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Fonodialogando

Sucção Digital

UM OLHAR DA FONOAUDIOLOGIA

Um hábito que poderá trazer consequênciasno desenvolvimento da criança

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Um habito que poderá trazer consequenciasno sesenvolvimento da criança

SUCÇÃO DIGITAL: UM OLHAR DA FONOAUDIOLOGIA

O que é Sucção?

A sucção é um reflexo próprio da espécie adquirido na o n t o g ê n e s e ( v i d a i n t r a - u t e r i n a ) , t e n d o s e u desenvolvimento completo na 32ª semana de gestação.

Nos bebês, a sucção é observada durante a amamentação, em que há a movimentação dorsal da mandíbula, para frente e para trás, retornando à posição inicial para obtenção do leite. � Os movimentos de sucção contribuem para um bom desenvolvimento craniofacial, proporcionando uma harmonia facial e bom desenvolvimento dos órgãos fonoarticulatórios (lábios, língua, bochechas, mandíbula, maxila e faringe/laringe) responsáveis pela articulação dos sons da fala. � De acordo com Tanigute apud Marchesan (2005) a estimulação funcional promove o desenvolvimento anterior da mandíbula (protrusão), de tal forma que a oclusão normal ocorra na época da erupção da dentição decídua (dentes de leite), evitando as maloclusões.

O que são hábitos orais?

De acordo com Silva (2006), “hábito é o resultado da repetição de um ato com determinado fim, tornando-se com o tempo resistente às mudanças”.

Os hábitos orais são considerados por diversos pesquisadores como sendo a causa frequente da instalação de maloclusões, que é quando não há encaixe perfeito das arcadas dentárias (dentes superiores e inferiores).

Os hábitos são padrões de contração muscular aprendidos, de natureza complexa, que por serem tantas vezes praticados, tornam-se inconscientes e passam a ser incorporados à personalidade. (SILVA, 2006)

Dentre os hábitos orais deletérios, pode-se citar: sucção do polegar e outros dedos; projeção da língua; sucção e mordida do lábio, lápis, chupetas e outros objetos; bruxismo diurno e noturno (ranger dentes) e respiração oral. Alguns desses hábitos precisam ser corrigidos, já que podem resultar em maloclusões dentárias.

No entanto, é importante enfatizar que, de acordo com a Silva (2006), nem sempre o hábito de sucção causa maloclusões, sendo, para isso necessário intensidade e duração prolongadas, associadas à predisposição genética do paciente. A gravidade da maloclusão depende da frequência, intensidade e duração do hábito.

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Porque algumas crianças sugam o dedo?

Para Hanson e Barret apud Crato et al (2004), as possíveis causas dos hábitos orais podem ser descritas em

três categorias: fisiológicas, emocionais e de aprendizado condicionado. Dentre as causas fisiológicas dos hábitos orais, tem-se a respiração oral, causada frequentemente pela hipertrofia de adenóides, desvio de septo e pólipos nasais. Com exceção da respiração oral, a maioria dos hábitos orais é causada por distúrbios emocionais.

Qualquer situação ou estímulo que perturbe o senso de segurança ou o senso de estima da criança pode produzir tensões que resultam em hábitos orais, dentre os quais pode-se citar a cobrança excessiva dos pais com relação a limpeza, comportamento maduro e aceitação de responsabilidades, nascimento de um irmão, inibição forçada das vias normais de expressão por ansiedades e medos, separação frequente ou prolongada de um dos pais ou de ambos. Desta forma, sendo a boca uma zona de prazer desde a latência até a idade adulta, é uma fonte natural onde a criança ou adulto procura alívio para uma ansiedade (CRATO et al, 2004).

O bebê começa a sugar o dedo ou a chupeta devido seu instinto normal de sucção, essencial para sua sobrevivência. Esse instinto é muito intenso nos três primeiros meses de vida e tende a diminuir gradualmente a partir do sexto mês, se exercido adequadamente até o quarto mês de vida. A sucção ocorre também para aliviar a tensão labial dos bebês, portanto se a necessidade de

sucção não for satisfeita d u r a n t e o a t o d a a m a m e n t a ç ã o m a t e r n a regular, o recém-nascido pode desenvolver o hábito de chupar o dedo e/ou chupeta, mesmo depo i s de bem alimentados (COSTA et al. apud CRATO et al 2004).

� Outro fator que pode determinar o hábito de s u c ç ã o é o t i p o d e

amamentação da criança. Crianças que receberam amamentação materna exclusiva têm menores chances de adquirir hábitos de sucção não nutritivos, como sugar dedos ou chupeta, frequentemente observados nas crianças menores de vinte e quatro meses que não mamam no peito da mãe. Além disso, o aleitamento materno deve ser realizado de forma irrestrita e atendendo a livre demanda, de forma a saciar também o estímulo de sucção, já que este é essencial para seu desenvolvimento físico e emocional (REGO FILHO, apud VALLE et al 2010).

