formação e autoformação

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FORMAÇÃO E AUTOFORMAÇÃO O que segue é apenas uma reflexão de uso pessoal, feita por algumas pessoas que estão na tarefa de formação, e que querem aos poucos, como exercício de auto-formação, examinar a  própria compreens ão que têm da f ormação. Não serve pois para ser aplicada no uso comum ou p!lico. "rata-se apenas de um su!sídio provisório para acionar o estudo durante o dia de reunião. Questionar o modo de colocar o questionamento da formação #. $ import%ncia da formação sempre foi acentuada na fala de uma congregação ou ordem. &o'e, essa fala se torna cada ve( mais exigente. )reocupados com a exigência de um mundo novo e dos apelos da *gre'a Nova, urgimos uma reforma radical e ampla na formação para a vida religiosa. +xigimos uma recolocação na questão da formação. $lis, tornou-se quase moda, recolocar a questão. +ntendemos usualmente, por recolocar a questão, uma espécie de renovação e inovação total e radical do que viemos fa(endo até agora. alamos, assim, na necessidade de mudar as estruturas antigas, as formas e os métodos de formação, da r uma formação mais ad eq ua da pa ra as ne cessidad es , os anelos e as exigências do mundo de o'e etc. /. 0as as exigências de renovação e inovação assim aventadas são tantas e tão variadas que extrapolam toda e qualquer possi!ilidade de discussão séria, tanto no tempo, como na capacidade físico-conc reta de uma reunião, de um curso ou de um encontro. $ ssim, os nossos questioname ntos se tr ansformam numa espécie de agitação tempestuosa de idéias lançadas ao vento, sugest1es mal colocadas, arrolamento de opini1es em moda, misturadas com queixas e reclamaç1es, uma reunião sem rumo, sem concentração temtica, sem a possi!ilidade real e finita de uma determinação que nos possa levar a uma ação, a um confronto de soluç1es reais. +, ao repetirmos sempre de novo tais reuni1es, aos poucos nos resignamos e começamos a ter ca!eça feita, de que a formação o'e é muito complicada, sim quase uma tarefa impossível,  por causa de tanta s dificuldades provenie ntes da socieda de de o'e, em que tudo flutua po r ser tempo de transição etc. etc. 2. 0as, se o!servarmos atentamente as nossas colocaç1es e os nossos questionamentos,  perce!emos que colocam os mil e mil diferentes temas, assuntos, propostas, pro!lemas, isto é, contedos, mas 'amais examinamos o modo de colocar a questão. )erguntamos por isso3 ser que não é necessrio, antes de tudo, recolocar o modo de questionar a formação, o'e4 0as, em que sentido4 5. 6uestionar é !uscar. 6uando uma !usca perde o rumo e se agita em diferentes colocaç1es disparatadas, é uma !usca que perdeu a ca!eça e não mais est assentada na rai( do seu que sti ona r. +ntão , é nec es sr io se col oca r, se assentar de novo num a !u sca ma is finita, determinada, mais próxima de si mesma. 0as o que significa uma !usca mais finita, dete rmina da, mais próxi ma de nós mesmo s, em referência 7 formação4 )ara perce!ermos o que é a !usca mais finita, mais determinada, mais próxima de nós mesmos, precisamos voltar a ser !em concretos e cotidianos, sim !em materiais e físicos, sem nos espraiarmos em representaç1es 8universalistas9 e gerais, como é o caso, quando falamos sem pensar muito, no 0undo de &o'e, no :éculo ;;, da *gre'a, o'e, da $mérica <atina, do 0undo "ecnológico, do ranciscanísmo atual etc.etc. )róximo, finito, !em determinado é a

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FORMAÇÃO E AUTOFORMAÇÃO

O que segue é apenas uma reflexão de uso pessoal, feita por algumas pessoas que estão natarefa de formação, e que querem aos poucos, como exercício de auto-formação, examinar a

 própria compreensão que têm da formação. Não serve pois para ser aplicada no uso comum

ou p!lico. "rata-se apenas de um su!sídio provisório para acionar o estudo durante o dia dereunião.

Questionar o modo de colocar o questionamento da formação

#. $ import%ncia da formação sempre foi acentuada na fala de uma congregação ou ordem.&o'e, essa fala se torna cada ve( mais exigente. )reocupados com a exigência de um mundonovo e dos apelos da *gre'a Nova, urgimos uma reforma radical e ampla na formação para avida religiosa. +xigimos uma recolocação na questão da formação.

