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2 25/11/2016

CONSTITUCIONAL: 4 Direitos e garantias fundamentais. 4.1 Direitos e deveres individuais e coletivos. 4.2 Habeas corpus, mandado de segurança, mandado de injunção e habeas data. 4.3 Direitos sociais. 4.4 Nacionalidade. 4.5 Direitos políticos. 4.6 Partidos políticos. 4.7 Jurisprudência aplicada dos tribunais superiores. ADMINISTRATIVO: 4 Organização administrativa. 4.1 Centralização, descentralização, concentração e desconcentração. 4.2 Administração direta. 4.3 Administração indireta. 4.4 Serviços sociais autônomos; Entidades de apoio; Organizações sociais; Organizações da sociedade civil de interesse público. 4.5 Jurisprudência aplicada dos tribunais superiores. FINANCEIRO: 5 Lei de responsabilidade fiscal. 5.1 Planejamento. 5.2 Receita pública. 5.3 Despesa pública. 5.4 Transferências voluntárias. 5.5 Destinação de recursos públicos para o setor privado. 5.6 Dívida e endividamento. 5.7 Gestão patrimonial. 5.8 Transparência, controle e fiscalização. 5.9 Disposições preliminares, finais e transitórias.

ÍNDICE

1. BIBLIOGRAFIA SUGERIDA ............................................................................................. 04

2. QUESTÕES COMENTADAS 2.1. DIREITO CONSTITUCIONAL ......................................................................................... 05

2.2. DIREITO ADMINISTRATIVO .......................................................................................... 35

2.3. DIREITO FINANCEIRO ................................................................................................... 53

3. TEMAS DESTACADOS 3.1. MANDADO DE INJUNÇÃO E A NOVÍSSIMA LEI 13.300/16 ........................................... 71

3.2. ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR ................................................................................ 80

3.3. LIMITE DE GASTOS COM PESSOAL – ASSUNTO DA LRF MAIS COBRADO EM PROVAS 85

4. PARA DECORAR 4.1. DIREITO CONSTITUCIONAL .......................................................................................... 96

4.2. DIREITO ADMINISTRATIVO .......................................................................................... 102

4.3. DIREITO FINANCEIRO ................................................................................................... 123

5. JURISPRUDÊNCIA REVISADA 5.1. DIREITO CONSTITUCIONAL .......................................................................................... 128

5.2. DIREITO ADMINISTRATIVO .......................................................................................... 134

5.3. DIREITO FINANCEIRO ................................................................................................... 144

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

1. DIREITO CONSTITUCIONAL

O tema de Direito Constitucional dessa semana é direitos e garantias fundamentais, esse

conteúdo é essencial para todos os concursos e deve ser estudado com profundidade.

Como livro de base, continue com o Direito Constitucional Esquematizado, Pedro

Lenza, da Editora Saraiva (capítulos 14 a 18). Lembrando que esse livro é, de longe, o

mais recomendado para provas da CESPE, isso porque a obra compila muito bem a

jurisprudência do STF, principal objeto de cobrança nas provas de constitucional dessa

banca.

Como podem notar, pelo livro do Pedro Lenza é muita coisa, por isso recomendo que se

concentrem os esforços em um ponto específico: “4.2 Habeas corpus, mandado de

segurança, mandado de injunção e habeas data”. Esse assunto é fundamental para a

advocacia, sempre é cobrado em provas e ainda conta com novidades legislativas

(especialmente a lei do mandado de injunção, Lei nº 13.300/16).

2. DIREITO ADMINISTRATIVO

Para a preparação para a prova da PGM/BH, recomendamos a leitura do Direito

Administrativo Descomplicado de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino ou do Curso de

Direito Administrativo de Matheus Carvalho. Para aqueles que já são iniciados na

matéria e já estudaram por outros livros, recomendamos o uso do Curso de Direito

Administrativo de Rafael Oliveira.

3. DIREITO FINANCEIRO

Novamente, recomendamos como obra base o Manual de Direito Financeiro, Harisson

Leite, da editora JusPodivm. O livro não apresenta um capítulo específico para a Lei de

Responsabilidade Fiscal, ao invés, ele mostra o conteúdo diluído em alguns capítulos.

Muita atenção com dois adendos que finalizam a obra, são eles: JURISPRUDÊNCIA

ESPECÍFICA DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL; e INFORMATIVOS, LEI DE

RESPONSABILIDADES FISCAL - STF. Ambos são leituras obrigatórias.

Como você poderá observar nas questões comentadas, mesmo nos concursos mais

exigentes em jurisprudência (provas para Juiz Federal elaboradas pelo CESPE), o

conhecimento das disposições expressas da LRF é muito cobrado. Portanto, uma boa

estratégia para essa matéria é: (I) leitura seca da LRF; (II) leitura desses dois adendos

acima indicados; (III) as questões comentadas desta revisada.

DIREITO CONSTITUCIONAL

1. (REVISÃOPGE) Quanto à teoria dos direitos fundamentais, assinale a alternativa

correta.

a) O princípio da proibição de retrocesso social, além de ser forte construção

doutrinária, foi consagrado expressamente no texto da Constituição Federal.

b) Os direitos fundamentais de primeira geração são expressões da ideologia liberal e

possuem função normativa de natureza apenas defensiva ou negativa.

c) Ao Município de Belo Horizonte, na ausência de lei municipal regulamentadora, é lícito

não autorizar a realização de reunião de praticantes de determinada modalidade

esportiva, pois o exercício do direito fundamental de reunião depende de lei

regulamentadora, por ser norma constitucional de eficácia limitada .

d) Os direitos fundamentais podem ser enxergados a partir das perspectivas subjetiva e

objetiva, sendo que a dimensão subjetiva está ligada à função clássica de tais direitos,

assegurando ao seu titular o direito de resistir à intervenção do Estado em sua esfera de

liberdade individual.

a) Alternativa errada, pois o princípio da proibição (ou vedação) ao retrocesso social não está

expressamente previsto na Constituição Federal. Um resumo do assunto pode ser encontrado no

seguinte artigo: https://jus.com.br/artigos/12359/o-principio-da-proibicao-de-retrocesso-social

b) Alternativa errada, os direitos fundamentais de primeira dimensão (direitos civis e políticos,

sendo considerados expressões do valor liberdade) não possuem apenas natureza defensiva ou

negativa, pois essa proteção deve ser reconhecida pelos ordenamentos jurídicos nacionais e

internacionais de maneira positiva.

c) Alternativa errada, pois o direito de reunião possui eficácia contida, pois, depende em tempos

de paz somente de aviso para que não fruste outra reunião.

CF/88, art. 5; XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais

abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem

outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas

exigido prévio aviso à autoridade competente;

Apenas para complementar, lembre-se que, caso ocorra lesão ou ameaça de lesão ao direito de

reunião, ocasionada por alguma ilegalidade ou arbitrariedade por parte do Poder Público, o

remédio constitucional cabível é o mandado de segurança, e não o habeas corpus (este, como se

sabe, destina-se à proteção do direito de locomoção, nos termos do art. 5.º, LXVIII, da

Constituição).

d) Alternativa correta, Dimitri Dimoulis e Leonardo Martins (2009, p. 110) sintetizam: “A dimensão

subjetiva corresponde, em primeiro lugar, ao anteriormente estudado status negativus. Trata-se

da dimensão ou da função clássica, uma vez que o seu conteúdo normativo se refere ao direito de

seu titular de resistir à intervenção estatal em sua esfera de liberdade individual. Essa dimensão

tem um correspondente filosófico-teórico que é a teoria liberal dos direitos fundamentais, a qual

concebe os direitos fundamentais do indivíduo de resistir à intervenção estatal em seus direitos

(Abwehrrechte gegen staatliche Grundrechtseingriffe)”.

GABARITO: D

2. (REVISÃOPGE) Acerca dos Direitos e Garantias Fundamentais previstos na

Constituição Federal de 1988, assinale a alternativa CORRETA:

a) A dignidade da pessoa humana é conceito eminentemente ético-filosófico e de

conteúdo abstrato, de modo que de sua previsão na Constituição resulta eficácia jurídica

duvidosa.

b) Alguns direitos fundamentais têm por finalidade precípua proteger estrangeiros.

c) A efetiva residência em território nacional é condição fundamental para que os

brasileiros gozem da titularidade de direitos fundamentais.

d) Uma vez que não existe cláusula expressa, não se reconhece às pessoas jurídicas a

titularidade de direitos fundamentais.

a) Alternativa errada, a dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos da CF/88, possuindo

ampla eficácia jurídica. Alguns doutrinadores, como Gilmar Mendes, chegam ao ponto de colocar

a dignidade da pessoa humana como princípio supraconstitucional. Apesar desse posicionamento

de Gilmar Mendes, prevalece na doutrina o entendimento de que não há hierarquia entre os

princípios da Carta Magna. Pedro Lenza ainda chama esse princípio de: ”princípio-matriz de todos

os direitos fundamentais”.

b) Alternativa correta, há direitos fundamentais cuja titularidade é reservada aos estrangeiros,

como é o caso do direito ao asilo político e a invocação da condição de refugiado e das

prerrogativas que lhe são inerentes, direitos que, pela sua natureza, não são dos brasileiros. Além

disso, aos estrangeiros são assegurados os direitos fundamentais que gozam os brasileiros, veja o

caput do art. 5º:

CF/88

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a

inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade, nos termos seguintes:

c) Alternativa errada, conforme Gilmar Mendes, o gozo da titularidade de direitos fundamentais

por parte dos brasileiros evidentemente não depende da efetiva residência em território brasileiro,

pois a titularidade sujeita-se exclusivamente ao vínculo jurídico da nacionalidade, ao passo que

para os estrangeiros a titularidade dos direitos assegurados na CF somente é reconhecida se

estiverem residindo no Brasil, embora com isto não se esteja a delimitar – ainda – quais sejam tais

direitos.

d) Alternativa correta, embora não exista previsão expressa no texto constitucional, doutrina e

jurisprudência reconhecem a titularidade de direitos fundamentais por pessoas jurídicas. Atente-

se que o Supremo Tribunal Federal não só assentou o entendimento de que as pessoas jurídicas

são titulares da proteção fundamental, como afirmou que tal proteção se estende, inclusive, as

pessoas jurídicas de direito público (AC 2.032-QO/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Órgão Julgador:

Tribunal Pleno, Julgamento: 15.05.2008, Publicação: 20.3.2009).

GABARITO: B

3. (CESPE – PROMOTOR DE JUSTIÇA – RO – 2010) A CF é considerada modelo no que

se refere à tutela de direitos humanos e de garantias fundamentais. Acerca desse

assunto, assinale a opção correta.

a) A CF é classificada como detalhista no que concerne aos referidos direitos, pois prevê

desde a gratuidade de transporte público para idosos até a gratuidade para celebração

de casamento civil.

b) Os tratados de direitos humanos, ainda que aprovados apenas no Senado Federal, em

dois turnos e por maioria qualificada, equiparam-se às emendas constitucionais.

c) A concessão de asilo político é prevista no acervo garantista do art. 5.º da CF, que

também proíbe a extradição e o banimento de brasileiros do território nacional.

d) Os índios, suas comunidades e organizações, apesar de poderem defender seus

direitos e interesses, não são partes legítimas para ingressar em juízo, devendo fazê-lo

por meio do MP.

e) Direitos humanos de terceira geração, por seu ineditismo e pelo caráter de lege

ferenda que ainda comportam, não recebem tratamento constitucional.

a) Alternativa correta, os direitos e garantias fundamentais estão previstos no art. 5º, caput, e em

seus 78 incisos e 4 parágrafos. A forma empregada no texto constitucional, por si só, já traduz o

caráter detalhista dos referidos direitos, bem como outras garantias fundamentais dispersas ao

longo da CF. Assim, a CF/88 é classificada como prolixa ou analítica, ou seja, de conteúdo extenso

e detalhista, pois prevê desde a gratuidade de transporte público para idosos até a gratuidade para

celebração de casamento civil.

CF/88:

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

§ 1º - O casamento é civil e gratuita a celebração.

Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas

idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade

e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.

§ 2º - Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos

transportes coletivos urbanos.

b) Alternativa errada, pois “os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que

forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos

dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais” (CF, art. 5º, § 3º).

c) Alternativa errada, os brasileiros naturalizados, em caso de crime comum, praticado antes da

naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,

podem ser extraditados(CF, art. 5º, LI).

d) Alternativa errada, os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para

ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos

os atos do processo (CF, art. 232).

e) Alternativa errada, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (CF, art. 225),

é exemplo de direito de terceira geração com expressa previsão na CF/88.

Outras classificações da Constituição federal de 1988.

Quanto à forma: ESCRITA

Constituição escrita é o conjunto de regras codificadas e sistematizadas em um único documento,

caracterizando-se por ser a lei fundamental de uma sociedade.

Quanto à origem: PROMULGADA

A Constituição Brasileira vigente foi promulgada, isto é, fruto de um Poder Constituinte, composto

de representantes do povo, eleitos para o fim de a elaborar e estabelecer, através de uma

Assembleia Constituinte.

Promulgada, pois, é a Constituição tida por democrática, aquela produzida pelo órgão constituinte

composto de representantes do povo.

Quanto à estabilidade: RÍGIDA

Rígidas são as Constituições somente alteráveis mediante processos solenes e com exigências de

formais especiais, diferentes e mais difíceis do que os determinados para criação das demais leis

ordinárias ou complementares.

As Constituições rígidas são aquelas que necessitam de um processo formal, que lhes dificulta a

alteração de seu texto, estabelecendo mecanismos parlamentares específicos, quórum.

Quanto ao modo de elaboração: DOGMÁTICA

A Constituição Brasileira vigente é dogmática porque é codificada e sistematizada num texto único.

Sistematiza os dogmas ou ideias fundamentais da teoria política e do Direito dominantes no

momento.

Quanto ao conteúdo: FORMAL

É o peculiar modo de existir do Estado, reduzido, sob forma escrita, a um documento solenemente

estabelecido pelo Poder Constituinte e somente modificável por processos estabelecidos pela

própria Constituição.

Quanto à extensão ou finalidade: ANALÍTICA

Constituições que examinam e regulamentam todos os assuntos que entendam relevantes à

formação, destinação e funcionamento do Estado.

GABARITO: A

4. (REVISÃOPGE) A respeito do direito constitucional à vida, e tendo como balizas a

doutrina e jurisprudência dos tribunais superiores, assinale a alternativa correta:

a) O direito à vida desdobra-se na obrigação do Estado de garantir à pessoa o direito de

continuar viva e de proporcionar-lhe condições de vida digna.

b) Segundo o STF, lei que trata da realização de pesquisas com células-tronco

embrionárias viola o direito à vida e é, portanto, inconstitucional.

c) O direito à vida, diferentemente dos outros direitos fundamentais, é protegido pela

CF de forma absoluta, já que se constitui em pré-requisito à existência e exercício de

todos os demais direitos.

d) Com base nessa regra segunda a qual: “ninguém será submetido a tratamento

desumano ou degradante“, o STF tem entendimento firmado no sentido de que é ilegal

o uso de algemas, devendo o Estado assegurar outros meios para evitar a fuga de presos

e o perigo à integridade física de terceiros.

a) Alternativa correta, o direito à vida é o mais fundamental de todos os direitos, já que se constitui

em pré-requisito à existência e exercício de todos os demais direitos. A Constituição Federal

proclama, portanto, o direito à vida, cabendo ao Estado assegurá-lo em sua dupla acepção, sendo

a primeira relacionada ao direito de continuar vivo e a segunda de se ter vida digna quanto

à subsistência. Quanto à proteção à vida digna, que expande o conceito de viver para além da

simples subsistência física, temos uma íntima e indissociável relação com a dignidade da pessoa

humana, um dos fundamentos da República Federativa do Brasil (art. 1 °, III, CF/88).

b) Alternativa errada, o Plenário do STF, no julgamento da ADI 3.510, declarou a

constitucionalidade do art. 5º da Lei 11.105/2005 (Lei de Biossegurança), por entender que

as pesquisas com células-tronco embrionárias não violam o direito à vida ou o princípio da

dignidade da pessoa humana.

c) Alternativa errada, nenhum direito fundamental é absoluto! As liberdades individuais

garantidas na Constituição Federal de 1988 não possuem caráter absoluto, nem mesmo o direito

à vida. Marcelo Novelino afirma que o direito à vida, apesar de sua importância axiológica e de ser

pressuposto elementar para o exercício de todos os demais direitos, não possui caráter absoluto.

Em casos de colisão com o mesmo bem jurídico titularizado por terceiros ou, ainda, com outros

princípios de peso relativo (ou seja, diante do caso concreto) maior, o direito à vida poderá sofrer

restrições no seu âmbito de proteção. Na Constituição de 1988, única restrição expressamente

prevista é a possibilidade de imposição de pena de morte em caso de guerra declarada (CF, art.

5º, XLVII, a).

d) Alternativa errada, segundo a súmula vinculante nº 11:

Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga

ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de

terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de

responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de

nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da

responsabilidade civil do Estado.

Pela leitura da súmula percebe-se que o uso de algemas é excepcional porém nem sempre será

ilícito, daí o erro da alternativa. Para quem gosta de mnemônicos, fica a regra:

Só é licito o uso de algema em caso de PRF:

Perigo a integridade física própria ou alheia

Resistência

Fundado receio de fuga!

GABARITO: A

5. (REVISÃOPGE) Quanto às liberdades individuais previstas no texto constitucional,

julgue os seguintes itens.

a) O direito fundamental à liberdade de crença é norma de eficácia limitada, pois,

conforme a CF, a lei pode impor o cumprimento de prestação alternativa no caso de a

crença ser invocada contra dispositivo legal.

b) Tem eficácia limitada a norma constitucional que prevê o livre exercício da atividade

profissional, isso porque sua aplicabilidade depende da edição de lei posterior.

c) Em nome da proteção constitucional à privacidade, a quebra do sigilo de dados

bancários, fiscais, ou informáticos de entes privados somente pode ser determinada por

decisão judicial ou de comissão parlamentar de inquérito ou por requisição do

Ministério Público.

d) O Estado pode impor prestação alternativa fixada em lei ao indivíduo que, alegando

conflito com suas convicções políticas, se recusar a cumprir obrigação legal a todos

imposta, desde que a prestação seja compatível com suas crenças. Em caso de recusa

em cumpri-la, o indivíduo poderá ser privado de seus direitos.

a) Alternativa errada, trata-se, na verdade, de norma de eficácia contida ou prospectiva: Que são

normas que possuem efeitos completos e tem aplicação imediata. No entanto, uma lei posterior

pode limitar seus efeitos.

Relembre a classificação de José Afonso da Silva:

Normas de Eficácia Plena: possuem efeitos completos desde a edição da CF/88, não necessitando

de regulamentação por parte de uma lei.

Exemplo: Homens e mulheres são iguais nos termos desta CF (art. 5º,I). Outro exemplo são os

remédios constitucionais, como o Habeas Corpus ou o Habeas Data.

Normas de Eficácia Contida ou Prospectiva: são normas que possuem efeitos completos. No

entanto, uma lei posterior pode limitar seus efeitos. Assim, um efeito que antes era amplo, torna-

se mais limitado.

Exemplo: “livre exercício de profissão, nos termos da lei” (art. 5º, XIII). Pode-se exercer qualquer

tipo de profissão, independentemente de autorização do governo ou de preenchimento de

requisitos. No entanto, uma lei posterior pode vir depois e exigir condições para o exercício da

profissão. Nesse caso, o direito que era amplo, passa a ser mais restrito.

Como exemplo, desde a promulgação da CF, qualquer um pode exercer a profissão de borracheiro,

sem ter que preencher nenhum requisito ou obter autorização. No entanto, se uma lei for

promulgada e regulamentar a profissão de borracheiro, em tese, ela pode exigir que, a partir

daquele momento, essa profissão só poderá ser exercida por profissional com curso em engenharia

mecânica. Estão vendo? Um direito que era amplo passa a ser mais restrito.

Normas de eficácia Limitada ou de Aplicabilidade mediata/reduzida/diferida: Não produz efeitos

completos até que norma infraconstitucional a regulamente. Geralmente, ela vem acompanhada

das expressões “nos termos da lei” ou “lei disporá sobre”.

Ex: art. 5º, VII – “é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades

civis e militares de internação coletiva”. A norma só terá efeitos completos quando uma lei

efetivamente regulamentar como será essa prestação de assistência religiosa.

b) Alternativa errada, a liberdade profissional (art. 5º, XIII, CF/88) é uma norma de eficácia contida.

c) Alternativa errada, o Ministério Público não pode determinar a quebra de sigilo bancário de

entes privados. Na jurisprudência do STJ, existe previsão para que o Ministério Público quebre o

sigilo bancário de conta de titularidade de ente público. Confira o julgado (STJ HC 308.493/CE):

No caso concreto, um Prefeito Municipal havia sido denunciado pelo Ministério

Público em razão da prática de crimes. Em razão disso, foi

impetrado habeas corpus alegando-se que as provas que motivaram a ação penal

seriam ilegais. Segundo os argumentos do impetrante, as provas seriam ilegais

por terem sido colhidas mediante quebra de sigilo bancário determinado pelo

Ministério Público, sem qualquer ordem judicial.

Ao examinar o caso, o STJ decidiu que “não são nulas as provas obtidas por meio

de requisição do Ministério Público de informações bancárias de titularidade de

prefeitura municipal para fins de apurar supostos crimes praticados por agentes

públicos contra a Administração Pública”.

d) Alternativa correta, trata-se da escusa de consciência: "ninguém será privado de direitos por

motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se

de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei" (art.

5º, VIII, CF/88).

GABARITO: D

6. (REVISÃOPGE) Quanto às normas constitucionais que visam assegurar a igualdade

entre os jurisdicionados, julgue os seguintes itens.

a) Entre os estrangeiros, apenas os residentes no Brasil fazem jus aos direitos e garantias

fundamentais inscritos no texto constitucional.

b) Em atenção ao princípio da isonomia, o STF reconhece que há uma impossibilidade

absoluta e genérica de se estabelecer diferencial de idade para o acesso a cargos

públicos.

c) Ações afirmativas são mecanismos que visam viabilizar uma isonomia material em

detrimento de uma isonomia formal por meio do incremento de oportunidades para

determinados segmentos.

d) O Estado brasileiro reconhece que a família tem como base a união entre o homem e

a mulher, fato que exclui a união de pessoas do mesmo sexo do âmbito da proteção

estatal.

a) Alternativa errada, o art. 5º da CF/88, caput, prevê que todos são iguais perante a lei, sem

distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País

a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Entende-

se que todos os estrangeiros residentes no Brasil, legalmente ou não, e aqueles que estão só de

passagem, gozam de direitos individuais, com base no princípio da dignidade humana.

b) Alternativa errada, é entendimento do STF e da doutrina que é possível haver um critério

discriminatório quanto à idade para o acesso a cargos públicos, desde que tal critério seja previsto

em lei e não seja arbitrário, ou seja, que o fator de discrímen (idade) tenha uma efetiva relação

com as atividades do cargo que o justifiquem.

Súmula 683 do STF: O limite de idade para a inscrição em concurso público só se

legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado

pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.

c) Alternativa correta, as ações afirmativas (como as cotas raciais para ingresso em Universidades)

são mecanismos tendentes à concretização da isonomia material. São discriminações positivas

que buscam dar “igualdade de oportunidades” para segmentos específicos da sociedade. Sendo

assim, aqueles que historicamente estão excluídos, a exemplo dos portadores de necessidades

especiais, são abrangidos por leis para protegê-los (exemplo clássico da reserva de até 20% das

vagas nos concursos públicos federais para deficientes- Lei 8112). Já a ISONOMIA FORMAL (todos

são iguais perante a lei) é um conceito amplo que deve ser manejado ponderando-se com

a ISONOMIA MATERIAL.

d) Alternativa errada, vide ADI 4277, que julgou a constitucionalidade do casamente civil

igualitário, respaldando a 175 do CNJ. A partir da interpretação constitucional, as ações visavam

obter o reconhecimento jurídico da união entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar.

Em julgamento histórico, a Suprema Corte brasileira reconheceu o conceito ampliado do termo

"família", com base no princípio constitucional da igualdade.

GABARITO: C

7. (REVISÃOPGE) Acerca da proteção jurídico-constitucional ao direito à privacidade e

tendo em vista a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal:

a) Em caso de flagrante delito no interior do domicílio de determinado indivíduo, no

período noturno, a autoridade policial poderá adentrá-lo independentemente de

determinação judicial.

b) A inviolabilidade domiciliar refere-se à residência que o indivíduo ocupa com intenção

de moradia definitiva, mas não alcança seu escritório profissional ou outro local de

trabalho.

c) É ilegítima a publicação, em qualquer tipo de veículo, dos nomes de servidores da

administração pública e do valor dos vencimentos e vantagens pecuniárias por eles

recebidos, isso porque tal medida fere o direito à privacidade.

d) Em conflitos que envolvam a liberdade de informação jornalística e o direito à

privacidade, o direito à informação deverá prevalecer, dado o interesse público a ela

inerente.

a) Alternativa correta, a Constituição Federal não proíbe a entrada em casa alheia, ainda que à

noite, para fazer cessar prática delitiva, em caso de flagrante – ou desastre, ou para prestar

socorro, tudo isso sem determinação judicial. De acordo com o art. 5º, LXI, CF:

Art. 5º, XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar

sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre,

ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.

b) Alternativa errada, o entendimento do STF traz um conceito extensivo de domicílio. Segundo a

inteligência firmada no HC 82.788/RJ:

[...] para fins de proteção jurídica a que se refere o art. 5º, XI, da CR/88, o conceito

normativo de ‘casa’ revela-se abrangente e, por estender-se a qualquer

compartimento privado não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou

atividade (CP, art. 150, parágrafo 4º, III), compreende, observada essa específica

limitação espacial (área interna não acessível ao público) os escritórios

profissionais, inclusive os de compatibilidade, embora sem conexão com a casa

de moradia propriamente dita (Nelson HUNGRIA).

c) Alternativa errada, com base no princípio da publicidade, o STF entendeu ser válida a divulgação

da remuneração bruta, cargos e funções titularizados por servidores públicos, bem como dos

órgãos de sua formal lotação. Isso porque, sendo essas informações de interesse coletivo ou geral,

estão expostas à divulgação oficial. Não cabe, de acordo com a Corte, "falar de intimidade ou de

vida privada nesse caso, pois os dados objeto da divulgação em causa dizem respeito a agentes

públicos enquanto agentes públicos mesmos; ou, na linguagem da própria Constituição, agentes

estatais agindo “nessa qualidade” (§ 6º do art. 37).

d) Alternativa errada, pois quando houver colisão entre os direitos fundamentais a solução deve

ser a ponderação de interesses, depende do contexto para saber qual vai prevalecer. A colisão do

direito à intimidade versus a liberdade de informação significa que as opiniões e os fatos

relacionados com o âmbito de proteção constitucional desses direitos não podem ser divulgados

ao público indistintamente. Deve-se ter em mente que a informação transmitida deve ter algum

interesse público.

Simplificando, os veículos de comunicação não podem divulgar tudo que pretenderem, mesmo

que amparados em direitos constitucionalmente previstos (CF, art.5º, IX e XIV). Isso não significa

que o direito à intimidade deva sempre prevalecer sobre a liberdade de informação, o direito de

informar. Mas sim que a intimidade deve ser protegida e preservada, eis que constitui uma

manifestação do princípio da dignidade da pessoa humana, que constitui um dos fundamentos do

Estado Democrático de Direito, implantado pela Constituição Federal.

GABARITO: A

8. (CESPE – ANALISTA DE CONTROLE – ÁREA JURÍDICA – TCE/PR - 2016) No que

concerne ao mandado de segurança, à reclamação e às ações popular, civil pública e

de improbidade administrativa, assinale a opção correta de acordo com a legislação e

com a jurisprudência dos tribunais superiores.

a) O cabimento do mandado de segurança depende da presença de direito líquido e

certo e, portanto, esse instrumento será inadequado quando a matéria de direito,

objeto da ação, for controvertida.

b) O Superior Tribunal de Justiça possui competência originária para julgar ação popular

quando no polo passivo da demanda figurar ministro de Estado.

c) O Superior Tribunal de Justiça reconhece o direito à propositura de ação de

improbidade exclusivamente contra particular, nos casos em que não se possa

identificar agente público autor do ato de improbidade.

d) A reclamação é a medida que poderá ser utilizada para garantir a observância do

caráter vinculante de decisão proferida nos incidentes de resolução de demandas

repetitivas e de assunção de competência.

E) O Supremo Tribunal Federal consagrou o entendimento no sentido da

indispensabilidade da observância do princípio do contraditório no inquérito civil que

fundamente o ajuizamento de ação civil pública.

a) Alternativa errada. O STF sumulou o entendimento no enunciado nº 625 de que: “Controvérsia

sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de segurança”. A controvérsia sobre

a matéria de fato, por seu turno, impede a sua concessão.

b) Alternativa correta, pois o Superior Tribunal de Justiça não possui competência originária para

julgar ação popular quando no polo passivo da demanda figurar ministro de Estado. A Ação

Popular não se equipara ao Mandado de Segurança, cuja competência para processamento se

define em razão da hierarquia da autoridade responsável pelo ato. A jurisprudência é no sentido

de que a competência para julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até mesmo do

Presidente da República, é, via de regra, do juízo competente de primeiro grau.

c) Alternativa errada, não se pode proporá Ação de Improbidade Administrativa apenas contra

particulares. A jurisprudência do STJ firmou entendimento no sentido de que

os particulares não podem ser responsabilizados com base na LIA [Lei de

improbidade Administrativa] sem que figure no polo passivo um agente público

responsável pelo ato questionado, o que não impede, contudo, o eventual

ajuizamento de Ação Civil Pública comum para obter o ressarcimento do Erário”

(REsp 896.044/PA, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em

16.9.2010, DJe 19.4.2011). Agravo regimental improvido.

d) Alternativa certa, teor do inciso IV do art. 988 [CPC/2015]:

Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para:

I - preservar a competência do tribunal;

II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;

III – garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do

Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade;

IV – garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente

de resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de

competência.

e) Alternativa errada, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça assegura ao Ministério

Público legitimidade para ajuizar ação civil pública visando à reparação de dano ao erário

decorrente da prática de ato de improbidade administrativa. Como o inquérito civil público tem

natureza inquisitorial, não se destinando a aplicar uma penalidade, ele não está sujeito ao

contraditório e à ampla defesa. Ementa de julgado neste sentido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DEFESA DO

PATRIMÔNIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO.

DESNECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA, NO INQUÉRITO CIVIL, DOS PRINCÍPIOS DO

CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. PRECEDENTES. AGRAVO AO QUAL SE

NEGA SEGUIMENTO

(STF – AI: 790829 RS, Relator: Min. CÁRMEN LÚCIA, Data de Julgamento:

13/06/2011, Data de Publicação: DJe-121 DIVULG 24/06/2011 PUBLIC

27/06/2011)

GABARITO: D

9. (CESPE – ANALISTA DE CONTROLE – ÁREA JURÍDICA – TCE/PR - 2016) À luz da

jurisprudência do STF, assinale a opção correta acerca de habeas corpus.

a) O habeas corpus é instrumento viável para a revisão de súmulas de tribunais se o teor

da súmula atentar abstratamente contra o direito à liberdade de locomoção.

b) A utilização do habeas corpus como mecanismo judicial para salvaguarda do direito à

liberdade de locomoção é limitada no tempo, sujeitando-se a preclusão e decadência.

c) A inadmissibilidade de impetração sucessiva de habeas corpus, ou seja, de apreciação

de um segundo habeas corpus quando ainda não definitivamente julgado o

anteriormente impetrado, é relativizada se se tratar de ilegalidade flagrante e

prontamente evidente.

d) O habeas corpus é meio idôneo para impugnar ato de sequestro ou confisco de bens

em processo criminal.

e) O afastamento de cargo público é impugnável por habeas corpus.

a) Alternativa errada, o habeas corpus deve ser impetrado por ALGUÉM, um PACIENTE e não

quando atentar de maneira ABSTRATA à liberdade de locomoção:

CF/88

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a

inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade, nos termos seguintes:

LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar

ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por

ilegalidade ou abuso de poder;

b) Alternativa errada, diferentemente do Mandado de Segurança, o habeas corpus pode ser

impetrado a qualquer tempo. Veja um julgado a esse respeito:

HABEAS CORPUS - ALCANCE. O habeas corpus não sofre qualquer peia, sendo-

lhe estranhos os institutos da prescrição, da decadência e da preclusão ante o

fator tempo. APELAÇÃO - JULGAMENTO - INTIMAÇÃO - DEFENSORIA PÚBLICA. A

falta de intimação pessoal do defensor público para a sessão em que apregoado

e julgado certo recurso torna insubsistente o acórdão proferido, pouco

importando a passagem substancial de tempo, considerada a data da

configuração do vício.

