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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO CRISTINA DE CÁSSIA MABELINI DA SILVA FORMAÇÃO CONTINUADA DE DIRETORES DE ESCOLAS PÚBLICAS: POTENCIALIDADES E LIMITES SÃO PAULO 2014

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO

CRISTINA DE CÁSSIA MABELINI DA SILVA

FORMAÇÃO CONTINUADA DE DIRETORES DE

ESCOLAS PÚBLICAS: POTENCIALIDADES E LIMITES

SÃO PAULO

2014

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CRISTINA DE CÁSSIA MABELINI DA SILVA

FORMAÇÃO CONTINUADA DE DIRETORES DE

ESCOLAS PÚBLICAS: POTENCIALIDADES E LIMITES

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado

em Educação da Universidade Cidade de São Paulo

(Unicid), sob orientação da professora Doutora

Ângela Maria Martins, como requisito exigido para a

obtenção do título de Mestre em Educação.

SÃO PAULO

2014

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CRISTINA DE CÁSSIA MABELINI DA SILVA

FORMAÇÃO CONTINUADA DE DIRETORES DE ESCOLAS

PÚBLICAS: POTENCIALIDADES E LIMITES

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado

em Educação da Universidade Cidade de São Paulo

(Unicid), sob orientação da professora Doutora

Ângela Maria Martins, como requisito exigido para a

obtenção do título de Mestre em Educação.

Área de Concentração: Políticas Públicas em Educação

Data da defesa: 10/06/2014

Resultado: _________________________________

BANCA EXAMINADORA:

Prof.ª Dr.ª Ângela Maria Martins

Universidade Cidade de São Paulo (Unicid) ________________________

Presidente

Prof.ª Dr.ª Célia Haas

Universidade Cidade de São Paulo (Unicid) ________________________

Prof.ª Dr.ª Maria Cecília Luiz

Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) ________________________

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A Francisco, de Assis, pelo exemplo de vida!

A meu pai, onde quer que esteja... por ter despertado em mim

a importância de estudar!

A Bruno e Artur, que me ensinaram a ser mãe e a ter um

“novo olhar” para as crianças e jovens, nas escolas!

A Marcos, companheiro de longa jornada, com amor!

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AGRADECIMENTOS

Na expectativa de dividir a conquista deste mestrado, agradecer, simplesmente, me

parece pouco, diante de ações desencadeadas por pessoas que se mantiveram ao

meu lado desde o início do curso.

A influência, em minha decisão, de fazer o mestrado foi marcada por dois amigos

que não posso deixar de agradecer publicamente: o professor Pedro Magalhães, na

época responsável pelo programa Bolsa Mestrado na Secretaria de Educação do

Estado de São Paulo, grande incentivador e a professora Selma Gaspar que “me

pegou pela mão” e correu comigo para a Unicid, no último dia e nas últimas horas de

inscrição para o processo seletivo do ano de 2011.

Às professoras Leila, Zuleide e Maria de Lourdes, pela oportunidade de trabalhar no

órgão central e por terem despertado, em mim, ideias adormecidas!

À equipe do Centro de Planejamento e Gestão do Quadro do Magistério, em

especial, às professoras Eunice Turrini e Valéria Muhi, pelo apoio e incentivo.

À equipe da Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Professores do Estado de

São Paulo, por me convencer que, seguir em frente, era preciso.

Aos diretores de escolas que colaboraram para esta pesquisa.

À Drª. Adriana Campos, supervisora de ensino, pela leitura atenta e pelos

apontamentos realizados.

Às professoras Dr.ª Maria Cecília Luiz e Dr.ª Célia Haas, que participaram da Banca

de Qualificação e apontaram de forma delicada e firme os pontos de revisão no

trabalho em construção.

À equipe do Programa de Pós-graduação de Educação da Universidade Cidade de

São Paulo.

Em especial,

À minha mãe, pela força!

À professora Dr.a Ângela Maria Martins, pelos caminhos apontados e pela

confiança e amizade desenvolvidos no processo.

Minha homenagem!

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É no domínio da decisão, da avaliação, da liberdade, da

ruptura, da opção, que se instaura a necessidade da ética e se

impõe a responsabilidade.

Paulo Freire

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RESUMO

Este estudo tem como propósito examinar potencialidades e limites de ações de formação continuada de gestores ofertadas pela Secretaria de Estado da Educação de São Paulo (Seesp), em especial, as ações propostas e implementadas no programa denominado Formação Continuada de Professores e Gestores – Cenp, 2011. Os objetivos deste estudo abrangem o exame de diferentes concepções de autonomia, gestão escolar e participação, à luz da literatura científica; a análise de aspectos normativos e pedagógicos; além de levantar, sistematizar e analisar fontes primárias: as atas e os registros elaborados no processo de implantação e implementação do referido plano. São examinadas as opiniões de 29 diretores de escolas, sobre sua participação nas ações continuadas oferecidas nos 27 Núcleos de Formação constituídos para essa finalidade, assim como possíveis desdobramentos dessas ações na gestão escolar. Toma como referência teórica Barroso (1996) e Lima (2011), e analisa questões de participação, autonomia e gestão escolar, com base em estudos realizados por pesquisadores da área: Libâneo (2013); Martins (2002; 2007; 2011); Paro (2002). Elabora possíveis considerações sobre quais seriam os limites e as potencialidades das ações formativas de gestores ofertadas pelas Seesp, mais especificamente do Plano de Formação Continuada de Professores e Gestores.

Palavras-chaves: Formação continuada. Gestão escolar. Participação. Autonomia.

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ABSTRACT

This study aims to examine the potential and limits of actions of continuous management courses implemented by the Education Secretary of São Paulo (Seesp), in particular, the actions proposed and implemented in the program called "Continuing Education for Teachers and Managers – CENP, 2011". Seeks to examine opinions of 29 school principals on their participation in the actions of continuing education offered in 27 training centers set up for this purpose, as well as possible consequences of these actions in school management. Has as a theoretical reference Barroso (1996) and Lima (2011), and analyzes issues of participation, autonomy and school management based on studies conducted by researchers in the field of education as Libâneo (2013); Martin (2002, 2007, 2011); Paro (2002). Elaborates possible considerations about what would be the limits and potential of formative actions of managers offered by Seesp, more specifically the Plan Continuing Education of Teachers and Managers.

Keywords: Continuing Professional Studies. School Management. Participation. Autonomy.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Estrutura da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo ............................... 38

Figura 2 - Mapa da distribuição dos Núcleos de Formação no interior do Estado de São

Paulo..................................................................................................................................................... 53

Figura 3 – Mapa da distribuição dos Núcleos de Formação na capital do Estado de São

Paulo..................................................................................................................................................... 53

Figura 4 - Mapa da distribuição dos Núcleos de Formação na Grande São Paulo ............... 54

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Tipologia da participação .............................................................................................. 33

Quadro 2- Tipologia da não participação ....................................................................................... 35

Quadro 3- Formações oferecidos para gestores escolares, pela Seesp, após a criação da

Efap ...................................................................................................................................................... 41

Quadro 4 - Evolução dos resultados do Saresp entre 2010 e 2012.......................................... 43

Quadro 5 - Núcleos de Formação da capital, Grande São Paulo e do interior ....................... 50

Quadro 6- Organização dos encontros em 2013 ......................................................................... 59

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Número de encontros por Núcleo de Formação, em 2011 ...................................... 56

Gráfico 2- Representantes dos GRs por segmentos. Comparativo entre 2012 e 2013 ........ 58

Gráfico 3- Comparativo das dimensões da gestão escolar desenvolvidas nas formações

pelos grupos de referência da capital e interior, em 2013 ........................................................... 61

Gráfico 4- Faixa etária dos diretores entrevistados ..................................................................... 65

Gráfico 5- Distribuição dos diretores entrevistados, por gênero ................................................ 66

Gráfico 6- Tempo de magistério dos diretores entrevistados ..................................................... 67

Gráfico 7- Formação acadêmica dos diretores entrevistados .................................................... 67

Gráfico 8- Tempo de direção dos diretores entrevistados .......................................................... 68

Gráfico 9- Tempo de direção, na escola atual, dos diretores entrevistados ............................ 69

Gráfico 10- Tempo no Grupo de Referência dos diretores entrevistados ................................ 70

Gráfico 11- Localização da escola dos diretores entrevistados ................................................. 71

Gráfico 12- Número de alunos das escolas dos diretores entrevistados ................................. 71

Gráfico 13- Quantidade de professores, da capital/Grande SP e interior, das escolas dos

diretores entrevistados ...................................................................................................................... 72

Gráfico 14- Metodologia aplicada nas reuniões dos Núcleos de Formação............................ 74

Gráfico 15- Interação dos GRs das diferentes DERs .................................................................. 75

Gráfico 16- Interação do GR no Núcleo de Formação ............................................................... 76

Gráfico 17- Troca de experiências .................................................................................................. 77

Gráfico 18- Pertinência das temáticas para o desenvolvimento do trabalho na escola......... 78

Gráfico 19- Aplicabilidade, na escola, das ações de formação ................................................. 78

Gráfico 20- Dimensões da gestão .................................................................................................. 79

Gráfico 21- Participação dos diversos segmentos escolares nas decisões coletivas e no

desenvolvimento das ações ............................................................................................................. 80

Gráfico 22- Aprimoramento de conselho de classe e série ........................................................ 80

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Gráfico 23- Importância das ações implementadas de formação continuada ......................... 97

Gráfico 24- Tempo do grupo referência versus avaliação das ações implementadas de

formação continuada ......................................................................................................................... 97

Gráfico 25- Tempo do grupo de referência versus importância da metodologia aplicada nos

núcleos ................................................................................................................................................. 98

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APM Associação de Pais e Mestres

ATPC Aula de Ttrabalho Ppedagógico Ccoletivo

CCS Conselho de Classe e Série

CEPQM Centro de Planejamento e Gestão do Quadro do Magistério

CGEB Coordenadoria de Gestão da Educação Básica

CGRH Coordenadoria de Recursos Humanos

Cima Coordenadoria de Informação Monitoramento e Avaliação

Cise Coordenadoria de Infraestrutura e Serviços Escolares

Cofi Coordenadoria de Orçamento e Finanças

Degeb Departamento de Desenvolvimento Curricular e de Gestão da

Educação Básica

DER Diretorias de Ensino Regionais

DNP Diretor de Núcleo Pedagógico

Efap Escola de Formação de Professores

GR Grupo de Referência

Ideb Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

Idesp Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo

LDB Lei de Diretrizes e Bases

MEC Ministério da Educação e Cultura

PCNP Professor Coordenador de Núcleo Pedagógico

QAE Quadro de Agentes Escolares

QM Quadro do Magistério

QSE Quadro de Servidores da Educação

Seesp Secretaria de Educação do Estado de São Paulo

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 16

Algumas notas sobre o percurso metodológico......................................................... 19

CAPÍTULO I .............................................................................................................. 24

1.1 Diferentes concepções de autonomia, gestão escolar e participação: que diz a

literatura científica? ................................................................................................... 24

CAPÍTULO II ............................................................................................................. 36

2.1 Políticas públicas de formação continuada no Estado de São Paulo: aspectos

centrais ...................................................................................................................... 36

CAPÍTULO III ............................................................................................................ 64

3.1 Visão de diretores de escolas públicas estaduais paulistas sobre a formação

continuada: repercussões nas unidades escolares ................................................... 64

3.2 Caracterização das escolas ................................................................................ 71

3.3 Metodologia e conteúdos .................................................................................... 73

3.4 Sobre a participação e a não participação .......................................................... 74

3.5 Desdobramentos na escola ................................................................................. 77

3.6 Dimensões de Análise ..................................................................................... 82

3.6.1 Dimensão 1. Relevância das ações de formação continuada para a gestão

escolar ....................................................................................................................... 82

3.6.2 Dimensão 2. Usos das metodologias propostas com base na gestão escolar 85

3.6.3 Dimensão 3. Participação de professores, funcionários, alunos, pais,

comunidade, nas decisões da escola ........................................................................ 89

3.6.4 Dimensão 4. Possíveis mudanças na organização, realização e

encaminhamentos do Conselho de Classe e Série (CCS) ........................................ 94

3.6.5 Dimensão 5. Tempo de permanência no Núcleo de Formação e opinião sobre

o processo de formação ............................................................................................ 96

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CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 100

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 108

APÊNDICE A ........................................................................................................... 112

ANEXO A ................................................................................................................ 123

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INTRODUÇÃO

Minha trajetória profissional na área da Educação teve início em 1981,

com o ingresso no curso de Ciências Sociais, na Faculdade de Filosofia, Ciências e

Letras da Fundação Santo André. Em 1986, cursei História, na Faculdade de Filosofia,

Ciências e Letras de São Bernardo do Campo e, em 2001, Pedagogia, nas

Faculdades Integradas de Amparo, além de freqüentar cursos de especialização em

Administração Escolar, na Universidade de Nova Iguaçu (Unig), em 2000, e Gestão

Educacional, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 2007.

Paralelamente, de 1982 a 2007, exerci a docência no ensino de 1o e 2o

graus, hoje Ciclos II (Intermediário – 4o ao 6o anos), III (Final – 7o ao 9o anos)1 e no

Ensino Médio, lecionando as disciplinas de História, Geografia, Educação Moral e

Cívica (EMC), e Organização Social e Política do Brasil (OSPB). De 1997 a 2001,

exerci a função de professora coordenadora pedagógica. Em 2001, fui designada vice-

diretora; entre 2002 e 2003, nomeada, via concurso público, para o cargo de diretora

de escola e, em 2004, também via concurso público, nomeada supervisora de ensino.

Desde 2011, trabalho como técnica na Secretaria de Educação do Estado

de São Paulo (Seesp); a princípio, na Coordenadoria de Estudos e Normas

Pedagógicas (Cenp), que, a partir do Decreto 57.141/2011, passou a fazer parte da

Coordenadoria de Gestão da Educação Básica (CGEB) e, atualmente, trabalho na

Escola de Formação dos Professores Paulo Renato Costa Souza (Efap).

Nessa trajetória de trabalho, durante o tempo em que atuei em sala de

aula, vivenciei situações cotidianas pautadas na relação professor e professor

coordenador, professor e diretor de escola, que me fizeram refletir e buscar caminhos

para atuar na gestão escolar, com as equipes, na perspectiva de realizar um trabalho

diferente da vivência prática como professora e que colaborasse na aprendizagem

dos estudantes.

1No período da pesquisa, a Seesp reorganizou o Ensino Fundamental. Vide: Resolução SE 74, de 8

de novembro de 2013. Dispõe sobre a reorganização do Ensino Fundamental em Regime de Progressão Continuada, oferecidos pelas escolas públicas estaduais e dá outras providências.

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Nesse percurso, primeiro nas escolas e depois na Diretoria de Ensino,

deparei-me com a necessidade e a importância da formação continuada em serviço

para o desenvolvimento de práticas gestoras no cotidiano escolar com vistas a

promover avanços no processo de ensino-aprendizagem.

No início de 2011, a Seesp desenvolveu ação, com as Diretorias de

Ensino, organizadas em Polos2, da qual participei como supervisora de ensino da

Diretoria da Região de Capivari. O objetivo foi organizar encontros com os diversos

segmentos da rede pública estadual e ouvir seus representantes, de forma a avaliar

e redirecionar suas ações. Paralelamente, a Cenp, um dos órgãos da Seesp, antes

do Decreto 57.141/20113, deu início à organização de um grupo técnico formado por

supervisores de ensino, diretores e professores coordenadores, lotados no órgão

central, visando discutir com a rede pública a gestão escolar e realizar a formação

continuada de gestores. O referido grupo colaborou na elaboração do Plano de

Formação Continuada de Professores e Gestores (SEESP/CENP, 20114), no âmbito

da formação dos gestores, contudo, a formação dos professores ficou a cargo da

equipe técnica curricular da Cenp, que, com a reestruturação da Seesp, passou a

fazer parte do Centro dos Anos Iniciais e Finais (Cefaf) da Coordenadora de Gestão

da Educação Básica (CGEB).

Para estruturar esse Plano de Formação, a equipe técnica de gestão

propôs a divisão das 91 Diretorias de Ensino (DEs) do Estado de São Paulo em 27

Núcleos de Formação5 que cobrem todo o território paulista (12 na capital e Grande

São Paulo e 15 no interior) e onde se reúnem os integrantes dos Grupos de

Referência (GR), compostos por profissionais de cada DE integrante do Núcleo de

Formação (supervisores de ensino, diretores de escolas e professores

coordenadores)6.

2 A Seesp organiza sua estrutura administrativa em 91 Diretorias de Ensino (DEs), espalhadas pelo

estado de São Paulo, conforme apresentado em organograma no Capítulo II desta dissertação. As Diretorias de Ensino estão agrupadas em 15 polos, cujo principal critério é a proximidade geográfica. 3

Decreto 57.141, de 18 de julho de 2011. Reorganiza a Secretaria da Educação e dá providências correlatas. 4

O referido plano foi institucionalizado legalmente por meio do Comunicado Cenp, de 11 de julho de 2011, publicado no Diário Oficial de 12 de julho de 2012. Plano de Formação Continuada de professores e gestores. 5 Os Núcleos de Formação são espaços descentralizados para a formação de gestores. Abrigam de

duas a sete DE, considerando a proximidade geográfica, o somatório de escolas a elas jurisdicionadas e a quantidade de escolas prioritárias. (SEESP/CENP, 2011, p. 16). 6 Configuração original. Em 2012, foi incluído o diretor de Núcleo Pedagógico, função criada pelo

Decreto 57.141/2011.

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Assim, a formação continuada de gestores escolares ocorre nos 27

Núcleos de Formação7, com desdobramentos nas DEs, de forma descentralizada e

nas dependências dos órgãos centrais da Seesp, por meio de orientações técnicas

centralizadas (SEESP/CENP, 2011).

São objetivos da ação de formação de gestores:

1. Desenvolver um trabalho sistemático com todos os envolvidos no processo de formação, com a finalidade de discutir a gestão em seus aspectos teóricos, fundamentos legais e práticas de gestão. A reflexão a ser desenvolvida terá como centralidade as atividades realizadas pelos gestores nas Diretorias de Ensino e Escolas, enfocando a organização do trabalho e o seu envolvimento com a atividade cotidiana dos professores do Ensino Fundamental e Ensino Médio. 2. Ressignificar as práticas de gestão a partir de um processo contínuo da ação-reflexão-ação, articulando teorias e práticas. O ponto de partida será as questões cotidianas, os problemas e as dificuldades que afetam a atuação do gestor, nos diversos espaços de atuação. 3. Implementar novas práticas de gestão escolar no âmbito da atuação relacionada à organização, orientação e planejamento de atividades didático-pedagógicas nas salas de aula, atividades de recuperação, de enriquecimento curricular e ao processo de formação continuada da equipe escolar, em especial nos momentos de trabalho coletivo na escola, sobretudo na Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo, HTPC. (SEESP/CENP, 2011)

Tomando por referência, portanto, o Plano de Formação Continuada de

Professores e Gestores, este estudo pretende discutir duas questões centrais: quais

são os limites e as potencialidades das ações formativas de gestores ofertadas pela

Seesp, na visão dos diretores que participaram do processo formativo; e se ocorrem

desdobramentos dessas ações no espaço escolar.

A pesquisa apresenta como objetivo geral identificar e analisar a visão de

diretores escolares da rede paulista de ensino sobre sua participação nas ações de

formação continuada ofertadas pela Seesp, em espaços instituídos para essa

finalidade, denominados Núcleos de Formação, constituídos a partir de julho de

2011, no Estado de São Paulo.

Os objetivos específicos são:

1. Examinar diferentes concepções de gestão escolar, autonomia e

participação, à luz da literatura científica;

7 Ver mapa com a distribuição geográfica no Capítulo II.

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2. Analisar aspectos normativos e pedagógicos do Plano de Formação

Continuada de Professores e Gestores - 2011;

3. Levantar, sistematizar e analisar fontes primárias: as atas e os registros

elaborados pelo CEPQM da Seesp.

No primeiro capítulo, são discutidas diferentes noções de autonomia,

gestão escolar e participação, no âmbito das políticas educacionais

contemporâneas, com base em literatura científica que trata do tema; o segundo

capítulo aborda aspectos centrais das políticas de formação continuada da Seesp,

detalha o Plano de Formação Continuada de Professores e Gestores e relata seu

processo de implantação e implementação; o terceiro analisa a visão de diretores

escolares sobre sua participação na ação de formação e como veem os

desdobramentos desse processo de formação nas escolas por eles administradas.

Algumas notas sobre o percurso metodológico

Inserida no Campo das Ciências Humanas, esta pesquisa é um estudo

qualitativo e exploratório. É traçado um caminho possível, utilizando a análise de

textos científicos e institucionais, além de coleta e registros de dados, com o intuito

de, como nos orienta Goldenberg (1997, p. 13), “(re)aprender a olhar”, “olhar

cientificamente”, com o objetivo de demonstrar que o conhecimento produzido é

relevante e fidedigno socialmente (LUNA, 2009, p. 15). Espero, assim, contribuir

para aprofundar o debate em torno da gestão escolar, com foco na participação dos

diversos segmentos que compõem as equipes das escolas públicas do Estado de

São Paulo.

Na medida em que me afasto da posição de técnica lotada no órgão

central da Seesp envolvida, a princípio, no planejamento e na execução dessa ação

de formação, objeto da pesquisa, para adotar a posição de pesquisadora, percebo a

importância da pesquisa, da reflexão sobre a prática e os condicionantes envolvidos

na implantação e implementação do Plano de Formação Continuada de Professores

e Gestores.

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20

O esforço em descrever o objeto com o distanciamento necessário para o

conhecimento científico possibilitou reflexões importantes para a construção da

dissertação, rompendo com respostas prontas sobre o desenrolar da ação de

formação que poderiam ser oferecidas antes de realizado este trabalho. Embasada

em Duarte (2002, p.140), penso que:

(...) muitas vezes nos esquecemos de relatar o processo que permitiu a realização do produto. É como se o material no qual nos baseamos para elaborar nossos argumentos já estivesse lá, em algum ponto da viagem, separado e pronto para ser coletado e analisado: como se os “dados da realidade” se dessem a conhecer, objetivamente, bastando dispor dos instrumentos adequados para recolhê-los.

Construir esse caminho é desafiador e gratificante!

Como já citado, no início de 2011, a equipe da Seesp iniciou um processo

de reuniões com os diversos segmentos da rede pública estadual (dirigentes

regionais de ensino, supervisores, professores coordenadores de oficinas

pedagógicas, diretores de escolas, vice-diretores, professores coordenadores,

professores, secretários de escolas, e funcionários das DEs e escolas). Na época,

como supervisora de ensino na Diretoria de Ensino Regional (DER) Capivari,

trabalhei na organização desse processo no âmbito da DER.

Para isso, ocorreram reuniões com os diversos segmentos para discutir

as atribuições, condições de trabalho, necessidades de mudanças, que culminaram

na elaboração de materiais para as reuniões de polo8. Foram também eleitos

representantes dos diversos segmentos, para a reunião com o secretário de Estado

da Educação, que aconteceu no dia 22 de fevereiro de 2011, nas dependências da

Escola Estadual Culto à Ciência, no Município de Campinas.

Nessas reuniões, uma das principais preocupações levantadas pelos

segmentos dos supervisores de ensino, diretores, professores coordenadores das

oficinas pedagógicas e das escolas, dizia respeito a não “chegar às salas de aulas”

o processo de formação continuada oferecido pela Seesp, em forma de cursos,

orientações técnicas, seminários, palestras, dentre outros.

8 A Seesp organiza as DEs em grupos regionalizados, denominados polos.

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21

A partir das demandas levantadas nessas reuniões de trabalho nas DEs e

nas reuniões de polo descritas, movimentos que possibilitaram ouvir parte da rede

pública estadual, e dos resultados de avaliações externas, como o Índice de

Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e o Índice de Desenvolvimento da

Educação do Estado de São Paulo (Idesp), as equipes Curriculares e de Gestão da

extinta Cenp elaboraram, durante o primeiro semestre de 2011, o Plano de

Formação Continuada de Professores e Gestores. Destaca-se a ação de formação

continuada de gestores, da qual participei, no papel de técnica da Cenp, do

planejamento, da implantação e implementação e cujos desdobramentos da

proposta, na opinião dos diretores de escolas, será objeto de análise desta

pesquisa.

Inicia-se aqui o desafio de apresentar essa ação com olhar científico; sair

do conhecido rumo ao desconhecido; identificar sonhos e realidades; e vencer o

medo, afinal, como nos ensina Goldenberg (2004, p.13):

Nenhuma pesquisa é totalmente controlável, com início, meio e fim previsíveis. A pesquisa é um processo em que é impossível prever todas as etapas. O pesquisador está sempre em estado de tensão porque sabe que seu conhecimento é parcial e limitado — o "possível" para ele.

.

É importante esclarecer que a minha participação, nesse processo, não

foi movida por uma crença ingênua de que boas intenções/ações, sozinhas, podem

mudar a educação e que está nas mãos da gestão escolar a transformação de todas

as escolas em “oásis” de saber e de qualidade educacional. Isso seria negar a

história e os fatores econômicos, sociais, políticos, culturais, de um mundo

globalizado, movido por interesses de classes e pela manutenção, adequação, pelo

fortalecimento de um sistema econômico, além de responsabilizar educadores por

questões que estão além do seu alcance. Como orienta Barroso (1996, p.10), não

devemos: “(...) reduzir os problemas das escolas a problemas de gestão, como

forma de escamotear a complexidade da escola enquanto organização e a

conflitualidade ideológica, política e social a ela inerentes”.

O que me motiva é discutir e analisar possibilidades de gestão escolar

implementadas com participação. Como aponta Martins (2011, p. 26):

(...) é imprescindível analisar as questões que afetam a gestão e a autonomia escolares como um processo complexo. (...) Ao elaborar as diretrizes políticas para a educação, o executivo estabelece metas cujo

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sucesso dependerá do grau de adesão formal, de compreensão ou de convencimento de atores alocados no interior dos órgãos responsáveis pela implementação dos programas de governo. (...) A expectativa, sempre, é de que a qualidade do ensino melhore, (...) que os quadros do magistério apresentem um desempenho diferenciado, autônomo e capaz de solucionar os problemas que afetam a escola.

É motivador poder compreender a complexidade dessas questões a partir

do estudo da ação de formação proposta no Plano de Formação Continuada de

Professores e Gestores.

Iniciei este trabalho levantando e discutindo a bibliografia pertinente ao

tema, com o objetivo de construir referenciais teóricos que amparassem a pesquisa.

Concomitantemente, analisei o “Plano de Formação Continuada de Professores e

Gestores” com foco na formação de gestores, conforme se discute adiante,

priorizando suas diretrizes e princípios. Na sequência, levantei, sistematizei e

analisei os registros e atas das ações de formação, elaborados pela equipe do

CEPQM, do Departamento de Desenvolvimento Curricular e Gestão da Educação

Básica (Degeb), da Coordenadoria de Gestão da Educação Básica (CGEB).

Cabe destacar aqui, que durante dois anos trabalhei, no órgão central, na

implantação e implementação dessa ação de formação: no ano de 2011, na

elaboração do referido Plano e nos encontros descentralizados nos Núcleos de

Formação 1 e 2 do Interior, 8 da capital, e em duas reuniões no Núcleo 59, também

da capital, num total de 26 reuniões, vivenciei a metodologia, colaborei na

construção dos Planos de Formação desses GRs, acompanhei os desdobramentos

nas Diretorias de Ensino Regionais (DER) e escolas cujos diretores faziam parte

desses GR. No ano de 2012, como diretora do CEPQM, CGEB, participei da

coordenação central desse trabalho, colaborando na organização do plano de ação

e viabilizando o processo. Portanto, colaborei na elaboração de parte das atas e

registros aqui mencionados.

