foto: amy scott/divulgação · 2014-12-01 · “que evitam o mal”, ou “que afastam...

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UNICAMP Universidade Estadual de Campinas Reitor José Tadeu Jorge Coordenador-Geral Alvaro Penteado Crósta Pró-reitora de Desenvolvimento Universitário Teresa Dib Zambon Atvars Pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários João Frederico da Costa Azevedo Meyer Pró-reitora de Pesquisa Gláucia Maria Pastore Pró-reitora de Pós-Graduação Raquel Meneguello Pró-reitor de Graduação Luís Alberto Magna Chefe de Gabinete Paulo Cesar Montagner Elaborado pela Assessoria de Imprensa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Periodicidade semanal. Correspondência e sugestões Cidade Universitária “Zeferino Vaz”, CEP 13081-970, Campinas-SP. Telefones (019) 3521-5108, 3521-5109, 3521-5111. Site http://www.unicamp.br/ju e-mail [email protected]. Twitter http://twitter.com/jornaldaunicamp Assessor Chefe Clayton Levy Editor Álvaro Kassab Chefia de reportagem Raquel do Carmo Santos Reportagem Carlos Orsi, Carmo Gallo Netto, Isabel Gardenal, Luiz Sugimoto, Manuel Alves Filho, Patrícia Lauretti e Silvio Anunciação Fotos Antoninho Perri e Antonio Scarpinetti Editor de Arte Luis Paulo Silva Editoração André da Silva Vieira Vida Acadêmica Hélio Costa Júnior Atendimento à imprensa Ronei Thezolin, Gabriela Villen, Valerio Freire Paiva e Eliane Fonseca Serviços técnicos Dulcinéa Bordignon e Diana Melo Impressão Triunfal Gráfica e Editora: (018) 3322-5775 Publicidade JCPR Publicidade e Propaganda: (019) 3383-2918. Assine o jornal on line: www.unicamp.br/assineju Campinas, 1 a 31 de dezembro de 2014 2 TELESCÓPIO CARLOS ORSI [email protected] Dente determina origem de vampiro Estudo publicado no periódico PLoS ONE analisou uma série de seis chamados sepultamentos apotropaicos – literalmente, “que evitam o mal”, ou “que afastam male- fícios” – num cemitério polonês do século 17. Os rituais apotropaicos, que incluíam depositar uma foice sobre o cadáver, ou uma pedra em sua boca, eram praticados, principalmente, para evitar que os mortos retornassem como vampiros. Os autores, de instituições dos Estados Unidos e Canadá, usaram uma análise de isótopos de estrôncio dos dentes dos cadá- veres para testar a hipótese de que os sus- peitos de vampirismo seriam forasteiros ou imigrantes. O resultado, no entanto, foi negativo: a composição dos dentes dos “vampiros” coincidiu com a da população local da época. “Esses dados indicam que os visados para práticas apotropaicas não era migran- tes mas, em vez disso, representavam in- divíduos locais cuja identidade social ou modo de morrer os marcou com suspeita”, escrevem os autores. “Epidemias de cóle- ra que varreram muito da Europa Oriental durante o século 17 podem ser uma ex- plicação alternativa (...) já que a primeira pessoa a morrer numa epidemia infecciosa tinha, presumia-se, maior probabilidade de voltar da morte como vampiro”. Esquecendo a história Estudo publicado na revista Science bus- cou determinar se existe um padrão segui- do pelo esquecimento de fatos na memória coletiva – definida como a “representação do passado que é compartilhada por um grupo”. O objetivo era descobrir a taxa com que um fato histórico que é conhecido por 100% da população no instante em que acontece vai, aos poucos, sumindo da lem- brança, com o passar das gerações. Os autores, da Universidade Washing- ton de Saint Louis, analisaram a capacidade de estudantes americanos de ensino supe- rior de lembrar os nomes e a ordem dos presidentes do país. Foram avaliadas três gerações de estudantes – de 1974, 1991 e 2009 – e também um grupo paralelo de cer- ca de 400 adultos, testados em 2014. O que os pesquisadores encontraram, em todos os grupos, foi uma curva de me- mória em forma de “U”, com um alto índice de lembrança nas pontas – com o presiden- te que estava no cargo no momento da pes- quisa e seus antecessores imediatos, numa extremidade, e os primeiros chefes da re- pública, na outra – e uma forte “amnésia coletiva” no meio, quebrada apenas por al- guns pontos excepcionais, como Abraham Lincoln e seus sucessores imediatos. “A memória dos presidentes que servi- ram durante a vida do indivíduo decai line- armente”, diz o artigo. Quanto aos presi- dentes de gerações anteriores, os autores escrevem que a forte lembrança de Lincoln e seus sucessores, em todos os grupos, está ligada à Guerra Civil e ao fim da escravi- dão nos EUA, o que os autores associam ao “efeito de isolamento” detectado em ex- perimentos mais tradicionais de memória, onde se constata que um item destacado numa lista – uma imagem numa relação de palavras, por exemplo – tende a ser mais recordado que os itens “normais”. Cadáver de mulher morta aos 40 anos e sepultada com foice sobre a garganta, para impedir seu retorno como vampira Foto: Amy Scott/Divulgação Mais fungos perto dos polos Um levantamento da biodiversidade dos fungos mostra que a variedade desses or- ganismos não depende da das plantas: em- bora nas latitudes mais baixas a biodiver- sidade dos dois grupos pareça fortemente correlacionada, à medida que se aproxima dos polos, a diversidade das plantas cai bastante em relação à dos fungos. “Isso põe em questão as estimativas atuais da rique- za dos fungos”, que pressupõe uma ligação muito mais próxima com a dos vegetais em todos os ambientes, diz artigo sobre o estu- do, publicado na revista Science. As principais variáveis envolvidas na biodiversidade dos