(HC 88672, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em

27/03/2007, DJe-018 DIVULG 17-05-2007 PUBLIC 18-05-2007 DJ 18-05-2007 PP-

00083 EMENT VOL-02276-02 PP-00264)

c) Alternativa correta. “É pacífica a jurisprudência deste STF no sentido da inadmissibilidade de

impetração sucessiva de habeas corpus, sem o julgamento definitivo do writ anteriormente

impetrado. Tal jurisprudência comporta relativização, quando de logo avulta que o cerceio à

liberdade de locomoção dos pacientes decorre de ilegalidade ou de abuso de poder (inciso LXVIII do

art. 5º da CF/1988).” [HC 94.000, rel. min. Ayres Britto, j. 17-6-2008, 1ª T, DJE de 13-3-2009.]

d) Alternativa errada. É incabível habeas corpus, pois nessa hipótese não está em jogo o direito de

locomoção.

e) Alternativa errada. É incabível habeas corpus para impugnar penalidade imposta mediante

decisão administrativa de caráter disciplinar (advertência, suspensão, demissão, destituição de

cargo em comissão, cassação de aposentadoria, etc.), isso porque nessas hipóteses não está em

jogo o direito de locomoção. Julgado a esse respeito:

EMENTA Agravo regimental no recurso ordinário em habeas corpus. Teses de

nulidades no processo criminal originário não examinadas pelo Tribunal de

Justiça estadual nem pelo Superior Tribunal de Justiça. Dupla supressão de

instância configurada. Impossibilidade da análise de forma originária por esta

Corte. Precedentes. Perda do cargo como efeito específico da condenação.

Questão que não guarda, direta ou indiretamente, relação com a liberdade de

locomoção do agravante. Impropriedade do manejo do habeas corpus para

discutir a questão. Precedentes. Alegada ausência de fundamentação idônea

para a majoração da pena-base. Impossibilidade. É vedado na via do habeas

corpus que se proceda à ponderação e ao reexame de circunstâncias judiciais

valoradas negativamente na sentença condenatória para a fixação da pena.

Precedentes. Regimental não provido.

(RHC 127758 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em

02/02/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-042 DIVULG 04-03-2016 PUBLIC 07-03-

2016)

GABARITO: C

10. (REVISÃOPGE). Em relação aos remédios constitucionais, assinale a alternativa

correta:

a) Como o habeas data não pode ser utilizado por pessoa jurídica, deve ser reconhecida

a ilegitimidade ativa na hipótese de pessoa jurídica ajuizar habeas data para obter

informações de seu interesse constante de dados de determinada entidade

governamental.

b) De acordo com o STF, o habeas data é ação que permite ao indivíduo o direito de

obter informações relativas à sua pessoa, inseridas em repartições públicas ou privadas,

podendo ser utilizado para a obtenção de acesso a autos de processos administrativos,

como aqueles que tramitam no TCU.

c) Habeas data é o remédio constitucional adequado para obtenção de dados

concernentes ao pagamento de tributos do próprio contribuinte constantes de sistemas

informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da administração fazendária dos

entes estatais.

d) O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por sindicatos, entidades de

classe e associações, mas não por partidos políticos, pois se destinam à defesa de

interesses coletivos comuns a determinada coletividade de pessoas.

a) Alternativa errada, o habeas data pode ser impetrado por qualquer pessoa física (nacional ou

estrangeira), bem como por pessoa jurídica (pública ou privada). O habeas data poderá ser

ajuizado por qualquer pessoa física, brasileira ou estrangeira, bem como por pessoa jurídica.

Saliente-se, porém, que a ação é personalíssima, vale dizer, somente poderá ser impetrada pelo

titular das informações.

No polo passivo, podem figurar entidades governamentais, da administração pública direta e

indireta, bem como as instituições, entidades e pessoas jurídicas privadas detentoras de banco de

dados contendo informações que sejam ou possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam

de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações.

b) Alternativa errada, de acordo com o STF, o habeas data é ação que permite ao indivíduo o direito

de obter informações relativas à sua pessoa, inseridas em repartições públicas ou

privadas, podendo ser utilizado para a obtenção de informações inserida em repartições privadas

(somente autoridade publica ou agente de pessoa jurídica), além disso não é cabível para obtenção

de acesso a processo administrativo, sendo o Mandado de Segurança para tal fim.

Por unanimidade, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) presentes à

sessão plenária desta quinta-feira (18) confirmaram o entendimento da Corte no

sentido de que o Habeas Data (HD) não é o instrumento jurídico adequado para

que se tenha acesso a autos de processos administrativos. A decisão foi tomada

no julgamento de um recurso (agravo regimental) no HD 90.

c) Alternativa correta. A matéria foi objeto de importante julgado em repercussão geral no ano de

2015, vale a pena conferir:

O habeas data é a garantia constitucional adequada para a obtenção dos dados

concernentes ao pagamento de tributos do próprio contribuinte constantes dos

sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da administração

fazendária dos entes estatais.

No caso concreto, o STF reconheceu que o contribuinte pode ajuizar habeas data

para ter acesso às informações relacionadas consigo e que estejam presentes no

sistema SINCOR da Receita Federal.

O SINCOR (Sistema de Conta Corrente de Pessoa Jurídica) é um banco de dados

da Receita Federal no qual ela armazena as informações sobre os débitos e

créditos dos contribuintes pessoas jurídicas.

A decisão foi tomada com base no SINCOR, mas seu raciocínio poderá ser

aplicado para outros bancos de dados mantidos pelos órgãos fazendários.

STF. Plenário. RE 673707/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/6/2015

(repercussão geral) (Info 790).

d) Alternativa errada, pois não há restrições quanto a partidos políticos no dispositivo

constitucional, por isso podem também interpor MS.

Art. 5º, LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída

e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus

membros ou associados;

GABARITO: C

11. (REVISÃOPGE). Considerando a publicação da Lei 13.300/16, assinale a alternativa

INCORRETA quanto ao mandado de injunção coletivo:

a) O mandado de injunção coletivo pode ser promovido por organização sindical,

entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo

menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em

favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus

estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto,

autorização especial.

b) o mandado de injunção coletivo não induz litispendência em relação aos individuais,

mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante que não requerer a

desistência da demanda individual no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da ciência

comprovada da impetração coletiva.

c) A petição inicial será desde logo indeferida quando a impetração for manifestamente

incabível ou manifestamente improcedente. Da decisão de relator que indeferir a

petição inicial, caberá agravo, em 5 (cinco) dias, para o órgão colegiado competente para

o julgamento da impetração.

d) Findo o prazo para apresentação das informações, será ouvido o Ministério Público,

que opinará em 10 (dez) dias, após o que, com ou sem parecer, os autos serão conclusos

para decisão.

a) Alternativa correta, pois está alinha ao que dispõe o art. 12, III, da Lei 13.300/16:

Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:

(...)

III - por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente

constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o

exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de

parte de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que

pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial;

b) Alternativa errada. A primeira parte da assertiva está correta, o mandado de injunção coletivo

não induz litispendência em relação aos individuais. Por outro lado, os efeitos da coisa julgada não

beneficiarão o impetrante que não requerer a desistência da demanda individual no prazo de 30

dias (e não 60, como dito) a contar da ciência comprovada da impetração coletiva. Inteligência do

art. 13, parágrafo único:

Art. 13. No mandado de injunção coletivo, a sentença fará coisa julgada

limitadamente às pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da

categoria substituídos pelo impetrante, sem prejuízo do disposto nos §§ 1º e 2º

do art. 9º.

Parágrafo único. O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em

relação aos individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o

impetrante que não requerer a desistência da demanda individual no prazo de

30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração coletiva.

c) Alternativa correta, pois estabelece o art. 6º, caput, que a petição inicial será desde logo

indeferida quando a impetração for manifestamente incabível ou manifestamente improcedente

(hipótese de julgamento liminar prima facie). No mais, deve ser observado que, da decisão de

relator que indeferir a petição inicial, caberá agravo, em 5 (cinco) dias, para o órgão colegiado

competente para o julgamento da impetração (art. 6º, parágrafo único).

d) alternativa correta, conforme dispõe o art. 7º da Lei 13.300/16:

Art. 7º Findo o prazo para apresentação das informações, será ouvido o

Ministério Público, que opinará em 10 (dez) dias, após o que, com ou sem

parecer, os autos serão conclusos para decisão.

GABARITO: B

12. (REVISÃOPGE). Considerando o disposto na CF/88 e o entendimento consolidado

dos tribunais superiores acerca do Mandado de Segurança, assinale a alternativa

correta:

a) Conforme o STF e o STJ, por não terem personalidade jurídica própria, as mesas dos

Poderes Legislativos estaduais e municipais não têm legitimidade ativa para impetrar

mandado de segurança.

b) Caberá recurso ordinário para o STJ contra a decisão final proferida pelo TJ estadual

que conceda mandado de segurança.

c) A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos

associados independe da autorização destes.

d) Deputado federal tem legitimidade ativa para impetrar mandado de segurança contra

ato que considera infringente de prerrogativa da Câmara dos Deputados, visto que os

parlamentares exercem parcela de poder do próprio órgão que integram.

a) Alternativa errada, pois seria possível à Assembleia impetrar MS, desde que para defender seus

interesses estritamente institucionais, pois ela possui capacidade judiciária para ser parte em

processo judicial.

STF - R.E. 595.176:

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CÂMARA LEGISLATIVA

DO DISTRITO FEDERAL. LEGITIMIDADE PARA RECORRER. CAPACIDADE PARA SER

PARTE E ESTAR EM JUÍZO. ADI 1557. LEGITIMIDADE PARA A CAUSA

CONCRETAMENTE APRECIADA. AUSÊNCIA. PRECEDENTES.

A corte pacificou entendimento de que certos órgãos materialmente

despersonalizados, de estatura constitucional, possuem personalidade

judiciária (capacidade para ser parte) ou mesmo, como no caso, capacidade

processual (para estar em juízo). ADI 1557, rel. min. Ellen Gracie, Tribunal Pleno,

DJ 18.06.2004. Essa capacidade, que decorre do próprio sistema de freios e

contrapesos, não exime o julgador de verificar a legitimidade ad causam do órgão

despersonalizado, isto é, sua legitimidade para a causa concretamente apreciada.

Consoante a jurisprudência sedimentada nesta Corte, tal legitimidade existe

quando o órgão despersonalizado, por não dispor de meios extrajudiciais

eficazes para garantir seus direitos-função contra outra instância de Poder do

Estado, necessita da tutela jurisdicional (...)”

STJ – Súmula 525:

A Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica, apenas

personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender

os seus direitos institucionais.

b) Alternativa errada. Somente caberia recurso ordinário para o STJ de decisão do TJ que NEGASSE

a segurança, à luz do art. 105, II, alínea "b". Sendo concessiva a decisão, cabe recurso especial ou

recurso extraordinário, presentes os respectivos pressupostos.

c) Alternativa correta. Quanto à impetração de mandado de segurança coletivo por entidades de

classe, como por exemplo a Ordem dos Advogados do Brasil, o Supremo Tribunal Federal editou

duas Súmulas a respeito: a Súmula 629, que afirma que a impetração de mandado de segurança

coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes e a

Súmula 630 que diz que a entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda

quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria. Tais

entendimentos sumulados foram estendidos também para as organizações sindicais e para as

associações conforme expresso na parte final do artigo 21 da Lei n. 12.016.

d) Alternativa errada.

STF - AG.REG. NO RECURSO ORD. EM MANDADO DE SEGURANÇA. RMS 28251 DF

(STF). Data de publicação: 21/11/2011.

Ementa: Ementa: AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO

DE SEGURANÇA. REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES A MINISTRO DE ESTADO.

AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA AD CAUSAM. AGRAVO

DESPROVIDO. I. O direito de requerer informações aos Ministros de Estado foi

conferido pela Constituição tão somente às Mesas da Câmara dos

Deputados e do Senado Federal e não a parlamentares

individualmente. Precedentes. II. O entendimento pacífico desta Corte é no

sentido de que o parlamentar individualmente não possui legitimidade para

impetrar mandado de segurança para defender prerrogativa concernente à

Casa Legislativa a qual pertence. III. No caso, não está caracterizada a

legitimidade passiva do Ministro de Estado da Fazenda, uma vez que o projeto de

implantação do teleférico no Complexo do Alemão, no âmbito do Programa de

Aceleracao do Crescimento, foi elaborado pelo Departamento de Urbanização de

Assentamentos Precários do Ministério das Cidades, cabendo a este o

fornecimento das informações pretendidas. IV. Agravo regimental a que se nega

provimento.

GABARITO: C

13. (REVISÃOPGE). A propósito das disposições constitucionais e da jurisprudência do

Supremo Tribunal Federal relativas aos direitos sociais, assinale a alternativa correta:

a) Embora não esteja previsto expressamente na CF, o princípio da proibição do

retrocesso social significa que, uma vez regulamentado dispositivo constitucional de

índole social, o legislador não pode retroceder, revogando ou prejudicando o direto já

reconhecido.

b) Os direitos sociais relativos a educação, saúde, alimentação e trabalho são exemplos

de norma constitucional de conteúdo programático, motivo pelo qual não se pode exigir

dos poderes públicos atuação no sentido de provê-los.

c) Os direitos sociais estão inseridos na terceira geração, ou dimensão, dos direitos

fundamentais.

d) Dependerá de expressa autorização dos sindicalizados a atuação dos sindicatos como

substitutos processuais na defesa de direitos e interesses coletivos ou individuais

homogêneos da categoria que representem.

a) Alternativa correta, segundo Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino:

Esse princípio da vedação de retrocesso (também conhecido pela expressão

francesa effect cliquet) visa a impedir que o legislador venha a desconstituir pura

e simplesmente o grau de concretização que ele próprio havia dado às normas

da Constituição, especialmente quando se cuida de normas constitucionais que ,

em maior ou menor escala, acabam por depender dessas normas

infraconstitucionais para alcançarem sua plena eficácia e efetividade. Significa

que, uma vez regulamentado determinado dispositivo constitucional, de índole

social, o legislador não poderia, ulteriormente, retroceder no tocante à matéria,

revogando ou prejudicando o direito já reconhecido ou concretizado. (PAULO e

ALEXANDRINO, 2011, págs. 256-257).

Observe que o tema não é pacífico na doutrina, contudo, o CESPE vem reiteradamente adotando

o posicionamento segundo o qual a vedação ao retrocesso é aplicável aos direitos sociais, veja:

Prova: CESPE - 2007 - DPU - Defensor Público Disciplina: Direito Constitucional |

Assuntos: Direitos Sociais;

Aplica-se aos direitos sociais, econômicos e culturais o princípio da proibição do

retrocesso.

Gabarito: Certo.

b) alternativa errada, os direitos sociais são, sim, exigíveis do Poder Público. Por exemplo, há

inúmeros casos de ações judiciais em que se pleiteia o fornecimento de medicamentos pelo Poder

Público ou mesmo a concessão de vagas em escolas e creches. Os direitos sociais são normas de

conteúdo programático e, por isso, obrigam os 3 poderes a atuarem no sentido de concretizar as

finalidades nelas contidas.

c) Alternativa errada, a doutrina classifica os direitos como sendo de segunda geração (ou

dimensão), veja a tabela abaixo:

1ª Geração: relativos à liberdade, isto é, os civis e políticos. Restringem a ação do

Estado sobre o indivíduo, impedindo que se intrometa de forma abusiva na vida

das pessoas. Ex.: direito de propriedade.

2ª Geração: direitos referentes à igualdade - econômicos, sociais e culturais. Ex.:

direito à educação e greve.

3ª Geração: refere-se ao princípio da solidariedade. Compreende os direitos

difusos e coletivos, Ex.: CDC e direito ao desenvolvimento.

4ª Geração: (parte da doutrina) direito à democracia, direito à informação e

direito ao pluralismo.

d) Alternativa errada, o Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento no sentido de que

os sindicatos e associações, na qualidade de substitutos processuais, detém legitimidade para

atuar judicialmente na defesa dos interesses coletivos de toda a categoria que representam, sendo

dispensável a relação nominal dos afiliados e suas respectivas autorizações. (STJ AgRg no REsp

1331592 RJ).

GABARITO: A

14. (REVISÃO PGE). A respeito dos direitos sociais e das instituições democráticas,

assinale a alternativa correta:

a) É livre a associação sindical das categoriais profissionais, sendo vedado ao poder

público exigir, para a fundação de um sindicato, que haja seu registro prévio em órgão

competente.

b) A criação de sindicatos independe de autorização estatal, ressalvado o registro no

órgão competente, sendo vedado ao sindicato que represente a mesma categoria

profissional abranger a mesma base territorial de outro.

c) Com a Emenda Constitucional nº 72/13, os trabalhadores e trabalhadoras domésticos

passaram a ter os mesmos direitos dos demais trabalhadores urbanos e rurais, exceto

no que diz respeito à sua integração à previdência social.

d) Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá o seu pedido

examinado, e o denunciante não será condenado ao pagamento das verbas de

sucumbência em favor do denunciado.

a) Alternativa errada, segundo o art. 8º, I, CF/88, a lei “não poderá exigir autorização do Estado

para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público

a interferência e a intervenção na organização sindical”. Assim, ao contrário do que diz a

alternativa, é exigível o registro prévio em órgão competente para a fundação do sindicato.

b) Alternativa certa, a questão acabou envolvendo várias regrinhas quanto aos sindicatos:

É livre sua criação (não precisa pedir autorização ao estado)

É obrigatório registrar em órgão competente (ministério do trabalho e

emprego)

Não pode haver mais de um sindicato que represente a mesma categoria

na mesma base territorial

c) Alternativa errada, porque a previdência social é extensiva aos trabalhadores domésticos.

Art. 125, § 1º

O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da

lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida.

d) Alternativa errada, pois contrária expressa previsão de súmula do STF:

Súmula 675 STF: “Os intervalos fixados para descanso e alimentação durante

a jornada de 6 (seis) horas não descaracterizam o sistema de turnos

ininterruptos de revezamento para o efeito do art. 7º, XIV, da Constituição. ”

GABARITO: B

15. (REVISÃOPGE). No que concerne à nacionalidade e aos direitos políticos, julgue as

alternativas seguintes, tendo como referência as disposições da CF.

a) Para que o filho de casal brasileiro nascido em país estrangeiro seja considerado

brasileiro nato, ambos os pais devem estar, nesse país, a serviço da República Federativa

do Brasil.

b) Suponha que, em 2013, Josias foi naturalizado brasileiro e, em 2015, se envolveu em

tráfico ilícito internacional de entorpecentes. Devido a essa infração penal, determinado

país requereu a sua extradição. Nessa situação, o pedido deverá ser negado, uma vez

que a CF/88 proibe a extradição de brasileiro.

c) Será considerado brasileiro nato o indivíduo nascido no estrangeiro, filho de pai

brasileiro ou de mãe brasileira, que for registrado em repartição brasileira competente

ou que venha a residir no Brasil e opte, em qualquer tempo, depois de atingida a

maioridade, pela nacionalidade brasileira.

d) Configura-se a denominada nacionalidade adquirida no caso em que o indivíduo

nascido no estrangeiro, filho de pai ou mãe brasileiros, passa a residir no Brasil e opta

pela nacionalidade brasileira depois de ter atingido a maioridade.

a) Alternativa errada, é necessário que apenas um dos pais esteja a serviço da República Federativa

do Brasil.

Art. 12. São brasileiros:

I - natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros,

desde que estes não estejam a serviço de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que

qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que

sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na

República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida

a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

b) Alternativa errada, uma vez que o crime de tráfico ilícito de entorpecentes foi cometido por um

brasileiro naturalizado, não cabe ao Brasil negar a extradição, mas sim concede-la, pois o

brasileiro naturalizado que cometer crime de tráfico ilícito de entorpecentes, seja antes ou depois

de naturalizado será extraditado. Veja a seguinte regrinha simples quanto à extradição de

brasileiros:

O brasileiro NATO nunca será extraditado;

O brasileiro NATURALIZADO será extraditado caso cometa crime comum ANTES

da naturalização, caso cometa crime comum DEPOIS da naturalização responderá

pelo crime aqui no Brasil;

O brasileiro NATURALIZADO será extraditado SEJA ANTES OU DEPOIS da

naturalização, em caso de comprovado tráfico ilícito de entorpecentes;

O ESTRANGEIRO não será extraditado por crime político ou de opinião.

c) Alternativa certa, pois está conforme a Constituição Federal:

Art. 12. São brasileiros:

I - natos:

(...)

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que

sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na

República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida

a maioridade, pela nacionalidade brasileira;

d) Alternativa errada, pois a nacionalidade adquirida, outorgada, ou secundária deriva de

casamento, naturalização ou benefício da lei, quando a legislação de um estado prevê sua

aquisição automática ou a pedido. No caso apresentado na questão, temos uma hipótese não de

naturalização, mas de reconhecimento como nato (naturalização primária), como exposto no

comentário anterior.

GABARITO: C

16. (CESPE - TRT - 8ª Região – Analista Judiciário – 2016). De acordo com a

jurisprudência o STJ a respeito da capacidade de ser parte:

a) Brasileiros natos e naturalizados são equiparados para todos os efeitos, dado o

princípio da isonomia, conforme o qual todos são iguais perante a lei.

b) Filhos de brasileiros nascidos no estrangeiro podem optar pela naturalização, desde

que o façam antes da maioridade civil.

c) É permitida a extradição de brasileiros naturalizados, respeitadas as condições

previstas na CF.

d) São considerados brasileiros natos apenas os nascidos em solo nacional.

e) A naturalização é concedida exclusivamente a portugueses tutelados pelo Estatuto da

Igualdade, caso haja reciprocidade em favor dos brasileiros.

a) Alternativa errada, Art. 12 § 2º “A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e

naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição”. O caso da questão anterior, em que

se discutia a extradição de naturalizado já exemplifica as diferenças entre brasileiros natos e

naturalizados.

b) Alternativa errada. Na verdade existem dois erros na alternativa, primeiro por dizer que haverá

naturalização, quando na verdade se trata de caso de ser brasileiro nato, e segundo quando afirma

que a solicitação deve se dar antes da maioridade civil, conforme a CF:

Art. 12. São brasileiros:

I - natos:

(...)

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que

sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na

República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida

a maioridade, pela nacionalidade brasileira

c) Alternativa certa, pois é cabível a extradição de brasileiro naturalizado, no caso de ter cometido

crime comum antes da naturalização ou cometimento do crime de tráfico de entorpecentes.

Art. 5º (...)

LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime

comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em

tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei.

d) Alternativa errada, porque dentre as hipóteses para ser considerado nato, a CF adotou as duas

teorias: a de no caso ter nascido em solo nacional (jus soli) e a por descendência (jus sanguinis).

Segundo Pedro Lenza:

Alguns adotam o critério do ius sanguinis, ou seja, o que interessa para a

aquisição da nacionalidade é o sangue, a filiação, a ascendência, pouco

importando o local onde o indivíduo nasceu. (Em geral o critério do ius sanguinis

é utilizado por países de emigração, a fim de se manter o vínculo com os

descendentes, como ocorre com a maior parte dos países europeus.) Outros

adotam o critério do ius solis, ou critério da territorialidade, vale dizer, o que

importa para a definição e aquisição da nacionalidade é o local do nascimento, e

não a descendência. (Esse critério é normalmente utilizado pelos países de

imigração, a fim de que os descendentes dos imigrantes, que venham a nascer

no solo do novo país, sejam nacionais desse novo país, e não do de origem, o que

ocorreria se o critério fosse o do sangue.)

e) Alternativa errada, pois não é concedida exclusivamente a portugueses, mas também a qualquer

estrangeiro residente no país a mais de 15 anos , nas condições da CF e a outros residentes de países

de língua portuguesa residente a 1 ano.

GABARITO: C

17. (CESPE – TCE/PR – Analista de Controle – 2016). Com base na jurisprudência do

STF, assinale a opção correta a respeito dos direitos políticos.

a) O princípio da anterioridade da lei eleitoral subordina, inclusive, a incidência das

hipóteses de inelegibilidade introduzidas por normas constitucionais originárias

constantes da Constituição Federal de 1988.

b) As condições de elegibilidade podem ser estabelecidas por simples lei ordinária

federal, diferentemente das hipóteses de inelegibilidade, que são reservadas a lei

complementar.

c) É constitucional a exigência legal que, independentemente da identificação civil,

condiciona o voto à apresentação, pelo eleitor, do título eleitoral.

d) É dos estados a competência para legislar sobre condições específicas de elegibilidade

dos juízes de paz.

a) Alternativa errada, pois o comando "alterar" do art. 16 CF/88 afasta a possibilidade das normas

originárias da CF/88 incidirem na hipótese de anterioridade eleitoral, além disso, as normas devem

versar sobre processo eleitoral, conforme art. 16:

Art. 16 CF/88: A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de

sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua

vigência.

b) Alternativa correta, as condições de ELEGIBILIDADE são trazidas por: lei ordinária (via de regra),

porém nada impede que lei complementar ou a Constituição Federal também tragam. Por sua vez,

as condições de INELEGIBILIDADE são trazidas por: lei complementar (inelegibilidades relativas) ou

Constituição Federal (inelegibilidades relativas ou, absolutas).

c) Alternativa errada, pois o (STF) decidiu que apenas a ausência de apresentação de documento

oficial de identificação com foto pode impedir o eleitor de votar. A decisão foi tomada no

julgamento da medida cautelar em Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4467), ajuizada pelo

PT contra a obrigatoriedade de o eleitor portar dois documentos para votar, determinação prevista

no artigo 91-A da Lei 9.504/97.

d) Alternativa errada, pois conforme decidiu o STF:

A fixação por lei estadual de condições de elegibilidade em relação aos

candidatos a juiz de paz, além das constitucionalmente previstas no art. 14, § 3º,

invade a competência da União para legislar sobre direito eleitoral, definida no

art. 22, I, da CB.

[ADI 2.938, rel. min. Eros Grau, j. 9-6-2005, P, DJ de 9-12-2005.]

GABARITO: B

18. (REVISÃOPGE) No que diz respeito à disciplina constitucional relativa aos direitos

políticos, julgue os seguintes itens:

a) A alistabilidade, que se refere à capacidade do indivíduo de ser eleitor, com direito de

participar da escolha dos mandatários, é vedada aos estrangeiros e, durante o período

do serviço militar obrigatório, aos conscritos.

b) Devem ser cassados os direitos políticos do indivíduo condenado criminalmente em

sentença transitada em julgado.

c) Uma lei que introduza alterações no processo eleitoral poderá ser aplicada nas

eleições do mesmo ano de sua edição se for publicada até cento e oitenta dias antes do

pleito.

d) Embora não se insiram entre os direitos e garantias fundamentais previstos na CF, os

direitos políticos possuem o caráter instrumental de proteção do princípio democrático

e investem o indivíduo no status activae civitati.

a) Alternativa correta. De acordo com a CF/88:

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto

direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

(...)

§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período

do serviço militar obrigatório, os conscritos.

§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:

I - a nacionalidade brasileira;

II - o pleno exercício dos direitos políticos;

III - o alistamento eleitoral;

IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;

V - a filiação partidária; Regulamento

VI - a idade mínima de:

a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;

b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito

Federal;

c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital,

Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;

d) dezoito anos para Vereador.

§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

b) Alternativa errada, não existe cassação de direitos políticos no Brasil. Segundo a CF/88:

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se

dará nos casos de:

I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; (Perda)

II - incapacidade civil absoluta; (Suspensão)

III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus

efeitos; (Suspensão)

IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos

termos do art. 5º, VIII; (Perda)

V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. (Suspensão)

c) Alternativa errada.

CF/88

Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua

publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua

vigência.

d) Alternativa errada, uma vez que os direitos políticos são, inequivocamente, direitos

fundamentais previstos na CF e integrantes do Título II do texto constitucional (correspondem ao

seu capítulo IV) que tem como epígrafe “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”.

GABARITO: A

19. (REVISÃOPGE) Assinale a opção correta acerca do que dispõe a CF/88 e a

jurisprudência do STF sobre partidos políticos.

a) Os partidos políticos possuem personalidade jurídica de direito público.

b) É assegurado aos partidos políticos autonomia para adotar os critérios de escolha e o

regime de suas coligações eleitorais, não havendo, portanto, obrigatoriedade de

vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal,

pois não vigora, no direito eleitoral brasileiro, a regra da verticalização das coligações

eleitorais.

c) A CF/88 assegura autonomia aos partidos políticos para definirem sua estrutura

interna, organização e funcionamento, sendo-lhes vedado, no entanto, adotar os

critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais.

d) Embora se caracterizem como pessoas jurídicas de direito privado, os partidos

políticos só adquirem personalidade jurídica após o registro de seus estatutos no

tribunal regional eleitoral do estado em que estejam sediados.

a) Alternativa errada. Os partidos políticos possuem personalidade jurídica de direito privado.

b) Alternativa correta, a Emenda Constitucional 52, de 08/03/2006, acabou com o instituto

denominado "verticalização". A verticalização nada mais era do que a obrigação de que as

coligações de âmbito nacional encontrassem paralelo nas coligações feitas nos âmbitos estadual,

municipal e distrital. Essa regra, apesar de constituir importante norma de moralização do sistema

partidário, impedindo a utilização do partido para efeitos eleitorais que subvertessem as diferentes

ideologias por eles defendidas, limitava a atuação dos partidos, o que levou o Congresso Nacional

a promulgar a EC 52/2006, com a intenção de que essa tivesse validade já para as eleições que

ocorreriam naquele ano.

c) Alternativa errada.

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos,

resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo,

os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:

I - caráter nacional;

II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo

estrangeiros ou de subordinação a estes;

III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;

IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura

interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o

regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre

as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo

seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.

d) Alternativa errada. A CESPE sempre pergunta se os partidos políticos adquirem personalidade

jurídica após o registro de seus estatutos no TSE. Essa assertiva é errada, pois os partidos políticos

adquirem personalidade jurídica após o registro no Cartório de Pessoas Jurídicas de Brasília/DF,

enquanto o direito ao funcionamento como partido político em toda a sua plenitude - v.g. repasse

de cotas do fundo partidário e acesso a propaganda partidária e eleitoral gratuita - apenas é

assegurado com o registro no TSE e observado os requisitos da Lei dos Partidos Políticos (Lei n.

9.096/95).

GABARITO : B

20. (CESPE – TRF 2ª REGIÃO – JUIZ FEDERAL - 2013) Com relação aos direitos de

nacionalidade, aos direitos políticos e aos partidos políticos, assinale a opção correta.

a) No Brasil, o alistamento eleitoral depende da iniciativa do nacional que preencha os

requisitos constitucionais e legais exigidos, não havendo inscrição de ofício por parte da

autoridade judicial eleitoral.

b) Com a Emenda Constitucional n.º 54/2007, passaram a ser considerados brasileiros

natos os nascidos no estrangeiro, de pai e mãe brasileiros, desde que sejam registrados

em repartição brasileira competente ou venham a residir no Brasil após atingir a

maioridade.

c) Serão considerados brasileiros naturalizados os estrangeiros de qualquer

nacionalidade residentes no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos, mas, com

relação aos originários de países de língua portuguesa, a CF prevê somente que tenham

residência permanente no país como condição para adquirir a nacionalidade brasileira.

d) A idade mínima é requisito de elegibilidade, exigindo-se, no caso de candidatos a

prefeito, vice-prefeito, vereador e juiz de paz, a idade de vinte e um anos no momento

do registro da candidatura na justiça eleitoral.

a) Alternativa correta. Segundo a doutrina (Alexandre de Moraes, Direitos Políticos, pg. 227), “(...)

