francisco lacerda - poesia

32
Escola António Arroio Trabalho de Língua Portuguesa artista: Banksy 1 Professora: Elisabete Miguel Francisco Lacerda, n.º11 – 10º ano – Turma F

Upload: onze-ene

Post on 17-Mar-2016

246 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

Francisco Lacerda, 10.º ano, n.º 11, turma F, Escola Artística António Arroio - Disciplina de Português - Professora Eli

TRANSCRIPT

Page 1: Francisco Lacerda - Poesia

Escola António Arroio

Trabalho de Língua Portuguesa

artista: Banksy 1

Professora: Elisabete Miguel

Francisco Lacerda, n.º11 – 10º ano – Turma F

Page 2: Francisco Lacerda - Poesia
Page 3: Francisco Lacerda - Poesia

Índice:

Introdução

Eu, Florbela Espanca

Mendiga, Florbela Espanca

O dos Castelos, Fernando pessoa

Não me importo com as rimas, Fernando pessoa

Improviso Corrigido, José Régio

Declaração, José Régio

Amor é fogo que arde sem se ver, Luís de Camões

O dia em que eu nasci morra e pereça, Luís de Camões

Há palavras que nos beijam, Alexandre O’Neill

Gaivota, Alexandre O’Neill

Ser ou não ser, Manuel Alegre

Última pagina, Manuel Alegre

Retrato, Cecília Meireles

O amor, Cecília Meireles

Cantiga do fogo e da guerra, Sérgio Godinho

Canção, Almada Negreiros

Frustração, Miguel Torga

Mãe, Miguel Torga

Teria passado a vida, Agostinho da Silva

Queria que os portugueses, Agostinho da silva

Conclusão

A minha ilustração do poema ”Retrato” de Cecília Meireles

Page 4: Francisco Lacerda - Poesia
Page 5: Francisco Lacerda - Poesia

Introdução

Foi-nos pedido, pela professora de língua portuguesa, um trabalho

composto por 20 poemas, em língua portuguesa, todos à volta de um tema, de

livre escolha de cada aluno.

Em livros e na internet, pesquisei os poemas para este dossiê. Dei especial

destaque a “Retrato” de Cecília Meireles, que ilustrei, explicando a minha opção.

Como tudo está interligado, todos os pensamentos, todos os sentimentos,

escolhi poemas de temas diversos para levar o leitor a sentir o mesmo que eu,

pois, na minha opinião, é bom fazermos leituras de textos com temas

diversificados. No entanto, na minha selecção, há, em quase todos os versos

escolhidos, um fio condutor, uma certa mancha de descontentamento. Os

outros, a minoria, elegi-os porque são especiais para mim.

Page 6: Francisco Lacerda - Poesia
Page 7: Francisco Lacerda - Poesia

Eu

Até agora eu não me conhecia

Julgava que era eu mas não era

Aquela que em meus versos descrevera

Tão clara como a fonte e como o dia

Mas que eu não era eu não era Eu não o sabia

E mesmo que o soubesse, o não dissera

Olhos fitos em rutila quimera

Andava atrás de mim…e não me via

Andava a procurar-me -pobre louca! -

E achei o meu olhar no teu olhar

E a minha boca sobre a tua boca!

E esta ânsia de viver, que nada acalma,

É a chama da tua alma a esbrasear

As apagadas cinzas da minha alma!

Florbela Espanca, Poesia Completa, pág. 305

Page 8: Francisco Lacerda - Poesia

Mendiga

Na vida nada tenho e nada sou;

Eu ando a mendigar pelas estradas…

No silêncio das noites estreladas

Caminho, sem saber para onde vou!

Tinha o manto do sol… quem mo roubou?!

Quem pisou minhas rosas desfolhadas?!

Quem foi que sobre as ondas revoltadas

A minha taça de ouro espedaçou?

Agora vou andando e mendigando,

Sem que um olhar dos mundos infinitos

Veja passar o verme, rastejando…

Ah, quem me dera ser como os chacais

Uivando os brados, rouquejando os gritos

Na solidão dos ermos matagais!…

Florbela Espanca, Poesia Completa, página 315

Page 9: Francisco Lacerda - Poesia

O dos Castelos

A Europa jaz, posta nos cotovelos:

De Oriente a Ocidente jaz, fitando,

E toldam-lhe românticos cabelos

Olhos gregos, lembrando.

O cotovelo esquerdo é recuado;

O direito é em ângulo disposto.

Aquele diz Itália onde é pousado;

Este diz Inglaterra onde, afastado,

A mão sustenta, em que se apoia o rosto.

Fita, com olhar ‘sfíngico e fatal,

O Ocidente, futuro do passado.

O rosto com que fita é Portugal.

