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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPI PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL EGNO WANDER MOTA DOS SANTOS FORMIGAS COMO BIONDICADORAS EM DIFERENTES ÁREAS DE CERRADO NO SUL DO TOCANTINS GURUPI TO 2014

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1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPI

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL

EGNO WANDER MOTA DOS SANTOS

FORMIGAS COMO BIONDICADORAS EM DIFERENTES

ÁREAS DE CERRADO NO SUL DO TOCANTINS

GURUPI – TO

2014

2

EGNO WANDER MOTA DOS SANTOS

FORMIGAS COMO BIONDICADORAS EM FRAGMENTOS

DE CERRADO NO SUL DO TOCANTINS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós

Graduação em Produção Vegetal da Universidade

Federal do Tocantins como uns dos requisitos para

obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal.

Orientador: Dr. Danival José de Souza.

GURUPI – TO

2014

3

EGNO WANDER MOTA DOS SANTOS

FORMIGAS COMO BIONDICADORAS EM FRAGMENTOS

DE CERRADO NO SUL DO TOCANTINS

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado

em Produção Vegetal da Universidade Federal do

Tocantins como requisito parcial para obtenção do

título de Mestre em Produção Vegetal.

Orientador: Dr. Danival José de Souza.

Aprovada em __/__/____.

BANCA EXAMINADORA:

___________________________________

Dr. Danival José de Souza

Presidente

___________________________________

Dr. André Ferreira dos Santos – UFT

___________________________________

Dr. Marçal Pedro Neto – UFT

___________________________________

Dr. Gil Rodrigues Santos – UFT

GURUPI – TO

2014

4

Agradecimentos

A Deus, o que seria de mim sem a fé que eu tenho nele.

Aos meus pais, minha esposa, minha filha e a toda minha família, pois sem meu

alicerce nada seria possível.

A todos que estiveram presentes em minha trajetória, pois assim como eu se tornarão

mestres.

Ao Dr. Danival José de Souza meu guia orientador, juntos conquistamos esta vitória.

5

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA01: Imagem da área de cerradão a 3 km de distância do Campus da UFT

de aproximadamente 90 ha, apresentando uma vegetação contendo

árvores de maior porte de aproximadamente 12 metros de altura, com

dossel todo formado com sobreposições dos galhos e densa

serapilheira.

24

FIGURA 02: Imagem da área de cerrado stricto sensu, dentro do Campus da UFT

de aproximadamente 38 hectares, inserido numa matriz de pastagem

abandonada dominada por Brachiaria decumbens.

25

FIGURA 03: Imagem da Área de Pastagem, dentro do Campus da UFT, formada

por Brachiaria decumbensde aproximadamente 34 hectares. 26

FIGURA04: Parcela de 50 metros por 10 metros com transecto ao centro onde

foram instaladas as armadilhas do tipo “pitfall”, com distância de 5

metros entre elas.

27

FIGURA05: Riqueza de espécies encontradas nas áreas de cerradão, cerrado stricto

sensue pastagem, coletadasnas estações seca e chuvosa. 33

FIGURA 06: Dendrograma de similaridade na composição de espécies de formigas

para três áreas no período seco e chuvoso; (CDCH)

dão período chuvoso, (CDS) cerradão período seco, (CTCH) cerrado

stricto sensu período chuvoso,(CTS) cerrado stricto sensu período

seco, (PCH) Pastagem período chuvoso e (PS) Pastagem período seco.

34

6

LISTA DE TABELAS

TABELA 01 Lista das espécies de formigas e a frequência/porcentagem,

ocorrentes nas três áreas estudadas.

29

TABELA 02 Lista de espécies de formigas ocorrendo nas três áreas estudadas,

em coletas realizadas em dois períodos (Abril/2012 a

Outubro/2013).

30

TABELA 03 Média da CAP (Circunferência Altura do Peito) das áreas de

cerradão e cerrado stricto sensu.

34

7

Sumário RESUMO ................................................................................................................................... 8

ABSTRACT ............................................................................................................................... 9

1 – INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10

2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 11

2.1Impacto ambiental no Cerrado ............................................................................................ 11

2.2 Cerrados e suas características ........................................................................................... 13

2.3 Formigas como bioindicadores ........................................................................................... 16

2.4 Biodiversidade de formigas ................................................................................................ 19

3 - MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 22

3.1 - Áreas de estudo ................................................................................................................ 22

3.3 -Levantamentos estrutural da vegetação............................................................................. 25

4 - ANÁLISE ............................................................................................................................ 27

5 – RESULTADOS E DISCUSSÔES ...................................................................................... 28

6 - CONCLUSÕES ................................................................................................................... 34

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 35

ANEXO A :PROCESSO DE TRIAGEM DAS FORMIGAS .................................................. 45

ANEXO B : IMAGENS DE ESPÉCIES DE FORMIGAS ...................................................... 46

8

RESUMO

O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro com dois milhões de km2 de domínio

nas terras altas do Brasil Central. O objetivo foi iniciar estudos sobre a dinâmica sucessional

em três áreas distintas desse bioma localizadas no município de Gurupi, Tocantins, Brasil. Os

estudos foram conduzidos no período de abril de 2012 a outubro de 2013, nas três áreas que

ficam localizadas próximas ao Campus da Universidade Federal do Tocantins em Gurupi –

TO. Foram efetuadas duas coletas por área estudada, sendo que uma coleta realizou-se no

período chuvoso e outra no período seco. Para a coleta das formigas epigeicas, foram

utilizadas armadilhas do tipo “pitfall” contendo apenas álcool 70. A partir da identificação e

contagem das espécies de formigas, foi calculado o índice de diversidade de Shannon-Wiener

(H’). Como medida da complexidade da vegetação arbórea, foram medidos os diâmetros e as

densidades da vegetação para que esses valores pudessem ser correlacionados com valores da

diversidade de formigas.Foram coletados 2970 espécimes de formigas distribuídas em seis

subfamílias, 11 gêneros e 16 espécies. A riqueza de espécies encontradas foi: cerradão (11);

cerrado s. s. (11) e pastagem (10). Os valores do índice de Shannon-Wiener (H’) para o

cerradão (1,54), “cerrado stricto sensu” (1,29) e pastagem (1,33) sugerem que os ambientes

estudados tiveram poucas mudanças nos índices de diversidades de espécies, mostrando que

áreas com vegetações diferentes apresentaram índices de diversidade muito baixos e

similares. Isso pode ser explicado pela proximidade entre elas e pelo fato de todas elas

estarem próximas a ambiente urbano, onde sofrem direta e indiretamente a ação do homem.

Palavras-chave: Formicidae; diversidade; fragmentação; Cerrado; regeneração.

9

ABSTRACT

Ants as bioindicators in fragmented areas of Southern Cerrado from Tocantins State

The Cerrado is the second largest Brazilian biome with two million km2 of area in the

highlands of central Brazil . The objective was to initiate studies on the succession dynamics

in three distinct areas of this biome located in the municipality of Gurupi , Tocantins , Brazil .