fungos, escrevem os au- tores, são climáticas, “o que traz preocupa- ções sobre o impacto da mudança do clima na disseminação de doenças e nas conse- quências funcionais da alteração das comu- nidades de micro-organismos no solo”. Um novo ar condicionado A revista Nature traz a descrição de um sistema de refrigeração capaz de reduzir a temperatura do interior de um edifício em até 5º C, sem consumir eletricidade, e sob a luz do Sol. Os criadores do sistema, li- gados à Universidade Stanford, apresenta- ram um painel refletor solar que, além de devolver 97% da radiação solar incidente, também elimina o calor interno do edifício, irradiando-o numa faixa do espectro infra- vermelho para a qual a atmosfera terrestre é transparente, o que faz com que a energia rume para o espaço. “A fria escuridão do Universo pode ser usada como um recurso termodinâmico renovável, mesmo nas ho- ras mais quentes do dia”, diz o artigo. O material testado pelos autores é uma plata- forma composta de sete camadas de óxidos de silício e háfnio. Em nota, a Universidade Stanford diz que o material foi criado de modo a ter custo compatível com o uso na construção civil, lembrando que 15% do consumo de eletricidade em edifícios, nos Estados Uni- dos, vem da refrigeração do ar. Segredos da fotossíntese Pesquisadores japoneses apresentam, na revista Nature, uma nova descrição da estrutura do complexo de proteína fotos- sistema II, fundamental no processo de fo- tossíntese, pelo qual plantas se apropriam da energia da luz do Sol. O fotossistema II usa a energia lumi- nosa para separar os átomos de oxigênio e hidrogênio que compõem a água. A Nature lembra que a possível recriação sintética dessa função poderá representar uma fonte limpa de energia para atender às necessida- des humanas. Tentativas anteriores de desvendar a es- trutura do complexo levaram a resultados contraditórios, o que sugere que a radiação usada na produção das imagens pode ter danificado as amostras. Os autores do tra- balho publicado agora na Nature afirmam ter superado essa dificuldade. “Esperamos que esta estrutura ofereça um plano para a criação de catalisadores artificiais”, escre- vem os autores. Fundação Gates exigirá acesso livre A Fundação Bill & Melinda Gates, esta- belecida pelo fundador da Microsoft e uma importante fonte financiadora de pesquisa científica, principalmente na área de saú- de, anunciou que, a partir de 1º de janeiro de 2017, todos os artigos produzidos por projetos realizados com seu apoio terão de ser publicados em periódicos de acesso gratuito. “Todas as publicações resultantes de fi- nanciamento da fundação, e todos os da- dos subjacentes à pesquisa publicada serão disponibilizados imediatamente no ato da publicação”, diz nota publicada no website da organização. “Dado o foco da Fundação Gates em melhorar a saúde das populações mais po- bres do mundo, damos alta prioridade não só à pesquisa necessária (...) mas também à coleta e ao compartilhamento dos dados, para que outros cientistas e especialistas possam se beneficiar desse conhecimento”, prossegue o texto. Nota sobre a iniciativa da Fundação Ga- tes publicada pelo blog da revista Nature chama atenção para o ponto mais radical da nova política: a exigência de que os artigos sejam não só disseminados gratuitamente, como também sob uma forma de licença de direito autoral que permite a reutiliza- ção livre e gratuita do texto – o que inclui a inclusão em publicações comerciais, a ex- tração de trechos ou dados, a tradução para outras línguas. Chuva ácida “gelatiniza” lagos no Canadá As chuvas ácidas, que reduzem as con- centrações de cálcio no solo, vêm prejudi- cando os pequenos crustáceos tradicional- mente encontrados nos lagos do Canadá, que precisam desse elemento para formar suas carapaças, e favorecendo organismos competidores, dotados de cobertura gela- tinosa. Segundo artigo publicado no periódico Proceedings of the Royal Society B, a popula- ção da variedade gelatinosa, Holopedium glacialis, dobrou entre a década de 1980 e meados dos anos 2000, enquanto a da tra- dicional pulga d’água, ou dáfnia, diminuiu, em lagos de Ontário. Os autores destacam não só o impacto ecológico da substituição, já que as dáfnias representam uma fonte de nutrientes mais rica que o Holopedium, mas também o efeito sobre os sistemas de captação de água para consumo humano: “o aumento na concen- tração de geleia pelágica poderá impedir a remoção da água do lago para uso residen- cial, municipal ou industrial”, adverte o ar- tigo. “Os custos de operação da infraestru- tura para os usuários de água vai, portanto, subir (...) à medida que aumentam as den- sidades de cápsulas de geleia que entopem os filtros”. Centopeia revelada Uma colaboração internacional de cien- tistas publicou o primeiro genoma comple- to de uma centopeia, na semana passada. O animal, Strigamia marítima, é uma centopeia venenosa originária da Europa. A espécie não tem olhos, e usa as antenas para caçar. O trabalho foi publicado online no periódi- co PLoS Biology. Assim como insetos, aracnídeos e crus- táceos, as centopeias – parte da classe mi- riápode – são artrópodes. Um dos líderes do projeto de sequenciamento, Ariel Chap- man, da Universidade de Jerusalém, disse, por meio de nota, que “os artrópodes an- dam por aí há mais de 500 milhões de anos, mas a relação entre os diferentes grupos e a evolução inicial das espécies não são bem compreendidos”, situação que o novo ge- noma pode ajudar a retificar.