Fernando Pessoa, Mensagens e outros

Poemas afins, Clássicos, página 137)

Page 10: Francisco Lacerda - Poesia

Não me importo com as rimas

Não me importo com as rimas. Raras vezes

Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.

Penso e escrevo como as flores têm cor

Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me

Porque me falta a simplicidade divina

De ser todo só o meu exterior.

Olho e comovo-me,

Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado,

E a minha poesia é natural como o levantar-se o vento...

Alberto Caeiro [Fernando Pessoa], http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/v074.txt

Page 11: Francisco Lacerda - Poesia

Improviso Corrigido

Se minto? Quantas vezes!

Mas em palavras. Não

Nos meus olhos castanhos portugueses,

Nestas linhas atávicas da mão...

Se minto?... Minto, pois!

Mas nas orais palavras que vos digo.

Não nas que entoo a sós comigo,

E em que enfim deixo de ser dois.

Não nas que entrego a músicas, miragens,

Alegorias, fábulas, mentiras,

Cadências, símbolos, imagens,

Ecos da minha e mil milhões de liras.

Se minto?... Minto!

É regra de viver. Mas não quando, poeta, me desnudo,

E a mim me visto de inocência, e a tudo.

Venha quem saiba ver!

Venha quem saiba ler!

José Régio, Poesia Completa II, página 368

Page 12: Francisco Lacerda - Poesia

Declaração

Teorias são brinquedos

Que, por mim, não tomo a sério.

Tomo a sério os meus enredos.

Crer... só sei crer no Mistério.

De doutrinas não me importo!

Sinto-me bem no mar alto.

Só me recolho ao meu porto.

Convidam-me, e sempre eu falto.

De escolas, não sou aluno.

Se comunico, é em verso.

Sou muito diverso,

E uno.

José Régio, Poesia Completa II, página 390

Page 13: Francisco Lacerda - Poesia

Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;

É solitário andar por entre a gente;

É nunca contentar-se de contente;

É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões , http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/v301.txt

Page 14: Francisco Lacerda - Poesia

O dia em que nasci moura e pereça,

O dia em que nasci moura e pereça,

Não o queira jamais o tempo dar;

Não torne mais ao Mundo, e, se tornar,

Eclipse nesse passo o Sol padeça.

A luz lhe falte, O Sol se [lhe] escureça,

Mostre o Mundo sinais de se acabar,

Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,

A mãe ao próprio filho não conheça.

As pessoas pasmadas, de ignorantes,

As lágrimas no rosto, a cor perdida,

Cuidem que o mundo já se destruiu.

Ó gente temerosa, não te espantes,

Que este dia deitou ao Mundo a vida

Mais desgraçada que jamais se viu!

Luís de Camões , http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/v057.txt

Page 15: Francisco Lacerda - Poesia

Há palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam

Como se tivessem boca.

Palavras de amor, de esperança,

De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas

Quando a noite perde o rosto;

Palavras que se recusam

Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas

Entre palavras sem cor,

Esperadas inesperadas

Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama

Letra a letra revelado

No mármore distraído

No papel abandonado)

Palavras que nos transportam

Aonde a noite é mais forte,

Ao silêncio dos amantes

Abraçados contra a morte.

Alexandre O´Neill,

http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/v115.txt

Page 16: Francisco Lacerda - Poesia

Gaivota

Se uma gaivota viesse

trazer-me o céu de Lisboa

no desenho que fizesse,

nesse céu onde o olhar

é uma asa que não voa,

esmorece e cai no mar.

Que perfeito coração

no meu peito bateria,

meu amor na tua mão,

nessa mão onde cabia

perfeito o meu coração.

Se um português marinheiro,

dos sete mares andarilho,

fosse quem sabe o primeiro

a contar-me o que inventasse,

se um olhar de novo brilho

no meu olhar se enlaçasse.

Que perfeito coração

no meu peito bateria,

meu amor na tua mão,

nessa mão onde cabia

perfeito o meu coração.

Page 17: Francisco Lacerda - Poesia

Se ao dizer adeus à vida

as aves todas do céu,

me dessem na despedida

o teu olhar derradeiro,

esse olhar que era só teu,

amor que foste o primeiro.

Que perfeito coração

morreria no meu peito morreria,

meu amor na tua mão,

nessa mão onde perfeito

bateu o meu coração.

Alexandre O´Neill, http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/v227.txt

Page 18: Francisco Lacerda - Poesia

Ser ou não ser

Qualquer coisa está podre no Reino da Dinamarca.

Se os novos partem e ficam só os velhos

e se do sangue as mãos trazem a marca

se os fantasmas regressam e há homens de joelhos

qualquer coisa está podre no Reino da Dinamarca.

