlar a baixa concentração de Ca2+ no

citosol, mantendo-os em níveis basais. Interessante notar que a estimulação da

atividade dos trocadores Ca2+/H+ de MT apresenta-se como característica chave

para sobrevivência de células de levedura durante o estresse permanente por alto

Ca2+ extracelular (Fig. 9A, Tabela 8), ou seja, quanto maior a inibição do crescimento

menor é a ativação dos trocadores Ca2+/H+. Não sabemos o que determina a

inibição do crescimento celular, mas uma das conseqüências e\ou razões foi a baixa

ativação dos trocadores. É lógico sugerir que provavelmente a V H+-ATPase, que

fornece a energia de gradiente químico de H+, pH, pode diminuir sua atividade em

resultado de estresse pelo Ca2+. Achamos, portanto, que quando a inibição de

crescimento e do trocador por estresse foi máxima, o gradiente de H+ feito pela V H+-

ATPase ainda aumentou (dados não apresentados). Isto significa que tanto a

inibição das V H+-ATPases quanto o aumento da permeabilidade das membranas

intracelulares para H+ não são candidatos para explicar a diminuição de atividade de

trocadores quando as células foram estressadas por alto Ca2+.

O fracionamento das MT e posterior análise dos transportadores de Ca2+ das

organelas da via secretória revelou que a estimulação das Ca2+-ATPases foi mais

alta no vacúolo com a tendência a diminuição na ordem vacúolo, Golgi, RE e EN

quando as células foram submetidas ao estresse por alta concentração de Ca2+ por

2,5 h (estresse de curto tempo) (Tabela 4). Quando elas tiveram mais tempo para

adaptação (crescimento celular com alto Ca2+ - estresse permanente) a preferência

de ativação encontrada para as Ca2+-ATPases de RE/MP e EN (Tabela 6), ou seja, a

tendência de ativação foi invertida seguindo a ordem EN, RE, Golgi e vacúolo (Figs 7

e 10; Tabelas 4 e 6B). Podemos sublinear também a contribuição dominante de

Ca2+-ATPases nas membranas do Golgi e Vacúolo (63% de captação de Ca2+) em

resposta ao estresse por curto tempo e quando as células tiveram mais tempo de

adaptação, as Ca2+-ATPases do RE/MP e EN passam a ser dominantes

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106

contribuindo juntas com 63% e deixando para Golgi e vacúolo somente 37%. Vale a

pena notificar que o estresse de curto tempo por 2,5 h já fica provavelmente na

fronteira com estresse permanente (Fig. 7).

Interessantemente, observamos que a mesma tendência da ordem de

ativação para trocadores Ca2+/H+ quando a levedura foi exposta ao estresse

permanente por alto Ca2+ (Fig.11). Interpretamos estes resultados como indicação

do papel importante, se não dominante, do RE/MP e EN na homeostase de Ca2+ no

estresse permanente por alta concentração de Ca2+. Não sabemos, infelizmente, o

que aconteceu com a atividade dos trocadores Ca2+/H+ da via secretória quando o

estresse pelo alto Ca2+ foi de curto tempo. Experimentos futuros poderão completar

um quadro mais exato, mas sugerimos que a contribuição de trocadores do vacúolo

e Golgi foi similar ao das Ca2+-ATPases dessas organelas. Entretanto, esta sugestão

está de acordo com os dados publicados por outros pesquisadores que mostraram o

papel chave de trocador Ca2+/H+ vacuolar, Vcx1p, em resposta imediata ao aumento

de Ca2+ extracelular (Miseta et al., 1999).

Nossos resultados (sub-capitulo 4.1) evidenciam, claramente, que as

membranas celulares foram bem separadas durante o procedimento de isolamento

de membranas. Observamos que as frações de membranas do vacúolo comigraram

com o pico de atividade do trocador Ca2+/H+ (Fig. 15) e também com o pico principal

de atividade da fosfatase alcalina e -manosidase, as enzimas marcadoras do

vacúolo (Fig. 4) (Samarão et al., 2009).