No Brasil, o alistamento eleitoral depende da iniciativa do nacional que preencha os requisitos, não

havendo inscrição ex officio por parte da autoridade judicial eleitoral”.

b) Alternativa errada, veja que não é só para aquele que venha a residir no brasil após a

maioridade, mas sim para aquele que opte depois a maioridade pela nacionalidade brasileira.

Alternativa bastante maliciosa do CESPE.

c) Alternativa errada, pois a naturalização ordinária concedida aos estrangeiros de países de língua

portuguesa exige, além de residência por um ano ininterrupto, idoneidade moral.

Art. 12 São brasileiros:

II - naturalizados:

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos

originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano

ininterrupto e idoneidade moral;

d) Alternativa errada, porque a idade mínima para o cargo de vereador é de 18 anos.

Art. 14

§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:

VI - a idade mínima de:

a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;

b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito

Federal;

c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital,

Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;

d) dezoito anos para Vereador.

GABARITO: A

DIREITO ADMINISTRATIVO

1. (CESPE – TCE/PR 2016) Com base em lei específica estadual, foi autorizada a

instituição da empresa X, pessoa jurídica sob a forma de sociedade anônima, com

controle acionário pertencente ao ente federativo estadual, para fins de exploração

de determinada atividade econômica de interesse coletivo.

Nessa situação hipotética,

a) a pessoa federativa a que estará vinculada a empresa X será solidariamente

responsável pela solvência dos débitos dessa empresa.

b) a empresa X deverá ser constituída como sociedade de economia mista, com

personalidade jurídica de direito privado, pertencente à administração indireta, à qual

é delegada a titularidade de atividade típica do Estado.

c) por se tratar de pessoa jurídica que exercerá atividade econômica, a empresa X

submeter-se-á ao regime jurídico próprio das empresas privadas, salvo em relação a

obrigações trabalhistas e tributárias.

d) a empresa X submeter-se-á ao controle do tribunal de contas no que concerne aos

bens, valores e dinheiros públicos provenientes diretamente do ente público

controlador.

e) a empresa X não poderá realizar contratações e licitações em regime diverso daquele

previsto para a administração direta.

COMENTÁRIOS:

Item “a”: a responsabilidade do ente federativo a que se vincula a entidade da

administração indireta é SUBSIDIÁRIA, não solidária.

Item “b”: conforme entendimento já consolidado (inclusive na jurisprudência),

entidades com personalidade jurídica de direito PRIVADO não podem exercer

atividades típicas de Estado (a exemplo do poder de polícia).

Itens “c” e “e”: são solucionados pela consulta ao art. 173, § 1º, CF/88.

GABARITO: D

2. (CESPE – PC-PE 2016) Considerando os princípios e fundamentos teóricos do direito

administrativo, assinale a opção correta.

a) As empresas públicas e as sociedades de economia mista, se constituídas como

pessoa jurídica de direito privado, não integram a administração indireta.

b) Desconcentração é a distribuição de competências de uma pessoa física ou jurídica

para outra, ao passo que descentralização é a distribuição de competências dentro de

uma mesma pessoa jurídica, em razão da sua organização hierárquica.

c) Em decorrência do princípio da legalidade, é lícito que o poder público faça tudo o

que não estiver expressamente proibido pela lei.

d) A administração pública, em sentido estrito e subjetivo, compreende as pessoas

jurídicas, os órgãos e os agentes públicos que exerçam função administrativa.

e) No Brasil, por não existir o modelo da dualidade de jurisdição do sistema francês, o

ingresso de ação judicial no Poder Judiciário para questionar ato do poder público é

condicionado ao prévio exaurimento da instância administrativa.

COMENTÁRIOS:

Item “a”: as empresas públicas e as sociedades de economia mista possuem, sempre,

personalidade jurídica de direito privado e integram, sempre, a Administração Pública

(indireta), conforme decorre do art. 37, XIX, da CF/88 e do art. 4º, II, do Decreto-Lei

200/67.

Item “b”: na verdade, a assertiva inverteu os conceitos de desconcentração e de

descentralização. Enquanto esta é a distribuição de competências envolvendo

pessoas jurídicas diversas, aquela é a distribuição de competências dentro de uma

mesma pessoa jurídica. Apenas na desconcentração há falar em hierarquia, pois esta

inexiste entre as diversas pessoas jurídicas integrantes da Administração Pública.

Item “c”: o conceito de legalidade contido nesta assertiva é o aplicável na seara

privada. Já no âmbito da Administração Pública, o princípio da legalidade determina

que ao administrador só é dado fazer o que estiver autorizado em lei (em sentido

amplo).

Item “d”: a assertiva indicou corretamente o conceito de Administração Pública em

seu sentido subjetivo. Já no sentido objetivo, administração pública significa a própria

atividade administrativa, isto é, a atuação dos agentes, órgãos e entidades integrantes

da Administração Pública. OBS.: é importante lembrar que esses são os conceitos

estritos, pois os amplos englobam, também, a função política (no sentido subjetivo,

alcança os órgãos de governo, além dos administrativos; no sentido objetivo, alcança

a atividade/função política, além da administrativa).

Item “e”: por força do princípio da inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV, CF/88),

não há falar, no Brasil, em necessidade de esgotamento da esfera administrativa antes

da provocação do Poder Judiciário. Essa é a regra. No entanto, há situações em que o

ordenamento jurídico exige que, antes da instauração da instância judicial, seja

percorrida a esfera administrativa, como são os casos das causas desportivas (art. 217,

§ 1º, CF/88); das reclamações apresentadas contra descumprimento de súmula

vinculante por ato da Administração Pública (art. 7º, § 1º, Lei 11.417/06); do habeas

data; e, conforme recente jurisprudência do STF, de ações judiciais visando a

concessão de benefícios previdenciários (exceto quando já há entendimento firmado

pela Administração em sentido contrário à pretensão deduzida ou quando há

excessiva mora na análise do requerimento administrativo).

GABARITO: D

3. (CESPE – TCE/PR 2016) Em relação à administração pública direta e indireta, assinale

a opção correta.

a) O vínculo entre o poder público e as organizações da sociedade civil de interesse

público é estabelecido mediante a celebração de contrato de gestão, no qual deverão

estar previstos os direitos e as obrigações dos pactuantes e destinado à formação de

vínculo de cooperação entre as partes para o fomento e a execução das atividades de

interesse público.

b) Organizações sociais são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas

atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento

tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde.

c) Os serviços sociais autônomos, que são instituídos pelo poder público por meio de lei,

integram a administração pública.

d) Não é obrigatória a participação de agentes do poder público no conselho de

administração das organizações sociais, exigindo-se, contudo, que seja formado por

membros representantes de entidades da sociedade civil e por membros com notória

capacidade profissional e reconhecida idoneidade moral, a serem eleitos pelos

integrantes do conselho.

e) A qualificação das organizações sociais será concedida pelo Ministério da Justiça por

meio de ato vinculado.

COMENTÁRIOS:

Item “a”: na verdade, o vínculo entre o poder público e uma OSCIP é estabelecido por

meio de um instrumento chamado termo de parceria, conforme disposto no art. 9º

da Lei 9.790/ 99.

Item “c”: as entidades do terceiro setor não integram a Administração Pública.

Item “d”: o art. 2º, I, "d", da Lei 9.637/98 prevê a necessidade da participação do

poder público no referido órgão colegiado.

Item “e”: o art. 1º da Lei 9.637/98 prevê tratar-se de ato discricionário a qualificação

de entidades como organizações sociais. Por outro lado, a qualificação de entidades

como OSCIPs é ato vinculado (art. 1º, § 2º, Lei 9.790/99).

GABARITO: B

4. (CESPE – PC/PE 2016) Com referência à administração pública direta e indireta,

assinale a opção correta.

a) Os serviços sociais autônomos, por possuírem personalidade jurídica de direito

público, são mantidos por dotações orçamentárias ou por contribuições socais.

b) A fundação pública não tem capacidade de autoadministração.

c) Como pessoa jurídica de direito público, a autarquia realiza atividades típicas da

administração pública.

d) A sociedade de economia mista tem personalidade jurídica de direito público e

destina-se à exploração de atividade econômica.

e) A empresa pública tem personalidade jurídica de direito privado e controle acionário

majoritário da União ou outra entidade da administração indireta.

COMENTÁRIOS:

Item “a”: as entidades do terceiro setor possuem personalidade jurídica de direito

privado e não integram a Administração Pública.

Item “b”: as fundações públicas possuem personalidade jurídica própria e possuem

capacidade de autoadministração, conforme decorre do art. 5º, IV, do Decreto-Lei

200/67

Item “d”: a sociedade de economia mista é uma entidade administrativa dotada de

personalidade jurídica de direito privado e pode ser imbuída tanto da execução de

serviço público quanto da exploração de atividade econômica.

Item “e”: nos termos do art. 3º da Lei 13.303/16, o capital social da empresa pública

é integralmente detido pelo poder público. Ademais, nos termos do parágrafo único

do referido artigo, a maioria do capital votante deve, necessariamente, pertencer à

pessoa política instituidora.

GABARITO: C

5. (CESPE – TRT8 2016) Com base nas disposições constitucionais e no regime jurídico

referentes à administração indireta, assinale a opção correta.

a) Os conselhos profissionais são considerados autarquias profissionais ou corporativas.

b) Conforme a Constituição Federal de 1988 (CF), a nomeação dos presidentes das

entidades da administração pública indireta independe de aprovação prévia do Senado

Federal.

c) As sociedades de economia mista que exploram atividade econômica não estão

sujeitas à fiscalização do Tribunal de Contas da União.

d) O consórcio público integra a administração direta de todos os entes da Federação

consorciados, ainda que detenha personalidade jurídica de direito público.

e) Existe relação de hierarquia entre a autarquia e o ministério que a supervisiona.

COMENTÁRIOS:

Item “b”: a CF/88 prevê, por exemplo, que a nomeação do Presidente do Banco

Central depende de prévia aprovação do Senado Federal (art. 52, III, “d”), além de

permitir que a nomeação de titulares de outros cargos se submeta a essa mesma

exigência, se assim for previsto em lei (art. 52, III, “e”).

Item “c”: apesar de as sociedades de economia mista exploradoras de atividade

econômica sejam regidas, predominantemente, por regime jurídico de direito

privado, submetem-se a controle exercido pelo Tribunal de Contas, como acontece,

de forma geral, em relação a tudo que envolva dinheiro público.

Item “d”: o consórcio público que possua personalidade jurídica de direito público

integra a Administração INDIRETA dos entes da Federação consorciados.

Item “e”: não existe relação de hierarquia entre as entidades da Administração

indireta e a Administração direta. O que há, na verdade, é um controle finalístico

(também chamado de tutela ou supervisão ministerial).

GABARITO: A

6. (CESPE – TJ/AM 2016) No que se refere às sociedades de economia mista e às

empresas públicas, assinale a opção correta.

a) A pessoa federativa a que estejam vinculadas as sociedades de economia mista possui

responsabilidade solidária quanto aos atos ilícitos praticados por agentes dessas

sociedades.

b) A composição do capital das sociedades de economia mista é o resultado da

conjugação de recursos públicos e privados, sendo os recursos privados inadmitidos na

composição do capital das empresas públicas.

c) As empresas públicas assumem obrigatoriamente a forma de sociedades anônimas,

enquanto as sociedades de economia mista podem-se revestir de qualquer das formas

admitidas em direito.

d) O protesto apresentado por empresa pública federal em execução que tramite na

justiça estadual desloca a competência para a justiça federal.

e) A legislação relativa ao regime falimentar não se aplica às empresas públicas e às

sociedades de economia mista, assim como os regimes de execução e penhora.

COMENTÁRIOS:

Item “a”: a responsabilidade do ente da Federação é SUBSIDIÁRIA, não solidária.

Item “b”: esse foi o gabarito dado pela banca examinadora, mas é necessário tecer

alguns comentários a respeito. A ideia contida na assertiva não está errada, mas

também não é completamente correta. Na verdade, parte do capital da empresa

pública pode pertencer a entidades da Administração indireta, o que engloba pessoas

administrativas de direito privado (art. 3º, p. único, Lei 13.303/16), fato que poderia

levar à conclusão de ser incorreta esta alternativa. No entanto, considerando que os

entes integrantes da Administração Pública são tidos como “poder público”, é

possível, sob esse ponto de vista, sustentar que recursos privados não são admitidos

na composição do capital social das empresas públicas. Entendemos que se trata de

uma assertiva dúbia o suficiente para não aparecer em uma prova objetiva, mas, por

eliminação das demais, seria possível chegar ao gabarito oficial.

Item “c”: na verdade, é a sociedade de economia mista que deve se organizar sob a

forma de sociedade anônima, enquanto a empresa pública pode assumir qualquer das

formas societárias previstas em lei (arts. 3º, 4º e 5º, Lei 13.303/16).

Item “d”: Súmula 270/STJ.

Item “e”: embora as empresas públicas e sociedades de economia mista não estejam

sujeitas à legislação falimentar (e o art. 2º, I, Lei 11.101/05 não faz qualquer distinção

baseada no objeto de tais entidades), o regime de execução e penhora é aplicável

quando se tratar de estatal exploradora de atividade econômica (mas não alcança os

bens dessas entidades que sejam prestadoras de serviços públicos, desde que eles

estejam afetados à execução de tais atividades).

GABARITO: B

7. (CESPE – TJ/DFT 2016) No que se refere a características e regime jurídico das

entidades da administração indireta, assinale a opção correta.

a) As agências reguladoras são fundações de regime especial, cuja atividade precípua é

a regulamentação de serviços e de atividades concedidas, que possuem regime jurídico

de direito público, autonomia administrativa e diretores nomeados para o exercício de

mandato fixo.

b) As autarquias são pessoas jurídicas de direito público com autonomia administrativa,

beneficiadas pela imunidade recíproca de impostos sobre renda, patrimônio e serviços,

cujos bens são passíveis de aquisição por usucapião e cujas contratações são submetidas

ao dever constitucional de realização de prévia licitação.

c) As sociedades de economia mista, cuja criação e cuja extinção são autorizadas por

meio de lei específica, possuem personalidade jurídica de direito privado, são

constituídas sob a forma de sociedade anônima e aplica-se ao pessoal contratado o

regime de direito privado, com empregados submetidos ao regime instituído pela

legislação trabalhista.

d) As empresas públicas, que possuem personalidade jurídica de direito público, são

organizadas sob qualquer das formas admitidas em direito, estão sujeitas à exigência

constitucional de contratação mediante licitação e têm quadro de pessoal instituído pela

legislação trabalhista, cuja contratação condiciona-se a prévia aprovação em concurso

público.

e) As agências executivas são compostas por autarquias, fundações, empresas públicas

ou sociedades de economia mista que celebram contrato de gestão com órgãos da

administração direta a que estão vinculadas, com vistas ao aprimoramento de sua

eficiência no exercício das atividades-fim e à diminuição de despesas.

COMENTÁRIOS:

Item “a”: na verdade, qual órgão ou entidade da Administração pode ser uma agência

reguladora, desde que seja assim estruturado. O que acontece é que se

convencionou, pela prática, que as agências reguladoras são AUTARQUIAS em regime

especial. Além disso, as agências reguladoras não exercem regulamentação, mas

REGULAÇÃO.

Item “b”: os bens das autarquias, por serem bens públicos, são imprescritíveis (não

sujeitos a usucapião). Ademais, o § 2º do art. 150 da CF/88, ao tratar da imunidade

recíproca, diz que ela, em relação a autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo

poder público, restringe-se ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados às

finalidades essenciais de tais entidades e às finalidades decorrentes das essenciais.

Item “d”: empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado.

Item “e”: nos termos do Decreto 2.487/98 e do art. 51 da Lei 9.649/98, a qualificação

como agência executiva é reservada apenas a autarquias e fundações públicas, que,

para tal, devem atender aos requisitos dos referidos diplomas normativos.

GABARITO: C

8. (CESPE – TCE/PR 2016) Os atributos caracterizadores de determinada entidade

como OSCIP incluem a

a) presença facultativa de servidor na composição do conselho.

b) formalização por meio de contrato de gestão.

c) análise de qualificação por diversos órgãos públicos.

d) possibilidade de cessão de bens.

e) qualificação discricionária.

COMENTÁRIOS:

Item “b”: o instrumento utilizado para estabelecer o vínculo entre o poder público e

um OSCIP é o termo de parceria (art. 9º, Lei 9.790/99).

Item “c”: a análise da qualificação da entidade é feita pelo Ministério da Justiça (arts.

5º e 6º, Lei 9.790/99).

Item “d”: diferentemente do que ocorre em relação às organizações sociais (Lei

9.637/98), não existe previsão legal de cessão de bens públicos a OSCIPs.

Item “e”: a qualificação de uma entidade como OSCIP é um ato vinculado (art. 1º, §

2º, Lei 9.790/99).

GABARITO: A

9. (REVISÃOPGE) Sobre empresas públicas e sociedades de economia mista, assinale a

alternativa incorreta:

a) Ambas são pessoas jurídicas de direito privado e se submetem a regime parcialmente

público e parcialmente privado, com predominância de um ou de outro, conforme sejam

prestadoras de serviços públicos ou exploradoras de atividade econômica,

respectivamente.

b) Se forem prestadoras de serviços públicos, seus bens passam, irrestritamente, a

receber tratamento de bens públicos.

c) Conforme entendimento do STF, a criação de suas subsidiárias, apesar do que

prescreve a literalidade do art. 37, XX, da CF/88, não depende de autorização legislativa

em cada caso específico, bastando, para tal fim, que haja autorização na lei matriz da

estatal.

d) Nos termos da Lei 11.101/05, sejam elas prestadoras de serviços públicos ou

exploradoras de atividade econômica, não se submetem ao regime falimentar. No

entanto, há forte corrente doutrinária no sentido de que uma interpretação da Lei de

Falências à luz do art. 173, § 1º, II, da CF/88 deve conduzir à conclusão de que apenas

aquelas que prestem serviços públicos encontram-se ao abrigo da possibilidade de falir.

COMENTÁRIOS:

Na verdade, a proteção dada aos bens das estatais prestadoras de serviços públicos

não é irrestrita, mas limitada aos bens que estejam diretamente afetados a tais

atividades, sendo essa proteção decorrente do princípio da continuidade do serviço

público. Dessa forma, os bens de empresas públicas e sociedades de economia mista

diretamente afetados à prestação de serviços públicos não podem ser alienados,

penhorados ou adquiridos por usucapião.

GABARITO: B

10. (REVISÃOPGE) A respeito das empresas públicas e sociedades de economia mista

é incorreto afirmar, com base nas normas positivadas e na jurisprudência

a) que devem divulgar anualmente relatório integrado ou de sustentabilidade.

b) que devem elaborar Código de Conduta e Integridade.

c) que devem criar comitê estatutário para verificar a conformidade do processo de

indicação e de avaliação de membros para o Conselho de Administração e para o

Conselho Fiscal, com competência para auxiliar o acionista controlador na indicação

desses membros.

d) que, por serem entes de direito privado, não podem exercer o poder de polícia em

nenhuma de suas etapas.

COMENTÁRIOS:

Item “a”: art. 8º, IX, Lei 13.303/16.

Item “b”: art. 9º, § 1º, Lei 13.303/16.

Item “c”: art. 10, Lei 13.303/16.

Item “d”: de fato, a jurisprudência se pacificou no sentido da impossibilidade de

exercício do poder de polícia por entidades de direito privado, especialmente no que

tange à fase de aplicação de sanções. No entanto, é possível o exercício do poder de

polícia no que diz respeito à fase fiscalizatória. Assim, por exemplo, a fiscalização do

tráfego urbano pode ser exercida por uma sociedade de economia mista, mas a

estatal não pode aplicar multas (nesse sentido: AgInt no AREsp 541532/MG e AgRg

no AREsp 539558/MG).

GABARITO: D

11. (REVISÃOPGE) A respeito das entidades da Administração indireta, assinale a

alternativa incorreta.

a) As autarquias não se prestam à exploração de atividade econômica, dentre outros

motivos, porque isso acabaria ferindo o princípio da isonomia, haja vista a disparidade

que haveria em relação aos seus concorrentes.

b) Por conta da ausência de pressuposto jurídico, a empresa pública ou sociedade de

economia mista exploradora de atividade econômica não é obrigada a realizar licitação

para celebrar contrato relativo à sua atividade-fim.

c) A criação de entidades da Administração indireta só é possível no âmbito do Poder

Executivo, não se admitindo no Poder Legislativo nem no Poder Judiciário, em virtude

de patente incompatibilidade estrutural.

d) A regra do CC/02 segundo a qual o Ministério Público possui a incumbência de velar

pelas fundações não se aplica às fundações públicas, sendo o controle do cumprimento

das finalidades de tais entidades realizado por meio da tutela administrativa. Em relação

às fundações públicas, a atuação do Ministério Público deve se restringir às situações

ordinária de irregularidade na gestão da coisa pública.

COMENTÁRIOS:

É possível a criação de entidades da administração indireta vinculadas ao Poder

Legislativo ou ao Poder Judiciário, não se restringindo a possibilidade de

descentralização à esfera do Poder Executivo. Isso porque o caput do art. 37 da CF/88,

ao anunciar as diretrizes da administração pública, expressamente o fez em relação a

todos os Poderes de todas as esferas federativas. Logo, não há impedimento à criação

de entidades administrativas no âmbito do Poder Legislativo ou do Poder Judiciário.

Nesse caso, no entanto, é evidente que tais entes não exercerão as funções típicas de

tais Poderes, mas sim a atípica função administrativa, e sua criação dependerá da

iniciativa do Poder respectivo (e não do Poder Executivo). Ainda, essa

descentralização administrativa no âmbito do Poder Judiciário e do Poder Legislativo

não pode ferir determinações constitucionais. Por exemplo, o CNJ considerou

inconstitucional a criação, pelo TJ/BA, de uma autarquia para a qual foi

descentralizada a realização de atividades administrativas do tribunal e a gestão de

recursos orçamentários, tarefas que, por força da Constituição Federal, devem ser

executadas diretamente pelo Judiciário. Um bom exemplo de descentralização fora

do Poder Executivo seria a criação de uma fundação pública vinculada ao Poder

Judiciário para funcionar como um museu do respectivo tribunal.

GABARITO: C

12. (REVISÃOPGE) Em relação aos órgãos públicos, assinale a assertiva incorreta:

a) São resultado da chamada desconcentração administrativa, que é uma técnica de

distribuição interna de competências, sempre com vistas à obtenção de maior eficiência,

e envolve uma estrutura hierarquizada.

b) Não possuem personalidade jurídica própria e, por conta disso, não podem ser partes

em processos judiciais.

c) Quanto à atuação funcional, podem ser classificados em singulares ou colegiados,

conforme manifestem sua vontade por meio de um ou de uma pluralidade de agentes,

respectivamente.

d) Quanto à hierarquia, classificam-se em independentes, autônomos, superiores e

subalternos.

COMENTÁRIOS:

De fato, órgão público não possui personalidade jurídica própria e, como

consequência, em regra, não tem capacidade de ser parte. No entanto, a doutrina e a

jurisprudência vêm entendendo que, os órgãos integrantes da estrutura superior do

ente federativo e cujas competências sejam outorgadas diretamente pela

Constituição têm capacidade de ser parte em processos judiciais com o objetivo de

defender seus interesses institucionais (entendidos esses como sendo os

relacionados ao funcionamento, autonomia e independência do órgão). Essa

capacidade de ser parte reconhecida a alguns órgãos públicos é chamada de

personalidade judiciária. Nesse sentido, o STJ editou a Súmula 525, segundo a qual,

“a Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica, apenas personalidade

judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos

institucionais”.

OBS.: se a questão discutida nos autos for meramente patrimonial (por exemplo, uma

pretensão indenizatória por conta de dano causado por um agente da Câmara

Municipal agindo nessa qualidade), a capacidade de ser parte será da pessoa jurídica

a que vinculado o órgão (no caso, o Município).

GABARITO: B

13. (REVISÃOPGE) Sobre o Estatuto das Empresas Estatais é incorreto afirmar:

a) que ele se aplica tanto às estatais exploradoras de atividade econômica quanto às

estatais prestadoras de serviço público.

b) que, em relação à composição do capital e às formas societárias adotadas pelas

empresas públicas e pelas sociedades de economia mista, não inovou.

c) que ele determinou a adequação dos estatutos sociais das empresas públicas e das

sociedades de economia mista às respectivas leis autorizadoras.

d) que ele trouxe diversas inovações relativas, especialmente, à transparência na gestão,

porém, não se preocupou com práticas de governança corporativa.

COMENTÁRIOS:

Na verdade, a necessidade de observância de governança corporativa recebeu

atenção especial da Lei 13.303/16, como decorre de seus arts. 6º, 8º, I e VIII, 12, II, e

18, I.

Quanto às formas societárias e à composição do capital, os arts. 3º e 4º da Lei

13.303/16 não destoa do art. 5º, II e III, do Decreto-Lei 200/67.

GABARITO: D

14. (REVISÃOPGE) Assinale a assertiva incorreta a respeito das entidades do terceiro

setor.

a) Os serviços sociais autônomos, embora sejam entes privados não integrantes da

Administração Pública, dependem de previsão em lei para serem criados.

b) As entidades de apoio não possuem uma lei geral que as regule, sendo definidas, na

doutrina, como pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, instituídas por

servidores públicos, porém em nome próprio, sob forma de fundação, associação ou

cooperativa, para a prestação, em caráter privado, de serviços sociais não exclusivos do

Estado, mantendo vínculo jurídico com entidades da Administração direta ou indireta,

em regra por meio de convênio.

c) Por serem entidades privadas, não se submetem a controle pelo Tribunal de Contas.

d) As organizações da sociedade civil, regidas pela Lei 13.019/14, podem firmar seu

vínculo com o poder público por meio de 3 (três) instrumentos diferentes: termo de

colaboração, termo de fomento e acordo de cooperação.

COMENTÁRIOS:

Na verdade, de modo geral, toda pessoa física ou jurídica que receber recursos de

origem pública submetem-se a controle pelo Tribunal de Contas, e dessa regra não

fogem as entidades do terceiro setor. Isso fica muito claro, por exemplo, em relação

às organizações sociais, que podem ser contempladas com dotação específica do

orçamento público (art. 12, Lei 9.637/98).

OBS.: embora o tema cobrado na assertiva “d” não esteja inserido no conteúdo

programático constante do edital de abertura do concurso da PGM/BH, é interessante

se familiarizar com ele, inclusive como forme de evitar confusões entre as diversas

figuras jurídicas tratadas no estudo das entidades do terceiro setor.

GABARITO: C

15. (REVISÃOPGE) Sobre as organizações da sociedade civil assinale a opção incorreta.

a) Termo de colaboração, termo de fomento e acordo de cooperação são instrumentos

jurídicos com regimes diversos, não se tratando de meros rótulos distintos para se fazer

referência a uma mesma figura.

b) Enquanto o termo de fomento e o acordo de cooperação envolvem a transferência

de recursos públicos, tal não ocorre quando firmando termo de colaboração.

c) No termo de colaboração, o plano de trabalho é proposto pelo poder público,

enquanto, no termo de fomento, essa proposta parte do particular.

d) Em regra, a celebração de termo de parceria ou de termo de fomento deve ser

precedida da realização de chamamento público.

COMENTÁRIOS:

Na verdade, há transferência de recursos públicos no termo de fomento e no termo

de colaboração. Apenas no acordo de cooperação não há a previsão de transferência

de recurso público para a execução da atividade (art. 2º, VII, VIII e VIII-A, Lei

13.019/14).

OBS.: embora o tema cobrado nesta questão não esteja inserido no conteúdo

programático constante do edital de abertura do concurso da PGM/BH, é interessante

se familiarizar com ele, inclusive como forme de evitar confusões entre as diversas

figuras jurídicas tratadas no estudo das entidades do terceiro setor.

GABARITO: B

16. (REVISÃOPGE) Assinale a alternativa correta no que diz respeito à desconcentração

e à descentralização administrativas.

a) A desconcentração, técnica de distribuição interna de competências, somente pode

ocorrer na Administração direta.

b) Uma vez realizada a descentralização, com a criação de entidade da Administração

indireta, a Administração direta passa a ocupar posição hierarquicamente superior à

pessoa administrativa criada.

c) As fundações públicas podem ser criadas com personalidade jurídica de direito

público ou de direito privado.

d) Nos termos da Lei 11.107/05, os consórcios públicos integram a Administração

indireta das pessoas políticas consorciadas.

COMENTÁRIOS:

Item “a”: a desconcentração pode ocorrer tanto na Administração direta quanto nas

entidades integrantes da Administração indireta. Por exemplo, o INSS (autarquia

federal) possui, internamente, diversos órgãos, cada um com atribuições diversas e

específicas.

Item “b”: não existe hierarquia entre a Administração direta e as entidades da

Administração indireta. Na verdade, o que há é um controle relativo ao atendimento

das finalidades das pessoas administrativas criadas, o que se chama de tutela

administrativa, supervisão ministerial ou controle finalístico.

Item “c”: a designação “públicas” atribuída as fundações significa, tão somente, que

elas foram instituídas pelo poder público, mas, ainda que sejam fundações públicas,

elas podem ter personalidade jurídica de direito privado ou de direito público (neste

último caso, terão natureza autárquica).

Item “d”: na verdade, a literalidade da Lei 11.107/05 é no sentido de que apenas os

consórcios públicos com personalidade jurídica de direito público integram a

Administração indireta dos entes políticos consorciados (art. 6º, § 1º).

GABARITO: C

17. (REVISÃOPGE) Sobre órgãos públicos é correto afirmar o seguinte:

a) Dentro da estrutura hierarquizada da Administração, os órgãos independentes se

localizam logo abaixo dos órgãos autônomos.

b) Os órgãos superiores ocupam o topo da hierarquia administrativa.

c) Quanto à estrutura, os órgãos podem ser classificados em simples e compostos. Estes

são formados por mais de um órgão (a exemplo do Congresso Nacional, que é formado

pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal); aqueles, por um único órgão (a

exemplo da Presidência da República).

d) Se estiverem inseridos na estrutura superior da Administração, os órgãos públicos

podem ter CNPJ, situação em que adquirem personalidade jurídica.

COMENTÁRIOS:

Item “a”: na verdade, os órgãos autônomos submetem-se imediatamente aos órgãos

independentes.

Item “b”: o topo da hierarquia administrativa é ocupado pelos órgãos independentes.

Já os órgãos superiores localizam-se abaixo dos órgãos autônomos (que, por sua vez,

localizam-se abaixo dos órgãos independentes). A ordem decrescente de hierarquia é

a seguinte: órgãos independentes órgãos autônomos órgãos superiores

órgãos subalternos.

Item “d”: é possível que um órgão público tenha CNPJ (o que ocorre, por exemplo,

para facilitar a distribuição de receitas), mas isso nunca lhe conferirá personalidade

jurídica própria.

GABARITO: C

18. (REVISÃOPGE) Quanto ao PROCON, assinale a alternativa correta.

a) O PROCON não precisa, necessariamente, assumir a forma de órgão público.

b) O PROCON é órgão estadual.

c) Ao PROCON cabe atuar na defesa do consumidor, mas, conforme já decidido pelo STJ,

sua atuação não pode alcançar o direito concorrencial, cuja fiscalização cabe ao CADE

(Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

d) todos os entes federados devem observar o mesmo modelo estrutural ao instituir seu

órgão de defesa do consumidor.

COMENTÁRIOS:

Esta é uma questão interdisciplinar e, por isso mesmo, bastante interessante. Em

relação ao PROCON, é necessário perceber que sua criação não se restringe à esfera

estadual, podendo ser instituído, também, em âmbito municipal. Na verdade, nos

termos do art. 105 do CDC, existem órgãos de defesa do consumidor em todas as

esferas da Federação, mas órgãos rotulados PROCON são encontrados nas estruturas

administrativas dos Estados e dos Municípios, cabendo à órbita federal a coordenação

da política do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, por meio do Departamento

Nacional de Defesa do Consumidor (art. 106, CDC).

O PROCON pode integrar a Administração direta (e, assim, possuir a forma de órgão

público) ou a Administração indireta (sob a forma de autarquia ou fundação pública),

e isso é definido por decisão política do respectivo ente federado, no exercício de sua

autonomia (arts. 25, 29 e 30, CF/88).

