foto: kleber gutierrez - site.ucdb.br · dência do pop rock, nem as vozes frenéticas das...

16
Ano VIII - Edição Nº 124 Campo Grande, MS - Outubro de 2009 Foto: Kleber Gutierrez

Upload: trinhdieu

Post on 18-Sep-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

009

EM

FO

CO

RURAL

Ano VIII - Edição Nº 124Campo Grande, MS -Outubro de 2009

Foto: Kleber Gutierrez

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

009

EM

FO

CO

RURAL

Em Foco – Jornal laboratório do curso de Jornalismo da UniversidadeCatólica Dom Bosco (UCDB)

Ano VIII - nº 124 – Outubro de 2009 - Tiragem 3.000

Obs.: As matérias publicadas neste veículo de comunicação não represen-tam o pensamento da Instituição e são de responsabilidade de seus autores.

Chanceler: Pe. Lauro Takaki ShinoharaReitor: Pe. José MarinoniPró-reitoria de Ensino e Desenvolvimento: Conceição Aparecida ButeraPró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação: Hemerson PistoriPró-reitoria Extensão e Assuntos Comunitários: Luciane Pinho de

Eliane dos Santos, Elverson Cardozo, Ervilário Júnior, Evellyn Abelha,Evillyn Regis, Fernanda Mara, Helton Verão, Jéssica Keli Santos Martins,Jéssica Nishihira, José Luiz Alves, Juliana Gonçalves, Kleber Gutierrez, LaísCamargo, Naiane Mesquita, Natalie Malulei, Pedro Martinez, Renan Gonzaga,Rogério Valdez, Tatiana Gimenes e Thiago Dal Moro.

Projeto Gráfico, diagramação e tratamento de imagens:Designer - Maria Helena Benites

Impressão: Jornal A Crítica

Em Foco - Av. Tamandaré, 6000 B. Jardim Seminário, Campo Grande – MS.Cep: 79117900 – Caixa Postal: 100 - Tel:(067) 3312-3735

EmFoco On-line: www.emfoco.com.br

E-mail: [email protected] [email protected]

Editorial02

AlmeidaPró-reitoria de Pastoral: Pe. Pedro Pereira BorgesPró-reitoria de Administração: Ir. Raffaele Lochi.

Coordenador do curso de Jornalismo: Jacir Alfonso Zanatta

Jornalistas responsáveis: Jacir Alfonso Zanatta DRT-MS 108, Cristina Ramos DRT-MS158 e Inara Silva DRT-MS 83

Revisão: Cristina Ramos e Inara Silva.

Edição: Cristina Ramos, Inara Silva, Jacir Zanatta e Oswaldo Ribeiro

Professor Comunicação Rural: Oswaldo RibeiroRepórteres: Aline Flores, Bruna Lucianer, Cláudia Basso, Ederson Almeida, Edilene Borges,

Pelo quarto ano consecutivo oJornal Laboratório Em Foco abre es-paço para assuntos relacionados à

Comunicação Rural. Desde 2006, osacadêmicos-repórteres do Curso de Jor-nalismo da UCDB fazem matérias abor-dando o tema, a primeira experiênciafoi em novembro do citado ano, na edi-ção de número 56, quando foi aborda-da a riqueza rural do Estado. Em 2007,uma edição especial sobre a 69ª. edi-ção da Expogrande contou tudo sobre

uma das maiores exposiçõesagropecuárias do Brasil. Em junho doano passado, no Em Foco número 104,o destaque foi para o setor produtivoda carne, entre outros assuntos.

Vinte números depois, voltamos aotema : a fartura produtiva do espaçorural. Desta vez com um diferencial,acadêmicos de Jornalismo e PP juntos.

Os futuros publicitários, fizeram osanúncios, com apoio da agência MaisComunicação, e os acadêmicos- repór-teres, que também estavam no tercei-ro semestre, as matérias. A edição es-pecial conta ainda com reportagens dopessoal que cursava a disciplina Co-municação Rural no sétimo semestrede Jornalismo da UCDB.

Espaço garantido

universitário

Estilo

Sertanejo ritmo

Clássicos da música caipira em versão acelerada

Foto: Renan Gonzaga

Renan GonzagaElverson Cardozo

Já não se vê o gingado ma-roto ao som do batuque dostambores e o manejo dos pan-deiros como se via antes notão conhecido pagode; já nãose ouve a voz branda na ca-dência do pop rock, nem asvozes frenéticas das cançõesde rock. O som do cavaqui-nho deu lugar aos acordesmelódicos do violão; a sua-vidade do pop rock e a eufo-ria do rock transformaram-seem nostálgicas palavras. Aindependência e desenvoltu-ra do pagodeiro cederam lu-gar aos passos de um“baileiro” alterado pelo tem-po.

O que se ouve e o que sevê ultimamente é o bater daspalmas das mãos e solas dasbotas para espantar a solidão.Um tradicional estilo musicalganhou nova vertente e agra-dou um grande público emum curto espaço de tempo.

Para alegria de uns e desespero de ou-tros o que mais se ouve nos corredoresda maioria das universidades duranteos intervalos, após as aulas ou até mes-mo em “dias culturais”, são os chama-dos “sertanejos universitários”.

O sertanejo universitário traz pou-cas lembranças do sertanejo da déca-da de 70, as músicas ganharam maisvelocidade, são mescladas ao som deguitarras estridentes e acompanhadasde percussões, versões aceleradas emodernas dos clássicos caipiras quemarcaram o tempo nas vozes de Tonicoe Tinoco, Tião Carreiro e Pardinho,Zico e Zeca, Milionário e José Rico,entre outros. “O sertanejo universitá-rio além de ser animado, não é melan-cólico como o sertanejo raiz. É umamúsica mais dançante”, diz a acadê-mica de Enfermagem do Centro Uni-versitário de Campo Grande (UNAES),Jéssika Karina Vidal, de 20 anos.

As duplas João Bosco e Vinícius,de Campo Grande, e César Menotti eFabiano, de Belo Horizonte, foram osprincipais nomes desse novo gêneroque há pouco tempo conquistou es-paço entre os universitários tocandoe cantando em bares frequentados por

esse público. Para ambos, o despontarde uma carreira de sucesso começouquando conseguiram agendar showsnas próprias universidades e a partirdaí, o público cativado pela moderni-zação do estilo, passou a adotar outrasduplas, como Maria Cecília e Rodolfo,Victor e Léo, Jorge e Mateus, etc. “Osertanejo é a música que mais fala doamor, da vida, de tudo que você passa.Não é só batuque, tem letra, tem melo-dia, fala com você e você fala atravésdela”, diz o acadêmico de Administra-ção da Universidade Católica DomBosco (UCDB), Jarmirio Serpa França,de 20 anos.

Se para algumas pessoas, o sertane-jo é uma modernização do estilo, paraoutras o que era tradicional perdeu emqualidade, mas o “aspecto dançante” fazcom que o sucesso seja instantâneo.“Não queiramos comparar o sertanejo deraiz com qualidade, que é o caso de

Almir Sater ou Renato Teixeira, comesse sertanejo que é produzido hoje emdia e que rima amor com dor e faz su-cesso”, opina a acadêmica de Letras daUniversidade Estadual de São Paulo(UNESP), Thadyanara Martinelli, de 18anos.

O entusiasmo dado à tradicionalmúsica sertaneja chegou com força to-tal às universidades e os acadêmicossaltaram para a nova onda: dançarcoladinhos ao ritmo descontraído, vi-brante e apaixonado do sertanejo uni-versitário. “O gosto é independente, aspessoas têm que respeitar seu estilo,sua preferência”, diz ainda a acadêmi-ca Jéssika Karina Vidal. A nova inter-pretação influenciou, inclusive, o es-tilo de muitos deles: calça justa, cami-sa pólo, fivela country, botas e até cha-péu para os mais tradicionais fazemparte do figurino que trouxe o campoao campus.

E v e n t o - Dupla sertaneja se apresenta em bloco da Universidade Católica Dom Bosco

dita

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

009

EM

FO

CO

RURAL

03

Florestas

Tendência

Aos poucos produtores de Mato Grosso do Sul descobrem que é possível investir suas terras na produção de árvores

Plantação

D e v o l t a - Com R$ 4 mil o produtor que aposta no reflorestamento planta cerca de 1,6 mil árvores por hectare e tem o retorno por mês do que um bezerro rende ao ano

de

Foto: Natalie Malulei

Laís CamargoNatalie Malulei

Ao contrário do que estamos acostu-mados a ver, nem toda propriedade ru-ral limita a sua produção a animais. Háalgum tempo, a idéia de que plantar ár-vores pode dar um retorno favorável aoprodutor vem se espalhando.

A barreira encontrada na implantaçãode áreas de reflorestamento é a falta de in-formação. Contudo, a visão do produtorestá se modificando. “Existe dificuldadeem mudar a exploração econômica do Es-tado, o pecuarista fica com o pé atrás, por-que ele cria gado, de repente vai plantarárvores? É algo que se está aprendendo eeu vejo a aceitação”, analisa o engenheiroagrônomo Abrahão Malulei Neto, propri-etário de empresa de reflorestamento.

