aspecto de imagem das estruturas do dente · considerados normais ou independentes de fatores...
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ASPECTO DE IMAGEM DAS ESTRUTURAS DO DENTE
O órgão dentário, um dos elementos do aparelho mastigatório, é constituído por t ecidos especificamente
dentais (esmalte, dentina, polpa) e por tecidos periodontais (cemento, ligamento periodontal, processo alveol ar e
gengiva). Os dentes, em conjunto, desempenham as funções de mastigação, proteção e sustentação de tecidos moles
a eles relacionados, auxiliam na articulação das palavras e são muito importantes na estética da face. Tanto os dentes
decíduos quanto os permanentes se relacionam através de suas faces (ou superfícies) de contato, formando arcos
(superior e inferior) de concavidade posterior. Os arcos decíduos adotam uma só forma semicircular, quando
considerados normais ou independentes de fatores mecânicos (chupar dedos ou uso excessivo de chupetas) que
possam modificá-lo.
As estruturas dentais são muito mineralizadas e, por isso, apresentam-se com bastante detalhe de imagem. O
dente possui estruturas das mais densas do corpo humano, retendo mais raios X do que qualquer outro tecido de
tamanho e espessura semelhante, sendo sua maior parte formada por dentina. A coroa e raiz são recobertas por
camadas de esmalte e cemento, respectivamente, estando unidas em uma porção intermediária delgada chamada colo
ou junção cemento-esmalte. Com o propósito de descrever uma porção específica do dente ou para se localizar
algum detalhe, podemos dividi-lo em terços, por linhas horizontais imaginárias: na coroa são terço oclusal (ou incisal),
médio e cervical; na raiz são denominados terço cervical, médio e apical.
As faces da coroa são sempre curvas e, na maioria das vezes, convexas (há convexidade em todas as faces de
todos os dentes (inclusive face palatina e lingual cf. reconstrução tomográfica nas FIGURAS 4,5,7). Nas faces
palatina/lingual dos dentes anteriores, aparecem concavidades que se alternam com a convexidades do cíngulo
(observar seta azul no 22 da FIGURA 2 e seta amarela no 11 da FIGURA 3 e face lingual na FIGURA 7). Esta imagem
geralmente se superpõe a imagem escura da câmara pulpar sendo difícil de estabelecer seu limite de imagem
radiográfica.
O esmalte (letra E nas Figuras 1 A e 1B) é mais denso do que a dentina e pode ser facilmente
visualizado em radiografias recobrindo a porção coronária do dente, formando uma capa protetora muito
resistente, de espessura variável segundo a porção considerada. É o tecido mais calcificado e mais duro do
organismo humano, devido ao seu alto conteúdo mineral e arranjo cristalino; consiste, principalmente, de
96% de material inorgânico e 4% de substância orgânica e água. Radiograficamente é o mais radiopaco
dos tecidos dentários e reveste homogeneamente toda a estrutura externa da dentina coronária e é
responsável pela sua maior ou menor radiopacidade. Próximo ao colo, o esmalte é muito delgado e
podemos observar imagens mais escuras neste nível, simulando cáries de difícil diferenciação. O seu
aspecto homogêneo e contínuo é um dos sinais radiográficos mais importantes para o diagnóstico da cárie
dental (ver 44-45 na FIGURA 1 A e 36 na 1B).
FIGURA 1 A
FIGURA 1 B
A dentina (D nas Figuras 1 A e 1B) constitui a maior parte do dente, tem histologicamente uma cor
amarelo-claro em indivíduos jovens, é mais dura do que o osso e constituída por 70% de substância
E E
D
E D
P
CP
P
OSSO ALVEOLAR
LD
ELP
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inorgânica e 30% de matéria orgânica. Radiograficamente é mais radiopaca que o tecido ósseo e de menos
radiopaca do que o esmalte e cortical alveolar, pelo seu menor conteúdo mineral. O limite entre o esmalte
e a dentina, nítido em radiografias periapicais, é bem demarcado.
A polpa (P nas Figuras 1 A e 1B) ocupa uma cavidade composta por uma parte coronária (câmara
pulpar na porção central das coroas - CP na Figura 1B) e uma parte radicular (polpa ou canal radicular, da
região cervical até o ápice). A forma da câmara pulpar acompanha a anatomia dental, contendo os cornos
pulpares em dentes posteriores. O canal radicular é mais estreito no sentido mésio-distal do que no
sentido vestíbulo-lingual [V-L] (observar a seta dupla azul no 35 da FIGURA 1B com giroversão facilitando a
observação V-L), devido à forma que os dentes apresentam no sentido mésio-distal. O canal radicular é
único nos dentes anteriores e múltiplo nos dentes posteriores (identificar nas Figuras 1 A [44-45] e 1B [35-
36]).