Uma questão muito interessante envolvendo o PROCON diz respeito à possibilidade

ou não de atuar na esfera da defesa da concorrência. Sobre isso, o STJ já se manifestou

e decidiu que o PROCON tem legitimidade para a fiscalização da concorrência, porque,

dentre os direitos do consumidor, encontra-se a coibição de métodos comerciais

desleais (art. 6º, IV, CDC). Ademais, é princípio da Política Nacional das Relações de

Consumo a coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado,

inclusive a concorrência desleal (art. 4º, VI, CDC). Ao lado de tais fundamentos,

acrescente-se que é evidente que toda e qualquer prática de concorrência desleal

afeta negativamente as relações de consumo, prejudicando, especialmente, o

consumidor. O tema foi apreciado por ocasião do julgamento do AgRg nos EREsp

938607/SP.

GABARITO: A

19. (REVISÃOPGE) Quanto às entidades da Administração direta, assinale a opção

correta.

a) A empresa pública, assim como a sociedade de economia mista, passa a existir a partir

do momento em que publicada a lei autorizadora de sua criação.

b) Embora as autarquias sejam pessoas jurídicas de direito público, os seus bens que não

estejam diretamente afetados à realização de suas finalidades essenciais não se

submetem ao regime próprio de bens públicos (inalienabilidade, impenhorabilidade e

imprescritibilidade).

c) A atuação das fundações públicas se dá em áreas de interesse social da forma mais

ampla possível, não havendo espaço para o legislador infraconstitucional disciplinar o

tema.

d) A possibilidade de as fundações públicas terem personalidade jurídica tanto de direito

privado quanto de direito público não consta literalmente do texto constitucional,

resultando, na verdade, de interpretação realizada pela doutrina e pela jurisprudência.

COMENTÁRIOS:

Item “a”: na verdade, as entidades administrativas de direito privado só adquirem

personalidade jurídica (e, assim, passam a existir) com o registro de seus atos

constitutivos.

Item “b”: as autarquias são pessoas jurídicas de direito público e, portanto, todos os

seus bens são públicos (aplicação do critério adotado pelo art. 98 do CC/02),

submetendo-se, todos eles, ao regime próprio dos bens públicos.

Item “c”: de fato, as fundações públicas (assim como as fundações privadas) atuam

em áreas de interesse social. No entanto, o texto constitucional (art. 37, XIX)

estabelece que cabe à lei complementar estabelecer, dentre as áreas de interesse

social, aquelas em que atuarão as fundações públicas.

GABARITO: D

20. (REVISÃOPGE) A respeito da descentralização administrativa, assinale a opção

incorreta:

a) A descentralização pode ser feita tanto a particulares estranhos à Administração

Pública quanto a entidades integrantes da Administração Pública (indireta).

b) A descentralização pode se dar por outorga (também chamada de descentralização

por serviço) ou por delegação (também chamada de descentralização por colaboração).

Na primeira, ocorre a transferência tanto da prestação quanto da titularidade do serviço

envolvido, enquanto, na segunda, ocorre a transferência apenas da prestação do

serviço, permanecendo a sua titularidade com a Administração direta.

c) A descentralização por colaboração deve ocorrer, sempre, por meio de lei, não sendo

admitida por meio de mero contrato.

d) A descentralização por serviço se dá sempre por meio de lei.

COMENTÁRIOS:

Segundo a doutrina majoritária, a descentralização por colaboração (também

chamada de descentralização por delegação) pode ser tanto legal quanto contratual,

isto é, pode se dar tanto por meio de lei quanto por meio de contrato. Será legal

quando envolver entidade da Administração indireta dotada de personalidade

jurídica de direito privado; e contratual quando envolver particular não integrante da

Administração Pública.

GABARITO: C

DIREITO FINANCEIRO

1. (CESPE – TCE-PR – Analista de Controle - 2016) À luz do que dispõe a Lei

Complementar nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), assinale a opção correta.

a) A autorização legislativa para a renúncia de receita poderá ser conferida desde que

previstas as medidas de compensação durante a vigência da renúncia e demonstrada a

ausência de impacto para as metas fixadas.

b) Se um estado ultrapassar o limite com as despesas de pessoal, ficará impedido de

receber transferências voluntárias no primeiro bimestre do último ano de mandato do

titular do Poder Executivo.

c) Em municípios com menos de cinquenta mil habitantes, a verificação do cumprimento

dos limites de despesas com pessoal deve ser feita até trinta dias após o encerramento

do exercício financeiro.

d) A estimativa de receita considerada para fins de alteração legislativa será

acompanhada de sua demonstração evolutiva dos dois anos anteriores, além da

projeção para os três anos seguintes, independentemente da metodologia de cálculo e

das premissas utilizadas.

e) A lei veda o repasse correspondente às transferências voluntárias ao ente federado

que não inclua na própria gestão fiscal a previsão e a efetiva arrecadação de taxas e

contribuições.

COMENTÁRIOS:

a) Alternativa errada. Para que ocorra a renúncia de receitas, se faz devida a

compensação ou demonstra que não afetará as metas de resultados ficais previstos

no anexo próprio da LDO. Veja o dispositivo legal:

Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de

natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá

estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-

financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois

seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e

a pelo menos uma das seguintes condições:

I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada

na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e

de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo

próprio da lei de diretrizes orçamentárias;

II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período

mencionado no caput, por meio do aumento de receita,

proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo,

majoração ou criação de tributo ou contribuição.

b) Alternativa correta, se o ente ultrapassou os limites com gasto com pessoal no 1º QUADRIMESTRE do último ano do mandato, ele fica impedido de receber as transferências voluntárias. A questão fala "no primeiro BIMESTRE do último ano de mandato do titular do Poder Executivo". Sendo assim, a afirmativa está correta porque está dentro do prazo de um quadrimestre no último ano do mandato.

Art. 23 LRF:

§ 4º As restrições do § 3º aplicam-se imediatamente se a despesa

total com pessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre do

último ano do mandato dos titulares de Poder ou órgão referidos no

art. 20.

c) Alternativa errada. Os municípios com população inferior a cinquenta mil

habitantes realmente gozam de algumas regras especiais, no entanto, nenhuma que

permita o que exposto no enunciado. Confira o artigo:

Art. 63. É facultado aos Municípios com população inferior a

cinquenta mil habitantes optar por:

I - aplicar o disposto no art. 22 e no § 4o do art. 30 ao final do

semestre;

II - divulgar semestralmente:

a) (VETADO)

b) o Relatório de Gestão Fiscal;

c) os demonstrativos de que trata o art. 53;

III - elaborar o Anexo de Política Fiscal do plano plurianual, o Anexo

de Metas Fiscais e o Anexo de Riscos Fiscais da lei de diretrizes

orçamentárias e o anexo de que trata o inciso I do art. 5o a partir do

quinto exercício seguinte ao da publicação desta Lei Complementar.

§ 1o A divulgação dos relatórios e demonstrativos deverá ser

realizada em até trinta dias após o encerramento do semestre.

d) Alternativa errada, pois inverteu os anos, são os três anos anteriores e dois

posteriores, conforme art. 12:

Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e

legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da

variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de

qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de

demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção

para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia

de cálculo e premissas utilizadas.

e) Alternativa errada, somente a não arrecadação de impostos veda o repasse, veja

art. 11:

Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na

gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos

os tributos da competência constitucional do ente da Federação.

Parágrafo único. É vedada a realização de transferências

voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no

que se refere aos impostos.

GABARITO: B

2. (REVISÃOPGE) Quanto à Lei de Responsabilidade Fiscal e a jurisprudência dos

tribunais superiores, assinale a alternativa correta:

a) Se excluem dos créditos passíveis de inscrição na dívida ativa da União as dívidas

derivadas de cédulas de crédito rural.

b) É vedada a compra, pelos municípios, de títulos da dívida da União como aplicação de

suas disponibilidades.

c) É proibida a realização de operação de crédito entre uma instituição financeira estatal

e o ente da Federação que a controle, na qualidade de beneficiário do empréstimo.

d) Instituição financeira controlada não pode adquirir títulos da dívida pública para

atender investimento de seus clientes, ou títulos da dívida de emissão da União para

aplicação de recursos próprios.

COMENTÁRIOS:

a) Alternativa errada. Veja o julgado do STJ que fundamenta a resposta:

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CÉDULA RURAL. CRÉDITO

ORIGINÁRIO DE OPERAÇÕES FINANCEIRAS CEDIDOS À UNIÃO. MP

2.196-3/2001. DÍVIDA ATIVA DA UNIÃO (STJ REsp 1210870)

b) Alternativa errada, a LRF não veda aos municípios essa aplicação para suas disponibilidades, o difícil é encontrar um município brasileiro com dinheiro disponível para aplicações.

Art. 35 É vedada a realização de operação de crédito entre um ente

da Federação, diretamente ou por intermédio de fundo, autarquia,

fundação ou empresa estatal dependente, e outro, inclusive suas

entidades da administração indireta, ainda que sob a forma de

novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída

anteriormente.

§ 2º O disposto no caput não impede Estados e Municípios de

comprar títulos da dívida da União como aplicação de suas

disponibilidades.

c) Alternativa correta. Lembre-se que esse foi um dos fundamentos para o

impeachment da ex-presidente Dilma.

Art. 36 É proibida a operação de crédito entre uma instituição

financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na

qualidade de beneficiário do empréstimo.

d) Alternativa errada, pois o parágrafo único do art. 36 ressalva essa proibição:

Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na qualidade de beneficiário do empréstimo. Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe instituição financeira controlada de adquirir, no mercado, títulos da dívida pública para atender investimento de seus clientes, ou títulos da dívida de emissão da União para aplicação de recursos próprios.

GABARITO: C

3. (REVISÃOPGE) Com base nos dispositivos constitucionais de direito financeiro e na

LRF, assinale a alternativa correta:

a) Tanto os poderes como o Ministério Público devem ser incluídos no relatório

resumido da execução orçamentária previsto na Constituição Federal de 1988 e na Lei

de Responsabilidade Fiscal.

b) É facultada a divulgação de relatório de gestão fiscal em periodicidade bimestral por

municípios com população inferior a cinquenta mil habitantes.

c) A prorrogação de despesa criada por prazo determinado não configura aumento de

despesa pública.

d) Para fins de aplicação dos limites da dívida consolidada municipal, devem ser

considerados os precatórios judiciais não pagos durante a execução do orçamento no

qual houverem sido incluídos.

COMENTÁRIOS:

a) Alternativa correta. O § 3º do art. 165 da CF/88 determina a publicação de relatório

resumido da execução orçamentária até trinta dias após o encerramento de cada

bimestre; o art. 52 da LRF, por sua vez, determina como será composto esse relatório:

CF/88

Art. 165.

§ 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o

encerramento de cada bimestre, relatório resumido da execução

orçamentária.

LRF

Art. 52. O relatório a que se refere o § 3o do art. 165 da

Constituição abrangerá todos os Poderes e o Ministério Público,

será publicado até trinta dias após o encerramento de cada bimestre

e composto de:

I - balanço orçamentário, que especificará, por categoria econômica,

as:

a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem

como a previsão atualizada;

b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dotação para o

exercício, a despesa liquidada e o saldo;

II - demonstrativos da execução das:

a) receitas, por categoria econômica e fonte, especificando a

previsão inicial, a previsão atualizada para o exercício, a receita

realizada no bimestre, a realizada no exercício e a previsão a

realizar;

b) despesas, por categoria econômica e grupo de natureza da

despesa, discriminando dotação inicial, dotação para o exercício,

despesas empenhada e liquidada, no bimestre e no exercício;

c) despesas, por função e subfunção.

§ 1o Os valores referentes ao refinanciamento da dívida mobiliária

constarão destacadamente nas receitas de operações de crédito e

nas despesas com amortização da dívida.

§ 2o O descumprimento do prazo previsto neste artigo sujeita o ente

às sanções previstas no § 2o do art. 51.

b) Alternativa errada, pois como explicado na alternativa anterior, a publicação

bimestral é a regra geral, sendo que os municípios com população inferior a cinquenta

mil habitantes gozam de regramento especial:

Art. 63. É facultado aos Municípios com população inferior a

cinqüenta mil habitantes optar por:

I - aplicar o disposto no art. 22 e no § 4o do art. 30 ao final do

semestre;

II - divulgar semestralmente:

a) (VETADO)

b) o Relatório de Gestão Fiscal;

c) os demonstrativos de que trata o art. 53;

c) Alternativa errada. O art. 17 da LRF trata das despesas obrigatórias de caráter

continuado e apresenta o seguinte regramento:

Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa

corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo

normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução

por um período superior a dois exercícios.

(...)

§ 7o Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela

criada por prazo determinado.

d) Alternativa errada, pois dívida consolidada ou fundada é o montante total, apurado

sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da federação, assumidas em

virtude de contrato, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito,

para amortização em prazo superior a 12 meses. Os precatórios judiciais não pagos

durante a execução do orçamento em que houverem sido incluídos integram a dívida

consolidada, para fins de aplicação dos limites.

Art. 30 (...)

§ 7o Os precatórios judiciais não pagos durante a execução do

orçamento em que houverem sido incluídos integram a dívida

consolidada, para fins de aplicação dos limites.

GABARITO: A

4. (REVISÃOPGE) Com relação ao regramento das receitas públicas presente na LRF,

assinale a alternativa correta:

a) Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição,

previsão e efetiva arrecadação de todos os impostos da competência constitucional do

ente da Federação, ressalvada as hipóteses de empréstimo compulsório.

b) Nem mesmo na hipótese de erro ou omissão será possível a reestimativa de receita

por parte do Poder Legislativo.

c) A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual

decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto

orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos quatro

seguintes.

d) É possível o cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos

custos de cobrança.

COMENTÁRIOS:

a) Alternativa errada. Como já comentado anteriormente, somente a não arrecadação

de impostos veda o repasse, veja art. 11:

Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na

gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos

os tributos da competência constitucional do ente da Federação.

Parágrafo único. É vedada a realização de transferências

voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no

que se refere aos impostos.

b) Alternativa errada, pois em casos de erro ou omissão é possível a reestimativa de

receitas, veja o art. 12, § 1º:

Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e

legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da

variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de

qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de

demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção

para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia

de cálculo e premissas utilizadas.

§ 1º Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só será

admitida se comprovado erro ou omissão de ordem técnica ou

legal.

c) Alternativa errada por contrariar a expressa disposição do art. 14:

Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de

natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar

acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no

exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes,

atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo

menos uma das seguintes condições:

d) Alternativa correta, essa previsão visa privilegiar o princípio da eficiência. Ora, não

faz qualquer sentido insistir numa cobrança cujo custos sejam maiores que o valor

devido. O § 3º, II, do art. 14 positivou esse entendimento;

§ 3o O disposto neste artigo não se aplica:

II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos

respectivos custos de cobrança.

GABARITO: D

5. (CESPE – TJ/RR – Titular de Serviços de Notas e de Registros - 2013)

Assinale a opção correta à luz da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n.º

101/2000).

a) Na receita corrente líquida não serão computadas as receitas patrimoniais,

industriais, agropecuárias e de serviços.

b) Considera-se dívida pública consolidada o montante total, apurado sem duplicidade,

das obrigações financeiras do ente da Federação assumidas em virtude de leis,

contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para

amortização em prazo superior a doze meses.

c) Os atos que provoquem aumento da despesa com pessoal e não atendam aos

requisitos da referida lei podem ser revogados pelos órgão de controle, desde que

garantidos a ampla defesa e o contraditório.

d) O dispositivo dessa lei que veda a realização de operação de crédito entre entes da

Federação, diretamente ou por intermédio de fundo, autarquia, fundação ou empresa

estatal, ofende o princípio federativo, visto que atinge a autonomia dos estados-

membros.

e) Os gastos com gratificações, adicionais e horas extras não são considerados despesas

com pessoal.

COMENTÁRIOS:

a) Alternativa errada. O art. 2º da LRF apresenta um rol de conceitos que são de

conhecimento obrigatório, veja:

Art. 2o Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como:

I - ente da Federação: a União, cada Estado, o Distrito Federal e cada

Município;

II - empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital social com

direito a voto pertença, direta ou indiretamente, a ente da

Federação;

III - empresa estatal dependente: empresa controlada que receba

do ente controlador recursos financeiros para pagamento de

despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital,

excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de

participação acionária;

IV - receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, de

contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de

serviços, transferências correntes e outras receitas também

correntes, deduzidos:

a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios por

determinação constitucional ou legal, e as contribuições

mencionadas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195, e no art.

239 da Constituição;

b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por

determinação constitucional;

c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos

servidores para o custeio do seu sistema de previdência e

assistência social e as receitas provenientes da compensação

financeira citada no § 9º do art. 201 da Constituição.

b) Alternativa correta, mais uma questão que trata dos conceitos utilizados pela lei,

dessa vez estava no art. 29:

Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas as

seguintes definições:

I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado

sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação,

assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e

da realização de operações de crédito, para amortização em prazo

superior a doze meses;

c) Alternativa errada. Os atos que provoquem aumento da despesa com pessoal e não

atendam aos requisitos da LRF são nulos de pleno direito, isso é o que determina o

art. 21:

Art. 21. É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da

despesa com pessoal e não atenda:

I - as exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar, e o

disposto no inciso XIII do art. 37 e no § 1o do art. 169 da

Constituição;

d) Alternativa errada, o Art. 35, dispõe:

Art. 35 É vedada a realização de operação de crédito entre um ente

da Federação, diretamente ou por intermédio de fundo, autarquia,

fundação ou empresa estatal dependente, e outro, inclusive suas

entidades da administração indireta, ainda que sob a forma de

novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída

anteriormente.

O STF entendeu que o art. 35 da Lei de Responsabilidade Fiscal, ao disciplinar as

operações de crédito efetuadas por fundos, está em consonância com o inciso II do

§ 9.º do art. 165 da Constituição Federal, não atentando, assim, contra a federação.

Já a sanção imposta aos entes federados que não fornecerem dados para a

consolidação de que trata o art. 51 da LC 101/2000 igualmente não implica ofensa ao

princípio federativo, uma vez que as operações de crédito são englobadas pela

mencionada regra constitucional e que o texto impugnado faz referência tão-somente

às transferências voluntárias. Medida cautelar indeferida. (ADI 2250 MC, Relator(a):

Min. ILMAR GALVÃO, Tribunal Pleno, julgado em 02/04/2003, DJ 01-08-2003 PP-

00100 EMENT VOL-02117-33 PP-06979).

e) Alternativa errada.

Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como

despesa total com pessoal: o somatório dos gastos do ente da

Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a

mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e

de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais

como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios,

proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive

adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de

qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições

recolhidas pelo ente às entidades de previdência.

GABARITO: B

6. (REVISÃOPGE) A Lei de Responsabilidade Fiscal apresenta uma séria de regras

quanto às despesas com pessoal dos entes federativos, assinale a alternativa que trata

corretamente da matéria.

a) Entende-se como despesa total com pessoal o somatório dos gastos dos entes da

Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, com exceção das despesas

relativas a vantagens variáveis, gratificações e horas extras.

b) Em cada período de apuração, a despesa com pessoal ativo e inativo da União não

pode exceder o percentual de 50% da receita corrente líquida; no que diz respeito aos

estados e municípios, esse percentual é de 60%.

c) A LRF fixa o limite legal de comprometimento às despesas com pessoal inativo

equivalente ao pessoal ativo.

d) A LRF fixa o subsídio mensal, em espécie, dos ministros do STF como teto

remuneratório para toda a administração pública federal, estadual e municipal, inclusive

suas autarquias, fundações e empresas da administração direta e indireta.

COMENTÁRIOS:

a) Alternativa errada. Não há essa exceção mencionada na questão quanto as

despesas relativas a vantagens variáveis, gratificações e horas extras. Nesse sentido o

art. 18, da LRF:

Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como

despesa total com pessoal: o somatório dos gastos do ente da

Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a

mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e

de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais

como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios,

proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive

adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de

qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições

recolhidas pelo ente às entidades de previdência.

b) Alternativa correta, esse o dispositivo legal mais importante quando se trata de

despesas com pessoal, sua memorização é imprescindível:

Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição,

a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em

cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da

receita corrente líquida, a seguir discriminados:

I - União: 50% (cinqüenta por cento);

II - Estados: 60% (sessenta por cento); III - Municípios: 60%

(sessenta por cento)

c) Alternativa errada. A LRF não estipula essa regra. Os inativos e pensionistas tem

seus proventos (nome dado pela CF às aposentadorias ou pensões) são remunerados

segundo regra do art. 19, § 1º:

§ 1o Na verificação do atendimento dos limites definidos neste

artigo, não serão computadas as despesas:

(...)

VI - com inativos, ainda que por intermédio de fundo específico,

custeadas por recursos provenientes:

a) da arrecadação de contribuições dos segurados;

b) da compensação financeira de que trata o § 9o do art. 201 da

Constituição;

c) das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado

a tal finalidade, inclusive o produto da alienação de bens, direitos e

ativos, bem como seu superávit financeiro.

d) Alternativa errada, a LRF não fixa o subsídio em espécie dos Ministros do STF. Isso

se dá por meio de leis ordinárias. Além disso, a remuneração deles não é teto geral

do funcionalismo público, porque a CF/88 admite os chamados subtetos gerais no

âmbito dos Estados e dos Municípios, desde que não ultrapassem 90,25% do teto dos

Ministros do STF.

GABARITO: B

7. (CESPE – Juiz Federal Substituto 5ª Região – 2013) Com base na CF, na LRF, na

interpretação doutrinária da legislação financeira e na Jurisprudência do STF sobre a

matéria, assinale a opção correta.

a) Conforme entendimento do STF, um estado pode receber transferências voluntárias

da União mesmo que uma de suas entidades da administração indireta esteja

inadimplente e inscrita em um dos cadastros restritivos federais, em respeito ao

princípio da intranscendência das medidas restritivas de direito.

b) Não havendo suficiente dotação orçamentária ou autorização específica na respectiva

lei de diretrizes orçamentárias, serão anuláveis, nos termos da LRF, os atos que

impliquem aumento da despesa com pessoal.

c) As receitas originárias, obtidas pelo Estado mediante seu poder de autoridade (ius

imperii), são captadas coercitivamente de particulares, ao passo que as receitas

derivadas decorrem da exploração do patrimônio do Estado, que participa da atividade

econômica explorando atividades privadas e cobrando tarifa ou preço público.

d) O Poder Legislativo não pode rejeitar o projeto de lei orçamentária.

e) No Brasil, adota-se expressamente o regime contábil misto, sendo o regime de caixa

aplicado às despesas públicas e o de competência, às receitas públicas.

COMENTÁRIOS:

a) Alternativa correta, de acordo com o entendimento do STF, o princípio da

intranscendência impede que sanções e restrições de ordem jurídica superem a

dimensão estritamente individual do infrator.

Deste modo, as limitações jurídicas que derivam da inscrição de suas entidades da

administração indireta não podem atingir os Estados-membros ou o Distrito Federal,

projetando, sobre eles, consequências jurídicas desfavoráveis e gravosas, pois o

Inadimplemento obrigacional por revelar-se unicamente imputável aos entes

menores integrantes da administração descentralizada- só a estes pode afetar.

Precedente: Med. Caut. em AC no 2094-RR

b) Alternativa errada. O erro encontra-se na palavra anuláveis, a lei de

responsabilidade fiscal trata como irregulares, lesivas e não autorizadas as despesas

que não estiverem previstas conforme a lei de diretriz orçamentária e a lei

orçamentária anual. Vejamos:

Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas

ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de

obrigação que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17:

c) Alternativa errada, pois receitas originárias são aquelas obtidas pelo Estado

mediante contrato, como por exemplo a tarifa e o preço público. Enquanto a receita

derivada é aquela obtida por meio do regime compulsório, exemplo: tributos.

d) Alternativa errada, pois o artigo 166, § 8º, da Constituição Federal estatui que os

recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei

orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados,

mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização

legislativa. Portanto, o Poder Legislativo pode rejeitar o projeto de lei orçamentária.

e) Alternativa errada, pois conforme o artigo 50, II, da LRF, "a despesa e a assunção

de compromisso serão registradas segundo o regime de competência, apurando-se,

em caráter complementar, o resultado dos fluxos financeiros pelo regime de caixa".

Logo, o regime de competência será aplicado às despesas públicas e o regime de caixa,

às receitas.

GABARITO: A

8. (CESPE – Juiz Federal Substituto 1ª Região – 2013) No que concerne à Lei de

Responsabilidade Fiscal, assinale a opção correta.

a) O município que instituir taxa, realizar as estimativas da receita associada, mas não

efetivar a sua arrecadação, não poderá receber transferências voluntárias da União, por

ausência de requisito essencial da gestão fiscal responsável.

b) O Poder Executivo federal pode, para fins de cumprimento de metas fiscais, limitar,

mediante decreto de contingenciamento, a execução de despesas decorrentes de

obrigação constitucional, dado o caráter meramente autorizativo da lei orçamentária

anual.

c) A lei orçamentária anual de um estado da Federação deve, obrigatoriamente, indicar

todas as despesas referentes à sua dívida pública, mobiliária ou contratual.

d) Um município poderá, em sua lei de orçamento, consignar dotação ilimitada para

despesas de programas voltados à superação de grave problema de mobilidade urbana.

e) Sendo a realização da receita prevista no orçamento incompatível com as metas

fiscais da lei de diretrizes orçamentárias, conforme apuração bimestral, o MP e o Poder

Judiciário não estarão sujeitos às regras de limitação de empenho da despesa e de

movimentação financeira.

COMENTÁRIOS:

a) Alternativa errada, segundo o art. 11, caput da LRF, a instituição, previsão e efetiva

arrecadação de todos os tributos constituem requisitos essenciais da

responsabilidade na gestão fiscal, porém, em seu parágrafo único a vedação à

realização de transferências voluntárias se refere apenas aos IMPOSTOS e não às

taxas, como afirma a alternativa.

b) Alternativa errada. Conforme o § 2º do art. 9º da LC 101/2000 (LRF), não serão

objeto de limitação as despesas que constituam obrigações constitucionais e legais do

ente, além daquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as que possuem

ressalva na LDO.

Art. 9º Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da

receita poderá não comportar o cumprimento das metas de

resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas

Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato

próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subsequentes,

limitação de empenho e movimentação financeira, segundo os

critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.

(...)

§ 2º Não serão objeto de limitação as despesas que constituam

obrigações constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas

destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as ressalvadas pela

lei de diretrizes orçamentárias.

c) Alternativa correta, nos termos do artigo 5º § 1º da LRF:

Art. 5º O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma

compatível com o plano plurianual, com a lei de diretrizes

orçamentárias e com as normas desta Lei Complementar:

(...)

§ 1º Todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou

contratual, e as receitas que as atenderão, constarão da lei

orçamentária anual.

d) Alternativa errada, segundo o § 4º do artigo 5º da LRF, é vedado consignar na LOA

crédito com finalidade Imprecisa ou com dotação ilimitada:

§ 4º É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finalidade

imprecisa ou com dotação ilimitada.

e) Alternativa errada, de acordo com o artigo 9° da LC 101/2000 (LRF), se ao final de

um bimestre, a realização da receita não comportar o cumprimento das metas de

resultado primário ou nominal, os Poderes e o Ministério Público deverão promover,

por ato próprio e nos montantes necessários, limitação de empenho e movimentação

financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.

GABARITO: C

9. (CESPE – Procurador BACEN – 2013) Assinale a opção correta a respeito da dívida

pública, regulamentada na LRF.

a) A emissão e o aceite de título não são considerados operações de crédito.

b) A emissão de títulos para pagamento do principal da dívida pública acrescido de juros

é considerada operação de garantia para a instituição financeira.

c) A concessão de garantia cabe a instituições financeiras sem vinculação com ente

federativo.

d) Inclui-se na dívida pública consolidada ou fundada a realização de operações de

crédito para amortização em prazo inferior a doze meses.

e) A dívida pública mobiliária é representada por títulos emitidos pela União, inclusive

os do BACEN, estados e municípios.

COMENTÁRIOS:

a) Alternativa errada, o artigo 29, III, da LC 101/2000 considera operação de crédito a

emissão e o aceite de título:

Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas as

seguintes definições:

I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado

sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação,

assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da

realização de operações de crédito, para amortização em prazo

superior a doze meses;

II - dívida pública mobiliária: dívida pública representada por títulos

emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil, Estados

e Municípios;

III - operação de crédito: compromisso financeiro assumido em

razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título,

aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores

provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento

mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso

de derivativos financeiros;

IV - concessão de garantia: compromisso de adimplência de

obrigação financeira ou contratual assumida por ente da Federação

ou entidade a ele vinculada;

V - refinanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos para

pagamento do principal acrescido da atualização monetária.

§ 1o Equipara-se a operação de crédito a assunção, o

reconhecimento ou a confissão de dívidas pelo ente da Federação,

sem prejuízo do cumprimento das exigências dos arts. 15 e 16.

§ 2o Será incluída na dívida pública consolidada da União a relativa

à emissão de títulos de responsabilidade do Banco Central do Brasil.

§ 3o Também integram a dívida pública consolidada as operações

de crédito de prazo inferior a doze meses cujas receitas tenham

constado do orçamento.

§ 4o O refinanciamento do principal da dívida mobiliária não

excederá, ao término de cada exercício financeiro, o montante do

final do exercício anterior, somado ao das operações de crédito

autorizadas no orçamento para este efeito e efetivamente

realizadas, acrescido de atualização monetária.

b) Alternativa errada, pois a emissão de títulos para pagamento do principal acrescido

da atualização monetária (e não de juros) é considerada refinanciamento da dívida

mobiliária, nos termos do artigo 29, V, da LC 101.

V - refinanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos para

pagamento do principal acrescido da atualização monetária.

c) Alternativa errada, pois a concessão de garantia cabe a instituições financeiras sem

vinculação com ente federativo:

IV - concessão de garantia: compromisso de adimplência de

obrigação financeira ou contratual assumida por ente da

Federação ou entidade a ele vinculada;

d) Alternativa errada, conforme o artigo 29, I, da LRF, o prazo deve ser superior a doze

meses e não, inferior:

I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado

sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação,

assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da

realização de operações de crédito, para amortização em prazo

superior a doze meses;

e) Alternativa correta, consoante artigo 29, II, da LRF:

II - dívida pública mobiliária: dívida pública representada por títulos

emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil, Estados

e Municípios;

GABARITO: E

10. (CESPE – Procurador BACEN – 2013) Na LRF, é prevista a possibilidade de o BACEN,

nas suas relações com entes da Federação,

a) comprar diretamente títulos emitidos pela União para refinanciar a dívida mobiliária

federal que estiver vencendo na sua carteira.

b) vender títulos ao Tesouro Nacional existentes em sua carteira, ainda que com cláusula

de reserva.

c) comprar títulos da dívida estadual, na data de sua colocação no mercado.

d) comprar e vender, a termo, título da dívida estadual, cujo efeito final seja semelhante

à permuta.

e) permutar título da dívida estadual, por intermédio de instituição financeira ou não,

por título da dívida pública federal.

COMENTÁRIOS:

a) Alternativa correta, nos termos do artigo 39, § 2° da LC LRF:

Art. 39. Nas suas relações com ente da Federação, o Banco Central

do Brasil está sujeito às vedações constantes do art. 35 e mais às

seguintes:

I - compra de título da dívida, na data de sua colocação no mercado,

ressalvado o disposto no § 2o deste artigo;

II - permuta, ainda que temporária, por intermédio de instituição

financeira ou não, de título da dívida de ente da Federação por título

da dívida pública federal, bem como a operação de compra e venda,

a termo, daquele título, cujo efeito final seja semelhante à permuta;

III - concessão de garantia.

§ 1º O disposto no inciso II, in fine, não se aplica ao estoque de Letras

do Banco Central do Brasil, Série Especial, existente na carteira das

instituições financeiras, que pode ser refinanciado mediante novas

operações de venda a termo.

§ 2º O Banco Central do Brasil só poderá comprar diretamente

títulos emitidos pela União para refinanciar a dívida mobiliária

federal que estiver vencendo na sua carteira.

