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Anais do XIX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 23 e 24 de setembro de 2014 Formação das cidades da Região Metropolitana de Campinas- Desenho urbano MARIANA BRUSCO MARQUES Faculdade de Arquitetura e Urbanismo CEATEC [email protected] PROFA. DRA. RENATA BAESSO PEREIRA Grupo de Pesquisa: cultura Urbanistica na Tradição Clássica [email protected] Resumo: A pesquisa pretende investigar, nos teci- dos urbanos das cidades da Região Metropolitana de Campinas, a presença de vestigíos das formações urbanas originais capazes de fundamentar ações de proteção da memória e do patrimônio edilício, bem como subsidiar projetos urbanos contemporâneos. Através do levantamento e análise de documentos, bases cartográficas e iconografia, pretende-se espa- cializar os dados históricos em novas cartas, através de sobreposições com bases cartográficas recentes. Serão investigados os determinantes do desenho urbano e os saberes técnicos e eruditos envolvidos em tais configurações. Os dados colhidos nos arqui- vos e acervos dos municípios em questão serão con- frontados com as Séries históricas de fotos oblíquas (1939/ 1940) do IGC – Instituto Geográfico e Carto- gráfco do Estado de São Paulo. Palavras-chave: Desenho urbano, Região Metropo- litana de Campinas, cartografia histórica. Área do Conhecimento: Fundamentos da Arquitetu- ra e do Urbanismo; História do Urbanismo 1. INTRODUÇÃO: A presente pesquisa tem como objetivo reconstituir as origens do traçado urbano de algumas das cida- des da Região Metropolitana de Campinas-SP (RMC), comparando aquelas que tiveram como ori- gem a construção de capelas e a posterior fundação de freguesias, com outras cuja origem está vinculada ao binômio café/ ferrovia e mesmo aos estabeleci- mentos de empresas particulares. As cidades estu- dadas serão Itatiba e Indaiatuba, exemplos de fre- guesias fundadas em 1830 e depois elevadas à ca- tegorias de vilas, e Sumaré, exemplo de núcleo ur- bano que se desenvolve a partir da Estação de Ferro da Paulista (Rebouças), construída em 1875. Foram investigados os determinantes do desenho urbano e os saberes técnicos e eruditos envolvidos em tais configurações. A pesquisa está baseada no levanta- mento e análise documental e bibliográfica. As fontes primárias na forma de documentos, cartografia, ico- nografia, dispositivos normativos e legais, atas, rela- tórios dos órgãos administrativos (municipal e pro- vincial/estadual), projetos e intervenções urbanas serão identificadas, catalogadas e analisadas. Com isso foi realizado a espacialização dos dados históri- cos em novas cartas, através de sobreposições com bases cartográficas recentes. Espera-se como resul- tado desta pesquisa contribuir para formar uma base de dados sobre a história da rede urbana dos muni- cípios da RMC, bem como reconhecer, nos núcleos urbanos atuais, os vestígios de suas fundações e de seus primeiros traçados, contribuindo com a produ- ção de material que possa fundamentar tanto ações de proteção do patrimônio em uma escala urbana como subsidiar projetos urbanos contemporâneos. 2. MATERIAL E MÉTODOS Para a reconstituição da formação dos traçados ur- banos do municípios em questão, foi realizado uma análise na documentação abaixo descrita: -plantas do IGC, disponíveis no Arquivo do estado de São Paulo, e arquivos municipais das cidades de Itatiba, Sumaré e Indaiatuba; -levantamento de iconografia nos arquivos munici- pais e conjunto de fotos obliquas do IGC (1939/1940); -analise documental e bibliográfica; -fontes primarias na forma de documentos, cartogra- fia, iconografia, dispositivos normativos e legais, atas, relatórios dos órgãos administrativos (municipal e provincial/ estaduala), projetos e intervenções ur- banas foram identificados, catalogados e analisados 3. RESULTADOS E DISCUÇÃO 3.1. Processo de formação das três cidades. Entre os municípios que compõe a RMC, a origem de Itatiba e Indaiatuba tem várias semelhanças. Am- bas tem origem em bairros rurais das vilas de Jundiaí e Itu, respectivamente, que foram elevados ao esta-