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Qual a importância da amamentação na prevenção de hábitos deletérios?

O aleitamento materno, além dos b e n e f í c i o s n u t r i c i o n a i s , imunológicos, emocionais e

econômico-sociais, também tem efeitos positivos na saúde fonoaudiológica, uma vez que está relacionado ao crescimento e desenvolvimento craniofacial e motor-oral do recém-nascido (NEIVA et al, 2003). � A sucção, durante o aleitamento materno, promove o desenvolvimento adequado dos órgãos fonoarticulatórios (OFAs) no que diz respeito à mobilidade, força, postura, e o desenvolvimento das funções de respiração, mastigação, deglutição e articulação dos sons da fala. Desta forma, reduz a presença de maus hábitos orais e de várias patologias fonoaudiológicas. �

Através da sucção na mama, nos primeiros meses de vida, o recém nascido poderá desenvolver adequadamente os OFAs e as funções exercidas por eles, como a fala. Para cumprir este designo, o recém nascido deve sugar de maneira harmônica, com ritmo,

força e sustentação, o que inclui adequação nos seguintes aspectos: reflexo de busca e de sucção, vedamento labial, movimentação de língua e mandíbula, coordenação sucção-deglutição-respiração e ritmo de sucção, ou seja, eclosões de sucção alternadas com pausas. Esses movimentos permitem uma variação na pressão intra-oral, fundamentais na extração e na condução do leite (NEIVA et al, 2003).

Quais as consequências dos hábitos oraispara a criança em sua fala e movimento da musculatura facial??

Os hábitos orais podem trazer variadas implicações ao nível do desenvolvimento orofacial da criança, dentre os quais pode-se citar:

Alteração do desenvolvimento e posição dos dentes;Inadequações no posicionamento dos maxilares, lábios, língua e palato;Alterações nos movimentos necessários para mastigar e engolir os alimentos;Alterações ao nível da respiração (ex. respiração oral);Problemas na fala, sendo as mais comuns nos fonemas /t/, /d/, /s/, /z/;Alteração na postura corporal;Alteração no tônus muscular, como flacidez facial.

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Como evitar? Há algum período máximopara que a criança possa fazer uso dos hábitos orais sem que possa existir algumcomprometimento?

De acordo com Crato (2004), por volta dos dois anos e meio faz-se necessária a eliminação de

qualquer hábito oral, tendo em vista que neste período a criança já apresenta várias erupções dentárias. A sucção de dedos e/ou chupeta poderá prejudicar à acomodação da língua no espaço oral e, assim, a inserção entre as arcadas superior e inferior.� Para Junqueira apud Crato (2004), nos dois primeiros anos de vida qualquer objeto que permanecer na boca da criança poderá alterar suas estruturas orais, podendo prejudicar o alinhamento dos dentes, causar flacidez da muscula tura fac ia l , impedir a corre ta movimentação da língua durante a fala e favorecer a presença de respiração oral, levando-se em conta que quanto maior a duração, frequência e intensidade com que a criança utilize os hábitos orais (chupeta, dedo e mamadeira), maiores poderão ser essas alterações.

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Um habito que poderá trazer consequenciasno sesenvolvimento da criança

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Como fazer para retirar o hábito (sucção Digital?

Para a remoção do hábito, a princípio, deve-se diagnosticar se este é significativo ou não, ou seja, se

existe um fator psicológico ou emocional associado. Uma vez diagnosticado o hábito, a criança deve ser encaminhada para uma terapia psicológica de suporte antes de qualquer tentativa de remoção e/ou correção ortodôntica (VIEIRA, apud VALLE et al 2010).

� Os métodos psicológicos exigem tato e bom senso na abordagem da criança, e incluem, entre outros recursos, dar pouca atenção direta ao hábito, desviar a atenção da criança para outras atividades, apelar para o orgulho e para a força de vontade e até mesmo recompensar a criança pelo esforço para deixar o hábito (TOLEDO, apud VALLE et al 2010).

� Alguns profissionais utilizam aparelhos intrabucais destinados a desempenhar um papel de lembrete, alertando as crianças quanto a necessidade de evitar o hábito. Estes aparelhos só devem ser aplicados com o consentimento do paciente, mediante sua disposição de cooperar, devendo ser preferencialmente removíveis, a fim de que transmita à criança a sensação de que não estão sendo impostos (VELLINI apud VALLE et al 2010).