The studies were conducted from April 2012 to October 2013, the three areas that are located

near the campus of the Federal University of Tocantins in Gurupi - TO . Two samplings were

performed by study area, with a collection took place during the rainy season and one in the

dry season . Traps " pitfall " containing alcohol only 70 were used for the collection of

epigaeic ants . From the identification and counting of ant species , the diversity index of

Shannon - Wiener ( H ' ) was calculated . As a measure of the complexity of woody

vegetation , we measured the diameters and densities of vegetation so that these values could

be correlated with values of ants . 2970 specimens distributed into six subfamilies of ants , 11

genera and 16 species were collected . The richness of species was found :Savana ( 11 ) ;

cerrado s . s .( 11 ) and grazing ( 10 ) . The values of the Shannon- Wiener index ( H ' ) for the

Savana ( 1.54 ) , " cerradosensustricto " ( 1.29 ) and pasture ( 1.33 ) suggest that the studied

environments have changed little in the indices of diversity species , showing that areas with

different vegetation diversity indices showed very low and similar . This can be explained by

the proximity between them and the fact that all of them are near urban environment , where

they suffer directly and indirectly the action of man.

Keywords: Formicidae; diversity; fragmentation; Cerrado regeneration.

10

1 – INTRODUÇÃO

O bioma Cerrado é constituído por uma ampla diversidade de formas de relevo e

tipos de solos que se traduz na sua grande diversidade de formas de vida. O clima é

tipicamente sazonal quanto à pluviosidade, apresentando grandeamplitude térmica (entre

períodos do dia e do ano) e também grande variação nos índices de precipitação

(ADÁMOLIet al., 1986;NIMER; BRANDÃO, 1989; IBGE, 2004).

De acordo com Arruda(2001), grandes áreas do cerrado foram drasticamente

modificadas pelo desmatamento, queimadas e uso indiscriminado de produtos químicos em

função do avanço da agropecuária. Suas terras se tornaram um lugar de destaque na produção

de grãos, fato que acelerou a perda da sua biodiversidade em função do aumento do

desmatamento, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE 2010). Segundo esse documento, 85.000 km² de cobertura nativa do cerrado (cerca de

4,0% dos atuais 1.052 milhões km²), foram destruídos entre 2002 e 2008. Por esses motivos,

várias pesquisas vêm sendo realizadas com o intuito prioritário de detectar os impactos

antrópicos sobre a biodiversidade do cerrado e subsidiar a conservação e o manejo do que

resta de sua riqueza biológica (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2002).

O conhecimento da dinâmica da comunidade de formigas pode se tornar uma

ferramenta fundamental na caracterização da situação do ambiente estudado (transitória ou

permanente) e, assim, avaliar seu estado de conservação ou degradação (NOSS, 1990;

SPELLERBERG, 1993).

11

2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1Impacto ambiental no Cerrado

O Cerrado é a segundo maior bioma Brasileiro com dois milhões de km2, sendorico

em biodiversidade e apresentando muitas variações ao longo da sua extensão, abundância de

recursos hídricos – possuindo três das maiores bacias hidrográficas da América do sul - e

relevo predominante plano com latossolos ácido e distrófico. A vegetação do Cerrado está

adaptada ao longo período de estiagem. Possuem duas estações bem definidas, uma seca e

outra chuvosa.

O Brasil é único país que possui este bioma, presente em todas as áreas do Brasil

Central (Distrito Federal, Goiás, região centro e sul de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,

Tocantins, oeste e norte de Minas Gerais e oeste da Bahia).

O Tocantins possui originalmente 92% de sua área nos domínios do Cerrado.

Levantamento de 2002 mostrou que 79% dessa cobertura original ainda estava preservada

(SANO et al., 2010), sendo um dos maiores remanescentes desse bioma. Diferentemente de

outros biomas do Brasil, como a Amazônia, a Mata Atlântica, o Pantanal e a Zona Costeira, o

Cerrado não é reconhecido pela Constituição Federal como patrimônio Nacional (RATTER et

al., 1997).

A expansão da fronteira agrícola no Cerrado resulta na fragmentação florestal e na

perda de habitat (AQUINO; MIRANDA, 2008; CARVALHO et al. 2009). A história recente

da sua ocupação demonstra essa tendência que, no caso do Estado do Tocantins, é baseada na

exploração da pecuária e em monoculturas agrícolas.

Vegetações tropicais como um todo vem sofrendo com os impactos da exploração de

suas áreas. Silva & Andrade (2005) relatam que a simples implantação de Unidades de

Conservação nas áreas de cobertura vegetal nativa remanescente não tem sido eficiente na

proteção e recuperação desses ecossistemas extremamente ameaçados. Muito se tem discutido

sobre o impacto das atividades humanas sobre a biodiversidade, em especial pelo forte

desequilíbrio gerado pela industrialização moderna, mas pouco estudo sobre como populações

tradicionais exploram, conservam, enriquecem a biodiversidade e influenciam a distribuição

de plantas que lhes são úteis (CABALLERO, 1994).

O impacto ambiental constitui-se em qualquer modificação dos ciclos ecológicos em

um dado ecossistema. Nessa linha de abordagem, a ruptura de relações ambientais

12

normalmente produz impactos negativos, a não ser que essas relações já refletissem o

resultado de processos adversos. Por analogia, o fortalecimento de relações ambientais

estáveis constitui-se em um impacto positivo. Por fim, têm-se os casos que representam a

introdução de novas relações ambientais em um ecossistema. Neles há de ser efetuada a

análise de todos os seus efeitos, de modo a enquadrá-los, um a um, como benefícios ou

adversidades. Em suma, os impactos afetam a estabilidade preexistente dos ciclos ecológicos,

fragilizando-a ou fortalecendo-a (MILARÉ, 2005).

De acordo com Milaré (2005), impacto ambiental consiste no resultado da variação

da quantidade e/ou da qualidade de energia transacionada nas estruturas aleatórias dos

ecossistemas diante da ocorrência de um evento ambiental capaz de afetá-las,ocasionando

eventos derivados, quer modificando a natureza e a intensidade do comportamento e/ou da

funcionalidade de pelo menos um conjunto de fatores ambientais,beneficiando-os nas relações

que mantém entre si e com outros fatores a eles vinculados.

Regenerar áreas degradadas vai além de plantar árvores nativas em áreas impactadas.

Regenerar é um processo que exige conhecimento sobre todo o bioma, planejamento e

monitoramento da evolução do processo de regeneração. As atividades de monitoramento

ambiental têm sido desenvolvidas para verificar o nível de impacto de qualquer perturbação,

antrópica ou natural (HILTY; MERENLENDER, 2000).

Segundo Mota (2008), a recuperação de uma área degradada pode ser entendida

como o retorno do local a uma forma de utilização de acordo com o plano preestabelecido

para uso do solo, implicando em uma condição estável, que será obtida em conformidade com

os valores ambientais, econômicos, estéticos e sociais de circunvizinhança.

O Decreto N° 7.830, de 17 de outubro de 2012, art. 18, determina que a

recomposição das áreas de reserva legal poderá ser realizada mediante o plantio intercalado de

espécies nativas e exóticas, em sistema agroflorestal, observados os seguintes parâmetros: (1)

O plantio de espécies exóticas deverá ser combinado com as espécies nativas de ocorrência

regional e (2) a área recomposta com espécies exóticas não poderá exceder a cinquenta por

cento da área total a ser recuperada

A escolha correta da comunidade de plantas que irá iniciar o processo de sucessão

em uma área desflorestada é um dos pontos mais críticos do processo de recuperação,

principalmente em um projeto que envolve não só a recuperação da paisagem, mas o manejo e

o uso múltiplo das espécies por comunidades locais. Estudos baseados em trabalhos

13

fitossociológicos de ambientes naturais preservados, alterados, perturbados e degradados

podem auxiliar não apenas na escolha das espécies, mas, também, descobrir como empregá-

las eficientemente nos projetos de recuperação. A tentativa de reprodução das estruturas das

comunidades vegetais parece ser o melhor caminho, pois tem sido largamente empregada com

bons resultados (CORRÊA; MELO FILHO, 1998).