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Anais do XIX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178

Anais do IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420

23 e 24 de setembro de 2014

Formação das cidades da Região Metropolitana de Campinas- Desenho urbano

MARIANA BRUSCO MARQUES Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

CEATEC [email protected]

PROFA. DRA. RENATA BAESSO PEREIRA

Grupo de Pesquisa: cultura Urbanistica na Tradição Clássica

[email protected] Resumo: A pesquisa pretende investigar, nos teci-dos urbanos das cidades da Região Metropolitana de Campinas, a presença de vestigíos das formações urbanas originais capazes de fundamentar ações de proteção da memória e do patrimônio edilício, bem como subsidiar projetos urbanos contemporâneos. Através do levantamento e análise de documentos, bases cartográficas e iconografia, pretende-se espa-cializar os dados históricos em novas cartas, através de sobreposições com bases cartográficas recentes. Serão investigados os determinantes do desenho urbano e os saberes técnicos e eruditos envolvidos em tais configurações. Os dados colhidos nos arqui-vos e acervos dos municípios em questão serão con-frontados com as Séries históricas de fotos oblíquas (1939/ 1940) do IGC – Instituto Geográfico e Carto-gráfco do Estado de São Paulo.

Palavras-chave: Desenho urbano, Região Metropo-litana de Campinas, cartografia histórica.

Área do Conhecimento: Fundamentos da Arquitetu-ra e do Urbanismo; História do Urbanismo

1. INTRODUÇÃO: A presente pesquisa tem como objetivo reconstituir as origens do traçado urbano de algumas das cida-des da Região Metropolitana de Campinas-SP (RMC), comparando aquelas que tiveram como ori-gem a construção de capelas e a posterior fundação de freguesias, com outras cuja origem está vinculada ao binômio café/ ferrovia e mesmo aos estabeleci-mentos de empresas particulares. As cidades estu-dadas serão Itatiba e Indaiatuba, exemplos de fre-guesias fundadas em 1830 e depois elevadas à ca-tegorias de vilas, e Sumaré, exemplo de núcleo ur-bano que se desenvolve a partir da Estação de Ferro da Paulista (Rebouças), construída em 1875. Foram investigados os determinantes do desenho urbano e os saberes técnicos e eruditos envolvidos em tais configurações. A pesquisa está baseada no levanta-mento e análise documental e bibliográfica. As fontes

primárias na forma de documentos, cartografia, ico-nografia, dispositivos normativos e legais, atas, rela-tórios dos órgãos administrativos (municipal e pro-vincial/estadual), projetos e intervenções urbanas serão identificadas, catalogadas e analisadas. Com isso foi realizado a espacialização dos dados históri-cos em novas cartas, através de sobreposições com bases cartográficas recentes. Espera-se como resul-tado desta pesquisa contribuir para formar uma base de dados sobre a história da rede urbana dos muni-cípios da RMC, bem como reconhecer, nos núcleos urbanos atuais, os vestígios de suas fundações e de seus primeiros traçados, contribuindo com a produ-ção de material que possa fundamentar tanto ações de proteção do patrimônio em uma escala urbana como subsidiar projetos urbanos contemporâneos.

