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FRANCISCO BRAGAPROCURADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO

TEORIA DA CONSTITUIÇÃO

- A constituição como um processo público (PeterHäberle – “Constituição Como Processo Público”e “A Sociedade Aberta dos Intérpretes daConstituição”) a Constituição é o resultado deuma interpretação conduzida, de forma pública,por uma sociedade aberta de intérpretes / ideiade Constituição aberta

CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO

- Concepção culturalista (J. H. MeirellesTeixeira) a Constituição é produto dacombinação dos mais variados elementosformadores da cultura e, ao mesmotempo, influi nesta última. Fala-se emuma Constituição Total.

- Constituição-lei (Virgílio Afonso da Silva) éuma lei como qualquer outra, pouco sedistinguindo da legislação ordinária. Suafunção é meramente indicativa (é uma simplessugestão), não vinculando o legislador.

- Constituição-fundamento ou constituição-total (VirgílioAfonso da Silva) há uma onipresença (ou ubiquidade)da Constituição, que regula não apenas as atividadesestatais e as relacionadas ao Estado, mas também toda avida social. A margem de liberdade do legislador e doscidadãos é bastante reduzida. O legislador se torna merointérprete da Constituição, tendo como tarefa precípua aefetivação dos direitos fundamentais. Muito seassemelha à Constituição dirigente.

- Constituição dúctil (Gustavo Zagrebelsky) aConstituição deixa de ser o centro ordenador doEstado e passa a refletir o pluralismo social, político eeconômico. À Constituição não cabe estabelecer umprojeto predeterminado de vida comunitária, mas simassegurar as condições possibilitadoras de uma vidaem comum. A dogmática deve ser fluida para que seassegure a espontaneidade da vida social e, assim, deuma sociedade complexa, pluralista e democrática.

- Constituição simbólica (Marcelo Neves – “AConstitucionalização Simbólica”) aConstituição é elaborada sem o real intuito deque suas normas tenham eficácia social /“insinceridade normativa” (Barroso) /preocupação com o atendimento de interessespolíticos (confirmar valores sociais; álibi; eadiamento de conflitos sociais)

MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO:- Método jurídico (ou hermenêutico clássico) a Constituição é

uma lei, devendo ser interpretada a partir dos métodostradicionais de hermenêutica (gramatical, lógico, teleológico,histórico, sistemático etc.)

- Método tópico-problemático (ou método da tópica) parte doproblema para a norma / dá primazia ao problema, buscandouma solução justa ao caso concreto, para, somente após, definira norma constitucional que melhor se adeque à soluçãoencontrada (topoi)

- Método hermenêutico-concretizador parte da norma para oproblema / o intérprete se vale de suas pré-compreensões, darealidade social e do próprio problema (círculo hermenêutico)para obter o sentido da norma

- Método científico-espiritual na interpretação constitucional,os espíritos (ou valores) da sociedade e da Constituição deveminteragir (a Constituição é dinâmica e constantementerenovada)

- Método normativo-estruturante o texto normativo éapenas a ponta do “iceberg” / na interpretaçãoconstitucional, o intérprete deve levar em conta, também, opróprio caso concreto que sofre a incidência da norma(situação normada)

- Método da comparação constitucional a interpretação éfeita mediante a comparação dos diversos ordenamentosconstitucionais / utilização dos 4 métodos interpretativosdesenvolvidos por Savigny (gramatical, lógico, histórico esistemático) / defendido por Peter Häberle

NORMAS CONSTITUCIONAISVERSUS

DIREITO ADQUIRIDO

GRAUS DE RETROATIVIDADE:

1)Retroatividade MÁXIMA (ou RESTITUTÓRIA): atinge fatosconsumados (ato jurídico perfeito, coisa julgada e direitoadquirido).

2)Retroatividade MÉDIA: atinge efeitos pendentes de fatosanteriores.

3)Retroatividade MÍNIMA: atinge efeitos futuros de fatosanteriores.

REGRA: retroatividade mínima.

EXCEÇÃO: apenas as normas fruto do poderconstituinte originário podem ter retroatividademáxima e média, desde que haja previsão expressa(exemplo: art. 51, ADCT).

ATENÇÃO! As Constituições Estaduais, as emendas àCF e as leis infraconstitucionais (à exceção da normapenal mais benéfica) são irretroativas (isto é,possuem retroatividade mínima), por força da garantiado art. 5º, XXXVI, da CF/88 (“a lei não prejudicará odireito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisajulgada;”).

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Natureza da norma inconstitucional:

- Regra: ato nulo (teoria da nulidade)

- Mitigação: possibilidade de modulação de efeitos(maioria de 2/3 dos membros do STF) nocontrole concentrado e, por analogia, no controledifuso

Efeitos da decisão no controle difuso:

- Regra: inter partes e ex tunc.

- Possibilidade de modulação de efeitos.

- Necessidade de Resolução do Senado Federal para aprodução de efeitos erga omnes (inocorrência demutação constitucional do art. 52, X, CF/88). OBS.:pode alcançar, inclusive, leis estaduais e municipais.

- A resolução do Senado tem efeitos erga omnes e exnunc.

- O Senado tem discricionariedade política, mas deverespeitar a extensão da decisão do STF.

Súmula vinculante: pode gerar efeitos em relação a decisão judicial anterior?

Reclamação 4.335/AC:- 2 Ministros julgaram procedente, mas votando no

sentido da mutação do art. 52, X, CF/88;- 4 Ministros concederam habeas corpus de ofício;- 4 Ministros julgaram procedente com base na

superveniente SV 26.

ATENÇÃO! Ação civil pública não pode tercomo objeto a declaração deinconstitucionalidade de lei ou ato normativo,sob pena de caracterizar usurpação dacompetência do STF. É possível, porém, adeclaração de inconstitucionalidade de modoincidental.

Efeitos da decisão no controle concentrado(ADI):

- Decisão cautelar: erga omnes, ex nunc (possibilidadede atribuição de eficácia retroativa) e vinculante, alémdo efeito repristinatório tácito. OBS.: o indeferimentoda cautelar não gera efeito vinculante (não cabereclamação);

- Decisão de mérito: erga omnes, ex tunc e vinculante(possibilidade de modulação).

Pode ou não ser objeto de ADI?

- Lei federal ou estadual: sim (art. 59, CF/88)

- Ato normativo federal ou estadual: sim (exemplos jáadmitidos pelo STF: deliberações administrativas dosórgãos judiciários; resolução do ConselhoInterministerial de Preços; deliberação de TRTdeterminando pagamento de diferenças de planoeconômico)

- Emendas constitucionais: sim

- Súmulas: não (mesmo as vinculantes)

- Medidas provisórias: sim

- Decreto regulamentar: não

- Decreto autônomo: sim

- Tratados internacionais: sim (observar a tríplicehierarquia)

- Norma constitucional originária: é sempreconstitucional / princípio da unidade / modificaçãoa partir da vigência do NCPC?