$lis, tornou-se quase moda, recolocar a questão. +ntendemos usualmente, por recolocar a

questão, uma espécie de renovação e inovação total e radical do que viemos fa(endo atéagora. alamos, assim, na necessidade de mudar as estruturas antigas, as formas e os métodosde formação, dar uma formação mais adequada para as necessidades, os anelos e asexigências do mundo de o'e etc.

/. 0as as exigências de renovação e inovação assim aventadas são tantas e tão variadas queextrapolam toda e qualquer possi!ilidade de discussão séria, tanto no tempo, como nacapacidade físico-concreta de uma reunião, de um curso ou de um encontro. $ssim, os nossosquestionamentos se transformam numa espécie de agitação tempestuosa de idéias lançadas aovento, sugest1es mal colocadas, arrolamento de opini1es em moda, misturadas com queixas ereclamaç1es, uma reunião sem rumo, sem concentração temtica, sem a possi!ilidade real e

finita de uma determinação que nos possa levar a uma ação, a um confronto de soluç1es reais.+, ao repetirmos sempre de novo tais reuni1es, aos poucos nos resignamos e começamos a ter ca!eça feita, de que a formação o'e é muito complicada, sim quase uma tarefa impossível,

 por causa de tantas dificuldades provenientes da sociedade de o'e, em que tudo flutua por ser tempo de transição etc. etc.

2. 0as, se o!servarmos atentamente as nossas colocaç1es e os nossos questionamentos, perce!emos que colocamos mil e mil diferentes temas, assuntos, propostas, pro!lemas, isto é,contedos, mas 'amais examinamos o modo de colocar a questão. )erguntamos por isso3 serque não é necessrio, antes de tudo, recolocar o modo de questionar a formação, o'e4 0as,em que sentido4

5. 6uestionar é !uscar. 6uando uma !usca perde o rumo e se agita em diferentes colocaç1esdisparatadas, é uma !usca que perdeu a ca!eça e não mais est assentada na rai( do seuquestionar. +ntão, é necessrio se colocar, se assentar de novo numa !usca mais finita,determinada, mais próxima de si mesma.

0as o que significa uma !usca mais finita, determinada, mais próxima de nós mesmos, emreferência 7 formação4

)ara perce!ermos o que é a !usca mais finita, mais determinada, mais próxima de nósmesmos, precisamos voltar a ser !em concretos e cotidianos, sim !em materiais e físicos, sem

nos espraiarmos em representaç1es 8universalistas9 e gerais, como é o caso, quando falamossem pensar muito, no 0undo de &o'e, no :éculo ;;, da *gre'a, o'e, da $mérica <atina, do0undo "ecnológico, do ranciscanísmo atual etc.etc. )róximo, finito, !em determinado é a

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Ordem na qual estamos, em cu'a o!ediência vivemos, a nossa )rovíncia, a nossa casa, oencargo que exercemos, a equipe de formação a que pertencemos, o postulantado, o noviciadoda nossa província, com tais e tais pessoas, em tais e tais situaç1es e pro!lemas, em tais e taislimites do tempo.

"entemos agarrar com as duas mãos o finito, o determinado assim entendido material e

fisicamente, e façamos assentar a nossa !usca ali dentro, colocando-a como uma !usca séria, !em atenta, realista e efica(. O que acontece4

$contece que vem 7 tona, !em em concreto, materialmente, numa delimitação corporal efísica, o que devemos fa(er todos os dias na formação, sempre de novo como nossasocupaç1es, preocupaç1es e o!rigaç1es, como nossos afa(eres. )or mais diferentes que se'amas circunst%ncias de países, naç1es e povos, por mais diversificadas que se'am as culturas, por mais diversos, diferenciados e até opostos que se'am os. tipos, os lugares, os modos de nossaconvivência, do nosso enga'amento sócio-político, sempre de novo nos vêm ao encontro essascoisas !em finitas de nossa cotidianidade rotineira da formação. =ocê pode estar diante dasexigências, as mais prementes do mundo de o'e que se possam imaginar, você pode acar 

que é essencial e de capital import%ncia para se estar preparado para o enga'amento na *gre'ade o'e, tal e tal curso, tal e tal participação num movimento, tal e tal enga'amento social, viree revire, sempre de novo vai ter que se deparar, confrontar-se com um quantum !em corporalconcreto de coisas que vai ter que fa(er, adquirir, no qual vai ter que se exercitar e se formar,digamos em # ano, / anos 2 anos, contando com o dia que não tem mais do que /5 oras, comora que não tem mais do que >? minutos.