No presente momento, todos os pesquisadores ainda consideram que o

aumento de Pmc1p em resposta ao estresse por alto Ca2+ ocorria apenas nas

membranas vacuolares (Cunningham & Fink, 1994; Marchi et al., 1999; Yoshimoto et

al., 2002), Entretanto, em estresse permanente por alto Ca2+, revelamos que o

aumento do conteúdo da Ca2+-ATPase de vacúolo (Pmc1p) foi encontrada não

somente no vacúolo mas também em outras organelas da via secretória, inclusive a

população de vesículas secretórias mais leves que vacúolo (Fig.15B). O aumento da

Pmc1p no vacúolo foi de 8 vezes enquanto de nas outras organelas foi de 17,5

vezes (Fig. 15).

O gene PMC1 foi inicialmente identificado como um homologo de Ca2+-

ATPase de membrana plasmática de células animais, entretanto em levedura foi

mostrado que essa enzima esta localizada no vacúolo e é de extrema importância

para a tolerância a altas concentrações de Ca2+. Portanto, sugerimos que em

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107

condições de estresse por alta concentração de Ca2+ a Pmc1p poderia sofrer uma

modificação (transcricional e/ou pós-transcricional) que a direcionasse

adicionalmente para a MP.

Devemos também nos ater ao fato que a cepa K699 (cepa que teve o gene

PMC1 conjugado com o gene da hemoaglutina A) é uma cepa transformada. E que

ainda não se conhece o efeito da transformação gênica sob a cinética enzimática.

Os dados do nosso grupo mostra que o Km de Ca2+-ATPase de MT de cepa

selvagem de S. cerevisiae (X-2180) na ausência e presença de glicose é de 45 e

51 nM respectivamente (Ribeiro, 2006), entretanto o Km da Ca2+-ATPase em

membranas isoladas de vacúolo da cepa Pmc1::HA foi de 4,3 µM (Takita et al.,

2001). Com base nesses dados, observamos que o Km para Ca2+-ATPase da cepa

transformada é de aproximadamente 100 vezes maior que para a cepa selvagem, ou

seja, a transformação gênica no processo da conjugação de PMC1::HA reduziu a

afinidade da enzima ao substrato.

Portanto, sugerimos que o aumento abrupto do conteúdo de Pmc1p quando

as células de K699 (cepa PMC1::HA) cresceram estressadas com alta concentração

de Ca2+ se deve a tentativa fisiológica de compensar a inibição da afinidade da

enzima ao substrato.

Essa hipótese é baseada no conhecimento da distribuição da MP em

gradiente da sacarose, geralmente, entre as frações 10 a 27-29 (Samarão, 2003;

Samarão et al., 2009). Ela também está de acordo com existência de um pico de alto

conteúdo de Pmc1p nas vesículas secretórias, que transportam as proteínas para a

MP. Já planejamos, experimentalmente, avaliar se esse transportador realmente se

deslocou ou não para a MP em condições de estresse por alto Ca2+. Para isso,

iremos modificar a MP com concanavalina A isolando-as das membranas

intracelulares. Posteriormente, realizaremos a separação de membranas

intracelulares. E por fim será analisado de conteúdo de Pmc1p nessas MP e nas

membranas intracelulares.

A contribuição da Pmc1p em outras organelas da via secretória e/ou MP não

descarta a possibilidade a ativação de Ca2+-ATPases do RE, e da própria MP em

resposta ao estresse por alto Ca2+. Visto que em condições sem estresse pelo Ca2+,

cada compartimento é equipado com sua própria Ca2+-ATPase (Okorokov ,1997;

Okorokov, Lehle,1998, Okorokov et al., 2001; Silva, 2003, Ribeiro, 2007).

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108

Embora ausência de um gene com alta homologia para Ca2+-ATPases de RE

de outros organismos em levedura, alguns pesquisadores sugeriram que a

homeostase de Ca2+ do RE de levedura era suportado pela Ca2+-ATPase do Golgi

(Pmr1p) (Durr et al.,1998), entretanto vale a pena destacar que a ausência do gene

PMR1 promoveu o aumento da atividade das Ca2+-ATPases nessas membranas e

não a redução (Okorokov & Lehle, 1998). Foi proposto como provável candidato a

Ca2+-ATPase de RE o produto dos genes SPF1 e CTA4 em S. cerevisiae e S.

pombe respectivamente, pois estes estão envolvidos na homeostase de Ca2+

(Cronim et al., 2002; Okorokova-Façanha et al., 2002). Em 2007, o grupo da Prof.