Para Campello de Castro (1998), recuperar as áreas degradadas vai além de uma

simples formalidade legal e fundamenta na obrigatoriedade de reparar o dano causado ao

meio ambiente. A obrigação de recuperar, prevista na legislação, consiste em reconduzir a

área a umasituação de normalidade e estabilidade.

Segundo Fowler (1998), as definições dos critérios para recuperação ambiental de

áreas degradadas dependem de estudos ecológicos. Uma das metas da chamadaecologia de

recuperação é encontrar meios simplificados, de baixo custo e de fácil execução, para avaliar

o desenvolvimento e execução do processo.

Um desses meios é a utilização de bioindicadores, isto é, fatores ambientais que

possam refletir adequadamente as condições do habitat de estudo. Muitos estudos têm

utilizados a presença ou ausência de alguns grupos da fauna (bioindicadores) para avaliar

níveis de degradação ou regeneração das áreas em questão.

A presença das formigas nas áreas em estudo é de suma importância, pois nos

fornece uma imagem sobre a situação transitória ou permanente do ambiente avaliado,

enfatizando sobre sua conservação ou degradação, frequentemente associada ao uso da terra

pelo homem (NOSS, 1990; SPELLERBERG, 1993), impactos de práticas florestais (YORK,

1994), sucesso de recuperação ecológica (MAJER; KOCK, 1992), comparação de diferentes

ferramentas de manejo, impacto de perturbações em áreas de conservação;avaliação da

diversidade biológica (MAJER, 1982; OLIVEIRA;BRANDÃO, 1991).

2.2 Cerrados e suas características

O conceito de Cerrado confunde-se muitas vezes com asavana, que são áreas

normalmente planas, cobertas de uma vegetação peculiar, apresentando fundamentalmente um

estrato herbáceo dominado por gramíneas. Com isso, Rizzini (1997), afirmam que o termo

14

savana só deveria ser empregado para indicar Cerrado quando for urgente enquadrá-lo no

âmbito das formações universais.

Savanas são formações vegetais compostas de um estrato arbóreo/arbustivo laxo

associado a um estrato herbáceo, crescendo em um ambiente submetido a secas sazonais e

cuja vegetação é adaptada a sobreviver a queimadas naturais recorrentes (MISTRY, 2000).

Entre as formações savânicas do mundo, o Cerrado se destaca como um dos grandes centros

de biodiversidade, com uma flora diversificada e rica em espécies endêmicas.

O Cerrado apresenta várias características que o diferenciam de outras áreas

chamadas savanas (RIZZINI, 1997; EITEN, 1990). As savanas africanas, por exemplo,

costumam ser caducifólias durante a estação seca, enquanto o Cerrado é apenas semidecíduo,

nunca ficando inteiramente desfolhado. Além disso, o Cerrado é comumente macrófilo,

enquanto que as folhas na vegetação das savanas africanas são bem menores (RIZZINI,1963).

Outras diferenças observadas entre os dois biomas dizem respeito à estratificação. O estrato

gramíneos é menos desenvolvido em densidade e altura, e o estrato arbóreo também é menos

elevado e esparso no Cerrado.

O Cerrado se desenvolve em solos diversos, que variam de rasos e pedregosos a

latossolos argilosos profundos (RAWITSCHERet al.1943;RAWITSCHER,1948; FELFILIet

al., 1998). Além disso, a topografia do terreno é heterogênea, com regiões de relevo suave, de

chapadas e de morros (RUGGIEROet al., 2006).

O clima do Cerrado é caracterizado por uma variação sazonal, processado pela

ocorrência de invernos (maio a setembro), durando em torno de cinco meses e verões (outubro

a abril), com duração aproximada de sete meses (SILVA; ASSAD; EVANGELISTA, 2008).

No período seco, o conteúdo de água nas camadas superficiais do solo se torna escasso, o que

levou as espécies a desenvolverem modificações morfológicas e fisiológicas, como estratégias

de sobrevivência. Por exemplo, as plantas apresentam sistemas radicais profundos (EITEN,

1972; SARMIENTO, 1984), órgãos subterrâneos (WARMING, 1973) e/ou armazenam água

nos caules. Essas adaptações das plantas as capacitaram a suportar a deficiência hídrica de tal

modo que possam sustentar a produção de folhas e a reprodução durante períodos

desfavoráveis (MANTOVANI; MARTINS, 1988).

Da complexa interação entre o clima, o tipo de solo e a frequência com que o fogo

acontece uma dada microrregião, surgem as diversas fitofisionomias do Cerrado: campo

15

limpo, campo sujo, Cerradostricto sensu e cerradão, nomeadas empiricamente conforme a

maior densidade de plantas lenhosas (RUGGIEROet al.,2006).

As raízes de árvores adultas do Cerrado podem atingir profundidades maiores que 8

m e captar água, horizontalmente, a mais de 12 m de distância. Portanto, no que tange ao

estabelecimento de espécies no Cerrado, um dos pontos críticos não é a profundidade em si

que as raízes de árvores adultas atingem, mas a velocidade de crescimento e a profundidade

que as raízes das plantas jovens conseguem atingir para captar água do solo

(PAVLIS;JENIK,2000; STERNBERGet al., 2004).

Há uma grande variação na relação entre a quantidade de árvores e de herbáceas,

formando um gradiente estrutural que vai do Cerrado completamente aberto denominado de

Campo Limpo, que é a vegetação dominada por gramíneas sem a presença dos elementos

lenhosos, até o Cerrado fechado, denominado Cerradão, que possui aspecto florestal devido a

grande quantidade de árvores e formação de dossel. As formas intermediárias são, no

entendimento de Goodland (1971), o campo sujo, o campo Cerrado e o Cerrado “stricto

sensu”, de acordo com uma densidade crescente de árvores.

No entanto, existem diferenças florísticas e fitossociológicas entre os estratos de

regeneração e adulto dos Cerrados: as espécies dominantes fitossociologicamente estão

presentes em ambos os tipos de estratos, mas há espécies encontradas apenas nos estratos de

regeneração e outras, nos estratos adultos (MEDEIROSet al., 2007), ou seja, mesmo o

estabelecimento de espécies vegetais no Cerrado se relaciona a uma grande variedade de

estratégias.

As árvores do Cerrado, que compõem a vegetação permanente, são muito peculiares,

com troncos tortuosos, cobertos por uma cortiça grossa, cujas folhas são geralmente grandes e

rígidas, características atribuídas porFerri (1977), à vegetação que vive em ambiente onde a

água é escassa (xeromorfismo). No período de estiagem, o solo se desseca realmente, mas

apenas em sua parte superficial (1,5 a 2 metros de profundidade). Consequência disto é a

deficiência hídrica apresentada pelo estrato herbáceo-subarbustivo, cuja parte epigeia se

desseca e morre, embora suas partes hipógeas se mantenham vivas.