Por fim, foi enviado um questionário semiestruturado para ser respondido

por dois diretores de escolas dos 27 Núcleos de Formação das Diretorias de Ensino.

O objetivo inicial era, portanto, aplicar o questionário a 54 diretores, porém, apenas

29 se dispuseram a respondê-lo, dos quais a maioria – 65%– são diretores de

escolas do interior, localizadas em área urbana.

9 Sobre os Núcleos de Formação ver Quadro 2

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Embora trabalhando como técnica na Cenp e, depois, do CEPQM, é

importante destacar o percurso, enquanto pesquisadora, com o objetivo de sinalizar

os caminhos para a realização desse trabalho.

O primeiro passo foi solicitar autorização da coordenação da CGEB para

realizar a pesquisa e utilizar os registros efetuados pelo CEPQM. Toda a equipe

tinha ciência do trabalho.

No processo, a pesquisa foi registrada na Plataforma Brasil e autorizada

pelo comitê de ética, sob o registro CAAE 16283113.3.0000.0064. Para tanto, uma

série de documentos foi solicitada, dentre eles a manifestação favorável da

Subsecretaria de Articulação Regional (Sarerg), órgão da Seesp responsável pelas

DERs que respondem pelas escolas a elas jurisdicionadas.

Os dados utilizados, como registros, memórias de reuniões, atas, dentre

outros, estão disponibilizados no CEPQM e podem ser consultados mediante

solicitação à CGEB. As coordenadorias e os centros estão vinculados à Seesp,

como apresento adiante. Nas 91 DERs do Estado de São Paulo, também existem

registros da ação de formação que podem ser consultados, a partir de solicitação ao

dirigente regional de ensino, sobre os procedimentos para acesso às informações. É

importante destacar, também, que o acesso às informações públicas está amparado

pela Lei 12.527/201110.

10Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5

o, no inciso II do § 3

o do art. 37 e no § 2

o do art. 216 da Constituição Federal; e dá outras

providências.

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24

CAPÍTULO I

1.1 Diferentes concepções de autonomia, gestão escolar e participação: que

diz a literatura científica?

Este capítulo contém breve discussão em torno de diferentes concepções

de autonomia, gestão escolar e participação, com o objetivo de construir aportes

teóricos e conceituais para o estudo.

Assim, com base no pensamento de Barroso (1996), Libâneo (2013),

Martins (2002, 2007, 2011), Paro (2002), sobre autonomia e gestão escolar; e de

Lima (2011), proposto no modelo multifocalizado de análise e na reflexão e

discussão sobre as questões da participação nas escolas, busca-se apresentar e

discutir parte da literatura que vem abordando a complexidade de que se reveste a

gestão escolar no escopo das políticas educacionais contemporâneas, com vistas a

fundamentar uma abordagem que permita analisar ações de formação continuada

de gestores, neste caso, implementadas pela Seesp.

Segundo Martins (2002, p. 212),

no âmbito social e político o tema da autonomia emergiu ao longo da última metade do século XIX, particularmente na Comuna de Paris, em 1871, e, durante as primeiras décadas do século XX, transformou-se na bandeira de luta de diferentes movimentos operários.

Ainda de acordo com a autora (MARTINS, 2002, p. 220),

autonomia é um paradigma que orienta a superação de antagonismos fundantes das relações sociais de produção: a divisão entre o trabalho intelectual e manual; a cisão entre quem decide e quem executa; a separação entre dirigentes e dirigidos, enfim, indica uma nova distribuição de poder.

Nos anos 80, o tema da autonomia surge na perspectiva de promover

uma educação de liberdade visando à reorganização da escola com base na ideia.

Nessa perspectiva, a liberdade conduziria a novas formas de organização da vida escolar, pois não se tratava apenas da liberdade de a criança aprender de forma criativa e diferente, mas, sim, do estabelecimento de mecanismos de gestão da própria escola que conduziriam a um projeto

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pedagógico libertário para toda a comunidade escolar (MARTINS, 2002, p. 225).

No Estado de São Paulo, particularmente, as diretrizes oficiais passam a

indicar a necessidade de se romper com a tradição centralizada, burocratizada e

antidemocrática de administração, planejamento e avaliação no âmbito educacional

(MARTINS, 2002, p. 229). Entretanto tais diretrizes podem configurar paradoxos.

Fundamentada na concepção de Castoriadis acerca da autonomia, Martins (2002, p.

223) afirma que esse processo:

(...) permanece uma eterna possibilidade, isto é, um eterno vir a ser, aguardando sempre o momento de conquistar concretude: a mesma tensão social que alimenta seu processo de construção, paradoxalmente o desconstrói ao ressignificá-lo. As condições objetivas sociais e econômicas oferecem as possibilidades, mas, concomitantemente, os limites ao seu desenvolvimento e exercício, constituindo um paradoxo.

Embora exista essa tendência para o reforço da autonomia da escola em

vários países, ela acontece de modos e graus diferentes, dependendo das

características políticas, econômicas e sociais e da organização da educação das

regiões.

Nesse processo, Barroso (1996, p.01) aponta para dois tipos de

autonomia: a decretada e a construída. Para o autor, a autonomia decretada,

baseada nos pressupostos do school based management11 está relacionada à

transferência de poderes e funções do nível central para as escolas, seja nas figuras

dos gestores escolares, dos conselhos escolares, como também dos pais de

alunos12. Assim, a partir de legislações e normatizações estabelecidas pelos órgãos

centrais que orientam para a ação, descentraliza-se, delegando-se autonomia às

escolas.

Segundo Caldwell (1993) apud Barroso (1996), um dos elementos

centrais desse tipo de autonomia consiste na possibilidade de as escolas poderem

decidir e alocar determinados recursos, como conhecimentos, tecnologia, materiais,

11 Movimento surgido nos países de língua Inglesa, em particular, nos Estados Unidos da América (EUA), em algumas províncias do Canadá, na Inglaterra e no País de Gales, objetiva a descentralização de ações centrais para as escolas, gerando autonomia. Grande parte dessas medidas foi tomada no contexto de reformas educativas mais vastas, das quais a mais conhecida é o Educacion Reform Act, de 1988. 12

No estado de São Paulo, são instituídos os seguintes conselhos: Conselho Escolar, Conselho de Classe/Ano, e as instituições: Associação de Pais e Mestres (APM) e o Grêmio Escolar, previstas no Regimento Escolar (Parecer 67/1997).

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pessoas, tempo e dinheiro, cuja execução é controlada por prestação de contas,

além da descentralização e desburocratização dos processos participativos, com o

compartilhamento de deliberações no interior da escola e aumento de contribuição

dos pais nas tomadas de decisões.

Pode-se afirmar que organizar a educação com vistas à autonomia vai

além dos atos de descentralizar e desburocratizar a decisão e o uso de recursos.

Para além da autonomia decretada, e considerando que a autonomia das

redes públicas de ensino é pautada por possibilidades e limites, uma vez que estão

organizadas por um conjunto de regras e normas estabelecidas em contexto

heteronômico, a autonomia é construída em processo na gestão das escolas, nas

suas organizações pedagógica e administrativa. Segundo Barroso (1996), as

escolas desenvolvem (e sempre desenvolveram) formas autônomas de tomadas de

decisões, em diferentes domínios. É uma autonomia que surge do equilíbrio de

forças entre detentores de influências externa e interna: poder central e equipes

escolares, ou seja, das orientações para a ação e do plano de ação (LIMA, 2011)

desenvolvido na escola, para a escola.

Assim, a partir das regras pré-estabelecidas, a escola se organiza, se

programa, planeja suas ações. Por isso, com base na literatura aqui examinada,

quanto mais a escola reelabora essas normas e as orientações recebidas para a

ação, quanto mais organiza o trabalho coletivo e a proposta pedagógica, a

participação e a distribuição de lideranças, reelaborando seu próprio plano de ação

organizacional (LIMA, 2011), mais o diretor escolar se aproxima de uma gestão

participativa, implementada com autonomia.

Entretanto, estudos apontam para o fato de que não existe autonomia da

escola sem a participação de seus membros, ou seja, sem que os interesses, as

expectativas, os objetivos de pais, alunos, professores, funcionários e comunidade

sejam considerados, valorizados e utilizados, a partir de um conjunto de ações

coordenadas pelo diretor da escola, pois, como aponta Martins (2002, p. 155), “as

possibilidades e limites para o exercício da autonomia são dados, historicamente,

por um conjunto de fatores. Ela só pode ser definida, portanto, como relação social”.

A autonomia do sujeito precisa ser colocada a serviço de determinados

objetivos da organização e, para que se construa um processo coletivo de mudança,

é preciso buscar caminhos para: promover na escola uma cultura de colaboração e

participação; desenvolver na escola formas diversificadas (individuais e coletivas) de

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liderança; aumentar o conhecimento, dos próprios membros da organização, de

seus modos de funcionamento, regras, estruturas, enfim, usar a formação

continuada em serviço em prol da construção da autonomia.

Assim, é prudente discutir aspectos relacionados à organização do

trabalho da gestão escolar enquanto elemento facilitador da construção da

autonomia e da participação na unidade escolar. É importante salientar que o termo

gestão escolar é aqui utilizado na perspectiva de ampliar a dimensão do trabalho do

diretor escolar considerando a democratização, a participação e a construção do

processo pedagógico, a partir de ações articuladas na escola.

Lima (2011), com base em uma abordagem sociológica que valoriza a

ação e seu contexto específico, considera a escola como unidade social e a ação

pedagógica nela desenvolvida como uma ação organizada capaz de valorizar os

elementos contidos nas macroestruturas e nas microestruturas, que se articulam e

são reconstruídos pelas equipes escolares. Nessa concepção, a escola, enquanto

organização educativa, é marcada profundamente por heterogêneos e diversificados

interesses, valores e projetos, que afetam sua gestão.

Nas palavras de Libâneo (2013, p. 223):

(...) a melhor concepção de funcionamento de uma escola é aquela que a toma como uma organização coletiva, que procura instituir um sistema de interações entre seus membros na base do compartilhamento de valores comuns, objetivos comuns, problemas comuns, por meio de práticas colaborativas: projetos comuns, elaboração conjunta de planos de ensino e de tarefas de aprendizagem.

Para organizar uma escola apoiada nos princípios defendidos por

Libâneo, os profissionais da educação, como aponta Lima (2011 p.14), a partir de

Fusarelli, Kowalski e Petersen (2011), devem voltar-se para o desenvolvimento de

um trabalho participativo, baseado no conceito de “liderança distributiva”, num

contexto educativo que ensaia a democracia deliberativa, a participação ativa, a

partilha de poderes, numa perspectiva sociocomunitária, como sendo:

(...) o único capaz de responder às exigências que hoje se colocam a uma escola mais autônoma e deliberativa, capaz de responder positivamente a toda gama de novos problemas que enfrenta e à diversidade social e cultural, sem precedentes, de seu público (LIMA, 2011, p. 14).

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Nesse contexto, o trabalho do diretor de escola, seu conhecimento dos

processos organizacionais, de currículo e metodologias de ensino, da cultura e

realidade local, articulados aos procedimentos dialógicos, participativos, coletivos,

são de fundamental importância para a construção da autonomia da/na escola.

As diretrizes apontadas no Plano, definem que:

(...) a formação continuada de professores e gestores deverá levar em conta não apenas a fundamentação teórica e a legislação pertinente ao processo educativo, mas também os demais aspectos do cotidiano escolar que interferem e são parte constitutiva da prática curricular diária, que precisa cada vez mais estar articulada às questões colocadas pela sociedade, em especial pela comunidade local, devido à complexidade da vida contemporânea e da necessidade de ir além dos papéis tradicionais de transmissão de conteúdos pelos professores e de administração pelos gestores (SEESP/CENP, 2011).

Assim avançando nas concepções sobre a escola e seu funcionamento,

duas questões sobre a organização do trabalho do diretor escolar - que podem

interferir diretamente na organização do trabalho da escola de forma coletiva,

dialógica e participativa ancorado em um processo de formação continuada -

precisam ser debatidas. A primeira, como aponta Paro (2000), diz respeito ao

trabalho administrativo considerado separadamente do trabalho pedagógico. A

segunda, como apontam Paro (2000), Lima (2011) e Libâneo (2013), refere-se à

discussão sobre a participação efetiva para construir propostas coletivas de trabalho

com foco na aprendizagem dos estudantes.

Sem desconsiderar o trabalho administrativo, necessário para que a

escola funcione, mas atribuindo-lhe um caráter racional e burocrático, dentro da

dimensão que dá suporte ao trabalho pedagógico, cabe aos diretores organizar o

trabalho de modo a articular os níveis administrativo e pedagógico, onde o primeiro

organiza, administra, executa, em função do segundo. Assim como orienta Paro

(2000, p.07): “(...) se administrar é utilizar racionalmente os recursos para a

realização de fins determinados, administrar a escola exige a permanente

impregnação de seus fins pedagógicos na forma de alcançá-los”.

Organizar o trabalho da/na escola, considerando as necessidades

administrativas e saber como desenvolver o trabalho pedagógico e, mais do que

isso, articular o trabalho administrativo com o trabalho pedagógico, é uma tarefa

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árdua para o diretor de escola e requer a formação inicial e continuada desses

profissionais.

De acordo com Paro (2000, p. 20), aceitar a ideia de que é simples

construir o trabalho coletivo é ter uma visão ingênua de escola, como um local onde

não existem interesses de grupos, onde as questões relacionadas ao autoritarismo e

à autoridade estão plenamente resolvidas e todos vivem em harmonia. Nas palavras

do autor:

Com relação aos interesses dos grupos, há certa concepção ingênua que toma a escola como uma grande família, onde todos se amam e, bastando um pouco de boa vontade e sacrifício, conseguem viver harmoniosamente, sem conflitos.

No que se refere às questões que envolvem a participação, além de

interesses de grupos, as pessoas são movidas por interesses pessoais, que

condicionam a participação e a não participação13 (LIMA, 2011), o que interfere na

construção do trabalho coletivo, na construção e execução de um projeto de escola,

enfim, da gestão democrática, na liderança distributiva, no fortalecimento do trabalho

coletivo, no desenvolvimento de projetos, dentre outros aspectos. Como afirma Paro

(2011), a democratização se faz na prática; é um exercício do dia a dia. Diante dos

fatores que influenciam esse exercício democrático no cotidiano, o autor aponta que:

a escola pública, como acontece em geral com as instituições numa sociedade autoritária, é organizada com vistas a relações verticais, de mando e submissão, em detrimento das relações horizontais, de cooperação e solidariedade entre as pessoas (PARO, 2000, p. 22).

Libâneo (2013) assinala alguns aspectos que podem ser considerados

nas mudanças das práticas de gerenciamento escolar, tendo em vista a gestão

democrática e participativa, a serviço do processo ensino-aprendizagem: as práticas

de organização e gestão devem estar voltadas à aprendizagem dos alunos; a

qualidade do ensino depende do exercício eficaz da direção e da coordenação

pedagógica; a organização e a gestão implicam a gestão participativa; a existência

de um projeto pedagógico curricular bem concebido e executado de forma eficaz; a

atividade conjunta dos professores na elaboração e avaliação das atividades de

ensino; a gestão da escola atrelada a atividades de formação continuada.

13

Licínio Lima, em seu livro A escola como organização educativa: uma abordagem sociológica, oferece uma

tipologia para a análise da participação e da não participação nas organizações educacionais.

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O Plano de Formação Continuada de Professores e Gestores é baseado

nas ideias de Thiollent (2011), Pimenta (2005), Lück (2002), Morin (2001), dentre

outros, e apresenta como objetivos:

Refletir sobre o processo educativo nas escolas, consubstanciado nas práticas curriculares e de gestão escolar.

Analisar as diferentes práticas curriculares nas escolas, bem como o uso de materiais de apoio didático, as formas de avaliação contínua da aprendizagem dos alunos, as propostas de recuperação e de enriquecimento curricular.

Realizar uma política de formação continuada de educadores que atuam em todos os níveis e modalidades de ensino.

Privilegiar a escola como local das ações de formação continuada do educador (professor e equipe gestora) (SEESP/ CENP, 2011).

No entanto, Barroso (1996) afirma que equipes gestoras bem preparadas,

com práticas democráticas e participativas, podem não significar educação de

qualidade para seus estudantes e sucesso para a escola, uma vez que são muitas

as variáveis sociais, políticas, econômicas, culturais, dentre outras, envolvidas, sem

o trabalho planejado, articulado e coletivo dessas equipes.

Como já citado, nesse processo de organização coletiva de uma escola,

há diferentes formas de participação dos sujeitos envolvidos, assim como a

necessidade de compreender a proposta expressa no Plano de Formação

Continuada de Professores e Gestores, suas relações com a autonomia e influência

nas possibilidades e nos limites da sua implementação voltada para aperfeiçoar

práticas de gestão.

Do ponto de vista analítico, Lima (2011) considera dois planos distintos

para as escolas dos sistemas centralizados de ensino: o plano das orientações para

a ação organizacional e o plano da ação organizacional. Segundo o autor, interessa

considerar modelos teóricos conceituais, para o estudo da escola enquanto

organização educativa, possibilitando sua descrição, mas, sobretudo, com o objetivo

de promover sua compreensão e interpretação, apontando para a análise

multifocalizada das organizações educativas.

Para a construção de uma abordagem sociológica dos modelos

organizacionais da escola pública nos sistemas de ensino centralizados, Lima (2011)

inspira-se na proposta de estudo de “quatro faces das organizações educacionais”

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desenvolvidas por Per-Erik Elltrön (1983), que propõe quatro modelos teóricos14

para análise: Político, Sistema Social, Racional e Anárquico. Por considerar que o

modelo de sistema social está inserido no modelo racional, assim como o modelo

político está contido no modelo anárquico, o autor concentra mais atenção nos

modelos racional (dentro de uma perspectiva burocrática) e anárquico organizado

(numa perspectiva que contempla a organização e os atores, a ação organizacional

e outros tipos de ações e regras).

Segundo ele, a escola, considerada como uma organização complexa,

heterogênea, marcada pela diversidade de interesses, projetos e fenômenos de

liderança, pelos jogos de poder, transita no eixo das ações da burocracia racional,

refletida no plano das orientações para a ação, para a anarquia organizada,

traduzida no plano da ação organizacional. Em outros termos, os modelos

organizacionais são o somatório do que é decretado, interpretado e recriado. Quanto

mais a escola se afasta do controle burocratizado, da normatização, da organização

formal e se aproxima da reelaboração das normas, da adaptação das mesmas à sua

realidade, da organização informal, mais autônoma ela se torna. Como afirma Lima

(2011, p. 62), “a escola poderá ser um lócus de reprodução como também de

produção de regras”.

A análise de uma organização escolar requer estudo aprofundado das

ações, dos sujeitos, dos fenômenos de liderança, de jogos de poder, do tempo, do

espaço e das concepções sobre educação, assim como dos contextos social,

político, econômico, cultural em que está inserida. Portanto, são muitas as variáveis

que nos remetem à identidade e singularidade das escolas15.

Tomando como referência o pensamento de Lima (2011) sobre a

relevância da análise multifocalizada para a compreensão das organizações

escolares, é possível discutir limites e potencialidades de ações formativas de

gestores ofertadas pela Seesp.

O Plano de Formação Continuada de Professores e Gestores estabelece

como premissa a participação, entendida como um princípio democrático,

14

Os quatro modelos propostos por Per-Erik Elltrön (1983), mais do que destacarem dimensões exclusivas, são complementares entre si. 15

O caráter singular da escola não pode ser compreendido como insular, ou seja, a escola não é uma instituição fechada em si mesma. As escolas são únicas porque a análise das características macroestruturais e microestruturais, a realidade e a especificidade de cada uma delas dão conta de que, apesar de pertencerem a uma rede de ensino, apresentam características específicas que atribuem sua identidade. Atualmente, o estado de São Paulo possui 5.340 unidades escolares públicas.

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consagrado no mais alto grau normativo, na Constituição Federal de 198816, na Lei

de Diretrizes e Bases (9.394/1996)17 e nos documentos dos estados e municípios do

sistema federativo do Brasil. Por ser considerada como direito, constitui um princípio,

regulamentado, formalizado e legalizado, expresso no plano das orientações para a

ação organizacional de duas formas, como aponta Lima (2011, p. 76), que são a

participação consagrada - aquela que está prevista em leis -, e a participação

decretada, regulamentada por leis.

No plano da ação organizacional, a participação praticada nas escolas

proporciona vários níveis de análise: a democraticidade, a regulamentação, o

envolvimento e a orientação. Nota-se o grau de complexidade envolvido nessa

análise, considerando que, para cada ação da organização das escolas, os sujeitos

interagem com determinada forma de participação, que pode ser alterada a qualquer

momento do processo, de acordo com as variáveis e os interesses em questão.

Para o autor, a não participação é uma orientação possível e possui

diversos significados. Se considerado o plano das orientações para a ação das

escolas, a não participação consagrada é aquela não prevista nas leis e nos

processos normativos. Já a não participação decretada está relacionada a uma

intervenção legislativa e/ou normativa, que impede a participação. No plano da ação

organizacional das escolas, a não participação possui três categorias de análise a

serem consideradas: a imposta ou forçada, a induzida e a voluntária (LIMA, 2011, p.

98).

A participação e a não participação são variáveis complexas e dinâmicas

detectadas na análise das organizações institucionais e na atuação dos gestores

escolares. Situadas em determinado tempo e espaço e interligadas, refletem a

aceitação ou resistência dentro de uma instituição organizacional, e são fatores que

podem impulsionar, assim como dificultar, ou até mesmo impossibilitar, qualquer

plano de orientação, ou de ação das instituições escolares, em parte ou no todo de

suas vertentes.

16 Na Constituição Federal, a participação está prevista em diversas áreas sociais, como saúde, assistência social e na educação, mais especificamente no inciso VI do artigo 206: “gestão democrática do ensino público”, na forma da lei. 17 Na LDB (Lei 9.394/1996) a participação é definida no artigo 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.

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33

A reflexão sobre as formas de participação e de não participação e das

ideias e interesses que movem os sujeitos nas instituições escolares liberta da

ingenuidade de condicionar a ação das pessoas exclusivamente às ações de outras

pessoas e remete à constatação de que os sujeitos, no plano da ação

organizacional, fazem suas opções e se mobilizam fundamentados por ideias,

crenças, histórias de vida, interesses coletivos e/ou pessoais, dentre outros.

Os estudos sobre a participação têm demonstrado que a direção

democrática, pautada na participação-coesão, participação-colaboração, cede lugar

à gestão escolar participada, pautada no princípio da integração. Para Lima (2011),

a participação não pode ser um princípio para a integração. A não observação

desse pressuposto pode remeter a conclusões ingênuas e precipitadas, uma vez

que estão relacionadas a “levar o outro a executar”, de forma conjunta, articulada.

Com o objetivo de subsidiar as análises propostas neste trabalho, o

Quadro 1 apresenta as definições dos tipos de participação praticados nas escolas,

no campo das ações organizacionais, elaborado a partir das ideias de Lima (2011).

Quadro 1- Tipologia da participação

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34

FORMAS/NÍVEIS

PARTICIPAÇÃO PRATICADA

NAS ESCOLAS – ALGUMAS

POSSIBILIDADES

Democraticidade Direta (quem é eleito) Conselho de Escola, Grêmio

Estudantil

Apresenta-se como uma

forma de limitar certos tipos

de poder e de superar certas

formas de governo

Indireta (de quem vota)

Professores, funcionários, pais e

alunos – que elegem os

integrantes dos colegiados e

grêmios

RegulamentaçãoAPM, Conselho de Escola,

Grêmio Estudantil

Professores orientadores de

classe

Alunos representantes de classe

Professores representantes de

período

Informal (organizado a partir

de regras informais)

Professores, funcionários,

alunos, pais e comunidade – na

organização da escola e no

desenvolvimento de ações

Envolvimento

Tipo de participação que pode

ser mais ou menos militante

Reservado (quando a

atuação é intermediária entre

a ativa e a passiva)

Passivo (postura de

desinteresse e alheamento)

Orientação

Divergente (a ação do

sujeito traduz um estágio

intermediário ou não toma por

referência os objetivos formais

da organização)

Professores, pais, alunos,

funcionários, membros da

comunidade não compartilham a

mesma visão de mundo e da

educação com os objetivos

propostos pela instituição

educacional

TIPOS

Ativo (quando o sujeito

apresenta elevado

envolvimento na organização

de forma individual e/ou

coletiva)

Professores, pais, alunos,

funcionários, membros da

comunidade, que podem ou não

participar de projetos na escola,

dependendo de seus interesses

pessoais, de grupo e jogos de

poder

Professores, pais, alunos,

funcionários, membros da

comunidade têm visão

compartilhada de mundo e da

educação com os objetivos

propostos pela instituição

educacional

Não formal (com base num

conjunto de regras menos

estruturadas)

Formal (regulamentada por

leis, resoluções) Traduz-se de forma

organizada, carecendo de

regulamentos, regimentos

Toma-se por referência

determinados objetivos da

instituição

Convergente (a ação do

sujeito toma por referência os

objetivos formais da

instituição)

Fonte: Elaborado pela autora, com base nas ideias de Lima (2011)

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Na sequência, e com o mesmo objetivo, segue o Quadro 2, que contém

as definições dos tipos de não participação praticados nas escolas, no campo das

ações organizacionais, elaborado, também, a partir das ideias de Lima (2011).

Quadro 2- Tipologia da não participação

TIPOS DE NÃO PARTICIPAÇÃO NÃO PARTICIPAÇÃO PRATICADA NAS ESCOLAS – ALGUMAS POSSIBILIDADES

Imposta ou Forçada

Quando não se permite a participação

A instituição decide pela não participação dos pais e/ou alunos no CCS

Instituição não convida alunos, pais e comunidade para a elaboração e avaliação da proposta pedagógica, nem para as reuniões de planejamento

A escola adota procedimentos para a não participação, mesmo quando essa participação é regulamentada

Quando a diretoria executiva da APM e o Conselho de Escola não participam da tomada de decisões

Induzida

Quando os arranjos organizacionais levam o sujeito a não participar, ou desencorajam a participação gradativamente

Pauta, horários, formas de encaminhamentos de decisões não condizentes com as necessidades da comunidade escolar

Seleção de segmentos que podem participar do espaço escolar, excluindo outros

Caráter burocrático de participação de professores, alunos, pais e comunidade na tomada de decisões

Voluntária O sujeito não participa, por opção

Resposta negativa a todas as possibilidades propostas, organizadas pela instituição

Fonte: Elaborado pela autora, com base nas ideias de Lima (2011)

Conclui-se que somente a análise detalhada das formas de participação e

dos objetivos dessa participação trará a compreensão dos seus efeitos no

planejamento e na execução de ações – participação de fato – em determinada

instituição educacional para a implementação de uma política pública ou de um

projeto de escola.

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CAPÍTULO II

2.1 Políticas públicas de formação continuada no Estado de São Paulo:

aspectos centrais

A Seesp é uma instituição educacional composta por 5.340 escolas,

agrupadas em 91 DEs, que atendem a educação básica em dois níveis de ensino: o

fundamental e o médio, nas modalidades regular e de Ensino de Jovens e Adultos

(EJA).

Apresentada em números, a Seesp é composta por 233.12718

professores, 6.942 especialistas de suporte pedagógico (dirigentes regionais,

supervisores de ensino, diretores de escola e coordenadores pedagógicos), 7.755

vice-diretores, 11.781 professores coordenadores, totalizando 26.478 gestores,

4.900.000 alunos, espalhados pelos 248.209,3 quilômetros quadrados de extensão

territorial, com peculiaridades sociais, políticas, econômicas e culturais, dentre outras

variáveis.