Okorokova-Façanha fez uma comunicação no congresso internacional (SMYTE

2007) onde mostrou atividade de Ca2+-ATPase na cepa selvagem de S. pombe

comparando esse transporte ao encontrado na cepa mutante de Cta4p, descrevendo

a Cta4p como uma Ca2+-ATPase de RE em S. pombe (Okorokova-Façanha et al.,

2007). Portanto, podemos sugerir que a atividade da Ca2+-ATPase encontrada nas

membranas enriquecidas de membranas do RE/MP em S. cerevisiae são referentes

a atividade do produto do gene de SPF1.

Para explicar o aumento da atividade das Ca2+-ATPases nas membranas do

RE/MP e nas membranas do EN/RE/MP, o outro candidato pode ser Ca2+-ATPase

de MP. Apesar de nunca ter sido encontrado: (1) gene homólogo Ca2+-ATPase de

MP de outros organismos localizado na MP e (2) o transporte de Ca2+ em

membranas purificadas, sugerimos que a Ca2+-ATPase de MP pode ser ativada

significativamente e exclusivamente em resultado ao estresse por alta concentração

de Ca2+.

A CaN pode ser ativada pelo aumento da concentração de Ca2+ no citosol e

esta, consequentemente, estimula a expressão do gene PMC1 (Ca2+-ATPase

vacuolar) (Cunningham e Fink, 1994; Yoshimoto et al., 2002) e PMR1 (Yoshimoto et

al., 2002). Portanto, para analisar o efeito da CaN sobre a atividade das Ca2+-

ATPases utilizamos seu antagonista, a ciclosporina A (CsA). A CsA diminuiu a

estimulação das Ca2+-ATPases pelo alto Ca2+ extracelular em 50% nas membranas

totais isoladas de células estressadas por curto tempo e não energizadas. O

fracionamento das membranas revelou que a CsA reduziu a estimulação de Ca2+-

ATPases em 42, 24 e 42% vezes na membranas do RE, Golgi e vacúolo

respectivamente (Fig. 7; Tabela 5).

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109

O estresse permanente por alto Ca2+ em células não energizadas pela glicose

estimulou a atividade dos trocadores Ca2+/H+ em 1,8, 1,5, 1,8 e 1,2 vezes nas

vesículas de membranas enriquecidas por membranas de EN/RE/MP, RE/MP, Golgi

e vacúolo respectivamente (Fig. 11; Tabela 7). É a primeira vez que é mostrada a

ativação do trocador ao estresse por alta concentração de Ca2+ extracelular. A

opinião amplamente aceita pelos pesquisadores na área é que o estresse por alto

Ca2+ ativa a CaN e esta ativada inibi a atividade do trocador Vcx1p (trocador Ca2+/H+

vacuolar) (Cunningham e Fink, 1996). Entretanto, os experimentos feitos por

Cunningham e Fink (1996) não mostram a atividade direta dos trocadores Ca2+/H+

mas a captação de Ca2+ não-trocável nas células. Eles utilizaram como controle a

cepa selvagem crescida na presença de 5 mM de Ca2+ assim como os mutantes

duplos, vcx1pmc1 e pmc1cnb1. Portanto, trata-se do efeito da calcineurina

durante uma condição de estresse “brando” por Ca2+ extracelular em nenhum

momento foi analisado apenas o efeito do estresse por alto Ca2+ (com e sem Ca2+

extracelular) diretamente sobre a atividade do trocador Ca2+/H+.

Entretanto nossos resultados corroboram com a opinião de que cada

compartimento da via secretória é equipado com seu próprio transportador de Ca2+

(Ca2+-ATPase e trocador Ca2+/H+) (Okorokov et al., 1995, Okorokov, 1997; Okorokov

et. al., 2001). Além de mostrar que esses trocadores respondem de forma positiva

ao estresse por alto Ca2+ e que provavelmente os trocadores Ca2+/H+ localizados

nas membranas do Golgi, RE/MP e EN/RE/MP são regulados positivamente pela

calcineurina. Para fortalecer ainda mais esse fato, Miseta e colaboradores (1999)

mostraram que em estresse instantâneo de Ca2+, o responsável pela eliminação

rápida do Ca2+ do citosol é o Vcx1p (Esquema 5). Em plantas, o Ca2+ extracelular

estimula a expressão do RNAm de OsCAX1 provável trocador Ca2+/H+ em O. sativa

(Kamiya et al., 2006). E em A. nidulans, um dos prováveis trocadores Ca2+/H+,

AN5821.3 é controlado pelo fator de transcrição CrzA (regulado pela CaN em A.

nidulans) em resposta ao Ca2+ externo (Hagiwara et al., 2008). Sugerimos que

estudos adicionais podem aprofundar nossos conhecimentos sobre a atividade do

trocador e o papel de calcineurina em condições de estresse por alto Ca2+. Mas,

agora, juntos nossos resultados ilustram que não apenas o aumento das atividades

das Ca2+-ATPAses mas também o aumento de atividade dos trocadores em células

estressadas e chave para a detoxificação do Ca2+ em citosol de levedura e

crescimento normal.