2. MATERIAL E MÉTODOS Para a reconstituição da formação dos traçados ur-banos do municípios em questão, foi realizado uma análise na documentação abaixo descrita: -plantas do IGC, disponíveis no Arquivo do estado de São Paulo, e arquivos municipais das cidades de Itatiba, Sumaré e Indaiatuba; -levantamento de iconografia nos arquivos munici-pais e conjunto de fotos obliquas do IGC (1939/1940); -analise documental e bibliográfica; -fontes primarias na forma de documentos, cartogra-fia, iconografia, dispositivos normativos e legais, atas, relatórios dos órgãos administrativos (municipal e provincial/ estaduala), projetos e intervenções ur-banas foram identificados, catalogados e analisados

3. RESULTADOS E DISCUÇÃO 3.1. Processo de formação das três cidades. Entre os municípios que compõe a RMC, a origem de Itatiba e Indaiatuba tem várias semelhanças. Am-bas tem origem em bairros rurais das vilas de Jundiaí e Itu, respectivamente, que foram elevados ao esta-

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tuto de freguesias através do mesmo decreto provin-cial em 1830. A elevação a vila se deu em anos mui-to próximos, Itatiba em 1857 e Indaiatuba em 1859. Já Sumaré, anteriormente um bairro rural de Campi-nas cujo nome era Rebouças, passa a ser distrito de Campinas em 1909 e só em 1953 ganha sua auto-nomia como município. A origem de Indaiatuba remete ao período colonial, na região composta pelas bacias hidrográfi-cas dos rios Capivari-Mirim, Jundiaí e Piraí e pelos ribeirões Santa Rita e Buru. Indaiatuba era original-mente um bairro rural da vila de Itu, já habitado no século XVII, cuja população se dedicava à lavoura de subsistência, plantando milho e feijão. A partir da segunda metade do século XVIII, a Coroa portuguesa estabeleceu mudanças administrativas nos territórios da colônia visando delimitar as frontei-ras com os domínios espanhóis. Adotou medidas para promover a militarização e a fixação da popula-ção em núcleos urbanos. Como parte desta estraté-gia, também estava prevista, a animação da agricul-tura através do plantio da cana-de-açúcar para ex-portação, o que contribuiria para fixar a população bem como sustentaria os custos militares. Em dez anos de governo restaurou e militarizou a capitania, incentivou a cultura do açúcar, através da distribuição de sesmarias, e sua comercialização através da manutenção de estradas e de melhorias no porto de Santos para exportação do produto. Do final do século XVIII até meados do século XIX, o bairro de Indaiatuba estava repleto de engenhos de açúcar, não havia córrego onde não houvesse um engenho instalado. Com o tempo, foram chegando pessoas pobres que optaram por morar próximo ao engenho de Pedro Gonçalves Meira (um dos mora-dores mais importantes), e que plantavam mantimen-tos para os gastos, viviam de tear e de outras pe-quenas atividades. Com o tempo foram se instalando pessoas que viviam de pequenos negócios, iniciando assim a formação de um arraial próximo a uma cape-la, cuja formação do patrimônio foi feita pelo Tenente Pedro Gonçalves Meira, a partir da doação de um pedaço de suas terras para a construção e também de umas casinhas cujo aluguel garantiria a renda para a manutenção da capela. Em 1820 a capela de Nossa Senhora da Candelária de Indaiatuba é curada E em 1830, por se destacar com sua elevada produção de açúcar, o povoado é elevado ao estatuto de Freguesia por um decreto do Imperador Dom Pedro I. A igreja matriz de Nossa Senhora da Candelária permanece até hoje no

mesmo local, tendo passado por algumas reformas ao longo dos anos. Com o enriquecimento da freguesia pelo cultivo da cana-de-açúcar, e início da produção de café, em 1859, Indaiatuba é elevada à categoria de vila e desmembrada da vila de Itu. Em 1873, a linha férrea da Cia. Ituana é inaugurada, ligando Indaiatuba a São Paulo e ao porto de San-tos, fato que contribuiu para o desenvolvimento da região e para o escoamento da produção de café, algodão, açúcar, além da vinda de imigrantes euro-peus. A partir 1960 o crescimento da cidade se ace-lera, baseado principalmente na expansão da indús-tria e dos serviços.