@. ormar franciscanos para o mundo de o'e, para estar 7 disposição da *gre'a do :éculo ;;, para servir aos irmãos nas suas necessidades e nos seus anelos de um 0undo melor,formação para $mérica <atina, formação para Africa, para Asia, formação para, para, para,etc...

alamos de tudo isso, porque é séria a nossa vontade de formar para a realidade. $ realidadenos convoca a sermos !em reais em assumir o tra!alo rduo de nos prepararmos para tudoisso, que falamos ser necessrio, no dia de o'e. $ realidade nos convoca, pois, a tra!alarmosarduamente um fa(er, a concreti(armos materialmente uma ação que se cama formar-se.

B importante se conscienti(ar que aqui se trata de um fa(er todo próprio. Não é pois qualquer fa(er, um fa(er geral. "rata-se de um fa(er 7 cu'a seriedade não le é permitido se espraiar,vagar, avoar-se pelo mundo a fora, como quem voa por cima das coisas numa visão geral,universali(ante, panor%mica, conferencisticamente, sem se colocar duramente no cotidianofísico material da situação aqui, agora, dentro dessa Ordem, dentro dessa Congregação, dessa

)rovíncia, dentro dessa casa, nessa etapa da formação, camada aspirantado, postulado,noviciado, 'uniorato etc.

D. Ee repente, sentimos na carne a necessidade de nos concentrarmos muito a sério, deapertarmos realmente o cinto do nosso fa(er e do pensar só!rio, de a'untar todas as nossasforças disponíveis para aplic-las num tra!alo rduo de conquista3 de conquista de um sa!er muito mais real, concreto, verdadeiro, desse fa(er todo próprio camado formação. :entimoscom responsa!ilidade a premente necessidade de deixar de lado as agitaç1es precipitadas,deixar de lado toda a fala va(ia enfeitada, retórica estético-rom%ntica ou até demagógica,deixar de lado tentativas irresponsavelmente provisórias e cutadas, sintomas esses de uma

 !usca imatura, mal colocada. )erce!emos como decisivo para o êxito da formação que não

misturemos as coisas superficialmente, pensando que a formação é como qualquer outra ação, !asta fa(er que tudo d certo. :e a formação é um fa(er todo próprio, é necessrio sa!er !em

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que exigências ela tem a partir dela mesma. Nesse sentido, por exemplo é !em diferente vocêfa(er pastoral e você fa(er uma ação camada formar-se para a )astoral.

F. Gecolocar a questão da formação aca!a, assim, se transformando numa coisa !em umilde,real e concreta, sim numa o!rigação, digamos só!ria e necessria, de toda e qualquer ação reale eficiente, isto é, na o!rigação de examinarmos no duro, se realmente estamos fa(endo o que

devemos fa(er finita e concretamente na nossa formação, conforme o modo de ser própriodessa ação camada formação. :em esse em!asamento real, a formação é vã, por meloresque se'am as intenç1es, as idéias, os recursos pedagógicos e 8acionamentos9. "alve(, de tantofalar nas necessidades atuais, nas exigências prementes de o'e, este'amos nos alienando daumilde necessidade terra 7 terra de fa(er o que devemos fa(er no cotidiano da terra daformação. )ara isso é necessrio ter, ou melor, recuperar o realismo nu e cru de quem fa(,age a formação, ciente de que a formação é uma ação toda própria, e isto de tal maneira quenão pode ser nivelada a outras modalidades de fa(er.

#?. Nós, que estamos refletindo, somos formadores. ormadores, formamos, na medida emque nos formamos. Na formação o que mais importa é pois autoformação. Na autoformação o

que mais importa é a clarividência que temos acerca da ação toda própria camada formação.

+xaminemos3 nós, como formadores, temos conecimento claro de que ação, de que fa(er setrata, quando falamos de formação4

 Na discussão acerca da formação é necessrio evitar um questionismo va(io de identidade,redu(indo o essencial, o elementar e o !sico a mil diferentes pontos de vista deinterpretaç1es su!'etivas.