- Ato de efeitos concretos: se lei, sim

- Ato anterior à Constituição: não (cabe ADPF / oSTF, no RE 600.885, admitiu, por analogia, amodulação dos efeitos da decisão de nãorecepção)

- Lei ou ato normativo já revogado ou de eficáciaexaurida: não (cabe ADPF, por ser subsidiária)

- Ato impugnado é revogado ou perde vigência no curso da ADI:regra prejudicialidade da ADI / se já ocorrida a inclusão empauta (“fraude processual”) prosseguimento do processo(ADIs 3232, 3306 e 4426). OBS.: NÃO COMUNICAÇÃO DAREVOGAÇÃO / CONTINUIDADE NORMATIVA

- Conversão de MP em lei sem modificação: ADI prossegue,havendo necessidade de aditamento (ADI 1055/DF)

- Respostas do TSE a consultas: não

- Leis orçamentárias: sim (inclusive medida provisóriaque abre crédito extraordinário)

- Resoluções do CNJ e do CNMP: sim, quando são atosnormativos primários dotados de generalidade,impessoalidade e abstração

- Alteração do parâmetro de controle no curso da ADI:a ação continua (evitando constitucionalidadesuperveniente)

- Decreto legislativo, desde que dotado denormatividade (generalidade, abstração eimpessoalidade). Nesse sentido: ADI 769-MC e Rcl18165 AgR/RR. OBS.: TEMA COBRADO NA PGE/AM2016 (CESPE)!

ATENÇÃO!

“Tribunais de Justiça podem exercer controle abstratode constitucionalidade de leis municipais utilizandocomo parâmetro normas da Constituição Federal, desdeque se trate de normas de reprodução obrigatória pelosEstados.” (RE 650898/RS, julgado em 01/02/2017 –Informativo 852/STF)

DIREITOS FUNDAMENTAIS

Brasileiro nato titular de “green card” que adquire nacionalidadenorteamericana perde a nacionalidade brasileira e pode ser extraditadopelo Brasil, acaso cometa um crime nos EUA e fuja para o Brasil. (STF, MS33864/DF, julgado em 19/04/2016 – Informativo 822; e STF, Ext 1462/DF,julgado em 28/03/2017 – Informativo 859)

“§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:(...)II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (...)b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, aobrasileiro residente em estado estrangeiro, como condição parapermanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;”

NACIONALIDADE (ART. 12, CF/88):

Não cabe reclamação para o STF contra sentença que julgouimprocedente pedido de direito de resposta por entender nãoter havido, no caso concreto, ofensa. Isso porque não há, no caso,afronta à decisão tomada na ADPF 130 (que analisou acompatibilidade da Lei de Imprensa de 1967 com a CF/88), não severificando, portanto, aderência entre o paradigma invocado e oato reclamado. Além disso, tal reclamação caracterizariainadmissível exame “per saltum” do ato impugnado com base noart. 5º, V, da CF/88 (que prevê o direito de resposta). (STF, Rcl24459 AgR/SP, julgado em 13/12/2016 – Informativo 851)

DIREITO DE RESPOSTA (ART. 5º, V, CF/88):

“É constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nosconcursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregospúblicos no âmbito da Administração Pública Direta e Indireta.(...)

Reputou que a proporção de 20% escolhida pelo legislador éextremamente razoável. Se essa escolha fosse submetida a umteste de proporcionalidade em sentido estrito, também nãohaveria problema, porque 20%, em rigor, representariam menosda metade do percentual de negros na sociedade brasileira.”

COTAS RACIAIS (STF, ADC 41/DF, julgada em 08/06/2017 – Informativo 868):

“É legítima a utilização, além da autodeclaração, de critériossubsidiários de heteroidentificação, desde que respeitada adignidade da pessoa humana e garantidos o contraditório e aampla defesa.(...)Quanto à autodeclaração, prevista no parágrafo único do art. 2º daLei federal 12.990/2014, o Supremo asseverou que se devemrespeitar as pessoas tal como elas se percebem. Entretanto, umcontrole heterônomo não é incompatível com a Constituição,observadas algumas cautelas, sobretudo quando existiremfundadas razões para acreditar que houve abuso na autodeclaração.(...)

(...)Assim, acrescentou que é legítima a utilização de critérios subsidiáriosde heteroidentificação para concorrência às vagas reservadas. Afinalidade é combater condutas fraudulentas e garantir que os objetivosda política de cotas sejam efetivamente alcançados, desde querespeitada a dignidade da pessoa humana e assegurados o contraditórioe a ampla defesa. Citou, como exemplos desses mecanismos, aexigência de autodeclaração presencial perante a comissão doconcurso, a apresentação de fotos e a formação de comissões comcomposição plural para entrevista dos candidatos em momentoposterior à autodeclaração.”

“Ementa: ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. INTERESSE DE AGIR DOMPF. ADEQUAÇÃO DOS PRÉDIOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DEPERNAMBUCO - UFPE. ACESSIBILIDADE. PORTADORES DE NECESSIDADESESPECIAIS. IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DA TEORIA DA RESERVA DOPOSSÍVEL. (...)1. Trata-se de Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público Federalcontra a Universidade Federal de Pernambuco - UFPE com o escopo deobrigar a recorrente a iniciar as obras de adaptação de todas as suasedificações para permitir a sua utilização por pessoas portadoras denecessidade especiais.(...)

ACESSIBILIDADE EM PRÉDIOS PÚBLICOS:

(...)5. No campo dos direitos individuais e sociais de absoluta prioridade, ojuiz não deve se impressionar nem se sensibilizar com alegações deconveniência e oportunidade trazidas pelo administrador relapso. A serdiferente, estaria o Judiciário a fazer juízo de valor ou político em esfera naqual o legislador não lhe deixou outra possibilidade de decidir que não seja ade exigir o imediato e cabal cumprimento dos deveres, completamentevinculados, da Administração Pública.6. Se um direito é qualificado pelo legislador como absoluta prioridade,deixa de integrar o universo de incidência da reserva do possível, já que asua possibilidade é, preambular e obrigatoriamente, fixada pelaConstituição ou pela lei.(...)

(...)7. Ademais, tratando-se de direito essencial, incluso no conceito demínimo existencial, inexistirá empecilho jurídico para que oJudiciário estabeleça a inclusão de determinada política pública nosplanos orçamentários do ente político, mormente quando nãohouver comprovação objetiva da incapacidade econômico-financeirada pessoa estatal.8. Recurso Especial conhecido parcialmente e, nessa parte, nãoprovido.” (REsp 1607472/PE, julgado em 15/09/2016)

“EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO.AGRAVO INTERNO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. POLÍTICASPÚBLICAS. ACESSIBILIDADE DE DEFICIENTES FÍSICOS EM AMBIENTEESCOLAR. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES.NÃO CARACTERIZAÇÃO. PRECEDENTES. 1. O Supremo Tribunal Federaljá assentou a possibilidade, em casos emergenciais, de implementaçãode políticas públicas pelo Poder Judiciário, ante a inércia ou morosidadeda Administração, como medida assecuratória de direitosfundamentais. Precedentes. 2. Agravo interno a que se negaprovimento.” (RE 877607 AgR/MG, julgado em 17/02/2017)

“Ementa: PRÉDIO PÚBLICO – PORTADOR DE NECESSIDADE ESPECIAL –ACESSO. A Constituição de 1988, a Convenção Internacional sobreDireitos das Pessoas com Deficiência e as Leis nº 7.853/89 – federal –,nº 5.500/86 e nº 9.086/95 – estas duas do Estado de São Paulo –asseguram o direito dos portadores de necessidades especiais aoacesso a prédios públicos, devendo a Administração adotarprovidências que o viabilizem.” (RE 440028/SP, julgado em29/10/2013)

“A garantia constitucional da gratuidade de ensino não obsta acobrança por universidades públicas de mensalidade em cursos deespecialização.” (STF, RE 597854/GO, julgado em 26/4/2017 –Informativo 862)

EDUCAÇÃO:

PODER EXECUTIVO

ATENÇÃO! Segundo decidido pelo Plenário doSTF, ao apreciar o pedido liminar na ADPF 402,se o substituto eventual do Presidente daRepública for réu em ação penal perante o STF,ele não poderá exercer a Presidência daRepública.