§ 3º A operação mencionada no § 2o deverá ser realizada à taxa

média e condições alcançadas no dia, em leilão público.

§ 4o É vedado ao Tesouro Nacional adquirir títulos da dívida pública

federal existentes na carteira do Banco Central do Brasil, ainda que

com cláusula de reversão, salvo para reduzir a dívida mobiliária.

b) Alternativa errada, de acordo com o art. 39, § 4° LRF, "é vedado ao Tesouro

Nacional adquirir títulos da dívida pública federal existentes na carteira do Banco

Central do Brasil, ainda que com cláusula de reversão, salvo para reduzir a dívida

mobiliária."

c) Alternativa errada, pois nos termos do art. 39, I, “é vedado ao BACEN comprar título

da dívida, na data de sua colocação no mercado, exceto a compra de títulos emitidos

pela União para refinanciar sua dívida mobiliária que estiver vencendo na carteira

do Banco”.

d) Alternativa errada, de acordo com o art. 39, II, da LC 101, "é vedada permuta, ainda que temporária, por intermédio de instituição financeira ou não, de título da dívida de ente da Federação por título da dívida pública federal, bem como a operação de compra e venda, a termo, daquele título, cujo efeito final seja semelhante à permuta”. e) Alternativa errada, nos termos do art. 39, II.

GABARITO: A

TEMAS DESTACADOS

DIREITO CONSTITUCIONAL

MANDADO DE INJUNÇÃO E A NOVÍSSIMA LEI 13.300/16

Com a publicação no dia 23 de junho deste ano da Lei 13.300/16, que

regulamenta o Mandado de Injunção, é bastante provável que o tema será objeto de

cobrança nas próximas provas, sendo assunto essencial para quem se prepara para a

concorrida prova da PGM/BH.

O mais importante, nesse momento em que ainda não se firmou jurisprudência

quanto aos diversos aspectos da lei, é conhecer bens a literalidade dos dispositivos

legais, esse artigo tem por objetivo servir de guia de leitura para a lei, apontando os

temas principais e explicando alguns aspectos aparentemente confusos.

I – Natureza jurídica e utilidade do mandado de injunção

Resumidamente, o mandado de injunção pode ser definido como uma ação

(remédio) constitucional de caráter civil e de procedimento especial que visa à garantia

da efetividade, aplicabilidade e eficácia das normas contidas no texto constitucional.

A CF/88 assegurou diversos direitos e garantias fundamentais. Contudo, para

que alguns deles possam ser plenamente exercidos por seus titulares, é imprescindível

a edição de lei ou outro ato normativo regulamentador.

Em suma, sempre que um direito ou liberdade constitucional não puder ser

exercido em razão de ainda não ter sido editada norma regulamentadora, o interessado

poderá ingressar com mandado de injunção pedindo que o Poder Judiciário reconheça

que o Poder Público está em mora e, então, supra a falta dessa lei ou ato normativo e

possibilite o exercício efetivo do direito.

O instituto encontra previsão constitucional no art. 5º, LXXI, da Constituição

Federal de 1988 e será concedido “sempre que a falta de norma regulamentadora torne

inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes

à nacionalidade, à soberania e à cidadania”.

Observe aqui uma primeira inovação interessante da Lei 13.300/16: foi incluída

a locução “falta total ou parcial de norma regulamentadora”, ausente no texto

constitucional. Isso quer dizer que o Mandado de Injunção também pode ser utilizado

quando, apesar da existência de regulamentação, esta for insuficiente, nos termos do

art. 2º, caput, e parágrafo único:

Art. 2º Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta total

ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos

direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à

nacionalidade, à soberania e à cidadania.

Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamentação quando

forem insuficientes as normas editadas pelo órgão legislador

competente.

Com efeito, o remédio constitucional em comento é vocacionado a

suprimir omissões legislativas capazes de obstar direitos e liberdades dos cidadãos,

como no caso das normas constitucionais de eficácia limitada, onde o exercício pleno

dos direitos nelas previstos depende necessariamente de edição normativa posterior.

Outro termo chave para entender a utilidade prática do mandado de injunção é

“síndrome de inefetividade das normas constitucionais de eficácia limitada”, ou seja,

a omissão na edição do regulamento faz com que as normas constitucionais se tornem

inefetivas (ineficazes, na prática). O constituinte previu dois instrumentos para resolver

a síndrome da falta de efetividade das normas constitucionais: o mandado de injunção

e a ação direta de inconstitucionalidade por omissão (sobre esse último instrumento

veremos mais na revisão de controle de constitucionalidade).

Existem dois tipos de mandado de injunção:

INDIVIDUAL: proposto por qualquer pessoa física ou jurídica, em nome próprio,

defendendo interesse próprio, isto é, pedindo que o Poder Judiciário torna viável

o exercício de um direito, liberdade ou prerrogativa seu e que está

impossibilitado pela falta de norma regulamentadora.

COLETIVO: proposto por legitimados restritos previstos na Lei, em nome próprio,

mas defendendo interesses alheios. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas

protegidos por mandado de injunção coletivo são os pertencentes,

indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas ou determinada

por grupo, classe ou categoria (art. 12, parágrafo único, da LMI). O mandado de

injunção coletivo não foi previsto expressamente pelo texto da CF/88, mas

mesmo assim sempre foi admitido pelo STF e atualmente encontra-se

disciplinado pela Lei nº 13.300/2016.

II – Legitimidade (arts. 3º e 12 da Lei 13.000/16)

O mandado de injunção individual pode ser impetrado por qualquer pessoa

física ou jurídica que se afirme titular dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas

ameaçadas pela ausência de norma regulamentadora (Legitimado ativo).

Art. 3º São legitimados para o mandado de injunção, como

impetrantes, as pessoas naturais ou jurídicas que se afirmam titulares

dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas referidos no art. 2º e,

como impetrado, o Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para

editar a norma regulamentadora.

Observe que foi adotada a teoria da asserção, uma vez que, para essa teoria, a

legitimidade ad causam deve ser analisada à luz das afirmações feitas pelo autor na

petição inicial, devendo o julgador considerar a relação jurídica deduzida em juízo in

status assertionis, isto é, à vista do que se afirmou.

Assim, como a lei usa a expressão “que se afirmam titulares dos direitos”, tem-

se que a simples afirmação do direito na petição inicial do mandado de injunção já é

suficiente para vencer a barreira da legitimidade ativa e ensejar o seu julgamento de

mérito.

Para o mandado de injunção coletivo há um grande rol de legitimados ativos, a

saber:

Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:

I - pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for

especialmente relevante para a defesa da ordem jurídica, do regime

democrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis;

II - por partido político com representação no Congresso Nacional,

para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de

seus integrantes ou relacionados com a finalidade partidária;

III - por organização sindical, entidade de classe ou associação

legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um)

ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas

em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados,

na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades,

dispensada, para tanto, autorização especial;

IV - pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for

especialmente relevante para a promoção dos direitos humanos e a

defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, na forma

do inciso LXXIV do art. 5o da Constituição Federal.

Parágrafo único. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas

protegidos por mandado de injunção coletivo são os pertencentes,

indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas ou

determinada por grupo, classe ou categoria.

Algumas observações são importantes:

Primeiro, o rol dos legitimados ativos do mandado de injunção coletivo é maior

do que os legitimados que podem propor mandado de segurança coletivo (art. 21 da

Lei nº 12.016/2009), sendo de se destacar a legitimidade do MP e da Defensoria Pública.

Segundo, os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por mandado

de injunção coletivo são os pertencentes, indistintamente, a uma coletividade

indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou categoria, ou seja, ao

menos pela literalidade da lei, o mandado de injunção não alcança direitos difusos,

estando restrito aos direitos individuais homogêneo e coletivos estrito senso.

Terceiro, a Fazenda Pública (seja federal, estadual ou municipal) não tem

legitimidade ativa no mandado de injunção.

Quanto à legitimidade passiva não há mistério, figurará no polo passivo o Poder,

o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora.

Destaque-se, que se a lei regulamentadora é de iniciativa reservada do chefe do Poder

Executivo, do Supremo Tribunal Federal, do Procurador Geral da República, etc., a

omissão, em princípio, não será do Poder Legislativo, já que os parlamentares não

poderão iniciar o projeto de lei tratando sobre o tema. Em tais casos, se ainda não

houver projeto de lei tramitando no Congresso Nacional, o mandado de injunção deverá

ser impetrado contra o Presidente da República, contra o Presidente do STF ou contra o

PGR para que eles apresentem a proposição ao parlamento.

III – Procedimento do mandado de injunção (arts. 4º ao 8º)

O procedimento do mandado de injunção é disciplinado pelos arts. 4º a 8º da Lei

13.300/2016. Caso a norma não preveja solução para alguma situação, o intérprete

deverá aplicar, subsidiariamente, as regras contidas na Lei do Mandado de Segurança

(Lei nº 12.016/2009) e no novo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015).

O procedimento tem início com o ajuizamento da ação, cuja petição inicial

deverá preencher os requisitos formais estabelecidos no art. 319 do novo Código de

Processo Civil e indicará, além do órgão impetrado, a pessoa jurídica que ele integra ou

aquela a que está vinculado (art. 4º).

Uma vez recebida a petição inicial, será ordenada a notificação do impetrado

sobre o seu conteúdo, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste informações (art.

5º, I).

O órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada deverá ter

ciência do ajuizamento da ação para ingressar no feito, caso queira (art. 5º, II).

Por vezes os documentos necessários à comprovação do direito do autor estão

em poder da autoridade ou de terceiro que se negam a fornecer certidão ou cópia.

Nesses casos, a pedido do impetrante, será ordenada pelo Juiz a exibição do documento

no prazo de 10 (dez) dias (art. 4º, §2º).

A petição inicial do mandado de injunção deverá ser desde logo indeferida

quando a impetração for: (I) manifestamente incabível (ocorre quando faltar algum

pressuposto processual. Aplica-se aqui as hipóteses previstas no art. 330 do CPC/2015);

ou (II) manifestamente improcedente.

No procedimento do mandado de injunção aplica-se também as causas de

improcedência liminar previstas no art. 332 do CPC/2015:

Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz,

independentemente da citação do réu, julgará liminarmente

improcedente o pedido que contrariar:

I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior

Tribunal de Justiça;

II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior

Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;

III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas

repetitivas ou de assunção de competência;

IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.

Antes de indeferir a petição inicial, o magistrado deve aplicar o disposto no art.

321 do CPC/2015, dando oportunidade à parte para sanar o vício.

Se o indeferimento da petição inicial for feito pelo Juiz (em 1ª instância): será

realizado por meio de sentença, que desafia apelação, admitindo-se até que o

magistrado faça juízo de retratação, se assim entender (art. 331 do CPC/2015).

Caso o indeferimento ocorra por decisão monocrática do relator caberá agravo,

em 05 (cinco) dias, da decisão que indeferir a petição inicial. A competência para o seu

julgamento é do órgão colegiado competente para o julgamento da impetração, nos

moldes do que preconiza o parágrafo único do art. 6º.

Por fim, após o fim da fase de apresentação de informações, será ouvido

o Ministério Público, que disporá de 10 (dez) dias para opinar (art. 7º). Cumpre observar

que é admitida a dispensa de manifestação ministerial. Isso pode ocorrer nas hipóteses

em que o MP verificar a existência de interesses unicamente de cunho individual na

demanda, tornando despicienda a emissão de parecer conclusivo.

Concluído o prazo para manifestação do parquet, os autos serão conclusos para

decisão. Na sentença, o magistrado se pronunciará apenas sobre o reconhecimento (ou

não) de mora legislativa. Caso se convença do atraso, concede-se a injunção, fixando-

se prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora

(art. 5º, I).

Impende mencionar que, caso o exercício do direito do impetrante não possa

aguardar a edição dessa norma (o prazo determinado pelo juiz), caberá ao próprio

magistrado estabelecer provisoriamente as condições em que se dará o exercício dos

direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados (art. 5º, II), como uma espécie

de medida liminar.

Assim, regra geral, a Lei nº 13.300/16 determina a adoção da corrente

concretista intermediária (art. 8º, I). Caso o prazo para a edição da norma já tenha sido

dado em outros mandados de injunção anteriormente propostos por outros autores, o

Poder Judiciário poderá veicular uma decisão concretista direta (art. 8º, parágrafo

único).

IV – Eficácia das decisões (arts. 9º ao 11)

A Lei 13.300/16 pretendeu, em seu art. 9º, regulamentar a eficácia das decisões

em mandado de injunção, veja:

Art. 9º A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá

efeitos até o advento da norma regulamentadora.

§ 1º Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão,

quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da

liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração.

§ 2º Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser

estendidos aos casos análogos por decisão monocrática do relator.

§ 3º O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede

a renovação da impetração fundada em outros elementos probatórios.

A eficácia das decisões no mandado de injunção já gerou enorme controvérsia

no âmbito do Supremo Tribunal Federal. Não havia unanimidade quanto ao seu alcance;

ora sendo limitado às próprias partes (inter partes), ora à coletividade em geral (erga

omnes).

A lei 13.300/16 tratou de sepultar essa discussão e filiou-se à tese da teoria

concretista direta, estabelecendo que a decisão terá, em regra, eficácia subjetiva

limitada às partes. No entanto, poderá ser conferida eficácia erga omnes à decisão,

quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da

prerrogativa objeto da impetração.

No mandado de injunção coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente

às pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da

categoria substituídos pelo impetrante.

Note-se, ainda, que transitada em julgado a decisão que julgou procedente o

mandado de injunção, seus efeitos poderão ser estendidos aos casos análogos por

decisão monocrática do relator (art. 9º, § 2º).

Outra relevante norma trazida pela lei diz que o indeferimento do pedido por

insuficiência de prova não impede a renovação da impetração, desde que fundada em

outros elementos probatórios (art. 9º, § 3º).

Finalizando, se deve estar atento ao que dispõe o art. 10:

Art. 10. Sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser

revista, a pedido de qualquer interessado, quando sobrevierem

relevantes modificações das circunstâncias de fato ou de direito.

Parágrafo único. A ação de revisão observará, no que couber, o

procedimento estabelecido nesta Lei.

Observe que não é ação rescisória. O objetivo aqui não é desconstituir a coisa

julgada que foi formada, mas sim o de rediscutir a aplicabilidade da decisão diante da

modificação das circunstâncias de fato e de direito. A revisão da decisão está

condicionada à comprovação de que houve uma mudança relevante nas circunstâncias

de fato ou de direito que motivaram a solução dada pelo Poder Judiciário.

V – Considerações finais

A Lei 13.300/2016 já nasce como forte instrumento de efetividade das

normas constitucionais de eficácia limitada. Além disso, possibilita ao cidadão o

exercício pleno de direitos obstaculizados pela inércia do Poder Legislativo (ou dos

demais poderes quando estes detêm o poder de iniciativa legislativa).

É, sem dúvidas, uma avanço significativo no ordenamento jurídico pátrio, uma

vez que decisões confusas e contraditórias entre si darão lugar a um procedimento claro

e adaptado às novas demandas sociais que exigem rápidos pronunciamentos do

Parlamento.

A lei será objeto de cobrança em diversos concursos, devendo ser objeto intenso

de estudos daquele que pretende prestar a prova da PGM/BH.

DIREITO ADMINISTRATIVO

ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR

Esse tema foi o escolhido para ser destacado, porque, ao contrário dos demais

temas abordados nesta rodada, não é um assunto fácil de ser estudado pelos livros

disponíveis no mercado, o que nos deixou convictos de que um resumo objetivo com os

principais pontos da matéria seria de grande utilidade para nossos alunos.

TERCEIRO SETOR:

No estudo da organização administrativa, são analisadas as pessoas integrantes

da Administração Pública.

Já o estudo das entidades do terceiro setor diz respeito a pessoas que não

integram a Estrutura do Estado. As entidades do terceiro setor são também chamadas

de entes de cooperação ou entidades paraestatais. São chamadas paraestatais porque

atuam AO LADO do Estado (o grego “para” significa ao lado).

CUIDADO! Carvalho Filho chama as empresas estatais de paraestatais. Porém, isso está

equivocado, pois as empresas estatais integram a estrutura do Estado; já as paraestatais

são entidades PRIVADAS que atuam ao lado do Estado e não possuem finalidade

lucrativa. São, portanto, entes privados sem finalidade lucrativa que atuam ao lado do

estado, na execução de serviços de interesse público.

As entidades do terceiro setor são, então, particulares. Elas não integram a

estrutura do Estado, nem como entidades da Administração direta nem como entidades

da Administração indireta. Elas, como dito, atuam ao lado do estado, sem fins lucrativos.

Além de não possuírem fins lucrativos, essas entidades atuam prestando serviços

de utilidade pública, serviços de interesse público, e, por isso, atuam ao lado do Estado,

que fomenta tais atividades, concedendo alguns benefícios públicos às referidas

entidades. Essas entidades recebem tais benefícios e, em troca, submetem-se a

determinadas restrições.

Há cinco espécies de entidades paraestatais: serviço social autônomo; entidade

de apoio; organização social (OS); organização da sociedade civil de interesse público

(OSCIP); e organização da sociedade civil (OSC). Esta última foi criada pela Lei 13.019/14

e não serão abordadas neste texto, por não consta do conteúdo programático do

concurso da PGM/BH.

Essa matéria sofreu recentes alterações pela Lei 13.243/16, o que reforça a

importância do seu estudo.

SERVIÇO SOCIAL AUTÔNOMO:

As entidades de serviço social autônomo integram o chamado Sistema “S”. São,

por exemplo, SESC, SESI, SENAC, SENAI. São as entidades que integram o terceiro setor

e que atuam, basicamente, na assistência, capacitação, ensino a determinadas

categorias profissionais e sociais.

Essas entidades atuam ao lado do estado, sem finalidade lucrativa, auxiliando e

ensinando entidades sociais e categorias profissionais.

Basicamente, o Sistema “S” fomenta as atividades de categorias profissionais e

sociais: capacitação, desporto, lazer etc. (por exemplo, o clube do SESI; o restaurante do

SESC, no qual, quem serve os clientes é quem está treinando para ser garçom e quem

cozinha é quem está treinando para ser chef de cozinha).

Embora sejam atividades privadas que não integram a estrutura do Estado, a

criação de tais entidades depende de autorização de lei. É a lei que autoriza a criação de

cada uma dessas entidades. Tem de haver uma lei específica que autorize a criação

delas.

Essas entidades, em virtude desse vínculo criado com o Estado (há um vínculo,

porque dependem de lei), recebem alguns privilégios públicos.

Assim, primeiramente, essas entidades recebem orçamento público: é possível

que se destine verba orçamentária (dinheiro público) a essas entidades.

Também é possível que essas entidades recebam recursos tributários oriundos

da cobrança de contribuições sociais (o recolhimento é feito pela Secretaria da Receita

Federal do Brasil, sendo os respectivos valores repassados às entidades beneficiárias). E

tributo é dinheiro público.

Assim, seja por meio do recebimento de verbas orçamentárias ou recebimento

de recursos tributários, tais entidades atuam com dinheiro público, elas recebem

dinheiro público para atuar. E, por esse motivo, essas entidades se submetem a

controle: I) quando quiserem celebrar contratos com particulares, precisam realizar

procedimento licitatório (um procedimento licitatório simplificado, e não nos estritos

termos da Lei 8.666 elas devem realizar um procedimento que garanta a

impessoalidade, imparcialidade e isonomia na contratação); e II) submetem-se a

controle pelo Tribunal de Contas (é importante lembrar que o art. 71 da CF/88 define

que o Tribunal de Contas tem o poder de controlar o dinheiro público em geral, esteja

este nas mãos do Estado ou nas mãos de terceiros).

ENTIDADES DE APOIO:

As entidades de apoio podem ser: associações de apoio, fundações de apoio,

cooperativas de apoio. Portanto, a formalização dessa pessoa jurídica varia, podendo

ser associação, fundação, cooperativa etc.

As entidades de apoio são entidades privadas, sem fins lucrativos, que atuam ao

lado de hospitais e universidades públicas. Há vinculação das entidades de apoio com

esses hospitais e universidades públicas.

A princípio, as entidades de apoio atuam ao lado de hospitais e universidades

públicas apoiando os próprios servidores. Elas, muitas vezes, são criadas pelos próprios

servidores, atuando na assistência, na pesquisa, no ensino, na extensão universitária

etc.

Por exemplo, ao lado da Universidade Federal da Bahia, há a FAPEX, que é uma

fundação de apoio que atua, ao lado da universidade, na pesquisa científica, na extensão

universitária.

As entidades de apoio atuam na atividade primordial das entidades apoiadas,

firmando com o poder público um convênio. O vínculo jurídico de tais entidades (criadas

por particulares, sem necessidade de autorização por lei) com o poder público se dá por

meio de um convênio, por meio do qual, a entidade se qualifica como entidade de apoio

e passa a receber recursos públicos.

A princípio, as entidades de apoio podem receber verba orçamentária (dinheiro

público); e podem receber, por cessão, bens e servidores públicos (por exemplo, é

comum que algumas fundações de apoio a universidades atuem dentro das instalações

da universidade e que alguns servidores da universidade atuem nela).

Por conta dos benefícios concedidos pelo Estado, tais entidades se submetem a

algumas restrições a saber: I) para contratar com terceiros, precisam realizar um

procedimento simplificado de licitação (não tem de observar estritamente a Lei 8.666,

mas deve haver um procedimento de seleção); e II) submetem-se a controle, seja o

controle da entidade apoiada, seja o controle do Tribunal de Contas (ao qual se

submetem todas as entidades do terceiro setor).

ORGANIZAÇÃO SOCIAL:

As organizações sociais foram criadas pela Lei 9.637/98.

As OSs são entidades privadas criadas por particulares e que não possuem fins

lucrativos. Tais entidades atuam ao lado do Estado na prestação de serviços públicos

não exclusivos do Estado. São serviços de relevância/utilidade pública não exclusivos de

Estado.

Por atuarem na prestação de serviço público não exclusivo do Estado, elas

recebem alguns benefícios. Para isso, tais entidades firmam com o poder público um

contrato de gestão. O que faz com que tais entidades se qualifiquem como organizações

sociais é a celebração do contrato de gestão.

Por meio do contrato de gestão, a entidade receberá alguns

benefícios/privilégios do poder público, a saber: I) elas podem receber dotação

orçamentária ESPECÍFICA (elas podem ter rubrica orçamentária destinada a elas não

se trata, portanto, de mera transferência de verba orçamentária, mas de uma rubrica

orçamentária específica); II) é possível que bens públicos e servidores públicos sejam

cedidos às OSs.

ATENÇÃO! Existem algumas críticas à possibilidade de cessão de servidores, mas, apesar

das críticas doutrinárias, isso é perfeitamente admissível. O que ocorre é que os

doutrinadores não concebem como haver um empregado privado atuando ao lado de

um servidor que teve de se submeter a concurso público.

Em razão dos benefícios que recebem, tais entidades se submetem a um controle

diferenciado. Além do controle pelo Tribunal de Contas, as OSs se submetem a controle

realizado pela própria entidade com que foi celebrado o contrato de gestão.

Esse controle direto realizado pela entidade do poder público com que foi

celebrado o contrato de gestão se verifica, inclusive, no fato de que a OS tem de ter um

conselho de administração, no qual tem de haver a participação de servidores públicos.

Esses servidores públicos atuam DENTRO da OS (portanto, eles fiscalizam

internamente).

Como se percebe, há um controle mais forte em relação à OS, pelo fato de haver,

dentro de seu conselho de administração, a participação de servidores públicos.

Como dito, as OSs sofrem, também, controle pelo Tribunal de Contas (pois tal

controle é um controle constitucional).

Embora as OSs gozem de vários privilégios públicos, o art. 24, XXIV, da Lei 8.666

dispensa a licitação das OSs. Portanto, apesar de todos os privilégios, as OSs não

precisam licitar, elas gozam de dispensa de licitação para a celebração de seus contratos

decorrentes do contrato de gestão. Essa dispensa de licitação foi muito criticada, mas,

na ADI 1923, o STF, julgando essa ação improcedente, declarou constitucional referido

dispositivo legal. Então, a princípio, é constitucional a contratação com terceiros pelas

OSs sem necessidade de licitação.

“Art. 24. É dispensável a licitação:

(...)

XXIV - para a celebração de contratos de prestação de

serviços com as organizações sociais, qualificadas no

âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades

contempladas no contrato de gestão. (Incluído pela Lei nº

9.648, de 1998)

(...)”

Essa questão gerou bastante discussão doutrinária. E, no ano seguinte, a Lei

9.790/99 criou as OSCIPs.

ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO – OSCIPS:

As OSCIPs foram criadas pela Lei 9.790/99.

O conceito das OSCIPs é muito parecido com o das OSs. A princípio, pode-se dizer

que as OSCIPs são entidades privadas criadas por particulares, sem finalidade lucrativa,

e atuam ao lado do setor público na prestação de serviços públicos não exclusivos de

Estado (e isso foi exatamente o que se disse no início do estudo das OSs).

Pelo fato de prestarem serviços de utilidade pública e por terem finalidade

pública e não lucrativa, as OSCIPs podem firmar termo de parceria com o poder público.

E, por meio da celebração do termo de parceria, essa entidade privada sem fins

lucrativos qualifica-se como OSCIP.

Quando a entidade privada se qualifica como OSCIP, ela recebe alguns benefícios

do poder público. No entanto, o termo de parceria é bem menos generoso do que o

contrato de gestão (das OSs). O que o termo de parceria permite é que se destine verba

orçamentária à OSCIP: não há rubrica orçamentária específica para as OSCIPs, mas a

verba orçamentária destinada à área de atuação da OSCIP pode ser fatiada, destinando-

se uma fatia à OSCIP.

Por receber recurso orçamentário, a OSCIP se submete a controle: controle pelo

Tribunal de Contas; controle pela entidade da Administração Pública com que foi

celebrado o termo de parceria. O controle sobre a OSCIP é externo, não havendo

servidor participando do conselho diretivo (conselho de administração) da OSCIP.

Como tais entidades recebem dinheiro público, elas precisam, necessariamente,

ao celebrar contratos, realizar licitação. Esse procedimento licitatório, no entanto, é um

procedimento simplificado, não sendo um procedimento nos termos exatos da Lei

8.666.

CUIDADO! Não é obrigatória a realização de licitação para a celebração do termo de

parceria. Isso porque o termo de parceria, assim como o contrato de gestão, tem

natureza de convênio, e não de contrato. Veja-se que, em um contrato, os interesses

das partes são divergentes (cada parte pretende obter uma coisa diversa com a avença),

enquanto, em um convênio, os interesses dos convenentes são convergentes. Assim,

para a celebração do termo de parceria, não é necessário licitar.

Porém, depois que é celebrado o termo de parceria e a entidade privada é

qualificada como OSCIP, esta, para celebrar contratos com terceiros, deve licitar, não

havendo dispensa de licitação (e o rol de dispensas da Lei 8.666 é taxativo, não

admitindo ampliação).

A lei estabelece algumas restrições, dispondo que não é possível celebrar termo

de parceria com:

- Entidades religiosas;

- Sociedades empresárias (e entidades que tenham finalidade lucrativa em geral);

- Cooperativas de trabalho;

- Sindicatos;

- OSs (quem já é OS não pode ser OSCIP quem celebrou contrato de gestão não pode

se qualificar como OSCIP); e

- Partidos políticos.

Se a entidade cumprir todos os requisitos legais e houver dinheiro público, ela

tem direito à celebração do termo de parceria. Trata-se de ato vinculado. A lei dá a

entender que a celebração do termo de parceria é ato vinculado, havendo direito

subjetivo da entidade que preencher todos os requisitos legais (desde que haja previsão

orçamentária e recursos financeiros).

Atualmente, discute-se a possibilidade de as OSCIPs remunerarem seus

dirigentes. Essas entidades podem remunerar seus dirigentes? CUIDADO! Deve-se ter

cuidado para que isso não configure distribuição de lucro. Isso porque tais entidades

não possuem finalidade lucrativa, de modo que o excedente deve ser reinvestido nas

suas próprias finalidades. No entanto, se os seus dirigentes forem empregados regidos

pela CLT, com contrato regularmente celebrado, é possível que se pague remuneração

a eles. Essa remuneração não pode ser variável, tem de ser fixa (pois, se for variável,

pode acabar mascarando a distribuição de lucro) e tem de ser decorrente de uma

relação de emprego regida pela CLT, além de observar as demais normas legais.

DIREITO FINANCEIRO

LIMITE DE GASTOS COM PESSOAL – ASSUNTO DA LRF MAIS

COBRADO EM PROVAS

O Edital para a PGM/BH prevê a cobrança integral da LRF, assim, é possível que

qualquer dos dispositivos da norma pode ser objeto de avaliação. No entanto, fazer

concurso também requer estratégia, nesse caso, estratégia significa priorizar aqueles

assuntos mais recorrentes nas provas.

Assim, embora se recomende a leitura integral da LRF, a “Seção II – Das Despesas

com Pessoal” deve ser estudada com atenção redobrada, afinal, é o assunto mais

cobrando em provas de direito financeiro para advocacia pública e, como visto nas

questões comentadas, o CESPE faz diversas questões cobrando a “lei seca” nessa

matéria.

I – Conceito de despesas com pessoal

O objetivo primordial da LRF é fazer com que o Gestor aja com planejamento e

transparência, a fim de evitar surpresas, prevenir riscos e corrigir desvios capazes de

afetar o equilíbrio orçamentário. Daí que, imprescindível para atingir esse equilíbrio, é

o estabelecimento de metas, seja em relação às receitas, seja em relação às despesas.

Nesse campo, a LRF se preocupou em traçar minuciosos detalhes, a fim de evitar o

excesso de despesas com pessoal.

O conceito de despesas com pessoal está claramente definido no caput do art.

18 da LRF (recomenda-se fortemente e memorização desse dispositivo):

Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como

despesa total com pessoal: o somatório dos gastos do ente da

Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a

mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de

membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais

como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos

da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais,

gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza,

bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às

entidades de previdência.

§ 1º Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra que se

referem à substituição de servidores e empregados públicos serão

contabilizados como "Outras Despesas de Pessoal".

§ 2º A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada

no mês em referência com as dos onze imediatamente anteriores,

adotando-se o regime de competência.

Note que o dispositivo legal foi bastante exaustivo ao configurar como despesa

de pessoal todas as espécies de gastos que tenham alguma relação com servidores

públicos (ativos e inativos), empregados públicos e terceirizados. No entanto, como não

poderia deixar de ser, não entram no conceito de despesas com pessoal as

consideradas indenizatórias, como o auxílio-alimentação, auxílio-transporte, diárias,

ajuda de custo, dentre outras.

Questão recorrente em provas é: contratos de terceirização de mão-de-obra

entram no cômputo de despesas com pessoal?

SIM! Entra no cômputo de despesa de pessoal o gasto com os contratos de

terceirização de mão-de-obra que se referem à substituição de servidores e

empregados públicos. Tais despesas são contabilizadas como "outras despesas de

pessoal".

A ampliação do alcance dos gastos de pessoal se deu porque era prática comum

nos entes da federação a realização de contratos de fornecimento de mão-de-obra para

execução de serviços públicos, mormente os de caráter permanente, contabilizando-se

tais despesas como ''serviços de terceiros", ficando, portanto, fora das despesas de

pessoal.

Agindo assim, a Administração confundia fim com o meio e terceirizava a mão-

de-obra, substituindo servidores e empregados públicos, em verdadeira buda à LRF, que

dedicou especial atenção às despesas de pessoal, maior responsável pelo desequilíbrio

das contas públicas. Ocorre que, pela redação do § 1°, tais despesas devem ser

contabilizadas como "outras despesas de pessoal", incluindo-as, portanto, no rol de

despesas de pessoal para efeitos dos limites fixados nos arts. 19 e 20.

II – Limites de gastos

O art. 19 traz os limites globais da despesa pública. Impõe que para a União não

serão ultrapassados 50% da receita corrente líquida, enquanto aos Estados e

Municípios foram atribuídos 60%. Vale a leitura atenta de todo o art. 19:

Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição,

a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada

ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita

corrente líquida, a seguir discriminados:

I - União: 50% (cinqüenta por cento);

II - Estados: 60% (sessenta por cento);

III - Municípios: 60% (sessenta por cento).

