fÓrum seixal saudÁvel - juntos pela saÚde€¦ · 1º painel temático 2º painel temático 3º...

25
1

Upload: others

Post on 23-Jul-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

1

Page 2: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE

2

TítuloEdição

Coordenação da EdiçãoConcepção gráfica

TiragemImpressão

Data de impressão

Fórum Seixal Saudável • Juntos pela Saúde - ComunicaçõesCâmara Municipal do SeixalGabinete do Projecto Seixal Saudávelcompanhia dos riscos - design, lda.500 exemplarescompanhia dos riscos - design, lda.Outubro de 1999

FICHA TÉCNICA

Page 3: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

3

EIXOS DE DESENVOLVIMENTO DO MUNICÍPIO DO SEIXAL-OS CAMINHOS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTADODO PLANO DE SAÚDESeixal – Saudável em matéria de emprego? 15Contributos da educação e formação para o desenvolvimento 17Prevenir é preferível a remediar 20Participação e cooperação (a chave do sucesso) 22A estruturação da periferia 23

REDES E INTERACÇÕESUrban health and healthy cities in europe 27O projecto das cidades saudáveis nas estratégias da saúde em Portugal 30Rede portuguesa - institucionalização e perspectivas de desenvolvimento 32Acção da Câmara Municipal do Seixal 35Research in, with, for and on healthy cities: insights from evaluation 37

SEIXAL SAUDÁVEL - UM PROJECTO EM MOVIMENTOUma experiência de organização de parceria 43Perfil de Saúde do município do Seixal 45Plano de desenvolvimento do Seixal 49

TRABALHAR EM CONJUNTO PARA MELHORESSERVIÇOS DE SAÚDEBreves reflexões sobre a evolução da assistência 55A saúde nas mãos dos cidadãos 57Centro de Saúde de Corroios - uma instituição disponível 60Trabalhar em conjunto para melhorar serviços de saúde 61A farmácia no sistema local de saúde 62Comissão de acompanhamento externo dos serviços de saúde- Almada, Seixal e Sesimbra 63

FORMAS DE PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE EMPROMOÇÃO DE SAÚDE - EXPERIÊNCIAS E PERSPECTIVASAnimação social de zona - uma experiência saudável 67Formas de participação da comunidade em promoção de saúde 68Formas de participação da comunidade em promoção de saúde 70Programa Arrentela Saúde e Bem-Estar - PAS - alguns dados e referência 72

REDUZIR AS DIFERENÇAS - CAMINHAR PARA A EQUIDADEA intervenção comunitária 75Como proteger as crianças 76Prática diária com vista à inclusão – uma experiência 78O idoso numa cidade saudável 79Problemas sociais e instrumentos para a sua solução 80

A COMUNIDADE EDUCATIVA NA PREVENÇÃO DECOMPORTAMENTOS DE RISCO E NA PROMOÇÃO DA SAÚDEDesistir é um risco 83A saúde para a educação global 85O associativismo juvenil na comunidade educativa 87Toxicodependências e comportamentos de risco 88A comunidade educativa na prevenção de comportamentos de riscoe na promoção da saúde 90

A COMUNICAÇÃO COMO INSTRUMENTO PROMOTORDE SAÚDESistemas de informação geográfica na saúde pública 95A biblioteca moderna como emissor credenciado e local de formação 98A comunicação da saúde para o grande público 101

1ª Sessão Plenária

2ª Sessão Plenária

3ª Sessão Plenária

4ª Sessão Plenária

5ª Sessão Plenária

1º Painel Temático

2º Painel Temático

3º Painel Temático

Nota Introdutória 5

Introduction Note 6

Declaração-Fórum Seixal Saudável•Juntos pela Saúde 7

Declaration-Healthy Seixal Forum•All Together for Health 9

Índice

Sessão de Abertura 11

Page 4: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE

4

Page 5: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

5

O Fórum Seixal Saudável é um órgão fundamentalda estrutura organizativa do Projecto Seixal Saudável edo Plano de Desenvolvimento de Saúde deste Municípioassumido pela Comissão Directiva do Projecto e aprova-do pela Câmara Municipal do Seixal. Nele estão repre-sentadas as diversas estruturas da Comunidade permi-tindo-se desta forma a participação alargada de todos osque se queiram envolver na construção de um SeixalSaudável.

Nos dias 16 e 17 de Novembro de 1998, realizou-seo primeiro Fórum sob o lema Juntos pela Saúde, com oobjectivo de contribuir para um aprofundamento dareflexão sobre o Projecto de Cidades Saudáveis e o seudesenvolvimento nas comunidades locais, regionais e noplano nacional e internacional e de dar visibilidade eenraizar o Projecto no Concelho, mobilizando os qua-dros, as estruturas e as populações para a execução doPlano de Desenvolvimento de Saúde.

Esta publicação pretende ser uma compilação detodas as comunicações do Fórum, apresentando-se maiscomo um ponto de partida para um trabalho a desenvol-ver futuramente do que como um todo coerente eacabado.

Neste primeiro Fórum inscreveram-se 421 partici-pantes e estiveram representadas 197 instituições, o quereflecte uma participação alargada da comunidade.

O Fórum foi presidido pelo Sr. Presidente da Câma-ra Municipal do Seixal e contou com a participação dedestacadas individualidades da vida local e regional.

A presença de uma delegação da OrganizaçãoMundial de Saúde, composta pelo Coordenador doProjecto Cidades Saudáveis – Gabinete Regional daEuropa – Dr. Agis Tsouros, e pela Dr. Evelyne de Leeuwresponsável pelo Departamento de Promoção da Saúdeda Universidade de Maastricht e colaboradora doGabinete Regional da Europa, e da Ministra da Saúdepermitiram reafirmar a importância deste tipo de eventose projectá-lo para além de um âmbito local.

Paralelamente ao Fórum, e aproveitando a presen-ça de municípios que constituem a Rede Portuguesa dasCidades Saudáveis, efectuou-se uma reunião da RedeNacional da qual resultou a assunção de uma série decompromissos por parte da rede para a III Fase doProjecto das Cidades Saudáveis da OMS.

Este Fórum centrou-se, fundamentalmente, na trocade experiências de Promoção da Saúde entre os diversos

parceiros do Projecto, na discussão das estratégias,objectivos e prioridades de implementação do Plano deDesenvolvimento de Saúde e no alargamento do quadrode parceria do Projecto sendo desejável que no 2º e 3ºFórum, a realizar nos anos 2000 e 2002, seja alargado oespaço para o debate e avaliação colectiva da execuçãodo Plano de Desenvolvimento de Saúde.

Este primeiro Fórum foi um marco importante noarranque do Projecto Seixal Saudável e na adesão dacomunidade a todo este processo.

Do Fórum resultou uma Declaração de Compromis-so entre todos os Parceiros - Declaração Fórum SeixalSaudável, Juntos pela Saúde.

Declaração Fórum Seixal SaudávelJuntos pela Saúde

NOTA INTRODUTÓRIA

NOTA INTRODUTÓRIA

Page 6: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE

6

INTRODUCTORY NOTE

The Healthy Seixal Forum is a fundamental organ ofthe organisation structure of the Healthy Seixal Projectand of the Health Development Plan of the Municipality; itwas endorsed by the Project Directive Committee andapproved by the City Council of Seixal.

The different Community Structures are representedon it, thus allowing a wide participation from all thosewho want to get involved in the construction of a HealthySeixal.

On November 16th and 17th 1998 the first Forumtook place with the motto Altogether for Health and withthe objective of contributing to a deepening of thereflection on the Healthy Cities Project and theirdevelopment in the local and regional communities, andat the national and international levels; the Forum alsoaimed at giving visibility and deepening the roots of theProject in the Municipality, thus mobilising personnel, thestructures and the population towards the execution ofthe Health Development Plan.

This edition wishes to be a compilation of all thespeeches addressed at the Forum, presenting itself as astarting point for a task to be developed in the futurerather than as a coherent and finished whole.

On this first Forum there were 421 participantsinscribed and 197 institutions represented, which reflectsa wide participation from the community.

The Forum was presided by the Mayor of Seixal andit counted on the participation of distinct personalities ofthe local and regional spheres.