#. Numa discussão acerca da formação da vida religiosa, o que mais nos d tra!alo é ao!'eção3 Como entender o essencial da vida religiosa, se tantas interpretaç1es da essência

da vida religiosa, o'e4 O que é pois a vida religiosa no mundo de o'e, diante de tantasexigências novas, novos apelos da umanidade em transformação, novas teologias, novas pastorais, novas fronteiras para todos os lados4

/. B necessrio, cada ve( de novo, cecar essa o!'eção. )ois, ela pode não passar de umaexpressão de inquietaç1es, angstias e perplexidades, nas quais estamos e caímos sempre denovo, diante de avalance de novas teorias, novas exigências, novas situaç1es, a que estamosexpostos como religiosos. )ode tam!ém ser produto de uma contaminação, quaseinconsciente, de opinião p!lica que, com superficialidade, coloca tudo em dvida, com aresde questionador. +xpress1es, portanto, de receios, medos, perplexidades pela falta deidentidade !em assentada ou expressão de superficialidade frívola, sem responsa!ilidade da

verdadeira !usca. :e assim o for, então não é a expressão de uma !usca intensa, séria,enga'ada, ' de muito tempo exercida em empeno no estudo !em orientado eexperimentado. $s o!'eç1es que têm esse carter de receios e perplexidades, por falta oufraque(a de identidade, não são propriamente questionamentos. )odem soar muito atuais ecríticos, impressionantes, angustiantes. 0as, na realidade, não são nem atuais, nem atuantesou críticas, pois não passam de agitaç1es carregadas emocionalmente, vidas de soluç1esimediatistas e 8miraculosas9, sonadoras de reforma sem tra!alo tena(, demorado erealmente assumido, incapa(es de com sangue-frio se assentar num questionamento de !uscamais real, concreto, profundo e responsa!ili(ado, incapa(es de assumir com decisão firme eina!alvel a tarefa de !uscar, dentro do possível, do concreto e finito, o que se pode e devefa(er, o'e, e agora para aos poucos ir construindo um futuro vivel e real.

2. Na formação, esse tipo de pseudo-questionamento é um tóxico, uma droga alienante quemata o vigor elementar. )ois, contamina tudo com frustração, irritação, ressentimento e

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dvida, condicionando uma existência sem din%mica de !usca. *mpede pela rai( a possi!ilidade de 'untos, unidos com !oa ca!eça e !om coração, !uscarmos intensa etotalmente o essencial.

5. :e, porém, evitarmos esse tipo de questionaismo de!ilitante, e formularmos a o!'eção, ela pode ser ouvida num sentido de !usca real e !em responsvel. 0as, se assim o fi(ermos,

então averemos de constatar uma coisa !em real e de muita urgência.H. &averemos de constatar que, na época em que se exige renovação, e se exige !usca desoluç1es alternativas, na época em que somos expostos a novas conquistas, novos apelos,novos ori(ontes, o que se fa( antes de tudo é necessrio aprofundar e firmar, ir até 7s raí(esno fundo de nossa própria identidade, para ali e dali renovar, reali(ar a din%mica criadora dasnossas e das novas possi!ilidades. Com outras palavras, como a condição da possi!ilidade,como o pré-requisito e como a garantia da renovação, devemos ir 7s fontes de nossainspiração, devemos aprofundar a verdadeira pertença 7 terra, 7 !ase da força de inspiração danossa identidade cristã-franciscana.

$ import%ncia decisiva do elementar na formação#. "oda e qualquer formação eficiente gasta um longo tempo e muita energia na aprendi(ageme na assimilação do elementar, o qual é fundamento e !ase de todas as ela!oraç1es

 posteriores, mais complexas, mais sofisticadas, mais exigentes e especiais.

6uanto maiores as exigências de uma profissão,. quanto mais difíceis e perigosas suas tarefas,tanto mais se preparam os candidatos no domínio do que é elementar e !sico, com muitosexercícios artificialmente simulados, com muito rigor e repetição, para que naquilo quesempre de novo entra em todas as aç1es e atividades como o seu elemento comum, o

 profissional tena relativa facilidade, por tê-lo assimilado de tal modo que o elementar se

tena tornado uma parte integrante do seu próprio ser. Nenum profissional de uma rea considera como tempo perdido essa demora capricosa e !em tra!alada no elementar. )ois quanto melor, mais firme, mais tra!alado o fundamento,tanto mais rpida, mais segura e eficiente a assimilação de todo o resto. + cada profissão, quesa!e o que quer e o que fa(, tem !em claro, quais os exercícios, quais as coisas que sãoconsideradas como indispensveis, por serem elementares e essenciais.

