PEQUENA ODE AO MEU PAI Do alto de tua fronte austera Tua doçura é sempre maior e mais bela que todas as manhãs de outono, Capaz de demover a firmeza dos fortes E aos fracos acrescentar esperança e força, Assim te vejo a ti, herança considerável de minhas memórias, De olhar centrado e distante e profundo, Com olhos de homem, com olhos de deuses, na sinceridade leal, São olhos de infinito, infinitos olhares pensantes, De tua existência herdei e herdo a vontade do universo, A incansável vontade de seguir em frente, mundo afora, mundo adentro, Adentrar o infinito de cada dia, de cada sol, de cada amanhecer, E ver o inamovível recomeço eterno do mundo. Não sei que deuses o criaram, nem quando nem como nem onde, Mas gerações infinitas de deuses não supririam a tua existência, Pois aos frágeis olhos de mim Teu existir é maior que as criações divinas de todos os tempos. Do alto de meus 191 centímetros de existência e vontade, Seu filho é apenas um anjo torto neste mundo caduco, Um poeta aprendiz do exercício de viver, Incapaz de encontrar a palavra certa pra dizer eu te amo. Mas, sei que nas curvas do infinito, seu sol sempre nasce maior, bem maior...

Josué Borges

(Belo Horizonte, 21 de novembro de 2008)

ARTISTAS FRUSTRADOS Muitos pensam que artistas frustrados são aqueles que não conseguiram ser artistas

profissionais, quando, de fato, são os únicos artistas que podem ser humanos de verdade

Desejo Vinícius Macedo

Hoje vou escrever escondido por palavras

lapidadas na melodia como o dia antes da noite

ou a vida após a morte e, mesmo em rima pobre,

convencer-te da beleza serena e simples

da pequena poesia

Hoje vou escrever bêbado pelas palavras

floreadas por licores amargos ou doces

inibidores da vergonha e, mesmo embriagado,

cantar tuas belezas sem voz trêmula

ou coração disparado

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS ANO 1, NÚMERO 5, OUTUBRO DE 2009

Corpo Editorial: Josué Borges Pablo Gobira

Também publicam neste número: Manuel Mateus Marçal; Vinicius

Macedo; Yoná Caleffi

Entre em contato: http://artistasfrustrados.vai.la osartistasfrustrados@gmail.com

ÀS COISAS Pablo Gobira O livro é um tostão. Não como o Tostão das bolas de futebol, ou o tostão das coxas. O livro é um tostão, custa dinheiro. O livro é... É o que fazemos eu e você. O livro é mercadoria como a nossa força, - que não é de ser medida que é vendida, é transformada. E nós? Nós? Somos igualados às coisas em seu rito de circulação.

OUTRA POÉTICA Manuel Mateus Marçal

Subo na torre da igreja e lá tiro uma cruz -Quem Precisa de Mártir? As pessoas precisam de amor E por isso falo do nosso amor. E faço isso todos os dias. E meio-dia desço pra te ver. E vivo assim: amando o mundo amando você.

Yoná C

aleffi

Quem é frustrado!? Acho que todo

mundo é frustrado! E.M.S