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Page 1: Foto: Amy Scott/Divulgação · 2014-12-01 · “que evitam o mal”, ou “que afastam male-fícios” – num cemitério polonês do século 17. Os rituais apotropaicos, que incluíam

UNICAMP – Universidade Estadual de CampinasReitor José Tadeu JorgeCoordenador-Geral Alvaro Penteado CróstaPró-reitora de Desenvolvimento Universitário Teresa Dib Zambon AtvarsPró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários João Frederico da Costa Azevedo MeyerPró-reitora de Pesquisa Gláucia Maria PastorePró-reitora de Pós-Graduação Raquel MeneguelloPró-reitor de Graduação Luís Alberto MagnaChefe de Gabinete Paulo Cesar Montagner

Elaborado pela Assessoria de Imprensa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Periodicidade semanal. Correspondência e sugestões Cidade Universitária “Zeferino Vaz”, CEP 13081-970, Campinas-SP. Telefones (019) 3521-5108, 3521-5109, 3521-5111. Site http://www.unicamp.br/ju e-mail [email protected]. Twitter http://twitter.com/jornaldaunicamp Assessor Chefe Clayton Levy Editor Álvaro Kassab Chefi a de reportagem Raquel do Carmo Santos Reportagem Carlos Orsi, Carmo Gallo Netto, Isabel Gardenal, Luiz Sugimoto, Manuel Alves Filho, Patrícia Lauretti e Silvio Anunciação Fotos Antoninho Perri e Antonio Scarpinetti Editor de Arte Luis Paulo Silva Editoração André da Silva Vieira Vida Acadêmica Hélio Costa Júnior Atendimento à imprensa Ronei Thezolin, Gabriela Villen, Valerio Freire Paiva e Eliane Fonseca Serviços técnicos Dulcinéa Bordignon e Diana Melo Impressão Triunfal Gráfica e Editora: (018) 3322-5775 Publicidade JCPR Publicidade e Propaganda: (019) 3383-2918. Assine o jornal on line: www.unicamp.br/assineju

Campinas, 1 a 31 de dezembro de 2014Campinas, 1 a 31 de dezembro de 20142TELESCÓPIOCARLOS ORSI

[email protected]

Dente determina origem de vampiro

Estudo publicado no periódico PLoS ONE analisou uma série de seis chamados sepultamentos apotropaicos – literalmente, “que evitam o mal”, ou “que afastam male-fícios” – num cemitério polonês do século 17. Os rituais apotropaicos, que incluíam depositar uma foice sobre o cadáver, ou uma pedra em sua boca, eram praticados, principalmente, para evitar que os mortos retornassem como vampiros.