Figura 10 – Imagem de satellite de parte da RMC com os

limites atuais da cidade de Indaiatuba marcados pela linha vermelha. Fonte: http://wikimapia.org/#lang=pt&lat=-

22.900000&lon=-47.083300&z=12&m=b

Figura 11 – Imagem de satellite da cidade de Indaiatuba.

Em amarelo esta representando o traçado de 2014, en-quanto o vermelho mostra os limites da cidade em 1939 a partir de dados do IGC – SP. Fonte: http://wikimapia.org/#lang=pt&lat=-22.900000&lon=-47.083300&z=12&m=b

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A origem de Itatiba é datada em 1786, já que foi o documento mais antigo sobre a chegada dos primei-ros moradores em Itatiba. Naquele ano foi realizado um recenseamento na Vila de Jundiaí, época em foi constatada a existência de 12 famílias pioneiras que começavam a abrir seus sítios e iniciavam o plantio em suas terras. (…) Es-sas doze famílias pioneiras, vindas na sua maioria de Bragança e Atibaia, estabeleceram-se nas margens do rio Atibaia e deram início a um núcleo rural que recebeu o nome de Bairro do Atibaia. O Bairro do Atibaia (hoje Itatiba) também pertencia ao termo da vila de Jundiaí. Segundo Camargo, os moradores do Bairro do Atibaia se dedicavam às ro-ças de arroz, feijão, milho e a criação de porcos em uma escala de produção de subsistência. A família de Antônio Rodrigues da Silva, sargento da 6ª Companhia do 1º Regimento de Infantaria e Milí-cias de Jundiaí, foi a responsável pela introdução do culto à Nossa Senhora do Belém, e construiu uma pequena Capela para a Santa em seu sítio no atual bairro do Cruzeiro. Este passou a ser o centro religi-oso e social da antiga comunidade do Bairro do Ati-baia. A população do Bairro do Atibaia aumentava gradativamente e os moradores decidiram construir uma outra Capela para Nossa Senhora do Belém que substituiria aquela do Cruzeiro. Em 6 de Agosto de 1823, era registrada no Cartório de Jundiaí a es-critura de terras de Antônio Rodrigues da Silva (o Sargentão) e Raimundo Cardoso de Oliveira e sua doação como Patrimônio da Capela do Belém. Nesta área foram abertas as primeiras ruas do que viria a ser a cidade de Itatiba. Iniciou-se então a construção de uma segunda Capela, no local hoje conhecido Largo do Rosário. A elevação do bairro a Freguesia de Nossa Senhora do Belém, da Vila de Jundiaí se deu no dia 9 de De-zembro de 1830. A partir de 1833 iniciou-se a cons-trução de uma nova igreja matriz para a recém criada freguesia que foi concluída somente em 1853. Em meados de 1850 o plantio do café foi introduzido na região fato que aumentou sobremaneira a arreca-dação de impostos enviados para Jundiaí, com isso, em 16 de Março de 1876, a Vila de Belém de Jundiaí foi elevada à categoria de cidade e passou denomi-nar-se Itatiba, Em 1886 os moradores de Itatiba retomam o projeto de construir uma estrada de ferro que pusesse o município em ligação com a Capital e o interior da Província. O trafego foi inaugurado em 1889.

Figura 14 – Imagem de satellite de parte da RMC com os

limites atuais da cidade de Itatiba marcados pela linha vermelha. Fonte: http://wikimapia.org/#lang=pt&lat=-

22.900000&lon=-47.083300&z=12&m=b

Figura 15 – Imagem de satellite da cidade de Itatiba.