Durante a formação da raiz, a imagem de sua extremidade ou forame apical é uma abertura ampla
circundada por área radiolúcida espessa limitada por halo radiopaco (seta no 37 da FIGURA 2). Este
aspecto, em dentes sadios, é inconfundível; porém, cuidado se o dente apresentar cárie com extensão
pulpar e lesão periapical. À medida que a rizogênese avança, mais dentina é formada, diminuindo a largura
do canal radicular e forame apical (comparar as raízes do 36 e do 37 na FIGURA 2). Quando a raiz está
totalmente formada, o canal radicular é bem estreito e o forame apical tão pequeno que dificilmente é
visualizado na radiografia. Os tecidos pulpares não oferecem resistência à passagem dos raios X.
FIGURA 2
FIGURA 3
O cemento é um tecido dental mineralizado que recobre as raízes a partir do terço cervical [junção
cemento-esmalte] até o ápice. Esta camada de alguns micrômetros de espessura é, na realidade, parte do
periodonto, constituído por 45-50% de substâncias inorgânicas e 50-55% de material orgânico e água.
Apresenta radiopacidade semelhante a da dentina, o que impossibil ita distinguir suas imagens.
O periodonto é o termo genérico da unidade funcional dos tecidos que envolvem o dente. Divide-se
em periodonto de revestimento (constituído pela gengiva) e de sustentação ou inserção (cemento,
ligamento periodontal e o processo ou osso alveolar). O ligamento periodontal é formado por tecido
conjuntivo fibroso, ocupa o espaço localizado entre o cemento e cortical óssea alveolar que forra os
alvéolos dentais. Tem densidade insuficiente para absorver raios X e, por isso, tem imagem de uma linha ou
faixa delgada, radiolúcida, homogênea e contínua em torno de todas as raízes dentais, sendo denominado,
radiograficamente, de espaço do ligamento periodontal.
Cíngulo
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O processo alveolar compreende a parte da maxila e mandíbula que suporta os dentes e pode ser
dividido em duas partes: uma lâmina delgada de osso compacto, a cortical óssea alveolar ou lâmina dura
(LD na FIGURA 1 A), em torno da raiz e fornece inserção às fibras principais do ligamento alvéolo-dental. A
segunda parte é o osso alveolar que fornece suporte para os alvéolos dentais.
A lâmina dura apresenta imagem de linha radiopaca, homogênea, contínua, recobrindo, sem
interrupção, todo o osso esponjoso que forma os alvéolos, os septos interdentais e interradiculares. É
muito importante na interpretação radiográfica, pelas patologias atribuídas aos aspectos na sua imagem;
diferenças de continuidade, espessura, densidade e forma permitem o auxílio diagnóstico precoce das
doenças periodontais e periapicais. Cuidado, então, porque a descontinuidade da imagem da lâmina dura
no periápice pode representar distorção causada pelos ângulos de incidência utilizados no exame
radiográfico. Sua imagem varia ainda em função da anatomia da raiz, pois acompanha sua arquitetura;
sofre influência do ângulo de incidência horizontal, podendo apresentar-se mais larga quando o feixe
incidir em sentido oblíquo sobre ela ou desaparecer se a sua imagem for projetada sobre a raiz, sem
traduzir qualquer desvio da normalidade.
O osso alveolar é constituído de osso esponjoso recoberto por corticais (observar com muita atenção
os detalhes de imagens nas tomografias das FIGURAS 4 [23 anos com imagens de normalidade dental e
óssea] e 5 [66 anos com recidiva de lesão central de células gigantes]; observar detalhes do osso
formado na região apontada e na perda de altura do osso alveolar na face vestibular [comparar as setas
verdes nas duas Figuras]) de osso compacto (externa e interna ou vestibular/lingual - observar nos cortes
tomográficos das FIGURAS 6 E 7). O osso esponjoso é composto por trabéculas ósseas (radiopacas) sem
direção e padrão definidos (observar as diferenças entre a maxila e a mandíbula nas FIGURAS 2 E 3),
resultando em um aspecto radiográfico de rede. Entre as trabéculas (FIGURAS 8) observamos espaços
ocupados pela medula óssea (radiolúcida). É importante conhecer os diferentes padrões do trabeculado
ósseo, bem como as variações do aspecto normal que influenciam na sua imagem: região da arcada
(anterior ou posterior), idade, solicitação mastigatória local e condições sistêmicas. Em crianças e em áreas
desdentadas a densidade óssea é menor; por outro lado, osso adjacente a dentes isolados na arcada
podem apresentar-se mais denso. Lembrar também que osso formado em processo de reparo nunca é
igual ao já existente (observar atentamente às reconstruções tomográficas abaixo .
FIGURA 5
FIGURA 4
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Quase que invariavelmente encontramos diferenças nos aspectos de imagem do osso alveolar da
maxila comparado ao da mandíbula. Entre estas citamos: arranjos trabeculares com espaços medulares
(radiolúcidos) menores e padrão trabecular radiopaco mais fino, no osso da maxila (FIGURA 9). A
uniformidade no aspecto das trabéculas, a ausência de evidência clínica de doença e o conhecimento de
seus variados aspectos normais, tornam possível evitar-se erros de interpretação.