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110

Até o momento, nada foi descrito na literatura sobre o efeito da CaN na

atividade dos transportares de Ca2+ em condições fisiológica, ou seja, as células

crescendo em meio YEPD na ausência de estresse por alto Ca2+.

A inativação da CaN inibiu em 45% e 55% a atividade das Ca2+-ATPases e

dos trocadores Ca2+/H+ respectivamente em MT isoladas de células não estressadas

(Fig. 19). E mais, a inibição de cada tipo de transportador Ca2+ foi achada em todas

as organelas da via secretória (Fig. 20 e 21). Portanto, nossos dados mostram que

CaN regula positivamente as Ca2+-ATPases não somente em condições de estresse

por alto Ca2+ (Cunningham and Fink, 1994; Yoshimoto et al., 2002) mas também em

condições “normais”, sem esse estresse.

Um dos fatos novos achados nesse trabalho foi a inibição da atividade do

trocador Ca2+/H+ na ausência da CaN. Esse fato muda o paradigma de que os

trocadores Ca2+/H+, incluindo Vcx1p são controlados negativamente pela CaN

(Cunningham e Fink, 1996). Nossos dados mostram, claramente, a necessidade da

CaN para funcionamento normal dos trocadores Ca2+/H+ , ou seja, que CaN regula

positivamente a atividade dos trocadores Ca2+/H+.

Nossos dados evidenciam que não apenas a atividade da Ca2+-ATPase e do

trocador Ca2+/H+ vacuolar (Pmc1p e Vcx1p respectivamente) estão sobre o controle

da CaN, mas todos os transportadores de Ca2+ das organelas da via secretória estão

sob sua regulação quando as leveduras não foram estresse por alto Ca2+.

Interessantemente, a CaN controla a atividade de cada tipo de

transportadores de Ca2+ em todas compartimentos, similarmente, ou seja, a

regulação é não seletiva em condições em que as células não são estressadas.

Em concordância com opinião atual os vacúolos são organelas dominantes

em captação e armazenamento de Ca2+ em leveduras e fungos (Okorokov et al,

1985a, Okorokov et al, 1985b, Okorokov, 1985, White & Gadd, 1986; Marty, 1999).

Entretanto, nosso trabalho revela que as outras organelas (EN, RE/MP e Golgi)

contribuem mais para a captação de Ca2+ em condições com ou sem estresse por

alta concentração de Ca2+ que o vacúolo.

Mas, o vacúolo também é importante, pois fizemos duas descobertas,

importantíssimas, para uma nova visão sobre seu papel em homeostase de Ca2+.

Sem estresse por alto Ca2+, a ausência do gene PMC1 (pmc1 – Ca2+-ATPase de

vacúolo – K605) inibiu a atividade das Ca2+-ATPases em 58, 41, 37 e 71% nas

membranas do EN/RE/MP, RE/MP, Golgi e vacúolo respectivamente (Fig. 22A). Já a

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inativação do gene VCX1 (vcx1::URA3 – trocador Ca2+/H+ vacuolar – K617), trocador

de Ca2+/H+, inibiu em aproximadamente 30 e 64 % da atividade nas membranas

vacuolares e no EN respectivamente (Fig. 22B).

A atividade do trocador no mutante pmc1 não apresentou alteração

significante. Porém, a inativação do trocador Ca2+/H+ vacuolar inibiu

significativamente a atividade do trocador não apenas nas membranas do vacúolo

(92%), mas em todas as outras organelas da via secretória em média 80% (Fig. 22).

Portanto nossos resultados revelam que a deleção do gene PMC1 causa

inibição da atividade das Ca2+-ATPases de outras organelas, assim como a

inativação do gene VCX1 causa inibição da atividade dos trocadores Ca2+/H+ de

outras organelas. Interessantemente, que resultados semelhantes foram

encontrados quando a CaN foi anulada, ou seja, diminuição da atividade dos dois

transportadores de Ca2+.