Hoje as propriedades rurais estão sediversificando. Primeiramente devido ànecessidade de adaptarem-se à medidaprovisória implementada em 2001. Nalei federal nº 4771, artigo 16 n°IV, ficaclaro que as propriedades rurais têm quepossuir uma reserva legal de 20%, com-

posta de plantas nativas, caso contráriouma multa será aplicada. “Se seguirmoso código florestal ao pé da letra, váriasatividades serão inviáveis, o país todoestá ilegal. Existe um movimento, inclu-sive com o apoio do ministro da Agri-cultura, Reinhold Stephanes, para seg-mentar a lei por Estado. Santa Catarinafez isso, mas o ministro do Meio Ambi-ente, Carlos Minc já disse que ela nãotem valor algum”, argumenta o engenhei-ro agrônomo Ulisses Lucas Camargo.Uma estratégia para o produtor adequar-se à lei, é fazer a recomposição florestalcom espécies nativas, como embaúba,aroeira e guanandi.

E f e i t o p r á t i c oUma opção que o produtor tem é as-

sociar as três atividades – a pecuária, aagricultura e o reflorestamento, conhe-cido como sistema agrossilvipastoril, aunificação do plantio de espécies usa-das no reflorestamento com o manejodo gado e pastagem. “É aplicável prin-cipalmente porque 80% das pastagensdo Estado estão degradadas, então che-

ga a um ponto que é necessário reformara pastagem, dessa forma age o sistemaagrossilvipastoril, que é a exploração dostrês dentro de um hectare”, comentaAbrahão. Os resultados são o maior ren-dimento da produção de carne e lucrocom a retirada posterior da madeira.

“Aumenta a produtividade de carneporque o animal tem sombra, isso me-lhora o conforto térmico. Em uma mes-ma área você tem a pecuária e a silvicul-tura. Além disso, tem o benefício ambi-ental porque as árvores amortecem o im-pacto das gotas de chuva, isso reduz orisco de erosão”, explica Ulisses. Quan-to ao lucro advindo da madeira, é umprocesso a longo prazo, com um investi-mento inicial alto, porém com custo demanutenção baixo.

Enquanto o gado necessita de cuida-dos constantes, com recomposição dopasto, vacinas e suplementos alimenta-res, as espécies de árvores usadas no re-florestamento – como eucalipto, acácia emogno australiano – também precisamde cuidados, mas em menor continui-dade. “Em um ciclo de 16 anos, o rendi-

mento chega a até R$ 800 mensaispor hectare. É mais que um bezerrorende por ano. O gasto inicial da flo-resta é bem alto, mas a manutençãoé mais barata. Se gasta em torno dequatro mil reais para plantar umhectare de floresta, são 1.666 árvo-res a cada 10 mil metros quadrados”,explica Abrahão.

As vantagens desse novo siste-ma implantado já se mostram per-ceptíveis, uma delas é que o produ-tor não se torna dependente de umacultura ou de uma atividade especí-fica, não se limitando a um mercadosó. “Muita gente já está implantan-do esse novo sistema, bem devagar,mas já estão implantando. Isso acon-tece porque os produtores no geralsão bem desconfiados. Até porquemuitos deles não vivem somente daprodução rural, nesse contexto elestêm outros problemas, não conse-guem ver esse benefício e acaba fi-cando em uma cultura só”, afirma oempresário Moacir Reis, proprietá-rio do Grupo Mutum.

Vantagensda

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

009

EM

FO

CO

RURAL

04

Foto: Arquivo Famasul

femininoSucedendo os pais, muitas mulheres chegam à administração de fazendas e conseguem sucesso no trabalho

Talentos

administraçãorural

Toque na

Evellyn Abelha

Durante muitos séculos, salvo ra-ras exceções, as mulheres do campo

eram praticamente invisíveis.Não possuíam direito algum porseus trabalhos no meio rural eainda eram alvo de preconceito.Hoje, com a valorização do tra-balho feminino em todas as áre-as, aliada à tecnologia e informa-ção, elas passaram de mulheresdo campo a mulheres do agro-negócio.

“Herdei de meu pai uma fa-zenda que administro. Trabalha-mos com pecuária de leite e cor-te”. Como a maioria das mulhe-res, Anna Lucia Coelho Paiva, de47 anos, analista de sistemas,chegou ao agronegócio por fazerparte de uma família que traba-lha no campo. Assim assumiu apropriedade rural e foi presiden-te do Grupo de Troca de Experi-

ência (GTE) durante 2006 e 2007. Estegrupo partiu da iniciativa do Sindica-to Rural de Campo Grande, na gestãode Helio Martins Coelho, a fim de unirprodutores rurais, para que eles pu-dessem trocar experiências e se aju-darem mutuamente. Dentre os 10 gru-pos formados o GTE-3 foi criado commulheres e um homem que secandidatou. “Trocamos muitas expe-riências, o GTE foi muito proveitoso

apesar de agora não estarmos em ativida-de permanente”, diz Anna Lucia.

Por meio de sucessões é que muitasmulheres chegam à administração rural.Diante destas circunstâncias surgem inú-meros desafios. “Creio que a mulher porser mais medrosa que o homem e por con-sequência ter mais cuidado, procura maisajuda”, diz Maria Lizete Barreto de Mene-zes Brito, de 62 anos. Ela acredita que es-tes fatores são decisivos na boa adminis-tração rural que muitas mulheres vêm pra-ticando.

Em 38 anos dedicados às atividadesdo campo, a engenheira agrônoma esilvicultora ainda não conheceu uma mu-lher que não tenha sido bem sucedida noagronegócio. Atualmente Maria Lizete é aúnica mulher na presente diretoria da Fe-deração da Agricultura e Pecuária de MatoGrosso do Sul (Famasul), ocupando o car-go de primeira tesoureira pela segunda vezconsecutiva. “Existem homens muito com-petentes no agronegócio, mas ao enfrenta-rem um desafio as mulheres são corajo-sas, vão atrás de gente para trabalhar, sãomais humildes, não têm vergonha de per-guntar e pedem ajuda mesmo”.

Outro aspecto da presença femininano campo está ligado ao preconceito edesigualdades perante o sexo masculi-no. “Antigamente as mulheres não erampagas por seus serviços em fazenda, erasó o homem que recebia. Agora temosmuitos direitos iguais ao dos homens”,conta Maria Lizete. Com relação ao pre-

conceito ela revela que já sofreu muito,mas conta de sua profissão. Na épocaem que se formou os trabalhadores eproprietários rurais tinham dificuldadeem aceitar recomendações técnicas dosengenheiros agrônomos. Ela acredita quehoje o preconceito está mais ameno di-ante das conquistas femininas.

C o m p e t ê n c i a - A engenheira agrônoma e silvicultora Maria Lizete Barreto de Brito

Para Anna Lucia, o preconceito sur-giu pela mudança de administração dafazenda, quando assumiu o trabalho.“Qualquer mudança de comando emuma propriedade rural passa por resis-tências até que o novo comandante mos-tre que sabe administrar e tenha lideran-ça com seus empregados”, finaliza Anna.

Ú n i c a - Maria Lizete ocupa o cargo de primeira tesoureira na diretoria da Famasul

Foto: Arquivo Famasul

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

009

EM

FO

CO

RURAL

05

Tr a b a l h a d o r a s - Na cozinha ou na roça, elas se dedicam ao batente rural

Elas dão duro na lida, mas 80% não têm carteira assinada

nutrem

MULHERES que

Foto: Jéssica Keli Martins

Jéssica Keli Santos Martins

Atualmente as mulheres urbanas têmtomado frente de muitas situações queantes eram feitas somente por homens,como num trabalho braçal ou até mes-mo serem a “chefe da família”, compro-vando assim que as mulheres tornaram-se mais independentes e fortes. Porém,no campo essa realidade não é a mesma,pois o trabalho da mulher ainda é vistocomo algo limitado. O trabalho entre ho-mens e mulheres mesmo que iguais, nãotem o mesmo reconhecimento, e muitasvezes o trabalho delas no meio rural évisto como uma extensão dos afazeresdomésticos, não como uma produção.

As mulheres que trabalham no cam-po muitas vezes só são contratadas para

campoacompanhar seus maridos que irão tra-balhar na fazenda, como é o caso da Sue-li Alves, de 33 anos, casada com Antô-nio Marcos, “peão” da fazenda MônicaCristina em Ribas do Rio Pardo. “Meutrabalho aqui na fazenda é de cozinheirapara os peões, sirvo café à 05h30min, al-moço as 11h30min e janta as 19h30min,mas mesmo assim ajudo na plantação, nacolheita e até carrego sacos das sementes,rações dos gados”, conta Sueli.

Sueli recebe um salário mínimo mensale tem sua carteira assinada, ao contrário desua cunhada Carmem Rodrigues, de 29anos, também trabalhadora rural que seencaixa numa estatística de trabalhadoresque não tem a carteira de trabalho assina-da. “Aqui só os homens têm a carteira assi-nada, para o patrão estou somente como

acompanhante do meu marido”, revela. Pes-quisa realizada pela Organização das Na-ções Unidas para Agricultura e Alimenta-ção (FAO), e o Instituto Nacional de Colo-nização e Reforma Agrária, aponta que 80%das mulheres trabalham no campo sem re-muneração.

Entretanto, Sueli e Carmem não recla-mam do tratamento que elas têm na fazen-da e quando pergunto se querem morarna cidade, como toda mãe preocupada como futuro do filho, Carmem comenta: “gos-to da vida aqui no campo, só iria para acidade para os estudos do meu filho, masele ainda é muito novinho para estudar”.