Numerosos estudos fenológicos têm sido realizados nas diversas fisionomias de

Cerrado, como nas matas de galeria (ANTUNES; RIBEIRO, 1999), campo sujo (MUNHOZ;

FELFILI, 2005, 2007; TANNUS; ASSIS; MORELLATO, 2006) e afloramentos rochosos

(CONCEIÇÃO; FUNCH; PIRANI, 2007), sendo que a maioria deles se concentra no Cerrado

16

sentido típico (BATALHA; ARAGAKI; MANTOVANI, 1997; FELFILI et al., 1999;

BATALHA; MANTOVANI, 2000; OLIVEIRA; PAULA, 2001; LENZA; KLINK, 2006),

objetivando descrever principalmente os padrões temporais de crescimento e reprodução das

plantas e as suas relações com a sazonalidade climática do Cerrado. Além disso, tem se

realizado comparações entre o comportamento fenológico das floras herbáceo-arbustiva e

arbustivo-arbórea (BATALHA; MANTOVANI, 2000), procurando encontrar padrões

fenológicos que separem os nichos pela fenologia de cada flora.

Os habitats mais complexos criam melhores oportunidades para um maior número de

espécies sobreviverem (OLIVEIRA et al., 1995; BRUHL et al., 1998).

Por causa de crescentes problemas ambientais, estão sendo desenvolvidos métodos

voltados para o monitoramento ambiental, utilizando-se como indicadores biológicos,plantas

ou animais (TOLMASQUIM, 2001; ELLENBERG et al. citado por MAZZONI-VIVEIROS;

TRUFEM, 2004). Os bioindicadores passam a expressar reações características quando

expostos aos diferentes tipos de degradação ambiental, fornecendo informações sobre a

situação do ambiente (MAZZONI-VIVEIROS; TRUFEM, 2004).

Um indicador é um meio encontrado para reduzir uma ampla quantidade de dados à

sua forma mais simples, retendo o significado essencial do que esta sendo perguntado sobre o

dado (OTT, 1978 apud TOLMASQUIM, 2001). O conceito de bioindicador se refere a um

parâmetro biológico de comportamento que surge diante da alteração de determinada

condição externa ou de estresse do ambiente (ACCACIO et al.,2003).

Vários estudos, tanto no exterior como no Brasil, utilizam a fauna de formigas para

análise qualitativa de diferentes ambientes, pois a estrutura de comunidade de formigas é

potencialmente indicadora de mudanças ambientais (DELABIE, 1990; ANDERSEN;

SPARLING, 1997; DELABIE, 1999; CORREIA, 2002; UNDERWOOD; FICHER, 2006;

DELABIE et al. 2007).

2.3 Formigas como bioindicadores

Os bioindicadores são organismos vivos, ou processos biológicos, utilizados para

avaliar os impactos ambientais e monitorar a recuperação do meio ambiente (LOUZADA et

al., 2000) e sua utilização serve para prever problemas ecológicos ou diagnosticar as causas

17

das mudanças ambientais (NIEMI&MCDONALD, 2004). O uso de determinadas espécies ou

grupos de organismos como indicadores do sucesso de práticas de reabilitação ambiental tem

sido difundido nas últimas décadas (HILTY&MERENLENDER, 2000).

A bioindicação é definida por Lima (2000),pelasreações de organismos vivos frente a

estímulos ambientais provenientes de um determinado ambiente ecapazes de provocar várias

alterações em seu funcionamento.

MCGEOCH (1998) classifica os bioindicadores em:

Indicadores Ambientais -espécies ou grupo de espécies que respondem de

formas previsíveis às perturbações ambientais;

Indicadores Ecológicos -espécies ou grupo de espécies consideradas sensíveis

às alterações como perturbação e fragmentação dos habitat, mudanças

climáticas, poluição e entre outros fatores que geram degradação da

biodiversidade;

Indicadores de Biodiversidade - espécies, guildas ou grupos selecionados de

espécies que refletem índices de diversidade a outras espécies presentes no

habitat.

Os bioindicadores podem ser encontrados na fauna. Por exemplo, diversos grupos de

animais retornam gradativamenteà área impactada e a verificação desse retorno pode ser um

indicativo do sucesso de uma prática de recuperação de uma área impactada. l Alguns grupos

de animais apresentam maior utilidade como bioindicadores, tal como os invertebrados que

possuem papel de destaque no processo de recuperação de um ecossistema (MAJER, 1989).

Tradicionalmente, os estudos de conservação têm enfatizado apenas o papel de

vertebrados na dinâmica das comunidades. Recentemente, entretanto, a fauna de

invertebrados tem sido ressaltada como de fundamental importância para os processos que

estruturam ecossistemas terrestres, especialmente nos trópicos (WILSON 1987; FREITASet

al., 2005)

O levantamento das espécies de invertebrados é de extrema importância em

relatórios de impacto ambiental, por serem componentes consideravelmente abundantes nos

ecossistemas, além de serem mais fáceis de capturar. Por se tratar de um grupo que ocupa

diversos níveis de cadeia trófica, os invertebrados são eficazes para predizer qualquer nível de

alteração ambiental (MAJER, 1983). Eles são atuantes em várias áreas funcionalmente

18

relevantes no processo de recuperação de ecossistemas e sãos sensíveis a alterações da

vegetação local (JAMES; EVISON, 1979; GREENSLADE; GREENSLADE, 1984).

As formigas são utilizadas como bioindicadores, principalmente pela grande

abundância e ubiquidade no habitat intacto e em áreas perturbadas (MAJER, 1983), por sua

grande diversidade de espécies (BRANDÃO,1999), plasticidade comportamental e sua

importância ecológica e funcional em quase todos os níveis tróficos de um ecossistema (como

predadoras e rapina, como detritívoras, mutualista e herbívoras) pela facilidade que elas são

capturadas e sensibilidade a alteração do ambiente ( MAJER, 1983; GREENSLADE;

GREENSLADE, 1984; WILSON 1987b ; ALONSO, 2000).

De acordo com Kremenet al. (1993) é possível definir o grau de degradação ou

recuperação de uma área a partir de estudos simples da fauna de formigas através:

da detecção da presença ou ausência de espécies raras e indicadoras de um

estado sucessional definido;

do estudo das diferentes de populações em diferentes áreas, pois estas variam

de acordo com o estado sucessional da vegetação;

da caracterização de grupos funcionais de formigas. Estes podem categorizar-

se pela dieta, pelo tipo de nidificação, pelo substrato de forrageamento e por

muitas outras variáveis que permitem identificar espécies associadas às

condições habitacionais específicas.

Em uma área em recuperação, no início da sucessão vegetal, observa-se a

dominância de uma ou poucas espécies de formigas.À medida que a sucessão da vegetação

avança e o habitat se diversifica, as espécies dominantes têm sua populaçãosensivelmente

reduzida (FOWLER et al., 1991) permitindo a ocupação do habitat por outras espécies de

formigas. Dessa forma, em fase intermediária de sucessão, a diversidade de espécies de

formiga aumenta e dominância diminui estruturando o ambiente em verdadeiros mosaicos

(aumento da disponibilidade de recursos) (BESTELMEYER; WIENS, 1996), sendo que

omosaico de formigas é o resultado de expansão e colonização, e oua redução espacial entre

espécies dominantes e é estruturado pela competição entre as espécies por espaço, abrigos e

recursos alimentares (FOWLER 1991)

As formigas serviram como objeto de estudos em várias partes do mundo, como

bioindicadores de perturbação, estabilidade e mudança do ambiente. Na Austrália, por

exemplo, elas são consideradas particularmente úteis como bioindicadores em programa de

19

análise do meio ambiente devido a sua grande abundância e importância funcional, sua grande

variedade de interação aos demais componentes do ecossistema e sua habilidade de integrar

um leque de variáveis ecológicas (MAJER.1982; GREENSLADE; GREENSLADE, 1984).