O STF também possui entendimento no sentido deque a vocação sucessória da Presidência daRepública, prevista no art. 80 da CF/88, não sesubmete ao princípio da simetria, não sendo,portanto, norma de observância obrigatória nosdemais entes da Federação (ADI 3549 e RE 655647AgR).

ATENÇÃO para a hipótese de vacância doscargos de Presidente e de Vice-Presidente daRepública! Nesse caso, como não há sucessor(mas apenas substitutos eventuais), seránecessário realizar nova eleição, que elegeránovos Presidente e Vice-Presidente para tãosomente concluir o mandato iniciado.

DUPLA VACÂNCIA

DOIS PRIMEIROS ANOS DO MANDATO

DOIS ÚLTIMOS ANOS DO MANDATO

Eleição direta Eleição indireta

No prazo de 90 dias após aberta a última vaga

No prazo de 30 dias após aberta a última vaga

Em ambos os casos, os eleitos irão apenas concluir o mandato dos antecessores (“mandato tampão”)

O STF já decidiu que a regra da CF/88 relativa àeleição indireta para o “mandato tampão” (art.81, § 1º) não é de observância obrigatória pelosdemais entes federados (ADI 4298 MC). Tambémdecidiu o STF que se aplicam as hipóteses deinelegibilidade reflexa nas eleiçõessuplementares, isto é, no pleito para o “mandatotampão” (RE 843455/DF).

POSSIBILIDADE DE EMENDA CONSTITUCIONAL MODIFICAR A REGRA QUE PREVÊ ELEIÇÕES INDIRETAS EM CASO DE VAGA NA

SEGUNDA METADE DO MANDATO PRESIDENCIAL

- Princípio da anterioridade ou anualidade eleitoral (art. 16,CF/88): cuida-se de uma garantia individual do cidadão-eleitor,sendo, portanto, cláusula pétrea (ADI 3685 e RE 633703).

“Art. 16, CF/88. A lei que alterar o processoeleitoral entrará em vigor na data de suapublicação, não se aplicando à eleição queocorra até um ano da data de sua vigência.”

Possibilidade de reeleição uma única vez:

- Criação da EC 16/97;

“Art. 14, CF/88.(...)§ 5º - O Presidente da República, os Governadores de Estado edo Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido,ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitospara um único período subsequente”.

ENTENDIMENTO DO STF: apenas se computa um mandato quando o Chefedo Executivo o exerce em virtude de eleição ou de sucessão (RE 366.488/SP).

CHEFE DO EXECUTIVO, “IMPEACHMENT” E

CRIMES DE RESPONSABILIDADE

RITO DO “IMPEACHMENT” (ADPF 378)

1) “Denúncia” – qualquer cidadão

2) Presidente da Câmara dos Deputados recebe ou arquiva (sem contraditório prévio)

3) Formação de uma comissão especial (indicação pelos líderes / votação aberta)

4) Manifestação por escrito e apresentação de documentos pelo Presidente da República (sem plenitude de contraditório e ampla defesa)

5) Elaboração de relatório pela comissão especial

6) O Plenário da Câmara dos Deputados autoriza ou não a instauração do processo por 2/3 de seus membros

ADPF 378 e rito do “impeachment”:

RITO DO “IMPEACHMENT” (continuação)

7) O Senado Federal realiza juízo de admissibilidade pelo voto da maioria simples, presente a maioria absoluta

8) Formação de uma comissão especial (mesmos moldes da Câmara)

9) Pronúncia do Presidente da República, por maioria simples de votos

10) Contraditório e ampla defesa em sua plenitude, com produção de todas as provas admitidas em direito (perícias, oitiva de testemunhas etc.)

11) Último ato de instrução: interrogatório do Presidente da República

12) Elaboração de relatório

13) Votação em plenário, exigindo-se 2/3 dos membros do Senado para a condenação

OBS. 1: no julgamento do Presidente da República pelo cometimento de crimede responsabilidade, o Senado Federal é presidido pelo Presidente do STF.

OBS. 2: a sentença condenatória se materializa em resolução do SenadoFederal.

OBS. 3: o Senado Federal é o juiz natural para o julgamento do Presidente daRepública pela prática de crime de responsabilidade, não podendo o PoderJudiciário, a princípio, rever a decisão de mérito proferida pela Casa Legislativa.O papel do Judiciário se limita a assegurar a correta observância doprocedimento e de direitos fundamentais do acusado, como o contraditório e aampla defesa.

OBS. 4: se condenado, o Presidente da República sofrerá as sanções de perdado cargo e de inabilitação para o exercício de qualquer função pública peloperíodo de 8 (oito) anos, ambas penas principais, não acessórias.

OBS. 5: nos termos do art. 15 da Lei 1.079/50, “a denúncia só poderá serrecebida enquanto o denunciado não tiver, por qualquer motivo, deixadodefinitivamente o cargo”. No caso de Fernando Collor, este renunciou ao cargocom a pretensão de que a renúncia extinguisse o processo de impeachment,mas o STF decidiu que, como o processo já havia sido iniciado, não poderia serextinto pela renúncia (MS 21.689-1), de modo que pode ele prosseguir até ofinal, com aplicação normal da sanção de inabilitação, pois esta, como visto, nãoé acessória.

OBS. 6: ao Presidente da Câmara dos Deputados não se aplicam as hipótesesde impedimento e suspeição do CPP, pois a Lei 1.079/50 já disciplina aquestão, não cabendo aplicação subsidiária do CPP nessa matéria. Ademais,diferentemente dos magistrados, que devem atuar com imparcialidade, osparlamentares exercem suas funções de acordo com suas convicções político-partidárias, o que justifica a diferenciação de regimes.

OBS. 7: quanto à necessidade de juízo de admissibilidade pelo Senado, o STFassim decidiu porque o art. 52, I, da CF/88 diz competir ao Senado Federalprocessar e julgar o Presidente da República em crimes de responsabilidade,estando englobada na expressão “processar” a realização do juízo deadmissibilidade (ademais, foi assim que se procedeu no caso Collor).

OBS. 8: interpretando o art. 38 da Lei 1.079/50, o STF decidiu que seaplicam subsidiariamente ao rito de impeachment, além do CPP, osregimentos internos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal,naquilo que forem compatíveis com as disposições legais econstitucionais da matéria.

OBS. 9: segundo decidido pelo STF na ADPF 378, à Câmara dosDeputados cabe somente autorizar ou não a instauração do processode impeachment, não podendo promover dilação probatória e outrasdiligências nem tampouco se pronunciar sobre o mérito da acusação.

OBS. 10: segundo decidido pelo STF na ADPF 378, aos Senadores, durante oprocessamento do impeachment não se veda o exercício de função acusatória,podendo adotar as medidas necessárias à apuração do crime deresponsabilidade, inclusive no que concerne à produção de provas.

OBS. 11: a competência legislativa para definir crimes de responsabilidade eestabelecer as respectivas normas de processo e julgamento é privativa daUnião, nos termos do art. 22, I, da CF/88. A matéria já foi cobrada em provasanteriores e já constava da Súmula 722/STF, convertida na Súmula Vinculante46, cujo teor é o seguinte:

“A definição dos crimes de responsabilidade e oestabelecimento das respectivas normas de processo ejulgamento são da competência legislativa privativa da União.”

OBS. 12: os crimes de responsabilidade são infrações de natureza político-administrativa.