Os autores, de instituições dos Estados Unidos e Canadá, usaram uma análise de isótopos de estrôncio dos dentes dos cadá-veres para testar a hipótese de que os sus-peitos de vampirismo seriam forasteiros ou imigrantes. O resultado, no entanto, foi negativo: a composição dos dentes dos “vampiros” coincidiu com a da população local da época.

“Esses dados indicam que os visados para práticas apotropaicas não era migran-tes mas, em vez disso, representavam in-divíduos locais cuja identidade social ou modo de morrer os marcou com suspeita”, escrevem os autores. “Epidemias de cóle-ra que varreram muito da Europa Oriental durante o século 17 podem ser uma ex-plicação alternativa (...) já que a primeira pessoa a morrer numa epidemia infecciosa tinha, presumia-se, maior probabilidade de voltar da morte como vampiro”.

Esquecendo a história

Estudo publicado na revista Science bus-cou determinar se existe um padrão segui-do pelo esquecimento de fatos na memória coletiva – definida como a “representação do passado que é compartilhada por um grupo”. O objetivo era descobrir a taxa com que um fato histórico que é conhecido por 100% da população no instante em que acontece vai, aos poucos, sumindo da lem-brança, com o passar das gerações.

Os autores, da Universidade Washing-ton de Saint Louis, analisaram a capacidade de estudantes americanos de ensino supe-rior de lembrar os nomes e a ordem dos presidentes do país. Foram avaliadas três gerações de estudantes – de 1974, 1991 e 2009 – e também um grupo paralelo de cer-ca de 400 adultos, testados em 2014.

O que os pesquisadores encontraram, em todos os grupos, foi uma curva de me-mória em forma de “U”, com um alto índice de lembrança nas pontas – com o presiden-te que estava no cargo no momento da pes-quisa e seus antecessores imediatos, numa extremidade, e os primeiros chefes da re-pública, na outra – e uma forte “amnésia coletiva” no meio, quebrada apenas por al-guns pontos excepcionais, como Abraham Lincoln e seus sucessores imediatos.

“A memória dos presidentes que servi-ram durante a vida do indivíduo decai line-armente”, diz o artigo. Quanto aos presi-dentes de gerações anteriores, os autores escrevem que a forte lembrança de Lincoln e seus sucessores, em todos os grupos, está ligada à Guerra Civil e ao fim da escravi-dão nos EUA, o que os autores associam ao “efeito de isolamento” detectado em ex-perimentos mais tradicionais de memória, onde se constata que um item destacado numa lista – uma imagem numa relação de palavras, por exemplo – tende a ser mais recordado que os itens “normais”.

Cadáver de mulher morta aos 40 anos e sepultada com foice sobre a garganta, para impedir seu retorno como vampira

Foto: Amy Scott/Divulgação

Mais fungos perto dos polos

Um levantamento da biodiversidade dos fungos mostra que a variedade desses or-ganismos não depende da das plantas: em-bora nas latitudes mais baixas a biodiver-sidade dos dois grupos pareça fortemente correlacionada, à medida que se aproxima dos polos, a diversidade das plantas cai bastante em relação à dos fungos. “Isso põe em questão as estimativas atuais da rique-za dos fungos”, que pressupõe uma ligação muito mais próxima com a dos vegetais em todos os ambientes, diz artigo sobre o estu-do, publicado na revista Science.

As principais variáveis envolvidas na biodiversidade dos fungos, escrevem os au-tores, são climáticas, “o que traz preocupa-ções sobre o impacto da mudança do clima na disseminação de doenças e nas conse-quências funcionais da alteração das comu-nidades de micro-organismos no solo”.

Um novo ar condicionado

A revista Nature traz a descrição de um sistema de refrigeração capaz de reduzir a temperatura do interior de um edifício em até 5º C, sem consumir eletricidade, e sob a luz do Sol. Os criadores do sistema, li-gados à Universidade Stanford, apresenta-ram um painel refletor solar que, além de devolver 97% da radiação solar incidente, também elimina o calor interno do edifício, irradiando-o numa faixa do espectro infra-vermelho para a qual a atmosfera terrestre é transparente, o que faz com que a energia rume para o espaço. “A fria escuridão do Universo pode ser usada como um recurso termodinâmico renovável, mesmo nas ho-ras mais quentes do dia”, diz o artigo. O material testado pelos autores é uma plata-forma composta de sete camadas de óxidos de silício e háfnio.