Mãos calejadas, rosto marcado pelotempo e pela dureza do trabalho de sol asol, Manuelina Rodrigues, de 56 anos, di-ferente de Sueli e Carmem, conta que tra-balhou desde seus sete anos de idade nocampo, e que fazia de tudo: plantava, co-lhia, alimentava os animais, roçava e até

se aventurava em organizar ogado. Ela diz que não teve estu-do devido às dificuldades detransporte, por isso seu deverera ajudar seu pai nas ativida-des rurais. Mesmo sendo sofri-da, Manuelina não reclama davida que teve. “A pobreza na cidade épior do que a do campo, aqui a genteplanta, colhe, não passamos fome; aocontrário da cidade que tudo depen-de do dinheiro”, e ainda acrescenta“prefiro morar no campo, a vida é maissaudável, muito mais gostosa”.

Uma vida no campo não é tarefafácil, principalmente para as mulhe-res que esquecem da sua delicadeza evaidade para trabalhar como homens.Essas trabalhadoras vivem sem luxo,sem qualquer regalia, mas vivem feli-zes, cuidando de suas famílias e cul-tivando muito amor.

M u d a n ç a - Espaços antes destinados aos homens agora recebem as mãos femininas

o

Mão-de-obra

Foto: Jéssica Keli Martins

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

009

EM

FO

CO

RURAL

06

Fo

to

: sta

tic

.pa

no

ra

mio

.co

mJuliana Gonçalves

Principalmente nos grandes cen-tros a população se tornou basica-mente industrializada, mas osconservantes maquiam o verdadeirosabor dos alimentos que na verdadesaem da matéria prima produzida nocampo. Os ingredientes de um bolo,por exemplo, vêm prontos para usar,basta abrir a tampa da margarina,cortar a caixinha do leite e adicionaro chocolate em pó.

O ovo é o único que ainda nosremete ao campo, mesmo vindo

embalado em bandejas, por queaté mesmo o trigo é totalmen-te processado. Essas facilida-des fizeram com que os pro-dutos do campo não cheguemdiretamente à mesa do consu-midor final, mas sim passemantes por um processo de ins-peção ou mesmo industriali-zação.

Mas há quem ainda gostede saborear um leite caipira re-cebido na porta de casa porpequenos produtores. Como éo caso da dona de casa Mariade Lurdes Silveira, de 48anos, que duas vezes por se-mana compra o leite de “saqui-nho” que um produtor associ-ado a uma cooperativa de leitepassa vendendo de porta em

porta. “Não tem como não gostar,o sabor é bem parecido com aque-le tirado no mangueiro, esse aquié mais gostoso e é pasteurizado domesmo jeito”, afirma.

No entanto, ela desconhece todasas etapas para este leite chegar atésua mesa embalado em sacos plásti-cos com a marca da Associação deVendedores e Produtores de LeiteCaipira (AVPLC). A cooperativaabrange produtores da bacia leiterade Mato Grosso do Sul, formada pe-los municípios de Campo Grande,Jaraguari, Terenos, Rochedo e Sidro-lândia, que há quatro anos resolve-ram abrir um indústria de análise,pasteurização e ensacamento do lei-te produzido em suas propriedadesrurais.

Gaspar Martins Barbosa, de 39 anos,há 13, vende leite de porta em porta,uma herança dos seus bisavós que em1942, ainda vendiam leite tirado na horaem frente ao comprador. “O leite só pas-sou a ser ensacado e passar pela pas-teurização depois da normativa 51, queprezava pela qualidade do leite. Vocênão vai achar nada falando que é proi-bido vender o leite de caneca, mas ven-der nas condições que vendemos hoje éum benefício”, ressalta.

A associação conta hoje com 50 só-cios que patentearam a marca e aproxi-madamente 60 parceiros produtores,que vendem seu leite para os sócios quenão produzem o suficiente para suprira demanda de compra de seus clientes.Gaspar explica que no começo eram 120

sócios, que ajudaram a montar a indús-tria provisória no bairro São Conrado emCampo Grande, mas que o preço peloprocesso de recolhimento com caminhãorefrigerado nas propriedades da bacialeiteira, a pasteurização, ensacamento,análise de qualidade que é o primeiropasso a ser realizado acabou encarecen-do o custo final o que desagradou mui-tos produtores que saíram da associação.

E n t r e s s a f r aGaspar ressalta que entre os meses

de maio a setembro diminui a produçãode leite das vacas por conta do períodode estiagem. Neste momento entra a leida oferta e procura, a escassez de leitefaz os preços subirem e o inverso acon-tece nos meses entre outubro e abril.

E o preço afeta principalmente o co-mércio é o que diz Julio Viera, de 61 anos,também proprietário de um mercado depequeno porte. “É difícil né, o clienteacha que a gente que aumenta o preço, enão entende que ele já vem mais caro doprodutor, porque o custo de produçãonesta época do ano sempre fica maiscaro”, afirma.

Outro problema enfrentado pelos ven-dedores de leite de porta em porta era adesconfiança gerada na população quan-to a qualidade do leite. “Antes eu eradiscriminado pelos meus alunos, por-que eu já fui professor de História, porvender leite de saquinho, como se euvendesse algo ilegal, quando passou aser industrializado nós começamos a terdignidade”, conclui Gaspar.

verdadeiroSabor

leite

Produto embalado em sacos resgata o gosto pelo leite caipira

Cooperativa

do

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

009

EM

FO

CO

RURAL

07

De volta ao campo

Famílias que trocaram o campo pela cidade fazem o exôdo ao contrário em busca da tranquilidade do meio rural

tecnologia

L a r - Casal Shimabuku voltou para a paz do campo

Foto: Arquivo

meio rural. O casal escolheu a simpli-cidade de poder tomar café observan-do o voo das araras no amanhecer,tudo com muita calma, regar o vivei-ro, fazer peças em madeira em sua mar-cenaria caseira. “Cada dia tem um pou-co de serviço, eu nunca fico parado”,

contou Hatsuo. Errado épensar que esse estilode vida é ligado ao iso-lamento, aos domingosa família Shimabuku sereúne em um grande al-

moço, e uma vez por ano a festa tomaproporções maiores, no dia 12 de ou-tubro o casal oferece uma missa se-guida de uma confraternização em co-memoração ao dia de Nossa SenhoraAparecida.

Em contraponto, a família SoaresRomero resolveu trazer todo o confor-

L i g a d o s - Família Soares vê televisão na sala da fazenda

Foto: Arquivo

to e tecnologia da cidade paracasa na fazenda, assim nãoprecisaram abrir mão da tran-qüilidade que o campo pro-porciona. “Temos sossego,tranquilidade e conforto, me-nos stress e melhor qualida-de de vida”, afirma EtnanRomero Fernandes que esboça asvantagens em morar na fazenda.

Hoje o campo já está conectadoà rede, não faltam opções tecnoló-gicas para unir meio rural e urba-no, e de maneira acessível como ainternet via rádio, que se torna degrande utilidade na produção, ali-ando conhecimento empírico e tec-nológico. “Quando a gente nãosabe alguma coisa é só procurarna internet, ela contribui na pes-quisa”, diz o pecuarista OsvaldoSoares Fernandes. A adolescenteEtnara Romero Fernandes, de 16anos, concorda com os pais. “Nocomeço não gostava muito, masagora já me acostumei e acho bemmelhor que morar na cidade, meusamigos vêm me visitar e sempreposso falar com eles pelo MSN”.

As diferenças entre as famíliassão notáveis, e as semelhanças tam-bém. Do gosto pela calma, a sono-ridade e belas imagens registradaspelos olhos de quem mora em umlugar onde o ritmo funciona dife-rente das sirenes ligadas, carrospassando e pressa de chegar. Assemelhanças se destacam ainda emmeio as diferenças, enquanto todosos dias Hatsuo escreve no diáriosua rotina, Etnara conversa sobreseu dia com as amigas pelo MSN.

Aline FloresErvilário JúniorJéssica Nishihira

Os números não negam. A porcen-tagem de pessoas que habita a cidadeultrapassou a do campo. Cerca de 85%dos brasileiros optaram pela vida nacidade, seja por melhores condiçõesempregatícias ou pela preferência davida urbana, ainda assim existem osque optaram pela vida no campo, se-guindo os padrões tradicionais deacordar as 5horas da manhã para or-denhar a vaca, ou fazendo pesquisasna internet para melhorar o rendimen-to da produção. É certo que o meiorural está tão integrado com o urbanoque parece bobagem querer diferenci-ar um do outro.

Uma boa demonstração de encan-to pela vida rural é de Hatsuo Shima-buku, de 82 anos, que foi para a cida-de em busca de melhores condiçõesde educação para os filhos, mas apóscumprir a missão de educá-los,retornou a sua preferível vida no cam-po levando consigo a esposa, “No co-meço não queria muito voltar, mashoje já me acostumei com a tranquili-dade daqui” afirma Mitsiko Shima-buku, ressaltando a serenidade do

e com na mala

Comportamento

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

009

EM

FO

CO

RURAL

08

I d e o l o g i a - O jeito orgânico de criar o gado, sem alimentação tóxica e com abate sem tortura atrai ambientalistas e investidores

Foto: Fotos divulgação ABPO

Naiane Mesquita

Ex-vegetarianos e favoráveisàs causas ambientais estão fomen-tando a criação de boi orgânicono mercado brasileiro e entre osfazendeiros de Mato Grosso doSul. A nova produção está inse-rida na maior parte do Estado,principalmente na região do Pan-tanal e em cidades como Aqui-dauana, Miranda, Corumbá e RioNegro.

Com uma ideologia baseadano uso limitado de medicamen-tos, no desenvolvimento social domeio rural e na diminuição dosimpactos ambientais o boi orgâni-co cresce em um período de difu-são do agronegócio orgânico bra-

sileiro e na sua aceitação positiva nomercado internacional.