OBS. 13: segundo o STF, não cabe impetração de habeas corpus para trancarprocesso de impeachment, pois as sanções que podem ser aplicadas são denatureza político-administrativa, não cerceando o direito de ir e vir (HC134315 AgR/DF).

OBS. 14: admitido o processo pelo Senado Federal, o Presidente da Repúblicafica suspenso de suas funções por até 180 dias (art. 86, §§ 1º, II, e 2º, CF/88).

“(...) No impeachment, todas as votações devem ser abertas, de modo apermitir maior transparência, controle dos representantes e legitimação doprocesso. No silêncio da Constituição, da Lei nº 1.079/1950 e do RegimentoInterno sobre a forma de votação, não é admissível que o Presidente daCâmara dos Deputados possa, por decisão unipessoal e discricionária,estender hipótese inespecífica de votação secreta prevista no RI/CD, poranalogia, à eleição para a Comissão Especial de impeachment. Em umademocracia, a regra é a publicidade das votações. O escrutínio secretosomente pode ter lugar em hipóteses excepcionais e especificamenteprevistas. Além disso, o sigilo do escrutínio é incompatível com a natureza e agravidade do processo por crime de responsabilidade. (...)” (ADPF 378)

TEMA JÁ COBRADO PELO CESPE!

CRIMES DE RESPONSABILIDADE PRATICADOS POR GOVERNADORES DE ESTADO (LEI FEDERAL 1.079/50)

“Art. 78, Lei Federal 1.079/50. O Governador será julgado nos crimes deresponsabilidade, pela forma que determinar a Constituição do Estado e nãopoderá ser condenado, senão à perda do cargo, com inabilitação até cincoanos, para o exercício de qualquer função pública, sem prejuízo da ação dajustiça comum. INCOMPATÍVEL COM A CF/88 E A SV 46

§ 1º Quando o tribunal de julgamento fôr de jurisdição mista, serão iguais,pelo número, os representantes dos órgãos que o integrarem, excluído oPresidente, que será o Presidente do Tribunal de Justiça. INCOMPATÍVELCOM A CF/88 E A SV 46

§ 2º Em qualquer hipótese, só poderá ser decretada a condenação pelo votode dois têrços dos membros de que se compuser o tribunal de julgamento.

§ 3º Nos Estados, onde as Constituições não determinarem o processo noscrimes de responsabilidade dos Governadores, aplicar-se-á o disposto nestalei, devendo, porém, o julgamento ser proferido por um tribunal compostode cinco membros do Legislativo e de cinco desembargadores, sob apresidência do Presidente do Tribunal de Justiça local, que terá direito devoto no caso de empate. A escolha desse Tribunal será feita - a dosmembros do legislativo, mediante eleição pela Assembléia: a dosdesembargadores, mediante sorteio.(...)”

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTS. 56, INC.XXI, E 93 DA CONSTITUIÇÃO DO ESPÍRITO SANTO. INCOMPETÊNCIA DEESTADO-MEMBRO PARA LEGISLAR SOBRE PROCESSAMENTO EJULGAMENTO DE CRIMES DE RESPONSABILIDADE COMETIDOS PORGOVERNADOR. EXIGÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO PRÉVIA DAASSEMBLEIA LEGISLATIVA PARA INSTAURAÇÃO DE PROCESSOCONTRA O GOVERNADOR POR PRÁTICA DE CRIMES DERESPONSABILIDADE. 1. Inconstitucionalidade formal decorrente daincompetência dos Estados-membros para legislar sobreprocessamento e julgamento de crimes de responsabilidade (art. 22,inc. I, da Constituição da República). (...) (ADI 4792/ES, julgada em12/02/2015)

Ementa: CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL PENAL. RESPONSABILIDADE PENALDE GOVERNADOR DE ESTADO. DENÚNCIAS POR CRIMES COMUNS E DERESPONSABILIDADE. ADMISSÃO SUJEITA A CONTROLE LEGISLATIVO. LICENÇA-PRÉVIA. PREVISÃO EM CONSTITUIÇÃO ESTADUAL. OBRIGATORIEDADE.NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA COMPETÊNCIA DA UNIÃO PARA DISPORSOBRE PROCESSO E JULGAMENTO POR CRIMES DE RESPONSABILIDADE. 1. Acompetência para dispor legislativamente sobre processo e julgamento porcrimes de responsabilidade é privativa da União, que o fez por meio da Lei1.079/50, aplicável aos Governadores e Secretários de Estado, razão pela qualsão inconstitucionais as expressões dos arts. 54 e 89 da Constituição do Estadodo Paraná que trouxeram disciplina discrepante na matéria, atribuindo ojulgamento de mérito de imputações do tipo à Assembleia Legislativa local.Precedentes. (...) (ADI 4791/PR, julgada em 12/02/2015)

CRIMES DE RESPONSABILIDADE PRATICADOS POR PREFEITOS MUNICIPAIS (DECRETO-LEI 201/1967)

crime de responsabilidade próprio (art. 1º)X

crime de responsabilidade impróprio (art. 4º)

“Art. 4º, DL 201/67. São infrações político-administrativas dosPrefeitos Municipais sujeitas ao julgamento pela Câmara dosVereadores e sancionadas com a cassação do mandato:(...)”

ATENÇÃO! Essas imunidades não podem ser estendidas a Governadores, Prefeitosou qualquer outra autoridade (STF, ADI 1028 e Inq 3983/DF). Tema já cobradopelo CESPE!

IMUNIDADES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

JURISPRUDÊNCIA RELATIVA À PRÁTICA DE CRIMES COMUNS POR PREFEITOS E GOVERNADORES

ATENÇÃO! Mudança de entendimento do STF (03/05/2017):

- É inconstitucional a exigência de prévia autorização da AssembleiaLegislativa para o recebimento de denúncia ou queixa-crime einstauração de ação penal contra Governador de Estado, por crimecomum. Além disso, o recebimento da peça acusatória pelo STJ nãoacarreta automaticamente o afastamento do cargo, cabendo aoTribunal decidir, fundamentadamente, sobre isso e/ou a aplicaçãode outras medidas cautelares penais (STF, ADI 5540/MG).

- Não há necessidade de prévia autorização doTribunal de Justiça para a instauração deinvestigação relativa ao cometimento de infraçãopenal por Prefeito Municipal (STJ, RHC 77518/RJ).

PROCESSO LEGISLATIVO

Questões atinentes à iniciativa:

- Sanção não convalida vício de iniciativa (a Súmula 5/STF estásuperada).

- Iniciativa privativa na CF/88 Estados, DF e municípios (simetria).

- Segundo o STF, se um projeto de iniciativaprivativa sofrer emenda parlamentar que nãoobserve as condições apontadas (pertinênciatemática e não aumento de despesa), a sanção peloChefe do Executivo não convalida esse vício formal(assim como não convalida vício de iniciativa).

No entanto, quanto às normas originárias das constituições estaduais (quesão fruto do poder constituinte derivado decorrente inicial), elas não sesubmetem às regras de iniciativa reservada. Assim decidiu recentemente oSTF (ADI 1167).

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO: REGRAS DE INICIATIVA RESERVADA?