Foi descrito na literatura que o mutante triplo pmr1pmc1vcx1 (Ca2+-ATPase

de Golgi, Ca2+-ATPase e trocador Ca2+/H+ vacuolar respectivamente) é inviável

(Cunningham e Fink, 1996). Entretanto, hoje, podemos sugerir que a inviabilidade

desse mutante triplo é devido ao papel regulatório da Pmc1p e do Vcx1p e da

importância da Ca2+-ATPases do Golgi em fornecer ao Golgi a concentração de Ca2+

necessária para o correto empacotamento protéico. Essa sugestão está de acordo

com a existência de outras Ca2+-ATPases e de trocadores Ca2+/H+ nas organelas da

via secretória além dos vacuolares (Okorokov & Lehle, 1998; Okorokov et al, 2001,

Silva, 2003; Ribeiro, 2007).

Nossos resultados evidenciam que o gene PMC1 e o VCX1 são necessários

para a atividade dos transportadores de Ca2+ nas outras organelas. Isto indica que

seus genes e/ou os próprios transportadores Ca2+ vacuolar funcionam como “líderes”

ou “sinalizadores” ou “determinadores” na homeostase de Ca2+.

Recentes trabalhos têm mostrado que a Ca2+-ATPase de Golgi, Pmr1p, pode

transportar também Mn2+. Essa intrigante maleabilidade da Pmr1p em transportar

outro íon diferente de Ca2+ fez com que surgissem diversas questões como: (1) O

Ca2+ é conhecido como o principal íon sinalizador intracelular, mas para exercer

essa função, seus transportadores não precisam ser específicos? (2) Por que a

Ca2+-ATPase do vacúolo não foi analisada como possível candidata a transportar

Mn2+, uma vez que o vacúolo é estabelecido como principal organela-armazenadora

de diversos íons, incluindo Mn2+. (3) Se cada compartimento da via secretória possui

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sua própria Ca2+-ATPase, estas também podem transportar Mn2+? 4) Trocadores

Ca2+/H+, considerados pela maioria de pesquisadores como transportadores de

baixa afinidade para Ca2+, podem transportar Mn2+?

Nossos resultados mostram que apenas concentrações totais de Mn2+ acima

de 100 µM, ou seja, de 200 e 500 M podem inibir tanto a atividade das Ca2+-

ATPases quanto do trocador Ca2+/H+ em MT, esses resultados foram encontrados

em duas cepas selvagens diferentes, AA255 e K699 (Fig. 24, Fig. 25).

Precisamos chamar atenção para as concentrações totais de Mn2+ de 200 e

500 µM correspondem a 81 e 242 M de Mn2+ livre respectivamente, ou seja, essas

concentrações livres de Mn2+ são maiores em 9,3 e 27,2 vezes que a concentração

de Ca2+ livre. Isto significa que essas concentrações estão muitíssimo acima da

concentração fisiológica de Mn2+ livre, que segundo Professor N. Nelson, essa

concentração é bem menor que a concentração livre de Ca2+ (100 nM)

provavelmente, em nível de pM (comunicação pessoal no SMYTE – 2007).

Nossos resultados não concordam com os dados da literatura que indicam

que 10 µM de Mn2+ inibi 50% da atividade das Ca2+-ATPases nas membranas do

Golgi (Wei et al., 2000). Esses autores ainda apresentam que mutação na Gln 783,

localizada na interface citoplasmática da hélice transmembrana M6, pode alterar a

seletividade para o Ca2+ e o Mn2+, como por exemplo, a substituição desse resíduo

por Ala confere a perda forte e seletiva do transporte de Mn2+ pela Pmr1p. Mas, esse

grupo de pesquisa fez essas determinações a partir da super-expressão de Pmr1p

no mutante triplo de pmc1pmr1cnb1 (mutante deficiente em Ca2+-ATPase de

vacúolo, Ca2+-ATPase de Golgi e Calcineurina respectivamente; cepa K616 - (“não

viável”).

Inicialmente, acreditamos que a afinidade aumentada para Mn2+ conseguida

em seus experimentos foi promovida pela ausência da CaN, uma importante

proteína reguladora envolvida na homeostase de diversos íons, talvez até metais

pesados.