A imagem do osso alveolar da mandíbula mostra, usualmente, espaços ósseos mais amplos e
trabéculas com disposição mais horizontal (tracejado na FIGURA 8). Certamente alguns dos padrões
trabeculares da mandíbula e maxila existem com ou sem anormalidades, pois há tendência, na presença de
alguma doença conhecida, de se interpretar variações anatômicas como particularidades desta, qu ando na
realidade os maxilares não estão envolvidos. Alguma ajuda pode ser obtida a partir do exame do lado
oposto do mesmo indivíduo, pois muitas das variações anatômicas são bilaterais e/ou simétricas. É claro
que isto, infelizmente, não é válido para todos os casos.
FIGURA 8
FIGURA 9
Recobrindo o osso esponjoso do processo alveolar, dos lados vestibular e lingual, há corticais de
osso compacto (as corticais alveolares externa e interna) que variam em espessura e radiopacidade de
acordo com a região da arcada, sendo mais delgadas na maxila do que na mandíbula (ver setas nas
FIGURAS 6 e 7).
OSSO
CORTICAL
OSSO
ESPONJOSO
CORTICAL [base da mandíbula]
OSSO
CORTICAL
OSSO
ESPONJOSO
FIGURA 6 FIGURA 7
CORTICAL PALATINA
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Em pessoas desdentadas podemos observar que existe uma diminuição de altura do osso alveolar
tanto na maxila quanto na mandíbula (observar na FIGURA 5). Em um osso alveolar da mandíbula
desdentado e que tenha diminuído, observamos anatômica e radiograficamente menor altura entre a crista
óssea do rebordo e a base. Em tomografia podemos observar os tipos de cr ista óssea desdentada,
particularmente da mandíbula com diminuição na sua largura (FIGURA 10).
Os septos interdentais, formados pelo osso alveolar, entre os dentes na região anterior tem a forma
triangular (SID nas FIGURAS 11 e 12) e na região posterior tem, freqüentemente, a forma trapezoidal. A
crista óssea alveolar, margem gengival do processo alveolar, está no nível da região cervical dos dentes. As
variações na anatomia e posição dentais que influenciam o contorno do septo interdental se relacionam: a
forma/tamanho das coroas dentais, o grau de erupção e a posição dos dentes. Se as faces proximais dos
dentes são relativamente planas (31-41 na FIGURA 11), o septo é estreito e as cristas alveolares mais ou
menos pontiagudas. Quando as faces proximais são convexas (45-46 na FIGURA 12) o septo interdental é
mais largo e as cristas alveolares planas. Qualquer inclinação do longo eixo dos dentes resulta em uma
diferença nos níveis da junção cemento-esmalte das faces proximais e observamos imagens de cristas
alveolares oblíquas.
Entre as raízes dos dentes, o osso alveolar forma os septos interradiculares, que podem apresentar
imagem com vários aspectos, de acordo com a conformação das raízes. Assim, podemos observar septo
expulsivo (FIGURA 13 [16] e 16 [46]) para raízes normais ou divergentes; retentivo (FIGURA 14 [46]) entre
raízes curvas ou convergentes; filiforme (FIGURA 15 [47]) para raízes bem próximas e paralelas; supra-
alveolar (FIGURA 16 [46]), quando ao lado do dente houve um processo de reabsorção óssea extensa
ficando o septo interradicular acima do osso adjacente.
CRISTA ÓSSEA
DESDENTADA
FIGURA 10
FIGURA 11 FIGURA 12
SID SID
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Nas radiografias das várias regiões da face devemos nos lembrar que quando observamos os arcos dentais
superiores por um plano sagital ou antero-posterior, existe uma curva determinada pelas faces oclusais dos dentes,
que começa nos molares e termina no canino (a curva de Spee - linha tracejada na FIGURA 13). Essa curva existe em
função da situação que os dentes ocupam nos alvéolos com alturas diferentes (tal não ocorre na dentiçã o decídua,
onde os dentes estão implantados na mesma altura - atenção na radiografia panorâmica abaixo). Assim, a posição do
filme radiográfico para o exame da região dos segundos e terceiros molares deve ser adaptada à posição da curva.
Importante lembrar que existem diferenças anatômicas entre os dentes decíduos (observar atentamente as
figuras abaixo; cuidado com os números dos dentes decíduos) e os permanentes (embora a forma de dentes
homônimos seja semelhante). São facilmente observáveis no exame radiográfico. Atenção para: seu tamanho é 2/3
menor, menor calcificação, coroa é mais baixa e mais larga (o esmalte é mais delgado), colo muito bem marcado (mais
estreito, no caso dos molares), raízes raízes tem vida mais curta (pela ocorrência da rizólise [reabsorção fisiológica de
raízes]), anatomicamente são mais longas em proporção à coroa, bastante divergentes e afiladas (nos molares),
atenção para a pequena distância entre o colo e a região da bifurcação das raízes dos molares.
FIGURA 13 FIGURA 14 FIGURA 15
FIGURA 16
55 54 53 52 51 61 62 63 64 65
85 84 83 82 81 71 72 73 74 75 D
24
25
26
27
LÂMINA LATERAL DO PROCESSO PTERIGÓIDE
CORTICAL VESTIBULAR
CUIDADO!!! 4O CANAL NA RAIZ M-V
DO 26
CORTICAL PALATINA