The presence of a WHO delegation, composed bythe Healthy Cities Project Co-ordinator – Europe RegionalOffice – Dr Agis Tsouros, and by Dr Evelyne de Leeuw –responsible for the Health Promotion Department of theUniversity of Maastricht and collaborator of the EuropeRegional Office, and by the Health Minister, made itpossible to reassure the importance of this kind of eventsand projected it beyond the local range.

Alongside with the Forum, and seizing the chanceof the presence of municipalities that make part of thePortuguese Network of the Healthy Cities, there was ameeting of the National Network, of which resulted theassumption of a series of commitments by the network forPhase III of the OMS Healthy Cities Project.

This Forum centred fundamentally upon theexchange of experiences of Health Promotion among thedifferent partners of the Project, upon the discussion of

strategies, objectives and priorities of implementing theHealth Development Plan and upon the Project’spartnership framework; it would be desirable that on the2nd and 3rd Forums, happening in 2000 and 2002, thespace for the debate and collective evaluation of theexecution of the Health Development Plan was widened.

This first Forum was an important milestone in thesetting out of the Healthy Seixal Project and in theadherence of the community to the whole process.

A declaration of Compromise among all partnersresulted from the Forum.

Healthy Seixal Forum DeclarationAltogether for Health

Page 7: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

7

DECLARAÇÃO - FÓRUM SEIXAL SAUDÁVELJUNTOS PELA SAÚDE

A 17 de Novembro de 1998, os participantes doFórum Seixal Saudável reunidos no Seixal em 16 e 17 deNovembro sob o lema “Juntos pela Saúde”, adoptaramesta Declaração que expressa o inequívoco e fortecompromisso, do Município do Seixal, com a Saúde e oDesenvolvimento Sustentável.

A Declaração estabelece os objectivos e eixosestratégicos em torno dos quais se devem congregar osesforços de todos os participantes do Fórum no decorrerdo processo para um Seixal Saudável e identifica acçõesda Administração Central necessárias para apoiar estemovimento no sentido de alcançar a Saúde para Todosno Município do Seixal.

PREÂMBULOO Fórum Seixal Saudável, como órgão fundamental

da estrutura organizativa do Projecto Seixal Saudável, éum espaço aberto à discussão e aprofundamento dasestratégias e objectivos definidos no Plano de Desenvol-vimento de Saúde.

O Fórum é um espaço privilegiado para oestreitamento de compromissos, na certeza de que esteProjecto visa o empenhamento de toda a comunidade,para que Juntos pela Saúde possamos, cada vez mais,elevar a qualidade de vida neste município.

O Projecto é aberto a todos os que a ele desejamaderir.

Na concretização deste objectivo, na promoção daagenda de Saúde e na causa do DesenvolvimentoSustentável, todos os aderentes ao Projecto e nomeada-mente os Departamentos Camarários empenhar-se-ãoem maximizar o valor acrescentado de Saúde para Todosdos Projectos em curso no município, através de umaavaliação sistemática dos ganhos em saúde.

ESTRATÉGIAS DO PLANO DE SAÚDENa qualidade de decisores políticos da Câmara

Municipal do Seixal, de subscritores deste Projecto, e derepresentantes das instituições e serviços,comprometemo-nos, orientados pelas estratégiasconsagradas no Plano de Desenvolvimento de Saúde doSeixal, em contribuir para a melhoria da saúde dosmunícipes.

•Combater as desigualdades em saúdeAs diferentes condições de acesso à saúde entre

os habitantes numa cidade, entre grupos étnicos e entresexos, são uma tremenda injustiça social que, em últimainstância, põe em risco a saúde e a estabilidade socialde toda a comunidade. Como tal, defenderemos firme-mente o princípio da equidade, reduzindo as diferençasde oportunidade entre munícipes do Seixal para melho-rar substancialmente a saúde das populações em risco epara criar as condições que garantam o acesso à saúdea todos os residentes no concelho do Seixal.

•Qualificar as condições ambientaisA qualidade dos diversos aspectos biofísicos do

ambiente do município do Seixal desempenha um papeldeterminante na saúde da comunidade. A CâmaraMunicipal continuará prioritariamente a investir noquadro das suas competências na garantia de sistemasseguros de abastecimento de água e de saneamento,numa recolha e deposição final dos resíduos sólidosapropriada, ruas limpas e pavimentadas, água, ar e solonão poluídos, um sistema de transportes seguro eeficiente, espaços verdes amplos, espaços de recreio ede convívio e infra-estruturas de desporto em númerosuficiente, a preservação do património natural e culturale o bom funcionamento das funções naturais. Por tudoisto, interviremos activamente na garantia de um ambi-ente físico de qualidade, sendo fundamental aassumpção pelo Governo de investimentos que lhecompetem.

•Facilitar o acesso e melhorar a prestação decuidados de saúde

O acesso aos cuidados de saúde é um direito detodos os indivíduos, independentemente do seu sexo,condição económica, condição cultural e raça. É um dosobjectivos consagrados na Saúde para Todos no SéculoXXI reforçando o princípio da equidade em saúdeassente numa rede de cuidados de saúde acessível atodos.

Desta forma, comprometemo-nos a promoversoluções para facilitar o acesso e melhorar a prestaçãode cuidados de saúde, na certeza de que qualquerestratégia de desenvolvimento sustentável deve contem-plar, entre outras, a componente bem-estar físico epsíquico do indivíduo.

DECLARAÇÃO - FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL • JUNTOS PELA SAÚDE

Page 8: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE

8

•Promover a saúde, particularmente emgrupos vulneráveis

A promoção da Saúde, constitui-se na base, peloprincípio da equidade.

A equidade rompe com as desigualdades noacesso à saúde, estabelecidas por condicionantes, deordem sócio económica, que lhe são externos.

As mulheres, as crianças, os idosos, as pessoascom deficiências, as minorias étnicas e a população debairros degradados são alguns grupos estratégicos parauma acção reforçada de promoção da saúde, baseadaneste princípio, e consagrada no Plano de Desenvolvi-mento de Saúde do Município do Seixal.

•Mobilizar e reforçar o poder da comunidadeem saúde

Promover a Saúde das populações passa, neces-sariamente, pela mobilização e empenhamento daprópria comunidade, através da cooperação inter-sectorial no Projecto Seixal Saudável e pela sua identifi-cação com os princípios estratégicos nele estabelecidos.

Comprometemo-nos a fomentar políticas e estraté-gias com vista à participação da comunidade, melhoran-do os determinantes sociais, ambientais e económicosda saúde, fixando metas para a melhoria da saúde.

•Desenvolver sistemas de informação e deavaliação para a saúde

O estabelecimento das prioridades e políticas paraatingir um Seixal Saudável só é possível se existir infor-mação de base sobre todas as variáveis de saúde doindivíduo e da comunidade e se houver capacidade paraintegrar e cruzar toda esta informação. Comprometemo--nos por isso a apoiar o desenvolvimento de sistemas deinformação e avaliação para a saúde.

•Promover os princípios, os valores, as estraté-gias e a concretização dos objectivos da Saúdepara Todos no Século XXI no quadro de inter-venção municipal, nacional e internacional

O Projecto Seixal Saudável, com a adesão às redesPortuguesa e Internacional de Cidades Saudáveis, situa asua acção num plano multidimensional estabelecendoum quadro de intervenção municipal, nacional e interna-cional.

Comprometemo-nos a promover os princípios, osvalores, as estratégias e a concretizar os objectivos daSaúde para Todos no Século XXI.

Nomeadamente através:-Do combate às desigualdades sociais e depromoção do ambiente urbano de qualidade-Da promoção de estilos de vida saudáveis epromoção da saúde mental e ocupacional-Do combate às principais causas de mortalidadee morbilidade-Da promoção da saúde dos grupos sociais maiscarenciados-Da intervenção permanente para a humanização

e melhoria da qualidade de prestação de cuidadosde saúde.-Da constante interajuda e solidariedade comoutras realidades e experiências para a promoçãoda saúde.

•Desenvolver actividades integradas e articula-das aos diferentes níveis - concelho, região,país

A escala a que se devem resolver as questões quese colocam no decorrer do processo para um SeixalSaudável - concelho, região ou país - depende danatureza dessas questões. Um processo de tal complexi-dade requer um esforço colectivo e um empenhamentopolítico na solidariedade entre regiões e cidades, emtermos de apoio mútuo, partilha de recursos, conheci-mentos, informação e experiência. Como tal, empenhar-nos-emos em desenvolver actividades integradas earticuladas aos diferentes níveis - concelho, região, país.