/. +xercícios elementares num esporte por exemplo são aqueles exercícios que criam,desenvolvem e firmam no atleta a!ilidade, vigor e disposição !sicos de que ele necessita,

 para reali(ar toda e qualquer atividade esportiva de diferentes e variadas modalidades. $ssim

 por exemplo exercícios de flexi!ilidade le proporcionam a flexi!ilidade. +sta é então aa!ilidade, força e disposição que entra em todos os movimentos que o atleta fa(, quando 'oga. "am!ém na nossa vocação espiritual de religiosos existem exercícios elementares, quenos dão a!ilidade, força e disposição elementares, necessrias e teis para tudo quantofa(emos nos mais diferentes e nas mais variadas situaç1es.

+xperimente você mesmo di(er quais essas a!ilidades elementares e como elas atuam emtudo que fa(emos.

2. Im lutador por exemplo através de intenso exercício, isto é, através de formas artificiais esimuladas de com!ate, adquire uma !oa a!ilidade de se defender. Eepois aos poucos,

começa em lutas mais reais, sim simulacro, aperfeiçoar, intensificar os exercícios e fa( crescer o que antes aprendeu. O elementar só cresce e se firma nesse processo gradual deaprendi(agem. )or isso, é sinal de completa falta de compreensão para com essa maneira

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artesanal e real de perfa(er o vigor do ser num tra!alo intenso e artificialmente concentrado,colocar o tempo por exemplo do noviciado como algo negativo e alienado, di(endo-se que alitudo é alienado por ser artificial, e opondo-o 7 vida real da sociedade e do p!lico, cu'o

 pro'eto tem !em outra finalidade e !em outro espírito. $rtificial não é sinJnimo de alienado,irreal. )elo contrrio, significa !em !olado a modo de um artefato, para um desempenomelor. 6uem tem medo do artificial num treinamento é alguém que est alienado do mundo

dos pro'etos, e pensa que o real e viver é a vida espont%nea, sem intervenção de um plano, pro'eto e determinação de um tra!alo penoso e exigente. Como se a vida de um operrio, deuma faxineira não fosse artificialmente conquistada em duro tra!alo de aprendi(agem... Imaideologia espontaneísta não cria gente, cria sim cogumelos como di( :ait-+xupérK.

5. Nenum !om profissional, se'a de que rea for, coloca o tempo de aprendi(agem doelementar como inimigo ou alienação de praxis posterior. $ntes, pelo contrrio, considera aaprendi(agem do elementar em forma de exercícios no tra!alo de concentração artificial, detreinamento através da simulação do real, como o momento decisivo para todas as outrasalternativas posteriores.

)erguntas3

Como e o que você pensa do tempo de formação elementar4 Não desta ou daquela formação,mas da formação do elementar como tal4

 Na sua aprendi(agem, de se'a o que for, você ' experimentou o que é formar-se noelementar4

=ocê não é dessas pessoas espontaneístas, que logo op1e tudo que é !em determinado,estruturado, plane'ado, finali(ado para um pro'eto como sendo artificial, longe da realidade davida4 0as nesse caso o que você entende quando di( vida real4

6uais são para você os exercícios elementares indispensveis para a aquisição da a!ilidade para a =ida Geligiosa4

6uando com ra(ão com!atemos o 8artificialismo9 na formação, o que é que estamoscom!atendo afinal4

Eepois de você com!ater com ra(ão o 8artificialismo9 na formação, experimente você mesmodi(er em concreto como seria realmente, em detales prticos a formação real para a =idaGeal...

A importância do elementar para a unidade fundamental da formação para a idaReli!iosa" no tempo em que cada #e$ mais se tornam contrariantes as diferenças ealternati#as da formação

#. O que camamos de elementar na formação é fundamental e !sico, anterior a toda equalquer especificação posterior e alternativa. + como ' foi dito, o elementar é aquilo queentra em todas as diferentes variantes de um movimento, por mais diversificadas que elasse'am. :eria, pois, de uma grande import%ncia para a formação para a vida religiosa,conseguir um consenso evidente acerca do que é elementar na formação para ser religioso.Eeste modo, teríamos, por assim di(er, uma !ase comum, so!re a qual poderiam ser desenvolvidas diferentes variantes e alternativas da formação, conforme necessidades eexigências de cada região, cada povo, cada raça, cada tipo de pastoral, de diferentes situaç1ese enga'amentos nela.