As formigas são componentes fundamentais dos ecossistemas tropicais, sua biomassa

representa cerca de um quarto da biomassa animal de invertebrados, enquanto elas interagem

com todos os outros segmentos da fauna e da flora, por predação e transporte de sementes

(HÖLLDOBLER; WILSON, 1990).

As formigas que se propõe amostrar serão utilizadas como ferramenta para

estimativa da diversidade local, pois são geralmente considerados organismos representativos

dos demais invertebrados. As principais vantagens de usar formigas como bioindicadores é

porque elas são abundantes e facilmente amostradas, e podem ser identificadas mais

facilmente até gênero ou espécie (ANDERSEN 1997; AGOSTI etal 2000).

As comunidades de formigas por sua vez também podem ser afetadas por uma

infinidade de mecanismos, como a sensibilidade as inundações (MERTLet al., 2009), as

condições edáficas da composição do solo (BIHN et al., 2008), gradientes altitudinais

(SAMSON, 1997; FISHER, 1998; LONGINO & COLWELL, 2011) e a variações em

tolerância térmica e umidade (KASPARI, 1993; LIGHTON et al., 1994; CERDÁ &

RENATA, 1997; CERDÁ, 2001; ANGILLETTAet al., 2007; CLÉMENCETet al., 2010;

WITTMANet al., 2010), os quais também podem estar associados a coexistência local destes

organismos, embora sejam processos ainda hoje pouco compreendidos. Até pouco tempo, os

efeitos do tamanho do corpo e da complexidade do hábitat eram considerados de maneira

isolada, mas recentes evidências sugerem que interações entre esses fatores também possam

ter uma forte influência sobre a composição das comunidades de formigas (FARJI-BRENER

et al., 2004).

2.4 Biodiversidade de formigas

As formigastiveram a sua origem entre 132 a 175,6 milhões de anos atrás

(MOREAUet al., 2006), evoluindo e tornando-se o grupo taxonômico com maior número de

espécies conhecidas e de maior diversidade ecológica dentre os insetos sociais (GRIMALDI

& ENGEL, 2005; HÖLLDOBLER & WILSON, 1990). Tem sido observado que as relações

20

de dominância ecológica das espécies de formigas são tidas como resultados dos efeitos

comportamentais e da dominância numérica dos indivíduos (ADAMS, 1994; DAVIDSON,

1998).

As formigas são um dos grupos de organismos dominantes do planeta, tanto

numérica quanto ecologicamente. A abundância desses organismos é superior a qualquer

outro grupo de animal terrestre, incluindo vertebrados, somando mais de 15% da biomassa

total de animais na maioria dos ecossistemas terrestres (FITTKAU & KLINGE, 1973). Esta

inequívoca dominância numérica levou ao reconhecimento da importância ecológica das

formigas. Elas modificam a ciclagem de nutrientes, enriquecendo o solo com as lixeiras das

colônias e transferindo nutrientes para camadas mais profundas do solo durante a construção e

relocação dos ninhos (WIRTH et al., 2003).

Os hábitos alimentares das formigas são os mais diversos possíveis, havendo um

predomínio das forrageadoras oportunistas e generalistas que se alimentam principalmente de

secreções vegetais, sementes, e material animal vivo ou morto (FOWLERet al., 1991;

KASPARI, 2000). No entanto, alguns grupos de formigas possuem uma dieta mais

especializada, como é o caso das formigas da tribo Attini (subfamília Myrmicinae), que

cultivam fungos que crescem sobre um substrato composto principalmente por material

vegetal e/ou animal recolhido por suas operárias (WEBER, 1972). Outras formigas são

particularmente bem adaptadas a uma alimentação líquida (Subfamílias Dolichoderinae e

Formicinae), que pode ser obtida diretamente através de nectários extraflorais ou outras

estruturas secretoras, ou então através de interações com alguns hemípteros que liberam uma

excreção açucarada conhecida como “honeydew” (DELABIE;FERNÁNDEZ, 2003). Muitos

gêneros incluem ainda formigas predadoras, que podem ser generalistas ou especializadas,

como por exemplo, em Cerapachys (Cerapachynae), Neivamyrmex (Ecitoninae), Strumigenys

(Myrmicinae) e Thaumatomyrmex (Ponerinae), que se alimentam de grupos restritos de

artrópodes (KASPARI, 2000).

Camponotus (Myrmobrachys) senex e Camponotus (Myrmobrachys)

formiciformissão espécies Neotropicais tecelãs (HOLLDOBLER; WILSON, 1990), operárias

de Odonto machus bauri podem tolerar condições mais secas do que outras espécies. O

gênero Pachycondylase caracteriza por sua distribuição geográfica de pantropical com mais

de 200 espécies válidas (BOLTON, 1995).

21

As comunidades de formigas por sua vez também podem ser afetadas por uma

infinidade de mecanismos, como a sensibilidade à inundações (MERTLet al., 2009), as

condições edáficas da composição do solo, gradientes altitudinais (SAMSON, 1997; FISHER,

1998; LONGINO; COLWELL, 2011) e a variações em tolerância térmica e umidade

(ANGILLETTAet al., 2007) coexistência local destes organismos, embora sejam processos

ainda hoje pouco compreendidos. Até pouco tempo, os efeitos do tamanho do corpo e da

complexidade do hábitat eram considerados de maneira isolada, mas recentes evidências

sugerem que interações entre esses fatores também possam ter uma forte influência sobre a

composição das comunidades de formigas (FARJI-BRENERET al., 2004)

Consideradas como insetos verdadeiramente sociais (eusociais), as formigas

cooperam no cuidado das formas jovens, havendo uma divisão reprodutiva do trabalho, com

os indivíduos estéreis trabalhando em prol dos indivíduos férteis. Ocorre ainda, no mínimo, a

sobreposição de duas gerações em estágios de vida capazes de contribuir para o trabalho da

colônia (HÖLLDOBLER e WILSON, 1990).

As formigas têm um importante papel no fluxo de energia e biomassa e na evolução

da estrutura das comunidades como um todo; utilizam uma grande variedade de recursos

alimentares e ocupam quase todos os ecossistemas terrestres; exercem papéis importantes na

reciclagem de nutrientes, atuando em bancos de sementes e na formação das camadas

superficiais do solo. Atuam também como agentes de controle das populações de outros

artrópodes (HÖLLDOBLERe WILSON, 1990), na formação das camadas superficiais do

solo.

Existem espécies de formigas que constroem seus ninhos em locais efêmeros, como

troncos apodrecidos, grandes troncos de árvores mortas ou então em pequenos galhos caídos

das árvores (CARVALHO; VASCONCELOS, 2002). As mais densas concentrações de

formigas de serapilheira são encontradas em pequenos pedaços de madeira podre, galhos,

plantas mortas, folhas ou sementes (WILSON, 1959; KASPARI, 1996). Esses materiais são

dinâmicos e geralmente deterioram mais rapidamente do que o tempo de vida da colônia,

fazendo com que as formigas tenham que, frequentemente, recolonizarem novos espaços

(BYRNE, 1994).

Espécies estreitamente relacionadas que ocorrem em um mesmo hábitat geralmente

possuem necessidades similares e acabam compartilhando de características ecológicas

semelhantes. Porém, uma teoria de nicho clássica, a hipótese da similaridade limitante

22

(HUTCHINSON, 1959; MACARTHUR; LEVINS, 1967), prediz que as espécies com

características parecidas não podem coexistir localmente devido à competição por limitação

de recursos até um limite de similaridade. E após este limite a exclusão competitiva passa a

ser determinante na segregação das espécies com características ecológicas semelhantes

(WINSTON 1995).

