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Física Moderna Capítulo 1 Relatividade Restrita Prof. Dr. Cláudio Sérgio Sartori 1 Introdução. Relatividade Newtoniana A relatividade é o campo de estudo de eventos medidos na física; onde e quando eles acontecem, e como dois eventos são separados no espaço e no tempo. Há uma relação de transformação entre as medidas feitas quando ocorrem em referenciais em movimento um em relação ao outro. Essas relações eram bem conhecidas pelos físicos até 1905, quando Albert Einstein publicou sua Teoria Especial da Relatividade. O termo especial significa que a teoria trata somente fenômenos quie ocorrem em referenciais inerciais, nos quais as Leis de Newton são válidas. A teoria geral da Relatividade de Einstein considera a situação na qual o sistema referencial pode estar sujeito a uma aceleração gravitacional. Com dois postulados básicos, Einstein demonstrou ao mundo científico que as antigas idéias sobre relatividade estavam erradas, pois estavam baseadas em um bom senso comum, que era apoiado no estudo do movimento de objetos com velocidades baixas, muito menores que a velocidade da luz. A relatividade de Einstein demonstrou que fenômenos eram explicados para quaisquer velocidades das entidades presentes no experimento. Einstein demonstrou que o espaço e o tempo estão interligados; ou seja, o tempo entre dois eventos depende como ele ocorre e vice versa. Um resultado disso é que o tempo não passa a uma taxa fixa, como se estivesse interligado a um mecanismo regular de um relógio que controla o universo. A taxa é ajustável: movimento relativo pode mudar a uma taxa a qual o tempo passa. Hoje, experimentos comprovam essa teoria, como a engenharia envolvida com o sistema de posicionamento global (GPS Global Positioning System) dos satélites NAVSTAR, cujas rotinas de controle utilizam relatividade (especial e geral) para determinar a taxa a qual o tempo passa nos satélites devido às diferenças medidas na superfície da Terra. Caso os engenheiros não incluíssem a teoria da relatividade nos cálculos do sistema GPS, haveria falhas no sistema em menos de um dia. O éter e a velocidade da luz Adaptado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Experi%C3%AAncia_de_Michelso n-Morley A experiência de Michelson-Morley, uma das mais importantes e famosas experiências da história da física, realizada em 1887 por Albert Michelson (1852 - 1931) e Edward Morley (1838- 1923), é considerada uma das provas forte contra a teoria do éter. A teoria física no fim do século XIX postulava que, tal como as ondas de água têm de ter um meio por onde propagar-se (a água) e as ondas sonoras audíveis também requerem o seu meio (o ar), as ondas luminosas iriam necessitar, também elas, de um meio próprio, o "éter". A cada ano, a Terra viaja tremendas distâncias em sua orbita ao redor do sol, a uma velocidade em torno de 30km/segundo, em torno 100.000 km por hora. Estava-se proposto que a terra poderia estar a todo instante se movendo através de um éter e produzindo um "Vento Etéreo" detectável. A qualquer ponto da superfície da Terra, a intensidade e a direção do vento poderia variar com o horário do dia e a estação do ano. Através da análise do vento aparente em vários momentos diferentes do dia, deveria ser possível a separação dos componentes devido à movimentação da terra em relação ao sistema solar em qualquer situação de movimento desde mesmo sistema. O efeito do vento etéreo em ondas de luz deveria ser semelhante ao efeito do vento sobre as ondas de som. Ondas de som viajam em uma velocidade constante em relação ao meio em que se encontram (isso varia de acordo com a pressão, temperatura, mas é normalmente de 340m/s). Então, se a velocidade do som em nossas condições é de 340m/s, em uma condição de vento de 10m/s em relação ao chão, dentro da corrente de vento, a viajem do som terá 330m/s(340 - 10). Ao percorrer contra a corrente de vento, parecerá que o som está viajando a 350m/s(340 + 10). Medindo a velocidade do som em comparação ao solo em direções diferentes nos permite calcular a velocidade do ar em relação ao chão.

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Física Moderna – Capítulo 1 – Relatividade Restrita Prof. Dr. Cláudio Sérgio Sartori

1

Introdução. Relatividade Newtoniana

A relatividade é o campo de estudo de

eventos medidos na física; onde e quando eles

acontecem, e como dois eventos são separados

no espaço e no tempo. Há uma relação de

transformação entre as medidas feitas quando

ocorrem em referenciais em movimento um

em relação ao outro.

Essas relações eram bem conhecidas

pelos físicos até 1905, quando Albert Einstein

publicou sua Teoria Especial da Relatividade.

O termo especial significa que a teoria trata

somente fenômenos quie ocorrem em

referenciais inerciais, nos quais as Leis de

Newton são válidas. A teoria geral da

Relatividade de Einstein considera a situação

na qual o sistema referencial pode estar sujeito

a uma aceleração gravitacional.

Com dois postulados básicos, Einstein

demonstrou ao mundo científico que as

antigas idéias sobre relatividade estavam

erradas, pois estavam baseadas em um bom

senso comum, que era apoiado no estudo do

movimento de objetos com velocidades

baixas, muito menores que a velocidade da

luz. A relatividade de Einstein demonstrou

que fenômenos eram explicados para

quaisquer velocidades das entidades presentes

no experimento. Einstein demonstrou que o

espaço e o tempo estão interligados; ou seja, o

tempo entre dois eventos depende como ele

ocorre e vice versa. Um resultado disso é que

o tempo não passa a uma taxa fixa, como se

estivesse interligado a um mecanismo regular

de um relógio que controla o universo. A taxa

é ajustável: movimento relativo pode mudar a

uma taxa a qual o tempo passa.