A ACÇÃO POR PARTE DO GOVERNO CENTRALO Município do Seixal não pode actuar sozinho, já

que é ao Governo Central que compete assegurar opleno direito de acesso à saúde para todos, no âmbitodos investimentos do Estado na Rede Nacional de SaúdePública nos seus diversos níveis.

Apelamos, por isso, ao Governo Central para queestabeleça e concretize políticas consentâneas com oobjectivo de Saúde para Todos e reconheça a importân-cia da dimensão local das políticas de saúde nacionais econstate que o Município do Seixal pode contribuirsignificativamente para uma estratégia nacional deSaúde para Todos e da Agenda 21.

Page 9: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

9

DECLARATION – HEALTHY SEIXAL FORUMALL TOGETHER FOR HEALTH

On 17 November 1998, the Healthy Seixal Forum’sparticipants meeting in Seixal on 16 and 17 Novemberunder the mote “All Together for Health”, adopted thisDeclaration which expresses the unequivocal and strongcommitment, of the Municipality of Seixal, to Health andSustainable Development.

The Declaration sets the goals and strategicguidelines on which all participants’ efforts were broughttogether during the process for a Healthy Seixal andidentifies actions from the Central Administration whichare necessary to support this movement in order toachieve health for all at the Municipality of Seixal

PREAMBLEThe Healthy Seixal Forum as a fundamental organ

of the Healthy Seixal Project’s organising structure, isopened to the debate and development of the strategiesand goals as defined in the Health Development Plan.

The Forum is in a privileged position for thestrengthening of commitments because this project aimsat involving the whole community, so that All Together forHealth, we can, progressively, enhance the quality of lifein this municipal area.

The Project is opened to everyone who wants toadhere.

In order to achieve this goal and also to promote theHealth agenda and the cause of SustainableDevelopment, all the Project’s partners, namely theMunicipal Departments, will commit themselves tomaximising the added value of Health for All in theProjects in progress at the municipal area, through asystematic assessment of the health benefits.

HEALTH PLAN STRATEGIESAs decision makers of the Municipality of Seixal,

together with this project’s signatories, and therepresentatives of institutions and services, we pledge,guided by the strategies set by the Seixal’s HealthDevelopment Plan, to contribute to the improvement ofthe citizens health.

•To reduce the health inequalitiesThe vast access conditions to health experienced by

the inhabitants in a city, between ethnic groups and

between gender, are a tremendous social injustice which,ultimately, risks the health and social stability of the wholecommunity. Thereby, we will strongly support equity, inorder to reduce the differences among Seixal’s citizensand to substantially improve the health of the populationsat risk and making health more accessible to all thecitizens of the municipal area of Seixal.

•To qualify the environmental conditionsThe quality of the several biophysical aspects of the

environment of the municipal area of Seixal plays adeterminant role in the community’s health. TheMunicipality of Seixal will continue its priority to invest,according to its competencies, on safer water supplysystems and waste water treatment , on a proper wastecollection and waste disposal, on paving and cleaning ofthe streets, on having non polluted water , air and soil, ona safe and efficient transport system, large green areas,playgrounds and enough sporting infrastructures, thepreservation of the natural and cultural heritage and thegood functioning of the natural processes. For all thesereasons we will actively intervene to guarantee a physicalenvironment of high quality, though the Government’sassumption of the proper investments is essential for this.

•To facilitate the access to health services andimprove the health care assistance

Every citizen is entitled to health care assistanceregardless of his gender, economical status, culturalbackground or race. This is one of the goals set in Healthfor All in the Twenty-First Century, which strengthens theprinciple of equity in health based on a health careservices network, accessible to all.

Thereby, we pledge to promote solutions to facilitatethe access to health services and the improvement of thehealth care services, knowing that any strategy ofsustainable development must include, amongst others,the issue of the physical and mental well-being of theindividual.

•To promote health, particularly, in vulnerablegroups

The promotion of Health, is based on the principle ofequity.

Equity breaks the inequalities in the access tohealth, set by socio-economic determinants, which are

DECLARATION – HEALTHY SEIXAL FORUM • ALL TOGETHER FOR HEALTH

Page 10: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE

10

foreign to it.Women, children, old people, disabled people,

ethnic minorities and the population from poorneighbourhoods are some of the strategic groups for astrengthened action of health promotion, based on thisprinciple of equity and set in the health Development Planof the Municipality of Seixal.

•To mobilise and strengthen the community’sempowerment in health

Promoting the population’s health, necessarilymeans, the mobilisation and commitment of thecommunity itself, through the intersectoral cooperation inthe Healthy Seixal Project and its identification with thestrategic principals set in this Project.

We pledge to support policies and strategies with aview to the participation of the community, in improvingthe social, economic and environmental determinants ofhealth, and setting targets for the improvement of health.

•To develop systems of information andevaluation for health

It is only possible to set priorities and policies toachieve an Healthy Seixal, if basic information on all thedeterminants of health of the individual and thecommunity exists, and if there is the capacity to integrateand bring together all this information. We pledge,therefore, to support the development of healthinformation and evaluation systems.

•To promote the principles, values, strategiesand the achievement of the goals of Health forAll in the XXI Century at the level of municipal,national and international action

The Healthy Seixal Project with its adherence to thePortuguese and International networks of Healthy Cities,places its action on a multidimensional approach, settinga framework of municipal, national and internationalaction.

We pledge to promote the principles, the values andthe strategies and to achieve the goals of Health for All inthe Twenty-First Century.

Namely through:-The combat against social inequalities and thepromotion of an urban environment of quality-The promotion of healthy life-styles and thepromotion of mental and occupational health-The combat against the main causes of death andmorbidity-The promotion of health for the most needy socialgroups-The continued action in humanising and improvingthe quality of health care assistance-The constant cooperation and solidarity with otherrealities and experiences in order to promotehealth.

•To develop integrated activities on differentlevels – municipality, region, country

The questions that are put during the process of anHealthy Seixal must be resolved at the municipal area,region or country level, depending on the nature of thequestions. Such a complex process needs a collectiveeffort and a political commitment to the solidarity betweenregions and cities, in terms of mutual support, sharing ofresources, knowledge, information and experience.Thereby, we will commit ourselves to developingintegrated activities on different levels – municipality,region, country.

ACTION BY THE CENTRAL GOVERNMENTThe Municipality of Seixal cannot act alone, since it

is the Central Government who has to assure the full rightof access to health for all, in the scope of the Stateinvestments in the National Public Health Network, in itsvarious levels.

We therefore, call on the Central Government to setand achieve consentaneous policies aimed at Health forAll and acknowledge the importance of the localdimension of national health policies and accept that theMunicipality of Seixal can make a significant contributionto a national strategy for Health for All and Agenda 21.

Page 11: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

11

SESSÃO DE ABERTURA

Sr.ª Ministra da SaúdeSenhores Representantes da Organização Mundial

de SaúdeSrs. AutarcasSrs. Representantes das Instituições do ConcelhoSrs. Representantes das Instituições ligadas à Rede

de Cidades SaudáveisSrs. Membros da Comissão Directiva do Projecto

Seixal SaudávelSrs. ConvidadosMinhas Senhores e Meus Senhores:

Quero, antes de mais, dar-vos as boas-vindas aoConcelho do Seixal e saudar a vossa presença nesteFórum, desejando que o trabalho que aqui irá ser produ-zido, ao longo destes dois dias, possa atingir osobjectivos propostos.

Face ao carácter pioneiro deste projecto e destainiciativa, temos consciência de que estamos a participarnum momento de particular significado.

O Projecto Seixal Saudável é um grande projectoque, tendo a saúde como referência de base, alarga assuas fronteiras e se transforma num projecto de melhoriaglobal da qualidade de vida.

Enquanto entidade promotora do projecto, aCâmara Municipal do Seixal tem manifestado totalempenhamento na sua implementação até porque setrata de um projecto que se alicerça na história desteconcelho e na forma como, aqui, o Poder Local Democrá-tico tem encarado o exercício do poder nos últimos vintee quatro anos: trabalhando em parcerias e desenvolven-do projectos com a participação activa da comunidade.

Este é, efectivamente, um exemplo modelar dessaprática quotidiana do nosso município: trata-se de umprojecto de parcerias que só faz sentido com a participa-ção activa e empenhada de toda a comunidade –autarquias, agentes sociais, económicos, culturais edesportivos, comunidade educativa, movimentoassociativo, famílias.