Outra relação bem conhecida é o aumento na densidade e riqueza de espécies de

formigas de acordo com o aumento na densidade da vegetação do local (GOTELLI e

ELLISON, 2002; RIBAS et al., 2003). Essa maior densidade pode levar a uma maior

complexidade do hábitat. Hábitats mais complexos, por sua vez, apresentam um número

maior de nichos, culminando em uma maior riqueza de espécies (FINKE e SNIDER, 2008).

3 - MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 - Áreas de estudo

A Fazenda Experimental da Universidade Federal do Tocantins, Campus de Gurupi

está situada na Coordenada Geográfica 11º46’21”S e 49º03’26”W, em altitude de 298m,

apresenta área total de aproximadamente 120 hectares. Esta área esta destinada ao

desenvolvimento de pesquisas sobre remanescentes de vegetação nativa (Bioma Cerrado) e

implantação de culturas de espécies agrícolas, florestais nativas e exóticas para estudos de

campo. Também foi realizado levantamento de campo em uma fazenda a uma distancia de 3

km do Campus da Universidade situada na Coordenada Geográfica 11°44’21”S e

49°01’17”W.

A região apresenta sazonalidade climática característica, predominantemente do tipo

tropical, com duas estações bem definidas: um período seco (maio a setembro) e um período

chuvoso (outubro a abril).

Os estudos foram realizados em três áreas não contíguas: (1) área “cerrado stricto

sensu”, localizado na Fazenda Experimental da UFT, de aproximadamente 38 hectares,

apresentando, da borda ao centro, um gradiente de sucessão constituída por um entorno

depastagem abandonada dominada por Brachiaria decumbens. (2) uma área de

pastagemabandonada formada por B. decumbensde aproximadamente 34 hectares localizada

23

também dentro da FazendaExperimental da UFT. (3) área cerradãolocalizada a uma distância

de 03 km do Campus da Universidade formada por um fragmento florestal de

aproximadamente 90 hectares, apresentando uma vegetação contendo árvores de maior porte

de aproximadamente 12 metros de altura, com dossel todo formado com sobreposições dos

galhos e densa serapilheira.

I. Cerradão

Nos cerradões agregam-se as linhas de matas seca e matas de galeria com árvores

podendo alcançar até 15 metros de altura. A área caracterizada como cerradão é a uma

formação florestal do bioma Cerrado com características esclerófilas (grande ocorrência de

órgãos vegetais rijos, principalmente folhas) e xeromórficas (com características como folhas

reduzidas, suculência, pilosidade densa ou com cutícula grossa que permitem conservar água

e, portanto, suportar condições de seca). Caracteriza-se pela presença preferencial de espécies

que ocorrem no Cerrado sentido restrito e também por espécies de florestas, particularmente

as da mata seca semidecídua e da mata de galeria não inundável. Do ponto de vista

fisionômico é uma floresta, porém floristicamente se assemelha mais ao cerrado sentido

restrito típico. É um tipo mais denso de vegetação conforme mostra a imagem de satélite

Landsat (Fig. 1, data 07/04/13)

Fig. 01: Área de estudo1: Cerradão a 3 km de distancia do Campus da UFT de aproximadamente 90

hectares.

24

II. Cerrado stricto sensu

É caracterizada por ser uma vegetação predominantemente arbóreo-

arbustivo, com cobertura arbórea de 20% a 50% e altura média de três a seis metros. Trata-se

de uma forma comum e intermediária entre o cerrado Denso e o cerrado Ralo. O cerrado

Típico pode ocorrer em solos com características variadas de coloração (desde amarelo claro,

avermelhado, ao vermelho-escuro), textura (de arenoso a argilosa, ou muito argiloso e bem

drenado) e graus variados de permeabilidade (penetração da água), tais como: Latossolo

Vermelho, Latossolo Vermelho-Amarelo, Cambissolos, Neossolos Quartzarênicos, Neossolos

Litólicos e Plintossolos Pétricos, dentre outros. Segue a imagem de satélite Landsat (Fig. 2,

data 07/04/13)

Fig. 2: Área de estudo 2: cerrado Típico, dentro da Fazenda Experimentalda UFT de

aproximadamente 38 hectares, apresentando na borda pastagem abandonada dominada por

Brachiaria decumbes.

III. Pastagem

A área de pastagem tem como características presença de gramíneas exóticas que

foramplantadas, servindo de alimento para animais domésticos e até para animais silvestres,

geralmente tem pouca presença de indivíduos arbórea e principalmente com alto grau de

perturbação antrópica.

A escolha da área de pastagem serviu para relacionar as formigas coletadas tanto em

números de indivíduos, número de espécies e identifica-las quais habitam locais com alto grau

de perturbação e ausência de espécies arbóreas, servindo como parâmetro para as outras áreas

25

que contem vegetação arbóreas distintas no que diz respeito à densidade de árvores, medida

do CAP ( Circunferência altura do Peito -1,30 metros) e volume de material lenhoso. Segue a

imagem de satélite Landsat (Fig. 3, data 07/04/13)

Fig. 3: Área de estudo 3: Pastagem, dentro da Fazenda Experimental da UFT, formada por Brachiaria

decumbens de aproximadamente 34 hectares.

3.3 -Levantamentos estrutural da vegetação

Os dados de vegetação foram obtidos a partir de uma revisão de literatura,

onde foram incluídos estudos fitofisionômicos e fisionômicos (levantamento estrutural e

quantitativo das espécies).

A vegetação do componente arbóreo foi avaliada quantitativamente para os

fragmentos que contém vegetação arbórea. Foram instaladas 5 parcelas de 10 x 50 m,

totalizando 2500 m² para cada fragmento. A distribuição das parcelas foi feitas

sistematicamente nas áreas de transectos das coletas da mirmecofauna, distanciadas de no

mínimo de 20 m entre si. Nas parcelas foram amostrados todos os indivíduos arbóreos com

circunferência a altura do peito (CAP) a 1,30 m do solo, maior ou igual a 10 cm.

A análise estrutural da vegetação quanto as suas abrangências é classificada de várias

formas, mas neste caso foi classificado de área restrita, sendo mais comum e constitui a

maioria dos inventários. Para este trabalho foi utilizado à enumeração total ou censo, sendo

avaliadas todas as plantas da população medidas os diâmetros a altura do peito, obtendo

valores reais ou verdadeiros da densidade e do CAP – Circunferência a Altura do Peito.

26

3.4 Levantamento da mirmecofauna

3.4.1Método de coleta das formigas.

Concomitantemente à avaliação da vegetação, também foi avaliada a fauna de

formigas nas áreas estudadas, utilizando armadilhas do tipo pitfall. Foi utilizado este tipo de

armadilha, pois são mais adequadas para a fitofisionomia savânica.

As armadilhas do tipo pitfall são bastante indicadas para estudos envolvendo coletas

de formigas (BESTELMEYER et al., 2000; FREITAS et al., 2004), sendo amplamente

utilizadas (ROMERO & JAFFE, 1989; OLSON, 1991; PARR & CHOWN, 2001; VARGAS

et al., 2007). Estas armadilhas consistem em potes plásticos, com abertura apresentando 8 cm

de diâmetro, enterrados no chão até a abertura ficar na mesma linha do substrato

A amostragem seguiu dos mesmos transectos delimitados para o levantamento

arbóreo.