Esse limite de despesa tem como referência a despesa do mês analisado (mês

em referência) com as dos últimos onze meses imediatamente anteriores. Aqui a

importância do parâmetro, pois não se analisa pura e simplesmente a despesa do ano

civil.

Importante, ainda, memorizar as exceções trazidas pelo § 1º do mesmo artigo:

§ 1º Na verificação do atendimento dos limites definidos neste artigo,

não serão computadas as despesas:

I - de indenização por demissão de servidores ou empregados;

II - relativas a incentivos à demissão voluntária;

III - derivadas da aplicação do disposto no inciso II do § 6o do art. 57

da Constituição;

IV - decorrentes de decisão judicial e da competência de período

anterior ao da apuração a que se refere o § 2o do art. 18;

V - com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e Roraima,

custeadas com recursos transferidos pela União na forma dos incisos

XIII e XIV do art. 21 da Constituição e do art. 31 da Emenda

Constitucional no 19;

VI - com inativos, ainda que por intermédio de fundo específico,

custeadas por recursos provenientes:

a) da arrecadação de contribuições dos segurados;

b) da compensação financeira de que trata o § 9o do art. 201 da

Constituição;

c) das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado a

tal finalidade, inclusive o produto da alienação de bens, direitos e

ativos, bem como seu superávit financeiro.

§ 2º Observado o disposto no inciso IV do § 1º, as despesas com

pessoal decorrentes de sentenças judiciais serão incluídas no limite do

respectivo Poder ou órgão referido no art. 20

O art. 20 informa os percentuais que cada órgão ou poder deve se adstringir

quanto aos gastos de pessoal. Assim, a responsabilidade que outrora era apenas do

Executivo, que devia controlar gastos de pessoal inclusive de outros poderes, passou a

ser compartilhada com os demais órgãos e poderes.

Parcela da doutrina reputa o art. 20 inconstitucional, porque define os

percentuais de receita a serem distribuídos para os poderes. Isso ofenderia o princípio

da divisão de poderes, visto que os entes possuem autonomia para administração de

pessoal. Desrespeitar-se-ia, então, o disposto no art. 24, § 1º, da CF.

Conforme Kiyoshi Harada, o art. 20, da LC nº 101/2000, não pode ser eivado de

inconstitucionalidade. Se assim o fosse, o Poder Executivo seria o único a vincular-se ao

limite imposto, em respeito ao princípio da separação dos poderes. Os demais outros

superariam os limites globais impostos pelo art. 19, da LRF. Contudo, como se sabe, os

poderes são independentes e autônomos, razão pela qual a Lei de Responsabilidade

Fiscal deverá impor limites aos Poderes Legislativo e Judiciário, já que é imposta à toda

Administração Pública.

Ao se deparar com esta arguição de inconstitucionalidade, o Supremo Tribunal

Federal decidiu pelo indeferimento do pedido, ante o argumento de que o art. 169 da

Carta Magna não veda que se faça uma distribuição entre os Poderes dos limites de

despesa com pessoal. Pelo contrário, para tornar eficaz o limite, há de se dividir

internamente as responsabilidades. (ADI-MC 2238 / DF - DISTRITO FEDERAL MEDIDA

CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. ILMAR

GALVÃO Julgamento: 09/08/2007)

Veja a redação do art. 20, com especial destaque para a esfera municipal:

Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder

os seguintes percentuais:

I - na esfera federal:

a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o Legislativo,

incluído o Tribunal de Contas da União;

b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;

c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para o

Executivo, destacando-se 3% (três por cento) para as despesas com

pessoal decorrentes do que dispõem os incisos XIII e XIV do art. 21 da

Constituição e o art. 31 da Emenda Constitucional no 19, repartidos de

forma proporcional à média das despesas relativas a cada um destes

dispositivos, em percentual da receita corrente líquida, verificadas nos

três exercícios financeiros imediatamente anteriores ao da publicação

desta Lei Complementar; (Vide Decreto nº 3.917, de 2001)

d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Público da União;

II - na esfera estadual:

a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas

do Estado;

b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;

c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo;

d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Estados;

III - na esfera municipal:

a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas

do Município, quando houver;

b) 54% (cinqüenta e quatro por cento) para o Executivo.

Ainda, algumas observações sobre a despesa de pessoal do Legislativo Municipal.

No ponto, pertinente registrar a redação constitucional sobre o rema:

Art. 29-A.

§ 1 A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cento de sua

receita com folha de pagamento, incluído o gaste com o subsídio de

seus Vereadores.

Sendo assim, o gasto com folha de pagamento da Câmara deve ser inferior a 70%

da sua receita, valor este sobre os percentuais do caput do mesmo art. 29-A da CF.

A amplitude dada pelo art. 18 da LRF ao conceito de pessoal deve igualmente ser

aplicada no Legislativo municipal. Assim, deve-se considerar folha de pagamento a

despesa com pessoal que ocorre ordinariamente, indiferente à nomenclatura que lhe

for dada, abarcando os subsídios, as remunerações dos servidores, encargos sociais,

verba de representação do presidente, vale alimentação, gastos com inativos, dentre

outros.

III – Controle da despesa com pessoal

Para a análise do controle da despesa total com pessoal, cumpre transcrever o

art. 21 da LC 101/2000:

Art. 21. É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da

despesa com pessoal e não atenda:

I - as exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar, e o disposto

no inciso XIII do art. 37 e no § 1o do art. 169 da Constituição;

II - o limite legal de comprometimento aplicado às despesas com

pessoal inativo.

Parágrafo único. Também é nulo de pleno direito o ato de que resulte

aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias

anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou

órgão referido no art. 20.

Como ensina Di Pietro, “a expressão nulidade de pleno direito é utilizada quando

a própria lei já define, com precisão, os vícios que atingem o ato, gerando nulidade que

cabe à autoridade competente apenas declarar, independentemente de provocação.

Não se trata de nulidade relativa, passível de convalidação, mas de nulidade absoluta”.

Os arts. 16 e 17 da LC 101/2000 impõem sejam realizados demonstrativos do

impacto orçamentário-financeiro. Já o inciso XIII do art. 37 da CF, como se sabe, veda a

vinculação ou equiparação de qualquer espécie remuneratória para efeito de

remuneração de pessoal do serviço público.

Ademais, o parágrafo único do art. 21, da LRF, impinge de nulidade a majoração

de despesa com pessoal expedida nos cento e oitenta dias anteriores ao final do

mandato do titular do Poder. A razão de ser deste dispositivo é impossibilitar o

comprometimento do orçamento subsequente, o que prejudicaria o mandato posterior.

Superado o art. 21, da LRF, passa-se a analisar o seu art. 22, aqui transcrito:

Art. 22. A verificação do cumprimento dos limites estabelecidos nos

arts. 19 e 20 será realizada ao final de cada quadrimestre.

Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95%

(noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou órgão

referido no art. 20 que houver incorrido no excesso:

I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de

remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial

ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão prevista

no inciso X do art. 37 da Constituição;

II - criação de cargo, emprego ou função;

III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de

despesa;

IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal

a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria

ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e

segurança;

V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II do

§ 6o do art. 57 da Constituição e as situações previstas na lei de

diretrizes orçamentárias.

Esse artigo cria o conhecido “limite prudencial”, que é atingido quando a

despesa com pessoal exceder a 95% do limite de cada órgão ou Poder. Nessa hipótese,

os Tribunais de Contas notificam o Gestor e, a partir daí, a LRF traz as vedações previstas

nos incisos.

O último artigo referente ao controle da despesa total com pessoal é o art. 23:

Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no

art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo

das medidas previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser

eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um

terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as providências previstas

nos §§ 3º e 4o do art. 169 da Constituição.

§ 1º No caso do inciso I do § 3º do art. 169 da Constituição, o objetivo

poderá ser alcançado tanto pela extinção de cargos e funções quanto

pela redução dos valores a eles atribuídos. (Vide ADIN 2.238-5)

§ 2º É facultada a redução temporária da jornada de trabalho com

adequação dos vencimentos à nova carga horária.(Vide ADIN 2.238-5)

§ 3º Não alcançada a redução no prazo estabelecido, e enquanto

perdurar o excesso, o ente não poderá:

I - receber transferências voluntárias;

II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente;

III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao

refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das

despesas com pessoal.

§ 4º As restrições do § 3º aplicam-se imediatamente se a despesa total

com pessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre do último ano

do mandato dos titulares de Poder ou órgão referidos no art. 20.

Na forma do caput, deverá haver, inicialmente, uma redução em 20% das

despesas com cargos em comissão, exoneração dos não estáveis e perda do cargo dos

estáveis. Na hipótese destas medidas não reduzirem a despesa com pessoal para abaixo

do limite, deverão ser exonerados os servidores estáveis.

A verificação do cumprimento dos limites é feita ao final de cada 4 (quatro)

meses. Assim, se ao final de quatro meses for apurada a superação do limite, haverá a

recondução nos próximos 2 quadrimestres, sendo pelo menos 1/3 no primeiro

quadrimestre.

Esse prazo não é observado quando:

a despesa total com pessoal exceder o limite no primeiro

quadrimestre do último ano do mandato dos titulares de poder

ou órgão - nesse caso, reduz-se o prazo para um quadrimestre;

em caso de calamidade pública reconhecida pelo Congresso

Nacional, em relação à União, e pela Assembleia legislativa, em

relação a Estados e Municípios, e enquanto perdurar a

situação, será suspensa a contagem dos prazos (art. 65);

em caso de crescimento real baixo ou negativo do PIB nacional,

regional ou estadual por período igual ou superior a quatro

trimestres, os prazos do artigo serão duplicados.

Vistos os principais aspectos relativos às limitações às despesas com pessoal na

LRF, vale novamente fazer a ressalva. Ter uma boa estratégia de estudos é fundamental

para conseguir a aprovação, assim, é importante focar os temas principais e dedicar

especial atenção aos mesmos.

Em se tratando de LRF em concursos para procuradoria municipal, o limite de

gastos com pessoal é certamente o tema que merece maior cuidado.

PARA DECORAR

DIREITO CONSTITUCIONAL

Os arts. 5º a 17 da CR/88 de leitura OBRIGATÓRIA! E melhor será se o

candidato os tiver na ponta da língua. Então, recomendo que a leitura seja feita à

exaustão. Devido ao enorme tamanho, colaremos aqui apenas alguns desses

dispositivos, contudo, recomenda-se a leitura integral no seu vade mecum.

Além desses dispositivos constitucional, recomenda-se a leitura da Lei do

Mandado de Segurança (Lei 12.016) e da Lei do Mando de Injunção (Lei 13.300), pois,

além de questões em Direito Constitucional, essas leis ainda garantem alguns acertos

em Direito Processual Civil.

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o

seguinte:

I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de

sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao

Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;

II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em

qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica,

na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou

empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um

Município;

III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou

individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou

administrativas;

IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de

categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do

sistema confederativo da representação sindical respectiva,

independentemente da contribuição prevista em lei;

V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;

VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações

coletivas de trabalho;

VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas

organizações sindicais;

VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do

registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e,

se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo

se cometer falta grave nos termos da lei.

Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização

de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as

condições que a lei estabelecer.

Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores

decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que

devam por meio dele defender.

§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o

atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.

§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.

Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores

nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses

profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e

deliberação.

Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada

a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de

promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.

Art. 12. São brasileiros:

I - natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais

estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde

que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira,

desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou

venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em

qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade

brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007)

II - naturalizados:

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas

aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por

um ano ininterrupto e idoneidade moral;

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República

Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem

condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade

brasileira. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3,

de 1994)

§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver

reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos

inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta

Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº

3, de 1994)

§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e

naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.

§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:

I - de Presidente e Vice-Presidente da República;

II - de Presidente da Câmara dos Deputados;

III - de Presidente do Senado Federal;

IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;

V - da carreira diplomática;

VI - de oficial das Forças Armadas.

VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda

Constitucional nº 23, de 1999)

§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude

de atividade nociva ao interesse nacional;

II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Redação dada pela

Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei

estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de

1994)

b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro

residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em

seu território ou para o exercício de direitos civis;

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo

voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei,

mediante:

I - plebiscito;

II - referendo;

III - iniciativa popular.

§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:

I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;

II - facultativos para:

a) os analfabetos;

b) os maiores de setenta anos;

c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o

período do serviço militar obrigatório, os conscritos.

§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:

I - a nacionalidade brasileira;

II - o pleno exercício dos direitos políticos;

III - o alistamento eleitoral;

IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;

V - a filiação partidária;

VI - a idade mínima de:

a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e

Senador;

b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do

Distrito Federal;

c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou

Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;

d) dezoito anos para Vereador.

§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do

Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído

no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período

subseqüente.

§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os

Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem

renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.

§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os

parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção,

do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do

Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos

seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e

candidato à reeleição.

§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:

I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da

atividade;

II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade

superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação,

para a inatividade.

§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e

os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade

administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada

vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das

eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do

exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou

indireta. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 4,

de 1994)

§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral

no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com

provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.

§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de

justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de

manifesta má-fé.

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou

suspensão só se dará nos casos de:

I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;

II - incapacidade civil absoluta;

III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem

seus efeitos;

IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação

alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;

V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data

de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da

data de sua vigência.

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos

políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o

pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e

observados os seguintes preceitos: Regulamento

I - caráter nacional;

II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou

governo estrangeiros ou de subordinação a estes;

III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;

IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua

estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os

critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem

obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito

nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos

estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada

pela Emenda Constitucional nº 52, de 2006)

§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na

forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior

Eleitoral.

§ 3º Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e

acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei.

§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização

paramilitar.

DIREITO ADMINISTRATIVO

Como a maioria os textos legais sobre a matéria estudada nesta rodada já

são bastante conhecidos e não tão ricos em detalhes, entendemos que, em consonância

com o objetivo do RevisadaPGMBH (que é servir como um bom e objetivo complemento

de estudo), a melhor sugestão possível, aqui, é a de leitura do Título I do Estatuto

Jurídico das Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista (Lei 13.303/16):

“TÍTULO I

DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS ÀS EMPRESAS PÚBLICAS E ÀS SOCIEDADES

DE ECONOMIA MISTA

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1o Esta Lei dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública,

da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, abrangendo

toda e qualquer empresa pública e sociedade de economia mista da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que explore

atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de

prestação de serviços, ainda que a atividade econômica esteja sujeita

ao regime de monopólio da União ou seja de prestação de serviços

públicos.

§ 1o O Título I desta Lei, exceto o disposto nos arts. 2o, 3o, 4o, 5o, 6o,

7o, 8o, 11, 12 e 27, não se aplica à empresa pública e à sociedade de

economia mista que tiver, em conjunto com suas respectivas

subsidiárias, no exercício social anterior, receita operacional bruta

inferior a R$ 90.000.000,00 (noventa milhões de reais).

§ 2o O disposto nos Capítulos I e II do Título II desta Lei aplica-se

inclusive à empresa pública dependente, definida nos termos do inciso

III do art. 2o da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, que

explore atividade econômica, ainda que a atividade econômica esteja

sujeita ao regime de monopólio da União ou seja de prestação de

serviços públicos.

§ 3o Os Poderes Executivos poderão editar atos que estabeleçam

regras de governança destinadas às suas respectivas empresas

públicas e sociedades de economia mista que se enquadrem na

hipótese do § 1o, observadas as diretrizes gerais desta Lei.

§ 4o A não edição dos atos de que trata o § 3o no prazo de 180 (cento

e oitenta) dias a partir da publicação desta Lei submete as respectivas

empresas públicas e sociedades de economia mista às regras de

governança previstas no Título I desta Lei.

§ 5o Submetem-se ao regime previsto nesta Lei a empresa pública e a

sociedade de economia mista que participem de consórcio, conforme

disposto no art. 279 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, na

condição de operadora.

§ 6o Submete-se ao regime previsto nesta Lei a sociedade, inclusive a

de propósito específico, que seja controlada por empresa pública ou

sociedade de economia mista abrangidas no caput.

§ 7o Na participação em sociedade empresarial em que a empresa

pública, a sociedade de economia mista e suas subsidiárias não

detenham o controle acionário, essas deverão adotar, no dever de

fiscalizar, práticas de governança e controle proporcionais à

relevância, à materialidade e aos riscos do negócio do qual são

partícipes, considerando, para esse fim:

I - documentos e informações estratégicos do negócio e demais

relatórios e informações produzidos por força de acordo de acionistas

e de Lei considerados essenciais para a defesa de seus interesses na

sociedade empresarial investida;

II - relatório de execução do orçamento e de realização de

investimentos programados pela sociedade, inclusive quanto ao

alinhamento dos custos orçados e dos realizados com os custos de

mercado;

III - informe sobre execução da política de transações com partes

relacionadas;

IV - análise das condições de alavancagem financeira da sociedade;

V - avaliação de inversões financeiras e de processos relevantes de

alienação de bens móveis e imóveis da sociedade;

VI - relatório de risco das contratações para execução de obras,

fornecimento de bens e prestação de serviços relevantes para os

interesses da investidora;

VII - informe sobre execução de projetos relevantes para os interesses

da investidora;

VIII - relatório de cumprimento, nos negócios da sociedade, de

condicionantes socioambientais estabelecidas pelos órgãos

ambientais;

IX - avaliação das necessidades de novos aportes na sociedade e dos

possíveis riscos de redução da rentabilidade esperada do negócio;

X - qualquer outro relatório, documento ou informação produzido pela

sociedade empresarial investida considerado relevante para o

cumprimento do comando constante do caput.

Art. 2o A exploração de atividade econômica pelo Estado será exercida

por meio de empresa pública, de sociedade de economia mista e de

suas subsidiárias.

§ 1o A constituição de empresa pública ou de sociedade de economia

mista dependerá de prévia autorização legal que indique, de forma

clara, relevante interesse coletivo ou imperativo de segurança

nacional, nos termos do caput do art. 173 da Constituição Federal.

§ 2o Depende de autorização legislativa a criação de subsidiárias de

empresa pública e de sociedade de economia mista, assim como a

participação de qualquer delas em empresa privada, cujo objeto social

deve estar relacionado ao da investidora, nos termos do inciso XX do

art. 37 da Constituição Federal.

§ 3o A autorização para participação em empresa privada prevista no

§ 2o não se aplica a operações de tesouraria, adjudicação de ações em

garantia e participações autorizadas pelo Conselho de Administração

em linha com o plano de negócios da empresa pública, da sociedade

de economia mista e de suas respectivas subsidiárias.

Art. 3o Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica

de direito privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio

próprio, cujo capital social é integralmente detido pela União, pelos

Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios.

Parágrafo único. Desde que a maioria do capital votante permaneça

em propriedade da União, do Estado, do Distrito Federal ou do

Município, será admitida, no capital da empresa pública, a

participação de outras pessoas jurídicas de direito público interno,

bem como de entidades da administração indireta da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Art. 4o Sociedade de economia mista é a entidade dotada de

personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por

lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto

pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal,

aos Municípios ou a entidade da administração indireta.

§ 1o A pessoa jurídica que controla a sociedade de economia mista

tem os deveres e as responsabilidades do acionista controlador,

estabelecidos na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e deverá

exercer o poder de controle no interesse da companhia, respeitado o

interesse público que justificou sua criação.

§ 2o Além das normas previstas nesta Lei, a sociedade de economia

mista com registro na Comissão de Valores Mobiliários sujeita-se às

disposições da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976.

CAPÍTULO II

DO REGIME SOCIETÁRIO DA EMPRESA PÚBLICA E DA SOCIEDADE DE

ECONOMIA MISTA

Seção I

Das Normas Gerais

Art. 5o A sociedade de economia mista será constituída sob a forma

de sociedade anônima e, ressalvado o disposto nesta Lei, estará sujeita

ao regime previsto na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976.

Art. 6o O estatuto da empresa pública, da sociedade de economia

mista e de suas subsidiárias deverá observar regras de governança

corporativa, de transparência e de estruturas, práticas de gestão de

riscos e de controle interno, composição da administração e, havendo

acionistas, mecanismos para sua proteção, todos constantes desta Lei.

Art. 7o Aplicam-se a todas as empresas públicas, as sociedades de

economia mista de capital fechado e as suas subsidiárias as

disposições da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e as normas

da Comissão de Valores Mobiliários sobre escrituração e elaboração

de demonstrações financeiras, inclusive a obrigatoriedade de

auditoria independente por auditor registrado nesse órgão.

Art. 8o As empresas públicas e as sociedades de economia mista

deverão observar, no mínimo, os seguintes requisitos de

transparência:

I - elaboração de carta anual, subscrita pelos membros do Conselho de

Administração, com a explicitação dos compromissos de consecução

de objetivos de políticas públicas pela empresa pública, pela sociedade

de economia mista e por suas subsidiárias, em atendimento ao

interesse coletivo ou ao imperativo de segurança nacional que

justificou a autorização para suas respectivas criações, com definição

clara dos recursos a serem empregados para esse fim, bem como dos

impactos econômico-financeiros da consecução desses objetivos,

mensuráveis por meio de indicadores objetivos;

II - adequação de seu estatuto social à autorização legislativa de sua

criação;

III - divulgação tempestiva e atualizada de informações relevantes, em

especial as relativas a atividades desenvolvidas, estrutura de controle,

fatores de risco, dados econômico-financeiros, comentários dos

administradores sobre o desempenho, políticas e práticas de

governança corporativa e descrição da composição e da remuneração

da administração;

IV - elaboração e divulgação de política de divulgação de informações,

em conformidade com a legislação em vigor e com as melhores

práticas;

V - elaboração de política de distribuição de dividendos, à luz do

interesse público que justificou a criação da empresa pública ou da

sociedade de economia mista;

VI - divulgação, em nota explicativa às demonstrações financeiras, dos

dados operacionais e financeiros das atividades relacionadas à

consecução dos fins de interesse coletivo ou de segurança nacional;

VII - elaboração e divulgação da política de transações com partes

relacionadas, em conformidade com os requisitos de competitividade,

conformidade, transparência, equidade e comutatividade, que deverá

ser revista, no mínimo, anualmente e aprovada pelo Conselho de

Administração;

VIII - ampla divulgação, ao público em geral, de carta anual de

governança corporativa, que consolide em um único documento

escrito, em linguagem clara e direta, as informações de que trata o

inciso III;

IX - divulgação anual de relatório integrado ou de sustentabilidade.

§ 1o O interesse público da empresa pública e da sociedade de

economia mista, respeitadas as razões que motivaram a autorização

legislativa, manifesta-se por meio do alinhamento entre seus objetivos

e aqueles de políticas públicas, na forma explicitada na carta anual a

que se refere o inciso I do caput.

§ 2o Quaisquer obrigações e responsabilidades que a empresa pública

e a sociedade de economia mista que explorem atividade econômica

assumam em condições distintas às de qualquer outra empresa do

setor privado em que atuam deverão:

I - estar claramente definidas em lei ou regulamento, bem como

previstas em contrato, convênio ou ajuste celebrado com o ente

público competente para estabelecê-las, observada a ampla

publicidade desses instrumentos;

II - ter seu custo e suas receitas discriminados e divulgados de forma

transparente, inclusive no plano contábil.

§ 3o Além das obrigações contidas neste artigo, as sociedades de

economia mista com registro na Comissão de Valores Mobiliários

sujeitam-se ao regime informacional estabelecido por essa autarquia

e devem divulgar as informações previstas neste artigo na forma

fixada em suas normas.

§ 4o Os documentos resultantes do cumprimento dos requisitos de

transparência constantes dos incisos I a IX do caput deverão ser

publicamente divulgados na internet de forma permanente e

cumulativa.

Art. 9o A empresa pública e a sociedade de economia mista adotarão

regras de estruturas e práticas de gestão de riscos e controle interno

que abranjam:

I - ação dos administradores e empregados, por meio da

implementação cotidiana de práticas de controle interno;

II - área responsável pela verificação de cumprimento de obrigações e

de gestão de riscos;

III - auditoria interna e Comitê de Auditoria Estatutário.

§ 1o Deverá ser elaborado e divulgado Código de Conduta e

Integridade, que disponha sobre:

I - princípios, valores e missão da empresa pública e da sociedade de

economia mista, bem como orientações sobre a prevenção de conflito

de interesses e vedação de atos de corrupção e fraude;

II - instâncias internas responsáveis pela atualização e aplicação do

Código de Conduta e Integridade;

III - canal de denúncias que possibilite o recebimento de denúncias

internas e externas relativas ao descumprimento do Código de

Conduta e Integridade e das demais normas internas de ética e

obrigacionais;

IV - mecanismos de proteção que impeçam qualquer espécie de

retaliação a pessoa que utilize o canal de denúncias;

V - sanções aplicáveis em caso de violação às regras do Código de

Conduta e Integridade;

VI - previsão de treinamento periódico, no mínimo anual, sobre Código

de Conduta e Integridade, a empregados e administradores, e sobre a

política de gestão de riscos, a administradores.

§ 2o A área responsável pela verificação de cumprimento de

obrigações e de gestão de riscos deverá ser vinculada ao diretor-

presidente e liderada por diretor estatutário, devendo o estatuto

social prever as atribuições da área, bem como estabelecer

mecanismos que assegurem atuação independente.

§ 3o A auditoria interna deverá:

I - ser vinculada ao Conselho de Administração, diretamente ou por

meio do Comitê de Auditoria Estatutário;

II - ser responsável por aferir a adequação do controle interno, a

efetividade do gerenciamento dos riscos e dos processos de

governança e a confiabilidade do processo de coleta, mensuração,

classificação, acumulação, registro e divulgação de eventos e

transações, visando ao preparo de demonstrações financeiras.

§ 4o O estatuto social deverá prever, ainda, a possibilidade de que a

área de compliance se reporte diretamente ao Conselho de

Administração em situações em que se suspeite do envolvimento do

diretor-presidente em irregularidades ou quando este se furtar à

obrigação de adotar medidas necessárias em relação à situação a ele

relatada.

Art. 10. A empresa pública e a sociedade de economia mista deverão

criar comitê estatutário para verificar a conformidade do processo de

indicação e de avaliação de membros para o Conselho de

Administração e para o Conselho Fiscal, com competência para auxiliar

o acionista controlador na indicação desses membros.

Parágrafo único. Devem ser divulgadas as atas das reuniões do comitê

estatutário referido no caput realizadas com o fim de verificar o

cumprimento, pelos membros indicados, dos requisitos definidos na

política de indicação, devendo ser registradas as eventuais

manifestações divergentes de conselheiros.

Art. 11. A empresa pública não poderá:

I - lançar debêntures ou outros títulos ou valores mobiliários,

conversíveis em ações;

II - emitir partes beneficiárias.

Art. 12. A empresa pública e a sociedade de economia mista deverão:

I - divulgar toda e qualquer forma de remuneração dos

administradores;

II - adequar constantemente suas práticas ao Código de Conduta e

Integridade e a outras regras de boa prática de governança

corporativa, na forma estabelecida na regulamentação desta Lei.

Parágrafo único. A sociedade de economia mista poderá solucionar,

mediante arbitragem, as divergências entre acionistas e a sociedade,

ou entre acionistas controladores e acionistas minoritários, nos

termos previstos em seu estatuto social.

Art. 13. A lei que autorizar a criação da empresa pública e da

sociedade de economia mista deverá dispor sobre as diretrizes e

restrições a serem consideradas na elaboração do estatuto da

companhia, em especial sobre:

I - constituição e funcionamento do Conselho de Administração,

observados o número mínimo de 7 (sete) e o número máximo de 11

(onze) membros;

II - requisitos específicos para o exercício do cargo de diretor,

observado o número mínimo de 3 (três) diretores;

III - avaliação de desempenho, individual e coletiva, de periodicidade

anual, dos administradores e dos membros de comitês, observados os

seguintes quesitos mínimos:

a) exposição dos atos de gestão praticados, quanto à licitude e à

eficácia da ação administrativa;

b) contribuição para o resultado do exercício;

c) consecução dos objetivos estabelecidos no plano de negócios e

atendimento à estratégia de longo prazo;

IV - constituição e funcionamento do Conselho Fiscal, que exercerá

suas atribuições de modo permanente;

V - constituição e funcionamento do Comitê de Auditoria Estatutário;

VI - prazo de gestão dos membros do Conselho de Administração e dos

indicados para o cargo de diretor, que será unificado e não superior a

2 (dois) anos, sendo permitidas, no máximo, 3 (três) reconduções

consecutivas;

VII – (VETADO);

VIII - prazo de gestão dos membros do Conselho Fiscal não superior a

2 (dois) anos, permitidas 2 (duas) reconduções consecutivas.

Seção II

Do Acionista Controlador

Art. 14. O acionista controlador da empresa pública e da sociedade de

economia mista deverá:

I - fazer constar do Código de Conduta e Integridade, aplicável à alta

administração, a vedação à divulgação, sem autorização do órgão

competente da empresa pública ou da sociedade de economia mista,

de informação que possa causar impacto na cotação dos títulos da

empresa pública ou da sociedade de economia mista e em suas

relações com o mercado ou com consumidores e fornecedores;

II - preservar a independência do Conselho de Administração no

exercício de suas funções;

III - observar a política de indicação na escolha dos administradores e

membros do Conselho Fiscal.

Art. 15. O acionista controlador da empresa pública e da sociedade de

economia mista responderá pelos atos praticados com abuso de

poder, nos termos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976.

§ 1o A ação de reparação poderá ser proposta pela sociedade, nos

termos do art. 246 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, pelo

terceiro prejudicado ou pelos demais sócios, independentemente de

autorização da assembleia-geral de acionistas.

§ 2o Prescreve em 6 (seis) anos, contados da data da prática do ato

abusivo, a ação a que se refere o § 1o.

Seção III

Do Administrador

Art. 16. Sem prejuízo do disposto nesta Lei, o administrador de

empresa pública e de sociedade de economia mista é submetido às

normas previstas na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976.

Parágrafo único. Consideram-se administradores da empresa pública

e da sociedade de economia mista os membros do Conselho de

Administração e da diretoria.

Art. 17. Os membros do Conselho de Administração e os indicados

para os cargos de diretor, inclusive presidente, diretor-geral e diretor-

presidente, serão escolhidos entre cidadãos de reputação ilibada e de

notório conhecimento, devendo ser atendidos, alternativamente, um

dos requisitos das alíneas “a”, “b” e “c” do inciso I e, cumulativamente,

os requisitos dos incisos II e III:

I - ter experiência profissional de, no mínimo:

a) 10 (dez) anos, no setor público ou privado, na área de atuação da

empresa pública ou da sociedade de economia mista ou em área

conexa àquela para a qual forem indicados em função de direção

superior; ou

b) 4 (quatro) anos ocupando pelo menos um dos seguintes cargos:

1. cargo de direção ou de chefia superior em empresa de porte ou

objeto social semelhante ao da empresa pública ou da sociedade de

economia mista, entendendo-se como cargo de chefia superior aquele

situado nos 2 (dois) níveis hierárquicos não estatutários mais altos da

empresa;

2. cargo em comissão ou função de confiança equivalente a DAS-4 ou

superior, no setor público;

3. cargo de docente ou de pesquisador em áreas de atuação da

empresa pública ou da sociedade de economia mista;

c) 4 (quatro) anos de experiência como profissional liberal em

atividade direta ou indiretamente vinculada à área de atuação da

empresa pública ou sociedade de economia mista;

II - ter formação acadêmica compatível com o cargo para o qual foi

indicado; e

III - não se enquadrar nas hipóteses de inelegibilidade previstas nas

alíneas do inciso I do caput do art. 1o da Lei Complementar no 64, de

18 de maio de 1990, com as alterações introduzidas pela Lei

Complementar no 135, de 4 de junho de 2010.

§ 1o O estatuto da empresa pública, da sociedade de economia mista

e de suas subsidiárias poderá dispor sobre a contratação de seguro de

responsabilidade civil pelos administradores.