Em nota, a Universidade Stanford diz que o material foi criado de modo a ter custo compatível com o uso na construção civil, lembrando que 15% do consumo de eletricidade em edifícios, nos Estados Uni-dos, vem da refrigeração do ar.

Segredos da fotossíntese

Pesquisadores japoneses apresentam, na revista Nature, uma nova descrição da estrutura do complexo de proteína fotos-sistema II, fundamental no processo de fo-tossíntese, pelo qual plantas se apropriam da energia da luz do Sol.

O fotossistema II usa a energia lumi-nosa para separar os átomos de oxigênio e hidrogênio que compõem a água. A Nature lembra que a possível recriação sintética dessa função poderá representar uma fonte limpa de energia para atender às necessida-des humanas.

Tentativas anteriores de desvendar a es-trutura do complexo levaram a resultados contraditórios, o que sugere que a radiação usada na produção das imagens pode ter danificado as amostras. Os autores do tra-balho publicado agora na Nature afirmam ter superado essa dificuldade. “Esperamos que esta estrutura ofereça um plano para a criação de catalisadores artificiais”, escre-vem os autores.

Fundação Gates exigirá acesso livre

A Fundação Bill & Melinda Gates, esta-belecida pelo fundador da Microsoft e uma importante fonte financiadora de pesquisa científica, principalmente na área de saú-de, anunciou que, a partir de 1º de janeiro de 2017, todos os artigos produzidos por projetos realizados com seu apoio terão de ser publicados em periódicos de acesso gratuito.

“Todas as publicações resultantes de fi-nanciamento da fundação, e todos os da-dos subjacentes à pesquisa publicada serão disponibilizados imediatamente no ato da publicação”, diz nota publicada no website da organização.

“Dado o foco da Fundação Gates em melhorar a saúde das populações mais po-

bres do mundo, damos alta prioridade não só à pesquisa necessária (...) mas também à coleta e ao compartilhamento dos dados, para que outros cientistas e especialistas possam se beneficiar desse conhecimento”, prossegue o texto.

Nota sobre a iniciativa da Fundação Ga-tes publicada pelo blog da revista Nature chama atenção para o ponto mais radical da nova política: a exigência de que os artigos sejam não só disseminados gratuitamente, como também sob uma forma de licença de direito autoral que permite a reutiliza-ção livre e gratuita do texto – o que inclui a inclusão em publicações comerciais, a ex-tração de trechos ou dados, a tradução para outras línguas.

Chuva ácida “gelatiniza”lagos no Canadá

As chuvas ácidas, que reduzem as con-centrações de cálcio no solo, vêm prejudi-cando os pequenos crustáceos tradicional-mente encontrados nos lagos do Canadá, que precisam desse elemento para formar suas carapaças, e favorecendo organismos competidores, dotados de cobertura gela-tinosa.

Segundo artigo publicado no periódico Proceedings of the Royal Society B, a popula-ção da variedade gelatinosa, Holopedium glacialis, dobrou entre a década de 1980 e meados dos anos 2000, enquanto a da tra-dicional pulga d’água, ou dáfnia, diminuiu, em lagos de Ontário.

Os autores destacam não só o impacto ecológico da substituição, já que as dáfnias representam uma fonte de nutrientes mais rica que o Holopedium, mas também o efeito sobre os sistemas de captação de água para consumo humano: “o aumento na concen-tração de geleia pelágica poderá impedir a remoção da água do lago para uso residen-cial, municipal ou industrial”, adverte o ar-tigo. “Os custos de operação da infraestru-tura para os usuários de água vai, portanto, subir (...) à medida que aumentam as den-sidades de cápsulas de geleia que entopem os filtros”.

Centopeiarevelada

Uma colaboração internacional de cien-tistas publicou o primeiro genoma comple-to de uma centopeia, na semana passada. O animal, Strigamia marítima, é uma centopeia venenosa originária da Europa. A espécie não tem olhos, e usa as antenas para caçar. O trabalho foi publicado online no periódi-co PLoS Biology.

Assim como insetos, aracnídeos e crus-táceos, as centopeias – parte da classe mi-riápode – são artrópodes. Um dos líderes do projeto de sequenciamento, Ariel Chap-man, da Universidade de Jerusalém, disse, por meio de nota, que “os artrópodes an-dam por aí há mais de 500 milhões de anos, mas a relação entre os diferentes grupos e a evolução inicial das espécies não são bem compreendidos”, situação que o novo ge-noma pode ajudar a retificar.