Em amarelo esta representando o traçado de 2014, en-quanto o vermelho mostra os limites da cidade em 1939 a

partir de dados do IGC – SP. Fonte: http://wikimapia.org/#lang=pt&lat=-22.900000&lon=-

47.083300&z=12&m=b

O distrito de Rebouças, que mais tarde formaria o Município de Sumaré, foi um desmembramento do município de Campinas em 1954. Rebouças produ-zia café desde o século XIX, quando a região ainda era composta por grandes fazendas, que depois fo-ram desmembradas em pequenas propriedades ru-rais de acordo com as estratégias do Estado para incentivar colonização. O livro do Tombo da Paroquia de Santa Cruz, con-tem as primeiras referências documentais sobre o período de 1887, ano em que iniciou a edificação da capela no bairro de Rebouças. Nesse período o vigá-rio da Paroquia de Santa Cruz era o Padre João Ba-tista Nery. A inauguração da capela de Rebouças foi em 1889. Em 1904 foi construída outra capela já que

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a primeira não conseguia mais atender a população que crescia continuamente. Foi demolida em 1949 dando lugar a matriz atual no mesmo lugar. Desde o século XVIII, a região era um local de pas-sagem e pouso para tropeiros. Toda a produção de grãos, sobretudo o café, eram transportados no lom-bo de burros ou em carros de bois que sofriam com as dificuldades impostas pelo clima e pela topografia. Em 1875 é inaugurado o edifício da Companhia Pau-lista de Estradas de Ferro em Rebouças e nesse momento se inicia uma mudança na malha urbana deste distrito de Campinas, já que a Companhia ex-pande seus trilhos de Campinas a Rio Claro. A estrada de Ferro da Companhia Paulista e o prédio da estação ferroviária fomentariam o desenvolvimen-to dessa localidade que já existia dando continuidade a expansão atraindo pessoas pelas qualidades e fertilidades de suas terras. Mas foi somente após a construção da Estação de Rebouças que surge uma malha urbana que começa a conectar moradores do entorno.

Figura 16 – Imagem de satellite de parte da RMC com os limites atuais da cidade de Sumaré marcados pela linha

vermelha. Fonte: http://wikimapia.org/#lang=pt&lat=-22.900000&lon=-47.083300&z=12&m=b

Figura 17 – Imagem de satellite da cidade de Sumaré. Em amarelo esta representando o traçado de 2014, en-

quanto o vermelho mostra os limites da cidade em 1939 a partir de dados do IGC – SP. Fonte:

http://wikimapia.org/#lang=pt&lat=-22.900000&lon=-47.083300&z=12&m=b

4. Considerações Finais:

4.1 A forma urbana e sua relação com a origem das cidades Durante o estudo pudemos compreender a formação das cidades de Itatiba, Indaiatuba e Sumaré e a par-tir de visitas a campo e da pesquisa da cartografia histórica procurou-se entender a estrutura espacial dos núcleos urbanos em questão, cujo estudo possi-bilita a compreensão dos processos complexos de gênese e desenvolvimento histórico. Durante as visitas realizadas, a área central das ci-dades – que coincide com o núcleo urbano original - foi percorrida a pé. Ao realizar os percursos, o atual traçado das áreas centrais das cidades foi compara-do com a cartografia histórica levantada e desta ma-neira foi possível identificar os vestígios das forma-ções urbanas originais. As visitas foram documenta-das por fotos. No levantamento de documentação primária que in-forma dados relativos à formação dos traçados urba-nos dos municípios em questão a principal categoria de documentos levantados foram as plantas dos mu-nicípios estudados produzidas pelo IGC-SP, disponí-veis no Arquivo do Estado de São Paulo. A compa-ração das plantas com as fotos oblíquas também produzidas pelo IGC por volta de 1939, revela a for-ma urbana em um período em que a industrialização e a verticalização ainda não tinham alterado de for-ma tão significativa a paisagem destas cidades. Com relação a Itatiba e Indaiatuba, cuja origem de pode ser entendida através do sistema de criação de freguesias, podemos perceber que o traçado da área central que coincide com os locais de origem permanece vinculado à forma do patrimônio religio-so. As praças ligadas às matrizes ainda permanecem como espaços de referência no tecido urbano, sobre-tudo em Itatiba, por questões relacionadas à forma do relevo. No caso de Sumaré, a instalação da estação ferrovi-ária teve um papel muito marcante na definição do traçado urbano. O eixo entre a Matriz e a estação é marcante na paisagem urbana. De maneira sucinta podemos entender que para Aldo Rossi a cidade é entendida como arquitetura, basea-