Sendo um projecto promovido pela Câmara Munici-pal do Seixal, é um projecto de todos nós, “juntos pelasaúde”, e que adquire um maior grau de responsabilida-de depois da aprovação, pela Câmara Municipal doSeixal, do Plano de Desenvolvimento de Saúde doMunicípio do Seixal para o período de 1998 – 2002. É esteplano estratégico que permite criar uma estruturaorganizativa onde a comunidade se encontra largamen-

te representada e na qual se inclui o Fórum SeixalSaudável, espaço de debate privilegiado com competên-cia para fazer a avaliação das estratégias e objectivos doPlano e, consequentemente, promover o Projecto SeixalSaudável e intentar o alargamento da sua rede deparceiros.

Estamos, pois, hoje aqui a cumprir um dosobjectivos do Plano de Desenvolvimento de Saúde e doProjecto Seixal Saudável.

O tema deste painel – “Eixos do Desenvolvimentodo Município do Seixal – os caminhos para o desenvolvi-mento sustentado do Plano de Saúde” – abre-noscaminho para uma reflexão sobre a forma como oconceito de saúde tem evoluído com o tempo.

De facto, a experiência do desenvolvimento dasociedade, nomeadamente na chamada civilizaçãoocidental, particularmente a partir do século XIX mostraque os principais proveitos nesta área resultam não sódos notáveis avanços tecnológicos e terapêuticos entre-tanto verificados, mas sobretudo da melhoria dascondições de vida em geral.

A reflexão realizada sobre esse facto tomou forma,nas últimas duas décadas, nas estratégias de Saúdepara Todos da Organização Mundial de Saúde, naAgenda 21 saída da Conferência do Rio de Janeiro sobreos problemas do Ambiente e do DesenvolvimentoHumano e nos projectos de intervenção daí resultantesonde se insere este das Cidades Saudáveis.

É nesse âmbito que o Plano de Desenvolvimento doMunicípio do Seixal integra, no seu objectivo de promo-ção da Saúde, o combate às desigualdades sociais e aqualificação ambiental, urbana e em geral, a par deprogramas de educação para a saúde, de implantaçãode equipamentos e da melhoria da acessibilidade e daqualidade da prestação de cuidados de saúde

Há, pois, que garantir a sustentabilidade do seudesenvolvimento, conhecendo os caminhos a percorrernesse sentido.

Para desenharmos esse percurso, porém, somosconfrontados com algumas perguntas a que teremos deresponder:

-Como garantir que o grau de exigência doscidadãos em saúde progride?

-Como garantir a programação, com qualidade, doaumento de anos de vida dos cidadãos?

-De que forma o Poder Local pode contribuir paraestes objectivos?

Alfredo Monteiro - Presidente da Câmara Municipal do Seixal

SESSÃO DE ABERTURA

Page 12: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE

12

Page 13: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

13

Page 14: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE

14

Page 15: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

15

1. Para responder a esta pergunta, temos deconsiderar o que o Seixal tem de comum, nesta área,com o resto do país, e complementarmente, quais asespecificidades que oferece no confronto com a caracte-rização nacional.

Quanto aos aspectos comuns, evidenciaríamos osseguintes:

Em primeiro lugar, a nossa taxa de desemprego –cerca de 5% - é baixa em comparação com os restantespaíses da União Europeia. Mas a natureza de umasignificativa parte desse desemprego não é de molde aque exultemos, antes pelo contrário. Com efeito, cerca demetade do efectivo dos desempregados são os chama-dos desempregados de longa duração, que o mercadodificilmente absorve, quer em razão da idade quando seabeiram dos quarenta anos, quer em razão das baixasqualificações que, em regra, ostentam. Dir-se-ia que oobstáculo das habilitações obsoletas ou insuficientespode ser removível através de uma adequadareciclagem ou requalificação. Mas o que em abstractoparece ser o caminho certo defronta, na prática, comuma enorme resistência dos desempregados a encara-rem como possível uma mudança no seu percursoprofissional, conformando-se à sua permanência nostock, na dependência dos subsídios, dos expedientesde ocasião e colocando-se, tantas vezes, à porta daexclusão social. Ao mesmo tempo, avolumam-se noscentros de emprego as ofertas de emprego não satisfei-tas por falta de candidatos com as qualificaçõesexigidas. Note-se que não se trata, em regra, da exigên-cia de qualificações de alto gabarito, mas sim de conhe-cimentos técnicos correspondentes a graus intermédiosde formação e educação.

Em segundo lugar, temos que o desemprego dosjovens representa 31% do desemprego total, sendo que ocarácter prolongado desse desemprego é relevante,verificando-se uma forte alternância entre situações deemprego precário e desemprego.

Também aqui se coloca com a maior acuidade oproblema da formação, dada a enorme dimensão doabandono escolar que atinge, nos nove primeiros anosda escolaridade, 35% da respectiva população.

Não deixa de ser significativo que os jovens licenci-ados inscritos nos centros de emprego sensivelmentedupliquem o número daqueles que detêm cursos médiosou bacharelatos, denotando desadequação de alguma

formação universitária à empregabilidade dos seustitulares.

2. Uma caracterização sumária do desemprego noSeixal passa pela menção de que a taxa de desempregoregistado - 8,2% - é superior à média da região de Lisboae Vale do Tejo - 7,5%.

Na aparência negativo, este dado deve completar--se com duas anotações. Em primeiro lugar, trata-se deuma taxa que tem vindo a decrescer, tendo sido de 7,8%,em 1997 e de 10,0% em 1996. Em segundo lugar, entre1960 e a data do último censo, 1991, o Concelho do Seixalregistou, de longe, o maior aumento populacional daPenínsula de Setúbal, passando de 20470 para 116912habitantes, ou seja, um acréscimo de +471,2% contra amédia da Península, que foi de +119,8%. Poderá, assim,concluir-se que o concelho, ostentando uma taxa dedesemprego registado elevada em termos regionais enacionais está, com algum êxito, a corresponder ao“boom” populacional com a criação de novos empregos.

O desemprego jovem não tem aqui, na expressãodos números, comportamento diferente da caracteriza-ção nacional – 28,2%, no concelho, contra 30,5%.

3. Na resposta às questões fulcrais do desempregoestrutural e do baixo nível das qualificações as nossasexpectativas centram-se no Plano Nacional de Emprego,em execução a partir do segundo semestre do correnteano e a desenvolver num horizonte temporal de cincoanos. Dele destacamos aqui, apenas, as metas maissignificativas:

•Proporcionar a todos os jovens antes de comple-tarem seis meses de desemprego uma intervençãoactiva do respectivo Centro de Emprego no sentido deconduzir à sua integração profissional e oferecer, igual-mente, a todos os adultos desempregados, antes decompletarem doze meses de desemprego, idênticaoportunidade;

•Aumentar a formação profissional de jovens em10% em 1998;

•Reforçar os programas de estágios profissionaisem ordem a atingir 13000 estágios;

•Duplicar o número de jovens no Sistema deAprendizagem ao fim de cinco anos, com acréscimo de20% dos desempregados em formação no final doperíodo do Plano.

Refira-se, por último, que estas metas do PNE comoas restantes aqui omitidas vão exigir e pôr à prova uma

EIXOS DE DESENVOLVIMENTO DO MUNICÍPIO DO SEIXAL - OS CAMINHOS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO DO PLANO DE SAÚDE

SEIXAL – SAUDÁVEL EM MATÉRIA DE EMPREGO?

Dr. Carlos Faria

Page 16: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE

16

nova postura de conjugação de esforços das entidadespúblicas com responsabilidades locais e nacionais bemcomo de instituições privadas, no sentido de activamentecriarem no terreno condições para intervenções inovado-ras e personalizadas. É esta a finalidade das Redes deEmprego que estão a ser criadas nas sub-regiões, comoé o caso da que já existe na península de Setúbal e queaté ao ano 2000 cobrirão todo o território nacional.

Page 17: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

17

O ano lectivo de 1998/99 é anunciado pelo Sr.Ministro da Educação como o “ano da cidadania, avalia-ção e responsabilidade”.

É também no próximo dia 10/12/98 que se come-mora o 50.º aniversário da Declaração Universal dosDireitos do Homem.