Apodreceu o sol dentro de nós

apodreceu o vento em nossos braços.

Porque há sombras na sombra dos teus passos

há silêncios de morte em cada voz.

Ofélia-Pátria jaz branca de amor.

Entre salgueiros passa flutuando.

E anda Hamlet em nós por ela perguntando

entre ser e não ser firmeza indecisão.

Page 19: Francisco Lacerda - Poesia

Até quando? Até quando?

Já de esperar se desespera. E o tempo foge

e mais do que a esperança leva o puro ardor.

Porque um só tempo é o nosso. E o tempo é hoje.

Ah se não ser é submissão ser é revolta.

Se a Dinamarca é para nós uma prisão

e Elsenor se tornou a capital da dor

ser é roubar à dor as próprias armas

e com elas vencer estes fantasmas

que andam à solta em Elsenor.

Manuel Alegre,

http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/v218.txt

Page 20: Francisco Lacerda - Poesia

Última Página

Vou deixar este livro. Adeus.

Aqui morei nas ruas infinitas.

Adeus meu bairro página branca

onde morri onde nasci algumas vezes.

Adeus palavras comboios

adeus navio. De ti povo

não me despeço. Vou contigo.

Adeus meu bairro versos ventos.

Não voltarei a Nambuangongo

onde tu meu amor não viste nada. Adeus

camaradas dos campos de batalha.

Parto sem ti Pedro Soldado.

Tu Rapariga do País de Abril

tu vens comigo. Não te esqueças

da primavera. Vamos soltar

a primavera no País de Abril.

Livro: meu suor meu sangue

aqui te deixo no cimo da pátria

Meto a viola debaixo do braço

e viro a página

Manuel Alegre,

http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/v315.txt

Page 21: Francisco Lacerda - Poesia

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,

assim calmo, assim triste, assim magro,

nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,

tão paradas e frias e mortas;

eu não tinha este coração que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,

tão simples, tão certa, tão fácil:

Em que espelho ficou perdida a minha face?

Cecília Meireles, http://pensador.uol.com.br/cecilia_meireles_poemas/

Page 22: Francisco Lacerda - Poesia

O Amor...

É difícil para os indecisos.

É assustador para os medrosos.

Avassalador para os apaixonados!

Mas, os vencedores no amor são os

fortes.

Os que sabem o que querem e querem o que têm!

Sonhar um sonho a dois,

e nunca desistir da busca de ser feliz,

é para poucos!

Cecília Meireles, http://www.ubern.org.br/?p=1539

Page 23: Francisco Lacerda - Poesia

Cantiga do fogo e da guerra

Há um fogo enorme no jardim da guerra

E os homens semeiam fagulhas na terra

Os homens passeiam co´os pés no carvão

que os Deuses acendem luzindo um tição

Pra apagar o fogo vêm embaixadores

trazendo no peito água e extintores

Extinguem as vidas dos que caiem na rede

e dão água aos mortos que já não têm sede

Ao circo da guerra chegam piromagos

abrem grande a boca quando são bem pagos

soltam labaredas pela boca cariada

fogo que não arde nem queima nem nada

Senhores importantes fazem piqueniques

churrascam o frango no ardor dos despiques

Engolem sangria dos sangues fanados

E enxugam os beiços na pele dos queimados

É guerra de trapos no pulmão que cessa

do óleo cansado que arde depressa

Os homens maciços cavam-se por dentro

e o fogo penetra, vai directo ao centro

Sérgio Godinho,

http://charagoesquerdo.wordpress.com/category/jose-mario-branco/

Page 24: Francisco Lacerda - Poesia

Canção

A pastorinha morreu, todos estão a chorar. Ninguém a conhecia e todos estão a

chorar.

A pastorinha morreu, morreu de seus amôres. Á beira do rio nasceu uma arvore

e os braços da arvore abriram-se em cruz.

As suas mãos compridas já não acenam de alêm. Morreu a pastorinha e levou as

mãos compridas.

Os seus olhos a rirem já não troçam de ninguém. Morreu a pastorinha e os seus

olhos a rirem.

Morreu a pastorinha, está sem guia o rebanho. E o rebanho sem guia é o enterro

da pastorinha.

Onde estão os seus amôres? Ha prendas para Lhe dar. Ninguém sabe se é Elle e

ha prendas para Lhe dar.

Na outra margem do rio deu á praia uma santa que vinha das bandas do mar.

Vestida de pastora p'ra se não fazer notar. De dia era uma santa, à noite era o

luar.

A pastorinha em vida era uma linda pastorinha; a pastorinha mórta é a Senhora

dos Milagres.

Almada Negreiros, http://poemas-

poestas.blogspot.com/search/label/Almada%20Negreiros%20-%20Poemas

Page 25: Francisco Lacerda - Poesia

Frustração

Foi bonito

O meu sonho de amor.