Emendas a constituiçõesestaduais (poder constituintederivado decorrente revisional):SIM (ADI 2966/RO e ADI2616/PR)

Emendas à Constituição Federal(poder constituinte derivado reformador): aparentemente, NÃO (ADI 5296 – EC 74/2013)

CONTRABANDO LEGISLATIVO

Todas as leis resultantes de conversão de medidas provisóriasque tenham sido aprovadas até 15/10/2015 serão mantidascomo válidas (hígidas) mesmo que tenham sido fruto decontrabando legislativo, manobra incompatível com aConstituição Federal, haja vista caber ao Presidente daRepública o juízo de relevância e urgência de matéria tratadaem medida provisória (entendimento firmado na ADI 5127/DF erecentemente reiterado na ADI 5012/DF).

MEDIDA PROVISÓRIA E TRANCAMENTO DE PAUTA

O trancamento de pauta por conta de medidas provisórias nãovotadas no prazo de 45 dias (e que, por consequência, entram emregime de urgência) só alcança projetos de lei (ordinária) que versemsobre temas passíveis de serem tratados por medida provisória.Logo, a Casa Legislativa não fica impedida de apreciar as propostas deemenda à Constituição e os projetos de lei complementar, de decretolegislativo, de resolução e, até mesmo, de lei ordinária, estes últimosdesde que veiculem matéria indicada no art. 62, § 1º, CF/88. (STF, MS27931/DF, julgado em 29/06/2017 – Informativo 870/STF)

PODER JUDICIÁRIO

A sistemática de precatórios e as ADIs 4357 e 4425 (EC 62/09):

PRINCIPAIS QUESTÕES DECIDIDAS PELO STF NAS ADIS 4357 E 4425

1) “Superpreferência”: inconstitucionalidade da expressão “na datade expedição de precatório”.

2) Compensação de precatórios com débitos líquidos e certosinscritos ou não em dívida ativa: inconstitucional.

3) Correção monetária: inconstitucional a utilização do índice dapoupança (TR).

4) Juros de mora: inconstitucional a utilização do índice da poupançaem relação aos débitos tributários da Fazenda.

PRINCIPAIS QUESTÕES DECIDIDAS PELO STF NAS ADIS 4357 E 4425

5) Art. 5º da Lei 11.960: inconstitucionalidade por arrastamento.

6) Regime especial de pagamento (depósitos com base na receitacorrente líquida OU parcelamento em 15 anos): inconstitucional.

7) Formas alternativas de quitação de precatório (compensação,leilão, pagamento à vista): inconstitucionais.

OBS.: o acordo direto com credores permaneceu válido, comlimitações (Questão de Ordem).

MODULAÇÃO DOS EFEITOS (QUESTÃO DE ORDEM DECIDIDA EM 25/03/2015)

1) Precatórios expedidos ou pagos até 25/03/2015: válidos.

2) Regime especial: mantido por 5 exercícios financeiros a contar de 01/01/2016.

3) Formas alternativas de quitação: válidas as realizadas até 25/03/2015.

OBS.: quanto ao acordo direto com credores, essa opção permaneceu válida, desdeque respeitada a ordem de preferência dos credores e a lei do respectivo entedevedor, limitado o desconto a 40% do valor atualizado do precatório.

4) Correção monetária: aplicação do índice da poupança até 25/03/2015. Após essadata, aplica-se o IPCA-E.

5) Juros de mora sobre os precatórios de natureza tributária: aplica-se o índice dapoupança até 25/03/2015. Após essa data, incide o mesmo índice aplicado pelaFazenda para seus créditos tributários.

O regime de juros e correção e o tema de Repercussão Geral nº 810 (RE 870.947/SE):

O escopo formal das ADIs 4357 e 4425 se limitou àsistemática de precatórios (Luiz Fux).

Julgado o RE 870.947/SE (em 20/09/2017), o STFaplicou os mesmos índices fixados nas ADIs 4357 e4425, porém sem modulação de efeitos.

Incidem os juros da mora no períodocompreendido entre a data da realização doscálculos e a da requisição de pequeno valor(RPV) ou do precatório. (STF, RE 579431/RS,julgado em 19/04/2017 – Informativo 861)

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (art. 103-B,CF/88):

- 15 membros, sendo: 3 Ministros de tribunaissuperiores; 1 juiz estadual; 1 desembargador de TJ; 1juiz federal; 1 juiz de TRF; 1 juiz do trabalho; 1 juiz deTRT; 1 membro do MPU; 1 membro de MPE; 2advogados; e 2 cidadãos;

- O mandato é de 2 anos, admitida uma recondução;

- O Presidente é o Presidente do STF (deve serbrasileiro nato – art. 12, § 3º, IV, CF/88);

- O Ministro do STJ é o Corregedor (fica excluído dadistribuição de processos no STJ);

- O Presidente do STF é o único membro nato;

- O substituto do Presidente é o Vice-Presidente doSTF.

“O CNJ, no exercício de controle administrativo, pode deixar deaplicar lei inconstitucional.

O CNJ pode determinar que Tribunal de Justiça exonere servidoresnomeados sem concurso público para cargos em comissão que não seamoldam às atribuições de direção, chefia e assessoramento,contrariando o art. 37, V, da CF/88. Esta decisão do CNJ não configuracontrole de constitucionalidade, sendo exercício de controle davalidade dos atos administrativos do Poder Judiciário. STF. Plenário.Pet 4656/PB, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 19/12/2016 (Info851).”

Informativo 851/STF (Pet 4656/PB, julg. em 19/12/2016)

EMENTA: (...) ALEGAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DO CNJ PARA DECLARARINCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. MANDADO DE SEGURANÇA DENEGADO. 1.Atuação do órgão de controle administrativo, financeiro e disciplinar damagistratura nacional nos limites da respectiva competência, afastando a validadedos atos administrativos e a aplicação de lei estadual na qual embasados ereputada pelo Conselho Nacional de Justiça contrária à regraconstitucional de ingresso no serviço público por concurso público, pela ausênciados requisitos caracterizadores do cargo comissionado. 2. Insere-se entre ascompetências constitucionalmente atribuídas ao Conselho Nacional de Justiça apossibilidade de afastar, por inconstitucionalidade, a aplicação de lei aproveitadacomo base de ato administrativo objeto de controle, determinando aos órgãossubmetidos a seu espaço de influência a observância desse entendimento, porato expresso e formal tomado pela maioria absoluta dos membros do Conselho.(...)

(...)3. Ausência de desrespeito ao contraditório: sendo exoneráveis ad nutum e aexoneração não configurando punição por ato imputado aos servidores atingidospela decisão do Conselho Nacional de Justiça, mostra-se prescindível aatuação de cada qual dos interessados no processo administrativo, notadamentepela ausência de questão de natureza subjetiva na matéria discutida pelo órgão decontrole do Poder Judiciário. 4. Além dos indícios de cometimento de ofensa aodecidido na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 3.233/PB, a leitura dasatribuições conferidas ao cargo criado pelo art. 5º da Lei n. 8.223/2007, da Paraíba,evidencia burla ao comando constitucional previsto no inc. V do art. 37 daConstituição da República: declaração incidental de inconstitucionalidade. 5.Mandado de segurança denegado. (STF, MS 28112/DF, julgado em 19/12/2016)

CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (ART. 97, CF/88)

"Interpretação que restringe a aplicação de uma norma aalguns casos, mantendo-a com relação a outros, não seidentifica com a declaração de inconstitucionalidade danorma, que é a que se refere o art. 97 da Constituição.“(RE 460971/RS)