“Toda a pessoa tem direito à educação”, e esta,enquanto processo de mudança e transformação doindivíduo, deverá atender ao pleno desenvolvimento dapersonalidade humana e ao fortalecimento do respeitopelos direitos humanos e liberdades fundamentais.

Deve favorecer a compreensão, a tolerância e aamizade entre todas as nações e todos os gruposétnicos ou religiosos. Educar é tornar os outros mais.

É neste contexto que o Seixal, “Cidade EuropeiaSaudável”, cuja diversidade populacional apresentatantas e variadas culturas, formas de estar, comporta-mentos e tradições, poderá desenvolver um projectointegrador.

É lugar-comum falar-se de mudança, mas nãopodemos deixar de referir que as transformaçõescientíficas e técnicas, a que assistimos nos nossos dias,solicitam, cada vez mais, uma resposta de todos.Actualmente, a informação e o conhecimento adquiremum novo significado. A educação é o processo facilitador,é o caminho, é a passagem da informação para oconhecimento.

A educação é um reaprender, permanentemente.A sociedade do conhecimento baseia-se numa

aposta clara na educação básica de qualidade, acomeçar na educação pré-escolar. No concelho do Seixalexistem 14 salas de jardins-de-infância da rede pública,tuteladas pelo Ministério da Educação, 34 escolasbásicas do 1.º ciclo, 8 escolas básicas do 2.º e 3.º ciclos e6 escolas secundárias. A maioria destes estabelecimen-tos de ensino/educação, no âmbito do seu projectoeducativo, desenvolvem projectos relacionados com aeducação ambiental e com a educação para a saúde. Arealização destes projectos faz parte das estratégiasencontradas pelos docentes, no sentido de se atingiremos objectivos definidos para a Educação, nomeadamen-te:

i. Promover o desenvolvimento pessoal e social dacriança e do jovem com base em experiências devida democrática, numa perspectiva de educaçãopara a cidadania, e

ii. Despertar a curiosidade e o sentido crítico, entreoutros.O Programa de Promoção e Educação para a

Saúde (PPES) é um programa do Ministério da Educaçãointegrado num âmbito europeu, para apoio às escolasque pretendem envolver-se no processo de promoção dasaúde. Este programa pretende implicar a participação//envolvimento de todos os protagonistas da comunidadeeducativa. O PPES tem duas áreas principais de interven-ção: a promoção da saúde e a prevenção específica. Umdos seus objectivos gerais é criar uma Rede Nacional deEscolas Promotoras de Saúde que venha a envolver todosos estabelecimentos de educação/ensino:

i. Assegurando, no âmbito do ME, suporte àsacções de promoção e educação para a saúde,nomeadamente de uma boa alimentação, higiene,sexualidade saudável, prevenção dastoxicodependências, SIDA, Hepatite B e outrasdoenças sexualmente transmissíveis (DST), eii. Promovendo a articulação com os restantesdepartamentos e instituições do Estado e outrasentidades civis que desenvolvam projectos nesteâmbito.Assim, 11 escolas do concelho do Seixal pertencem

à Rede Nacional de Escolas Promotoras de Saúde.Nas escolas do ensino básico, ministram-se os

saberes ler, escrever e contar para os dias de hoje e umaformação que permita o desenvolvimento integral eharmonioso do educando, indispensável a qualquercidadão para se realizar e poder viver na sociedadecontemporânea.

Os valores relacionados com o ambiente e com asaúde, bem como outros valores, não se ensinam, massão vividos e interiorizados na acção conjunta e nasrelações com os outros.

A sociedade do conhecimento passa também peloensino secundário, com crescente importância das viastecnológicas e profissionalizantes, no ensino superior,caracterizado pela cooperação entre as instituições, naligação entre a Educação e a formação profissional e naeducação permanente e formação ao longo da vida.

A educação e formação permanentes ao longo davida têm que ser encaradas como uma tarefa de grandeimportância, na medida em que preparam para amudança, conferem capacidade de adequação asituações novas, abertura constante a novos conheci-

EIXOS DE DESENVOLVIMENTO DO MUNICÍPIO DO SEIXAL - OS CAMINHOS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO DO PLANO DE SAÚDE

CONTRIBUTOS DA EDUCAÇÃO E FORMAÇÃOPARA O DESENVOLVIMENTODr. José Manuel Gomes Evangelista

Page 18: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE

18

mentos, novas técnicas, novas práticas. Está em causa aadaptação ao futuro, a evolução.

Numa escola caracterizada pelo grau deheterogeneidade sociocultural, em que as motivações,os interesses e as capacidades dos alunos são muitodiferenciadas, os estabelecimentos de ensino deverãodiversificar as pedagogias, adequando a estratégiapedagógica às necessidades de cada aluno ou grupo dealunos, procurando, desse modo, equilibrar as diferen-ças através da diversificação das ofertas educativas e deformação.

Assim, os Currículos Alternativos, a FlexibilizaçãoCurricular, os Cursos de Educação e Formação (9.ºAno +1) e a implementação dos Territórios Educativos deIntervenção Prioritária surgem, então, como vias inovado-ras e com inúmeras potencialidades na procura desoluções alternativas, ajustadas à diversidade dos casos.

Estas respostas têm combatido fenómenos gerado-res de abandono escolar, tais como:

i. o insucesso escolar repetido,ii. os problemas de integração na comunidadeescolar,iii. as dificuldades condicionantes da aprendiza-gem,iv. a falta de expectativas relativamente ao futuro,v. o contexto social, económico e cultural,vi. o choque entre a cultura escolar e a cultura deorigem.O Seixal, ao candidatar-se ao projecto piloto da

comissão europeia “Escola de Segunda Oportunidade”,implementado em 10 países, em cooperação com osrespectivos governos, apresenta mais um contributo paracolmatar tais constrangimentos.

As políticas educativas têm também apontado paraa mudança na organização e gestão da escola, e oDecreto-Lei n.º 115-A/98, de 4 de Maio, estabelece onovo regime de autonomia, administração e gestão dosestabelecimentos públicos de educação pré-escolar edos ensinos básico e secundário. Trata-se de um proces-so social, uma postura social responsável que se constróidegrau a degrau e que implica uma redistribuição depoderes. A autonomia é uma conquista, não um produto.O processo de autonomia e gestão das escolas preten-de também valorizar a participação e o diálogo de todosos actores no processo educativo e provocar alteraçõesreais e significativas no desempenho das escolas e narelação entre os vários actores locais. É no diálogo entreos vários protagonistas e entidades, no seu envolvimentoe na reflexão conjunta, que está a base das novascontribuições para a Educação e Desenvolvimento.

Esta mudança tem implícita a transformação daescola através do seu projecto educativo que, concretiza-do através do plano anual de actividades, implicará umamudança pedagógica na sala de aula, com o objectivode produzir capacidades de aprendizagem permanentese a afirmação da autonomia individual nas suas dimen-sões cognitivas, afectivas e morais.

É necessário que as entidades locais aumentem a

sua sensibilidade em relação a todos os patamares dosistema educativo, não excluam alguns, visto que se tratade um todo integrado, onde o sucesso, em cada nível deensino, dependerá da forma como os anteriores forambem cumpridos. Exemplificando, todas as autarquiasreconhecem a importância do ensino técnico no seuespaço municipal. As dos centros urbanos de maiorrelevo chegam a reclamar o ensino superior, o quepoderá ser considerado uma legítima aspiração. Porém,relativamente aos outros níveis educativos, é precisoestar alerta com a necessidade de alargamento da redede educação pré-escolar, a taxa de escolarização nosescalões mais elevados do ensino básico, o insucessoou o abandono escolar.

Falar em formação profissional é abordar umtema multifacetado onde se cruzam experiências deeducação formal e ensino extra-escolar, de aprendiza-gem de jovens e de adultos, activos e não activos, deacções e de cursos de duração variável, enfim, umavariedade de situações que nem sempre correspondemà mesma realidade.

A Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei n.º 46/86)considera que a formação profissional (art. 19º)complementa a preparação para a vida activa iniciadano ensino básico e visa uma integração dinâmica nomundo do trabalho, pela aquisição de conhecimentos ecompetências profissionais, indispensáveis às necessi-dades nacionais de desenvolvimento e à evoluçãotecnológica.