Floriram em redor

Todos os campos em pousio.

Um sol de Abril brilhou em pleno estio,

Lavado e promissor.

Só que não houve frutos

Dessa primavera.

A vida disse que era

Tarde demais.

E que as paixões tardias

São ironias

Dos deuses desleais.

Miguel Torga, http://www.citador.pt/poemas/frustracao-miguel-torga

Page 26: Francisco Lacerda - Poesia

Mãe

Mãe:

Que desgraça na vida aconteceu,

Que ficaste insensível e gelada?

Que todo o teu perfil se endureceu

Numa linha severa e desenhada?

Como as estátuas, que são gente nossa

Cansada de palavras e ternura,

Assim tu me pareces no teu leito.

Presença cinzelada em pedra dura,

Que não tem coração dentro do peito.

Chamo aos gritos por ti — não me respondes.

Beijo-te as mãos e o rosto — sinto frio.

Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes

Por detrás do terror deste vazio.

Mãe:

Abre os olhos ao menos, diz que sim!

Diz que me vês ainda, que me queres.

Que és a eterna mulher entre as mulheres.

Que nem a morte te afastou de mim!

Miguel Torga, http://www.citador.pt/poemas/mae-miguel-torga

Page 27: Francisco Lacerda - Poesia

Teria passado a vida

atormentado e sozinho

se os sonhos me não viessem

mostrar qual é o caminho

umas vezes são de noite

outras em pleno de sol

com relâmpagos saltados

ou vagar de caracol

quem os manda não sei eu

se o nada que é tudo à vida

ou se eu os finjo a mim mesmo

para ser sem que decida.

Agostinho da Silva, http://www.citador.pt/poemas/sonho-agostinho-da-silva

Page 28: Francisco Lacerda - Poesia

Queria que os Portugueses

Queria que os portugueses

tivessem senso de humor

e não vissem como génio

todo aquele que é doutor

sobretudo se é o próprio

que se afirma como tal

só porque sabendo ler

o que lê entende mal

todos os que são formados

deviam ter que fazer

exame de analfabeto

para provar que sem ler

teriam sido capazes

de constituir cultura

por tudo que a vida ensina

e mais do que livro dura

e tem certeza de sol

mesmo que a noite se instale

visto que ser-se o que se é

muito mais que saber vale

Page 29: Francisco Lacerda - Poesia

até para aproveitar-se

das dúvidas da razão

que a si própria se devia

olhar pura opinião

que hoje é uma manhã outra

e talvez depois terceira

sendo que o mundo sucede

sempre de nova maneira

alfabetizar cuidado

não me ponham tudo em culto

dos que não citar francês

consideram puro insulto

se a nação analfabeta

derrubou filosofia

e no jeito aristotélico

o que certo parecia

deixem-na ser o que seja

em todo o tempo futuro

talvez encontre sozinha

o mais além que procuro.

Agostinho da Silva,

http://www.citador.pt/poemas/queria-que-os-portugueses-agostinho-da-silva)

Page 30: Francisco Lacerda - Poesia

Poema escolhido

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,

assim calmo, assim triste, assim magro,

nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,

tão paradas e frias e mortas;

eu não tinha este coração que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,

tão simples, tão certa, tão fácil:

Em que espelho ficou perdida a minha face?

Cecília Meireles

Page 31: Francisco Lacerda - Poesia

Conclusão

Neste trabalho, comecei por pesquisar e recolher poemas de livros que

tinha em casa, mas, como não eram muitos, tive de ir também procurar alguns

na internet. Tenho que admitir que fiquei bastante surpreendido pela

capacidade que os poetas têm em esconder sentimentos por trás de palavras, na

maneira como todas as rimas adquirem um significado maior.

Não me foi difícil a escolha do poema a ilustrar, em breve, decidi-me por

“Retrato” de Cecília Meireles. Estes versos fizeram-me refletir e concluir que

tenho de aproveitar a vida ao máximo para que um dia não venha a pensar e

sentir exatamente o mesmo que o sujeito poético.

Para o leitor, uma das partes menos positiva deste meu trabalho será,

talvez, uma certa falta de unidade no tema, pois eu só me apercebi de que era

um dos requisitos do trabalho quando já havia feito a minha seleção dos textos.

Ainda considerei a possibilidade de reformular as minhas opções e enveredar

por um outro percurso, mas, deliberadamente, acabei por não o fazer. Por

variadíssimos motivos, mas, principalmente, porque os versos que havia

escolhido me passaram a significar muitíssimo.

Page 32: Francisco Lacerda - Poesia

A minha ilustração para o poema “Retrato” de Cecília Meireles.