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i FORMADOR DE FEIXES ADAPTATIVO PARA RASTREIO DE FONTES SONORAS MÓVEIS E FIXAS Vinicius Allemand Mancebo Pinto Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Eletrônica e de Computação da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadora: Mariane Rembold Petraglia Rio de Janeiro Fevereiro de 2017

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FORMADOR DE FEIXES ADAPTATIVO PARA

RASTREIO DE FONTES SONORAS MÓVEIS E FIXAS

Vinicius Allemand Mancebo Pinto

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Eletrônica e de Computação da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Engenheiro.

Orientadora: Mariane Rembold Petraglia

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Escola Politécnica – Departamento de Eletrônica e de Computação

Centro de Tecnologia, bloco H, sala H-217, Cidade Universitária

Rio de Janeiro – RJ CEP 21949-900

Este exemplar é de propriedade da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que

poderá incluí-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar

qualquer forma de arquivamento.

É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre

bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que esteja ou

venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações, desde que sem

finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica completa.

Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do(s) autor(es).

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família, principalmente meu pai e minha mãe.

Durante toda a minha vida pude observar o valor que eles dão aos estudos e o quanto se

esforçaram para que eu pudesse usufruir de diversas comodidades que eles não tiveram

chances. Devo tudo o que sou à eles e este trabalho é uma pequena retribuição de tudo o

que eles fazem por mim

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AGRADECIMENTO

Gostaria de agradecer à minha família que sempre me motivou e propiciou um

ambiente favorável ao meu desempenho acadêmico seja com palavras e orientações

sempre bem feitas e que foram de grande valor durante a faculdade.

À professora Mariane, que prontamente aceitou o desafio de me orientar na

execução deste projeto, mesmo com curto tempo disponível e que sempre dedicou seu

tempo e atenção nos momentos de reuniões sobre este projeto.

Aos colegas de faculdade, em especial, Marcelo Castro, Lucas Cavazzani, Marcelo

Hryniewicz, Bruno Andrade, Felipe de Menezes e Felipe de Leo, com quem tive o prazer

de estudar junto durante estes 6 anos e me proporcionaram oportunidades incríveis de

aprendizado, além de serem suporte nos momentos difíceis da vida acadêmica. O

aprendizado com eles foi muito além de um curso de bacharelado em Engenharia

Eletrônica e de Computação.

À todos os professores desta Universidade, que se dedicam a proporcionar aos

alunos experiências relevantes de ensino e são referência em suas áreas de pesquisa. A

Universidade é referência no que faz, mas deve-se muito à estes professores, que muitas

vezes não tem o devido reconhecimento.

A todo o povo brasileiro que, indiretamente e muitas vezes, sem essa noção,

sustenta uma faculdade pública e, em função disso, me proporcionou a oportunidade de

não pagar por um curso de excelência.

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RESUMO

Este trabalho visa apresentar um formador de feixes adaptativo que pode ser usado

para rastrear fontes sonoras tanto móveis quanto fixas. Além disso, é feita uma análise de

desempenho de algoritmos de estimação da direção de chegada de fontes sonoras bem

como uma comparação entre eles. O formador de feixes utiliza um destes algoritmos na

detecção de fontes móveis.

Entre as aplicações práticas deste sistema, podemos citar o uso em aparelhos

hands-free como em ligações por bluetooth em carros e teleconferências por telefones

móveis. Nestes dispositivos a potência do sinal de chegada normalmente não é alta. Com

isso, sistemas capazes de melhorar a qualidade do sinal e processá-lo de maneira cada vez

mais eficiente tornam-se importantes e cada vez mais desejados.

Para fins práticos, utilizamos um conjunto de oito microfones e um sinal de voz

gravado com fonte móvel e um outro conjunto de dois microfones com sinais de fontes

estáticas e móveis. Comparamos a eficiência dos algoritmo de estimação do ângulo de

chegada em cada situação e executamos o formador de feixes com cada algoritmo para a

detecção de chegada nos casos de fonte móvel.

Palavras-Chave: formador de feixes, filtros adaptativos, processamento de sinal, sinais

de áudio, detecção de direção de chegada de sinais de áudio, atraso temporal, correlação

cruzada com transformada de fase, algoritmos adaptativos

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ABSTRACT

This work presents an adaptative beamformer which can be used to track speech

sources, both fixed and moving. Besides, a performance analysis of direction of arrival

(DOA) estimation algorithms is made, as well as a comparison among them. The

beamformer uses one of these algorithms on the tracking of moving sources.

Among the practical applications of this system, we can mention its use in hands-

free devices, such as in bluetooth calls in cars and teleconferencing via mobile phones. In

these devices, the signal power is usually not high. Thus, systems capable of improving

the quality of the signal and processing it more efficiently become important and

increasingly desired.

For practical purposes, we use a set of eight microphones and a speech signal

recorded from a moving source, and another set of two microphones with signals from

static and moving sources. We compare the efficiency of the angle of arrival algorithms

in each scenario and execute the beamforming with each algorithm to detect the arrival

angle in the moving source cases.

Key-words: beamformer, adaptative filters, signal processing, audio signals, direction of

arrival estimation, temporal delay, cross correlation with phase transform, adaptive

algorithms.

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SIGLAS

UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOA – Direção de chegada (Direction of arrival)

FFT – Transformada rápida de Fourrier (Fast Fourrier Transform)

LMS – Método dos Mínimos quadrados (Least-mean squares)

FLMS – Método dos Mínimos Quadrados Rápido (Fast Least-Mean Squares)

AEVD – Decomposição em Autovalores (Eigenvalue Decomposition)

GCC – Correlação Cruzada Generalizada (Generalizaed Cross- Correlation)

PHAT – Transformada de fase (Phase Transform)

SCOT – Transformada de Coerência Suavizada (Smooth Coherence Transform)

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Sumário

1 Introdução 1

1.1 - Tema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1.2 - Delimitação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1.3 - Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1.4 - Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.5 - Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

1.6 - Descrição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

2 Métodos de detecção de direção de chegada 4

2.1 - Métodos baseados em Correlação Cruzada

Generalizada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

6

2.2 - Método baseado em Diferença de Tempo

Interaural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

9

2.3 - Métodos baseados em filtros

adaptativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

11

2.4 - Formador de feixes adaptativo com ratreio de fonte móvel no

domínio da frequência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

16

3 Sinais e Sistemas 21

4 Simulações e Resultados Obtidos 25

4.1 - Métodos baseados em Correlação Cruzada

Generalizada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

25

4.1.1 – Algoritmo com Transformada de Coerência Suavizada

(SCOT)

25

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4.1.2 – Algoritmo com Transformada de Fase (PHAT) . . . . . . . . . 29

4.2 - Método por diferenças de tempo interaurais . . . . . . . . . . . . . 32

4.3 – Método baseado em filtros adaptativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

4.3.1 – Algoritmo com Decomposição em Autovalores (AEVD) 35

4.3.2 – Algoritmo com Mínimos Quadrados Rápido (FLSM) . . . 39

4.4 – Formador de Feixes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . 42

5 Conclusões 46

6 Referências Bibliográficas 47

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Lista de Figuras

2.1 – Disposição dos microfones para localização de fonte . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2.2 – Erro máximo em função do azimute estimado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

2.3 – Sistema de detecção de atraso no domínio da frequência . . . . . . . . . . . . . . . 10

2.4 – Exemplo de histograma com fonte de ruído branco estacionário . . . . . . . . 11

2.5 – Estimação de tempo de atraso utilizando filtro FIR adaptativo . . . . . . . . . . . 12

2.6 - Diagrama de blocos do algoritmo para estimar respostas ao impulso . . . . . . 14

2.7 - Estrutura básica do formador de feixes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2.8 - Banco de filtros formador de feixes com sistema de localização de fonte . . . 21

3.1 – Banda de frequência de um canal de voz em telecomunicações . . . . . . . . . . 23

3.2 - Posicionamento do conjunto de microfones do sinal móvel . . . . . . . . . . . . . 23

4.1 - Estimação de azimute sinal sem ruído, fonte fixa a 30º, SCOT . . . . . . . . . . . 26

4.2 - Estimação de azimute sinal com ruído de SNR 55dB, fonte fixa a 30º, . . . . .

SCOT

27

4.3 - Estimação de azimute sinal com ruído de SNR 40dB, fonte fixa a 30º, . .

SCOT

27

4.4 - Estimação de azimute sinal móvel sem ruído, SCOT . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

4.5 - Estimação de azimute sinal móvel com ruído SNR 55 dB, SCOT . . . . . . . . . 28

4.6 - Estimação de azimute sinal móvel com ruído SNR 40 dB, SCOT . . . . . . . . . 29

4.7 - Estimação de azimute sinal fixo sem ruído, PHAT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

4.8 - Estimação de azimute sinal fixo com ruído SNR 55 dB, PHAT . . . . . . . . . . 30

4.9 - Estimação de azimute sinal fixo com ruído SNR 40 dB, PHAT . . . . . . . . . . 30

4.10 - Estimação de azimute sinal móvel sem ruído, PHAT . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

4.11 -Estimação de azimute sinal móvel com ruído SNR 55 dB, PHAT . . . . . . . . 31

4.12 - Estimação de azimute sinal móvel com ruído SNR 40 dB, PHAT . . . . . . . 32

4.13 - Estimação de azimute sinal fixo sem ruído, ITD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

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4.14 - Estimação de azimute sinal fixo com ruído SNR 55 dB, ITD . . . . . . . . . . . 33

4.15 - Estimação de azimute sinal fixo com ruído SNR 40 dB, ITD . . . . . . . . . . . 34

4.16 - Estimação de azimute sinal móvel sem ruído, ITD . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . 35

4.17 - Estimação de azimute sinal móvel com ruído SNR 55 dB, ITD . . . . . . . . . 35

4.18 - Estimação de azimute sinal móvel com ruído SNR 40 dB, ITD . . . . . . . . . 36

4.19 - Estimação de azimute sinal fixo sem ruído, AEVD . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

4.20 - Estimação de azimute sinal fixo com ruído SNR 55 dB, AEVD . . . . . . . . . 37

4.21 - Estimação de azimute sinal fixo com ruído SNR 40 dB, AEVD . . . . . . . . . 38

4.22 - Estimação de azimute sinal móvel sem ruído, AEVD . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

4.23 - Estimação de azimute sinal móvel com ruído SNR 55 dB, AEVD . . . . . . . 39

4.24 - Estimação de azimute sinal móvel com ruído SNR 40 dB, AEVD . . . . . . . 39

4.25 - Estimação de azimute sinal fixo sem ruído, FLMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

4.26 - Estimação de azimute sinal fixo com ruído SNR 55 dB, FLMS . . . . . . . . . 41

4.27 - Estimação de azimute sinal fixo com ruído SNR 40 dB, FLMS . . . . . . . . . 41

4.28 - Estimação de azimute sinal móvel sem ruído, FLMS . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

4.29 - Estimação de azimute sinal móvel com ruído SNR 55 dB, FLMS . . . . . . . 42

4.30 - Estimação de azimute sinal móvel com ruído SNR 40 dB, FLMS . . . . . . . 43

4.31 - Estimação de azimute sinal móvel sem ruído, formador de feixes . . . . . . . . 44