“O diferencial é que ele preza porum alimento seguro, sem o uso de pro-dutos químicos, nem a base de uréia.Existe também uma grande preocupa-ção ambiental e social, há uma respon-sabilidade social”, afirma o médico ve-terinário e consultor da Associação Bra-sileira de Pecuária Orgânica (ABPO),

Marcelo Rondon de Barros.Com cerca de 18 fazendas criadoras

em MS, o boi orgânico tem o apoio deOrganizações não-governamentais ambi-entalistas, como o WWF-Brasil, pela suapreocupação com a preservação ambien-tal, principalmente na região do Panta-nal. Segundo a ABPO, as fazendas de-vem respeitar a legislação ambiental docódigo florestal brasileiro, que prevê áre-as de reserva legal e de preservação per-manente intacta, além da proibição douso de agrotóxicos e proteção e conser-vação dos recursos hídricos.

Fortalecer a cultura pantaneira, manteras famílias no Pantanal e garantir a elas aces-so a melhores condições de saúde, traba-lho e educação, também fazem parte da ide-

ologia orgânica, que busca além da preser-vação ambiental o desenvolvimento socialdas regiões criadoras.

“Esta é, justamente a filosofia da pro-dução orgânica, tanto de carnes quanto deprodutos de origem vegetal. Esta filosofiagarante ao consumidor que aquele produtofoi produzido em determinadas condições,as quais reduzem os impactos negativos aoambiente, aumentam a qualidade de vidados empregados, evitam maus tratos aosanimais, etc”, argumenta o pesquisador daEmbrapa Pantanal, André Steffens Mora-es.

No entanto, os cuidados com o animalnão se restringem apenas a sua alimenta-ção e saúde, o abate também é diferenciadocom ações tranquilizantes e através do mé-

todo de êmbolo de ar certeiro, próximo àtesta. O diferencial da criação proporcio-nou a alguns vegetarianos contrários ao tra-tamento tradicional desferido aos bois a pos-sibilidade de através do boi orgânico voltara comer a carne vermelha.

Apesar de algumas pesquisas e criaçõesjá existirem há cerca de dez anos, somentenos últimos três o mercado brasileiro co-meçou a se organizar. Para controlar e fisca-lizar as ações dos fazendeiros foi criada umaauditoria pelo Instituto Biodinâmico (IBD),onde visitas regulares observam as condi-ções de trabalho, preservação ao ambientee cuidados com o animal. As fazendas apro-vadas recebem o selo do Instituto de Certi-ficação Biodinâmico, referencia em todo omundo.

Sustentabilidade econômica

Pecuária

Pedro Martinez

A soja no Brasil é, para eco-nomia, grande proporcionadorade lucros desde sua implemen-tação de sucesso no Brasil, em1882, quando Gustavo Dutra,então professor da Escola deAgronomia da Bahia, realizou es-tudos de cultivo desse grão emnossas terras. E a importânciadesse grão, analisando-se a his-tória, é gigantesca se formos pen-sar no crescimento que ela trou-xe para o nosso país, como con-ta o acadêmico de História FelipeFrade Serafim.

“O desenvolvimento das tec-

Eis a questão: cultivar ou não a soja?nologias da soja no Brasil Moderno é tãogrande que pode ser comparada ao cresci-mento ocorrido com a cana-de-açúcar, naépoca em que ainda éramos Colônia, e aodo café na época do Império passando paraRepública, onde a maior parte das exporta-ções era desses produtos para o Exterior.Além do mais, foi por causa da soja que oBrasil Central começou a ser povoado,abrindo fronteiras, fazendo surgir cidadesnos Cerrados, que até então eram desvalo-rizados e eram somente pequenos povoa-dos longe de serem grandes metrópoles”.

No resto do Brasil, sabe-se que a sojadá bastante lucro, não importa a época doano. No Rio Grande do Sul, por exemplo,mesmo com o período de seca, a soja cres-ceu 1,8%. Mas aqui no Estado, nos últi-

mos anos, as quedas foram quase alarman-tes, causando uma dúvida: será que aindavale a pena investir nela mesmo com tan-tas quedas?

Foi isso que passou na cabeça deAdilson Magalhães, capataz e peão da fa-zenda Gado Forte quando viu nos jornaissobre as bruscas quedas. “Tivemos umperíodo muito grande sem cair nenhumpingo de água nesses últimos anos, aí opatrão me mostrou a matéria nos jornaisfalando das quedas e fiquei preocupado emestar perdendo tempo. Até cheguei a ques-tionar se não era melhor a gente cultivaroutra coisa, foi difícil”, relembra.

No começo deste ano os ares começa-ram a mudar. Nas fazendas onde são cul-tivados outros grãos como arroz, feijão e

milho, a safra de soja foi igual ou maiordo que as dos outros. Isso é um grandeindicador de que vale a pena investirnesse cultivo, que mesmo quando pas-sa por dificuldade extremas, conseguedar a volta por cima. É um cultivo queexige paciência para valer a pena. “É umcultivo às vezes muito instável, princi-palmente quando os períodos de estia-gem são extensos, como aqui no Esta-do. Mas é interessante não desistir. Aprodução de soja sempre acaba sendobem maior que os outros grãos, e issonão muda, pelo menos não aqui na GadoForte. E crise? Que nada! Aqui no Esta-do essa passou mas foi só umamarolinha”, riu Antônio Alves GaskanSaad, proprietário da Gado Forte.

GRÃOS

O boi

vegetarianosno pratode Ex-

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

009

EM

FO

CO

RURAL

09

OperaçãoGovernos têm R$ 4,6 milhões, mas pedem ajuda

tenta

Rio Taquarisalvar o

Foto: bonitopantanal.files.wordpress.com

Rogério Valdez

Produzir sem causar danos. Tirar ri-queza da terra causando o menor impac-to ambiental possível. Seguindo esta con-cepção é que o produtor rural deve man-ter o seu negócio, e para isso conta com oapoio de iniciativas que são exemplo empreservação. O Instituto de Meio Ambi-ente de Mato Grosso do Sul (Imasul) lan-ça mão de três projetos que visam recu-perar o rio Taquari que sofre com oassoreamento. Os projetos recebem incen-tivo financeiro de mais de R$ 4,6 milhõesdos governos federal e estadual e paraserem mantidos precisam do apoio dosprodutores que têm propriedades no cur-so do Taquari.

De acordo com Lorivaldo Antônio dePaula, gerente técnico de Desenvolvimen-to e Modernização do Imasul, as iniciati-vas do instituto preveem a recuperaçãode áreas degradadas, elaboração de umplano de gestão de resíduos sólidos erevitalização e construção de viveiros demudas para serem plantadas próximas àsmargens do rio. “Os projetos serão im-plantados nas áreas mais críticas deassoreamento do rio e depois de feito,contamos com a participação das prefei-turas e dos produtores rurais, que têmpropriedades nas áreas do rio, para quecompletem e continuem a ação. Eles re-ceberão condições para fazer a iniciativaser multiplicada”, explica Lorivaldo so-bre todo o apoio técnico que os produto-res terão do instituto para manter as açõesque serão desenvolvidas e aprimorá-las.

“Os projetos que serão implantadosservirão como um incentivo para que es-ses produtores continuem as ações depreservação, porque ter o rio dentro desuas propriedades também é importante

para eles, mas mais ainda para o meioambiente e todo o ecossistema que existeali”, salienta.

Entre as propostas que serão efetiva-das para a recuperação do Taquari, a maisaudaciosa, e que recebe a maior parte doincentivo financeiro – aproximadamente4 milhões – é o projeto de Recuperaçãode Áreas Degradadas em Microbacias.“Este projeto visa recuperar o rio Taquariatravés de sete microbacias, ou seja, emsete municípios pelos quais o rio passa.A proposta é a construção de curvas de

nível e adequação das estradas”, enume-ra o gerente. O mesmo projeto propõeainda a recuperação das áreas marginaisao curso do rio em cidades como SãoGabriel do Oeste, Rio Verde, Coxim e Fi-gueirão, entre outros municípios.

“Um segundo projeto que será implan-tado é a elaboração do Plano Integrado deGestão de Resíduos Sólidos. Com issoserão construídos aterros sanitários eoutros meios ecológicos de se gerir os re-síduos, para que eles não acabem fican-do no rio”, lembra Lorivaldo.

O terceiro projeto aponta-do pelo gerente é o de Vivei-ros de Mudas. A proposta érevitalizar um viveiro já exis-tente em São Gabriel do Oestee construir outros em PedroGomes, Coxim e Sonora. “Oviveiro de mudas consistenuma central para a germina-ção das espécies para que depoiselas sejam plantadas nas margens dorio Taquari. Esta é uma forma de con-tribuir para a diminuição doassoreamento”, observa.

Iniciativa

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

009

EM

FO

CO

RURAL

10

EnergiaNo centro-oeste metade da população rural recebeu energia por meio do projeto do governo federal“Luz no Campo”

trazelétrica

L u z - Para colocar postes, empresa de energia precisa de autorização dos fazendeiros

progresso

Foto: www.gasodutocoarimanaus.am.gov.brCláudia Basso

Trabalhar na roça sempre foi umatarefa árdua. Além do trabalho pesa-do debaixo de sol a pino, da distân-

cia até a cidade mais próximae em alguns casos, a falta demão de obra, devido ao fato demuitos trabalhadores se muda-rem para as cidades, o traba-lhador rural era atingido pelafalta de tecnologia.