Hoje, experimentos comprovam essa

teoria, como a engenharia envolvida com o

sistema de posicionamento global (GPS –

Global Positioning System) dos satélites

NAVSTAR, cujas rotinas de controle utilizam

relatividade (especial e geral) para determinar

a taxa a qual o tempo passa nos satélites

devido às diferenças medidas na superfície da

Terra. Caso os engenheiros não incluíssem a

teoria da relatividade nos cálculos do sistema

GPS, haveria falhas no sistema em menos de

um dia.

O éter e a velocidade da luz Adaptado de:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Experi%C3%AAncia_de_Michelso

n-Morley

A experiência de Michelson-Morley, uma

das mais importantes e famosas experiências da

história da física, realizada em 1887 por Albert

Michelson (1852 - 1931) e Edward Morley (1838-

1923), é considerada uma das provas forte contra

a teoria do éter.

A teoria física no fim do século XIX postulava

que, tal como as ondas de água têm de ter um meio

por onde propagar-se (a água) e as ondas sonoras

audíveis também requerem o seu meio (o ar), as

ondas luminosas iriam necessitar, também elas, de

um meio próprio, o "éter".

A cada ano, a Terra viaja tremendas distâncias

em sua orbita ao redor do sol, a uma velocidade

em torno de 30km/segundo, em torno 100.000 km

por hora. Estava-se proposto que a terra poderia

estar a todo instante se movendo através de um

éter e produzindo um "Vento Etéreo" detectável. A

qualquer ponto da superfície da Terra, a

intensidade e a direção do vento poderia variar

com o horário do dia e a estação do ano. Através

da análise do vento aparente em vários momentos

diferentes do dia, deveria ser possível a separação

dos componentes devido à movimentação da terra

em relação ao sistema solar em qualquer situação

de movimento desde mesmo sistema.

O efeito do vento etéreo em ondas de luz

deveria ser semelhante ao efeito do vento sobre as

ondas de som. Ondas de som viajam em uma

velocidade constante em relação ao meio em que

se encontram (isso varia de acordo com a pressão,

temperatura, mas é normalmente de 340m/s).

Então, se a velocidade do som em nossas

condições é de 340m/s, em uma condição de vento

de 10m/s em relação ao chão, dentro da corrente de

vento, a viajem do som terá 330m/s(340 - 10). Ao

percorrer contra a corrente de vento, parecerá que

o som está viajando a 350m/s(340 + 10). Medindo

a velocidade do som em comparação ao solo em

direções diferentes nos permite calcular a

velocidade do ar em relação ao chão.

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Física Moderna – Capítulo 1 – Relatividade Restrita Prof. Dr. Cláudio Sérgio Sartori

2

A experiência de Michelson-Morley foi

planejada com a intenção de estudar o movimento

da Terra em relação ao referencial do éter. Como a

Terra se move em relação ao Sol, pareceria não

realístico fazer a hipótese de que o éter se movia

com a Terra, e, já eram conhecidas na época

evidências experimentais que contradiziam essa

hipótese. Seria mais razoável considerar que o éter

estaria em repouso em relação ao centro de massa

do sistema solar, ou o centro de massa do universo.

No primeiro caso, a velocidade da Terra relação ao

éter teria um módulo de 104m/s; no segundo caso,

ela seria um pouco maior. A idéia básica da

experiência era de medir a velocidade da luz em

duas direções perpendiculares, a partir de um

sistema de referência fixo em relação à Terra. Se

considerarmos por momentos a teoria clássica

resumida pela adição vetorial: a velocidade da luz

em relação a referencial em movimento é igual à

velocidade da luz em relação ao éter menos a

velocidade do referencial em movimento em

relação ao éter, veremos que a teoria prevê que as

velocidades medidas deverão ter valores diferentes

em relação à direção de movimento do observador

em relação ao éter.

Embora a diferença observada entre as

duas velocidades medidas fosse pequena, devido

ao fato da velocidade da Terra em relação ao éter

ser pequena comparada à velocidade da luz em

relação ao éter, Michelson e Morley construíram

um aparelho com um interferômetro que seria

suficientemente sensível para detectar e medir essa

diferença. Eles se surpreenderam extremamente ao

verificar que não puderam detectar nenhuma

diferença. Eles, e muitos cientistas depois deles,

repetiram a experiência com equipamentos

aperfeiçoados, porém nunca se observou diferença

nenhuma. A experiência de Michelson-Morley

mostrou que a velocidade da luz tem o mesmo

valor, c, medida em direções perpendiculares em

um sistema de referência que se supõe estar em

movimento em relação através do referencial do

éter.

Assim, a velocidade da luz no vácuo

independe do movimento do observador e do

movimento da fonte.

Aparato experimental do experimento de Michelson-

Morley, em 1887. As partes ópticas foram montados em uma

laje de arenito quadrado 5 pés, que foi lançada em mercúrio, reduzindo assim as tensões e vibrações durante a rotação que

afectaram os experimentos anteriores. As observações podem

ser feitas em todas as direcções ao rodar o aparelho em relação ao plano horizontal. [From R.S. Shankland, “The Michelson-

Morley Experiment.” Copyright © November 1964 by Scientific

American, Inc. All rights reserved.]