4.32 - Estimação de azimute sinal móvel com ruído SNR 55 dB, formador de

feixes

44

4.33 - Estimação de azimute sinal móvel com ruído SNR 44 dB, formador de

feixes

44

4.34 - Estimação de azimute sinal móvel sem ruído, formador de feixes com

SCOT

45

4.35 - Estimação de azimute sinal móvel sem ruído, formador de feixes com

direção fixa

46

4.36 - Estimação de azimute sinal móvel sem ruído, formador de feixes com

DOA

46

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Lista de Tabelas

1 – Sinal de voz utilizado com fonte fixa 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

2 – Sinal de voz utilizado com fonte fixa 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

3 – Sinal de voz utilizado com fonte móvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

4 – Comparativo entre erros médios quadráticos SCOT – 30º fixo . . . . . . . . . . . . 26

5 - Comparativo entre erros médios quadráticos PHAT – 30º fixo . . . . . . . . . . . . 29

6 - Comparativo entre erros médios quadráticos ITD – 30º fixo . . . . . . . . . . . . . . 32

7 - Comparativo entre erros médios quadráticos AEVD – 30º fixo . . . . . . . . . . . . 36

8 - Comparativo entre erros médios quadráticos FLMS – 30º fixo . . . . . . . . . . . . 40

9 – Ordenação qualitativa dos métodos de estimativa de DOA . . . . . . . . . . . . . . . 47

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Capítulo 1

Introdução

1.1 – Tema

O tema deste trabalho é implementar um sistema capaz de estimar direções de

chegada de sinais de áudio e reduzir interferências vindas de outras direções (filtragem

espacial). Foram estudados os algoritmos de correlação cruzada com transformada de

fase, formador de feixes com filtros adaptativos e filtros comparadores utilizando

diferenças entre tempo interaurais. As eficiências dos algoritmos foram comparadas para

fontes estáticas e móveis com diferentes razões sinal-ruído.

O formador de feixes (beamformer), que realiza a filtragem espacial, utiliza os

algoritmos de detecção de direção de chegada para determinar o sinal de interesse para

uma fonte móvel. Portanto, os algoritmos de detecção de direção de chegada, combinados

ao formador de feixes, foram comparados de forma a obtermos o melhor formador de

feixes.

1.2 – Delimitação

Nosso objeto de estudo é um formador de feixes que seja capaz de ter em sua saída

o sinal vindo apenas da direção da fonte principal, estimada por um dos algoritmos de

detecção de direção de chegada implementados, sendo capaz de reduzir ou eliminar

completamente ruídos provenientes de reverberações no ambiente, entre outros. A

escolha do algoritmo ótimo depende de vários fatores e da aplicação que daremos ao

sistema. Foram realizados testes e variações dos parâmetros dos algoritmos de forma a

determinar uma configuração otimizada para o sistema.

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1.3 – Justificativa

É notável o crescimento cada vez mais rápido de tecnologias no ramo das

telecomunicações. Este crescimento tem atraído o interesse de muitos engenheiros e

pesquisadores, dada a quantidade enorme de aplicações para uma determinada

ferramenta. Com este interesse crescente e a redução dos custos de produção de materiais

eletrônicos, o desenvolvimento de sistemas de processamento de informações é uma área

que tem ganhado destaque no ramo da eletrônica.

Dispositivos de comunicações móveis estão cada vez mais presentes em nossas

vidas, tomando grande parte do nosso tempo. Com isso, por muitas vezes, é desejável

realizar uma ligação enquanto se está fazendo outra tarefa com as mãos, ou simplesmente

evitar o incômodo de se manter uma das mãos ocupadas para utilizar o celular. Isto motiva

os estudos nas áreas de comunicações de mãos livres na busca de soluções práticas e

eficientes.

Processar informações cada vez mais rapidamente e utilizando menor área de

circuito é um desafio que enfrentamos diariamente. Por isso, a escolha adequada de

algoritmos para o processamento é muito importante. Com o algoritmo adequado, temos

eficiência de processamento e memória, o que leva a uma área de circuito menor.

A escolha do algoritmo adequado deve considerar a qualidade dos sensores

utilizados, reverberações do ambiente em que se pretende utilizar o sistema e atenuações

do sinal do meio em que os sensores se encontram.

Este trabalho é importante, pois busca analisar e comparar como os diferentes

algoritmos se comportam em diversas condições do meio e propor um sistema que tenha

o melhor desempenho, contribuindo para uma melhor comunicação via sistemas móveis.

1.4 – Objetivos

O objetivo geral do trabalho é propor um sistema capaz de ter em sua saída apenas

o sinal da direção detectada pelo algoritmo utilizado a partir dos sinais obtidos através

dos sensores.

Os objetivos específicos do trabalho são: (1) comparar algoritmos de detecção de

chegada de sinais de fala, (2) comparar os subsistemas compostos pelo formador de feixes

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3

acoplado com os algoritmos de detecção de chegada e (3) estimar com precisão a direção

de chegada dos sinais fixos e móveis capturados pelos microfones.

1.5 – Metodologia

Com o objetivo de implementarmos o formador de feixes, obtivemos sinais de

áudio gravados em uma sala, alguns com a fonte de sinal fixa e outros com a fonte móvel.

A maior parte dos sinais foi gravada com dois microfones compondo o conjunto de

sensores. Além destes, foi obtido um sinal gravado por oito microfones, dispostos de

maneira ligeiramente diferente do caso de dois sensores. Processamos estes sinais

utilizando três métodos de estimação de direção de chegada, realizamos alterações nos

parâmetros de cada algoritmo e fizemos uma comparação entre todos os métodos e sinais.

Em seguida, implementamos o formador de feixes, em Matlab, e utilizamos os

algoritmos de correlação cruzada generalizada como um subsistema do formador de

feixes, de modo que este o utilize para detectar a direção de chegada dos sinais de entrada

e otimize seu processamento.

Avaliamos a saída do formador de feixes e como ela se relaciona com o sinal de

entrada original, através de correlações e outras estatísticas, sendo comparadas as

diferentes configurações do formador de feixes possíveis.

Os resultados foram avaliados utilizando Matlab e Microsoft Excel.

1.6 – Descrição

No Capítulo 2 são apresentados todos os métodos de detecção de direção de

chegada abordados pelo trabalho, incluindo a modelagem matemática e uma descrição da

implementação de cada método.

São apresnatdos no Capítulo 3 um breve resumo sobre sinais de áudio e voz e

detalhados os sinais utilizados neste trabalho.

O Capítulo 4 contém a descrição dos experimentos realizados, incluindo o sinal

de voz, os algoritmos e os parâmetros utilizados em cada um deles.

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Os resultados são exibidos no Capítulo 5, através de gráficos e tabelas, com o

objetivo de apresentar de maneira clara as diferenças e características do formador de

feixes e dos algoritmos avaliados.

No Capítulo 6 é apresentada uma conclusão sobre os resultados obtidos e são

propostas algumas ideias de trabalhos futuros e alterações à abordagem do problema aqui

analisado.

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Capítulo 2

Métodos de Detecção de Direção de

Chegada

Aqui serão apresentados os métodos de detecção de direção de chegada avaliados

e a fundamentação teórica do formador de feixes adaptativo.

Se pudermos detectar o ângulo de chegada do sinal (azimute, no plano xy de um

sistema de coordenadas cartesianas), seremos capazes de ajustar a resposta do formador

de feixes a partir de um conjunto de microfones unidimensional.

A configuração básica dos microfones é exibida abaixo na Figura 2.1.

Figura 2.1 – Disposição dos microfones para localização de fonte (azimute 𝜙 da direção de chegada, 𝜆

representa o comprimento de onda)

Se assumimos condições de campo distante (distância da fonte >= 15 vezes a

distância entre os sensores) e propagação de onda plana, a estimação do azimute pode ser

facilmente realizada medindo-se a Diferença de Tempo de Atraso (do inglês, Time Delay

Difference, TDD) entre os dois sinais captados pelos sensores. Se denominarmos a

distância entre os microfones de ‖𝑟2⃗⃗ ⃗ − 𝑟1⃗⃗⃗ ‖, velocidade de propagação do som de 𝑣𝑠 e o

DTA de ∆𝑡, temos

Φ = arccos𝑣𝑠 Δ𝑡

𝑑(2.1)

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Devido à relação não linear em função do arccos, o sistema não é acurado para

azimutes próximos à 0 e 180. Além disso, como o processamento é digital, ocorre

quantização da estimação da diferença de atraso de tempo. Se estimarmos o azimute com

acurácia de ± 𝑇

2 (intervalo de amostragem T = 1/ fs), podemos esperar um comportamento

do erro como descrito na figura abaixo:

Figura 2.2 – Erro máximo em função do azimute estimado.

As curvas do gráfico obedecem à relação :

𝛿Φ𝑚𝑎𝑥(Φ) ≈ min (𝛿Φ0,𝛽

|sinΦ|) (2.2)

Onde β = 𝑣𝑠

2𝑑 𝑓𝑠 < 1 e δ𝛷0 = arccos (1 – β). Por isso, devemos usar superamostragem

ou um conjunto multidimensional (um conjunto quadrático com 4 microfones, por

exemplo) para reduzir os erros próximos à 0 e 180. A figura acima exibe apenas os erros

devido à quantização. Além deles, devemos considerar os erros da estimação da diferença

de tempo de atraso.

De acordo com a equação (2.2), podemos reduzir o erro aumentando a distância

entre os microfones. Porém, esta solução é inviável em aplicações práticas como cabines

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de carros. Outros problemas são as pausas no discurso, segmentos com conteúdo

frequencial diferente e problemas por ruídos e reverberação.

Nas próximas seções serão apresentados algoritmos que possuem bom

desempenho contra esses problemas. Primeiro serão apresentados os dois métodos que

utilizam correlação cruzada generalizada, um utilizando transformada de fase (do inglês,

Phase Transform) e o outro transformada de coerência suavizada (do inglês, Smoothed

Coherence Transform). Estes métodos são implementados a partir de transformadas

rápidas de Fourier (do inglês, Fast Fourier Transform) e são os métodos mais clássicos

de estimação de direção de chegada. Em seguida, apresentamos um método baseado em

diferenças de tempo interaurais. Este método oferece grande precisão na estimação do

azimute, mas a um alto custo computacional.

Os dois últimos métodos utilizam filtros adaptativos. O primeiro utiliza um

algoritmo adaptativo de mínimos quadrados normalizados (do inglês, Least-Mean

Squares). O segundo faz decomposição em autovalores adaptativa para encontrar as

diferenças de tempo de atraso.

Finalmente apresentamos os formadores de feixes com detecção de direção de

chegada utilizando os dois métodos de correlação cruzada.

2.1 – Métodos baseados em Correlação Cruzada Generalizada

Continuando a assumir propagação de onda ideal e um conjunto de dois

microfones, os sinais nos microfones podem ser descritos como:

𝒙𝟏(𝑛) = 𝒔(𝑛) + 𝑣1(𝑛) (2.3)

𝒙𝟐(𝑛) = 𝑠𝑎(𝑛𝑇 − 𝜏0) + 𝑣2(𝑛) (2.4)

Onde denotamos,

𝑠𝜏0(𝑛) = 𝑠𝑎(𝑛𝑇 − 𝜏0) (2.5)

E T é o período de amostragem e 𝜏0 é o atraso entre os sinais, 𝑣 indica sinais

fontes de ruído.