Outra modalidade especial de educação escolar –o ensino recorrente de adultos (art. 20º) - , destinado aosindivíduos que já não se encontram na idade normal defrequência dos ensinos básico e secundário, prevêtambém a possibilidade da organização da formaçãoprofissional de forma recorrente.

Também a educação extra-escolar (art. 23º), quetem como objectivo permitir a cada indivíduo aumentaros seus conhecimentos e desenvolver as suaspotencialidades em complemento de formação escolarou como forma de suprir a sua carência.

Em termos de conceito, a formação profissional édefinida como “o processo global e permanente atravésdo qual jovens e adultos, a inserir ou inseridos na vidaactiva, se preparam para o exercício de uma actividadeprofissional” (art. 2º).

A característica fundamental da formação profissio-nal é a sua clara orientação no sentido de preparar parauma profissão, ofício ou emprego. Embora possa revestirmodalidades várias, dirige-se a públicos-alvos diversos,realizada por múltiplos agentes (escolas, empresas,IEFP). O traço comum é a preparação para a vida activa,respondendo simultaneamente às aptidões, interesses enecessidades individuais.

Até há pouco tempo destinada a estratos etários eprofissionais bem determinados, a formação profissionaltem vindo a alargar a sua influência a todos os sectoresda vida social, assumindo um papel crescente nasestratégias de modernização e inovação, na medida em

Page 19: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

19

que o investimento na formação das pessoas tem queser encarado como factor primordial para o desenvolvi-mento.

O Seixal, ao diagnosticar o pulsar da qualidade devida dos seus habitantes numa perspectiva globalizante,tendo em conta múltiplos aspectos tais como o social, oeconómico, o espacial, o temporal, incluindo, obviamen-te, o ambiente e a saúde, reconhece a necessidade detraçar um percurso planeado, que conduza à mudançacom uma intenção transformadora de alcançar o bemcomum.

Reconhecemos no plano de desenvolvimento“Seixal Saudável” uma possibilidade de mudança.

A transformação das coisas faz-se no suceder daacção, passo a passo, porém..., nunca de uma só vez!

O Fórum em que participamos bem poderá serconsiderado um passo.

Atentemos na impossibilidade de mudar o mundonum virar de página.

À semelhança daquilo que já alguém disse,“O Mundo Muda, Mudando”.

EIXOS DE DESENVOLVIMENTO DO MUNICÍPIO DO SEIXAL - OS CAMINHOS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO DO PLANO DE SAÚDE

Page 20: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE

20

Muito bom dia a todos.Eu gostaria de começar por saudar a mesa e as

pessoas aqui presentes, dar os parabéns pela iniciativada organização deste encontro e agradecer o conviteque me foi dirigido.

Vou procurar ser breve, para responder às preocu-pações do Senhor Moderador. Aliás, os oradores que meantecederam facilitaram, de certa maneira, a minhaintervenção.

Este tema é extremamente interessante, ao mesmotempo difícil porque permite uma visão desde a ideiamais simples passando pelo projecto mais elaborado eintegrado até uma visão abrangente, “quiçá” utópicasobre o que é um município, o que é uma cidade saudá-vel.

Eu não ouvi, nem conheço nenhum conceito,nenhuma medida do que é uma cidade saudável, mastodos nós temos presente aquilo que torna um municípionão saudável. Sobre isso não temos dúvidas. Se não háhabitação condigna, se não há ambiente saudável, senão há espaços e equipamentos que permitam àspessoas a ocupação dos tempos livres já temos apercepção daquilo que não é saudável.

E eu adivinho já que alguém dirá: “Bom, está aesquecer-se de um aspecto fundamental que tornaqualquer concelho não saudável. Então e a exclusãosocial e a pobreza?”.

Ora a exclusão social e a pobreza, efectivamente einfelizmente - e eu diria cada vez mais – afectam de umaforma indiferenciada as pessoas, mas também gruposparticulares vulneráveis, como idosos, crianças,toxicodependentes, ou desempregados de longa dura-ção.

A segurança social tem respostas para estasproblemáticas e essas respostas crescem todos os anos.Nos últimos vinte anos o país investiu, enormemente, namelhoria de respostas a estas problemáticas. Mas averdade é esta, é que a oferta de respostas parece criara própria procura, ou seja, quanto mais oferta maisnecessidades sentimos, mais carências encontramos.

Esta é uma situação paradoxal porque aparente-mente todos os dias há avanços na ciência e na técnica,todos os dias ouvimos notícias do crescimentoeconómico mas parece que a sociedade gera cada vezmais desigualdade no acesso às oportunidades o queconsequentemente conduz à pobreza e à exclusão.

Basta pensarmos no número de desempregadospela Europa para termos a noção dos riscos sociais deuma sociedade economicamente desenvolvida.

As respostas que eu referi há pouco são múltiplasmas revelam o carácter da nossa acção social, umcarácter dominante, que é o carácter remediativo daacção social.

Esse carácter remediativo parece pois insuficientepara um crescimento das dificuldades e problemáticassociais. Isso conduz-me a uma ideia que considerofundamental, que é a necessidade de medidas activas,medidas preventivas, porque a maior parte dos proble-mas sociais que afligem a Europa, o País e este Municí-pio, exigem medidas preventivas. Não podemos apenasinvestir numa resposta imediata. Assim acontece ao nívelda saúde, em sentido restrito, e portanto acontecetambém ao nível social. Esta é para mim uma ideia forteque nós devemos reter, é que é um facto na realidadesocial dos nossos dias.

E as medidas preventivas, por definição, só sãopossíveis com um esforço de integração. Este esforço deintegração começa pelo nível europeu, passa pelo nívelnacional e desce, mais abaixo, ao nível local.

A parceria é, pois, indispensável neste conceito depolítica preventiva, ou seja, de eliminação dos factoresde risco que tornam uma sociedade, um município ouuma cidade menos saudável, e julgo que se a acçãosocial hoje tem a visibilidade, conforme resulta dasintervenções anteriores, o mesmo acontece tambémcom a saúde, em sentido restrito, a educação e a forma-ção.

Mas se os problemas exigem soluções a níveleuropeu e a nível nacional, é indesmentível que a nívellocal muito se está a fazer e, sobretudo, muito se poderáfazer neste conceito de intervenção preventiva. É evidenteque faltarão recursos, mas aquilo que conta não é o quenós faríamos se tivéssemos recurso. Aquilo que édecisivo é o que nós sabemos fazer com os recursos quetemos. Porque é importante reivindicar, é importantepedir e exigir, mas mais importante é saber o que nóssomos capazes de fazer com aquilo que recebemos etemos. E não tenho dúvidas que este Fórum se inserenuma linha correcta. Não tenho dúvidas que numaperspectiva de acção preventiva, o local é fundamental. Éfundamental criar condições de empregabilidade. Aempregabilidade exige, naturalmente, políticas de

PREVENIR É PREFERÍVEL A REMEDIAR

Dr. Ventura Leite

Page 21: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

21

âmbito nacional. Mas também é possível aumentar aempregabilidade através de um plano de desenvolvi-mento local, que integre todas as respostas, todos osorganismos, todos os agentes que têm um papel nasociedade. E eu diria que o importante não é quem, quala entidade, se é a Câmara, se é a Freguesia, se é oMinistério que intervém a nível local; o importante é asociedade civil. Este é um conceito que eu não vou definiraqui, provavelmente na História, daqui a umas décadasdir-se-á que no final do século e do milénio, o conceitode sociedade civil foi muito utilizado. Eu diria, falar emintervenção da sociedade civil é, efectivamente, falar detoda a intervenção que a sociedade é capaz de desen-volver no terreno com dispensa da iniciativa dos poderespúblicos.

Portanto, eu diria que a sociedade civil é funda-mental ao nível local. E a sociedade civil tem sentido,quando intervém através das Organizações Não Gover-namentais, e tem sobretudo sentido quando intervémcom um conceito novo de cidadania.

Eu entendo que depois da explosão das liberdades- está hoje provado que a explosão da liberdade nãoimpediu a explosão das desigualdades - só é possíveltermos uma sociedade civil mais activa se tivermos umnovo cidadão.

Não quero aqui entrar pelo domínio da utopia,porque acredito que isto já está a acontecer nos dias dehoje. Nós temos que, efectivamente, promover a evolu-ção do cidadão, porque eu entendo que cidadão é umser humano portador de direitos, mas também portador,em peso igual, da noção de deveres.