Segundo Palma Filho (2013, p. 18):

(...) ao longo das três últimas décadas, tanto na América Latina como em outras regiões do planeta, houve avanços expressivos no campo da oferta de educação escolar pública, que no Brasil, e em relação ao Ensino Fundamental, está muito próxima da universalização (...) a questão que ora se coloca para os responsáveis pela administração pública consiste em melhorar a qualidade da educação oferecida para o conjunto da população e que, na sua maioria, é de responsabilidade do poder público, em suas diversas esferas administrativas.

Na perspectiva de delinear a Seesp, enquanto esfera administrativa do

setor público responsável pela qualidade da educação, há que se recuperar um

pouco da história de sua estruturação, nas últimas décadas.

A rede pública estadual paulista surge em 1834, com o Ato Adicional à

Constituição Imperial, que transfere às províncias a responsabilidade com a

educação. São Paulo, beneficiado pela cultura do café, consegue manter rede

educacional própria.

18

Dados da Coordenadoria de Recursos Humanos (CRHU) da Seesp. Disponível em: <http://drhu.edunet.sp.gov.br/a_principal/index.asp>. Acesso em: 25 abr. 2014.

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A Secretaria de Estado da Educação e da Saúde Pública é criada no

governo de Getúlio Vargas, pelo Decreto 4.917, de 3 de março de 1931, e, ao longo

dos anos, vai se estruturando, na perspectiva de atender às demandas de educação

para os filhos da aristocracia e, com o passar dos anos, para a formação de mão de

obra para a indústria nascente.

Mudanças na estrutura econômica do País, principalmente nas décadas

de 1960 e 70, transformam a escola em instituição fundamental da sociedade

moderna e medidas são tomadas para democratizar o acesso. Para acompanhar

tais mudanças e organizar a educação no Estado de São Paulo, de forma a atender

aos interesses econômicos e políticos, reformas na estrutura da Seesp fizeram-se

necessárias. Assim, em 29 de janeiro de 1976, a Seesp é reorganizada pelo Decreto

7.510.

A estrutura da Seesp passa a ser composta pelo Gabinete do Secretário,

Assessoria Técnica de Planejamento e Controle Educacional, Grupo de Controle de

Atividades Administrativas e Pedagógicas, as Coordenadorias de Ensino da Grande

São Paulo e do Interior (COGSP e CEI), de Ensino e Normas Pedagógicas (Cenp) e

os Departamentos de Recursos Humanos (DRHU) e Suprimento Escolar (DSE),

além da Comissão Estadual de Moral e Civismo.

Segundo Martins (2001, p. 159), a análise desse decreto e da legislação

posterior, que o normatiza, demonstra que:

(...) as funções políticas da burocracia estatal foram definidas em programas técnicos, organogramas sofisticados e funções básicas de organização empresarial, empregadas em nome da racionalidade administrativa e das teorias tidas como científicas na área de administração. Na realidade, estabeleceu-se uma prioridade nas atividades-meio em detrimento das atividades-fim devido à predominância da noção que norteou a formação da estrutura burocrático-administrativa baseada em princípios que regem o mercado privado de trabalho.

Essa estrutura, implantada em 1976, dura 35 anos, tornando-se obsoleta

com o passar do tempo.

Desde a década de 1980, já vinham sendo estruturadas propostas para a

nova reorganização da Seesp. Tais propostas contemplavam as novas demandas e

organização da educação no Estado de São Paulo, assim como das tendências

mundiais de reorganização da economia capitalista, das funções e da gestão do

estado. Assim, com vistas a adequar a máquina estatal às necessidades da

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globalização, da utilização racional de recursos físicos e financeiros, da eficiência e

da eficácia, da formação humana e, ancorada no discurso da modernização, nas

tecnologias de informação, nas avaliações em larga escala, na meritocracia, com

foco nas atividades-fim, como caminhos para promover uma educação de qualidade,

a Seesp é reorganizada pelo Decreto 57.141, de 18 de julho de 2011, que substitui o

antigo modelo.

Nessa nova forma de organização, que é apresentada, nos documentos

oficiais, como “gestão de resultados com foco no aluno”, e que objetiva a atividade-

fim, com entrega de produtos, a COGSP, a CEI e a Cenp, assim como o DRHU e o

DSE são extintos. Por sua vez, são criadas a Escola de Formação e

Aperfeiçoamento de Professores (Efap) Paulo Renato Costa Souza, e as

Coordenadorias de Gestão da Educação Básica (CGEB); de Informação,

Monitoramento e Avaliação Educacional (Cima); de Infraestrutura e Serviços

Escolares (Cise); de Gestão de Recursos Humanos (CGRH); e de Orçamento e

Finanças (Cofi). A secretaria passa a ter como órgãos vinculados o Conselho

Estadual de Educação (CEE) e a Fundação para o Desenvolvimento da Educação

(FDE).

Figura 1- Estrutura da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo

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Fonte: Secretaria de Estado da Educação. Estrutura. Reestruturação.

Disponível em: <http://www.educacao.sp.gov.br/portal/orgaos/reestruturacao>.

A partir do estudo do Decreto 57.141/2011 de reestruturação da Seesp,

pode-se afirmar que, no topo da estrutura, encontra-se o secretário estadual de

Educação, abaixo dele estão o Comitê de Políticas Educacionais e a Subsecretaria

de Articulação Regional (Sarerg).

A Efap objetiva formar os servidores da Seesp; promover estudos,

planejamento e desenvolvimento de programas de cursos e atividades diversas,

como, por exemplo, orientações técnicas; além de gerenciar ações de formação

centralizadas – propostas pelo órgão central – e descentralizadas – propostas pelas

diretorias de ensino e/ou escolas –, de aprofundamento e aperfeiçoamento; e

educação continuada para o Quadro do Magistério (QM), Quadro de Apoio Escolar

(QAE), Quadro dos Servidores da Secretaria de Estado da Educação (QSE). A Efap

realiza, também, parcerias e convênios com instituições públicas e privadas, e com o

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Ministério da Educação (MEC), para desenvolver cursos de aperfeiçoamento e

especialização.

A CGEB é composta pelo Departamento de Desenvolvimento Escolar e

de Gestão do Quadro do Magistério (Degeb) e o Departamento de Planejamento e

Gestão da Rede Escolar e de Matrícula (DGREM).

Em linhas gerais, a CGEB atua na elaboração, atualização e

normatização do Currículo Oficial do Estado de São Paulo; propõe diretrizes e

normas pedagógicas; avalia e define tecnologias educacionais a serem implantadas

na rede e acompanha a gestão da educação básica. A CGEB também promove

formação em serviço por meio de orientações técnicas.

Cabe à Cima levantar e organizar informações para serem

disponibilizadas e utilizadas pela Seesp e sociedade, no desenvolvimento, na

avaliação e no acompanhamento das políticas públicas. A Cima trabalha com

cadastro de alunos, cadastro de escolas, organiza sistemas de Tecnologia de

Informação (TI) para gerar informações; aplica avaliações, como o Sistema de

Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp), e a avaliação

em processo19; monitora políticas e projetos estratégicos da Seesp; atende ao

público em geral, via central de atendimento.

A Cise, em linhas gerais, tem por objetivo a implantação de um plano de

obras e serviços de engenharia; o estabelecimento e revisão da política de

suprimentos para o atendimento da rede; e o fomento de ações entre as demais

coordenadorias da Seesp (Efap, CGEB, Cima, CGRH e Cofi). A Cise realiza o

levantamento e encaminha as demandas das Diretorias de Ensino nas suas

necessidades para atendimento aos alunos.

A CGRH tem por objetivos, em linhas gerais, o planejamento,

gerenciamento, a coordenação, o controle e a execução de atividades inerentes à

administração de recursos humanos. A CGRH elabora políticas, diretrizes, normas e

manuais de procedimentos direcionados à administração de pessoal; orienta o

desenvolvimento e a integração de sistemas informatizados de gestão de pessoal,

de administração de vida funcional.

A Cofi tem por objetivos planejar, gerenciar, coordenar, controlar e,

quando é o caso, executar as atividades inerentes à administração financeira e à

19 Avaliações semestrais aplicadas nas escolas pela Seesp com o objetivo de promover a Progressão Continuada, com intervenções mais rápidas e pontuais na aprendizagem dos alunos.

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orçamentária; controlar os recursos financeiros de fundos estaduais e federais

destinados aos ensinos fundamental e médio no Estado de São Paulo.

A partir daí, a estrutura da Seesp organiza-se em 91 DEs, espalhadas por

todo o Estado de São Paulo. O Decreto 57.141/2011, na seção X, ao especificar as

atribuições das 91 DEs e dos dirigentes regionais, aponta para o fortalecimento das

unidades enquanto instâncias regionais, assim como para ampliar o poder de

decisão do dirigente regional de ensino.

Sem detalhar a formação inicial de professores e profissionais de suporte

pedagógico, oferecida por instituições públicas e particulares, o Estado de São

Paulo institui políticas compensatórias de formação continuada dos profissionais

(RIGOLOM, 2012), propondo cursos presenciais e a distância, orientações técnicas

centralizadas e descentralizadas, seminários, fóruns, dentre outros. Assim, como

responsáveis pelo currículo oficial e pela formação continuada dos profissionais da

Seesp, a CGEB e a Efap desenvolvem orientações técnicas e cursos.

Para se ter uma ideia quantitativa das formações oferecidas para gestores

escolares e, em vista disso, a importância dada pela Seesp às ações de formação

continuada, são apresentados, no Quadro 3, os cursos oferecidos às equipes

gestoras, após a criação da Efap20.

Quadro 3- Formações oferecidos para gestores escolares, pela Seesp, após a criação da Efap

20

Decreto 59.207/2009. Cria a Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Professores e dá outras providências.

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Fonte: Efap/Depec/Cecer

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Uma rápida análise do Quadro 3, que aponta ações de formação de gestores

oferecidas pela Seesp, por meio da Efap - após a sua criação, em 201021 -,

demonstra que existe efetivos trabalho e investimentos na formação dos

profissionais da educação pela Seesp. Os dados apontam para 12 ações de

formação de gestores escolares, algumas das quais já na 5a edição, no período de

2010 a 2013.

Observados os indicadores de avaliações externas, como o Índice de

Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)22 e o Índice de Desenvolvimento da

Educação do Estado de São Paulo (Idesp), considerados aqui como instrumentos

necessários, mas insuficientes, para a melhoria da qualidade de ensino (OLIVEIRA,

2005), nos últimos três anos, percebe-se que os resultados apresentados estão

aquém de demonstrar progressos qualitativos na educação pública paulista.

O Quadro 4 apresenta a quantidade percentual de alunos da rede estadual

paulista nos diferentes níveis de aprendizagem, entre 2010 e 2012.

Quadro 4 - Evolução dos resultados do Saresp entre 2010 e 2012

21

As demais coordenadorias da Seesp também realizam formação continuada em serviço, por meio de orientações técnicas. 22

Para Oliveira e Araújo (2005, p. 18), “as políticas de avaliação mediante testes padronizados, como o Saeb, constituindo indicadores de sucesso/fracasso escolar, se, por um lado, aferem competências e habilidades requeridas para um ensino de qualidade, por outro não possuem efetividade, visto que pouca ou nenhuma medida política ou administrativa é tomada a partir dos seus resultados, ou seja, não possuem validade consequencial. Dessa forma, os testes padronizados são instrumentos necessários, mas insuficientes para a melhoria da qualidade de ensino”.

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2010 2011 2012 2010 2011 2012 2010 2011 2012

PORTUGUÊS

Abaixo do básico 19,8 17,4 18,1 28,4 28,0 28,5 37,9 37,5 34,4

Básico 39,3 37,5 33,6 54,9 55,0 55,9 38,3 38,4 38,8

Adequado 31,1 32,9 33,5 14,9 15,2 14,0 23,3 23,4 26,3

Avançado 9,8 12,3 14,8 1,7 1,8 1,6 0,6 0,7 0,5

MATEMÁTICA

Abaixo do básico 29,0 26,0 27,9 34,9 33,8 36,6 57,7 58,4 55,8

Básico 37,0 36,2 35,4 56,6 55,9 53,2 38,4 37,1 39,4

Adequado 25,7 28,1 27,1 7,7 9,2 9,1 3,6 4,2 4,5

Avançado 8,2 9,6 9,7 0,8 1,0 1,0 0,3 0,3 0,3

9º ANO DO

FUNDAMENTAL

3º ANO DO ENSINO

MÉDIOMATÉRIA

QUANTIDADE DE ALUNOS DA REDE ESTADUAL PAULISTA NOS DIFERENTES NÍVEIS

DE APRENDIZADO EM 2012

5º ANO DO

FUNDAMENTAL

Fonte: Disponível em: <www.educacao.sp.gov.br/saresp>

Sem entrar na discussão a respeito do Saresp, e considerando seus

resultados como um dos aspectos na análise da evolução da qualidade da educação

no estado, percebe-se que os avanços nas disciplinas de Língua Portuguesa e

Matemática são baixos, na passagem de um nível de aprendizagem para outro, nos

três últimos anos da aplicação do Saresp. Em todos os anos escolares avaliados, é

significativa a porcentagem de estudantes classificados como abaixo do básico, com

destaque para o Ensino Médio. Considerado o número de estudantes matriculados

em escolas da Seesp, essa porcentagem significa milhares de crianças e jovens

com aprendizagem defasada. Situação agravada no Ensino Médio: um terço dos

alunos conclui o ensino básico sem ter atingido o nível básico de conhecimento.

Assim, embora ações de formação continuada sejam consideradas, pela

literatura da área, como fundamentais para o desenvolvimento de profissionais da

educação, e a Seesp fazer uso da modalidade em forma de cursos e orientações

técnicas, com a utilização de videoconferências, palestras, seminários, dentre

outros, elementos contraditórios também são apontados sobre seus limites. Para

Lück (2000, p. 30),

a maioria de cursos promovidos por órgãos centrais tem seus programas pautados por generalizações, apresenta um distanciamento entre teoria e prática ao focalizar conteúdos formais em detrimento do desenvolvimento de habilidades (o saber fazer) e enfoca o indivíduo, desconsiderando a necessidade de desenvolvimento do trabalho em equipe.

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A seguir, examina-se o Plano de Formação Continuada de Professores e

Gestores (Comunicado CENP de 11 de julho, publicado no Diário Oficial de 12 de

julho de 2011), cujos marcos legais são a LDBEN (Lei 9.394/1996), a Resolução SE

62/200523 e Portaria Conjunta Cenp/DRHU24, de 27 de setembro de 2005, que traz

em seu bojo princípios da educação como direito de todos, da educação com

qualidade social e gestão democrática, na concepção, e participativa, na ação. O

foco da análise é a formação continuada dos gestores escolares. O Plano

(SEESP/CENP, 2011) propõe:

(...) uma ação que orienta-se pelas diretrizes da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, SEE e foi elaborado para responder às demandas da rede pública estadual pertinentes às atribuições da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas - CENP, expressando “uma política de formação permanente de professores e gestores que atuam nas escolas, nas diretorias de ensino e nos órgãos centrais e requer acompanhamento e avaliação”, (...) apoiando-se nos princípios de educação como direito, educação de qualidade e gestão democrática.

Em linhas gerais, as orientações para a ação organizacional

(SEESP/CENP, 2011) propostas pelo órgão central apoiam-se nos aspectos legais

(legislação vigente e normatizações da Seesp), nos saberes teoricamente

construídos por profissionais da rede pública estadual, assim como no dia a dia das

equipes escolares, sobretudo nas relações da escola com a comunidade. O

documento oficial aponta que:

Compreender os aspectos relacionados aos processos de ensino, da aprendizagem e da gestão escolar implica pressupor a existência de uma cultura organizacional na qual se movem os professores e gestores escolares; cultura que transcende o espaço delimitado pelos muros das escolas à medida que há uma inter-relação entre as escolas, as demais instâncias do sistema de ensino, a comunidade local e a sociedade na qual se integram (SEESP/ CENP, 2011).

O Plano de Formação Continuada de Professores e Gestores

(SEESP/CENP, 2011) assinala a necessidade da “gestão democrática e participativa

para que os processos formativos nas escolas sejam revitalizados e transformados”,

23

Resolução SE 62/2005: Dispõe sobre procedimentos para implementação das ações de formação continuada, nas modalidades Curso e Orientação Técnica. 24

Portaria Conjunta Cenp/DRHU, de 27 de setembro de 2005: Dispõe sobre a uniformização da implementação de Cursos e de Orientações Técnicas, desenvolvidas por órgãos da Secretaria da Educação e/ou com sua aprovação.

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compreendendo a escola como o principal “lócus” de formação, desenvolvida por

meio da “discussão, análise e reflexão”. Segundo o documento:

A escola é o local de trabalho do diretor e do professor coordenador e um dos locais de trabalho do supervisor, o que coloca esse gestor em posição privilegiada em relação ao suporte que pode oferecer para ajudar a escola a se organizar como espaço de formação continuada de professores. A despeito das condições atuais adversas ao trabalho coletivo na escola, cumpre ratificar que este Plano de Formação tem a escola como principal local de formação continuada, coletiva e colaborativa, de professores e gestores (SEESP/ CENP, 2011 ).

Assim, para realizar o processo de formação continuada de gestores, a

ação deve pautar-se nas práticas de gestão desenvolvidas no cotidiano escolar, com

vistas à reorganização pedagógica e administrativa da escola.

(...) a formação continuada de professores e gestores deverá levar em conta não apenas a fundamentação teórica e a legislação pertinente ao processo educativo, mas também os demais aspectos do cotidiano escolar que interferem e são parte constitutiva da prática curricular diária, que precisa cada vez mais estar articulada às questões colocadas pela sociedade, em especial pela comunidade local, devido à complexidade da vida contemporânea e da necessidade de ir além dos papéis tradicionais de transmissão de conteúdos pelos professores e de administração pelos gestores (SEESP/ CENP, 2011).

Os participantes do processo de formação continuada são os

supervisores de ensino, Professores Coordenadores das Oficinas Pedagógicas

(PCOP), diretores de Escolas, professores coordenadores, um integrante do órgão

central e um representante da universidade:

Espera-se que as parcerias com universidades, institutos e organizações da sociedade civil possam somar-se às propostas desta Coordenadoria, as quais objetivam: a ampliação das formas, dos modos e de extensão de um processo formativo centrado na gestão escolar e no currículo, que se desenvolve essencialmente no âmbito da escola e da sala de aula (SEESP/ CENP, 2011).

Os locais de formação, apontados no Plano, em São Paulo, são a Escola

de Formação de Professores e/ou outros espaços da Secretaria de Estado da

Educação e, nas regiões do estado, Núcleos de Formação, Diretorias de Ensino e

Escolas (SEESP/CENP, 2011).

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As experiências vivenciadas nas Diretorias de Ensino e Escolas

constituem objeto de discussões sobre o fazer e o pensar, a prática e teoria, a ação

e reflexão, criando condições para que ocorram transformações nas práticas

curriculares e de gestão escolar: “(...) relatos das experiências vivenciadas nas

Diretorias de Ensino e Escolas, serão objetos de análises e discussões”

(SEESP/CENP, 2011), com a proposta de exercício reflexivo das realidades e

necessidades locais, o estudo teórico e a proposição de novas formas de atuação.

Porém, como afirma Lima (1996), discutir contextos e situações julgados conhecidos

profundamente não é uma tarefa fácil:

Descobre-se, em suma, que interrogar, procurar definir e caracterizar, aquilo que profundamente conhecemos e vivenciamos em termos de práticas sociais recorrentes, em contextos e situações em que fomos socializados e que hoje parecem desprovidos de segredos para nós, representa um exercício mais difícil do que poderíamos supor e, em todo o caso, um exercício por vezes incômodo (LIMA, 1996, p. 1).

Por ser incômodo, torna-se um desafio permanente refletir sobre a prática

e reorganizar o trabalho, de modo a vivenciar a construção de um processo

democrático e participativo, bem como elaborar coletivamente propostas de gestão

escolar que sejam coerentes com as necessidades da comunidade e dos

profissionais que nela trabalham.

É reconhecido que, no campo educacional, a pesquisa-ação não tem sido

privilegiada enquanto abordagem metodológica, porém, o Plano de Formação

Continuada de Professores e Gestores indica essa linha de pesquisa como

referência para o trabalho a ser desenvolvido. Franco (2005) aponta para o fato de

que os autores são unânimes em afirmar que a pesquisa-ação tem suas origens nos

trabalhos do psicólogo alemão Kurt Lewin (1890-1947), apresentados no ano de

1946.

Suas pesquisas iniciais tinham por finalidade a mudança de hábitos

alimentares da população e também de atitudes dos americanos em relação aos

grupos étnicos minoritários. Pautava-se por um conjunto de valores, como a

construção de relações democráticas; a participação dos sujeitos; o reconhecimento

de direitos individuais, culturais e étnicos das minorias; a tolerância a opiniões

divergentes; e, ainda, a consideração de que os sujeitos mudam mais facilmente

quando impelidos por decisões grupais. Suas pesquisas caminhavam paralelamente

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a seus estudos sobre a dinâmica e o funcionamento dos grupos. Sua forma de

trabalhar a pesquisa-ação teve especial desenvolvimento nas empresas em

atividades ligadas ao desenvolvimento organizacional.

Para Engel (2000, p. 182),

A pesquisa-ação surgiu da necessidade de superar a lacuna entre teoria e prática. Uma das características desse tipo de pesquisa é que através dela se procura intervir na prática de modo inovador já no decorrer do próprio processo de pesquisa e não apenas como possível consequência de uma recomendação na etapa final do processo.

Na concepção original, a pesquisa-ação tem quatro perspectivas: a

pesquisa-ação diagnóstica, a participante, a empírica (que acumula dados como nos

casos clínicos) e a experimental (controlada).

Pode-se apontar para quatro temáticas centrais, a serem examinadas na

pesquisa-ação: a identificação do problema e a contratualização; o planejamento e a

realização em espiral; as técnicas de pesquisa-ação; a teorização, a avaliação e a

publicação dos resultados.

O espírito mesmo da pesquisa-ação consiste em uma abordagem em espiral (grifo do autor) (...). Significa que todo avanço em pesquisa-ação implica o efeito recursivo em função de uma reflexão permanente sobre a ação. Inversamente, porém, todo segmento de ação engendra ipso facto um crescimento do espírito de pesquisa. Nada de pesquisa sem ação, nada de ação sem pesquisa, como dizia Lewin (BARBIER, 2007, p. 117).

O Plano não especifica qual perspectiva deve ser adotada. Aponta que o

trabalho de formação dos GRs, nos Núcleos de Formação, deve partir da pesquisa-

ação, de forma colaborativa. Para Pimenta (2005, p. 523),

A pesquisa-ação torna-se colaborativa na medida em que proporciona a criação, nas Diretorias e nas escolas, de uma “cultura de análise e reflexão das práticas que são realizadas, a fim de possibilitar que os seus professores (...) transformem suas ações e as práticas institucionais”.

O estudo do Plano remete à hipótese de que os envolvidos no processo

de formação assumem o papel reflexivo de sua prática. Assim, os saberes

construídos no cotidiano da escola são considerados como campo de conhecimento.

Nesse processo, as equipes identificam seus problemas, refletem sobre suas ações,

elaboram um plano de formação/ação, buscam referenciais teóricos que iluminem a

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reflexão e a proposição de novas ações, produzindo, assim, novos conhecimentos,

num fazer comunicativo. Para Rojo (1997, apud FRANCO, 2005, p. 492):

(...) a ação comunicativa é uma ação eminentemente interativa, nasce do coletivo, da equipe. Essa ação não pretende garantir a eficiência a qualquer custo, não é individualista, não persegue o êxito, mas, ao contrário, é uma ação dialógica, vitalista, que emerge do mundo vivido. Essa ação nasce da situação e lhe oferece saídas. É comunitária, busca o entendimento, persegue a negociação, o acordo; busca o consenso; é axiológica porque acredita na validade das normas discutidas. “Mansa na escuta e forte na tomada de decisões.”

É importante destacar que, em todas as perspectivas da pesquisa-ação, a

presença de um pesquisador oficial não é descartada, assim como a avaliação e a

publicação coletiva dos resultados alcançados podem ser prerrogativas no processo.

Apesar de o Plano apoiar-se em um tripé formado pelo representante do

órgão central, integrantes do GR e um professor universitário, não caracteriza

nenhum deles como coordenador do processo, função do pesquisador oficial na

pesquisa-ação (BARBIER, 2007).

O Plano tem como premissa a melhoria da qualidade da educação e

apresenta, como uma das diretrizes centrais, a descentralização dos locais e das

ações de formação continuada, a partir do aproveitamento da estrutura

organizacional da Seesp, que é descentralizada.

Para a concretização do Plano de Ação Cenp-2011, propõe-se o aproveitamento da estrutura descentralizada da Seesp em toda sua extensão, para promover a gestão das atividades de formação centradas na implementação do currículo no Ensino Fundamental e Ensino Médio, o que implica o desenvolvimento, acompanhamento e avaliação, seja por meio da desoneração de ações administrativo-burocráticas sob a responsabilidade da Cenp, ou pela otimização de ações voltadas para a socialização de condutas inovadoras, metodologias e novos conteúdos de ensino e de gestão do currículo na escola e na sala de aula (SEESP/CENP, 2011).

Para a formação de gestores, a estrutura está organizada considerando o

número de supervisores de ensino, diretores de escolas e professores

coordenadores, totalizando aproximadamente 17 mil gestores, segundo base de

dados da CRHU25; a extensão territorial do estado; as realidades locais; a

25

Disponível em: <http://drhu.edunet.sp.gov.br/a_principal/index.asp.>. Acesso em: 28 set. 2013.

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localização geográfica das 91 DEs; das Escolas; o número de alunos; e a

quantidade de escolas prioritárias26.

Desse estudo, resultou a divisão das DEs em 27 espaços, denominados

Núcleos de Formação, agrupando de duas a sete DEs, a saber:

12 Núcleos de Formação na Capital e Grande São Paulo;

15 Núcleos de Formação no Interior.

O Quadro 5 apresenta os agrupamentos das DEs nos polos e a

organização dos Núcleos de Formação

Quadro 5 - Núcleos de Formação da capital, Grande São Paulo e do interior

26

São consideradas prioritárias, pela Seesp, as escolas que, no Saresp, apresentam percentual acima do definido para o nível básico de aprendizagem nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática.

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51

Fonte: Seesp/Cenp (2011).

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52

O documento define os núcleos como espaços de formação continuada

dos gestores escolares, onde se reúnem os gestores das Diretorias de Ensino

Regionais que o integram, os GRs, e um representante do órgão central, o CEPQM.

O Núcleo de Formação é o local de realização das orientações técnicas para gestores. É um espaço de formação constituído por um conjunto de Diretorias de Ensino, de duas a sete, de um mesmo Polo, cuja constituição foi orientada pelo critério da proximidade regional das Diretorias de um mesmo Polo e do número de escolas de cada Diretoria de Ensino. Propõe-se o funcionamento de 27 Núcleos de Formação, sendo 12 Núcleos distribuídos pelos Polos da Coordenadoria de Ensino da Capital - COGSP e 15 pelos Polos da Coordenadoria do Interior - CEI. Portanto, o Núcleo de Formação será o espaço regional de formação, em especial de realização de orientações técnicas do Grupo de Referência, constituído por Supervisores de Ensino, Diretores de Escola, Professores Coordenadores, integrantes da Equipe de Gestão da CENP e um consultor, preferencialmente professor universitário (SEESP/ CENP, 2011).