Em geral, 𝜏0 não é um múltiplo inteiro do período de amostragem T. Assim, o

sinal do sensor 2 não é apenas uma versão atrasada do sinal no sensor 1. Porém, usando

a propriedade de reconstrução de um sinal analógico de banda limitada, podemos obter

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𝑠𝜏0(𝑛) = 𝑠𝑎(𝑛𝑇 − 𝜏0) = ∑ 𝑠(𝑘)

𝑘=−∞

ℎ𝜏0(𝑛 − 𝑘) (2.6)

onde ℎ𝜏0(𝑛) = sin 𝜋(𝑛− 𝜏0/𝑇)

𝜋(𝑛− 𝜏0/𝑇) .

Logo, a representação em tempo discreto da versão atrasada do sinal é uma versão

interpolada do sinal não atrasado. Se determinarmos atrasos no sinal no domínio do

tempo, temos que usar uma frequência de amostragem suficientemente alta ou uma

interpolação de sinal. Como alternativa, podemos obter atrasos de sinal no domínio da

frequência pelo espectro de fase. Assumindo ruído com média zero e descorrelacionado,

o espectro de potência cruzado é dado por

𝑆𝑥1𝑥2(Ω) = 𝐸 {𝑋1(𝑒𝑗Ω)𝑋2

∗(𝑒𝑗Ω)} = 𝑆𝑠𝑠(Ω)𝑒𝑗Ω𝜏0𝑇 (2.7)

onde E{ . } representa valor esperado e * representa complexo conjugado.

Computar os atrasos da equação 2.7 requer algoritmos complexos. Uma

alternativa a estes métodos é estimar o atraso através da correlação cruzada generalizada,

definida como

𝑅𝑥1𝑥2(𝑛) = 1

2𝜋∫𝜓12(𝑒

𝑗Ω)𝑆𝑥1𝑥2(Ω)𝑒𝑗Ω𝑛 𝑑Ω

𝜋

−𝜋

(2.8)

Atrasos não inteiros, 𝜏0/𝑇 podem ser aproximados por

𝜏0𝑇 ≈ 𝑛0 = argmax

𝑛𝑅𝑥1𝑥2(𝑛) (2.9)

Para aumentar a acurácia da estimação de atraso, devemos aplicar uma

interpolação à 𝑅𝑥1𝑥2(𝑛) antes da detecção do máximo.

Entre os benefícios de se usar a função peso 𝜓12(𝑒𝑗Ω) diferente de 1 é o de criar

um pico dominante e reduzir picos espúrios que possam ser causados pela reverberação

e fontes de sinal coloridas em 𝑅𝑥1𝑥2(𝑛). Um pico bem definido na função de correlação

cruzada generalizada requer um espectro de magnitude de potência cruzada reto. Como

resultado, a função peso deve agir como um filtro pré-branqueador. Isso leva ao algoritmo

SCOT com a função peso abaixo:

𝜓12(𝑒𝑗Ω) = 𝜓𝑆(𝑒

𝑗Ω) = 1

√𝑆𝑥1𝑥1(Ω)𝑆𝑥2𝑥2(Ω)(2.10)

Podemos ainda obter o algoritmo PHAT usando a função peso como

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𝜓12(𝑒𝑗Ω) = 𝜓𝑃(𝑒

𝑗Ω) = 1

|𝑆𝑥1𝑥2(Ω)|(2.11)

Nas condições ideais (ruídos com média zero e descorrelacionados) a função peso

gera um Correlação Cruzada Generalizada ideal, ou seja,

𝑅𝑥1𝑥2(𝑛) = 1

2𝜋∫𝑒𝑗Ω

𝜏0𝑇 𝑒𝑗Ωn𝑑Ω =

𝜋

−𝜋

sin 𝜋 (𝑛 +𝜏0𝑇 )

𝜋 (𝑛 +𝜏0𝑇 )

(2.12)

A função peso PHAT possui a vantagem computacional de que é necessário

apenas o cálculo do espectro de potência cruzado. O algoritmo PHAT-GCC é ótimo entre

a classes de algoritmos GCC (de Generalized Cross Correlation, correlação cruzada

generalizada) e pode ser estendido para mais de 1 par de microfones, o que aumenta a

precisão da posição da fonte, especialmente em ambientes maiores.

Sinais de voz requerem uma estimação do espectro de potência em tempos curtos.

Logo, podemos substituir o operador de valor esperado por um de média temporal na

equação 2.7. O espectro de potência pode ser estimado a partir de amostras do sinal

“janeladas” e com sobreposição (overlap). Usamos uma função peso exponencial das

amostras passadas resultando na seguinte estimativa do espectro cruzado de potência:

�̂�𝑥1𝑥2(m, k) = 𝛼�̂�𝑥1𝑥2(m − 1, k) + (1 − 𝛼)𝑋1(𝑚, 𝑘)𝑋2∗(𝑚, 𝑘) (2.13)

onde 𝛼 está entre 0.7 e 0.8. e m é o índice do frame, k é o índice da frequência discreta.

Para o janelamento, podemos usar Hann ou Hamming. Neste trabalho

escolhemos a Hann.

Encontrar o máximo da função correlação cruzada para determinar a diferença de

tempo de atraso deve ser feita com alguns cuidados, uma vez que as diferenças de tempo

são positivas ou negativas dependendo do azimute. Logo, índices N – n devem ser usados

ao invés de -n de acordo com a periodicidade da DFT.

Não é necessário fazer a busca sobre todo o intervalo da DFT pois o atraso é

limitado pela distância entre os microfones

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Para resolver os atrasos fracionários precisamos interpolar a estimativa da

correlação cruzada antes de encontrar a localização do máximo. Podemos fazer isso na

frequência aumentando o comprimento da IDFT (por exemplo, em 4 vezes) com a

introdução de amostras nulas (zero-padding). Também podemos fazer a interpolação no

domínio do tempo já que o comprimento relevante da GCC é menor.

Os máximos da função de correlação cruzada são comparados com um limiar para

avaliar movimento da fonte.

2.2 – Método baseado em Diferença de Tempo Interaural

Neste método é criado um conjunto de todos os atrasos relevantes entre os dois

sinais de microfones cujo azimute precisamos estimar para uma dada resolução.

Procuramos nesse conjunto o valor ótimo do atraso, que resulta na melhor coincidência

dos dois sinais. Esse processo de casamento é feito no domínio da frequência de modo a

obter os atrasos fracionários num modo mais fácil.

Dividimos o range do azimute em um número ímpar I de setores igualmente

espaçados. Usando a geometria do conjunto de sensores, cada setor corresponde a uma

diferença de atraso de tempo, dada por

𝜏𝑖 = 𝑑

2𝑣𝑠sin (

𝑖−1

𝐼−1𝜋 −

𝜋

2) , i = 1,2,… , I. (2.14)

Por exemplo, precisamos de um conjunto de I = 73 valores para obter uma

resolução de azimute de 2.5º.

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Figura 2.3. Sistema de detecção de atraso no domínio da frequência.

Para encontrarmos o atraso ótimo para cada índice de frequência k usamos o

sistema mostrado na figura 2.3.

O índice do atraso ótimo é dado por

𝑖𝑜𝑝𝑡(𝑚, 𝑘) = argmin𝑖∆𝑖(𝑚, 𝑘), 𝑘 = 0,1, . .

𝑁

2(2.15)

onde ∆𝑖(𝑚, 𝑘) = |𝑝𝑘(𝑖)𝑋1(𝑚, 𝑘) − 𝑝𝑘(𝐼 − 𝑖 + 1)𝑋2(𝑚, 𝑘)|2, 𝑖 = 1,2,… , 𝐼

As DFTs são multiplicadas por um fator de fase e comparadas em pares.

Tendo os índices de atraso ótimo, podemos obter os atrasos em si usando a Eq.

(2.14). Para obter a diferença de tempo de atraso e, consequentemente, o azimute do sinal,

construímos um histograma 𝑃𝑘(𝜏𝑖 ,𝑚) contando os valores dos atrasos 𝜏𝑖 para cada ponto

de frequência em alguns frames consecutivos. Os valores do atraso convergirão para o

valor real do atraso correspondendo ao azimute da fonte de sinal.

O histograma é montado conforme a seguir:

𝑃𝑘(𝜏𝑖, 𝑚) = 𝛼 𝑃𝑘(𝜏𝑖 ,𝑚 − 1) + 𝛿 (𝑖 − 𝑖𝑜𝑝𝑡(𝑚, 𝑘)) (2.16)

onde i = 1,2, ... , I, k = 0, 1, ... 𝑁

2 , m = 0,1,2,..., e 𝛿 é um impulso unitário. O fator de

esquecimento 𝛼 deve ser escolhido entre 0.85 e 0.95.

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Figura 2.4 – Exemplo de histograma com fonte de ruído branco estacionário, limitado entre 300 e 6400

Hz, emitindo sinal de um azimute de 60º.

Para reduzir a ambiguidade de fase, somamos os dados do histograma em todos

os índices de frequência k para cada azimute (ou tempo de atraso). O atraso ótimo é dado

por

𝜏𝑜𝑝𝑡(𝑚) = argmax∑ 𝑃𝑘(𝜏𝑖, 𝑚)𝑁

2

𝑘=0(2.17)

para cada frame m

Apesar da presença da ambiguidade de fase, o máximo da Eq. (2.17) é bem

definido. Porém, o custo computacional para calculá-lo é alto.

2.3 – Métodos baseados em Filtros Adaptativos

Para uma abordagem mais realista do problema de detecção de fonte, sem as

aproximações de propagação de onda ideal, os atrasos do sinal podem ser encontrados a

partir das respostas ao impulso entre a fonte e o microfone. Dois sistemas são

apresentados nesta seção. O primeiro modela o atraso entre os dois microfones. O

segundo estima a resposta ao impulso por decomposição de autovalores adaptativa.

A Figura 2.5 abaixo mostra a primeira técnica de filtragem adaptativa:

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Figura 2.5 – Estimação de tempo de atraso utilizando filtro FIR adaptativo.

O vetor de entrada do filtro FIR 𝑥2(𝑛) e o vetor de coeficientes w(n) são definidos

por:

𝒙𝟐(𝑛) = [𝑥2(𝑛) 𝑥2(𝑛 − 1)… 𝑥2(𝑛 − 𝐿 + 1)]𝑇 (2.18)

𝒘(𝑛) = [𝑤𝑜(𝑛) 𝑥1(𝑛) … 𝑥𝐿−1(𝑛)]𝑇 (2.19)

O sinal de erro é dado então por :

𝒆(𝑛) = 𝑥1(𝑛 − ∆) − 𝒘𝑻(𝑛)𝑥2(𝑛) (2.20)

onde ∆ = 𝐿−1

2.

Pode-se usar o método dos mínimos quadrados normalizado (NLMS, de

Normalizaed Least Mean Square) para atualizar o vetor de pesos, resultando na

equação:

𝒘(𝑛 + 1) = 𝒘(𝑛) + 𝜇𝑁𝐿𝑀𝑆

‖𝑥2(𝑛)‖2 𝒆(𝑛)𝒙𝟐(𝑛) (2.21)

com ‖𝑥2(𝑛)‖2 = 𝑥2

𝑇(𝑛)𝑥2(𝑛).