Nossos resultados mostraram o contrario, pois nem na ativação da CaN pelo

estresse de alto Ca2+ nem na inativação da mesma, as Ca2+-ATPases e os

trocadores Ca2+/H+ possuem baixa afinidade pelo Mn2+. Entretanto, o resultado

obtido com as MT poderia mascarar a contribuição de um único compartimento da

via secretória, o Golgi. Foi feito, portanto, o fracionamento dessas MT em gradiente

descontínuo de densidade de sacarose, esperando que esta inibição fosse

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113

encontrada no mínimo nas membranas do Golgi, já que o produto do gene PMR1,

descrito como uma Mn2+-Ca2+-ATPase está localizada nesta organela (Wei et al.,

2000).

A concentração total de 100 M Mn2+ (43 M Mn2+ livre e 4,8 vezes maior que

a concentração de Ca2+ livre) inibiu em aproximadamente 15% da atividade das

Ca2+-ATPase nas membranas do Golgi quando a CaN não foi ativada, essa inibição

pode ser apenas uma variação experimental (Fig. 26A), e quando a CaN foi ativada

pelo estresse de Ca2+ não ocorreu nem a inibição nem nas membranas do Golgi.

Esses resultados confirmam a especificidade das Ca2+-ATPases pelo Ca2+,

principalmente em condições de estresse por altas concentrações de Ca2+

extracelular.

Os resultados encontrados até o momento não estão de acordo os dados da

literatura que mostram que 10 µM livre de Mn2+ inibi 50% da atividade da Ca2+-

ATPase de Golgi (Wei et al., 1999). A mutação/inativação da calcineurina não

aumentou a sensibilidade das Ca2+-ATPases ao Mn2+. Nossos resultados cancelam

o possível papel da calcineurina em modular a afinidade das Ca2+-ATPases ao Mn2+

e não estão de acordo com a publicação de Wei e colaboradores (2000).

Um fato importante, é que os estudos que determinaram que a PMR1 (gene

de Ca2+-ATPase de Golgi de levedura), SPCA1 (gene de Ca2+-ATPAse da via

secretória de células humanas) e ECA1 (gene de Ca2+-ATPAses de RE de planta)

podem transportar Mn2+ com alta afinidade foi realizado a partir da super-expressão

dos respectivos genes no mutante triplo de pmc1pmr1cnb1 (mutante deficiente em

Ca2+-ATPase de vacúolo, Ca2+-ATPase de Golgi e Calcineurina respectivamente;

cepa K616)

Vale a pena também sublinear que os experimentos de Wei e colaboradores

(1999) foram realizados com construção de genes muito artificial o que não permite

no momento de saber as conseqüências destas combinações sobre homeostase

iônico. Já nossos dados alarmam sobre uma ligação ainda não explicável entre

genes de transportadores de Ca2+ e/ou os próprios transportadores quando somente

um gene foi destruído (olhar acima). E mais, não existem ainda trabalhos que

mostram o transporte de Mn2+ em membranas purificadas de cepa selvagem e do

mutante pmr1 em condições fisiológicas de Mn2+ e Ca2+ presentes simultaneamente.

Somente este tipo de experimento pode verificar a hipótese\especulação que Pmr1p

pode transportar Mn2+

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114

Nossos resultados sobre a inativação do gene PMC1 sugere um possível

papel regulatório da Ca2+-ATPase vacuolar sobre a atividades das Ca2+-ATPases de

outras organelas. Visto esse novo conceito, realmente, não podemos prever o que

aconteceria com a Ca2+-ATPase de Golgi na ausência de duas enzimas regulatórias

(CaN e a Ca2+-ATPase vacuolar).

Esses resultados juntos sugerem que as Ca2+-ATPases assim como o

trocadores Ca2+/H+ possuem baixíssima afinidade pelo Mn2+ em cepas selvagem. A

calcineurina não modula a baixa afinidade dos transportadores de Ca2+ ao Mn2+,

porque na sua ausência (cnb) não observamos inibição da atividade dos

transportadores de Ca2+ pelo Mn2+ ainda que com concentrações totais e livres

elevadíssimas de Mn2+.

Concluímos que tanto as Ca2+-ATPases, incluindo a bomba de Golgi, Pmr1p,

quanto os trocadores Ca2+/H+ não transportam Mn2+ em condições fisiológicas em S.

cerevisiae. Sugerimos que, provavelmente, outros transportadores específicos de

Mn2+ e não os transportadores de Ca2+ estariam envolvidos na homeostase de Mn2+

em condições fisiológicas ou sobre condições de estresse por alto Ca2+ extracelular.