Não são bem os maquinári-os agrícolas super modernosque fazem falta no campo e sima falta total de energia elétrica,caso vivenciado por milhares debrasileiros que residem nas zo-nas rurais. Um requisito básicopara dar a esses brasileiros umavida melhor é o direito de pos-suírem luz em suas casas e foipensando nisso que as redes dis-tribuidoras de energia elétrica sejuntaram ao programa “Luz noCampo”. Projeto que já chegou

a mais de 50% dos moradores ru-rais no Centro-Oeste.

A eletrificação rural proporcionaaos agropecuaristas e rurícolas umacondição social e econômica maisdigna, proporcionando um maior de-senvolvimento nesse setor em todoo país.

“Depois que veio a luz aqui tudomelhorou, até banho dá graça de to-

mar agora”, conta rindo o caseiro de umafazenda do interior do Estado, João Fran-cisco da Silva. “Agora nem ladrão entra,nem gado escapa mais, é tudo na basedo choque aqui”, explica sorridente so-bre os avanços que a cerca elétrica trou-xe à fazenda do patrão.

Esse projeto ganhou força em 2002,com a aprovação de uma lei que reforçaa universalização do fornecimento, dan-do a todo cidadão o direito de ter acessoa energia, como constata um projeto de-senvolvido por responsáveis da Cepel eda Eletrobrás.

Para adquirir luz nas áreas onde o“Luz no Campo” ainda não supriu asdemandas se faz necessário que o resi-dente rural procure a empresa de distri-buição responsável pelo seu Estado.Apóso pedido de fornecimento da energia osresponsáveis têm até dois meses parairem até esses locais fazer uma avalia-ção.

“Faz um ano meio que estou tentan-do puxar a luz para minha fazenda, maso problema é que se exige que tenha umaresidência e pelo menos um morador nolocal”, explica Valdir Antônio Cê, pro-prietário de uma fazenda a 16 quilôme-tros de São Gabriel do Oeste. “Eu ape-nas plantava nas minhas terras, não ha-via necessidade de ter alguém morandolá. Agora quero montar um chiqueirãode porco e vou ter que colocar alguémfixo, senão não consigo a luz”, ressaltao agropecuarista.

Além do morador fixo, a Enersul pre-cisa da autorização de fazendeiros comsedes localizadas aos arredores do localde onde foi enviado o pedido de forne-cimento, pois para que a energia seja li-gada é necessário fazer instalações depostes de luz, que por muitas vezes pre-

cisam ser colocados no meio dessas fa-zendas, até chegarem ao seu destino.

“O bom é que aqui todos os fazen-deiros são amigos e também todos preci-sam da luz, ninguém vai querer criarconfusão e proibir a passada dos pos-tes”, conclui Valdir.

COMÉRCIO

Fernanda Mara

O Parque de ExposiçõesLaucídio Coelho, que temuma área de 17 hectares lo-calizado no Jardim Américaem Campo Grande, vai setornar um shopping rural acéu aberto, um espaço noqual os produtores ruraispossam encontrar tudo parasua fazenda, desde produ-tos para gados até sementes.

Este é um dos principais

projetos que está sendo viabilizadopelo novo Presidente da Associaçãodos Criadores de Mato Grosso do Sul(Acrissul), Francisco Maia, que foi elei-to neste ano com mandato até 2011.

O parque de exposições existe há 78anos, e está sendo estudado um melhoraproveitamento de sua estrutura. Aideia, segundo Francisco Maia, é fazercom que os produtores rurais tenhammaior acesso aos produtos comerciali-zados e a interação da classe. Maia afir-ma ainda que este shopping tenha cor-retores de imóveis e também uma praça

de alimentação com restaurante e bares.O fazendeiro José Roberto Vieira,

de 55 anos, está contente com oprojeto.”O shopping ajudará na horade escolher os produtos, como vai es-tar tudo num mesmo local é melhorpara ver o que está mais em conta ede melhor qualidade, sem contar a co-modidade, pois o parque é um ambi-ente muito amplo que merece um es-paço como este”, afirma José Roberto.

A manutenção do parque de expo-sição está hoje em torno de R$ 80 mile este shopping ajudará no custeio dosgastos. Chico Maia, como é conheci-do o novo presidente, diz que a in-tenção é promover quatro exposiçõespor ano para garantir um melhor apro-veitamento da área.

O estudante de Agronomia FelipeSouza, de 23 anos, também gostou daintenção de melhor aproveitamento do

Parque Laucídio Coelho

vai virar shopping rural

Parque de Exposições. “ Só vou lá quan-do tem eventos como a Expogrande”,afirmou o estudante, que acredita ain-da que a partir da construção deste sho-pping, ele será um frequentador assí-duo do parque, já que é ele que cuidada parte administrativa da fazenda deseu pai, localizada na saída para SãoPaulo.

I d e i a - Parque além das exposições

Foto: Arquivo

campoao

Infraestrutura

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

009

EM

FO

CO

RURAL

11Foto: ArquivoTatiana Gimenes

A educação no campo tem sido temade discussão há cerca de uma décadano Brasil, onde especialistas no assun-to vem debatendo questões sobre omeio rural. Os locais de estudo são de-senvolvidos em escolas chamadas Es-cola Família Agrícola (EFA).

Em Campo Grande, jovens provin-dos de assentamentos rurais, desenvol-vem atividades na Escola Família Agrí-cola Rosalvo da Rocha Rodrigues. Cri-ada em 1996, esta EFA tem hoje parce-ria com a Universidade Católica DomBosco (UCDB), através do Programa deEducação e Diversidade (PED), possi-bilitando conhecimento a alunos devárias localidades do Estado.

O projeto efetiva-se no apoio cons-tante às atividades da EFA e os alunossaem habilitados como Técnico emAgropecuária, após completarem cur-so de quatro anos, que proporciona for-mação integral, concomitante ao Ensi-no Médio profissional.

Para a professora Angela Catonio,de 43 anos, coordenadora do PED, aeducação do campo é uma forma delevar escolaridade ao povo do campo,com respeito à diversidade cultural, àscaracterísticas e às necessidades pró-prias do aluno no seu espaço, sem abrirmão da pluralidade como fonte de co-nhecimento em diversas áreas.

“Essa parceria propicia aproxima-ção da Universidade com o público docampo e a Universidade cumpre como papel de disseminadora de conheci-mento”, destacou. Hoje o PED tambémestá entre os membros do Fórum deEducação e do grupo de trabalho doComitê de Educação no Campo.

Angela diz ainda que uma vez pormês são realizados grupos de estudoda Pedagogia da Alternância, o méto-do de ensino transmitido aos alunos,que passam 15 dias na escola e 15 diasem casa, desenvolvendo as atividadesque lhe competem. A escola desenvol-ve oficinas com assuntos de interesse

Educação

Jovens técnicos

Escolas Famílias Agrícolas formam filhos de trabalhadores rurais do Estado de MS

agropecuários

Pa r c e r i a - Turma da EFA Rosalvo Rocha Rodrigues, que recebe o Programa de Educação e Diversidade (PED) da UCDB

da própria EFA, como avicultura, to-pografia, uso correto de medicamentose ervas medicinais, visitas técnicas etrabalhos.

A escola possibilita também infor-mações diversas sobre agricultura, pe-cuária e outros temas referentes à vidano campo, contribuindo no conheci-mento de práticas no campo, atravésde profissionais da Agronomia,Zootecnia, Geografia, Farmácia, Letras,dentre outros cursos.

O acadêmico e egresso da EFA,Paulinho Santos da Silva, de 29 anos,conta que está envolvido com esses tra-balhos desde o início da faculdade,onde já trabalhava antes de cursar o

ensino superior. No 7º semestre deAgronomia, Paulinho faz estágio naEFA e diz que além da experiência tam-bém é um aprendizado, visto que jápassou pela Escola como aluno, conhe-ce bem as necessidades encontradas,“além de financeiras, necessidadeshumanas”, completou.

Hoje ele questiona e debate os as-suntos na universidade, destacando aimportância da integração: comunida-de, Escola Família e Universidade. “Émuito bom pra mim, profissionalmen-te é um ganho fantástico. A parceriaentre Escola Família e UCDB é muitosignificativa, a gente tem percebido osresultados”, ressaltou. Ele explica queatualmente há um Núcleo em Nova Al-vorada do Sul, interior do Estado, ondea EFA vem atendendo um público mai-or de filhos de assentados e tambémpequenos agricultores tradicionais, ouseja, o trabalho está sendo ampliado.

O aluno Itamar de Souza Silva, de20 anos, também egresso da EFA, falasobre os benefícios alcançados. “Foi amelhor experiência que eu tive na mi-nha vida, porque a minha família temraízes camponesas”, contou. Ele dizque a escola prioriza os alunos da agri-cultura familiar trazendo aspectos im-portantes no que diz respeito à contri-buição para a educação do jovem docampo, contando ainda os ganhos paraa profissão que exercem. “Fui convi-dado hoje a fazer parte da Federaçãoda Agricultura Familiar”, revelou sa-

tisfeito.O trabalho desenvolvido

com outra realidade socialque é o segmento da educaçãorural é de extrema importância. Osalunos atendidos têm a oportuni-dade de envolver-se com diversastemáticas diferenciadas sobre aquestão do campo, possibilitandodesenvolvimento de conteúdosque depois serão por eles repas-sados aos seus familiares que seencontram morando nos assenta-mentos rurais de Mato Grosso doSul.

Pe d a g o g i a d a A l t e r n â n c i aA Pedagogia da Alternância foi

criada na França, em 1935. Nesseperíodo, as famílias rurais enfren-tavam dois problemas: o ensino re-gular direcionado para as ativida-des urbanas e a falta de desenvol-vimento tecnológico no campo, fa-tores estes que levavam os adoles-centes campesinos a abandonarema terra.