Para implementar o LMS adaptativo no domínio da frequência, amostras são

agrupadas em frames e os coeficientes são mantidos constantes até que o próximo frame

seja processado. A atualização dos coeficientes do filtro no domínio da frequência a cada

índice de frame m é descrito pelas equações abaixo:

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𝑋2(𝑚, 𝑘) = ∑ 𝑥2(𝑚𝐿 + 𝑛)𝑒−𝑗2𝜋𝑁𝑛𝑘

𝑁−1

𝑛=0

, 𝑘 = 0, 1,… ,𝑁 − 1 (2.22)

𝑦(𝑚, 𝑛) = 1

𝑁∑𝑊(𝑚, 𝑘)𝑋2(𝑚, 𝑘)𝑒

𝑗2𝜋𝑁𝑛𝑘

𝑁−1

𝑘=0

, n = 0, 1,… , N – 1 (2.23)

�̃�(𝑚, 𝑛) = {0 𝑛 = 0,1, , 𝐿 − 1

𝑥1(𝑚𝐿 + 𝑛 − ∆) − 𝑦(𝑚, 𝑛) 𝑛 = 𝐿, 𝐿 + 1, … , 𝑁 − 1(2.24)

𝐸(𝑚, 𝑘) = ∑ �̃�(𝑚, 𝑛)

𝑁−1

𝑛=0

𝑒−𝑗2𝜋𝑁𝑛𝑘, 𝑘 = 0,1, … , 𝑁 − 1 (2.25)

𝑆𝑥2𝑥2(𝑚, 𝑘) = 𝛼𝑆𝑥2𝑥2(𝑚 − 1, 𝑘) + (1 − 𝛼)|𝑋2(𝑚, 𝑘)|2 (2.26)

𝑊(𝑚 + 1, 𝑘) = 𝑊(𝑚, 𝑘) + 𝜇

𝑆𝑥2𝑥2(𝑚, 𝑘) + 휀𝑋2∗(𝑚, 𝑘)𝐸(𝑚, 𝑘),

𝑘 = 0,1 , … , 𝑁 − 1 (2.27)

O comprimento do frame é N = 2L, com um tamanho do overlap igual ao tamanho

L do filtro adaptativo.

A convergência do algoritmo é praticamente independente do sinal do espectro,

pois o tamanho do passo de atualização do peso é normalizado pela estimativa da potência

espectral em cada ponto na frequência.

As estimativas do atraso são computadas a cada M’ (M = M’L) frames detectando

a localização dos picos nos coeficientes do filtro adaptativo, obtidos por:

𝑤(𝑚′, 𝑛) = 1

𝑁∑𝑊(𝑚′, 𝑘)𝑒𝑗

2𝜋𝑁𝑛𝑘,

𝑁−1

𝑘=0

n = 0,1,… , N − 1 (2.28)

Devido ao método de Overlap and Save para calcular a convolução, os valores

válidos para procurarmos os picos são os últimos L valores de w(m’,n). Podemos reduzir

mais ainda a procura já que os picos são limitados à faixa de [[∆ − 𝑁𝑑, ∆ + 𝑁𝑑], onde

𝑁𝑑 = [𝑑

𝑣𝑠𝑓𝑠] é o atraso máximo entre os sinais dos microfones.

Existe um outro algoritmo que possui melhor performance em ambientes com

reverberação forte, como proposto em [7]. Em princípio, as respostas ao impulso entre a

fonte e o microfone são estimadas através de decomposição por autovalores. Para estimar

as respostas ao impulso, assumirmos que as respostas ao impulso podem ser aproximadas

por filtros com resposta ao impulso finita de comprimento L.

Equação (2.29) é a base do algoritmo adaptativo para estimar as respostas ao

impulso.

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(𝑥1 ∗ ℎ2)(𝑛) = (𝑠 ∗ ℎ1 ∗ ℎ2)(𝑛) = (𝑥2 ∗ ℎ1)(𝑛) (2.29)

Figura 2.6 – Diagrama de blocos do algoritmo para estimar respostas ao impulso

Como as respostas ao impulso são aproximadas por filtros de tamanho L, todos os

dados podem ser agrupados em vetores L x 1

𝒙𝒊(𝑛) = [𝑥𝑖(𝑛) 𝑥𝑖(𝑛 − 1 ) … 𝑥𝑖(𝑛 − 𝐿 + 1)]𝑇 , 𝑖 = 1,2 (2.30)

𝒉𝒊 = [ℎ𝑖(0) ℎ𝑖(1)… ℎ𝑖(𝐿 − 1)]𝑇 (2.31)

Podemos então reescrever a equação (2.29) como

𝑥1𝑇(𝑛)ℎ2 = 𝑥2

𝑇(𝑛)ℎ1 (2.32)

Definindo 𝒙(𝒏) = [𝑥1𝑇(𝑛) 𝑥2

𝑇(𝑛)]𝑇 e 𝒖 = [ℎ2𝑇(𝑛) − ℎ1

𝑇(𝑛)]𝑇, podemos

reescrever a equação (2.33) como

𝑥𝑇(𝑛)𝑢 = 𝑥1𝑇(𝑛)ℎ2 − 𝑥2

𝑇(𝑛)ℎ1 = 0 (2.33)

Multiplicando à esquerda por x(n) e tomando valores esperados obtemos,

𝑅𝑥𝑥(𝑛)𝑢 = 0 (2.34)

𝑅𝑥𝑥(𝑛) é a matriz de covariância dos sinais dos dois microfones. A Eq. (2.34) nos

mostra que 𝒖 é um autovetor correspondente ao autovalor 0. Assim, podemos estimar as

duas respostas ao impulso determinando este autovetor.

Caso haja sinais de ruído, 𝒖 pode ser estimado minimizando 𝒖𝑇𝑅𝑥𝑥(𝑛)𝒖 com a

restrição 𝒖𝑇𝒖 = 1. Assim, obtemos 𝒖 computando o autovetor normalizado de 𝑅𝑥𝑥(𝑛)

correspondente ao menor autovalor.

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Apesar da matriz 𝑅𝑥𝑥(𝑛) ser grande, precisamos apenas de algumas iterações no

algoritmo adaptativo para determinar o atraso entre os sinais dos microfones. Não é

necessário estimar a forma real das respostas ao impulso.

De acordo com a equação (2.33) e a Figura 2.6, o sinal de erro é dado por

𝑒(𝑛) = 𝑢𝑇(𝑛)𝑥(𝑛) (2.35)

E deve ser nulo em condições ideais. A função custo é dada por

𝐽(𝑛) = 1

2𝐸{𝑒2(𝑛)} =

1

2𝑢𝑇𝑅𝑥𝑥(𝑛)𝑢 (2.36)

E pode ser minimizada com um algoritmo usando gradiente

𝑢(𝑛 + 1) = 𝑢(𝑛) − 𝜇𝐿𝑀𝑆𝑒(𝑛)𝑥(𝑛) (2.37)

A restrição 𝑢𝑇𝑢 = 1 pode ser levada em conta com a normalização

𝑣(𝑛) = 𝑢(𝑛) − 𝜇𝐿𝑀𝑆𝑒(𝑛)𝑥(𝑛) (2.38)

𝑢(𝑛 + 1) = 𝑣(𝑛)

√𝑣𝑇(𝑛)𝑣(𝑛)(2.39)

Como só precisamos do atraso entre os dois microfones, se inicializarmos os

elementos 𝒖𝒊(𝑛) do vetor 𝒖(𝑛) em 𝑛 = 0 por

𝑢𝑖(0) =

{

0 𝑠𝑒 0 ≤ 𝑖 ≤ ⌊

𝐿

2⌋ − 1

1 𝑠𝑒 𝑖 = ⌊𝐿

2⌋

0 𝑠𝑒 ⌊𝐿

2⌋ + 1 ≤ 𝑖 ≤ 2𝐿 − 1

(2.40)

Então um pico negativo será calculado em 𝒖(𝑛) durante o algoritmo. Este pico

corresponde ao caminho direto na resposta ao impulso do sinal do primeiro microfone. O

pico positivo continuará na posição inicial 𝑖 = ⌊𝐿

2⌋. A diferença entre os índices destes

dois picos determina o atraso entre os sinais dos microfones. Como a posição do pico

positivo é fixa, devemos apenas procurar a posição do pico negativo, que se encontra em

⌊𝐿

2⌋ + 1 ≤ 𝑖 ≤ 2𝐿 − 1. Numa implementação prática, interpolaremos 𝒖(𝑛) antes de

procurar os picos. Além disso, para os casos de fontes móveis, é necessário reiniciar o

algoritmo para permitir o rastreio da fonte. Para isso fazemos 𝑢𝑖(𝑛𝐾) = 𝑢𝑖(0) para

algum período K, de modo a remover todos os picos negativos. O período K determina a

velocidade do rastreio e é definido como 1000 amostras, tipicamente. Assim, o algoritmo

tem tempo suficiente para convergir.

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Este algoritmo adaptativo pode ser facilmente implementado no domínio do

tempo. Mas há uma eficiência significativamente maior quando ele é implementado no

domínio da frequência.

As equações de implementação do algoritmo no domínio da frequência

encontram-se descritas abaixo:

𝑋1(𝑚, 𝑘) = ∑ 𝑥1(𝑚𝐿 + 𝑛)𝑒−𝑗

2𝜋

𝑁𝑛𝑘 , 𝑘 = 0,1, … ,𝑁 − 1𝑁−1

𝑛=0 (2.41)

𝑋2(𝑚, 𝑘) = ∑ 𝑥2(𝑚𝐿 + 𝑛)𝑒−𝑗

2𝜋

𝑁𝑛𝑘 , 𝑘 = 0,1,… ,𝑁 − 1𝑁−1

𝑛=0 (2.42)

𝑒(𝑚, 𝑘) = 1

𝑁∑ [𝑈1(𝑚, 𝑘)𝑋1(𝑚, 𝑘) 𝑈2(𝑚, 𝑘)𝑋2(𝑚, 𝑘)]𝑒

𝑗2𝜋𝑁𝑛𝑘,

𝑛 = 0,1,…𝑁 − 1

𝑁−1

𝑘=0

(2.43)

�̃�(𝑚, 𝑛) = {0 𝑛 = 0,1, , 𝐿 − 1

𝑒(𝑚, 𝑛) 𝑛 = 𝐿, 𝐿 + 1, … ,𝑁 − 1(2.44)

𝐸(𝑚, 𝑘) = ∑ �̃�(𝑚, 𝑛)

𝑁−1

𝑛=0

𝑒−𝑗2𝜋𝑁𝑛𝑘, 𝑘 = 0,1,… , 𝑁 − 1 (2.45)

𝑆𝑥1𝑥1(𝑚, 𝑘) = 𝛼𝑆𝑥1𝑥1(𝑚 − 1, 𝑘) + (1 − 𝛼)|𝑋1(𝑚, 𝑘)|2, 𝑘 = 0,1,… , 𝑁 − 1 (2.46)

𝑆𝑥2𝑥2(𝑚, 𝑘) = 𝛼𝑆𝑥2𝑥2(𝑚 − 1, 𝑘) + (1 − 𝛼)|𝑋2(𝑚, 𝑘)|2, 𝑘 = 0,1,… ,𝑁 − 1 (2.47)

𝑈1(𝑚 + 1, 𝑘) = 𝑈1(𝑚, 𝑘) − 𝜇

𝑆𝑥1𝑥1(𝑚, 𝑘) + 휀𝑋1∗(𝑚, 𝑘)𝐸(𝑚, 𝑘), 𝑘 = 0,1,… , 𝑁 − 1 (2.48)

𝑈2(𝑚 + 1, 𝑘) = 𝑈2(𝑚, 𝑘) − 𝜇

𝑆𝑥2𝑥2(𝑚, 𝑘) + 휀𝑋2∗(𝑚, 𝑘)𝐸(𝑚, 𝑘), 𝑘 = 0,1,… , 𝑁 − 1 (2.49)

Assim como no algoritmo de LMS rápido, o comprimento da DFT é de 2L, com

resposta ao impulso de tamanho L. Vetor 𝒖 é dividido em 2 subvetores de tamanho L,

𝒖 = [𝑢1𝑇 𝑢2

𝑇]𝑇. As atualizações neste vetor são feitas no domínio da frequência. As

estimativas do atraso são feitas a cada M´ frames (ou a cada M =M´L amostras)

determinando o pico negativo no vetor 𝒖𝟐. Os elementos de 𝒖𝟐 são obtidos por IDFT

𝑢2(𝑚´, 𝑛) = 1

𝑁∑𝑈2(𝑚´, 𝑘)𝑒

𝑗2𝜋𝑁𝑛𝑘

𝑁−1

𝑘=0

, 𝑛 = 0, 1, … ,𝑁 − 1 (2.50)

2.4 – Formador de Feixes Adaptativo com Rastreio de Fonte no domínio

da frequência

O formador de feixes automaticamente ajusta o lóbulo central do padrão do

conjunto de sensores para uma fonte e suprime sons de todas as outras direções. Este

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formador de feixes adaptativo é baseado no algoritmo LMS com restrições de Frost [11].