� Caso a criança recém nascida apresente o hábito de chupar o dedo (sucção digital), é recomendável procurar trocar o dedo pela chupeta, pois no futuro será mais fácil removê-la. É importante não fazer ameaças nem deixar a criança constrangida quando for abordar sobre o hábito, além de conversar com a ela na intenção de conhecê-la e verificar suas atitudes em relação à sucção digital. É uma alternativa mostrar a criança modelos ou fotos de bocas de outras crianças que tiveram o mesmo hábito, as alterações ocorridas e

correção realizada com a ajuda do paciente. (VIEIRA, 2002; CORRÊA, apud Valle et al 2010)

� De acordo com Corrêa apud Valle et al (2010), dar um prazo de 2 a 3 meses para que a criança tente se esforçar para interromper o hábito, estimulando-a para que isso ocorra também é uma alternativa viável. Se após esse período o sucesso não tenha sido obtido, indica-se um aparelho para auxiliar a correção e também um consulta com psicólogo juntamente com tratamento ortodôntico.

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Após a troca da sucção digital pela chupeta, uma abordagem recomendada para a retirada total do hábito seria fazer pequenos furos na borracha, fazendo com que ar entre na chupeta e, assim, a

criança tenha dificuldade em mantê-la na boca, desestimulando o seu uso.

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Um habito que poderá trazer consequenciasno sesenvolvimento da criança

SUCÇÃO DIGITAL: UM OLHAR DA FONOAUDIOLOGIA

E se a sucção digital desencadear umamaloclusão? Onde entra o fonoaudiólogo?

Caso a sucção digital gere uma a l t e r a ç ã o

o c l u s a l , é n e c e s s á r i o inicialmente procurar um ortodontista, de modo a avaliar o problema e fazer a correção ortodôntica/estrutural. Por conseguinte, é fundamental o a c o m p a n h a m e n t o

f o n o a u d i o l ó g i c o , q u e , s e g u n d o Va r a n d a s , Campos e Motta (2008) , irá atuar na terapia miofuncional (função dos músculos), de modo a evitar recidivas após a retirada do aparelho.

REFERÊNCIASMEDEIROS, Andréia Monteiro Coreia & MEDEIROS, Marcelo. Motricidade Orofacial: Inter-relação entre Fonoaudiologia & Ortodontia. São Paulo: Lovise, 2006.MARCHESAN, Irene Queiroz. Fundamentos em Fonoaudiologia – Aspectos clínicos da Motricidade Oral. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A, 2005. PINTO, Antônio Carlos Guedes. Odontopediatria. 6ª ed. São Paulo: Santos livraria editora, 2000.SILVA, Eliana Lago. Hábitos Bucais Deletérios. Revista Paraense de Medicina. Vol. 20, nº 2. Belém, jun. 2006. Disponível em: <h�p://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php?script=sci_ar�ext&pid=S010159072006000200009&nrm=iso>. Acesso: 17. Maio. 2013.CRATO, Aline Nascimento. et al. Hábitos Orais Deletérios e Relação com Aspectos Comportamentais e Psicológicos de Crianças de Creches Públicas de Belo Horizonte. CBEU, Set. 2004. Disponível em: <h�ps://www.ufmg.br/congrext/Saude/Saude98.pdf>. Acesso: 17. Maio. 2013.VALLE, M. A. S. et al. Aspectos Psico-emocionais Relacionados à Etiologia e Tratamento dos Hábitos de Sucção. Disponível em: <>. Acesso: 17. Maio. 2013.NEIVA, F. C. B. et al. Desmame Precoce: implicações para o desenvolvimento motor-oral. Jornal de Pediatria, vol. 79, nº 1, 2003. Disponível em: <h�p://www.scielo.br/pdf/jped/v79n1/v79n1a04.pdf>. Acesso: 17. Maio. 2013.Conselho Regional de Fonoaudiologia. 2ª região, São Paulo. Disponível em: < http://www.fonosp.org.br/crfa-2a-regiao/fonoaudiologia/o-que-e-a-fonoaudiologia/>. Acesso: 27. Maio. 2013.VARANDAS, C.P. de M; CAMPOS, L.G. & MOTTA, A. R. Adesão ao tratamento fonoaudiológico segundo a visão de ortodontistas e odontopediatras. Rev. soc. bras. fonoaudiologia. vol.13, nº 3. São Paulo, 2008. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-80342008000300006&script=sci_arttext%3E.> Acesso: 20. Maio. 2013.

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Fonoaudiologia3º período - UnP

Editora

Maria Isabel Noronha, Samara Xavier, Sara Freitas, Rebeca Klara Fagundes, Lidja Juliana Felisberto,

Maria Deluana Cunha, Maria Eliza Moura, , Orientadora: Profª. Esp. Fga. Zilane Silva Barbosa