As formigas foram coletadas nos cinco transectos distribuídos em três diferentes

fragmentos, incluindo áreas de ( I ) cerradão; ( II ) cerradostricto sensu; (III) Pastagem.

Nas armadilhas do tipo “pitfall” contenha aproximadamente 250 ml de álcool 70°.

Em cada fragmento foram demarcados 5transectos onde foram instaladas 10 armadilhas tipo

“pitfall”, sendo que a distância entre os transectos foram de no mínimo 20 m e entre as

armadilhas de 5 m como mostra a Fig. 4.

Fig. 4:

Modelo de parcela de 50 metros por 10 metros com transecto ao centro contendo as armadilhas

tipo do “pitfall” com distância de 5 metros entre elas.

27

Após 48 horas das instalações das armadilhas, as mesmas foram coletadas sempre no

período diurno entre 8:00 e 12:00 horas. Após a remoção das armadilhas, elas foram

etiquetadas com dados do local, transecto e amostra e transferidas para laboratório, onde

foram feitas as triagens, montagem e identificação das formigas em nível de morfoespécie,

identificadas ao nível genérico e específico com o auxílio de chaves de identificação

(BOLTON, 1994), consultas ao Ant Base (AGOSTI & JOHNSON, 2005) e também consultas

a coleções mirmecológicas.

4 - ANÁLISE

Para calcular a diversidade de espécies de formigas, foi usado o índice de Shannon-

Wienerque é o mais comumente empregado em estudos ecológicos e considera a informação

antrópica da distribuição, tratando as espécies como símbolos e o tamanho da respectiva

população como uma probabilidade.

A vantagem deste índice é que ele leva em consideração o número das espécies e as

espécies dominantes. O índice é incrementado, tanto pela adição de uma única espécie, ou por

terem uma uniformidade, ou homogeneidade, da distribuição de abundância de espécies em

uma comunidade.

O índice de similaridade entre as diferentes áreas foi calculado a partir da quantidade

das diferentes espécies formigas por cada área. Foi utilizada a análise Euclideana e Método de

Ward para a construção do dendrograma de similaridade.

Para testar as hipóteses explicativas do padrão encontrado acima foram utilizados

diferentes variáveis explicativos, conforme as áreas estudadas. As análises foram realizadas

no software Statistica ® 7.0.

28

5 – RESULTADOS E DISCUSSÔES

Um total de 2970 espécimes de formigas foi coletado, distribuídas em 16 espécies de

diferentes subfamílias como demostra a tabela 01.

TABELA01: Lista das espécies de formigas e a frequência/porcentagem, ocorrentes nas três áreas estudadas.

Espécies de Formicidae Indivíduos%

Subfamília Myrmicinae

Atta sexdens 0,80%

Pheidoleo xyops 27,50%

Pheidolesp. 1 6,36%

Solenopsis sp. 2,97%

Subfamília Formicinae

Camponotus blandus 3,13%

Camponotus senex 3,23%

Camponotus sp.1 14,80%

Camponotus sp. 2 3,73%

Camponotus sp. 3 0,06%

Subfamília Ectatomminae

Ectatomma brunneum 24,80%

Subfamília Ponerinae

Dinoponera gigantea 0,30%

Hypoponera sp 1,04%

Odontomachus bauri 1,24%

Pachycondyla crassinoda 8,31%

Subfamília Dolichoderinae

Linepithema sp 0,06%

Subfamília Ecitoninae

Labidus coecus 2,08%

As áreas de cerradão, cerrado stricto sensu e pastagem, contribuíram com 29,76%,

32,55% e 37,67% respectivamente, do numero total de formigas coletadas nas áreas

amostrais.

29

TABELA02: Lista das espécies de formigas ocorrentes nas três áreas estudadas, em coletas realizadas em

dois períodos (Abril/2012 a Outubro/2013).

Espécies de Formicidae cerradão cerrados. s. Pastagem

Subfamília Myrmicinae

Atta sexdens X X X

Pheidole oxyops X X X

Pheidole sp.1 X X

Solenopsis sp. X

Subfamília Formicinae

X

Camponotus senex X X X

Camponotus sp.1 X X

Camponotus sp. 2 X X X

Camponotus sp. 3 X

Subfamília Ectatomminae

Ectatommabrunneum X X X

Subfamília Ponerinae

Dinoponera gigantea X X

Hypoponera sp X X

Odonto machus bauri X X

Pachycondyla crassinoda X X

Subfamília Dolichoderinae

Linepithema sp X

Subfamília Ecitoninae

Labidus coecus X

Das 16 espécies coletadas nas áreas amostrais, a espécie Pheidoleoxyo ps apresentou

a maior ocorrência com 27,5 % do total de formigas coletadas nas três áreas, pastagem,

30

cerradão e cerrado Stricto Sensu. As formigas do gênero Pheidole são bastante abundantes em

números de espécies e indivíduos nas áreas de Cerrados, por se tratar de formigas com

capacidade de estabelecer-se em diferentes ambientes e condições.De acordo com Campos

(2009) seguindo o protocolo de Davidson (1998), e modificado por Yanoviak (2000),

classificou P.oxyops como uma espécie dominante e agressiva, sendo uma espécie

essencialmente predadora.

De acordo com Wilson (2003) formigas dos gêneros Pheidole constituem predadores

epigéicos, sendo muitas vezes generalistas ocorrendo nos mais diversos ambientes, o que

certamente justifica este resultado. Em seguida, também com bastante ocorrência 24,8% do

total dos espécimes coletadas à espécie Ectatomma brunneum que também estava presente

nas três áreas de coletas e tratar-se de formigas predadoras grandes, Ectatomma brunneum é

uma espécie de formiga da subfamília Ectatomminae, que ocorre por todo o mundo, sendo,

porém mais abundantes nos trópicos e subtrópicos, bem adaptada a ambientes altamente

antropizados, tais como restingas não arbóreas e todas as formações vegetais secundárias onde

predominam gramíneas justificando a sua maior presença na área de pastagem com 645

espécimes capturados.

As espécies do gênero Camponotus e a espécie Atta sexdens também foram

encontradas nas três áreas amostrais, sendo a primeiraconhecida por sua presença também em

áreas antropizadas e é considerada uma praga urbana, com relação à espécie Atta sexdens é

uma formiga desfolhadora e cultivadora de fungo. É também conhecida como saúva-limão,

sendo considerada uma praga de grande importância na agricultura e silvicultura brasileira

devido aos danos que podem causar. São encontradas em áreas de florestas tropicais naturais e

áreas abertas como canaviais, lavouras e pastagens. Por se tratar de áreas próximas a

aglomerações de pessoas, estradas, áreas com atividade de pecuária, estes fragmentos por

mais que tenham uma vegetação arbórea densa, também são afetadas indiretamente e sofrem

com perturbações antrópicas podendo ser encontradas espécies predominantes de áreas

naturais e perturbadas.

Segundo Campos-Farinha & Bueno (2005), a “formiga lava-pés” gênero Solenopsis,

é nativa da América do Sul sendo encontrada na região do pantanal e Cerrado. Sua

distribuição e densidade são afetadas em seu ambiente natural por competição com outras

espécies. Geralmente, as formigas desse gênero formam ninhos de terra solta e sempre estão

localizados em locais abertos com presença de vegetações rasteiras. Dessa forma explica a

31

ausência nas áreas de cerradão, cerrado stricto sensue apenas presença somente na área de

pastagem.