Porém, é implementado no domínio da frequência.

As principais vantagens desta abordagem são a possibilidade de uso de um banco

de filtros eficiente do tipo FFT overlap-add multi-entradas, evitar filtros de atraso

fracionário variável e a inclusão de mais restrições, como nulos no vetor padrão. Além

disto, o banco de filtros FFT formador de feixes pode ser facilmente combinado com um

pós-filtro adaptativo para melhoria de sinais de fala. A estrutura básica do formador está

mostrada na Figura 2.7.

Figura 2.7 - Estrutura básica do formador de feixes.

A equação é a fórmula de atualização do vetor de pesos 𝒘(𝑘).

Neste filtro cada espectro da FFT é modificado por um peso de valor complexo

numa base frame a frame. O vetor de pesos 𝒘𝒌(𝑚) é atualizado de acordo com o

algoritmos de LMS com restrições a cada índice de frequência k e índice de frame m. O

algoritmo de localização usa FFTs já disponíveis dos dois microfones mais afastados do

conjunto.

Omitiremos o índice m do frame a partir daqui para ter maior clareza no

desenvolvimento.

O problema de otimização do formador de feixes é definido como um problema

de minimização da função custo quadrática sob restrições lineares, como mostrado

abaixo:

𝑤𝑘 = 𝑎𝑟𝑔min𝑤𝑘

𝑤𝑘𝐻𝑆𝑥𝑘𝑥𝑘𝑤𝑘 , 𝐶𝑘

𝐻𝑤𝑘 = 𝑓 (2.51)

sobrescrito H representa a operação de transposto hermitiano.

A minimização da forma quadrática vem da minimização desejada da potência de

𝑌𝑘 dada por

𝐸{𝑌𝑘2} = 𝑤𝑘

𝐻𝐸{𝑥𝑘𝑥𝑘𝐻}𝑤𝑘 = 𝑤𝑘

𝐻𝑆𝑥𝑘𝑥𝑘𝑤𝑘 (2.52)

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com

𝑤𝑘 = [𝑤1,𝑘 𝑤2,𝑘 … 𝑤𝑁,𝑘]𝑇, 𝑥𝑘 = [𝑋1,𝑘 𝑋2,𝑘 … 𝑋𝑁,𝑘]

𝑇(2.53)

A matriz 𝑆𝑥𝑘𝑥𝑘 é uma matriz de correção espectral no índice de frequência k. Ela

depende da geometria do conjunto e do campo sonoro e será estimada pelo algoritmo

adaptativo. A minimização de 𝐸{𝑌𝑘2} deve ser feita com algumas restrições. Por exemplo,

não queremos atenuar os sinais que vêm da direção de interesse e queremos atenuar ou

suprimir sinais de outras direções impondo nulos no padrão do array. Estas condições

foram incluídas na matriz 𝑪𝒌 da Eq. (2.52). A forma desta matriz, em condições de campo

distante e assumindo propagação de ondas planas é composta pelos vetores de direção,

dados por

𝑑𝑘(Φ) = [𝑒𝑗Ω𝑘τ1(Φ) 𝑒𝑗Ω𝑘τ2(Φ) … 𝑒𝑗Ω𝑘τ𝑁(Φ)]

𝑇(2.54)

Com Ω𝑘 = 2𝜋𝑓𝑠𝑘

𝑁𝑓 (fs é a frequência de amostragem e as FFTs possuem

comprimento 𝑁𝑓 .

Para problemas com campo próximo basta apenas utilizar vetores de direção

diferentes.

Supondo que a direção do falante tenha azimute Φ𝑑 e que queremos nulos no

padrão do array no azimute Φ𝑠. Então 𝑑𝑘(Φ𝑑)𝐻𝑤𝑘 = 1 é a resposta do formador de

feixes nesta direção e 𝑑𝑘(Φ𝑠)𝐻𝑤𝑘 = 0 é a resposta na direção que queremos suprimir.

Logo a matriz 𝑪𝒌 é dada por 𝑪𝒌 = [𝑑𝑘(Φ𝑑) 𝑑𝑘(Φ𝑠)] e o vetor f deve ser 𝒇 = [1 0] 𝑇.

Para evitar um conjunto de equações com mais equações do que variáveis, o número de

restrições deve ser menor que o número N de microfones. Na prática, apenas algumas

restrições devem ser usadas para um formador de feixes com bom padrão e lóbulo

principal bem definido e lóbulos laterais pequenos.

O problema de otimização da equação (2.51) pode ser resolvido com

multiplicadores de Lagrange definindo a função custo como

𝐿(𝑤𝑘, 𝜆) = 1

2𝑤𝑘𝐻𝑆𝑥𝑘𝑥𝑘𝑤𝑘 + 𝜆

𝐻(𝐶𝑘𝐻𝑤𝑘 − 𝒇) (2.55)

A estimativa do gradiente desta função custo gera

∇𝑤𝑘𝐿(𝑤𝑘 , 𝜆) = 𝑆𝑥𝑘𝑥𝑘𝑤𝑘 + 𝐶𝑘𝜆 (2.56)

Utilizando o gradiente, uma solução iterativa para o problema de otimização frame a

frame é dada por

𝑤𝑘(𝑚 + 1) = 𝑤𝑘(𝑚) − 𝜇𝐿𝑀𝑆∇𝑤𝑘𝐿(𝑤𝑘, 𝜆) (2.57)

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O multiplicador de Lagrange pode ser obtido a partir das equações (2.56) e (2.57)

combinados com as restrições 𝐶𝑘𝐻𝑤𝑘(𝑚 + 1) = 𝒇, resultando em

𝜆 = 1

𝜇𝐿𝑀𝑆(𝐶𝑘

𝐻𝐶𝑘)−1𝐶𝑘

𝐻𝑤𝑘(𝑚) − (𝐶𝑘𝐻𝐶𝑘)

−1𝐶𝑘𝐻 𝑆𝑥𝑘𝑥𝑘𝑤𝑘(𝑚) −

1

𝜇𝐿𝑀𝑆(𝐶𝑘

𝐻𝐶𝑘)−1𝒇 (2.58)

Usando esta relação, obtém-se

𝑤𝑘(𝑚 + 1) = 𝑃𝑘[𝑤𝑘(𝑚) − 𝜇𝐿𝑀𝑆𝑆𝑥𝑘𝑥𝑘𝑤𝑘(𝑚)] + 𝑤𝑐𝑘 (2.59)

Onde 𝑃𝑘 é a matriz N x N definida com

𝑃𝑘 = 𝐼 − 𝐶𝑘(𝐶𝑘𝐻𝐶𝑘)

−1𝐶𝑘𝐻 (2.60)

E o vetor 𝒘𝒄𝒌 é dado por

𝑤𝑐𝑘 = 𝐶𝑘(𝐶𝑘𝐻𝐶𝑘)

−1𝑓 (2.61)

Chegamos no algoritmo LMS com restrições substituindo a correlação espacial

desconhecida pela estimativa básica �̃�𝑥𝑘𝑥𝑘 = 𝑥𝑘𝑥𝑘𝐻 e aplicando 𝑌𝑘(𝑚) = 𝑤𝑘

𝐻(𝑚)𝑥𝑘(𝑚)

temos:

𝑤𝑘(𝑚 + 1) = 𝑃𝑘[𝑤𝑘(𝑚) − 𝜇𝐿𝑀𝑆𝑥𝑘(𝑚)𝑌𝑘𝐻(𝑚)] + 𝑤𝑐𝑘 (2.62)

Apesar de o algoritmo poder ser implementado sem grandes dificuldades, a forma

básica dada pela equação (2.62) suprime o sinal desejado em ambientes reais. A restrição

𝑑𝑘(Φ𝑑)𝐻𝒘𝒌 = 1 dificilmente pode ser satisfeita em situações práticas, devido à

atenuação dos microfones, erros de posicionamento, e erros da estimativa da direção

desejada. Se modelarmos os erros como ruídos brancos descorrelacionados na entrada

dos microfones, pode-se observar que as variâncias dos erros são amplificadas por 𝒘𝒌𝑯𝒘𝒌.

Logo, limitando 𝒘𝒌𝑯𝒘𝒌 = ‖𝑤𝑘‖

2 podemos reduzir estes erros. Uma discussão mais

profunda sobre isto pode ser encontrada em [8].

Podemos incluir o vetor de pesos convenientemente no algoritmo se o dividirmos

em 𝒘𝒌(𝑚) = 𝒗𝒌(𝑚) + 𝒘𝒄𝒌 e reconhecer 𝑃𝑘𝑤𝑐𝑘 = 0. Tendo um limite superior 𝐵𝑘, a

norma restringida pode ser expressa por

‖𝑤𝑘(𝑚)‖2 = ‖𝑣𝑘(𝑚)‖

2 + ‖𝑤𝑐𝑘‖2 ≤ 𝐵𝑘 (2.63)

A norma da componente 𝒗𝒌(𝑚) de 𝒘𝒌(𝑚) deve obedecer

‖𝑣𝑘(𝑚)‖ ≤ √𝐵𝑘 − ‖𝑤𝑐𝑘‖2 = 𝑏𝑘 (2.64)

O parâmetro 𝑏𝑘 não depende do índice do frame m e pode ser pré-computado para cada

índice de frequência k. Portanto o algoritmo final adaptativo pode ser resumido como:

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Inicialização :

𝑤𝑐𝑘 = 𝐶𝑘(𝐶𝑘𝐻𝐶𝑘)

−1𝒇 (2.65)

𝑃𝑘 = 𝐼 − 𝐶𝑘(𝐶𝑘𝐻𝐶𝑘)

−1𝐶𝑘𝐻 (2.66)

𝑏𝑘 = √𝐵𝑘 − ‖𝑤𝑐𝑘‖2 (2.67)

Para cada frame m:

�̃�𝑘(𝑚 + 1) = 𝑃𝑘[𝑣𝑘(𝑚) − 𝜇𝐿𝑀𝑆𝑥𝑘(𝑚)𝑌𝑘∗(𝑚)] (2.68)

𝑣𝑘(𝑚 + 1) = {

�̃�𝑘(𝑚 + 1) 𝑠𝑒 ‖�̃�𝑘(𝑚 + 1)‖ ≤ 𝑏𝑘

𝑏𝑘�̃�𝑘(𝑚 + 1)

‖�̃�𝑘(𝑚 + 1)‖ 𝑠𝑒 ‖�̃�𝑘(𝑚 + 1)‖ ≥ 𝑏𝑘

(2.69)

𝑤𝑘(𝑚 + 1) = 𝑣𝑘(𝑚 + 1) + 𝑤𝑐𝑘 , k = 0, 1,… ,Nf (2.70)

A grande quantidade de memória necessária para armazenar Pk e o vetor 𝒘𝒄𝒌 é

reduzida em função de, para casos como o de array de borda (com azimute de 90º), todos

estes vetores e matrizes serem nulos. Podemos também economizar memória em casos

de simetria com relação à localização de nulos específicos no padrão do array. Se não há

nulo especificado, a inversão da matriz na Eq. (2.61) se reduz a uma divisão escalar já

que a matriz de restrições é igual ao vetor de direções.