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/. O elementar é sempre um princípio, uma din%mica de constituição de uma determinadaação, mas não coincide com esta ou aquela ação. +, no entanto, est em cada uma das aç1es,

 por mais diferentes que elas se'am entre si, cada ve( de outro modo, mas sempre como omesmo...

B necessrio ter um tato próprio para captar essa realidade elementar. $ssim, estar sentado,

estar correndo com toda a velocidade que minas pernas me permitem, e estar deitado numa !oa, são atividades inteiramente diferentes. 0as, em todas essas aç1es, posso estar de modoelementar, camado por exemplo serenidade. + para me exercitar no vigor da serenidade, eu o

 posso fa(er ora na corrida, ora me sentando, ora deitado, em diferentes situaç1es emdiferentes circunst%ncias, mas sempre visando o mesmo elementar.

2. :e tivermos claro na formação que é necessrio, custe o que custar, adquirir por exemploo vigor elementar camado serenidade, então fa(endo a formação desta ou daquela maneira,neste ou naquele lugar social, no am!iente tradicional ou no desafio do inteiramente novo,averíamos de nos concentrar, para realmente, em cada uma dessas situaç1es, tra!alar !em,com muito empeno e exigência, para a conquista desse uno e mesmo vigor elementar. + uma

ve( adquirido esse vigor, por ser elementar, ele serviria para qualquer lugar, qualquer situaçãoem que caíssemos mais tarde.

5. 6uando examinamos as fontes franciscanas, perce!emos que ali est presente um modo deformação, não tematicamente explicitado, mas sim operativamente atuante, como algo !emconecido, em todas as aç1es dos irmãos. 0odo de formação que se anuncia em palavras eexpress1es como por exemplo vencer-se a si mesmo, fa(er fruto em si, !em fa(er, salvação daalma, virtudes e vícios etc. "odos termos referentes 7 prtica da vida interior. No entanto, nanossa maneira usual de falar, o que denominamos de vida interior do omem, a <egenda dos"rês Companeiros, Cap. ***, n. D por exemplo cama de o &omem interior.

H. )rovavelmente, o que se denomina aqui de o homem interior  tem muita pouca coisa, paranão di(er nenuma coisa, a ver com o que nós o'e entendemos, quando di(emos a vida

interior do homem. )ois, usualmente, por interior do homem entendemos o nosso eu e suavida íntima, o su!'etivo em nós, o privativo, o particular. 0asnesses textos antigos, o omem interior significa o omem essencial, o fundamental, o !sicono omem, aquela realidade primeira e originria, radical e universal de todos os omens,

 portanto, a realidade universal e essencial da umanidade, so!re a qual deveriam se !asear todas as variantes e alternativas possíveis do ser omem.

+sses termos acima mencionados, usados pelas fontes, que em nosso preconceito modernoentendemos como indicativos do su!'etivo em nós, não estariam eles indicando uma medida

de ser, universal, forte, radical e imensa, sim, elementar, so!re a qual deveríamos !asear todae qualquer formação, por mais diferenciada, diferente e alternativa que ela se'a no mundo deo'e4

Um anti!o e sempre no#o se!redo da formação franciscana

#. &o'e, vivemos uma profunda crise da formação. Nessa crise, não sa!emos mais que rumotomar, o que fa(er. )or não se sa!er !em que rumo tomar, não se tem mais uma orientaçãosegura. $gitamo-nos em diferentes colocaç1es disparatadas, nos de!atemos em tentativas nãomuito clarividentes de solução.

Eissemos no início da nossa reflexão que, numa tal crise, é necessrio nos assentarmos denovo numa !usca mais finita, determinada, mais próxima de nós mesmos. Com outras palavras, é necessrio !uscar a solução não longe, nas regi1es aleias ao nosso pro'eto de

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vida, mas sim !em porto, em casa. :e, porém, tentarmos com muito empeno e seriedadevascular a nossa própria casa, a nossa proximidade camada ser franciscano, desco!riremosem casa um tesouro escondido, que, se !em assimilado, pode transformar-se num segredoantigo e sempre novo da nossa formação franciscana. Ee que tesouro se trata4 "rata-se deduas o!ras escritas3 as :agradas +scrituras ou Lí!lia e os +scritos de :ão rancisco de $ssisou num sentido mais lato as ontes ranciscanas.