“EMENTA: (...) RESERVA DE PLENÁRIO. VIOLAÇÃO INOCORRENTE.(...) Imprescindível, à caracterização da afrontaà cláusula da reserva de plenário, que a decisão estejafundamentada na incompatibilidade entre a norma legal e aConstituição Federal, o que não se verifica in casu.O Plenário desta Corte, no julgamento da ADI 2/DF, Rel. Min. PauloBrossard, Tribunal Pleno, DJ 21.11.1997, decidiu que o exame dacompatibilidade de legislação pré-constitucional com a novaCarta não se confunde com a declaração de constitucionalidadeou inconstitucionalidade, pois se traduz em juízo de recepção ounão-recepção. (...)” (RE 766616 AgR/RS)

“EMENTA: (...) RESERVA DE PLENÁRIO. VIOLAÇÃO INOCORRENTE.(...) Imprescindível, à caracterização da afrontaà cláusula da reserva de plenário, que a decisão estejafundamentada na incompatibilidade entre a norma legal e aConstituição Federal, o que não se verifica in casu.O Plenário desta Corte, no julgamento da ADI 2/DF, Rel. Min. PauloBrossard, Tribunal Pleno, DJ 21.11.1997, decidiu que o exame dacompatibilidade de legislação pré-constitucional com a novaCarta não se confunde com a declaração de constitucionalidadeou inconstitucionalidade, pois se traduz em juízo de recepção ounão-recepção. (...)” (RE 766616 AgR/RS)

“(...) 1. O princípio da reserva de plenário previsto no art. 97 da Constituição (e a quese refere a Súmula Vinculante n. 10) diz respeito à declaração de“inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público”. 2. Atos normativostêm como características essenciais a abstração, a generalidade e a impessoalidadedos comandos neles contidos. São, portanto, expedidos sem destinatáriosdeterminados e com finalidade normativa, alcançando todos os sujeitos que seencontram na mesma situação de fato abrangida por seus preceitos. 3. O decretolegislativo que estabelece a suspensão do andamento de uma certa ação penalmovida contra determinado deputado estadual não possui qualquer predicado deato normativo. O que se tem é ato individual e concreto, com todas as característicasde ato administrativo de efeitos subjetivos limitados a um destinatário determinado.Atos dessa natureza não se submetem, em princípio, à norma do art. 97 da CF/88,nem estão, portanto, subordinados à orientação da Súmula Vinculante 10.Precedentes. 4. Agravo regimental a que se nega provimento.” (Rcl 18165 AgR/RR)

COMISSÃO PARLEMENTAR DE

INQUÉRITO

De acordo com o art. 58, § 3º, da CF/88, as comissõesparlamentares de inquérito possuem dois tipos de poderes:

I) Poderes de investigação próprios das autoridades judiciais; e

II) Outros poderes previstos nos regimentos internos dasrespectivas Casas Legislativas.

ATENÇÃO! CPI não pode sindicar ato de natureza jurisdicional (STF,HC 79441/DF).

Poderes das CPIs:

COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO

PODE NÃO PODE (RESERVA DE JURISDIÇÃO)

1)Quebrar sigilo fiscal;

2)Quebrar sigilo bancário (OBS.:MP e Tribunal de Contas sópodem quebrar se envolververba pública);

3)Quebrar sigilo de dados(inclusive de dados telefônicos);

1)Determinar busca domiciliar;

2)Determinar interceptaçãotelefônica;

3)Expedir ordem de prisão, salvoem caso de flagrante delito (Ex.:falso testemunho);

COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO

PODE NÃO PODE (RESERVA DE JURISDIÇÃO)

4)Ouvir investigados ou indiciados,respeitando o direito ao silêncio(não autoincriminação);

5)Ouvir testemunhas, sob pena decondução coercitiva, respeitandoo direito ao silêncio (nãoautoincriminação) e ao sigiloprofissional. E esposa deinvestigado?

4)Decretar medidas assecuratóriasde eventual sentençacondenatória (como arresto esequestro de bens).

Criação de CPIs estaduais e municipais:

É possível;

A atuação se restringe a fatos de interesse do âmbito de atuação;

As CPIs estaduais possuem poderes investigatórios próprios deautoridades judiciais (por exemplo, a quebra de sigilo bancário);

As CPIs municipais não possuem poderes investigatórios próprios deautoridades judiciais, pois os Municípios não possuem poderjurisdicional.

Questão CESPE (PGE/AM 2016):

“Dado o princípio majoritário adotado pela CF, pode aConstituição estadual prever que o pedido de criação decomissão parlamentar de inquérito efetuado por um terço dosdeputados estaduais no âmbito da assembleia legislativa fiquecondicionado à vontade da maioria do plenário, que, se assimdeliberar, poderá impedir a instalação da respectiva comissão.” ERRADO! Segundo o STF, a instauração de CPI é um direitodas minorias (MS 26441/DF).

“(...) A instauração de inquérito parlamentar, para viabilizar-se no âmbito das Casas legislativas, está vinculada,unicamente, à satisfação de três (03) exigências definidas, demodo taxativo, no texto da Lei Fundamental da República: (1)subscrição do requerimento de constituição da CPI por, nomínimo, 1/3 dos membros da Casa legislativa, (2) indicação defato determinado a ser objeto da apuração legislativa e (3)temporariedade da comissão parlamentar de inquérito.Precedentes do Supremo Tribunal Federal: MS 24.831/DF, Rel.Min. CELSO DE MELLO, v.g.. (...)” (STF, MS 26441/DF)

“(...) O requisito constitucional concernente à observância de 1/3 (umterço), no mínimo, para criação de determinada CPI (CF, art. 58, § 3º),refere-se à subscrição do requerimento de instauração da investigaçãoparlamentar, que traduz exigência a ser aferida no momento em queprotocolado o pedido junto à Mesa da Casa legislativa, tanto que,"depois de sua apresentação à Mesa", consoante prescreve o próprioRegimento Interno da Câmara dos Deputados (art. 102, § 4º), não maisse revelará possível a retirada de qualquer assinatura. - Preenchidos osrequisitos constitucionais (CF, art. 58, § 3º), impõe-se a criação daComissão Parlamentar de Inquérito, que não depende, por isso mesmo,da vontade aquiescente da maioria legislativa. (...)” (STF, MS 26441/DF)

IMUNIDADES PARLAMENTARES

Imunidade material (art. 53, “caput”, CF/88)

- Opiniões, palavras e votos;

- Causa de exclusão da tipicidade (STF);

- Exige nexo funcional (presunção absoluta dentro doCongresso Nacional / presunção relativa fora doCongresso Nacional).

Imunidade formal relativa à prisão (art. 53, § 2º, CF/88)

- Regra: desde a diplomação, não pode sofrer prisão provisória.

- Exceção: é possível a prisão (provisória) em caso de flagrante decrime inafiançável. Nesse caso, poderá ser “relaxada” pela Casa.

- Prisão decorrente de condenação criminal transitada em julgado:é possível (AP 470).

Segundo entendimento recente do STF (AP 565), acondenação criminal transitada em julgado não acarreta aperda automática do mandato parlamentar, devendoessa questão ser decidida pela respectiva Casa Legislativa,nos termos do art. 55, VI, e § 2º, da CF/88. No entanto, naAP 694/MT, a Corte decidiu que, acaso a condenaçãoacarrete mais de 120 dias em regime fechado, a perda docargo é uma consequência lógica da condenação, porconta do art. 55, III, e § 3º, da CF/88.

“Art. 55, CF/88. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:(...)II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoroparlamentar; (CASO NATAN DONADON)

III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça partedas sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missãopor esta autorizada;

VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.(...)”

“(...)§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decididapela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioriaabsoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partidopolítico representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.

§ 3º Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pelaMesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquerde seus membros, ou de partido político representado no CongressoNacional, assegurada ampla defesa.(...)”