Interferômetro de Michelson . ( a) A luz amarela a

partir da fonte de sódio é dividida em dois feixes com a

segunda superfície do divisor de feixe parcialmente reflector em A, no ponto em que os dois feixes estão exactamente em

fase . As guias pelos caminhos dos raios luminosos

perpendiculares 1 e 2, refletem a partir de espelhos M1 e M2, e voltar para A, onde eles se recombinam e são vistas pelo

observador. A finalidade do compensador é fazer com que os

dois caminhos de comprimento óptico sejam iguais, de modo que o comprimento L contêm o mesmo número de ondas de luz

, fazendo com que ambos os feixes passem através de duas

espessuras de vidro antes da recombinação . M2 é , em seguida, inclinado ligeiramente de modo que

não seja completamente perpendicular a M1. Assim, o

observador vê M1 e M2 , a imagem de M2 formada pela segunda

superfície reflectora, parcialmente do divisor de feixe, a

formação de uma película em forma de cunha fina de ar entre

eles. A interferência de dois feixes de recombinação depende do número de comprimentos de onda em cada trajeto, o que por

sua vez depende de ( 1 ) o comprimento de cada caminho e ( 2 ) a velocidade da luz (em relação ao instrumento) em cada

caminho . Independentemente do valor do que a velocidade , a

película de ar em forma de cunha entre M1 e M2 resulta num aumento do comprimento do percurso de feixe

2 em relação ao feixe 1 , olhando da esquerda para a direita

através do campo do observador de vista, portanto, o observador vê uma série de franjas de interferência paralelas

como em ( b) , alternadamente, amarelo e preto da interferência

construtiva e destrutiva , respectivamente.

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Física Moderna – Capítulo 1 – Relatividade Restrita Prof. Dr. Cláudio Sérgio Sartori

3

Os Postulados de Einstein

Em 1905, com a idade de 26 anos, Albert

Einstein publicou vários artigos, entre os quais

estava um sobre a eletrodinâmica de corpos

em movimento. Neste trabalho, ele postulou

um princípio mais geral da relatividade que

aplicou as leis de eletrodinâmica e mecânica.

Uma conseqüência desse postulado é que o

movimento absoluto não pode ser detectado

por qualquer experimento. Podemos, então,

considerar o aparelho de Michelson em

repouso em relação a Terra. Nenhuma

mudança de franja é esperada quando o

interferômetro é girado 90 ° desde que todas

as direções são equivalentes. O resultado nulo

da experiência de Michelson -Morley é,

portanto, de se esperar. Deve-se salientar que

Einstein não se propôs a explicar a experiência

de Michelson-Morley. Sua teoria surgiu a

partir de suas considerações sobre a teoria da

eletricidade e magnetismo e a propriedade

incomum de ondas eletromagnéticas que se

propagam no vácuo. Em seu primeiro artigo,

que contém a teoria completa da relatividade

especial, ele fez apenas uma referência de

passagem para as tentativas experimentais

para detectar o movimento da Terra através do

éter, e, anos mais tarde, ele não conseguia se

lembrar se ele estava ciente dos detalhes do

experimento de Michelson-Morley antes de

publicar sua teoria.

1o Postulado:

O Postulado da Relatividade

As leis da física são as mesmas para todos os

sistemas referenciais inerciais. Nenhum

sistema é preferido em relação a outro.

Galileo Gallilei afirmou que as Leis da

mecânica eram as mesmas em todos os referenciais

inerciais; Einstein estendeu esse resultado

incluindo todas as Leis da Física, destacando-se

aqui o eletromagnetismo e a ótica. O postulado não

diz que as medições de quantidades físicas feitas

em referenciais inerciais são iguais para

observadores inerciais.

20Postulado: O postulado da velocidade

da Luz.

A velocidade da luz no vácuo tem o

mesmo valor em todas as direções e em todos os

sistemas referenciais inerciais.

A velocidade da luz é um limite para as

velocidades de quaisquer objetos ou partículas.

Atualmente, considera-se de acordo com

experimentos realizados, o valor da velocidade da

luz (para o vácuo):

299792458m

cs

onde usualmente utiliza-se nos livros o

valor aproximado:

83 10m

cs

A Transformação Galileanas e a

Transformação de Lorentz

Suponha que há um sistema referencial

inercial S com uma velocidade v em relação a um

sistema fixo S.

z z’

As transformações Galileanas para as

coordenadas desses sistemas são:

x x v t

t t

As transformações de Lorentz entre os

dois sistemas S e S’ são dadas por:

x x v t

y y

z z

2

v xt t

c

É assumido que em t’ = t = 0 as origens

dos dois sistemas S e S’ coincidam.

A demonstração dessa transformação

obtém-se pelos postulados estudados. Sua prova,

juntamente com o valor de será visto a seguir.

A Dilatação do tempo

Observadores que possuem movimentos

relativos entre si (ou separados temporalmente)

medem o mesmo intervalo de tempo, eles obterão

diferentes resultados.

Porque? Por causa da separação espacial pode

afetar o intervalo de tempo medido pelos

observadores.

O intervalo de tempo entre dois eventos

depende como eles ocorrem no espaço e no tempo;

ou seja, as separações espaciais e temporais estão

interligadas.

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Física Moderna – Capítulo 1 – Relatividade Restrita Prof. Dr. Cláudio Sérgio Sartori

4

Exemplificaremos através de um experimento

no qual Sally conduz. Ela utiliza um espelho, um

relógio e uma fonte luminosa B e realiza o

experimento em um trem que se move com

velocidade constante v.

Um pulso de luz deixa a fonte luminosa B

(Evento 1), propaga-se verticalmente e reflete-se

no espelho e é detectado sua volta na fonte (Evento

2). Sally mede um certo intervalo de tempo 0t .