O tamanho do passo deve ser selecionado, como mostrado em [11] a partir de

0 < 𝜇𝐿𝑀𝑆 < 2

3𝐸{𝑤𝑘𝐻𝑤𝑘}

(2.71)

Contudo, uma normalização apropriada do passo melhor a convergência do

algoritmo. Com esta modificação, a velocidade de convergência passa a ser independente

da magnitude do sinal de entrada. Com isso, a atualização no vetor de pesos é dada por

�̃�𝑘(𝑚 + 1) = 𝑃𝑘 [𝑣𝑘(𝑚) − 𝜇

‖𝑥𝑘‖2 + 휀𝑥𝑘(𝑚)𝑌𝑘

∗(𝑚)] (2.72)

Tipicamente, é utilizado para o novo tamanho do passo um valor entre 0.001 e 0.02.

Outro parâmetro importante é o limite superior Bk. Para Bk > 10 temos um

formador de feixes superdiretivo. Bk deve ser dependente da frequência para termos uma

resposta em frequência plana do formador de feixes na direção desejada. Baseado em [9]

vimos que o conjunto de limites abaixo possui bom desempenho numa frequência de

amostragem de 16KHz.

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10 log10 𝐵𝑘 =

{

10 𝑑𝐵 0 < 𝑓 < 250 𝐻𝑧8 𝑑𝐵 250𝐻𝑧 < 𝑓 < 450 𝐻𝑧2 𝑑𝐵 450 𝐻𝑧, < 𝑓 < 700 𝐻𝑧−2 𝑑𝐵 700 𝐻𝑧 < 𝑓 < 1000 𝐻𝑧−4 𝑑𝐵 1000 𝐻𝑧 < 𝑓 < 2000 𝐻𝑧−6 𝑑𝐵 2000 𝐻𝑧 < 𝑓 < 4000 𝐻𝑧−7.5 𝑑𝐵 4000 𝐻𝑧 < 𝑓 < 8000 𝐻𝑧

(2.73)

O formador de feixes pode ser combinado com um subsistema de localização de

fonte como mostrado na figura abaixo:

Figura 2.8. Banco de filtros formador de feixes com sistema de localização de fonte.

Com isso podemos focar o padrão do lóbulo principal de uma fonte móvel

recalculando os parâmetros Pk, 𝒘𝒄𝒌 e 𝑏𝑘 . Deve-se notar que os pesos do filtro adaptativo

não precisam ser recalculados a cada nova estimativa do azimute.

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Capítulo 3

Sinais e Sistemas

Neste capítulo será apresentado um breve resumo de sinais de voz, abordando

aspectos relacionados ao trabalho e serão descritos os sistemas necessários para a

realização dos testes.

Sinais de voz são sinais utilizados pelos seres humanos para comunicação. São

produzidos nas cordas vocais e chegam ao ouvinte na forma de onda de pressão. Essa

onda é percebida pelo sistema auditivo do ouvinte, que, de maneira extremamente

eficiente, o separa de ruídos externos e sinais que não são de interesse naquele momento.

Nosso sistema auditivo é muito eficiente em fazer essa separação de estímulos externos

de interesse e processar apenas os sinais desejados naquele momento, suprimindo os

demais.

Entre as características dos sinais de fala, é importante destacar a banda de

frequência que eles normalmente ocupam e sua não-estacionariedade.

Os sinais de voz ocupam a faixa de 100 Hz a 8 kHz do espectro de frequências,

porém a energia do sinal se concentra nas frequências mais baixas. Apesar disso,

considera-se como banda fundamental a faixa de 700 Hz a 3 kHz, de modo que os sinais

possuam boa inteligibilidade.

No ramo das telecomunicações, é essencial utilizar o mínimo de banda possível

porém com a preocupação de se deixar o sinal inteligível no receptor. Assim, é atribuída

a faixa de 300 Hz a 3400 Hz, ocupando uma faixa de 3.1 kHz de largura de banda. Tendo

em vista que é necessário uma pequena banda de frequência para se evitar interferências

entre os diferentes canais (chamada banda de guarda), aceita-se que os sinais possuem

largura de banda de 4 kHz. Na Figura 3.1, temos uma ilustração da banda ocupada por

sinais de voz no ramo das telecomunicações.

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Figura 3.1 – banda de frequência de um canal de voz em telecomunicações

Sinais de voz são ditos não estacionários, já que algumas de suas características

como média, autocorrelação e variância se modificam em função do tempo. Podemos

facilmente mudar características na nossa voz e isso leva a essa propriedade. Além disso,

também é possível que alteremos potência e frequência durante falas, o que faz o sinal de

voz ser considerado não-branco, ou seja, possui diferentes potências em seu espectro.

Como o objetivo do trabalho é analisar algoritmos que possam ser implementados

em telecomunicações, consideramos apenas as faixas dos sinais que estão na banda

ocupada por sinais de voz em telecomunicações (de 300 a 3400 Hz).

Neste trabalho utilizamos sinais de voz onde a fonte era móvel e outros onde a

fonte permanecia parada durante toda a gravação. O sinal de voz com a fonte móvel foi

gravado com um conjunto de oito microfones conforme descrito na Figura 3.2.

Figura 3.2. Posicionamento do conjunto de microfones do sinal móvel

As distâncias entre os microfones estão medidas em centímetros.

No sinal de fonte móvel a fonte começa a emitir com azimute de 90º, se desloca

até 0o e em seguida percorre toda a sala até ter azimute de 180º.

Cada microfone gerou um sinal, amostrado a 16 kHz, o que é quatro vezes maior

que a largura de banda do sinal. Com isso garantimos que a taxa de Nyquist é respeitada

e podemos reconstituir o sinal sem perda de informações.

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Para os sinais com fonte fixa, foi utilizado um conjunto de dois microfones

separados de 4 cm. Foram gravados quatro sinais, dois em cada microfone, dois com uma

voz masculina falando com um azimute de 30º e outros dois com uma voz feminina

falando com azimute a 150º. Estes sinais foram gravados a uma taxa de 44.1 kHz. Para

mantermos a coerência nas simulações, todos estes foram reamostrados para uma taxa de

16 kHz. Também foram feitas combinações dos sinais dos diferentes microfones da fonte

móvel com os sinais com fonte fixa. A disposição dos microfones utilizados para a

gravação dos sinais com fonte fixa segue a Figura 2.1. Este conjunto é denominado

Conjunto Linear Uniforme.

Nas Tabelas 1 a 3 são descritos os sinais gravados e utilizados neste trabalho.

Tipo da Fonte Fixa

Sinal de Voz Felipe_30_d5_1 e Felipe_30_d5_2

Azimute 30 Tabela 1. Sinal de voz utilizado com fonte fixa 1

Tipo da Fonte Fixa

Sinal de Voz Camila_150_d5_1 e Felipe_150_d5_2

Azimute 150 Tabela 2. Sinal de voz utilizado com fonte fixa 2

Tipo da Fonte Móvel

Sinal de Voz X_e_16

Azimute 90 => 0 => 180 Tabela 3. Sinal de voz utilizado com fonte móvel

É importante ressaltar que os sinais de fonte fixa foram gravados com voz

masculina para azimute de 30o e com voz feminina para azimute de 150o. Como sinais de

voz possuem muitas características que variam de uma pessoa para a outra, ter sinais fixos

com potência, frequência e velocidade de fala diferentes é importante. Todos os sinais

foram gravados no formato “.wav”.

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Capítulo 4

Simulações e Resultados Obtidos

Neste capítulo apresentaremos as diversas simulações dos sistemas analisados

bem como serão feitos comentários acerca de desempenho e comparações com valores

esperados teóricos.

Como estamos analisando sinais de voz, serão comuns pausas no discurso. Nestes

momentos, todos os algoritmos mantêm a estimação de azimute constante até que o sinal

gravado volte a ter componentes não nulas.

A análise terá como pontos focais o erro quadrático médio da estimação da direção

nos casos com fonte fixa, a influência da frequência de amostragem na redução do erro

quadrático médio e a robustez a ruído, onde foi inserido um ruído branco gaussiano, com

parâmetro Razão Sinal-Ruído (SNR, do inglês Signal to Noise Ratio) de 55 dB e de 40

dB da função awgn, utilizada no MATLAB para adicionar o ruído aos sinais. Estes valores

foram escolhidos de modo que um apresente um ruído que distorça levemente o sinal e o

outro que consiga interferir mais severamente na performance da maioria dos algoritmos.

Para cada algoritmo, serão exibidas três figuras para cada um dos sinais descritos

nas Tabelas 1,2 e 3. A primeira figura sempre será apenas o sinal captado pelo conjunto

de microfones. A segunda com um ruído branco gaussiano adicionado com parâmetro de

SNR de 55 dB e a última com o mesmo ruído porém com SNR de 40 dB.

4.1 – Métodos de Correlação Cruzada Generalizada

4.1.1 – Algoritmo com Transformada de Coerência Suavizada (SCOT)

O primeiro método avaliado foi o de Transformada de Coerência Suavizada

(SCOT), que utiliza correlação cruzada generalizada para estimar o atraso entre os

sinais dos microfones e assim, obter a estimativa do azimute.

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A Tabela 4 mostra a os erros quadráticos médios para cada uma das simulações.

Características Sinal Erro Médio Quadrático Sinal sem Ruído 631,598

Sinal com SNR 55 dB 566,292

Sinal com SNR 40 dB 3.178,812 Tabela 4. Comparativo entre erros médios quadráticos SCOT- 30º fixo

As Figuras 4.1 a 4.3 mostram que o desempenho do algoritmo não é muito

eficiente, como podemos observar pelos erros médios quadráticos altos. O ruído branco

teve pequena influência no primeiro cenário em que foi inserido, tendo apenas feito a

estimativa a partir do ângulo de 90º. Já no segundo cenário o algoritmo teve grandes

dificuldades de estimar a direção de chegada. Ao ouvir o sinal com o ruído adicionado do

terceiro cenário, é notável a grande dificuldade de se perceber o sinal original. Os motivos

para uma performance tão ruim podem incluir o procedimento de gravação do sinal, e a

precisão do registro da localização da fonte no momento da gravação. Como o sinal foi

gravado a 44.1 kHz, foi necessário reamostrá-lo para 16 kHz. Para avaliarmos o efeito

dessa reamostragem, o algoritmo foi reexecutado. Porém a variação do erro médio

quadrático foi insignificante. Com isso, podemos concluir que para este algoritmo, a

reamostragem não afeta a performance.