§ 2o É vedada a indicação, para o Conselho de Administração e para a

diretoria:

I - de representante do órgão regulador ao qual a empresa pública ou

a sociedade de economia mista está sujeita, de Ministro de Estado, de

Secretário de Estado, de Secretário Municipal, de titular de cargo, sem

vínculo permanente com o serviço público, de natureza especial ou de

direção e assessoramento superior na administração pública, de

dirigente estatutário de partido político e de titular de mandato no

Poder Legislativo de qualquer ente da federação, ainda que licenciados

do cargo;

II - de pessoa que atuou, nos últimos 36 (trinta e seis) meses, como

participante de estrutura decisória de partido político ou em trabalho

vinculado a organização, estruturação e realização de campanha

eleitoral;

III - de pessoa que exerça cargo em organização sindical;

IV - de pessoa que tenha firmado contrato ou parceria, como

fornecedor ou comprador, demandante ou ofertante, de bens ou

serviços de qualquer natureza, com a pessoa político-administrativa

controladora da empresa pública ou da sociedade de economia mista

ou com a própria empresa ou sociedade em período inferior a 3 (três)

anos antes da data de nomeação;

V - de pessoa que tenha ou possa ter qualquer forma de conflito de

interesse com a pessoa político-administrativa controladora da

empresa pública ou da sociedade de economia mista ou com a própria

empresa ou sociedade.

§ 3o A vedação prevista no inciso I do § 2o estende-se também aos

parentes consanguíneos ou afins até o terceiro grau das pessoas nele

mencionadas.

§ 4o Os administradores eleitos devem participar, na posse e

anualmente, de treinamentos específicos sobre legislação societária e

de mercado de capitais, divulgação de informações, controle interno,

código de conduta, a Lei no 12.846, de 1o de agosto de 2013 (Lei

Anticorrupção), e demais temas relacionados às atividades da

empresa pública ou da sociedade de economia mista.

§ 5o Os requisitos previstos no inciso I do caput poderão ser

dispensados no caso de indicação de empregado da empresa pública

ou da sociedade de economia mista para cargo de administrador ou

como membro de comitê, desde que atendidos os seguintes quesitos

mínimos:

I - o empregado tenha ingressado na empresa pública ou na sociedade

de economia mista por meio de concurso público de provas ou de

provas e títulos;

II - o empregado tenha mais de 10 (dez) anos de trabalho efetivo na

empresa pública ou na sociedade de economia mista;

III - o empregado tenha ocupado cargo na gestão superior da empresa

pública ou da sociedade de economia mista, comprovando sua

capacidade para assumir as responsabilidades dos cargos de que trata

o caput.

Seção IV

Do Conselho de Administração

Art. 18. Sem prejuízo das competências previstas no art. 142 da Lei nº

6.404, de 15 de dezembro de 1976, e das demais atribuições previstas

nesta Lei, compete ao Conselho de Administração:

I - discutir, aprovar e monitorar decisões envolvendo práticas de

governança corporativa, relacionamento com partes interessadas,

política de gestão de pessoas e código de conduta dos agentes;

II - implementar e supervisionar os sistemas de gestão de riscos e de

controle interno estabelecidos para a prevenção e mitigação dos

principais riscos a que está exposta a empresa pública ou a sociedade

de economia mista, inclusive os riscos relacionados à integridade das

informações contábeis e financeiras e os relacionados à ocorrência de

corrupção e fraude;

III - estabelecer política de porta-vozes visando a eliminar risco de

contradição entre informações de diversas áreas e as dos executivos

da empresa pública ou da sociedade de economia mista;

IV - avaliar os diretores da empresa pública ou da sociedade de

economia mista, nos termos do inciso III do art. 13, podendo contar

com apoio metodológico e procedimental do comitê estatutário

referido no art. 10.

Art. 19. É garantida a participação, no Conselho de Administração, de

representante dos empregados e dos acionistas minoritários.

§ 1o As normas previstas na Lei no 12.353, de 28 de dezembro de

2010, aplicam-se à participação de empregados no Conselho de

Administração da empresa pública, da sociedade de economia mista e

de suas subsidiárias e controladas e das demais empresas em que a

União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social

com direito a voto.

§ 2o É assegurado aos acionistas minoritários o direito de eleger 1

(um) conselheiro, se maior número não lhes couber pelo processo de

voto múltiplo previsto na Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976.

Art. 20. É vedada a participação remunerada de membros da

administração pública, direta ou indireta, em mais de 2 (dois)

conselhos, de administração ou fiscal, de empresa pública, de

sociedade de economia mista ou de suas subsidiárias.

Art. 21. (VETADO).

Parágrafo único. (VETADO).

Seção V

Do Membro Independente do Conselho de Administração

Art. 22. O Conselho de Administração deve ser composto, no mínimo,

por 25% (vinte e cinco por cento) de membros independentes ou por

pelo menos 1 (um), caso haja decisão pelo exercício da faculdade do

voto múltiplo pelos acionistas minoritários, nos termos do art. 141 da

Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976.

§ 1o O conselheiro independente caracteriza-se por:

I - não ter qualquer vínculo com a empresa pública ou a sociedade de

economia mista, exceto participação de capital;

II - não ser cônjuge ou parente consanguíneo ou afim, até o terceiro

grau ou por adoção, de chefe do Poder Executivo, de Ministro de

Estado, de Secretário de Estado ou Município ou de administrador da

empresa pública ou da sociedade de economia mista;

III - não ter mantido, nos últimos 3 (três) anos, vínculo de qualquer

natureza com a empresa pública, a sociedade de economia mista ou

seus controladores, que possa vir a comprometer sua independência;

IV - não ser ou não ter sido, nos últimos 3 (três) anos, empregado ou

diretor da empresa pública, da sociedade de economia mista ou de

sociedade controlada, coligada ou subsidiária da empresa pública ou

da sociedade de economia mista, exceto se o vínculo for

exclusivamente com instituições públicas de ensino ou pesquisa;

V - não ser fornecedor ou comprador, direto ou indireto, de serviços

ou produtos da empresa pública ou da sociedade de economia mista,

de modo a implicar perda de independência;

VI - não ser funcionário ou administrador de sociedade ou entidade

que esteja oferecendo ou demandando serviços ou produtos à

empresa pública ou à sociedade de economia mista, de modo a

implicar perda de independência;

VII - não receber outra remuneração da empresa pública ou da

sociedade de economia mista além daquela relativa ao cargo de

conselheiro, à exceção de proventos em dinheiro oriundos de

participação no capital.

§ 2o Quando, em decorrência da observância do percentual

mencionado no caput, resultar número fracionário de conselheiros,

proceder-se-á ao arredondamento para o número inteiro:

I - imediatamente superior, quando a fração for igual ou superior a 0,5

(cinco décimos);

II - imediatamente inferior, quando a fração for inferior a 0,5 (cinco

décimos).

§ 3o Não serão consideradas, para o cômputo das vagas destinadas a

membros independentes, aquelas ocupadas pelos conselheiros eleitos

por empregados, nos termos do § 1o do art. 19.

§ 4o Serão consideradas, para o cômputo das vagas destinadas a

membros independentes, aquelas ocupadas pelos conselheiros eleitos

por acionistas minoritários, nos termos do § 2o do art. 19.

§ 5o (VETADO).

Seção VI

Da Diretoria

Art. 23. É condição para investidura em cargo de diretoria da empresa

pública e da sociedade de economia mista a assunção de compromisso

com metas e resultados específicos a serem alcançados, que deverá

ser aprovado pelo Conselho de Administração, a quem incumbe

fiscalizar seu cumprimento.

§ 1o Sem prejuízo do disposto no caput, a diretoria deverá apresentar,

até a última reunião ordinária do Conselho de Administração do ano

anterior, a quem compete sua aprovação:

I - plano de negócios para o exercício anual seguinte;

II - estratégia de longo prazo atualizada com análise de riscos e

oportunidades para, no mínimo, os próximos 5 (cinco) anos.

§ 2o Compete ao Conselho de Administração, sob pena de seus

integrantes responderem por omissão, promover anualmente análise

de atendimento das metas e resultados na execução do plano de

negócios e da estratégia de longo prazo, devendo publicar suas

conclusões e informá-las ao Congresso Nacional, às Assembleias

Legislativas, à Câmara Legislativa do Distrito Federal ou às Câmaras

Municipais e aos respectivos tribunais de contas, quando houver.

§ 3o Excluem-se da obrigação de publicação a que se refere o § 2o as

informações de natureza estratégica cuja divulgação possa ser

comprovadamente prejudicial ao interesse da empresa pública ou da

sociedade de economia mista.

Seção VII

Do Comitê de Auditoria Estatutário

Art. 24. A empresa pública e a sociedade de economia mista deverão

possuir em sua estrutura societária Comitê de Auditoria Estatutário

como órgão auxiliar do Conselho de Administração, ao qual se

reportará diretamente.

§ 1o Competirá ao Comitê de Auditoria Estatutário, sem prejuízo de

outras competências previstas no estatuto da empresa pública ou da

sociedade de economia mista:

I - opinar sobre a contratação e destituição de auditor independente;

II - supervisionar as atividades dos auditores independentes, avaliando

sua independência, a qualidade dos serviços prestados e a adequação

de tais serviços às necessidades da empresa pública ou da sociedade

de economia mista;

III - supervisionar as atividades desenvolvidas nas áreas de controle

interno, de auditoria interna e de elaboração das demonstrações

financeiras da empresa pública ou da sociedade de economia mista;

IV - monitorar a qualidade e a integridade dos mecanismos de controle

interno, das demonstrações financeiras e das informações e medições

divulgadas pela empresa pública ou pela sociedade de economia

mista;

V - avaliar e monitorar exposições de risco da empresa pública ou da

sociedade de economia mista, podendo requerer, entre outras,

informações detalhadas sobre políticas e procedimentos referentes a:

a) remuneração da administração;

b) utilização de ativos da empresa pública ou da sociedade de

economia mista;

c) gastos incorridos em nome da empresa pública ou da sociedade de

economia mista;

VI - avaliar e monitorar, em conjunto com a administração e a área de

auditoria interna, a adequação das transações com partes

relacionadas;

VII - elaborar relatório anual com informações sobre as atividades, os

resultados, as conclusões e as recomendações do Comitê de Auditoria

Estatutário, registrando, se houver, as divergências significativas entre

administração, auditoria independente e Comitê de Auditoria

Estatutário em relação às demonstrações financeiras;

VIII - avaliar a razoabilidade dos parâmetros em que se fundamentam

os cálculos atuariais, bem como o resultado atuarial dos planos de

benefícios mantidos pelo fundo de pensão, quando a empresa pública

ou a sociedade de economia mista for patrocinadora de entidade

fechada de previdência complementar.

§ 2o O Comitê de Auditoria Estatutário deverá possuir meios para

receber denúncias, inclusive sigilosas, internas e externas à empresa

pública ou à sociedade de economia mista, em matérias relacionadas

ao escopo de suas atividades.

§ 3o O Comitê de Auditoria Estatutário deverá se reunir quando

necessário, no mínimo bimestralmente, de modo que as informações

contábeis sejam sempre apreciadas antes de sua divulgação.

§ 4o A empresa pública e a sociedade de economia mista deverão

divulgar as atas das reuniões do Comitê de Auditoria Estatutário.

§ 5o Caso o Conselho de Administração considere que a divulgação da

ata possa pôr em risco interesse legítimo da empresa pública ou da

sociedade de economia mista, a empresa pública ou a sociedade de

economia mista divulgará apenas o extrato das atas.

§ 6o A restrição prevista no § 5o não será oponível aos órgãos de

controle, que terão total e irrestrito acesso ao conteúdo das atas do

Comitê de Auditoria Estatutário, observada a transferência de sigilo.

§ 7o O Comitê de Auditoria Estatutário deverá possuir autonomia

operacional e dotação orçamentária, anual ou por projeto, dentro de

limites aprovados pelo Conselho de Administração, para conduzir ou

determinar a realização de consultas, avaliações e investigações

dentro do escopo de suas atividades, inclusive com a contratação e

utilização de especialistas externos independentes.

Art. 25. O Comitê de Auditoria Estatutário será integrado por, no

mínimo, 3 (três) e, no máximo, 5 (cinco) membros, em sua maioria

independentes.

§ 1o São condições mínimas para integrar o Comitê de Auditoria

Estatutário:

I - não ser ou ter sido, nos 12 (doze) meses anteriores à nomeação para

o Comitê:

a) diretor, empregado ou membro do conselho fiscal da empresa

pública ou sociedade de economia mista ou de sua controladora,

controlada, coligada ou sociedade em controle comum, direta ou

indireta;

b) responsável técnico, diretor, gerente, supervisor ou qualquer outro

integrante com função de gerência de equipe envolvida nos trabalhos

de auditoria na empresa pública ou sociedade de economia mista;

II - não ser cônjuge ou parente consanguíneo ou afim, até o segundo

grau ou por adoção, das pessoas referidas no inciso I;

III - não receber qualquer outro tipo de remuneração da empresa

pública ou sociedade de economia mista ou de sua controladora,

controlada, coligada ou sociedade em controle comum, direta ou

indireta, que não seja aquela relativa à função de integrante do Comitê

de Auditoria Estatutário;

IV - não ser ou ter sido ocupante de cargo público efetivo, ainda que

licenciado, ou de cargo em comissão da pessoa jurídica de direito

público que exerça o controle acionário da empresa pública ou

sociedade de economia mista, nos 12 (doze) meses anteriores à

nomeação para o Comitê de Auditoria Estatutário.

§ 2o Ao menos 1 (um) dos membros do Comitê de Auditoria

Estatutário deve ter reconhecida experiência em assuntos de

contabilidade societária.

§ 3o O atendimento às previsões deste artigo deve ser comprovado

por meio de documentação mantida na sede da empresa pública ou

sociedade de economia mista pelo prazo mínimo de 5 (cinco) anos,

contado a partir do último dia de mandato do membro do Comitê de

Auditoria Estatutário.

Seção VIII

Do Conselho Fiscal

Art. 26. Além das normas previstas nesta Lei, aplicam-se aos membros

do Conselho Fiscal da empresa pública e da sociedade de economia

mista as disposições previstas na Lei no 6.404, de 15 de dezembro de

1976, relativas a seus poderes, deveres e responsabilidades, a

requisitos e impedimentos para investidura e a remuneração, além de

outras disposições estabelecidas na referida Lei.

§ 1o Podem ser membros do Conselho Fiscal pessoas naturais,

residentes no País, com formação acadêmica compatível com o

exercício da função e que tenham exercido, por prazo mínimo de 3

(três) anos, cargo de direção ou assessoramento na administração

pública ou cargo de conselheiro fiscal ou administrador em empresa.

§ 2o O Conselho Fiscal contará com pelo menos 1 (um) membro

indicado pelo ente controlador, que deverá ser servidor público com

vínculo permanente com a administração pública.

CAPÍTULO III

DA FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA PÚBLICA E DA SOCIEDADE DE

ECONOMIA MISTA

Art. 27. A empresa pública e a sociedade de economia mista terão a

função social de realização do interesse coletivo ou de atendimento a

imperativo da segurança nacional expressa no instrumento de

autorização legal para a sua criação.

§ 1o A realização do interesse coletivo de que trata este artigo deverá

ser orientada para o alcance do bem-estar econômico e para a

alocação socialmente eficiente dos recursos geridos pela empresa

pública e pela sociedade de economia mista, bem como para o

seguinte:

I - ampliação economicamente sustentada do acesso de consumidores

aos produtos e serviços da empresa pública ou da sociedade de

economia mista;

II - desenvolvimento ou emprego de tecnologia brasileira para

produção e oferta de produtos e serviços da empresa pública ou da

sociedade de economia mista, sempre de maneira economicamente

justificada.

§ 2o A empresa pública e a sociedade de economia mista deverão, nos

termos da lei, adotar práticas de sustentabilidade ambiental e de

responsabilidade social corporativa compatíveis com o mercado em

que atuam.

§ 3o A empresa pública e a sociedade de economia mista poderão

celebrar convênio ou contrato de patrocínio com pessoa física ou com

pessoa jurídica para promoção de atividades culturais, sociais,

esportivas, educacionais e de inovação tecnológica, desde que

comprovadamente vinculadas ao fortalecimento de sua marca,

observando-se, no que couber, as normas de licitação e contratos

desta Lei.”

DIREITO FINANCEIRO

O tópico de Direito Financeiro dessa semana abrange toda a Lei de

Responsabilidade Fiscal. Assim, embora toda a lei deva ser estudada, colaremos alguns

dispositivos que merecem atenção redobrada.

Lei de Responsabilidade Fiscal

Art. 2º Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como:

I - ente da Federação: a União, cada Estado, o Distrito Federal e cada

Município;

II - empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital social com

direito a voto pertença, direta ou indiretamente, a ente da Federação;

III - empresa estatal dependente: empresa controlada que receba do

ente controlador recursos financeiros para pagamento de despesas

com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no último

caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária;

IV - receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, de

contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços,

transferências correntes e outras receitas também correntes,

deduzidos:

a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios por

determinação constitucional ou legal, e as contribuições mencionadas

na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195, e no art. 239 da

Constituição;

b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por

determinação constitucional;

c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos

servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistência

social e as receitas provenientes da compensação financeira citada

no § 9º do art. 201 da Constituição.

§ 1º Serão computados no cálculo da receita corrente líquida os

valores pagos e recebidos em decorrência da Lei Complementar no 87,

de 13 de setembro de 1996, e do fundo previsto pelo art. 60 do Ato

das Disposições Constitucionais Transitórias.

§ 2º Não serão considerados na receita corrente líquida do Distrito

Federal e dos Estados do Amapá e de Roraima os recursos recebidos

da União para atendimento das despesas de que trata o inciso V do §

1o do art. 19.

§ 3o A receita corrente líquida será apurada somando-se as receitas

arrecadadas no mês em referência e nos onze anteriores, excluídas as

duplicidades.

Da Renúncia de Receita

Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de

natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar

acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no

exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes,

atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos

uma das seguintes condições: (Vide Medida Provisória nº 2.159, de

2001) (Vide Lei nº 10.276, de 2001)

I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada

na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de

que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo

próprio da lei de diretrizes orçamentárias;

II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período

mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente

da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou

criação de tributo ou contribuição.

§ 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito

presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de

alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução

discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que

correspondam a tratamento diferenciado.

§ 2o Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de

que trata o caput deste artigo decorrer da condição contida no inciso

II, o benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas

referidas no mencionado inciso.

§ 3o O disposto neste artigo não se aplica:

I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos

I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu § 1o;

II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos

respectivos custos de cobrança.

Da Geração da Despesa

Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao

patrimônio público a geração de despesa ou assunção de obrigação

que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17.

Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação

governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado

de:

I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que

deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes;

II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem

adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e

compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes

orçamentárias.

§ 1o Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:

I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de

dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito

genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie,

realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam

ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício;

II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes

orçamentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes,

objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não

infrinja qualquer de suas disposições.

§ 2o A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompanhada

das premissas e metodologia de cálculo utilizadas.

§ 3o Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada

irrelevante, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes

orçamentárias.

§ 4o As normas do caput constituem condição prévia para:

I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução

de obras;

II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3o do art.

182 da Constituição.

Da Despesa Obrigatória de Caráter Continuado

Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa

corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo

normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução

por um período superior a dois exercícios.

§ 1o Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata

o caput deverão ser instruídos com a estimativa prevista no inciso I do

art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio.

§ 2o Para efeito do atendimento do § 1o, o ato será acompanhado de

comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as

metas de resultados fiscais previstas no anexo referido no § 1o do art.

4o, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser

compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução

permanente de despesa.

§ 3o Para efeito do § 2o, considera-se aumento permanente de receita

o proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo,

majoração ou criação de tributo ou contribuição.

§ 4o A comprovação referida no § 2o, apresentada pelo proponente,

conterá as premissas e metodologia de cálculo utilizadas, sem prejuízo

do exame de compatibilidade da despesa com as demais normas do

plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentárias.

§ 5o A despesa de que trata este artigo não será executada antes da

implementação das medidas referidas no § 2o, as quais integrarão o

instrumento que a criar ou aumentar.

§ 6o O disposto no § 1o não se aplica às despesas destinadas ao serviço

da dívida nem ao reajustamento de remuneração de pessoal de que

trata o inciso X do art. 37 da Constituição.

§ 7o Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada

por prazo determinado.

JURISPRUDÊNCIA REVISADA

DIREITO CONSTITUCIONAL

SÚMULAS VINCULANTES:

SÚMULA VINCULANTE 6

Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao

salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.

SÚMULA VINCULANTE 11

Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de

fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de

terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade

disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato

processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

SÚMULA VINCULANTE 14

É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos

elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado

por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito

de defesa.

SÚMULA VINCULANTE 18

A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não

afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do art. 14 da CF.

SÚMULA VINCULANTE 25

É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade

do depósito.

SÚMULA VINCULANTE 37

Não cabe ao poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar

vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia.

SÚMULAS DO STF:

SÚMULA 510

Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada,

contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial.

SÚMULA 512

Não cabe condenação em honorários de advogado na ação de mandado de

segurança.

SÚMULA 625

Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado

de segurança

SÚMULA 629

A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em

favor dos associados independe da autorização destes.

SÚMULA 630

A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda

quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.

SÚMULA 632

É constitucional lei que fixa prazo de decadência para impetração de

mandado de segurança.

JULGADOS RELEVANTES:

Candidatos que têm participação assegurada em debate eleitoral não

podem deliberar pela exclusão de participantes convidados por emissoras de rádio e

televisão, cuja presença seja facultativa. Essa é a conclusão do Plenário que, por

maioria, julgou parcialmente procedente pedido formulado em ação direta de

inconstitucionalidade para conferir interpretação conforme à Constituição ao § 5º do

art. 46 da Lei 9.504/1997, com a redação dada pela Lei 13.165/2015 (...). O Tribunal

afirmou que a alteração promovida pela minirreforma deveria ser interpretada no

sentido de somente possibilitar que dois terços dos candidatos aptos acrescentassem

novos participantes ao debate – candidatos que não tivessem esse direito assegurado

por lei e nem tivessem sido previamente convidados pela emissora. Assim, seria possível

minorar o risco inverso, o de que o conflito de interesses estivesse na própria decisão

da emissora em convidar ou não um candidato para o pleito. Observou que em

pequenas cidades brasileiras ainda seria comum que os veículos de comunicação social

estivessem concentrados nas mãos de oligarquias ou de políticos locais. Dessa forma, a

solução evitaria tanto que os candidatos quanto as emissoras pudessem intervir de

modo ilegítimo na conformação dos participantes dos debates, garantindo-se, de modo

pleno, a liberdade de informação, a paridade de armas e a legitimidade do pleito. [ADI

5.487, rel. p/ o ac. min. Roberto Barroso, j. 25-8-2016, P, Informativo 836.]

Inexistência de direito constitucional à remarcação de provas em razão de

circunstâncias pessoais dos candidatos. Segurança jurídica. Validade das provas de

segunda chamada realizadas até a data da conclusão do julgamento. [RE 630.733, rel.

min. Gilmar Mendes, j. 15-5-2013, P, DJE de 20-11-2013, com repercussão geral.]

Atos que instituíram sistema de reserva de vagas com base em critério

étnico-racial (cotas) no processo de seleção para ingresso em instituição pública de

ensino superior. (...) Não contraria – ao contrário, prestigia – o princípio da igualdade

material, previsto no caput do art. 5º da CR, a possibilidade de o Estado lançar mão seja

de políticas de cunho universalista, que abrangem um número indeterminado de

indivíduos, mediante ações de natureza estrutural, seja de ações afirmativas, que

atingem grupos sociais determinados, de maneira pontual, atribuindo a estes certas

vantagens, por um tempo limitado, de modo a permitir-lhes a superação de

desigualdades decorrentes de situações históricas particulares.[ADPF 186, rel.

min. Ricardo Lewandowski, j. 26-4-2012, P, DJE de 20-10-2014.]

A lei impugnada realiza materialmente o princípio constitucional da

isonomia, uma vez que o tratamento diferenciado aos trabalhadores agraciados com a

instituição do piso salarial regional visa reduzir as desigualdades sociais. A LC federal

103/2000 teve por objetivo maior assegurar àquelas classes de trabalhadores menos

mobilizadas e, portanto, com menor capacidade de organização sindical, um patamar

mínimo de salário. [ADI 4.364, rel. min. Dias Toffoli, j. 2-3-2011, P, DJE de 16-5-2011.]

O súdito estrangeiro, mesmo aquele sem domicílio no Brasil, tem direito a

todas as prerrogativas básicas que lhe assegurem a preservação do status libertatis e a

observância, pelo Poder Público, da cláusula constitucional do due process. O súdito

estrangeiro, mesmo o não domiciliado no Brasil, tem plena legitimidade para impetrar

o remédio constitucional do habeas corpus, em ordem a tornar efetivo, nas hipóteses

de persecução penal, o direito subjetivo, de que também é titular, à observância e ao

integral respeito, por parte do Estado, das prerrogativas que compõem e dão significado

à cláusula do devido processo legal.[HC 94.016, rel. min. Celso de Mello, j. 16-9-2008, 2ª

T, DJE de 27-2-2009.]

É constitucional a regra que veda, no âmbito do Sistema Único de Saúde –

SUS, a internação em acomodações superiores, bem como o atendimento

diferenciado por médico do próprio SUS, ou por médico conveniado, mediante o

pagamento da diferença dos valores correspondentes. O procedimento da "diferença

de classes", tal qual o atendimento médico diferenciado, quando praticados no âmbito

da rede pública, não apenas subverte a lógica que rege o sistema de seguridade social

brasileiro, como também afronta o acesso equânime e universal às ações e serviços

para promoção, proteção e recuperação da saúde, violando, ainda, os princípios da

igualdade e da dignidade da pessoa humana. Inteligência dos arts. 1º, inciso III; 5º, inciso

I; e, 196 da Constituição Federal. Não fere o direito à saúde, tampouco a autonomia

profissional do médico, o normativo que veda, no âmbito do SUS, a assistência

diferenciada mediante pagamento ou que impõe necessidade de triagem dos pacientes

em postos de saúde previamente à internação. [RE 581.488, rel. min. Dias Toffoli, j. 3-

12-2015, P, DJE de 8-4-2016, com repercussão geral.]

Por não se confundir a associação de moradores com o condomínio

disciplinado pela Lei 4.591/1964, descabe, a pretexto de evitar vantagem sem causa,

impor mensalidade a morador ou a proprietário de imóvel que a ela não tenha aderido.

Considerações sobre o princípio da legalidade e da autonomia da manifestação de

vontade – art. 5º, II e XX, da CF. [RE 432.106, rel. min. Marco Aurélio, j. 20-9-2011, 1ª

T, DJE de 4-11-2011.]

Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas

com tatuagem, salvo situações excepcionais em razão de conteúdo que viole valores

constitucionais. A opção pela tatuagem relacionar-se-ia, diretamente, com as

liberdades de manifestação do pensamento e de expressão (CF, art. 5°, IV e IX). Na

espécie, estaria evidenciada a ausência de razoabilidade da restrição dirigida ao

candidato de uma função pública pelo simples fato de possuir tatuagem, já que seria

medida flagrantemente discriminatória e carente de qualquer justificativa racional que

a amparasse. Assim, o fato de uma pessoa possuir tatuagens, visíveis ou não, não

poderia ser tratado pelo Estado como parâmetro discriminatório quando do

deferimento de participação em concursos de provas e títulos para ingresso em

carreira pública. Entretanto, tatuagens que representassem obscenidades, ideologias

terroristas, discriminatórias, que pregassem a violência e a criminalidade,

discriminação de raça, credo, sexo ou origem, temas inegavelmente contrários às

instituições democráticas, poderiam obstaculizar o acesso a função pública. Eventual

restrição nesse sentido não se afiguraria desarrazoada ou desproporcional. Essa

hipótese, porém, não seria a do recorrente que teria uma tatuagem tribal, medindo 14

por 13 cm. [RE 898.450, rel. min. Luiz Fux, j. 17-8-2016, P, Informativo 835, com

repercussão geral.]

O Brasil é uma república laica, surgindo absolutamente neutro quanto às

religiões. [ADPF 54, rel. min. Marco Aurélio, j. 12-4-2012, P, DJE de 30-4-2013.]

Nem todos os ofícios ou profissões podem ser condicionadas ao

cumprimento de condições legais para o seu exercício. A regra é a liberdade. Apenas

quando houver potencial lesivo na atividade é que pode ser exigida inscrição em

conselho de fiscalização profissional. A atividade de músico prescinde de controle.

Constitui, ademais, manifestação artística protegida pela garantia da liberdade de

expressão. [RE 414.426, rel. min. Ellen Gracie, j. 1º-8-2011, P, DJE de 10-10-2011.]

O art. 6º da LC 105/2001 não ofende o direito ao sigilo bancário, porque

realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade

contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de

sigilo da esfera bancária para a fiscal. Por sua vez, a Lei 10.174/2001 não atrai a

aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter

instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN. (...) Na verdade, o tema

ora em debate não seria quebra de sigilo, mas transferência de sigilo para finalidades de

natureza eminentemente fiscal. A legislação aplicável garantiria fosse preservada a

confidencialidade dos dados, vedado seu repasse a terceiros, estranhos ao próprio

Estado, sob pena de responsabilização dos agentes que eventualmente praticassem essa

infração. [RE 601.314, rel. min. Edson Fachin, j. 24-2-2016, P, Informativo 815, com

repercussão geral.]

A fixação do quantum indenizatório deve observar o grau de reprovabilidade

da conduta. A conduta do réu, embora reprovável, destinou-se a pessoa pública, que

está sujeita a críticas relacionadas com a sua função, o que atenua o grau de

reprovabilidade da conduta. A extensão do dano é média, pois apesar de haver

publicações das acusações feitas pelo réu, foi igualmente publicada, e com destaque

(capa do jornal), matéria que inocenta o autor, o que minimizou o impacto das ofensas

perante a sociedade. [AO 1.390, rel. min. Dias Toffoli, j. 12-5-2011, P, DJE de 30-8-2011.]

O direito à plena liberdade de associação (art. 5º, XVII, da CF) está

intrinsecamente ligado aos preceitos constitucionais de proteção da dignidade da

pessoa, de livre iniciativa, da autonomia da vontade e da liberdade de expressão. Uma

associação que deva pedir licença para criticar situações de arbitrariedades terá sua

atuação completamente esvaziada. [HC 106.808, rel. min. Gilmar Mendes, j. 9-4-2013,

2ª T, DJE de 24-4-2013.]

O direito de propriedade não se revela absoluto. Está relativizado pela Carta

da República – arts. 5º, XXII, XXIII e XXIV, e 184. [MS 25.284, rel. min. Marco Aurélio, j.

17-6-2010, P, DJE de 13-8-2010.]

Pessoas físicas já impetrantes de mandados de segurança individuais não

possuem autorização constitucional para nova impetração ‘coletiva’. Eventual

litisconsórcio ativo, instituto da teoria geral do processo, não se confunde com as

hipóteses constitucionais do art. 5º, LXX, da CF/1988. [MS 32.832 AgR, rel. min. Rosa

Weber, j. 24-2-2015, 1ª T, DJE de 11-3-2015.]

A legitimidade de sindicato para atuar como substituto processual no

mandado de segurança coletivo pressupõe tão somente a existência jurídica, ou seja, o

registro no cartório próprio, sendo indiferente estarem ou não os estatutos arquivados

e registrados no Ministério do Trabalho. [RE 370.834, rel. min. Marco Aurélio, j. 30-8-

2011, 1ª T, DJE de 26-9-2011.]

Não há norma constitucional que imponha ao legislador o dever de

regulamentar os direitos do nascituro. Como se infere do art. 5º, LXXI, da CRFB/88, o

mandado de injunção tem lugar quando a falta de norma regulamentadora impedir o

exercício de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à

nacionalidade, à soberania e à cidadania. Nesse passo, inexistente a previsão do direito

na Constituição Federal, tampouco do dever de regulamentação, não há que se falar em

omissão legislativa que possa ser imputada às autoridades impetradas. [MI 6.591 AgR,

rel. min. Luiz Fux, j. 16-6-2016, P, DJE de 30-6-2016.]

A Primeira Turma, por maioria, denegou mandado de segurança em que se

questionava ato do ministro da Justiça que declarara a perda da nacionalidade brasileira

da impetrante (CF, art. 12, § 4º, II), por ter adquirido outra nacionalidade (Lei 818/1949,

art. 23). No caso, a impetrante, brasileira nata, obtivera a nacionalidade norte-

americana de forma livre e espontânea e, posteriormente, fora acusada, nos Estados

Unidos da América, da prática de homicídio contra seu marido, nacional daquele país.