Assim, podemos afirmar que:

0

2Dt

c

Os dois eventos ocorrem no mesmo local, o

sistema referencial inercial de Sally, no interior do

trem com velocidade constante v.

Considere agora que esses dois eventos são

observados por Sam, que está de pé sobre uma

plataforma da estação de trem, portanto, parado em

relação a plataforma fixa. Para ele os dois eventos

ocorrem em diferentes locais de seu sistema

referencial inercial, e, para medir seu intervalo de

tempo, Sam utiliza dois relógios sincronizados C1

e C2, um para cada evento.

Assim, o tempo medido por Sam será:

2 2Lt t L

c c

Como: 2

2 2

2

v tL D

2

2 2 2 2

2 2

4 4

2

v tt L t D

c c

2 2 2

2

2 2

4 4

4

D v tt

c c

2 2 2 22 2 2

2 2 2 2

4 41

v D v Dt t t

c c c c

2

22

2

2

4

1

D

ctv

c

2

2

2

2

4

1

D

ctv

c

2

2

2

1

D

ctv

c

0

2

21

tt

v

c

02

2

1

1

t tv

c

2

1

1

v

c

Denominamos de fator de Lorentz e de

parâmetro de velocidade.

O intervalo de tempo medido no referencial no

qual os eventos ocorrem no mesmo local é

chamado de tempo próprio. O efeito relacionado

ao fato que o intervalo de tempo medido no

referencial S’ é maior que o intervalo de tempo

medido no referencial S é chamado de dilatação do

tempo.

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5

A Contração das distâncias

0L v t

L v t

0

L Lv

t t

0 1tL L L L

t

Outra demonstração: Imagine uma

experiência imaginária onde no referencial S´do

trem em movimento colocamos uma régua e em

uma das extremidades dela uma fonte de luz e na

outra um espelho. A régua está em repouso em

relação a S´ que se move com velocidade constante

u em relação ao referencial S. No referencial S´ o

comprimento da régua é l0. Portanto o intervalo de

tempo t0 que um pulso de luz leva para ir da fonte

ao espelho e retornar é:

00

2lt

c

Esse intervalo de tempo é o tempo próprio

porque a ida e a volta ocorrem no mesmo ponto de

S´.

No sistema de referência S, a régua se

desloca da esquerda para a direita com velocidade

u durante a propagação do pulso de luz. O

comprimento da régua no referencial S í igual a l e

o intervalo de tempo que leva a luz para ir da fonte

até ao espelho é t1. Durante esse intervalo de

tempo, a régua, juntamente com a fonte e o

espelho, já andou u t1. Portanto a distância total d

entre a fonte e o espelho não é l e sim:

1d l u t

O pulso de luz se desloca com velocidade

c, portanto podemos afirmar que:

1d c t

Assim:

1 1 1

ld l u t c t t

c u

Analogamente, podemos mostrar que a

distância d entre a fonte e o espelho quando a luz

percorre do espelho à fonte é:

2d l u t

Como:

2d c t

2 2 2

ld l u t c t t

c u

O intervalo de tempo total que o pulso de

luz leva para ir da fonte até o espelho e retornar ao

ponto inicial é:

1 2t t t

l lt

c u c u

l c u l c ut

c u c u c u c u

2 2

2l ct

c u

2

2

2

1

l

ctu

c

2 2lt

c

00

2lt

c

2

00

2

2

l

t clt

c

2

0 0

t l

t l

Porém sabemos que:

0t t

20

0 0

t l

t l

2

0

0

1ll l

l

2

021

ul l

c

Ou:

2

01l l

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6

O comprimento l0 é chamado de

comprimento próprio e o fenômeno descrito é

chamado de contração de Lorentz.

Sincronização de relógios e

simultaneidade.

Anteriormente, observamos a medida de um

intervalo de tempo entre dois eventos que ocorrem

no mesmo ponto em determinado sistema

referencial. Ele pode ser medido utilizando um

relógio simples. No referencial em movimento em

relação ao primeiro, os mesmos dois eventos

ocorrem em diferentes lugares, portanto são

necessário dois relógios para medir o intervalo de

tempo. O tempo de cada evento é medido em

relógios diferentes, e o intervalo é encontrado pela

subtração. Esse procedimento requer que os

relógios estejam sincronizados.

É possível demonstrar que:

Dois relógios que estão sincronizados em um

sistema referencial não estão necessariamente

sincronizados em algum outro sistema referencial

movendo-se relativamente em relação ao sistema

referencial. (Relógios sincronizados).

Um corolário desse resultado: Dois eventos

que são simultâneos em um sistema referencial

tipicamente não são simultâneos em um outro

sistema referencial que se move em relação ao

primeiro. (Eventos simultâneos).

Definição de eventos simultâneos: Dois

eventos em um sistema referencial são simultâneos

se o sinal luminoso dos eventos chegam ao mesmo

tempo para um observador situado no meio

caminho entre os eventos.

Para mostrar que dois eventos são

simultâneos num referencial S e não são

simultâneos num referencial S’, utilizaremos um

exemplo importante proposto por Einstein.

Um trem, movendo-se a velocidade v,

passa por uma plataforma. Considere o trem em

repouso em S’ e a plataforma estar em repouso em

S.