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da na construção da cidade no tempo e na vida da coletividade. A arquitetura pode ser entendida como uma criação inseparável da vida civil e da sociedade em que se manifesta, sendo por natureza, coletiva. A cidade é estudada no livro a partir da relação entre o particular e o universal, entre o individual e o cole-tivo, entre o projeto racional da arquitetura urbana e os valores do locus. Aldo Rossi elabora uma teoria dos fatos urbanos, entendendo a cidade como artefa-to e estabelecendo uma divisão entre elementos pri-mários e área-residência. As permanências na cidade podem ser identificadas nos monumentos urbanos, que se colocam como elementos primários, pontos de referência da dinâ-mica urbana. Com isso é fácil perceber que esse estudo se baseia nos problemas e suas implicações relacionadas a ciência urbana como o conjunto das ciências humanas. Para o autor a ciência urbana é entendida como um capitulo da historia da cultura, dando uma atenção ao estudo das permanências. Para estudar a cidade, pode-se partir portanto de dois sistemas: o primeiro que considera a cidade como um produto de sistemas funcionais geradores de sua arquitetura e do espaço urbano; o segundo que a considera com uma estrutura espacial. No pri-meiro, a cidade nasce da análise de sistemas políti-cos, sociais e econômicos. O Segundo pertence a arquitetura e a geografia

AGRADECIMENTOS A orientadora da pesquisa Profa. Dra. Renata Baes-so Pereira, à FAPIC/Reitoria e à Pontifícia Universi-dade Católica de Campinas.

REFERÊNCIAS [1] Gennari, [1] CAMARGO, Luís Soares. Itatiba:

das origens até a emancipação política. Material disponível no Museu Histórico Municipal Padre Francisco de Paula Lima em fevereiro de 2014. Não publicado.

[2] CARVALHO, Nilson Cardoso de. Cronologia In-daiatubana. Indaiatuba: Fundação Pró Memória, 2009.

[3] GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Se-cretaria de Economia e Planejamento. Coorde-nadoria de Planejamento Regional. Instituto Ge-ográfico e Cartográfico do Estado de São Paulo, Quadro do desmembramento territorial – admi-nistrativo dos municípios paulistas. São Paulo: IGC – Instituto Geográfico e Cartográfico do Es-tado de São Paulo, 1995, 103p.: 2f dobradas (in bolso): Il., mapas.

[4] MARX, Murilo. Cidade no Brasil terra de quem. São Paulo: EDUSP/ Nobel, 1991.

[5] OLIVEIRA, Eliana C. A formação do distrito de Rebouças: origem do município de Sumaré; dis-sertação de Mestrado, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, 2008.

[6] ROSSI, Aldo. A Arquitetura da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1995.

[7] PEREIRA, Renata Baesso; MARQUES, Valqui-ria Salles Romero. Cultura arquitetônica e cons-trutiva nos ciclos do açúcar e do café: a casa se-de da Fazenda Pau Preto e a Igreja Matriz de In-daiatuba – SP. Anais do I Congresso Internacio-nal de História da Construção Luso-brasileira. UFES: Vitória – ES, 2013.

[8] PETRONE, Maria Thereza Schorer. A lavoura canavieira em São Paulo – expansão e declínio. São Paulo: Difusão europeia do livro, 1968.

[9] GODOY, João Miguel Teixeira de...[et al.]. Arqui-diocese de Campinas : subsídios para a sua his-tória. Campinas: Editora Komedi, 2004.

Sites: http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/home.php

http://www.igc.sp.gov.br/produtos/galeria_aerofotos.aspx