E julgo que a educação e a formação são funda-mentais na criação desse cidadão, que será capaz detransformar a realidade a nível dos nossos municípios,das nossas cidades, que será capaz de ter um papelactivo através das Organizações Não Governamentais,nomeadamente, através das Instituições Particulares deSolidariedade Social. Eu julgo que num futuro próximonão vamos ter uma grande distinção entre qual o papelda formação, o papel da acção social, o papel da saúde,o papel do poder local.

Nós vamos ter com certeza uma sociedade muitomais participada, muito mais responsável e muito maiseficaz.

Eram estas as ideias que eu vos queria transmitir,procurando não repetir os oradores que me antecede-ram.

Quero mais uma vez dar os parabéns à organiza-ção, e deixar-vos votos de um bom trabalho.

EIXOS DE DESENVOLVIMENTO DO MUNICÍPIO DO SEIXAL - OS CAMINHOS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO DO PLANO DE SAÚDE

Page 22: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE

22

PARTICIPAÇÃO E COOPERAÇÃO (A CHAVE DO SUCESSO)

A Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou, em1985, o “Projecto das Cidades Saudáveis, que se inscrevena Estratégia da Saúde para Todos”. Este Projecto visa daruma maior visibilidade e relevo às questões da Saúde,conseguir um compromisso político entre os interve-nientes, facilitar ao nível das autarquias mudançasinstitucionais e fomentar a implementação de acçõesinovadoras favoráveis à saúde no contexto das cidades.

O Projecto Cidades Saudáveis é reconhecido peloMinistério da Saúde como um exemplo de metodologiade trabalho em promoção da saúde, dando importânciamuito especial ao desenvolvimento de parcerias para asaúde e ao reforço da participação do cidadão e dacomunidade, bem como aos programas e projectos decooperação intersectorial.

A vivência urbana encerra, como sabemos, riscos epotencialidades para a saúde, segurança e coesãosocial. É também fonte de múltiplas oportunidades demudança e desenvolvimento, com vista à obtenção demelhores condições de vida. Como principais problemasdestacam-se os fenómenos da pobreza e da exclusãosocial, a marginalidade, a toxicodependência, o desem-prego, a poluição e as más condições de habitação esaneamento básico, que se repercutem directamentenos indicadores de Saúde e Bem-Estar.

São estes os pontos de partida para o ProjectoCidades Saudáveis. Aos Serviços de Saúde cabesubstantivar e desenvolver todos os programas e iniciati-vas que tenham por base estes pressupostos e nele seenquadrem.

Acreditamos que a Promoção da Saúde do Cida-dão e da comunidade assenta na participação. A mu-dança centrada no cidadão radica em medidas quegarantam o seu acesso equitativo a cuidados de saúde efavoreçam a sua participação consciente nas decisõesque digam respeito à sua saúde e ao funcionamento edesenvolvimento dos serviços de saúde. Isto implica quecada cidadão assuma os seus direitos e deveres porinteiro.

O cidadão tem um papel fundamental na promo-ção da sua própria saúde e da saúde da comunidadeem que está inserido.

Ter hábitos saudáveis é fundamental.Outro princípio que nos parece fundamental é o

princípio da integração. todos os projectos, todas asactividades dispersas, todas as intenções de trabalho,todas as áreas de intervenção têm que articular de formaintegrada, bem como todas as decisões importantes quepossam ter reflexos sobre a saúde dos cidadãos de uma

comunidade.O Projecto Cidades Saudáveis tem uma filosofia de

integração, que vem de encontro aos princípios enuncia-dos. Sabemos que a rigidez, a tradição de trabalhoburocratizado e, por vezes, as questões dosprotagonismos, dificultam a prática destes princípios masacreditamos que as relações privilegiadas que seestabelecem entre as Equipas dos Projectos Locais,contribuem para a progressiva facilitação de trabalho emáreas mais controversas/delicadas.

A orientação de medidas e projectos numa pers-pectiva de ciclo de resolução de problemas: análise denecessidades, priorização, planeamento de actividades,implementação, controlo contínuo e avaliação – ou seja,metodologia de projecto – é a principal via para aPromoção da Saúde de uma comunidade.

Mais uma vez, o Projecto Cidades Saudáveis serevela como um bom exemplo de trabalho, orientado poruma metodologia de projecto, desenvolvendo diferentessubprojectos criadores de sinergias e com responsabili-dades partilhadas pelos vários parceiros.

Por último, e não menos importante, surge oprincípio da compreensividade que implica aimplementação de medidas orientadoras para aspessoas e de medidas orientadoras para os ambientes.A combinação de estratégias de redução de riscos, comestratégias de desenvolvimento de factores de protecçãoe de potenciais de saúde.

O Projecto Cidades Saudáveis parece-nos aindafacilitar a implementação efectiva dos Sistemas Locais deSaúde e complementar essa nova forma de organização,pois ambos estão baseados numa abordagem sistémicada saúde.

A Sub-Região de Saúde de Setúbal, consciente deque a promoção da Saúde não pode ficar apenasdependente do trabalho dos profissionais e dos serviçosde saúde, incentiva desde sempre a participação nestesProjectos e apoia os seus profissionais incluindo a suaformação específica nestas novas áreas e forma detrabalho. Os Centros de Saúde do Seixal têm colaboradocom o Projecto Seixal Saudável.

Termino citando o colega e amigo Dr. AntónioCardoso Ferreira que muito nos tem ensinado e muitotem trabalhado em projectos desta natureza:

“A saúde é essencialmente um recurso que sereinventa à medida do caminho que se constrói emcooperação intersectorial, de forma transdisciplinar e queconverge no sentido do desenvolvimento global dapessoa e da comunidade”.

Dr. Fernando Vasco

Page 23: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

23

A ESTRUTURAÇÃO DA PERIFERIA

Prof.ª Dr.ª Arqt.ª Margarida de Souza Lôbo Howell

EIXOS DE DESENVOLVIMENTO DO MUNICÍPIO DO SEIXAL - OS CAMINHOS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO DO PLANO DE SAÚDE

O PERÍODO PÓS-EXPOTerminada a EXPO 98, símbolo do lançamento de

uma nova política urbana face às áreas urbanas emdeclínio e da execução de um programa de obraspúblicas alterando decisivamente a relação da Cidadede Lisboa com, não só a sua Área Metropolitana, mastambém com o resto do país e a vizinha Espanha,entramos agora no período pós - EXPO. No limiar de umperíodo de consolidação de uma etapa em que Lisboadivulgou uma nova imagem urbana, com a promoção deespaços de lazer, a recuperação da borda de água parafruição da cidade, com a demonstração da capacidadede realização de um programa ambicioso em tempoescasso, onde nos situamos agora, que trunfos e quedificuldades podemos identificar na actual conjuntura?

O ano de 1998 ficará como uma referência naevolução da Área Metropolitana de Lisboa, não só pelarealização da EXPO e pelo que ela significou em termosda opção clara pelo desenvolvimento de uma política deregeneração urbana da cidade de Lisboa, mas tambémpelas grandes alterações de acessibilidade, quer naarticulação da Cidade-Centro com a sua periferia, querem termos de acessibilidade relativa entre os aglomera-dos suburbanos da coroa envolvente, que acusaramelevados ganhos em termos de centralidade. Esteincremento substancial de acessibilidade foi muito maisacentuado, num primeiro tempo, na Margem Norte, masestá presentemente chegando com algum desfasamentoà Margem Sul, com a ligação da Ponte Vasco da Gama àradial do Barreiro e Auto-Estrada do Sul, com a instalaçãode meios de transporte colectivo em sítio próprio no eixoda primeira travessia do Tejo em Lisboa, permitindo aestruturação de um vasto território, de Almada – Seixalem direcção a Coina – Quinta do Conde e Barreiro. Aconsolidação deste eixo irá gerar novas oportunidadesatraindo actividades que buscam solo a menores custosmas próximo, em distância-tempo, do conjunto da ÁreaMetropolitana de Lisboa. As alterações introduzidascontribuem decisivamente para o incremento da dinâmi-ca de reestruturação interna da AML, no sentido daconsolidação da Cidade-Região, policêntrica, comevidentes ganhos para os antigos subúrbios residenciais,dependentes, numa primeira fase, de longasdeslocações casa-trabalho, mas que agora começam aganhar um novo protagonismo, polarizando actividades,num processo de crescente especialização territorial dosnovos centros emergentes.