 Essas duas obras devemos ler.

:er que as :agrada +scrituras e as ontes ranciscanas lidas, estudadas, meditadas,experimentadas, tra!aladas passa a passo, todos os dias, longamente por anos a fio, não

 poderiam se transformar no 0anual originrio e fundamental, de onde os formadores e osformandos da vida franciscana pudessem, sim, devessem aurir todas as orientaç1es e normasde sua formação4

/. +sse estudo que deve ser intenso e de grande volume de tra!alo, ser profundo e !emcuidadoso no rigor e na precisão da compreensão não coincide com o estudo acadêmico usual,

cientificista. 0as tam!ém não coincide com 8estudo edificante9 e piedoso de vivênciasespirituais, ou melor, espiritualistas. Não se trata, portanto, da leitura 8espiritual9 ou reflexão partilada de trocas de opini1es su!'etivas espiritualistas. "rata-se realmente de estudo, deintenso tra!alo suado da !usca e pesquisa da verdade. "rata-se de um estudo existencial, istoé, empeno no qual est em 'ogo o enga'amento de toda uma existência umana. "rata-se,

 pois, de um estudo no estilo como :ão rancisco de $ssis leu e assimilou as :agradas+scrituras. :ão rancisco de $ssis assimilou de tal forma as :agradas +scrituras que em tudoque ele era, fa(ia, falava, pensava, sentia, irradiava o +vangelo. $trs de tal irradiação, existeum imenso volume de tra!alo, de estudo para a compreensão viva e din%mica, de meditação,de assimilação. O que e como fe( :ão rancisco de $ssis4

2. $ primeira coisa que ele fe( foi acreditar de todo o coração, com a a!soluta e pura positividade discipular que as :agradas +scrituras eram o livro de Eeus, o livro do )ovo deEeus, onde estava guardado o arcano, o grande segredo escondido do vigor do Eeus de MesusCristo. +le acreditava, sim, sa!ia que um livro assim est impregnado da experiência viva detodo um povo, todo especial e extraordinrio, camado )ovo Cristão. Não é pois um livroqualquer. Ima tal crença não é crendice fantica. B antes uma experiência, experiência dequem, viva, concreta e intensamente est enrai(ado, est unido na pertença real a uma grandecomunidade camada )ovo Cristão, a *gre'a. "rata-se, pois, de uma experiência viva da

 participação sim!iótica com a imensa e profunda experiência de milares e milares de pessoas, que desde Mesus Cristo até nos dias de o'e constituem essa imensa família, raça, povo camado )ovo Cristão.

5. Cada povo, cada religião possui um tal livro arcano. Im tal livro arcano não se lê por  princípio istoricamente, nem exegeticamente, nem sociologicamente, psicologicamente,literariamente. "odas essas a!ordagens de diferentes ciências não são erradas. 0as nãoatingem, não tocam o espírito, a essência desses livros. + se essas a!ordagens científicas dealguma maneira podem ser teis para ler melor os livros arcanos na sua essência, entãosomente para quem ' antes, através de um intenso empeno de confronto existencial comesses livros, est por dentro do espírito e essência de tais livros.

H. 0as, como é esse estudo de leitura existencial4 )ega-se o livro com as duas mãos, isto é,com todo o ser, com grande reverência, sa!endo que você ali tem nas mãos o vigor, a

orientação, a evidência, a fé, vida de mil1es e mil1es de irmãs, irmãos, pais, mães, filos efilas, esposos e esposas, parentes de sua raça, do seu povo, da sua família, de pessoas quedesde Mesus Cristo vieram até o'e, pessoas altamente inteligentes, autênticas, ceias   de !oa

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vontade extraordinariamente discipular, todas elas s!ias e experimentadas no :eguimento. +então começa-se a ler. )aciente, umildemente, com gratidão, ceio de interesse e atençãoo!ediente. 0as não usa o que ali est para defender a sua posição, por mais no!re que elase'a. Não usa o que lê para a sua própria satisfação, por mais no!re e su!lime que se'a a sua

 !usca. $ntes, pelo contrrio, se coloca desarmado, com coração va(io de todo o apego, preconceitos e pre'uí(os, inteiramente concentrado, com plena atenção cuidadosa, para se

a!rir ao que as :agrada +scrituras, ou tam!ém a leitura das ontes, ao que as ontesranciscanas le ditam. Eeixa-se questionar por elas. )urifica-se. "orna-se cada ve( maiso!ediente, todo ouvido de ausculta din%mica e atenta, uma ausculta cordial de discípulo. + namedida em que, nesse contínuo confronto, le vem ao encontro urna compreensão, umaevidência, não su!'etiva a partir do que você sa!e, quer e pode, mas a partir do que as:agradas +scrituras e as ontes le di(em, começa a ver tudo, Eeus, &omem e Iniverso, ossofrimentos, as lutas, as adversidades, enfim tudo, 7 lu( dessa nova compreensão.