PRISÃO PREVENTIVA DE PARLAMENTAR (CASO DELCÍDIO AMARAL – STF, AÇÃO CAUTELAR 4039)

Argumentos do Min. Relator (Teori Zavascki), referendados pela Segunda Turma:

- Tratando-se de crime permanente (organização criminosa), há incessantesituação de flagrância;

- Inafiançabilidade decorrente do art. 324, IV, do Código de Processo Penal;

- Derrotabilidade (defeasibility) da regra imunizante no caso concreto(precedente envolvendo a ALERO: HC 89417). (CESPE, PGM/BH)

E quanto aos parlamentares estaduais e municipais?

- Parlamentares estaduais (art. 27, § 1º, CF/88): mesmoregime dos parlamentares federais (imunidades material eformal);

- Parlamentares municipais (art. 29, VIII, CF/88): apenasimunidade material limitada à circunscrição do município.O STF afirmou expressamente essa imunidade inclusive noâmbito da responsabilidade civil (RE 600063/SP).

Deputado Estadual que, ao defender a privatização debanco estadual, presta declarações supostamentefalsas sobre o montante das dívidas dessa instituiçãofinanceira não comete o delito do art. 3º da Lei nº7.492/86, estando acobertado pela imunidadematerial. (STF, HC 115397/ES, julgado em 19/05/2017 –Informativo 865)

INTERVENÇÃO NOS MUNICÍPIOS

Hipóteses (art. 35, CF/88):

1 – quando deixar de ser paga, sem motivo deforça maior, por dois anos consecutivos, a dívidafundada;

2 – quando não forem prestadas contas devidas,na forma da lei;

3 – quando não tiver sido aplicado o mínimo exigido dareceita municipal na manutenção e desenvolvimentodo ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;

4 – quando o Tribunal de Justiça der provimento arepresentação para assegurar a observância deprincípios indicados na Constituição Estadual(“PRINCÍPIOS SENSÍVEIS” – CESPE), ou para prover aexecução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

Observações (art. 36, §§ 1º a 3º, CF/88):

- A decretação da intervenção é de competência privativa doGovernador do Estado, que o faz por meio de um decreto deintervenção;

- O decreto de intervenção deve especificar a amplitude, oprazo e as condições da execução da intervenção, além de,quando couber, nomear interventor;

- O decreto de intervenção deve ser submetido à AssembleiaLegislativa no prazo de 24 horas, devendo haver convocaçãoextraordinária também no prazo de 24 horas em caso de oórgão não se encontrar em funcionamento.

- O controle político da Assembleia Legislativa fica dispensadono caso de decretação mediante provimento de representaçãopelo Tribunal de Justiça, desde que a medida se limite asuspender o ato impugnado (o que apenas ocorre se issobastar para restabelecer a normalidade). Caso contrário, aintervenção será decretada e o controle político será exercido.

CESPE (PGE/AM 2016):

“Ante a constatação de que determinada lei municipalcontraria princípio de intervenção (princípio sensível)presente tanto na CF como na Constituição estadual, ogovernador do estado poderá ajuizar ação de controleabstrato de normas tanto em relação à CF, perante oSTF, como em relação à Constituição estadual, perante orespectivo tribunal de justiça.” (V)

CESPE (PGE/AM 2016):

“No caso de representação com vistas à intervençãoestadual em município para assegurar a observância deprincípios indicados na Constituição estadual, oprovimento do pedido pelo tribunal de justiça não podeconsistir na suspensão da execução do ato normativoimpugnado, mesmo que essa medida baste aorestabelecimento da normalidade.” (F) – art. 36, §3º,CF/88

CESPE (PGM/BH 2017):

“Em relação à ADI interventiva, a intervenção estadualem município será possível quando o Poder Judiciárioverificar que ato normativo municipal viola princípioconstitucional sensível previsto na Constituiçãoestadual.” (V)

JURISPRUDÊNCIA DO STF SOBRE O TEMA

- As disposições do art. 35 da CF/88 consubstanciam preceitosde observância obrigatória por parte dos Estados-membros,sendo inconstitucionais quaisquer ampliações ou restriçõesàs hipóteses de intervenção (ADI 336). Nesse contexto, o STFsuspendeu liminarmente norma da CERJ que ressalva ahipótese interventiva do art. 35, I, da CF/88, “quando oinadimplemento esteja vinculado a gestão anterior” (ADI588 MC).

- Apenas os Estados-membros podem intervirem municípios, não tendo a Uniãolegitimidade para essa medida, a menos queo município esteja localizado em TerritórioFederal (IF 590 QO). OBS.: TEMA JÁCOBRADO EM PROVA CESPE (PGM/BH)!

- No caso de intervenção decorrente de irregularidade naprestação de contas pelo Prefeito (art. 35, II, CF/88), éinconstitucional a previsão contida em Constituição Estadualde que é do Tribunal de Contas a atribuição para requerer aoGovernador do Estado a medida interventiva. Como ojulgamento das contas do Prefeito cabe à Câmara Municipal(sendo o Tribunal de Contas um órgão auxiliar, podendoapenas sugerir medidas a serem tomadas pela CasaLegislativa), é dela a atribuição para requerer a intervenção(ADI 614 MC, ADI 2631).

- Em virtude da gravidade da medida interventiva, aCâmara Municipal, ao proceder à tomada de contasdo Prefeito, deve observar o devido processo legal,permitindo que o Chefe do Executivo local semanifeste sobre o parecer emitido pelo Tribunal deContas, antes de representar ao Governador doEstado pela decretação da intervenção (ADI 614MC).

- O procedimento judicial instaurado para viabilizar aintervenção (art. 35, IV, CF/88) tem semprenatureza político-administrativa, motivo pelo qual,nos termos da Súmula 637 do STF, “não caberecurso extraordinário contra acórdão de tribunalde justiça que defere pedido de intervençãoestadual em município” (Pet 1.256; AI 343.461 AgR).OBS.: TEMA JÁ COBRADO EM PROVA CESPE(PGE/PI)!

COMPETÊNCIAS ESTADUAIS

“Conforme a jurisprudência do STF, as constituiçõesestaduais podem dispor validamente a respeito dopoder da assembleia legislativa de solicitar odepoimento de qualquer autoridade ou cidadão sujeitoà sua esfera de fiscalização e do poder investigatório decomissão parlamentar de inquérito estadual.” (V) –CESPE PGE/PI 2014

“Conforme a jurisprudência do STF, asconstituições estaduais podem dispor validamentea respeito dos direitos dos empregados deempresas públicas e das garantias da magistraturaestadual.” (F) – CESPE PGE/PI 2014

“Conforme a jurisprudência do STF, asconstituições estaduais podem disporvalidamente a respeito da ordem de sucessão esubstituição de prefeitos municipais e de normasbásicas do processo legislativo estadual.” (F) –PGE/PI 2014

“1. O poder constituinte dos Estados-membros está limitado pelosprincípios da Constituição da República, que lhes assegura autonomiacom condicionantes, entre as quais se tem o respeito à organizaçãoautônoma dos Municípios, também assegurada constitucionalmente. 2.O art. 30, inc. I, da Constituição da República outorga aos Municípios aatribuição de legislar sobre assuntos de interesse local. A vocaçãosucessória dos cargos de prefeito e vice-prefeito põem-se no âmbito daautonomia política local, em caso de dupla vacância. 3. Ao disciplinarmatéria, cuja competência é exclusiva dos Municípios, o art. 75, § 2º, daConstituição de Goiás fere a autonomia desses entes, mitigando-lhes acapacidade de auto-organização e de autogoverno e limitando a suaautonomia política assegurada pela Constituição brasileira. 4. Ação Diretade Inconstitucionalidade julgada procedente.” (ADI 3549)