Há observadores A’, B’, e C’ localizados

na frente, atrás e no meio do trem. Suponha

que a plataforma e o trem sejam atingidos por

relâmpagos, na frente e atrás do trem e que os

relâmpagos são simultâneos no referencial da

plataforma S. O observador C, no meio da plataforma

entre as posições A e B, vê os relâmpagos no

mesmo tempo. É conveniente supor que a luz

chamusca o trem e a plataforma e os eventos

podem ser facilmente localizados. Como C’ está

no ponto médio do trem, o ponto médio das marcar

feitas pelo relâmpago, os eventos são simultâneos

em S’ somente se C’ observa os flashes ao mesmo

tempo. A luz à frente de C’ é vista por C’ antes

que a luz atrás. Entendemos assim por considerar o

movimento de C’ como é visto no referencial S.

No momento em que a luz da frente atinge C’ C’

move-se alguma distância para frente do flash da

frente e alguma distância para o flash de trás.

Então, a luz do flash de trás ainda não atinge C’,

como é indicado na figura a seguir.

O observador C’ deve então concluir que

os eventos não são simultâneos e que a parte da

frente do trem foi atingida antes que a de trás.

Conseqüentemente, todos os observadores

em S’ concordam com C’ quando é considerada a

correção do tempo que leva a luz para chegar a

eles.

A figura a seguir mostra a luz que é vista

no referencial do trem (S’). Nessa fotografia, a

plataforma está se movendo, estão a distância entre

as duas marcas da plataforma está contraída. A

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7

plataforma é menor do que está em S e, desde que

o trem está em repouso, o trem é maior do que seu

comprimento contraído em S. Quando a luz a

frente do trem atinge o ponto A’, a frente do trem é

o ponto A, e a luz ainda não atingiu o ponto B.

Quando a luz atinge a parte de trás do trem em B’,

atinge o ponto B da plataforma.

A discrepância no tempo dos dois relógios

sincronizados em S, como é vista em S’, pode ser

encontrada pelas equações da transformações de

Lorentz. Suponha que tenhamos relógios em x1 e

x2, que estão sincronizados em S. O que são os

tempos t1 e t2 nesses relógios como observados de

S’ no tempo t0’? Utilizando a transformação de

Lorentz, teremos:

10 1 2

v xt t

c

20 2 2

v xt t

c

Então:

0 11 2

t v xt

c

0 22 2

t v xt

c

2 1 2 12

vt t x x

c

Como o comprimento próprio é dado por:

2 1pL x x

2 1 2 p

vt t L

c

A transformação das velocidades

x x v t

y y

z z

2

v xt t

c

2

1

1

vdx dx v dt

c

22

1

1

v dxdt dt

c

2

22

1

1

1

1

x x

dx v dtdx

v vv dxdt

dtc

21

x

dxv

dtv

dxv

dt

c

21

xx

x

v vv

v v

c

22

1

1

y y

dy dyv v

v dxdtdt

c

22

1

1

y

dy

dtvdx

vdt dt

dt c

22

11

1

y

y

x

vv

v v

c

2

2

1

1

y

yx

vv

v v

c

Similarmente:

2

2

1

1

zz

x

vv

v v

c

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Física Moderna – Capítulo 1 – Relatividade Restrita Prof. Dr. Cláudio Sérgio Sartori

8

O paradoxo dos gêmeos.

Dois gêmeos fazem a seguinte experiência:

um deles parte da Terra numa astronave, com

destino a uma estrela distante, enquanto o outro

permanece na Terra. Ao retornar, o viajante

encontra-se com o gêmeo que permaneceu na

Terra e observa que este estará anos mais velho do

que ele.

Exemplo1. : Sua nave passa a 0.999c da

Terra. Depois de 10 anos viajando (medido no seu

tempo) você retorna à Terra com a mesma

velocidade e leva os mesmos 10 anos para voltar

(medido no seu tempo). Quanto tempo passará na

Terra, desprezando efeitos da desaceleração?

02

2

1

1

t tv

c

2

2

110

0.9991

tc

c

222.7t

(ida)

448T a

Exemplo 2: Uma régua de comprimento

próprio 1 m move-se com velocidade v relativa a

você. Você mede um comprimento de 0.914m.

Qual é a velocidade v?

2

21p

vL L

c

2

21

p

Lv c

L

2

2

0.9141

1v c

0.406v c

Exemplo 3: Um avião supersônico move-

se a uma velocidade de 1000 m/s (3 vezes a

velocidade do som) ao longo de um eixo x em

relação a você. Um segundo avião, move-se com

velocidade de 500 m/s em relação ao primeiro

avião e para longe de você. Qual a velocidade do

segundo avião em relação a você?

21

xx

x

v vv

v v

c

21 x

x x

v vv v v

c

21 x

x x

v vv v v

c

2

xx x x

v vv v v v

c

21 x

x x

v vv v v

c

21

xx

x

v vv

v v

c

12

2 8

1000 5005.6 10

3 10

xv v

c

~ 500 1000 15001 0

xx

v v mv

s

Exemplo 4: Um observador numa

espaçonave possui uma arma de fogo e um

espelho, como mostra a figura.

A distância entre a arma e o espelho é de

15 minutos-luz e a espaçonave, em S’ atravessa a

velocidade v = 0.8c em relação a uma plataforma

muito longa em S. A plataforma possui dois

relógios sincronizados, um localizado na posição

x1 da espaçonave e outro relógio a x2 quando a luz

retorna após a reflexão do espelho. Encontre o

intervalo de tempo entre os dois eventos (explosão

da arma de fogo e recebimento do sinal após a

reflexão no espelho)

(a) no referencial da espaçonave.

(b) no referencial da plataforma.

(c) Encontre a distância percorrida pela

espaçonave.