No SMYTE (2007), o Professor N. Nelson nos informou que resultados genéticos

encontrados por sua equipe concordam com os nossos resultados bioquímicos e

indicam a existência de transportadores específicos para o Mn2+ (comunicação

pessoal)

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115

6. CONCLUSÕES

A atividade dos transportadores de Ca2+ de células energizadas ou não com

glicose extracelular de diferentes cepas selvagens e cepas mutantes de

Saccharomyces cerevisiae foram analisadas, dependente de tempo de estresse pelo

alto Ca2+ e sem este estresse. Concluímos que:

(1) As populações de membranas das organelas da via secretória não são

contaminadas por membranas vacuolares. A atividade das Ca2+-ATPAses e dos

trocadores Ca2+/H+ em outras organelas da via secretória não é devido a

contaminação por membranas vacuolares.

(2) Independente do tempo de estresse por alto Ca2+ as células de levedura

energizadas ou não por glicose extracelular aumentaram a captação de Ca2+

ativando tanto as Ca2+-ATPases quanto os trocadores de Ca2+/H+.

(3) As Ca2+-ATPases do vacúolo e do Golgi foram as maiores contribuintes

(63%) na captação de Ca2+ pelas Ca2+-ATPases em células não energizadas e

estressadas pelo Ca2+ por curto tempo. Mas durante o estresse permanente as

enzimas de RE, MP e EN dominaram nesse processo (63%). A energização das

células não mudou essa interessante dinâmica das respostas de Ca2+-ATPase de

diferentes organelas determinada pelo tempo de estresse.

(4) A efetividade da ativação dos trocadores Ca2+\H+ e das Ca2+-ATPases é

um importante fator para diminuir a inibição do crescimento da levedura durante ao

estresse permanente por Ca2+. Juntos nossos resultados indicam que todos os

transportadores de Ca2+ respondem de maneira coordenada para reduzir o nível

tóxico de Ca2+ livre no citosol e indicam a grande importância das organelas

diferentes dos vacúolos na homeostase de Ca2+.

(5) O estresse pelo alto Ca2+ aumentou simultaneamente tanto atividade

quanto o conteúdo de Ca2+-ATPase de vacúolo (Pmc1p) nas membranas vacuolares

em 1,8 e 8 vezes respectativamente. Surpreendentemente, seu conteúdo cresceu

ainda mais (17,5 vezes) nas outras organelas da via secretória, incluindo vesículas

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116

secretórias. Isto mostra que a Pmc1p é deslocada para outras organelas de via

secretoria e/ou membrana plasmática em condições de estresse pelo alto Ca2+.

(6) Na ausência de estresse a inativação da CaN inibiu a atividade das Ca2+-

ATPases e dos trocadores Ca2+/H+, semelhantemente, em todas as organelas da via

secretória. Portanto, a CaN controla a atividade dos transportadores de Ca2+ e sua

contribuição nas organelas da via secretória de maneira similar, ou seja, essa

regulação não é seletiva.

(7) A deleção do gene PMC1 (pmc1 – Ca2+-ATPase de vacúolo) diminuiu a

atividade das Ca2+-ATPases tanto no vacúolo (71%) quanto em outras organelas

(43%) mas a atividade dos trocadores Ca2+/H+ reduziu somente 9%. A inativação do

gene VCX1 (vcx1::URA3 – trocador Ca2+/H+ vacuolar) inibiu a atividade de trocador

em 94% e 83% no vacúolo e em outras organelas da via secretória,

respectivamente, sem interferir significativamente com a atividade das Ca2+-

ATPases (26% de inibição). Sugerimos um papel chave dos genes dos

transportadores de Ca2+ vacuolares e\ou mesmos os próprios transportadores na

regulação de transportadores de Ca2+ do mesmo tipo em outras organelas.

(8) Tanto as Ca2+-ATPases de levedura, incluindo a enzima do Golgi, quanto

os trocadores Ca2+/H+ não transportam Mn2+ quando a sua concentração não está

acima da concentração fisiológica, mais ou menos 500.000 vezes. Essa alta

afinidade de transportadores de Ca2+ pelo Ca2+ não tem dependência da

calcineurina.

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