Denomina-se de GR aos gestores indicados pelo dirigente regional, a

partir de perfil definido no Plano para participar do processo de formação nos 27

Núcleos de Formação espalhados pelo Estado de São Paulo (Fig. 2), com o objetivo

de se apropriar da metodologia e desenvolver um trabalho orientado por essa

metodologia e pelos objetivos das Diretorias de Ensino.

A escolha do gestor - Supervisor, Diretor e Professor Coordenador - que integrará o Grupo de Referência deve se apoiar nos seguintes critérios, observando-se a ordem de apresentação. Preferencialmente, gestor com a) Curso de pós-graduação, doutorado/doutorando e mestrado em gestão escolar ou educação. b) Curso de especialização em gestão escolar ou educação. c) Experiência profissional em gestão. d) Compromisso profissional. Quanto à representatividade do Professor Coordenador, Diretor de Escola e Supervisor de Ensino no Grupo de Referência, propõe-se que as Escolas tenham um número igual ou superior de gestores das Diretorias. Assim, se são quatro gestores da DE que integrarão o Grupo, dois, no mínimo, devem ser da Escola, PC e Diretor (SEESP/ CENP, 2011).

A representação dos GRs nos Núcleos de Formação varia de quatro a

sete integrantes por DER, com a predominância dos gestores das escolas, conforme

orienta o referido plano.

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Figura 2 - Mapa da distribuição dos Núcleos de Formação no interior do Estado de São Paulo

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 3 – Mapa da distribuição dos Núcleos de Formação na capital do Estado de São Paulo

Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 4 - Mapa da distribuição dos Núcleos de Formação na Grande São Paulo

Fonte: Elaborado pela autora

Registrem-se contradições entre o discurso democrático expresso no

Plano e a indicação dos membros que compõem os GRs nas DEs.

Na sua concepção, as ações de formação estão voltadas para a

construção do conceito de “liderança distributiva”, conforme aponta Lima (2011, a

partir de FUSARELLI, KOWALSKI; PETERSEN, 2011, p. 14), num contexto

educativo que ensaia a democracia deliberativa, a participação ativa, a partilha de

poderes, numa perspectiva sociocomunitária.

Contudo, a forma de indicação dos membros das DEs feita pelos

dirigentes regionais de ensino, aponta para a direção contrária dos princípios

democráticos e participativos do referido Plano de Formação Continuada de

Professores e Gestores que, pela própria concepção, deveria apontar para uma

indicação democrática, pelos pares, de forma coletiva, conforme se discute no último

capítulo deste estudo.

Segundo análise de registros disponibilizados pelo CEPQM, em agosto de

2011, a Seesp deu início à implantação do Plano de Formação Continuada de

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Gestores. O processo de formação previa, a princípio, três instâncias físicas para o

desenvolvimento do processo: Núcleos de Formação, DEs e Escolas.

A seguir, são indicados os encaminhamentos para a formação de

gestores desenvolvidos no Órgão Central, e seus desdobramentos nos Núcleos de

Formação, nas Diretorias de Ensino, e Escolas baseados nos registros - Planos de

Ação, atas e relatórios - realizados pela equipe do CEPQM, nos anos de 2011, 2012,

2013 e início de 2014.

No ano de 2011, a equipe central, além de participar da elaboração do

Plano de Formação Continuada de Professores e Gestores, realizou reuniões para

organizar os encontros nos Núcleos de Formação. Por meio de um roteiro, previa-se

a organização do dia de trabalho, nos Núcleos de Formação, com a divisão do

tempo para as ações que, basicamente, eram: a construção coletiva do plano de

ação do Núcleo (levantamento de expectativas locais, definição dos temas,

socialização e discussão das práticas desenvolvidas nas DERs e Escolas,

levantamento bibliográfico); aprofundamento de estudos e socialização dos

desdobramentos do trabalho nas DEs e Escolas, à luz das teorias, análise das

práticas e proposição de outras práticas.

Após as 27 reuniões realizadas nos respectivos espaços de formação, a

equipe do órgão central organizou encontros para avaliar o trabalho, com

devolutivas a respeito das etapas ocorridas nos Núcleos de Formação. No final do

semestre, foi realizada uma avaliação pelos integrantes da equipe central e os

dados foram sistematizados e divulgados.

A análise de registros fornecidos pelo CEPQM (2011) demonstra que, nos

primeiros encontros dos Grupos de Referência, nos Núcleos de Formação, realizou-

se o levantamento das expectativas dos gestores, que desencadeou a construção

do Plano de Formação do Núcleo, e a disseminação de 27 planos de formação para

todo o Estado de São Paulo.

No período de agosto a dezembro de 2011, os GRs reuniram-se de seis

a oito vezes nos Núcleos de Formação, a saber: seis Núcleos (22%) reuniram-se

oito vezes; os integrantes de 19 Núcleos (70%) reuniram-se sete vezes; e os

integrantes de dois Núcleos (8%) reuniram-se seis vezes. Interferiram nesse número

de reuniões o calendário das DERs, dos municípios envolvidos, do órgão central,

dentre outros (Gráfico 1).

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Gráfico 1- Número de encontros por Núcleo de Formação, em 2011

Fonte: Seesp/CGEB/Degeb/CEPQM (2012)

Os trabalhos nos Núcleos de Formação, durante esse primeiro semestre

de trabalho, conforme consta nos registros, estiveram voltados para assuntos como

a organicidade do plano de trabalho das DEs e Escolas; o fortalecimento dos

espaços e tempo destinados à análise e às reflexões de práticas; retroinformação,

implementação, acompanhamento e avaliação das ações propostas pela Seesp.

Quanto à organização, foi definida a quantidade de encontros centralizados e

descentralizados que seriam realizados no ano: seis nos Núcleos de Formação

descentralizados e seis no órgão central, portanto, centralizados

(SEESP/CGEB/DEGEB/CEPQM, 2011).

Para promover a reflexão a respeito das práticas desenvolvidas pelo GR

nas Diretorias de Ensino, a equipe propunha que, em cada reunião nos Núcleos de

Formação, fosse garantido um tempo para que os integrantes do GR de cada DER

socializassem suas práticas.

As atas e os relatórios fornecidos pelo CEPQM demonstram que, dentre

as propostas de ações para serem desenvolvidas pelos GRs, nas DEs, estavam a

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reconstrução e reorganização dos planos de ação desenvolvidos nas DEs e escolas

– quando necessário –, os estudos das temáticas levantadas pelas DEs, por meio de

palestras, seminários, leitura e discussão de textos e a análise das demandas/ações

da SEE: implantação, implementação, impacto, dentre outros, além da proposição

de encaminhamentos de novas práticas de gestão, no mesmo movimento já descrito

anteriormente.

Ou seja, esperava-se que a metodologia de trabalho desenvolvida no

Núcleo de Formação fosse adaptada de acordo com as realidades e necessidades

locais em cada uma das 91 DEs, bem como se desdobrasse nas escolas cujos

diretores fizessem parte do processo formativo, com a elaboração de planos de

ação, estudo de temáticas relacionadas às necessidades de cada DE e Escolas e

proposição de novas práticas.

Em linhas gerais, os registros apontam para a seguinte organização do

trabalho nas DEs: os GRs realizavam encontros semanais, de 4 horas, ou

quinzenais, de 8 horas, para o planejamento de suas ações, dentre as quais

destacam-se: reuniões com os dirigentes, supervisores e gestores das equipes

escolares das respectivas DEs; levantamento de expectativas; discussão e

reelaboração do Plano de Ação das Diretorias de Ensino; elaboração de portfólios;

blogs, dentre outros.

Em meados de setembro de 2011, integrantes da equipe central

apresentaram a proposta para realizar reuniões centralizadas com representantes

dos GRs, com o objetivo de dividir a coordenação dos trabalhos nos Núcleos de

Formação, muito centralizada no representante da equipe central. Os participantes

foram eleitos pelos pares.

No terceiro encontro foram escolhidos representantes do Grupo que tiveram

a função de participar dos Encontros Centrais na CENP (São Paulo) com a

finalidade de discutir, analisar e socializar encaminhamentos com os

representantes de outros Polos. Essas discussões e análises, por meio dos

relatos dos representantes, passaram a repercutir no Polo local.

Concomitantemente iniciaram-se no Polo os encaminhamentos para

organizar tanto as ações Locais e no Polo, para tanto se iniciou a

elaboração do Plano de Ação. Plano de Ação do Núcleo 10 - Polo 5 (DE

Mauá e Santo André) (SEESP/CGEB/DEGEB/CEPQM, 2011).

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A avaliação do ano de 2011, assim como as propostas de continuidade

para 2012, foram apresentadas no I Encontro dos Grupos de Referência, realizado

no teatro da Faculdade Mackenzie, no dia 23 de fevereiro de 2012. Compareceram

620 gestores (SEESP/ CGEB/DEGEB/CEPQM, 2012).

A continuidade dos trabalhos no ano de 2012 deu-se da seguinte forma:

proposição de seis encontros em cada Núcleo de Formação, no período de março a

novembro; três encontros centralizados, dos quais dois nos meses de setembro e

outubro tiveram a proposição de conteúdos/temas pelo órgão central. O tema

escolhido foi o Conselho de Classe e Série.

Muito embora a proposição de temas, pelos órgãos centrais, não esteja

descartada no Plano de Formação Continuada de Professores e Gestores

(Seesp/CENP, 2011), a análise dos registros demonstra que esse processo não foi

bem aceito pelos GRs, uma vez que trazia em seu bojo contradição entre a proposta

de ação descrita no referido Plano, com o processo formativo realizado a partir das

realidades e necessidades locais e a proposição de temas pelo órgão central.

A avaliação do ano de 2012, assim como as propostas de continuidade

para 2013, foram apresentadas no II Encontro dos Grupos de Referência, que

aconteceu no teatro Caetano de Campos, na sede da Seesp, em fevereiro de 2013,

com a participação de 635 gestores (SEESP/CGEB/DEGEB/CEPQM, 2013).

Em 2013, a ação continuou nos 27 Núcleos de Formação que

permaneceram com o mesmo desenho original: 12 na Capital e Grande São Paulo e

15 no Interior.

É importante ressaltar que o número de participantes dos GRs nas DERs

e nos Núcleos de Formação foram mantidos. O Gráfico 2 apresenta um comparativo,

entre os anos de 2012 e 2013, da participação dos diversos segmentos de gestores,

no processo de formação continuada, considerando os Núcleos de Formação da

capital e do interior.

Gráfico 2- Representantes dos GRs por segmentos. Comparativo entre 2012 e 2013

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Fonte: CEPQM/Seesp (2013)

No Gráfico 2, percebe-se que os segmentos de educadores (supervisores

de ensino, diretores de escolas, professores coordenadores, diretores de núcleo

pedagógico e professores coordenadores de núcleo pedagógico) se mantêm na

mesma proporcionalidade prevista no plano de 2011, ou seja, predominam os

gestores da escola: diretores e professores coordenadores pedagógicos.

Quanto ao cronograma, houve reformulação no desenho original. Foram

mantidos os encontros descentralizados - principal orientação do processo

formativo; e instituídas as videoconferências. O Quadro 6 traz a organização dos

encontros para o ano de 2013.

Quadro 6- Organização dos encontros em 2013

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ENCONTROS DATAS

26 mar. 2013 – Interior

27 mar. 2013 - Capital

1ª Videoconferência

Prof. Celso Vasconcellos

2ª Videoconferência

Prof. Júlio Groppa Aquino

3º Encontro Descentralizado 1 set. 2013

4º Encontro Descentralizado 1 out. 2013

Centralizado

1º Encontro Descentralizado 1o abr.2013

09/05/2013

2º Encontro Descentralizado 1o jun.2013

1 ago. 2013

Fonte: Seesp/CGEB/Degeb/CEPQM (2013)

Porém, novamente observa-se redução dos encontros descentralizados

nos Núcleos de Formação, com relação ao início do processo. Foram planejados

quatro encontros presenciais descentralizados, para 2013. No ano de 2011, foram

realizados de seis a oito – somente no segundo semestre, uma vez que a formação

teve início em agosto. Essa diminuição já foi observada no ano de 2012, que

registrou seis encontros descentralizados. Houve, também, um encontro

centralizado na Seesp, no mês de março, congregando todos os membros dos GRs.

Nesse encontro, foram apresentadas algumas práticas dos GRs para apreciação e

debates.

Apesar da importância da orientação teórica proporcionada nas

videoconferências, o recurso, se utilizado em substituição aos encontros

descentralizados, aponta para uma contradição entre a proposta do Plano de

Formação Continuada de Professores e Gestores e a prática desenvolvida, uma vez

que quanto menor a quantidade de encontros presenciais descentralizados, menos

se dialoga, troca-se experiências, discute-se a prática e buscam-se caminhos para

uma nova prática coletiva.

Quanto às temáticas abordadas pelos GRs, no ano de 2013, nas DERs,

os registros apontam para um total de 152 temáticas, mais da metade delas (51,9%)

relacionadas à dimensão da gestão pedagógica e 17% relacionadas à gestão de

resultados educacionais. Esses dados podem revelar que 69% dos GRs

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direcionaram seus estudos e suas ações para a melhoria dos processos de ensino e

aprendizagem. O estudo da pesquisa ação ocorreu em duas DEs e, em outras duas,

as temáticas de estudos estão relacionadas com a gestão de recursos materiais,

físicos e financeiros (Gráfico 3).

Gráfico 3- Comparativo das dimensões da gestão escolar desenvolvidas nas formações

pelos grupos de referência da capital e interior, em 2013

Fonte: Seesp/CGEB/Degeb/CEPQM (2013)

Para o ano de 2014, os GRs continuam responsáveis pela organização

dos processos formativos nas DEs, porém, não estão previstas reuniões

descentralizadas nos Núcleos de Formação. Assim, as instâncias físicas para o

desenvolvimento da ação de formação, previsto no Plano inicial, nos Núcleos de

Formação, DEs Regionais e Escolas, ficam reduzidas a duas.

A análise de registros e encaminhamentos efetuados pelos órgãos

centrais, às DERs, indica que será elaborado, pela equipe do CEPQM, um

documento com o objetivo de “orientar os integrantes do GR para a implementação

da descentralização das ações de formação continuada de gestores nas diretorias

de ensino” (CGEB/DEGEB/CEPQM, 2014).

Os desdobramentos dessa ação formativa, nas escolas, na opinião dos

diretores, será foco da discussão em capítulo específico.

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Em suma, a implantação e implementação do Plano de Formação

Continuada de Professores e Gestores (Seesp/CENP, 2011) apresenta elementos

complexos e dinâmicos, oferecendo possibilidades de outros estudos, mais

detalhados e aprofundados.

A pesquisa dos registros do trabalho efetuado pela equipe do CEPQM

aponta importantes intervenientes na formação continuada de gestores, pois

influenciaram o processo e os resultados dos trabalhos, conforme se identificou.

Uma questão interferiu diretamente na organização, implantação e

implementação desse processo: a política de afastamento de servidores do quadro

do magistério nos órgãos centrais, o que gera perdas salariais, como verba de

representação, transporte (10% do salário-base para os diretores de Escola e 20%

do salário-base para supervisores de ensino) e adicional noturno. O somatório das

perdas representa significativo valor no salário desses profissionais27.

Por esse motivo, muitos foram os desligamentos dos integrantes da

equipe de Gestão: 11, no ano de 2011. Vários Núcleos de Formação tiveram seus

representantes trocados entre duas a quatro vezes no ano de 2011. O problema

persistiu em 2012, e foi atenuado, em 2013, devido à expectativa da oferta de

gratificação para os profissionais do quadro do magistério afastados em órgão

central para trabalhos pedagógicos.

A reorganização da Seesp, a partir do Decreto 57.141, de julho de 2011,

promoveu mudanças em sua estrutura. A Cenp foi extinta e suas atribuições foram

absorvidas pela CGEB. O Grupo de Gestão passou a fazer parte do CEPQM.

Nas atribuições descritas, para o CEPQM, no Decreto 57.141/201128, não

aparece explícita a formação continuada de gestores como atribuição do referido

Centro. Tal fato gerou muitas discussões e a divisão da equipe no órgão central. A

ação de formação de gestores deixou de ser consenso na equipe.

As discussões internas sobre as funções do CEPQM ainda não se

esgotaram. As diferentes concepções e posições sobre o referido decreto revelam

movimentos e interesses diversos, dentro da própria Seesp, e interferem na

27

No período da pesquisa, mais precisamente em agosto de 2013, foi publicada a Resolução Conjunta SE-SGP 2, de 3 de agosto de 2013, que regulamenta a Lei complementar 1.192/2012, Gratificação de Atividade Pedagógica, regulariza a situação dos integrantes do quadro do magistério afastados nos órgãos centrais. 28

Decreto 57.141/2011. Dispõe sobre a reorganização da Secretaria de Estado da Educação e dá outras providências.

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participação e não participação dos integrantes das equipes centrais nas ações

formativas do Plano de Formação de Gestores. Como aponta Martins (2002 a ).

(...) não basta aprender novas técnicas ou apenas frequentar alguns cursos de capacitação para compreender, introjetar novos referenciais teórico-metodológicos e, sobretudo, transformá-los em práticas criativas de construção do cotidiano.

A formação dos Grupos de Referência permanece como parte integrante

do planejamento da CGEB, dentro do Degeb, pelo CEPQM e a colaboração dos

integrantes na análise das políticas públicas implementadas pela Seesp e sugestões

de melhorias são consideradas na normatização de processos educacionais, como

consta na publicação Reorganização do Ensino Fundamental e Médio (SEESP,

2012, p.10). Resta-nos reconhecer seus desdobramentos na atuação dos diretores

de escolas envolvidos com o processo de formação, foco desta pesquisa.

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CAPÍTULO III

3.1 Visão de diretores de escolas públicas estaduais paulistas sobre a

formação continuada: repercussões nas unidades escolares

Conforme afirmado na Introdução deste trabalho, após o levantamento e

a análise da literatura e dos documentos oficiais, foi enviado um questionário

semiestruturado para ser respondido por dois diretores de cada um dos 27 Núcleos

de Formação. No entanto, apenas 29 diretores de escolas atenderam à solicitação.

O questionário foi organizado com o objetivo de recolher respostas que

proporcionassem a problematização, como orientam Rocha e Deusdarà (2005) a

partir de Daher (1998), na perspectiva de estabelecer a “necessária distância entre

os saberes do pesquisador e os produzidos pela coleta de informações junto aos

entrevistados”. Assim, apresentava quatro blocos:

Bloco I – Caracterização do participante e da escola;

Bloco II – Conteúdos e metodologia;

Bloco III – Participação no grupo;

Bloco IV – Desdobramentos nas escolas.

Após a leitura das questões, os dados fechados foram tabulados e as

respostas abertas classificadas em protocolo de pesquisa (Apêndice A). No que se

refere a essas últimas, foi realizada uma leitura atenta das recorrências, o que

possibilitou categorizá-las em cinco dimensões de análise:

Dimensão 1. Relevância das ações de formação continuada para a

gestão escolar.

Dimensão 2. Usos das metodologias propostas com base na gestão

escolar.

Dimensão 3. Participação de professores, funcionários, alunos, pais,

comunidade, nas decisões da escola.

Dimensão 4. Possíveis mudanças na organização, realização e

encaminhamentos do Conselho de Classe e Série.

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Dimensão 5. Tempo de permanência no Núcleo de Formação e opinião

sobre o processo de formação.

O exame das respostas abertas foi realizado na perspectiva da análise do

discurso, visando predominantemente, como orientam Rocha e Deusdarà (2005), a

partir de Charaudeau e Maingueneau (2004, p. 315), “ao debate do modo como a

enunciação é capaz de inter-relacionar [uma organização textual, e um lugar social

determinados]”.

É relevante considerar o contexto histórico-social a partir do qual os

sujeitos elaboraram suas respostas e o exercício criterioso de leitura e interpretação

das linhas e das entrelinhas de cada um dos enunciados, na perspectiva da

construção de “olhares diversos sobre o real” (ROCHA; DEUSDARÁ, 2005).

Inicialmente, apresentam-se os dados de caracterização dos

participantes.

No que diz respeito à faixa etária dos diretores, a totalidade deles já

trabalhou a metade, ou mais da metade, de sua carreira profissional: 55% dos

diretores que responderam ao questionário, têm entre 40 e 49 anos; 31% entre 50 e

59 anos, 4% de 30 a 39 anos e 10% têm mais de 60 anos de idade (Gráfico 4).

Considerando que o cargo de diretor de escola faz parte da carreira do

magistério e que, no Estado de São Paulo, para prestar concurso público, ou pleitear

a função, o profissional tem que ter oito anos de magistério, pode-se concluir que os

diretores participantes dessa pesquisa são experientes nas atribuições inerentes à

carreira. A experiência profissional deles pode ser observada em algumas das

questões abertas analisadas adiante, pois configuram consideráveis critérios a

respeito do processo de formação oferecido pela Seesp.

Gráfico 4- Faixa etária dos diretores entrevistados

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Quanto ao gênero, a maioria dos diretores é composta de mulheres, dado

que confirma o caráter feminino da profissão, exaustivamente divulgado e debatido

(Gráfico 5).

Gráfico 5- Distribuição dos diretores entrevistados, por gênero

Quanto ao tempo de magistério, 62% dos entrevistados possuem mais

de 20 anos de trabalho e 14% atuam há mais de 30 anos (Gráfico 6). Considerando

que o tempo para a aposentadoria de diretores é de 30 anos para mulheres e 35

anos para homens, esse dado aponta que a maioria dos diretores que respondem

Fonte: Elaborado pela autora

Fonte: Elaborado pela autora

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ao questionário está próxima da aposentadoria ou já passou do tempo de serviço

necessário para solicitá-la.

Gráfico 6- Tempo de magistério dos diretores entrevistados

Sobre a formação acadêmica, percebe-se que os diretores são oriundos

das diversas áreas do conhecimento: Linguagens (Letras, Educação Física e Arte),

Ciências Humanas (História e Geografia), Ciências da Natureza e Matemática.

Pedagogos representam 37% do total (Gráfico 7). Para o cargo de diretor de escola,

exige-se licenciatura em pedagogia ou especialização, mestrado ou doutorado na

área de Educação, além de, no mínimo, oito anos de efetivo exercício de magistério.

Gráfico 7- Formação acadêmica dos diretores entrevistados

Fonte: Elaborado pela autora

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Se considerado o tempo de direção, 69% dos diretores estão há mais de

dez anos no cargo/função de direção de escola (Gráfico 8). Esse dado aponta para

significativa experiência. Outro dado importante é que mais da metade dos diretores

tem experiência, também, como professores e/ou estão exercendo outras funções

da carreira do magistério (como professores coordenadores, vice-diretores).

Gráfico 8- Tempo de direção dos diretores entrevistados

Fonte: Elaborado pela autora

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Fonte: Elaborado pela autora

Quanto ao tempo de direção na escola atual, 31% tem até cinco anos,

os demais - 69% - estão há mais de cinco anos na escola (Gráfico 9). Considerando

que o tempo é um fator importante para o reconhecimento da realidade da escola,

da comunidade local e de suas necessidades, deduz-se que esses diretores têm

vasto conhecimento da escola em que atuam.

Gráfico 9- Tempo de direção, na escola atual, dos diretores entrevistados

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Fonte: Elaborado pela autora

Quanto ao tempo no Grupo de Referência, ou seja, de permanência no

processo de formação continuada, 59% dos diretores estão no Grupo de Referência

há mais de 19 meses, ou desde o início da ação, e 28% há mais de um ano (Gráfico

10).

Gráfico 10- Tempo no Grupo de Referência dos diretores entrevistados

Fonte: Elaborado pela autora

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3.2 Caracterização das escolas

O questionário foi respondido por diretores da capital, Grande São Paulo

e do interior, de escolas urbanas e rurais, com índice maior de diretores de escolas

urbanas do interior, totalizando 59% (Gráfico 11).

Gráfico 11- Localização da escola dos diretores entrevistados

Fonte: Elaborado pela autora

Quanto ao número de alunos, somente 11% dos diretores trabalham em

escolas que podem ser consideradas pequenas; 69% dos diretores são de escolas

que possuem entre 400 e 1.200 alunos; 10% dos diretores dirigem escolas com mais

de 1.600 alunos (Gráfico 12). O número de alunos da escola é fator importante para

organizar o trabalho do gestor escolar, uma vez que incide no número de salas de

aula para acompanhamento, de professores, de funcionários, dentre outros.

Gráfico 12- Número de alunos das escolas dos diretores entrevistados

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Quanto à situação funcional dos professores, as escolas do interior

possuem maior quantidade de professores titulares de cargo e estáveis. Já na

Grande São Paulo e capital, somados os professores titulares de cargo e estáveis, o

número ainda é menor do que os professores contratados. Esse dado é importante,

uma vez que interfere na organização dos trabalhos pedagógico e administrativo da

escola.

Gráfico 13- Quantidade de professores, da capital/Grande SP e interior, das escolas dos

diretores entrevistados

Fonte: Elaborado pela autora

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73

Fonte: Elaborado pela autora

3.3 Metodologia e conteúdos

Quanto à metodologia de trabalho aplicada nas reuniões, nos Núcleos

de Formação, 90% dos participantes a consideram importante. Desses, quase a

metade (42%) a considera muito importante (Gráfico 14).

A metodologia de organização do trabalho, nos Núcleos de Formação, é

referenciada na pesquisa-ação, construída de forma colaborativa, por meio do

levantamento de expectativas, da problematização, reflexão sobre as práticas e

proposição de ações. Nesse processo, é definido um tema comum, relacionado às

expectativas do grupo – em cada um dos 27 Núcleos de Formação. Assim, o

conteúdo trabalhado e a bibliografia para o aprofundamento teórico desse tema

estão diretamente ligados aos interesses da maioria dos integrantes do grupo.

Assim, pode-se explicar o elevado grau de interesse dos integrantes do GR, nos

Núcleos de Formação.

Entretanto, verifica-se que, nas escolas, em alguns casos, há uma ruptura

no procedimento metodológico e na definição dos conteúdos a serem trabalhados no

processo formativo, desvinculando-os das realidades e necessidades da/na escola,

como se verifica adiante.

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Gráfico 14- Metodologia aplicada nas reuniões dos Núcleos de Formação

Fonte: Elaborado pela autora

3.4 Sobre a participação e a não participação

A participação e a não participação são compreendidas aqui como

variáveis complexas e dinâmicas na análise das organizações institucionais e na

atuação dos gestores escolares, uma vez que são movidas por interesses de

grupos, interesses pessoais, que remetem a diferentes tipos de participação e de

não participação (LIMA, 2011), que interferem na gestão democrática, na construção

do trabalho coletivo, na elaboração e execução de planos de trabalho, dentre outros

aspectos. É importante destacar, também, que o tipo de participação que se busca

encontrar é a participação-coesão, participação colaboração, que é diferente da

integração, onde se busca levar o outro a executar.

Na proposta do Plano de Formação de Professores e Gestores são

previstas três instâncias, para a realização do processo, a saber: nos Núcleos de

Formação; nas DERs e nas Escolas. Em todas são consideradas a participação dos

gestores enquanto integrantes do GR da DER, envolvidos no processo de formação,

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mas, também, a sua atuação nas escolas, com vistas a organizar o processo

formativo e promover a participação dos diversos segmentos para a melhoria do

trabalho e da qualidade do trabalho desenvolvido.

Partindo das diretrizes do Plano de Formação de Professores e Gestores,

que se apresenta como dialógico, colaborativo, apoiado na ação comunicativa,

buscou-se analisar a interação entre os participantes em dois níveis: a interação das

diversas diretorias no espaço de formação, o Núcleo, e dos integrantes dos GRs de

cada DER, entre si.