Diante disso, o governo norte-americano indiciara a impetrante e requerera às

autoridades brasileiras a prisão para fins de extradição. O Colegiado entendeu que o ato

do ministro da Justiça de cassação da nacionalidade brasileira é legítimo, pois a

impetrante perdera a nacionalidade brasileira ao adquirir outra em situação que não

se enquadraria em qualquer das duas exceções constitucionalmente previstas (...).”

[MS 33.864, rel. min. Roberto Barroso, j.19-4-2016, 1ª T, Informativo 822.]

DIREITO ADMINISTRATIVO

SÚMULA DO STJ:

SÚMULA 333

Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida

por sociedade de economia mista ou empresa pública.

JULGADOS RELEVANTES:

Os seguintes julgados estampam o entendimento do STF no sentido de que os conselhos

de fiscalização profissional possuem natureza autárquica (com exceção da OAB, que, nas

palavras da Corte, é um “serviço público independente”, categoria ímpar no elenco das

personalidades jurídicas existentes no ordenamento jurídico brasileiro):

Ementa: ADMINISTRATIVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSELHO

DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL. EXIGÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO.

ART. 37, II, DA CF. NATUREZA JURÍDICA. AUTARQUIA. FISCALIZAÇÃO.

ATIVIDADE TÍPICA DE ESTADO. 1. Os conselhos de fiscalização

profissional, posto autarquias criadas por lei e ostentando

personalidade jurídica de direito público, exercendo atividade

tipicamente pública, qual seja, a fiscalização do exercício profissional,

submetem-se às regras encartadas no artigo 37, inciso II, da CB/88,

quando da contratação de servidores. 2. Os conselhos de fiscalização

profissional têm natureza jurídica de autarquias, consoante decidido

no MS 22.643, ocasião na qual restou consignado que: (i) estas

entidades são criadas por lei, tendo personalidade jurídica de direito

público com autonomia administrativa e financeira; (ii) exercem a

atividade de fiscalização de exercício profissional que, como decorre

do disposto nos artigos 5º, XIII, 21, XXIV, é atividade tipicamente

pública; (iii) têm o dever de prestar contas ao Tribunal de Contas da

União. 3. A fiscalização das profissões, por se tratar de uma atividade

típica de Estado, que abrange o poder de polícia, de tributar e de punir,

não pode ser delegada (ADI 1.717), excetuando-se a Ordem dos

Advogados do Brasil (ADI 3.026). (...) 5. Recurso Extraordinário a que

se dá provimento.

(RE 539224/CE; Relator(a): Min. LUIZ FUX; Julgamento: 22/05/2012;

Órgão Julgador: Primeira Turma; Publicação: ACÓRDÃO

ELETRÔNICO, DJe-118, DIVULG 15-06-2012, PUBLIC 18-06-2012)

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. § 1º DO

ARTIGO 79 DA LEI N. 8.906, 2ª PARTE. "SERVIDORES" DA ORDEM DOS

ADVOGADOS DO BRASIL. PRECEITO QUE POSSIBILITA A OPÇÃO PELO

REGIME CELESTISTA. COMPENSAÇÃO PELA ESCOLHA DO REGIME

JURÍDICO NO MOMENTO DA APOSENTADORIA. INDENIZAÇÃO.

IMPOSIÇÃO DOS DITAMES INERENTES À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

DIRETA E INDIRETA. CONCURSO PÚBLICO (ART. 37, II DA

CONSTITUIÇÃO DO BRASIL). INEXIGÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO

PARA A ADMISSÃO DOS CONTRATADOS PELA OAB. AUTARQUIAS

ESPECIAIS E AGÊNCIAS. CARÁTER JURÍDICO DA OAB. ENTIDADE

PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO INDEPENDENTE. CATEGORIA

ÍMPAR NO ELENCO DAS PERSONALIDADES JURÍDICAS EXISTENTES NO

DIREITO BRASILEIRO. AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA DA ENTIDADE.

PRINCÍPIO DA MORALIDADE. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 37, CAPUT, DA

CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. NÃO OCORRÊNCIA. 1. A Lei n. 8.906, artigo

79, § 1º, possibilitou aos "servidores" da OAB, cujo regime outrora era

estatutário, a opção pelo regime celetista. Compensação pela escolha:

indenização a ser paga à época da aposentadoria. 2. Não procede a

alegação de que a OAB sujeita-se aos ditames impostos à

Administração Pública Direta e Indireta. 3. A OAB não é uma entidade

da Administração Indireta da União. A Ordem é um serviço público

independente, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas

existentes no direito brasileiro. 4. A OAB não está incluída na categoria

na qual se inserem essas que se tem referido como "autarquias

especiais" para pretender-se afirmar equivocada independência das

hoje chamadas "agências". 5. Por não consubstanciar uma entidade da

Administração Indireta, a OAB não está sujeita a controle da

Administração, nem a qualquer das suas partes está vinculada. Essa

não-vinculação é formal e materialmente necessária. 6. A OAB ocupa-

se de atividades atinentes aos advogados, que exercem função

constitucionalmente privilegiada, na medida em que são

indispensáveis à administração da Justiça [artigo 133 da CB/88]. É

entidade cuja finalidade é afeita a atribuições, interesses e seleção de

advogados. Não há ordem de relação ou dependência entre a OAB e

qualquer órgão público. 7. A Ordem dos Advogados do Brasil, cujas

características são autonomia e independência, não pode ser tida

como congênere dos demais órgãos de fiscalização profissional. A OAB

não está voltada exclusivamente a finalidades corporativas. Possui

finalidade institucional. 8. Embora decorra de determinação legal, o

regime estatutário imposto aos empregados da OAB não é compatível

com a entidade, que é autônoma e independente. 9. Improcede o

pedido do requerente no sentido de que se dê interpretação conforme

o artigo 37, inciso II, da Constituição do Brasil ao caput do artigo 79 da

Lei n. 8.906, que determina a aplicação do regime trabalhista aos

servidores da OAB. 10. Incabível a exigência de concurso público para

admissão dos contratados sob o regime trabalhista pela OAB. 11.

Princípio da moralidade. Ética da legalidade e moralidade.

Confinamento do princípio da moralidade ao âmbito da ética da

legalidade, que não pode ser ultrapassada, sob pena de dissolução do

próprio sistema. Desvio de poder ou de finalidade. 12. Julgo

improcedente o pedido.

(ADI 3026/DF; Relator(a): Min. EROS GRAU; Julgamento:

08/06/2006; Órgão Julgador: Tribunal Pleno; Publicação: DJ 29-09-

2006)

O seguinte julgado ilustra o conhecido entendimento do STF no sentido da

desnecessidade de haver uma autorização legal específica para a criação de cada

subsidiária de empresa estatal, sendo suficiente que essa medida esteja autorizada na

lei que permitiu a criação da entidade matriz:

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 9478/97.

AUTORIZAÇÃO À PETROBRÁS PARA CONSTITUIR SUBSIDIÁRIAS.

OFENSA AOS ARTIGOS 2º E 37, XIX E XX, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

INEXISTÊNCIA. ALEGAÇÃO IMPROCEDENTE. 1. A Lei 9478/97 não

autorizou a instituição de empresa de economia mista, mas sim a

criação de subsidiárias distintas da sociedade-matriz, em consonância

com o inciso XX, e não com o XIX do artigo 37 da Constituição Federal.

2. É dispensável a autorização legislativa para a criação de empresas

subsidiárias, desde que haja previsão para esse fim na própria lei que

instituiu a empresa de economia mista matriz, tendo em vista que a lei

criadora é a própria medida autorizadora. Ação direta de

inconstitucionalidade julgada improcedente.

(ADI 1649/DF; Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA; Julgamento:

24/03/2004; Órgão Julgador: Tribunal Pleno; Publicação: DJ 28-05-

2004)

Os seguintes julgados estampam o entendimento do STF no sentido de que a

Empresa de Correios é equiparada a Fazenda Pública, submetendo-se os seus bens ao

regime próprio dos bens públicos. Essa equiparação, inclusive, aplica-se para fins penais,

sem que configure analogia ou interpretação extensiva. Vejamos:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA. SUPREMO TRIBUNAL

FEDERAL. AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA. ART. 102, I, "F", DA CONSTITUIÇÃO

DO BRASIL. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - EBCT.

EMPRESA PÚBLICA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO POSTAL E CORREIO

AÉREO NACIONAL. SERVIÇO PÚBLICO. ART. 21, X, DA CONSTITUIÇÃO

DO BRASIL. 1. A prestação do serviço postal consubstancia serviço

público [art. 175 da CB/88]. A Empresa Brasileira de Correios e

Telégrafos é uma empresa pública, entidade da Administração Indireta

da União, como tal tendo sido criada pelo decreto-lei nº 509, de 10 de

março de 1969. 2. O Pleno do Supremo Tribunal Federal declarou,

quando do julgamento do RE 220.906, Relator o Ministro MAURÍCIO

CORRÊA, DJ 14.11.2002, à vista do disposto no artigo 6o do decreto-lei

nº 509/69, que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é "pessoa

jurídica equiparada à Fazenda Pública, que explora serviço de

competência da União (CF, artigo 21, X)". 3. Impossibilidade de

tributação de bens públicos federais por Estado-membro, em razão da

garantia constitucional de imunidade recíproca. 4. O fato jurídico que

deu ensejo à causa é a tributação de bem público federal. A imunidade

recíproca, por sua vez, assenta-se basicamente no princípio da

Federação. Configurado conflito federativo entre empresa pública que

presta serviço público de competência da União e Estado-membro, é

competente o Supremo Tribunal Federal para o julgamento da ação

cível originária, nos termos do disposto no artigo 102, I, "f", da

Constituição. 5. Questão de ordem que se resolve pelo

reconhecimento da competência do Supremo Tribunal Federal para

julgamento da ação.

(ACO 765 QO/RJ; Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO; Relator(a) p/

Acórdão: Min. EROS GRAU; Julgamento: 01/06/2005; Órgão

Julgador: Tribunal Pleno; Publicação: DJe-211, DIVULG 06-11-2008,

PUBLIC 07-11-2008)

EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO

EXTRAORDINÁRIO. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E

TELÉGRAFOS. IMPENHORABILIDADE DE SEUS BENS, RENDAS E

SERVIÇOS. RECEPÇÃO DO ARTIGO 12 DO DECRETO-LEI Nº 509/69. 1. À

empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, pessoa jurídica

equiparada à Fazenda Pública, é aplicável o privilégio da

impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços. Recepção do

artigo 12 do Decreto-lei nº 509/69 e não-incidência da restrição

contida no artigo 173, § 1º, da Constituição Federal, que submete a

empresa pública, a sociedade de economia mista e outras entidades

que explorem atividade econômica ao regime próprio das empresas

privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tributárias. 2.

Empresa pública que não exerce atividade econômica e presta serviço

público da competência da União Federal e por ela mantido. Execução.

Observância ao regime de precatório, sob pena de vulneração do

disposto no artigo 100 da Constituição Federal. Vícios no julgamento.

Embargos de declaração rejeitados.

(RE 230051 ED/SP; Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA; Julgamento:

11/06/2003; Órgão Julgador: Tribunal Pleno; Publicação: DJ 08-08-

2003, PP-00086)

Ementa: HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. RECEPTAÇÃO. BEM

PERTENCENTE À ECT. LEGALIDADE DA APLICAÇÃO DA CAUSA DE

AUMENTO DE PENA DO § 6º DO ART. 180 DO CP. ORDEM DENEGADA.

Os bens da Empresa de Correios e Telégrafos – ECT – empresa pública

prestadora de serviços públicos equiparada à Fazenda Pública –

recebem o mesmo tratamento dado aos bens da União. Precedentes.

A aplicação da causa de aumento do § 6º do art. 180 do Código Penal,

quando forem objeto do crime de receptação bens da ECT, não implica

interpretação extensiva da norma penal, mas genuína subsunção dos

fatos ao tipo penal, uma vez que os bens da ECT afetados ao serviço

postal compõem o próprio patrimônio da União. Habeas corpus

denegado.

(HC 105542/RS; Relator(a): Min. ROSA WEBER; Julgamento:

17/04/2012; Órgão Julgador: Primeira Turma; Publicação: PROCESSO

ELETRÔNICO, DJe-093, DIVULG 11-05-2012, PUBLIC 14-05-2012)

É também muito importante a leitura da ementa do julgamento da ADI 1923, em

que o STF, dentre outras conclusões, asseverou que o contrato de gestão firmado com

as OSs não se submete à necessidade de licitação, assim como afirmou que é

constitucional a hipótese de dispensa de licitação prevista no art. 24, XXIV, da Lei

8.666/93. No entanto, nas palavras da Corte, tanto em um quanto em outro caso (assim

como na atuação da OSs em geral), devem ser observados os princípios que regem a

administração pública. Vejamos:

Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. TERCEIRO SETOR. MARCO

LEGAL DAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS. LEI Nº 9.637/98 E NOVA

REDAÇÃO, CONFERIDA PELA LEI Nº 9.648/98, AO ART. 24, XXIV, DA LEI

Nº 8.666/93. MOLDURA CONSTITUCIONAL DA INTERVENÇÃO DO

ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO E SOCIAL. SERVIÇOS PÚBLICOS

SOCIAIS. SAÚDE (ART. 199, CAPUT), EDUCAÇÃO (ART. 209, CAPUT),

CULTURA (ART. 215), DESPORTO E LAZER (ART. 217), CIÊNCIA E

TECNOLOGIA (ART. 218) E MEIO AMBIENTE (ART. 225). ATIVIDADES

CUJA TITULARIDADE É COMPARTILHADA ENTRE O PODER PÚBLICO E A

SOCIEDADE. DISCIPLINA DE INSTRUMENTO DE COLABORAÇÃO

PÚBLICO-PRIVADA. INTERVENÇÃO INDIRETA. ATIVIDADE DE

FOMENTO PÚBLICO. INEXISTÊNCIA DE RENÚNCIA AOS DEVERES

ESTATAIS DE AGIR. MARGEM DE CONFORMAÇÃO

CONSTITUCIONALMENTE ATRIBUÍDA AOS AGENTES POLÍTICOS

DEMOCRATICAMENTE ELEITOS. PRINCÍPIOS DA CONSENSUALIDADE E

DA PARTICIPAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 175, CAPUT,

DA CONSTITUIÇÃO. EXTINÇÃO PONTUAL DE ENTIDADES PÚBLICAS

QUE APENAS CONCRETIZA O NOVO MODELO. INDIFERENÇA DO FATOR

TEMPORAL. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO DEVER CONSTITUCIONAL

DE LICITAÇÃO (CF, ART. 37, XXI). PROCEDIMENTO DE QUALIFICAÇÃO

QUE CONFIGURA HIPÓTESE DE CREDENCIAMENTO. COMPETÊNCIA

DISCRICIONÁRIA QUE DEVE SER SUBMETIDA AOS PRINCÍPIOS

CONSTITUCIONAIS DA PUBLICIDADE, MORALIDADE, EFICIÊNCIA E

IMPESSOALIDADE, À LUZ DE CRITÉRIOS OBJETIVOS (CF, ART. 37,

CAPUT). INEXISTÊNCIA DE PERMISSIVO À ARBITRARIEDADE.

CONTRATO DE GESTÃO. NATUREZA DE CONVÊNIO. CELEBRAÇÃO

NECESSARIAMENTE SUBMETIDA A PROCEDIMENTO OBJETIVO E

IMPESSOAL. CONSTITUCIONALIDADE DA DISPENSA DE LICITAÇÃO

INSTITUÍDA PELA NOVA REDAÇÃO DO ART. 24, XXIV, DA LEI DE

LICITAÇÕES E PELO ART. 12, §3º, DA LEI Nº 9.637/98. FUNÇÃO

REGULATÓRIA DA LICITAÇÃO. OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS DA

IMPESSOALIDADE, DA PUBLICIDADE, DA EFICIÊNCIA E DA

MOTIVAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE EXIGÊNCIA DE LICITAÇÃO PARA OS

CONTRATOS CELEBRADOS PELAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS COM

TERCEIROS. OBSERVÂNCIA DO NÚCLEO ESSENCIAL DOS PRINCÍPIOS DA

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (CF, ART. 37, CAPUT). REGULAMENTO

PRÓPRIO PARA CONTRATAÇÕES. INEXISTÊNCIA DE DEVER DE

REALIZAÇÃO DE CONCURSO PÚBLICO PARA CONTRATAÇÃO DE

EMPREGADOS. INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA

IMPESSOALIDADE, ATRAVÉS DE PROCEDIMENTO OBJETIVO. AUSÊNCIA

DE VIOLAÇÃO AOS DIREITOS CONSTITUCIONAIS DOS SERVIDORES

PÚBLICOS CEDIDOS. PRESERVAÇÃO DO REGIME REMUNERATÓRIO DA

ORIGEM. AUSÊNCIA DE SUBMISSÃO AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

PARA O PAGAMENTO DE VERBAS, POR ENTIDADE PRIVADA, A

SERVIDORES. INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 37, X, E 169, §1º, DA

CONSTITUIÇÃO. CONTROLES PELO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO E

PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. PRESERVAÇÃO DO ÂMBITO

CONSTITUCIONALMENTE DEFINIDO PARA O EXERCÍCIO DO CONTROLE

EXTERNO (CF, ARTS. 70, 71, 74 E 127 E SEGUINTES). INTERFERÊNCIA

ESTATAL EM ASSOCIAÇÕES E FUNDAÇÕES PRIVADAS (CF, ART. 5º, XVII

E XVIII). CONDICIONAMENTO À ADESÃO VOLUNTÁRIA DA ENTIDADE

PRIVADA. INEXISTÊNCIA DE OFENSA À CONSTITUIÇÃO. AÇÃO DIRETA

JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE PARA CONFERIR

INTERPRETAÇÃO CONFORME AOS DIPLOMAS IMPUGNADOS. 1. A

atuação da Corte Constitucional não pode traduzir forma de

engessamento e de cristalização de um determinado modelo pré-

concebido de Estado, impedindo que, nos limites constitucionalmente

assegurados, as maiorias políticas prevalecentes no jogo democrático

pluralista possam pôr em prática seus projetos de governo, moldando

o perfil e o instrumental do poder público conforme a vontade

coletiva. 2. Os setores de saúde (CF, art. 199, caput), educação (CF, art.

209, caput), cultura (CF, art. 215), desporto e lazer (CF, art. 217),

ciência e tecnologia (CF, art. 218) e meio ambiente (CF, art. 225)

configuram serviços públicos sociais, em relação aos quais a

Constituição, ao mencionar que “são deveres do Estado e da

Sociedade” e que são “livres à iniciativa privada”, permite a atuação,

por direito próprio, dos particulares, sem que para tanto seja

necessária a delegação pelo poder público, de forma que não incide,

in casu, o art. 175, caput, da Constituição. 3. A atuação do poder

público no domínio econômico e social pode ser viabilizada por

intervenção direta ou indireta, disponibilizando utilidades materiais

aos beneficiários, no primeiro caso, ou fazendo uso, no segundo caso,

de seu instrumental jurídico para induzir que os particulares executem

atividades de interesses públicos através da regulação, com

coercitividade, ou através do fomento, pelo uso de incentivos e

estímulos a comportamentos voluntários. 4. Em qualquer caso, o

cumprimento efetivo dos deveres constitucionais de atuação estará,

invariavelmente, submetido ao que a doutrina contemporânea

denomina de controle da Administração Pública sob o ângulo do

resultado (Diogo de Figueiredo Moreira Neto). 5. O marco legal das

Organizações Sociais inclina-se para a atividade de fomento público no

domínio dos serviços sociais, entendida tal atividade como a disciplina

não coercitiva da conduta dos particulares, cujo desempenho em

atividades de interesse público é estimulado por sanções premiais, em

observância aos princípios da consensualidade e da participação na

Administração Pública. 6. A finalidade de fomento, in casu, é posta em

prática pela cessão de recursos, bens e pessoal da Administração

Pública para as entidades privadas, após a celebração de contrato de

gestão, o que viabilizará o direcionamento, pelo Poder Público, da

atuação do particular em consonância com o interesse público, através

da inserção de metas e de resultados a serem alcançados, sem que isso

configure qualquer forma de renúncia aos deveres constitucionais de

atuação. 7. Na essência, preside a execução deste programa de ação

institucional a lógica que prevaleceu no jogo democrático, de que a

atuação privada pode ser mais eficiente do que a pública em

determinados domínios, dada a agilidade e a flexibilidade que marcam

o regime de direito privado. 8. Os arts. 18 a 22 da Lei nº 9.637/98

apenas concentram a decisão política, que poderia ser validamente

feita no futuro, de afastar a atuação de entidades públicas através da

intervenção direta para privilegiar a escolha pela busca dos mesmos

fins através da indução e do fomento de atores privados, razão pela

qual a extinção das entidades mencionadas nos dispositivos não

afronta a Constituição, dada a irrelevância do fator tempo na opção

pelo modelo de fomento – se simultaneamente ou após a edição da

Lei. 9. O procedimento de qualificação de entidades, na sistemática da

Lei, consiste em etapa inicial e embrionária, pelo deferimento do título

jurídico de “organização social”, para que Poder Público e particular

colaborem na realização de um interesse comum, não se fazendo

presente a contraposição de interesses, com feição comutativa e com

intuito lucrativo, que consiste no núcleo conceitual da figura do

contrato administrativo, o que torna inaplicável o dever constitucional

de licitar (CF, art. 37, XXI). 10. A atribuição de título jurídico de

legitimação da entidade através da qualificação configura hipótese de

credenciamento, no qual não incide a licitação pela própria natureza

jurídica do ato, que não é contrato, e pela inexistência de qualquer

competição, já que todos os interessados podem alcançar o mesmo

objetivo, de modo includente, e não excludente. 11. A previsão de

competência discricionária no art. 2º, II, da Lei nº 9.637/98 no que

pertine à qualificação tem de ser interpretada sob o influxo da

principiologia constitucional, em especial dos princípios da

impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (CF, art. 37,

caput). É de se ter por vedada, assim, qualquer forma de

arbitrariedade, de modo que o indeferimento do requerimento de

qualificação, além de pautado pela publicidade, transparência e

motivação, deve observar critérios objetivos fixados em ato

regulamentar expedido em obediência ao art. 20 da Lei nº 9.637/98,

concretizando de forma homogênea as diretrizes contidas nos inc. I a

III do dispositivo. 12. A figura do contrato de gestão configura hipótese

de convênio, por consubstanciar a conjugação de esforços com plena

harmonia entre as posições subjetivas, que buscam um negócio

verdadeiramente associativo, e não comutativo, para o atingimento

de um objetivo comum aos interessados: a realização de serviços de

saúde, educação, cultura, desporto e lazer, meio ambiente e ciência e

tecnologia, razão pela qual se encontram fora do âmbito de incidência

do art. 37, XXI, da CF. 13. Diante, porém, de um cenário de escassez de

bens, recursos e servidores públicos, no qual o contrato de gestão

firmado com uma entidade privada termina por excluir, por

consequência, a mesma pretensão veiculada pelos demais particulares

em idêntica situação, todos almejando a posição subjetiva de parceiro

privado, impõe-se que o Poder Público conduza a celebração do

contrato de gestão por um procedimento público impessoal e pautado

por critérios objetivos, por força da incidência direta dos princípios

constitucionais da impessoalidade, da publicidade e da eficiência na

Administração Pública (CF, art. 37, caput). 14. As dispensas de licitação

instituídas no art. 24, XXIV, da Lei nº 8.666/93 e no art. 12, §3º, da Lei

nº 9.637/98 têm a finalidade que a doutrina contemporânea

denomina de função regulatória da licitação, através da qual a licitação

passa a ser também vista como mecanismo de indução de

determinadas práticas sociais benéficas, fomentando a atuação de

organizações sociais que já ostentem, à época da contratação, o título

de qualificação, e que por isso sejam reconhecidamente colaboradoras

do Poder Público no desempenho dos deveres constitucionais no

campo dos serviços sociais. O afastamento do certame licitatório não

exime, porém, o administrador público da observância dos princípios

constitucionais, de modo que a contratação direta deve observar

critérios objetivos e impessoais, com publicidade de forma a permitir

o acesso a todos os interessados. 15. As organizações sociais, por

integrarem o Terceiro Setor, não fazem parte do conceito

constitucional de Administração Pública, razão pela qual não se

submetem, em suas contratações com terceiros, ao dever de licitar, o

que consistiria em quebra da lógica de flexibilidade do setor privado,

finalidade por detrás de todo o marco regulatório instituído pela Lei.

Por receberem recursos públicos, bens públicos e servidores públicos,

porém, seu regime jurídico tem de ser minimamente informado pela

incidência do núcleo essencial dos princípios da Administração Pública

(CF, art. 37, caput), dentre os quais se destaca o princípio da

impessoalidade, de modo que suas contratações devem observar o

disposto em regulamento próprio (Lei nº 9.637/98, art. 4º, VIII),

fixando regras objetivas e impessoais para o dispêndio de recursos

públicos. 16. Os empregados das Organizações Sociais não são

servidores públicos, mas sim empregados privados, por isso que sua

remuneração não deve ter base em lei (CF, art. 37, X), mas nos

contratos de trabalho firmados consensualmente. Por identidade de

razões, também não se aplica às Organizações Sociais a exigência de

concurso público (CF, art. 37, II), mas a seleção de pessoal, da mesma

forma como a contratação de obras e serviços, deve ser posta em

prática através de um procedimento objetivo e impessoal. 17. Inexiste

violação aos direitos dos servidores públicos cedidos às organizações

sociais, na medida em que preservado o paradigma com o cargo de

origem, sendo desnecessária a previsão em lei para que verbas de

natureza privada sejam pagas pelas organizações sociais, sob pena de

afronta à própria lógica de eficiência e de flexibilidade que inspiraram

a criação do novo modelo. 18. O âmbito constitucionalmente definido

para o controle a ser exercido pelo Tribunal de Contas da União (CF,

arts. 70, 71 e 74) e pelo Ministério Público (CF, arts. 127 e seguintes)

não é de qualquer forma restringido pelo art. 4º, caput, da Lei nº

9.637/98, porquanto dirigido à estruturação interna da organização

social, e pelo art. 10 do mesmo diploma, na medida em que trata

apenas do dever de representação dos responsáveis pela fiscalização,

sem mitigar a atuação de ofício dos órgãos constitucionais. 19. A

previsão de percentual de representantes do poder público no

Conselho de Administração das organizações sociais não encerra

violação ao art. 5º, XVII e XVIII, da Constituição Federal, uma vez que

dependente, para concretizar-se, de adesão voluntária das entidades

privadas às regras do marco legal do Terceiro Setor. 20. Ação direta de

inconstitucionalidade cujo pedido é julgado parcialmente procedente,

para conferir interpretação conforme à Constituição à Lei nº 9.637/98

e ao art. 24, XXIV, da Lei nº 8666/93, incluído pela Lei nº 9.648/98, para

que: (i) o procedimento de qualificação seja conduzido de forma

pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do caput

do art. 37 da CF, e de acordo com parâmetros fixados em abstrato

segundo o que prega o art. 20 da Lei nº 9.637/98; (ii) a celebração do

contrato de gestão seja conduzida de forma pública, objetiva e

impessoal, com observância dos princípios do caput do art. 37 da CF;

(iii) as hipóteses de dispensa de licitação para contratações (Lei nº

8.666/93, art. 24, XXIV) e outorga de permissão de uso de bem público

(Lei nº 9.637/98, art. 12, §3º) sejam conduzidas de forma pública,

objetiva e impessoal, com observância dos princípios do caput do art.

37 da CF; (iv) os contratos a serem celebrados pela Organização Social

com terceiros, com recursos públicos, sejam conduzidos de forma

pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do caput

do art. 37 da CF, e nos termos do regulamento próprio a ser editado

por cada entidade; (v) a seleção de pessoal pelas Organizações Sociais

seja conduzida de forma pública, objetiva e impessoal, com

observância dos princípios do caput do art. 37 da CF, e nos termos do

regulamento próprio a ser editado por cada entidade; e (vi) para

afastar qualquer interpretação que restrinja o controle, pelo

Ministério Público e pelo TCU, da aplicação de verbas públicas.

(ADI 1923/DF; Relator(a): Min. AYRES BRITTO; Relator(a) p/

Acórdão: Min. LUIZ FUX; Julgamento: 16/04/2015; Órgão Julgador:

Tribunal Pleno; Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO, DJe-254,

DIVULG 16-12-2015, PUBLIC 17-12-2015)

DIREITO FINANCEIRO

JULGADOS RELEVANTES:

A Lei de Responsabilidade Fiscal, cumprindo o que determina o art. 169

da CF/88, estabelece, em seus arts. 19 e 20, valores máximos que a União, os Estados/DF

e os Municípios poderão ter gastar com despesas de pessoal. É inconstitucional lei

estadual que amplia os limites máximos de gastos com pessoal fixados pelos arts. 19

e 20 da Lei de Responsabilidade (LC 101/2000). O art. 169 da CF/88 determina que a

despesa com pessoal da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não

poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar. Esta lei complementar

de que trata a Constituição é uma lei complementar nacional que, no caso, é a LC

101/2000. A legislação estadual, ao fixar limites de gastos mais generosos, viola os

parâmetros normativos contidos na LRF, e, com isso, usurpa a competência da União

para dispor sobre o tema. STF. Plenário. ADI 5449 MC-Referendo/RR, Rel. Min. Teori

Zavascki, julgado em 10/3/2016 (Info 817)

O limite máximo das despesas de pessoal do Ministério Público do Distrito

Federal e Territórios está disciplinado pela alínea "c" do inciso I do art. 20 da Lei de

Responsabilidade Fiscal. A alínea "d" do mesmo dispositivo menciona as despesas com

o MPU, mas não abrange o MPDFT porque existe regra específica para ele na referida

alínea "c". STF. 1ª Turma. MS 25997/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 5/4/2016

(Info 820).

A restrição para transferência de recursos federais a Município que possui

pendências no Cadastro Único de Exigências para Transferências Voluntárias (CAUC) não

pode ser suspensa sob a justificativa de que os recursos destinam-se à pavimentação de

vias públicas. Isso porque a pavimentação de vias públicas não

pode ser enquadrada no conceito de ação social previsto no art. 26 da Lei 10.522/02.

REsp 1.372.942-AL; rel. Min. Benedito Gonçalves, 1º.4.14. 19 T. (lnfo 539)

O princípio da intranscendência subjetiva das sanções, consagrado pelo STF,

inibe a aplicação de severas sanções às administrações por ato de gestão anterior à

assunção dos deveres públicos. Com base nessa orientação e, com ressalva de

fundamentação do Ministro Marco Aurélio, a Primeira Turma, em julgamento

conjunto, negou provimento a agravos regimentais em ações cautelares ajuizadas com

a finalidade de se determinar a suspensão da condição de inadimplente de Estado-

Membro, bem como das limitações dela decorrentes, com relação a convênios com a

União. Na espécie, em face de decisões que julgaram procedentes os pedidos a favor

dos entes federativos, a fim de suspender as inscrições dos requerentes de todo

e qualquer sistema de restrição ao crédito utilizado pela União, foram interpostos os

presentes recursos. A Turma consignou que, em casos como os presentes, em que os

fatos teriam decorrido de administrações anteriores e os novos gestores estivessem

tomando providências para sanar as irregularidades verificadas, aplicar-se-ia o princípio

da intranscendência subjetiva. O propósito seria neutralizar a ocorrência de risco

que pudesse comprometer, de modo grave ou irreversível, a continuidade da execução

de políticas públicas ou a prestação de serviços essenciais à coletividade. Nesse sentido,

a tomada de contas especial seria medida de rigor com o ensejo de alcançar-se o

reconhecimento definitivo de irregularidades, permitindo-se, só então, a inscrição dos

entes nos cadastros de restrição aos créditos organizados e mantidos pela União.

o Ministro Marco Aurélio asseverou que, por se tratar de governança, preponderaria o

princípio contido no art. 37 da CF, ou seja, o da impessoalidade. Precedentes citados:

ACO 1.848 AgR/MA {DJe de 21.11.2014) e ACO 1.612 AgR/MS (DJe de 12.12.2014).