>. Im tal estudo, não seria ele o estudo, o mais direto, o mais próximo, que todos nós poderíamos reali(ar, sempre e em toda parte, em todos os momentos e em todas as situaç1es4+ um tal estudo, concreto e possível a todos, não poderia se tornar o nosso estudo profissional

 !sico e elementar, a partir do qual tiraríamos todas as nossas orientaç1es e diretri(es daformação4

A li%erdade na formação e da formação de#e se!uir a li%erdade disc&pular dose!uimento de 'esus (risto)

#. $ formação é essencialmente formação para <i!erdade. Na vida Geligiosa, do postulantadoao noviciado, do noviciado ao tempo de profissão temporria, do tempo de profissãotemporria 7 =ida Geligiosa de profissão perpétua, vamos crescendo para a idade madura da

 plenitude de Cristo. +sse processo de amadurecimento é o perfa(er-se da li!erdade no:eguimento de Mesus Cristo.

/. $ li!erdade do discípulo de Mesus Cristo, na sua !usca rigorosamente discipular, sa!enitidamente que, os compromissos de pro'eto de vida religiosa são imperativos, a que ele sesu!mete livre, cordial e diligentemente como a direitos e deveres sagrados da o!rigação gratada sua vocação.

2. &o'e, numa época em que a sociedade de consumo, sempre de novo, insufla nos ouvidos 'ovens, a idéia de que toda e qualquer imposição é contra a li!erdade umana, noscandidatos 7 vida relígiosa a tendência muito enrai(ada de ver nas exigências de um pro'etode vida uma espécie de imposição do autoritarismo.

5. )or mais que no noviciado se tena decidido a a!raçar de todo o coração o gênero de vidareligiosa, essa tendência pode permanecer, por assim di(er, atuando, escondida de!aixo dascin(as no tempo de posteriores etapas da nossa =ida Geligiosa, numa espécie de resistênciacalcitrante contra o viver concreto e enga'ado da própria vida, aqui e agora, da =ida Geligiosa,

 principalmente da formação. +ssa resistência pode aparecer so! o disfarce de indiferença, deuma aceitação dissimulada, exterior de normas e deveres, ou em sintomas como um contínuoressentimento e descontentamento diante de o!rigaç1es e deveres, ditados pela Gegra, pelasConstituiç1es ou uma atitude de crítica a!strata, a(eda que toma ares de consciência superior,ofendida na sua autenticidade pelos defeitos da comunidade ou dos coordenadores.

H. +ssa tendência impede o deslancar-se no elã total da formação. )ois impede o religioso de

a!raçar com as duas mãos o tempo de formação de posteriores etapas da vida religiosa naautoformação, para valer, e de corpo e alma perfa(er cordial e assumidamente o que se iniciouno noviciado.

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>. )or isso, na formação, é de import%ncia vital para o formando que se evite da parte dosformadores o autoritarismo proveniente de seus próprios defeitos e da sua imaturidade ouignor%ncia, mas por outro lado é de import%ncia maior ainda extirpar na formação essa atitudede se ficar com um pé atrs, por confundir as exigências dos compromissos sagrados da nossavocação com as imposiç1es indevidas de um autoritarismo. )or isso, no tempo de formação

 para a =ida Geligiosa, nunca é demais insistir na compreensão cada ve( mais nítida e evidente

acerca da necessidade de conquistar a pura e a!soluta positividade da !usca discipular, onde,em referência ao nosso pro'eto de vida religiosa, toda a nossa atitude, cada ve( de novo esempre deve ser um sim total, cordial, da ponta da ca!eça até a sola dos pés, para todos oscompromissos, o!rigaç1es, deveres e imposição dessa nossa profissão e vocação.

Frei *erm+!enes llarada

Casa )rovincial 0aria *maculada,*tapecerica da :erra:) - Nov.F?.