Quanto à interação entre os integrantes do GR das diversas DERs,

novamente, a maioria diz ser importante ou muito importante essa interação. Porém,

destaca-se que 25% dos diretores consideram pouco importante a interação com

outras DERs. Registre-se que os Núcleos de Formação são compostos por duas a

sete DERs, que elaboram um plano de formação continuada, coletivamente,

exercitando o processo a ser desenvolvido nas DERs e Escolas. Assim, não interagir

pode significar não avançar no procedimento metodológico, uma vez que o Plano de

Formação Continuada de Professores e Gestores define uma metodologia de

formação referenciada na pesquisa-ação, de forma colaborativa.

Gráfico 15- Interação dos GRs das diferentes DERs

Fonte: Elaborado pela autora

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Os diretores afirmam, em quase a totalidade (97%), que a integração dos

membros do GR de cada DER é importante, ou muito importante, para o

desenvolvimento da ação de formação (Gráfico 16). Sem a integração dos membros

na elaboração conjunta do plano de ação, na proposição de objetivos e de ações, a

ação formativa não realiza seu percurso metodológico. No entanto, 3% dos diretores

negam a importância dessa interação. Os membros do GR da DER foram indicados

pelo dirigente regional de ensino, e nem sempre se conheciam ou desenvolviam

trabalhos conjuntos.

Gráfico 16- Interação do GR no Núcleo de Formação

Quanto à troca de experiências dos diretores com diretores, professores

coordenadores e supervisores de ensino de outras DEs, nos Núcleos de Formação,

90% consideram importante ou muito importante. Porém, 10% consideram essas

trocas pouco importantes (Gráfico 17).

O levantamento de experiências é relevante fator nas três instâncias de

formação, uma vez que no Plano de Formação de Professores e Gestores

(SEESP/CENP, 2011.) a prática é considerada enquanto campo de conhecimento e

a troca de experiências possibilita a “construção de conhecimento compartilhado de

melhores práticas curriculares nas escolas”.

A análise do que está sendo feito e como está sendo feito é que

possibilita os avanços no processo de formação: “o ponto de partida será as

Fonte: Elaborado pela autora

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questões cotidianas, os problemas e as dificuldades que afetam a atuação do

gestor, nos diversos espaços de atuação” (SEESP/CENP, 2011.).

Gráfico 17- Troca de experiências

Fonte: Elaborado pela autora

3.5 Desdobramentos na escola

Quanto à pertinência das temáticas abordadas para o andamento do

trabalho na escola, 93% afirmam que os temas desenvolvidos no Núcleo de

Formação colaboraram para o seu trabalho na escola. Os 7% restantes afirmam que

essas temáticas foram pouco importantes ou não tiveram nenhuma importância para

o seu trabalho (Gráfico 18).

A análise do Plano e dos relatos dos trabalhos desenvolvidos nos Núcleos

de Formação demonstra que as temáticas abordadas foram propostas

coletivamente, mediante a construção democrática de uma formação que atendesse

à expectativa da maioria, de forma coletiva. Portanto, ao apresentar temas que

traduzem a necessidade e a realidade dos participantes, é provável que os

conteúdos apresentados no Núcleo de Formação tenham colaborado para o

desenvolvimento do trabalho na escola.

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Quanto aos 7% que afirmam que as temáticas não foram importantes,

muito provavelmente, tinham outras expectativas, que não foram contempladas no

processo de construção democrática do Plano de Formação do Núcleo. Os temas e

conteúdos abordados podem ser relativos a problemáticas já resolvidas,

encaminhadas na escola em que atuam.

Gráfico 18- Pertinência das temáticas para o desenvolvimento do trabalho na escola

Quanto aos usos, na escola, das ações de formação – procedimento

metodológico –, 94% dos diretores pesquisados afirmam que foram importantes ou

muito importantes. Os demais (6%) afirmam que, para a aplicabilidade, as ações

tiveram pouca ou nenhuma importância para as atividades em suas escolas (Gráfico

19).

Apesar do reconhecimento da importância da ação de formação e seu

desdobramento na escola, registram-se pontos de tensão, quando efetuados os

cruzamentos com as respostas abertas, como se verifica adiante.

Gráfico 19- Aplicabilidade, na escola, das ações de formação

Fonte: Elaborado pela autora

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79

Fonte: Elaborado pela autora

Quanto à dimensão da gestão mais subsidiada pela formação, 63% dos

diretores apontam melhorias na gestão pedagógica e na participativa, foco do Plano

de Formação Continuada de Professores e Gestores e 37% apontam para as

dimensões de pessoas e resultados educacionais (Gráfico 20).

Gráfico 20- Dimensões da gestão

Fonte: Elaborado pela autora

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Considerando a participação dos diversos segmentos da escola nas

decisões, a partir de sua formação no GR, 83% dos diretores afirmam ter ampliado a

participação nas decisões, como também nas ações dos diversos segmentos da

comunidade escolar: professores, funcionários, alunos, pais, comunidade. A maioria

afirma trabalhar com gestão participativa antes da ação de formação em estudo.

Gráfico 21- Participação dos diversos segmentos escolares nas decisões coletivas e no

desenvolvimento das ações

Fonte

Fonte: Elaborado pela autora

Dos diretores pesquisados, 89% afirmam que sua formação no Grupo de

Referência tem promovido mudanças na organização, realização e

aprimoramento de conselho de classe e série (Gráfico 22).

Gráfico 22- Aprimoramento de conselho de classe e série

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Após o processamento das respostas fechadas do questionário,

classificadas em ordem numérica de 1 a 29, percebe-se que a maioria dos diretores

aponta para o sucesso do Plano de Formação de Professores e Gestores, ao

promover o aprimoramento da prática profissional e proporcionar avanços na

participação, no diálogo e na resolução de problemas.

Contudo, na análise dos resultados das questões abertas do questionário,

verifica-se que outros fatores podem ter interferido na elaboração das respostas e

que muitas delas podem ter sido respondidas de forma burocrática pelos diretores.

Em que pese o sucesso apontado pelos diretores de escolas para a ação

de formação continuada proposta no Plano, ao analisar o tempo de carreira de

magistério, a formação acadêmica, o tempo como diretores de escolas, pode-se

refletir sobre a possibilidade de que parte deles deu a resposta “politicamente

correta”, quando questionados sobre as políticas públicas e/ou projetos

desenvolvidos pela Seesp.

Ao que tudo indica, o processo formativo oferecido pela Seesp, que inclui

avaliação das ações ao longo da permanência desses profissionais nos cursos,

quando instados a responder, pode estar configurando posturas administrativas de

reação imediata.

Por exemplo, chama a atenção a elaborada fala do sujeito 13, quando

questionado sobre a sua visão acerca da reorganização do trabalho pedagógico em

sua unidade escolar.

Fonte: Elaborado pela autora

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Por meio de uma reflexão coletiva de caráter crítico, com a finalidade de coletar informações para ressignificação das práticas, utilizando a análise dos dados - resultados - diagnosticados de forma qualitativa e interpretativa, sempre com foco no desenvolvimento das competências e habilidades ajustáveis às necessidades (Sujeito 13).

No processo de desenvolvimento da pesquisa, realizados os cruzamentos

necessários entre questões fechadas e abertas, observam-se contradições que

merecem aprofundamento, pois apontam para um campo de tensão que exige

cuidados em sua análise.

É importante destacar que a análise das afirmações dos diretores

efetuada nesse processo busca considerar as respostas desses sujeitos inseridas

num amplo contexto que envolve aspectos históricos, sociais, políticos, pessoais, do

espaço escolar e dos interesses que movem as relações. Em nenhum momento as

ações descritas são julgadas, mas analisadas na perspectiva de apontar para

caminhos levantados à luz da teoria examinada e das diretrizes do Plano de

Formação Continuada de Professores e Gestores.

Assim, os achados do estudo, até o presente momento, são classificados

nas dimensões de análise que se seguem.

3.6 Dimensões de Análise

3.6.1 Dimensão 1. Relevância das ações de formação continuada para a

gestão escolar

Considerando os objetivos das ações de formação de gestores descritas

no Plano de Formação de Professores e Gestores, citados na Introdução deste

trabalho, é verificada a relevância da ação de formação continuada, a partir da

aproximação das ações dos Sujeitos aos objetivos descritos no referido Plano de

Formação Continuada que são: 1. Desenvolver um trabalho sistemático com todos

os envolvidos no processo de formação; 2. Ressignificar as práticas de gestão a

partir de um processo contínuo da ação-reflexão-ação, articulando teorias e práticas.

3. Implementar novas práticas de gestão escolar no âmbito da atuação relacionada à

organização, orientação e planejamento na escola.

Os diretores são unânimes em afirmar que a ação de formação

continuada desenvolvida nos núcleos foi significativa para o aprimoramento de sua

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prática profissional, uma vez que possibilitou embasamento teórico; reflexão sobre a

prática; implementação de novas práticas e melhorias de outras; trocas de

experiências com as demais escolas e DEs; fortalecimento da equipe gestora como

um grupo formador; organização da formação continuada na escola de forma

coletiva; fortalecimento do trabalho em equipe/coletivo, principalmente da equipe

gestora; boa aplicação do tempo; problematização; e estudo,

O tempo para estudo e a melhoria do trabalho, a partir da associação da

teoria com a prática, são destacados na afirmação do Sujeito 17.

O aprimoramento do trabalho é mais eficaz na medida em que as ações são fundamentadas nas teorias educacionais. Com a dinâmica da escola é muito difícil parar para fazer estudo e o GR proporciona isso (Sujeito 17).

Retomadas as orientações de Libâneo (2013), destacadas no Capítulo I

deste trabalho, quanto às concepções de funcionamento da escola que busca a

melhoria de seu trabalho, verifica-se que o autor aponta para uma organização

coletiva, com a interação de seus membros, o compartilhamento de valores, a

elaboração conjunta de planos. Ao definir aspectos que podem ser considerados nas

práticas de gestão escolar, Libâneo (2013) orienta a gestão com participação

atrelada a atividades de formação continuada.

As afirmações dos diretores, articuladas aos objetivos do Plano de

Formação Continuada, confirmam o sucesso da pesquisa e a relevância da ação de

formação continuada para a gestão escolar.

Porém, analisadas as descrições efetuadas pelos diretores de como se

deu o aprimoramento da ação, da articulação da teoria com a prática, no dia a dia da

escola, algumas questões necessitam ser problematizadas.

A partir, por exemplo, da afirmação do Sujeito 22: “sempre aprendemos

alguma coisa, que, posteriormente, nos é útil na prática pedagógica”, pode-se

relativizar a relevância do conhecimento adquirido, pois, ao que tudo indica, “alguma

coisa” ele aprendeu para ser utilizada em um momento oportuno.

O Plano de Formação Continuada de Professores e Gestores, assim

como a ação formativa desencadeada por ele, trazem como premissa o

levantamento das expectativas, a problematização, o estudo e a proposição de

novas ações, a partir das necessidades formativas locais.

Assim, o Sujeito 18, numa visão positiva do processo, afirma que: “Somos

todos ‘estudantes’ e tudo que aprendemos aplicamos; compartilhamos sempre o que

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contribuirá de alguma forma em nosso caminhar em direção à nossa meta”. A

análise de tal afirmação remete a dúvidas sobre a apropriação da metodologia da

ação de formação, ou seja, do fazer referenciado na pesquisa-ação. A teorização

para a resolução de um problema identificado, com vistas a dar encaminhamento a

um planejamento desenvolvido, realizado em espiral, olhando o problema diversas

vezes, sob diversos ângulos (BARBIER, 2007), não é tarefa simples.

O Sujeito 18 compartilha a teoria estudada no Núcleo de Formação,

utilizada como suporte ao Plano de Formação construído pelos integrantes do GR,

com a equipe da escola em que trabalha, selecionando o que, na sua visão,

contribuirá para o trabalho. Nesse contexto, a escola pode não ter sido considerada

como lócus de formação.

O mesmo procedimento se dá na atuação do Sujeito 19.

Foi um momento privilegiado para o estudo e a reflexão de temas relacionados à atuação do gestor, bem como aos norteadores do processo pedagógico. Preciso ressaltar que os reflexos dos estudos estão sendo visualizados em minha unidade escolar, pois as ATPCs têm sido verdadeiramente formativas, pois estou levando para esses momentos um pouco do que refletimos e estudamos no GR (Sujeito 19).

Novamente, não se identifica na afirmação do Sujeito 19 um trabalho

referenciado nos princípios metodológicos da pesquisa-ação, como proposto no

Plano de Formação Continuada de Professores e Gestores. A utilização de um

referencial teórico estudado no Núcleo de Formação é importante e pode ser

aproveitado na escola, desde que auxilie a equipe na resolução dos seus problemas,

sejam eles de organização da escola, de aprendizagem dos estudantes ou outros, a

partir da realidade própria.

Apesar de a equipe de gestão organizar a escola para as atividades de

formação continuada, uma das características apontadas por Libâneo (2013) como

caminho para uma escola de qualidade, parece-nos que o diálogo e o levantamento

das expectativas, das necessidades da comunidade escolar, principalmente de

alunos e professores, não tem sido o ponto de partida para a construção coletiva de

um plano de formação continuada que colabore na resolução dos problemas da

escola e para a escola.

Se, de um lado, a importância dada à formação continuada avançou,

assim como a organização da escola e dos espaços e tempos institucionalizados

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com foco nesse processo formativo, de outro, as evidências mostram limites no

procedimento metodológico da formação proposto no referido plano. Isso se

confirma na afirmação do Sujeito 26: “A formação proporciona os estudos periódicos

em ações pontuais” e do Sujeito 28: “O espaço do GR tem focos de reflexão

pontuais, provocando um aprimoramento nas questões compartilhadas”. Reflexões

pontuais fogem da perspectiva de formação continuada proposta no Plano de

Formação Continuada de Professores e Gestores, conforme se discute no Capítulo

II.

3.6.2 Dimensão 2. Usos das metodologias propostas com base na

gestão escolar

Todos os diretores afirmam que aplicam a metodologia proposta na ação

de formação, como é o caso do Sujeito 10: “Aplico nas ATPCs e no planejamento”,

destacando: o levantamento de dificuldades e problemas; os pontos frágeis e as

potencialidades da escola; a reflexão coletiva; a coleta de informações para estudo,

com trocas de experiências entre os professores; os estudos de textos acadêmicos e

as discussões com alunos e professores.

O apontamento do Sujeito 2 remete a um movimento na escola que

envolve toda a equipe gestora encarregada de observar o trabalho desenvolvido em

sala de aula, bem como os aspectos utilizados como subsídio para ações

formativas. Nota-se o emprego da produção acadêmica e a valorização das práticas

desenvolvidas na escola, com trocas de experiências. Vejamos:

Observação em sala de aula pelo grupo gestor com interferências na rotina da escola e, ao mesmo tempo, colhendo informações para estudo utilizando-se tanto de textos acadêmicos como da troca de experiência entre os pares (Sujeito 2).

O Sujeito 3 afirma que a utilização da metodologia se dá: “através de

discussões com os professores em [Aulas de Trabalho Pedagógico Coletivo] ATPCs

e com alunos em sala de aula”. Tal afirmação pode indicar que a metodologia

proposta no Plano de Formação Continuada de Professores e Gestores, pautada no

diálogo, está sendo utilizada por meio de ações que envolvem discussões com

alunos e estimulam a participação desse segmento na organização da escola.

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Quanto aos aspectos que necessitam aprofundamento, é importante

destacar que a maioria dos diretores aponta dificuldades com a pesquisa-ação. Tal

fato demonstra a ausência de compreensão e/ou clareza do proposto no Plano de

Formação Continuada de Professores e Gestores e da ação de formação ao abordar

essa referência metodológica na pesquisa-ação.

Na pesquisa-ação, temos ainda dificuldades na utilização dessa metodologia, mas no diálogo concretizamos a solidificação da construção do saber assim como a participação inerente nesta construção (Sujeito 25).

Os diretores revelam a compreensão de que devem desenvolver

pesquisa-ação na escola, e não referenciar seu trabalho nos aportes da pesquisa-

ação, conforme aponta o Plano de Formação Continuada de Professores e

Gestores.

Em alguns casos, percebe-se a preocupação com o aprofundamento

teórico da metodologia do GR, referenciada na pesquisa-ação, e sua disseminação

para a equipe gestora, ampliando as discussões no âmbito da escola.

Após estudos, reflexões e discussões sobre esta metodologia no GR, levei a proposta para a UE onde atuo. Em reunião de equipe gestora, orientei a vice-diretora e as coordenadoras pedagógicas quanto a esta metodologia. Em seguida, refletimos sobre algumas problemáticas da UE, levamos a equipe docente, refletimos juntos, diagnosticamos as causas e as consequências e já organizamos ações de melhoria. Isso tudo gerou reflexão e mudança de postura e de ação de muitos profissionais da UE (Sujeito 4).

Apesar de perceber-se uma organização da escola com vistas ao diálogo,

à participação dos envolvidos no processo, a análise das entrevistas aponta para um

movimento de formação continuada organizado verticalmente: a diretora orienta a

equipe gestora, envolvendo-a no processo; a equipe gestora reflete sobre os

problemas da escola e leva esses problemas para os professores.

Num processo coletivo, dialógico, participativo, o levantamento dos

problemas da escola careceria ser feito por toda a equipe escolar. Libâneo (2013),

ao apontar aspectos que podem ser considerados nas mudanças das práticas de

gestão escolar a serviço do processo ensino-aprendizagem, destaca a gestão

participativa e a atividade conjunta dos professores ao elaborar e avaliar as

atividades de ensino.

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A importância dos temas estudados nos Núcleos de Formação, bem

como a bibliografia pesquisada, também é avaliada positivamente, porém, percebe-

se que a metodologia proposta no processo de formação não encontra sustentação

nas afirmações coletadas sobre as práticas desenvolvidas pelos diretores na gestão

das escolas, como se verifica adiante.

Os processos metodológicos aos quais eles se referem suscitam dúvidas.

Quando instado a emitir opinião sobre a metodologia proposta, o Sujeito 8 afirma:

Através de textos que foram passados no GR. Os textos foram passados nos ATPCs, e também nas reuniões pedagógicas e reuniões semanais com a equipe gestora (Sujeito 8).

O Plano propõe a escola como lócus de formação, partindo das

necessidades locais, da análise da prática, do levantamento bibliográfico para

iluminar e construir novas práticas. Ao repassar o texto para a equipe escolar, o

Sujeito 8 pode contribuir com a formação da equipe, estimulando a leitura e o

aprofundamento dos conhecimentos teóricos, porém, não se descarta a

possibilidade de os temas indicados pelo GR estarem descontextualizados das

necessidades da própria escola, uma vez que há indícios de que não foram

levantados/diagnosticados problemas da unidade escolar, na expectativa de

melhoria do trabalho de todos os envolvidos e, consequentemente, de aprendizagem

para os alunos.

De qualquer forma algumas respostas apontam para avanços na prática

individual de cada professor e da equipe gestora:

No planejamento de início de ano, realizamos o "Fofa". Através desse exercício, no coletivo, elencamos nosso foco de estudo, baseado nas nossas dificuldades e problemas. Depois de escolhido o tema, alguns colaboraram, buscando a bibliografia necessária à formação e ao aperfeiçoamento, com reflexo na prática de cada um (Sujeito 6).

Percebe-se que o ciclo em espiral proposto na pesquisa-ação e seu

caráter colaborativo delineado no Plano não se completam: as equipes avançam no

diagnóstico e na reflexão de suas expectativas, problematizam, buscam

embasamento teórico, porém, não citam a análise das práticas desenvolvidas no

cotidiano escolar e não apontam a proposição conjunta de novas práticas, nem sua

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aplicação na escola e/ou na sala de aula. Prevalecce um discurso genérico,

exemplificado na fala do Sujeito 27.

A partir de estudos teóricos envolvidos nas práticas escolares, o processo de pesquisa-ação auxilia na formação dos PCPs e, consequentemente, na formação docente, o que reflete nas salas de aula (Sujeito 27).

Lima (2011) aponta para a liderança distributiva, num processo em que o

diretor da escola é a figura que organiza o trabalho com vistas a “dar vez e voz” a

todos, fortalecendo a participação-coesão e a participação-colaboração de

professores e demais segmentos da escola, desenvolvendo formas diversificadas

(individuais e coletivas) de liderança. Porém, nas falas analisadas, não fica claro

esse movimento, remetendo-nos para a centralização dos processos na figura dos

diretores. Além disso, a dúvida entre fazer pesquisa-ação e referenciar o trabalho na

metodologia da pesquisa-ação novamente aparece na afirmação do Sujeito 27.

A apropriação metodológica do Plano aponta ações mais horizontais na

organização dos processos formativos na escola e de detalhamento nas proposições

de diferentes práticas para a resolução das necessidades/expectativas das equipes

escolares.

Estou buscando, através da conversa, colocar aos docentes a necessidade de refletir sobre ações que são desenvolvidas, mas que, por diversos fatores, ainda não exercem mudanças na aprendizagem dos alunos em sala de aula (Sujeito 24).

Percebe-se, na fala do Sujeito 24, o esforço para convencer e envolver a

equipe na realização do trabalho na linha metodológica proposta no Plano. Porém,

é preciso que o diretor crie as condições para que se efetive um trabalho de

levantamento de expectativas, análise de práticas e proposição de novas práticas.

Assim, o movimento metodológico com vistas à problematização das necessidades

formativas da equipe escolar, para melhoria da qualidade do trabalho desenvolvido

na unidade escolar, ainda carece de aprimoramento.

O Sujeito 1, na perspectiva de empregar a metodologia de trabalho

proposta na ação de formação, afirma que busca:

aplicar a metodologia através de um grupo de estudo com professores de matemática, que se reuniram fora do horário de aula para fundamentar sua prática na competência leitora e escritora (Sujeito 1).

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A construção do processo de mudança, necessita promover na escola

uma cultura de colaboração e participação; ampliar o conhecimento, dos próprios

membros da organização, dos seus modos de funcionamento, das regras e

estruturas, enfim, fazer uso da formação continuada em serviço em prol da

construção da autonomia.

Muito embora o Sujeito 1 tenha conseguido avanços significativos na

organização de um grupo de professores para realizarem estudos e fundamentarem

sua prática fora do horário de trabalho, o que não é uma tarefa simples, é preciso

refletir sobre os impactos desse grupo na construção do trabalho coletivo da/na

escola, na integração com os demais professores, na organização da escola, no seu

modo de funcionamento, enfim, na sua proposta pedagógica.

3.6.3 Dimensão 3. Participação de professores, funcionários, alunos,

pais, comunidade, nas decisões da escola

O Plano de Formação Continuada de Gestores estabelece como

premissa a participação, entendida como um princípio democrático, normatizado,

expresso no plano das orientações para a ação organizacional de duas formas:

participação consagrada – aquela que está prevista em leis – e a participação

decretada – aquela que está regulamentada por leis. (LIMA, 2011). A afirmação do

Sujeito 4 remete a reflexões.

No caso da UE onde trabalho, a reflexão e análise da Gestão Pedagógica e de Resultados pauta-se na equipe gestora, equipe docente e nos funcionários. Não ampliamos a discussão, ainda, aos alunos, pais e à comunidade em geral. Apenas após a organização das ações, passamos estas pelo Conselho de Escola (Sujeito 4).

O Conselho de Escola é uma forma de participação decretada, ou seja,

prevista nas normas que orientam a ação das escolas públicas estaduais no Estado

de São Paulo. Participar do Conselho remete à democraticidade dos que são eleitos

e dos que elegem, e é um tipo de atividade que regula a autoridade na escola. A

forma como é apresentada pelo Sujeito 4, a atuação apontada do Conselho de

Escola deixa dúvidas sobre uma participação-coesão, participação-colaboração e

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pode apontar para um envolvimento reservado, ou passivo, com orientações

divergentes (LIMA, 2011).

Assim, nota-se a presença do Conselho de Escola, mas há dúvidas

quanto ao tipo de participação ou não participação desse Conselho: se é exercida de

fato, com as pessoas tomando decisões coletivas, ou um envolvimento em que os

sujeitos têm transparência das ações realizadas pela escola, mas não participam do

momento que as antecede, que é o da tomada de decisões.

O Sujeito 26 afirma que: “em vários momentos, a comunidade escolar é

convidada à discussão”, mas não aponta o encaminhamento dado a essas

discussões. A proposta de formação, descrita no Comunicado Cenp 2011, propõe a

participação colaborativa de todos os segmentos, num processo coletivo. Aos olhos

de Lima (2011), a participação na escola, no campo das ações organizacionais,

pode ser caracterizada como regulamentada e formal, em referência exclusiva às

regras formais, e remeter a um envolvimento reservado e passivo, mesmo com

orientação convergente. A não participação também é possível.

Entretanto, ressalte-se que nas questões fechadas a maioria, ou seja,

83% dos diretores afirmam que os diversos segmentos da comunidade escolar (pais,

professores, alunos, funcionários) participam das decisões coletivas da escola e

explicam que essa participação se dá no planejamento, nas ATPC, reuniões

pedagógicas, nos colegiados (Conselho de Classe e Série e Conselho de Escola),

nas instituições (Associação de Pais e Mestres e Grêmio Estudantil), ou seja, na

organização da escola, com o aprofundamento da gestão democrática na dimensão

participativa.

O Sujeito 13 afirma que a participação na unidade escolar da qual é

gestor já existia anteriormente à sua participação no GR: “não a partir do Grupo de

Referência, pois a escola tem como prática rotineira a gestão participativa –

democrática”.

Na visão do Sujeito 18:

Professores e funcionários têm uma participação ativa e satisfatória em tudo o que é proposto, estudado, compartilhado. A participação dos alunos depende diretamente da atuação docente, por tratar-se de Ciclo I inicial. Com relação aos pais e funcionários, digo comunidade, é o nosso desafio pois é muito limitada (Sujeito 18).

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O Sujeito 18 tem uma visão de como está o processo de participação na

escola, e apresenta proposta para a inserção das crianças de ciclo I no processo de

participação coletivo, além de colocar a participação dos pais como um desafio a ser

enfrentado coletivamente: “nosso desafio”.

A leitura detalhada da forma de participação praticada na escola em que o

Sujeito 18 é diretor, aponta que os professores e funcionários participam de tudo o

que é proposto, estudado e compartilhado, apresentando um quadro de

envolvimento ativo ou reservado, que pode não representar a participação nas

decisões coletivas.

A análise das explicações sobre a participação nas escolas aponta para a

perspectiva de que se dá de forma muito ampla, abrangendo os diversos segmentos

e tempos da/na escola, como apontado na resposta do Sujeito 2: “No planejamento,

nas ATPC, nos Colegiados e nas Instituições, na elaboração da proposta, todos são

educadores. A escola não consegue resolver tudo sozinha”, porém, não há

explicações sobre como ocorre a construção desse processo com todos os

segmentos e do tipo de participação praticada na escola. A abrangência da resposta

pode indicar diversos tipos de participação: regulamentação, envolvimento,

orientação, mas não permite identificar se é formal, informal, ativa, passiva,

convergente, divergente, dentre outras.

O mesmo se dá na afirmação do Sujeito 14 sobre a participação na

escola:

Sim, mas preciso melhorar a gestão participativa, vivemos em uma sociedade autoritária e os participantes ainda encontram dificuldades de aproximação, aceitação, cooperação (Sujeito 14).