(d) o tempo de não sincronização dos

relógios da plataforma de acordo com os

observadores na espaçonave.

(a) Na espaçonave, a luz atravessa a distância da

arma ao espelho e percorre uma distância total de:

D

D c t tc

DD c t t

c

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Física Moderna – Capítulo 1 – Relatividade Restrita Prof. Dr. Cláudio Sérgio Sartori

9

Como os eventos ocorrem no mesmo lugar na

espaçonave, o intervalo de tempo é o tempo

próprio.

30p p

D ct t

c c

30minpt

(b) No referencial S, o intervalo de tempo

entre os eventos é maior por um fator :

2

2

1

1

p pt t t tv

c

2

1 530 30

31 0.8t t

50mint

(c) No referencial S, a distância percorrida

pela espaçonave é:

2 1x x v t

2 1 2 10.8 50 40 minx x c x x c

(d) Os relógios da plataforma estão fora de

sincronização pela quantidade:

2s P

vt L

c

2

0.840 mins

ct c

c

32minst

Momento relativístico

As leis do movimento de Newton possuem a

mesma forma em todos os sistemas de referenciais

inerciais. Quando utilizamos uma transformação

para i de um sistema á outro, as leis permanecem

invariantes. Porém, o princípio da relatividade

obriga a trocar as transformações de Galileo pelas

de Lorentz, que são mais gerais. Isso exige

generalizações correspondentes para as leis de

movimento e para as definições de energia e

momento linear.

O princípio da conservação do momento

linear afirma que, quando dois corpos interagem, o

momento linear total permanece constante, desde

que a força externa resultante que atua sobre os

corpos no sistema referencial inercial seja nula.

Suponha que observemos uma colisão em

um sistema referencial inercial S e verifiquemos

que o momento é conservado. Então, usa-se as

transformações de Lorentz para obter as

velocidades em um segundo sistema referencial S´.

Verifica-se que, usando a definição de momento

linear: p m v

, o momento linear não é

conservado no segundo sistema de referência!

Como temos certeza que o princípio da

relatividade e as transformações de Lorentz são

corretos, a única maneira de salvar a lei da

conservação do momento linear consiste em

generalizar a definição de momento linear.

Suponha que, ao medirmos a massa de

uma partícula que está em repouso em relação a

nós, achamos um valor m; geralmente chamamos

de massa de repouso a massa m. Vamos chamar de

partícula material toda partícula com massa de

repouso diferente de zero. Quando essa partícula

tem velocidade v

, seu momento linear

relativístico p

é dado por:

2

21

m vp

v

c

Ou p m v

Exemplo 5 - Da segunda Lei de Newton:

dpF

dt

Então, usando 2

21

m vp

v

c

como

momento linear (relativístico) e se a força

resultante e a velocidade estiverem situadas num

mesmo eixo, mostre que: 3F m a

2

21

d m vF

dt v

c

11

2 2 2

2 2 2

22

2

1 21 1

2

1

dv v v v dvm m v

dt c c c dtF

v

c

12 2 2

2 2 2

22

2

1 1

1

v v vm a m v a

c c cF

v

c

2

2 2

122 2

2

2

2

1

1

1

v

v c

cv

cF m a

v

c

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Física Moderna – Capítulo 1 – Relatividade Restrita Prof. Dr. Cláudio Sérgio Sartori

10

2 2

2 2

12 2

2

2

2

1

1

1

v v

c c

v

cF m a

v

c

2 2

2 2

11

2 2

2

1

1

v v

c cF m a

v

c

32 2

21

mF a

v

c

3F m a

Energia Relativística

Suponha que a força resultante e o

deslocamento estão numa mesma direção. O

trabalho realizado por esta força é:

W Fdx

2

1

32 2

21

x

x

m dvW dx

dtv

c

320 2

21

vm dx

W dvdt

v

c

320 2

21

vm v

W dv

v

c

2

2 21 2

v vu du dv

c c

2

21

2

3

1 22

v

c m cW du

u

2

21

32

2

12

v

cm cW u du

2

21

1

2 2

1

12

2

vu

c

u

m c uW

2

21

2

1

1v

uc

u

W m cu

2 2

2

2

1 1

11

W m c m cv

c

2 2

2

2

1

1

W m c m cv

c

21W m c

Utilizando o teorema trabalho – energia:

21W K m c

Energia total da partícula: 2E K m c

2E m c

A energia 2m c associada à massa de

repouso m da partícula é a chamada energia de

repouso da partícula. Se eliminarmos a velocidade

v da partícula chega-se a:

2 2 2

2

1

1

E E

m c m c v

c

2

22

2

1

1

E

vm c

c

2

21

m vp

v

c

2

22

2

21

v

p c

vm c

c

2 22 2E m c p c

(energia total, energia de repouso e momento

linear.)

Efeito Doppler

O Efeito Doppler é o deslocamento da

freqüência de uma fonte produzido pelo

movimento relativo entre a fonte e o observador.