Figura 4.1. Estimação de azimute sinal sem ruído, fonte fixa a 30º, SCOT

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Figura 4.2. Estimação de azimute sinal com ruído de SNR 55dB, fonte fixa a 30º, SCOT

Figura 4.3. Estimação de azimute sinal com ruído de SNR 40dB, fonte fixa a 30º, SCOT

Resultados semelhantes foram obtidos utilizando o sinal descrito na tabela 2.

Como os dois sinais são parecidos e ambos de fontes móveis será exibido aqui apenas os

resultados para um dos sinais.

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Seguindo o mesmo procedimento de exibição dos resultados, são mostrado nas

Figuras 3.4 a 3.6 os desempenhos do algoritmo no rastreio do sinal móvel descrito na

Tabela 3, sem ruído e com os dois tipos de ruídos utilizados no sinal anterior.

Figura 4.4. Estimação de azimute sinal móvel sem ruído, SCOT

Figura 4.5. Estimação de azimute sinal móvel com ruído SNR 55 dB com SCOT

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Figura 4.6. Estimação de azimute sinal móvel com ruído SNR 40 dB, SCOT

Novamente o ruído teve pouca influência no segundo cenário, porém dificultou

grandemente a estimativa no último caso. Porém percebe-se que o desempenho do

algoritmo é satisfatório no rastreio do sinal, exceto para o último caso. Isto pode indicar

que a eficiência baixa no sinal fixo se deve às características do próprio sinal, visto que

estes foram gravados com microfones diferentes, em lugares e distâncias diferentes.

4.1.2 – Algoritmo com Transformada de Fase (PHAT)

Aqui seguremos o mesmo procedimento do caso anterior. Mostraremos a resposta

do algoritmo de transformada de fase com os mesmos sinais do caso acima nos mesmos

cenários.

A Tabela 5 mostra a os erros quadráticos médios para cada uma das simulações.

Características Sinal Erro Médio Quadrático Sinal sem Ruído 633,944

Sinal com SNR 55 dB 540,971

Sinal com SNR 40 dB 693,278 Tabela 5. Comparativo entre erros médios quadráticos PHAT- 30º fixo

As Figuras 4.7 a 4.9 mostram as estimativas do ângulo de chagada nos três

cenários (sem ruído, SNR de 55 dB e SNR de 40 dB, respectivamente).

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Figura 4.7. Estimação de azimute sinal fixo sem ruído, PHAT

Figura 4.8. Estimação de azimute sinal fixo com ruído SNR 55 dB, PHAT

Figura 4.9. Estimação de azimute sinal fixo com ruído SNR 40 dB, PHAT

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Pela Tabela 5 e pelas Figuras 4.7 a 4.9, podemos observar que o algoritmo com

PHAT possui desempenho bem próximo ao SCOT para os casos sem ruído. Porém, na

presença de ruído, sua performance é significativamente melhor, mesmo no último

cenário em que a presença de ruído é grande.

Assim como anteriormente, são exibidos nas Figuras 4.10 a 4.12 os resultados do

algoritmo PHAT para o caso com fonte móvel, nos mesmos três cenários.

Figura 4.10. Estimação de azimute sinal móvel sem ruído, PHAT

Figura 4.11. Estimação de azimute sinal móvel com ruído SNR 55 dB, PHAT

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Figura 4.12. Estimação de azimute sinal móvel com ruído SNR 40 dB, PHAT

Novamente, comparando as figuras da resposta do sistema que utiliza PHAT e do

sistema que utiliza SCOT, vemos que no caso sem ruído ambos possuem desempenhos

equivalentes. Porém em ambientes ruidosos e mais próximos de situações práticas, o

método com transformada de fase possui desempenho muito superior.

4.2 – Método de Diferenças de Tempo Interaurais

Analisaremos agora o método por diferenças de tempo interaurais. Este método

demora consideravelmente mais tempo para ser executado, em relação aos demais. Da

mesma forma como foi feita nos casos anteriores, serão mostrados os resultados para

uma fonte fixa a 30º e uma fonte móvel.

É mostrado na tabela 6 os valores dos erros quadráticos médios calculados para

este algoritmo:

Características Sinal Erro Médio Quadrático Sinal sem Ruído 571,371

Sinal com SNR 55 dB 729,130 Sinal com SNR 40 dB 3305,734

Tabela 6. Comparativo entre erros médios quadráticos ITD- 30º fixo

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Figura 4.13. Estimação de azimute sinal fixo sem ruído, ITD

Figura 4.14. Estimação de azimute sinal fixo com ruído SNR 55 dB, ITD

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Figura 4.15. Estimação de azimute sinal fixo com ruído SNR 40 dB, ITD

É notável que este algoritmo apresenta maior variação na estimação da direção de

chegada na figura 4.13. Também percebe-se que este é muito suscetível à ruído, como

fica claro na figura 4.14, onde foi impossível estimar a direção de chegada do sinal. Seus

valores calculados de erros médios quadráticos são os maiores entre os algoritmos

avaliados, indicando que este é o algoritmo com menor eficiência.

Nas figuras 4.16 a 4.18, mostramos o desempenho deste algoritmo no rastreio da

fonte móvel:

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Figura 4.16. Estimação de azimute sinal móvel sem ruído, ITD

Figura 4.17. Estimação de azimute sinal móvel com ruído SNR 55 dB, ITD

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Figura 4.18. Estimação de azimute sinal móvel com ruído SNR 40 dB, ITD

Pela análise das figuras, podemos concluir que o desempenho deste algoritmo

também não é bom comparado aos outros. Na presença de ruído, foi o algoritmo com a

pior performance entre os analisados. Por ter a pior performance tanto com fonte móvel

quanto com fonte fixa, este método é o menos eficiente dos analisados aqui.

4.3 – Método baseados em Filtros Adaptativos

4.3.1 – Algoritmo com Decomposição em Autovalores (AEVD)

Dando continuidade ao procedimento definido na seção 4.1, mostramos abaixo

os resultados das simulações com método de decomposição em autovalores com o sinal

de fonte fixa a 30º e o sinal móvel, nos cenários com e sem ruído.

A tabela a seguir mostra os erros médios quadráticos calculados para este algoritmo:

Características Sinal Erro Médio Quadrático Sinal sem Ruído 467,899

Sinal com SNR 55 dB 214,256 Sinal com SNR 40 dB 278,929

Tabela 7. Comparativo entre erros médios quadráticos AEVD- 30º fixo

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As Figuras 4.19 a 4.21 apresentam as estimativas dos ângulos de chegada.

Figura 4.19. Estimação de azimute sinal fixo sem ruído, AEVD

Figura 4.20. Estimação de azimute sinal fixo com ruído SNR 55 dB, AEVD

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Figura 4.21. Estimação de azimute sinal fixo com ruído SNR 40 dB, AEVD

Baseado nas análises já realizadas, é seguro dizer que o algoritmo de

decomposição por autovalores possui o melhor desempenho dos algoritmos analisados

até aqui. Mesmo na presença de ruído, o valor do erro médio quadrático calculado é

razoavelmente menor comparado aos calculados nos algoritmos de correlação cruzada

generalizada. Vale ressaltar que este é um método que utiliza filtros adaptativos,

diferentemente dos métodos de correlação cruzada e do método de diferença de tempo

interaural.

Dando sequência à análise, são exibidas nas Figuras 4.22 a 4.24 as estimativas dos

ângulos de chegadas resultantes deste algoritmo no rastreio à fonte móvel.

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Figura 4.22. Estimação de azimute sinal móvel sem ruído, AEVD

Figura 4.23. Estimação de azimute sinal móvel com ruído SNR 55 dB, AEVD

Figura 4.24. Estimação de azimute sinal móvel com ruído SNR 40 dB, AEVD

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Apesar de ter excelente desempenho no caso da fonte móvel, este algoritmo não

foi capaz de estimar a direção de chegada no ambiente mais ruidoso. No ambiente

intermediário, o ruído afetou pouco a performance.

4.3.2 – Método com Mínimos Quadrados Rápido (FLMS)

O próximo algoritmo a ser analisado é o de mínimos quadrados rápido (FLMS).

Será seguido o mesmo procedimento dos casos anteriores:

A tabela abaixo mostra os respectivos erros médios quadráticos calculados para

este algoritmo:

Características Sinal Erro Médio Quadrático Sinal sem Ruído 226,331

Sinal com SNR 55 dB 262,004 Sinal com SNR 40 dB 433,633

Tabela 8. Comparativo entre erros médios quadráticos FLMS- 30º fixo

As figuras 4.25 a 4.27 exibem os resultados obtidos para este algoritmo.

Figura 4.25. Estimação de azimute sinal fixo sem ruído, FLMS

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Figura 4.26. Estimação de azimute sinal fixo com ruído SNR 55 dB, FLMS

Figura 4.27. Estimação de azimute sinal fixo com ruído SNR 40 dB, FLMS

Novamente, vemos que o desempenho de um algoritmo com filtros adaptativos é

bem superior ao método com correlação cruzada, para o caso de fonte móvel, mesmo em

ambiente ruidoso. Entre os métodos adaptativos, este apresenta desempenho melhor

comparado ao método por decomposição em autovalores.

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43

No caso de fonte móvel, temos os seguintes resultados, exibidos nas figuras 4.28 a 4.30.

Figura 4.28. Estimação de azimute sinal móvel sem ruído, FLMS

Figura 4.29. Estimação de azimute sinal móvel com ruído SNR 55 dB, FLMS

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44

Figura 4.30. Estimação de azimute sinal móvel com ruído SNR 40 dB, FLMS

Pelas figuras 4.28 a 4.30 e comparando com os demais sistemas analisados,

vemos que a performance do método de mínimos quadrados é bastante satisfatória

também no caso móvel. Apesar do método PHAT ser menos suscetível a ruídos, o

desempenho com fontes fixas deste método mais do que compensa as diferenças para o

caso móvel. Com isto, é seguro dizer que, com os dados analisados, este é o método

mais eficiente até agora.

4.4 –Formador de Feixes

Inicialmente, faremos as mesmas análises para o formador de feixes que foi feita

com os outros algoritmos. A principal diferença dos resultados exibidos aqui será a

informação de potência do sinal, que também será exibida com o objetivo de

analisarmos a eficiência na redução do ruído vindo de direções diferentes da direção de

chegada estimada pelo algoritmo PHAT.

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45

Figura 4.31. Estimação de azimute sinal móvel sem ruído, formador de feixes

Figura 4.32. Estimação de azimute sinal móvel com ruído SNR 55 dB, formador de feixes

Figura 4.33. Estimação de azimute sinal móvel com ruído SNR 40 dB, formador de feixes

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46

Assim como no algoritmo com transformada de fase, podemos observar que o

formador de feixes é pouco sensível ao ruído, o que é bastante desejável em situações

práticas. Podemos perceber também a atenuação imposta por ele, principalmente em

azimutes que estão a mais de 30º do azimute estimado pelo algoritmo.