O método de ensino conhecidocomo Pedagogia da Alternância che-gou ao Brasil na década de 60 e estádisseminado de Norte a Sul doPaís, com atividades de leitura, es-crita, matemática e tecnologia. Paraaprender a conviver e se interagircom a realidade agrícola, os alunosaprendem a trabalhar com a terra,com as plantas e com os animais.

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

009

EM

FO

CO

RURAL

12

Foto: Evillyn Regis

C l a s s e -Dennis Afonso dirige o Sind. Rural de CG e reitera importância da participação

Sindicatos, associações e federações unem integrantes do meio rural do Estado em busca de força e conhecimento

Categoria

Proprietáriosrurais unidosEvillyn Regis

Em todas as profissões há um ór-gão responsável que cuida dos di-

reitos da classe trabalhadora,no meio rural, essa realidadenão é diferente. O SindicatoRural de Campo Grande, quefoi fundado em 26 de junho de1951, já participou de váriaslutas; entre elas a organizaçãoda classe produtora na reivin-dicação de seus direitos naConstituinte de 1988. Hoje pos-sui em seu quadro de filiados,em torno de 4 mil profissio-nais e ativos cerca de 600.

Em busca de um melhor de-senvolvimento no agronegócio,além dos sindicatos rurais quetodos os municípios possuem,há outros dois órgãos que tam-bém respondem às questões domeio rural. A Federação de Agri-

cultura e Pecuária do Estado deMato Grosso do Sul (Famasul) quecongrega atualmente 69 sindicatos ru-rais e a Confederação Nacional deAgricultura que fica localizada em

Brasília, onde reúne todas as federaçõesdo Brasil.

O processo de contribuição anual queo profissional deve pagar neste segmentodo mercado de trabalho, é uma anuidadede R$ 350,00, sendo que no momento queeste queira se desligar do sindicato é pre-ciso que se faça uma carta a punho e enca-minhe ao sindicato rural financeiro, ocor-rendo assim seu desligamento.

Segundo o diretor-secretário do Sin-

dicato Rural de Campo Grande, DenisAfonso Vilela, o motivo de profissionaisativos serem menos do que tem inscri-tos, deve ao fato de que muitos proprie-tários venderam suas propriedades e tam-bém passaram para os filhos tomaremconta de seus negócios. “O produtor ruralé livre para participar do sindicato, nãoé obrigado a se filiar, mas é o sindicatoque defende a classe produtora, se ele épequeno, médio ou grande, é importan-

te que estes participem, pois é a atravésda união que iremos realizar um traba-lho melhor”, relata Vilela.

O Sindicato Rural de Campo Grandedetém o agronegócio do Estado, desdeaves, agricultores, suinocultores, pecu-ária de leite, todo segmento é inseridono sindicato. Os associados recebem umjornal mensalmente sobre agropecuáriado Estado.

A estrutura do sindicato é organiza-da, possui vários departamentos, comoo jurídico, pessoal, dentário, meio ambi-ente, do leite, assessoria de imprensa entreoutros. Além de oferecer à classe traba-lhadora e a população em geral váriosencontros de tecnologia, sendo que duasvezes por mês realiza palestra sobre as-suntos relacionados ao meio rural.

Para o acadêmico de Agronomia,Jefferson Silva de Oliveira, o SindicatoRural é de grande relevância para ummaior conhecimento da área. “Auxiliamuito nós estudantes, pois realizam comfreqüência simpósios, conferências, cur-sos entre outros mais, além de que é bomter esses eventos, pois é uma forma dagente saber quais são os nossos direitose deveres”, finaliza o estudante.

José Luiz Alves

A Confederação Nacional daAgricultura e Pecuária do Brasil– CNA – passou por eleições parasua presidência em 2009. Eleita,a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) sempre deixou claro sua pro-posta de aproximar a entidade doagricultor. A tática vem funcio-nando e os agropecuaristas apro-vam a função do órgão.

O agricultor Galeano Menezes,de 57 anos, tira seu sustento doagronegócio há pelo menos doisterços de sua vida e acredita queo setor tem poder para se solidi-ficar como o mais forte em termoseconômicos no Brasil. “O proble-ma é que há trinta anos meu paidizia pra mim que o nosso paístinha muito potencial. Hoje nósainda temos potencial e não usu-

fruímos de tudo que podemos. A CNAé uma entidade que pode ajudar nisso,mas eu mesmo nunca tinha ouvido falardeles”, pondera Menezes.

Para a publicitária Márcia dos SantosPereira, o meio rural possui característi-cas mais complicadas para que se divul-gue um trabalho como o da CNA. “Oagropecuarista tem uma mentalidademais fechada para novas campanhaspublicitárias de divulgação. Isso estámudando, mas ele ainda acompanhapouco os meios de comunicação de mas-sa. O desafio é definir o veículo que maisse aproxime dele”, explica Márcia.

O pecuarista Simão Benitez Franco,de 62 anos, acredita que a ConfederaçãoNacional da Agricultura e Pecuária doBrasil é um meio eficaz que oagropecuarista tem de ganhar voz. “Seanalisarmos a função da CNA, ela sóauxilia nossa classe. Podemos firmarparcerias com esta organização e todos

Confederação Nacional dá voz a agropecuaristas

tem a ganhar, inclusive os consumido-res dos produtos que vêm do setor ru-ral”, ressalta Benitez.

De acordo com o site oficial da CNA,

os principais objetivos do órgão são con-gregar associações e lideranças rurais eparticipar permanentemente das discus-sões e decisões sobre a política agrícola.

E l e i t a - Kátia Abreu, presidente da CNA, quer aproximar entidade do agricultor

em MS

Foto: Valter Campanato - Agencia Brasil

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

009

EM

FO

CO

RURAL

13

Fo

to

: K

leb

er G

utie

rre

z

Kleber Gutierrez

Após dezoito anos trabalhando parauma empresa de gás do Estado, Ataíde Lei-te dos Santos, de 62 anos, ingressou noramo da agricultura vendendo adubo orgâ-nico em troca de verduras que revendia pararestaurantes da Capital. “Fui aprendendoas técnicas de plantio e quando tive opor-tunidade abri a minha horta”, comenta or-gulhoso o produtor que emprega três pes-soas em sua horta. “Hoje atendo 23 restau-rantes do centro e muita gente vem com-prar aqui.”

Na região do Jardim das Nações, onde

Horticultores da Capital têm como clientes restaurantes, creches e famílias inteiras

Proximidade

Cinturão verdede CG

garante hortaliçasestá situada a horta de um hectare deAtaíde, também existem outros produtoresque investem na agricultura familiar. É ocaso de Raimundo Gomes da Silva, quetrabalha há 37 anos no cultivo de legumes,hortaliças e frutas e é também o presidenteda Associação dos Comodatários e Peque-nos Produtores do Cinturão Verde de Cam-po Grande (Provegram).

Em sua propriedade de seis hectarestrabalham seis funcionários, sendo quatrodeles filhos de Raimundo. “Nunca traba-lhei com carteira assinada e criei os meusquatro filhos e também os netos”, afirmaSilva e, também, sinaliza que “há dez anos,

os produtores estavam mais próximos docentro e com o desenvolvimento da cidadeforam migrando para os bairros mais dis-tantes formando assim um verdadeirocinturão verde no entorno de Campo Gran-de.”

Outra região que também concentra al-gumas hortas fica entre o limite dos bairrosOliveira I e União, onde está localizada apropriedade de Benfica Pereira Lopes, de50 anos, que em 1990 começou a trabalharcom hortaliças. “Nasci na agricultura”, des-taca o produtor que hoje emprega doze fun-cionários registrados em carteira, sendoapenas um deles parente. O trabalho que

começa às quatro da manhã e vai atéas 21 horas, torna-se gratificante. “Porse estar produzindo alimento para onosso semelhante com carinho e cui-dado”, completa Pereira.

Ve n d a sCompradores para produtos que

sejam frescos e em que se constatauma boa procedência sempre existem.“Muitas pessoas atravessam a cidadepara comprar nosso produto”, desta-ca Pereira que colhe cerca de mil equinhentos pés de verdura por dia.

Já Silva repassa, através de umconvênio firmado com a prefeitura deCampo Grande, 30% de sua pro-dução a creches e asilos, sendoos outros 50% vendidos a super-mercados e 20% a comunidade.

Quem sai ganhando nestahistória são os moradores pró-ximos às propriedades ruraisna área urbana, afinal possu-em a opção de adquirir umproduto mais barato e comqualidade.

“Venho à horta porque oproduto é fresco, colhido nahora e moro perto”, afirma ofuncionário público, DanielNascimento, de 45 anos, paraquem as visitas ocorrem de trêsa quatro vezes por semana.

Já a dona-de-casa KátiaFeliciano, de 26 anos, recorreà horta próxima de sua casa,no Oliveira I, pelo menos duas ve-zes na semana e leva consigo a fi-lha Kemily, de quatro anos de ida-de, a tiracolo. “Gosto muito de al-face e tomate”, confessa a pequenacom brilho nos olhos.

A produção, no entanto, nãoconsegue suprir a demanda da Ca-pital, sendo só 20% dos produtoscomercializados de origem local eos outros 80% provenientes deoutros Estados como São Paulo eParaná.

D i f i c u l d a d e sA principal queixa entre os pro-

dutores está na alta taxa de impos-tos a serem recolhidos.

“Nós pagamos mais para o go-verno do que conseguimos juntar”,comenta Pereira. “Isso leva muitosprodutores a parar de investir nes-te negócio.”