Se tomado como referência o processo metodológico proposto no Plano

de Formação de Professores e Gestores, a constatação do Sujeito 14 em relação

aos obstáculos enfrentados para o desenvolvimento de uma gestão participativa,

aponta para a necessidade de um plano de ação, construído coletivamente, que

trabalhe as dificuldades, melhorando a participação da comunidade na perspectiva

de um envolvimento ativo e de uma orientação convergente na realização dos

objetivos da escola, uma vez que a fala do Sujeito 14 pode apontar uma participação

regulamentada formal, que não estimula a participação-coesão, levando a uma

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postura de desinteresse e alheamento da comunidade escolar, traduzida em

envolvimento passivo.

O Sujeito 22 aponta para a falta de tempo na escola para “partilhar”, o que

implica a participação: “Não há espaço na escola para partilhar. Só temos uma

ATPC de 2 horas semanais, em que todos participam. Temos tarefas do Ler e

Escrever e Emai para cumprir”. Na afirmação do diretor, encontra-se a contradição

entre o discurso pedagógico e as condições de trabalho de professores e gestores.

Lima (2011, p. 11) aponta para o fenômeno da hiperburocratização –

representado por aumento da burocracia racional, de forma exagerada nas escolas,

reforçado “pelas novas tecnologias de informação e comunicação” que diminuem os

tempos de convivência, além de aumentar e controlar, de forma centralizada, as

tarefas dos profissionais da educação, tanto nas ações administrativas, quanto nas

pedagógicas. Assim, o trabalho coletivo, a participação nas decisões da escola, a

construção conjunta de uma proposta pedagógica e de atividades para os alunos

submergem a um “controle centralizado, eletrônico, e aparentemente difuso, mas

contudo poderoso, sempre presente em cada momento e em todos os lugares, isto

é, de natureza totalizante e, por vezes, quase totalitária”. Aqui fica evidente o

distanciamento entre teoria e prática, entre o que é proposto no Plano e as

condições de trabalho dos gestores e professores.

O Sujeito 20 afirma que a participação na escola se dá: “em parte. Nem

toda equipe escolar tem interesse ou preocupação em participar dos colegiados ou

instituições”. Da mesma forma a afirmação do Sujeito 20 nos remete a reflexões

sobre as dificuldades na organização do trabalho coletivo na escola, uma vez que é

movido pelas ações dos sujeitos, por fenômenos de liderança, pelos jogos de poder,

limitados pelo tempo, espaço e influenciados pelos contextos social, político,

econômico, assim como a organização da escola com vistas à participação ou não

participação.

A organização do trabalho coletivo na escola pode não estar propiciando

a participação que o diretor espera da equipe. Lima (2011) aponta para

convergências e divergências dos sujeitos quanto às estruturas formais da escola e

que a participação praticada mediante envolvimento pode ser ativa, reservada ou

passiva, numa escala que vai do alto grau de envolvimento, até o desinteresse pelas

ações da escola.

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O sujeito 29 aponta a falta de interesse dos pais que, dentre várias

possibilidades de participação praticada na ação das escolas, nos remete à não

participação:

A comunidade e os pais não têm interesse em participar, eu realizava reunião aos sábados e eles não compareciam. Professores e alunos não se mostram interessados. Eu tenho usado várias estratégias para que todos participem e ajudem na tomada de decisões e na aplicação das verbas (Sujeito 29).

Para Lima (2011), a não participação é uma orientação possível e a

descrição acima, analisada sob a ótica das possibilidades de não participação, pode

ser entendida como uma não participação consagrada, uma vez que não está

prevista nas leis e nos processos normativos, nem é induzida ou voluntária. A não

participação dos pais pode estar relacionada a fatores exógenos: horário de

trabalho, ausência de interesse, dentre outros fatores, mas pode estar relacionada,

também, aos objetivos divergentes na estrutura dessa participação na organização

da escola.

O Sujeito 11 afirma que “a comunidade é participativa em alguns

momentos, no entanto, em outros, se omite”. À luz da orientação da ação de

formação, prevista no Plano de Formação Continuada de Professores e Gestores,

essa questão precisa ser problematizada, refletida, estudada e revertida em novas e

diferentes práticas. Nota-se aí, também, um possível limite na apropriação

metodológica da ação de formação pelos diretores.

A afirmação do Sujeito 28 aponta para um desânimo do diretor, que já

tomou diversas medidas para envolver os diversos segmentos da escola.

Novamente, faz-se necessária uma relação entre o que está previsto no

Plano de Formação Continuada de Professores e Gestores e repercussões do

processo na escola. As dificuldades carecem de ser levantadas e discutidas

coletivamente, problematizadas, e as práticas precisam ser analisadas à luz da

teoria e propostas novas ações. Pode-se considerar que o horário não é o principal

problema para a participação dos pais em uma reunião.

Os assuntos abordados, a interpretação que se dá aos problemas de

aprendizagem dos seus filhos, o encaminhamento das soluções possíveis na

parceria família/escola podem ser aspectos que demandam atenção. A análise das

práticas, “estratégias” (como aponta o sujeito 20) que estão sendo utilizadas na

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escola para que pais, alunos, professores, funcionários, participem, é o caminho

para mudanças, de acordo com o referido Plano.

3.6.4 Dimensão 4. Possíveis mudanças na organização, realização e

encaminhamentos do Conselho de Classe e Série (CCS)

Como já descrito no Capítulo II desta dissertação, no segundo semestre

de 2012, a equipe do órgão central responsável pela ação de formação realizou

encontros centralizados, com representantes dos Núcleos de Formação para a

discussão específica do tema CCS. Essas discussões foram feitas nos Núcleos de

Formação, em DER, e em Escolas cujos diretores participavam do processo.

A maioria dos diretores, 89%, afirma que a formação no GR tem

promovido mudanças no CCS. “Eu sou membro do GR e, portanto, trago as

discussões para a UE” (Sujeito 23).

O Sujeito 4 aponta:

Como o nosso foco está sendo a Gestão Pedagógica e de Resultados, em nossas reuniões de equipe gestora (formação), reflexões dessas discussões e análises já são percebidos tanto em ATPC como nas reuniões de Conselho de Classe (Sujeito 4).

Quando questionados sobre os CCS participativos, que estabelecem a

participação sob forma de regulamentação, ou seja, que se dá de forma organizada

e formal no interior das escolas e que se espera um envolvimento ativo da

comunidade escolar, as respostas evidenciam que a participação de todos os

segmentos da escola, sob a forma de participação coletiva, colaborativa, voltada

para a problematização e resolução dos problemas, proposta no Plano de

Formação Continuada de Professores e Gestores ainda tem muito a caminhar.

Alguns diretores apontam dificuldades na adesão de alunos e a

participação dos pais não é mencionada. Para o Sujeito 18:

O conselho de classe/série realizado na unidade em que atuo é muito estruturado por toda equipe gestora, com a participação dos docentes e funcionários administrativos. Todo o processo flui dentro do necessário, exceto pela falta de participação dos alunos por tratar-se de Ciclo I inicial temos dificuldades (Sujeito 18).

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Tal afirmação remete-nos ao cuidado da equipe gestora com a

organização do CCS na escola. O processo é todo planejado: espaço, tempo,

registros, a participação de docentes e funcionários, o que é importante e aponta

para avanços, principalmente por trazer funcionários para a reunião do CCS.

Percebem-se avanços na participação dos diversos segmentos da escola, porém, a

inclusão de alunos e pais ainda não está concretizada.

Novamente, observa-se um distanciamento do referencial metodológico

do Plano de Formação Continuada de Professores e Gestores, que propõe um

processo dialógico e participativo, com a inclusão de toda a comunidade escolar

para o levantamento e a resolução dos seus problemas, sejam eles de organização

escolar ou, no caso do CCS, de aprendizagem dos alunos e ensino da/na escola.

O Sujeito 16 afirma que na escola na qual é diretor:

As mudanças ainda estão em curso no sentido de implementação de novas práticas calcadas na reflexão. Persiste, ainda, a dificuldade na inclusão da representatividade dos alunos e pais de forma ativa. A busca persiste por alternativas no sentido de desburocratizar a prática cristalizada, muitas vezes esquecendo-se da Progressão Continuada no Ensino Fundamental II (Sujeito 16).

Embora o Sujeito 16 reconheça a realidade da participação de pais e

alunos no âmbito da escola na qual é diretor, percebe-se que, segundo Lima (2011),

a participação pode, ainda, ser praticada de forma decretada, na forma de

regulamentação, formal, mas não uma participação-colaboração. O Sujeito 16

aponta, ainda, a burocratização na participação dos pais e alunos. Como, no campo

da orientação dos órgãos centrais para a ação nas escolas, o CCS é uma

participação consagrada, a burocracia que o diretor aponta pode ser criada pela

própria escola.

De qualquer forma, o Plano de Formação Continuada de Professores e

Gestores orienta que, diagnosticado o problema, o diretor e sua equipe têm um

percurso metodológico, que passa pela análise de práticas, desenvolvido na ação de

formação de gestores, para a resolução do mesmo.

Em algumas escolas, há o envolvimento de pais e alunos com exposição

de trabalhos e discussões entre escola e pais sobre o que está se trabalhando em

sala de aula e os novos projetos em desenvolvimento na escola. Porém, o objetivo

do CCS, que é a avaliação e o aprendizado do aluno, não é discutido: “Pais e alunos

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podem ler exposições dos trabalhos realizados pelos alunos; com uso dos recursos

existentes na escola; falar sobre o que está sendo trabalhado; e também sobre

novos projetos” (Sujeito 8). Como alerta Lima (2011), envolvimento reservado e

passivo é diferente de participação-coesão, participação-colaboração.

A fala a seguir remete, novamente, aos usos do processo metodológico

no âmbito da escola:

O caráter dialógico e participativo do GR promoveu mudanças principalmente na valorização do Conselho classe/série. Define-se o problema das séries. Se for da governabilidade da equipe, buscam-se textos a respeito do assunto (Sujeito 6).

Importante o avanço descrito pelo Sujeito 6, com a valorização do CCS.

Porém, o diretor afirma que define o problema da série e, se for da governabilidade

da equipe, a escola busca textos a respeito do assunto. Contudo, não informa o que

é feito com os textos e quais as mudanças na prática, a partir da leitura. Também há

que se refletir sobre a compreensão do que é o CCS, uma vez que seu objetivo é

discutir a aprendizagem dos alunos e o ensino da/na escola e propor

encaminhamentos e ações com vistas a promover o aprendizado dos estudantes.

Novamente, percebe-se que a proposta no Plano de Formação

Continuada de Professores e Gestores ainda precisa avançar: se, de um lado,

conseguiu a valorização do CCS, de outro, a análise das práticas e a proposição de

melhorias ainda não se concretizou em mudanças na prática.

3.6.5 Dimensão 5. Tempo de permanência no Núcleo de Formação e

opinião sobre o processo de formação

Por último, esta quinta dimensão de análise é resultado do cruzamento do

tempo de permanência dos diretores respondentes com o total de questões abertas

classificadas nas dimensões anteriores, proporcionando um olhar mais atento às

contradições que permeiam o processo formativo em pauta.

Tendo em vista que a questão principal deste estudo refere-se aos

desdobramentos da ação de formação no modo de atuar dos diretores nas escolas,

pode-se afirmar que as ações descritas no Plano de Formação Continuada de

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Professores e Gestores e o processo de formação desencadeado a partir dele, são

consideradas muito importantes, apesar de apresentarem queda nessa avaliação

daqueles que fazem parte do processo formativo, nos Núcleos de Formação, no

período de 7 a 12 meses.

Algumas questões merecem destaque. Pode-se inferir que as avaliações

passaram a ser mais negativas, no decorrer do tempo, porque os gestores

participantes podem ter observado a complexidade de propor e implementar novas

ações coletivas, participativas no cotidiano da escola.

Gráfico 23- Importância das ações implementadas de formação continuada

Gráfico 24- Tempo do grupo referência versus avaliação das ações implementadas de formação

continuada

Fonte:Elaborado pela autora

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Fonte: Elaborado pela autora

Comparados o tempo de permanência e a importância da metodologia,

percebe-se que, quanto maior é o tempo e permanência do diretor no GR, e,

consequentemente, nos Núcleos de Formação, menor é sua crença na metodologia

do processo de formação. Apesar de não descaracterizar a metodologia, os

diretores vão deixando de avaliá-la como muito importante.

Gráfico 25- Tempo do grupo de referência versus importância da metodologia aplicada nos núcleos

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Embora a maioria das respostas indique o acolhimento das diretrizes do

Plano de Formação Continuada de Professores e Gestores referenciado na

pesquisa-ação colaborativa como orientação para organizar o processo formativo e

os trabalhos desenvolvidos nas unidades escolares, é bem possível que os diretores

e as equipes escolares tenham dificuldades teóricas e metodológicas para analisar

as práticas e a proposição de novas práticas a partir da articulação entre teoria e

prática.

Infere-se que a ausência de uma intervenção por parte do professor

universitário, pela equipe técnica do órgão central e/ou por integrantes do GR, com

possibilidades de fazê-lo no momento oportuno, pode causar lentidão na proposição

de novas práticas, o que gera descrença na metodologia.

Fonte: Elaborado pela autora

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo, são analisados os limites e as potencialidades das ações

formativas de gestores ofertadas pela Seesp, mais especificamente do Plano de

Formação Continuada de Professores e Gestores, detalhado no Comunicado CENP

de 11 de julho de 2011, publicado no Diário Oficial (DO) de 12 de julho de 2011, e

seus desdobramentos na gestão escolar, com base na visão dos diretores de

escolas que participaram desse processo.

Em linhas gerais, foram examinadas as diferentes concepções de gestão

escolar, a autonomia e participação à luz da literatura científica; analisar aspectos

normativos e pedagógicos do Plano de Formação Continuada de Professores e

Gestores de 2011; e levantar, sistematizar e analisar fontes primárias: atas e

registros elaborados pelo CEPQM da Seesp.

A análise da literatura científica realizada abordou os temas da gestão

escolar, da autonomia e da participação, com vistas a aprofundar o debate em torno

dos diretores escolares, considerando que esse ator exerce papel de articulador das

atividades pedagógicas – para além de atividades administrativas e financeiras –,

sobretudo quando sua conduta se pauta no conceito de liderança distributiva.

Buscou-se, ainda, na literatura, assinalar diferentes visões acerca do

conceito da autonomia em escolas públicas, na tentativa de identificar alguns limites

e perspectivas de sua construção no espaço escolar. Assim, discuti, na perspectiva

proposta por Barroso (1996), que a autonomia pode ser decretada ou construída e

está diretamente relacionada à autonomia das pessoas. Ressalte-se ainda que a

autonomia é um eterno vir a ser, uma vez que está sempre em construção

(MARTINS, 2002). Nesse sentido, a escola será mais autônoma, quanto mais

elaborar, planejar e executar, de forma coletiva, seus objetivos e projetos, com vistas

a construir seu plano de ação.

Nessa perspectiva, aponta-se, na abordagem de Lima (2011), a

participação e a não participação, suas modalidades e seus níveis praticados nas

unidades escolares, como orientações possíveis na elaboração do plano de ação da

escola. Assim, a atuação dos diversos segmentos, de forma mais ou menos ativa,

com orientações convergentes ou divergentes aos objetivos propostos pela

instituição, movidos por relações interpessoais, jogos de poder e interesses coletivos

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e/ou pessoais, nos espaços escolares para o atendimento das necessidades da

comunidade escolar, a partir da realidade e do contexto, incidirá no grau de

autonomia construída.

Considerou-se, também, conforme Libâneo (2013), os fundamentos

teóricos como parâmetros para a construção de uma escola de qualidade e a

importância do trabalho desenvolvido pelos gestores escolares e do foco desse

trabalho, principalmente nas dimensões pedagógica e participativa.

A análise de Plano de Formação Continuada, com foco na formação de

gestores, aponta para uma proposta que envolva os supervisores de ensino,

diretores de escolas, professores coordenadores, com integrantes do órgão central e

professores universitários. Para isso, aproveita-se da estrutura descentralizada da

Seesp, e organiza a formação em 27 núcleos (espaços de formação), integrados por

representantes das 91 DEs, denominados GRs. A metodologia da formação está

referenciada na pesquisa-ação colaborativa e traz como diretrizes o diálogo, a

participação democrática e a construção da autonomia da escola.

Na análise das falas dos diretores, identifica-se a valorização do processo

de formação expresso no Plano de Ação Continuada de Professores e Gestores, a

constatação de que são muitas as ações desenvolvidas no interior das escolas, mas

apontam, também, zonas de tensão e contradições em algumas dessas ações.

Assim, do cruzamento das diretrizes do referido Plano de Formação, com

a literatura pesquisada sobre o tema e com as respostas fechadas e abertas dos

diretores registradas em Protocolo de Pesquisa (Apêndice A), foram elaboradas

possíveis considerações sobre quais seriam os limites e as potencialidades das

ações formativas de gestores ofertadas pelas Seesp, mais especificamente do Plano

de Formação Continuada de Professores e Gestores.

O tratamento dado à pesquisa-ação no Plano de Formação Continuada

de Professores e Gestores desencadeou ações diferenciadas nos Núcleos de

Formação que repercutiram nas escolas. Ao citar a pesquisa-ação, o documento

remete para uma linha metodológica de pesquisa, e a ausência de uma orientação

clara sobre o que seria o desenvolvimento de um trabalho referenciado na pesquisa-

ação trouxe consequências para o processo de formação continuada, a saber: a

organização do trabalho em parte dos Núcleos de Formação para a realização de

pesquisa-ação e o aprofundamento teórico, nesses Núcleos, para a metodologia da

pesquisa-ação.

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Essa organização do trabalho no Núcleo de Formação pode ter

repercutido diretamente nas escolas dos diretores integrantes do GR. O foco na

pesquisa-ação, em detrimento da referência aos seus pressupostos, pode ter

dificultado o encaminhamento do processo metodológico na escola, com o

levantamento das necessidades, a análise de práticas e proposição de novas

práticas na escola, desde o trabalho de gestão, até as salas de aula.

A referência na metodologia da pesquisa-ação, citada no Plano de

Formação Continuada de Professores e Gestores, em vez de orientar as equipes no

desenvolvimento da ação de formação, apontando caminhos para auxiliar os

gestores na resolução dos problemas das escolas, acabou por transformar-se num

aspecto dificultador do processo de formação, limitando a ação de formação.

Outro dificultador gerado pela referência à pesquisa-ação está

relacionado à denominação Grupo de Referência para os gestores indicados pelos

dirigentes regionais para participarem da formação continuada nos Núcleos de

Formação e para organizarem o processo formativo nas DER, conforme orientação

do Plano de Formação Continuada de Professores e Gestores.

O termo, utilizado na pesquisa-ação, trouxe uma série de consequências

que interferiram no processo, uma vez que de acordo com as falas examinadas e a

análise do registro das Atas e Relatórios do CEPQM29, parte dos gestores da rede

estadual via a denominação como um grupo que detinha uma conotação de

superioridade, de maior poder de decisão, de uns sobre os outros, dentro das DER.

Esse fator pode ter sido agravado com a determinação, no referido Plano de

Formação, do perfil do integrante do GR: preferencialmente gestores com

doutorado, mestrado ou especialização. Tal fato gerou uma contradição, ao mesmo

tempo em que a proposta valoriza a prática enquanto campo de conhecimento, pode

ter impedido a participação de muitos gestores, que teriam muito a colaborar, mas

sem o perfil acadêmico definido no referido Plano.

Outro aspecto a ser considerado, gerado, talvez, pela falta de clareza na

implementação do Plano de Ação Continuada de Professores e Gestores está

relacionado ao fato de que, em alguns Núcleos de Formação, o aprofundamento do

conteúdo teórico relativo ao tema tratado não se deu concomitantemente com a

análise das práticas e a proposição de novas práticas. O estudo antecedeu o

processo e gerou certa angústia nas DER, na medida em que os GRs nunca

29 Conforme analisado no Capítulo II

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estavam preparados para a ação de formação realizada para os demais gestores,

pois sempre precisavam de mais formação teórica. O mesmo pode ter acontecido

nas escolas.

Alguns aspectos merecem destaque quanto à estrutura organizacional da

Seesp para a implementação do Plano de Formação Continuada de Professores e

Gestores e suas implicações.

Ao deslocar a indicação dos integrantes do Grupo de Referência para o

dirigente regional, evidencia-se a contradição entre o que se idealiza e o contexto e

implantação da ação na estrutura de organização da Seesp, contribuindo para a

participação e/ou não participação nos diferentes aspectos apontados por Lima

(2011), tanto os representantes do GR, quanto os demais envolvidos no processo de

formação a partir do GR, nas DER. Com base no conjunto de dados analisados,

seguem três possibilidades, que não esgotam a discussão.

A primeira, se o dirigente regional utilizou a democraticidade na seleção

dos integrantes do GR, permitindo a participação indireta (dos que votam) e direta

(dos eleitos), pode ter tido mais sucesso, uma vez que os sujeitos respondem com

envolvimento ativo ou reservado e orientações convergentes ao processo de

indicação e, consequentemente, ao trabalho a ser desenvolvido pelo GR.

A segunda, se a indicação foi feita a partir de uma liderança unipessoal do

dirigente, pautada na regulação e na obrigatoriedade da DER ter seus

representantes, pode ter gerado o envolvimento menos militante, passivo, dos

indicados para participarem na ação de formação, o que representa um desânimo no

processo. A não participação, nesse caso, é uma orientação possível.

A terceira possibilidade, se o dirigente regional indicou os representantes

de acordo com os seus objetivos, a partir das relações interpessoais e de poder,

das/nas DER, pode ter gerado orientações convergentes ou divergentes nos

integrantes do GR e na equipe da DER, que participaria do processo formativo

desencadeado pelo GR em suas respectivas DERs.

Assim, a forma como o dirigente regional conduziu o processo de

indicação dos representantes do GR nas respectivas DERs, apoiado no

envolvimento e na orientação, convergente ou divergente à ação proposta pelo

órgão central, interferiu diretamente nos caminhos da formação continuada proposta

no Plano de Formação Continuada de Professores e Gestores, uma vez que, como

aponta Martins (2011, p. 26), “o grau de adesão formal, de compreensão, ou de

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convencimento dos envolvidos no processo são responsáveis pelo sucesso na

implantação de programas de governo”.

A rotatividade da equipe do órgão central nos Núcleos de Formação,

causada pelas condições de trabalho dos sujeitos afastados nos órgãos centrais,

discutidos no capítulo II, promoveram um descompasso nos Núcleos de Formação,

que repercutiram diretamente no trabalho no GR nas DER e dos diretores nas

escolas. Por mais que o Plano de Formação de Professores e Gestores aponte para

uma construção coletiva, dialógica e participativa do processo de formação do GR,

no Núcleo, esse processo é uma novidade e a troca do representante do órgão

central, ou a sua ausência, em alguns casos, pode ter desarticulado o trabalho,

gerado instabilidade e desencadeado rumos diferentes no processo de implantação

da formação proposta no referido Plano.

A ausência do professor universitário, causada por problemas

administrativos no órgão central pode, também, ter sido um dificultador, em alguns

Núcleos de Formação, para os avanços na sistematização das expectativas, na

formulação dos problemas, nas indicações bibliográficas, na análise das práticas, na

resolução dos problemas identificados, repercutindo, também, nas escolas.

Porém, consideradas as opiniões dos diretores e os desdobramentos da

ação nas escolas, podem ser apontadas algumas conclusões.

Quanto à relevância da ação proposta no Plano de Formação Continuada

de Professores e Gestores, é possível afirmar que todo processo de formação

continuada é relevante em sua essência. Porém, o que o diferencia são as

mudanças proporcionadas na atuação dos envolvidos no processo. A formação

continuada realizada a partir do Plano de Formação Continuada de Professores e

Gestores, trouxe ganhos significativos no que tange aos estudos desenvolvidos, às

discussões proporcionadas, ao fortalecimento do trabalho coletivo, aproveitamento

dos espaços e tempos para a formação nas escolas, no reconhecimento do CCS,

mas ainda esbarra na apropriação da metodologia e na construção do fazer

democrático e participativo do diretor no cotidiano da escola. Identifica-se, em

muitas das opiniões emitidas pelos diretores, que há um caminho a percorrer para

que os objetivos da formação sejam melhor aplicados, reorganizando as práticas de

gestão nas escolas.

Assim, a apropriação do processo metodológico proposto no Plano de

Formação Continuada de Professores e Gestores se deu, em parte, pelos diretores

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de escolas envolvidos. Percebem-se avanços no desenvolvimento do diálogo, na

preocupação com a participação dos diversos segmentos na escola, na valorização

da formação continuada como suporte ao trabalho da/na escola, mas ainda não

atingiu, plenamente, seu objetivo de considerar como ponto de partida aspectos

cotidianos da escola, ou seja, da escola enquanto lócus do processo de formação

continuada.

É preciso, também, superar dificuldades teórico-metodológicas das

equipes escolares em analisar as suas práticas e propor e executar novas práticas,

o que pode significar a quebra de paradigmas e se lançar ao novo, o que requer

tempo para o preparo e condições de trabalho.

Outro caminho a percorrer é diminuir a distância entre a formação inicial

dos diretores e as exigências do seu cotidiano de trabalho, que repercutem nos

atributos para exercer o cargo/função – em outros termos, em sua prática

profissional. Por um lado, a sua formação inicial, o trabalho em sala de aula, os anos

de experiência como diretor e/ou em outros cargos/funções da carreira do

magistério, proporcionam vasta bagagem de práticas profissionais. Essa trajetória

deveria estar contemplada em programas de formação continuada destinados a

esse profissional.

Por outro lado, o avanço na carreira é proporcionado, no Estado de São

Paulo, por evoluções funcionais pelas vias acadêmicas e não acadêmicas, de

acordo com a Lei 836/199730

, a saber: pelas vias acadêmicas, cursando

especialização, mestrado ou doutorado na área de educação; e não acadêmicas,

por meio de cursos de atualização e aperfeiçoamento autorizados e homologados

pela Efap/Seesp, que também promovem desdobramentos em sua trajetória e em

suas possibilidades e seus limites de exercer de forma mais coerente – ou não – o

cargo/ a função.

Assim, ainda há o campo de tensão na articulação entre a teoria e a

prática no cotidiano da escola, que vai além da vontade expressa na fala dos

diretores.

Ao considerar as condições adversas ao trabalho coletivo na escola,

pode-se notar que o Plano de Formação Continuada de Professores e Gestores traz

30

Lei Complementar 836, de 30 de dezembro de 1997. Institui Plano de Carreira, Vencimentos e Salários para os integrantes do Quadro do Magistério da Secretaria da Educação e dá outras providências correlatas.

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em seu bojo as premissas apontadas por Paro (2011), e já citadas anteriormente,

sobre a formação das pessoas, suas relações, seus interesses, dentre outras, no

interior da escola, que condicionam o trabalho da gestão escolar, a participação ou

não participação de todos os segmentos e a construção da autonomia das escolas.

Assim, em que pesem as considerações apontadas, pode-se afirmar que

o processo implantado e implementado pelo Plano de Formação Continuada de

Professores e Gestores apresenta-se como uma metodologia significativa para a

mobilização da escola na construção de seu fazer pedagógico em busca da melhoria

da qualidade de ensino, na medida em que considera as necessidades de formação

dos profissionais da rede a partir das necessidades das escolas, sem partir de

generalizações; estimula o estudo e emprego de conhecimentos científicos na busca

dos caminhos para a construção coletiva de propostas de trabalho; orienta para a

reflexão sobre as práticas desenvolvidas nas escolas, considerando-as como campo

de conhecimento; valoriza e estimula o trabalho coletivo, a participação democrática,

o diálogo entre os segmentos da escola para a construção da proposta pedagógica,

aproximando os diretores e as equipes gestoras de professores, alunos e

comunidade; organiza um movimento metodológico centrado na organização do

trabalho coletivo desde o órgão central até a escola, na construção de uma gestão

democrática e participativa, a partir da problematização das expectativas, da

reflexão sobre as práticas desenvolvidas e da proposição de novas práticas em

benefício da aprendizagem dos estudantes.