Na tentativa de avaliar como o formador de feixes funcionaria acoplado ao outro

método de correlação cruzada, o adaptamos de modo a obter a estimativa de azimute

através do algoritmo SCOT. O resultado é exibido na Figura 4.34

Figura 4.34. Estimação de azimute sinal móvel sem ruído, formador de feixes com SCOT

Pode-se notar que o azimute estimado é impreciso em alguns momentos, o que

compromete o sinal de saída em função da atenuação imposta pelo formador. Foi

observado que o sistema acoplado com o algoritmo de transformada de fase possui

desempenho relativamente melhor.

Além destes testes, foi avaliada a atenuação do formador de feixes numa

combinação do sinal móvel com o sinal fixo. Sabendo o azimute da fonte fixa e fixando

o azimute do formador de feixes neste ângulo, observamos a atenuação nas outras

direções de chegada. Este resultado é exibido na figura 4.35

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47

Figura 4.35. Estimação de azimute sinal móvel sem ruído, formador de feixes com direção fixa

Como podemos observar, para o formador de feixes, se uma direção de chegada

é definida como parâmetro, independente do sinal de entrada ele atenuará as outras

direções num mesmo padrão. Pode-se perceber isto já que a fonte se move mas não há

alteração do padrão de atenuação exibido na figura.

Para o caso em que permitimos ao formador estimar a direção de chegada da soma

dos dois sinais, é exibido o resultado na figura 4.36:

Figura 4.36. Estimação de azimute sinal móvel sem ruído, formador de feixes com DOA

Pode-se notar que a soma dos sinais afete significativamente a estimativa do

azimute, o que causa uma atenuação significativamente menor nas outras direções, como

pode ser observado principalmente no primeiro terço da figura.

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Capítulo 5

Conclusões

Baseado nos resultados obtidos e analisados no capítulo anterior, foi possível

classificar os algoritmos de estimação de direção de chegada. O algoritmo de diferenças

interaurais (ITD) demonstrou a pior performance entre os avaliados tanto para fontes

móveis quanto para fontes estáticas. Os métodos de correlação cruzada generalizada

exibiram resultados melhores, principalmente o que faz uso de transformada de fase.

Destaca-se a performance deste em ambientes ruidosos, que é significativamente melhor

que o outro método de correlação cruzada generalizada. Quanto aos métodos que utilizam

filtros adaptativos, pode-se notar que seu desempenho, principalmente para fontes não-

móveis foi bastante superior aos outros. Merece destaque o algoritmo de mínimos

quadrados rápido (FLMS) o qual obteve os melhores resultados entre todos os analisados

aqui. O algoritmo de decomposição em autovalores obteve melhor resultado que o de

transformada de fase para fontes fixas, porém em ambientes ruidosos e com fonte móvel,

o desempenho deste método de correlação cruzada foi significativamente melhor. Com

isto, podemos montar a tabela qualitativa abaixo, com um ranking dos algoritmos

estudados.

1º Mínimos Quadrados (FLMS)

2º Correlação Cruzada com Transformada de Fase (GCC – PHAT)

3º Decomposição em Autovalores (AEVD)

4º Correlação Cruzada com Transformada de Coerência Suavizada (GCC –

SCOT)

5º Diferenças de Tempo Interaurais (ITD)

Tabela 9. Ordenação qualitativa dos métodos de estimativa de DOA

Quanto ao formador de feixes, pode-se observar que seu desempenho é superior

quando acoplado ao sistema de estimação de direção de chegada com transformada de

fase em comparação ao caso em que o sistema está acoplado ao outro método de

correlação cruzada. Pode-se avaliar a supressão da potência do sinal nas direções

diferentes da estimada e esta foi considerada suficiente.

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Referências Bibliográficas

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Selected Methods for the cancellation of acoustical echoes, the reduction of

background noise and speech processing . Holanda, Springer, 2006.

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Android Smartphones, Bachelor Conclusion Project, Delft University of

Technology, Julho 2012.

[3] PETRAGLIA, F., Estimativa de direção de chegada de sinais de voz utilizando

métodos diversos, Bachelor Conclusion Project, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Março 2015.

[4] CLARK, F., Cancelamento de eco acústico e separação cega de fontes aplicados à

telefonia Viva-voz, Bachelor Conclusion Project, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Dezembro 2010.

[5] POZUELO, R., Determinação de direção de chegada de sinais de áudio com

sistemas Kinect, Bachelor Conclusion Project, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Julho 2012.

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CRC Digital, Signal Processing Handbook, 1999.

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acoustic source localization”, J. Acoust. Soc. Am., 107(1), 384–391, 2000.

[8] COX, H., ZESKING R, OWEN, M.: “Robust adaptive beamforming”,

IEEE Trans. Acoustic. Speech Signal Process., ASSP-35(10), 1365–1376,

1987.

[9] STÖBICH, G. : Entwurf und Simulation eines adaptiven, zweidimensionalen

Mikrofonarrays, Vienna, Austria: Diploma Thesis, Vienna University of

Technology, 2001 (in German).

[10] LATHI, B., Sinais e Sistemas Lineares, Bookman, 2016.

[11] O. L. Frost, III: An algorithm for linearly constrained adaptive array

processing, Proc. IEEE, 60(8), 926–935, 1972.

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Apêndice A

Tabelas com as estatísticas de todos os algoritmos nos 3 cenários analisados

Algoritmo DOA

Parâmetros Phi

Original

Sem Ruído

Sinais Microfones

Mínimo Máximo Média Mediana Moda Desvio Padrão

Range Erro médio Quadrático

Erro Médio

Generalized Cross

Correlation (SCOT)

Felipe 30 48.39 57.91 54.32 57.91 57.91 4.614 9.52 631,598 25,132

Camila 150 105.4 113.5 113.2 113.5 113.5 1.259 8.076 1.349,985 36,742

Fonte Móvel

90 => 0 => 180

15.56 164.4 79.98 90 90.81 37.25 148.9 -

Generalized Cross

Correlation (PHAT)

Felipe 30 48.39 90 55.32 57.91 57.91 4.27 41.61 633,944 25,178

Camila 150 105.4 113.5 113 113.5 113.5 1.226 8.076 1.349,126 36,730

Fonte Móvel

90 => 0 => 180

15.56 164.4 79.98 90 90.81 37.25 148.9

Adaptative Eigenvalue

Decomposition

Felipe 30 37.17 105.4 44.1 37.17 37.17 11.71 68.24 467,899 21,631

Camila 150 66.52 113.5 104.5 105.4 105.4 5.417 46.96 2.100,953 45,836

Fonte Móvel

90 => 0 => 180

12.18 161.7 78.81 89.19 90 37.46 149.5 -

Fast Least Mean Squares

Felipe 30 37.17 113.5 42.69 37.17 37.17 8.094 76.31 226,331 15,044

Camila 150 82.37 113.5 105 105.4 105.4 2.557 31.11 2.028,982 45,044

Fonte Móvel

90 => 0 => 180

12.18 161.7 78.44 89.19 90 37.4 149.5 -

Interaural Time

Difference

Felipe 30 45 87.5 53.53 55 55 4.188 42.5 571,371 23,903

Camila 150 87.5 115 106.3 107.5 107.5 3.892 27.5 1.933,654 43,973

Fonte Móvel

90 => 0 => 180

12.5 160 77.07 87.5 87.5 36.53 147.5 -

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Algoritmo DOA

Parâmetros Phi

Original

Ruído Branco com SNR 55 dB

Sinais Microfones

Mínimo Máximo Média Mediana Moda Desvio Padrão

Range Erro médio Quadrático

Erro Médio

Generalized Cross

Correlation (SCOT)

Felipe 30 48.39 90 53.23 48.39 48.39 5.165 41.61 566,292 23,797

Camila 150 90 122.1 112.6 113.5 113.5 2.609 32.09 1.407,731 37,520

Fonte Móvel

90 => 0 => 180

15.56 155 79.59 90 90.81 35.64 139.5 -

Generalized Cross

Correlation (PHAT)

Felipe 30 37.17 90 52.71 48.39 48.39 5.043 52.83 540,971 23,259

Camila 150 90 122.1 112 113.5 113.5 3.366 32.09 1.458,562 38,191

Fonte Móvel

90 => 0 => 180

12.18 164.4 79.78 90 90.81 36.97 152.3 -

Adaptative Eigenvalue

Decomposition

Felipe 30 21.61 74.6 41.97 37.17 37.17 8.437 52.98 214,256 14,637

Camila 150 90 113.5 103.5 105.4 105.4 3.661 23.48 2.177,676 46,666

Fonte Móvel

90 => 0 => 180

65.74 134 85.51 89.19 65.74 20.53 68.22 -

Fast Least Mean Squares

Felipe 30 21.61 90 43.23 48.39 48.39 6.681 68.39 262,004 16,187

Camila 150 90 113.5 104.8 105.4 105.4 2.602 23.48 2.053,813 45,319

Fonte Móvel

90 => 0 => 180

12.18 161.7 78.46 89.19 90 37.2 149.5 -

Interaural Time

Difference

Felipe 30 45 87.5 55.92 55 55 7.558 42.5 729,130 27,002

Camila 150 87.5 112.5 102.3 105 105 5.95 25 2.315,598 48,121

Fonte Móvel

90 => 0 => 180

12.5 152.5 77.63 87.5 87.5 33.82 140 -

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Algoritmo DOA

Parâmetros Phi

Original

Ruido Branco com SNR 40 dB

Sinais Microfones

Mínimo Máximo Média Mediana Moda Desvio Padrão

Range Erro médio Quadrático

Erro Médio

Generalized Cross

Correlation (SCOT)

Felipe 30 48.39 90 84.63 90 90 13.94 41.61 3.178,812 56,381

Camila 150 90 113.5 112.5 113.5 113.5 4.684 23.48 1.427,730 37,785 Fonte Móvel

90 => 0 => 180

49.33 107.3 81.4 90 58.39 18.57 57.97 -

Generalized Cross

Correlation (PHAT)

Felipe 30 37.17 90 54.48 48.39 48.39 9.708 52.83 693,278 26,330

Camila 150 90 122.1 110.9 113.5 113.5 5.384 32.09 1.559,724 39,493 Fonte Móvel

90 => 0 => 180

12.18 155 79.55 90 90.81 35.6 142.9 -

Adaptative Eigenvalue

Decomposition

Felipe 30 21.61 90 41.31 37.17 37.17 12.31 68.39 278,929 16,701

Camila 150 97.63 113.5 102.2 105.4 97.63 4.77 15.85 2.305,917 48,020 Fonte Móvel

90 => 0 => 180

90 90 90 90 90 0 0 -

Fast Least Mean Squares

Felipe 30 37.17 90 48.54 48.39 48.39 13.3 52.83 433,633 20,824

Camila 150 90 113.5 103 105.4 105.4 4.267 23.48 2.222,744 47,146 Fonte Móvel

90 => 0 => 180

49.33 153.2 84.52 89.19 57.43 26.27 103.9 -

Interaural Time

Difference

Felipe 30 87.5 87.5 87.5 87.5 87.5 0 0 3.305,734 57,496

Camila 150 85 107.5 98.94 102.5 107.5 8324 22.5 2.681,176 51,780 Fonte Móvel

90 => 0 => 180

85 95 90.12 90 90 2467 10 -