O clima é outro aspecto quepreocupa, mas que é contornadopela sabedoria adquirida com otempo. “Tem vezes que o tempo ébom para uma planta, tem vezesque é bom para outra e assim vai”,afirma Santos.

De qualquer forma, este aindacontinua sendo um filão a ser ex-plorado, mas como aponta Silva,“tem que ter dedicação.”

Ederson Almeida

A cidade de Campo Grande,nos últimos anos vive um cres-cente estágio de evolução e mo-dernização. Porém ainda é possí-vel encontrar em meio a áreasurbanizadas, pequenas proprie-dades rurais, que são usadas porseus proprietários para a produ-ção de hortaliças, criação de gadoe até de ovelhas.

José Carlos Andradem, 59anos, morador na região do bair-ro Cabreuva, cultiva em seu ter-reno uma horta onde se podemencontrar os mais diversos tiposde hortaliças e legumes que usapara consumo próprio e tambémvende para pequenos mercados daregião, assim como para morado-

PROPRIEDADES Rural na

cidade

res vizinhos.“A modernização da cidade já chegou

e isso já tem um tempo. Mas eu precisocolocar comida em casa e foi esta a formaque encontrei”, afirma José.

Dona Maria Augusta Teixeira, de 66anos, é uma das clientes de José. “Sem-pre que preciso de algum tempero ouverdura venho aqui, pois sei que vouencontrar”, afirma.

Já Luis Agripino Rocha de 67 anos,reside em uma região onde constantemen-te estão sendo erguidos prédiosresidenciais e novas residências, sem fa-lar no alto fluxo de automóveis que pas-sam pela a avenida que circunda sua pe-quena propriedade. Mesmo estando nes-te meio se diz bastante tranquilo quantoa sua atividade. Agripino cria ovelhas egado. “Moro aqui muito tempo antes detudo isso ficar assim. Então hoje já estouacostumado com esta movimentação. Eue meus bichos.” Lembra Agripino.

Seu Agripino assim como Andrade,alega que é de sua pequena propriedadeque consegue um dinheiro extra para com-plementar sua aposentadoria e assim aju-dar nas despesas de casa. “Aquela vaqui-nha ali, me dá cinco litros de leite todos

os dias”, contabiliza orgulhoso.Muitas iniciativas para um melhor uso

da terra que ainda não foi tomada porobras são vistos na Capital. Um exemploé o pomar e canteiro comunitário locali-zado na região norte de Campo Grande,mais precisamente na saída para Cuiabá.Lá a iniciativa ousada de mulheres podeproporcionar uma melhor qualidade devida para diversos moradores da região.Julieta Fernandes, de 51 anos, juntamen-te com outras moradoras da região seuniram e propuseram ao presidente debairro a iniciativa. “Precisávamos ajudarnossos vizinhos e nós mesmos. Por issopropomos o uso deste terreno que se en-contrava ocioso para o cultivo de frutasverduras e legumes”. lembra Julieta.

Lindalva Siqueira, de 45 anos, contaque a iniciativa foi vista com desconfian-ça por muitos, mas que hoje, cinco anosdepois, literalmente já é possível colheros frutos. Julieta e companheiras distri-buem todas as semanas o que é produzi-do na horta há moradores da região. Po-rém para que possam receber o alimentoé preciso que estejam devidamente cadas-trados junto à associação de moradores,para um melhor controle.

frescas

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

009

EM

FO

CO

RURAL

14

Qu a l i d a d e - No Brasil, o guanandi é considerado madeira de lei e está em extinção

Foto: Eliane dos Santos

SILVICULTORES

Negócios

Espécie nativa é vista como investimento em potencial

plantam GUANANDIEliane dos Santos

Com a expansão do setorflorestal no país e a crescentedemanda por madeira no mer-cado mundial, a silvicultura ga-nha espaço em Mato Grosso doSul através de uma terceira es-pécie, o Guanandi (Calophi-llum brasiliense). Segundo oproprietário de uma fazendapróxima ao município deCamapuã, a 140 km de CampoGrande, Eduarte Cândido deLima, a fazenda possui uma re-serva nativa da espécie Guanan-di, conhecida também comojacareúba (Amazônia). “Fui cri-ado nesta fazenda pelos meuspais e hoje reconheço a impor-tância de se preservar a mata na-tiva”, diz.

O Guanandi é consideradomadeira de lei no país e segundoespecialista está em extinção, alémde ser reconhecido mundialmentepela qualidade da madeira, nobre eimputrescível.

Na propriedade de Eduarte

Lima, a pequena floresta é mantida emárea de reserva e se tornou ponto de vi-sita para novos investidores. De acordocom Everton Regatieri, diretor comerci-al da Pothencia, empresa especializadaem gestão ambiental, a existência da es-pécie nativa na área foi essencial paraatrair os investimentos da empresa em2007. “Depois de constatarmos a exis-tência dessa espécie nativa na região, nãotivemos dúvida do melhor local para aimplantação do projeto GuanandiWood”, afirma.

Hoje, o projeto é realizado através dosistema de condomínio florestal, criadopela própria empresa próximo ao muni-cípio de Camapuã. Funciona como umarrendamento agrícola, dividido em lo-tes, onde o interessado vai “alugar” umou mais desses lotes, e a respectiva em-presa será a encarregada pela prestaçãode serviços em gestão ambiental para oreflorestamento comercial. “O projeto épioneiro no país e utiliza tecnologia avan-çada para a manutenção e plantio dasárvores, além de formar a maior área deplantio de nativas totalmente irrigadasdo Brasil. Otimizados, já avançamospara a segunda edição do projeto, o

Guanandi Wood II, na área vizinha”,explica Everton.

Segundo o presidente da empresaresponsável, Jarbas Leão, o empreendi-mento está atraindo novos investimen-tos como o projeto da construção de umafábrica de processamento de madeiranobre, visando a produção de painéis,laminados, pisos, além da extração de

tanino e óleo essencial. “O objetivo é quetodo o produto extraído dos condomí-nios florestais possa ser comercializadocom o máximo de valor agregado”, afir-ma. “O arrendatário também terá direitoàs receitas dos produtos gerados duran-te o cultivo como sementes ou qualqueroutra fonte de recursos que o plantiopossa dar”, finaliza.

Bruna Lucianer

O Governo Federal colocou àdisposição da Companhia Nacio-nal de Abastecimento (Conab) R$9 milhões para a aquisição de mi-lho por meio de Aquisição do Go-verno Federal (AGF) no mês demarço. A Conab comprou o pro-duto pelo preço mínimo garanti-do pelo Governo, que é de R$16,50 a saca de 60 quilos.

Trata-se de uma ação do gover-no através da Conab para garan-tir a comercialização da produção,visto que a oferta de valor prati-cada pelos compradores estáabaixo do preço mínimo.

Para se beneficiar, o produtorteve que depositar o milho lim-po, seco e classificado em arma-zéns credenciados pela Conab.

Feito isso, procurou o Setor de Co-mercialização (Secom) da Superinten-dência da Companhia para concreti-zar a venda. O limite máximo é de 198toneladas por produtor.

Segundo o gerente operacional daConab, engenheiro agrícola NilsonAzevedo Marques, a AGF é “um me-canismo importante para os produto-res, já que o Governo está mostrando,efetivamente, que tem condições defazer valer a política de garantia dopreço mínimo”. Nilson também ressal-ta que o produtor será indenizadoquanto aos gastos referentes à classi-ficação e impostos possivelmente re-colhidos sobre o milho armazenado.

Renato Burgel, produtor rural dacidade de Chapadão do Sul, é um dosagricultores que comercializa seu pro-duto junto à Conab. “A AGF é impres-cindível para a manutenção dos pre-

ços no mercado interno. Se não fossepraticada, os preços possivelmentenão chegariam a pagar os custos da pro-dução”, explica.

O superintendente da Conab emMato Grosso do Sul, Sérgio Rios, sin-tetiza a ação e sua importância para o

Governo Federal compra milho para agilizar mercadoprodutor. “A disponibilização dos re-cursos para a comercialização no mo-mento em que o produtor mais neces-sita é o resultado de mais uma açãodo Governo Federal, ao tempo em quepropicia a recomposição do estoque re-gulador do país”.

C o n a b - Ação do Governo Federal garante a comercialização da produção de milho

Foto: Elza Fiúza - Agência Brasil

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

009

EM

FO

CO

RURAL

15

compram

Negociadores

Os corretores rurais levam tempo para conquistar os clientes, mas depois conseguem a segurança para negociar

ProfissionaisFoto: 4.bp.blogspot.com

Thiago Dal Moro

Em plena crise mundial e numa épocaruim de negócios para o comércio de ummodo geral, o corretor de gado e soja ga-nha espaço no mercado rural. O corretorrural, como é chamado, muitas vezes fazo papel de um vendedor autônomo, com-pra gado de um fazendeiro e vende paraoutro, como se fosse um corretor imobili-ário, mas ao invés de vender imóveis ven-de soja e gado.

Carlos Lopes, de 53 anos, está nesseramo há aproximadamente 20 anos. Eleconta que no começo foi difícil, até conse-guir reconhecimento e confiança dos fa-zendeiros da região. “Quando comecei atrabalhar como corretor rural, fiz uns ne-gócios pequenos, vendendo um pouco desoja de um fazendeiro para outro e ganhan-do algumas comissões, mas logo vi quelevava jeito para coisa. Foi passando umasafra e outra e cada vez eu comercializavauma quantia maior de soja, e a partir daíos fazendeiros já começaram a me procu-rar para fazer negócios, oferecer seu pro-duto para vender e outros me procurandopara comprar. Hoje eu tenho meu escritó-rio na avenida principal de Sidrolândia enão preciso me preocupar em correr atrásde negócios, porque os clientes me pro-

curam, é um sinal de que o trabalhoque eu faço está sendo reconhecido”,diz o corretor.