Quanto aos desdobramentos do Plano de Formação Continuada de

Professores e Gestores na escola, consideradas as respostas ao questionário

aplicado, estes ocorrem lentamente. As falas apontam para a importância da

avaliação e do acompanhamento e para a necessidade de a formação continuada

proposta pela Seesp, seja ela composta de cursos, orientações técnicas, dentre

outros, prever propostas de acompanhamento e intervenção mais detalhadas para

promover avanços nas análises das práticas desenvolvidas e proposições de novas

práticas, ou de apoio de especialistas no suporte metodológico para incentivar

avanços significativos nas práticas desenvolvidas.

Assim, apesar de o Plano de Formação Continuada de Professores e

Gestores remeter à perspectiva de tentar mudar a abordagem nas ações, a partir de

uma proposta democrática e participativa, voltada para a análise das práticas dos

diretores, e propor construção de “novos fazeres”, os resultados evidenciam a

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necessidade do acompanhamento de processo, que estreite a articulação entre

conteúdos tratados nos temas levantados e definidos pelos grupos de diretores, e

problemas decorrentes de suas atividades no cotidiano de trabalho.

Talvez um acompanhamento mais sistematizado e capaz de promover

algumas intervenções para correção de percurso, possa ampliar a participação –

baseada na confiança - dos envolvidos no processo. Tais intervenções poderiam ser

fatores fundamentais no processo de construção de autonomia dos diretores na

condução de processos democráticos da/na escola e execução de mudanças

propostas pelas equipes.

O Plano de Ação Continuada de Professores e Gestores aponta para um

novo jeito de realizar formação continuada em serviço, mais próximo da realidade,

com possibilidades de chegar às escolas e salas de aula e melhorar a qualidade da

educação pública no Estado de São Paulo.

Assim, muito embora o referido Plano apresente contradições e aspectos

que precisam ser reavaliados, discutidos e replanejados, pode-se afirmar, com base

nos resultados, que a ação implementada fortalece os profissionais da educação

envolvidos no processo de formação, uma vez que aproxima escolas, diretorias de

ensino e órgão central; exercita o diálogo e a construção conjunta de planos – o que

não é uma tarefa simples; e está subsidiando a ação dos diretores envolvidos no

processo formativo, na perspectiva de um fazer democrático e participativo, dialógico

e colaborativo, a partir de suas realidades, na organização da escola.

Esta pesquisa apresenta um recorte da proposta do Plano de Formação

Continuada de Professores e Gestores (Seesp/CENP, 2011), ao abordar a visão dos

diretores de escola sobre as potencialidades e os limites da ação de formação. A

perspectiva é iniciar a discussão sobre uma abordagem diferenciada para os

processos de formação continuada propostos para as equipes escolares, no caso,

diretores, que é o de partir das necessidades de cada profissional, inserido no seu

contexto de trabalho rumo à educação de qualidade.

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SÃO PAULO (Estado). Decreto n. 57.141, de 18 de julho de 2011, publicado no Diário Oficial de 19 jul. 2011. Reorganiza a Secretaria de Educação e dá providências correlatas.

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APÊNDICE A

PROTOCOLOS DE PESQUISA

I - Como a formação continuada no Núcleo e seus desdobramentos na

Diretoria de Ensino contribuíram no aprimoramento da prática profissional.

SUJEITOS RESPOSTAS ABERTAS

1 Fornecendo embasamento teórico no sentido de enriquecer as ações do cotidiano, principalmente na formação docente para mudança da sua prática.

2 Formação horizontal da equipe gestora das escolas.

3 Os temas abordados foram de grande contribuição para minha formação, para realizar um bom trabalho na escola.

4 Proporcionou-me mais reflexão sobre a práxis da gestão em todas as suas dimensões e esta reflexão orientou a implementação de novas práticas e a melhoria de outras. Além disso, levou-me a observar também práticas de sucesso de outros colegas e de outras Diretorias, o que favoreceu o meu trabalho na UE onde atuo como diretora. Contudo, o mais importante, e que vale enfatizar, são os subsídios que o GR proporcionou-me para o fortalecimento da minha equipe gestora como um grupo formador.

5 Aguçamento da criticidade, da reflexão e da autoavaliação.

6 A partir da metodologia (entendimento da), dos estudos escolhidos pelo núcleo e pelos grupos de estudo na diretoria, das discussões e compartilhamento de experiências, houve um aprimoramento de minha prática profissional, principalmente no exercício de distanciamento da ação para melhor reflexão.

7 Acesso a novas informações, troca de ideias, aplicações de novas metodologias e fortalecimento do trabalho em equipe e da prática profissional, principalmente pedagógica.

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8 Na troca de experiência com todo o grupo gestor; no sentido de unir. O olhar para pesquisa/ação; a possibilidade de mostrar o que está sendo trabalhado dentro da unidade escolar através da implementação de plano de ação e de projetos internos e externos. Coleta de dados e registros auxiliando nos resultados que foram atingidos através de seus objetivos propostos.

9 Na interação com todo grupo gestor, no sentido de unir, parceria, um novo olhar, (na troca de experiências), cursos de aperfeiçoamento. A efetividade da ação pedagógica, a boa organização, boa utilização do tempo, todos são componentes essenciais para o aprimoramento da prática profissional, além do contato com profissionais experientes nas reuniões no núcleo.

10 Contribuíram para que eu seja uma gestora preocupada com a participação de toda a comunidade escolar.

11 A formação continuada proporciona a troca de experiências e, assim, o aprimoramento profissional realmente acontece.

12 - Reflexão – ação – reflexão - Teoria x prática = práxis - Formação em serviço - Pesquisa – ação

13 A formação continuada no Núcleo e DE provocou uma reflexão interna que me levou a uma postura mais incisiva na reflexão-ação/ação na reflexão, identificando melhor os pontos na relação pedagógica e uma mediação mais eficaz no processo organizacional, operacional e de planificação nas situações coletivas, individualizados, programados e interativos.

14 A troca de experiência, os estudos permitiram reflexões positivas, ampliando meus conhecimentos, aprimorando minha prática. A minha participação me fez ter mais tolerância na aplicabilidade dos projetos da SEE acreditando em sua contribuição.

15 Oportunizou a interagir em grupos diferentes. Socializando conhecimentos práticos dos quais eu vi a praticidade e a aplicabilidade.

16 Destaco o aprofundamento e a problematização das práticas das dimensões da gestão escolar e sua aplicabilidade no contexto escolar entre os gestores (vice-diretora e professores coordenadores do ensino fundamental e ensino médio) e professores.

17 O aprimoramento do trabalho é mais eficaz na medida em que as ações são fundamentadas nas teorias educacionais. Com a dinâmica da escola é muito difícil parar para fazer estudo e o GR proporciona isso.

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18 Somos todos "estudantes" e tudo o que aprendemos aplicamos; compartilhamos sempre o que contribuirá de alguma forma em nosso caminhar em direção à nossa meta.

19 Foi um momento privilegiado para o estudo e reflexão de temas relacionados à atuação do gestor, bem como aos norteadores do processo pedagógico. Preciso ressaltar que os reflexos dos estudos estão sendo visualizados em minha unidade escolar, pois as ATPCs têm sido verdadeiramente formativas, pois estou levando para esses momentos um pouco do que refletimos e estudamos no GR.

20 Através do embasamento teórico de todos e das reflexões provocadas. A troca de experiência entre os integrantes do GR também foi um fator importante.

21 A partir do momento em que, direta ou indiretamente, as temáticas abordadas nas formações contemplam as necessidades da escola (implementação do currículo).

22 Sempre aprendemos alguma coisa, que, posteriormente, nos é útil na prática pedagógica.

23 Permite que possamos ter contato com outras experiências e vivências.

24 A reflexão sobre os assuntos do cotidiano escolar estão presentes no diálogo com os outros parceiros da escola; estamos buscando instrumentos e estratégias que melhorem o processo de ensino e aprendizagem.

25 Na reflexão sobre a nossa prática, através da troca de experiência adquirida durante os encontros.

26 A formação proporciona os estudos periódicos em ações pontuais.

27 A formação auxiliou no desenvolvimento dos trabalhos coletivos na escola, uma vez que propiciou a união de ideias da equipe gestora chegando até os professores.

28 O espaço do GR tem focos de reflexão pontuais, provocando um aprimoramento nas questões compartilhadas.

29 Através do estudo teórico e do conhecimento de outras experiências podemos repensar melhor a nossa prática cotidiana.

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II – Explique como aplicou a metodologia proposta pelo Plano de

Formação referenciada na pesquisa-ação, no diálogo e na participação

para diagnosticar e resolver as necessidades da escola.

SUJEITOS RESPOSTAS ABERTAS

1 Aplicar a metodologia através de um grupo de estudo com professores de matemática, que se reuniram fora do horário de aula para fundamentar sua prática na competência leitora e escritora.

2 Observação em sala de aula pelo grupo gestor com interferências na rotina da escola e ao mesmo tempo colhendo informações para estudo utilizando-se tanto de textos acadêmicos como da troca de experiência entre os pares.

3 Através de discussões com os professores em ATPCs e com alunos em sala de aula.

4 Após estudos, reflexões e discussões sobre esta metodologia no GR, levei a proposta para a UE onde atuo. Em reunião de equipe gestora, orientei a vice-diretora e as coordenadoras pedagógicas quanto a esta metodologia. Em seguida, refletimos sobre algumas problemáticas da UE, levamos a equipe docente, refletimos juntos, diagnosticamos as causas e as consequências e já organizamos ações de melhoria. Isso tudo gerou reflexão e mudança de postura e de ação de muitos profissionais da UE.

5 Agindo e refletindo coletivamente em ATPCs, nas reuniões da equipe gestora para atuar de forma mais aprimorada.

6 No planejamento de início de ano realizamos o "Fofa". Através desse exercício, no coletivo, elencamos nosso foco de estudo, baseado nas nossas dificuldades e problemas. Depois de escolhido o tema, alguns colaboraram buscando a bibliografia necessária à formação e aperfeiçoamento, com reflexo na prática de cada um.

7 O exercício de ouvir toda a equipe para resolver problemas, acatar sugestões e avaliar a escola foi fortalecido a partir da aplicação da metodologia referenciada na pesquisa/ação.

8 Através de textos que foram passados no GR. Os textos foram passados nos ATPCs, e também nas reuniões pedagógicas e reuniões semanais com a equipe gestora.

9 O diretor, além de garantir a função social das escolas, deve também direcionar o trabalho pedagógico dando suporte assumindo a postura de colaborador, dialogando com todos os segmentos da escola, através de implementação de planos de ações e projetos da escola.

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10 Aplico nas ATPCs e planejamento.

11 Todos os problemas identificados são discutidos pelo grupo de professores e gestores procurando ações para resolver ou minimizar os problemas.

12 Essa metodologia garante a busca pela autoria de todos os envolvidos, construindo saberes educacionais para a melhora da qualidade da escola pública.

13 Por meio de uma reflexão coletiva de caráter crítico com a finalidade de coletar informações para ressignificação das práticas, utilizando a análise dos dados - resultados - diagnosticados de forma qualitativa e interpretativa, sempre com foco no desenvolvimento das competências e habilidades ajustáveis às necessidades.

14 O plano de formação referenciada na pesquisa-ação permitiu detectar com maior segurança as fragilidades e potencialidades da escola, favorecendo a elaboração de planos de melhoria mais eficazes.

15 A partir da metodologia pesquisa-ação foram trabalhadas as cinco dimensões, junto a todos os segmentos que compõem a comunidade escolar.

16 A metodologia mostrou-se bastante importante para o levantamento de pontos fortes, fragilidades, ameaças e potencialidades que auxiliavam na elaboração do Prêmio Gestão Escolar/2013. A resolução dos problemas da escola a partir da análise diagnóstica pauta-se pelo trinômio: ação-reflexão-ação.

17 A formação é validada quando levo para a minha equipe o conhecimento e promovo a formação da equipe gestora e colocamos em prática ações melhor elaboradas.

18 Apesar de nosso foco ser nas prioritárias, nosso tema é gestão em sala de aula, e este é um problema comum em todas as nossas escolas. Dinamizo o que é trabalhado em nossos encontros e os resultados têm sido muito gratificantes. Tudo o que é bom deve ser aproveitado e utilizado.

19 Ampliamos nossas ações quanto à mobilização do Grupo escola para a reflexão sobre as forças e fragilidades da unidade. Essa avaliação tem sido norteadora das ações encaminhadas que, por sua vez, passam pelo exercício da avaliação contínua.

20 A metodologia da pesquisa-ação nos levou a refletir sobre a importância de buscar os problemas onde eles realmente acontecem e com embasamento teórico, bom senso, reflexões, diálogo, tentar solucioná-los ou, pelo menos, minimizá-los.

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21 Tomando como referência a metodologia da pesquisa-ação, as ações do cotidiano escolar passaram a ser pautadas dentro do possível nessa perspectiva (pesquisa-ação).

22 Tenho partilhado com os gestores de minha UE os estudos; o PCP tem partilhado com os professores; ex.: palestra do prof. Celso Vasconcellos (em vez de utilizarmos a da Rede do Saber, usamos um condensado de 20' do Youtube).

23 Na UE adotamos algumas práticas disseminadas no GR e também os textos lidos foram discutidos nas ATPCs e reuniões da equipe gestora.

24 Estou buscando, através da conversa, colocar aos docentes a necessidade de refletir sobre ações que são desenvolvidas, mas que por diversos fatores ainda não exercem mudanças na aprendizagem dos alunos em sala de aula.

25 Na pesquisa-ação temos ainda dificuldades na utilização dessa metodologia, mas no diálogo concretizamos a solidificação da construção do saber, assim como a participação inerente nesta construção.

26 Existe uma clareza sobre o movimento do pesquisa-ação, porém ainda não completamos o ciclo.

27 A partir de estudos teóricos envolvidos nas práticas escolares, o processo de pesquisa-ação auxilia na formação dos PCPs e consequentemente na formação docente, o que reflete nas salas de aula.

28 Nas reuniões de ATPC são sugeridos textos e temas relacionados com a demanda cotidiana da Escola. São eles: Disciplina, relações interpessoais, autonomia na gestão de sala de aula, entre outros. Na Gestão Participativa, toda segunda a equipe se reúne para avaliar e encaminhar assuntos da demanda.

29 Para diagnosticar e resolver os problemas da escola, fazendo reuniões semanais com a equipe gestora, ATPCs e reuniões quinzenais com alguns professores, analisando os índices das avaliações internas e externas.

III – Explique como os diversos segmentos (professores, funcionários,

alunos, pais, comunidade) participam das decisões coletivas e do

desenvolvimento das ações, a partir de sua formação no Grupo de

Referência.

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SUJEITOS RESPOSTAS ABERTAS

1 Não respondeu.

2 No planejamento, ATPCs, Colegiados e Instituições na elaboração da proposta, todos são educadores. A escola não consegue resolver tudo sozinha.

3 O tema avaliação é bem discutido entre os vários segmentos da escola.

4 No caso da UE onde trabalho, a reflexão e análise da Gestão Pedagógica e de Resultados pauta-se na equipe gestora, equipe docente e funcionários. Não ampliamos a discussão ainda aos alunos, pais e comunidade em geral. Apenas após a organização das ações, passamos estas pelo Conselho de Escola.

5 Buscando aprofundar a gestão democrática na dimensão participativa.

6 Os segmentos já tinham uma participação relativamente boa. Houve uma melhoria na sistematização da resolução de problemas e tomada de decisões, com ampliação das discussões.

7 Como na resposta anterior, foi possível o envolvimento de todos nas ações efetuadas. A escola é dinâmica, complexa e precisamos sempre inovar para dar conta das demandas do cotidiano.

8 Eles já participaram antes. Agora mais ainda, com a Sala do Acesso, Sala de Leitura. A interação só cresceu.

9 Em alguns momentos, nas ATPCs, reuniões de Pais e Mestres, APM, reuniões pedagógicas, Conselho de Classe/Série, entre outros.

10 A partir dos colegiados; conselho de escola e APM.

11 A comunidade é participativa em alguns momentos, no entanto, em outros se omite.

12 Reuniões semanais.

13 Não a partir do Grupo de Referência, pois a escola tem como prática rotineira a gestão participativa-democrática.

14 Sim, mas preciso melhorar a gestão participativa; vivemos em uma sociedade autoritária e os participantes ainda encontram dificuldades de aproximação, aceitação, cooperação.

15 O grupo GR me proporcionou maior aprimoramento dos conceitos da pesquisa-ação em ação prática.

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16 A gestão participativa revigorou-se a partir das reflexões provocadas pelo contato com os textos da pesquisa-ação com destaque para aqueles produzidos pela professora Dra. Maria Amélia Santoro Franco. Bastante instigantes foram os estudos/trabalhos do professor Pedro Ganzelli. O Acesso aos textos de Barbiev, Thiollent, Brandão, Pimenta, Freire, Tripp, Schon, entre outros. Leitura obrigatória é a obra de Kurt Lewin.

17 Não exatamente a partir do GR, mas o estudo aprimora a prática.

18 Professores e funcionários têm uma participação ativa e satisfatória em tudo o que é proposto, estudado, compartilhado. A participação dos alunos depende diretamente da atuação docente, por tratar-se de Ciclo I inicial. Com relação aos pais e funcionários, digo comunidade, é o nosso desafio, pois é muito limitada.

19 Pelo caráter participativo e democrático em que a gestão é apresentada, todos são envolvidos nas decisões e ações de forma ativa.

20 Em parte. Nem toda a equipe escolar tem interesse ou preocupação em participar dos colegiados ou instituições.

21 Todas as ações que dizem respeito ao funcionamento da escola e que cabe discussão são tomadas coletivamente e o GR passou a contribuir nessas ações.

22 Não há espaço na escola para partilhar. Só temos uma ATPC de 2h semanais em que todos participam. Temos tarefas do Ler e Escrever e Emai para cumprir.

23 Tentamos também a participação do grupo como um todo, bem como a tomada de decisão de forma coletiva e colaborativa.

24 Os segmentos estão quase todos envolvidos. Alguns diretamente, como PC, professor e o aluno. Neste caminhar, a comunidade escolar tem participação, ainda não é efetiva demanda de tempo e estudo.

25 Na solidificação de participação e do diálogo concretizamos as decisões que são tomadas em grupo.

26 Em vários momentos a comunidade escolar é convidada à discussão.

27 Com a implementação do processo de estudos de pesquisa-ação na escola, é inevitável que os alunos acabem se envolvendo mais nas novas práticas, além dos professores. Os funcionários e os pais aos poucos vão fazendo parte do contexto.

28 Nas reuniões dos ATPCs, reuniões mensais com funcionários e nas reuniões de APM e CE. As demandas compartilhadas e mediadas em reuniões para possíveis encaminhamentos.

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29 A comunidade e os pais não têm interesse em participar; eu realizava reunião aos sábados e eles não compareciam. Professores e alunos não se mostram interessados. Eu tenho usado várias estratégias para que todos participem e ajudem na tomada de decisões e na aplicação das verbas.

IV – Comente como sua formação no Grupo de Referência tem promovido

mudanças na organização, realização e encaminhamentos do Conselho de

Classe e Série.

SUJEITOS RESPOSTAS ABERTAS

1 Não respondeu.

2 Com foco em diferentes práticas de avaliação, com prioridade para a aprendizagem e não a avaliação como veículo para se atribuir nota somente, mas como mais um instrumento de diagnóstico e de verificação da aprendizagem.

3 Sendo a avaliação, o tema escolhido pelo GR e conselho de classe, têm tudo a ver com o tema, então, houve mudanças na minha prática.

4 Como o nosso foco está sendo a Gestão Pedagógica e de Resultados em nossas reuniões de equipe gestora (formação), reflexões dessas discussões e análises já são percebidos tanto em ATPC como nas reuniões de Conselho de Classe.

5 Amadurecimento nas tomadas de decisões, nas transparências das ações e na clareza da autoavaliação.

6 O caráter dialógico e participativo do GR promoveu mudanças, principalmente na valorização do Conselho classe/série. Define-se o problema das séries. Se for da governabilidade da equipe, buscam-se textos a respeito do assunto.

7 Realização de reuniões participativas; foco na aprendizagem de "todos" os alunos; levantamento dos problemas, sugestões de encaminhamento e avaliação realizados de forma clara e objetiva.

8 Pais e alunos podem ler exposições dos trabalhos realizados pelos alunos; com uso dos recursos existentes na escola; falar sobre o que está sendo trabalhado; e também sobre novos projetos.

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9 Maior presença de pais na escola; lista de presença em reuniões; livro de registro com a data da reunião e assuntos tratados; preenchimento de questionário socioeconômico para levantamento de dados, para interferir no aspecto pedagógico e resultados; pais retornam à escola para saber se houve melhoria nas situações discutidas/abordadas na reunião.

10 Esclareceu sobre a importância da participação de pais e alunos no mesmo.

11 Iniciamos o Conselho de Classe e Série com a participação dos alunos e foi muito produtivo.

12 Em toda a minha prática.

13 As ações do Conselho de Classe e Série sempre foram para mim, como gestora, objeto de reflexão e ação coletiva e individual, centrado na pesquisa, na relação pedagógica (dimensão didática) e nos resultados com foco no replanejamento.

14 Como disse, a pesquisa-ação permite detectar com maior segurança as fragilidades da escola, assim, a aprendizagem dos alunos sempre é prioridade dentro das fragilidades, contribuindo para um plano eficaz e intervenções exitosas, desenvolvidas a partir da realização do conselho de classe e série.

15 Participação mais efetiva do colegiado.

16 As mudanças ainda estão em curso, no sentido de implementação de novas práticas calcadas na reflexão. Persiste, ainda, a dificuldade na inclusão da representatividade dos alunos a pais de forma ativa. A busca persiste por alternativas no sentido de desburocratizar a prática cristalizada, muitas vezes esquecendo-se da Progressão Continuada no Ensino Fundamental II.

17 O conselho de classe/série facilitou o fácil acesso na ata referente aos alunos com dificuldade de aprendizagem. A cada semestre será analisado o avanço do aluno.

18 O conselho de classe/série realizado na unidade em que atuo é muito estruturado por toda a equipe gestora, com a participação dos docentes e funcionários administrativos. Todo o processo flui dentro do necessário, exceto pela falta de participação dos alunos por tratar-se de Ciclo I inicial temos dificuldades.

19 Diante da ampliação da ótica da gestão participativa, a condução do Conselho de Classe e Série também tem tomado formato ideal e coerente com seu princípio primeiro. Percebo que meus professores estão realmente se debruçando sobre os dados verificados e utilizando-os para determinarem seus próximos passos.

20 Através dos conhecimentos adquiridos, tenho mais segurança para realizar uma autoavaliação nos resultados da escola.

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21 Implantamos o Conselho de Classe participativo (alunos, pais, professores, direção, coordenação, supervisão) e o GR ajudou a implementar a ideia.

22 Não respondeu.

23 Eu sou membro do GR e, portanto, trago as discussões para a UE.

24 Na escola em que atuo, já tínhamos por prática a utilização do conselho participativo (direção, PC, professor conselheiro e alunos), agora contamos com o professor mediador, essas formações do GR vêm contribuir para a melhora e a reflexão da importância desse momento que extrapolar a sala dos professores.

25 O Grupo de Referência tem proporcionado a todos nós a ampliação dos conhecimentos através das referências bibliográficas que têm permeado as ações proporcionando uma visão e um foco maior no encaminhamento de nossas ações.

26 Embora exista uma prática desenvolvida anterior à formação.

27 Hoje, as discussões que havia anteriormente sobre os "não saberes" dão lugar a novas ideias e novas práticas aplicadas em benefício da aprendizagem, com depoimentos de ações que possam auxiliar os alunos.

28 Este ano, já adotei o Conselho Participativo com o Ciclo I e o EM. Nas reuniões de Pais e Mestres, também com participação de todos os segmentos (pais, professores, e todos os alunos, mais a coordenação e direção) e já estamos percebendo as mudanças de posturas de todos.

29 Antes do conselho de classe e série, realizamos a análise dos resultados de forma mais detalhada em ATPC e nas reuniões da equipe gestora.

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ANEXO A

Comunicado CENP, de 11/7/2011

Volume 121 • Número 129 • São Paulo, terça-feira, 12 de julho de 2011 (p. 41 e 42) Comunicado CENP, de 11/7/2011

A CENP comunica o Plano de Formação Continuada de Professores e Gestores que

será realizado no segundo semestre de 2011, sob a coordenação das professoras

Leila Aparecida Viola Mallio e Maria de Lourdes Rocha.

PLANO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES e GESTORES

2º SEMESTRE DE 2011

Julho de 2011

INTRODUÇÃO

1. Diretrizes

As ações da CENP 2011, com início em fevereiro do corrente ano, orientam-se pelas

diretrizes da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, Seesp, direcionadas

à construção de uma educação básica de qualidade. São diretrizes que se apoiam

no princípio constitucional da educação como direito da criança, do jovem e do

adulto, nas avaliações do sistema, internas e externas, no conhecimento acumulado

pelos educadores e nos resultados de pesquisas e estudos sobre currículo e gestão

escolar.

Este Plano apresenta proposições para responder a demandas educacionais da

Seesp pertinentes às atribuições da CENP; tem como foco o processo educativo nas

escolas e vem se desenvolvendo por meio da discussão, análise e reflexão sobre a

continuidade da implementação do currículo escrito, implantado em 2008, e sua

articulação com as práticas curriculares vigentes nas escolas. Trata-se de proposta

de ação que expressa uma política de formação permanente de professores e

gestores que atuam nas escolas, nas diretorias de ensino e nos órgãos centrais e

requer acompanhamento e avaliação. Fundamenta-se numa concepção ampla de

currículo, que compreende, entre outros aspectos do contexto escolar:

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a) formação pedagógica, como concepção de educação, de ensino, de

aprendizagem;

b) formação específica na área de atuação, ou seja, nas disciplinas que compõem o

currículo dos Ensinos Fundamental e Médio, na gestão da escola;

c) organização da escola e do ensino;

d) condições de trabalho, suporte material e financeiro às escolas.

Nessa perspectiva, o desenvolvimento curricular implica uma reconstrução desse

conteúdo nos contextos escolares, que não se restringe a uma simples aplicação do

currículo prescrito.

Este é um plano de ação que expressa uma política de formação permanente de

professores e gestores que atuam nas escolas, nas diretorias de ensino e nos níveis

centrais da Seesp; requer acompanhamento e avaliação das ações formativas

desenvolvidas sob a responsabilidade da CENP.

2. Objetivos

* Refletir sobre o processo educativo nas escolas, consubstanciado nas práticas

curriculares e de gestão escolar.

* Dar continuidade à discussão, análise e implementação do currículo escrito,

implantado a partir de 2008, e sua articulação com o currículo real.

* Analisar as diferentes práticas curriculares nas escolas, bem como o uso de

materiais de apoio didático, as formas de avaliação contínua da aprendizagem dos

alunos, as propostas de recuperação e de enriquecimento curricular.

* Orientar a adequação do currículo unificado para as diferentes modalidades de

Ensino Fundamental e Ensino Médio.

* Implementar uma proposta de Ensino Médio que integre educação geral e

educação profissional.

* Atender às demandas das escolas prioritárias, pertinentes ao campo de atuação da

CENP.

* Realizar uma política de formação continuada de educadores que atuam em todos

os níveis e modalidades de ensino.

* Privilegiar a escola como local das ações de formação continuada do educador

(professor e equipe gestora).