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11

Para uma fonte emitindo ondas eletromagnética

com freqüência f0 que se aproxima de um

observador com velocidade relativa u, a freqüência

f medida pelo observador é dada por:

0

c uf f

c u

Se a fonte se afasta do observador:

0

c uf f

c u

O Sistema GPS (Adaptado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Gps)

O sistema de posicionamento global,

popularmente conhecido por GPS (acrônimo do

original inglês Global Positioning System, ou do

português "geo-posicionamento por satélite") é um

sistema de navegação por satélite que fornece a um

aparelho receptor móvel a posição do mesmo,

assim como informação horária, sob todas

quaisquer condições atmosféricas, a qualquer

momento e em qualquer lugar na Terra, desde que

o receptor se encontre no campo de visão de quatro

satélites GPS. Encontram-se em funcionamento

dois sistemas de navegação por satélite: o GPS

americano e o GLONASS russo. Existem também

dois outros sistemas em implementação: o Galileu

da União Européia e o Compas chinês. O sistema

americano é detido pelo Governo dos Estados

Unidos e operado através do Departamento de

Defesa. Inicialmente o seu uso era exclusivamente

militar, estando atualmente disponível para uso

civil gratuito. No entanto, poucas garantias

apontam para que em tempo de guerra o uso civil

seja mantido, o que resultaria num sério risco para

a navegação. O GPS foi criado em 1973 para

superar as limitações dos anteriores sistemas de

navegação.

O sistema foi declarado totalmente

operacional apenas em 1995. Seu desenvolvimento

custou 10 bilhões de dólares. Consiste numa

"constelação" de 24 satélites. Os satélites GPS,

construídos pela empresa Rockwell, foram

lançados entre Fevereiro de 1978 (Bloco I), e 6 de

Novembro de 2004 (o 29º). Cada um circunda a

Terra duas vezes por dia a uma altitude de 20200

quilômetros (12600 milhas) e a uma velocidade de

11265 quilômetros por hora (7000 milhas por

hora), de modo que, a qualquer momento, pelo

menos 4 deles estejam “visíveis” de qualquer

ponto da Terra. Os satélites têm a bordo relógios

atômicos e constantemente difundem o tempo

preciso de acordo com o seu próprio relógio, junto

com informação adicional como os elementos

orbitais de movimento, tal como determinado por

um conjunto de estações de observação terrestres.

O receptor não necessita de ter um relógio

de tão grande precisão, mas sim de um

suficientemente estável. O receptor capta os sinais

de quatro satélites para determinar as suas próprias

coordenadas, e ainda o tempo. Então, o receptor

calcula a distância a cada um dos quatro satélites

pelo intervalo de tempo entre o instante local e o

instante em que os sinais foram enviados (esta

distância é chamada pseudodistância).

Decodificando as localizações dos satélites a partir

dos sinais de microondas (tipo de onda

eletromagnética) e de uma base de dados interna, e

sabendo a velocidade de propagação do sinal, o

receptor, pode situar-se na intersecção de quatro

calotes, uma para cada satélite. Até meados de

2000 o departamento de defesa dos EUA impunha

a chamada "disponibilidade seletiva", que consistia

em um erro induzido ao sinal impossibilitando que

aparelhos de uso civil operassem com precisão

inferior a 90 metros.

Porém, o presidente Bill Clinton foi

pressionado a assinar uma lei determinando o fim

dessa interferência no sinal do sistema, desse modo

entende-se que não há garantias que em tempo de

guerra o serviço continue a disposição ou com a

atual precisão.

No cenário militar, o GPS é também

usado para o direcionamento de diversos tipos de

armamentos de precisão, como as bombas JDAM

(Joint Direct Attack Munition) e os famosos

mísseis Tomahawk. Estas bombas "inteligentes"

são guiadas a seus alvos por um sistema inercial

em conjunto com um GPS. Este tipo de sistema de

guiamento pode ser usado em qualquer condição

climática e garante um alto índice de acertos. lém

de sua aplicação óbvia na aviação geral e

comercial e na navegação marítima, qualquer

pessoa que queira saber a sua posição, encontrar o

seu caminho para determinado local (ou de volta

ao ponto de partida), conhecer a velocidade e

direção do seu deslocamento pode-se beneficiar

com o sistema. Atualmente o sistema está sendo

muito difundido em automóveis com sistema de

navegação de mapas, que possibilita uma visão

geral da área que você está percorrendo.

A comunidade científica utiliza-o pelo seu

relógio altamente preciso. Durante experiências

científicas de recolha de dados, pode-se registrar

com precisão de micro-segundos (0,000001

segundo) quando a amostra foi obtida.

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12

Naturalmente a localização do ponto onde a

amostra foi recolhida também pode ser importante.

Agrimensores diminuem custos e obtêm

levantamentos precisos mais rapidamente com o

GPS. Unidades específicas têm custo aproximado

de 3.000 dólares e precisão de 1 metro, mas

existem receptores mais caros com precisão de 1

centímetro. A recolha de dados por estes

receptores é mais lenta. Guardas florestais,

trabalhos de prospecção e exploração de recursos

naturais, geólogos, arqueólogos, bombeiros, são

enormemente beneficiados pela tecnologia do

sistema. O GPS tem-se tornado cada vez mais

popular entre ciclistas, balonistas, pescadores,

ecoturistas, geocachers, vôo livre ou por

aventureiros que queiram apenas orientação

durante as suas viagens. Com a popularização do

GPS, um novo conceito surgiu na agricultura: a

agricultura de precisão. Uma máquina agrícola

dotada de receptor GPS armazena dados relativos à

produtividade em um dispositivo de memória que,

tratados por programa específico, produz um mapa

de produtividade da lavoura. As informações

permitem também otimizar a aplicação de

corretivos e fertilizantes.

Latitude

A latitude é a distância ao Equador

medida ao longo do meridiano de Greenwich. Esta

distância mede-se em graus, podendo variar entre

0º e 90º para Norte ou para Sul.

Por exemplo, Lisboa está à latitude de 38º

4´N, o Rio de Janeiro à latitude de 22º 55´S e

Macau à latitude de 22º 27´N.