Segundo o economista AldoMoura, de 24 anos, “o ramo do corre-tor rural é viável porque é seguro. Issose deve ao fato do corretor trabalharsempre com produto dos outros, por-tanto, ele não corre riscos de perderuma plantação inteira de soja se nãochover durante a safra. A mesma coisa

acontece com o corre-tor que comercializagado, geralmente elecompra o bovino do fa-zendeiro com 3 ou 4anos e vende para o fri-gorífico, ou repassa ogado para outro fazen-deiro em um curto es-paço de tempo”, expli-ca Aldo.

Helder Franco, de26 anos, está há doistrabalhando como cor-retor rural comerci-alizando gados, ele dizestar em uma situaçãoconfortável na área, de-vido ao número de cli-entes fiéis que ele pos-

sui. “Hoje eu posso dizer que estou es-tabilizado na minha área, tenho um nú-mero de clientes certos que toda semaname vendem uma quantia de gados e ou-tros que já estão esperando para comprá-los, portanto, eu nunca perco nos negó-cios. Claro que não foi assim desde ocomeço, quando ninguém me conheciaeu ia sozinho até as fazendas tentar ne-gociar os gados com os fazendeiros, mascom o passar do tempo, você trabalhan-

do certinho, vai ganhando reconhe-cimento dos clientes, e hoje eu te-nho o que é mais importante paraum corretor rural crescer, contatos”,afirma Helder, sorrindo.

Luiz Ramão de Oliveira, de21 anos, é funcionário deHelder e explicou como é fei-to o processo na compra dosgados. “Quando o patrão com-pra algum gado, nós vamosaté a fazenda, pesamos o bo-vino para conferir o se o pesoestá certo e transportamos atéa nossa fazenda, onde ele ficasob nosso cuidado até servendido novamente. Geral-mente não leva muito tem-po”, diz Luiz.

O mercado rural está seexpandindo e automatica-mente vão surgindo novoscorretores rurais, a fim deconquistarem seu espaço ecrescerem profissionalmente.Porém, é preciso ser pacien-te e trabalhar honestamente parater reconhecimento e principalmen-te a confiança dos clientes, para quepossa chegar a um patamar confor-tável no mercado.

Helton Verão

O que fazer com minha produçãonesta época de crise? É o que está pen-sando o produtor rural de um modounânime, pois a dúvida em fases comoa atual é grande: manter a rotina deinvestimentos e na produção, ou bre-car prevenindo problemas futuros como bolso.

O fato é que a crise ainda não atin-giu o produtor que trabalha com seusnegócios dentro do próprio país, maspara quem exporta ou atua em qual-quer meio relacionado aos grandescentros no interior, o impacto foi sen-tido.

Em discurso no final do ano pas-sado, o Presidente Luís Inácio Lulada Silva chegou a prometer que os po-

bres não pagarão a conta da crise mundi-al, já os pequenos produtores não confi-am. “Em um momento como esse tem quepensar com cuidado como agir, não vaiser um político com um discurso qual-quer que vai nos convencer, tá com caraque falou isso para acalmar o povo” alegao pequeno produtor Jarbas Alencastro,que possui uma propriedade a 50 quilô-metros da Capital.

Já um grande produtor que estava depassagem por Campo Grande, e deixouseu depoimento sobre o assunto, contaque por enquanto está tudo dentro das“normalidades” de sempre. Roberto Josédos Santos afirma que apenas teve de re-duzir alguns gastos como prevenção con-tra um possível efeito colateral da crise.“Agora não posso deixar o trator ficar ro-dando à toa pela fazenda, só o básicomesmo, pois se antes fazia os trabalhospela fazenda uma vez na semana, douuma segurada e faço a cada duas”, contao ruralista.

Ele ainda acredita que essa crise maispara frente deve afetar os produtores bra-

sileiros, mas ainda não foi perceptível dife-renças no momento da compra e da venda.“Olha não teve diferença ainda não na com-pra e venda, pois é bobeira de quem se es-quivar disso, não vai levar a nada, tenhoque manter a rotina normal, eu continuocomprando e vendendo normalmente etudo pela mesma média de preço”, conta ocriador de touros Guzerá Roberto, que pos-sui uma propriedade em Presidente Pru-dente, Interior de São Paulo e estava naCapital para realização de um leilão de seustouros.

Para o economista Miguel Suarez os efei-tos da crise no setor agropecuário ainda sãoincertos. “O pior da crise ainda não atingiue pode nem atingir os setores do agronegó-cio brasileiro”, comenta Suarez. Segundoo economista, o agronegócio brasileiro estáingressando em uma etapa em que o culti-vo e a área plantada serão definidas peloscustos.

E confirmando a expectativa do produ-tor Roberto José dos Santos, citado anteri-ormente, Miguel afirma que para algunsramos da agropecuária brasileira ela ainda

nem chegou.“Como a crise vem de fora da onde

se movimenta o dólar, os brasileirostrabalham entre si apenas com reais,além do mais, levando em conta queo comércio de commodities agrícolasnão recuou tanto quanto o comérciode commodities minerais, a agricul-tura é beneficiada na maior parte dossegmentos. Então logo é capaz que acrise não afete os empresários do cam-po”, explica o economista Suarez.

no

ECONOMIA O campo

em meioà crise

P r o d u t o r - Roberto José dos Santos

Fo

to

: H

elt

on

V

erã

o

e vendem meio rural

CA

MP

O G

RA

ND

E -

OU

TU

BR

O D

E 2

009

EM

FO

CO

RURAL

16

Edilene Borges

A criação de aves não voado-ras ou ratitas, como são conheci-das, vem aumentando em váriospaíses do mundo, entre eles oBrasil. Em meio ao grande núme-ro de espécies que compreendeeste conjunto está o avestruz. EmMato Grosso do Sul há vários cri-adores de avestruz, também cha-mados estrutiocultores, no entan-to, existe apenas um frigorífico. É

o Strut Alimentos, instalado emCampo Grande, e pertencente a empre-sa Biotectruz, localizada em São Gabrieldo Oeste.

“Hoje possuímos o único frigorífi-co do Estado habilitado pelo Sistemade Inspeção Federal (SIF) para o abatede avestruzes, abatendo também em suaplanta ovinos”, afirma o diretor finan-ceiro da empresa Rafael da Silva, de 22anos.

O avestruz é uma ave corredora eseu nome científico é Struthio Came-lus. Fácil de se adaptar a vários tiposde clima, as últimas populações selva-

AVESTRUZexige

Criação prevê cuidados especiais

dedicaçãogens são encontra-das em territórioafricano, de ondetambém são origi-nárias. Embora afamília do aves-truz divida-se emsubespécies, nomeio comercial elaé dividida em trêsraças, Red Neck(pescoço verme-lho), Blue Neck(pescoço azul), eAfrican Black (ori-ginada do cruza-mento entre RedNeck e Blue Neck).

Segundo a Associação dos Criado-res de Avestruzes do Brasil (Acab), estemercado vem crescendo no País, e es-tima-se que em pouco tempo, já tenhaplena industrialização, entre outrosmotivos, pelo bom clima e fácil adap-tação do animal.

O avestruz consome em sua alimenta-ção cerca de 1,8 mil quilos de uma raçãobalanceada a base de micro nutrientes, di-vidida em duas porções diárias, juntamen-

te com fosfato, sal, milho, farelo de soja efarelo de trigo. Rafael conta que a criaçãodo animal exige certos cuidados. “Exigemuita dedicação no processo de incubação,pois há elevados índices de infertilidade,contaminação e morte embrionária, poste-rior a isso, os primeiros dias de vida exi-gem muitos cuidados, é o período de mai-ores perdas, passado o primeiro mês devida o animai já é mais forte, mas, até osquatro meses ainda pede cuidados, como

passar a noite em ambiente fechado, nãopegar chuva, etc. Após os quatro meses devida já é mais difícil a ocorrência de mor-tes, e quando ocorrem, na maioria em ra-zão de acidentes e brigas”, explica.

A ave fica boa para o abate entre o 10ºou 14º mês de idade, assim que atinge 90quilos. Pode produzir ovos até os 40 anosde idade, começando a partir dos três. Aquantidade varia entre 40 e 100 unidadesanualmente. Já o peso médio de um ovo éde 1,5 kg, e o período de incubação é de 41dias.

Segundo Rafael, o mercado em MatoGrosso do Sul ainda é bem fraco, limitan-do-se a uns poucos restaurantes, mas a es-colha pela criação da ave foi estratégia demercado. “Como somos pioneiros na cria-ção, estando no grupo dos empresários querealizaram as primeiras importações de aves-truzes da África do Sul, a escolha foi a títu-lo de empreendedorismo, desafio, buscan-do desenvolver uma nova atividade dentrodo Brasil”, declara.

A venda do avestruz para o abate variaentre R$ 350,00 a R$ 450,00, e além, dacarne, há também a comercialização do cou-ro, das plumas e canela. Os cortes nobresda carne do avestruz podem chegar a R$28,00 o quilo, no entanto, há cortes maisbaratos.

Estritiocultura

Va l i o s o - A comercialização do Avestruz para o abate ocorre por preços entre R$ 350,00 a R$ 450,00

Foto: Eliane dos Santos

Foto: Edilene Borges