* Promover o acompanhamento e a avaliação das ações desenvolvidas junto às

escolas, diretorias de ensino e no âmbito interno da CENP.

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* Fortalecer as Equipes Técnicas da CENP para responder às demandas internas e

externas a esta Coordenadoria.

* Atuar integradamente com os órgãos centrais da Seesp.

Espera-se que as parcerias com universidades, institutos e organizações da

sociedade civil possam somar-se às propostas desta Coordenadoria, as quais

objetivam: a ampliação das formas, dos modos e de extensão de um processo

formativo centrado na gestão escolar e no currículo, que se desenvolve

essencialmente no âmbito da escola e da sala de aula.

3. Eixos das Ações

Para a concretização do Plano de Ação CENP-2011, propõe-se o aproveitamento da

estrutura descentralizada da Seesp em toda sua extensão, para promover a gestão

das atividades de formação centradas na implementação do currículo no Ensino

Fundamental e Ensino Médio, o que implica em desenvolvimento, acompanhamento

e avaliação, seja por meio da desoneração de ações administrativo-burocráticas sob

a responsabilidade da CENP, ou pela otimização de ações voltadas para a

socialização de condutas inovadoras, metodologias e novos conteúdos de ensino e

de gestão do currículo na escola e na sala de aula.

As ações de formação propostas expressam as atribuições da CENP, uma vez que

todas estão, direta ou indiretamente, relacionadas aos estudos, à discussão e à

análise da gestão escolar, do currículo escrito e do currículo, em desenvolvimento

nas escolas. São ações que se efetivarão, sobretudo, por meio de orientações

técnicas e cursos de curta e longa duração, presenciais, a distância e

semipresenciais.

As orientações técnicas serão propostas e desenvolvidas pelas Equipes Técnicas da

CENP e por outros órgãos da Seesp, com a participação da CENP na proposição

das ações, no acompanhamento e na avaliação do impacto nas escolas. Os cursos

poderão ser propostos pela CENP e desenvolvidos em parceria com as Diretorias de

Ensino, Escolas, Escola de Formação e Aperfeiçoamento do Professor e com

Universidades. Os cursos sobre gestão escolar e currículo, desenvolvidos pela

Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Professores e Universidades, deverão

ser discutidos, acompanhados e avaliados pela CENP, considerando sua

responsabilidade em relação às ações de formação que têm como objeto teorias e

práticas curriculares e de gestão escolar.

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O currículo unificado está organizado em quatro grandes áreas e se desenvolve por

disciplina em sala de aula, sob a ótica da integração horizontal entre os campos de

conhecimento de uma mesma área e da evolução vertical no Ensino Fundamental e

Ensino Médio.

Os eixos das ações deste Plano são:

* Currículo

- Consolidação de práticas curriculares inovadoras em todos os níveis de ensino da

Educação Básica, articulando o currículo escrito e o currículo em ação nas escolas.

- Integração entre Ensino Fundamental e Ensino Médio.

- Ensino Médio Integrado: articulação entre formação geral e profissional.

- Ampliação do Programa Ler e Escrever, incluindo os diferentes campos de

conhecimento do currículo unificado.

- Construção de conhecimento compartilhado de melhores práticas curriculares nas

escolas.

* Organização Didática da Escola

- Reorganização dos ciclos de ensino com progressão continuada, com ênfase na

aprendizagem do aluno e na recuperação paralela.

* Gestão Escolar

- Gestão da escola e dos processos de ensino e de aprendizagem.

- Construção coletiva de processos de formação e de acompanhamento, com

professores e gestores.

- Acompanhamento e avaliação das ações propostas pela CENP.

* Modalidades de Ensino

- Continuidade e ampliação do atendimento na Educação Especial.

- Revisão da Educação de Jovens e Adultos - EJA, dos Centros Estaduais de EJA -

CEEJA, da Fundação CASA e organização da Educação Prisional.

- Educação Escolar Indígena, formação inicial e continuada de professores e

elaboração de material de apoio curricular.

- Educação Profissional.

* Programas e Projetos

- Fortalecimento e reorganização do Programa Escola da Família.

- Estruturação do atendimento ao aluno em tempo integral.

* Escolas prioritárias

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- Atuação pedagógica junto às escolas prioritárias, conforme indicam resultados do

Saresp 2010.

* Material Curricular

As ações de formação terão como objeto de estudos e análise:

- Matriz Curricular, Cadernos do Professor, do Gestor e do Aluno.

- Materiais didáticos de apoio ao desenvolvimento do currículo e da gestão,

disponibilizados pelos programas e projetos da Seesp às escolas.

- Programas, projetos e atividades de recuperação e enriquecimento curricular.

- Matriz de referência e relatórios pedagógicos do Saresp.

A seguir, são apresentadas as ações de formação de gestores e professores para o

segundo semestre de 2011, com destaque às orientações técnicas a serem

desenvolvidas nos Polos, Núcleos de Formação e nas Diretorias de Ensino.

1 FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES e GESTORES (1)

1.1 Apresentação

O Plano de Ação CENP 2011 no que se refere à formação continuada de

professores e gestores tem como objetivo promover a melhoria da qualidade da

educação básica nas escolas estaduais, notadamente um ensino que propicie

aprendizagem significativa ao aluno. Tem como premissa a importância da reflexão

sobre concepções, princípios e métodos afetos à gestão e ao currículo escrito e sua

articulação com o currículo em ação na sala de aula, visando à transformação das

práticas escolares.

Compreender os aspectos relacionados aos processos de ensino, da aprendizagem

e da gestão escolar implica pressupor a existência de uma cultura organizacional na

qual se movem os professores e os gestores escolares; cultura que transcende o

espaço delimitado pelos muros das escolas à medida que há uma inter-relação entre

as escolas, as demais instâncias do sistema de ensino, a comunidade local e a

sociedade na qual se integram.

Assim, a formação continuada de professores e gestores deverá levar em conta não

apenas a fundamentação teórica e a legislação pertinente ao processo educativo,

mas também os demais aspectos do cotidiano escolar que interferem e são parte

constitutiva da prática curricular diária, que precisa cada vez mais estar articulada às

questões colocadas pela sociedade, em especial pela comunidade local, devido à

complexidade da vida contemporânea e da necessidade de ir além dos papéis

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tradicionais de transmissão de conteúdos pelos professores e de administração

pelos gestores.

Nesse processo de mão dupla, o espaço da escola comporta ações de produção e

mediação de conhecimentos social e culturalmente construídos, que extrapolam as

salas de aula e solicitam dos educadores constante atualização para o adequado

exercício profissional, de complexidade crescente.

1.2 Aspectos Metodológicos: pesquisa-ação

Considerando os objetivos do Plano de Formação de Professores e de Gestores,

propõe-se uma metodologia de formação continuada referenciada na pesquisa e

ação dos integrantes desse processo com base nos relatos das experiências

vivenciadas nas Diretorias de Ensino e Escolas, serão objeto de análises e

discussões, num movimento dialógico e colaborativo dos professores e gestores

sobre o fazer e o pensar, a prática e a teoria, a ação e a reflexão sobre as práticas

curriculares e de gestão escolar.

Ações de formação continuada visam a desenvolver com professores e gestores a

análise crítica e a reflexão sobre o currículo, a estrutura, a organização do sistema

de ensino e a gestão escolar, além de propiciar reflexões sobre o campo de

possibilidades em que se insere a prática de educador.

Essa metodologia consistirá na correlação entre a organização pedagógico-

administrativa das escolas e as práticas de professores e gestores. Esse plano está

voltado, sobretudo, para as práticas educativas direcionadas à aprendizagem

significativa dos alunos. A pesquisa-ação foi escolhida como metodologia de

formação continuada por seu reconhecido impacto na formação do educador e na

formulação de políticas públicas da educação.

Como aponta Pimenta, a pesquisa-ação “tem por pressuposto que os sujeitos que

nela se envolvem compõem um grupo com objetivos e metas comuns, interessados

em um problema que emerge num dado contexto no qual atuam desempenhando

papéis diversos: pesquisadores universitários e pesquisadores (professores no caso

escolar).

Constatado o problema, o papel do pesquisador universitário consiste em ajudar o

grupo a problematizá-lo, ou seja, a situá-lo em um contexto teórico mais amplo e

assim possibilitar a ampliação da consciência dos envolvidos, com vistas a planejar

as formas de transformações das ações dos sujeitos e das práticas institucionais”

(2).

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A pesquisa-ação torna-se colaborativa na medida em que proporciona a criação, nas

Diretorias e nas escolas, de uma “cultura de análise e reflexão das práticas que são

realizadas, a fim de possibilitar que os seus professores (...) transformem suas

ações e as práticas institucionais” (3).

Este Plano envolve tanto o campo teórico como os contextos político-institucionais e

se configura com um direcionamento crítico por ter como pressuposto e

compromisso dos envolvidos na pesquisa nas escolas, diretorias, nos polos e

núcleos, a formação continuada de professores e gestores. Assim direcionado,

entende-se que criará condições para que ocorram transformações nas práticas

curriculares em sala de aula e de gestão escolar, as quais expressam uma cultura

institucional objetivada. 1.3 Participantes e Locais de Formação Continuada

Participantes

* Professores dos Ensinos Fundamental e Médio, do regular e das modalidades de

ensino.

* Gestores: Supervisores de Ensino, Professores Coordenadores das Oficinas

Pedagógicas - PCOP, Diretores de Escola e Professores Coordenadores - PC.

Locais de Formação

* em São Paulo: Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Professores e

Aperfeiçoamento de Professores e/ou outros espaços da sede da Secretaria de

Estado da Educação.

* Nas regiões do Estado: Polos, Núcleos de Formação, Diretorias de Ensino e

Escolas.

1.4 Ações de Formação

Têm como referência os eixos das ações da CENP 2011: o currículo escolar, a

organização didática da escola, a gestão escolar, as modalidades de ensino, os

projetos e programas, as atividades de recuperação e de enriquecimento curricular e

os materiais didáticos disponibilizados às escolas.

* Curso

- Modalidades

. Atualização, duração mínima de 30 horas, recomendamos 60 horas.

. Aperfeiçoamento, duração mínima 180 horas.

. Especialização, duração mínima 360 horas.

* Encontros

- Presencial.

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- À distância.

- Centralizado – proposto e desenvolvido pela CENP ou demais órgão centrais.

- Descentralizado – proposto pelas escolas e pelas diretorias de ensino.

* Orientação Técnica (OT)

- Modalidades

. Encontros a distância, presenciais e semipresenciais.

. Seminários, Fóruns e outros eventos.

2 FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES

2.1 Objetivos

O processo de formação de professores do Ensino Fundamental e do Ensino Médio

dar-se-á nos encontros centralizados ou descentralizados, presenciais ou a

distância, na forma de cursos, orientações técnicas, seminários, entre outros, com os

seguintes objetivos:

* Discutir e orientar o processo educativo nas escolas, consubstanciado nas práticas

curriculares cotidianas (currículo em ação), dando continuidade à discussão, análise

e implementação do currículo escrito e implantado a partir de 2008 (articulação entre

teoria e prática curricular).

* Analisar e discutir as diferentes formas de expressão das práticas curriculares nas

escolas, como o uso de materiais de apoio didático, a avaliação contínua da

aprendizagem dos alunos, as propostas de recuperação e de enriquecimento

curricular, entre outras.

* Orientar a adequação do currículo unificado para as diferentes modalidades do

Ensino Fundamental e Ensino Médio.

2.2 Participantes e Locais de Formação

Participantes

* Professores do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.

* Professores Coordenadores das Oficinas Pedagógicas PCOP.

Locais de Formação

* São espaços de ações presenciais regionais: Escolas, Diretorias de Ensino, Polos

e Núcleos de Formação.

* As ações centralizadas serão desenvolvidas na Escola de Formação e

Aperfeiçoamento de Professores ou outros espaços da sede da Seesp.

2.3 Orientações Técnicas Presenciais, segundo semestre/2011

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As orientações técnicas serão realizadas preferencialmente por áreas, conforme

organização do currículo unificado, com propostas de atividades ora centradas na

integração horizontal entre os campos de conhecimento que compõem cada área e

ora nas especificidades de cada disciplina desse currículo.

As Equipes Técnicas Curriculares da CENP realizarão encontros presenciais com os

Professores Coordenadores das Oficinas Pedagógicas, nos Polos, de agosto a

novembro, conforme quadro a seguir e Cronograma de Ações da CENP, a ser

publicado mensal ou bimestralmente, com no mínimo uma semana de antecedência

do início das ações.

* Coordenadoria de Ensino da Região Metropolitana da

Grande São Paulo – COGSP

POLO 01 - Ciências Humanas e suas Tecnologias

Centro Oeste; Centro; Norte 1; Norte 2

POLO 02 - Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Leste 1; Leste 2; Leste 3; Leste 4; Leste 5

POLO 03 - Ciências da Natureza e suas Tecnologias e

Matemática

Centro Sul; Sul 1; Sul 2; Sul 3

POLO 04 - Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Guarulhos Norte; Guarulhos Sul; Itaquaquecetuba; Mogi

das Cruzes; Suzano

POLO 05 - Ciências Humanas e suas Tecnologias

Diadema; Mauá; Santo André; São Bernardo

POLO 06 - Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Caieiras; Carapicuíba; Itapecerica da Serra; Itapevi; Osasco; Taboão da Serra

* COORDENADORIA DE ENSINO DO INTERIOR – CEI

POLO 01 - Ciências da Natureza e suas Tecnologias e

Matemática

Andradina; Araçatuba; Birigui; Fernandópolis; Jales; Penápolis; Votuporanga

POLO 02 - Ciências da Natureza e suas Tecnologias e

Matemática

Araraquara; Franca; Jaboticabal; Pirassununga; Ribeirão

Preto; São Carlos; São Joaquim da Barra; Sertãozinho;

POLO 03 - Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

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132

Adamantina; Assis; Mirante do Paranapanema; Ourinhos;

Presidente Prudente; Santo Anastácio; Tupã

POLO 04 - Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Apiaí; Itapetininga; Itapeva; Itararé; Itu; São Roque; Sorocaba; Votorantim

POLO 05 - Ciências Humanas e suas Tecnologias

Americana; Bragança Paulista; Campinas Leste; Campinas

Oeste; Capivari; Jundiaí; Limeira; Mogi Mirim; Piracicaba; São João da Boa Vista;

Sumaré

POLO 06 - Ciências da Natureza e suas Tecnologias e

Matemática

Miracatu; Registro; Santos; São Vicente

POLO 07 - Ciências Humanas e suas Tecnologias

Caraguatatuba; Guaratinguetá; Jacareí; Pindamonhangaba;

São José dos Campos; Taubaté

POLO 08 - Ciências Humanas e suas Tecnologias

Barretos; Catanduva; José Bonifácio; São José do Rio Preto; Taquaritinga

POLO 09 - Ciências da Natureza e suas Tecnologias e

Matemática

Avaré; Bauru; Botucatu; Jaú; Lins; Marília; Piraju

3 FORMAÇÃO CONTINUADA DE GESTORES

3.1 Objetivos

1. Desenvolver um trabalho sistemático com todos os envolvidos no processo de

formação, com a finalidade de discutir a gestão em seus aspectos teóricos,

fundamentos legais e práticas de gestão. A reflexão a ser desenvolvida terá como

centralidade as atividades realizadas pelos gestores nas Diretorias de Ensino e

Escolas, enfocando a organização do trabalho e o seu envolvimento com a atividade

cotidiana dos professores do Ensino Fundamental e Ensino Médio.

2. Ressignificar as práticas de gestão a partir de um processo contínuo da ação-

reflexão-ação, articulando teorias e práticas. O ponto de partida será as questões

cotidianas, os problemas e as dificuldades que afetam a atuação do gestor, nos

diversos espaços de atuação.

3. Implementar novas práticas de gestão escolar no âmbito da atuação relacionada à

organização, orientação e planejamento de atividades didático-pedagógicas nas

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salas de aula, atividades de recuperação, de enriquecimento curricular e ao

processo de formação continuada da equipe escolar, em especial nos momentos de

trabalho coletivo na escola, sobretudo na Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo,

HTPC.

3.2 Participantes e Locais de Formação

Participantes

* Supervisores de Ensino, Diretores de Escola e Professores Coordenadores do

Ensino Fundamental e do Ensino Médio.

Locais de Formação

* o processo de formação dos gestores dar-se-á em encontros centralizados ou

descentralizados, presenciais, distância ou semipresenciais, na forma de cursos,

orientação técnica, seminários, entre outros.

* As ações de formação centralizadas serão desenvolvidas na Escola de Formação

e Aperfeiçoamento de Professores ou em outros espaços da sede da Seesp.

* Regionalmente, são espaços de formação continuada dos gestores: Escolas,

Diretorias de Ensino e Núcleos de Formação.

3.3 Núcleos de Formação e Grupo de Referência

O Núcleo de Formação é o local de realização das orientações técnicas para

gestores. É um espaço de formação constituído por um conjunto de Diretorias de

Ensino, de duas a sete, de um mesmo Polo, cuja constituição foi orientada pelo

critério da proximidade regional das Diretorias de um mesmo Polo e do número de

escolas de cada Diretoria de Ensino. Propõe-se o funcionamento de 27 Núcleos de

Formação, sendo 12 Núcleos distribuídos pelos Polos da Coordenadoria de Ensino

da Capital - COGSP e 15 pelos Polos da Coordenadoria do Interior - CEI.

Portanto, o Núcleo de Formação será o espaço regional de formação, em especial

de realização de orientações técnicas do Grupo de Referência, constituído por

Supervisores de Ensino, Diretores de Escola, Professores Coordenadores,

integrantes da Equipe de Gestão da CENP e um consultor, preferencialmente

professor universitário. Esse grupo terá entre 25 e 30 participantes, com no mínimo

quatro gestores de cada DE, um integrante da Equipe Técnica da CENP e um

consultor. O plano de formação continuada de gestores configura-se como uma

parceria entre universidade e rede estadual de ensino.

A formação continuada do gestor se dará em momentos alternados nos diferentes

espaços regionais de formação, ora como participante do Grupo de Referência, ora

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como organizador ou participante do processo formativo de gestor na Diretoria de

Ensino e/ou Escola. Cumpre destacar que, independentemente do local de

formação, o foco deve ser a gestão escolar e o processo formativo de professores e

gestores da escola, tendo as práticas curriculares e de gestão escolar como objeto

central de estudos e proposições.

De acordo com essa proposição da CENP, os gestores das Diretorias de Ensino e

Escolas que integrarem o Grupo de

Referência serão os organizadores dos processos formativos de gestores nos seus

respectivos locais de trabalho, bem como da articulação entre os processos

formativos que envolvem gestores, PCOP, professores e integrantes das Equipes

Técnicas da CENP.

A escola é o local de trabalho do Diretor e do Professor Coordenador e um dos

locais de trabalho do Supervisor, o que coloca esse gestor em posição privilegiada

em relação ao suporte que pode oferecer para ajudar a escola a se organizar como

espaço de formação continuada de professores. A despeito das condições atuais

adversas ao trabalho coletivo na escola, cumpre ratificar que este Plano de

Formação tem a escola como principal local de formação continuada, coletiva e

colaborativa, de professores e gestores.

Os integrantes da Equipe de Gestão da CENP, que participarem dos Grupos de

Referência, desenvolverão atividades de acompanhamento dos processos

formativos organizados e desenvolvidos nas Diretorias de Ensino e Escolas,

envolvendo gestores e professores. Esse acompanhamento no segundo

semestre/2011 será por amostragem, o conjunto de 20 Diretorias de Ensino que

apresentam maior concentração de escolas prioritárias.

No processo de formação dos gestores, cabe à Equipe de Gestão da CENP propor e

desenvolver ações centralizadas, presenciais ou à distância; propor temáticas para

estudos a partir dos eixos das ações da CENP e outras demandas identificadas nas

ações de acompanhamento; oferecer suportes de gestão para a organização dos

trabalhos dos gestores nas Diretorias de Ensino e nas Escolas e para a articulação

entre a ação gestora e as práticas curriculares dos professores; integrar-se ao Grupo

de Referência; acompanhar e avaliar os processos formativos de gestores e

professores nas Diretorias de Ensino, Escolas e nos Núcleos de Formação; articular

as ações do gestor com o currículo. As ações de acompanhamento da Equipe de

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Gestão, no segundo semestre/2011 será por amostragem, nas 20 Diretorias de

Ensino que apresentam maior concentração de escolas prioritárias.

Considerando que o Professor Coordenador é o segmento da gestão mais

vulnerável, conforme indicam demandas registradas nos relatórios dos encontros do

Secretário nos Polos e nos encontros da CENP com professores e gestores, de

fevereiro a junho, propõe-se que nas Diretorias de Ensino se priorize a formação

continuada do Professor Coordenador. Em relação às escolas prioritárias, propõe-

se, primeiramente, a formação do trio gestor: Professor Coordenador, Diretor de

Escola e Supervisor.

O consultor, preferencialmente professor universitário, tem um papel fundamental no

Grupo de Referência: constatar os problemas que emergem das discussões no

grupo e ajudar o grupo a analisá-lo “(...) e problematizá-lo, ou seja, a situá-lo em um

contexto teórico mais amplo e assim possibilitar a ampliação da consciência dos

envolvidos, com vistas a planejar as formas de transformações das ações dos

sujeitos e das práticas institucionais” (4).

A escolha do gestor - Supervisor, Diretor e Professor Coordenador - que integrará o

Grupo de Referência deve se apoiar nos seguintes critérios, observando-se a ordem

de apresentação.

Preferencialmente, gestor com

a) Curso de pós-graduação, doutorado/doutorando e mestrado em gestão escolar ou

educação.

b) Curso de especialização em gestão escolar ou educação.

c) Experiência profissional em gestão.

d) Compromisso profissional.

Quanto à representatividade do Professor Coordenador, Diretor de Escola e

Supervisor de Ensino no Grupo de Referência, propõe-se que as Escolas tenham

um número igual ou superior de gestores das Diretorias. Assim, se são quatro

gestores da DE que integrarão o Grupo, dois, no mínimo, devem ser da Escola, PC

e Diretor.

Propõe-se um processo formativo contínuo de gestor, com uma carga horária de

aproximadamente 4 horas presenciais em cada espaço formativo: Núcleo de

Formação, Diretoria de Ensino e Escola. No Núcleo de Formação, o Grupo de

Referência terá 8 horas, quinzenalmente, de atividades formativas. Nos demais

espaços, Diretoria de Ensino e Escolas, a distribuição do tempo de formação cabe

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ao grupo local responsável pela organização do processo formativo de gestor, desde

que observado o mínimo de 4 horas semanais.

3.4 Cronograma

Etapa 1 - Preparação

* Até 11/07, as Diretorias devem enviar a CENP os nomes, com respectivos cargos

ou função, dos gestores que integrarão o Grupo de Referência. As Diretorias de

Ensino devem observar os critérios indicados anteriormente (escolha do gestor e a

representatividade dos gestores da Diretoria de Ensino e da escola), para formação

do Grupo de Referência.

* Até 20/07, a CENP publicará um Comunicado orientações mais específicas sobre a

formação de professores e gestores nos Polos e Núcleos de Formação.

* Até 27/07, a CENP realizará uma Videoconferência para informações

complementares e esclarecimento de dúvidas.

* Até 30/07, a CENP disponibilizará às Coordenadorias de Ensino, Diretorias de

Ensino e Escolas o Cronograma das ações de formação previstas para o mês de

agosto.

Etapa2 - Execução

* Até o final de agosto, início da formação contínua de gestores, nos Núcleos de

Formação, Diretorias de Ensino e Escolas.

* em relação a essa etapa, cumpre reafirmar

- Ações de formação se darão em momentos alternados nos diferentes espaços de

formação do gestor: Diretoria de Ensino, Escolas e Núcleos de Formação

- Carga Horária de no mínimo 4 horas semanais de formação continuada, podendo

os encontros presenciais ser realizados quinzenalmente.

Os encontros do Grupo de Referência, nos Núcleos de Formação, serão realizados

quinzenalmente, com 8 horas de duração.

- Envolvimento prioritário do o trio gestor - PC, Diretor e Supervisor - das escolas

prioritárias e dos Professores Coordenadores das demais escolas nos processos

formativos nas Diretorias de Ensino e Escolas.

- Os conteúdos e a sistemática do processo de formação continuada dos gestores,

nos Núcleos de Formação, Diretorias de Ensino e Escolas, serão definidos pelos

participantes do processo, considerando os eixos das ações da CENP e outras

demandas identificadas pelo grupo no decorrer do processo formativo. As

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proposições serão direcionadas à construção de práticas curriculares e de gestão

centradas na aprendizagem significativa dos alunos.

3.5 Relação dos Núcleos de Formação

* Coordenadoria de Ensino da Região Metropolitana da

Grande São Paulo – COGSP

POLO 01

Núcleo 01: Centro Oeste; Norte 1

Núcleo 02: Centro; Norte 2

POLO 02

Núcleo 03: Leste 1; Leste 4; Leste 5

Núcleo 04: Leste 2; Leste 3

POLO 03

Núcleo 05: Centro Sul; Sul 1

Núcleo 06: Sul 2; Sul 3

POLO 04

Núcleo 07: Guarulhos Norte; Guarulhos Sul

Núcleo 08: Itaquaquecetuba; Mogi das Cruzes; Suzano

POLO 05

Núcleo 09: Diadema; São Bernardo

Núcleo 10: Mauá; Santo André

POLO 06

Núcleo 11: Caieiras; Carapicuíba; Itapevi

Núcleo 12: Itapecerica da Serra; Osasco; Taboão da Serra

* Coordenadoria de Ensino do Interior – CEI

POLO 01

Núcleo 01: Andradina; Araçatuba; Birigui; Fernandópolis;

Jales; Penápolis; Votuporanga

POLO 02

Núcleo 02: Araraquara; Jaboticabal; Pirassununga; São Carlos

Núcleo 03: Franca; Sertãozinho; São Joaquim

da Barra; Ribeirão Preto

POLO 03

Núcleo 04: Adamantina; Assis; Mirante do Paranapanema;

Ourinhos; Presidente Prudente; Santo Anastácio; Tupã

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POLO 04

Núcleo 05: Apiaí; Itararé; Itapeva; Itapetininga

Núcleo 06: Itu; São Roque; Sorocaba; Votorantim

POLO 05

Núcleo 07: Americana; Campinas Leste; Capivari; Limeira

Núcleo 08: Bragança Paulista; Campinas Oeste; Jundiaí

Núcleo 09: Mogi Mirim; Piracicaba; Sumaré; São João da

Boa Vista

POLO 06

Núcleo 10: Miracatu; Registro; Santos; São Vicente

POLO 07

Núcleo 11: Guaratinguetá; Pindamonhangaba; Taubaté

Núcleo 12: Caraguatatuba; Jacareí; São José dos Campos

POLO 08

Núcleo 13: Barretos; Catanduva; José Bonifácio; São José do Rio Preto;

Taquaritinga

POLO 09

Núcleo 14: Bauru; Botucatu; Jaú

Núcleo 15: Avaré; Lins; Marília; Piraju

Notas de rodapé:

(1) Marco legal: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional/1996; Resolução SE – n. 62/2005 e

Portaria Conjunta CENP/DRHU, de 27/9/2005 - Cursos e Orientação Técnica.

(2) PIMENTA, Selma Garrido. Pesquisa-ação-colaborativa: construindo seu significado a partir de

experiências com a formação docente. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n.3, p. 521-539,

set./dez.2005, p. 523.

(3) Ib.

(4) PIMENTA, Selma Garrido. Pesquisa-ação-colaborativa: construindo seu significado a partir de

experiências com a formação docente. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n.3, p. 521-539,

set./dez.2005, p. 523.