Longitude

A longitude é a distância ao meridiano de

Greenwich medida ao longo do Equador. Esta

distância mede-se em graus, podendo variar entre

0º e 180º para Este ou para Oeste.

Por exemplo, Lisboa está à longitude de

9º 8´W, o Rio de Janeiro à longitude de 34º 53´W

e Macau à longitude de 113º 56´E.

Altitude

A Terra é aproximadamente esférica, com

um ligeiro achatamento nos pólos. Para se definir a

altitude de um ponto sobre a Terra define-se uma

esfera --- geóide --- com um raio de 6378 km. A

altitude num ponto da Terra é a distância na

vertical à superfície deste geóide. Por exemplo, a

altitude média do Aeroporto de Lisboa é de 114 m,

mas a altitude média da Holanda é negativa.

Existem algumas páginas na Internet com

a informação relativa à latitude e longitude de cidades:

http://www.realestate3d.com/gps/world-latlong.htm Site do Google Earth:

http://www.google.com.br/intl/pt-

BR/earth/index.html

Fatos interessantes

O primeiro satélite GPS foi lançado em

1978.

O sistema atual é composto de satélites

GPS de segunda geração, chamado Bloco II.

O primeiro satélite do Bloco II foi

lançado em 1989.

O Departamento de Defesa dos Estados

Unidos declarou o GPS inteiramente operacional

em 1995.

Quando o sistema foi inicialmente

introduzido, erros de cálculo eram programados

em transmissões GPS para limitar a precisão de

receptores GPS não-militares. Essa operação foi

cancelada em maio de 2000.

Há 24 satélites GPS em órbita neste

momento.

Os 24 satélites custaram cerca US$ 12

bilhões para serem fabricados e lançados.

Cada satélite pesa aproximadamente 785

kg.

Os satélites estão em órbita a cerca de 20

mil km acima da Terra.

Um satélite leva 12 horas para orbitar a

Terra completamente.

Os russos possuem um sistema idêntico

ao sistema americano chamado GLONASS. Adaptado de:

http://informatica.hsw.uol.com.br/receptores-gps2.htm

Assim como o sistema GPS/NAVSTAR, o sistema

GLONASS foi desenvolvido inicialmente para fins

militares. O sistema foi inicialmente desenvolvido

pela extinta União Soviética a partir do ano de

1976. O primeiro satélite foi lançado em 1982,

sendo o primeiro teste com quatro satélites

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Física Moderna – Capítulo 1 – Relatividade Restrita Prof. Dr. Cláudio Sérgio Sartori

13

realizado em 1984 2 . O número de satélites foi

gradualmente aumentado até obter-se uma

constelação entre 10-12 satélites que permitiu

definir o sistema como operacional (mas não com

cobertura global) em 1993. A crise econômica

advinda do fim da União Soviética reduziu os

investimentos no sistema, que entrou em franca

decadência. Na década de 2000, sob a presidência

de Vladimir Putin, a restauração do sistema foi

feita com grande prioridade do Governo e o

financiamento foi aumentado substancialmente. A

partir de 2003 uma nova geração de satélites

(GLONASS-M) foi lançada e em Outubro de 2011

o sistema tornou-se completamente operacional e,

possuindo 24 satélites, passou a possibilitar

cobertura global2 . Também em 2011 foi lançado o

primeiro satélite da terceira geração de satélites

GLONASS, chamada de GLONASS-K, cuja

proposta é atualizar completamente o sistema até o

ano de 2021.

Características do sistema

O sistema GLONASS é estruturado em três

segmentos: espacial, usuário e controle. 2 4 .

O segmento espacial é composto pela constelação

de satélites dispostos distribuídos em três planos

orbitais em Média Órbita Terrestre.

O segmento de usuário define todos os receptores

na superfície terrestre que permitem rastrear os

satélites GLONASS. Considera-se que para

receber um posicionamento adequado um receptor

deve receber o sinal de quatro satélites: três para

obter as coordenadas da posição e o quatro para

determinar o tempo. 1 2 4

O segmento de controle define as estações

terrestres que controlam e monitoram os satélites

GLONASS, corrigindo suas órbitas e relógios. O

segmento de controle do GLONASS está

diretamente subordinada à Força Espacial Russa. 2

O sistema de tempo no GLONASS é baseado em

uma escala atômica, não contínua, orientada ao

horário padrão da cidade de Moscou, Rússia. As

efemérides são transmitidas no sistema de

referência PZ-90. Soluções que demandem a

combinação de GLONASS com sistemas como

GPS demandam que sejam realizadas

transformações pertinentes entre PZ-90 e outros

sistemas de referência como WGS84.1

Diversos estudos científicos foram efetuados pela

comunidade internacional para avaliar a eficácia

do posicionamento GLONASS em comparação

com o posicionamento obtido via GPS. Pelas

características dos sistemas, considera-se que GPS

possui melhor alcance global do que o GLONASS,

ainda que a diferença da acurácia do

posicionamento para ambos sistemas não seja

relevante para a maior parte das necessidades em

que não se demande alto grau de acurácia (como

posicionamento veicular). 2

As principais vantagens, no entanto, apresentadas

pela literatura englobam principalmente a

utilização de posicionamento que combine os

sistemas GLONASS e GPS com o intuito de

melhorar a geometria (PDOP) da recepção dos

sinais, aumentar a oferta de satélites que possam

ser rastreados e minimizar a possibilidade de

bloqueio dos sinais dos satélites em cenários como

cânions urbanos. 2 3

Exercícios

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

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14

8.

9.

10.