Na área de cerradão e cerrado stricto sensufoi encontrada a espécie Dinoponera

gigantea, conhecida com falsa-tocandira, é uma espécie considerada como a maior formiga do

mundo, são carnívoras e se alimentam de insetos, lesmas e pequenos lagartos. Elas habitam

especialmente a região Amazônica e são encontradas geralmente em áreas com vegetações

arbóreas onde há maior riqueza de alimento, dessa forma sendo difícil encontra-las em áreas

abertas e reforçando essa informação neste trabalho,pois ela não foi encontrada naárea de

pastagem.

Quando comparado às coletas das formigas nas duas estações (chuvosa e seca)

separadamente, foi observado que nas áreas de pastagem e cerrado stricto sensuna estação

chuvosa com o mesmo número de armadilhas nos dois períodos verificou-semaior número de

indivíduos coletados no período seco. Na área de cerradão houve uma diminuição na

diferença na captura de formigas nas duas estações principalmente na estação seca comparada

as outras duas áreas. Sendo que nesta área o período chuvoso foi onde houve um maior

número de formigas coletadas (Fig. 5).

Fig. 5: Riqueza de indivíduos encontrados no cerradão, Cerrado típico e pastagem segredados pelas

estações seca e chuvosa.

Esse fato pode estar relacionado com o tipo de alimentação e o comportamento de

forrageamento dos diversos gêneros amostrados.

A alimentação é considerada o principal agente modificador do comportamento de

forrageiro de formigas, somado a perda de heterogeneidade de habitats na estação seca, além

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

Cerradão Cerrado Stricto Sensu Pastagem

me

ro d

e In

div

ídu

os

Seco

Chuvoso

32

de comportamentos de resposta a tais variações que são intrínsecas de cada espécie

(FAGUNDES et al., 2009).

Diagrama para três áreas mostrando que a similaridade na distribuição das espécies

de formiga pelo sítio de pastagem sobrepõe-se ao efeito das áreas de cerradão e cerrado stricto

sensu.

FIGURA 06: Dendrograma de similaridade para três áreas no período seco e chuvoso (CDCH) cerradão

período chuvoso, (CDS) cerradão período seco, (CTCH) cerrado stricto senso período

chuvoso,(CTS) cerrado stricto sensu período seco, (PCH) Pastagem período chuvoso e (PS)

Pastagem período seco.

As áreas de cerradão e cerrado stricto sensu não diferenciaram entre si, mesmo nas

estações diferentes elas permaneceram semelhantes, apenas a área de pastagem que obteve

diferença significativa em relação ao cerradão e cerrado stricto sensu. Esta diferença

provavelmente é atribuída ao fato de que a pastagem apresenta alta incidência maior de

espécies como a Ectatomma brunneum, no período seco fazendo com que ela diferenciasse

das demais por se tratar de uma área totalmente antropizada, mostrando que essa espécie tem

uma grande correlação com áreas que sofreram perturbações.

Dentre essas relações podemos citar a alimentação, abrigo, defesa contra herbívora e

dispersão de sementes (DELABIE et al., 2003). As formigas são animais oportunistas com

Três Diagrama com seis Variáveis

Single Linkage

Distância Euclediana

PS CTS CDS PCH CTCH CDCH150

200

250

300

350

400

450

Dis

tan

cia

33

relação à utilização de espaços em plantas, sejam eles naturais ou gerados pela atividade de

outros insetos (OLIVEIRA E FREITAS, 2004).

O tamanho e a quantidade de colônias de formigas variam bastante, isto depende do

local de nidificação e há uma relação muito forte entre o local dos seus ninhos e tamanho das

colônias. Muitas espécies nidificam em locais como troncos, madeiras e galhos podres

formando colônias menores do que aquelas que nidificam no solo ou no dossel das árvores.

Outra relação bem conhecida é o aumento na densidade e riqueza de espécies de

formigas de acordo com o aumento na densidade da vegetação do local. A tabela 02mostra a

média da Circunferência Altura do Peito das áreas estudas.

TABELA 03: CAP (Circunferência Altura do Peito) das áreas de cerradão e cerrado Stricto Sensu.

Áreas Analisadas Média de CAP Números de árvores

Cerrado stricto sensu 37,25 224

Cerradão 89,25 169

A análise estrutural da vegetação da área de cerradão mostrou que essa área

apresentava maiores valores do que pode ser explicado pelo fato de seruma área florestal onde

não se tem conhecimento da realização de corte raso nos últimos 30 anos. Esta área apresenta

árvores das espécies Copaifera langsdorffi(copaíba), Dalbergia miscolobim (Jacarandá),

Hymenaea courbaril L(jatobá do cerrado)e outras grandes árvores características de estágios

finais de sucessão. A vegetação da área de cerrado ali presente tem suas árvores com porte

mais baixo e com CAP menor do que encontrado na área de cerradão, tendo o dossel aberto

devido as copas das árvores não apresentarem grande volume de galhos e folhas.

As espécies coletadas com exceção da Linepithema sp., foram capturadas nas duas

áreas da análise estrutural, esta espécie somente estava presentena área de cerradãoe foi pouco

encontrada no presente trabalho com apenas 2 espécimes correspondendo apenas a 0,06% do

total.

O gênero Camponotus teve a maior incidência registrada na área de cerradão com

401 espécimes, sendo suas características de realização de ninhos em árvore de porte alto com

grande do dossel com muitos galhos e folhas, geralmente nas partes externa da copa, podendo

34

ser relacionado sua presença com o CAP muito maior da vegetação do cerradão quando

comparado ao cerrado Típico e a pouca presença do gênero Pheidole.

6 - CONCLUSÕES

Entre as três áreas estudadas, não houve diferença significativa no número de

espécies e indivíduos capturados nas áreas de cerradão, cerrado Típico e Área de Pastagem,

mostrando que estas áreas mesmo com fitofisionomia diferentes, não diferem umas das outras

quanto à diversidade de formigas.

Myrmicinae foi à subfamília dominante em ambos os ambientes em número de

indivíduos, provavelmente, à natural complexidade estrutural do habitat que proporciona uma

ampla disponibilidade de recursos alimentares e locais para nidificação.

Dentre os 2970 espécimes coletados, distribuídas em 06 subfamílias, 11 gêneros e 16

espécies, verificou-se que Pheidole destaca-se com maior riqueza e abundância.

Camponotus e Pheidole foram os gêneros mais frequentes nas amostras com 58,8%

dos espécimes capturados.

Uma das espécies coletadas merece um destaque particular: nove exemplares de

Dinoponera gigantea, foram encontrados em nossa amostragem. A presença dessa formiga

indica que as áreas de cerradão e cerrado Típico possuem ainda bons elementos do ambiente

nativo, já que esta espécie é considerada típica da Amazônia.

35

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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habitats naturais fragmentados. In: Fragmentação de ecossistemas: Causas, Efeitos sobre a

Biodiversidade e Recomendações de Políticas Públicas. Denise Marçal Rambaldi,

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45

ANEXO A :PROCESSO DE TRIAGEM DAS FORMIGAS

Armadilha Pitfall

Coleta e armazenamento das armadilhas pitfall

Triagem e separação das formigas por morfoespécies

Identificação dos frascos para identificação das formigas

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ANEXO B : IMAGENS DE ESPÉCIES DE FORMIGAS

Pheidole oxyops Ectatomma brunneum

Pachycondylacrassinoda Dinoponeragigantea

Solenopsissp Atta sexdens