“Embora, conforme a CF, a lei orgânica municipalesteja subordinada aos termos da Constituiçãoestadual correspondente, esta última Carta nãopode estabelecer condicionamentos ao poder deauto-organização dos municípios.” (V) – PGE/AM2016

“A competência dos estados para suplementar alegislação federal sobre normas gerais éindelegável. As competências oriundas do seupoder remanescente, por sua vez, são delegáveis,conforme disposição na Constituição estadual.” (F)– PGE/AM 2016

(CESPE – PGE/PI 2014) De acordo com previsão constitucional,é possível a delegação, por parte do respectivo titular, de:A) poderes remanescentes dos estados.B) competência municipal para assuntos de interesse local.C) competências privativas do Senado Federal.D) iniciativa reservada de projetos de lei do Poder Executivo.E) competência do chefe do Poder Executivo para expediçãode decretos autônomos. (V)

“A incidência de lei emanada da União é determinada naprópria lei, independentemente das regrasconstitucionais federais sobre repartição decompetências: é a previsão na própria lei, quando de suaedição, que determinará se ela se aplicará aos demaisentes federativos (lei nacional, portanto) ou apenas àUnião (lei federal, por conseguinte).” (F) – PGE/AM 2016

EMENTA: CONSTITUCIONAL. LICITAÇÃO. CONTRATAÇÃOADMINISTRATIVA. Lei n. 8.666, de 21.06.93. I. -Interpretação conforme dada ao art. 17, I, "b" (doação debem imóvel) e art. 17, II, "b" (permuta de bem móvel),para esclarecer que a vedação tem aplicação no âmbitoda União Federal, apenas. Idêntico entendimento emrelação ao art. 17, I, "c" e par. 1. do art. 17. Vencido oRelator, nesta parte. II. - Cautelar deferida, em parte. (ADI927-MC)

JURISPRUDÊNCIA DO STF SOBRE LEIS ESTADUAIS (COMPETÊNCIA LEGISLATIVA)

1. Lei estadual sobre prioridades natramitação de processos judiciais (direitoprocessual – competência privativa da União– art. 22, I, CF/88) (ADI 3483)

INCONSTITUCIONAL

2. Lei estadual prevendo a obrigação deadaptação de veículos de transporte coletivointermunicipal para portadores denecessidades especiais (direito de pessoasportadoras de deficiência – art. 24, XIV, CF)(ADI 903)

CONSTITUCIONAL

3. Lei estadual que permite o comércio de artigos de conveniência em farmácias e drogarias (comércio local – não invade a competência da União para tratar de normais gerais sobre defesa da saúde – art. 24, XII, CF/88) (ADI 4954)

CONSTITUCIONAL

JURISPRUDÊNCIA DO STF SOBRE

CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS

CONSTITUIÇÃO ESTADUAL PODE:

- Prever que, em ADI estadual, o ato impugnado seja defendidopelo Procurador-Geral do Estado ou, alternativamente, peloProcurador Geral da Assembleia Legislativa, pois não existe deverde simetria em relação ao art. 103, § 3º, da CF/88. Ademais, taldisposição não ofende o art. 132 da CF/88. (ADI 119/RO)

- Prever a competência da ALE para autorizar empréstimos,acordos e convênios que acarretem encargos ao patrimônioestadual. (ADI 331/PB)

CONSTITUIÇÃO ESTADUAL NÃO PODE:

- Exigir, para aprovação de emenda ao seu texto, quórum superior ao previstopara a aprovação de emenda à Constituição Federal.

“Processo de reforma da Constituição estadual. Necessária observânciados requisitos estabelecidos na CF (art. 60, § 1º a § 5º). Impossibilidadeconstitucional de o Estado-membro, em divergência com o modeloinscrito na Lei Fundamental da República, condicionar a reforma daConstituição estadual à aprovação da respectiva proposta por 4/5 datotalidade dos membros integrantes da Assembleia Legislativa.Exigência que virtualmente esteriliza o exercício da função reformadorapelo Poder Legislativo local. (...).” (ADI 486/DF)

- Impor ao prefeito municipal o dever de comparecimento perante aCâmara de Vereadores.

“A Constituição estadual não pode impor ao prefeito municipal odever de comparecimento perante a Câmara de Vereadores, poissemelhante prescrição normativa, além de provocar estado desubmissão institucional do chefe do Executivo ao Poder Legislativomunicipal (sem qualquer correspondência com o modelo positivadona Constituição da República), transgredindo, desse modo, opostulado da separação de poderes, também ofende a autonomiamunicipal, que se qualifica como pedra angular da organizaçãopolítico-jurídica da Federação brasileira. (...) (ADI 687/PA)

- Fixar prazo para que o Governador do Estado apresenteproposições legislativas ou pratique atos administrativos, poisisso ofende a separação de poderes (art. 2º, CF/88) e asprerrogativas do chefe do Poder Executivo (art. 84, II, CF/88). (ADI179/RS)

- Exigir autorização da ALE para que o Governador e o Vice-Governador possam se ausentar do País por qualquer intervalode tempo. Esse tema exige simetria com o art. 49, III, da CF/88,sob pena de ofensa à separação dos poderes. (ADI 775/RS)

- Prever remuneração integral a servidor colocado emdisponibilidade, pois a CF/88 (art. 41, § 3º) prevê remuneraçãoproporcional ao tempo de serviço. (ADI 239/RJ)

- Prever prazo máximo para que o servidor em disponibilidade sejaaproveitado em outro cargo, pois a CF/88 (art. 41, § 3º) não fixaprazo para isso. (ADI 239/RJ)

- Prever obrigações relacionadas com servidores municipais, hajavista violar a autonomia municipal. (ADI 144/RN)

- Dispor sobre o regime trabalhista dos empregados das empresaspúblicas e sociedades de economia mista, pois isso é tema dedireito do trabalho, cuja competência legislativa é privativa daUnião. (ADI 318/MG)

- Prever que Deputado Estadual, acaso sofra condenação criminal,apenas perderá o mandato se o crime for apenado com reclusão eatentatório ao decoro parlamentar. É que a CF/88, ao tratar damatéria, prevê a possibilidade de perda do mandato parlamentarindependentemente da natureza da pena e do tipo de crime. (ADI3200/SP)

- Criar Conselho Estadual de Justiça do qual participem representantes deoutros poderes ou entidades, sob pena de afronta ao princípio daseparação dos poderes. Ademais, esse entendimento já se encontravacontemplado na Súmula 649/STF, segundo a qual, “é inconstitucional acriação, por Constituição Estadual, de órgão de controle administrativo doPoder Judiciário do qual participem representantes de outros poderes ouentidades”. (ADI 197/SE)

- Prever que a iniciativa da lei de organização judiciária é do Governadordo Estado, sob pena de ofensa à separação dos poderes e ao art. 125, §1º, da CF/88, que atribui essa iniciativa ao Tribunal de Justiça. (ADI197/SE)

- Prever a vinculação de determinadas receitas aopagamento de uma determinada espécie de precatório,pois tal previsão cria uma fila preferencial de precatóriosem detrimento do pagamento de acordo com a ordemcronológica de apresentação do requisitório, ofendendo oart. 100 da CF/88. (ADI 584/PR)

BOA PROVA!