A dimensão da população da Área Metropolitanade Lisboa atingiu um limiar crítico em que não é mais

possível depender preponderantemente do transporteindividual, como até agora, gerando situações de con-gestionamento e necessidades de estacionamentoincomportáveis. No conjunto da A.M.L., a Margem Sul,por uma conjugação de factores, como a ausência deinfra-estruturas de transporte colectivo em sítio próprio euma menor exigência da Administração Central relativa-mente ao ordenamento do território, apresenta umaestrutura de ocupação do território mais fragmentada ecom extensas áreas de baixa densidade. Neste contexto,a construção de uma linha de caminho-de-ferro assegu-rando a ligação de Lisboa à Margem Sul ao longo damancha urbana mais densa dos concelhos de Almada eSeixal deve ser o pretexto para a reestruturação desteextenso contínuo urbano e para o reequacionamento daárea envolvente das novas estações de caminho de ferroe sua articulação com os principais eixos urbanos dosaglomerados contíguos.

Tal como foi concebido, o comboio de ligação dasduas margens do Tejo vai articular o Seixal com o primei-ro anel da cidade de Lisboa, de Alcântara a Entre--Campos e Areeiro. Os anteriores transportes colectivosferroviários privilegiaram no passado os eixos de Sintra edo Estoril, uma com chegada ao Rossio, outra comacesso à Baixa e Chiado. Almada, através do transportefluvial, dispõe de uma ligação rápida à Baixa Pombalina.A nova linha suburbana proveniente da Margem Sul nãose dirige à Baixa, como as anteriores, mas penetra emLisboa pela sua primeira circular, envolvendo a cidadenum anel cujo destino preferencial são as AvenidasNovas, área que tem atraído nas últimas décadas asactividades terciárias em busca de uma boacentralidade, como alternativa à Baixa, centro históricoem situação de vale, com grandes limitações em termosde acesso e área de expansão. O Concelho do Seixalficará desta forma, numa primeira fase, com umaarticulação directa com o novo centro de Lisboa. Numasegunda fase prevê-se o desenvolvimento da linhaNorte-Sul pelo seu prolongamento para norte a Odivelas,Loures e Torres Vedras e, para sul, até ao Pinhal Novo,estabelecendo a ligação com Setúbal. Neste eixo ferrovi-ário Norte-Sul o concelho do Seixal terá um papel privile-giado pela sua proximidade a Lisboa, pelo número deestações que o servirão e pela boa articulação destascom a área urbana existente. Neste contexto o Metropoli-tano do Sul do Tejo vem sublinhar a ligação a Lisboa, masvem também agir ao nível sub-regional como elementode ligação interno, articulando Almada com o Seixal e oBarreiro, com efeitos acrescidos em termos da localiza-

Page 24: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE

24

ção relativa das actividades polarizadas por este novoeixo.

ESTRUTURA CONCELHIANo que respeita à estrutura de ocupação do

território o Plano Director Municipal do Concelho do Seixalassumiu a estrutura longitudinal da ocupação urbana doconcelho, complementado-a com três eixos urbanostransversais à Auto-Estrada do Sul, ancorados sobre trêsestações, Corroios, Foros de Amora e Fogueteiro. Estaestrutura urbana alterna com corredores verdes, conceitoque procura garantir a vitalidade ecológica das áreasnão urbanas, através de um contínuo verde. Aliás, oPlano Regional de Ordenamento do Território da ÁreaMetropolitana de Lisboa, na sua proposta de estruturapara a Margem Sul, embora adopte o conceito decorredor verde, apenas localiza três corredores verdes,exactamente os propostos no PDM do Seixal, concelhoonde as opções territoriais em termos dasustentabilidade da estrutura verde se têm vindo aconsolidar.

O cuidado com a estrutura verde, numa épocaem que caminhamos para a cidade-território, ganhauma enorme importância, levando-nos a reflectir sobreos paradigmas que marcaram o urbanismo do séculovinte, o paradigma da cidade-jardim, limitando a dimen-são das áreas urbanas pelo seu envolvimento por vastosespaços verdes, e o paradigma da cidade radiosa,privilegiando os edifícios em altura, dispersos na nature-za. Para a reestruturação dos antigos subúrbios industri-ais e residenciais e sua melhor integração na cidade--território, os ensinamentos retirados da apreciaçãocrítica da aplicação daqueles modelos pode ser muitopositiva. Conceitos como a limitação das manchasurbanas, a sua integração numa estrutura verde, a opçãopor tipologias bem definidas, sublinhando e valorizandoo seu carácter, através de um cuidadoso desenho urbanoque reforce identidades e sublinhe referências, individua-lizando e reforçando a imagem dos novos aglomerados.

A Carta Desportiva, actualmente em elaboraçãono âmbito dos elementos complementares do PDM,poderá contribuir para a implementação desta estratégiaterritorial, pela localização dos equipamentos desportivosna faixa de articulação entre as áreas urbanas e oscorredores verdes, rematando o tecido urbano e estabe-lecendo uma transição paisagística para a zona agríco-la/florestal destes corredores.

DINÂMICA URBANA VS. QUALIDADE DE VIDAO concelho do Seixal tem sido sujeito a um

fortíssimo surto de crescimento demográfico, apresen-tando o valor mais elevado de todos os municípiosportugueses na última década, período em que a suapopulação mais que duplicou. Nos últimos trinta anos onúmero de fogos existentes no concelho foi multiplicadopor sete. Construíram-se neste período cerca de 40000fogos, o que corresponde a uma média de 1500 fogosanuais. Não podemos todavia fazer previsões com base

neste comportamento, pois que pela primeira vez desdea década de cinquenta a Área Metropolitana de Lisboaentra numa fase de estabilização da população esimultaneamente num processo de envelhecimento dapopulação. Duas razões principais explicam esta altera-ção; os imigrantes eram adultos jovens, em idade deprocriar, contribuindo no passado para o rejuvenesci-mento da população da AML; a diminuição da imigraçãoe a alteração do comportamento da generalidade dapopulação, com uma quebra muito forte da taxa denatalidade, tal como se tinha verificado em outros paísesda Europa, já há décadas, anunciam uma nova fase daAML. Todavia o crescimento demográfico do Seixalprossegue à custa de movimentos internos no seio daÁrea Metropolitana, por razões que têm a ver com arelação preço/qualidade na oferta de habitação noconcelho. Na década de setenta o parque habitacionaldo concelho do Seixal apresentava deficiências sérias,com vastas frentes de crescimento descontrolado, a sulda Auto–Estrada. A recuperação dessas áreas de habitatdefeituoso tem correspondido a um enorme esforço deorganização e financiamento, com a instalação desaneamento básico e rede viária pavimentada. O que foioutrora uma limitação transformou-se numapotencialidade. O Seixal tem hoje uma vasta oferta desolo para habitação unifamiliar, que há que densificar,para que a instalação de equipamentos e de transportespúblicos possa ser melhorada.

Dado o enorme surto de construção das últimasdécadas o Seixal possui hoje em dia um parquehabitacional recente, com um nível de conforto bemposicionado face às normas actuais. Mercê de umaprática de planeamento consistente ao longo dos últimosvinte e cinco anos, o Seixal apresenta uma densidademédia contida, com cedências generosas para espaçosverdes, pelo que a imagem urbana dos aglomerados doconcelho nunca é opressiva como noutros subúrbiosmais próximos de Lisboa.

DESENHO URBANODepois de uma fase de forte crescimento

habitacional, em que o objectivo predominante era aconstrução de novos fogos, para satisfazer necessidadesprementes, segue-se agora uma fase de qualificaçãodas novas áreas residenciais, em que o desenho doespaço colectivo surge como um vector importante. Oconceito de espaço colectivo começa hoje a prevalecersobre o espaço público. Os equipamentos, os interfacesde transporte, os centros comerciais, são espaçosimportantes em termos de encontro social, não sendonecessariamente espaço público. Partindo desta visãomais integrada, a qualificação das periferias parte parauma fase decisiva da procura de uma maior coesãosocial do todo metropolitano.

Page 25: FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE€¦ · 1º Painel Temático 2º Painel Temático 3º Painel Temático Nota Introdutória 5 Introduction Note 6 Declaração-Fórum Seixal

FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE

102